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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Jean de Faria Lopes REABSORÇÃO RADICULAR NA ORTODONTIA CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Jean de Faria Lopes

REABSORÇÃO RADICULAR NA ORTODONTIA

CURITIBA

2011

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REABSORÇÃO RADICULAR NA ORTODONTIA

CURITIBA

2011

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Jean de Faria Lopes

REABSORÇÃO RADICULAR NA ORTODONTIA

Monografia de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia, sob orientação Profª Dra. Lígia Aracema Borsato.

CURITIBA

2011

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TERMO DE APROVAÇÃO

Jean de Faria Lopes

REABSORÇÃO RADICULAR NA ORTODONTIA

Esta monografia foi julgada e aprovada para obtenção do título de Especialista em Radiologia Odontológica e Imaginologia no Curso Especialização em Radiologia Odontológica e imaginologia da Universidade Tuiuti do Paraná.

Curitiba,____ de ____________________ de ______.

________________________________________________

Curso de Especialização em Radiologia Odontológica e Imaginologia

Universidade Tuiuti do Paraná

Orientador: Profª. MSc.Lígia Aracema Borsato

Profª. MSc.Dra.Ana Claudia Galvão de Aguiar koubik

Profª. Dra.Tatiana Maria Folador Mattioli

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Dedico este trabalho ao meu filho João Gabriel e a minha esposa Ramona que sempre estiveram comigo, e compreenderam a importância da minha

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ausência no transcorrer do curso.

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ter me dado saúde e condições de enfrentar mais este desafio.

Aos meus pais, Julio e Julia, e meus irmãos, Juliano, Jessé, Luiana e Maria Fernanda que sempre me apoiaram.

À professora Lígia, que não poupou gentileza, esforço e dedicação para que este trabalho fosse concluído.

À professora Ana Claudia e a toda equipe de professores, que procuraram passar o máximo de conhecimento para que obtivessemos êxito nesta especialização.

Aos amigos Juliano Minotto e Eduardo Padoim, que deram apoio imensurável para que eu pudesse freqüentar este curso com toda tranqüilidade.

Aos colegas de curso, que juntos enfrentamos este desafio.

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XII

RESUMO

O termo reabsorção dentária inclui todas as situações em que os tecidos dentários mineralizados são eliminados pelas células clásticas em algum ponto da superfície interna ou externa do elemento dental. Ela ocorre de forma fisiológica quando associada à rizólise da dentição decídua e patológica quando ocorrer na dentição permanente, podendo ser de origem externa ou interna. A reabsorção radicular apical externa caracteriza-se pelo encurtamento da raiz, resultante de lesões periapicais, traumatismo dentário, reimplantes, movimento dentário induzido, trauma oclusal e bruxismo. Essa reabsorção é um dos mais comuns e indesejáveis efeitos colaterais da movimentação dentária ortodôntica. Esta revisão de literatura tem o objetivo de avaliar alguns fatores que podem favorecer a reabsorção apical durante o tratamento ortodôntico, meios de diagnóstico e conduta frente a tal patologia. Foi concluído que não está bem clara a causa desta patologia associada à ortodontia, sendo que os incisivos superiores são os dentes mais afetados e o formato da raiz se mostrou um fator importante na reabsorção radicular. O método de diagnóstico mais seguro é a tomografia computadorizada, seguida da radiografia periapical e períodos de repouso são recomendados durante o tratamento, caso a reabsorção seja diagnosticada.

Palavras chaves: Reabsorção Radicular, Ortodontia e Diagnóstico.

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XIII

Abstract

The term resorption includes all situations where the mineralized tissues of teeth are eliminated by cells clásticas at some point internal or external surface of the dental element. It occurs when associated with physiological rizolisis of deciduous dentition and pathological when occur in permanent dentition may be internal or external source. External apical root resorption characterised by shortening the root, Periapical lesions resulting, dental trauma, reimplantes, tooth movement induced, occlusal trauma and bruxism. This reabsorption is one of the most common and undesirable side effects of orthodontic tooth movement. This literature review is intended to assess some factors that may foster apical resorption during orthodontic treatment, diagnostic and conduct face-to-face condition. It was therefore concluded that it is not clear because of this pathology associated with orthodontics and the upper incisors are the most affected teeth and the root format proved to be a significant factor in root resorption. The safest method of diagnosis is computed tomography periapical radiography, sport and rest periods are recommended during treatment, case resorption is diagnosed. Keywords: Root Resorption, Orthodontics and Diagnostics.

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SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................. XII

ABSTRACT .......................................... ............................................................... XIII

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 10

1.1. OBJETIVOS................................................................................................... 12

1.1.1. Objetivo Geral............................................................................................. 12

1.1.2. Objetivos Específicos................................................................................. 12

2. REVISÃO DA LITERATURA........................... .................................................. 13

3. DISCUSSÃO...................................................................................................... 41

4. CONCLUSÃO....................................... ............................................................. 46

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................... ............................................ 48

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1. INTRODUÇÃO

A remoção celular da estrutura dental da região radicular nas superfícies não

pulpares é denominada reabsorção radicular externa que é um dos problemas

clínicos de maior complexidade para o cirurgião dentista diagnosticar, por serem de

difícil detecção e não apresentar sintomatologia. A única forma de descobrir tal

enfermidade é através de exames de imagem (TEIXEIRA e ZOLLNER, 2003).

Como agentes etiológicos pode-se mencionar a inflamação periapical,

inflamação nos tecidos pulpares, os traumatismos, cistos ou tumores, forças

mecânicas (na ortodontia) ou oclusais excessivas e os problemas periodontais.

Podem-se citar ainda fatores sistêmicos (hipotireoidismo, hipofosfatemia), nutrição,

hereditariedade, susceptibilidade individual, hábitos bucais deletérios, estrutura

dental, idade e gênero do paciente, densidade do osso alveolar, morfologia radicular

e morfologia óssea.

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Atualmente a presença de reabsorção radicular no decorrer do tratamento

ortodôntico é tida como conseqüência de uma complexa interação de atividades

biológicas, associadas a forças mecânicas planejadas pelo ortodontista

(CAPELOZZA FILHO et al., 2002).

Durante a movimentação ortodôntica, a compressão no ligamento periodontal

pode provocar necrose dos cementoblastos desta região, expondo a dentina à ação

das células de reabsorção (clastos), osteoclastos e macrófagos, que iniciam o

processo de reabsorção radicular externa proveniente do tratamento ortodôntico

(MOYERS, 1991).

Dentro da ortodontia, os fatores que podem favorecer são de ordens gerais,

sendo estes a hereditariedade, o gênero, a idade e o estado de saúde; e locais,

como tipo de má oclusão, hábitos, traumatismo prévio e morfologia radicular; e

mecânicos, como magnitude da força ortodôntica, intervalo de aplicação da força,

tipo e duração da força.

A ocorrência de reabsorção radicular apical representa uma das mais

indesejáveis seqüelas do tratamento ortodôntico. Praticamente em todos os casos

de movimentação dentária ocorre o processo reabsortivo incipiente, sem alterar a

vitalidade e a estabilidade do dente, entretanto,quando ela ultrapassa um limite

admissível, resulta em sério comprometimento do prognóstico. Deve-se ter uma

atenção especial para esta patologia, por ela ser considerada um problema

idiopático, e que fica exposto a ações odontolegais (NOUER et al., 1997).

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1.1. OBJETIVOS

1.1.1. Objetivo Geral:

Estudar a reabsorção radicular relacionada ao tratamento ortodôntico, visto

que este seja o problema mais preocupante na ortodontia.

