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USO DE CONTAINERS NA ARQUITETURA EMERGENCIAL JESSICA TORRES LEONE Bolsista CNPq – PIBITI 2014/15 Orientador: Prof. Dr. Antonio Castelnou DAU-UFPR Projeto: Manual de reciclagem arquitetônica de containers BANPESQ/THALES: 2014015430

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U S O D E C O N T A I N E R S N A

A R Q U I T E T U R A E M E R G E N C I A L

JESSICA TORRES LEONE

Bolsista CNPq – PIBITI 2014/15

Orientador:

Prof. Dr. Antonio Castelnou

DAU-UFPR

Projeto:

Manual de reciclagem arquitetônica de containers

BANPESQ/THALES: 2014015430

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OBJETIVOS:

De modo geral, tem-se como objetivo fazer um estudo

exploratório sobre o emprego de containers na arquitetura efêmera, abordando tanto aspectos de

projeto como de execução de edificações mais

sustentáveis.

De modo específico, após ser feito um estudo de caso

internacional, pretendeu-se construir uma maquete física como modelo ilustrativo para o “Manual para

reciclagem arquitetônica de contêineres”, projeto ao

qual esta pesquisa de iniciação tecnológica está

vinculada.

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Pesquisa feita com base principalmente na leitura e

tradução de material internacional de construção em

containers (SLAWIK et al., 2010) e na revisão web e bibliográfica, incluindo relatórios previamente

desenvolvidos e vinculados ao mesmo projeto.

Voltada à INICIAÇÃO TECNOLÓGICA, o método

envolveu as seguintes etapas:

Coleta e seleção de fontes de pesquisa

Leitura e tradução de informações

Estudo de 01 (um) caso internacional

Observações finais relacionadas ao uso

de contêineres na arquitetura emergencial

Elaboração e redação final de relatório Elaboração de modelo tridimensional

METODOLOGIA:

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Final do século XX:

- Difusão do “Despertar Ecológico” (Décs. 1960/70) e

dos Movimentos Socioambientalistas (Décs. 1980/90).

- Início da reutilização de contêineres em diversos

ramos da arquitetura, inclusive na área emergencial.

Segundo Centro de Pesquisas de Epidemiologia dos

Desastres (CRED, 2010), na primeira década dos anos 2000, houve cerca de 2 bilhões de pessoas atingidas por

desastres naturais. Em 2009, o Brasil ficou em 6º lugar no

ranking de países mais afetados.

INTRODUÇÃO:

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TO CONTAINER (Do inglês: conter, encerrar, acomodar):

Recipiente de metal ou madeira para armazenamento e

transporte (contentor ou contêiner)

Sua ideia surgiu a partir da Revolução Industrial (1750-1830)

devido à busca pela padronização

Seu conceito moderno nasceu

nos EUA com MALCOM PURCELL McCLEAN (1913-2001), que criou o contêiner

intermodal em 1937.

Hoje existem 03 (três) tipos mais

comuns: 20, 40 e 45 pés (cerca de

6, 12 e 13,5m), cujas altura e largura são geralmente padronizadas em

8 pés (2,44m). (LEVINSON, 2003)

REVISÃO WEB-BIBLIOGRÁFICA:

M A L C O M M C L E A N ( 1 9 1 3 - 2 0 0 1 )

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O manuseio e transporte seguro por contêineres foi

regulamentando internacionalmente em 1972, a partir de

quando tornou-se um sistema cada vez mais usado.

Atualmente, cerca de 90% das mercadorias são transportadas

nesses recipientes pré-fabricados. (KOTNIK, 2010)

Entre as características que justificam sua

popularidade, apontam-se as seguintes:

Pré-fabricação/padronização

Modulação Versatilidade de arranjos

Facilidade de transporte Facilidade de acesso

Relativo baixo custo

Rápida montagem

APLICAÇÃO NA ÁREA DA ARQUITETURA

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Um dos fatores mais importantes ao se projetar uma

habitação de emergência é o tempo necessário para

abrigar os desalojados. (THE UN REFUGEE AGENCY, 2007)

Em geral, a habitação de emergência deve:

- Proteger o desabrigado;

- Reestabelecer sua dignidade; e

- Promover e restaurar sua identidade. (FERES, 2014)

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Mesmo com a intenção de ser um acampamento de

habitação temporária, cerca de 50% deles acabam

durando mais de cinco anos; e somente um quarto

duram menos que dois anos. (ANDERS, 2007)

Segundo Kronenburg (1998), a estrutura de um abrigo

temporário pode ser dividida em duas categorias:

Desmontável - Estrutura rígida - Estrutura tênsil

- Estrutura pneumática

Portátil - Estrutura móvel - Estrutura modular

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DESMONTÁVEL –

Estrutura rígida É uma estrutura desenvolvida para superfícies planas, de

fixação rápida, sendo que,

quando desmontada, fica

como a planificação de um

sólido geométrico.

DESMONTÁVEL –

Estrutura tênsil É rígida e suporta um revestimento estirado, sendo seu sistema

estrutural composto de tirantes, os

quais são geralmente em aço ou alumínio; e possui uma membrana

distensível na sua aplicação e fixação.

