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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Daiana Braga Vieira
A IMPORTÂNCIA DA CULTURA CORPORAL REGIONAL EM
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM OLHAR A PARTIR DAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DO BAIRRO DE
SANTA FELICIDADE - CURITIBA
CURITIBA
2010
A IMPORTÂNCIA DA CULTURA CORPORAL REGIONAL EM
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM OLHAR A PARTIR DAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DO BAIRRO DE
SANTA FELICIDADE - CURITIBA
Curitiba
2010
Daiana Braga Vieira
A IMPORTÂNCIA DA CULTURA CORPORAL REGIONAL EM
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM OLHAR A PARTIR DAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DO BAIRRO DE
SANTA FELICIDADE - CURITIBA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Educação Física da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do grau de licenciatura em Educação Física. Orientadora: Profª.Ms. Alessandra Dal-Lin
CURITIBA
2010
TERMO DE APROVAÇÃO
Daiana Braga Vieira
A IMPORTÂNCIA DA CULTURA CORPORAL REGIONAL EM
AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM OLHAR A PARTIR DAS
ESCOLAS MUNICIPAIS DO BAIRRO DE
SANTA FELICIDADE - CURITIBA
Este trabalho foi julgado e aprovado para a obtenção do título de Licenciatura em Educação Física da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, ..... de ............................... de 2010.
__________________________________________________
Educação Física - Universidade Tuiuti do Paraná
Orientadora: Profª Ms. Alessandra Dal-Lin
Banca: Beatriz Dorigo
Alessandra Córtez
DEDICATÓRIA
... aos meus familiares, em especial aos meus pais e avós, que mais do que me
proporcionar uma boa infância, formaram os fundamentos do meu caráter e me apontaram uma vida eterna, sempre sendo humilde e verdadeira. Obrigada por serem a minha referência de tantas maneiras e estarem sempre presentes na minha vida de uma forma indispensável, mesmo separados por tantos quilômetros.
... ao meu marido, Everton, que representa minha segurança em todos os
aspectos, meu companheiro incondicional, o abraço espontâneo e tão necessário. Obrigada por me fazer sentir tão amada, também nos momentos mais difíceis da nossa vida.
... aos amigos de perto e de longe, pelo amor e preocupação. Obrigada, vocês
aliviaram minhas horas difíceis, me alimentando de certezas, força e alegria. ... a minha professora e orientadora deste trabalho, Alessandra, pelo
desprendimento ao escolher me dar apoio. Obrigada pela instrução necessária, a mão amiga e compreensível quando precisei.
Muito obrigada nunca será suficiente para demonstrar a grandeza do que
recebi de vocês. Peço a Deus que os recompense à altura. E é a Ele que dirijo minha maior gratidão. Deus, mais do que me criar, deu
propósito à minha vida. Vem dEle tudo o que sou, o que tenho e o que espero. Mas não devo nada, por que Ele pagou por isso.
AGRADECIMENTO
... as pessoas que passaram em minha vida, por que deixaram um pouco de si e levaram um pouquinho de mim. Obrigada!
RESUMO
Este estudo teve como finalidade mostrar a importância da cultura corporal nas aulas de Educação Física e como ela está sendo transmitida aos alunos pelos professores das escolas, em especial as escolas municipais do bairro de Santa Felicidade. Verificou-se ainda por meio da diversidade cultural do currículo os conteúdos desenvolvidos nas escolas visando melhorar a condição de vida do aluno em todos os seus aspectos físicos, cognitivos, sociais e culturais, resgatando o equilíbrio para uma formação que faça o aluno conhecer e valorizar a cultura que o cerca, por meio de seu corpo. Foi realizado um levantamento bibliográfico caracterizando a história e a legislação referente à Educação Física, principalmente sobre a cultura corporal contextualizando seus aspectos em relação à diversidade do bairro de Santa Felicidade. A pesquisa foi realizada em três escolas municipais do bairro de Santa Felicidade em Curitiba, onde foi feito um breve questionamento com os professores que lecionavam nestas escolas a cerca do planejamento e dos conteúdos que estavam sendo utilizados nas aulas de Educação Física. Através da pesquisa pode-se concluir que os professores de Educação Física destas escolas em sua atuação trabalham seus conteúdos, na maioria das vezes, voltados a esportivização, deixando de lado um ensino contextualizado das manifestações coerentes a cultura do movimento, sendo este importante na edificação da cidadania, pois os referenciais teóricos mencionam a importância da Cultura Corporal dentro da Educação Física, que a mesma deva possibilitar um ensino significativo para o aluno e leve em consideração os aspectos ideológicos e sócio-históricos do contexto onde estão inseridos.
Palavras-Chaves: Cultura, Educação Física, cultura corporal, planejamento de ensino.
LISTA DE SIGLAS
CEB Coordenadoria de Educação Básica CNE Conselho Nacional de Educação DCNs Diretrizes Curriculares Nacionais LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC Ministério da Educação e Cultura PCNs Parâmetros Curriculares Nacionais
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12 1.1 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 12 1.2 PROBLEMA ........................................................................................................... 13 1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 14 1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 14 1.3.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 15 2.1 CARACTERIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL ........................... 15 2.1.1 Legislação da Educação Física ............................................................................. 17 2.1.2 Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física ...................................... 21 2.1.3 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Educação Física no Ensino Fundamental .................................................................................................................. 24 2.1.4 Diretrizes Curriculares Municipais da Educação Física de Curitiba .................... 27 2.2 CULTURA CORPORAL ........................................................................................ 36 2.2.1 Cultura Corporal na Educação Física ................................................................... 37 2.2.2 Pluralidade Cultural nas Diretrizes Curriculares Municipais de Curitiba ............ 39 2.3 IMIGRAÇÃO E CULTURA ITALIANA .............................................................. 46 2.3.1 Histórico do Bairro de Santa Felicidade ............................................................... 49 2.3.2 Cultura do Bairro de Santa Felicidade ................................................................ 51 2.3.3 Diversidade da Cultura Corporal nas Aulas de Educação Física em Santa Felicidade ....................................................................................................................... 53 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................... 55 3.1 TIPOS DE ESTUDO ............................................................................................... 55 3.2 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS .................................................... 56 3.3 POPULAÇÃO/AMOSTRA .................................................................................... 56 3.4 PROCEDIMENTOS ................................................................................................ 57 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................. 58 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 68 APÊNDICE 1 ................................................................................................................ 70 APÊNDICE 2 ................................................................................................................ 73 ANEXO 1 ...................................................................................................................... 76 DIRETRIZES CURRICULARES DE CURITIBA (2006) ........................................... 76
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INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
O presente trabalho busca mostrar a importância da cultura corporal nas aulas
de Educação Física e como ela está sendo transmitida aos alunos, levando em conta o
local onde estão inseridos, como proposto por Geertz (1989, p.15), ao afirmar que é
preciso identificar e perceber como as pessoas são, como se relacionam, como agem e
interagem, e mergulhar no significado das ações identificadas pelos indivíduos em
suas sociedades, tornando relevante a cultura onde vivem, pois “a cultura consiste em
estruturas de significados socialmente estabelecidos” (GEERTZ, 1989, p. 23).
A Educação Física Escolar, ao visar uma melhor condição de vida do aluno
nos seus aspectos físicos, cognitivos e sociais, pode a partir destes aspectos, mostrar e
trabalhar a importância da cultura corporal regional nas aulas de Educação Física, em
especial nas escolas municipais do bairro de Santa Felicidade em Curitiba, com alunos
do ensino fundamental, desempenhando uma formação que faça o aluno conhecer e
valorizar a cultura que o cerca, por meio de seu corpo, assimilando e apropriando-se
“dos valores, normas e costumes sociais, num processo de inCORPOração”
(DAOLIO, 1995, p.39), passando assim a internalizar em seus corpos os valores que
estão contidos na sociedade, pois como ressalta Barros:
“a ausência da cultura como uma das dimensões estruturantes da educação prejudica os objetivos de uma política educacional de qualidade e realmente transformadora dos modos e das condições de existência.” (BARROS, 2008, p. 32)
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Diante disso, e analisando como os professores de Educação Física estão
transmitindo a cultura corporal a seus alunos, é que desencadeou este tema,
procurando responder por que a cultura corporal está sendo deixada de lado nas aulas
de Educação Física, por mais que vários autores tenham provado o quanto é
importante este conteúdo no desenvolvimento do ser humano. Como confirma Daólio,
que “a cultura, mais que conseqüência de um sistema nervoso estruturado, seria um
ingrediente para o seu desenvolvimento” (1995, p.32).
Este trabalho assegura o quanto é necessário garantir aos alunos um ensino
contextualizado, possibilitando a eles a aquisição de um olhar crítico sobre as
informações que lhes são transmitidas e que terão significados para as suas vidas,
superando o ensino, apenas, das modalidades e técnicas esportivas, tendo professores
atentos e comprometidos com as necessidades dos alunos, reconhecendo e respeitando
o aporte cultural de cada um.
1.2 PROBLEMA
Como os professores de Educação Física das escolas do bairro de Santa
Felicidade em Curitiba transmitem a cultura corporal regional nas aulas de Educação
Física?
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1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar como os professores de Educação Física das escolas do bairro de
Santa Felicidade estão transmitindo a cultura corporal regional nas aulas de educação
física.
1.3.2 Objetivos Específicos
Verificar como as Diretrizes Curriculares Nacionais e Municipal de Educação
Física apresentam os temas da cultura corporal;
Analisar se o planejamento anual do professor de Educação Física do ensino
fundamental atende os temas da cultura corporal regional;
Verificar se o professor de Educação Física trabalha os temas da cultura
corporal em suas aulas;
Observar e registrar quais temas da cultura corporal foram desenvolvidos nas
aulas de Educação Física;
Analisar a relação teoria e prática pedagógica do professor de Educação
Física, referente à utilização da cultura corporal regional em suas aulas.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 CARACTERIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO BRASIL
A Educação Física no século passado esteve ligada às instituições militares e a
classe médica, que foram determinantes no que diz respeito à concepção da disciplina
e suas finalidades de atuação e a forma de ser ensinada. Nesta altura da história a
Educação Física favorecia a educação do corpo, buscando um físico saudável e
equilibrado organicamente, sendo menos suscetível a doenças.
Embora, na época, a elite imperial estivesse de acordo com o mencionado
acima, havia uma forte resistência na realização de atividades físicas, por conta da
associação entre trabalho físico e escravo, pois qualquer esforço físico era visto e
considerado “menor” ou “inferior”, tornando assim a não obrigatoriedade da prática de
atividades físicas nas escolas.
Partindo do ocorrido, as instituições militares, que sofriam influência da
filosofia positivista, pregavam a educação do físico, almejando a ordem e o progresso,
sendo fundamental formar indivíduos fortes e saudáveis para defender a pátria e seus
ideais.
A Educação Física, a partir da década de 30, foi influenciada pelo Movimento
dos Pioneiros da Escola Nova, que buscavam integrá-la como disciplina educativa
substituindo o exercício executado por obrigação pelo executado por prazer.
Em seguida, com a tendência tecnicista, a Educação Física passou a privilegiar
o desporto de alto nível e o treinamento desportivo, pois com esta visão, o esporte era
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conteúdo a ser trabalhado nas escolas, onde os alunos eram vistos como atletas e o
professor como treinador.
Em contraposição a tendência mencionada acima, surgem os Movimentos
Renovadores da Educação, que buscavam alternativas para elaborar novas propostas e
pressupostos para aproximar a Educação Física da realidade dos estudantes e da
escola.
Entre esses Movimentos Renovadores estão: a psicomotricidade, que tem
como alvo o desenvolvimento do estudante em seu ato de apreender, levando em
consideração os processos cognitivos, afetivos e psicomotores; a perspectiva
construtivista, que traz a construção do conhecimento a partir da interação do sujeito
com o mundo, num processo construído durante toda a sua vida; a abordagem
desenvolvimentista, que considera o movimento como o principal meio e fim da
Educação Física, visando à saúde e a aptidão física dos sujeitos, em um enfoque
sociocultural.
