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MOTIVOS QUE LEVAM AO DIAGNÓSTICO TARDIO DO CÂNCER SOB A VISÃO DE PACIENTES ATENDIDOS EM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA : RELAÇÃO COM PAPEL DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE REASONS THAT LEAD TO LATE CANCER DIAGNOSIS UNDER THE VISION OF PATIENTS CARRIED OUT IN A FAMILY HEALTH STRATEGY: RELATIONSHIP WITH THE ROLE OF NURSING IN THE PREVENTION AND PROMOTION OF HEALTH Carolina dos Santos Morgado –[email protected] Leticia Pinhel Costa – [email protected] Lilia Reis – [email protected] Graduandos em Enfermagem – UNISALESIANO Lins Profª Ma. Daniela da Silva Garcia Regino – UNISALESIANO Lins – [email protected] Profª Ma Jovira Maria Sarraceni – UNISALESINAO Lins – [email protected] RESUMO O Câncer ou célula neoplásica é definido como uma proliferação celular descontrolado independente do controle fisiológico com efeitos agressivos sobre o hospedeiro. O diagnóstico tardio acontece por variados motivos podendo tornar o tratamento mais difícil diminuindo a sobrevida do paciente, assim as atividades da enfermagem para mudar esse quadro será com foco na prevenção e detecção precoce. A Estratégia de Saúde da família (ESF) foi fundada como modelo pra reorganizar e reorientar a atenção básica de saúde seguindo normas e diretrizes do SUS. O papel fundamental dessa estratégia é a prevenção, promoção e educação em saúde num contexto familiar e individual numa determinada área demográfica bem definida e com maior vulnerabilidade. Este estudo com abordagem qualitativa teve por objetivos analisar os motivos que levam os paciente são diagnostico tardio sob a visão dos pacientes atendidos nas ESFs e a relação que a enfermagem na promoção e prevenção de saúde. Os dados foram coletados através de entrevista semi estruturada gravada. Após a análise, emergiram as categorias temáticas: os primeiros sintomas; O tempo para o

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MOTIVOS QUE LEVAM AO DIAGNÓSTICO TARDIO DO CÂNCER SOB A VISÃO DE PACIENTES ATENDIDOS EM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA :

RELAÇÃO COM PAPEL DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO E PROMOÇÃO DA SAÚDE

REASONS THAT LEAD TO LATE CANCER DIAGNOSIS UNDER THE VISION OF PATIENTS CARRIED OUT IN A FAMILY HEALTH STRATEGY: RELATIONSHIP

WITH THE ROLE OF NURSING IN THE PREVENTION AND PROMOTION OF HEALTH

Carolina dos Santos Morgado –[email protected] Pinhel Costa – [email protected]

Lilia Reis – [email protected] em Enfermagem – UNISALESIANO Lins

Profª Ma. Daniela da Silva Garcia Regino – UNISALESIANO Lins – [email protected]

Profª Ma Jovira Maria Sarraceni – UNISALESINAO Lins – [email protected]

RESUMO

O Câncer ou célula neoplásica é definido como uma proliferação celular descontrolado independente do controle fisiológico com efeitos agressivos sobre o hospedeiro. O diagnóstico tardio acontece por variados motivos podendo tornar o tratamento mais difícil diminuindo a sobrevida do paciente, assim as atividades da enfermagem para mudar esse quadro será com foco na prevenção e detecção precoce. A Estratégia de Saúde da família (ESF) foi fundada como modelo pra reorganizar e reorientar a atenção básica de saúde seguindo normas e diretrizes do SUS. O papel fundamental dessa estratégia é a prevenção, promoção e educação em saúde num contexto familiar e individual numa determinada área demográfica bem definida e com maior vulnerabilidade. Este estudo com abordagem qualitativa teve por objetivos analisar os motivos que levam os paciente são diagnostico tardio sob a visão dos pacientes atendidos nas ESFs e a relação que a enfermagem na promoção e prevenção de saúde. Os dados foram coletados através de entrevista semi estruturada gravada. Após a análise, emergiram as categorias temáticas: os primeiros sintomas; O tempo para o agendamento da consulta nas USF é o tempo para o diagnostico; Outros motivos colaboradores para o diagnóstico tardio na perspectiva do paciente; Motivos relacionados as ações de enfermagem atuantes em ESF as quais contribuíram para a demora do diagnostico sob a visão do paciente. A pesquisa mostrou como resultado, que um dos motivos para o diagnostico tardio é insignificância que o paciente dá aos primeiros sintomas principalmente quando são leves, e as ações de enfermagem não são reconhecidas pelos pacientes sendo inexistente a relação entre paciente e enfermeiro.