1.1.2. Objetivos Específicos:

Discutir alguns fatores que podem influenciar na magnitude da reabsorção

radicular perante ao tratamento ortodôntico, meio de diagnóstico e conduta frente a

esta patologia.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

Pereira e Monteiro (1981) propuseram este estudo para verificar se há

diferença em relação ao grau de reabsorção radicular entre pacientes portadores de

Classe I e Classe II de Angle, entre os dentes anteriores superiores e os inferiores e

se existe diferença entre o grau de reabsorção radicular quanto ao sexo. A amostra

utilizada foi de 60 pacientes, de ambos os sexos, que se submeteram ao tratamento

ortodôntico corretivo, com extrações dos quatro primeiros pré-molares, pela técnica

do arco de canto. Para fins de análise, ela foi dividida em dois grupos: O primeiro

com 30 pacientes portadores de má oclusão de Classe I de Angle e o segundo com

30 pacientes portadores de má oclusão de Classe II de Angle. Para ambos os

grupos, foram utilizadas radiografias periapicais, iniciais e finais, dos dentes

anteriores superiores e inferiores. Para a avaliação foram considerados os

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segmentos anteriores de cento e vinte (120) arcos dentários (60 no grupo 1, e 60 no

grupo 2). As posições dos pacientes e os ângulos verticais e horizontais utilizados

para a obtenção das radiografias periapicais iniciais e finais da amostra obedecem

as normas das técnicas empregadas, e os tempos de exposições, as especificações

do fabricante do filme. O estudo comparativo entre as radiografias periapicais iniciais

e finais foi avaliado através do método de observação com o auxílio de

nagatoscópio, lupa com aumento de 3 vezes, compasso de pontas secas tipo

“balaustre” e régua milimetrada. Após análise estatística eles concluíram que o grau

de reabsorção radicular distribui-se de forma semelhante para os portadores de más

oclusões de Classe I e Classe II de Angle e ficou comprovado que o grau de

reabsorção Classe II radicular é maior nos dentes anteriores superiores do que nos

anteriores inferiores. Evidenciou-se que os pacientes do sexo feminino são mais

predispostos a reabsorção radicular do que os do sexo masculino.

Malmgren et al. (1982) (apud CHÁVES, 2009) apresentaram uma

classificação de reabsorção dentária apical associada à movimentação ortodôntica,

dividindo-a em 5 graus de magnitude: Grau 0, ausência de reabsorção radicular;

Grau 1 ou reabsorção mínima: contorno apical irregular; Grau 2 ou reabsorção

moderada: reabsorção apical com menos de 2mm de redução de comprimento

radicular; Grau 3 ou reabsorção severa: reabsorção apical com mais de 2mm a um

terço de redução do comprimento original; e Grau 4 ou reabsorção extrema:

reabsorção apical com redução maior que um terço do comprimento da raiz original.

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Critérios de classificação em graus das reabsorções dentárias apicais ( MALMGREN et al.,1982)

Silva Filho et al. (1993) para avaliar o grau de reabsorção radicular induzido

pela mecanoterapia , selecionaram séries de radiografias periapicais obtidas pela

técnica do cone longo, iniciais e após o término do tratamento ortodôntico, de 50

pacientes. Destes, 30 eram do sexo feminino e 20 do sexo masculino e tinham uma

idade média de 14 anos e 2 meses e 14 anos e 3 meses, respectivamente, no início

do tratamento e de 16 anos e 4 meses e 16 anos e 8 meses, respectivamente, no

final do tratamento. Eram portadores de más oclusões de classe I e de classe lI que

foram corrigidas pelas técnicas Edgewise (40 casos) e Straight Wire (10 casos). O

tempo médio de tratamento foi de 2 anos e 3 meses. A mecânica ortodôntica

adotada, seguindo a técnica Edgewise convencional ou a técnica Straight Wire,

prima por promover forças leves ao mesmo tempo em que permite a utilização da

expansão rápida da maxila, a aplicação de aparelho extrabucal e a adoção de

elásticos inter-maxilares, quando devidamente indicados. Dos 50 casos, 27 foram

tratados com extrações, 5 foram submetidos à expansão rápida da maxila, 39

usaram ancoragem extrabucal, 4 foram submetidos à cirurgia ortognática e 4 usaram

bionator. O respeito pelas estruturas periodontais se fez notar pela retração inicial de

caninos no intento de liberar o apinhamento anterior, seguida de um nivelamento e

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alinhamento racional passando gradualmente pelos fios redondos até alcançar o fio

retangular, o qual serviu de guia para a retração anterior com força leve liberada

pelos alastiks ativados a cada 21 dias. Com relação à quantidade de reabsorção, no

presente trabalho seguimos a maioria dos estudos radiográficos, os quais referem-

se a um escore arbitrário que representa uma quantidade específica de reabsorção.

Acima de qualquer discussão, um fato se impôs: a constatação de envolvimento

radicular em um ou mais dentes em 100% da amostra examinada. Corroboraram,

portanto, a estreita relação entre mecânica ortodôntica e reabsorção radicular,

reafirmando o potencial estimulador das forças ortodônticas sobre a predisposição

inerente à reabsorção dentária. No entanto, por ser geralmente suave, a reabsorção

radicular presente na prática ortodôntica não constitui um fator limitante do

tratamento ortodôntico. Os benefícios conseguidos com o tratamento justificam a

iatrogenia suscitada. Nestes 50 pacientes examinados, o fator sexo não influenciou

o grau de reabsorção radicular induzido pela mecanoterapia e os dentes mais

afetados foram os incisivos.

Martins et al. (1994) tendo em vista que a reabsorção radicular decorrente do

tratamento ortodôntico é conseqüência de uma complexa combinação das

atividades biológicas, próprias de cada paciente, com as forças mecânicas atingindo

de 9,3 % a 96,2% dos dentes, analisaram a documentação radiográfica de 39

pacientes, 5 anos após a retirada dos aparelhos. Foram avaliadas as radiografias

periapicais de todos os dentes com exceção dos segundos e terceiros molares, e as

radiografias com distorções foram descartadas. Dos 556 dentes estudados, 158

apresentaram alteração dos escores de reabsorção, sendo que 143 aumentaram

suavemente e 15 dentes com grau maior de reabsorção. Os autores concluíram que

a reabsorção radicular observada após o tratamento ortodôntico, não compromete a

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estabilidade dos dentes, cessando com a remoção do aparelho na maioria dos

dentes observados, e mesmo quando a reabsorção apresenta alguma progressão,

não é contínua, pois ocorre apenas pela remodelação apical, pois quando um dente

é reabsorvido, o seu contorno apical fica irregular. Aconselha-se, entretanto o ajuste

oclusal, após 6 meses do término do tratamento.

Levander et al. (1996), avaliaram o efeito que uma interrupção temporária no

tratamento ortodôntico exerce sobre os dentes nos quais foi diagnosticada uma

reabsorção radicular apical após um período inicial de 6 meses de tratamento com

aparelho ortodôntico fixo. Foram utilizados 40 pacientes nos quais, em 20 foram

obedecidos o planejamento inicial e nos outros houve uma interrupção de 2-3 meses

durante o tratamento ativo, e após o intervalo, o tratamento reiniciou normalmente. O

controle foi feito através de radiografias periapicais padronizadas com a utilização de

posicionadores. A primeira radiografia com posicionador individual de filme foi

realizada quando a reabsorção radicular foi diagnosticada, as de controle e

acompanhamento foram tiradas 3 meses depois. Os pacientes nos quais nenhuma

reabsorção adicional ou somente mudanças mínimas puderam ser vistas não foram

mais radiografados até o final do tratamento. Em pacientes onde o progresso da

reabsorção era observado, radiografias de acompanhamento eram tiradas a cada 3

meses até o final do tratamento. Os autores avaliaram que a magnitude da

reabsorção nos dentes com interrupção temporária foi significantemente menor do

que nos casos onde o tratamento foi corrido. Concluíram que a interrupção das

forças facilita a reorganização do tecido periodontal lesado e reduz o encurtamento

radicular.

Nouer et al. (1997) analisaram radiograficamente as reabsorções radiculares

apicais em pacientes tratados ortodonticamente pela técnica de Tweed. Foram

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utilizados os dados clínicos e radiográficos de 50 pacientes pós tratamento

ortodôntico, nas idades de 9 a 16 anos, sendo 35 indivíduos do sexo feminino e 15

indivíduos do sexo masculino, com perfeita higidez radicular antes do tratamento,

saúde geral dentro da normalidade e reabsorção de um ou mais dentes após o

tratamento. Eles observaram a importância da necessidade de acompanhamento

radiográfico antes, durante e após o tratamento ortodôntico, visto que a reabsorção

é uma realidade na maioria dos pacientes tratados ortodonticamente. Os incisivos

superiores foram os dentes mais afetados e não houve distinção significativa entre o

sexo masculino e feminino. A idade do paciente e o tipo de movimentação durante o

tratamento não foram relevantes no grau de diminuição do ápice da raiz, mas o

tempo de duração do tratamento e a predisposição individual constituíram fatores

agravantes desta patologia. Eles orientaram a importância de novas pesquisas para

melhor esclarecimento dos fatores agravantes das reabsorções radiculares e

métodos precisos para minimizar o seu aparecimento.

Silva et al. (1997) estudaram os efeitos da ortodontia na reabsorção radicular.