Hoje em dia, as Teorias Progressistas da Educação Física sugerem
procedimentos didático-pedagógicos que propiciam o posicionamento crítico a
respeito dos temas da cultura corporal - ginástica, dança, jogo, luta e esporte-, onde
essa perspectiva concebe a Educação Física como uma área do conhecimento que, por
meio da prática pedagógica, aborda elementos da cultura corporal que foram
construídos historicamente e transmitidos socialmente.
Dessa forma, a Educação Física deve propiciar aos estudantes o acesso a um
conhecimento organizado a respeito da cultura corporal, permitindo o
desenvolvimento pessoal, a participação na sociedade, bem como a vivência de valores
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e de princípios éticos e democráticos, através do seu fundamental objeto de estudo o
movimento, e oportunizando, através da prática pedagógica, o desenvolvimento da
consciência corporal, dando significados as ações e o movimento conciente por meio
de seus eixos norteadores.
2.1.1 Legislação da Educação Física
Historicamente, após a influência da visão dos militares e dos médicos que
favoreciam a educação do corpo e buscavam um físico saudável e equilibrado e menos
suscetível a doenças, veio à reforma Couto Ferraz em 1851, que tornou obrigatória a
Educação Física nas escolas do município da Corte, havendo grande contrariedade
pelos pais em ver seus filhos envolvidos em atividades físicas.
Em 1882, Rui Barbosa deu seu parecer sobre o projeto 224 – Reforma Leôncio
de Carvalho, Decreto n. 7247, de 19 de abril de 1879, da Instituição Pública –
defendendo a inclusão da ginástica nas escolas e a equiparação dos professores aos das
outras disciplinas, ressaltando sua idéia sobre a importância de se ter um corpo
saudável para sustentar a atividade intelectual.
A Educação Física, no inicio deste século, ainda com o nome de ginástica, foi
inclusa nos currículos de muitos estados brasileiros, e também evidenciou a sua
importância no desenvolvimento integral do ser humano, possibilitando assim que em
1929, fossem discutidos métodos, práticas e problemas relativos ao seu ensino por
profissionais de educação na III Conferência Nacional de Educação.
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A Educação Física ensinada neste período era baseada nos métodos europeus
– suecos, alemão e posteriormente o francês – conhecido como movimento ginástico
europeu, sendo a primeira sistematização cientifica no ocidente.
Na década de 30, no Brasil, dentro de um contexto histórico e político
mundial, entre ideologias nazistas e fascistas, retornam as idéias militaristas, com
objetivos patrióticos e de preparação pré-militar, cedendo espaço logo em seguida a
objetivos higiênicos e de prevenção de doenças, sendo estes passiveis de trabalhar no
contexto educacional, não garantindo sua prática nas escolas, por mais que a legislação
visasse tal inclusão, mas não havia pessoal capacitado para tal trabalho.
A primeira referência explicita à Educação Física, foi feita em 1937, com a
elaboração da Constituição, incluindo-a no currículo como prática educativa
obrigatório, junto com o ensino cívico, e trabalhos manuais, em todas as escolas
brasileiras, citando também, nesta constituição, o adestramento físico para preparar a
juventude para defender a nação. Nesta mesma época, foi caracterizado por mudanças
significativas no país, o processo industrial e urbano, e no estabelecimento de um
Estado Novo, onde a Educação Física tinha como atribuições fortalecer o trabalho,
melhorar a capacidade produtiva e desenvolver a coletividade.
Em 1961, houve um amplo debate sobre o sistema de ensino brasileiro, do
final do Estado Novo até a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
ficando determinado o ensino obrigatório da Educação Física nos ensinos primários e
médios. A partir daí, o esporte ocupou cada vez mais as aulas de Educação Física,
iniciando a ingresso do Método Desportivo Generalizado, que replicou os antigos
métodos europeus, adequando objetivos e praticas pedagógica.
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De modo geral, após 1964, a Educação Física sofreu influência da tendência
tecnicista, que visava o ensino como uma maneira de formar mão-de-obra qualificada,
pois nesta época difundiam-se os cursos técnicos profissionalizantes. Seguindo este
desenvolvimento, em 1968, com a Lei 5.540, e, em 1971, com a Lei 5.692, a Educação
Física era considerada uma atividade prática, voltada para o desempenho técnico e
físico do aluno.
Na década de 70, o governo militar investiu na Educação Física em função das
diretrizes pautadas no nacionalismo, na integração nacional entre os Estados, e na
segurança nacional, na formação de um exército composto por uma juventude forte e
saudável como na tentativa de desmobilização das forças de trabalho para o “milagre
econômico brasileiro”.
Com relação ao âmbito escolar, nesta mesma década, a Educação Física, a
partir do Decreto n. 69.450, de 1971, foi considerada uma atividade que desenvolvia e
aprimorava como um todo – força física, morais, cívicas, psíquicas e sociais – e
educando através de seus meios, processos e técnicas. A falta de especificidade no
decreto manteve a ênfase na aptidão física, tanto na organização das atividades como
no seu controle, e avaliação. A iniciação esportiva tornou-se um dos eixos
fundamentais de ensino, a partir da 5ª série, buscando descobrir novos talentos para
competições, representando a Pátria. Neste período, o “modelo piramidal” norteou as
diretrizes políticas da Educação Física, em melhorar a aptidão física da população e o
empreendimento da iniciativa privada na organização desportiva, compondo o
desporto de massa que se desenvolveria, tornando um desporto de elite, com a seleção
de indivíduos aptos.
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Na década de 80, iniciou uma intensa crise de identidade no discurso da
Educação Física, pois os efeitos relatados anteriormente começaram a ser sentidos e
contestados, porque o Brasil não se tornou uma nação olímpica e o número de
praticantes de atividades físicas não aumentou, por isso originou uma mudança
significativa nas políticas educacionais, passando a Educação Física Escolar priorizar
além da 5ª a 8ª séries, abranger as séries da 1ª à 4ª e a pré-escola, desenvolvendo o
psicomotor do aluno, tirando da escola a função do promover os esportes de alto
rendimento.
A partir daí, as relações entre a Educação Física e a sociedade, passaram a ser
discutida sob influências das teorias críticas da educação, questionando seu papel e sua
dimensão política, ocorrendo uma mudança no enfoque, ampliando a visão de uma
área biológica, reavaliando e ressaltando as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas
e afetivas, entendendo o aluno como um ser humano integral e abrangendo objetivos
mais amplos, conteúdos diversificados e pressupostos pedagógicos mais humanos.
Na atualidade existem algumas abordagens para a Educação Física Escolar,
que resultam de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e filosóficas, que ampliam
os campos de ação e reflexão para a área, que articulam as múltiplas dimensões do ser
humano.
A Educação Física e os professores são uma referência para seus alunos, pois
propiciam uma experiência de aprendizagem ao mobilizar aspectos afetivos, sociais,
éticos e de sexualidade de forma intensa e explícita, levando essas questões em conta e
considerando a importância da área, confirmando a necessidade de integração maior
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com a equipe pedagógica, mas a realidade mostra ainda certo desprezo pela disciplina
na escola.
Considerando transformar o caráter que a Educação Física assumiu nos
últimos anos, foi promulgada em 20 de dezembro de 1996, a LDB que explicita no art.
26, § 3°, a Educação Física integrada à proposta pedagógica da escola, como
componente curricular da Educação Básica, ajustando-se as faixas etárias e as
condições da população escolar de onde estão inseridas, tomando como novo rumo,
um contexto sociocultural, de conhecimentos históricos acumulados para assim
transmiti-los, sustentando o compromisso com a construção da “cidadania” (BRASIL,
1997, p.26).
2.1.2 Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física
A partir de 1997, o MEC, apresentou os PCNs, uma proposta pedagógica de
reformulação do ensino para as escolas brasileiras incisa na Lei n° 9394/96 da LDB. A
proposta revela a cidadania como eixo norteador da educação escolar com ênfase na
democratização, destinadas as séries da educação básica, para o ensino fundamental e
médio.
Os PCNs apontam orientações de tratamento didático por área e por ciclo,
procurando garantir coerência entre os pressupostos teóricos, os objetivos e os
conteúdos, através de sua operacionalização em orientações didáticas e critérios de
avaliação. Em outras palavras, apontam “o que e como” se pode trabalhar, para que se
alcancem os objetivos pretendidos.
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Os PCNs relacionados à área da Educação Física citam uma proposta que
procura democratizar, humanizar e diversificar a prática pedagógica da área,
ampliando, de uma visão apenas biológica, para um trabalho que incorpore as
dimensões afetivas, cognitivas e socioculturais dos alunos incluindo a todos,
descaracterizando assim o procedimento de seleção dos alunos aptos e inaptos.
Aliando, de forma organizada, as principais questões que o professor deve considerar
no desenvolvimento de seu trabalho, subsidiando as discussões, os planejamentos e as
avaliações da prática da Educação Física nas escolas.
Assim como nas demais áreas, os conteúdos e objetivos nos PCNs também são
chamados habilidades e competências, na Educação Física, as mesmas estão inclusas
nas práticas corporais correspondentes aos conceitos, aos valores e atitudes para os
quais se quer educar: a autonomia, a consciência, o desenvolvimento da sensibilidade,
a capacidade de contextualizar e verbalizar os significados dos conteúdos.
Considerada como cultura corporal, a Educação Física, para viabilizar a
proposta dos PCNs, apresenta os conteúdos em três categorias:
1- Conceitual: que diz respeito a fatos, conceitos e princípios;
2- Procedimental: que são ligados ao fazer;
3- Atitudinal: que correspondem as normas, valores e atitudes.
As três categorias são aplicadas para definir com melhor clareza as diferentes
dimensões que interferem no conhecimento, mesmo que tratados de maneira especifica
as categorias associam-se na aprendizagem.
Os Conteúdos Procedimentais são as práticas dos movimentos corporais que
compõem o jogo, o esporte, atividades rítmicas e expressivas, ginástica e lutas,
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elementos estes que proporcionam a cultura corporal, ou seja, a assimilação de várias
formas de linguagens ou expressões corporais.
O Conteúdo Conceitual conscientiza as práticas dos movimentos corporais e
a relação deles com a vida cotidiana, abrangendo os conceitos, os referenciais
históricos, os fundamentos das práticas corporais e o estudo sobre as normas e
atitudes, envolvendo o conhecimento sobre o corpo, temas pertinentes – como lazer e
cultura regional - e temas transversais.
Os Conteúdos Atitudinais são os chamados conteúdos “ocultos”, referem-se
a valores e atitudes, visando desenvolver os princípios educacionais que moldam os
comportamentos, como as atitudes de solidariedade, cooperação, respeito,
participação, iniciativa, autonomia, indiscriminaçao, à obediência, a construção de
normas e regras e valores como a justiça e a igualdade.
O Conhecimento sobre o corpo é um bloco que faz parte das três categorias,
pois suportam competências voltadas à saúde e ao lazer, que são abrangências da
“Qualidade de Vida”, citada nos PCNs, remetem ao compreender, sentir e falar sobre
as possibilidades corporais, abrangendo conhecimentos de anatomia, como estruturas
musculares e óssea; de fisiologia, com freqüência cardíaca, queima de calorias e
reposição de nutrientes básicos; percepção corporal, habilidades motoras, hábitos
posturais e o corpo como sede de sensações e emoções.
Resumindo, a Educação Física dentro do que propõe os PCNs, é a área do
conhecimento que introduz e integra os alunos na cultura corporal do movimento com
a finalidade de lazer, de expressão de sentimentos, afetos e emoções, de manutenção e
melhoria da saúde. Adotando como estrutura o princípio da inclusão, apontando uma
24
perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem que busca o desenvolvimento da
autonomia, da cooperação, da participação social e da afirmação de valores e
princípios democráticos e garantindo a todos a possibilidade de usufruir dos jogos, dos
esportes, das danças, das luta e das ginásticas em benefícios do exercício crítico da
cidadania (BRASIL, 1997, p.36).
