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Comissão Técnica do Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado Relatório Final V MICRO-ESTRUTURAS 2 – MAI Ministério da Administração Interna (Julho/2006)

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Comissão Técnica do

Programa de Reestruturação

da Administração Central do Estado

� � �

Relatório Final

V MICRO-ESTRUTURAS

2 – MAI

Ministério da Administração Interna

� � �

(Julho/2006)

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 1

V/2 – Micro-Estruturas do MAI

ÍNDICE 2. MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO INTERNA............................................. 2

2.1. NOVA MACRO-ESTRUTURA DO MINISTÉRIO.................................................................2

2.2. MODELO DE ORGANIZAÇÃO FORMAL DAS ESTRUTURAS INTERNAS ..........................................3

2.2.1. Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI) ..........................................3

2.2.2. Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) ........................................ 11

2.2.3. Secretaria-Geral................................................................................ 16

2.2.4. Direcção-Geral de Infra-estruturas e Equipamentos (DGIE)............................ 24

2.2.5. Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)................................................ 35

2.2.6. Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC).......................................... 46

2.2.7. Gabinete de Segurança Rodoviária (GSR).................................................. 51

2.2.8. Polícia de Segurança Pública (PSP) ......................................................... 59

2.2.9. Guarda Nacional Republicana (GNR)........................................................ 63

2.2.10. Governo Civil (GC) ............................................................................. 69

2.3. ESTRUTURAS DE ADMINISTRAÇÃO INDIRECTA DO ESTADO ................................................ 72

2.3.1. Serviço Sociais da Polícia de Segurança Pública (SSPSP) ............................... 73

2.3.2. Serviços Sociais da Guarda Nacional Republicana (SSGNR)............................. 76

2.4. CONTEXTO DO MAI ...................................................................................... 78

2.4.1. Introdução....................................................................................... 78

2.4.2. Enquadramento: Demografia, Território e Efectivos.................................... 83

2.4.3. Impacto nas FSS ................................................................................ 93

2.4.4. Primeiras Considerações.....................................................................105

2.4.5. Conclusões .....................................................................................112

A apresentação das estruturas do ministério obedece em geral à seguinte abordagem:

A) Breve Caracterização da Situação Actual

B) Modelo Futuro

C) Alterações Introduzidas

D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 2

22.. MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDAA AADDMMIINNIISSTTRRAAÇÇÃÃOO IINNTTEERRNNAA

2.1. Nova Macro-Estrutura do Ministério

Macro-estrutura PRACE aprovada em RCM para o Ministério da Administração Interna (MAI):

Direcção RegionalDirecção Regional

Serviços Operacionais

Órgãos Consultivos e Comissões

Suporte àGovernação

Suporte àGestão deRecursos

a) Integra o Conselho Nacional de Bombeiros;

b) Integra a Comissão de Explosivos, a Escola Prática de Polícia e o Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna;

c) Integra o Cofre de Previdência da PSP.

MINISTÉRIO DAADMINISTRAÇÃO

INTERNA

Serviços Sociaisda PSP (c)

Serviços Sociaisda GNR

Guarda Nacional Republicana

Políciade Segurança Pública (b)

Serviços Sociaisda PSP (c)

Serviços Sociaisda PSP (c)

Serviços Sociaisda GNR

Serviços Sociaisda GNR

Guarda Nacional Republicana

Guarda Nacional Republicana

Políciade Segurança Pública (b)

Políciade Segurança Pública (b)

Inspecção-Geralda Administração

Interna

Direcção-Geralda Administração

Interna

Inspecção-Geralda Administração

Interna

Inspecção-Geralda Administração

Interna

Direcção-Geralda Administração

Interna

Direcção-Geralda Administração

Interna

Direcção RegionalGovernosCivis

AutoridadeNacional de

Protecção Civil (a)

Serviçode Estrangeirose Fronteiras

Gabinetede Segurança Rodoviária

AutoridadeNacional de

Protecção Civil (a)

AutoridadeNacional de

Protecção Civil (a)

Serviçode Estrangeirose Fronteiras

Serviçode Estrangeirose Fronteiras

Gabinetede Segurança Rodoviária

Gabinetede Segurança Rodoviária

ControladorFinanceiro

Secretaria-GeralDirecção-Geral

de Infra-Estruturase de Equipamentos

Secretaria-GeralSecretaria-GeralDirecção-Geral

de Infra-Estruturase de Equipamentos

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 3

2.2. Modelo de Organização Formal das Estruturas Internas

2.2.1. Direcção-Geral da Administração Interna (DGAI)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

Em regra, no âmbito do PRACE, e como orientações gerais relativas à reorganização dos serviços centrais para o exercício de funções de apoio à governação, em cada ministério é consagrado um serviço de planeamento, estratégia, avaliação e relações internacionais, com a missão de garantir o apoio técnico à formulação de políticas, ao planeamento estratégico e operacional e às relações internacionais, uma adequada articulação com a programação financeira, bem como a observação e avaliação global de resultados obtidos, em articulação com os demais serviços do ministério.

Neste sentido, considera-se como fundamental a aproximação entre as actividades de estudo, planeamento estratégico e relações internacionais, promovendo-se ao nível do PRACE a sua integração sob uma coordenação integrada.

Há assim que garantir a existência de um organismo exclusivamente dedicado à manutenção de um olhar estratégico permanente sobre os níveis de desempenho inerentes ao cumprimento de cada uma das missões do MAI, preconizando-se a este nível a criação de uma estrutura específica para este efeito, cumprindo as atribuições relacionadas, o que justifica a criação de um órgão dedicado.

B) Modelo Futuro

É criada a Direcção-Geral de Administração Interna (DGAI), que, no MAI, entre outras atribuições, assegurará a missão do serviço referido na alínea a) do n.º 4 da RCM n.º 39/2006, de 21 de Abril, i.e., planeamento, estratégia, avaliação e relações internacionais.

Integrará as atribuições do Gabinete de Assuntos Europeus (GAE), do Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações (GEPI) – no âmbito do estudo e análise das questões relativas à segurança interna, asilo e imigração, previsão e gestão de crises e emergências – e as do Secretariado Técnico das Assuntos para o Processo Eleitoral (STAPE), entidades que são extintas.

Unidadesde suporte

Direcção-Geralda Administração Interna

DGAI

Direcção de Serviçosde Estudo,

Planeamentoe Avaliação

Direcção de Serviçosde Estudo,

Planeamentoe Avaliação

Direcção de Serviçosde Gestão

de Informaçãoe Estatística

Direcção de Serviçosde Gestão

de Informaçãoe Estatística

Direcção de Serviçosde Relações PúblicasDirecção de Serviçosde Relações Públicas

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 4

A DGAI assegurará, no domínio do estudo, planeamento estratégico e avaliação, um adequado apoio à definição de políticas sectoriais e a observação e monitorização contínuas dos respectivos efeitos, estabelecendo prioridades, definindo objectivos e metas estratégicas a atingir, alinhando orçamentos e a consequente programação financeira com essas prioridades e mantendo um adequado nível de acompanhamento e gestão activa da respectiva evolução operacional, nomeadamente através do acesso permanente a informação de gestão e indicadores de desempenho alinhados com a estratégia definida.

A disponibilidade de informação e o seu tratamento analítico diferenciado desempenham um papel central na operacionalidade destas funções, considerando-se nessa medida que as mesmas deverão integrar, na sua vertente de gestão e análise de informação, as funções estatísticas do MAI.

Pretendendo-se uma actuação proactiva que influencie de forma consciente e determinante as diversas decisões e intervenções em presença, com vista a uma evolução permanente e optimizada dos níveis de eficiência, qualidade, eficácia do serviço público prestado pelo sector.

Num quadro internacional de enorme convergência e influência cruzada entre as políticas nacionais e europeias, onde a defesa dos interesses nacionais se efectiva num contexto de negociação alargada e directa com os congéneres europeus, a actividade de relações internacionais assume um papel cada vez mais relevante na configuração e condução das políticas do MAI, sendo essencial a sua incorporação num modelo de planeamento e gestão estratégica mais integrado e abrangente.

De notar que a integração da actividade de relações internacionais num quadro mais alargado de estudo, planeamento e gestão estratégica, deve, no entanto, acautelar a sua não diluição e despromoção em termos representativos, devendo ser assegurada a definição de um modelo organizacional diferenciado, que consagre uma relevância adequada aos seus prossecutores, legitimando-os num contexto de representatividade equiparada junto dos seus congéneres.

A DGAI receberá pessoal do STAPE, do GAE e parte do correspondente do pessoal do GEPI.

Pela integração das atribuições do STAPE, importará prever um funcionamento da DGAI que seja dotado da flexibilidade possível, podendo, por exemplo, as tarefas de apoio, inerentes à preparação dos processos eleitorais, ser asseguradas por estruturas de projecto, constituídas por RCM ou mesmo por despacho conjunto, a extinguir no fim dos actos eleitorais.

No intervalo de cada acto eleitoral, o correspondente pessoal efectivo do quadro poderá ter uma intervenção relevante na elaboração de estudos, na cooperação ou nas relações internacionais.

O âmbito desta área de intervenção acompanhará a evolução da estrutura e base de dados que suporta a identificação civil, podendo, a prazo, vir a integrar-se o recenseamento nas competências do Ministério da Justiça.

Objectivo é criar instrumentos e proceder à recolha de informação interna e externa à Administração, no país e no estrangeiro, e proceder à sua análise e interpretação em termos de benchmarking, nacional e internacional, de forma a municiar os membros do governo com os elementos necessários à definição de políticas e estratégias sectoriais, não só decorrentes das opções políticas como também dos estudos e análises de dados nacionais, comunitários e extra-comunitários.

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 5

A DGAI tem também como responsabilidade a coordenação da elaboração dos Planos de Acção do Ministério e respectivo Orçamento bem como o acompanhamento activo da sua execução e respectivos sistemas de alertas ao Governo sobre a evolução operacional.

A DGAI coordenará, nomeadamente, as funções de Definição Técnica de Indicadores de Performance e Objectivos, Avaliação de Desempenho Organizacional/Resultados, Estratégias de Gestão de Risco/Planos de Contingência, Padronização de Conceitos, Níveis de Serviço prestados e sua Qualidade, Gestão de Informação e Estatísticas.

A vertente estratégica é articulada com a área de Relações Internacionais. Ao Gabinete compete apoiar o Governo no âmbito da União Europeia, bem como apoiar a definição e garantir a execução da política internacional do Estado português nos sectores de actuação do Ministério, em articulação com o MNE.

Missão da Estrutura

Garantir o apoio técnico à formulação de políticas, ao planeamento estratégico e operacional e às relações internacionais, uma adequada articulação com a programação financeira, bem como a observação e avaliação global de resultados obtidos, em articulação com os demais serviços do ministério.

Atribuições da Estrutura

� Dar apoio técnico em matéria de definição e estruturação das políticas, das prioridades e dos objectivos do ministério e contribuir para a concepção e a execução da política legislativa do ministério;

� Proceder à elaboração dos instrumentos de planeamento, estudos comparados e análise do ambiente externo;

� Apoiar tecnicamente o Governo na elaboração de instrumentos de previsão orçamental, em articulação com os instrumentos de planeamento;

� Garantir a articulação das prioridades estratégicas em função do Programa do Governo;

� Assegurar a coerência das prioridades políticas com os instrumentos de planeamento, orçamento e reporte;

� Definir os factores críticos de sucesso e os momentos de avaliação da execução das políticas;

� Definir no plano técnico objectivos e indicadores estratégicos que indexem e objectivem os resultados pretendidos com as políticas ministeriais;

� Estimular e apoiar a definição de indicadores chave e de métricas de desempenho por parte dos diversos serviços e organismos, estabelecendo o quadro de referência em alinhamento com os objectivos estratégicos do ministério;

� Promover a padronização de conceitos em uso no ministério;

� Promover a identificação de desvios e desenvolver estratégias de gestão de desvios no âmbito do planeamento;

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 6

� Acompanhar em permanência o desenvolvimento das políticas/programas mediante a utilização dos objectivos e indicadores definidos;

� Possuir uma visão global e actual sobre a actividade e desempenho dos organismos, ponderando recursos consumidos e resultados alcançados;

� Garantir a produção da informação adequada nas áreas das suas atribuições, formatando-a em função de públicos alvo;

� Elaborar e divulgar guiões sobre o processo de planeamento, programação financeira e reporte;

� Contribuir para a elaboração de documentos estratégicos, designadamente Grandes Opções do Plano e Relatório do Orçamento do Estado;

� Estabelecer e acompanhar objectivos estratégicos sectoriais, promovendo o lançamento e a gestão de programas sectoriais transversais e programas internos verticais e integrando o respectivo planeamento de investimentos associados;

� Garantir a articulação com o controlador financeiro e com a inspecção-geral do ministério;

� Garantir a articulação com os demais serviços do ministério e com os departamentos congéneres dos outros ministérios nas áreas das suas atribuições;

� Apoiar a definição e assegurar as relações internacionais nos sectores de actuação do ministério;

� Coordenar as acções desenvolvidas no âmbito das relações externas no respectivo sector, sem prejuízo das competências próprias do Ministério dos Negócios Estrangeiros;

� Promover e desenvolver acções e programas de cooperação internacional, sem prejuízo das competências próprias do Ministério dos Negócios Estrangeiros;

� Elaborar estudos de prospectiva de âmbito nacional, sectorial e regional, desenvolvendo competências nas áreas das metodologias prospectivas e de cenarização, identificando e acompanhando as tendências de longo prazo nas áreas de intervenção do ministério.

Unidades Orgânicas

Competências

Direcção de Serviços de Estudos, Planeamento e Avaliação

� Promover, coordenar e consolidar estudos, indicadores estratégicos e outros trabalhos de natureza técnica que contribuam para a formulação, o acompanhamento e a avaliação das políticas/programas, garantindo a sua consistência e actualidade, a articulação com as prioridades e objectivos estratégicos e políticos e a monitorização contínua dos factores críticos de sucesso;

� Assegurar a definição de objectivos estratégicos sectoriais, atribuindo responsabilidades sobre a sua consecução e monitorizando a sua execução com recurso a indicadores definidos para o efeito;

� Coordenar a elaboração, o acompanhamento e a avaliação de

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 7

planos estratégicos e de desenvolvimento do Ministério e dos organismos, entre outros: definindo e promovendo a utilização padronizada de instrumentos adequados de planeamento, benchmarking, análise da envolvente, orçamento e reporte (incluindo a previsão orçamental); estabelecendo objectivos e indicadores chave de performance (métricas) a atingir pelos organismos/ unidades internas;

� Promover e coordenar a identificação de riscos associados ao planeamento de cada organismo, definindo e consolidando estratégias de gestão/ planos de contingência para mitigação dos riscos identificados;

� Promover e gerir programas sectoriais transversais, integrando o respectivo planeamento orçamental;

� Definir e promover a utilização de conceitos (taxonomia), procedimentos e modelos de planeamento padronizados e comuns a todos os organismos;

� Promover e realizar estudos de avaliação dos planos estratégicos e de desenvolvimento, garantindo a sua consistência e actualidade e facilitando a visão global e actual da actividade dos organismos;

� Elaborar textos técnicos, sínteses de resultados e publicações relativos às operações realizadas.

Direcção de Serviços de Gestão de Informação e Estatística

� Definir um sistema integrado de indicadores de actividade e Informação e de performance, estruturais, conjunturais e de antecipação, e estatística necessários nomeadamente à definição, ao acompanhamento e à avaliação das políticas e planos estratégicos e de desenvolvimento, em articulação com a área de planeamento;

� Planear, desenvolver e acompanhar o trabalho estatístico e a produção de indicadores e de outra informação de gestão, em articulação com a área de planeamento;

� Assegurar a recolha, tratamento e análise da informação de base à produção de estatísticas, indicadores e de outra informação de gestão;

� Desenvolver e gerir modelos e outras metodologias adequados à construção de cenários prospectivos nas áreas de intervenção do Ministério;

� Promover a divulgação pública das estatísticas e estudos realizados.

Direcção de Serviços de Relações Internacionais

� Contribuir, nos sectores de actuação do Ministério, para a formulação das medidas de política relacionadas com a União Europeia e com as relações internacionais;

� Coordenar, apoiar, fomentar e assegurar as actividades e relações do Ministério com entidades e organismos internacionais nos sectores de actuação do Ministério;

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 8

� Acompanhar e apoiar a política internacional do Estado Português nos sectores de actuação do Ministério, coordenando a representação do Ministério na negociação de convenções, acordos e tratados internacionais de natureza bilateral ou multilateral;

� Assessorar os membros do Governo e seus representantes no âmbito dos assuntos comunitários e internacionais, nos sectores de actuação do Ministério;

� Assegurar a articulação, no âmbito das suas atribuições, com as estruturas competentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros e de outros departamentos da Administração Pública.