Palavras-chave: Oncologia. Estratégia de Saúde da Família. Diagnóstico tardio.Câncer.

ABSTRACT

Cancer or neoplastic cell is defined as an uncontrolled cellular proliferation independent of the physiological control with aggressive effects on the host. Late diagnosis occurs for a variety of reasons, making it more difficult to reduce the patient's survival, so the nursing activities to change this situation will focus on prevention and early detection.The Family Health Strategy (ESF) was founded as a model for reorganizing and reorienting basic health care following SUS guidelines and guidelines. The key role of this strategy is prevention, promotion and health education in a family and individual context in a given well defined and more vulnerable demographic area. The aim of this qualitative study was to analyze the reasons that lead the patients to the late diagnosis under the view of the patients attending the FHTs and the relation that the nursing in the promotion and prevention of health. Data were collected through a semi-structured interview. After the analysis, the thematic categories emerged: the first symptom; The time for scheduling the consultation in the FHU is the time for the diagnosis; Other collaborating reasons for the late diagnosis from a patient perspective; Reasons related to the actions of nursing acting in FHT which contributed to the delay of the diagnosis under the patient's vision. The research showed as a result that one of the reasons for late diagnosis is insignificance that the patient gives the first symptoms mainly when they are mild, and the nursing actions are not recognized by the patients being non-existent the relationship between patient and nurse.

Keywords: Oncology. Family Health Strategy.Late diagnosis. Cancer.

INTRODUÇÃO

A Oncologia estuda o processo de uma célula cancerígena se desenvolver e

todo seu processo, a palavra Oncologia tem origem em duas acepções, na palavra

grega “onkos” (onco), significa massa, tumor, e no termo “logia”, o estudo destes

tumores, a Oncologia também é conhecida no Brasil como Cancerologia, e outra

nomenclatura de grande importância diferenciar é entre um tumor e câncer, o

primeiro é qualquer lesão com consequência de um aumento de volume, e o

segundo já pode ser considerado uma neoplasia maligna (INSTITUTO ONCOGUIA,

2015; SCHNEIDER; BARROS, 2013).

Com base no documento World cancerreport 2014 da InternationalAgency for

ResearchonCancer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde (OMS), é

inquestionável o câncer ser um problema de saúde pública, especialmente entre os

países em desenvolvimento, a estimativa para o Brasil, em 2016 – 2017, aponta

cerca de 600 mil casos novos de câncer, excetuando-se o câncer de pele não

melanoma (aproximadamente 180 mil), ocorrerão cerca de 420 mil casos novosde

câncer. O perfil epidemiológico observado dentro da América Latina e do Caribe,

onde os cânceres de próstata (61 mil), e mama (58 mil), em mulheres serão os mais

frequentes. Sem ter em conta os casos de câncer de pele não melanoma, os tipos

mais frequentes em homens serão próstata (28,6%), pulmão (8,1%), intestino

(7,8%), estômago (6,0%) e cavidade oral (5,2%). Nas mulheres, os cânceres de

mama (28,1%), intestino (8,6%), colo do útero (7,9%), pulmão (5,3%) e estômago

(3,7%) (INCA, 2016).

