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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
GABRIELLA EL-KHATIB DE ANDRADE
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)
CURITIBA 2006
GABRIELLA EL-KHATIB DE ANDRADE
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.)
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do grau de Médica Veterinária. Orientadora: Taís Marchand Rocha Moreira.
CURITIBA 2006
Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Profº João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profª Elza Maria Galvão Ciffoni Metodologia Científica Profª Ana Laura Angeli CAMPUS CHAMPAGNAT Rua Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7958
A P R E S E N T A Ç Ã O
Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de
Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da
Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de
Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas
as atividades realizadas durante o período de 07/09 a 11/10/2006, período este em
que estive na Pontifícia Universidade Católica do Paraná – Hospital Veterinário de
Pequenos Animais, localizada na cidade de São José dos Pinhais cumprindo estágio
curricular e também de uma Monografia que versa sobre o tema: “Displasia
Coxofemoral Canina”.
Dedico este trabalho à minha família pelos ensinamentos de vida,
pela paciência, competência, dedicação, confiança, conselhos,
incentivo, compreensão e por todos os exemplos que me deram
ao longo de minha vida.
Sem vocês eu nada seria...
AGRADECIMENTOS
Agradeço...
A Deus pela vida.
A meus pais, Marcelo e Nariman, dos quais tenho muita admiração, orgulho,
respeito e amor, pelas palavras de incentivo e apoio, por toda dedicação e esforço
para tornar meu sonho realidade. Sem vocês nada disso seria possível.
A meus irmãos, pela compreensão, apoio, amor e amizade em todos esses
anos.
A Professora Taís Marchand Rocha Moreira, pela dedicação, sabedoria e
incentivo.
Ao supervisor Professor Ubirajara Tasqueti.
Aos meus amigos que direta ou indiretamente colaboraram com este trabalho.
A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser
julgados pelo modo como seus animais são tratados.
M. Gandhi
RESUMO
O estágio supervisionado foi realizado no Hospital Veterinário para Animais de Companhia na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC), situada no município de São José dos Pinhais Paraná, no período de 07/08/2006 a 11/10/2006, totalizando uma carga horária de 320 horas, onde foram acompanhadas diariamente as atividades desenvolvidas na área de Diagnóstico por Imagem, com a orientação profissional dos médicos veterinários professor Ubirajara Tasqueti e orientação acadêmica da professora Taís Marchand Rocha Moreira, responsável pela disciplina de Clínica Médica de Pequenos Animais e Semiologia da Universidade Tuiuti do Paraná. Para os relatos de caso foram realizadas revisões bibliográficas em literaturas de comprovado mérito cientifico.
Palavras-chave: diagnóstico por Imagem; pequenos animais; Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
ABSTRACT
The supervised period of training was carried through in the Hospital Veterinarian for Animals of Company in the Pontifical University Catholic of the Paraná (PUC),situated in the city of Is José of the Pinhais Paraná, in the period of 07/08/2006 the 11/10/2006, totalizing a load horary of 320 hours, where the activities developed in the area of Diagnosis for Image had been folloied daily, with the professional orientation of the medical veterinarians teacher Ubirajara Tasqueti and academic orientation of the Taís teacher Marchand Rocha Moreira, responsible for it disciplines of Medical Clinic of Small Animais and Semiologia of the Tuiuti University of the Paraná. For the case stories bibliographical revisions in literatures had been carried through of proven scientific merit.
Key words: diagnosis for Image; small animals; Pontifical University Catholic of the Paraná.
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2 INSTITUIÇÃO ................................................................................................. 2
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ................................................................... 6
4 CASUÍSTICA ................................................................................................... 7
5 CARDIOMIOPATIA DILATADA ...................................................................... 10
5.1 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 10
5.1.1 Etiologia ..................................................................................................... 10
5.1.2 Sinais clínicos ............................................................................................ 11
5.1.3 Patologia clínica ......................................................................................... 12
5.1.4 Diagnóstico ................................................................................................ 12
5.1.5 Tratamento ................................................................................................. 14
5.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .................................................................... 15
5.3 CASO CLÍNICO ............................................................................................ 19
5.4 DISCUSSÃO ................................................................................................. 22
6 UROLITÍASE ................................................................................................... 24
6.1 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 24
6.1.1 Etiologia ..................................................................................................... 24
6.1.2 Sinais clínicos ............................................................................................ 29
6.1.3 Patologia clínica ......................................................................................... 30
6.1.4 Diagnóstico ................................................................................................ 31
6.1.5 Tratamento ................................................................................................. 33
6.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .................................................................... 34
6.3 CASO CLÍNICO ............................................................................................ 39
6.4 DISCUSSÃO ................................................................................................. 41
7 OSTEOSSARCOMA ....................................................................................... 43
7.1.1 Etiologia ..................................................................................................... 43
7.1.2 Sinais clínicos ............................................................................................ 43
7.1.3 Diagnóstico ................................................................................................ 44
7.1.5 Tratamento ................................................................................................. 45
7.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .................................................................... 46
7.3 CASO CLÍNICO ........................................................................................... 47
7.4 DISCUSSÃO ................................................................................................. 51
7.4 DISCUSSÃO ................................................................................................. 51
8 MEGAESÔFAGO ............................................................................................ 53
8.1 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 53
8.1.1 Etiologia ..................................................................................................... 53
8.1.2 Sinais clínicos ............................................................................................ 53
8.1.3 Diagnóstico ................................................................................................ 54
8.1.4 Tratamento ................................................................................................. 55
8.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .................................................................... 56
8.3 CASO CLÍNICO ............................................................................................ 56
8.4 DISCUSSÃO ................................................................................................. 58
9 EFUSÃO PLEURAL ........................................................................................ 59
9.1 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 59
9.1.1 Etiologia ..................................................................................................... 59
9.1.2 Sinais clínicos ............................................................................................ 59
9.1.3 Patologia clínica ......................................................................................... 60
9.1.4 Diagnóstico ................................................................................................ 60
9.1.5 Tratamento ................................................................................................. 60
9.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .................................................................... 61
9.3 CASO CLÍNICO ............................................................................................ 62
9.4 DISCUSSÃO ................................................................................................. 64
10 COLAPSO TRAQUEAL ................................................................................ 65
10.1 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 65
101.1 Etiologia ................................................................................................... 65
10.1.2 Sinais clínicos .......................................................................................... 65
10.1.3 Diagnóstico .............................................................................................. 66
10.1.4 Tratamento ............................................................................................... 66
10.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .................................................................. 67
10.3 CASO CLÍNICO .......................................................................................... 68
10.4 DISCUSSÃO ............................................................................................... 70
11 CONCLUSÃO ................................................................................................ 71
REFERÊNCIAS ................................................................................................. 73
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - CASUÍSTICA TOTAL DE ANIMAIS DO HV DA PUC-PR DE
ACORDO COM RADIOGRAFIAS E ULTRA-
SONOGRAFIAS .....................................................................
7
GRÁFICO 2 - CASUÍSTICA DE UROLITÍASE E CARDIOMEGALIA DE
ACORDO COM SEXO ...........................................................
7
GRÁFICO 3 - CASUÍSTICA DE COLAPSO TRAQUEAL DE ACORDO
COM SEXO ............................................................................
8
GRÁFICO 4 - CASUÍSTICA DE OSA E MEGAESÔFAGO CONFORME
SEXO .....................................................................................
8
GRÁFICO 5 - CASUÍSTICA DE EFUSÃO PLEURAL CONFORME SEXO . 9
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - COMPOSIÇÃO MINERAL E FREQUÊNCIA DE QUADRO 2 - FATORES QUE PODEM AJUDAR NA IDENTIFICAÇÃO DE
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - HV PARA ANIMAIS DE COMPANHIA DA PUC-PR .............. 2
FIGURA 2 - SALA DE RADIOLOGIA ......................................................... 4
FIGURA 3 - SALA DE ULTRA-SONOGRAFIA .......................................... 5
FIGURA 4 - POSICIONAMENTO PARA A PROJEÇÃO LATERAL DA
CAVIDADE TORÁCICA..........................................................
10
FIGURA 5 - POSICIONAMENTO PARA A PROJEÇÃO VENTRO-
DORSAL DA CAVIDADE TORÁCICA..................................
10
FIGURA 6 - RADIOGRAFIA TORÁCICA DE CÃO ESQUEMATIZANDO
INSPIRAÇÃO..........................................................................
17
FIGURA 7 - RADIOGRAFIA LL DE CÂO COM CMD ................................ 17
FIGURA 8 - MÉTODO DE MENSURAÇÃO................................................ 19
FIGURA 9 - CMD LÁTERO-LATERAL....................................................... 20
FIGURA 10 - CMD............................................................................................. 21
FIGURA 11 - EXPOSIÇÃO RADIOGRÁFICA VD DE CÃO COM CMD ...... 21
FIGURA 12 - TRATO URINÁRIO DE CÃO .................................................. 25
FIGURA 13 - URÓLITOS DE ESTRUVITA .................................................. 25
FIGURA 14 - OXALATO DE CÁLCIO .......................................................... 27
FIGURA 15 - CÁLCULO DE CISTINA ......................................................... 27
FIGURA 16 - CÁLCULO DE CISTINA ......................................................... 28
FIGURA 17 - URATO ÁCIDO DE AMÔNIA ................................................. 28
FIGURA 18- POSICIONAMENTO EM DECÚBITO DORSAL – ABDÔME
VENTRAL, PARA TRICOTOMIA ABDOMINAL LATERAL
PARA AUMENTAR O CONTATO DO TRANSDUTOR COM
A PELE ...................................................................................
36
FIGURA 19- IMAGEM ULTRA-SONOGRÁFICA NORMAL DO RIM
DIREITO .................................................................................
37
FIGURA 20- ANATOMIA DO RIM............................................................... 39
FIGURA 21- URÓLITOS APRESENTADOS NA ULTRA-SONOGRAFIA .. 40
FIGURA 22- URÓLITOS (SETAS) APRESENTADOS NA RADIOGRAFIA
SIMPLES.................................................................................
40
FIGURA 23 - CÉLULAS HISTOLÓGICAS DE OSA .................................... 44
FIGURA 24 - OSA: AUMENTO DE VOLUME DA REGIÃO DISTAL ........... 47
FIGURA 25 - OSA: AUMENTO DE VOLUME DA REGIÃO DISTAL ........... 48
FIGURA 26 - CÃO DA RAÇA ROTTWEILER COM 7 ANOS DE IDADE
APRESENTANDO EDEMA EM MEMBRO TORÁCICO
ESQUERDO DA REGIÃO ARTICULAR RADIO-ULNAR ......
48
FIGURA 27 - EVOLUÇÃO OSA ................................................................... 49
FIGURA 28 - EVOLUÇÃO 1 MÊS ............................................................... 50
FIGURA 29 - EVOLUÇÃO 2 MESES ........................................................... 50
FIGURA 30 - EVOLUÇÃO 3 MESES ........................................................... 51
FIGURA 31 - RADIOGRAFIA SIMPLES ...................................................... 54
FIGURA 32 - RADIOGRAFIA CONTRASTADA........................................... 56
FIGURA 33 - RADIOGRAFIA CONTRASTADA .......................................... 57
FIGURA 34 - EFUSÃO PLEURAL ............................................................... 62
FIGURA 35 - EFUSÃO PLEURAL COM METÁSTASE ............................... 63
FIGURA 36 - EFUSÃO PLEURAL ............................................................... 63
FIGURA 37 - COLAPSO TRAQUEAL ......................................................... 68
FIGURA 38 - COLAPSO TRAQUEAL ......................................................... 69
FIGURA 39 - COLAPSO TRAQUEAL ......................................................... 69
LISTA DE ABREVIATURAS AE Artéria Esquerda
BPM Batimentos por Minuto
BR Brasil
Ca Concentração de Oxigênio no sangue arterial
CMD Cardiomegalia Dilatada
CO Cardiac Output
Cv Concentração de Oxigênio no sangue venoso
CVP Complexo Prematuro Ventricular
ECG Eletrocardiografia
HV Hospital Veterinário
IC Insuficiência Cardíaca
ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva
ICCD Insuficiência Cardíaca Congestiva Direita
ICCE Insuficiência Cardíaca Congestiva Esquerda
IECA Inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina
IM Intramuscular
ITU Infecção do Trato Urinário
IV Intravenosa
Km Kilomêtro
mg Miligrama
MHz Megahertz
mmHG Milímetro de mercúrio
OSA Osteossarcoma
pH Potencial de Hidrogênio Iônico
PUC-PR Pontifícia Universidade Católica do Paraná
SC Subcutâneo
SRD Sem Raça Definida
UTP Universidade Tuiuti do Paraná
VE Ventrículo Esquerdo
VHS Vertebral Heat Size
VO² Volume de Oxigênio
1
1 INTRODUÇÃO
O presente relatório tem como finalidade abordar os procedimentos e
atividades realizadas na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR),
durante o período de estágio curricular obrigatório, de 07 de agosto de 2006 a 11 de
outubro de 2006, sob orientação do Médico Veterinário Ubirajara Tasqueti.
O estágio teve uma duração de 320 horas. Neste período foram
acompanhadas as atividade desenvolvidas na área de Diagnóstico por Imagem, com
orientação da professora Taís Marchand Rocha Moreira, responsável pela disciplina
de Clínica Médica e Semiologia de Pequenos Animais da Universidade Tuiuti do
Paraná (UTP).
Neste relatório estão descritos o local de realização do estágio, as atividades
desenvolvidas, a casuística observada, revisão de literatura e discussão de seis
casos clínicos escolhidos, acompanhados durante o período de estágio.
2
2 LOCAL DO ESTÁGIO
O estágio foi realizado no HV da PUC-PR (figura 1), localizada na BR 376, km
14, na cidade de São José dos Pinhais, na área de Diagnóstico de Imagem.
FIGURA 1 – HV PARA ANIMAIS DE COMPANHIA DA PUC-PR.
Fonte: ANDRADE, 2006.
O funcionamento do hospital veterinário garante as atividades de extensão à
comunidade com o atendimento clínico e cirúrgico a cães, gatos e animais exóticos,
além do ensino e pesquisa relacionados à medicina de animais de companhia.
A unidade possui uma área de recepção, onde são agendados os
procedimentos, além de registro dos dados básicos do animal, de seu proprietário e
uma sala de espera.
De acordo com o agendamento, os animais e seus proprietários são
chamados ao consultório e uma avaliação inicial é realizada por alunos e estagiários
da graduação. Na seqüência um médico veterinário residente ou professor é
3
acionado e passa a avaliar e discutir o caso clínico, sugerindo os procedimentos
necessários para complementar o diagnóstico e estabelecer o tratamento.
Os exames laboratoriais de rotina e análise citológica são realizados no
Laboratório de Análises Clínicas da PUC-PR, ou em laboratórios terceirizados.
Exames histopatológicos, microbiológicos, imunológicos entre outros, são
encaminhados aos laboratórios específicos da Instituição de ensino.
Os exames de diagnóstico por imagem são realizados em uma sala
específica para exames radiográficos ou ultra-sonográficos, solicitados e realizados
de acordo com a necessidade de cada caso clínico.
De acordo como diagnóstico estabelecido, institui-se o tratamento adequado
que pode ser médico ou cirúrgico. Em alguns casos o tratamento é realizado
seguindo o regime de Hospital Dia e para isso são utilizados canis em uma área
reservada para o tratamento hospitalar.
Quando o tratamento é cirúrgico, o procedimento é agendado ou realizado de
acordo com a emergência estabelecida. Para isso utiliza-se o centro cirúrgico,
composto por uma sala de preparo, centro cirúrgico, uma sala de recuperação e um
vestiário. Após o procedimento cirúrgico a recuperação é acompanhada e os
animais são avaliados periodicamente para determinar a eficácia do tratamento e as
possíveis complicações.
Alguns procedimentos e exames específicos são realizados por professores
da universidade e estão listados abaixo:
- Ecocardiografia e Cardiologia,
- Dermatologia,
- Cirurgia geral, neurológica e ortopédica,
- Radiologia (figura 2) e Cirurgia Odontológica,
4
- Citologia,
- Ultrassonografia (figura 3),
- Anestesiologia e controle da dor,
- Clínica de Animais Selvagens,
- Laboratório de Análises Clínicas,
- Diagnóstico por Imagem.
No quadro técnico atuam:
- Auxiliar técnico-administrativo,
- Auxiliares técnicos de enfermagem,
- Auxiliar técnico de laboratório,
- Técnicos em radiologia.
FIGURA 2 – SALA DE RADIOLOGIA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
5
FIGURA 3 – SALA DE ULTRA-SONOGRAFIA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
6
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Neste período foram observados alguns procedimentos clínicos e exames
laboratoriais, manuseio de equipamentos, confecção de laudos, preparação do
animal para os exames, porém o estágio foi enfatizado no Diagnóstico por Imagem,
na radiologia e ultra-sonografia. No estágio foi apresentado várias doenças que
foram escolhidas algumas delas para citar e discutir, tais como: efusão pleural,
osteossarcoma, cardiomegalia dilatada, colapso traqueal, megaesôfago, urolitíase.
7
4 CASUÍSTICA
No HV da PUC-PR observou-se a freqüência das alterações (conforme
gráfico 1) comprovadas em radiografias e ultra-sonografias.
GRÁFICO 1 – CASUÍSTICA TOTAL DE ANIMAIS DO HV DA PUC-PR DE
ACORDO COM RADIOGRAFIAS E ULTRA-SONOGRAFIAS.
Animais
13%18%
9%6%3%13%13%
9%16%
UrólitosCardiomegaliaPiometraOsteossarcomaMegaesôfagoColapso traquealEfusão pleuralProstatomegaliaHernias
Fonte: ANDRADE, 2006.
A urolitíase acomete com grande importância a espécie canina, os machos
em maior índice, conforme mostra o gráfico 2.
GRÁFICO 2 – CASUÍSTICA DE UROLITÍASE E CARDIOMEGALIA DE ACORDO COM SEXO.
Urólitos e Cardiomegalia
0%
49%
13%
38%0%0%
Animais
Caninos fêmeas
Caninos machos
Fonte: ANDRADE, 2006.
8
O colapso traqueal acomete com mais freqüência a espécie canina (gráfico
3), com elevado índice entre os machos.
GRÁFICO 3 – CASUÍSTICA DE COLAPSO TRAQUEAL DE ACORDO COM SEXO.
Colapso traqueal
49%
13%
38%0%0%
Animais
Caninos fêmeas
Caninos machos
Fonte: ANDRADE, 2006.
O OSA e o megaesôfago (gráfico 4) acomete a espécie canina, sem
preferência por sexo.
GRÁFICO 4 – CASUÍSTICA DE OSA E MEGAESÔFAGO CONFORME SEXO.
Osteossarcoma e Megaesôfago
50%
25% 0%
25%
Animais
Caninos fêmeas
Caninos machos
Fonte: ANDRADE, 2006.
9
A efusão pleural acomete tanto a espécie canina como a felina (conforme
gráfico 5), porém os cães machos são os mais afetados.
GRÁFICO 5 – CASUÍSTICA DE EFUSÃO PLEURAL CONFORME SEXO.
Efusão pleural
49%
13%
25%
0%13%Animais
Caninos fêmeas
Caninos machos
Fonte: ANDRADE, 2006.
10
5 CARDIOMIOPATIA DILATADA CANINA
5.1 REVISÃO DE LITERATURA
5.1.1 Etiologia
A CMD em cães ocorre após uma alteração presumida no miocárdio, induzida
por inflamação, toxinas, falta de nutrientes celulares essenciais ou erros inatos do
metabolismo miocárdico. Desconhece-se a causa subjacente da CMD na maior
parte dos casos. Como isso é mais comum em determinadas raças grandes e
gigantes e em muitas raças spaniels, é provável uma ligação genética ou familiar.
Uma lesão tóxica no miocárdio pode levar a uma CMD, isso pode ocorrer em casos
de administração prolongada do quimioterápico (adriamicina) (BIRCHARD e
SHERDING, 2003).
A dilatação de todas as câmaras cardíacas é acompanhada por uma
hipertrofia excêntrica leve a moderada. Também podem ocorrer alterações
valvulares mixomatosas leves a moderadas, mas essas não constituem as lesões
primárias dessa afecção. Sinais clínicos decorrentes da ICCD e ICCE, tais como,
fraqueza e ortopnéia incluem efusões em cavidades serosas, hepatomegalia e
edema pulmonar (BIRCHARD e SHERDING, 2003).
11
Segundo os mesmos, as lesões histológicas são mínimas na maior parte dos
casos e podem incluir congestão, infiltração mononuclear e neutrofílica ocasional,
hemorragia, necrose, fibrose (possivelmente inflamação resolvida ou resultado de
degeneração miocitária) e alteração gordurosa.
5.1.2 Sinais Clínicos
Em geral, há sinais de ICC direita e/ou esquerda, como taquipnéia, estertores
aumentados, crepitações pulmonares, distensão ou pulsações venosas jugulares,
efusão pleural ou ascite e/ou hepatoesplenomegalia (NELSON e COUTO, 2001).
Segundo Nogueira e colaboradores (2006), os sinais incluem fraqueza,
letargia, taquipnéia ou dispnéia, ortopnéia, intolerância a exercício, tosse, anorexia,
distensão abdominal e síncope. A caquexia cardíaca, decorrentes da perda de
massa muscular, acentuada ao longo da linha média dorsal, pode ser dramática. Por
outro lado, a CMD subclínica está sendo agora reconhecida com mais freqüência,
principalmente por meio da ecocardiografia. Algumas raças gigantes com disfunção
ventricular esquerda leve a moderada são relativamente assintomáticas, mesmo na
presença de fibrilação atrial. Os achados de exame físico variam, dependendo do
grau de descompensação cardíaca. Débito cardíaco baixo com o tônus simpático
elevado e vasoconstrição periférica podem ser evidenciados por palidez de mucosas
e tempo prolongado de preenchimento capilar.