Direcção de Serviços de Estudos, Planeamento e Avaliação

� Promover, coordenar e consolidar estudos, indicadores estratégicos e outros trabalhos de natureza técnica que contribuam para a formulação, o acompanhamento e a avaliação das políticas/programas, garantindo a sua consistência e actualidade, a articulação com as prioridades e objectivos estratégicos e políticos e a monitorização contínua dos factores críticos de sucesso;

� Assegurar a definição de objectivos estratégicos sectoriais, atribuindo responsabilidades sobre a sua consecução e monitorizando a sua execução com recurso a indicadores definidos para o efeito;

� Coordenar a elaboração, o acompanhamento e a avaliação de planos estratégicos e de desenvolvimento do Ministério e dos organismos, entre outros: definindo e promovendo a utilização padronizada de instrumentos adequados de planeamento, benchmarking, análise da envolvente, orçamento e reporte (incluindo a previsão orçamental); estabelecendo objectivos e indicadores chave de performance (métricas) a atingir pelos organismos/ unidades internas;

� Promover e coordenar a identificação de riscos associados ao planeamento de cada organismo, definindo e consolidando estratégias de gestão/ planos de contingência para mitigação dos riscos identificados;

� Promover e gerir programas sectoriais transversais, integrando o respectivo planeamento orçamental;

� Definir e promover a utilização de conceitos (taxonomia), procedimentos e modelos de planeamento padronizados e comuns a todos os organismos;

� Promover e realizar estudos de avaliação dos planos estratégicos e de desenvolvimento, garantindo a sua consistência e actualidade e facilitando a visão global e actual da actividade dos organismos;

� Elaborar textos técnicos, sínteses de resultados e publicações relativos às operações realizadas.

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

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Direcção de Serviços de Gestão de Informação e Estatística

� Definir um sistema integrado de indicadores de actividade e Informação e de performance, estruturais, conjunturais e de antecipação, e estatística necessários nomeadamente à definição, ao acompanhamento e à avaliação das políticas e planos estratégicos e de desenvolvimento, em articulação com a área de planeamento;

� Planear, desenvolver e acompanhar o trabalho estatístico e a produção de indicadores e de outra informação de gestão, em articulação com a área de planeamento;

� Assegurar a recolha, tratamento e análise da informação de base à produção de estatísticas, indicadores e de outra informação de gestão;

� Desenvolver e gerir modelos e outras metodologias adequados à construção de cenários prospectivos nas áreas de intervenção do Ministério;

� Promover a divulgação pública das estatísticas e estudos realizados.

Direcção de Serviços de Relações Internacionais

� Contribuir, nos sectores de actuação do Ministério, para a formulação das medidas de política relacionadas com a União Europeia e com as relações internacionais;

� Coordenar, apoiar, fomentar e assegurar as actividades e relações do Ministério com entidades e organismos internacionais nos sectores de actuação do Ministério;

� Acompanhar e apoiar a política internacional do Estado Português nos sectores de actuação do Ministério, coordenando a representação do Ministério na negociação de convenções, acordos e tratados internacionais de natureza bilateral ou multilateral;

� Assessorar os membros do Governo e seus representantes no âmbito dos assuntos comunitários e internacionais, nos sectores de actuação do Ministério;

� Assegurar a articulação, no âmbito das suas atribuições, com as estruturas competentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros e de outros departamentos da Administração Pública.

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 10

C) Alterações Introduzidas

Alteração Proposta Fundamentação

Criação da DGAI � Orientações da Comissão Técnica-PRACE

� RCM n.º 39/2006, de 21 de Abril

D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

A criação da DGAI, versando o planeamento, estudos, avaliação e relações públicas e internacionais, vem colmatar uma necessidade do MAI dando uma nova ênfase e eficácia a estas áreas.

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 11

2.2.2. Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

A Inspecção-Geral da Administração interna (IGAI) foi criada pelo Decreto-Lei n.º 227/95, de 11/09, o qual viria a ser alterado pelo Decreto-Lei n.º 154/96, de 31 de Agosto e pelo Decreto-Lei n.º 3/99, de 4 de Janeiro.

A IGAI é um serviço central de inspecção, fiscalização e apoio técnico do MAI, dotado de autonomia técnica e administrativa, que funciona na directa dependência do Ministro.

Consabidamente, esta instituição surgiu para dar resposta a questões de menor transparência ou legalidade no âmbito do MAI mas, sobretudo, para responder de forma eficaz à defesa intransigente dos direitos humanos, dos direitos fundamentais dos cidadãos, numa perspectiva da melhoria da qualidade na acção policial e do exercício da cidadania no Estado de Direito Democrático. A IGAI visa, assim, responder às preocupações internas e internacionais neste domínio, abrangendo as de natureza institucional e as de natureza não governamental, com especial atenção às ONGS, à Amnistia Internacional, à APT (1) e ao CPT(2) do Conselho da Europa.

Na essência das suas competências, a IGAI é uma inspecção de alto nível que tem por destinatários todos os serviços dependentes ou tutelados pelo Ministro da Administração Interna, os Governos Civis e as entidades que exercem actividades de segurança privada. A acção inspectiva da IGAI abrange ainda, em articulação com os serviços competentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a actividade dos serviços dependentes do Ministro da Administração Interna que, nos termos dos tratados, convenções ou protocolos de cooperação, seja desenvolvida fora do território nacional.

B) Modelo Futuro

Em regra, no âmbito do PRACE, e como orientações gerais relativas à reorganização dos serviços centrais para o exercício de funções de apoio à governação, em cada ministério é consagrado um serviço de inspecção e auditoria, usualmente designado por Inspecção-Geral, com a missão de apreciar a legalidade e regularidade dos actos praticados pelos serviços e organismos do ministério, ou sujeitos à tutela do respectivo Ministro, bem como avaliar a sua gestão e os seus resultados, através do controlo de auditoria técnica, de desempenho e financeira, e com as atribuições constantes do anexo II da RCM n.º 39/2006, de 21 de Abril. No âmbito do MAI, essa missão é consignada à actual Inspecção-Geral de Administração Interna (IGAI), que irá ver reforçadas as suas atribuições.

O PRACE reforça a função de Auditoria, tradicionalmente assegurada pelas Inspecções-Gerais dos Ministérios. Esta função evolui para um quadro de avaliação e controlo contínuos sobre os níveis de acção e desempenho de cada organismo, recomendando alterações e melhorias e seguindo a sua implementação no terreno, numa óptica de independência e imparcialidade técnica. A estrutura proposta concentra e articula os vários tipos de auditorias internas actualmente existentes nos Ministérios, a saber: normativa, financeira, de desempenho e técnica, e, quando é o caso, as auditorias externas.

1 Association pour la Prévention de la Torture (APT), com sede em Genéve, Suiça. 2 Comité Europeu para a Prevenção da Tortura (CPT).

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 12

Unidadesoperacionais

Unidadesde suporte

Inspecção-Geralda Administração Interna

IGAI(1 IG, 1 SIG)

Departamentode Apoio Técnicoe Administrativo

Departamentode Apoio Técnicoe Administrativo

Serviço de Inspecção,Auditoria

e Fiscalizaçãó

Serviço de Inspecção,Auditoria

e Fiscalizaçãó

A função Auditoria, numa perspectiva de independent peer review, assume um papel de relevância estratégica para a Governação.

Missão da Estrutura

Apreciar a legalidade e regularidade dos actos praticados pelos serviços e organismos do ministério, ou sujeitos à tutela do respectivo Ministro, bem como avaliar a sua gestão e os seus resultados, através do controlo de auditoria técnica, de desempenho e financeira

Âmbito de Intervenção

Exercer o controlo técnico e financeiro das operações e avaliar o desempenho das entidades que integram o Ministério.

Atribuições da Estrutura

� Dar apoio técnico em matéria de definição e estruturação das políticas, das prioridades e dos objectivos do ministério e contribuir para a concepção e a execução da política legislativa do ministério;

� Proceder à elaboração dos instrumentos de planeamento, estudos comparados e análise do ambiente externo;

� Apoiar tecnicamente o Governo na elaboração de instrumentos de previsão orçamental, em articulação com os instrumentos de planeamento;

� Garantir a articulação das prioridades estratégicas em função do Programa do Governo;

� Assegurar a coerência das prioridades políticas com os instrumentos de

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 13

Atribuições da Estrutura

planeamento, orçamento e reporte;

� Definir os factores críticos de sucesso e os momentos de avaliação da execução das políticas;

� Definir no plano técnico objectivos e indicadores estratégicos que indexem e objectivem os resultados pretendidos com as políticas ministeriais;

� Estimular e apoiar a definição de indicadores chave e de métricas de desempenho por parte dos diversos serviços e organismos, estabelecendo o quadro de referência em alinhamento com os objectivos estratégicos do ministério;

� Promover a padronização de conceitos em uso no ministério;

� Promover a identificação de desvios e desenvolver estratégias de gestão de desvios no âmbito do planeamento;

� Acompanhar em permanência o desenvolvimento das políticas/programas mediante a utilização dos objectivos e indicadores definidos;

� Possuir uma visão global e actual sobre a actividade e desempenho dos organismos, ponderando recursos consumidos e resultados alcançados;

� Garantir a produção da informação adequada nas áreas das suas atribuições, formatando-a em função de públicos alvo;

� Elaborar e divulgar guiões sobre o processo de planeamento, programação financeira e reporte;

� Contribuir para a elaboração de documentos estratégicos, designadamente Grandes Opções do Plano e Relatório do Orçamento do Estado;

� Estabelecer e acompanhar objectivos estratégicos sectoriais, promovendo o lançamento e a gestão de programas sectoriais transversais e programas internos verticais e integrando o respectivo planeamento de investimentos associados;

� Garantir a articulação com o controlador financeiro e com a inspecção-geral do ministério;

� Garantir a articulação com os demais serviços do ministério e com os departamentos congéneres dos outros ministérios nas áreas das suas atribuições;

� Apoiar a definição e assegurar as relações internacionais nos sectores de actuação do ministério;

� Coordenar as acções desenvolvidas no âmbito das relações externas no respectivo sector, sem prejuízo das competências próprias do Ministério dos Negócios Estrangeiros;

� Promover e desenvolver acções e programas de cooperação internacional, sem prejuízo das competências próprias do Ministério dos Negócios Estrangeiros;

� Elaborar estudos de prospectiva de âmbito nacional, sectorial e regional, desenvolvendo competências nas áreas das metodologias prospectivas e de cenarização, identificando e acompanhando as tendências de longo prazo nas áreas de intervenção do ministério.

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 14

Unidades Orgânicas

Competências

Departamento de Apoio Técnico (DAT)

� Assegurar as tarefas necessárias ao planeamento e controlo da actividade do SIAF, cabendo-lhe preparar o plano de actuação e o relatório anual;

� Organizar manuais, guias, programas de trabalho e outros instrumentos de apoio técnico às acções de inspecção e fiscalização;

� Proceder ao tratamento da legislação e demais documentação de interesse para o SIAF, promovendo a sua utilização pelos inspectores;

� Elaborar estudos, pareceres e informações sobre matérias da competência do SIAF;

� Desenvolver e gerir aplicações informáticas, nomeadamente bases de dados sobre matérias de interesse para o SIAF.

(Processos e Expediente Geral)

� Registar os documentos dirigidos à IGAI, as ordens e instruções de serviço, os relatórios e os despachos do Ministro, do inspector-geral e do subinspector-geral;

� Escriturar o livro de registo de processos e registar os pareceres dos inspectores;

� Praticar todos os actos relativos à movimentação dos processos e manter permanentemente actualizado o respectivo ficheiro;

� Assegurar a organização e manutenção do arquivo geral;

� Assegurar e controlar a reprodução de documentos e praticar os demais actos de expediente geral.

(Pessoal, Contabilidade e Economato)

� Promover e executar, em articulação com a Secretaria-Geral do MAI, as acções relativas à gestão do pessoal do quadro único do MAI afecto à IGAI;

� Organizar e actualizar o cadastro do pessoal;

� Elaborar e executar o orçamento e a contabilidade, bem como o expediente a eles respeitante;

� Preparar a aquisição e assegurar a gestão dos bens afectos à IGAI, bem como manter actualizado o respectivo inventário.

Serviço de Inspecção, Auditoria e Fiscalização (SIAF)

� Realizar inspecções, inquéritos e sindicâncias aos serviços centrais, aos governos civis e às forças e serviços de segurança integrados na orgânica do MAI;

� Averiguar do cumprimento das disposições legais e regulamentares, das instruções superiores e dos programas e planos aprovados por parte dos serviços referidos na alínea anterior;

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 15

Unidades Orgânicas

Competências

� Fiscalizar, de forma sistemática, a organização e o funcionamento das empresas autorizadas a exercer actividades de segurança privada;

� Investigar, de forma permanente, o exercício ilegal de actividades de segurança privada;

� Analisar e emitir parecer sobre o grau de eficácia e a aptidão dos serviços inspeccionados e do respectivo pessoal, bem como sobre a legalidade da organização e actuação das empresas fiscalizadas;

� Propor a instauração e instruir os processos disciplinares ordenados pelo Ministro da Administração Interna e os resultantes da actividade inspectiva, bem como os processos sancionatórios resultantes da actividade fiscalizadora.

C) Alterações Introduzidas

Alteração Proposta Fundamentação

Reforço da vertente auditoria de desempenho e financeira

Orientação da Comissão Técnica-PRACE

Funcionamento por centros de competência e equipas de projecto, com reforço do corpo de auditoria

Orientação da Comissão Técnica-PRACE

Criação de um quadro próprio de Inspectores com 50% da respectiva dotação

Assegurar know-how na organização

Áreas de Pessoal, Contabilidade e Economato

Transferência para o âmbito da SG, por agora, em trânsito para futura USP

Extinção do Departamento de Assuntos Internos

Serviços nunca funcionaram

D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

Incremento da racionalidade do modelo organizacional, traduzido na supressão de uma direcção de serviços, e economia de escala resultante da partilha de serviços nas áreas de pessoal, contabilidade e economato.

Maior racionalização na gestão dos recursos humanos e perspectiva de maior eficiência pela necessária especialização na execução das tarefas, por centro de competências e funcionamento por projectos.

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 16

2.2.3. Secretaria-Geral

A) Breve Caracterização da Situação Actual

Das orientações gerais do PRACE, relativas à reorganização dos serviços centrais para o exercício de funções de gestão de recursos, em regra, em cada ministério é consagrada uma secretaria-geral com a missão de assegurar o apoio técnico e administrativo aos membros do Governo em funções no ministério e aos demais órgãos e serviços nele integrados, nos domínios da gestão de recursos internos, do apoio técnico-jurídico e contencioso, da documentação e informação e da comunicação e relações públicas e, designadamente, com as atribuições constantes do artigo 31º da Lei n.º4/2004, de 15 de Janeiro.

No MAI, a Secretaria-Geral (SGMAI) é o órgão coordenador da actividade administrativa comum, dotado de autonomia administrativa, com funções de estudo, coordenação e de apoio técnico e administrativo aos gabinetes dos membros do Governo e aos demais serviços do Ministério da Administração Interna(3).

Compete, ainda, à SGMAI, a instrução dos processos relativos ao exercício da actividade de segurança privada e respectivo licenciamento, e à instrução de processos de reconhecimento de fundações.

B) Modelo Futuro

Unidadesoperacionais

Unidadesde suporte

Secretaria-Geral(1 SG, 2 SGAdj)

Direcção de Serviçosde Apoio

Jurídico/Contencioso

Direcção de Serviçosde Apoio

Jurídico/Contencioso

Direcção de Serviçosde Recursos HumanosDirecção de Serviçosde Recursos Humanos

Direcção de Serviçosde Processos EspeciaisDirecção de Serviçosde Processos Especiais

Direcção de Serviçosde RecursosFinanceiros

e Gestão do PIDDAC

Direcção de Serviçosde RecursosFinanceiros

e Gestão do PIDDAC

Gabinetede RelaçõesPúblicas

Gabinetede RelaçõesPúblicas

Gabinetede Documentação

e Biblioteca

Gabinetede Documentação

e Biblioteca

Verifica-se uma pulverização de serviços com competências nos domínios da gestão de recursos humanos, financeiros, materiais e patrimoniais, com repetição sistemática dos mesmos processos e desperdício de recursos no ministério. Por forma a ultrapassar essa situação, é dado início a uma estratégia de criação de unidades de serviços partilhados no MAI.

3 Decreto-Lei n.º 55/87, de 31 de Janeiro.

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 17

A gestão de recursos humanos, financeiros, materiais e patrimoniais nos vários Ministérios e respectivos organismos tem provocado uma pulverização de serviços com competências nestes domínios, repetindo basicamente os mesmos processos e originando desperdício de recursos.

Nestas áreas, o reforço das Secretarias-Gerais, a partilha de serviços comuns e a implementação de sistemas de informação integrados permite a eliminação das múltiplas repetições estruturais, potenciando a redução de custos e as economias de escalas.