Os principais objetivos da ortodontia estão centralizados na obtenção da estética,

função e estabilidade satisfatória dos dentes, porém a mesma aceita ainda o fato de

não poder ser evitada reabsorção radicular durante a movimentação dentária, que

pode chegar a quase 100% dos dentes tratados, pois é considerado um efeito

colateral possível e bem documentado no tratamento ortodôntico, difícil de prever,

irreparável e que muitas vezes não passa de lacunas insignificantes que seriam

reparadas com cemento secundário. Nesta revisão da literatura, os autores

avaliaram a reabsorção radicular frente às forças ortodônticas e observaram que os

movimentos normalmente são contrários aos movimentos fisiológicos dos dentes e

que a reabsorção é o resultado de uma complexa combinação de biologia individual

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e dos efeitos das forças mecânicas, desta forma nenhum dos fatores

predisponentes, como idade, duração de tratamento, mecânica usada, causas

hormonais, genéticas e nutricionais, características e magnitude de forças aplicadas,

estágio da formação da raiz no início do tratamento e traumatismo prévio podem ser

considerados isoladamente como fatores causais, mas se associada a predisposição

individual a possibilidade de reabsorção radicular aumenta. Controle radiográfico

pré, durante e após tratamento, são de extrema importância para avaliação dos

efeitos do tratamento e ao ser detectada a reabsorção, as forças ortodônticas devem

ser imediatamente suspensas e os objetivos do tratamento reavaliado. Não houve

diferença entre os sexos e os dentes ânteros-superiores foram mais susceptíveis. O

paciente adulto deve ter uma avaliação mais cautelosa no inicio da mecanoterapia,

pois as respostas biológicas nestes pacientes são mais lentas que nos jovens. As

análises estatísticas não mostraram diferenças no grau de reabsorção radicular para

dentes vitais quando comparados com dentes tratados endodonticamente, e

pacientes com hipocalcemia podem ter um aumento na ocorrência e na severidade

destas lesões. Embora a reabsorção ocorra em praticamente todos os pacientes

tratados, a mesma não apresenta importância clínica, porque raramente excede a

1/3 da raiz, sendo que a implantação do dente no alvéolo depende apenas de 2/3 de

raiz, portanto, não mostra interferência ativa na retenção do dente. Os autores

lembraram também que a reabsorção é resultante de uma complexa combinação de

biologia individual e efeitos da forças mecânicas, então se torna difícil qualificar a

força correta para os pacientes porque a variação individual é uma constante, desta

forma para evitar erros o melhor seria iniciar a movimentação dentária utilizando

forças leves, correlacionando sua magnitude com a distância percorrida pelo dente,

com a força sendo aumentada gradativamente caso seja necessário.

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Prates et al. (1997) estudaram alguns fatores biológicos e mecânicos que

podem interferir na reabsorção radicular ortodôntica e interação entre ambos os

fatores. A susceptibilidade individual é considerada um fator predominante, e pode

ser variável entre indivíduos, ou num mesmo indivíduo. Existem diversos estudos

sugerindo um componente genético, mas não há conclusão definitiva que os

autossomas de herança genética são considerados possíveis elementos que

determinam maior ou menor tendência a reabsorção radicular. Fatores sistêmicos

endócrinos, desnutrição e idade cronológica são bastantes discutíveis existindo

divergências de opinião entre vários trabalhos. Levando em consideração que a

reabsorção pré ortodôntica ocorre fisiologicamente em quase todos os dentes como

respostas adaptativas e de interação com suas necessidades funcionais e com o

meio ambiente, os danos radiculares serão mais significativos nesta situação

durante o tratamento ortodôntico. Interposição lingual associada à mordida aberta,

desvios na forma da raiz, dentes com tratamento endodôntico e densidade óssea

alveolar acentuada são fatores que colaboram com a reabsorção radicular.

Evidentemente, aparelhos que apresentam eficiência e forças mecânicas maiores

sobre os dentes são, potencialmente, mais perigosos para os tecidos periodontais,

contudo não tem haver com a escolha deste ou daquele tipo de aparelho e sim ter o

controle da potencialidade e na adequada avaliação dos riscos de cada um. As altas

pressões causam uma maior rebsorção radicular e pausas do tratamento com forças

intermitentes e interrompidas permitem ao cemento danificado cicatrizar evitando o

aumento dos danos. Os movimentos de inclinação prolongada, inclinação distal dos

molares, movimento dentário de translação em massa prolongada em dentes

pequenos, intrusão e torque acentuado nos dentes anteriores, são os que mais

preocupam os ortodontistas. Duração do tratamento e recidiva não estão bem

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definidas as suas importâncias no processo reabsortivo. Concluíram os autores que

a incidência de reabsorção é altamente imprevisível, e que nem sempre decorre

desta intervenção profissional, podendo ocorrer em graus bastante variáveis em

função dos vários fatores biológicos e/ou mecânicos envolvidos na resposta

biológica de cada paciente.

Valdrighi et al. (1998) estudaram a reabsorção radicular externa de dentes

tratados endodonticamente frente à movimentação ortodôntica devido ser um

assunto bastante controverso, pois alguns autores sugerem que tais dentes seriam

mais susceptíveis a reabsorções radiculares externas e, por conseguinte, hesitam

em submetê-los às forças ortodônticas, enquanto outros acreditam que dentes

tratados endodonticamente podem ser submetidos a tratamento ortodôntico, sem

diferença maior de reabsorção radicular do que a encontrada em dentes vitais. Eles

concluíram que não há contra indicação para movimentar dentes com tratamento de

canal, desde que a endodontia esteja bem sucedida, porém é indicada especial

atenção para os casos associados a trauma, ou seja, injuria previa ao ligamento

periodontal. Segundo os autores há necessidade de um intervalo entre o final do

tratamento endodôntico e início da movimentação ortodôntica desses elementos

dentários, para que possa ocorrer a reparação dos tecidos do ligamento periodontal

e, nos casos em que os dentes sofreram trauma leve ou moderado um período, de

pelo menos 4 a 5 meses, deve ser respeitado antes da movimentação ortodôntica.

Paiva et al. (1998) descreveram um caso clínico com reabsorção radicular,

onde algumas medidas foram tomadas para evitar seu agravamento. A reabsorção

radicular é um fator que aparece com certa freqüência no tratamento ortodôntico,

principalmente nos casos tratados com aparatologia fixa. Em várias situações este

acontecimento não se deve à imperícia do profissional, mas cabe a eles administrá-

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la, a fim de que a intensidade da reabsorção não comprometa a sobrevida do

elemento dentário. Neste trabalho foi relatado o caso de uma menina de 10 anos

que apresentava maloclusão de classe ll, 1º divisão, com todos os elementos

permanentes presentes, exceto terceiros molares, com o hábito de onicofagia, lábios

entre abertos quando em repouso e com suspeita de respiração bucal. Na analise

fonoaudiológica foram observados lábios hipotônicos, com discreta alteração de

mobilidade, língua alargada, hipotônica e com postura em repouso inadequada e

palato duro em forma ogival. Após o planejamento iniciou-se o tratamento com

aparatologia fixa, utilizando técnica Edgewise, com arco extra bucal, placa lábio ativa

e foi solicitada extração de 4 premolares. Após a fase de nivelamento, foi solicitada

nova documentação e foi verificada a presença de reabsorção nos incisivos

superiores e inferiores. Para fase de retração anterior foi confeccionado grade

lingual, evitando a interposição na região anterior e, conseqüentemente, diminuir a

pressão nas faces palatinas e linguais dos dentes anteriores, evitando assim forças

contrárias à resultante da retração anterior. Foi recomendado acompanhamento

fonoaudiológico, e na análise radiográfica final foi verificado que as reabsorções

apresentavam-se estáveis. Concluíram então que é praticamente impossível

diagnosticar a causa da reabsorção radicular neste caso. Entretanto, o hábito de

onicofagia, a presença de deglutição atípica e a predisposição individual, associados

à movimentação ortodôntica, são fatores a serem considerados nesta etiologia.

Aparentemente, durante a fase de retração, a reabsorção radicular mostrou-se

estabilizada, muito provavelmente pela utilização de uma placa impedidora de

interposição lingual na região anterior e pela aplicação de força de retração,

próximas das ideais.

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Beviláquia e Santana (1999) procuraram estudar alguns fatores de risco que

podem influenciar no grau de reabsorção radicular relacionada ao tratamento

ortodôntico através de revisão de literatura e concluíram que a mordida aberta

anterior potencializa o aparecimento de reabsorção radicular antes e/ou durante o

tratamento ortodôntico devido às forcas da língua de intrusão e inclinação sobre os

incisivos e de que neste tipo de mordida existe um menor suporte ósseo na região

vestibular desses dentes; que o sexo e a idade por si só não tem importância

significativa e que o movimento de intrusão e de torque radicular são os mais

presentes na diminuição apical. Verificaram ainda que dentes vitais, principalmente

incisivos superiores, reabsorvem mais que os dentes tratados endodonticamente,

principalmente os elementos que apresentam forma radicular agulhada e que

períodos de repouso e administração de certas substâncias sistêmicas durante o

tratamento previnem e/ou diminuem os riscos de tal ocorrência.