Em cães da raça Boxer, foi observado que os sinais da CMD iniciam-se a
partir da meia-idade e pode haver o surgimento de arritmias ventriculares. A
detecção dessas arritmias antes do desenvolvimento dos sinais clínicos de IC é
12
importante para o diagnóstico, a terapêutica e o prognóstico das doenças cardíacas
(NOGUEIRA e colaboradores., 2006).
A apresentação clínica de arritmia sem IC é uma particularidade na CMD do
Boxer. Os cães podem permanecer assintomáticos ou apresentar sinais como
síncope ou morte súbita. Uma pequena parcela dos animais afetados desenvolve IC
esquerda e sinais de IC congestiva (SCHWANTES, 2006).
5.1.3 Patologia Clínica
A azotemia pré-renal decorrente e perfusão renal diminuída ou aumento
discreto das enzimas hepáticas secundárias a congestão passiva podem estar
presentes em cães com CMD. Insuficiência cardíaca grave pode estar associada a
hipoproteinemia e hiponatremia dilucional. Hipotireoidismo com hipercolesterolemia
associada foi observado em alguns cães com CMD (NELSON e COUTO, 2001).
5.1.4 Diagnóstico
• Ecocardiografia: constitui um padrão clínico atual para diagnóstico de CMD.
Os achados principais são dilatação de VE e AE com depressão da função sistólica
miocárdica. As câmaras do lado direito ficam frequentemente dilatadas. Estudos de
Doppler podem registrar regurgitações valvulares mitral ou tricúspide, disfunção
diastólica e redução da velocidade de ejeção aórtica típica de uma insuficiência
miocárdica. O diagnóstico ecocardiográfico de CMD oculta nem sempre é direto e a
avaliação pode se beneficiar de uma consulta com especialista (BIRCHARD e
SHERDING, 2003).
13
• Eletrocardiografia: o ECG fica anormal na maior parte dos cães com CMD.
As anormalidades comuns incluem um ou mais dos seguintes: taquicardia devido a
taquicardia sinusal ou atrial, fibrilação atrial ou taquicardia ventricular. Podem-se
observar complexos prematuros atriais ou ventriculares isolados. Esses complexos
podem constituir o primeiro sinal de CMD detectável em alguns cães assintomáticos.
Uma taquicardia ventricular é bastante comum em Dobermanns e Boxers com
CMD. A classificação de Harpster (2003) da Miocardiopatia dos Boxers se baseia no
ECG e em critérios clínicos:
I – Assintomáticas, com CVP isolados; o ecocardiograma permanece
geralmente normal.
II – Sintomática (fraqueza, síncope), devido a períodos de taquicardia
ventricular prolongada. Os tipos I e II representam formas de
miocardiopatia arritmogênica.
III – Sintomáticas quanto a ICC, com arritmias atriais ou ventriculares
intercorrentes. Esse último grupo é virtualmente indistinguível da CMD
das raças gigantes e deve ser tratado da mesma maneira.
O melhor método pelo qual se avalia a severidade e a terapia de arritmias
ventriculares em uma CMD é a monitoração ambulatória com Holter (BIRCHARD e
SHERDING, 2003).
O diagnóstico em especial no Boxer, baseia-se em uma combinação de
fatores, como histórico familiar, exame ECG com Holter de 24 horas e achados
histológicos de infiltração adiposa ou fibroadiposa no miocárdio (SCHWANTES,
2006).
14
• Radiografia: as radiografias torácicas costumam revelar cardiomegalia
generalizada, embora possa predominar aumento do coração esquerdo. A CMD
pode ser grave ao ponto de mimetizar a silhueta cardíaca globóide típica de grande
efusão pericárdica (NELSON e COUTO, 2001).
5.1.5 Tratamento
Os objetivos do tratamento são controlar os sinais de ICC, aperfeiçoar o
débito cardíaco, controlar as arritmias, melhorar a qualidade de vida do animal e
prolongar a sobrevida. A digoxina, um inibidor da enzima de conversão da
angiotensina (IECA) e a furosemida são a essência do tratamento para a maioria
dos cães. Um agente inotrópico mais potente e outra terapia podem ser necessários
para os casos de insuficiência cardíaca fulminante. Antiarrítmicos e outras drogas
são utilizadas de acordo com as necessidades individuais de cada animal. Restrição
de sódio na dieta e ao exercício podem ajudar a diminuir a sobrecarga cardíaca e a
retenção de água. Educação do proprietário a respeito da doença, objetivos
terapêuticos e medicamentos são importantes para uma apreciação realista das
limitações físicas de seu cão e das possíveis complicações futuras (NELSON e
COUTO, 2001).
Nos casos graves, são utilizados inicialmente furosemida IM ou IV, adesivos
de nitroglicerina 2%, aminofilina (4 a 8mg/kg), oxigênio (40 a 50%) e repouso em
incubadoras com ou sem morfina (0,2 a 0,3mg/kg SC ou IM) para ajudar a estabilizar
o paciente e permitir a realização dos testes diagnósticos necessários.
Toracocentese está indicada quando há suspeita ou presença de efusão pleural
(NELSON e COUTO, 2001)
15
5.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
A CMD avançada se caracteriza por uma cardiomegalia generalizada e sinais
radiográficos decorrentes da ICC. A dilatação de VE e AE fica mais evidente em
alguns cães. Na raça Dobermann existe uma dilatação acentuada do átrio esquerdo
com edema pulmonar que constitui frequentemente o achado principal. A congestão
venosa pulmonar é uma característica da CMD antes do início do edema pulmonar.
O edema pulmonar pode ser severo e difuso, particularmente nos Dobermann e em
cães que desenvolvem subitamente fibrilação atrial. Uma efusão pleural é comum.
• Ecocardiograma: a ecocardiografia constitui o exame de diagnóstico
diferencial de CMD. Os achados principais são dilatação de VE e AE com depressão
da função sistólica miocárdica. As câmaras do lado direito ficam frequentemente
dilatadas (BIRCHARD e SHERDING, 2003).
• Eletrocardiografia: é utilizado para identificar o tipo de arritmia que está
presente, o ECG anormal na maior parte aos cães com CMD. As anormalidades
comuns incluem um ou mais dos seguintes itens: taquicardia a sinusal ou atrial,
fibrilação atrial ou taquicardia ventricular; podem-se observar complexos prematuros
atriais ou ventriculares isolados. Esses complexos podem constituir o primeiro sinal
de CMD detectável em alguns cães assintomáticos. O melhor método pelo qual se
avalia a severidade e a terapia de arritmias ventriculares em uma CMD é a
monitoração ambulatória com Holter. Pode ocorrer um bloqueio de ramo de feixe
esquerdo (mais comum) ou direito. Pode-se deprimir o segmento S-T
secundariamente a uma isquemia miocárdica. Voltagens de QRS baixas sugerem
efusão pleural, hipotireoidismo intercorrente ou variação racial (BIRCHARD e
SHERDING, 2003).
16
Conforme Lobo e Pereira (2002), o exame radiográfico nas projeções lateral e
ventro-dorsal (figura 4 e 5) servem para avaliar a dimensão cardíaca e detectar a
presença e severidade do edema pulmonar ou efusão pleural.
FIGURA 4 - POSICIONAMENTO PARA A PROJEÇÃO LATERAL DA CAVIDADE TORÁCICA.
Fonte: Cortadellas et al., 2006.
FIGURA 5 - POSICIONAMENTO PARA A PROJEÇÃO VENTRO DORSAL DA CAVIDADE TORÁCICA
Fonte: Cortadellas et al., 2006.
A cardiomegalia generalizada é o mais comum em raças gigantes e Cocker
Spaniel. Em Dobermanns e Boxers a cardiomegalia é menos marcada. O mais
freqüente nestas duas raças é o aparecimento de alterações compatíveis com
dilatação do átrio esquerdo e edema pulmonar. A IC biventricular gera edema
17
pulmonar (figura 6), aumento da veia cava caudal, hepatomegalia, ascite e, em
alguns casos, efusão pleural (LOBO e PEREIRA, 2002).
FIGURA 6 - RADIOGRAFIA TORÁCICA DE CÃO ESQUEMATIZANDO INSPIRAÇÃO.
Fonte: Cortadellas et al., 2006.
FIGURA 7 – RADIOGRAFIA LL DE CÃO COM CMD.
Fonte: Cortadellas et al., 2006.
Para avaliação radiográfica da silhueta cardíaca têm sido propostos inúmeros
métodos de mensuração com a finalidade de tentar diminuir a subjetividade da
18
avaliação empírica. Existe um método que determina o valor de VHS (Vertebral
Heart Size), através da mensuração proposto por Buchanan e Bücheler (1995).
Dentre os métodos radiográficos propostos para avaliação da silhueta cardíaca, os
métodos de mensuração visam avaliar de forma quantitativa o tamanho do coração
com a finalidade de aumentar a acurácia e diminuir a subjetividade do estudo
radiográfico da silhueta cardíaca. A proposta mais atual foi feita por Buchanan e
Bucheler (1995), com um método de mensuração do tamanho do coração em
radiografias látero-laterais. Realizado pelo sistema de unidade vertebral ele compara
dimensões cardíacas aos comprimentos das vértebras torácicas de forma a se
determinar o VHS – tamanho do coração em relação à unidade de vértebra torácica
Método de mensuração proposto por Buchanan e Bucheler (1995) nas
projeções látero-laterais e ventro-dorsal (figura 8).
L= eixo maior do coração (distância da margem ventral do brônquio principal
esquerdo ao ponto mais distante do contorno ventral do ápice cardíaco)
S= eixo menor do coração (linha perpendicular ao eixo maior na altura do
terço central do coração)
T4 = quarta vértebra torácica
As medidas de LES são transportadas para a coluna vertebral torácica,
colocando-se uma das pontas do compasso junto à margem cranial da quarta
vértebra torácica T4, e estimando-se o valor desses eixos numa escala vertebral com
aproximação de 0,1 vértebras; VHS.
19
D = profundidade do tórax (distância entre a borda cranial do processo xifóide
e a borda ventral através de uma linha perpendicular à coluna-projeção látero-
lateral)
W= largura do tórax (distância entre as bordas mediais das oitavas costelas
junto às suas curvaturas mais laterais – projeção dorso-ventral)
D/W ≥ 1,25 – tórax profundo; D/W ≤ 0,75 – tórax largo; para projeções látero-
laterais: VHS ≤ 10,5 vértebras – limite superior para um tamanho normal de
silhueta cardíaca na maioria das raças; VHS= 11 vértebras – cães com tórax
curto como os Schnauzers miniaturas; VHS= 9,5 vértebras – cães com tórax
longo, como os Dachshunds.