As Secretarias-Gerais devem ser reforçadas no seu papel de coordenação e concentração de informação relativa às actividades de suporte à gestão de recursos humanos, materiais e patrimoniais, em particular no período temporal em que não estejam ainda preparadas soluções mais evoluídas em matéria de prestação de serviços partilhados.

Nas Secretarias-Gerais deve igualmente ser concentrada a capacidade existente de prestação de apoio técnico-jurídico, em substituição das auditorias jurídicas.

Missão da Estrutura

Assegurar o apoio técnico e administrativo aos membros do Governo em funções no ministério e aos demais órgãos e serviços nele integrados, nos domínios da gestão de recursos internos, do apoio técnico-jurídico e contencioso, da documentação e informação e da comunicação e relações públicas e, designadamente, com as atribuições constantes do artigo 31º da Lei n.º4/2004, de 15 de Janeiro.

Atribuições da Estrutura

� Apoiar administrativa e juridicamente os gabinetes dos membros do Governo que integram o Ministério, bem como os órgãos, serviços, comissões e grupos de trabalho que não disponham de meios apropriados;

� Assegurar os serviços de apoio jurídico-contencioso do Ministério;

� Assegurar as actividades no âmbito da comunicação e relações públicas;

� Gerir os contratos de prestação de serviços de suporte não integrados em entidades públicas prestadoras de serviços partilhados;

� Prosseguir actividades que, pela sua especificidade, não sejam enquadráveis noutras estruturas do Ministério.

Unidades Orgânicas

Competências

Direcção de Serviços de Apoio Jurídico-Contencioso

� Elaborar estudos, pareceres e informações de carácter jurídico;

� Elaborar os projectos de resposta nos recursos contenciosos;

� Intervir nos recursos e demais processos de contencioso

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 18

Unidades Orgânicas

Competências

administrativo, acompanhando a respectiva tramitação,

� Participar na preparação, elaboração e análise de projectos de diplomas legais, produzindo, quando tal lhe seja determinado, os prévios estudos jurídicos;

� Emitir parecer que habilite os membros do Governo a proferir decisão em processos disciplinares;

� Intervir, quando solicitada, em quaisquer processos de sindicância, inquéritos, ou disciplinares, quando para a respectiva instrução se torne necessária a nomeação de pessoa com formação jurídica;

� Propor a difusão pelos serviços do Ministério das decisões proferidas pelos tribunais administrativos nos processos que acompanhem e que se revelem de interesse directo para o Ministério.

Gabinete de Relações Públicas e Apoio Geral

(nível divisão)

� Organizar o serviço de recepção e atendimento ao público;

� Atender sugestões, iniciativas e reclamações do público, prestando os necessários esclarecimentos ou promovendo o respectivo encaminhamento para os serviços e organismos responsáveis;

� Organizar os actos relativos às obrigações protocolares dos serviços do Ministério, bem como dos membros do Governo;

� Participar na divulgação das actividades dos serviços do Ministério;

� Preparar e organizar quer a estada de personalidades ou missões estrangeiras em visita ao País quer a estada de delegações portuguesas no estrangeiro;

� Apoio Informático(4)

Gabinete de Documentação e Biblioteca

(nível divisão)

Componente Documentação

� Gerir e divulgar interministerialmente os elementos bibliográficos e documentação técnica respeitante à actividade do Ministério;

� Assegurar as acções relativas a trabalhos gráficos e reprografia dos serviços do Ministério;

� Assegurar o atendimento, consulta, empréstimo e informação relativa a fontes documentais;

� Proceder à distribuição interna de normas e directivas necessárias ao funcionamento da SG;

4 Ver atribuições da Divisão de Informática, Despacho n.º 18666/99, DR 2ª Série, n.º 227, de 28-09-1999, Pág. 14615.

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Ministério da Administração Interna V/2 - 19

Unidades Orgânicas

Competências

� (Componente Arquivos)

� Organizar o sistema de arquivo geral de forma a proporcionar um meio rápido e eficiente de recuperação da informação;

� Elaborar e actualizar as tabelas gerais de avaliação, selecção e eliminação de documentos;

� Organizar e manter o arquivo histórico de acordo com as regras arquivísticas nacionais;

Componente Expediente

� Assegurar a recepção, classificação, registo e distribuição interna da correspondência entrada na SG;

� Assegurar o serviço de expedição da correspondência da SG e dos serviços, comissões e grupos de trabalho aos quais preste apoio.

Direcção de Serviços de Recursos Humanos

Componente Organizativa5

� Desenvolver e implementar medidas de racionalização e automatização dos processos de trabalho e dos sistemas de comunicação e decisão nas actividades sob sua responsabilidade directa e coordenar e apoiar a implementação deste tipo de medidas nos restantes serviços do ministério;

� Estudar, propor e coordenar a implementação de medidas de inovação e qualidade, bem como das métricas que permitam o seu controlo e gestão.

Componente Recursos Humanos

� Promover a aplicação das medidas de política de recursos humanos;

� Emitir orientações técnicas e proceder à consultadoria jurídica no domínio da gestão dos recursos humanos dos serviços do Ministério;

� Organizar e manter actualizada a informação relativa aos RH do Ministério, tendo em vista, designadamente, a elaboração do Balanço Social do Ministério;

� Promover a dotação dos Gabinetes dos membros do Governo, com o pessoal administrativo e auxiliar que se mostre necessário;

� Assegurar a gestão e formação dos recursos humanos da SG;

� Assegurar os procedimentos relativos a concursos de admissão

5 Em articulação com a entidade central responsável pela Coordenação da Modernização Administrativa

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 20

Unidades Orgânicas

Competências

e acesso do pessoal da SG e dos serviços do Ministério que o solicitem.

Direcção de Serviços de Recursos Financeiros e Gestão PIDDAC

Componente Financeira

� Elaborar, tendo em consideração o plano de actividades anual, as propostas de orçamento da SG, bem como dos serviços, comissões e grupos de trabalho por esta apoiados;

� Gerir a execução dos orçamentos referidos na alínea anterior, praticando e promovendo todos os actos necessários para o efeito;

� Instruir os processos relativos a despesas resultantes dos orçamentos geridos pela SG, informar quanto à sua legalidade e cabimento e efectuar processamentos, liquidações e pagamentos;

� Organizar a conta anual de gerência da SG e preparar os elementos necessários à elaboração de relatórios de execução financeira.

Componente Patrimonial/Aprovisionamento

� Assegurar a gestão dos recursos patrimoniais afectos à SG;

� Gerir os contratos de prestação de serviços para o Ministério e proceder à recolha de informação e dados estatísticos com vista à racionalização dos mesmos;

� Preparar, realizar e gerir os contratos de fornecimento de bens e serviços não integrados em entidades públicas prestadoras de serviços partilhados;

� Proceder junto dos organismos do Ministério ao levantamento e à agregação de necessidades de bens e serviços integrados em entidades públicas prestadoras de serviços partilhados.

PIDDAC

� Propor os empreendimentos a incluir anualmente no Programa de Investimentos e de Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC), assegurando a elaboração dos respectivos programas do Ministério.

� Coordenar e controlar a execução física e financeira dos projectos e programas inscritos no PIDDAC.

Direcção de Serviços de Processos Especiais

� Serviço de apoio técnico para os processos relativos ao exercício da actividade de segurança privada, reconhecimento de fundações ou outros cujo tratamento lhe seja cometido. Em matéria procedimental, compete:

� Dar parecer, nos termos da legislação em vigor, sobre os pedidos de autorização para o exercício da actividade de segurança privada e submetê-los a despacho da entidade

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Ministério da Administração Interna V/2 - 21

Unidades Orgânicas

Competências

competente;

� Emitir os alvarás para o exercício da actividade de segurança privada e proceder à sua comunicação junto da Inspecção-Geral da Administração Interna, Governos Civis, Comando-Geral da Guarda Nacional Republicana e Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública, bem como à Directoria da Polícia Judiciária;

� Coordenar a instrução dos processos relativos aos modelos de uniforme sujeitos à aprovação do MAI;

� Promover a fixação de medidas e sistemas que permitam o controlo permanente do exercício da actividade de segurança privada;

� Proceder ao controlo da emissão e renovação do cartão profissional destinado ao pessoal ao serviço das empresas de segurança privada;

� Manter actualizada a base de dados relativa às entidades que exercem actividades de segurança privada, bem como do correspondente pessoal;

� Instruir os processos sobre reconhecimento de fundações, bem como sobre alterações aos respectivos estatutos;

� Assegurar quaisquer outras acções que lhe sejam cometidas no âmbito das suas atribuições.

� Em matéria de apoio técnico e de instrução processual, compete-lhe:

� Instruir os processos de contra-ordenação, relativamente à mesma actividade;

� Instruir os processos relativos ao cancelamento de alvarás e de licenças nos termos da legislação em vigor;

� Prestar o apoio necessário às entidades competentes do Ministério em matéria de fiscalização da actividade de segurança privada;

� Dar parecer acerca das impugnações das decisões proferidas em processos de contra-ordenações e remetê-las a tribunal, quando for caso disso;

� Assegurar a actualização do cadastro de cada entidade, singular ou colectiva, objecto de aplicação de sanções em processos de contra-ordenação por actos praticados em contravenção com as normas reguladoras da actividade de segurança privada;

� Analisar os relatórios anuais de actividades remetidos pelas empresas de segurança privada;

� Proceder à análise e tratamento dos dados estatísticos

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 22

Unidades Orgânicas

Competências

relativos às empresas de segurança privada e promover a divulgação através do relatório anual;

� Assegurar, nos termos da legislação em vigor, a participação da Secretaria-Geral em matéria relativa à formação dos agentes de segurança privada;

� Prestar apoio técnico ao Conselho de Segurança Privada(6).

C) Alterações Introduzidas

Alteração Proposta Fundamentação

Criação da direcção de serviços de apoio jurídico-contencioso

� Orientação da Comissão Técnica do PRACE

� Supressão do Gabinete Técnico Jurídico

� Supressão da Auditoria Jurídica do Ministério

Autonomização das áreas de recursos humanos e de recursos financeiros por via da criação de duas direcções de serviços, integrando a gestão do PIDDAC. Criação de mais um lugar de DS e supressão de um lugar de Secretário-Geral Adjunto.

� Maior focagem na especialização com inerente aumento na capacidade de resposta estendida ao domínio de organismos que engloba quase todo o Ministério

� Criação de serviços partilhados no âmbito da contabilidade, economato, compras e gestão de pessoal.

Extinção da Direcção de serviços de Biblioteca, Documentação e Relações Publicas

Recondução das duas áreas de actuação a duas divisões dependentes do dirigente máximo

Transição da Divisão de Informática para âmbito da DGIE

Orientações da Comissão Técnica do PRACE

Revogação da competência inspectiva no âmbito da segurança privada com supressão da Divisão de Inspecção da DS Processos Especiais

Recentragem da missão da SG e desejável diferenciação entre a entidade fiscalizadora e “participante” da entidade instrutora e sancionadora.

6 Órgão de consulta do Ministro da Administração Interna, cf. Artigo n.º 20 do Decreto-Lei n.º 35/2004, de 21 de Fevereiro, que altera o regime jurídico do exercício da actividade de segurança privada

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D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

Ganhos decorrentes da rearrumação de serviços da SGMAI que lhe permitem uma capacidade de resposta adequada ao alargamento de atribuições.

Concentração na SGMAI de serviços genéricos que deixaram de estar presentes em outros organismos do Ministério.

Estrutura actual Actual Proposto

Dir. Serv./equiparados 3 4

Divisões/ equiparados 7 5

GTJ 1 0

S G Adjunto 2 1

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2.2.4. Direcção-Geral de Infra-estruturas e Equipamentos (DGIE)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

Das orientações gerais do PRACE relativas à reorganização dos serviços centrais para o exercício de funções de gestão de recursos, em regra, em cada ministério deve ser consagrado um serviço de tecnologias de informação e comunicação (TIC) com a missão de definir as políticas e estratégias de TIC do ministério e garantir o planeamento, concepção, execução e avaliação das iniciativas de informatização e actualização tecnológica dos respectivos serviços e organismos, assegurando uma gestão eficaz e racional dos recursos disponíveis, e com as atribuições constantes do anexo IV da RCM n.º 39/2006, de 21 de Abril.

No âmbito do MAI, no que concerne a TIC’s, em concreto sobre os Sistemas de Informação que suportam a operacionalidade das FSS, identificam-se as seguintes soluções:

• Na GNR, o SIOP (sistema informático de apoio às operações) – em fase de testes, e que prevê o registo, análise, divulgação de informação operacional e criminal;

• Na PSP, o SEI (sistema estratégico de informação), que arrancou em 2004 por ocasião do Campeonato Europeu de Futebol;

• No SEF, o SII (sistema integrado de informação).

De referir ainda o sistema SIS-Schengen(7), transversal às FSS do MAI, mas sob responsabilidade do SEF.

Igualmente de referir, embora no âmbito do Ministério da Justiça, o SIIC (sistema integrado de informação criminal) da responsabilidade da PJ.

Acresce, no seio do MAI, a existência dos sistemas de informação que suportam a missão da DGV e as infraestruturas de comunicação e de gestão tecnológica em fase de desenvolvimento e instalação, como são a RNSI (rede nacional de segurança interna) e a rede SIRESP, que virá a interligar via rádio as FSS, de emergência e protecção civil.

Compreende-se, pelo exposto, que no âmbito do MAI as TIC encontram-se segregadas à missão e atribuições de cada diferente entidade, podendo-se, contudo, identificar algumas situações de partilha de informação ao nível da DGV e SEF com os restantes serviços e forças do MAI.

À DGV e SEF(8) foi, nesta área, reconhecida a sua natureza de “serviço de informática de grande dimensão”(9).

7 O Sistema de Informação Schengen (SIS) é o sistema comum de informação, à escala europeia, criado como medida compensatória da abolição de fronteiras internas, com vista ao estabelecimento progressivo de um espaço de liberdade, de segurança e de justiça.

O SIS permite a cooperação entre as autoridades competentes do Estados-Membros, através do intercâmbio de informações, para o controlo das pessoas e objectos nas fronteiras externas e nos territórios nacionais, bem como para emissão de vistos e autorizações de residência e ainda para a cooperação policial e judicial em matéria penal.

8 Cf. Despacho conjunto publicado no D.R. n.º 78, II Série, de 1992/02/04. 9 Cf. Artigo 4ª do Decreto-Lei n.º 177/95, de 26 de Julho.

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B) Modelo Futuro

É criada a Direcção-Geral de Infra-estruturas e de Equipamentos (DGIE) que, no MAI, integrará, entre outras, incluindo as constantes na RCM n.º 39/2006, de 21 de Abril, parte das atribuições do Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações (GEPI) – no âmbito do planeamento, elaboração e controlo dos processos de aquisição, construção e manutenção de equipamentos e instalações das forças e serviços de segurança e protecção civil – e outros serviços comuns específicos da área de segurança interna, designadamente infra-estruturas de redes e comunicações e atribuições no âmbito dos TIC.

Procura-se, com este modelo, e no que especificamente diz respeito aos sistemas e tecnologias da informação, dar corpo ao constante no ponto iii) da alínea e) do número 5 da RCM 39/2006, a qual, em síntese, aponta para, em regra, um serviço de tecnologias de informação e comunicação (TIC) em cada ministério, com a missão de definir as políticas e estratégias de TIC e garantir o planeamento, concepção, execução e avaliação das iniciativas de informatização.

Defendendo-se que as alterações daqui resultantes venham a ser implementadas de uma forma faseada, e acolhendo a preocupação, também referida na citada RCM, de uma “gestão eficaz e racional dos recursos disponíveis”, a solução proposta como modelo futuro passa pela conversão dos serviços informáticos do SEF em “data center” do MAI, ficando todos os outros organismos apenas com serviços locais de apoio ao utilizador.

Reconhecendo-se ainda a importância de uma solução de continuidade de negócio a implementar rapidamente, também se defende que a mesma se concretize tendo por base a estrutura informática da PSP, embora admitindo como possibilidade futura a criação de uma alternativa que responda mais adequadamente aos requisitos que uma imprescindível análise de risco venha a identificar como recomendáveis nos planos financeiro, organizacional, técnico e ambiental.

A DGIE assumirá assim a gestão da Rede Nacional da Segurança Interna (RNSI) – rede de comunicações segura, integrada, de alto débito, totalmente fiável e capaz de suportar dados, voz e imagens para uso das forças e serviços de segurança, das estruturas de protecção civil e demais organismos e serviços do Ministério – a qual visa, principalmente, agilizar o desenvolvimento da informatização dos sistemas de informação da administração interna, a sua imprescindível integração e a necessária intercomunicação entre todos os sistemas de todas as estruturas e organismos do MAI.