Souza et al. (1999) estudaram os possíveis fatores determinantes da

reabsorção radicular, durante a mecânica ortodôntica e verificaram que fatores como

o tempo de tratamento, a utilização de arcos retangulares e a realização de

movimentos intrusivos foram determinantes nas lesões reabsortivas. Já a idade do

paciente, o dimorfismo sexual e o tipo de maloclusão de Angle não foram

considerados significantes na instalação do processo. Foi relatado haver relação

positiva entre magnitude da força aplicada e mordida aberta com as reabsorções.

Ainda foi verificado que a aparotologia fixa induz maior reabsorção quando

comparado com a removível, porém as diferentes técnicas que utilizam dispositivos

fixos comportaram-se similarmente quanto a reabsorção radicular. Não houve

evidencias de diferenças nos tratamentos com ou sem extração. Não houve

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consenso no uso de elásticos de classe II com o processo. Os dentes mais atingidos

foram os incisivos superiores, e há uma maior suscetibilidade de ocorrerem

reabsorções em raízes dilaceradas e com forma de pipeta. Foi verificado que a

maioria dos pacientes ortodônticos é atingida pelas reabsorções radiculares, porém

quase sempre são leves, e após a remoção das forcas cessa o processo.

Paula et al. (1999) estudaram a reabsorção radicular frente a expansão rápida

da maxila, devido a esta técnica gerar forças de aproximadamente 10 Kgs ou mais

durante as ativações, tanto como no período de contenção. Concluíram que devido à

grande força utilizada, deve haver o máximo de cuidado, pois os danos causados

são irreversíveis a raiz, e pode haver danos ao ligamento periodontal, que após a

contenção se reinserirá. Durante a expansão, os locais mais susceptíveis a

reabsorção são os dentes de ancoragem, nas superfícies mesio-disto-vestibulares,

nos seu terço cervical e médio, que logo após o período de contenção da expansão

rápida da maxila ocorrerá o reparo. Para um melhor prognóstico o tratamento deve

iniciar o mais cedo possível, o paciente e/ou responsável devem ser informados dos

riscos de encurtamento radicular e radiografias iniciais, intermediarias e finais devem

ser tomadas para um diagnóstico mais precoce da integridade das raízes. Como

existe um risco, deve-se avaliar o custo–benefício de tal aparelho no planejamento

ortodôntico.

Monteleone et al. (2000) estudaram algumas considerações sobre formas de

controle das reabsorções radiculares durante o tratamento ortodôntico corretivo, pois

este sempre foi um problema comum ao ortodontista, e recentemente tem recebido

considerável atenção devido às questões odonto-legais. A causa do início do

processo de reabsorção radicular é a compressão da raiz contra o osso alveolar

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durante a movimentação ortodôntica, causando necrose do ligamento periodontal ou

destruição do pré cemento e dos cementoblastos que protegem a raiz dentária.

Nesta situação, há o aparecimento de células multinucleadas que reabsorvem tecido

dentário, enquanto houver compressão. Terminando o processo inicia-se a

reparação tecidual, seja de tecido cementário seja de tecido dentinário; no entanto

ocorre de maneira distinta em cada um dos tecidos. Ao nível do cemento, a

reparação é total com reconstituição anatômica, enquanto que a reparação

dentinária não acontece anatomicamente. Estes danos podem ser constatados com

radiografias ou no próprio dente, nos casos em que houver necessidade de

extração. As radiografias geralmente não mostram as reabsorções cementárias, mas

geralmente se mostra muito eficiente no controle das reabsorções dentinárias. Eles

concluíram que para devem ser tomados alguns recursos para melhor controlar

estes malefícios ao ápice radicular como anamnese procurando histórico de

traumatismo dentário prévio; avaliação radiográfica periapical pré-tratamento, à

procura de reabsorções radiculares prévias; emprego de forças ortodônticas leves e

evitar movimentos de intrusão. Lembrando que as radiografias periapicais são as

melhores para este controle e devem ser feitas com alta freqüência (a cada 3

meses) nos pacientes portadores de reabsorções prévias ao tratamento ortodôntico

e nos pacientes que sofreram traumas dentários. Nos demais pacientes a radiografia

de controle anual é mais indicada. Este controle deve ser igual para pacientes do

sexo masculino e feminino.

Capelozza Filho et al. (2002) devido ao fato que a reabsorção radicular no

tratamento não pode ser evitada, os profissionais devem tomar atitudes preventivas

como rotina na anamnese, planejamento e execução do tratamento, incluindo

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obrigatoriamente controles radiográficos. Neste trabalho tornou-se evidente a

importância de tomadas radiográficas após 6-9 meses do inicio do tratamento com

aparelhos fixos. A amostragem foi de 43 pacientes, sendo 24 do sexo feminino e 19

do sexo masculino com idade média de 15 anos. Sempre que fosse evidenciada

reabsorção acima de 1 mm na tomada radiográfica de 6-9 meses, o tratamento era

interrompido de 60 a 90 dias. Os tratamentos foram executados com bráquetes

programados e o tempo de tratamento variou de 11 a 28 meses (média de 19

meses). Os incisivos centrais e laterais superiores e inferiores, num total de 326

dentes, foram avaliados radiograficamente, por serem os dentes mais afetados.

Constatou-se ser imprenscindível medir o comprimento dentário utilizando

paquímetro e com auxilio de lupa, uma vez reabsorções mínimas e moderadas

podem passar despercebidas ao exame visual das radiografias e atitudes

preventivas podem deixar de ser aplicadas, permitindo a evolução da reabsorção

para níveis comprometedores. Concluíram que o monitoramento do paciente

susceptível está na dependência do grau da reabsorção encontrada aos 6-9 meses

e baseia-se em: reavaliar os fatores locais e gerais envolvidos na etiologia da

mesma; estipular um período de repouso de 60 a 90 dias na mecânica; reavaliar as

condutas clínicas adotadas até então; simplificar o plano de tratamento; manipular

adequadamente a magnitude da força aplicada; considerar os intervalos de

aplicação desta força e realizar controle radiográfico depois de 90 dias para

determinar a eficiência das medidas adotadas.

Tavares et al. (2002) descreveram um caso clínico onde uma paciente de 16

anos, leucoderma, portadora de má oclusão de classe l, com apinhamento superior

e inferior. Após solicitação de documentação ortodôntica e planejamento concluído,

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iniciou-se o tratamento com utilização de aparelho fixo da técnica straight wire. Foi

solicitada a extração dos primeiros pré-molares superiores, primeiro molar inferior

esquerdo, e segundo molar inferior direito. Durante a fase de retração, após o

alinhamento e nivelamento, foram solicitadas radiografias periapicais para controle,

onde foi constatada a presença de reabsorção radicular externa acentuada nos

incisivos centrais e laterais. Após anamnese, a paciente relatou estar administrando

grande quantidade de hormônios para tratamento dermatológico, associando este

fato juntamente com o tratamento ortodôntico como a possível causa da reabsorção.

A medicação foi suspensa e o tratamento foi finalizado com o máximo de cuidado

possível, acompanhando radiograficamente a cada sessão. As reabsorções

radiculares não avançaram e permaneceram estáveis durante as fases de retração e

finalização. Após a remoção do aparelho fixo foi confeccionado uma contenção

removível, com ajuste oclusal para equilibrar a força mastigatória, e splintado os

incisivos centrais superiores. Os autores concluíram a importância de o profissional

estar atento e orientar o paciente a comunicar qualquer tipo de medicação que está

sendo, ou vai ser utilizado, para evitar surpresas desagradáveis. Salientam também

a importância do acompanhamento radiográfico, pois este é o único meio de

diagnóstico da reabsorção radicular.

Goldner et al. (2002) avaliaram por meio de imagens radiográficas se os

dentes tratados endodonticamente, bem como seus homólogos com vitalidade

pulpar, sofrem ou não reabsorção radicular quando submetidos a movimentação

ortodôntica. Em seguida compará-los entre si, avaliando se a diferença apresentada

era estatisticamente significativa. A amostra foi composta de 15 casos, selecionados

entre 1752 pacientes e foram utilizadas as radiografias periapicais iniciais e finais

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dos casos que apresentavam um incisivo com tratamento endodôntico prévio a

terapia ortodôntica e um homólogo com vitalidade. Os autores concluíram que

dentes com tratamento endodôntico poderá apresentar processo de reabsorção

radicular quando submetidos à movimentação ortodôntica; o dente com canal

tratado, na maioria das vezes, sofre menos reabsorção do que o seu correspondente

com vitalidade pulpar e a análise estatística mostrou que a diferença entre a

reabsorção ocorrida no dente com canal tratado comparada com seu

correspondente vital não foi significativa.

Teixeira e Zollner (2003) estudaram a reabsorção radicular externa por

movimentação ortodôntica, utilizando 19 pacientes, 8 do sexo masculino e 11

feminino, de 12 a 27 anos que ficaram de aparelho num período máximo de 45

meses. Os dados foram agrupados avaliando apenas os dentes anteriores

superiores e inferiores, através de radiografias periapicais e panorâmicas, tomadas 2

ou mais vezes para cada paciente durante o tratamento. Eles afirmaram que o

tratamento ortodôntico pode determinar as reabsorções radiculares externas e que

quanto maior o tempo do tratamento e maior a magnitude da força aplicada sobre os

dentes, aumenta a chance de encurtamento apical. Observaram ainda que durante o

tratamento, a maioria dos pacientes desenvolveu reabsorção radicular externa

superficial sem significado clínico e, após a remoção do aparelho, o processo

reabsortivo foi interrompido. Os incisivos laterais superiores seguidos dos centrais

superiores e incisivos inferiores foram os dentes mais afetados, e dentes tratados

endodonticamente são passiveis de movimentação tanto quanto dentes vitais.

Silva Filho et al. (2004) estudaram o comportamento radicular durante a

movimentação dentária induzida em dentes com rizogênese incompleta, avaliando

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radiografias periapicais de 46 pacientes (26 do gênero masculino e 20 do gênero

feminino), submetidos ao nivelamento 4x2 no estágio da dentadura mista. Foram

examinados 91 incisivos centrais permanentes, sendo 79 superiores e 12 inferiores.

A idade média no início do tratamento era de 9 anos e 3 meses para o gênero

masculino e 8 anos e 11 meses para o gênero feminino, e a duração média do

tratamento foi de 7 meses e de 7,25 meses, respectivamente. As radiografias foram

obtidas pela técnica do cone longo, tomadas antes e depois da realização do

nivelamento 4x2. Os resultados obtidos pelo exame radiográfico apontam para

ausência de iatrogenias, pelo menos perceptível na imagem radiográfica, no que diz

respeito à ocorrência de reabsorção radicular e à continuação do processo de

desenvolvimento radicular durante a movimentação dentária induzida em incisivos

centrais permanentes com rizogênese incompleta.

Martins et al. (2005) avaliaram individualmente os incisivos superiores, quanto

ao grau de reabsorção radicular, em tratamentos ortodônticos com e sem extrações.

Foram utilizadas documentações de 60 pacientes, sendo que 30 pacientes foram

tratados com extração dos primeiros pré-molares, e 30 sem extrações. Destes, 16

eram mulheres e 14 homens em cada grupo. As radiografias periapicais analisadas

foram tomadas nos períodos iniciais e finais do tratamento ortodôntico, através da

técnica do paralelismo com cone longo e com o auxílio de posicionadores plásticos a

fim de minimizar eventuais distorções radiográficas. Eles concluíram que apenas os

incisivos laterais direitos (12) e os incisivos centrais superiores esquerdos (21)

apresentaram diferença estatisticamente significativa entre os grupos com e sem

extração, com maior absorção para o grupo com extração. No grupo com extração o

dente mais afetado foi o incisivo lateral superior direito (12), seguido pelo incisivo

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lateral superior esquerdo (22) e incisivo central superior direito (11). Já no grupo sem

extração, o mais atingido foi o incisivo lateral superior esquerdo (22) seguido do

incisivo central superior direito (11) e do incisivo lateral superior direito. Nos dois

grupos o dente mais atingido foi o incisivo lateral.

Tsubono (2006) em sua monografia, propôs realizar uma revisão de literatura

sobre a reabsorção radicular apical externa associada ao tratamento ortodôntico,

considerando a morfologia radicular, os tipos de movimentos ortodônticos,

intensidade e duração da força ortodôntica e técnicas ortodônticas. Ela concluiu que

dentes com raízes dilaceradas, pontiagudas ou em forma de pipeta são fatores de

risco para a reabsorção radicular apical, que os movimentos ortodônticos de “vai-e-

vem” são fatores de risco para a reabsorção radicular apical e, o tracionamento de

caninos superiores impactados também predispõe a ocorrência de reabsorção

radicular dos incisivos laterais superiores. A quantidade de movimentação horizontal

dos incisivos superiores tem relação com a reabsorção radicular apical destes

dentes e que os movimentos de intrusão, extrusão dentária e de torque vestibular e

lingual de raiz devem ser executados respeitando-se os ossos corticais adjacentes

aplicando força suave. Ela avaliou ainda que a força ortodôntica deva ser suave e

intermitente e que o uso de elásticos intermaxilares deve ser realizado com cautela,

principalmente nos dentes de apoio para estes elásticos. Não foi encontrada

diferença de reabsorção radicular apical proveniente das diversas técnicas

ortodônticas.

Gadben et al. (2006) avaliaram através de radiografia periapical os níveis de

reabsorção radicular de incisivos superiores após tratamento ortodôntico. A amostra

utilizada foi composta por 47 pacientes, sendo 22 do gênero masculino e 25 do

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gênero feminino, com idade variando entre 9 e 29 anos. Foram utilizadas

radiografias periapicais de incisivos superiores, obtidas antes e após o tratamento

ortodôntico. Os pacientes foram tratados pela técnica Straight Wire e foram

utilizadas neste estudo, somente radiografias periapicais iniciais e finais dos

incisivos superiores de pacientes que já haviam encerrado tratamento e que

possuíam nitidez e padronização de imagens. Dos 47 pacientes 15 foram tratados

com extrações de primeiros prémolares e 32 sem extrações dentárias. Foram

observados 188 incisivos superiores, dos quais 94 eram incisivos centrais e 94

incisivos laterais, sendo que nenhum dos dentes analisados sofreram traumas

anteriores ao tratamento. Para melhor avaliação, os incisivos superiores foram

divididos em 3 grupos, sendo o grupo dos incisivos centrais e laterais superiores

(geral), grupo dos incisivos centrais e grupo dos incisivos laterais. Os dentes

avaliados neste estudo não apresentavam qualquer alteração radicular apical ao

início do tratamento e a técnica radiográfica utilizada foi do cone longo com o uso de

posicionadores, com a finalidade de padronizar as imagens radiográficas. Eles

concluíram que incisivos centrais e laterais superiores não apresentaram diferenças

significativas entre si quanto à severidade de reabsorções radiculares. Entretanto,

houve diferenças estatisticamente significativas entre os demais grupos: dentes com

raízes de forma abaulada ou romboidal, pacientes do gênero feminino e casos

tratados com extrações de premolares apresentaram maior reabsorção radicular

apical externa ao final do tratamento ortodôntico. Eles orientaram que a proservação

radiográfica periapical deveria ser um procedimento de rotina na clínica ortodôntica,

tendo como objetivo prevenir e controlar reabsorção radicular apical externa. Os

profissionais da área deveriam fazer radiografias periapicais ao início do tratamento

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ortodôntico, e com intervalo de 6 a 9 meses durante o tratamento, além de

anamnese inicial detalhada.

Consolaro e Freitas (2007) correlacionaram a tomografia volumétrica

(odontológica) com a tomografia helicoidal (médica) no planejamento ortodôntico e

no diagnóstico das reabsorções radiculares. A tomografia computadorizada, muito

utilizada na área médica, também pode ser referida como tomografia

computadorizada helicoidal ou em espiral, em função da trajetória espacial do feixe

de raios X em torno do paciente. São realizadas por grandes e sofisticados

aparelhos, com grande exposição à radiação para o paciente. A tomografia

computadorizada utilizada especificamente na Odontologia é mais recente e também

muito conhecida como tomografia computadorizada volumétrica ou de feixe cônico,

em função da forma espacial do feixe de raios X sobre o paciente. São realizadas

por aparelhos menores e de maior facilidade no manuseio e cada exposição do

paciente corresponde, em média, à radiação de uma radiografia panorâmica ou

ortopantomografia, dependendo da região estudada e da marca do aparelho. A

imagem tomográfica tem a grande vantagem de apresentar pequenos segmentos da

parte estudada em verdadeiros cortes, em qualquer sentido do espaço. Por

exemplo, em um determinado dente, podem ser notados cortes transversais a cada

0,5mm, desde a coroa até o ápice radicular, e em tamanho real (1:1). Ao mesmo

tempo obtêm-se cortes da mesma forma no sentido mesiodistal e vestibulolingual.