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DESMONTÁVEL –

Estrutura pneumática Tem sua estabilidade

adquirida através de uma

pele sob tensão, possuindo

rápida montagem e

desmontagem; e sendo capaz de cobrir grandes

áreas a um baixo custo

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PORTÁTIL – Estrutura móvel Quando incorpora o sistema de

transporte na sua estrutura-base e não

necessita associação de vários

volumes semelhantes.

PORTÁTIL – Estrutura modular Quando funciona como um volume

base que se repete, sempre com a mesma forma, e pode ser conjugada

entre si para que se tenha um

aumento de espaço.

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Abrigo de Emergência Pós-Terremoto (2011) Local: Onagawa, Japão (Shigeru Ban)

Por causa da falta de espaço, empilhou-se contêineres formando 03

(três) pavimentos, os quais foram intercalados em formato de

“tabuleiro de xadrez”, fazendo com que fossem criados espaços de convivência entre eles.

CONTÊINER COMO ESTRUTURA DESMONTÁVEL RÍGIDA: Facilidade no transporte

CONTÊINER COMO ESTRUTURA PORTÁTIL:

Maior flexibilidade de projeto e maior número de arranjos

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ESTUDO DE CASO:

CENTRO DE CIRURGIA CARDÍACA EM SALAM Arquitetos: Raul Pantaleo e Massimo Lepore

Local: Salam, Sudão (África)

Uso: Alojamento da equipe médica

Ano: 2010

Nº de contêineres: 90 de 20 pés e 7 de 12 pés

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A equipe médica fica alojada nos contêineres de 12 pés, sendo

que cada unidade é feita com um contêiner e meio, e eles podem

abrigar até 150 pessoas. Os outros sete contêineres foram utilizados para serviços gerais.

1 Centro Cirúrgico 2 Entrada Principal 3 Edifício Técnico 4 Hospedagem de Parentes

5 Edifício de Serviços 6 Edifícios de Implantes 7 Painéis Solares 8 Pavilhão Religioso

9 Alojamento Médico 10 Cafeteria

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As soluções adotadas para o isolamento térmico foram:

Uso de painéis internos do tipo “cebola” de 5 cm, que

compreendem uma cobertura metálica ventilada e um conjunto de

brise-soleils de bambu;

Tubos de passagem de água gelada abaixo do piso;

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Outras soluções:

Tecnologias de filtragem do ar

Painéis solares para utilização de energia

Uso de árvores nativas para fazer sombreamento

Técnicas vernaculares de montagem do telhado

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CENTRO DE CIRURGIA CARDÍACA EM SALAM

1 Defletor solar em bambu

2 Cobertura metálica

3 Coletores solares

4 Isolamento térmico

5 Instalação sanitária

6 Estrutura em container

7 Portas do container abertas

8 Marcos das janelas

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As principais vantagens do reuso de containers

referem-se à: disponibilidade, durabilidade, resistência,

leveza, padronização, versatilidade e adaptabilidade,

com benefícios voltados à sustentabilidade.

Como ARQUITETURA EMERGENCIAL, embora necessitem

de adaptações projetuais, os contêineres são favoráveis

à ocupação temporária de indivíduos e/ou família

afetadas por desastres naturais, especialmente por

serem resistentes, modulares e espaçosos

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

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Apesar de ainda apresentar algumas desvantagens –

como dificuldade de montagem e limitação de planta –

como HABITAÇÃO EMERGENCIAL os contêineres

mostram-se eficientes pois:

Possuem rápido tempo de montagem do local

As instalações condizem com o tempo de permanência

É possível prolongar a duração do acampamento pois sua

vida útil é longa Aproveita melhor o espaço do acampamento, uma vez que,

diferente de outros tipos de abrigos, pode ser empilhado,

gerando uma implantação mais racional do terreno.

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ANDERS, G. C. Abrigos temporários de caráter emergencial. São

Paulo: Dissertação (Mestrado em Arquitetura),Fauusp, 2007.

CRED – CENTRE FOR RESEARCH ON THE EPIDEMIOLOGY OF DISASTERS. Natural

disasters in 2009. In: CRED. Disaster data: A balanced perspective.

Brussels (Belgium): n. 19, fev. 2010. Disponível em: <file:///C:/Users/user/

Downloads/CredCrunch19.pdf>. Acesso em: 01/07/2015.

FERES, G. S. Habitação emergencial e temporária: Estudo de

determinantes para o projeto de abrigos. Campinas SP: Dissertação

(Mestrado em Arquitetura, Tecnologia e Cidade), UNICAMP, 2014

KOTNIK, J. New container architecture: Design guide + 30 case studies.

Barcelona: Links Books, 2010.

KRONENBERG, R. Portable architecture: Portable Architecture. Barcelona: Architectural Press, 1998. SLAWIK, H.; BERGMANN, J.; BUCHMEIER, M.; TINNEY, S. Container Atlas:

A practical guide to container architecture. 4. ed. Berlin: Gestalten, 2013.

THE UN REFUGEE AGENCY. Handbook for emergencies. 3. ed. Geneva

(Switzerland): UNHCR, 2007.

PRINCIPAIS REFERÊNCIAS: