uso de cÉlulas tronco mesenquimais, derivadas de tecido adiposo, na reparaÇÃo da...
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária
Programa de Pós-Graduação em Saúde Animal
USO DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS, DERIVADAS
DE TECIDO ADIPOSO, NA REPARAÇÃO DA OSTEOTOMIA
APÓS AVANÇO DA TUBEROSIDADE TIBIAL EM CÃES
CLARISSA ROCHA DOS SANTOS
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM SAÚDE ANIMAL
BRASÍLIA/DF
JUNHO/2017
ii
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
FACULDADE DE AGRONOMIA E MEDICINA VETERINÁRIA
USO DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS, DERIVADAS
DE TECIDO ADIPOSO, NA REPARAÇÃO DA OSTEOTOMIA
APÓS AVANÇO DA TUBEROSIDADE TIBIAL EM CÃES
Clarissa Rocha dos Santos
ORIENTADOR: Eduardo Maurício Mendes de Lima
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM SAÚDE ANIMAL
PUBLICAÇÃO: 143/2017
BRASÍLIA/DF
JUNHO/2017
iv
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E CATALOGAÇÃO
SANTOS, C. R. Uso de células tronco mesenquimais, derivadas de tecido adiposo, na
reparação da osteotomia após avanço da tuberosidade tibial em cães. Brasília: Faculdade de
Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, 2017, 63p. Dissertação de
Mestrado.
Documento formal, autorizando reprodução desta dissertação de mestrado para empréstimo ou comercialização, exclusivamente para fins acadêmicos, foi passado pelo autor à Universidade de Brasília e acha-se arquivado na Secretaria do Programa. O autor reserva para si os outros direitos autorais, de publicação. Nenhuma parte desta dissertação de mestrado pode ser reproduzida sem a autorização por escrito do autor. Citações são estimuladas, desde que citada a fonte.
FICHA CATALOGRÁFICA
Santos, Clarissa Rocha dos Santos
Uso de células tronco mesenquimais, derivadas de tecido
adiposo, na reparação da osteotomia após avanço da tuberosidade
tibial em cães. Clarissa Rocha dos Santos, orientação de Eduardo
Maurício Mendes de Lima
- Brasília, 2017. 63p.: il.
Dissertação de Mestrado (M) – Universidade de Brasília/Faculdade
de Agronomia e Medicina Veterinária, 2017.
1.Avanço da tuberosidade tibial. 2.Células-tronco. 3.Ligamento
cruzado. 4. joelho. I. Lima, E.M.M. II. Uso de células tronco
mesenquimais, derivadas de tecido adiposo, na reparação da
osteotomia após avanço da tuberosidade tibial em cães.
v
DEDICATÓRIA
Aos meus dois amores, Felipe Romão e Maria Luiza, motivos de alegria e meus
incentivos diários em melhorar sempre. À minha família, fonte de amor e carinho para continuar
sempre. A todos os meus pacientes, alicerces da minha busca constante pelo conhecimento e
profissionalismo.
vi
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pelo privilégio de desfrutar do melhor dos experimentos, minha
vida.
Aos meus pais, Lucia Maria e Romoaldo Wellington, que além me trazerem a este mundo,
foram também responsáveis por tudo que sou hoje. Aos pais que a vida me deu, Ana Amélia e
Francisco de Assis, a chegada de vocês tornou-se uma benção em nossas vidas.
Ao meu namorado e companheiro, Felipe Romão, por estar sempre ao meu lado,
independente das condições que a vida nos impõe. Eu amo você!
Ao meu pequeno pedaço, fonte inesgotável de amor e carinho, Maria Luiza. Mais do que
filha, minha inspiração e motivo para sempre ser melhor.
Aos meus irmãos, Maria Clara, Lucas, Kamila e Paula. Por me terem como modelo e por
serem meu orgulho.
Aos meus sogros e cunhada, Sílvia, Eliton e Gabi. Obrigada por não desistirem de mim e
acreditarem no meu potencial em todos os sentidos.
À minha família e amigos, vocês são presentes de Deus, e estão sempre em meus
pensamentos e orações.
Ao meu orientador/professor, Eduardo Maurício, primeiramente por ter aceitado a
orientação desse trabalho e paciente e compreensivelmente ter me dado oportunidades de corrigi-
lo. Obrigada pela orientação pessoal e bons conselhos.
Ao professor e mestre, Richard Filgueiras, pela confiança depositada em mim para a
realização do experimento, além de todo conhecimento compartilhado ao longo desses anos.
Exemplo de profissional e inspiração para a carreira de ortopedista.
À Biocell, através da Patrícia Malard, que aprovou, incentivou e contribuiu diretamente
com a realização desse experimento.
Ao Hospital Veterinário Dr. Antônio Clemenceau, que na figura do Dr. Richard, cedeu suas
instalações para a realização de toda a parte prática do experimento.
Aos colegas, Kaique e Carol e as amigas Priscilla Gonçalves e Luana Paes, pela ajuda e
contribuição com a avaliação das imagens.
A todos os proprietários que gentilmente confiaram e autorizaram a participação dos seus
animais nesse projeto.
vii
“Temos de fazer o melhor que podemos. Esta é a nossa sagrada responsabilidade humana.”
Albert Einstein
viii
ÍNDICE
Página
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ........................................................................................................x
LISTA DE TABELAS ..............................................................................................................xiv
LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................................. xv
RESUMO ............................................................................................................................... xvi
ABSTRACT ........................................................................................................................ xviii
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1
REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 3
1. LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL ................................................................................. 3
2. TÉCNICAS CIRÚRGICAS DE CORREÇÃO ...................................................................... 6
2.1. Técnicas intracapsulares ................................................................................................ 7
2.2. Técnicas extrascapsulares .............................................................................................. 8
2.2.1. Sutura fabelo-tibial ................................................................................................. 8
2.2.2. Osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO) ................................................ 8
2.2.3. Avanço da tuberosidade tibial (TTA)...................................................................... 9
3. AVANÇO DA TUBEROSIDADE TIBIAL (TTA).............................................................. 10
3.1. Escolha da técnica ....................................................................................................... 11
3.1.1. Ponto de inserção do tendão patelar alto e baixo .................................................. 11
3.1.2. APT aumentado .................................................................................................. 12
3.1.3. Deformidades angulares e torções dos membros .................................................. 12
3.1.4. Tamanho do paciente .......................................................................................... 13
3.2. Planejamento cirúrgico ................................................................................................ 13
3.2.1. Posicionamento radiográfico pré-operatório ........................................................ 13
3.2.2. Definição do platô tibial ...................................................................................... 14
3.2.3. Escolha do cage .................................................................................................. 15
3.2.4. Escolha da placa .................................................................................................. 17
3.2.5. Procedimento cirúrgico ....................................................................................... 18
3.2.6. Pós-operatório ..................................................................................................... 19
ix
4. USO DAS CÉLULAS-TRONCO ....................................................................................... 19
4.1. Células-tronco mesenquimais (CTMs) .......................................................................... 19
4.2. Colheita, isolamento e caracterização .......................................................................... 19
4.3. Células-tronco na reparação óssea ............................................................................... 20
4.4. Uso das células-tronco de origem do tecido adiposo .................................................... 22
MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................................... 23
1. AVALIAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS ............................................................ 23
2. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS – PRÉ-OPERATÓRIO/PÓS-OPERATÓRIO ............ 23
2.1. Procedimento de analgesia e anestesia ......................................................................... 23
2.2. Procedimento cirúrgico ............................................................................................... 23
2.3. Cuidados pós-operatórios ............................................................................................ 26
2.4. Análise radiográfica .................................................................................................... 26
2.5. Diferenciação osteogênica ........................................................................................... 27
2.6. Densidade das trabéculas ósseas dispostas na substância esponjosa ............................. 28
2.7. Análise estatística ........................................................................................................ 30
RESULTADOS ........................................................................................................................ 31
1. AVALIAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS ............................................................ 31
2. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS – PRÉ-OPERATÓRIO E PÓS-OPERATÓRIO ......... 31
2.1. Procedimento cirúrgico ............................................................................................... 31
2.2. Complicações pós-operatórias ..................................................................................... 32
2.3. Análise radiográfica .................................................................................................... 33
3. DENSIDADE DAS TRABÉCULAS ÓSSEAS DISPOSTAS NA SUBSTÂNCIA
ESPONJOSA ..................................................................................................................... 35
DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 36
CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 39
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 40
ANEXOS .................................................................................................................................. 43
x
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - (A) Fotografia e (B) desenho de um joelho flexionado de um cão. Vista cranial após
remoção da gordura infrapatelar. 1a: banda caudolateral do LCC; 1b: banda craniomedial do
LCC; 2: ligamento cruzado caudal; 3: menisco medial; 4: menisco lateral; 5: tendão do
músculo extensor digital longo; 6: côndilo femoral medial (Muir et al. 2010) ......................... 4
Figura 2 - (A) Posicionamento para realizar teste de gaveta. Deve-se colocar o dedo indicador na
crista tibia e odedo polegar na cabeça da fibula, e a com a outra mão o dedo indicador apoiado
na patela e o dedo polegar na fabela lateral. (B) Posicionamento para realizar teste de
compressão tibial. Deve-se colocar um dedo indicador na crista tibial para determinar se o
deslocamento cranial da tíbia ocorre quando o jarrete é flexionado com a outra mão (Muir et
al. 2010) ................................................................................................................................. 6
Figura 3 - Representação esquemática das forças tibiofemorais da articulação de um joelho antes
(A) e após (B) a osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO). Para aplicação dessa
técnica considera-se que a força de reação articular (seta rosa) na articulação do joelho é
aproximadamente paralela ao eixo longitudinal da tíbia. (A): Em um joelho com RLCC a
força de reação articular pode ser dividida em um componente de cisalhamento tibiofemoral
dirigido cranialmente, paralelo ao platô tibial (seta amarela) e uma força de compressão
articular, perpendicular ao platô tibial (seta amarela). (B): Após nivelar o platô tibial, o vetor
de força de cisalhamento tibiofemoral torna-se zero, e a força de compressão articular e a
força resultante tornam-se uma só (Setas rosa e amarela) (Muir et al. 2010)............................ 9
Figura 4 - Representação esquemática das forças tibiofemorais da articulação de um joelho antes
(A) e após (B) o avanço da tuberosidade tibial (TTA). Para aplicação dessa técnica considera-
se que a força de reação articular (seta rosa) é aproximadamente paralela ao tendão patelar.
(A): No joelho com RLCC a força de reação articular pode ser dividida em um componente
de cisalhamento tibiofemoral dirigido cranialmente (seta amarela) e uma força de compressão
articular perpendicular ao platô tibial (seta amarela). (B): Ao avançar a tuberosidade tibial
cranialmente, o tendão da patela torna-se perpendicular ao platô tibial. A força de reação
articular (seta rosa), portanto, torna-se perpendicular ao platô tibial durante o suporte de peso
xi
e, portanto, se iguala a força de compressão articular (seta amarela) e o deslocamento tibial
cranial é eliminado (Muir et al. 2010) ................................................................................... 10
Figura 5 - Radiografias laterais da articulação do joelho demonstrando a variação entre os pontos
de inserção do tendão patelar na tuberosidade tibial. (A) tuberosidade tibial com ponto de
inserção baixo, e (B) tuberosidade tibial com ponto de inserção alto. A posição do cage é
demonstrada pelas setas com duas pontas (Muir et al. 2010) ................................................. 11
Figura 6 - Radiografias médio-laterais do joelho de um cão demonstrando diferenças no APT.
Em (A) é considerado excessivo com 43° e em (B) dentro do limite normal com 25°. Se
comparada com (B), a inclincação do APT em (A) coloca a articulação numa posição
relativamente de hiperextensão e a TTA não corrige essa alteração, pois o APT permanece
inalterado (Boudrieau 2009). ................................................................................................ 12
Figura 7 - Ângulo de flexão do joelho (AFJ): Imagem radiográfica médiolateral do joelho de um
cão demontransdo que o AFJ é medido na intersecção de uma linha que se origina do ponto
médio do fêmur ao nível do trocânter menor e se estende até a eminência intercondilar e uma
linha que se origina no ponto médio mais distal na tíbia até a eminência intercondilar
(Cadmus et al. 2014)............................................................................................................. 14
Figura 8 - O platô tibial é definido por uma linha que une pontos em suas margens articulares
cranial e caudal (círculos laranjas). O ângulo do tendão patelar de 90° é estabelecido
estendendo-se uma linha que é perpendicular ao platô tibial até o ponto de origem do tendão
patelar ao longo da borda cranial da patela (Cadmus et al. 2014). ......................................... 15
Figura 9 - Imagem radiográfica mediolateral do joelho de um cão demonstrando o uso da
sobreposição transparente para planejar o tamanho do cage. A sobreposição transparente foi
usada de acordo com as instruções do fabricante (Cadmus et al. 2014) ................................. 16
Figura 10 - Imagem radiográfica mediolateral do joelho de um cão demonstrando como
determinar o avanço necessário e, assim, o tamanho do cage, dentre os tamanhos 6, 9 e 12
mm, para o TTA. Observe que os pontos de referência utilizados são os pontos de inserção
xii
dos ligamentos cruzados cranial e caudal (setas laranjas), a margem cranial da patela (seta
azul) e a tuberosidade tibial (seta preta) (Hoffmann et al. 2006) ............................................ 17
Figura 11 - (A) Na maioria dos cães a placa pode ser alinhada paralelamente à borda cranial da
crista da tíbia (setas superiores), o que resulta em uma localização ligeiramente cranial da
extremidade distal da placa (setas inferiores); (B) Em alguns cães a crista tibial não é tão
proeminente distalmente e, portanto, o alinhamento do molde (e placa) paralelo à crista da
tíbia (pontas das setas superiores) resultará em um alinhamento mais caudal da porção distal
da placa em relação ao eixo central da tíbia antes do avanço (setas inferiores); (C) Alinhar o
molde (e a placa) de modo que o aspecto proximal esteja posicionado mais caudalmente (seta
curta superior) resultará em um alinhando ligeiramente cranial da porção distal da placa ao
longo do eixo tibial (setas inferiores), esta é a posição desejada; (D) Radiografia pós-
operatória mostrando a posição da placa (comparar com C; seta curta superior), após a TTA, a
porção distal da placa se move caudalmente (setas inferiores) e agora repousa mais uma vez
ao longo do eixo tibial (Lafaver et al. 2007). ......................................................................... 18
Figura 12 – Fotografia crânio-medial demonstrando aplicação percutânea de células-tronco no
sítio de osteotomia utilizando seringa de 1 ml e agulha hipodérmica 30X8, 8 dias após o
procedimento cirúrgicos ....................................................................................................... 25
Figura 13 - Modelo esquemático demontrando (A) Posição da osteotomia e (B) Ilustração pós-
operatória da TTA indicando os locais de avaliação do preenchimento ósseo. Os sítios foram
definidos como (1) a região de osteotomia proximal ao cage, (2) região de osteotomia entre o
cage e a placa, e (3) a região de osteotomia distal à placa (Kim et al. 2010) .......................... 27
Figura 14 - Microscopia óptica (aumento 400X) demonstrando (A) as CTMs, (B) as células-
tronco diferenciadas em osteócitos com presença da matriz extra-celular preenchida por cálcio
(Setas pretas) e (C) osteócitos após coloração Von Kossa demonstrando preenchimento por
cálcio ................................................................................................................................... 28
Figura 15 – Ilustração do uso do programa de análise de imagens Image-Pro Plus 6.0® para
quantificação da densidade de osso trabecular. Para a avaliação, após a imagem estar aberta
no programa (A), deve ser aberta a guia "perform segmentation" (seta vermelha). Com a nova
guia aberta, com o auxílio do conta gotas (seta vermelha) (B), selecionar a área
xiii
correspondente ao tecido ósseo (seta preta) para marcação e destaque da área em questão (C).
Após a marcação, foi aplicado o efeito de máscara para contraste entre branco (área a ser
avaliada) e preto (seta vermelha) (D). Em seguida, com auxílio da ferramenta de histograma
do programa, arrastar a linha da direta do histograma (E) para o final do mesmo (setas
vermelhas) (F), para que apenas a área branca previamente marcada seja quantificada,
apresentando o resultado em porcentagem (elipse vermelha) ............................................... 29
Figura 16 - Fotografia demonstrando a caixa do sistema de TTA com bloqueio da marca Focus®
utilizado para a realização do experimento. A esquerda (seta preta) os diferentes tamanhos de
placas que variam de 0,5 a 6 e na região central (seta branca) os tamanhos de cages
disponíveis (06, 09 e 12) ...................................................................................................... 32
Figura 17 - Radiografias demonstrando os períodos avaliados e os escores dados de forma
subjetiva. Imagens A, B, C, D e E representam animal do GT, respectivamente nos períodos
de 15, 30, 60, 90 e 120 dias. Imagens F, G, H, I e J representam animal do GC,
respectivamento nos periodos de 15, 30, 60, 90 e 120 dias. Score II (A), Score III (B, F e G),
Score IV (C, D, E, H, I e J) .................................................................................................... 34
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação da claudicação (%) de acordo com Fossum, 2008. Animais dos grupos
controle (GC) e tratados com células-tronco (GT) no período pré e pós-operatório ............... 31
Tabela 2 - Classificação da ossificação (%) de acordo com Hoffmann et al. (2006) dos animais
dos grupos controle (GC) e tratados com células-tronco (GT) ao longo do período de
avaliação. Teste Qui-quadrado com nível de significância p≤0,05, entre os mesmos períodos
para os diferentes grupos ..................................................................................................... 33
Tabela 3 - Desvio padrão e erro padrão da média da densidade das trabéculas da substância
esponjosa (%) nos grupos controle (GC) e tratado (GT). Foi aplicado o teste de Mann Whitney
para os grupos em cada período. Asterisco na coluna, entre as diferentes linhas expressa
diferença estatística p≤0,05 .................................................................................................... 35
xv
LISTA DE ABREVIATURAS
ALT Alanina Aminotransferase
APT Ângulo do Platô Tibial
AFJ Ângulo de Flexão do Joelho
CTMs Células-Tronco Mesenquimais
DAD Doença Articular Degenerativa
GC Grupo Controle
GT Grupo Tratado
LCC Ligamento Cruzado Cranial
RLCC Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial
TPLO Osteotomia de Nivelamento do Platô Tibial
TTA Avanço da Tuberosidade Tibial
xvi
RESUMO
USO DE CÉLULAS TRONCO MESENQUIMAIS, DERIVADAS DE TECIDO ADIPOSO,
NA REPARAÇÃO DA OSTEOTOMIA APÓS AVANÇO DA TUBEROSIDADE TIBIAL
EM CÃES
Clarissa Rocha dos Santos1 e Eduardo M. Mendes de Lima
2
1 – Médica Veterinária, Mestranda em Saúde Animal, Universidade de Brasília, Brasil
2 –.Professor Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Brasília, Brasil
E-mail: [email protected]
A ruptura do ligamento cruzado cranial é a afecção ortopédica mais comum entre
os cães. Dentre as diversas técnicas para tratamento desta afecção, o avanço da tuberosidade
tibial tem sido empregada para se obter uma rápida recuperação do joelho afetado. Uma
desvantagem desta técnica é a formação de um espaço ósseo que se forma entre a tuberosidade
tibial e a epífise proximal da tíbia após a realização da osteotomia. Normalmente este espaço
ósseo pode levar mais de quatro meses para se consolidar. Estudos afirmam que a utilização de
células-tronco pode aumentar a reparação de defeitos ósseos críticos em animais, mas a
recuperação óssea com o auxílio de células-tronco após osteotomias corretivas no tratamento da
ruptura do ligamento cruzado cranial ainda não foi totalmente comprovada. Este trabalho teve
como objetivo avaliar a viabilidade do uso de células-tronco mesenquimais implantadas no sítio
de osteotomia obtido pelo de avanço da tuberosidade tibial em 9 cães diagnosticados com RLCC.
No mesmo procedimento foram coletados, de todos os animais, um fragmento de tecido adiposo
para envio ao laboratório e extração das células tronco mesenquimais. O estudo foi realizado em
duplo-cego, sem que o médico veterinário ou o proprietário soubessem quais animais iriam
receber células tronco e quais animais receberiam placebo. Os animais foram divididos em dois
grupos. No grupo tratado os animais receberam meio de transporte celular contendo células-
tronco devidamente cultivadas e o grupo controle recebeu somente o meio de transporte celular.
Uma parte das células permaneceu no laboratório e foi induzida à diferenciação celular para
xvii
tecido ósseo. Outra parte das células foi enviada para o laboratório MOFA nos Estados Unidos da
América a fim de realizar a caracterização molecular. Foram realizadas radiografias seriadas após
15, 30, 60, 90 e 120 dias do procedimento. A avaliação da densidade do osso trabecular a partir
da substância esponjosa foi feita usando o software Adobe Photoshop CS6, analisando as
imagens de raios-x. Posteriormente as imagens dos dois grupos foram processadas pelo software
Image-Pro Plus 4.1. Realizou-se a análise estatística descritiva para obtenção da média e do
desvio padrão e do teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov. Em ambas as avaliações, foi
possível observar que o grupo controle obteve melhores resultados que o grupo tratado somente
nos primeiros 30 dias, não obtendo diferença estatística nos demais períodos. Possivelmente
obteve-se um atraso no período de diferenciação, justificável devido à necessidade de
reorganização decorrente do processo inflamatório após a introdução das células tronco.
PALAVRAS-CHAVE: Avanço da tuberosidade tibial, células-tronco, ligamento
cruzado, joelho.
xviii
ABSTRACT
USE OF ADIPOSE-DERIVED MESENCHYMAL STEM CELLS IN REPAIR OF
OSTEOTOMY AFTER TIBIAL TUBEROSITY ADVANCEMENT IN DOGS
The cranial cruciate ligament rupture (CCLR) is the most common orthopedic
affection in dogs. Studies state that the use of stem cells can increase the repair of critical bone
defects in large animals, but the bone recovery using stem cells after corrective osteotomies in
CCLR treatment has not been totally proven yet. This study had an objective to evaluate the
viability of using mesenchimal stem cells (MST) implanted on osteotomy site through the tibial
tuberosity advancement in 9 dogs has been diagnosed with CCLR. At the same procedure was
collected, from all animals, a fat tissue fragment to be sent to the laboratory and extraction of the
mesenchymal stem cells. The study was double-blinded, without the knowledge of what animals
would receive the stem cells treatment by the veterinarian neither by the owner. The animals
were splitted in two groups, the treated group and the control group. The treated group received
the stem cells properly cultivated and the control group received only the transport solution
where the stem cells were forwarded. A portion of the cells remained at lab and was induced to
differentiation of the bone cells. Another portion of the cells was sent to the MOFA lab at United
States of America to perform molecular characterization. Serial x-rays were performed after 15,
30, 60, 90 and 120 days of procedure. The density evaluation of the trabecular bone from spongy
substance was done using the software Adobe Photoshop CS6, analyzing the x-ray images.
Posteriorly, the images from the two groups was processed by the software Image-Pro Plus 4.1.
It was carried out the descriptive statistics analysis to obtain the mean and the standard deviation
and the Kolmogorov-Smirnov normality test. In both evaluation was possible to observe that
control group obtained better results than treated group in the first 30 days, not obtaining
statistical differences in the other periods. Possibly it can be explained by the delay in the period
of cell differentiation owing the necessity of reorganization due the inflammatory process after
the stem cell introduction.
KEY WORDS: tibial tuberosity advancement, stem cells, cruciate ligament, knee.
INTRODUÇÃO
O ligamento cruzado cranial (LCC) é composto por duas bandas, a craniomedial e
a caudolateral (Fossum 2008). A principal função desse ligamento é a estabilização do joelho,
impedindo movimentos de deslocamento cranial da tíbia em relação ao fêmur, além dos
movimentos de rotação da tíbia (Vezin et al. 2004, Fossum 2008, Calvo et al. 2014).
A ruptura do ligamento cruzado cranial (RLCC) é a afecção ortopédica de joelho
que mais acomete os cães (Marino & Loughin 2010, Calvo et al. 2014). As causas que levam a
RLCC ainda não estão completamente definidas (Vedrine et al. 2013), mas fatores presumíveis
levam a uma via comum da origem dessas lesões (Cook 2010). Dentre as hipóteses traumáticas,
20% das lesões são decorrentes da rotação excessiva do joelho ou da própria hiperextensão
(Griffon 2010). Apesar das lesões serem primariamente traumáticas, outros fatores degenerativos
têm sido apontados na patogênese dessa afecção como, idade, sexo e obesidade (Venzin et al.
2004), além da predisposição racial, aberrações de conformação, mecanismos imunomediados e
alterações como inflamação (Griffon 2010). As técnicas extra capsulares usualmente aplicadas
para o tratamento desta afecção são: sutura fabelo-tibial, osteotomia de nivelamento do platô
tibial (TPLO) e avanço da tuberosidade tibial (TTA). Além destas, existem técnicas
intracapsulares que consistem basicamente na passagem de tecido autógeno ou sintético através
de orifícios realizados no fêmur, na tíbia ou em ambos, através de um método denominado “over-
the-top” (acima do topo). O material usado mais comumente é a fáscia lata autógena. Os
materiais sintéticos, não tem sido amplamente utilizados devido à possibilidade de distensão,
rupturas ou infecção (Fossum 2008).
A TTA demonstra excelentes resultados (Hoffmann et al. 2006), não altera a
geometria original da articulação do joelho e promove a distribuição da pressão na cartilagem,
além disso, é um procedimento cirúrgico mais simples com menor potencial para gerar efeitos
adversos por problemas técnicos (Boudrieau 2009). A utilização desta técnica com a aplicação de
células-tronco vem promover uma nova perspectiva para o tratamento da afecção. A formação e
reparação do osso são realizadas pelas células osteoprogenitoras derivadas das células tronco
mesenquimais (CTMs) que atuam na área de lesão por meio da sinalização das citocinas que
estimulam a se replicarem e diferenciarem em osteoblastos ativos que expressam mRNAs da
proteína de matriz óssea e depositam matriz extracelular mineralizada com hidroxiapatita
2
confirmando que elas se tornam células formadoras de osso, além disso, respondem a estímulos
mecânicos para recompor a função do esqueleto (Kraus & Kirker-Head 2006). Além disso, as
CTMs também mantem a viabilidade e o potencial multilinhagem após a criopreservação,
portanto, CTMs podem ser efetivamente isoladas, expandidas, preservadas e implantadas (Kraus
& Kirker-Head 2006).
Kang et al. em 2012 demonstraram que as CTMs originadas do tecido adiposo têm
um potencial de proliferação mais elevada do que os outros tipos de CTMs e suas principais
vantagens estão relacionadas a fácil obtenção, disponibilidade em quantidades substanciais e
podem ser colhidas sem riscos para o doador. Além disso, são células que crescem de forma
estável in vitro e tem uma elevada taxa de expansão (Schäffler & Büchler 2007). O diferencial
destes processos é que as CTMs, além da sua capacidade de influenciar o funcionamento dos
osteoblastos, aumentam a quantidade de células mobilizadas e a taxa de crescimento e deposição
de matriz óssea (Horwitz et al. 1999). Sendo eficientes para procedimentos de reparo ósseo
(Kang et al. 2012).
O objetivo do presente trabalho foi avaliar a viabilidade do emprego de CTMs
implantadas no sítio de osteotomia obtido durante a técnica de TTA em cães com diagnóstico
comprovado de RLCC. Avaliou-se clinicamente ainda a recuperação dos cães após o emprego da
técnica de TTA e implante de CTMs no sítio de osteotomia e radiograficamente o preenchimento
do sítio de osteotomia após o implante de CTMs.
3
REVISÃO DE LITERATURA
1. LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL
O ligamento cruzado cranial (LCC) estende-se diagonalmente através do espaço
articular e liga-se à área intercondilar cranial do platô tibial (Muir et al. 2010). O local de fixação
tibial é limitado cranialmente pelo ligamento meniscotibial cranial do menisco medial e
caudalmente pelo ligamento meniscotibial cranial do menisco lateral (Muir et al. 2010). É
composto por duas bandas, a craniomedial e a caudolateral (Fossum 2008, Muir et al. 2010). A
subdivisão craniomedial surge proximalmente ao fêmur e se insere mais cranialmente na área de
fixação tibial, em comparação com a subdivisão caudolateral (Figuras – 1 A e B). As fibras do
componente caudolateral originam-se da parte mais lateral e distal da área de fixação do côndilo
femoral lateral e inserem-se na região mais caudal da área de fixação tibial (Muir et al. 2010). Os
ligamentos cruzados são compostos de células e matriz extracelular rica em água (60-80%) (Muir
et al. 2010, Comerford et al. 2011). Do peso seco dos ligamentos cruzados, 90% é colágeno
(principalmente tipo I), com menor quantidade de elastina, proteoglicanos, glicoproteínas e
lipoproteínas (Muir et al. 2010, Comerford et al. 2011). A principal função desse ligamento é a
estabilização do joelho, impedindo movimentos de deslocamento cranial da tíbia em relação ao
fêmur, além dos movimentos de rotação da tíbia (Vezin et al. 2004, Fossum 2008, Muir et al.
2010, Calvo et al. 2014). Os dois componentes do LCC não são isométricos, sendo a principal
diferença o alongamento da banda craniomedial e o encurtamento do componente caudolateral
durante a flexão, o primeiro é o maior contribuinte para a estabilidade craniocaudal na flexão do
joelho e o último só contribui quando a faixa craniomedial é danificada ou severamente esticada
(Muir et al. 2010).
4
Figura 1 - (A) Fotografia e (B) desenho de um joelho flexionado de um cão. Vista
cranial após remoção da gordura infrapatelar. 1a: banda caudolateral do LCC; 1b: banda
craniomedial do LCC; 2: ligamento cruzado caudal; 3: menisco medial; 4: menisco
lateral; 5: tendão do músculo extensor digital longo; 6: côndilo femoral medial (Muir et
al. 2010)
A RLCC é a afecção ortopédica de joelho que mais acomete os cães (Marino &
Loughin 2010, Vedrine et al. 2013, Calvo et al. 2014, Duerr et al. 2014). As causas que levam a
RLCC ainda não estão completamente definidas (Comerford et al. 2011, Vedrine et al. 2013),
mas fatores presumíveis levam a uma via comum da origem dessas lesões (Cook 2010). Dentre
as hipóteses traumáticas, 20% das lesões são decorrentes da rotação excessiva do joelho ou da
própria hiperextensão (Griffon 2010). Apesar das lesões serem primariamente traumáticas, outros
fatores degenerativos têm sido apontados na patogênese dessa afecção como idade, sexo e
obesidade (Vezin et al. 2004, Comerford et al. 2011), além da predisposição racial, aberrações de
conformação, mecanismos imunomediados e alterações como inflamação (Griffon 2010,
Comerford et al. 2011). Um estudo examinando uma população de 328 cães encontrou que a
idade média de ruptura do LCC em raças grandes (peso corporal maior que 15 kg) foi de 5,5
anos, enquanto que as raças menores (peso corporal menor que 15 kg), em média, 7,4 anos
(Comerford et al. 2011). A ruptura parcial ou completa do LCC causa instabilidade na articulação
5
do joelho e desencadeia uma cascata de alterações patológicas secundárias, incluindo osteoartrite
progressiva e subsequente lesão meniscal (Vedrine et al. 2013).
O diagnóstico é baseado no histórico clínico, e embora os proprietários forneçam
frequentemente uma história sugestiva de trauma, a análise física cuidadosa revelará geralmente
que o início da claudicação era insidiosa ou que a claudicação foi observada pelo proprietário
após um incidente de menor trauma associado com atividade diária normal, mas é comum
observar que a grande maioria de cães não têm histórico de trauma óbvio (Muir et al. 2010).
Acredita-se, que a RLCC está possivelmente associada a uma artropatia de joelho
preexistente, sendo a duração da claudicação descrita pelos proprietários altamente variável e
também é comum que os cães não respondam à terapia médica com drogas antiinflamatórias não
esteróides após identificação de uma claudicação pélvica mais sutil (Muir et al, 2010).
Ao exame físico, os cães afetados tipicamente exibem claudicação unilateral. Se a
claudicação é bilateral, os cães geralmente se inclinam para frente e alteram sua postura, rotação
externa do membro afetado pode ser evidente ao caminhar e a atrofia da musculatura do(s)
membro(s) pélvico(s) afetado(s) é geralmente visível (Muir et al. 2010). Um exame físico
cuidadoso é importante, uma vez que uma doença neurológica pode inicialmente ser suspeitada
em cães que têm dificuldade em subir de uma posição sentada para uma posição de pé por causa
da RLCC (Muir et al. 2010). A instabilidade crânio-caudal entre a tíbia e o fêmur pode ser
identificada pelo teste de gaveta ou pelo teste de compressão tibial (Figura - 2 A e B) (Hoffmann
et al. 2006, Muir et al. 2010), contudo, crepitação e dor também podem ser encontradas na flexão
e extensão à medida que esses testes são realizados (Muir et al. 2010). Tais exames podem não
ser conclusivos e assim é possível utilizar exames complementares que auxiliem o diagnóstico
como as radiografias, ultrassom e ressonância magnética (RM) (Marino & Loughin 2010).
6
Figura 2 - (A) Posicionamento para realizar teste de gaveta. Deve-se colocar o dedo
indicador na crista tibia e odedo polegar na cabeça da fibula, e a com a outra mão o
dedo indicador apoiado na patela e o dedo polegar na fabela lateral. (B) Posicionamento
para realizar teste de compressão tibial. Deve-se colocar um dedo indicador na crista
tibial para determinar se o deslocamento cranial da tíbia ocorre quando o jarrete é
flexionado com a outra mão (Muir et al. 2010).
Evidências radiográficas podem incluir efusão intra-articular, deslocamento
cranial da tíbia na incidência médio-lateral com compressão e flexão do tarso a 90o resultando em
sinal de Cazieux positivo (Marino & Loughin 2010, Muir et al. 2010). O diagnóstico de RLCC
pode ser feito com o auxílio do ultrassom demonstrando que as bordas da ruptura do ligamento
vibram, entretanto, é possível injetar solução salina a fim de criar um imagem mais anecóica caso
o porção gordurosa infra-patelar dificulte a visualização do ligamento (Marino & Loughin 2010).
A utilização da ultrassonografia possui limitações significativas na rotina veterinária, pois os
joelhos de cães pequenos e de médio porte são muito estreitos, produzindo imagens de baixa
qualidade para um diagnóstico efetivo, além disso, existem meios diagnósticos alternativos mais
eficientes que o próprio ultrassom, como ressonância magnética (RM) (Marino & Loughin 2010).
2. TÉCNICAS CIRÚRGICAS DE CORREÇÃO
Embora alguns cães possam retornar a níveis aceitáveis de atividade sem cirurgia,
a instabilidade causada pela RLCC é frequentemente tratada cirurgicamente (Dunn et al. 2012).
Sendo assim, numerosas técnicas cirúrgicas têm sido descritas para tratá-la (Harper et al. 2004,
7
Vedrine et al. 2013), cada uma com vantagens e desvantagens potenciais ou comprovadas
(Vedrine et al. 2013). No entanto, não foi demonstrada que qualquer técnica impeça de forma
consistente o desenvolvimento ou a progressão de doenças articulares degenerativas (DAD)
(Harper et al. 2004). Os objetivos das cirurgias são proporcionar retorno da função mecânica,
alívio da dor e prevenção de lesões secundárias no menisco (Harper et al. 2004), além de prevenir
ou minimizar o desenvolvimento de DAD e buscar estabilidade (Harper et al. 2004, Fossum
2008). As técnicas cirúrgicas são divididas em procedimentos intracapsulares e extracapsulares
(Harper et al. 2004, Hoffmann et al. 2006), sendo que as extracapsulares serão vantajosas quando
os reparos intracapsulares não puderem ser utilizados, falharem ou forem identificadas infecções
articulares (Harper et al. 2004). Uma pesquisa demonstrou que a maioria dos cirurgiões
veterinários preferiu técnicas extracapsulares para o reparo de RLCC em cães (Harper et al.
2004). Porém, o método mais apropriado deve ser escolhido de acordo com a preferência do
cirurgião, assim como o tamanho do animal, a atividade desenvolvida pelo paciente e os custos
dos procedimentos (Fossum 2008).
As técnicas intracapsulares consistem basicamente em um método denominado
“over-the-top” que utiliza enxertos sintéticos ou autógenos da fáscia lata (Fossum 2008). E as
técnicas extracapsulares usualmente aplicadas para o tratamento desta afecção são sutura fabelo-
tibial, a osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO) e o avanço da tuberosidade tibial
(TTA) (Fossum 2008).
2.1. Técnicas intracapsulares
Consistem na passagem de tecido autógeno ou sintético através de orifícios
realizados no fêmur, na tíbia ou em ambos, através de um método denominado “over-the-top”
(acima do topo) (Fossum 2008). O material usado mais comumente é a fáscia lata autógena e
apesar de existirem outras opções como os materiais sintéticos, esses não tem sido amplamente
utilizados devido à possibilidade de distensão, rupturas ou infecções (Fossum 2008). Além desse
método, diversas modificações da técnica utilizando a fáscia lata já foram descritas, mas em uma
pesquisa clínica que comparou a estabilização intra-capsular com as osteotomias extracapsulares
como tratamentos para a RLCC em cães, nenhuma das técnicas intracapsulares resultou em
retorno normal à função após 6 meses do procedimentos cirúrgico, além disso, tais técnicas
apresentaram resultados inferiores aos das técnicas extra-capsulares (Dunn et al. 2012).
8
2.2. Técnicas extrascapsulares
2.2.1. Sutura fabelo-tibial
A estabilização do joelho com RLCC utilizando a sutura fabelo-tibial é uma
técnica antiga e continua sendo bastante utilizada, pois é tecnicamente menos exigente, requer
implantes mínimos e produz resultados clínicos que não foram claramente demonstrados, sendo
inferiores a outras técnicas (Dunn et al. 2012). Além disso, é a reparação extra-articular mais
descrita para a correção da RLCC (Nwadike & Roe 1998). É uma técnica que utiliza um
fragmento de fáscia lata suturada a si mesma, passando pelo ligamento femorofabelar lateral e
tem sido utilizada com sucesso em cães de raça média a grande (Harper et al. 2004). Além da sua
fácil execução, baixo índice de complicações, pois efetivamente estabiliza a articulação do joelho
e promove repetidamente um resultado bem-sucedido (Harper et al. 2004). Outra técnica comum
de sutura extracapsular que visa a restrição do movimento de gaveta, consiste na perfuração de
orifícios na tíbia e nos côndilos femorais e em seguida a passagem de material sintético ou
autólogo para a estabilização do joelho (Guénégo et al. 2007).
Embora bons resultados a médio e longo prazo tenham sido relatados após estes
procedimentos, existem vários problemas potenciais que podem estar relacionados com a técnica
cirúrgica, estes incluem uma recuperação imprevisível a curto prazo, falha prematura de sutura,
instabilidade contínua, osteoartrite progressiva, lesão de menisco subsequente ao procedimento e
infecção (Dunn et al. 2012).
2.2.2. Osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO)
Consiste em uma técnica que visa à diminuição do ângulo do platô tibial (APT)
(Boudrieau 2009, Muir et al. 2010) ao converter a translação tibial cranial em um deslocamento
tibial caudal prevenindo a subluxação (Muir et al. 2010), controlando a compressão tibial e
atingindo uma estabilização através da contenção ativa da articulação, que normalmente é
alcançada pelos músculos e tendões (Boudrieau 2009). Ao ser aplicada a técnica, a inclinação do
platô tíbial é reduzida de modo que a compressão tibial seja alterada de uma posição
cranioproximal para uma posição neutra ou caudal (Boudrieau 2009). Foi relatado que TPLO
estabiliza funcionalmente a articulação do joelho durante o suporte de peso, neutralizando a força
de cisalhamento tibiofemoral cranial pela redução do APT, isto é conseguido por osteotomia da
face proximal da tíbia e rotação de tal fragmento (Figura 3) (Boudrieau 2009).
9
Figura 3 - Representação esquemática das forças
tibiofemorais da articulação de um joelho antes (A) e após
(B) a osteotomia de nivelamento do platô tibial (TPLO).
Para aplicação dessa técnica considera-se que a força de
reação articular (seta rosa) na articulação do joelho é
aproximadamente paralela ao eixo longitudinal da tíbia.
(A): Em um joelho com RLCC a força de reação articular
pode ser dividida em um componente de cisalhamento
tibiofemoral dirigido cranialmente, paralelo ao platô tibial
(seta amarela) e uma força de compressão articular,
perpendicular ao platô tibial (seta amarela). (B): Após
nivelar o platô tibial, o vetor de força de cisalhamento
tibiofemoral torna-se zero, e a força de compressão
articular e a força resultante tornam-se uma só (Setas rosa
e amarela) (Muir et al. 2010).
2.2.3. Avanço da tuberosidade tibial (TTA)
É uma técnica que visa eliminar a compressão da tíbia através do posicionamento
do tendão patelar perpendicular às forças de cisalhamento do joelho, ou seja, a TTA posiciona o
ligamento patelar perpendicularmente à inclinação do platô tibial, avançando a inserção desse
ligamento cranialmente, eliminando a força de cisalhamento e aliviando a função do LCC (Figura
4) (Lafaver et al. 2007, Boudrieau 2009). Durante a realização da técnica, é necessária a
10
realização de uma osteotomia na tuberosidade da tíbia formando um espaço ósseo, o qual é
preenchido totalmente por tecido ósseo ao longo de 8 a 10 semanas de pós-operatório (Hoffmann
et al. 2006).
Figura 4 - Representação esquemática das forças
tibiofemorais da articulação de um joelho antes (A) e após
(B) o avanço da tuberosidade tibial (TTA). Para aplicação
dessa técnica considera-se que a força de reação articular
(seta rosa) é aproximadamente paralela ao tendão patelar.
(A): No joelho com RLCC a força de reação articular pode
ser dividida em um componente de cisalhamento
tibiofemoral dirigido cranialmente (seta amarela) e uma
força de compressão articular perpendicular ao platô tibial
(seta amarela). (B): Ao avançar a tuberosidade tibial
cranialmente, o tendão da patela torna-se perpendicular ao
platô tibial. A força de reação articular (seta rosa),
portanto, torna-se perpendicular ao platô tibial durante o
suporte de peso e, portanto, se iguala a força de
compressão articular (seta amarela) e o deslocamento
tibial cranial é eliminado (Muir et al. 2010).
3. AVANÇO DA TUBEROSIDADE TIBIAL (TTA)
A TTA demonstrou excelentes resultados (Hoffmann et al. 2006), além disso é um
procedimento cirúrgico mais simples com menor potencial para gerar efeitos adversos por
problemas técnicos (Boudrieau 2009). A TTA pareceu restaurar o contato e a pressão femoro-
11
tibial normal (Kim et al. 2009), o que pode poupar o menisco do risco de um trauma após a
realização dessa técnica. O trabalho de Kim et al. 2009 também sugeriu que, como a TTA não
altera a geometria da articulação e nem a distribuição de pressão, pode haver menos
desenvolvimento de osteoartrite ao longo do tempo.
3.1. Escolha da técnica
Vários fatores específicos da configuração anatômica do membro devem ser
considerados antes da seleção desta técnica cirúrgica (Boudrieau 2009), dentre eles:
3.1.1. Ponto de inserção do tendão patelar alto e baixo
A tuberosidade tibial pode ter um risco maior de fratura com TTA nos casos em
que o ponto de inserção do tendão patelar é mais baixo, uma vez que a placa é aplicada à crista da
tíbia e a posição do cage está acima da posição mais proximal da placa com pouco osso presente
para suporte. Em cães com ponto de inserção mais elevado o TTA é preferível, uma vez que uma
placa maior pode ser aplicada à crista da tíbia e o cage permanece apoiado com quantidade de
osso adequada (Figura 5). Contudo, não existem estudos experimentais ou clínicos que apoiem
estas hipóteses (Boudrieau 2009, Muir et al. 2010).
Figura 5 - Radiografias laterais da articulação do joelho demonstrando
a variação entre os pontos de inserção do tendão patelar na
tuberosidade tibial. (A) tuberosidade tibial com ponto de inserção
12
baixo, e (B) tuberosidade tibial com ponto de inserção alto. A posição
do cage é demonstrada pelas setas com duas pontas (Muir et al. 2010).
3.1.2. APT aumentado
Os casos em que há um aumento do APT não são propícios a TTA (Figura 6).
Sabe-se que o APT alvo é de 90° e alcançar esse ângulo provavelmente exigirá um avanço além
do obtido com os implantes atualmente disponíveis, entretanto o ângulo máximo do platô tibial
para realizar uma TTA ainda não foi determinado (Boudrieau 2009, Muir et al. 2012). Já foram
relatados procedimentos bem sucedidos que foram realizados em cães com inclinação
aproximada de 30° e proposto que ângulos maiores do que esses provavelmente não são
adequados para aplicação da técnica de TTA (Boudrieau 2009, Muir et al. 2012).
Figura 6 - Radiografias médio-laterais do joelho de um cão demonstrando
diferenças no APT. Em (A) é considerado excessivo com 43° e em (B) dentro
do limite normal com 25°. Se comparada com (B), a inclincação do APT em
(A) coloca a articulação numa posição relativamente de hiperextensão e a TTA
não corrige essa alteração, pois o APT permanece inalterado (Boudrieau 2009).
3.1.3. Deformidades angulares e torções dos membros
As deformidades angulares e torções podem ser tratadas com TTA, contudo, é
necessária outra osteotomia para a correção de qualquer deformidade tibial vara, valga ou torção
(Boudrieau 2009, Muir et al. 2010). A desvantagem de realizar outra osteotomia é que a porção
medial do osso já possuirá a placa de TTA no terço proximal da tíbia, o que interferirá com a
posterior fixação da placa adicional (Boudrieau 2009, Muir et al. 2010). Embora uma placa
13
padrão possa ser aplicada sobre a fina placa de TTA, isso não é ideal e geralmente não é
recomendado nestas circunstâncias (Boudrieau 2009, Muir et al. 2010).
3.1.4. Tamanho do paciente
A TTA já foi realizada em cães de 5 kg até 83 kg (Hoffmann et al. 2006, Lafaver
et al. 2007), mas a limitação para a escolha do tamanho do animal depende da disponibilidade de
implantes adequados (Boudrieau 2009, Muir et al. 2010). Os implantes são produzidos em uma
variedade de tamanhos, de modo que eles podem ser usados em quase todos os tamanhos de cães
(Boudrieau 2009, Muir et al. 2010). Em casos de raças muito grandes, como a dogue alemão,
uma das limitações pode não ser o peso do animal, mas sim a altura (Boudrieau 2009, Muir et al.