Processos como fraturas, perfurações e reabsorções são mostrados

detalhadamente, facilitando o diagnóstico e o plano de tratamento com prognósticos

melhores. No planejamento ortodôntico de alguns casos clínicos, estas avaliações

de posicionamento dentário são necessárias para se evitar movimentos dentários e

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ortopédicos incompatíveis, que levariam a severas reabsorções dentárias e ósseas.

A tomografia computadorizada volumétrica também oferece a oportunidade de

avaliar-se a espessura óssea vestibular e lingual, incluindo-se as deiscências e

fenestrações. O diagnóstico das reabsorções dentárias nem sempre pode ser obtido

com segurança absoluta através de radiografias periapicais, por mais que se mudem

os ângulos do feixe de radiação, sendo que reabsorções dentárias presentes nas

superfícies vestibulares e linguais/palatinas não são diagnosticáveis por radiografia

convencional, devido a estas superfícies se sobreporem na imagem bidimensional

da radiografia periapical. As imagens radiográficas das reabsorções radiculares

demoram entre 3 e 6 meses para ser detectáveis. As indicações para o melhor

período de avaliação radiográfica dos efeitos do tratamento ortodôntico sobre as

estruturas dentárias variam entre 6 e 9 meses. Nos tecidos, quando ocorre o

processo das reabsorções radiculares inflamatórias induzidas pelo movimento

ortodôntico, ele pode gerar imagens radiográficas a partir de 3 semanas, mas sem

considerar as superposições estruturas inevitáveis, que ofuscam a sua identificação

precoce. Este período de 6 a 9 meses, embora recomendado, é muito longo e,

quando diagnosticadas, as reabsorções radiculares já podem ser extensas e

severas, especialmente nos ápices. Sugere-se, assim, a tomografia

computadorizada volumétrica em períodos mais curtos, como 3 meses, quando os

pacientes apresentam raízes dentárias predominantemente triangulares, cristas

ósseas predominantemente retangulares, raízes curtas e história de traumatismo

dentário. Se detectadas reabsorções radiculares precocemente, nestes casos

anteriormente mencionados, poder-se-á redimensionar o tratamento, pois se

esperasse de 6 a 9 meses para uma avaliação radiográfica, a gravidade clínica

poderia levar a situações irreversíveis de perda de estrutura radicular. A diferença

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entre os 2 tipos de tomografia está no custo por exame, local de realização, forma

da tomada radiográfica e, especialmente, na enorme diferença de radiação a que o

paciente é submetido. A tomografia computadorizada volumétrica revela-se quase

sempre mais adequada em todos os aspectos. O custo é menor e pode ser

solicitada apenas para a região de interesse, permitindo uma diminuição maior ainda

na dose de radiação. A tomografia volumétrica é realizada em clínicas

imaginológicas odontológicas e permite posicionamento confortável para o paciente,

como por exemplo, sentado, tal qual na obtenção de uma radiografia panorâmica.

Prado (2007) em sua monografia propôs avaliar através de revisão de

literatura algumas situações em que o tratamento ortodôntico pode comprometer a

integridade radicular. Ela salientou que o ônus do tratamento ortodôntico pode ser

representado por seqüelas indesejáveis e irreversíveis, quando a dentina é afetada.

A concentração de forças no periodonto, principalmente no terço apical, pode criar

um desiquilibrio na homeostase local, provocando a reabsorção radicular. Ela

concluiu que a reabsorção radicular pode comprometer a longevidade e a

capacidade funcional do dente afetado, dependendo de sua magnitude, pois altera a

estrutura o contorno e o volume radicular em função das características da região

apical. Em geral ela é suave e cessa com a remoção da força, porém a melhora

estética e funcional obtida com o tratamento ortodôntico justifica os riscos desta

ocorrência. Elas são decorrentes única e exclusivamente de fatores locais, que

eliminam a camada de odontoblastos que recobre a raiz, e são inerentes a técnica

ortodôntica e à morfologia radicular.

Consolaro (2007) descreveu que as radiografias panorâmicas, assim como

são mais conhecidas as ortopantomografias, não são indicadas para o diagnóstico

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de reabsorções dentárias. Quando detectadas nestas radiografias, tratam-se de

casos avançados de reabsorção com grande perda de estrutura dentária. No

tratamento ortodôntico a severidade das reabsorções pré-existentes pode aumentar

com as reações teciduais induzidas pelo movimento dentário, pelo aumento local

dos níveis de mediadores e/ou então pelo tempo transcorrido de 1 a 2 anos. Sem

uma radiografia adequada e prévia de diagnóstico das reabsorções dentárias como

poder-se-á alegar, especialmente nos laudos periciais, que a origem destas

reabsorções pré-existentes não têm relação direta e primária com o tratamento

ortodôntico. As radiografias periapicais são as mais indicadas para o diagnóstico de

reabsorções radiculares, em outras palavras, no planejamento ortodôntico deve-se

incluir a análise minuciosa de radiografias periapicais de todos os dentes. O objetivo

é diagnosticar alterações dentárias pré-existentes não detectáveis pelas radiografias

panorâmicas e assim evitar complicações durante o tratamento ortodôntico. As

radiografias periapicais no planejamento ortodôntico evitam que diagnósticos não

realizados adequados e previamente possam ser a causa de condenações

processuais de ortodontistas. O diagnóstico prévio ao tratamento ortodôntico de

problemas bucais e dentários é responsabilidade de qualquer profissional da área

odontológica. Como responsável de diagnóstico de lesões e reabsorções dentárias

pré-existentes ao tratamento ortodôntico, está o radiologista que assinou o laudo

emitido. Na relação entre ortodontista e radiologista deve imperar a cooperação,

ética e complementariedade, para que a competência tenha lugar. A interação

constante ortodontista-radiologista e a emissão de laudo descritivo das radiografias

auxiliam, em muito, o planejamento ortodôntico e promovem a divisão de

responsabilidades nos diagnósticos a serem realizados, antes do início do

tratamento ortodôntico. Quando as radiografias periapicais prévias, ainda assim,

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impossibilitarem uma definição segura do diagnóstico e prognóstico de reabsorções

dentárias no planejamento ortodôntico, pode-se usar, de forma segura

biologicamente e economicamente acessível, a tomografia computadorizada

volumétrica ou de feixe cônico.

Marinho e Noel (2007) estudaram a importância da reabsorção radicular e

alterações teciduais durante o tratamento ortodôntico através de revisão de literatura

abordando os fatores de risco, o meio para diagnosticá-las e tratamento. Elas

concluíram que a reabsorção radicular, relacionada com a movimentação dentária

induzida faz parte do custo biológico do tratamento ortodôntico, mas não deve ser

considerada normal, e sim clinicamente aceitável. É de fundamental importância a

utilização de radiografias periapicais na anamnese para identificar reabsorções

prévias, determinação da morfologia radicular e da crista óssea alveolar, pois os 2

últimos são os principais fatores a serem considerados na previsibilidade dos danos

radiculares. Há a necessidade da elaboração de um plano de tratamento individual

de acordo com os fatores de risco e os níveis de reabsorção encontrados nos

primeiros 6 meses de mecanoterapia. A reabsorção relacionada à ortodontia é

imprevisível e apresenta variações individuais, porém ele cessa após a remoção da

força, não comprometendo a capacidade funcional dos dentes envolvidos.