FIGURA 8 – MÉTODO DE MENSURAÇÃO.
Fonte: IWASAKI e PINTO, 2004.
5.3 CASO CLÍNICO
Nome do Paciente: Dino Espécie: Canina
Sexo: Macho Idade: 8 anos
Peso: 45 kg Raça: Dog Alemão
20
Exame Físico
Ao exame físico o animal apresentou 39,2°C, 200 bpm (batimentos por
minuto) e 35 movimentos respiratórios por minuto. O animal apresentava os
seguintes sinais: cansaço fácil, coração em ritmo de galope e pulso irregular.
Diagnóstico por imagem
Radiografia torácica abdominal de um Dog Alemão (figura 7), macho de 8
anos de idade, destacando tanto o campo pulmonar como a silhueta cardíaca
FIGURA 9 – CMD LÁTERO-LATERAL.
Fonte: ANDRADE, 2006.
21
FIGURA 10 – CMD.
Fonte: ANDRADE, 2006.
FIGURA 11 – EXPOSIÇÃORADIOGRÁFICA VD DE CÃO COM CMD
Fonte: ANDRADE, 2006.
22
Tratamento
• Clínico: o tratamento de escolha foi a prescrição de digoxina em uma
dosagem inicial de 0,005-0,007mg/kg, VO, a cada 12 horas. A digoxina aumenta a
contratibilidade miocárdica e melhora a atividade barorreceptora para retardar a
freqüência cardíaca. A terapia com digoxina, sozinha ou em combinação com um ß-
bloqueador de canal de cálcio, não leva tipicamente a uma conversão para ritmo
sinusal normal. No entanto, a terapia de combinação retarda mais efetivamente a
resposta da freqüência ventricular. Os Dobermanns são bastante sensíveis à
digoxina. Nessa raça, a dosagem diária total normal é de 0,25-0,375mg.
A administração de furosemida também foi indicada nas doses de 2-4mg/kg, a
cada 8 horas, para mobilizar o edema e a ascite. Depois, iniciar uma troca para
dosagem oral, titulada até a resposta do paciente (SPINOSA et al., 2002).
5.4 DISCUSSÃO
A predisposição sexual é maior em cães machos. O ecocardiograma revela
dilatação de VE e atrial com depressão da função miocárdica. As anormalidades
inclusas ao ECG especificam taquicardias tanto sinusal como atrial. Taquicardia
ventricular é muito comum em Dobermanns e Boxers.
O tratamento tem como principal objetivo minimizar os sinais de ICC, a
digoxina e a furosemida são tratamentos de escolha. Porém nos casos graves é feita
utilização de adesivos de nitroglicerina 2%, aminofilina e oxigênio.
O diagnóstico por imagem é realizado para avaliar a dimensão cardíaca e
detectar a presença e severidade do edema pulmonar, através dele poderá ser
23
realizado um tratamento adequado e em tempo para que não ocorram
complicações.
As radiografias nem sempre mostram alterações significativas, porém devem
ser feitas do tórax de animais com a suspeita de doença cardíaca.
O teste mais definitivo para o diagnóstico de CMD é o ecocardiograma, que é
uma ultra-sonografia do coração. A dilatação e o aumento das câmaras do coração
reduzem a espessura da parede cardíaca e causam uma diminuição da atividade
cardíaca, que são características da CMD. Além destas, pode se notar
anormalidades da válvula cardíaca. A ecocardiografia Doppler pode ser usada para
estabelecer a gravidade das anormalidades valvulares, com base nas alterações do
fluxo sanguíneo através do coração.
O eletrocardiograma pode identificar ritmos anormais ou alterações no gráfico
normal. A alteração mais comum na cardiomiopatia é a fibrilação atrial, uma doença
que se caracteriza por um grande aumento na freqüência de contração do átrio, a
câmara superior do coração, coincidente com uma taxa acelerada de contrações dos
ventrículos, as câmaras inferiores e maiores do órgão. Pode-se detectar outras
alterações de ritmo, como batimentos precoces dos ventrículos (extra-sístoles)
24
6 UROLITÍASE
6.1 REVISÃO DE LITERATURA
6.1.1 Etiologia
Formam-se urólitos quando a urina fica supersaturada com minerais. A
supersaturação ocorre quando a quantidade e a concentração de minerais
calculogênicos aumentam fatores, tais como, o pH urinário, que favorecem a
diminuição na solubilidade dos minerais e há promotores ou falta de inibidores de
cristalização. Os urólitos podem ser encontrados em qualquer região do trato
urinário (ITU), como mostra a figura 12. Os urólitos podem ser compostos por
diferentes minerais; sendo que a estruvita (figura 13) constitui o urólito mais comum
em cães. Embora a estruvita já tenha sido o urólito mais comum em gatos,
atualmente o oxalato de cálcio é mais comum. Uma infecção do ITU por bactérias
urease que promove a formação de estruvita, pois resulta em urina alcalina e
aumento de amônia na urina (BIRCHARD e SHERDING, 2003).
25
FIGURA 12 – TRATO URINÁRIO DE CÃO
Fonte: GALVÃO, 2006.
FIGURA 13 – URÓLITOS DE ESTRUVITA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
26
A concentração dos íons de hidrogênio na urina é dependente do tipo de dieta
do animal. As espécies que se alimentam basicamente de vegetais tem a tendência
de produzir urina alcalina enquanto que a urina ácida é normal em animais que
consomem dietas em cereais com alto conteúdo protéico ou rações derivadas
principalmente de proteína animal. Em geral, o pH oferece pouca informação devido
suas variações diurnas e alimentares. A elevação do pH nos animais carnívoros
pode significar retenção urinária vesical, alcalose metabólica como também demora
na confecção do exame, isto é, a permanência da urina muito tempo na temperatura
ambiente permite a multiplicação bacteriana e transformação da uréia tornando a
urina alcalina. A urina alcalina se tornar acida está relacionada com inanição, febre,
acidose metabólica ou respiratória e atividade muscular prolongada. O
conhecimento do pH se torna importante desde que alguns cálculos ocorrem em
urina alcalina e outros em urina ácida. Alguns tratamentos para urolitíase são
baseados na mudança do pH e sabe-se que as hemácias, os leucócitos, os cilindros
tendem a se deteriorar com o pH muito alcalino. O pH dos caninos poderá variar até
5,0-7,0 (NAVARRO e PACHALY 1996).
Os urólitos podem ser classificados de acordo com:
1 Localização – nefrólitos, ureterólitos, urocistólitos, uretrólitos
2 Forma – lisos, facetados, piramidais, laminados, ramificados
3 Composição mineral – fosfato amoníaco magnesiano (estruvita), oxalato de
cálcio (figura 14), uratos (figura 15), cistina (figura 16 e figura 17), sílica, fosfato de
cálcio e compostos mistos.
A urolitíase no cão representa cerca de 4 a 2% dos motivos de consulta. A
maioria (90%) dos cálculos urinários no cão encontra-se no aparelho urinário inferior
sendo que entre 50-73% na bexiga; cerca de 5 a 10% têm localização renal ou
27
multicêntrica (rim, uretere, bexiga). Parece haver maior prevalência entre os 3 e os 7
anos de idade (NAVARRO e PACHALY 1996).
FIGURA 14 – OXALATO DE CÁLCIO.
Fonte: ANDRADE, 2006.
FIGURA 15 – CÁLCULO DE CISTINA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
28
FIGURA 16 – CÁLCULO DE CISTINA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
FIGURA 17 – URATO ÁCIDO DE AMÔNIA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
29
QUADRO 1 - COMPOSIÇÃO MINERAL DO CÁLCULO E FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA EM CÃES.
Tipo de mineral predominante
% de urólitos
Estruvita 55.4
Oxalato de cálcio 26.5
Urato 6.6
Cistina 1.4
Sílica 1.3
Fosfato de cálcio 0.8
Compostos 5.6
Mistos 2.3
Matriciais 0.1
Sulfadiazina >0.01
Total 100
Fonte: ETTINGER e FELDMAN, 2004.
6.1.2 Sinais Clínicos
Os animais com urocistólitos apresentam alterações no trato urinário inferior
incluindo disúria, estrangúria, polaciúria e hematúria. Se os urólitos forem
suficientemente pequenos para sair da bexiga, mas grandes para passar pela uretra,
ocorrerá uma obstrução uretral. Como uma ITU bacteriana pode-se associar com
urocistólitos, a urina pode ficar turva ou apresentar um odor anormal (BIRCHARD e
SHERDING, 2003).
30
6.1.3 Patologia Clínica
A urinálise consiste na avaliação para detecção de proteínas, açúcar e
cetonas e no exame microscópico para se detectar a presença de eritrócitos e de
leucócitos. Alguns exames podem ser realizados de forma simples e barata no
laboratório do consultório. São exames que detectam e mensuram a concentração
de várias substâncias na urina. Esses testes usam uma tira de plástico fina (fita
reagente) impregnada com substâncias químicas que reagem com substâncias
presentes na urina e mudam de cor. Os exames com fitas reagentes são utilizados
rotineiramente na urinálise (MANUAL MERCK, 2002).
Segundo os mesmos as culturas de urina (urocultura), nas quais as bactérias
crescem em laboratório, são realizadas para diagnosticar ITU. É necessária a coleta
de uma amostra não contaminada de urina da bexiga, a qual pode ser obtida pelo
método de coleta do jato intermediário. Outros métodos incluem a passagem de uma
sonda através da uretra até o interior da bexiga ou a inserção de uma agulha através
da parede abdominal até a bexiga (cistocentese).
A função renal pode ser avaliada através da análise de uma amostra de
sangue, assim como de uma amostra de urina. A velocidade de filtração renal pode
ser estimada através da dosagem da creatinina sérica, um produto de degradação
da creatinina. A concentração da uréia também pode indicar como os rins estão
funcionando, embora muitos outros fatores possam alterar essa concentração tais
como alimentação. A depuração da creatinina, um exame mais acurado, pode ser
estimada através de uma amostra de sangue, utilizando-se uma fórmula que
relaciona a concentração sérica da creatinina à idade e ao peso do animal. A sua
determinação exata exige a coleta da urina de 24 horas (MANUAL MERCK, 2002).
31
6.1.4 Diagnóstico
A urolitíase canina é normalmente diagnosticada com base na combinação de
anamnese, exame físico, achados laboratoriais, radiográficos e ultra-sonográficos.
Através do exame radiográfico ou ecográfico podem avaliar-se a localização,
número, tamanho, densidade e forma dos urólitos. Os cálculos radiopacos (oxalatos,
estruvita, cistina) podem ser detectados por radiografia abdominal simples, enquanto
que os cálculos radiolucentes ou de pequeno tamanho necessitam de radiografia
abdominal contrastada (duplo contraste) (NELSON e COUTO, 2001).
Nos cães machos com disúria e estrangúria decorrentes de urólitos, a
tentativa de cateterizar a uretra muitas vezes simula a sensação de se encontrar um
ponto de resistência semelhante a areia. Neste caso, o diagnóstico pode geralmente
ser mediante uretrografia com contraste positivo retrógrado. Em alguns casos,
cistourólitos podem ser detectados durante palpação abdominal em cães com sinais
de cistite. Cistografia em duplo contraste é a ferramenta de diagnóstico mais
sensível para se detectar cistourólitos. Por último, a ultra-sonografia funciona bem
na confirmação da presença de urólitos renais bem como de hidronefrose-
hidroureter (NELSON e COUTO, 2001).
Muitas vezes o diagnóstico dos cálculos urinários pode ser feito pela simples
palpação da bexiga (diagnóstico de cálculos grandes) e histórico do animal (id.,
2001).
32
QUADRO 2 – FATORES QUE PODEM AJUDAR NA IDENTIFICAÇÃO DE URÓLITOS EM CÃES.
ESTRUVITA
1 80 a 97% dos urólitos em cadelas são de estruvita
2 Urólitos em cães com menos de 1 ano de idade em geral são de estruvita
3 Incidência elevada de infecção do trato urinário concomitante (em especial com Staphylococcus ou Proteus)
4 Urina normalmente alcalina
5 Os urólitos são radiopacos
6 Prevalência elevada em Schnauzers Miniatura, Poodles Miniatura, Bichon Frises, Cocher Spaniels.
OXALATO DE CÁLCIO
1 Prevalência elevada em caninos machos
2 A urina normalmente é ácida a neutra
3 Os urólitos são radiopacos
4 A hipercalcemia pode ser um fator contribuinte
URATO ÁCIDO DE AMÔNIO
1 Prevalência elevada em caninos machos (especialmente Dálmatas e Buldogues Ingleses)
2 A urina normalmente é ácida a neutra
3 Os urólitos são relativamente radiotransparentes
4 Incidência elevada em cães com insuficiência hepática grave (p.ex., desvios portossistêmicos)
SILICATO
1 Prevalência elevada em caninos machos (especialmente das raças Pastor Alemão, Golden Retriever e Labrador Retriever)
2 A urina normalmente é ácida a neutra
3 A radiodensidade do urólito é variável
4 Ingestão elevada de silicatos na dieta provavelmente predispõe (glúten de milho, cascas de soja)
CISTINA
1 Prevalência elevada em caninos machos
2 A urina normalmente é ácida
3 A radiodensidade dos urólitos é variável
Fonte: NELSON e COUTO, 2001.
33
6.1.5 Tratamento
• Tratamento clínico: o objetivo do tratamento clínico dos urólitos é promover a
dissolução ou interromper o crescimento. Para a terapia ser eficaz, deve-se induzir a
subsaturação da urina com cristalóides calculogênicos. Isso pode ser atingido
reduzindo-se os cristalóides calculogênicos, aumentando-se a solubilidade dos
cristalóides e/ou elevando-se o volume de urina. A modificação na dieta é um
método disponível para reduzir a quantidade de cristalóides calculogênicos na urina.
As tentativas de aumentar a solubilidade de cristalóides na urina frequentemente
incluem a administração de medicações indicadas para alterar o pH urinário. A
indução de diurese é o método comum de elevar o volume urinário; no entanto, os
efeitos da diurese sobre a excreção urinária de minerais calculogênicos e a
concentração de inibidores da cristalização não foram pesquisados em cães. Apesar
disso, o aumento do volume urinário é benéfico na dissolução clínica dos urólitos de
estruvita (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
• Remoção cirúrgica: a cirurgia é indicada quando existe obstrução do fluxo
urinário que não possa ser corrigida por técnicas não-cirúrgicas. Nessa situação, é
provável que a rápida disseminação da infecção e o dano ao trato urinário
provoquem pielonefrite, insuficiência renal e septicemia. A cirurgia também deve ser
considerada em cães com urólitos refratários à terapia clínica (oxalato de cálcio,
sílica, fosfato de cálcio) que estejam muito grandes para ser eliminados através da
uretra. Em alguns casos, a cirurgia é necessária para controlar os urólitos em função
da desobediência do paciente e do proprietário às recomendações terapêuticas para
dissolução clínica. Em raras circunstâncias, determinadas recomendações clínicas
34
não podem ser mantidas por causa de intolerância ao fármaco ou à dieta pelo
paciente (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
O método cirúrgico de cistotomia / uretrotomia para remover os urólitos
apresentam várias limitações. Pelo fato da cirurgia ter um efeito de pequeno a nulo
sobre a formação de urólito, a persistência de causas subjacentes frequentemente
resulta em alto índice de recidiva (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
• Recuperação do urólito com sonda: a recuperação dos urólitos com sonda
foi previamente descrita para a remoção de alguns urólitos para análise qualitativa.
Esta técnica também pode ser usada para remover todos os urólitos caso o tamanho
dos mesmos permita a passagem das sondas uretrais. Essa recuperação dos
urólitos com a sonda é adequada para pacientes de alto risco quanto à morbidade e
à mortalidade relacionadas à doença porque este método é facilmente realizado em
animais conscientes (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
As radiografias do abdômen podem mostrar os cálculos quando são de cálcio
e de estruvita. Se for necessário, podem efetuar-se outros procedimentos. Assim, na
urografia endovenosa, injeta-se uma substância radiopaca, no interior de uma veia;
esta substância chega aos rins e desenha o contorno dos cálculos de ácido úrico, o
qual pode observar-se na radiografia. Na urografia retrógrada, a substância
radiopaca introduz-se nas vias urinárias através da uretra (MANUAL MERCK, 2002).
6.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
A ultra-sonografia tem se mostrado um método rápido, seguro e não invasivo
de visualização do trato urinário, particularmente para a avaliação da arquitetura do
parênquima renal. Tem sido considerada uma técnica complementar de diagnóstico,
35
de fundamental importância para avaliação de alterações renais em cães. Em
pacientes debilitados, onde a cirurgia exploratória ou o uso de agentes de contraste
para procedimentos radiográficos especiais são contra-indicados, a ultra-sonografia
aparece como um método especialmente útil no diagnóstico das nefropatias
(SAMPAIO, 2000).
São indicações para a realização da ultra-sonografia renal: as alterações de
tamanho e/ou forma dos rins, detectadas por palpação abdominal ou radiografia
abdominal; evidência clínica de doença renal; não visualização dos rins através da
radiografia abdominal e/ou urografia excretora; diferenciação de lesões sólidas e
císticas; avaliação da extensão das alterações de parênquima; obtenção de
informações auxiliares para a formulação do prognóstico; monitoramento da
resposta ao tratamento; avaliação de doença metastática latente; avaliação renal em
pacientes críticos; guia de biopsia renal percutânea; e através do Doppler,
caracterização do fluxo sangüíneo intra-renal. Em cães e gatos, o diagnóstico ultra-
sonográfico evidencia alterações renais patológicas, como: infarto, fibrose,
hidronefrose, nefrocalcinose, nefrite, necrose tubular, hematoma, neoplasmas,
cistos, abscessos, cálculos renais e doença metastática renal (SAMPAIO, 2000).
Conforme Sampaio (2000), como método de diagnóstico para avaliação de
patologias renais, a ultra-sonografia apresenta a grande vantagem de avaliar
internamente a arquitetura do parênquima renal. É considerada superior ao método
radiográfico na avaliação de massas perirenais; na detectação e localização de
mineralização da pelve renal, divertículo pélvico ou córtex; na detectação e
diferenciação de massas renais sólidas e císticas; e, na detectação de fluido
subcapsular, perirenal ou retroperitoneal.
36
As principais limitações da ultra-sonografia renal incluem a presença de gás
retroperitoneal, abdominal ou intra-renal, que dificulta a visualização dos rins; e a
não especificidade da aparência ultra-sonográfica da doença renal difusa ou focal
com uma determinada causa histológica (SAMPAIO, 2000).
Para a realização do exame ultra-sonográfico renal, o animal é posicionado
em decúbito dorsal e/ou lateral de forma confortável sobre a mesa de exame (figura
18), através de contenção física (SAMPAIO, 2000).
FIGURA 18 - POSICIONAMENTO EM DECÚBITO DORSAL - ABDÔME VENTRAL, PARA TRICOTOMIA ABDOMINAL LATERAL PARA AUMENTAR O CONTATO DO TRANSDUTOR COM A PELE.
Fonte: SAMPAIO, 2000.
Os pêlos da parede abdominal ventral e uma parte da parede abdominal
lateral, logo caudal à última costela e nos dois últimos espaços intercostais direitos,
devem ser tosquiados. Uma espessa camada de gel acústico é então aplicada entre
o transdutor e o sítio de exame para facilitar a condução do feixe ultra-sônico
(SAMPAIO, 2000).
37
O exame ultra-sonográfico (figura 19) dos rins pode ser realizado utilizando-se
transdutores entre 3,5 a 7,5MHz. Normalmente freqüências de 7,5MHz, têm melhor
resolução e produzem excelentes imagens em cães de pequeno porte, assim como
do rim esquerdo de cães de grande porte. Transdutores de 5,0MHz são necessários
para o exame do rim direito, e algumas vezes, do rim esquerdo de cães de grande
porte. Para avaliação renal de cães de raças gigantes podem ser necessários
transdutores de 3,5MHz (SAMPAIO, 2000).
FIGURA 19 – IMAGEM ULTRA-SONOGRÁFICA NORMAL DO RIM DIREITO.
Fonte: SAMPAIO, 2000.
Para a obtenção das imagens ultra-sonográficas dos rins, o transdutor é
posicionado na região hipocôndrica abdominal, nos três planos anatômicos de
secção: sagital, transversal e dorsal; adicionalmente, o plano oblíquo pode ser
utilizado. A imagem ultra-sonográfica do rim esquerdo pode ser obtida através do
contato do transdutor com a parede abdominal ventral ou lateral, logo caudal à
última costela. O rim direito é um pouco mais difícil de ser visualizado através da
38
parede ventral, particularmente em cães grandes e de tórax profundo, nos quais a
melhor visualização encontra-se lateralmente através do 10º a 12º espaços
intercostais. Ambos os rins devem ser avaliados quanto ao tamanho, forma e
ecotextura (distribuição dos ecos de alta e baixa intensidade).
Imagem ultra-sonográfica normal varia com a freqüência do transdutor,
tamanho e conformação do animal e com o plano anatômico de imagem. São
observadas três regiões anatômicas distintas e com junções bem definidas: a córtex
renal, uniformemente ecogênica e de textura finamente granular; a medula renal
hipoecóica ou anecóica; e a região da pelve renal altamente ecogênica (SAMPAIO,
2000).