2.1.3 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e a Educação Física no Ensino
Fundamental
Em meio às várias legislações educativas, o mais importante órgão de ação
pública na condução de um projeto educacional para o Brasil, sendo à base da
educação nacional e, como tal, também trata da Educação Física, surge a Lei nº
9.394/96, também conhecida como LDB, e a Resolução CEB nº 2/98, que institui as
DCNs para o Ensino Fundamental. Desde a sua promulgação em 1996 norteiam os
caminhos a serem seguidos pela educação, sob a forma de diretrizes curriculares e
parâmetros curriculares nacionais, as quais procuram atender às obrigações da
sociedade brasileira e aos interesses econômicos internacionais.
A LDB (1996), aborda a Educação Física nos seguintes trechos:
Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser completada em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura e da clientela. § 3º. A Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e as condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.
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A lei 10.328, de 12 de dezembro de 2001, completa a redação do § 3º da LDB,
adicionando-lhe a palavra “obrigatória” e compondo a seguinte redação:
“a Educação Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatória da educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”.
Já o artigo 27, que aborda sobre os conteúdos curriculares da educação básica,
diz que estes devem gerar o esporte escolar e apoiar as práticas desportivas "não
formais", abordando a Educação Física como um conjunto de conhecimentos a serem
trabalhados.
Em contraposição a esse artigo, ressalta-se haver no sentido dado pelo texto
uma barreira de caráter educativo do ensino da Educação Física no espaço escolar. Isso
se torna evidente pelo reforço dado à idéia de desempenho, treinamento desportivo,
seleção de habilidades, resultados e competição, o que ao invés de possibilitar a
participação do aluno, acabaria excluindo-o das aulas.
Não se trata, no entanto, de negar a prática esportiva no espaço escolar, mas é
necessário compreender que há no ensino da Educação Física intenções diferentes do
treinamento esportivo. Afinal, a Educação Física tem um conhecimento próprio a ser
ensinado.
Nas DCNs, a Educação Física consta como área do conhecimento e, como tal,
considera-se que tenha um objeto de estudo e um conhecimento a ser oferecido ao
aluno. E estes se constituem como conteúdos mínimos das áreas de conhecimento, que
se referem no Parecer 04/98 MEC/CNE (1998):
“às noções e conceitos essenciais sobre fenômenos, processos, sistemas e operações, que contribuem para a constituição de saberes, conhecimentos, valores e práticas sociais indispensáveis ao exercício de uma vida de cidadania plena”.
26
Acrescenta-se a isso que esses conteúdos mínimos de cada área já haviam sido
divulgados e encaminhados às escolas nos PCNs. Inclusive, sendo publicados e
veiculados pelo MEC em dois volumes para a área de Educação Física.
A Resolução 2/98, como já foi dito, institui as DCNs para o Ensino
Fundamental, que devem ser seguidas pelas escolas integrantes do sistema de ensino
nacional. Essas diretrizes determinam o currículo do Ensino Fundamental, que integra
a base nacional comum, complementada por uma parte diversificada, de acordo com o
art. 26 da LDB. O Parecer CEB 4/98 define que a base nacional comum "refere-se ao
conjunto de conteúdos mínimos das áreas de conhecimento, articulados aos aspectos
da vida cidadã". A parte diversificada, conforme o mesmo Parecer:
"envolve os conteúdos complementares, escolhidos por cada sistema de ensino e estabelecimentos escolares, integrados à base nacional comum, de acordo com as características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela, refletindo-se, portanto, na proposta pedagógica de cada escola, conforme o art. 26".
Além disso, as DCNs para o ensino fundamental segundo a Resolução 02/98,
do CNE/CEB, constituem que o modelo curricular do ensino fundamental deverá estar
articulado com a "vida cidadã" e com as áreas do conhecimento. Essas diretrizes têm,
portanto, o intuito de buscar a unidade, a qualidade da ação pedagógica e o acesso de
todos os alunos a base nacional comum, em todas as escolas do território nacional.
Esta lei sugere a relação entre a base nacional comum, a parte diversificada e a “vida
cidadã”, por meio de oito temáticas de referência: saúde, sexualidade, vida familiar e
social, meio ambiente, trabalho, ciência e tecnologia, cultura e diferentes linguagens.
Na organização e na realização de seu ensino, cada área do conhecimento - inclusive a
27
Educação Física - deve trabalhar esses temas (Resolução 3/98, artigo 3º, inciso IV),
através de professores de Educação Física Escolar preparados.
2.1.4 Diretrizes Curriculares Municipais da Educação Física de Curitiba
Em 2005, iniciou um período de revisão da Educação Municipal em Curitiba,
por meio de conversas com profissionais da educação, visitas às unidades escolares e
reuniões com diretores, e no transcorrer desse processo percebeu-se as necessidades
existentes, entre elas a de reavaliação das Diretrizes Curriculares para o município de
Curitiba.
Em seguida, dando seqüência ao processo de reavaliação das Diretrizes
Curriculares do município de Curitiba, ocorreu um Seminário Interno da Secretaria
Municipal da Educação de Curitiba, que serviu para a apresentação e avaliação dos
processos de cada um dos departamentos desta Secretaria. Nesse Seminário, os
departamentos da Educação Infantil e do Ensino Fundamental assinalaram lacunas
existentes no documento, enviado às escolas em 2004.
A partir da verificação, o documento passou por um processo de reflexão,
análise, revisão, reorganização e aprimoramento das suposições curriculares para o
município de Curitiba, contando com a participação dos profissionais do Magistério
Municipal, por meio de encontros com grupos divididos por área de ensino, ficando
bastante evidente a necessidade de se ter um referencial curricular básico, em que
estejam registrados os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação comuns a toda a
Rede, objetivando nortear a prática pedagógica nas escolas.
28
E partindo destes pressupostos foram preparados os documentos das Diretrizes
Curriculares Municipais para todas as disciplinas, em especial o da Educação Física,
que priorizou nos seus fundamentos teórico-metodológicos, de um modo geral, o
desenvolvimento da consciência corporal, dando significado às ações e efetivando o
movimento consciente, por meio dos eixos norteadores da Educação Física - da
ginástica, da dança, do jogo, da luta e do esporte - (CURITIBA, 2006, p.66).
Cada um dos eixos norteadores mencionados acima faz parte da cultura
corporal, e através da prática pedagógica dos professores de Educação Física os alunos
deverão vivenciar cada um deles, onde as Diretrizes Curriculares apontam em um
breve enunciado do que cada um deve abrange nas aulas.
A ginástica, segundo as Diretrizes Curriculares de Curitiba (2006, p.66), é
entendida como uma forma de exercitação em que, com ou sem o uso de aparelhos,
permite a vivência de atividades que provoquem experiências corporais riquíssima,
onde o professor nas aulas de Educação Física pode desenvolver, além dos elementos
fundamentais da ginástica, a Ginástica Geral, Rítmica e Artística.
O professor deve observar, de acordo com os objetivos da sua aula, e levar em
consideração a vivência do movimento ginástico e não a execução perfeita, segundo as
Diretrizes Curriculares de Curitiba (2006, p.67), se o aluno:
- executa, com coordenação, os elementos fundamentais da ginástica (andar, correr, saltar, lançar, chutar, girar, rastejar, transportar, balançar, etc.), com ou sem o uso de materiais, com e sem deslocamentos, em diferentes posições e direções; - mantém equilíbrio em plano elevado e inclinado, parado e em deslocamento; - constrói, a partir das práticas vivenciadas, outras formas de movimentar-se; - executa os movimentos básicos das várias formas da ginástica.
29
A dança é uma manifestação cultural, que procura mediante estímulos
sonoros as expressões corporais, envolvendo movimentos e ritmos diversificados
(CURITIBA, 2006, p.67).
O professor, durante as aulas de Educação Física, pode desenvolver como
referência as Diretrizes Curriculares (2006, p.67), “a dança por meio de seus
elementos básicos, de atividades rítmicas e expressivas; de brinquedos cantados, de
cantigas de roda; de danças folclóricas; de danças populares e de danças criativas”,
observando se o aluno:
- realiza os movimentos básicos da dança em diferentes planos, direções, apoios e tempos; - expressa-se por meio da dança, participando de brinquedos cantados, cantigas de roda e na criação e execução de coreografias simples; - cria movimentos e formas de expressão em diferentes ritmos musicais; - participa em danças simples ou adaptadas, pertencentes às manifestações culturais; - orienta-se no espaço, discriminando localização, direção e dimensão; - realiza movimentos discriminando as diferentes velocidades no deslocamento.
O jogo é uma manifestação corporal que indica a existência de regras e
objetivos, podendo estes ser alterados segundo a necessidade, interesse e a realidades
dos participantes.
Existe uma afinidade entre o desenvolvimento integral do estudante e o jogo
que o estimula, estando este presente em todas as fases de sua vida.
Por meio do jogo, o estudante exercita a sua cognição, produz e reproduz as
suas vivências e compreende o seu meio. O jogo se constitui em um momento de lazer,
de socialização e de desenvolvimento do raciocínio lógico.
Nas aulas de Educação Física Escolar, pode ser trabalhado os jogos
psicomotores, jogos de interpretação, jogos recreativos, jogos tradicionais, jogos
sensoriais, jogos intelectivos, jogos pré-desportivos e jogos cooperativos.
30
Segundo as Diretrizes Curriculares de Curitiba (2006, p.68), durante a
realização do jogo, o professor deve observar se o estudante:
- reconhece o jogo como componente da cultura corporal; - compreende, respeita e é capaz de modificar as regras dos jogos, utilizando habilidades motoras e cognitivas; - adota postura cooperativa e de respeito, em face de situações de conflito geradas no jogo, demonstrando bom relacionamento com os colegas; - apresenta habilidades de memória, raciocínio e concentração nos jogos intelectivos.
Deste modo, o papel do jogo no contexto escolar vai além do simples ato de
ensinar e aprender, o importante é construir os conhecimentos e formar sujeitos
autônomos, capazes de cooperar, de questionar, de criticar e de transformar a sua
realidade.
As lutas são manifestações corporais em que, através de tática de
desequilíbrio, imobilização ou exclusão de determinado espaço, se busca o
desenvolvimento de ações de ataque e defesa.
A capoeira, forma de luta considerada também dança, esporte e jogo, é a mais
conhecida nos meios escolares, constituída de um sistema de autodefesa e treinamento
físico, destaca-se por ser a única originalmente brasileira e fundamentada em nossas
tradições culturais.
Embora a capoeira tenha sido considerada como uma luta, o professor poderá
desenvolvê-la ora como dança, ora como jogo, ora como esporte, sempre respeitando o
seu valor pedagógico e cultural.
De acordo com a realidade escolar, com o conhecimento e o interesse do
professor, pode-se também trabalhar outras formas de luta: o judô, o caratê e a
esgrima, entre outras.
31
Nas aulas de Educação Física Escolar, poderão ser trabalhadas as noções do
histórico, os elementos e habilidades básicas da luta; atividades recreativas que
envolvam situações de desequilíbrio, imobilização ou exclusão de determinado espaço;
vivências de jogo e roda de capoeira.
No trabalho com a luta, segundo indica as Diretrizes Curriculares de Curitiba
(2006, p.69), o professor deve observar se o estudante:
- desenvolve estratégias de desequilíbrio, imobilização ou exclusão de determinado espaço, buscando ações de ataque e defesa, procurando valorizar o respeito ao próximo; - compreende o histórico e vivencia a movimentação básica da luta, por meio de atividades lúdicas; - realiza os elementos básicos da luta: rolamentos, técnicas de mão e pernas, deslocamentos do corpo, formas fundamentais de domínio no solo.
Na escola, o trabalho com a luta deve ressaltar a filosofia que lhe dá
sustentação para que, muito mais do que despertar formas de violência, a luta seja vista
como melhoria da qualidade dos movimentos corporais e como controle das emoções.
O esporte como prática corporal, realizado individualmente ou coletivamente,
possui regras sistematizadas e oficiais, e caráter competitivo. Nos anos iniciais do
Ensino Fundamental, o trabalho com o esporte acontece através dos jogos recreativos e
pré-desportivos. Não se pode negar a prática do esporte, porém não se deve correr o
risco de expor os alunos a situações para as quais o seu desenvolvimento físico, motor
e cognitivo não corresponda à exigência dos esportes de alto nível. Portanto, nessa
fase, o esporte se caracteriza sob o enfoque da crítica e da discussão acerca dos
acontecimentos esportivos sociais que estão ocorrendo.
Os jogos recreativos no Ciclo I, de 1ª à 2ª série, propiciam o desenvolvimento
de capacidades físicas, como a resistência e a força; condutas psicomotoras, como a
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coordenação motora geral e a organização e orientação espaço-temporal; elementos
que socializam como o trabalho em grupo, a construção das regras e a tentativa de
cumpri-las; também oportunizam a vivência com erros e acertos.
No Ciclo II, na 3ª e 4ª série, essas habilidades serão aperfeiçoadas e
desenvolvidas através dos jogos pré-desportivos. Esses jogos possuem regras
modificadas e adequadas ao nível de habilidade motora e cognitiva dos estudantes da
faixa etária correspondente.
Nos ciclos III e IV, de 5ª à 8ª série, o esporte deve ser trabalhado como meio
de desenvolvimento integral do estudante, e não como fim em si mesmo.
Cada esporte deve ser contextualizado historicamente, isto é, ser definido por
sua origem, pela sociedade em que foi produzido, pelo contorno com que foi
incorporado pela sociedade brasileira, pelas alterações que passou ao longo da história
e pela forma com que é apresentado atualmente no contexto social.
Na escola, podem ser trabalhados o voleibol, o basquetebol, o futebol, o
handebol, o atletismo e outros esportes que estejam de acordo com a realidade local e
com o interesse dos alunos e da escola.
Nesse sentido, o professor dos ciclos III e IV, de 5ª à 8ª série, deve observar se
o estudante, segundo as Diretrizes Curriculares de Curitiba (2006, p.71):
- compreender o histórico e as regras de cada modalidade, as necessidades que desencadearam sua produção e as transformações ocorridas até os dias atuais; - executa com coordenação os fundamentos relativos às modalidades esportivas vivenciadas; - utiliza os fundamentos das modalidades esportivas no desenvolvimento tático do jogo.
33
A prática esportiva escolar deve ressaltar não só a competição, mas resgatar
valores como a solidariedade, a cooperação mútua e o respeito. Portanto, na escola, o
esporte deve oportunizar a participação de todos, respeitando as suas possibilidades e
habilidades.
Apesar disso, o professor de Educação Física, deve-se levar em conta, antes e
após a realização de qualquer prática corporal, a realização do alongamento, com o
papel de dispor os músculos e as articulações para o desenvolvimento da atividade
física, procurando diminuir o risco de lesões e proporcionar uma melhor atuação.
Depois da prática corporal, o alongamento serve como relaxamento, pois os músculos
ficam contraídos durante o esforço. (CURITIBA, 2006, p. 71)
Ao realizar o trabalho pedagógico, segundo as Diretrizes Curriculares de
Curitiba (2006, p.71), o professor deve elaborar o planejamento escolhendo os
objetivos que pretende alcançar ao longo do ano letivo, levando em consideração a
realidade do seu cotidiano escolar, respeitando as características e individualidades de
cada estudante, procurar harmonia entre a atividade intelectual e a atividade corporal,
de forma a melhor integrá-lo no seu relacionamento com o mundo.
Silva (1996) acredita que as práticas corporais devem estar inclusas ao
contexto atual vivido pelos estudantes, ampliando sua compreensão através da
referência a outros contextos históricos ou socioculturais.
Conforme o princípio da simultaneidade, defendido por Soares et al. (1992), as
práticas corporais são organizar e apresentadas aos estudantes de modo simultâneo,
pois o que mudaria de um ciclo para o outro seria a amplitude das referências sobre
34
cada prática corporal vivenciada, isso porque o conhecimento não é pensado por
etapas, ele é construído e ampliado simultaneamente.
A Educação Física Escolar deve dar oportunidades a todos, de forma
democrática e não seletiva, para que ampliem suas potencialidades, inserindo aqueles
com necessidades educacionais especiais, considerados estudantes de inclusão.
O trabalho escolar com as diversidades culturais exige muitas vezes
transformações nos ambientes físicos, na forma de utilização de materiais e,
principalmente, na mentalidade das pessoas, pois o processo de inclusão implica a
participação de todos em todas as atividades escolares. A Educação Física Escolar para
estudantes com necessidades educacionais especiais não se diferencia em conteúdos,
mas na forma de preparo das atividades, nas técnicas e nos métodos adaptados ao
desenvolvimento daqueles com comprometimento motor, neurológico ou intelectual.
Os processos de ensino-aprendizagem devem levar em consideração as
características dos estudantes em todas as suas dimensões cognitiva, corporal, afetiva,
ética, estética, de relação interpessoal e inserção social, obtendo conhecimentos
anatômicos, fisiológicos, biomecânicos e bioquímicos, necessitando aprender a
perceber os ossos e músculos envolvidos nos diferentes movimentos, compreender as
alterações que ocorrem durante as atividades físicas em longo prazo, adequar os
hábitos posturais, compreender os processos metabólicos de produção de energia,
eliminação e reposição de nutrientes básicos (CURITIBA, 2006, p.72).
As Diretrizes Curriculares Municipais de Curitiba (2006, p.73) prevêem que o
estudante deve, além de aprender as técnicas de execução da prática corporal, apreciá-
las criticamente, analisá-las esteticamente, avaliá-las, recriá-las e discutir regras e
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estratégias. Sendo as práticas corporais organizadas metodologicamente em
ação/reflexão e novas ações conscientes, compreendendo a ação como vivência prática
dos elementos significativos da cultura corporal, sempre levando em consideração o
conhecimento que o estudante já detém sobre eles.
A reflexão é o momento da ampliação do conhecimento que já possui, ou seja,
nessa fase da aula, buscam-se por meio de problematizações, questionamentos,
pesquisas bibliográficas, entrevistas, vídeos e novas tecnologias, a compreensão
dinâmica histórica dessas práticas corporais e sua significação social atualmente.
O momento em que ocorre a reelaboração da prática corporal trabalhada, após
ter sido refletida, configura a nova ação consciente, onde dessa forma, o estudante
após ter vivenciado a prática corporal, ter compreendido sua dimensão histórica e ter
discutido sobre questões pertinentes à atualidade, ele irá reelaborar a prática corporal,
na qual usará suas experiências anteriores acrescidas de novos conhecimentos. Dessa
forma, haverá uma combinação entre conceitos sobre o corpo e a motricidade e uma
reflexão sobre a realidade baseada em conhecimentos científicos.
Na área de Educação Física, os conteúdos estão unidos, tendo em vista a
educação para um estilo de vida saudável, buscando a Qualidade de Vida, sendo este
conceito diferente de pessoa para pessoa, porém o que o determina são os múltiplos
fatores socioambientais como moradia, transporte, assistência médica, lazer, educação,
e individuais como hábitos alimentares, controle do estresse, atividade física,
relacionamentos. (CURITIBA, 2006, p. 73)
Tendo a Educação Física Escolar o objetivo de proporcionar um estilo de vida
saudável, e sendo uma das tarefas educacionais fundamentais, tem o papel de
36
conscientizar os estudantes à incluam hábitos de atividades físicas em seu cotidiano,
sentindo prazer na sua realização, e compreendam os conceitos básicos relacionados
com a saúde e a aptidão física e desenvolva certo grau de habilidade motora, o que
lhes dará motivação para as práticas corporais.
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, sugeri-se o trabalho com as práticas
corporais que requeiram o desenvolvimento de habilidades motoras e o gosto pela
prática de atividade física. Nos anos seguintes, deverá ser colocado o conhecimento
sobre os componentes da aptidão física relacionado à saúde, através de um efetivo
trabalho teórico-prático que possibilitam a discussão dos conceitos e a realização de
atividades e experiências necessárias para promover mudanças comportamentais mais
permanentes (GUEDES e GUEDES, 1993).
2.2 CULTURA CORPORAL
Desde sua origem, o ser humano produz cultura, na medida em que tudo que
faz está inserido num contexto cultural, entendemos aqui que a cultura é fundamental à
sua evolução, pois é o resultado de uma interação contínua entre pessoas pertencentes
a uma sociedade que produz e reproduz esta cultura continuamente.
O conceito de cultura é percebido como produto da sociedade, pois “vamos
nos construindo e nos modificando de acordo com tudo que nos rodeia” (BARROS,
2008, p. 111), onde somos influenciados pelas ações de um determinado grupo, e
partindo desta visão, que mais do que uma decorrência biológica, a questão cultural é
essencial para o desenvolvimento humano.
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Partindo da idéia mencionada anteriormente, e seguindo por um dos muitos
significados que a cultura tem, dá-se continuidade ao assunto com o pensamento de
Geertz (1989, p.38) sobre as formas de manifestações culturais que estão relacionadas
com o “corpo”: corpo este que absorve e adota significados diferentes em sociedades
distintas, sendo influenciados pela cultura onde estão inseridos.
Percebe-se um entendimento parecido a esse na obra de Daólio (1995, p.67)
quando o autor afirma que o homem, por meio de seu corpo, assimila e apropria-se de
valores, normas e costumes, num processo de incorporação, internalizando em seus
corpos os valores sociais que estão contidos na sociedade. O corpo não foge as
influências culturais, porque ele é o meio de expressão fundamental do ser humano,
mesmo que considerado um ser biológico, uma vez que ele é fruto da cultura onde
vive, e por esses motivos que a cultura deve ser entendida como um dos principais
conceitos da Educação Física.
2.2.1 Cultura Corporal na Educação Física
Dentre as produções que levantam as questões culturais, que em vista na
atualidade, são fundamentais para a Educação Física, indicam a possibilidade de
propiciar uma mudança no seu olhar sobre o corpo, para não mais vê-lo como um
amontoado de ossos, músculos, articulações, nervos e células e sim como parte da
cultura humana, de forma mais ampla, atribuindo significados da sociedade que define
o que é corpo e como ele age nas mais diferentes situações, como afirma Mauss
(1974), que cada pessoa irá servir de seus corpos por intermédio de técnicas que foram
38
adquiridas ao longo de sua existência e transmitidas pela sociedade em que estão
inseridos.
Remetendo este pensamento, e por haver uma fragilidade nos recursos
biológicos, os seres humanos buscaram suprir as insuficiências de tentar tornar o
movimento mais eficiente, seja por razões “militares” ou por razões “econômicas”,
como conta a história, a Educação Física resignou as suas intencionalidades e formas
de expressão, e constituem o que chamamos de cultura corporal.
A partir daí, a Educação Física, incorporou a cultura corporal em seus
conteúdos (jogo, esportes, dança, ginástica e lutas), tendo em comum a representação
corporal, com características lúdicas, de diversas culturas humanas.
Assim, a Educação Física contempla muitos conhecimentos produzidos e
usufruídos pela sociedade através do corpo e do movimento, considerando
fundamentais as atividades culturais de movimento com a “finalidade de lazer,
expressão de sentimentos, afetos e emoções, e com possibilidades de promoção,
recuperação e manutenção da saúde”. (BRASIL, 1997, p. 23).
Restando então, localizar em cada uma dessas manifestações (jogo, esportes,
dança, ginástica e lutas), os seus benefícios (fisiológicos e psicológicos) e suas
possibilidades como instrumentos de comunicação, expressão, lazer e cultura,
formulando uma proposta para a Educação Física escolar.