Considerando a urgência em melhorar os níveis de segurança no acesso, comunicação e armazenamento da informação, a DGIE, racionalizando meios por partilha e inovação tecnológica, como centro de gestão, deverá abranger:

• O acesso do cidadão à informação dispersa pelos organismos do Ministério;

• Os serviços básicos de rede a todas as dependências de todos os organismos do Ministério (acesso seguro à Internet, correio electrónico, infra-estrutura de chaves públicas, voz sobre IP);

• A partilha de aplicações de carácter horizontal;

• Uma melhoria significativa dos tempos de resposta dos sistemas através do aumento de débito, assegurando o uso da banda larga no sector da segurança interna;

• Uma significativa diminuição dos custos globais das comunicações;

• Uma intranet comum para as forças de segurança.

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O centro de gestão, criado no âmbito da DGIE e RNSI, deverá prever a criação de um centro alternativo em caso de desastre.

Unidadesde suporte

Direcção-Geralde Infra-estruturas e Equipamentos

DGIE

(1 DG, 2 SDG)

Direcção de Serviçosde Sistemas

de Informação

Direcção de Serviçosde Sistemas

de Informação

Direcção de Serviçosde Gestão

de Infra-estruturas

Direcção de Serviçosde Gestão

de Infra-estruturas

Direcção de Serviçosde Gestãode Sistemas

Direcção de Serviçosde Gestãode Sistemas

Direcção de Serviçosde Planeamentode Instalações

Direcção de Serviçosde Planeamentode Instalações

Divisãode Planeamentoe Organização

Divisãode Planeamentoe Organização

Divisão de Auditoria,Qualidade e Gestão

de Projectos

Divisão de Auditoria,Qualidade e Gestão

de Projectos

A DGIE assumirá parte das atribuições do Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações (GEPI), concretamente aquelas no âmbito do planeamento, elaboração e controlo dos processos de aquisição, construção e manutenção de equipamentos e instalações das forças e serviços de segurança e protecção civil.

A DGIE deverá ser o interlocutor privilegiado do MAI com outros organismos (ao nível do Estado e da Sociedade) relevantes na área de actuação e naquilo que for similar ou se enquadrar na missão e atribuições da DGIE, como sejam, a título de exemplo, a Entidade de Certificação Electrónica do Estado – Infra-Estrutura de Chaves Públicas (ECEE), a Unidade de Coordenação da Modernização Administrativa (UCMA), a Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC), a Autoridade Nacional de Comunicações (ICP-ANACOM), a Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN) ou o Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER), para indicar apenas alguns deles.

Missão da Estrutura

Definir as políticas e estratégias de TIC do ministério e garantir o planeamento, concepção, execução e avaliação das iniciativas de informatização e a actualização tecnológica dos respectivos serviços e organismos, assegurando uma gestão eficaz e racional dos recursos disponíveis.

Elaborar, planear e controlar os programas de empreendimentos relativos às necessidades de equipamentos e instalações das Forças e Serviços de Segurança.

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Atribuições da Estrutura

Componente TIC:

� Definir a política estratégica das tecnologias de informação e de comunicações (TIC) do ministério e acompanhar o seu cumprimento;

� Elaborar o plano estratégico de sistemas de informação geral do ministério, tendo em conta as necessidades do sector, e coordenar a elaboração de planos estratégicos específicos em organismos do ministério cuja complexidade e dimensão o justifique;

� Assegurar a articulação com os organismos com competências interministeriais na área das TIC, garantindo a participação em iniciativas de natureza transversal, a aplicação no ministério de normas e orientações comuns, a utilização de infra-estruturas tecnológicas partilhadas da Administração Pública e a integração em processos aquisitivos agregados com outros ministérios;

� Definir e controlar o cumprimento de normas e procedimentos relativos à selecção, aquisição e utilização de infra-estruturas tecnológicas e sistemas de informação;

� Coordenar a realização de projectos no âmbito das TIC dos organismos do ministério, em articulação com estes;

� Promover a unificação e a racionalização de métodos, processos e infra-estruturas tecnológicas nos vários organismos;

� Acompanhar em permanência o desenvolvimento de sistemas de informação e infra-estruturas tecnológicas de forma a garantir a sua adequação às necessidades dos organismos do ministério e o cumprimento das políticas e das normas definidas;

� Assegurar a construção, a gestão e a operação de sistemas e infra-estruturas na área de actuação do ministério, quer transversais quer específicas, em articulação com os organismos;

� Garantir a articulação com os vários organismos do ministério no âmbito das suas atribuições.

Componente de planeamento de instalações:

� Elaborar programas anuais e plurianuais de empreendimentos relativos às forças e serviços de segurança promovendo a sua aprovação superior;

� Promover a execução e controle dos empreendimentos aprovados e apresentar os relatórios anuais de execução.

� Proceder às aquisições superiormente aprovadas.

Unidades Orgânicas

Competências

Direcção de Serviços de Gestão de Sistemas

� Assegurar a administração dos sistemas sob a sua responsabilidade;

� Gerir a configuração das máquinas servidoras, clientes e impressoras instalados, e implementar e manter actualizados os suportes lógicos adoptados;

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 28

Unidades Orgânicas

Competências

� Realizar a salvaguarda e recuperação de ficheiros de dados e de ficheiros de software de base e aplicacional;

� Proceder à recuperação de “crash” de máquinas servidoras e estações de trabalho;

� Elaborar e divulgar procedimentos e normas técnicas relativas à administração e utilização de suportes físicos e lógicos;

� Elaborar propostas referentes à evolução da arquitectura em termos de suportes físicos e lógicos bem como de planos de migração;

� Elaborar procedimentos e normas técnicas escritas quer para situações de administração corrente quer para acções de contingência;

� Controlar a segurança de acesso aos sistemas;

� Proceder ao controlo e planificação dos trabalhos;

� Proceder à certificação das aplicações tendo em conta o ambiente existente;

� Preparar estatísticas e proceder à sua divulgação;

� Colaborar em acções de formação interna;

� Dar solução aos “ticket´s” abertos pelo help-desk e que se reportam a esta área técnica.

Divisão de Apoio Técnico

� Assegurar a centralização da recepção de todos os problemas e anomalias de hardware, software e comunicações reportadas pelos utilizadores externos e internos;

� Resolver aqueles para os quais tem a respectiva solução e escalar para as áreas técnicas competentes os restantes;

� Proceder à gestão e ao tratamento estatístico de todos os “tickets”;

� Articular-se, geográfica e funcionalmente, com os centros de apoio local existentes nos diversos organismos do MAI.

Direcção de Serviços de Sistemas de Informação

� Proceder ao desenvolvimento e manutenção de aplicações específicas consideradas necessárias para o MAI;

� Realizar actividades de manutenção correctiva, adaptativa e evolutiva para as aplicações em exploração no MAI;

� Assegurar a administração de dados das bases de dados sob a sua responsabilidade;

� Estabelecer contactos técnicos com os fornecedores do software aplicacional em uso;

� Elaborar procedimentos e normas técnicas relativas à utilização das aplicações;

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 29

Unidades Orgânicas

Competências

� Implementar os procedimentos de segurança aplicacional de acordo com o modelo de segurança definido;

� Colaborar em acções de formação interna.

Divisão de Desenho e Conteúdos WEB

� Desenvolver serviços por via do recurso às tecnologias específicas desta área;

� Actualização e gestão da Internet e Intranet.

Divisão de Sistemas Aplicacionais

� Desenvolver serviços por via do recurso a tecnologia de sistema de gestão de bases de dados (SGBD) integrado, geradores de aplicações, ou outras formas de desenvolvimento de código tendo por base as linguagens e as metodologias internamente adoptadas.

Divisão de Serviços de Planeamento e Organização

� Definir a estratégica das TIC do Ministério, elaborar o plano estratégico das mesmas e acompanhar o seu cumprimento;

� Assegurar a articulação com os organismos com competências inter-ministeriais na área das TIC’s, garantindo a participação em iniciativas de natureza transversal, a aplicação no Ministério de normas e orientações comuns, a utilização de infra-estruturas tecnológicas partilhadas da Administração Pública e a integração em processos aquisitivos agregados com outros Ministérios;

� Definir e controlar o cumprimento de normas e procedimentos relativos à selecção, aquisição e utilização de infra-estruturas tecnológicas e sistemas de informação;

� Assegurar a articulação na área das TIC com os organismos do Ministério;

� Definir a política de segurança informática, em articulação as áreas de desenvolvimento, operação e gestão de infra-estruturas;

� Definir os níveis de serviço – Service Level Agreement (SLA) – em termos de serviços a fornecer, níveis de serviço a cumprir, e indicadores pelos quais os mesmos são medidos;

� Participar em processos de aquisição de bens e serviços.

Direcção de Serviços de Gestão de Infra-estruturas

� Planear a concepção e a evolução das redes e serviços de comunicações de voz e dados permitindo responder atempadamente aos requisitos solicitados pelas diversas áreas da organização e pelos organismos com quem o MAI se articula no domínio das comunicações;

� Assegurar os serviços de comunicações de voz e dados do MAI, e apoiar os utilizadores internos e externos na utilização das redes e serviços de comunicações;

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 30

Unidades Orgânicas

Competências

� Gerir globalmente os equipamentos e os suportes lógicos que implementem as redes e os serviços de comunicação de voz e dados da responsabilidade do MAI;

� Garantir a segurança dos serviços e dos equipamentos de comunicações;

� Assegurar a interligação com outras redes de comunicações através da contratação de serviços aos operadores de redes de comunicações;

� Participar no teste de novas tecnologias e de novos sistemas aplicacionais que venham a ser suportados pelos meios de comunicação da responsabilidade do MAI;

� Participar nos processos de instalação e configuração de sistemas informáticos que utilizem serviço de comunicações;

� Participar no planeamento da evolução da infra-estrutura tecnológica de voz e dados do MAI;

� Implementar e gerir mecanismos que permitam analisar o desempenho das redes e dos serviços de comunicações, de forma a permitir prever situações de anomalia e a obter indicadores para o planeamento da evolução da infra-estrutura;

� Gerir os processos de instalação e manutenção de toda a infra-estrutura de passivos;

� Colaborar em acções de formação interna;

� Dar solução aos “ticket´s” abertos pelo help-desk e que se reportam a esta área técnica.

Divisão de Infra-estruturas

� Actuar em todas as componentes de comunicação que envolvam equipamentos activos e passivos de voz e dados, bem como nos serviços a elas inerentes.

Divisão de Segurança

� Actuar, em articulação com as áreas de infra-estrutura, de gestão de sistemas e aplicacional, no plano dos serviços de segurança;

� Monitorizar e gerir os sistemas de segurança e controlo de acessos, tráfego e conteúdos instalados;

� Apresentar relatórios sobre segurança preventiva e planos de contingência.

Divisão de Serviços de Auditoria, Qualidade e de Gestão de Projectos

� Proceder a auditorias nos âmbitos dos sistemas informáticos e da qualidade, tendo como referenciais os requisitos normativos internos e internacionais definidos e adoptados para os sistemas de informação;

� Colaborar na elaboração dos procedimentos inerentes ao

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 31

Unidades Orgânicas

Competências

desempenho de funções das várias áreas técnicas da DGIE, bem como na definição de objectivos da qualidade e métricas que os mesmos entendam como adequados;

� Elaborar “check-lists”, Planos e Relatórios de Auditoria;

� Propor a adopção de novos referenciais internos tendo em conta a evolução normativa internacional e europeia quer das normas “de jure” quer das “de facto”.

� Garantir uma articulação e integração entre os diferentes intervenientes internos e externos dos projectos, subjacentes ao seu âmbito de intervenção;

� Balancear a carga de projectos de forma a optimizar os recursos;

� Definir, planear, executar e controlar os projectos que lhe estão atribuídos;

� Elaborar e manter actualizada a documentação referente às várias fases dos projectos, de acordo com a metodologia e o plano de projecto aprovado;

� Assegurar, nas diferentes fases do projecto, a adesão às normas e metodologias de trabalho estabelecidas;

� Fornecer elementos de ocupação de pessoal para efeitos de planeamento e acompanhamento de projectos, imputação de custos, estatísticas e estabelecimento de padrões;

� Conceber documentos para recolha de informações e formulários cujos elementos devam ser tratados ou produzidos automaticamente;

� Colaborar em acções de formação interna.

Direcção de Serviços de Planeamento de Instalações

� Assegurar ligações c/outras entidades no domínio do planeamento de instalações e equipamentos das FSS;

� Realizar estudos normativos de caracterização de terrenos destinados à implantação de instalações das FSS e estabelecer normas técnicas de construção e programas funcionais e de custos para a elaboração de projectos;

� Promover a escolha e aprovação de terrenos p/ implementação de instalações das FSS

� Promover a elaboração de projectos para as instalações das FSS constantes dos planos de cobertura do território e dar parecer sobre os projectos elaborados por outras entidades;

� Propor os empreendimentos a incluir no PIDDAC assegurando a elaboração dos respectivos programas;

� Promover os concursos para execução e fiscalização de empreitadas e fornecimentos relativos a empreendimentos

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 32

Unidades Orgânicas

Competências

constantes dos planos de instalações das FSS;

� Promover a realização de vistorias relativas à aquisição e utilização de imóveis e terrenos destinados às instalações das FSS;

� Proceder à entrega dos empreendimentos e fornecimentos às entidades destinatárias dos mesmos;

� Assegurar a elaboração dos relatórios de execução anuais.

Divisão de Contratação, Projectos e Obras

� Realizar, em colaboração com as FSS, estudos normativos para escolha, reserva, aprovação e aquisição de terrenos destinados à implantação de instalações das FSS;

� Elaborar e manter actualizada, tendo em conta os planos de cobertura do território, uma carta de terrenos, promovendo a escolha e aprovação dos mesmos;

� Estabelecer normas técnicas de construção e programas funcionais e de custos, tendo em vista a eficiência na elaboração de projectos;

� Promover a elaboração de projectos de novas instalações, ampliações, adaptações e beneficiações de instalações das FSS, recorrendo preferencialmente a serviços externos;

� Organizar os processos de concurso de empreitadas e fornecimentos;

� Definir os requisitos técnicos a contemplar contratualmente e gerir a execução dos contratos referentes aos processos de concurso desencadeados no âmbito dos empreendimentos relativos às necessidades de equipamentos e instalações das Forças e Serviços de Segurança.

� Dar parecer sobre os projectos de instalações das FSS elaborados por outras entidades;

� Promover, se necessário com recurso a serviços externos, as vistorias atinentes à aquisição e ou utilização de imóveis e terrenos destinados a instalações das FSS;

� Promover a realização de concursos para adjudicação de empreitadas e fornecimentos;

� Colaborar com a DPC na coordenação e controle de execução dos programas anuais e plurianuais de empreendimentos;

� Analisar e dar parecer sobre as propostas admitidas a concurso;

� Promover a fiscalização e o controle da execução das empreitadas e fornecimentos, recorrendo, nomeadamente, à prestação de serviços externos;

� Proceder à entrega dos empreendimentos e fornecimentos às

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 33

Unidades Orgânicas

Competências

entidades destinatárias dos mesmos.

Divisão de Programação e Controlo

� Prever, em colaboração com os serviços competentes do MAI, os recursos financeiros necessários à execução dos planos anuais das obras de manutenção ou beneficiação por cuja gestão sejam responsáveis as hierarquias das FSS;

� Elaborar os relatórios de execução anuais;

� Promove a recolha e tratamento da informação disponível relativa aos empreendimentos a executar;

� Promover, sempre que solicitado, acções de formação atinentes à prestação de serviços externos.

C) Alterações Introduzidas

Alteração Proposta Fundamentação

Alargamento do âmbito dos serviços de informática do SEF, que se constituirão como o centro de dados (data center) do MAI, assegurando todos os serviços de TIC aos vários organismos do MAI.

Aplica-se, aqui, a orientação da Comissão Técnica que aponta para a existência de um único centro de informática em cada ministério, com a consequente racionalização de meios financeiros, tecnológicos, humanos e logísticos.

Do que foi visto pelo Grupo de Trabalho, é conclusão que o SEF é a entidade que melhores condições apresenta para o desempenho desse papel, tendo em conta o parque instalado e a experiência e conhecimento dos seus técnicos.

Alteração do âmbito de funcionamento dos serviços de informática da PSP que passarão temporariamente, e até encontrar uma alternativa geograficamente mais adequada, a desempenhar o papel de centro alternativo numa lógica de continuidade de serviços.

As razões repetem-se face ao anteriormente apresentado, entendendo-se esta estrutura como a segunda mais bem apetrechada do MAI e, consequentemente, como a mais bem colocada para o desempenho de centro alternativo a curto prazo.

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 34

D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

Subscrevendo os benefícios identificados em Despacho (n.º 5780/2006) do MAI, sobre a Rede Nacional de Segurança Interna (RNSI), apontam-se os considerados mais relevantes:

� O acesso do cidadão à informação dispersa pelos Organismos do Ministério;

� Disponibilização dos serviços básicos de rede a todas as dependências de todos os Organismos do Ministério (acesso seguro à Internet, Correio Electrónico, Infra-estrutura de Chaves Públicas, Voz Sobre IP), com elevados níveis de serviços;

� A partilha de aplicações de carácter horizontal sem custos adicionais;

� Prioritização e monitorização do serviço de transporte, e suporte de um serviço de helpdesk;

� Uma significativa diminuição dos custos globais das comunicações;

� Uma intranet comum para as forças de segurança;

� A criação do centro alternativo em caso de desastre.

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 35

2.2.5. Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) é um serviço de segurança e de polícia criminal, com autonomia administrativa e que, no quadro da política de segurança interna, tem por objectivos fundamentais controlar a circulação de pessoas nas fronteiras, a permanência e actividades de estrangeiros em território nacional, procurando dar execução à política de imigração e asilo de Portugal, de acordo com as disposições da Constituição e da Lei e orientações do Governo.

O SEF é o órgão responsável pela emissão de títulos de residência a cidadãos estrangeiros que residam legalmente em Portugal.

O SEF relaciona-se já com as entidades nacionais envolvidas na prevenção, designadamente ao nível da cooperação policial – PSP, GNR e PJ – bem como com a Inspecção-Geral do Trabalho, Inspecção-Geral da Segurança Social, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (anterior Inspecção-Geral de Actividades Económicas) e com a Inspecção Geral de Finanças, como autoridades e entidades com as quais se deve incentivar a cooperação e troca de informação em seio de investigação criminal.

Enquanto órgão de polícia criminal, o SEF realiza os actos do âmbito da investigação – por exemplo, do crime de auxílio à imigração ilegal – que lhe sejam determinados ou delegados pela autoridade judiciária competente, e que são executados sob a direcção e na dependência funcional desta autoridade.

Constata-se, cada vez, mais a necessidade de estabelecimento de parcerias entre o SEF e as entidades nacionais no combate à imigração ilegal e à criminalidade conexa, assim como ao tráfico de seres humanos.

O SEF inclui serviços centrais e desconcentrados que racionalizam e consolidam as várias áreas de actuação.

� Serviços Centrais:

• Conselho Administrativo;

• Gabinetes: Asilo e Refugiados, Documentação, Comunicação e Relações Públicas, Jurídico, Relações Internacionais e Cooperação;

• Direcções Centrais: Fronteiras, Gestão e Administração, Imigração, Controlo e Peritagem Documental, Informática, Investigação, Pesquisa e Análise de Informação;

• Departamentos Autónomos: Nacionalidade, Operações e Planeamento e Formação.

� Serviços Desconcentrados:

• Direcções Regionais: Lisboa, Vale do Tejo e Alentejo, Norte, Algarve, Centro, Madeira e Açores;

• Delegações (22), Postos de Fronteira e Postos Mistos: dependentes das Direcções Regionais.

Os postos de fronteira dividem-se em aéreos, marítimos e mistos (estando estes situados na fronteira luso-espanhola, sendo postos conjuntos guarnecidos por agentes policiais de Portugal e Espanha):

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 36

� Fronteiras Aéreas

• PF001 – Aeroporto de Lisboa

• Pf002 – Aeroporto de Faro

• PF003 – Aeroporto Sá Carneiro

• PF004 – Aeroporto Sta. Catarina Funchal

• PF005 – Aerogare das Lages

• PF006 – Aeroporto de Santa Maria

• PF007 – Aeroporto de Ponta Delgada

• PF008 – Aeroporto de Porto Santo

� Fronteiras Marítimas

• PF201 – Gare Marítima de Alcântara

• PF204 – Posto Marítimo de Viana Castelo

• PF206 – Porto da Figueira Da Foz

• PF208 – Porto do Funchal

• PF209 – Porto de Ponta Delgada

• PF211 – Cais de Santa Cruz da Horta

• PF214 – Marina de Vilamoura

• PF216 – Marina de Lagos

• PF223 – Porto de Porto Santo

• PF224 – Praia Vitoria

� Postos Mistos

• Posto Misto de Tuy

• Posto Misto de Vilar Formoso

• Posto Misto do Caya

• Posto Misto de V. R. Sto. António-Ayamonte

Do conjunto de Postos de Fronteira Marítimos ainda existem alguns sob responsabilidade da Brigada Fiscal da GNR, conforme mostra o quadro seguinte:

Ocupação das Fronteiras Externas Marítimas (situação em Março de 2006)

SEF BF-GNR

Lisboa (Pf 201)

Leixões (Pf202)

Setúbal (Pf203)

Viana do Castelo (Pf204)

Sines (Pf205)

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 37

SEF BF-GNR

Figueira da Foz (Pf206)

Aveiro (Pf207)

Funchal (Pf208)

Ponta Delgada (Pf209)

Cais da Horta (Pf211)

Vilamoura (Pf214)

Portimão (Pf215)

Lagos (Pf216)

Olhão/Faro (Pf217)

Peniche (Pf218)

Estiva Velha (Pf219)

Nazaré (Pf220)

Póvoa do Varzim (Pf222)

Porto Santo (Pf223)

Angra/Praia da Vitória -Pf224

Marina de Cascais (Pf227)

Sesimbra (Pf228)

O SEF é chefiado por um Director-Geral coadjuvado por quatro (4) Directores-Gerais Adjuntos.

Em termos de recursos financeiros, o orçamento do SEF para 2006 apresenta a distribuição de verbas que vão apresentadas no quadro seguinte (10):

Fonte Financiamento Valor %

� – Receitas Gerais 29.372.000,00 49,5

� – Receitas Próprias 30.000.000,00 50,5

Total: 59.372.000,00 100,0

Com a seguinte aplicação:

• Despesas com Pessoal 39.936.901,00 67,27

• Funcionamento 16.535.099,00 27,85

• Investimento 2.900.000,00 4,88

10 Salienta-se o peso relativo das receitas próprias (50,5%) que consubstancia uma situação qualitativamente diversa à que se verifica na PSP (pág. 105/106 deste relatório) e na GNR (pág. 117 deste relatório).

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 38

B) Modelo Futuro

Unidadesoperacionais

Unidadesdesconcentrados

Unidadesde suporte

Serviço de Estrangeirose Fronteiras

SEF

(1 DG, 3 DGAdj)

Gabinetede Inspecção,

Auditoria e Jurídico

Gabinetede Inspecção,

Auditoria e Jurídico

Gabinete de Relações Externas,

Documentação e Relações Públicas

Gabinete de Relações Externas,

Documentação e Relações Públicas

Direcção Centralde Investigação, Pesquisa e Análiseda Informação

Direcção Centralde Investigação, Pesquisa e Análiseda Informação

Direcção Centralde Imigração,

Controlo e Peritagem Documental

Direcção Centralde Imigração,

Controlo e Peritagem Documental

Conselho AdministrativoConselho Administrativo

Direcção Regionalda Madeira

Direcção Regionalda Madeira

Direcção Regionaldos Açores

Direcção Regionaldos Açores

Direcção Centralde Gestão

e Administração

Direcção Centralde Gestão

e Administração

Direcção Centralde Fronteiras,

Asilo e Refugiadose de Nacionalidade

Direcção Centralde Fronteiras,

Asilo e Refugiadose de Nacionalidade

Direcção Central de Informática

Direcção Central de Informática

Direcção Regionaldo Norte

Direcção Regionaldo Norte

Direcção RegionalCentro

Direcção RegionalCentro

Direcção Regionalde Lisboa

e Vale do Tejo

Direcção Regionalde Lisboa

e Vale do Tejo

Direcção Regionaldo Alentejo

Direcção Regionaldo Alentejo

Direcção Regionaldo Algarve

Direcção Regionaldo Algarve

O Gabinete SIRENE será integrado na PCM, no âmbito do Gabinete Coordenador de Segurança. Deverá ser reavaliado o apoio funcional e físico (instalações) suportado pelo SEF.

Fruto da criação da DGIE, a prazo, deve ser reequacionada na orgânica do SEF a realidade do Departamento Central de Informática o qual, além do suporte interno à operacionalidade do SEF (SII e outros sistemas internos), assegura a operação do sistema de emissão do passaporte português (BADEP e futuro PEP) e o sistema de informação Schengen (SIS) (11). Estes, com características de transversalidade ao MAI e com impacto na Segurança Interna, serão, à partida, elegíveis como sistemas a migrar para o centro de dados da DGIE.

11 Está em construção a segunda geração do SIS – o SIS II – que substituirá o actual sistema, de forma a permitir o alargamento do espaço Schengen aos novos Estados-Membros da União Europeia. A finalidade do SIS II é muito mais ampla que a finalidade prevista na Convenção Schengen para o actual SIS. Introduzirá novas funcionalidades, designadamente a interligação das indicações e a utilização de uma plataforma técnica comum com o Sistema de Informações de Vistos (VIS) e que alargará o número e tipo de entidades com a acesso ao sistema (EUROPOL, EUROJUST, Ministério Público e autoridades de registo de matrículas). Serão, também, incluídas novas categorias de dados pessoais, entre as quais se salientam dados biométricos.

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 39

Missão da Estrutura

Dar execução à política de imigração e asilo de Portugal, de acordo com as disposições da Constituição e da Lei e as orientações do Governo.

Atribuições da Estrutura

No plano interno:

� Vigiar e fiscalizar nos postos de fronteira, incluindo a zona internacional dos portos e aeroportos, a circulação de pessoas, podendo impedir o desembarque de passageiros e tripulantes de embarcações e aeronaves, indocumentados ou em situação irregular;

� Impedir o desembarque de passageiros e tripulantes de embarcações e aeronaves que provenham de portos ou aeroportos de risco sob o aspecto sanitário, sem prévio assentimento das competentes autoridades sanitárias;

� Proceder ao controlo da circulação de pessoas nos postos de fronteira, impedindo a entrada ou saída do território nacional de pessoas que não satisfaçam os requisitos legais exigíveis para o efeito;

� Autorizar e verificar a entrada de pessoas a bordo de embarcações e aeronaves;

� Controlar e fiscalizar a permanência e actividades dos estrangeiros em todo o território nacional;

� Assegurar a realização de controlos móveis e de operações conjuntas com serviços ou forças de segurança congéneres, nacionais e espanholas;

� Proceder à investigação dos crimes de auxílio à imigração ilegal, bem como investigar outros com ele conexos, sem prejuízo da competência de outras entidades;

� Emitir parecer relativamente a pedidos de vistos consulares;

� Conceder em território nacional vistos, prorrogações de permanência, autorizações de residência, bem como documentos de viagem nos termos da lei;

� Reconhecer o direito ao reagrupamento familiar;

� Manter a necessária colaboração com as entidades às quais compete a fiscalização do cumprimento da lei reguladora do trabalho de estrangeiros;

� Instaurar, instruir e decidir os processos de expulsão administrativa de estrangeiros do território nacional e dar execução às decisões de expulsão administrativas e judiciais, bem como accionar, instruir e decidir os processos de readmissão e assegurar a sua execução;

� Efectuar escoltas de cidadãos objecto de medidas de afastamento;

� Decidir sobre a aceitação da análise dos pedidos de asilo e proceder à instrução dos processos de concessão, de determinação do Estado responsável pela análise dos respectivos pedidos e da transferência dos candidatos entre os Estados membros da União Europeia;

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 40

� Analisar e dar parecer sobre os processos de concessão de nacionalidade portuguesa por naturalização;

� Analisar e dar parecer sobre os pedidos de concessão de estatutos de igualdade formulados pelos cidadãos estrangeiros abrangidos por convenções internacionais;

� Assegurar a gestão e a comunicação de dados relativos à Parte Nacional do Sistema de Informação Schengen (NSIS) e de outros sistemas de informação comuns aos Estados membros da União Europeia no âmbito do controlo da circulação de pessoas, bem como os relativos à base de dados de emissão dos passaportes (BADEP);

� Cooperar com as representações diplomáticas e consulares de outros Estados, devidamente acreditadas em Portugal, nomeadamente no repatriamento dos seus nacionais;

� Assegurar o cumprimento das atribuições previstas na legislação sobre a entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional;

� Assegurar as relações de cooperação com todos os órgãos e serviços do Estado, nomeadamente com os demais serviços e forças de segurança, bem como com organizações não governamentais legalmente reconhecidas;

� Coordenar a cooperação entre as forças e serviços de segurança nacionais e de outros países em matéria de circulação de pessoas, do controlo de estrangeiros e da investigação dos crimes de auxílio à imigração ilegal e outros com eles conexos.

No plano internacional:

� Assegurar, por determinação do Governo, a representação do Estado Português a nível da União Europeia no Comité Estratégico Imigração, Fronteiras e Asilo e no Grupo de Alto Nível de Asilo Migração, no Grupo de Budapeste e noutras organizações internacionais, bem como participar nos grupos de trabalho de cooperação policial que versem matérias relacionadas com as atribuições do SEF;

� Garantir, por determinação do Governo, a representação do Estado Português, no desenvolvimento do Acervo de Schengen no âmbito da União Europeia;

� Assegurar, através de oficiais de ligação, os compromissos assumidos no âmbito da cooperação internacional nos termos legalmente previstos;

� Colaborar com os serviços similares estrangeiros, podendo estabelecer formas de cooperação.

Unidades Orgânicas

Competências

Direcção Central de Investigação, Pesquisa e Análise da Informação

� Desenvolver as acções destinadas à prevenção, averiguação e investigação criminal de actividades relacionadas com o crime de auxílio à imigração ilegal e outros com estes conexos.

Direcção Central de Imigração, Controlo e

� Centralizar, tratar e difundir informação relacionada com os movimentos migratórios, estudar as medidas destinadas a apoiar a política de imigração, proceder à identificação e

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 41

Unidades Orgânicas

Competências

Peritagem Documental

peritagem documental, registo e difusão dos movimentos migratórios e informação de natureza policial, bem como centralizar o controlo da emissão de documentos de viagem.

À Direcção Central de Fronteiras, Asilo e Refugiados e de Nacionalidade

� Definir os procedimentos a utilizar ao nível dos postos de fronteira;

� Organizar e instruir os processos de asilo;

� Organizar e instruir, nos termos da lei do asilo, os processos de concessão de autorização de residência por motivos humanitários;

� Organizar e instruir os processos de determinação do Estado responsável pela análise dos pedidos de asilo e emitir o respectivo salvo-conduto, se necessário;

� Emitir parecer sobre os pedidos de reinstalação de refugiados;

� Emitir parecer sobre os pedidos de concessão e prorrogação de documentos de viagem para refugiados, apresentados nos postos consulares portugueses;

� Emitir cartões de identidade e títulos de viagem para refugiados, bem como conceder as autorizações de residência previstas na lei de asilo e renovar ou prorrogar os referidos documentos.

� Instruir, informar e dar parecer sobre os processos de concessão e conservação da nacionalidade portuguesa e da sua aquisição por naturalização;

� Instruir, informar e dar parecer sobre pedidos de concessão dos estatutos de igualdade;

� Instruir e informar os processos de reconhecimento de associações internacionais.

Gabinete de Inspecção, Auditoria, e Jurídico

� Efectuar, de harmonia com as instruções do director-geral, as inspecções ordinárias e extraordinárias aos serviços, proceder a auditorias, sindicâncias, inquéritos e instruir processos disciplinares.

� As inspecções ordinárias serão realizadas anualmente a todos os serviços do SEF e as inspecções extraordinárias e as auditorias sempre que o director-geral o considere conveniente.

� São designados por despacho do director-geral, sob proposta do coordenador, os funcionários incumbidos de assegurar o cumprimento das competências previstas no n.º 1.

� Elaborar estudos, formular pareceres e preparar informações sobre matérias de natureza jurídica;

� Elaborar projectos de diploma e preparar instruções com vista

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Relatório Final Comissão Técnica do PRACE

V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 42

Unidades Orgânicas

Competências

à correcta aplicação e harmonização doutrinária da legislação referente a estrangeiros;

� Elaborar pareceres, analisar e preparar as respostas a recursos sobre matérias das áreas de competência do Serviço;

� Emitir pareceres sobre acordos internacionais com interesse para o SEF;

� Prestar consultadoria jurídica sobre todos os assuntos que lhe sejam remetidos

Gabinete de Relações Externas, Documentação e Relações Públicas

� Assegurar a obtenção, a actualização e a divulgação da informação técnica referente à participação de Portugal na União Europeia e em organizações internacionais;

� Elaborar estudos técnicos tendo em vista a participação do SEF em reuniões internacionais;

� Habilitar a direcção do SEF com a informação técnica relativa à execução de acordos de cooperação e outras relações bilaterais ou multilaterais do Estado Português no âmbito das atribuições do SEF;

� Assegurar a articulação do SEF com os oficiais de ligação

� Assegurar o tratamento bibliográfico, arquivístico e documental, por forma a manter actualizadas as bases de dados de interesse para as actividades do SEF;

� Colaborar na definição da política documental e de sistemas de informação do SEF;

� Promover a edição e difusão de estudos e publicações produzidos no âmbito das matérias relacionadas com a actividade do SEF;

� Proceder ao tratamento da correspondência do SEF;

� Assegurar a reprodução, tradução e retroversão de documentação;

� Produzir e difundir informação com interesse para os utentes do SEF e para os cidadãos em geral e seleccionar e divulgar a informação veiculada pelos órgãos de comunicação social relativamente à actividade do organismo;

� Servir de elo de ligação entre o SEF e os órgãos de comunicação social e desenvolver actividades dirigidas à promoção da imagem do organismo;

� Assegurar o serviço de relações públicas, em geral, e o esclarecimento de questões suscitadas pelas actividades do SEF, em particular;

� Organizar os programas das actividades sociais, culturais e desportivas no domínio das relações de cooperação com

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 43

Unidades Orgânicas

Competências

entidades congéneres, nacionais e estrangeiras, bem como coordenar as de carácter cultural, social e recreativo dirigidas aos funcionários do SEF.