Com relação aos tecidos circunvizinhos, o córtex renal (figura 20) apresenta-
se hipoecóico, com ecotextura levemente menor que o fígado, e marcadamente
menor que o baço. A margem cortical é lisa e bem definida com exceção dos pólos
cranial e caudal, que podem aparecer pouco definidos devido a artefatos de
refração. A cápsula renal aparece como uma linha hiperecóica ao redor do córtex. A
medula renal é virtualmente anecóica a levemente hipoecóica, e aparece dividida em
seções por linhas ecogênicas que representam os divertículos pélvicos e os vasos
interlobares. A pelve renal aparece intensamente ecogênica devido a grande
quantidade de gordura e tecido conjuntivo fibroso (SAMPAIO, 2000).
39
FIGURA 20 – ANATOMIA DO RIM.
Fonte: MALAGHINI, 1999.
6.3 CASO CLÍNICO
Nome do Paciente: Michael Espécie: Canina
Sexo: Macho Idade: 7 anos
Peso: 38 kg Raça: Dálmata
Exame Físico
Ao exame físico, o animal apresentou 37,2°C, 193 bpm e 32 movimentos
respiratórios por minuto. O animal apresentava o seguinte sinal: micção ao urinar há
dois meses.
40
Diagnóstico por imagem
FIGURA 21 – URÓLITOS APRESENTADOS NA ULTRA-SONOGRAFIA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
Os achados radiográficos e ultra-sonográficos corresponderam à presença de
sedimento, urólitos (figura 21 e 22), conteúdo gasoso, espessamento de parede
vesical, irregularidade de superfície mucosa, divertículo, deslocamento e ruptura
vesical.
FIGURA 22 – URÓLITOS (SETAS) APRESENTADOS NA RADIOGRAFIA SIMPLES.
Fonte: ANDRADE, 2006.
41
Tratamento
• Foi realizado o uretrotomia, onde foi retirado urólitos de oxalato de cálcio.
• Tratamento clínico: enrofloxacina 2,5-5,0mg/kg, VO, cada 12 horas,
meloxicam®, alopurinol®, e recomendação para que o animal ingere muita água.
6.4 DISCUSSÃO
A freqüência e o tipo dos cálculos podem variar conforme as raças. Assim, os
cálculos de cistina são observados com mais freqüência no Dachshund e os de
urato no Dálmata.
A presença destes cálculos no trato urinário pode levar ao aparecimento de
hematúria (sangue na urina), cistites, incontinência, retenção urinária, complicações
infecciosas e renais. Por vezes um cálculo introduz-se na uretra e não consegue
passar por certas zonas particularmente estreitas. Daí resulta uma obstrução uretral
que só poderá ser resolvida, muitas vezes, recorrendo-se à cirurgia.
O tratamento da urolitíase no cão pode ser medicamentoso ou cirúrgico,
conforme o quadro que o animal apresente.
Em casos obstrutivos, o cão pode apresentar-se visivelmente desidratado,
letárgico ou comatoso. Nestes casos a terapia é instituída de modo a estabilizar as
condições do animal para que possam ser iniciados os procedimentos para a
remoção do cálculo.
Os cálculos nos rins são bastante raros no cão, mas, quando existem, pode
ser necessário recorrer a uma intervenção cirúrgica. Muitas vezes, os cálculos
podem obstruir os esfíncteres urinários ou a uretra, provocando sérias retenções
urinárias.
42
As radiografias simples e contrastadas e a ultra-sonografia permitem avaliar
formato e localização dos urólitos, facilitando assim a retirada e/ou tratamento.
43
7 OSTEOSSARCOMA
7.1 REVISÃO DE LITERATURA
7.1.1 Etiologia
Neoplasias ósseas primárias são relativamente comuns em cães e raras em
gatos. A maioria das neoplasias primárias em cães é maligna, resultando geralmente
na morte do paciente devido a infiltração local ocasionando metástases
principalmente. Em gatos, a maioria das neoplasias primárias, apesar de
histologicamente malignas, é frequentemente curada por excisão cirúrgica ampla. As
neoplasias são extremamente raras em gatos e cães; algumas malignidades que
ocasionalmente fazem metástases nos ossos em cães são o carcinoma de células
transicionais do trato urinário, o osteossarcoma do esqueleto apendicular, o
hemangiossarcoma, o adenocarcinoma mamário e o adenocarcinoma prostático.
Neoplasias que dão metástase para os ossos são extremamente raras em gatos
(NELSON e COUTO, 2001).
7.1.2 Sinais Clínicos
Os OSA apendiculares ocorrem predominantemente nas metáfises do rádio
distal, da tíbia e do úmero proximal, apesar de outras metáfises também poderem
ser acometidas. Eles tipicamente acometem machos de raças grandes (e gigantes),
e os proprietários procuram assistência veterinária devido a claudicação e/ou
tumefação do membro. O exame físico geralmente revela dolorosa na área
44
acometida, com ou sem envolvimento de tecidos moles. A dor e o edema podem
apresentar início agudo, resultando em suspeita de problema ortopédico não
neoplásico e, portanto, retardando consideravelmente o diagnóstico e a terapia
desta neoplasia (NELSON e COUTO, 2001).
7.1.3 Diagnóstico
A confirmação do diagnóstico radiográfico pode ser obtida por meio de
citopatologia com base nos achados de um aspirado com agulha fina ou um
aspirado da área acometida com agulha de aspiração de medula óssea. As células
do OSA (figura 23) geralmente são circulares ou ovais, possuem bordas
citoplasmáticas distintas, têm citoplasma azul brilhante granular (NELSON e
COUTO, 2001).
FIGURA 23 – CÉLULAS HISTOLÓGICAS DE OSA.
Fonte: WERNER et al., 2004.
45
7.1.4 Tratamento
O tratamento de escolha de cães com OSA é a amputação, associado a
quimioterapia simples ou combinada. A sobrevida média de cães com OSA
apendicular tratados apenas com amputação é de aproximadamente 4 meses, ao
passo que a de cães tratados com amputação e cisplatina, amputação e
carboplatina e amputação e doxorrubicina é de aproximadamente 1 ano (NELSON e
COUTO, 2001).
As radiografias e a cintilografia óssea com marcadores radioativos podem
ajudar na localização desses tumores. Ocasionalmente, um tumor ósseo metastático
causa sinais antes que a neoplasia primária tenha sido detectada. Os sinais no OSA
podem consistir na dor ou em uma fratura óssea na região debilitada pelo tumor.
Nessas situações, uma biópsia pode fornecer indícios para localizar o câncer
original. O tratamento dependerá do tipo de neoplasia. Alguns tipos respondem à
quimioterapia, alguns à radioterapia, alguns a essas duas modalidades terapêuticas
e, finalmente, alguns não respondem a qualquer uma dessas modalidades. Algumas
vezes, a cirurgia para estabilização do osso pode evitar a ocorrência de fraturas
(MANUAL MERCK, 2002).
Os osteossarcomas originam-se, mais freqüentemente nas metáfises rádio-
distal, tíbia distal e úmero proximal. Ocorrem principalmente em cães adultos de
raças grandes. O crescimento do tumor é freqüentemente rápido e doloroso.
Macroscopicamente, têm aspecto branco-acinzentado e contêm quantidades
variáveis de osso mineralizado. Os osteossarcomas são potencialmente
metastásicos, sendo que as metástases ocorrem precocemente (WERNER e
colaboradores., 2004).
46
Osteossarcomas ocorrem, principalmente, em cães de meia idade, e em
raças de grande porte ou gigante, sendo que em 75% dos casos acomete o
esqueleto apendicular e os 25% restantes, o esqueleto axial (LACRETA, 2002).
7.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
Radiograficamente os OSA caracterizam-se por um padrão misto
lítico/proliferativo na região da metáfise do osso acometido. A formação do osso
periosteal adjacente promove o desenvolvimento do assim chamado triângulo de
Codman, composto do córtex na área acometida e de proliferação do periósteo.
Tipicamente, os OSA não cruzam o espaço articular, mas podem infiltrar-se no osso
adjacente. Entretanto, como outras neoplasias ósseas primárias e algumas lesões
osteomielíticas podem mimetizar as alterações radiográficas dos OSA toda lesão
óssea lítica ou lítica/proliferativa deve ser biopsiada antes que os proprietários
decidam sobre o tratamento específico (NELSON e COUTO, 2001).
A radiografia é o primeiro passo na identificação do câncer ósseo. Podendo
apenas sugerir o diagnóstico com base na aparência do osso. Radiografias são
recomendadas para localizar metástases (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
7.3 CASO CLÍNICO
Nome do Paciente: Tigrão Espécie: Canina
Sexo: Macho Idade: 7 anos
Peso: 41,5 kg Raça: Rottweiler
47
Exame Físico
Ao exame físico o animal apresentou 39,1°C, 116 bpm e 36 movimentos
respiratórios por minuto. O animal apresentava tumor no membro torácico esquerdo
com evolução de uma semana, apresentou dia anterior um episódio de vômito; dor à
palpação e claudicação há duas semanas.
Diagnóstico por imagem
FIGURA 24 – OSA: AUMENTO DE VOLUME DA
REGIÃO DISTAL.
Fonte: ANDRADE, 2006.
48
FIGURA 25 – OSA: AUMENTO DE VOLUME DA REGIÃO DISTAL.
Fonte: ANDRADE, 2006.
FIGURA 26 – CÃO DA RAÇA ROTTWEILER COM 7 ANOS DE IDADE APRESENTANDO EDEMA EM MEMBRO TORÁCICO ESQUERDO DA REGIÃO ARTICULAR RADIO-ULNAR.
Fonte: ANDRADE, 2006.
49
O Triângulo de Codman (figura 27) representa o levantamento do periósteo,
ocasionado pelo crescimento do tumor. No triângulo há osso neoformado normal
(COSTA e colaboradores., 2001).
FIGURA 27 – EVOLUÇÃO OSA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
O OSA é uma neoplasia óssea, maligna, correspondendo a aproximadamente
de 80% dos tumores ósseos primários nos cães, conforme mostra a evolução nas
figuras 28, 29 e 30.
50
FIGURA 28 – EVOLUÇÃO 1 MÊS.
Fonte: ANDRADE, 2006.
FIGURA 29 – EVOLUÇÃO 2 MESES.
Fonte: ANDRADE, 2006.
51
FIGURA 30 – EVOLUÇÃO 3 MESES.
Fonte: ANDRADE, 2006.
Tratamento
Foi indicado ao proprietário que seria necessária a amputação do membro
torácico esquerdo pelo fato de ser com tumor, porém o mesmo preferiu que fosse
feita a eutanásia por motivo estético.