A Educação Física Escolar pode sistematizar um ensino e aprendizagem que
garantam aos alunos o acesso a conhecimentos de forma contextualizada,
possibilitando a eles, a aquisição de um olhar critico sobre o que lhe é transmitido,
mudando assim a ênfase na aptidão física e no rendimento padronizado, para uma
39
concepção mais abrangente contemplando todas as dimensões de cada prática
corporal. A Educação Física Escolar deve oportunizar a todos os seus alunos o
desenvolvimento de suas potencialidades individuais, de forma democrática e não
seletiva, realizando uma distinção de seus objetivos em relação aos objetivos dos
esportes, da dança, da ginástica e da luta. (BRASIL, 1997, p.25)
A tarefa da Educação Física Escolar é garantir o acesso dos alunos a
participarem das práticas corporais, contribuindo para a construção do estilo pessoal de
cada um, conhecendo e valorizando diversas manifestações culturais,
independentemente do conteúdo, dos processos de ensino e aprendizagem escolhido
pelo professor, onde o mesmo deve considerar sempre as características em todas as
suas dimensões (cognitivo, físico e social) procurando atingir o desenvolvimento
integral do indivíduo, e contribuir para o exercício pleno da autonomia, da cooperação
e da cidadania.
2.2.2 Pluralidade Cultural nas Diretrizes Curriculares Municipais de Curitiba
Rotineiramente, nas aulas de Educação Física Escolar, existe a predominância
de conteúdos esportivos, que acabam por assim diminuir o universo da cultura
corporal ao contexto, quase que sempre, somente dos esportes, reduzindo ou até
eliminando o acesso dos alunos ao contato com outras práticas corporais, como jogos,
brincadeiras, danças e lutas, inclusive provenientes de diferentes povos.
Neste sentido PCNs (1997, p.39) indicam a importância de se:
“conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se
40
contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de crença, de sexo, de etnia ou características individuais e sociais”.
O mesmo documento sugere ainda que:
“A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais advindas das mais diversas manifestações culturais e se enxergue como essa variada combinação de influências está presente na vida cotidiana. As danças, esportes, lutas, jogos e ginásticas compõem um vasto patrimônio cultural que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado. Além disso, esse conhecimento contribui para a adoção de uma postura não-preconceituosa e discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes grupos étnicos e sociais e às pessoas que dele fazem parte (BRASIL, 1997,p.39).
Diante dessa situação, entendendo a Educação Física como um dos
componentes curriculares que pode e deve contribuir para apresentação, diálogo e
reflexão acerca da temática pluralidade cultural, possibilitando aos educandos o
(re)conhecimento das influências de diferentes povos diante do que a mesma tem a
oferecer.
A Pluralidade Cultural é um tema que reúne um conjunto de manifestações
culturais composta por diferentes etnias, que se referem à contribuição dos diversos
povos - africanos, indígenas, portugueses, italianos - para a construção de uma cultura
corporal brasileira mais rica e diversificada, através do esporte, da dança, da luta, da
ginástica e dos jogos, valorizando-as e respeitando-as na sociedade, onde os alunos
podem conhecer e até vivenciar estas manifestações culturais complementando seus
conhecimentos sobre a diversidade presente no Brasil. (BRASIL, 1997, p.40)
A Pluralidade Cultural como proposta curricular é voltada para a cidadania e
tem um significado especial ao proporcionar elementos onde o aluno tenha um
relacionamento com a democracia, o surgimento de diferentes grupos e comunidades
41
étnicas e culturais, para a sua vida e para o seu cotidiano. Sugerindo, a partir da
educação uma relação com os valores sobre a diversidade presente no Brasil.
O preconceito e a discriminação apontam muitas vezes a convivência de uma
sociedade pelo fato dela ser constituída por grupos diferenciados, o Brasil faz parte
destas características, já que a cultura é diversificada por linguagens diferentes,
religião, crença, costumes e valores morais de influência de outros povos. A
comunidade e a escola são um ambiente esclarecedor desta diversidade, geralmente em
cada grupo, há uma descendência étnica, ou seja, um indivíduo com parentesco
advindo dessas etnias, fazendo com que a sociedade conviva com essa diversidade
etno-cultural, porém é preciso que o professor facilite a vivência e a aprendizagem da
pluralidade cultural na escola, para que haja o respeito e a valorização. O aluno no
ambiente escolar convive com a diversidade e também pode aprender com ela, o
investimento na formação do professor no tema da pluralidade cultural além de ser
importante precisa ser um compromisso político-pedagógico educacional no
desenvolvimento do profissional da educação, relata o PCNs (1997, p. 40).
Dando destaque ao que foi mencionado, o PCNs (1997, p. 40) assegura que na
escola onde a diversidade está diretamente inserida naqueles que constituem a
comunidade, essa presença tem sido ignorada, silenciada ou minimizada, sendo
múltiplas as origens da omissão com relação à pluralidade cultural.
As diversas culturas existentes como as indígenas, africanas, portuguesas,
inglesas, italianas, e outras, trouxeram elementos constituintes como as danças, as
lutas, os jogos e os esportes para a formação da cultura brasileira. Devido a está
42
herança cultural o esporte praticado no âmbito escolar permite a vivência desta
diversidade, como afirma Darido e Rangel (2005, p.25 - 31):
“os esportes, danças e as lutas, como meio de vivências das diferentes manifestações da cultura do corpo, pode ser utilizadas para trabalhar o tema transversal “pluralidade cultural”, no âmbito escolar e assim sendo possível conhecer e valorizá-la”.
Diante desta visão, a questão da pluralidade cultural aborda a relação às
práticas de atividades nas aulas de Educação Física na escola, sabendo que o aluno
pratica a atividade, entende a técnica, porém a origem e a importância étnica e cultural,
às vezes não são repassadas para o aluno como deveria no cotidiano escolar.
(BRASIL, 1997, p.40).
A escola é um ambiente onde o aluno vivencia a prática de atividades, e esta
prática é permitida devido à contribuição das manifestações de culturas denominada
“pluralidade cultural”, porém a responsabilidade de repassar estes conhecimentos é do
professor, pois o mesmo tem a responsabilidade de montar seu planejamento e nele
inserir este tema, que é indicado pelos PCNs (1997, p.40), quando ressalta que as
práticas corporais devem estar relacionadas ao contexto atual vivido pelos estudantes,
ampliando sua abrangência através da referência a outros contextos históricos ou
socioculturais.
Delval (2006, p. 150) trata a escola como um ambiente que deve cultivar a
aprendizagem das culturas, entendendo que cada sociedade com sua própria cultura
pode ser compreendida pelos alunos através do incentivo do trabalho na escola,
satisfazendo as necessidades humanas e conhecimentos. E ainda, conclui “o que o
professor tem de fazer então é facilitar, é criar as situações nas quais o aluno aprenda
partindo de sua prática, de sua própria atividade”. (DELVAL, 2006, p.151).
43
Segundo o PCNs (1997, p.40), trata-se de oferecer ao aluno, e construir junto
com ele, um ambiente de respeito pela aceitação; de interesse pelo apoio á sua
expressão; de valorização, pela incorporação das contribuições que venha a trazer.
As Diretrizes Curriculares de Curitiba (2006, p.73), referente ao assunto, não
relatam a valorização da pluralidade cultural atribuídas nas aulas de Educação Física,
refletindo sobre a questão de que existem diversas manifestações culturais e que deve
ser vivenciada e reconhecida pelo aluno, a fim de contribuir para interação com vários
grupos étnicos e diversidades existentes, onde os professores poderiam inserir a
pluralidade cultural na escola e em suas aulas, pois o campo da cultura é amplo e
diversificado..
A importância da pluralidade cultural, refletindo sobre sua forma de aplicação,
contribuindo para um melhor desenvolvimento e valorizando as diversas culturas,
incentivando o próprio conhecimento do aluno no cotidiano escolar, pois a cultura é
considerada um processo acumulativo, que procede de toda experiência histórica das
gerações anteriores, limitando ou estimulando a ação criativa do individuo, conforme
cita Laraia (2006, p.49).
A Educação de modo geral, e em especial a Educação Física, deveria buscar
explicar a diversidade cultural e étnica que faz parte da sociedade brasileira através de
suas aulas, fazendo entender as relações que marca uma desigualdade socioeconômica
e mostrar as mudanças necessárias, valorizando e respeitando as diferenças culturais e
etnias, aceitando-as sem discriminação. Conforme explica o PCNs (1997, p.40):
“A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e a valorização de características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, as desigualdades socioeconômicas e a crítica as relações sociais discriminatórias e excludente que permeiam a
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sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes, paradoxal.
O preconceito e a discriminação racial / étnica ainda permanecem como um
grande problema na escola, já que as linguagens, religiões e políticas diferem uma
cultura. E as crianças precisam ser educadas desde a infância, para aceitar os grupos
que chegam à comunidade escolar, é preciso explicar de onde vêm as contribuições de
uma cultura, para que mais tarde não haja preconceitos relacionados à diversidade de
um país.
De acordo com PCNs (1997, p.40):
“mesmo em regiões onde não se apresente uma diversidade cultural tão acentuada, o conhecimento dessa característica plural do Brasil é extremamente relevante. Ao permitir o conhecimento mutuo entre regiões, grupos e indivíduos, ele forma a criança, o adolescente e o jovem para a responsabilidade social de cidadão, consolidando o espírito democrático”.
O professor tem a função básica de transmitir aos seus alunos o maior
conhecimento possível, sendo ele elaborado e planejado, de acordo a com as
necessidades da sua classe. Pois é no dia-a-dia da escola que muitos aprendem como
conviver socialmente, respeitando as diversidades existentes e aumentando o
conhecimento no âmbito cultural. Conforme o PCNs (1997, p.40), a escola tem um
papel fundamental a desempenhar nesse processo, porque é um espaço em que pode se
dar a convivência entre estudantes de diferentes origens, costumes e religiões, com
visões de mundo diversas daquelas que compartilha em família.
A prática docente apreciada como prática social exige um educador capaz de
justificar de maneira coerente suas intervenções pedagógicas no que se refere à
maneira como este seleciona os conteúdos e as estratégias de ensino.
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A família também é importante para o desenvolvimento e inserção da criança
no universo escolar. A mediação entre ela e o mundo, entre ela e o conhecimento, o
relacionamento com os professores e funcionários da escola, a convivência com os
colegas, são fatores decisivos para o seu desenvolvimento social. É a família que vai
decidir onde seus filhos irão estudar, qual é a instituição de ensino adequada para
satisfazer suas necessidades, depositam a responsabilidade toda na escola. Portanto,
relata Alves (2003):
“Os trabalhos que se preocupam com o cotidiano da escola e com os diferentes modos culturais aí presentes partem, então, da idéia de que é nesse processo que aprendemos e ensinamos a ler, a escrever, a contar a colocar questões ao mundo que nos cerca, à natureza, à maneira como homens e mulheres se relacionam entre si com elas, a poetizar a vida, a amar o outro.
A relação entre alunos na escola é um fator que explora o conhecimento de
cada modo de vida, após conversas, seja em sala ou no recreio, os alunos vão criando
expectativas e tomadas de decisões, devido ao convívio escolar. Fatores culturais
podem intervir no processo de aprendizagem do aluno, e o ambiente que pode propor
melhor a vivência da pluralidade cultural é a escola, por existir no ensino pedagógico
exigências que estabelece a relação cultura, escola e aluno, pois “quando a integração
em grupo ainda é suficiente, também o serão as aptidões pessoais e a imagem
corporal”. (FREIRE, 1998, p.163).
A escola age como um espaço de trocas de conhecimentos e experiências,
através da interação de alunos e professores e a comunidade. Segundo o PCNs (1997,
p.40):
“Partilhar um cotidiano em que o simples “olhar-se” permite a constatação de que todos – alunos, professores e demais auxiliares do trabalho escolar – são provenientes de diferentes famílias, diferentes origens e possuem, cada qual, diferentes histórias, permite desenvolver uma experiência de interação “entre diferentes”, na qual cada um aprende e cada um ensina”.