Santos et al. (2007) propuseram estudar a reabsorção radicular após

utilização de 2 mecânicas ortodônticas sendo que a amostra constituiu-se de 20

pacientes que apresentavam má oclusão de Classe I ou Classe II de Angle, com

apinhamento anterior nos arcos superior e inferior, sem histórico prévio de

tratamento endodôntico, trauma ou tratamento ortodôntico. Nenhum paciente

apresentava reabsorção anterior ao tratamento e todos foram tratados com extração

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de primeiros pré-molares superiores e inferiores, sem necessidade de ancoragem,

respeitando-se o seguinte protocolo: retração inicial de caninos; nivelamento

superior e inferior e retração anterior superior e inferior. Todos os pacientes foram

tratados sempre pelo mesmo profissional na Disciplina de Ortodontia, num período

médio de 2 anos, respeitando-se a seqüência da mecanoterapia e procurando

aplicar os mesmos níveis de força em cada etapa. Os pacientes foram divididos da

seguinte forma: grupo 1 com 10 pacientes tratados com a técnica Edgewise com

acessórios padrões, utilizando-se apenas fios de aço inoxidável; o grupo 2, também

com 10 pacientes só que tratados com aparelhos Edgewise com acessórios

totalmente programados, utilizando fios de níquel e titânio. Os pacientes foram

submetidos a exposições radiográficas periapicais, no início do tratamento

ortodôntico, após a fase de retração de caninos e no final do tratamento. As

exposições abrangeram a área correspondente aos dentes incisivos superiores. Foi

realizado o método do paralelismo utilizando o mesmo aparelho de raios-X. Os

incisivos centrais superiores foram eleitos para a determinação dos escores, já que a

maior prevalência de reabsorção recai sobre estes dentes. A análise do ápice

radicular foi realizada por um único examinador em todas as radiografias. A

avaliação foi repetida três vezes e considerou-se os escores coincidentes para a

interpretação dos resultados. Concluíram que o tratamento ortodôntico como um

todo apresentou moderado grau de reabsorção radicular apical, qualquer que tenha

sido a mecanoterapia empregada; e a técnica Edgewise com acessórios totalmente

programados e fios de níquel-titânio foi o que apresentou menores graus de

reabsorção radicular apical, em comparação à técnica Edgewise com acessórios

padrão e fios de aço inoxidável.

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Younis et al. (2008) nesta revisão da literatura propuseram a verificar as

possibilidades da movimentação ortodôntica na presença de reabsorções dentárias

prévias ou posteriores ao tratamento ortodôntico. Apesar das reabsorções

apresentarem magnitude variável e serem, na maioria dos casos, imprevisíveis, as

reduções do comprimento radicular normalmente não chega a comprometer a

função do dente na arcada e a longevidade dos elementos dentários induzidos. A

anamnese inicial do paciente por meio da utilização de radiografias periapicais é

importante na identificação de reabsorções prévias ao tratamento ortodôntico e na

determinação da morfologia radicular e da crista óssea alveolar que são os

principais fatores na previsibilidade das reabsorções dentárias. Raízes triangulares

com ápices afilados, em forma de pipeta ou com dilaceração, tendem a apresentar

reabsorções maiores e mais precoces, bem como dentes com raízes curtas. As

cristas ósseas retangulares aumentam a possibilidade de reabsorções radiculares,

pois apresenta menor deflexão óssea e concentra maior força no ligamento

periodontal. O traumatismo dentário é um fator de risco para reabsorção radicular e

dentes traumatizados devem ser monitorados por um período de seis meses, para

serem incluídos na mecanoterapia. Os dentes mais vulneráveis à reabsorção por

ordem decrescente são incisivos laterais superiores, incisivos centrais superiores,

incisivos inferiores, raiz distal dos primeiros molares inferiores, segundos pré-

molares inferiores, segundos pré-molares superiores, molares superiores e

inferiores. Embora presente em todos os tratamentos ortodônticos, a magnitude da

reabsorção radicular não é totalmente previsível e apresenta variações individuais,

no entanto, o processo de reabsorção radicular cessa após o término da

mecanoterapia, não comprometendo a capacidade funcional dos dentes envolvidos.

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Chávez (2009) em sua tese de doutorado, fez esta pesquisa com o objetivo

de avaliar a reabsorção radicular externa em dentes tratados endodonticamente

após tratamento ortodôntico, por meio de análise das imagens das radiografias

panorâmica final digitalizada, convencional periapical digitalizada e digital direta,

como também comparar os métodos radiográficos empregados. Foram

selecionados, após uma avaliação de 2.130 documentações ortodônticas 20 dentes

de pacientes com documentação ortodôntica completa, boas condições de saúde,

faixa etária entre 25 a 50 anos de ambos os sexos e com dentes anteriores (incisivo

central ou lateral) tratados endodonticamente antes da realização do tratamento

ortodôntico. De cada documentação ortodôntica completa foi selecionada a

radiografia panorâmica inicial e final e, posteriormente, foram obtidas duas

radiografias periapicais atuais de cada dente, uma pela técnica convencional e outra

digital direta. Após a obtenção e identificação das radiografias, as imagens da

panorâmica final digitalizada, radiografia periapical convencional digitalizada e digital

direta foram analisadas na tela do computador por três especialistas (endodontista,

ortodontista e radiologista). Estes avaliaram se a reabsorção radicular externa

estava presente ou ausente no dente tratado endodonticamente após tratamento

ortodôntico, bem como compararam os métodos empregados verificando sua

confiabilidade. Os seguintes parâmetros foram observados: a) lesão periapical, b)

espaço pericementário e c) limite do tratamento endodôntico. As observações foram

submetidas à análise estatística chegando-se às seguintes conclusões: 1) A maioria

dos ortodontistas não utiliza radiografias periapicais para avaliar os dentes tratados

endodonticamente antes do tratamento ortodôntico, o que pode comprometer o

andamento e o resultado final do tratamento, visto que a reabsorção radicular não

apresenta um caráter sintomatológico no seu diagnóstico; 2) Quanto à reabsorção

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radicular externa, os examinadores apontaram que houve um incremento desta, na

maioria do tipo suave e localizada na região apical, e que a radiografia digital direta

foi o método radiográfico mais eficiente na determinação deste diagnóstico.

Machado et al. (2009) levando em consideração que a reabsorção radicular é

freqüentemente citada como uma iatrogenia conseqüente do tratamento ortodôntico

que se caracteriza pela movimentação do dente entre o tecido ósseo, realizaram

uma revisão da literatura em bases de dados eletrônicos, sites de busca

relacionados à área de saúde, livros, artigos nacionais e internacionais, e anais de

congressos. Os autores concluíram que as reabsorções dentárias são um problema

iatrogênico, ou seja, preocupante porque algumas vezes estão relacionadas aos

tratamentos ortodônticos e as formas de precauções para futuras complicações, são

de extrema importância para os profissionais de Ortodontia, pois não deve ser

considerada normal ou fisiológica e, sim, aceitável a nível clinico. Por isso, algumas

posturas e condutas dos profissionais, para a realização de uma simples radiografia

periódica de monitoramento e o esclarecimento ao paciente sobre possíveis

alterações durante o tratamento, contribuem para prevenção e melhor tratamento.

Siqueira et al. (2009) estudaram a reabsorção apical após o uso de aparelho

extrabucal (AEB) no tratamento de má oclusão do tipo classe ll, primeira divisão.

Foram avaliadas as radiografias periapicais da região dos primeiros molares

permanentes superiores, bilateralmente, de 19 jovens leucodermas, do gênero

feminino, com idades entre 8 e 10 anos, com má oclusão do tipo Classe II, 1ª divisão

dentária, pré e pós-tratamento com AEB de tração alta durante 12 meses. As 76

radiografias foram divididas em dois grupos, de acordo com o grau de formação

radicular. O grupo A consistiu de 18 radiografias com formação radicular incompleta,

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com exceção da raiz palatina, ao início do tratamento e 18 ao final. O grupo B

consistiu de 20 radiografias com formação radicular completa ao início do tratamento

e 20 ao final. Observou-se que no grupo A ocorreu um aumento significativo dos

comprimentos radiculares, enquanto no grupo B as diferenças dos comprimentos

radiculares não foram significativas. As medidas pós-tratamento no grupo A não

diferiram das medidas pré-tratamento no grupo B, ou seja, os dentes com formação

radicular incompleta ao início do tratamento apresentaram crescimento radicular

normal durante o tratamento ativo. Nesta pesquisa concluíram que o uso do AEB

não influenciou negativamente na formação radicular e não provocou reabsorção

apical nos molares submetidos à ação do aparelho, sugerindo que o AEB não

apresentou riscos à estrutura e formação radicular quando corretamente indicado e

aplicado.

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3. DISCUSSÃO

Prates et al. (1997) e Silva et al. (1997) relataram que a reabsorção só ocorre

devido a interação da biologia individual com as forças mecânicas, e recomendam

ainda, iniciar o tratamento com forças leves para avaliar o limiar reabsortivo de cada

paciente.

Paiva et al. (1998), Prates et al. (1997) e Nouer et al. (1997) foram incisivos

em relatar que a predisposição é um fator a considerar nesta patologia.

Prado (2007) afirmou que fatores locais no periodonto podem causar um

desequilíbrio na homeostase regional, declinando com a remoção dos

cementoblastos que recobrem a raiz, causando a reabsorção.