7.4 DISCUSSÃO
A causa mais comum da morte por OSA é a metástase. Por essa razão, é
recomendada também a quimioterapia preventiva, sendo que a cura destes animais
é bastante improvável, mas poderá aumentar a sobrevida do animal para 1 ano. Os
animais normalmente são bem tolerantes ao tratamento, podendo haver náuseas e
vômitos ocasionais. Nos casos de osteossarcoma axial, ou seja, tumor em ossos
que não sejam dos membros, a remoção cirúrgica completa não é possível devido a
localização do tumor e a possibilidade de reincidência do tumor no local. A sobrevida
nestes casos é estimada em 4 a 5 meses. Sendo assim, a terapia será direcionada
52
para o controle local do tumor, sendo melhor a terapia de radiação. Em casos de
metástases deste osteossarcoma pode ser indicada a quimioterapia. Além disso,
tanto para o osteossarcoma apendicular como o axial, podem ser tomadas algumas
medidas paliativas com o intuito de aliviar a dor e sintomas do tumor melhorando
assim a qualidade e o tempo de vida do animal.
53
8 MEGAESÔFAGO
8.1 REVISÃO DE LITERATURA
8.1.1 Etiologia
A causa do megaesôfago congênito é desconhecida, sendo que não há
evidência de desmielinização ou degeneração neuronal e a inervação vagal eferente
aparece ser normal (NELSON e COUTO, 2001).
O megaesôfago idiopático é a principal causa de regurgitação em cães.
Juntamente com a disautonia, o megaesôfago é um achado raro no gato doméstico.
O megaesôfago idiopático congênito corresponde à hipomotilidade e à dilatação
generalizada do esôfago, provocando regurgitação e subdesenvolvimento do filhote
imediatamente após o desmame (NELSON e COUTO, 2001).
O megaesôfago secundário adquirido pode se desenvolver em associação
com diversas outras condições (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
8.1.2 Sinais Clínicos
A regurgitação é o sinal mais freqüente associada com megaesôfago. A
freqüência da regurgitação pode variar de um episódio a cada poucos dias a vários
episódios por dia. A regurgitação associada ao megaesôfago ocorre de vários
minutos a várias horas após a alimentação, enquanto a regurgitação associada com
distúrbios orofaríngeos geralmente se manifesta imediatamente após a alimentação.
54
Assim como em vários outros distúrbios esofágicos, os pacientes acometidos
apresentam subnutrição e pneumonia por aspiração. O exame físico frequentemente
revela sialorréia, caquexia de discreta a moderada, tosse e crepitações ou sibilos
pulmonares (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
8.1.3 Diagnóstico
Os exames hematológicos, o perfil bioquímico sérico e a urinálise devem ser
realizados em todos os casos para pesquisar possíveis conseqüências secundárias
de megaesôfago. Além disso, as radiografias simples (figura 31) são importantes no
diagnóstico da maioria dos casos de megaesôfago. Deve-se sempre realizar
radiografia contrastada para confirmar o diagnóstico, avaliar a motilidade e excluir
corpos estranhos ou obstruções como causa do megaesôfago. A endoscopia pode
ser realizada e com freqüência é útil na identificação de esofagite concomitante. A
análise de um fator de risco sugere que a esofagite aumenta o risco do
desenvolvimento de megaesôfago (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
FIGURA 31 – RADIOGRAFIA SIMPLES.
Fonte: BARBENZA, 2004.
55
Se houver suspeita de megaesôfago adquirido secundário deve-se considerar
a possibilidade de testes diagnósticos adicionais, por exemplo, sorologia para o
anticorpo do receptor nicotínico da acetilcolina, teste de função da tireóide,
estimulação de hormônio adrenocorticotrópico, sorologia para anticorpo antinuclear,
atividade sérica de creatinofosfocinase, eletromiografia e velocidade da condução
nervosa e biópsia de músculo (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
8.1.4 Tratamento
Os animais com megaesôfago adquirido secundário devem ser
diagnosticados e tratados adequadamente. Deve-se fornecer com freqüência de
pequenas porções de uma dieta de alto teor calórico aos animais acometidos, que
devem ser mantidos em posição elevada ou ereta para favorecer drenagem pela
gravidade no esôfago sem peristalse. A consistência da dieta deve ser formulada
para provocar o mínimo de sinais clínicos. Alguns animais ingerem a dieta líquida de
modo satisfatório, enquanto outros preferem a dieta à base de alimentos sólidos. Os
animais que não pode manter equilíbrio nutricional adequado com a ingestão oral
devem ser alimentados mediante uso de sonda de gastrotomia temporária ou
permanente. Esses tubos podem ser colocados mediante cirurgia ou por via
percutânea, com o auxílio de um endoscópio (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
56
8.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
O megaesôfago é diagnosticado por meio de radiografias do tórax,
frequentemente após a administração de um agente contrastante (figura 32). É
importante obter essas radiografias porque com freqüência existem problemas que
causam sinais clínicos semelhantes àqueles do megaesôfago, mas que exigem
terapia muito diferente - em alguns casos cirurgia (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
FIGURA 32 – RADIOGRAFIA CONTRASTADA.
Fonte: BARBENZA, 2004.
8.3 CASO CLÍNICO
Nome do Paciente: Laurinha Espécie: Canina
Sexo: feminino Idade: 2 anos e meio
Peso: 7,3 kg Raça: SRD
57
Exame Físico
Ao exame físico o animal apresentou 38,7°C, 120 bpm e 24 movimentos
respiratórios por minuto. O animal apresentava os seguintes sinais: regurgitação e
anoréxico, pois não conseguia se alimentar adequadamente.
Diagnóstico por imagem
FIGURA 33 – RADIOGRAFIA CONTRASTADA.
Fonte: ANDRADE, 2006.
Tratamento
Foi proposto ao proprietário um tratamento clínico para estimular o
peristaltismo esofágico com uso de metoclopramida na dose de 1mg/kg, por vias
oral ou parenteral, 3 a 4 vezes ao dia (Plasil®), ou diminuir o tônus do esfíncter
esofágico inferior com anticolinérgicos. Infelizmente não houve tempo para iniciar o
tratamento, pois o animal devido as suas condições não agüentou e faleceu.
58
8.4 DISCUSSÃO
O megaesôfago é a principal causa de regurgitação entre os cães. Afeta tanto
machos como fêmeas. O diagnóstico é baseado no exame radiográfico, que vai
revelar um esôfago dilatado, contendo gás e ingesta. Pode ocorrer um deslocamento
ventral da traquéia e do coração devido ao aumento do órgão. Muitas vezes, o
megaesôfago não é observado em radiografias simples, sendo necessário um
esofagograma contrastado (exame realizado após administração de contraste).
Pode-se evidenciar também opacificação em campos pulmonares, compatível com
pneumonia, neste caso por aspiração, que é a complicação mais comum do
megaesôfago.
Há algumas condições que podem produzir dilatação esofágica transitória,
como por exemplo, aerofagia, ansiedade, dispnéia, anestesia e vômito, e não deve
ser confundida com a patologia. O tratamento é especificamente para estimular o
peristaltismo esofágico.
59
9 EFUSÃO PLEURAL
9.1 REVISÃO DE LITERATURA
9.1.1 Etiologia
A efusão pleural deve-se ao acúmulo de líquido no espaço pleural, em
decorrência do desequilíbrio entre a formação e a reabsorção de fluido ou por
alteração na drenagem linfática. Classifica-se em dois tipos:
1 – Transudato: surge quando há aumento da pressão hidrostática ou
diminuição da pressão oncótica na microcirculação. Como exemplo pode-se citar:
insuficiência cardíaca congestiva, cirrose, síndrome nefrótica, diálise peritoneal,
obstrução da veia cava superior, glomerulonefrite, mixedema, embolia pulmonar,
sarcoidose e hipoalbuminemia.
2 – Exsudato: ocorre por aumento da permeabilidade na microcirculação ou
distúrbio na drenagem linfática do espaço pleural. Como exemplo pode-se citar:
doenças infecciosas, neoplásicas, colágeno-vasculares, gastrintestinais, induzidas
por fármacos, hemotórax, quilotórax e miscelânea (uremia, obstrução do trato
urinário, cirurgia abdominal) (FERREIRA e colaboradores, 2006).
9.1.2 Sinais Clínicos
As manifestações clínicas mais associadas são dispnéia progressiva, tosse
tipicamente não produtiva e dor pleurítica. A dispnéia é o achado mais comum,
geralmente indicando grandes efusões, mas não superiores a 500mL. O exame
60
físico é geralmente normal quando há menos de 300mL de líquido; em quantidades
maiores observam-se maciez, redução do murmúrio vesicular, do frêmito toracovocal
e da expansibilidade torácica (FERREIRA e colaboradores., 2006).
9.1.3 Patologia Clínica
Há três opções para avaliação da ocorrência de efusão pleural por imagem,
abrangendo as radiografias em decúbito lateral, a tomografia computadorizada e a
ultra-sonografia (OLIVEIRA, 2005).
9.1.4 Diagnóstico
O diagnóstico diferencial geralmente é feito por radiografia de tórax, obtida em
exposições antero-posterior e laterolateral. O líquido pleural pode ocupar todo
hemitórax, com desvio do mediastino e da traquéia para o lado contralateral. A
ecografia é o melhor exame para diagnóstico do líquido pleural e, principalmente,
para determinar a presença e quantidade de fibrina neste líquido, determinando o
estágio de efusão (FRAGA e KIM, 2002).
9.1.5 Tratamento
Em efusão na fase organizada, em que o pulmão não consegue expandir,
mesmo após a remoção do líquido pleural, o tratamento definitivo pode ser realizado
por toracotomia e limpeza de todo o material pleural (FRAGA e KIM, 2002).
61
9.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
Conforme Fraga e Kim (2002), a ultra-sonografia, quando utilizada para a
análise de quantificação de líquidos na efusão pleural, mostra-se superior à
radiografia de tórax, podendo até fazer uma relação da espessura da efusão com o
real volume. Permite a detecção de pequenas quantias de fluido locular pleural, com
identificação positiva de 3 a 5mL de líquido, quantidade não identificável pela
radiografia, que só identifica a partir de 50mL de líquido. Ao contrário do método
radiológico, o ultra-som permite a diferenciação fácil do líquido pleural locular e da
pleura espessada. Mostra-se eficiente na precisão do local da toracocentese, até
mesmo nas pequenas coleções líquidas. Os riscos utilizando-se apenas o exame
físico sem o guia da ultra-sonografia para a punção incluem pneumotórax,
hemotórax, hematoma subdiafragmático, lacerações de órgãos subdiafragmáticos. A
aplicação da ultra-sonografia promete ser a solução para reduzirem-se essas
possíveis complicações.
Em relação à tomografia computadorizada, a ultra-sonografia detecta o
diafragma invertido em exames longitudinais ou sagitalmente orientados, o que não
é possível à tomografia computadorizada, exceto na reconstrução. A ultra-sonografia
tem a vantagem de ser técnica portátil e prática, o que a torna útil no estudo de
lactentes em estado crítico, nos quais as opacificações pulmonares podem ser
erroneamente tomadas por efusões pleurais. A tomografia computadorizada nem
sempre é recurso disponível, é dispendiosa comparada à ultra-sonografia, e na faixa
etária pediátrica é necessária sedação do paciente (FRAGA e KIM, 2002).
62
9.3 CASO CLÍNICO
Nome do Paciente: Sargento Espécie: Canina
Sexo: Masculino Idade: 11 anos
Peso: 42 kg Raça: SRD
Exame Físico
Ao exame físico o animal apresentou 37,2°C, 160 bpm e 30 movimentos
respiratórios por minuto. O animal apresentava os seguintes sinais: anorexia, há
uma semana apresentou abaulamento do abdômen, corrimento ocular, cansaço
fácil, claudicação, taquicardia, tamponamento cardíaco mais evidente em lado direito
e ascite.
Diagnóstico por imagem
FIGURA 34 – EFUSÃO PLEURAL INICIAL.
Fonte: ANDRADE, 2006.
63
FIGURA 35 – EFUSÃO PLEURAL COM METÁSTASE APÓS 1 MÊS.
Fonte: ANDRADE, 2006.
FIGURA 36 – EFUSÃO PLEURAL.
Fonte: ANDRADE, 2006.
Tratamento
Realização de pericardiocentese, abdominocentese e toracocentese.
64
9.4 DISCUSSÃO
O principal achado clínico é a dispnéia. A avaliação pode ser feita de três
maneiras, pela tomografia computadorizada, ultra-sonografia e por radiografias em
decúbito lateral. O tratamento se dá pela técnica de toracotomia e limpeza de todo o
material pleural.
Radiografia torácica demonstrou efusão pleural, edema pulmonar acentuado,
desvio dorsal da traquéia com evolução à metástase pulmonar.
65
10 COLAPSO TRAQUEAL
10.1 REVISÃO DE LITERATURA
10.1.1 Etiologia
É uma doença adquirida que em geral ocorre em cães com idade de média a
avançada, mas também foi relatada em cães jovens como lesão congênita. Nos
cães com traquéias colapsadas adquiridas não se observa a perda do tamanho
potencial do anel traqueal, mas os anéis perdem a capacidade de se manterem
firmes e, subsequentemente, colapsam. Estes se tornam hipocelulares e sua matriz
difere daquela normal. Observa-se deficiência ou ausência completa de
glicoproteína e glicosaminoglicano em cães com traquéias colapsadas (ETTINGER e
FELDMAN, 2004).
10.1.2 Sinais Clínicos
O colapso traqueal produz uma síndrome de angústia respiratória.
Habitualmente, a doença é de natureza paroxística, muitas vezes com um histórico
longo de tosse crônica. A tosse pode ser descrita como crônica, curta e seca;
contudo, se o proprietário for questionado especificamente a tosse muitas vezes
será descrita como um ruído do tipo “grasnado de ganso”, ocorrendo inicialmente
durante o dia e, ocasionalmente, ao anoitecer. Com raras exceções, a doença é
identificada em raças toy e miniatura, com mais freqüência em Chihuahuas,
Pomerânias, Poodles toy, Shih Tzus, Lhasa Apsos e Yorkshire Terriers. Muitas
66
vezes a traquéia colapsada se associa à doença cardíaca valvular mitral crônica e
com freqüência, deve ser diferenciada da insuficiência cardíaca provocada por esta
condição. A tosse característica é elicidada por excitação, pressão traqueal e
ingestão de água ou alimentos. Muitas vezes o proprietário relata que o animal de
estimação começa a tossir quando é afagado ou agarrado e quando a entrada do
tórax é submetida à pressão excessiva (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
10.1.3 Diagnóstico
O diagnóstico feito inicialmente pela anamnese, é confirmado quando o
veterinário pode provocar tosse no animal pela manipulação digital do pescoço.
Radiografias identificam modificações na traquéia, tanto durante a inspiração quanto
durante a expiração. A avaliação diagnóstica inclui amostras laboratoriais de sangue
para identificar problemas clínicos causais ou complicadores, estudo de movimento
da traquéia e do pulmão durante a respiração, exame endoscópico da traquéia e da
garganta e avaliação da dilatação de órgão abdominal (ETTINGER e FELDMAN,
2004).
10.1.4 Tratamento
Existem quatro componentes de tratamento da traquéia em colapso. Durante
a fase aguda, a angústia respiratória e os surtos graves de tosse melhoram com
fármacos que relaxam a traquéia e o pulmão e sedam o animal. A congestão fluida é
aliviada com fármacos diuréticos, e agentes antiinflamatórios de curto prazo
minimizam a tumefação e a irritação tissular. Os antibióticos são utilizados se houver
67
o desconforto. Os supressores de tosse aliviam temporariamente o desconforto. Os
supressores de tosse podem ser usados num esquema vitalício para alguns animais
com traquéia em colapso (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
Fármacos que aliviam a constrição bronquial e os espasmos são utilizados
juntamente com produtos para reduzir a ansiedade e a superestimulação.
Medicações antitussígenos são usadas por via oral, se necessárias. Fármacos
corticosteróides podem ser úteis durante episódios de exacerbação aguda de tosse.
A correção cirúrgica da traquéia em colapso pode ser considerada em cães
jovens quando a traquéia está em colapso na região do pescoço. Cães mais velhos,
aqueles com problemas clínicos complicados e aqueles com a maior parte da
traquéia acometida não são candidatos à cirurgia (ETTINGER e FELDMAN, 2004).
10.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM
As radiografias cervicais, obtidas na inspiração máxima, demonstrarão o
colapso da traquéia extratorácica e as torácicas, obtidas na expiração máxima,
mostrarão o colapso da traquéia intratorácica (CHAMPION e colaboradores., 2005).
Na maioria dos cães não se encontram anormalidades eletrocardiográficas,
exceto a presença de ondas P pulmonale, decorrente de sobrecarga de coração
direito. A avaliação radiográfica requer estudos estáticos e dinâmicos, havendo
necessidade de radiografias durante as fases inspiratória e a expiratória máximas do
ciclo respiratório para demonstrar colapso dos segmentos cervical e torácico,
respectivamente. A região em colapso geralmente envolve um terço da extensão da
traquéia e após dois a três centímetros do colapso a traquéia atinge o diâmetro
normal. Os sinais radiográficos dependem do grau do colapso, e o estreitamento do
68
diâmetro traqueal comumente envolve as porções caudo-cervical e crânio-torácica
da traquéia (CHAMPION e colaboradores., 2005).
10.3 CASO CLÍNICO
Nome do Paciente: Keity Espécie: Canina
Sexo: Feminino Idade: 12 anos
Peso: 30 kg Raça: Pastor Alemão
Exame Físico
Ao exame físico o animal apresentou 38,5°C, 116 bpm e 26 movimentos
respiratórios por minuto. O animal apresentava os seguintes sinais: tosse seca,
poliúria, polidipsia, dificuldade respiratória e sialorréia.
Diagnostico por imagem
FIGURA 37 – COLAPSO TRAQUEAL.
Fonte: ANDRADE, 2006.
69
FIGURA 38 – COLAPSO TRAQUEAL.
Fonte: ANDRADE, 2006.
FIGURA 39 – COLAPSO TRAQUEAL.
Fonte: ANDRADE, 2006.
Tratamento
Utilização de broncodilatador (Aminofilina®, Asmodrin®), contendo
expectorantes e sedativos.
70
10.4 DISCUSSÃO
O colapso traqueal produz um sinal evidente que é a tosse crônica, curta e
seca. O diagnóstico é feito pela anamnese e avaliação de amostras laboratoriais de
sangue para identificar problemas clínicos. Fármacos são indicados para o alívio da
constrição bronquial, são utilizados medicamentos como antitussígenos e
antiinflamatórios.
71
11 CONCLUSÃO
As CMD são observadas tanto em cães como em gatos. A forma em cães
costuma ser dilatada, enquanto que a forma hipertrófica em gatos. O diagnóstico
baseia-se em anamnese de fraqueza, letargia e ortopnéia. Radiografias do tórax,
eletrocardiograma e ultra-sonografia confirmam a suspeita da doença. O tratamento
tem como objetivo controlar os sinais de ICC e melhorar a qualidade de vida do
animal. Faz-se o uso de digoxina e furosemida. Toracocentese está indicada quando
há suspeita ou presença de efusão pleural.
Na urolitíase formam-se urólitos quando a urina fica supersaturada com
minerais. Existem sinais de disúria, estrangúria e hematúria. O diagnóstico é a
combinação de anamnese, exame físico, achados laboratoriais, radiografia e ultra-
sonografia. Nos casos em que há obstrução, a normalização do fluxo de eliminação
de urina pode ser conseguida por uretrotomia e/ou cistotomia. A intervenção
cirúrgica tem a vantagem de permitir o diagnóstico definitivo do tipo de cálculo,
permitir corrigir qualquer anomalia anatômica existente e de obter amostras da
parede vesical para cultura. O tratamento médico visa a redução da quantidade de
cristalóides calculogênicos excretados na urina, o aumento da solubilidade dos
cristalóides na urina e o aumento do volume no qual os cristalóides estão contidos.
Geralmente a combinação de remoção cirúrgica dos cálculos e tratamento médico
permite obter os melhores resultados e um prognóstico mais favorável.
O osteossarcoma é uma desordem neoplásica maligna rara no cão, cujo
diagnóstico baseia-se na histopatologia e no descarte da existência de sítio
neoplásico ósseo primário por meio de exames apropriados. O tratamento de
escolha é a amputação associado a quimioterapia.
72
O megaesôfago idiopático é a principal causa de regurgitação em cães. O
diagnóstico é feito através de exames hematológicos e radiografias. O fornecimento
de pequenas porções de uma dieta de alto teor calórico é o tratamento de escolha.
A efusão pleural é caracterizada pelo acúmulo de líquido no espaço pleural.
Um dos principais sinais é a dispnéia. O diagnóstico é realizado por radiografias de
tórax. O tratamento definitivo pode ser realizado por toracotomia e limpeza de todo o
material pleural.
O colapso traqueal é uma doença adquirida que em geral ocorre em cães
com idade de média a avançada. O principal sinal é a tosse. A anamnese e
radiografias fecham o diagnóstico. No tratamento são utilizados fármacos que
aliviam a constrição bronquial, corticosteróides podem ser úteis durante episódios de
exacerbação aguda de tosse, a cirurgia é realizada somente em cães jovens.
Cada vez mais é importante a presença de um médico veterinário
radiologista, pois sem o raio-X e a ultra-sonografia não se pode afirmar alterações
como: megaesôfago, colapso traqueal, osteossarcoma, cardiomegalia dilatada,
efusão pleural, urolitíase, displasia coxofemoral e tantas outras alterações que
precisam de um diagnóstico por imagem para a confirmação.
73
REFERÊNCIAS
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