2010).
3.2. Planejamento cirúrgico
3.2.1. Posicionamento radiográfico pré-operatório
Radiografias médio-laterais pré-operatórias, utilizadas posteriormente para fazer
medições relacionadas ao planejamento e à técnica cirúrgica, devem ser realizadas com o feixe
centrado no joelho e o ângulo de flexão do joelho (AFJ) deve ser de 135° com erro de 5º para
mais ou menos (Hoffmann et al. 2006, Lafaver et al. 2007, Cadmus et al. 2014), com o intuito do
estabelecimento de um posicionamento perfeito, que é confirmado através da sobreposição de
ambos os côndilos femorais (Lafaver et al. 2007). As radiografias devem incluir todo o fêmur e
tíbia e quando não for possível, o trocânter menor e a tíbia distal (Hoffmann et al. 2006, Lafaver
et al. 2007, Cadmus et al. 2014), assim, o AFJ será medido como o ângulo formado entre as
linhas traçadas a partir do ponto médio do eixo femoral ao nível do trocânter menor até à
eminência intercondilar tibial e desta eminência ao ponto médio tibial mais distal (Figura 7)
(Cadmus et al. 2014).
14
Figura 7 - Ângulo de flexão do joelho (AFJ):
Imagem radiográfica médiolateral do joelho de
um cão demontransdo que o AFJ é medido na
intersecção de uma linha que se origina do ponto
médio do fêmur ao nível do trocânter menor e se
estende até a eminência intercondilar e uma linha
que se origina no ponto médio mais distal na tíbia
até a eminência intercondilar (Cadmus et al.
2014).
3.2.2. Definição do platô tibial
O platô tibial é definido por uma linha traçada entre pontos desenhados nas
margens articular mais cranial e caudal do platô medial tibial, assim o APT é definido como o
ângulo criado por uma linha perpendicular traçada ao longo da margem cranial do tendão patelar
quando se insere na tuberosidade tibial e uma linha traçada ao longo do platô tibial (Figura 8)
(Cadmus et al. 2014).
15
Figura 8 - O platô tibial é definido por uma linha que une
pontos em suas margens articulares cranial e caudal
(círculos laranjas). O ângulo do tendão patelar de 90° é
estabelecido estendendo-se uma linha que é perpendicular
ao platô tibial até o ponto de origem do tendão patelar ao
longo da borda cranial da patela (Cadmus et al. 2014).
3.2.3. Escolha do cage
A técnica ideal utilizada para medir o avanço requerido para obter um APT de 90°
ainda é controversa, alguns veterinários utilizam sobreposições transparentes para medir o
avanço necessário (Figura 9), enquanto outros usam software de imagem, entretanto, evidências
recentes sugerem que o método de sobreposição transparente tende a subestimar o tamanho do
cage (Cadmus et al. 2014).
16
Figura 9 - Imagem radiográfica mediolateral do joelho de um
cão demonstrando o uso da sobreposição transparente
(template) para planejar o tamanho do cage. A sobreposição
transparente foi usada de acordo com as instruções do
fabricante (Cadmus et al 2014).
O método de sobreposição transparente utiliza um modelo fornecido
comercialmente juntamente com os implantes e é sobreposto na linha do platô tibial para medir
qual o avanço necessário para obter APT = 90° (Hoffmann et al. 2006, Cadmus et al., 2014). As
linhas de avanço na sobreposição correspondem a cages de 6, 9 e 12 mm, determinando assim a
estimativa da distância de avanço necessária (Figura 10) (Hoffmann et al. 2006, Cadmus et al.
2014), quando a tuberosidade tibial for posicionada entre as linhas de avanço do molde, as
medidas devem ser estimadas para o número inteiro mais próximo, sendo este o tamanho do cage
a ser utilizado, mas quando a medida do avanço exceder 12 mm, a recomendação do tamanho do
cage é registrado como "não aplicável" (Cadmus et al. 2014).
17
Figura 10 - Imagem radiográfica mediolateral
do joelho de um cão demonstrando como
determinar o avanço necessário e, assim, o
tamanho do cage, dentre os tamanhos 6, 9 e
12 mm, para o TTA. Observe que os pontos
de referência utilizados são os pontos de
inserção dos ligamentos cruzados cranial e
caudal (setas laranjas), a margem cranial da
patela (seta branca) e a tuberosidade tibial
(seta preta) (Hoffmann et al. 2006).
3.2.4. Escolha da placa
Utilizando o mesmo modelo transparente padronizado fornecido pelo fabricante
dos implantes, define-se o tamanho das placas que devem cobrir toda a extensão da crista de
tíbia, e em alguns casos é necessário alinhar a extremidade proximal da placa ligeiramente
caudalmente (Figura 11) (Lafaver et al. 2007).
18
Figura 11 - (A) Na maioria dos cães a placa pode ser alinhada paralelamente à borda cranial da
crista da tíbia (setas superiores), o que resulta em uma localização ligeiramente cranial da
extremidade distal da placa (setas inferiores); (B) Em alguns cães a crista tibial não é tão
proeminente distalmente e, portanto, o alinhamento do molde (e placa) paralelo à crista da tíbia
(pontas das setas superiores) resultará em um alinhamento mais caudal da porção distal da placa
em relação ao eixo central da tíbia antes do avanço (setas inferiores); (C) Alinhar o molde (e a
placa) de modo que o aspecto proximal esteja posicionado mais caudalmente (seta curta superior)
resultará em um alinhando ligeiramente cranial da porção distal da placa ao longo do eixo tibial
(setas inferiores), esta é a posição desejada; (D) Radiografia pós-operatória mostrando a posição
da placa (comparar com C; seta curta superior), após a TTA, a porção distal da placa se move
caudalmente (setas inferiores) e agora repousa mais uma vez ao longo do eixo tibial (Lafaver et
al. 2007).
3.2.5. Procedimento cirúrgico
De acordo com a técnica descrita por Hoffmann et al. 2006, após a preparação
asséptica do membro deve ser realizada uma abordagem parapatelar medial na articulação do
joelho e uma artrotomia craniomedial em todos os casos para avaliar o grau de lesão dos
meniscos. O procedimento de TTA deve ser então realizado de acordo com a técnica descrita
anteriormente por Montavon et al. 2002, utilizando equipamento comercialmente disponível. A
elevação do terço proximal do periósteo medial da tíbia permite a realização de uma osteotomia
longitudinal da crista tibial com uma lâmina de serra oscilante iniciando proximalmente e
estendendo-se até a porção distal da crista da tíbia, mantendo a patela luxada lateralmente e
protegendo o ligamento patelar utilizando-se de um elevador de periósteo. Uma placa deve ser
aplicada na crista tibial, e fixada neste lugar. O cage cortado deve ser implantado no intervalo da
osteotomia proximal paralelo à superfície da articulação, de 1 à 2 mm distal à superfície da
articulação e fixado à tuberosidade e ao eixo tibial remanescente, empregando para tanto dois
parafusos. A extremidade distal da placa deve ser fixada à face medial da tíbia com parafusos e o
19
local da articulação e da osteotomia lavado com solução fisiológica estéril. Os sítios cirúrgicos de
artrotomia e osteotomia tibial devem ser fechados rotineiramente.
3.2.6. Pós-operatório
Radiografias pós-operatórias devem ser obtidas para avaliar a osteotomia e a
posição da placa e cage. Além disso, todos os cães devem ser avaliados quanto a claudicação,
bem como quaisquer outras complicações até que a cicatrização da fratura seja radiograficamente
evidente (Lafaver et al. 2007).
4. USO DAS CÉLULAS-TRONCO
4.1. Células-tronco mesenquimais (CTMs)
Células-tronco são genericamente definidas como células indiferenciadas que são
capazes de auto-renovação através da replicação, bem como a diferenciação em linhagens de
células específicas (Fortier 2005). Tais células podem ser classificadas como embrionárias ou
mesenquimais (adultas) dependendo da fase de desenvolvimento a partir da qual são obtidas
(Fortier 2005).
O termo células-tronco mesenquimais (CTMs) refere-se a células progenitoras
mesenquimais adultas com potencial para produzir células que se diferenciam em uma variedade
de células mesenquimais, por exemplo, fibroblastos, mioblastos, osteoblastos, tenoblastos,
adipócitos (Sell 2004, Schäffler & Büchle 2007, Kang et al. 2012, Monteiro et al. 2012),
condrócitos e células neuronais (Kang et al. 2012). Elas podem ser isoladas no músculo, na pele,
no sangue periférico, no tecido adiposo e na medula óssea, além disso, também produzem
osteoclastos e osteoblastos responsáveis pela remodelação de osso e adipócitos, que compõem
uma grande parte da medula óssea (Sell 2004, Fortier 2005, Kraus & Kirker-Head 2006, Lopez &
Daigle 2013). Na medula óssea adulta, as CTMs têm cinco papéis principais: células progenitoras
para a formação óssea durante a reparação de fraturas ósseas e para a renovação natural do osso,
na formação de cartilagem, no suporte vascular, no suporte hematopoiético e como progenitores
para adipócitos (Sell 2004).
4.2. Colheita, isolamento e caracterização
Fatores como idade do doador, tipo e localização do tecido adiposo, tipo de
procedimento cirúrgico, condições de cultivo, densidade de revestimento e formulações de meios
podem influenciar a taxa de proliferação e capacidade de diferenciação das células-tronco
20
(Schäffler & Büchle 2007). No entanto, uma vez que diferentes localizações anatômicas dos
tecidos adiposos têm suas próprias características metabólicas, tais como atividade lipolítica,
composição de ácidos graxos e perfil de expressão gênica, a fonte de enxertos de tecido adiposo
subcutâneo (abdominal versus periférico) pode influenciar a longo prazo as características do
enxerto de gordura (Schäffler & Büchle 2007). O tecido adiposo pode ser facilmente obtido por
ressecção cirúrgica, lipoaspiração tumescente ou lipoaspiração assistida por ultrassom. As
características metabólicas e a viabilidade das células de gordura parecem não diferir quando se
compara a lipoaspiração padrão com a aspiração da seringa. O material obtido pela lipoaspiração
ainda contém células viáveis e pode ser usado diretamente para a preparação de CTMs (Schäffler
& Büchle 2007). O tecido adiposo total obtido por cirurgia primeiro deve ser microdissecado em
condições estéreis para obter pequenos lóbulos de gordura (0,5 - 1cm3), contudo, tem de se
considerar que o procedimento de isolamento pode afetar as células de gordura (Schäffler &
Büchle 2007).
As técnicas de isolamento são geralmente baseadas nas propriedades aderentes das
CTMs e a centrifugação por gradiente de densidade é utilizada inicialmente para separar as
CTMs nucleadas (Kraus & Kirker-Head 2006, Lopez & Daigle 2013). À medida que as células
são cultivadas, as CTMs aderem à superfície do frasco e as não aderentes são removidas quando
o meio de cultura é trocado. A essa transferência das células dá-se o nome de passagem, e a
multiplicação da população celular de expansão, produzindo por fim uma cultura pura (Kraus &
Kirker-Head 2006, Lopez & Daigle 2013).
4.3. Células-tronco na reparação óssea
Os mecanismos embrionários de formação óssea implicam uma sequência de
fatores celulares, humorais e mecânicos que resultam na formação de tecidos ósseos capazes de
crescimento controlado, resposta estrutural ao estresse e reparação de lesão, sem cicatriz (Kraus
& Kirker-Head, 2006). A sequência de eventos celulares no reparo de fraturas inclui a formação
de um coágulo, migração de macrófagos e células mesenquimais para o local, formação de
cartilagem na região da fratura e a ponte óssea via ossificação endocondral, sendo que as CTMs
serão as responsáveis pela realização desses dois últimos eventos, além de desempenhar um
papel osteogênico na remodelação óssea normal ou no reparo (Sell 2004).