Mesmo sendo uma doença causadora de um grande impacto na vida do

individuo quando descoberta, ela pode ser menos destrutiva quando diagnosticada

precocemente, o que aumenta o sucesso no tratamento e reduz as taxas de

mortalidade, porém a população do cenário atual de um cotidiano multitarefado

alguns sinais de alarme para o câncer que o organismo pode mostrar são ignoradas

e passam dispersas, resultando na impossibilidade do diagnostico precoce (INCA,

2016).

Desta forma o paciente com Câncer requer um amplo apoio, por motivos de

grande impacto que a doença pode causar, como mudanças em relações sociais,

familiares e consigo mesmo, e ainda enfrentar as etapas no processo de tratamento,

exigindo da equipe de enfermagem um amplo conhecimento cientifico e habilidades

para o reconhecimento de sinais e ou sintomas próprios deste paciente e uma

assistência humanizada, tendo o enfermeiro como um importante membro da equipe

básica multidisciplinar, para lidar em frente a essas situações (SILVA et al., 2011;

SOUZA, VALADARES, 2011).

Levantando a seguinte hipótese norteadora deste trabalho que supôs que o

não desenvolvimento eficaz do trabalho da enfermagem na promoção e prevenção

da saúde na Estratégia de saúde da família poderá vir a colaborar para o diagnóstico

tardio dos diferentes tipos de câncer que atingem a população. Visto que a

Enfermagem tem o papel de articular estratégias, orientação e prevenção a saúde

do individuo e da comunidade interferindo diretamente no bem estar, e isso poderá

ser eficaz ou não dependendo assim das ações da enfermagem. E através do

vínculo do enfermeiro com o usuário, assim concentrando esforços para prevenção

de doenças como o câncer, quebrando tabus, mitos e preconceitos provocados pela

doença por ser tão temida e pelo estigma de morte causado pela mesma, mostrando

assim os benefícios da prevenção ( INCA, 2012).

Portanto, observa-se a importância da pesquisa em questão, e a escolha por

sua realização surgiu a partir da visualização da literatura científica que trás dados

relevantes sobre a ocorrência de diagnósticos tardios de câncer, podendo levar uma

grande gama de pessoas a óbito, a importância da realização de diagnóstico

precoce e sobre as ações de enfermagem relacionadas a promoção e prevenção

podendo colaborar ou não para um diagnóstico tardio.

1. Objetivos da Estratégia de Saúde da Família

A ESF tem como objetivo realizar dentro da prática assistencial a

reorganização, aplicando-se os princípios, diretrizes e fundamentos da atenção

básica servida pela ESF como uma expansão e qualificação desta, substituindo

assim o modelo tradicional quando era apenas focado no tratamento das doenças, e

terá ações com base na integralidade, resolutividade e intersetorialidade. (COSTA,

CARBONE 2009; MAGALHÃES, 2011)

Sendo centrada a atenção na Família, com olhar amplo em todo o ambiente físico e

social familiar, possibilitando a Equipe compreender o processo saúde /doença e a

necessidade de intervenções irem além das praticas dos curativos. (MAGALHÃES,

2011)

Sendo estabelecido humanizar as práticas, criar um vínculo entre os profissionais de

saúde e a população que contribuirá para intervir sobre os fatores de risco no qual a

população esta exposta, com o objetivo de organizar a comunidade. (COSTA,

CARBONE; 2009)

A ESF tem como principio: o trabalho em equipe interdisciplinar; conhecer as

características da clientela para solucionar o problema de saúde da comunidade; e a

colaboração entre os diferentes setores (intersetorialidades). (COSTA;

CARBONE;2009)

2. PACIENTES ONCOLÓGICOS EM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA

A ESF prevê o desenvolvimento de praticas educativo em saúde voltada para

melhoria do autocuidado dos indivíduos, a equipe deverá trabalhar essa educação

tanto para população sadia como para os que estão doentes. Tendo foco na

prevenção e controle, e não se esquecendo de que pode ser trabalhado tanto em

grupo especifico como individual e sempre respeitando e conhecendo os hábitos da

família, suas crenças para saber como conscientizá-las. (SANTOS, 2011)