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O conhecimento e o respeito sobre as diversas linguagens é uma das
características que faz parte da pluralidade cultural na escola, envolvendo o esporte
praticado pelos alunos, originados por culturas distintas. O cotidiano escolar faz com
que os alunos aprendam a conviver com as diferentes culturas, sendo oportuno
conhecer a origem e o significado que existe no esporte. O momento propicia ao aluno
dialogar com o grupo do qual participa, para conhecer elementos importantes nas
tradições culturais, partindo também das informações repassadas pelo professor
durante as aulas. Conforme Becker (1993, p.61), “o conhecimento dá-se por interação
ou pelas trocas do organismo com o meio”.
2.3 IMIGRAÇÃO E CULTURA ITALIANA
Em meados do século XIX, a Europa era o palco de uma Revolução Industrial
que transformava a vida de seus habitantes. A população européia crescia e
agricultores, sem terra, migravam para os centros urbanos, em busca de emprego nas
novas fábricas, com isso as metrópoles enchiam e as condições de vida chegaram a ser
sub-humanas.
As Américas, nesta época, possuíam fartura de terras inexploradas e seus
governantes ansiavam pela colonização dessas terras, passaram a promover uma
propaganda imigratória brasileira, para que houvesse maior desenvolvimento na nação.
Os italianos pressionados pela crise econômica de seu país e estimulados pela
imigração brasileira aceitaram tentar a sorte na América. Sabemos de antemão que
todos os imigrantes italianos que entraram no Brasil no século XIX, embarcaram no
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porto de Gênova e que obrigatoriamente, assim como para qualquer imigrante
procedente da Europa, desembarcavam na Ilha das Flores, na baía de Guanabara, Rio
de Janeiro. Nessa ilha eram realizados os registros exigidos pelo sistema político e
também uma série de exames médicos. Aos que passassem por essas burocracias o
tempo de permanência na Ilha era geralmente de dois a quatro dias. No ato do registro
de desembarque os imigrantes deviam informar o nome e sobrenome, a procedência, o
nome do navio, idade, sexo, naturalidade, religião, profissão, data de chegada e no
mesmo instante era-lhes informado para qual província do estado devia dirigir-se para
a sua fixação.
Portanto, do porto do Rio de Janeiro os imigrantes eram embarcados em
navios menores com destino às Províncias onde eram aguardados, assim seguiam para
os mais diversos locais do Norte, do Leste e do Sul do Brasil.
O estímulo à imigração na Província do Paraná aconteceu desde cedo, já com
o primeiro presidente da Província, Dr. Zacarias de Góes e Vasconcelos, conforme Lei
nº 29, de 21 de março de 1855, declarou que:
“Fica o governo autorizado a promover a imigração de estrangeiros para esta província, empregando neste sentido os meios que julgar mais convenientes...”
Para os imigrantes que vinham para a Província do Paraná a porta de entrada
foi o Porto de Paranaguá, onde os imigrantes mais uma vez passavam por um registro,
semelhante ao praticado na Ilha das Flores, no Rio de Janeiro.
Foi no território de Morretes, situado a cerca de cinqüenta quilômetros de
Paranaguá, ao pé da Serra do Mar, que os imigrantes italianos formaram os primeiros
centros coloniais. Este local apresentava um solo muito fértil e água em abundância,
por isso foi escolhido pelo governo para a implantação de colônias. Apesar dessas
48
condições favoráveis, muitos dos primeiros colonos não se adaptaram a alta
temperatura e a umidade, de modo que sentiram a necessidade de mudar para o
planalto.
No início desta mudança os imigrantes passaram a cruzar a Serra do Mar com
suas carroças pela estrada da Graciosa que começava em Antonina, mais tarde entre
1881 e 1885, com a construção da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, que passava
por Morretes, os imigrantes eram facilmente levados para planalto curitibano. Dessa
forma muitos imigraram para o planalto e fundaram as primeiras colônias perto da
capital. Nesse contexto podemos citar algumas colônias que mais tarde se
transformariam em municípios da Região Metropolitana de Curitiba: Antônio
Rebouças (Campo Largo), Novo Tirol (Piraquara), Murici e Inspetor Carvalho (São
José dos Pinhais), Alfredo Chaves (Colombo) e outras.
Em Curitiba a colonização iniciou no final do século XIX , na Colônia Dantas.
Dezenas de famílias italianas, na sua grande maioria de origem vêneta, foram as que
povoaram a Colônia e que com seu trabalho deram lugar ao aprazível e rico bairro da
Água Verde de hoje. As famílias pioneiras que se estabeleceram no local por volta de
1879, data que encontramos a primeira referência a esta colônia italiana nos arredores
de Curitiba, algumas lá permaneceram por pouco tempo, indo se fixar em outras
colônias italianas então em formação em Curitiba , como Umbará, Pilarzinho, Santa
Felicidade, onde hoje se encontram o maior número de descendentes italianos.
49
2.3.1 Histórico do Bairro de Santa Felicidade
Em novembro de 1878, com a chegada das primeiras famílias italianas, a
região do Taquaral passou a ser chamada de Colônia Santa Felicidade. Conta à história
que a Colônia recebeu este nome por causa da doação do terreno para a instalação dos
italianos por Dona Felicidade Borges, fato que originou no coração dos colonos um
verdadeiro sentimento de agradecimento, homenageando-os desta forma, pois
finalmente puderam ver seu sonho, de possuir um fértil pedaço de chão do qual seu
trabalho pudesse arrancar frutos, tornar-se realidade. (HISTÓRIAS..., 2008).
Foi o bairro escolhido dos imigrantes italianos que chegaram ao Paraná há
mais de 100 anos, e plantaram vida nova em terras desconhecidas. As famílias, além
de seu tradicional apego a terra, ao trabalho, à família e à vida ordeira e pacata
dedicaram-se à produção de hortigranjeiros, à plantação de erva, a produção de vinho e
queijo e ao trançado de vime, traziam consigo outra forte tradição: o apego à religião
católica.
No ano de 1882, em um terreno doado por Marco Mocellin, construiu-se a
primeira Capela em madeira. Em 1886, a Família Smanhotto ofertou o terreno para a
construção do cemitério da comunidade, onde a primeira pessoa nele sepultada foi o
jovem Giuseppe Boscardin, de 22 anos, morto em um acidente no moinho de seu pai.
Em dezembro de 1891, foi inaugurada a Igreja Matriz de Santa Felicidade -
cujo patrono é São José, sua construção levou apenas três anos, e foi motivo de
orgulho para os colonos, pois foi feita em mutirão aos finais de semana, onde eles
ergueram uma Igreja de 42 metros de comprimento por 16 metros de largura, e em
1899, construiu-se a primeira escola. (HISTÓRIAS..., 2008).
50
Com o crescimento da Colônia de Santa Felicidade, em 1916 é criado o
Distrito Judiciário, tendo como limites: a leste, o rio Barigui; a oeste, o rio Passaúna;
ao norte, as estradas do Taboão e do Juruquy e, ao sul, as Colônias Órleans e Santa
Ignácio, onde a partir deste período até a década de 50, Santa Felicidade experimentou
um largo período de consolidação. A rotina do trabalho agrícola determinou o ritmo
dos dias e das estações. A prosperidade econômica se traduzia em melhoria do nível de
vida. (HISTÓRIAS..., 2008).
O censo realizado em 1950 indica a existência de 4000 habitantes no distrito,
onde até aquele momento, em Santa Felicidade só se falava o dialeto vêneto, como se
o local sequer pertencesse ao Brasil. Na virada do século XIX para o século XX, a
região já era habitada por cerca de 200 famílias.
O renome da comida italiana começou no ano de 1954, com o aumento do
fluxo de caminhões que cruzavam o bairro, rumo à estrada do Cerne. Aproveitando o
fluxo, muitas famílias moradoras na beira da estrada começaram a servir comida aos
viajantes, como as que serviam para a família. Em 1952, Ogênio Trevisan fundava o
Restaurante Cascatinha. Já nos anos 60 seriam fundados os restaurantes Madalosso
(1964)eVeneza(1965). (HISTÓRIAS..., 2008).
Logo a região começou a ser reconhecida pela gastronomia, tradição
preservada até hoje pelos pratos típicos que encantam os clientes e turistas que visitam
a região, como o risoto, a polenta, a lasanha, o nhoque, o macarrão e o frango, além
dos eventos típicos como a Festa da Uva, realizada em fevereiro, criada em 1959, e a
Festa da Polenta e do Frango, realizada em julho, manifestam as tradições de cultura
51
italiana preservadas até hoje em Santa Felicidade, merecendo destacar também a
arquitetura da Casa dos Gerânios, a Casa dos Painéis, Casa das Arcos e Casa Culpi.
2.3.2 Cultura do Bairro de Santa Felicidade
A cultura trazida pelos italianos do norte da Itália, vindos das regiões de
Veneto e Trento, comporta além da culinária italiana, a religião, os costumes e
crenças, a dança tradicional e os jogos italianos.
A culinária italiana (HISTÓRIAS..., 2008), conhecida hoje é um resultado da
evolução de séculos de mudanças sociais e políticas, suas raízes se encontram na Idade
Média e mostram a influência dos árabes e normandos que levaram os primeiros
chefes notáveis à região da Itália. Essas influências ajudaram a moldar o que hoje é
conhecido como culinária italiana, adicionando itens como: batatas, tomates, pimenta e
milho.
Ao contrário do que muitos pensam a gastronomia italiana não se resume em
pizza e macarrão, nos restaurantes e nas casas das famílias italianas do bairro as
refeições são composta também por queijos, arroz, temperos, verduras diversas,
açúcar, carne bovina, carne de coelho, carne ovina, caprina e suína, frutas, vinhos.
A Religião (HISTÓRIAS..., 2008), no bairro de Santa Felicidade é de
predominância católica, estando ligada a cultura trazida pelos imigrantes e instalada
pela construção da Igreja Matriz, e também das festas religiosas realizadas nas capelas
do bairro.
52
Quanto aos Costumes e crenças (HISTÓRIAS..., 2008), que são transmitidos
de geração em geração e relatados pelos descendentes, estão ligados as bênçãos dos
padres, das festas religiosas, imagens de santos e ingestão de comidas em algumas
datas comemorativas.
A Dança Folclórica Italiana (HISTÓRIAS..., 2008), tem sido uma parte
integral da cultura italiana por séculos na Itália, sendo bem variada, e representando
cada região, no bairro de Santa Felicidade esta parte cultural se mantém viva pelo
Gruppo Folkloristico Italiano Giardino D' Amuri, que busca divulgar a cultura italiana
através de manifestações como o canto e as dança típica de várias regiões da Itália,
com um trabalho sério, resgatando as manifestações populares e as danças, através de
trocar cultural com grupos de todas as regiões da Itália, preservando a autenticidade
de cada região representada. Procuram manter a cultura, preocupando-se com a
fidelidade dos trajes, a expressão corporal e a autenticidade dos passos que são
trabalhados por seus componentes, pois a variedade nas danças é uma característica
do grupo, que possui um repertório com danças alegres, vibrantes e festivas, sempre
mantendo a sua originalidade.
No que se refere aos Jogos e Brincadeiras tradicionais Italianas
(HISTÓRIAS..., 2008), os relatos contam que os italianos aguardavam ansiosos pelo
domingo à tarde para poder jogar e trocar idéias. O encontro com os amigos era tão
importante quanto o encontro com Deus e, por isso, marcavam suas reuniões nas sedes
das capelas que, no início, era a sede da comunidade e servia de bodega, escola.
Nesses encontros, as pessoas falavam da própria vida, das plantações, das doenças,
sendo esse um meio da libertação das tristezas e a satisfação de ser ouvido. Nasceu,
53
dessa forma, o costume de se reunir para cultivar a alegria da amizade, sempre
acompanhado pelos jogos tradicionais desta etnia , pois “Os italianos levavam a vida:
com otimismo e alegria e o importante, para eles, não era o ter, mas o conviver”.