21
Os processos naturais de reparação óssea são suficientes para efetuar a restauração
oportuna da integridade óssea para a maioria das fraturas quando existe um ambiente mecânico
adequado. Algumas situações requerem manipulação ou aumento de mecanismos naturais de
cicatrização para regenerar grandes quantidades de osso novo do que naturalmente ocorre para
atingir metas cirúrgicas (Kraus & Kirker-Head 2006). As situações específicas que podem
requerer intervenções adicionais incluem perda substancial de osso do hospedeiro devido a
trauma, artrodese, não-união, união retardada, doença metabólica, artroplastia ou potencial de
cicatrização insuficiente do hospedeiro por doença local, sistêmica ou senilidade (Kraus &
Kirker-Head 2006). Os materiais e estratégias que são empregadas devem duplicar e amplificar
os eventos de união óssea secundária para alcançar o resultado desejado (Kraus & Kirker-Head
2006).
O osso pode ser regenerado através das seguintes estratégias: osteogênese
(transferência de células), osteoindução (indução de células para se tornarem osso)
osteocondução (proporcionando um arcabouço para células formadoras de osso) ou
osteopromoção (promoção da cicatrização e regeneração óssea, estimulando o ambiente
biológico ou mecânico dos tecidos cicatrizantes ou regeneradores) (Kraus & Kirker-Head 2006).
As estratégias mais eficazes utilizam o maior número possível de componentes fundamentais da
regeneração óssea e cada etapa da regeneração óssea depende de CTMs (Kraus & Kirker-Head
2006).
O reparo de muitas fraturas ocorre por união óssea secundária, que é uma
progressão complexa das CTMs para sua progênie: condroblastos, condrócitos, fibroblastos e
osteoblastos, que formam um calo na fratura óssea que interrompe a matriz e resulta em
hemorragia (Kraus & Kirker-Head 2006). Em seguida, as citocinas da matriz e a desgranulação
das plaquetas no local da fratura formam um meio de proteínas biologicamente ativas, algumas
quimioatrativas para CTMs, que migram para a área de dano, essas então se proliferam e seguem
as linhagens osteoblásticas, condroblásticas ou fibroblásticas, dependendo do ambiente do local
da fratura (Kraus & Kirker-Head 2006). Os ambientes biológicos e mecânicos favoráveis
resultam na proliferação e diferenciação de CTMs em osteoblastos e condrócitos, que produzem
matriz criando um calo de fratura. O osteócito mineraliza e a cartilagem sofre ossificação
endocondral que forma o osso em ponte no gap da fratura (Kraus & Kirker-Head 2006). Assim,
22
os eventos celulares da cicatrização óssea são a quimioatração, a migração, a proliferação e a
diferenciação, sendo as CTMs os ancestrais fundamentais desse evento celular (Kraus & Kirker-
Head 2006).
4.4. Uso das células-tronco de origem do tecido adiposo
O padrão ouro atual para a reparação de defeitos ósseos é o transplante de enxerto
ósseo. Esta estratégia largamente utilizada resulta geralmente num resultado clínico positivo, mas
tem muitas desvantagens incluindo morbidade significativa no local de coleta, fornecimento
limitado de tecido ósseo, aumento da perda de sangue, procedimento cirúrgico adicional,
diminuição do potencial osteogênico do osso enxertado, risco potencial de infecção e respostas
imunes problemáticas após a implantação (Kang et al. 2012). Por estas razões, os procedimentos
de engenharia de tecido ósseo utilizando uma combinação de CTMs e biomateriais têm sido
investigados como uma substituição para técnicas de enxerto ósseo mais convencionais (Kang et
al. 2012).
As principais vantagens da utilização das CTMs de origem adiposa são que estas
células são fáceis de se obter, estão disponíveis em quantidades substanciais (Li et al. 2007,
Schäffler & Büchle 2007, Kang et al. 2012) e podem ser colhidas sem risco de morbidade no
local do doador, além disso, tais células crescem estavelmente in vitro e têm uma taxa de
expansão elevada (Schäffler & Büchle 2007, Kang et al. 2012). De acordo com Kang et al. 2012,
as CTMs de origem adiposa também demonstraram ter um potencial de proliferação maior do
que os outros tipos de CTMs.
23
MATERIAL E MÉTODOS
1. AVALIAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS
Foram selecionados nove cães dentre machos e fêmeas, de 1 a 12 anos, das
seguintes raças: Maltês, Cane Corso, Sharpei, Sem Raça Definida, Labrador e Pitbull, sem
sobretudo serem avaliados em relação a esses aspectos, que apresentassem algum grau de
claudicação e fossem diagnosticados com RLCC através de exame clínico específico do aparelho
locomotor. Sendo estes, o teste de gaveta e de compressão tibial, além de radiografias em
posicionamento específico para a TTA conforme Hoffmann et al. 2006. A análise clínica foi
complementada a partir da realização de hemograma completo e bioquímica de
alaninaaminotransferase (ALT) e creatinina, definidos como exames pré-operatórios, a fim de
obter dados que comprovassem a higidez dos animais utilizados ao longo do experimento. Todos
os proprietários assinaram termo de consentimento do projeto (Anexo A)
Os animais também foram classificados no pré e pós-operatórios de acordo com o
grau de claudicação, sendo graduados de ZERO a V, onde ZERO - o animal caminha
normalmente; I – leve claudicação; II - claudicação óbvia, suportando o peso; III – claudicação
severa, suportando o peso; IV – claudicação intermitente, sem suportar o peso e V – claudicação
contínua, sem suportar o peso (Fossum 2008).
2. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS – PRÉ-OPERATÓRIO/PÓS-OPERATÓRIO
2.1 Procedimento de analgesia e anestesia.
No momento anterior a indução anestésica, todos os animais receberam
previamente ceftriaxona intravenosa, na dose de 30mg/kg. Em seguida foram induzidos com
propofol intravenoso, na dose de 4mg/kg e mantidos na anestesia inalatória com isoflurano
através de vaporizador universal. Foram utilizadas lidocaína (5mg/kg) e morfina (0,1mg/kg) em
dose única via epidural buscando anestesia e analgesia, respectivamente.
2.2 Procedimento cirúrgico
Os animais foram submetidos ao procedimento cirúrgico para a aplicação da
técnica de TTA descrita por Hoffmann et al. 2006 para tanto foram utilizados implantes da marca
Focus®.
Para realização da técnica de TTA é necessária uma osteotomia na tuberosidade
tibial; que pode levar cerca de 16 semanas para se consolidar. No intuito de acelerar o processo
24
de reparação desta área de osteotomia foram empregadas células tronco mesenquimais (CTMs)
oito dias após a operação. As CTMs foram aplicadas de forma percutânea no sítio de osteotomia.
Para preparo das CTMs seguiu-se o seguinte protocolo:
Imediatamente após a realização da TTA foi coletado de todos os animais um
fragmento de tecido adiposo (cerca de 20g) oriundo do tecido subcutâneo da região parapatelar
medial, o qual foi acondicionado em solução para meio de transporte (fosfato de sódio, cloreto de
sódio, cloreto de potássio, fosfato de potássio, glicose, antioxidantes e soro halógeno). As
amostras foram encaminhadas ao laboratório Biocell para crescimento e cultivo das células-
tronco em caixa de isopor contendo gelo.
Após chegar ao laboratório, a gordura foi submetida a um tratamento enzimático
para extração e expansão das células tronco mesenquimais seguindo protocolo descrito por Kang
et al. (2012). A gordura foi lavada extensivamente com solução salina tamponada com fosfato
(PBS), fragmentada e digerida com colagenase em um agitador com água a 37°C por 45 min a 1
hora. A colagenase foi neutralizada com DMEM e 10% de soro fetal bovino (FBS). Em seguida,
a suspensão celular foi centrifugada e o sobrenadante desprezado, sendo que a fração contendo
células-tronco originadas de tecido adiposo foi ressuspendida em DMEM e filtrada através de
uma malha de nylon para remover restos e incubada em garrafas de cultura por 48 horas a 37°C
numa atmosfera umidificada a 5% de CO2 em meio normal (DMEM, FBS a 10% e 1% de solução
antibiótica/antimicótica). Após incubação, as garrafas com células foram lavadas extensivamente
com PBS para remover glóbulos vermelhos não aderentes residuais.
As células adquiridas foram mantidas no meio de cultura a 37°C / 5% de CO2 até o
oitavo dia pós-operatório, quando então foram removidas das garrafas por meio de tripsinização e
transferidas juntamente com meio de transporte para seringas hipodérmicas de 1,0 mL que foram
enviadas ao cirurgião responsável para aplicação percutânea no gap formado pela osteotomia
(Figura 12).
25
Figura 12 – Fotografia crânio-medial demonstrando aplicação
percutânea de células-tronco no sítio de osteotomia utilizando
seringa de 1ml e agulha hipodérmica 30X8, 8 dias após o
procedimento cirúrgico.
No décimo quinto dia pós operatório, os animais foram avaliados quanto a:
condição clínica da ferida cirúrgica, quanto ao grau de claudicação, quanto a efetividade da
técnica de TTA em eliminar o movimento de cisalhamento no joelho operado e quanto ao nível
de dor na área operada.
Radiografias médio-lateral foram realizadas para avaliar a evolução da reparação
óssea na área de osteotomia e imediatamente após ao exame radiográfico foi realizada remoção da
sutura e limpeza da ferida cirúrgica com PVPI-degermante e álcool 70%.
Após limpeza da ferida, o paciente foi submetido aplicação percutânea do
conteúdo presente na seringa que foi enviada pelo laboratório. O conteúdo da seringa foi aplicado
na parte central do gap ósseo. Em cinco animais foi aplicado apenas o meio de cultura sem a
presença de células (Grupo controle) e em quatro animais foi aplicada a seringa contento o meio
de cultura com CTMs (Grupo tratado). Somente o laboratório tinha conhecimento de qual
animal receberia meio de transporte com CTMs e qual receberia apenas o meio de transporte.
Desta forma, o estudo foi caracterizado como duplo cego, já que nem o cirurgião
nem o proprietário do animal sabiam se o mesmo encontrara-se no grupo tratado (GT) ou grupo
controle (GC).
26
2.3 Cuidados pós-operatórios
A medicação para controle da dor pós-operatória consistiu de dipirona
25mg/kg/VO a cada 12 horas durante cinco dias associada ao cloridrato de tramadol 3 mg/kg VO
a cada oito horas durante três dias. Anti-inflamatório não esteroidal (meloxicam) 0,1 mg/kg VO a
cada 24 horas foi administrado na manhã após a cirurgia e continuou durante dois dias.
2.4 Análise radiográfica.
Os animais foram radiografados aos 15, 30, 60, 90 e 120 dias pós operatórios. Foi
utilizado o sistema de radiografia Compacto Plus 500L, distância foco-filme 100 cm, nas
projeções médio-lateral do joelho acometido (epífises proximal e distal e ainda diáfise), nas
técnicas 40kv e 05mAs para animais até 10 kg, 42kv e 05mAs para animais de 10-20 kg e 44kv e
05mAs para animais a partir de 20 kg.. As radiografias foram avaliadas por dois veterinários que
classificaram as imagens de acordo com a descrição de Hoffmann et al. 2006: zero - indica que
não houve cicatrização óssea, I - representa uma produção óssea precoce sem fazer ponte entre a
tuberosidade tibial e o eixo da tíbia, II - significa formação óssea em um local, III - indica ponte
óssea em dois locais, IV - representa ponte óssea em todos os três locais, sendo eles, a região de
osteotomia proximal ao cage, a região de osteotomia entre o cage e a placa e a região distal da
osteotomia à placa (Figura 13).