Direcção Central de Gestão e Administração

� Assegurar a gestão e administração dos recursos humanos, a gestão financeira e patrimonial e a gestão das telecomunicações e da segurança

Direcção Central de Informática

� O estudo, a coordenação e execução de todas as actividades relativas ao planeamento, administração, produção e desenvolvimento dos sistemas informáticos e de comunicações do SEF, incluindo os relativos à Parte Nacional do Sistema de Informação Schengen (NSIS) e à base de dados de emissão dos passaportes (BADEP) e outros que venham a ser criados no âmbito do controlo da circulação de pessoas em articulação com os utilizadores do sistema;

� O estudo e inventariação das necessidades em matéria de informática dos serviços com os quais o SEF tem relações de cooperação nesta área, designadamente os da CPLP, bem como apoiar a instalação dos sistemas informáticos desses serviços, colaborar na sua manutenção e acompanhar a acções de formação desta área específica.

Direcções Regionais

� Prosseguem, nas respectivas áreas de jurisdição, as atribuições do SEF, designadamente de natureza executiva e de investigação e fiscalização.

C) Alterações Introduzidas

Alterações introduzidas na estrutura proposta:

Propõe-se a extinção das Delegações e a sua transformação em estruturas de atendimento e informação ao público, com vista a reforçar a proximidade aos utentes (no nosso caso, estrangeiros), quer através de processos de desconcentração e descentralização físicas, quer através de novos canais de comunicação e prestação de serviços (Call-centers, Internet, contratualização local de serviços) e desenvolver, numa lógica de one-stopshoping, soluções estruturais que possibilitem respostas globais, e num só momento, aos Cidadãos (Balcões Únicos).

Efectivamente:

De acordo com o artigo 44.º da Lei Orgânica do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, aprovada pelo Decreto-Lei n.º 252/2000, de 16 de Outubro, os serviços descentralizados compreendem:

• Direcções regionais;

• Delegações regionais;

• Postos de fronteira;

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• Postos mistos de fronteira;

• Aeródromos e postos de tráfego internacional eventual.

Os directores regionais, enquanto órgãos máximos das direcções regionais, têm competências de inspecção e fiscalização e funções de emissão de documentos, nos termos do artigo 48.º da LOSEF. Atendendo ao princípio da legalidade da Administração, não poderá deixar de caber às delegações uma intervenção meramente instrumental nos processos que correm os seus termos nas Direcções Regionais, podendo, quando muito, os chefes das delegações exercer poderes delegados pelos respectivos directores regionais, donde estão excluídas as competências na área da inspecção e fiscalização.

Assim, a intervenção das delegações versa, no limite, a participação na instrução de processos da esfera do Departamento Regional de Emissão de Documentos, a quem incumbe desenvolver procedimentos relativos à emissão de pareceres sobre vistos, prorrogações de permanência, autorizações e títulos de residência, emissão de documentos, registo, atendimento e informação ao público.

As delegações regionais têm, aliás, subjacente uma filosofia essencialmente burocrática e um quadro legal vigente de conteúdo claramente minimalista, já que se resume, nos termos do artigo 50.º da LO SEF, ao seguinte:

• As delegações regionais são classificadas de tipo 1 e 2, por despacho do director-geral, tendo em conta o volume de residentes ou necessidades específicas do serviço.

• As delegações regionais são chefiadas por um chefe de delegação.

• Por conveniência de serviço nas localidades em que exista uma delegação regional e posto de fronteira ou posto misto, o chefe da delegação poderá assegurar a gestão dos postos de fronteira ou misto ali existentes.

Poder-se-á, portanto, concluir que a lógica organizativa subjacente às delegações deve ceder e ser substituída através da criação de outros tipos de estruturas que assumam inequivocamente a natureza de postos de atendimento e informação ao público e que sejam claramente direccionadas a esta missão e dotadas dos necessários instrumentos de acesso e gestão.

Sendo essencialmente postos de atendimento e informação ao público, devem, consoante os casos, assumir qualquer das formas conhecidas, desde Call-centers, Internet, balcões nas Lojas do Cidadão, PACs – Pontos de Atendimento ao Cidadão – e outros tipos de colaboração contratualizada de serviços, quer com a Administração Central desconcentrada, quer com as autarquias, bem como as diversas formas de desconcentração virtual que forem surgindo no desenvolvimento da Administração Pública electrónica.

Outras alterações introduzidas na estrutura proposta:

Alteração Proposta Fundamentação

Fusão entre o Gabinete de Inspecção e o Gabinete Jurídico, assumindo a vertente auditoria com equiparação a Direcção de Serviços

Razões de racionalidade organizativa e efectividade de funcionamento.

Fusão entre os Gabinetes de Relações Internacionais e de Documentação, Comunicação e Relações Públicas, donde resulta o Gabinete de Relações Externas,

Razões de racionalidade organizativa e efectividade de funcionamento

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Ministério da Administração Interna V/2 - 45

Documentação e Relações Públicas, com equiparação a DS.

Criação da Direcção Central de Fronteiras, Asilo, Refugiados e Nacionalidade, extinguindo um Gabinete e um Departamento directamente dependentes do dirigente máximo

Razões de racionalidade organizativa

Passagem dos Postos de Fronteira “Aeroporto da Portela” e “Gare Marítima de Alcântara” para a Direcção Regional de Lisboa e Vale do Tejo

Razões de racionalidade organizativa.

Criação da Direcção Regional do Alentejo que é autonomizada da DRLVT

Notas Metodológicas quanto à recondução ao modelo das NUTS II

Supressão de um lugar de Director Geral Adjunto

Face à nova estrutura e ao aumento de direcções regionais e direcções de serviço justifica-se por questões de efectividade de funcionamento.

Supressão das delegações enquanto estrutura organizativa, sucedendo a esta realidade uma rede de balcões desconcentrados das direcções regionais

Razões de racionalidade organizativa e eficácia de funcionamento

D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

Estrutura Actual Proposta

Dir. Serv./equiparados 6 7

Divisões/ equiparados 19 14

Dir. Regionais 6 7

Delegações 22 0

Postos Fronteira 18 29

Postos Mistos Fronteira 4 4

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2.2.6. Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

A Protecção Civil é a actividade desenvolvida pelo Estado e pelos cidadãos com a finalidade de prevenir riscos colectivos inerentes a situações de acidente grave, catástrofe ou calamidade, de origem natural ou tecnológica, e de atenuar os seus efeitos e socorrer as pessoas em perigo, quando aquelas situações ocorram.

A Protecção Civil é, portanto, um dos pilares do sistema de segurança interna, de carácter permanente e multidisciplinar.

São objectivos fundamentais da protecção civil:

• Prevenir a ocorrência de riscos colectivos resultantes de acidente grave, de catástrofe ou de calamidade;

• Atenuar os riscos colectivos e limitar os seus efeitos no caso das ocorrências – acidente grave, catástrofe ou calamidade;

• Socorrer e assistir as pessoas em perigo.

A actividade de protecção civil exerce-se nos seguintes domínios:

• Levantamento, previsão, avaliação e prevenção dos riscos colectivos de origem natural ou tecnológica;

• Análise permanente das vulnerabilidades perante situações de risco devidas à acção do homem ou da natureza;

• Informação e formação das populações, visando a sua sensibilização em matéria de autoprotecção e de colaboração com as autoridades;

• Planeamento de soluções de emergência, visando a busca, o salvamento, a prestação de socorro e de assistência, bem como a evacuação, alojamento e abastecimento das populações;

• Inventariação dos recursos e meios disponíveis e dos mais facilmente mobilizáveis, ao nível local, regional e nacional;

Estudo e divulgação de formas adequadas de protecção dos edifícios em geral, de monumentos e de outros bens culturais, de instalações de serviços essenciais, bem como do ambiente e dos recursos naturais.

A protecção civil é uma actividade multidisciplinar e plurissectorial, daí decorrendo que os objectivos fixados no âmbito dos seus campos de acção só poderão ser alcançados, em tempo útil, se for conseguida uma colaboração pronta e eficaz entre todas as estruturas que fazem parte do sistema.

O Sistema de Protecção Civil do nosso país está alicerçado em diversos agentes, cada um deles com a sua responsabilidade e âmbito de acção.

São os seguintes os serviços que constituem o Sistema de Protecção Civil em Portugal:

• Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), com 18 Delegações Distritais, dependente do Ministro da Administração Interna;

• Guarda Nacional Republicana (GNR);

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• Serviços Regionais de Protecção Civil (SRPC) dos Açores e da Madeira, dependentes dos respectivos Governos das Regiões Autónomas;

• Serviços Municipais de Protecção Civil (SMPC), dependentes dos Presidentes das Câmaras Municipais;

• Sistemas de Autoridade Marítima e Aeronáutica;

• Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM);

• Departamentos e organismos de saúde e segurança social;

• Polícia de Segurança Pública (PSP);

• Forças Armadas.

A coordenação operacional destes serviços está a cargo dos Centros Operacionais de Protecção Civil que serão activados em caso de situações de emergência.

A estrutura actual do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil, nos termos Decreto-Lei n.º 49/2003, de 25 de Março.

Existem ainda organizações não governamentais de protecção civil com relevantes atribuições importantes nas questões de Protecção Civil. Estas instituições, têm missões nos domínios do aviso, alerta, intervenção, apoio e socorro, de acordo com as suas atribuições próprias. São elas, entre outras, a Cruz Vermelha Portuguesa (CVP), Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários, Corpo Nacional de Escutas (CNE), grupos de ecologia e defesa do ambiente, serviços de sapadores florestais, de segurança e/ou socorro de empresas privadas ou associações de proprietários florestais, etc..

No âmbito da reestruturação do sector, em curso, constituiu-se, dentro da GNR, o Grupo de Intervenção, Protecção e Socorro, (GIPS), como entidade especializada de protecção civil, vocacionada também para integrar uma primeira linha de combate a incêndios.

Face à escassez da informação disponível quanto às linhas de força do processo, em curso, de redefinição do sistema de protecção civil, das regras de relacionamento dos respectivos agentes e de desconcentração geográfica das respectivas sub-unidades, limitar-nos-emos a reflectir sobre a organização dos Serviços Centrais da futura Autoridade Nacional de Protecção Civil.

B) Modelo Futuro

O Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) passará a designar-se por Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), assumindo as funções de autoridade nacional.

A ANPC integra as competências do Conselho Nacional do Planeamento Civil de Emergência 12nos domínios da protecção civil.

A ANPC integrará ainda as atribuições do Conselho Superior de Protecção Civil(13), da Comissão Nacional da Protecção Civil(14) e do Conselho Nacional de Bombeiros(15) .

12 Cfr. Ponto 11 da RCM n.º 39/2006 de 21 de Abril. 13 Lei n.º 113/91, de 29 de Agosto (Lei de Bases da Protecção Civil), artigo 13.º e Resolução do

Conselho de Ministros n.º 88/94, DR 220/94, SÉRIE I-B, de 1994-09-22. 14 Lei n.º 113/91, de 29 de Agosto (Lei de Bases da Protecção Civil), artigo 15.º e Decreto

Regulamentar n.º 23/93, DR 167/93, SÉRIE I-B, de 1993-07-19.

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Unidadesoperacionais

Unidadesdesconcentrados

Unidadesde suporte

Autoridade Nacionalde Protecção Civil

ANPC

(1 DG, 2 DGAdj)

Direcção de Serviçosde Apoio Técnico

Direcção de Serviçosde Apoio Técnico

Direcção de Serviçosde Prevenção,

Relações Públicase Internacionais

Direcção de Serviçosde Prevenção,

Relações Públicase Internacionais

Direcção de Serviçosde Recursos Humanos

e Financeiros

Direcção de Serviçosde Recursos Humanos

e Financeiros

ServiçosServiçosServiços

Centro Distritalde Operaçõesde Socorro

(um por Distrito)

Centro Nacionalde Operações de Socorro

Centro Nacionalde Operações de Socorro

Missão da Estrutura

Proteger, socorrer e assistir pessoas e bens em perigo; Prevenir a ocorrência de riscos colectivos resultantes de acidente grave, catástrofe ou calamidade e atenuar e limitar os efeitos decorrentes de tais situações.

Atribuições da Estrutura

� Incumbe à ANPC prevenir os riscos inerentes a situações de acidente, catástrofe ou calamidade, bem como resolver os efeitos decorrentes de tais situações, protegendo e socorrendo pessoas e bens;

� São ainda atribuições genéricas da ANPC orientar, coordenar e fiscalizar as actividades exercidas pelos corpos de bombeiros, bem como orientar e coordenar todas as actividades de protecção civil e socorro.

15 Criado pelo Decreto-Lei n.º 407/93, de 14 de Dezembro, revogado posteriormente pelo Decreto-Lei n.º 294/2000, de 17 de Novembro.

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Unidades Orgânicas

Competências

Centro Nacional de Operações de Socorro

� Coordenar e acompanhar toda a actividade operacional da ANPC no domínio do socorro;

� Garantir o apoio logístico em situações de emergência e assegurar o desencadeamento das medidas mais adequadas;

� Orientar e apoiar a actividade dos centros distritais de operações de socorro.

Direcção de Serviços de Apoio Técnico

� Organizar e gerir a distribuição, implantação e instalação dos recursos informáticos, em conformidade com as necessidades dos serviços, apoiando os utilizadores e assegurando a correcta utilização dos equipamentos;

� Organizar as telecomunicações impostas pelas necessárias ligações entre a estrutura operacional da ANPC;

� Realizar inspecções ordinárias com vista a avaliar a eficiência e a eficácia dos serviços e a aplicação dos subsídios atribuídos;

� Fiscalizar o cumprimento das disposições legais e regulamentares;

� Prestar assessoria jurídica elaborar estudos e dar informações e pareceres;

� Acompanhar o contencioso da ANPC.

Direcção de Serviços de Prevenção, Relações Públicas e Internacionais

� Elaborar e promover estudos sobre riscos naturais, tecnológicos e da vida corrente, por forma a identificar, quando possível, os riscos de ocorrência de acidentes e prevenir as suas consequências;

� Assegurar as relações com os meios de comunicação social;

� Prestar assessoria técnica no domínio das relações nacionais e internacionais, nomeadamente através da elaboração de pareceres sobre os acordos de colaboração a estabelecer com outros países;

� Desenvolver acções de cooperação, no âmbito da protecção e socorro, com outros países;

� Fomentar o espírito de voluntariado com vista à participação das populações na prevenção e combate a incêndios, bem como a participação das populações noutras formas de socorro.

Direcção de Serviços de Recursos Humanos e Financeiros

� Serviço de gestão e apoio técnico-administrativo ao qual incumbe promover e assegurar as funções nas áreas de planeamento, organização, gestão de recursos humanos, financeiros e patrimoniais e de administração geral.

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 50

C) Alterações Introduzidas

Alteração Proposta Fundamentação

Extinção do Núcleo de Protecção à Floresta;

A área de intervenção visada por este Núcleo é transferida para o âmbito da Direcção Geral dos Recursos Florestais do Ministério da Agricultura.

Fusão dos designados Serviços de Apoio, com excepção do Gabinete de Relações Públicas e Internacionais, com a Direcção de Serviços Técnicos;

Razões de racionalidade organizativa e efectividade de serviço.

Fusão da Direcção de Serviços de Prevenção e Protecção com o Gabinete de Relações Públicas e Internacionais e com o Gabinete de Apoio ao Voluntariado;

Razões de racionalidade organizativa e efectividade de serviço.

Supressão de um lugar de Vice-Presidente, passando a dotação de três para dois.

Razões derivadas da redução da estrutura orgânica.

D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

Estrutura actual proposta

D.Serv/ equiparados 4 3

Divisões/ equiparados 10 6

Coordenador Nacional de operações de socorro equiparado, para efeitos retributivos, a director de serviços

1 1

Coordenadores distritais de operações de socorro equiparados, para efeitos retributivos, a directores de serviços

18 18

Gabinetes coordenados por técnico superior 3 0

Equiparação retributiva a chefe de divisão dos inspectores-adjuntos

3 16

16 Fim da equiparação retributiva a chefe de divisão dos inspectores-adjuntos

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2.2.7. Gabinete de Segurança Rodoviária (GSR)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

É um facto de que os acidentes rodoviários provocam prejuízos socio-económicos inaceitáveis, com valores que, a nível europeu, se contam anualmente pelas dezenas de milhar de mortes e por milhões de feridos.