(HISTÓRIAS..., 2008).
2.3.3 Diversidade da Cultura Corporal nas Aulas de Educação Física em Santa
Felicidade
Infelizmente, as escolas de hoje, e em especial as do bairro de Santa
Felicidade, estão deixando de lado a diversidade cultural transmitida ao longo da
história de onde estão inseridas, pois o que presenciamos a cada dia é um simples
esquecimento de uma cultura tão rica como a italiana, de onde o bairro teve sua
origem, onde os alunos, na sua maioria, não conhecem de fato o que seus antepassados
vivenciaram, onde a Educação Física Escolar nas escolas no bairro poderiam resgatar a
cultura, mas o que vemos por repetidas vezes são apenas aulas desenvolvidas a partir
de conteúdos relacionados aos esportes, o que reduz ou até elimina o acesso dos
educandos ao contato com outras práticas corporais, tais como os jogos, as
brincadeiras, as danças, as lutas, e as demais manifestações, provenientes desta cultura,
tão presente no bairro.
Percebemos que a Educação Física escolar, como componente curricular
obrigatório da educação básica, deve contribuir para uma educação significativas, no
que se refere à diversidade, dialogando sobre as influências e contribuições de
54
diferentes povos na cultura corporal, tornando as aulas mais atrativa e diversificadas,
tornando o conteúdo mais prazeroso e contextualizado para o aluno.
Como cita o Coletivo de Autores (1992, p.39), onde as diversas formas de
manifestação da cultura corporal devem ser tratadas na escola como conteúdo válido,
metodologicamente distribuído e avaliado, a partir da perspectiva que contempla uma
pedagogia crítica construindo, assim, a possibilidade de um conhecimento
contextualizado e transformador da realidade onde estão inseridos.
No ponto de vista de buscar a compreensão do mundo em que vivemos, por
que não aproveitar os saberes que os educandos têm a respeito das suas origens
(antepassados), contribuindo expressivamente para construção de um projeto
educativo, visando o reconhecer e o valorizar não só das práticas corporais e suas
manifestações culturais, mas dialogar sobre as influências dos diferentes povos.
Conforme alerta Freire (1998, p.155), o educador deve reverenciar os saberes dos
educandos, refletindo a relação desses saberes com o ensino de conteúdos, ou seja,
aproveitando a experiência que eles têm, associando a realidade ao componente
curricular cujo conteúdo que se ensina e constituir uma necessária entre os saberes
curriculares fundamentais aos dos educandos e as experiências que eles têm como
indivíduos.
55
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 TIPOS DE ESTUDO
O tipo de pesquisa utilizado no desenvolvimento deste trabalho foi do tipo
observacional, analisando os conteúdos trabalhados nas aulas de Educação Física aos
descritos no planejamento de ensino do professor, e descritivo que atende o
procedimento da descrição de características e identificação da população, para a
utilização de coleta de dados.
Segundo Mattos et al. (2004, p. 15),
“O método de pesquisa descritiva tem como características observar, registrar, analisar, descrever e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, procurando descobrir com precisão a freqüência em que um fenômeno ocorre e sua relação com outros fatores”.
A pesquisa caracteriza-se como qualitativa analisando e interpretando os
dados e quantitativos na mensuração destes dados, conforme cita Thomas e Nelson
(2002, p.38),
A abordagem qualitativa enfatiza a “essência” do fenômeno. A visão do mundo das pessoas varia de acordo com a percepção de cada um sendo bastante subjetiva. Os objetivos são principalmente a descrição, a compreensão e o significado.
A descrição e as abordagens qualitativas e quantitativas são importantes para
desenvolver todo processo, partindo da necessidade de analisar como os professores de
Educação Física das Escolas do bairro de Santa Felicidade estão transmitindo a cultura
corporal regional nas suas aulas.
56
3.2 INSTRUMENTOS DE COLETAS DE DADOS
O instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário para
obtenção de respostas correspondentes ao objeto de estudo, pois conforme Cervo et al.
(2007), “o questionário é a forma mais utilizada para coleta de dados, possibilitando
medir com exatidão o que se deseja”.
O questionário foi constituído de dez questões, sendo elas abertas e fechadas,
atendendo respostas subjetivas, onde o professor deu sua opinião, e as objetivas foram
determinadas com alternativas.
A escolha do questionário deve-se ao fato de características relacionada à
população de professores, sendo um procedimento que facilita a condução de respostas
mais exatas. O modelo deste instrumento de pesquisa segue no apêndice 1, onde foi
devidamente validado por especialistas da área, conforme o modelo que segue no
apêndice 2.
3.3 POPULAÇÃO/AMOSTRA
A população constituinte da pesquisa foi de 6 professores de ambos os sexos
que lecionavam nos turnos manhã e tarde a disciplina de Educação Física nas 3
Escolas Municipais de 1ª a 4ª série que fazem parte da Regional de Educação do
Bairro de Santa Felicidade. A Escola Municipal Professora Sônia Maria Coimbra
Kenski, a Escola Municipal Foz do Iguaçu e a Escola Municipal Vinhedos. Segundo
Thomas e Nelson (2002, p.46),
57
“A amostra é um grupo de sujeitos que terão suas características analisadas de acordo com as variáveis nas quais o estudo é conduzido, ou se seja, é uma parcela selecionada da população ou universo (grupo) que se pretende estudar”.
3.4 PROCEDIMENTOS
Os procedimentos utilizados na pesquisa foram à observação das aulas
ministradas pelos professores da amostra, buscando analisar se os conteúdos
trabalhados nas aulas contavam no planejamento elaborado por eles.
Outro meio utilizado foi o questionário distribuído aos professores convidados
da pesquisa, pois os mesmos tinham o perfil da população escolhida, onde foram
informados dos objetivos da pesquisa de maneira clara e detalhada, após assinaram o
termo de consentimento da pesquisa (Apêndice 1), tendo o prazo de no máximo 7 dias
para a entrega do questionário respondido.
58
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Esta parte do trabalho corresponde a apresentação dos resultados da pesquisa.
Para isso foram utilizados a exposição de 8 gráficos, conforme o conjunto de respostas
obtidas por intermédio do instrumento de coleta de dados que foi utilizado na pesquisa.
O Gráfico 1 aponta os dados relacionados a questão que envolve a
participação do professor na elaboração do currículo da disciplina de Educação Física
da escola onde leciona.
NOTA: Resultados optidos do questinário de pesquisa deste trabalho, em apêndice 1
Conforme os dados do gráfico 1, em primeiro momento observa-se que os
professores participaram da elaboração do curriculo da escola onde lecionam,
destacando num segundo momento, que o planejamento da disciplina é importante
para saber o que será necessário trabalhar com seu aluno, e alguns relataram que o
importante é que o mesmo seja feito em conjunto com os outros professores da escola.
O gráfico 2 demonstra se o professor de Educação Física possui um
planejamento de ensino.
59
NOTA: Resultados obtidos do questionário de pesquisa deste trabalho, em apêndice 1.
Observa-se no gráfico 2 que todos os professores possuem um planejamento
de ensino, pois relataram que o mesmo é importante por que serve como um guia de
orientação que auxilia na realização daquilo que se almeja. O planejamento se torna
necessário ao educador à medida que esse se preocupa em ter qualidade no que faz,
pois envolve a relação do professor/aluno com as relações sociais - econômicas,
políticas, culturais – bem como os elementos escolares – objetivo, conteúdo, métodos,
como a função de apontar princípios e execução das atividades escolares e possibilitar
as ações do professor na realização de um ensino de qualidade, evitando a monotonia,
a rotina e o desinteresse do processo ensino-aprendizagem. (BRASIL, 1997).
O gráfico 3 demostra quais os intrumentos de ensino são utilizados pelo
professor para elaborar seu planejamento de ensino.
60
NOTA: Resultados obtidos do questionário de pesquisa deste trabalho, em apêndice 1.
Em relação aos intrumentos de ensino utilizados para a elaboração do
planejamento de ensino, todos os professores relataram seguir os PCNs e as Diretrizes
Curriculares do ensino de Educação Física, que foram distribuidos pelo Ministerio da
Educação e pela Secretaria de Educação de Curitiba as escolas.
O gráfico 4 aponta o que o professor de Educação Física leva em consideração
ao elaborar o planejamento de ensino.
NOTA: Resultados obtidos do questionário de pesquisa deste trabalho, em apêndice 1.
61
Conforme os dados do gráfico 4, pode-se observar que os professores que
participaram da pesquisa, procuraram levar em consideração, ao elaborar seu
planejamento de ensino, apenas quatro itens citados na questão. Onde transmitem aos
seus alunos os conteúdos que acreditam ser mais convenientes, e com isso levo em
consideração o mesmo conteúdo para todas as turmas de forma quase que iguais
observados durante as aulas. Quatro professores da pesquisa relataram incluir a
realidade cultural onde a escola esta inserida, quanto a este item a realidade referida
foi à cultura italiana, e não observei em nenhum momento a mesma ser referenciada
no planejamento, em contra peso, o interesse do aluno, outro item do gráfico, não foi
mencionado por nenhum professor, mesmo os quatro que responderam incluir a
realidade da escola, existindo um conflito nas respostas, pois se a escola esta inserida
em uma cultura pode-se sim levar o interesse do aluno em conta. Outro item citado foi
quanto a estrutura física da escola e os materiais disponíveis. As escolas que visitei, na
medida do possível, possuem materiais diversos e um espaço considerável, uma escola
apenas não tem quadra coberta, mas possui um amplo espaço com gramado, levando
em consideração o que muitos autores colocam, um bom professor não ensina só por
causa dos materiais ou espaço disponível, e sim usa de sua criatividade para lecionar .
O Gráfico 5 aponta os conteúdos que os professores de Educação Física
abordam no seu planejamento de ensino.
62
NOTA: Resultados obtidos do questionário de pesquisa deste trabalho, apêndice 1.
Em relação ao gráfico 5, pode-se observar que os professores indicaram todos
os itens da questão, mas que na maioria levam em maior consideração os esportes, pois
trabalham por um tempo maior dentro do planejamento, entre eles futebol, vôlei,
basquete, handebol. O que acontece realmente é que os professores dão mais ênfase os
esportes, mas os outros conteúdos são abordados sim, mas de forma diferente, os
professores aplicam trabalhos escritos, pesquisas aos alunos.
O Gráfico 6 aponta de que maneira o professor de Educação Física aplica se
planejamento de ensino.
NOTA: Resultados obtidos do questionário de pesquisa deste trabalho, apêndice 1.
63
Todos os professores relataram que procuram dosar o conteúdo conforme o
calendário escolar. Dois dos professores, além do mencionado anteriormente, também
procuram seguir com o conteúdo conforme a necessidade ou dificuldade que os alunos
apresentaram durantes as aulas, reforçando e retornando quando necessário o
conteúdo.
O Gráfico 7 demonstra a autonomia do professor de Educação Física na sua
prática pedagógica.
NOTA: Resultados obtidos do questionário de pesquisa desta monografia, apêndice 1.
Conforme os dados expostos no gráfico 7, pode-se observar que todos os
professores possuem autonomia na sua pratica pedagógica, afirmaram que a forma de
trabalhar nas aulas são eles que escolhem. O problema observado nas aulas quanto a
esta questão, é que por mais que os professores tenham autonomia, eles acabam
utilizando sempre a mesma maneira de dar aula, formando sempre o mesmo tipo de
fileira, o jogo muda pouco de contexto, muitos alunos ficam esperando sua vez em um
canto da quadra.
As questões 8 e 9 do questionário são questões abertas e foram respondidas de
forma subjetivas, onde os professores expressaram suas opiniões, considerando a
64
cultura corporal na questão 8, de modo geral, a forma de conhecer o homem enquanto
ser em desenvolvimento, desenvolvimento este de corpo e mente dentro de um
contexto, seja ele, histórico, social e econômico da sociedade. A cultura corporal
(BRASIL, 1997, p.30), deve garantir aos alunos o acesso a conhecimentos de forma
contextualizada, possibilitando a aquisição de um olhar crítico sobre o que lhe é
transmitido, oportunizando aos alunos o desenvolvimento de suas potencialidades
individuais. Contribuindo para a construção do estilo pessoal de cada um, conhecendo
e valorizando diversas manifestações culturais de onde estão inseridos, procurando
atingir o desenvolvimento integral do aluno, e contribuindo para o exercício pleno da
sua autonomia, cooperação e a cidadania.
A questão 9, referente a importância que a cultura corporal tem no
planejamento de ensino. Quatro dos seis professores relataram ser necessário conhecer
os conteúdos para saber o que é importante para desenvolver nas aulas, procurando
abranger vários assuntos relacionados ao desenvolvimento do corpo, considerando o
desenvolvimento integral dos educandos, como foi mencionado anteriormente, tem-se
que levar em consideração também o contexto onde os educandos estão inseridos,
procurando oportunizar um desenvolvimento de suas potencialidades e atingir assim o
desenvolvimento integral citado.
O Gráfico 10 relata o quanto os conteúdos escolhidos pelo professor de
Educação Física auxiliam na melhoria da cultura corporal dos alunos.
65
NOTA: Resultados obtidos do questionário de pesquisa deste trabalho, em apêndice 1.
Em relação ao gráfico acima, pode-se obervar que de maneira geral os
professores citam que os conteúdos escolhidos auxiliam na melhoria da cultura
corporal dos alunos, porque os objetivos que pretendem alcançar estão pautados dentro
do seu planejamento de ensino. Mas será que os conteúdos escolhidos pelos
professores são os desejáveis para o desenvolviemento integral do aluno? Abordam o
que os educandos precisam!
66
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após esta discussão sobre a importância da cultura corporal nas aulas de
Educação Física, é um equivoco continuar a imaginar que a cultura não está ligada a
evolução do ser humano, pois todo ato humano é considerado um ato social que
alcança significados diversos dependendo da sociedade em que ocorre.
A Educação Física, frente a isso, é uma parte importante na edificação da
cidadania. Ela procura inserir e agregar o aluno nesta cultura, formando o cidadão que
produz, reproduz e transforma suas vivências para melhor desfrutar dos conteúdos os
jogos, os esportes, as danças, as lutas e as ginásticas, em benefício do exercício crítico
da cidadania e da melhoria da qualidade de vida como um todo.
As aulas de Educação Física, menciono o trabalho realizado pelos professores
de Educação Física nas escolas, devem superar o ensinar por ensinar, superar o ensino
somente de modalidades e técnicas esportiva. Devem buscar e levar em conta o
interesse dos alunos, reconhecendo e respeitando o aporte cultural de cada um, mesmo
que não conheçam ou não convivam com a cultura, possibilitando um ensino
contextualizado das manifestações coerentes a cultura de movimento, garantindo que
os alunos adquiram um senso crítico em relação a como são transmitidas tais
atividades a eles. A que o ensino tenha significado e considere todos os aspectos
ideológicos e sócio-históricos que fundamentam o olhar crítico presente na Cultura
Corporal, que devem levar em consideração nas aulas de Educação Física, as
características cognitivas, afetivas, corporais, éticas, estéticas e interpessoais dos
67
alunos e o contexto onde estão inseridos, que muitas vezes são riquíssimos
culturalmente, mas esquecidos, e que pude averiguar com este trabalho.
Surge um desafio, a de que a Educação Física na escola, e a escola em si,
sejam um espaço de aprendizagem, de ensino, que supere os muros e os portões e
avance em direção a sociedade. Em especial as escolas do bairro de Santa Felicidade,
visando contribuir para uma transformação, tendo alunos e professores como
principais agentes propagadores e multiplicadores da cultura tão rica que os cerca.
Tornando a educação significativa cada dia mais viva e que dela possam colher frutos
num futuro breve, ficando aqui uma sugestão para trabalhos futuros, em resgatar a
cultura que cerca a escola, dentro das aulas de Educação Física, procurando transmitir
e reavivar estas experiências e influências deixadas pelos antepassados.
68
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69
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70
APÊNDICE 1
Termo de consentimento da Pesquisa
Título da pesquisa: A Importância da Cultura Corporal Regional em aulas de Educação Física:
um olhar a partir das Escolas do Bairro de Santa Felicidade.
Pesquisadores responsáveis: Profª. Ms. Alessandra Dal-Lin e Acadêmica Daiana Braga
Você está sendo convidado, como voluntário, a participar desta pesquisa, por ter o perfil da
população necessária para que a mesma se realize.
Esta pesquisa pretende identificar como os professores de Educação Física das Escolas do
Bairro de Santa Felicidade estão transmitindo a Cultura Corporal Regional nas aulas de Educação
Física.
As pessoas que concordarem em fazer parte desse estudo, deverá preencher um questionário
que, depois de respondido, será analisado pelos pesquisadores envolvidos com o mesmo. Sua
participação não causará nenhum risco à sua privacidade e você é livre para recusar-se a participar ou
retirar seu consentimento a qualquer momento. Todos os procedimentos de coleta de dados desse
estudo serão fornecidos gratuitamente e sua identidade será tratada pelos pesquisadores envolvidos
com padrões profissionais de sigilo.
Eu, _______________________________________________________, fui informado dos
objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada, tendo o prazo de 7 (sete) dias, para ler e
pensar sobre a informação contida no termo de consentimento antes de participar do estudo. Recebi
informação a respeito dos procedimentos de avaliação realizados, esclareci minhas dúvidas e
concordei voluntariamente em participar deste estudo. Além disso, sei que novas informações, obtidas
durante o estudo, me serão fornecidas e terei liberdade de retirar meu consentimento de participação
na pesquisa, em face destas informações. Caso tiver novas perguntas sobre este, posso chamar a
Acadêmica Daiana Braga no telefone (41) 8502.7323 para qualquer pergunta sobre este estudo.
Declaro que recebi cópia do presente Termo de Consentimento.
______________________________________ _______________________________________
Assinatura do Avaliado Nome
______________________________________ ______________________________________
Assinatura do Pesquisador Nome
Escola: ______________________________________________ Data: ____/____/_________
71
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
ESCOLA:_________________________________________________________________________
SEXO: ( ) Feminino ( ) Masculino
FORMAÇÃO: _____________________________________________________________________
TEMPO DE ATUAÇÃO NA DISCIPLINA: ____________________________________________
1) Você participa da elaboração do currículo da disciplina de Educação Física da escola?
( ) Sim ( ) Não De que forma? ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2) Você possui um planejamento de ensino? ( ) Sim ( ) Não
3) Qual instrumento de ensino você utiliza ao elabora o planejamento de ensino? ( ) PCNs ( ) Diretrizes Curriculares ( ) Outros. Qual? __________________________________________________________________
4) O que você leva em consideração ao elaborar o planejamento de ensino? ( ) Os conteúdos que você acha mais conveniente transmitir aos alunos ( ) O interesse apresentado pelo aluno no que gostariam de aprender ( ) A realidade cultural onde a escola está inserida ( ) Estrutura Física e Materiais disponíveis na escola ( ) Carga Horária da Disciplina
5) Quais são os conteúdos abordados no seu planejamento de ensino? ( ) Cultura Corporal ( ) Conhecimentos sobre o corpo ( ) Atividades rítmicas e expressivas ( ) Dança ( ) Jogos ( ) Ginástica ( ) Lutas ( ) Esportes. Quais? _______________________________________________________________ ( ) Outros. Quais? ________________________________________________________________ E quais destes conteúdos citados você dá mais ênfase no seu planejamento? Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
72
6) De que forma você aplica seu planejamento de ensino durante o ano letivo? ( ) Dosando os conteúdos conforme o calendário escolar ( ) Conforme a necessidade/dificuldade apresentada pelos alunos
7) Você possui autonomia na sua prática pedagógica? ( ) Sim ( ) Não
8) Para você, o que é cultura corporal? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
9) Qual a importância da cultura corporal em seu planejamento de ensino? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
10) Os conteúdos escolhidos auxiliar na melhoria da cultura corporal dos alunos? ( ) Sim ( ) Não Em caso de resposta sim, de que maneira?
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
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_____________________________________________________________________
73
APÊNDICE 2
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
ACADÊMICA: Daiana Braga Vieira PROFª. ORIENTADORA: Alessandra Dal-Lin TÍTULO: A Importância da Cultura Corporal Regional em Aulas de Educaçao Física: Um olhar a partir das Escolas do Bairro de Santa Felicidade
VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO DE PESQUISA Prezado (a) Professor (a): _____________________________________________________________ Sou aluno (a) do curso de graduação em Educação Física, da Universidade Tuiuti do Paraná - UTP.
Atualmente, desenvolvo um projeto de pesquisa para elaboração do trabalho de conclusão de curso, que busca analisar como os professores de educação física das escolas do bairro de Santa Felicidade estão transmitindo a cultura corporal regional nas aulas de educação física. Desta forma solicito a sua colaboração no teste para a validação e clareza do instrumento de pesquisa, para assim realizar posteriormente a coleta de dados, atribuindo sua avaliação, conforme os critérios constantes na matriz que se segue após cada questão do questionário. Sua contribuição é muito importante. Obrigad(o)a! QUESTIONÁRIO:
1 - Você participa da elaboração do currículo da disciplina de Educação Física da escola? ( ) Sim ( ) Não De que forma? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
2 – Você possui um planejamento de ensino? ( ) Sim ( ) Não
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
74
3 – Qual instrumento de ensino você utiliza ao elabora o planejamento de ensino? ( ) PCNs ( ) Diretrizes Curriculares ( ) Outros. Qual? _________________________________
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
4 – O que você leva em consideração ao elaborar o planejamento de ensino? ( ) Os conteúdos que você acha mais conveniente transmitir aos alunos ( ) O interesse apresentado pelo aluno no que gostariam de aprender ( ) A realidade cultural onde a escola está inserida ( ) Estrutura Física e Materiais disponíveis na escola ( ) Carga Horária da Disciplina
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
5 - Quais são os conteúdos abordados no seu planejamento de ensino? ( ) Conhecimentos sobre o corpo ( ) Atividades rítmicas e expressivas ( ) Dança ( ) Jogos ( ) Ginástica ( ) Lutas ( ) Esportes.Quais?_____________________________________________________ ( ) Outros. Quais? ______________________________________________________
E quais destes conteúdos citados você dá mais ênfase no seu planejamento? Por quê? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
6 - De que forma você aplica seu planejamento de ensino durante o ano letivo? ( ) Dosando os conteúdos conforme o calendário escolar ( ) Conforme a necessidade/dificuldade/interesse apresentado pelos alunos
75
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
7 - Você possui autonomia na sua prática pedagógica? ( ) Sim ( ) Não
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
8 – O que é cultura corporal? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
9 - Qual a importância da cultura corporal em seu planejamento de ensino? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10 - Os conteúdos escolhidos auxiliam na melhoria da cultura corporal dos alunos? ( ) Sim ( ) Não Por quê? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________
Inválido Pouco Válido Válido 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Confuso Pouco Claro Claro 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
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ANEXO 1
DIRETRIZES CURRICULARES DE CURITIBA (2006)
Área de Educação Física Ciclo I
Etapa Inicial, 1.ª e 2.ª séries (1.º, 2.º e 3.º anos do Ensino Fundamental de nove anos)
77
Área de Educação Física Ciclo II
Etapas 1.ª e 2.ª (4.º e 5.º anos do Ensino Fundamental de nove anos)
78
Área de Educação Física Ciclo III e IV
(6.º, 7.º, 8.º e 9.º anos do Ensino Fundamental de nove
anos)