27
Figura 13 - Modelo esquemático demontrando (A) Posição da osteotomia
e (B) Ilustração pós-operatória da TTA indicando os locais de avaliação
do preenchimento ósseo. Os sítios foram definidos como (1) a região de
osteotomia proximal ao cage, (2) região de osteotomia entre o cage e a
placa, e (3) a região de osteotomia distal à placa (Kim et al. 2010).
2.5 Diferenciação osteogênica
Para avaliar o potencial osteogênico das CTMs cultivadas, parte das células
permaneceram no laboratório e foram induzidas à diferenciação celular para tecido ósseo .
Para a diferenciação osteogénica in vitro as CTMs purificadas foram mantidas em
um meio de cultura contendo ácido ascórbico, dexametasona e fosfato de beta-glicerol segundo
protocolo estabelecido por Kang et al. 2012. Após diferenciação celular, a detecção de matriz
óssea foi realizada mediante coloração com corante von Kossa (figura 14) .
28
Figura 14 - Microscopia óptica (aumento 400X) demonstrando (A) as CTMs, (B) as células-
tronco diferenciadas em osteócitos com presença da matriz extra-celular preenchida por cálcio
(Setas pretas) e (C) osteócitos após coloração Von Kossa demonstrando preenchimento por
cálcio.
2.6 Densidade das trabéculas ósseas dispostas na substância esponjosa
Para avaliação da densidade das trabéculas ósseas da substância esponjosa dos
animais submetidos ao procedimento, processaram-se as imagens capturadas no programa Adobe
Photoshop CS6 (versão 6.0, Adobe Systems Inc., San Jose, CA, EUA) de acordo com Mahl et al.
2009. Usando as projeções médio-lateral do joelho acometido (epífises proximal e distal e
diáfise), foram realizados cortes que representassem a substância esponjosa da região do sítio de
osteotomia existente após a realização do procedimento cirúrgico. As imagens analisadas dos
grupos foram processadas no programa Image-Pro Plus 4.1 (Media Cybernetics Inc. Silver
Springs, MD) de acordo com Blatt, et al. 2004, empregando a ferramenta “Perform
Segmentation” (Figura 15).
29
Figura 15 – Ilustração do uso do programa de análise de imagens Image-Pro Plus 6.0® para
quantificação da densidade de osso trabecular. Para a avaliação, após a imagem estar aberta no
programa (A), deve ser aberta a guia "perform segmentation" (seta vermelha). Com a nova guia
aberta, com o auxílio do conta gotas (seta vermelha) (B), selecionar a área correspondente ao
tecido ósseo (seta preta) para marcação e destaque da área em questão (C). Após a marcação, foi
aplicado o efeito de máscara para contraste entre branco (área a ser avaliada) e preto (seta
vermelha) (D). Em seguida, com auxílio da ferramenta de histograma do programa, arrastar a
linha da direta do histograma (E) para o final do mesmo (setas vermelhas) (F), para que apenas a
30
área branca previamente marcada seja quantificada, apresentando o resultado em porcentagem
(elipse vermelha).
2.7 Análise estatística
Foi efetuada análise descritiva para obtenção da média e desvio padrão. A
normalidade foi obtida a partir da aplicação do teste de Kolmogorov-Smirnov. As radiografias
foram divididas em grupos nos períodos de avaliação de pós-operatório, de modo que as imagens
foram classificadas conforme o proposto por Hoffmann et al. 2006, em diferentes escores e em
períodos distintos, a partir da aplicação do Teste Qui-quadrado. A densidade das trabéculas
ósseas dispostas na substância esponjosa foi avaliada, em cada um dos períodos, para os dois
grupos, a partir da aplicação do teste de Mann Whitney. Esta densidade foi ainda comparada
entre os diferentes períodos a partir da aplicação do teste de múltipla comparação de Tukey’s,
entre os dois grupos. Foi adotado como sendo como p≤0,05 para todos os testes e para tal
empregou-se o programa Graph Pad Prism 6.0.
31
RESULTADOS
1. AVALIAÇÕES CLÍNICAS E LABORATORIAIS
Foram submetidos ao procedimento cirúrgico nove animais para aplicação da
técnica de TTA, sendo três machos e seis fêmeas. A idade média desses animais foi de 6,1 anos
variando de um a 12 anos. Três desses animais eram de raças mestiças (33,33%), dois da raça
maltês (22,22%), um da raça labrador (11,11%) e os demais de outras raças (33,33%). O período
médio entre o dia do diagnóstico e o procedimento cirúrgico foi de 19,1 dias. Os animais foram
classificados no pré e pós-operatórios de acordo com o grau de claudicação (0-5) (Fossum 2008),
conforme a tabela abaixo.
Tabela 1 – Classificação da claudicação (%) de acordo com Fossum 2008. Animais dos grupos
controle (GC) e tratados com CTMs (GT) no período pré-operatório e com 8 dias de pós-
operatório.
SCORE II III IV V
Pré Pós Pré Pós Pré Pós Pré Pós
GT (n=4) - - 25 50 50 50 25 -
GC (n=5) - 60 40 40 20 - 40 -
2. PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS – PRÉ-OPERATÓRIO E PÓS-OPERATÓRIO
2.1. Procedimento cirúrgico
Todos os animais tiveram ruptura completa e unilateral do LCC da articulação do
joelho, sendo que três (33%) romperam o LCC do joelho direito e seis (67%), do joelho
esquerdo. Cinco (55%) utilizaram cage 6 mm, três (33%) utilizaram cage 9 mm e apenas um
(11%) o cage número 12 mm. As placas foram escolhidas de acordo com o padrão radiográfico
com os animais devidamente posicionados (articulação fêmoro-tíbio-patelar com angulação de
135o) e foram utilizadas duas placas número 0, uma placa número 0,5, duas placas número 1,
uma placa número 2, duas placas número 3 e uma placa número 4 (Figura - 16)
32
Figura 16 - Fotografia demonstrando a caixa do sistema de TTA com bloqueio da
marca Focus® utilizado para a realização do experimento. A esquerda (seta preta)
os diferentes tamanhos de placas que variam de 0,5 a 6 e na região central (seta
branca) os tamanhos de cages disponíveis (06, 09 e 12).
2.2. Complicações pós-operatórias
Dentre os animais tratados (GT), foi observado um total de cinco complicações
pós-operatórias, dentre elas seroma, vômito, tosse, infecção na região da ferida cirúrgica e 50%
destes tiveram fratura da tuberosidade tibial após 15 dias da colocação do implante, mas sem
necessidade de nova intervenção para correção da fratura. Em um dos animais, a infecção foi
recorrente na região do cage e foi recomendada a retirada do implante após o total preenchimento
do local da osteotomia. No GC foram observadas três (40%) complicações pós-operatórias,
dentre elas fratura da tuberosidade tibial após 24 e 42 dias, infecção na região da ferida cirúrgica
próximo ao cage, e um caso de discreto seroma na região da ferida cirúrgica do local onde foi
retirada amostra do tecido adiposo.
Todos os animais receberam alta cirúrgica e clínica ao final do experimento, pois não
apresentavam nenhum grau de dor à palpação dos membros submetidos aos procedimentos. Em
um paciente foi observado claudicação grau I bilateral 120 dias após o procedimento,
possivelmente devido à displasia coxofemoral bilateral concomitante, além disso, ele foi
submetido a novo procedimento de TTA para correção da RLCC do joelho contralateral quando
da finalização do experimento.
33
2.3. Análise radiográfica
As radiografias dos grupos foram divididas ao longo dos períodos de avaliação
pós-operatória, de modo que as imagens foram classificadas conforme a tabela abaixo e os
escores avaliados diante dos diferentes períodos de acordo com a aplicação do Teste Qui-
quadrado (Tabela 2).
Tabela 2 - Classificação da ossificação (%) de acordo com Hoffman et al. 2006 dos animais dos
grupos controle (GC) e tratados com células-tronco mesenquimal (GT) ao longo do período de
avaliação. Teste Qui-quadrado com nível de significância p≤0,05, entre os mesmos períodos para
os diferentes grupos.
SCORE 15 dias 30 dias 60 dias 90 dias 120 dias
p GC GT GC GT GC GT GC GT GC GT
ZERO 50 75 20 50 10 - - - - - <0,0001
I 30 12,5 10 12,5 10 12,5 - - 10 12,5 0,07
II - 12,5 40 25 50 25 30 - 20 - <0,0001
III 20 - 20 12,5 - 50 30 62,5 30 50 <0,0001
IV - - 10 - 30 12,5 40 37,5 40 37,5 0,009
34
Figura 17 - Radiografias demonstrando os períodos avaliados e os escores dados de forma subjetiva. Imagens A, B, C, D e E
representam animal do GT, respectivamente nos períodos de 15, 30, 60, 90 e 120 dias. Imagens F, G, H, I e J representam animal do
GC, respectivamento nos periodos de 15, 30, 60, 90 e 120 dias. Score II (A), Score III (B, F e G), Score IV (C, D, E, H, I e J).
3. DENSIDADE DAS TRABÉCULAS ÓSSEAS DISPOSTAS NA SUBSTÂNCIA
ESPONJOSA
Comparando separadamente a densidade das trabéculas ósseas da substância
esponjosa da região recém-formada após a osteotomia nos diferentes grupos, foi possível
constatar nos animais do GC uma média de preenchimento de 36,45% após 30 dias em relação ao
GT, com diferença estatística conforme Tabela 3.
Tabela 3 - Desvio padrão e erro padrão da média da densidade das trabéculas da substância
esponjosa (%) nos grupos controle (GC) e tratado (GT). Foi aplicado o teste de Mann Whitney
para entre os grupos em cada período. Asterisco na coluna, entre as diferentes linhas expressa
diferença estatística p≤0,05.
15 dias 30 dias 60 dias 90 dias 120 dias
GC 39,32 ± 6,42 71,50 ± 4,43* 70,99 ± 3,95 66,40 ± 5,51 66,67 ± 8,26
GT 48,81 ± 7,22 45,44 ± 7,34 64,50 ± 9,78 61,25 ± 4,49 68,45 ± 5,55
Asterisco (*) na coluna, entre as diferentes linhas expressa diferença estatística p≤0,05.
36
DISCUSSÃO
Comparativamente, os animais do GC obtiveram uma melhora efetiva no quadro
da claudicação após oito dias do procedimento cirúrgico em relação ao GT, onde aqueles animais
que foram classificados conforme o score de claudicação IV e V no GC demonstraram melhor
recuperação. De forma relativa e parcial, apenas tomando como base a avaliação da claudicação,
foi possível observar que os animais do GT obtiveram resposta semelhante aos animais do GC ao
final do estudo. Sendo assim, foi possível extrapolar que a aplicação de células tronco
mesenquimais não foi benéfica como se esperava, no que diz respeito à deambulação e
diminuição do desconforto pós-operatório imediato para o grupo tratado. Este estudo não esteve
de acordo com Holffmann et al. 2006 e Lafaver et al. 2007, quando nos animais avaliados houve
uma resposta eficaz, mesmo que em curto prazo.
A utilização de propofol intravenoso e isoflurano inalatório para indução e
manutenção da anestesia, respectivamente permitiram que os animais entrassem em plano
anestésico e então fossem submetidos ao procedimento cirúrgico, não acarretando nenhuma
intercorrência transcirúrgica. Conforme os achados, foi possível observar que a ocorrência de
vômito pós-operatório poderia estar associada à ulceração gastrointestinal, decorrente da
depressão, induzida por anti-inflamatório não esteroidal utilizado no pós-operatório, dos efeitos
citoprotetores normais na mucosa gástrica incluindo supressão da secreção de bicarbonato e a
produção de muco, conforme descrito por Monteiro-Steagall et al. 2013. Apesar da ocorrência do
achado, deve ser enfatizado que a frequência foi pequena e esse achados não interfere nos
resultados obtidos por esse estudo.