Os governos reconhecem unanimemente que o preço pago em mortes, sofrimento e em percas económicas, decorrentes de acidentes rodoviários, é inaceitável, devendo ser dada à segurança rodoviária a máxima prioridade através da adopção de políticas específicas e da realização de investimentos na sua melhoria.

As conclusões recentemente alcançadas pelo Conselho da União Europeia vão no sentido de melhorar a segurança rodoviária, confirmando o objectivo de redução do número de vítimas, até 2010, em, pelo menos, 50%, tal como se encontra definido no "Programa de Acção Europeu de Segurança Rodoviária: diminuir para metade, até 2010, o número de vítimas de acidentes rodoviários na União Europeia: Uma “Responsabilidade Partilhada”, acordado pela Comissão Europeia e pelo Conselho da União Europeia.

Tal obriga a que se proceda à identificação das medidas mais eficazes para reduzir para metade o número de mortes em acidentes rodoviários, bem como dos aspectos prioritários em matéria de políticas de segurança rodoviária.

B) Modelo Futuro

Organograma da Estrutura Futura

(por definir)

É criado, no MAI, o Gabinete de Segurança Rodoviária (GSR), com atribuições em matéria de trânsito e de segurança rodoviária, bem como de processamento de contra-ordenações.

O GSR integrará, entre outras, as atribuições da Direcção-Geral de Viação (DGV) nos domínios das políticas de prevenção e segurança rodoviária e das contra-ordenações de trânsito, do Conselho Nacional de Segurança Rodoviária (CNSR) e as das Comissões Distritais de Segurança Rodoviária (CDSR).

Não se justifica em termos de eficácia, face à ausência de resultados e à desadequada dimensão organizativa, a existência do Conselho Nacional de Segurança Rodoviária (que, formalmente, nem sequer participou na elaboração do último Plano Nacional de Segurança Rodoviária), constituído por cerca de 20 elementos, e muito menos de 18 Comissões Distritais de Segurança Rodoviária – existentes no âmbito dos Governos Civis – com analogia de formato, dimensão e ineficácia.

Além do Conselho Nacional de Segurança Rodoviária e das 18 Comissões Distritais de Segurança Rodoviária existentes integrará ainda o Conselho de Trânsito existente no âmbito da DGV. O Conselho de Trânsito pode também ser substituído pelo Gabinete ora criado, já que este será constituído essencialmente por representantes das mesmas instituições que se contam como os principais actores públicos do modelo vigente de prevenção rodoviária – DGV, GNR, PSP, EP, DGTT, ANMP – sendo, portanto, dotado de um ajustado peso institucional para assegurar a eficácia das medidas tomadas.

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Ministério da Administração Interna V/2 - 52

Assim, ainda e a propósito da criação do GSR, mais especificamente em relação às contra-ordenações rodoviárias e quadro legal vigente, uma outra ordem de considerandos deve ser tida em atenção.

É bom ter presente que o regime sancionatório introduzido no Código da Estrada, desde 1994, tem tido resultados aquém das expectativas, sobretudo, porque a sinistralidade rodoviária, as infracções de trânsito e a quantidade de processos instaurados nos últimos doze anos tem envolvido cifras muito elevadas e consistentemente em progressão ou, se se quiser, que não mostram sinais de abrandar.

Sejamos claros: em termos práticos o regime das contra-ordenações rodoviárias tem-se revelado insatisfatório, tanto pelas ineficiências de um procedimento cronicamente desajustado a infracções de massa, (sendo grande o número de processos arquivados por prescrição) como pela não inteiramente conseguida fiabilidade das decisões, (não será por acaso, ou apenas porque se litiga mais, que há uma grande quantidade de recursos das decisões que aplicam a medida acessória da inibição de conduzir) mas, sobretudo, por não se ter resolvido o problema da eficácia das sanções numa perspectiva de prevenção e dissuasão de comportamentos ilícitos (grassa um certo sentimento de impunidade e o sucessivo agravamento das medidas sancionatórias, por si só, também parece não ter tido efeito desincentivador bastante).

Concretamente, o Código da Estrada (CE) foi alterado em 1998, 2001, 2002 e 2005(17).

Vigora actualmente um regime especial de processo para as contra-ordenações emergentes de infracções ao CE, seus regulamentos e legislação complementar, cuja génese está na autorização legislativa concedida através da Lei n.º 53/2004, de 4 de Novembro, veja-se a este propósito a última parte do artigo 1.º desta Lei.

É sabido que a eficácia de qualquer sistema sancionatório, quando confrontado com uma infracção, é directamente proporcional e apoia-se, sobretudo, na forte probabilidade de aplicação da correspondente sanção.

Assim, o conjunto de novas medidas introduzidas no CE pelo Decreto-Lei n.º 44/2005, de 23 de Fevereiro, procurou reforçar o sistema, agilizando o procedimento e adoptando medidas que tornam mais provável a aplicação de sanção, sendo disso exemplo, a responsabilização do titular do documento de identificação do veículo pelas infracções praticadas com o mesmo no exercício da condução, caso aquele não identifique o infractor, veja-se artigo 171.º, n.º 2 e n.os 5 a 7 do CE.

Não obstante o conjunto de medidas distintivas que introduziu, este regime especial de processo não implicou (nem podia implicar) uma rotura cerce com a matriz da Lei Quadro das Contra-ordenações(18) LQCO. Aliás, o regime geral das contra-ordenações continua a aplicar-se, subsidiariamente, às contra-ordenações rodoviárias (artigo 132.º do CE). E sendo certo que nele há peculiaridades em relação à LQCO, o novo regime especial de processo para as contra-ordenações emergentes de infracções ao CE manteve os traços essenciais característicos do regime geral do ilícito de mera ordenação social.

17 Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 114/94, de 3 de Maio, o actual Código da Estrada foi entretanto alterado pelos Decretos-Leis n.os 2/98, de 3 de Janeiro, e 265-A/2001, de 28 de Setembro, pela Lei n.º 20/2002, de 21 de Agosto e pelo Decreto-Lei n.º 44/2005, de 23 de Fevereiro.

18 O Regime Geral do ilícito de mera ordenação social encontra-se regulado pelo Decreto-Lei n.º 433/82, de 27 de Outubro, aqui abreviadamente designamos por LQCO, sucessivamente alterado pelo Decreto-Lei n.º 356/89, de 17 de Outubro, Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de Setembro, e Lei n.º 109/2001, de 24 de Dezembro.

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É muito particularmente o caso da clara demarcação que a LQCO faz entre as autoridades administrativas competentes e as autoridades policiais, bem como o conjunto de competências que a umas e outras está atribuído, algo que, em nosso entender, nem mesmo um regime especial poderá por em causa.

A evolução das contra-ordenações rodoviárias, mesmo que orientada para agilizar e tornar o procedimento mais eficaz, não deve, nem pode centralizar todas as competências nas autoridades policiais, incluindo a competência para proferir decisão final.

É bom recordar que, a partir da entrada em vigor do Decreto-Lei n.º 433/82, e volvidos que estão quase vinte e seis (26) anos sobre a introdução do regime sancionatório contra-ordenacional, persiste, ainda hoje, uma corrente de opinião ao nível da doutrina que, perante a forma como as contra-ordenações têm vindo a alastrar no ordenamento jurídico, vê neste processo o perigo de o Estado resvalar para a “administrativização da justiça”.

Essencialmente, esta crítica começa por lembrar que nos confrontamos, afinal, com um regime jurídico que, embora “não penal”, é ainda sancionatório nele se cominando uma sanção típica, a coima que, enquanto punição, pode atingir valores da ordem dos milhares de euros. Valores que, reconheça-se, são muito superiores aos que uma sanção penal, como é a multa, alguma vez poderia atingir.

E, embora “não penal”, no regime sancionatório contra-ordenacional ao sujeito visado no processo persiste-se em designá-lo por “arguido”.

O facto de se retirar aos tribunais e de se entregar à Administração a ponderação e aplicação do direito (sendo esta justiça administrativizada mais “aligeirada” e menos solenizada comparativamente à justiça judicializada) gera um sentimento de que o direito contra-ordenacional diminui garantias, tanto ao nível da defesa, quanto ao nível da qualidade da justiça aplicada, para além de se contextualizar num ambiente onde está latente um conflito de interesses/deveres.

É um facto que o quadro legal garante a sindicância da decisão administrativa junto dos tribunais. Mas a verdade é que, é a Administração que define o conteúdo das normas a aplicar. É a Administração que deduz a acusação. É a Administração que instrui o processo. E é a Administração que, no final do procedimento, profere a decisão determinando a medida da coima a aplicar.

De algum modo obstando às críticas que lhe são dirigidas, o regime geral das contra-ordenações, pelo menos, salvaguarda a separação entre, por um lado, as autoridades administrativas competentes e, por outro, as autoridades policiais ou fiscalizadoras, estabelecendo-se uma notória demarcação de competências entre umas e de outras e da forma como, umas e outras, se relacionam entre si.

Sob a epígrafe “Da polícia e dos agentes de fiscalização”, dispõe o artigo 48.º da LQCO:

• As autoridades policiais e fiscalizadoras deverão tomar conta de todos os eventos ou circunstâncias susceptíveis de implicar responsabilidade por contra-ordenação e tomar as medidas necessárias para impedir o desaparecimento de provas.

• Na medida em que o contrário não resulte desta lei, as autoridades policiais têm direitos e deveres equivalentes aos que têm em matéria criminal.

• As autoridades policiais e agentes de fiscalização remeterão imediatamente às autoridades administrativas a participação e as provas recolhidas.

Ora, na medida em que se estabelece que as autoridades policiais e agentes de fiscalização remeterão imediatamente às autoridades administrativas a participação e as provas recolhidas, está necessária e implicitamente a pronunciar-se que, umas e outras, são entidades diferentes. Não se confundem.

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Reiterando essa distinção e sob a epígrafe “Identificação pelas autoridades administrativas e policiais”, consagra o artigo 49.º da LQCO:

• As autoridades administrativas competentes e as autoridades policiais podem exigir ao agente de uma contra-ordenação a respectiva identificação.

A segregação de competências das autoridades administrativas e das autoridades policiais e, mais, o facto de o legislador as autonomizar e distinguir umas das outras é, para além dos mais, reforçada pelo artigo 54.º da LQCO que, sob a epígrafe, “Da iniciativa e da instrução”, vem dispor:

• O processo iniciar-se-á oficiosamente, mediante participação das autoridades policiais ou fiscalizadoras ou ainda mediante denúncia particular.

• A autoridade administrativa procederá à sua investigação e instrução, finda a qual arquivará o processo ou aplicará uma coima.

• As autoridades administrativas poderão confiar a investigação e instrução, no todo ou em parte, às autoridades policiais, bem como solicitar o auxílio de outras autoridades ou serviços públicos.

É portanto a autoridade administrativa que procede à investigação e instrução do processo e, concluídas estas, é ainda (e só) a autoridade administrativa que arquiva o processo ou que aplica uma coima.

Segundo esta construção normativa e para efeitos do processo de contra-ordenação, as autoridades administrativas e as autoridades policiais são entidades descoincidentes e díspares entre si. O artigo 54.º da LQCO é quanto a isso muito claro, distinguindo umas das outras, delimitando as respectivas competências e campos de actuação.

Na medida em que se estabelece no artigo 54.º, n.º 3 da LQCO que as autoridades administrativas podem confiar a investigação e instrução, no todo ou em parte, às autoridades policiais, está necessária e implicitamente a pronunciar-se que, umas e outras, são entidades diferentes. Não se confundem.

Na mesma linha, o artigo 55.º da LQCO, limita-se a prever que as decisões, despachos e demais medidas tomadas pelas autoridades administrativas no decurso do processo são susceptíveis de impugnação judicial por parte do arguido ou da pessoa contra as quais se dirigem, sem fazer qualquer alusão às autoridades policiais.

Vigorando, como vigora, no processo de contra-ordenações o princípio da legalidade (artigo 43.º da LQCO) fica necessariamente afastado qualquer cenário que porventura configurasse a concentração de todas as competências nas autoridades policiais. De outro modo, seria a própria existência e a razão de ser da Lei Quadro das Contra-ordenações, Lei Quadro entendida como a matriz conformadora e padrão deste regime sancionatório, que ficaria em crise.

Em qualquer caso, se à competência para fiscalizar, autuar, investigar e instruir o processo, cumulativamente viesse a ser conferida às autoridades policiais competência para também proferirem decisão final no processo, pior do que administrativizar-se a justiça, com as contra-ordenações rodoviárias passaríamos a ter uma justiça conduzida e aplicada, em todas as suas fases, pela polícia.

Seria conveniente que não fossem dados argumentos que mais não fariam do que acentuar a genética e o cariz administrativizado que caracteriza o sistema sancionatório contra-ordenacional.

Volvido que está apenas um ano sobre a última alteração ao CE, a prudência aconselha a que se procure desenvolver a aplicação efectiva do quadro legal em presença, e que dessa

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prática sejam retiradas as devidas ilações, antes que nele sejam introduzidas novas alterações de fundo.

Além do mais, atento o disposto no artigo 272.º da Constituição da República Portuguesa, à polícia não compete aplicar a justiça.

Para o cidadão, arguido em processo de contra-ordenação rodoviária, a hipotética concentração de poderes numa entidade policial, a quem, mais do que fiscalizar, autuar e instruir o processo, competiria ainda proferir decisão final, configurar-se-ia uma situação susceptível de criar suspeições quanto à imparcialidade e isenção do decisor. Tanto bastaria para, aos olhos do cidadão, desqualificar a justiça administrativizada daí resultante.

Seria o regime sancionatório especial das contra-ordenações rodoviárias a transmutar-se em processo de polícia; por inteiro. Neste domínio, parafraseando um dito popular, as autoridades policiais passariam a ter “a faca e o queijo na mão”.

A criação do GSR, na medida em que permite demarcar o campo de actuação das entidades administrativas que intervêm no processo, pode salvaguardar a segregação de competências que deve existir entre as autoridades policiais e a autoridade administrativa competente para proferir decisão final no processo de contra-ordenações rodoviárias.

Em face ao exposto e à semelhança da LQCO, essa segregação de competências, actualmente acautelado no CE, deve ser preservada com o GSR, salvaguardando-se a separação entre, entidades que fiscalizam, autuam e podem instruir o processo contra-ordenacional, e o organismo que é (e deve ser) o detentor exclusivo da competência para proferir decisão final.

No caso das contra-ordenações rodoviárias é à DGV que hoje compete o respectivo processamento. Como é a DGV quem detém a competência para a aplicação das coimas correspondentes, cotejem-se as disposições dos artigos 169.º e 170.º do CE.

Diríamos, aliás, que as autoridades policiais não têm vocação para, juntamente com as funções que já desempenham em matéria de contra-ordenações rodoviárias, acumularem ainda as funções de autoridade administrativa e, como tal, assumirem também a competência para, ou arquivarem o processo ou aplicarem uma coima.

Ademais, é nula a afinidade, como é discutível a compatibilidade entre o que seria desenvolver toda a actividade processual inerente às contra-ordenações rodoviárias e aquela que é a actividade nuclear das forças de segurança.

De resto, em termos de aplicação da justiça, não vemos qual a mais valia que uma solução destas (a ser adoptada) traria para o processo de contra-ordenações rodoviárias. Temos, aliás, as maiores reservas em relação à qualidade do produto final de uma tal medida, face à latente perda de objectividade, de independência e de imparcialidade resultante de uma concentração de poderes desta dimensão.

Outro problema seria de considerar. Na medida em que essas autoridades policiais seriam, pelo menos, a GNR e a PSP, teríamos então duas sedes distintas de decisão. Haveria assim o risco de nos confrontarmos com disparidade de critérios e tratamento diferenciado para ocorrências essencialmente idênticas, com isso, alimentando a desqualificação da justiça administrativizada.

Esta é uma situação que não pode deixar de ser devidamente ponderada, mostrando-se pois inteiramente avisado que o futuro GSR assuma, por inteiro, as competências que, nos termos do artigo 169.º do CE, estão hoje atribuídas à DGV.

Nessa perspectiva, um outro tipo de questões deve ser tido em conta, envolvendo os processos propriamente ditos, sabendo-se que:

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• a instrução de processos de contra-ordenação rodoviária exige uma estrutura desconcentrada dedicada e proporcional ao volume de trabalho a realizar;

• é complexa a gestão e articulação dos diferentes meios utilizados pelos serviços dedicados, tanto em termos de, recursos humanos, como do (actual) grau de dependência dos vários prestadores de serviços envolvidos, para além da utilização dos sistemas informáticos de suporte, nomeadamente do SIGA (sistema de informação e gestão de autos);

• o processo é tecnicamente complexo, sendo que, actualmente, é assegurado em exclusivo por juristas.