Assim as atividades da ESF relacionadas ao Câncer serão de programas de

prevenção e detecção precoce das patologias de índices mais elevados e

frequentes, cabe ressaltar que um paciente oncológico a doença atinge a família e

amigos, e que gera gastos monetários e uma porção de dúvidas ao paciente perante

as varias fases do tratamento e um enorme desgaste emocional. (MARTINS;

MADRUGA, 2014)

No Brasil o diagnóstico de câncer é ainda descoberto em fases tardia da doença, e

que são necessários exames do nível terciário de assistência e tratamentos mais

agressivos para controlar a doença, podendo constitui em tratamentos paliativos da

doença. (SIMINO, 2009)

O fato da descoberta em fase tardia da doença,é influenciado por aspectos

culturais, social, higiênicos, hábitos cotidianos da família e o conhecimento do

individuo, e segundo Simino(2009), foi levantado o perfil de trabalhadores de ESF

que pode ser considerado “ideal’’ para atuar de forma eficiente como, o bom

relacionamento, comunicação, disponibilidade e dedicação que devem atender a

população em suas necessidades.

Segundo Simino (2009) os cuidados pós-tratamento, apesar de serem feitos

em ambulatórios e hospitais oncológicos deveriam também ser realizados pelos

níveis primários e secundários de atenção a saúde, e outros cuidados como

relacionados à comorbidades anteriores aos diagnósticos de câncer, a realização de

curativos e o uso de tecnologias de relação que é a escuta, o acolhimento e todas as

formas que propicie um vínculo com o paciente oncológico.Mas para que aconteça

todo esse processo é necessário capacitar os profissionais por meio de formação

contínua, disponibilizar recursos e materiais, levando-se em conta a realidade local e

envolver os tipos de cânceres mais prevalentes e incidentes. (SIMINO, 2009)

A prevenção em oncologia encontra-se em nível primário que é anterior à doença e

que são medidas inespecíficas contra riscos e danos ao individuo e divide-se nas

ações de promoção, e ações de proteção especificas contra fatores de risco; e o

nível secundário que é feito o rastreamento em indivíduos assintomáticos e que

permite o diagnóstico precoce, como os examescolpocitologiae a mamografia

(CESTARI; ZAGO, 2005).E o nível terciária que são ações voltadas para eliminar e

ou anular a invalidez decorrente da doença e sua reabilitação (TONANI, 2007).

Os programas que tem maior participação da enfermagem na prevenção e detecção

do câncer é o de colo uterino e mama, as campanhas anti- tabagismo para o

controle no câncer de pulmão (CARVALHO; TONANI; BARBOSA, 2005).

Mas quanto em relação ao tratamento ou processo de reabilitação para o

controle do câncer como, por exemplo, o manejo a dor, existe uma grande barreira

que a equipe enfrenta, como a capacitação dos profissionais, articulação entre os

diferentes níveis de atenção á saúde, avaliação inadequada da dor, o conhecimento

de analgésico insuficiente e a disponibilidade deles gratuitamente e outro fator é por

estarem estruturado em nível terciário em grande demanda, é um desafio para a

melhoria da assistência (SIMINO,2009; CARVALHO, TONANI, BARBOSA, 2005).

3. MÉTODOS E TÉCNICAS

O presente estudo foi contextualizado no Município de Lins, localizado na

região centro oeste do estado de São Paulo, como participantes da pesquisa, foram

selecionados indivíduos cadastrados em ESFs do município citado, maiores de 18

anos, de ambos os gêneros e diferentes classes sociais e apresentaram diagnostico

tardio de câncer caracterizado, segundo os estudos identificados como o de Santos

(2012), que considerou em seu trabalho diagnóstico tardio quando o paciente

procurou o serviço de saúde após apresentar o inicio dos sintomas com mais de três

semanas, sendo a recomendação dos serviços de Saúde Pública os pacientes

apresentando “feridas ou úlceras” não cicatrizantes por um período de duas

semanas devem procurar atendimento em algum Posto de Saúde.

A definição do número de participantes seguiu o critério de saturação de

dados em pesquisa qualitativa. Para fazer parte do estudo, os participantes foram

consultados quanto ao interesse e disponibilidade, assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido;as informações foram coletadas através de

entrevista semiestruturada gravada, a opção por este tipo de coleta de dados se faz,

ao admitir por meio do discurso, ser o modo natural das pessoas pensarem, se torna

possível o acesso aos dados da realidade de caráter subjetivo, com a profundidade

pretendida (FONTANELLA, 2008;TRIVIÑOS, 2009).

Foi feita a Análise Temática ao recortar a partir do conteúdo das mensagens

obtidas, as unidades de registro permite descobrir os núcleos de sentido os quais

compõem a investigação, cuja presença signifique o objeto analítico visado, por

temas de análise (MINAYO, 2007; BARDIN, 2011).

RESULTADOS

Durante o levantamento de dados pode-se alcançar um número total de 07

participantes atendendo aos critérios de inclusão, a faixa etária varia de 44 a 74

anos sendo, quatro do sexo feminino e dois do sexo masculino, quanto ao tipo de

câncer três dos participantes tem câncer de mama e um com câncer renal, um

apresenta tumor de laringe e o outro com tumor no intestino grosso (cólon

transverso).

Os primeiros sintomas, três dos pacientes apresentaram sinais bem

característico do câncer como eritema no mamilo direito, hemorragia intensa pelo

reto, os demais pacientes apresentaram sintomas leves como enjoos (náuseas),

dispepsia e pirose (queimação) no esôfago, estomago e pequenas dores, que não

deram a verdadeira significância para os mesmos. Outra questão mencionada foi o

tempo levado para o agendamento da consulta nas Unidades de Saúde da Família

após os primeiros sintomas. Observou-se nos relatos que a consulta ocorreu com no

mínimo um mês (30 dias) após o inicio dos sintomas havendo como motivo aparente

questão relacionadas ao processo de agendamento de consulta na Atenção Básica,

ou por demora do próprio paciente em procurar o serviço de saúde por falta de

esclarecimento suficiente sobre a doença e seus sintomas. Sobre os fatores que

colaboraram para o diagnostico tardio, houve variadas respostas. A paciente que

apresentou câncer de mama, no inicio do processo de diagnóstico a doença foi

considerada apenas como um nódulo sebáceo sem risco aparente, não ocorrendo

um aprofundamento no diagnóstico pelos médicos que não levantaram a suspeita de

câncer. Outro fator contribuintepercebido nos relatos foi o baixo nível de

conhecimento sobre a doença e seus sintomas, isso dificulta compreender as

informações, os avisos e sinais que o organismoalerta que acabam por passarem

despercebidos.

Em outros momentos existem alguns tipos de cânceres que contribui para o

diagnostico tardio como foi o câncer do colo retal diagnosticado em um dos

participantes. Neste tipo de manifestação da doença, cerca de 55 a 70% recebem o

diagnostico tardio podendo contribuir para a piora do prognostico (SOUZA, 2016).

Ao questionarmos sobre quais os motivos considera relacionados as

ações da enfermagem da ESF, contribuíram para a demora do diagnóstico, os

relatos nos remetem a uma realidade onde a Enfermagem apresentou pequena

contribuição para a realização do diagnóstico precoce, pois a mesma ficou limitada a

ações como agendamento de consultas para encaminhar o paciente aos serviços

especializados exercendo a função gerencial e burocratica. Observaram-se as ações

de Promoção e Prevenção em saúde podem ser realizadas pela Enfermagem não

aparecem nos relatos dos pacientes, ao contrário, os mesmo colocam o contato com

a Enfermagem nas ESFs, onde se consultam, foi pouco, antes do aparecimento da

doença e as orientações, informações e esclarecimentos como forma de educação

em saúde para prevenção do câncer no geral não aconteceram. Na maioria dos

casos, o acesso as informações só veio após diagnosticados sendo através do

médico das ESFs ou do médico e da Enfermagem dos locais de tratamento

especializado para onde o paciente foi encaminhado como por exemplo o Hospital

de Jaú, Amaral Carvalho, sendo referência para o tratamento de câncer para a

região do Município de Lins.

As intervenções no controle do câncer devem ser contempladas em todos os

níveis de atenção e a assistência prestada pela equipe multiprofissional, da qual a

enfermagem é integrante com bases técnico-cientifico para desenvolver e trabalhar

a educação em saúde com intuito de fazer a prevenção,promoção e esclarecimento

de dúvidas (CAVALCANTE et al, 2013). Porém, cabe ressaltar e levar em conta se o

usuárioé pouco assíduo da ESF, mas isso não modifica caso a enfermagem cuida

da parte mais burocrática do que assistencial tendo assim a distancia a mais do

paciente.

Em pesquisa semelhante, Santos e Ribeiro (2010), analisou o conhecimento

que os entrevistados possuíam acerca da função da enfermagem na ESF.

Constatou-se que os entrevistados apresentaram o conhecimento do trabalho da

enfermagem mencionando as seguintes funções: encaminhamento, ações de

prevenção, grupos e a consulta de enfermagem, assim como outras; não ocorrendo

o mesmo na presente pesquisa, em que os pacientes não reconheceram o papel da

Enfermagem.

O paciente oncológico passa por completa mudança nas relações pessoais e

as interrupções nos projetos de vida, portanto é necessário haver uma assistência

humanizada, o profissional se colocar no lugar do outro pode ser um exercício e

acreditar que não é lidar com apenas a doença e sim com um ser humano que não

perdeu a sua essência e precisa ser encorajado a se adaptar as novas condições

(MORENO, 2016).

A capacitação desses profissionais para estabelecer um cuidado humanizado

junto com os saberes cientifica os levará a ter consciência da sua real função para

um reconhecimento profissional (SANTOS; RIBEIRO, 2010).

3. CONCLUSÃO

Tendo em vista os objetivos desta pesquisa, buscou levantar dados após

coleta, conforme o resultado obtido, a partir de uma analise qualitativa e com base

nas entrevistas, que visa investigar a percepção dos pacientes oncológicos do ESF

frente à descoberta do câncer tardio, mostrando o inicio dos sintomas, e o tempo

que levou para o diagnóstico exato. Analisando a relação que o enfermeiro obtém

frente a um diagnóstico dos mesmos, se foi efetivo na comunicação sobre o respeito

de pacientes da ESF que são diagnosticados com câncer, bem como identificar

alguns fatores que possam estar associados ao diagnostico tardio. A partir do ponto

de vista qualitativo, foram analisados alguns aspectos relevantes para esta

conclusão.

Entretanto com a pesquisa realizada, observamos que sinais e sintomas

comuns que o câncer pode apresentar, os pacientes relataram passar

despercebidos quando ainda não diagnosticados, e que só quando em estágios

mais severos quando os sinais e sintomas são bem mais graves é que houve a

procura do serviço de saúde.

Por meio do estudo realizado foi possível verificar que os enfermeiros

atuantes no ESFssão poucos reconhecidos, as ações de prevenção e promoção não

são intensificadas e que ainda a parte burocrática é mais exercida. A falta de

clareza quanto ao conceito de comunicação, para efetivar as ações preventivas.

Sendo mais referenciado pelos pacientes que são mais informados sobre seu

diagnostico em nível hospitalar quando já está em tratamento o melhor

acompanhamento.

Torna-se evidente que, apesar das ações de educação em saúde

desenvolvidas pelos profissionais enfermeiros das ESFs, não são realizadas as

ações preventivas com clareza e reconhecimento da comunidade.

O estudo proporcionou não só uma reflexão sobre o tema abordado, como

também tornou explicita a necessidade do trabalho do Enfermeiro na educação em

saúde para a população junto com a sua equipe, levando mais conhecimento e

orientação aos usuários da ESF através de palestras, campanhas e promover

reuniões periódicas que relaciona o câncer e a importância da prevenção e

diagnostico precoce.

REFERÊNCIAS

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