De outra forma, uma das complicações mais comuns descritas em todas as técnicas
para correção da RLCC é a infecção no local de incisão, e nesse estudo, dentre os animais
operados, 11% (um animal) apresentou essa complicação, concordando com os dados
apresentados por Priddy et al. 2003 e Pacchiana et al. 2003 apud Hoffmann et al. 2006, nos quais
estes índices variaram de < 1% a 7%; considerando que a ocorrência de observações
mencionadas por estes autores foi de 193 casos (Priddy et al. 2003) e 397 (Pacchiana et al. 2003),
a diferença percentual encontrada se dá devido ao pequeno número de animais avaliados. Para
minimizar as taxas de complicações relacionadas à infecção, foi necessário: atenção aos detalhes
do procedimento a ser realizado, cumprimento rigoroso das técnicas de assepsias pré-operatórias
37
e cuidados adequado no pós-operatório (Priddy et al. 2003). Estas recomendações, garantiram a
diminuição das complicações como observado nos achados do experimento.
Ainda como fator complicador no pós-operatório, foi observada a formação de
seromas em 20% no GC e 25% no GT. A evidenciação dos seromas estariam associados à
utilização de eletrocautério conforme descrito por Porter et al. 1998, como foi adotado nos
procedimentos. Normalmente seromas são indolores e sua ocorrência também pode atrasar as
terapias adjuvantes no processo de cicatrização, além disso, tem sido associada à infecção das
feridas (Porter et al. 1998).
Foram observados quatro casos de fratura da tuberosidade após a realização da
cirurgia de TTA, sendo dois em cada um dos grupos. Como medida adotada para resolução deste
complicador os animais acometidos foram tratados de forma conservadora. Esta escolha foi
motivada pela pequena gravidade dos sinais clínicos, principalmente a intensidade da
claudicação, e não pelos fatores decorrentes da fratura, tais como a conformação e deslocamento,
estando de acordo com Calvo et al. 2014. Deve ser ressaltado que a estabilidade do parafuso no
cage pode desempenhar um papel importante na estabilidade da tuberosidade tibial fraturada e,
portanto, minimizar os sinais clínicos associados (Calvo et al. 2014). Em todos os casos, tratados
de forma conservadora, o parafuso pareceu ser funcional e adequado, pois os animais
apresentaram melhora clínica nas avaliações de claudicação e dor, mesmo não sendo submetidos
a novo procedimento cirúrgico. Levando a crer que, a fratura da tuberosidade tibial é tida como
uma complicação de TTA, que pode ter um prognóstico favorável embora possa resultar em
morbidez significativa e, em alguns casos, uma nova cirurgia de revisão possa ser necessária. É
uma complicação que pode ser evitável, através da atenção cuidadosa à técnica cirúrgica e
tomada de decisão adequada em relação à escolha dos implantes e locais de aplicação.
Em ambas avaliações, objetiva e subjetiva, ao final do experimento foi possível
observar que o GC obteve resultados iguais ao GT no que se refere ao processo de ossificação,
contudo, o GT possivelmente obteve um atraso no período de diferenciação, justificável devido à
necessidade de reorganização decorrente do processo inflamatório após a introdução das células
tronco com oito dias de pós-operatório, ao contrário do estudo realizado por Zamprogno 2007
que verificou eficácia na terapia com celulas-tronco introduzidas após 15 dias da primeira
intervenção no foco de fratura, promovendo a uniao ossea ao final do estudo. Dessa forma,
38
tomando como base o momento de aplicação das células, foi possível entender que este ocorreu
em fase precoce, visto que o processo de diferenciação deveria ser iniciado a partir dele, mas
contraditoriamente a isso, possivelmente as células foram em parte desviadas para a
reorganização do processo inflamatório instalado após a sua introdução no meio. Levando em
consideração que a primeira fase denominada inflamatória ocorre desde o primeiro dia de lesão
até o terceiro dia (Cho et al. 2002), e que nesse momento se dá a limpeza das áreas danificadas e
migração de células pluripotentes, estas são ativadas para desempenhar funções
imunossupressoras e redução da resposta das células imunes (El-Jawhari et al. 2016),
justificando, portanto, a resposta evidenciada. De outra forma, somente na segunda fase,
denominada de reparo ou condrogênica, caracterizada pelo pico de expressão de colágeno a partir
do sétimo dia até o décimo quarto (Cho et al. 2002), foi quando se observou diferenciação das
células pluripotentes em osteoblastos ou condroblastos e angiogênese induzida por macrófagos,
que também regularam a diferenciação das células pluripotentes e assim a ação de outras células
imunológicas, linfócitos T e B, localizados em contato próximo aos osteoblastos, auxiliando
então a transição da cartilagem para o osso (El-Jawhari et al. 2016).
Sabe-se que a fratura óssea, é uma interrupção do fornecimento de sangue e
posterior agregação plaquetária com a liberação de citocinas pró-inflamatórias derivadas das
plaquetas (El-Jawhari et al. 2016). Estas citocinas estimulam o retorno de linfócitos e
monócitos/macrófagos para o local da fratura, iniciando o processo de cicatrização óssea (El-
Jawhari et al. 2016). A terceira e última fase denominada osteogênica ou de remodelamento se
inicia nas primeiras 24 horas e a diferenciação máxima ocorre entre os dias 14 e 21 após a fratura
(Cho et al. 2002). Sendo assim, nos dois casos do GT que tiveram fratura aos 15 dias, tal fratura
pode ter influenciado o atraso observado da cicatrização em relação aos animais do GC que
apresentaram a fratura tardiamente, sugerindo que as células troncos introduzidas podem não ter
se diferenciado em osteoblastos como esperado, e sim mais uma vez desviadas para o novo
processo inflamatório instalado após a fratura da tuberosidade tibial. Acrescido ao fato que a
escolha do tempo de intervenção terapêutica em relação ao estado inflamatório é um desafio
essencial a ser abordado conforme observação de El-Jawhari et al. 2016. De qualquer modo,
ambos os grupos alcançaram a ossificação completa dentro do período de 8 a 10 semanas de pós-
operatório conforme proposto por Hoffmann et al. 2006.
39
CONCLUSÕES
O tratamento da RLCC pela técnica de TTA promove a formação de um GAP de
fratura que pode levar até 10 semanas para se consolidar. Devido ao amplo emprego da TTA em
cães, tornou-se relevante o estudo visando uma antecipação do processo reparativo do GAP de
osteotomia.
O uso terapêutico de células tronco mesenquimais para recuperação da perda óssea
deve considerar o microambiente, particularmente o estado de inflamação. Dessa forma, para o
período avaliado, não foi possível minimizar o tempo estimado de recuperação do GAP,
sugerindo inicialmente um aumento no número de animais avaliados e uma reavaliação em
relação ao tempo de intervenção terapêutica com as células tronco. Além disso, acredita-se que a
quantidade de células inseridas possa ser proporcional ao tamanho dos animais sugerindo
também padronização do tamanho dos pacientes e/ou da quantidade de células introduzidas.
Contudo, é possível que o uso de imagens digitais possam evitar a ocorrência de subjetividade
das avaliações.
40
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Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.
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ANEXOS
ANEXO A – TERMO DE CONSENTIMENTO
Autorização para Coleta de Tecido Adiposo e Aplicação de Células-tronco
TERMO DE RESPONSABILIDADE MÉDICO-VETERINÁRIA
Para fins de ordem legal, autorizo a prática dos procedimentos veterinários para coleta de
tecido adiposo e posterior aplicação de células tronco no animal de minha propriedade.
Declara ainda estar perfeitamente ciente de todos os aspectos que envolvem os
procedimentos de coleta de tecido adiposo e aplicação das células tronco, tendo recebido do médico
veterinário todas as informações solicitadas, bem como outras subsidiárias, conforme a seguir explicita:
Que lhe foram detalhadamente explicadas por seu médico a natureza, a finalidade, as
peculiaridades, os benefícios, os riscos e as possíveis complicações dos procedimentos;
Que, como em toda intervenção cirúrgica, existe um risco excepcional de mortalidade,
decorrente do próprio ato cirúrgico ou das condições vitais do paciente;
Que foi informado(a) e está ciente de que, como em qualquer outro ato operatório, ao
submeter-se à presente cirurgia está também sujeita a sofrer complicações e idiossincrasias, intra-
operatórias e pós-operatórias, tais como: reações aos medicamentos administrados, hemorragias,
infecções, parada cardio-respiratória, dentre outras;
Que foi também esclarecido(a) acerca de outras intercorrências e seqüelas que podem
advir da cirurgia proposta, tais como acúmulo de líquidos, sangue ou secreções nas cavidades operatórias
ou na pele; aparecimento de manchas hipo ou hipercrômicas e inchação na região operada; necrose da pele
por redução da irrigação sangüínea; cicatrizes queloideanas;
Que cada uma dessas complicações e o significado de seu nome técnico lhe foi
detalhadamente explicada pelo médico veterinário;Que essas complicações, algumas vezes, decorrem de
fatores imponderáveis e imprevisíveis, tais como reações orgânicas do próprio paciente; 7) Que em
virtude do acima exposto poderá ser imperativa a utilização de monitorização invasiva, sobre a qual já foi
o proprietário do paciente suficientemente esclarecido (a);
Que se ocorrerem intercorrências ou imprevistos a equipe médica veterinária poderá
adotar técnica cirúrgica diferente da programada, sempre em benefício do paciente;
Que, na eventualidade acima descrita, o tempo de hospitalização poderá estender-se
além do programado;
44
Que deverá informar ao médico veterinário todos os medicamentos e drogas que esteja
utilizando pelo animal, posto que tais substâncias podem produzir interações deletérias com os anestésicos
ou trazer complicações operatórias e pós-operatórias;
Que com tais explicações e esclarecimentos está plenamente satisfeito(a), tendo
compreendido e aceitado se submeter ao tratamento de terapia celular proposto;
Outrossim, declaro as especificações do animal de minha propriedade, dato e assino o
presente documento, com força de contrato de prestação de serviços médico-veterinários.
Espécie :______________
Raça :______________
Sexo :______________
Pelagem:______________
Nome :______________
Idade :______________
Proprietário :______________
Endereço :______________
R.G. :______________
CPF :______________
Telefones: ______________
E para que fique registrado o seu pleno consentimento em se submeter ao procedimento
de coleta de tecido adiposo e aplicação de células tronco acima descrito, firma o presente documento em
03 (três) vias de igual teor e forma, as quais vão também assinadas pelo proprietário do animal e por mais
02 (duas) testemunhas.
________________, _____ de ____________ de _____
________________________________________
Proprietário do Animal
________________________________________
Médico Veterinário Responsável
___________________________________ _________________________________
Testemunhas
45
Responsabilidade Clínica do Médico Veterinário
Eu, Dr.____________________________________________________________regisrado no
Conselho Regional de Medicina Veterinária, sob o número___________,sou o responsável pelo
tratamento e acompanhamento do
animal_________________________,raça_________________________, de propriedade
de_____________________ CPF______________, para quem estou indicando o tratamento de
terapia celular para tratamento da lesão______________________________com diagnóstico
de__________________________________________________________.
Informei ao proprietário do paciente que a forma de ação das células tronco e que a terapia
celular não causa risco para o animal entretanto os resultados esperados variam de acordo com
cada animal bem como com a extensão da lesão. Portanto, o acompanhamento dos resultados,
bem como a terapia pós aplicação deve ser acompanhado pelo médico veterinário responsável
pela terapia celular.
A Ser preenchido pelo proprietário do paciente
Eu, ________________________________________________, Carteira de identidade
número__________________Órgão Expedidor___________________, residente na
rua_________________________________, Cidade___________________________,
Estado______, e telefone para contato____________________, recebi pessoalmente as
informações sobre o terapia celular que será aplicada em meu animal e declaro que entendi as
orientações prestadas.
Assinatura_______________________________
R.G. do Responsável______________________________________________________
Data e Assinatura do Médico____________________________________ CRMV_______