Caso haja indício de reabsorção, Silva et al. (1997) recomenda parar o

tratamento imediatamente para uma nova reavaliação. Neste caso, Levander et al.

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(1996) e Capelozza Filho et al. (2002) orientam para um período de repouso de 2 a 3

meses para que haja uma reorganização dos tecidos periodontais.

Para Martins et al. (1994), Souza et al. (1999), Teixeira e Zollner (2003) e

Younis et al. (2008) a reabsorção cessa após a remoção do aparelho fixo, podendo

haver apenas uma remodelação apical, e recomenda o ajuste oclusal após 6 meses

da remoção. Para Beviláquia; Santana (1999) períodos de repouso evitam ou

diminuem a reabsorção.

A idade não mostrou-se um fator relevante para Beviláquia e Santana (1999),

Nouer et al. (1997), Souza et al. (1999); já para Silva et al. (1997) pedem atenção

especial no início do tratamento de pacientes adultos , pois a resposta biológica é

mais lenta.

O gênero foi determinante no encurtamento da raiz para Pereira e Monteiro

(1981), Beviláquia e Santana (1999), Silva et al. (1997) e Nouer et al. (1997);

enquanto Silva Filho et al. (1993) e Souza et al. (1999) não detectaram diferença

entre os sexos.

Para Pereira e Monteiro (1981) não houve diferença na reabsorção radicular

entre os tratamentos de pacientes classe l e classe ll. Segundo Pereira e Monteiro

(1981) nos pacientes classe ll, os incisivos superiores reabsorvem mais que os

inferiores. Beviláquia e Santana (1999), Prates et al. (1997) e Souza et al. (1999)

observaram que a mordida aberta agrava, juntamente aliado a interposição lingual.

Na expansão rápida da maxila a reabsorção ocorre mais nos dentes de ancoragem,

segundo Paula et. al. (1999). O uso de AEB (aparelho extra bucal) não trouxe

prejuízos significativos, para Siqueira et al. (2009).

Os incisivos são os dentes mais acometidos segundo Silva Filho et al. (1993),

Silva et al. (1997), Nouer et al. (1997), Souza et al. (1999) e Teixeira e Zollner (2003)

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complementaram os estudos afirmando que dentre eles, os superiores são os mais

vulneráveis. Martins et al. (2005) afirmaram que os incisivos superiores sofrem mais

reabsorção quando o tratamento é feito com extrações. Gadben et al. (2006) não

encontrou diferença significativa na severidade da reabsorção entre os incisivos

centrais e laterais.

Os tipos de movimentos, como os de intrusão e torque, são mais

preocupantes para Prates et al. (1997), Beviláquia e Santana (1999) e Souza et al.

(1999), já para Nouer et al. (1997) este fator não tem valor frente a reabsorção.

Tsubono (2006) ressaltou ainda a importância dos movimentos de vai e vem, e de

tracionamento de canino retido na potencialização do processo.

Dentes com tratamento endodôntico não influenciam a reabsorção segundo

Silva et al. (1997), Valdrighi et al. (1998), Goldner et al. (2002) desde que a

endodontia esteja bem realizada, e sugere um tempo entre os dois tratamentos. Já

Beviláquia e Santana (1999) afirmaram que dentes vitais reabsorvem mais que os

tratados endodonticamente e Prates et al. (1997) observou uma tendência maior

para os dentes com tratamento de canal.

Silva et al. (1997) verificaram que a hipocalcemia pode aumentar a

reabsorção e Beviláquia e Santana (1999) afirmaram que administrar algumas

substâncias sistêmica pode diminuir ou evitar a reabsorção radicular.

Tavares et al. (2002) salientaram a importância de o profissional estar atento, e

orientar o paciente a comunicar qualquer tipo de medicação que está sendo, ou vai

ser utilizado, para evitar surpresas desagradáveis, pois estas substâncias, associada

ao tratamento ortodôntico, podem potencializar a reabsorção radicular.

Situações em que o paciente apresenta encurtamento da raiz antes do

tratamento ortodôntico pode se agravar, segundo Prates et al. (1997). Para Younis

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et al. (2008) o traumatismo dentário é um fator de risco para reabsorção radicular e

dentes traumatizados devem ser monitorados por um período de seis meses, para

depois serem incluídos na mecanoterapia.

A anatomia radicular também foi um fator a ser considerado por Prates et al.

(1997), Beviláquia e Santana (1999), Souza et al. (1999) e Younis et al. (2008)

afirmando que raiz de forma agulhada é um fator agravante. Para Tsubono (2006)

raízes dilaceradas, pontiagudas ou em forma de pipeta são mais propensas. Já,

Marinho e Noel (2007) além da anatomia radicular deve-se dar atenção também

para morfologia da crista alveolar. Outros fatores citados como importante são a

densidade óssea, por Prates et al. (1997) e mal hábito como onicofagia e deglutição

atípica, segundo Paiva et al. (1998).

Silva Filho et al. (2004) observou que o tratamento ortodôntico em dentes com

rizogênese incompleta não prejudicou o término do desenvolvimento radicular e

nem reabsorveu os ápices radiculares.

Para Prates et al. (1997), Teixeira e Zollner (2003) e Tsubono (2006), não

importa o aparelho e sim a potencialidade com que ele é utilizado. Forças

intermitentes ajudam na reorganização do cemento. Para Nouer et al. (1997) e

Teixeira e Zollner (2003) o tempo de tratamento agrava a reabsorção.

Para Silva et al. (1997), Nouer et al. (1997), Chávez (2009) e Machado et al.

(2009) a radiografia periapical deve ser tomada antes, durante e após o tratamento

ortodôntico em todos os casos, pois a reabsorção é uma realidade na maioria dos

pacientes tratados ortodonticamente. Monteleone et. al. (2000) avaliaram que as

radiografias não mostram reabsorções cementárias, mas são eficientes nas

reabsorções dentinárias, lembraram ainda, que as radiografias periapicais são as

melhores para este controle e devem ser feitas com freqüência de 3 meses nos

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pacientes portadores de reabsorções prévias ao tratamento ortodôntico e nos

pacientes que sofreram traumas dentários, nos demais pacientes a radiografia de

controle anual é mais indicada. Capelozza Filho et al. (2002) e Gadben et al. (2006)

sugerem a tomada radiográfica de 6 a 9 meses após o início do tratamento para

avaliar o potencial da reabsorção no paciente ortodôntico. Tavares et al. (2002)

enfatizou a importância do acompanhamento radiográfico, por este ser o único

método de diagnosticar as lesões radiculares.

Consolaro (2007) lembrou que a radiografia panorâmica não é indicada para

avaliação de reabsorção radicular, pois quando se torna possível a sua visualização,

ela já está num estágio mais avançado.

Consolaro (2007) e Freitas (2007) sugeriram o uso de tomografia

computadorizada volumétrica, pois neste método de diagnóstico, a reabsorção pode

ser detectada mais precocemente, visto que com a radiografia periapical, ela só

aparece quando atinge a dentina, que leva aproximadamente de 3 a 6 meses após o

início do tratamento.

Machado et al. (2009) salientou a importância do esclarecimento ao paciente

de possíveis danos causado pela ortodontia.

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4. CONCLUSÃO

Entre os fatores citados neste trabalho, não houve controvérsias em relatar

que a idade não é relevante e raízes afiladas ou dilaceradas são fatores de risco

para desencadear o processo reabsortivo. Já os incisivos superiores foram os

dentes mais acometidos, principalmente quando o tratamento ortodôntico é

associado à exodontias. Algumas doenças sistêmicas como a hipocalcemia podem

aumentar o risco, já dentes com rizogênese incompleta não houve contra indicação

em movimentá-lo, e dente traumatizado, deve-se aguardar 6 meses para depois

incluí-lo na mecânica ortodôntica. Não foi conscenso em associar o gênero, dentes

com tratamento de canal, má oclusão e tipos de movimento com a reabsorção.

Dentre os exames disponíveis no mercado, a tomografia volumétrica (cone

beam) seria o meio mais fiel para diagnosticar a redução apical, pois este exame é

capaz de detectar o processo na sua fase inicial. Já a radiografia periapical é de

grande valia, visto o seu custo frente à tomografia e os detalhes que ela pode nos

fornecer. A radiografia panorâmica não é a mais indicada para este fim, pois quando

a reabsorção aparece neste exame, é porque a lesão está num nível bem avançado.

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Períodos de repouso durante o tratamento são importantes nos casos em que

a reabsorção é diagnosticada para que haja uma reorganização dos tecidos

periodontais e quando o tratamento ortodôntico é encerrado, a reabsorção cessa.

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