Nesta ordem de ideias, há necessidade de reflectir devidamente sobre qual a estrutura organizacional que o GSR deve adoptar, nomeadamente, se deve englobar uma estrutura desconcentrada e, em caso afirmativo, qual a sua configuração. Em aberto fica a possibilidade de o GSR integrar as actuais estruturas desconcentradas da DGV dedicadas ao processamento das contra-ordenações rodoviárias.

É, quanto a nós, indiscutível que o GSR deve ser projectado com uma estrutura desconcentrada, se não igual à da DGV, pelo menos com um grau de capilaridade que permita despachar o elevado número de processos existente, melhorando até a capacidade de resposta em relação às contra-ordenações rodoviárias.

É pois um GSR detentor de uma estrutura desconcentrada, segundo um modelo que compreenda áreas de jurisdição territorial coincidentes com as NUTS II, aquele que, s.m.o., propomos seja instituído.

Um último problema é de colocar. Hoje o processamento das contra-ordenações rodoviárias já está estruturalmente suportado no SIGA em função do qual, entre outros, há a salientar:

• a centralização na DGV do processo de decisão, mantendo-se (formalmente) nos Governos Civis a competência para as contra-ordenações muito graves (na prática, o processo corre e é hoje conduzido na e pela DGV, limitando-se o Governador Civil a proferir despacho);

• a introdução dos autos no SIGA pelas entidades fiscalizadoras (BT/GNR e PSP);

• um sistema de apoio à decisão no processamento de contra-ordenações leves, em que o sistema informático apresenta a proposta de decisão a partir de critérios que lhe foram previamente fornecidos por juristas.

Há assim que – a par da configuração estrutural do GSR – ponderar igualmente a forma, mais apropriada e sem sobressaltos, de garantir a transferência, da DGV para o futuro GSR, deste importantíssimo sistema de informação, hoje suporte estruturante do processo especial de contra-ordenações rodoviárias.

A este propósito, lembraríamos ainda que, qualquer alteração ao processamento das contra-ordenações rodoviárias, nomeadamente, por via dos sujeitos processuais, das respectivas competências, ou da deslocação da sede de decisão, terá de ser sempre reflectida na programação informática que sustenta o SIGA.

Uma nota final. Porque este novo serviço operacional tenderá a assumir o papel de autoridade em matéria de contra-ordenações de trânsito, parece-nos, s.m.o., que a respectiva denominação institucional, ao invés de “Gabinete”, deveria assumir esse estatuto de autoridade, logo na própria designação, para tanto podendo ser adoptado o título de “Autoridade de Segurança Rodoviária”, que parece ser mais ajustado.

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Será quase que inevitável no percurso da mudança não registar o facto de, neste domínio, onde antes superintendia uma entidade do tipo direcção-geral, passar a estar uma estrutura designada como gabinete. Essa evolução ao nível da terminologia poderia dar a entender que haveria aqui como que uma desvalorização da segurança rodoviária. Deverão ser dados fortes sinais da importância que se dá à segurança rodoviária, a começar pelo nome da nova autoridade que em relação a ela passará a superintender.

O termo “gabinete” tem em si conotação e laivos de “um menos”, no mínimo se comparado com a predecessora Direcção-Geral de Viação. O nome de um organismo só aparentemente é uma questão menor.

Num domínio como é o da segurança rodoviária e, mais em particular, em relação às contra-ordenações de trânsito, convém que se exteriorize o sentimento de que o Estado não contemporizará com a violação da lei e que, com firmeza, através de uma autoridade própria e renovada, perseguirá todos os prevaricadores.

Esse sinal de firmeza poderá advir de um organismo que sucedendo a uma direcção-geral, desde logo pelo nome, se afirme como a autoridade nacional para a área, algo à semelhança, e ressalvadas as diferenças, do que se passou na área da segurança alimentar e do que se está a preparar para a área da protecção civil.

Propomos, assim, que o denominado Gabinete de Segurança Rodoviária seja instituído com o título de “Autoridade de Segurança Rodoviária”.

Missão da Estrutura

Administrar o sistema de trânsito e segurança rodoviária, cabendo-lhe estudar, promover e executar medidas adequadas à sua operacionalidade e aperfeiçoamento, bem como à uniformização e coordenação da acção fiscalizadora.

Atribuições da Estrutura

� Contribuir para a definição das políticas no domínio do trânsito e da segurança rodoviária;

� Propor a implementação das medidas necessárias à concretização das políticas definidas e assegurar a coordenação da sua execução, controlo e fiscalização;

� Exercer as competências que lhe são conferidas pelo Código da Estrada e legislação complementar;

� Promover a concretização de medidas que visem o ordenamento e a disciplina do trânsito;

� Verificar a conformidade da sinalização das vias públicas com a legislação aplicável e os princípios do bom ordenamento e segurança da circulação rodoviária, recomendando às entidades responsáveis por essa sinalização a realização das correcções mais necessárias e ou a colocação de sinalização em falta;

� Assegurar o processamento e a gestão dos autos levantados por infracções ao Código da Estrada e legislação complementar;

� Fiscalizar o cumprimento das disposições legais sobre o trânsito e segurança

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Atribuições da Estrutura

rodoviária e uniformizar e coordenar a acção fiscalizadora das demais entidades intervenientes, nomeadamente através da emissão de instruções técnicas adequadas e da aprovação dos equipamentos de controlo e fiscalização do trânsito;

� Promover o estudo das causas e factores intervenientes nos acidentes de trânsito e organizar o Observatório de Segurança Rodoviária;

� Proceder a estudos e análises sobre a matéria das suas atribuições, nomeadamente sobre tráfego e direito rodoviário;

Unidades Orgânicas

Competências

C) Alterações Introduzidas

Alteração Proposta Fundamentação

O GSR deve assumir, por inteiro, as competências que, nos termos do artigo 169.º do CE, estão hoje atribuídas à DGV

À semelhança da LQCO, deve ser preservada a segregação de competências entre, entidades que fiscalizam, autuam e podem instruir o processo contra-ordenacional, e o organismo que é (e deve ser) o detentor exclusivo da competência para proferir decisão final.

O GSR deve ser instituído com o título de “Autoridade de Segurança Rodoviária”

A adopção desta designação, ressalvadas as diferenças, acompanharia denominação idêntica à que foi seguida na área da segurança alimentar e do que se está a preparar para a área da protecção civil.

D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

O facto de desconhecermos as directivas que norteiam do processo de constituição deste novo organismo, não nos permite ir mais além da mera enunciação de competências que, em qualquer caso, não pode considerar-se esgotada.

De igual forma, não temos elementos que nos permitam apresentar organograma, ficando apenas uma simples proposta para que esta futura unidade orgânica se constitua com uma estrutura desconcentrada, se não igual à da DGV, pelo menos com um grau de capilaridade que permita despachar o elevado número de processos existente, melhorando até a capacidade de resposta em relação às contra-ordenações.

Nesta ordem de ideias, não é possível quantificar benefícios.

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2.2.8. Polícia de Segurança Pública (PSP)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

A Polícia de Segurança Pública (PSP) é uma força de segurança com a natureza de serviço público, dotado de autonomia administrativa, que tem por funções defender a legalidade democrática, garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos, nos termos do disposto na Constituição e na lei.

A PSP depende do membro do Governo responsável pela administração interna e a sua organização é única para todo o território nacional.

A PSP está organizada hierarquicamente em todos os níveis da sua estrutura com respeito pela diferenciação entre funções policiais e funções gerais de gestão e administração públicas, obedecendo quanto às primeiras à hierarquia de comando e quanto às segundas às regras gerais de hierarquia da função pública.

No uso da competência que lhes seja delegada pelo Governo nos termos da Constituição, os Ministros da República para as Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira podem emanar directivas relativas ao serviço da PSP nas respectivas Regiões, a veicular através do director nacional, podendo ser dadas directamente aos comandantes regionais, em caso de urgência.

A PSP compreende:

• A Direcção Nacional;

• Os Comandos Metropolitanos, Regionais e de Polícia;

• O Corpo de Intervenção;

• O Grupo de Operações Especiais;

• O Corpo de Segurança Pessoal;

• O Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI), dotado de personalidade jurídica e de autonomia administrativa e financeira;

• A Escola Prática de Polícia (EPP), dotada de autonomia administrativa.

Em termos de recursos financeiros, o orçamento da PSP para 2006 apresenta a distribuição de verbas que vão apresentadas no quadro seguinte:

Fonte Financiamento Valor %

– Receitas Gerais 501.000.000,00 93,99

– Receitas Próprias 31.995.000,00 6,00

Total: 532.995.000,00 100,00

Com a seguinte aplicação:

Despesas com Pessoal 496.764.588,00 93,2

Funcionamento 35.381.712,00 6,63

Investimento 848.700,00 0,15

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O dispositivo da PSP tem uma implantação nacional, actua nas áreas urbanas e tem à sua responsabilidade cerca de 12% do Território Nacional, bem como cerca de 50% da população nacional.

B) Modelo Futuro

Tendo as premissas orientadoras do PRACE, podem ser indicadas, para a PSP, as seguintes propostas de reforma organizacional:

• Cadeias de comando mais curtas – de modo a possibilitar uma estrutura mais flexível, fluida e horizontal, aproximando o topo da hierarquia das bases, por um lado e, a instituição do cidadão, por outro;

• Rentabilização dos meios operacionais através da integração – proceder à reformulação da filosofia constitutiva da unidade base, a Esquadra, com as várias componentes da missão, ordem e segurança pública, intervenção e fiscalização e também a investigação criminal a serem todas elas integradas e concebidas como área de actuação de cada esquadra, ao invés das unidades especializadas que hoje existem e funcionam em paralelo, sem que umas saibam o que as outras estão a fazer;

• Incremento de órgãos especializados – com funções de consultadoria e assessoria, no estudo e resolução de problemas da organização, orientando os órgãos de linha (operacionais) no desempenho da missão;

• Ênfase na actividade essencial – orientando o seu esforço para atingir o objectivo para que foi criada, recorrendo à externalização para as actividades inorgânicas, como sejam, as messes, os bares, as oficinas e outras;

• Rentabilizar os recursos humanos – transferindo para a missão operacional, parte do efectivo que está actualmente a desempenhar funções burocráticas e administrativas.

Para o efeito é necessário implementar soluções informáticas integradas, simplificar e agilizar as NEPs, em particular, o sistema retributivo;

• A venda de património pode ser uma forma de sustentar todo este processo de mudança – o que pressupõe uma inventariação de todo o património da PSP;

• Adopção do modelo de “gestão por objectivos” – através da implementação do Plano e do Relatório de Actividades, da revisão do sistema de avaliação, aproximando-o do SIADAP, de modo a reflectir o mérito e o desempenho, na progressão e promoção da carreira de todo o efectivo da PSP.

Nessa linha e porque em Portugal, o número de agentes de segurança é suficientemente elevado, no actual contexto ou numa perspectiva de futuro, são de afastar cenários que envolvam o crescimento dos quadros de efectivos das FSS, em geral e da PSP, em particular.

Há, sim, que melhorar a organização e gestão operacional das FSS, optimizando a utilização do efectivo já existente.

Além disso, a estrutura orgânica das FSS e a distribuição do efectivo devem acompanhar e adaptar-se à mutação a que se assiste na ocupação do território por parte da população.

Os rácios policiais disponíveis indicam que a distribuição dos efectivos das FSS não estará inteiramente ajustada a essa ocupação territorial por parte da população, como já se disse noutro ponto deste relatório, sobressaindo a Região Norte como um caso a merecer

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atenção já que pode haver aí necessidade de reforçar o efectivo, avultando igualmente o Alentejo, neste caso, com um processo de sentido inverso e onde a redução de efectivos pode ser um cenário a ponderar, sem prejuízo de outros casos que possam vir a ser identificados.

Em relação à PSP e na linha do proposto, deve haver um esforço para eliminar duplicação de funções, desburocratizando os procedimentos, definindo prioridades nas suas actividades e objectivos, essencialmente, orientando os respectivos esforços no sentido de concretizar as actividades para as quais está vocacionada e que justificam a respectiva existência enquanto organização, abrindo mão e entregando a gestão de actividades secundárias, inorgânicas e não operacionais a entidades especializadas para o efeito. Paralelamente, um número significativo de efectivos, até aí afectos às tarefas inorgânicas e de suporte, poderia ser afectado à actividade operacional. Toda esta operação seria duplamente útil e proveitosa.

Assim a PSP poderia optimizar os respectivos recursos, aplicando na gestão dos mesmos métodos empresariais, por um lado, aumentando a capacidade de actuação, por outro, flexibilizando o dispositivo.

Na PSP deveria igualmente proceder-se à reformulação da filosofia constitutiva da unidade base, a Esquadra, pelo que também aqui as várias componentes da missão, ordem e segurança pública, intervenção e fiscalização e também a investigação criminal deveriam todas elas estar integradas e ser concebidas como área de actuação de cada esquadra, ao invés das unidades especializadas que hoje existem e funcionam em paralelo, sem que umas saibam o que as outras estão a fazer. Este processo tem em si as vantagens que decorrem do facto de várias valências, então agregadas, potenciarem uma outra escala de valores para ganhos em termos de actividade operacional.

Ora, a reorganização que se preconiza para a PSP poderá ser projectada faseadamente, por áreas geográficas, de forma sucessiva e não necessariamente simultânea, até porque o processo de modernização que nela deve estar implícito não pode deixar de incluir investimento em instrumentos de trabalho essenciais à obtenção de resultados, o que significa novos meios e tecnologias adequadas.

Orientados pelo conceito de que, nas áreas de suporte às missões, se deverá privilegiar o recurso à externalização, preconizamos ainda que, o trabalho preparatório dessa reestruturação organizacional, seja precedido de uma inventariação o mais possível exacta e exaustiva, unidade a orgânica a unidade orgânica, tanto dos recursos humanos como dos recursos materiais.

Reafirmamos a concepção de que deve ser abandonada a política de contínuo crescimento dos quadros de pessoal e apontar-se para uma estabilização do número de efectivos, a par de um aumento qualitativo do respectivo estatuto e da prestação do serviço.

Os quadros de pessoal e, nestes, o número de efectivos deverão ser projectados em função do interesse público e no limite que imponha às pessoas uma prestação de trabalho exigível de acordo com os princípios da racionalidade, da optimização e da produtividade, e não de acordo com o princípio de quadros inflacionados de modo a assegurar todo e qualquer tipo de serviço.

Intimamente relacionado com este aspecto, numa perspectiva de futuro e salvaguardando a devida alternância entre trabalho e descanso, a actividade dos agentes e o respectivo trabalho deverão ser exercidos com o adequado ritmo, constituindo-se cada vez mais como forma de realização pessoal e profissional, trabalho que para os agentes, sendo um ganha-pão, possa constituir uma maneira de estar na vida, algo de gratificante que possibilite a todos, ou a quase todos, chegarem ao topo das carreiras.

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Numa primeira fase e sem que isso implique necessariamente despesa para o Estado, poderá haver a necessidade de investimentos, que poderão ter retorno a curto prazo, não só do ponto de vista financeiro, como inevitavelmente do ponto de vista da segurança interna e, também, do sentimento geral de segurança e até do próprio aumento de qualidade do serviço.

Por isso e para isso, esta reorganização justifica que se inventarie todo o património da PSP, em especial o imobiliário, porquanto, há a possibilidade séria da obtenção de fundos significativos com a venda de algum desse património, quer por desajustado quer por desnecessário ou desadequado.

Não sendo sequer solução inédita, a futura lei de organização e funcionamento da PSP, poderia acautelar e consignar esses fundos (ou parte deles) para investimentos no respectivo organismo, em domínios como os da formação, do reequipamento técnico e tecnológico, das viaturas e, eventualmente, do armamento e de novas instalações físicas funcionais, modernas e de baixo custo de manutenção.

• Integrações a concretizar

A Comissão de Explosivos (CE) é integrada na PSP, redefinindo-se a sua composição.

A Escola Prática de Polícia (EPP) é integrada na PSP.

O Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna (ISCPSI) é integrado na PSP, devendo ser programada a sua evolução para um serviço autónomo prestando serviços às FSS.

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2.2.9. Guarda Nacional Republicana (GNR)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

A Guarda Nacional Republicana (GNR) é uma força de segurança constituída por militares organizados num corpo especial de tropas.

As atribuições da GNR são prosseguidas em todo o território nacional e na zona marítima de respeito, com exclusão das zonas legalmente cometidas a outras forças ou serviços de segurança,

Na GNR existem as seguintes armas e serviços:

• Armas: de infantaria e de cavalaria;

• Serviços: de pessoal, de assistência religiosa, de justiça, de transmissões, de finanças, de obras, de saúde, veterinário, de material, de intendência, de assistência na doença e de informática.

A organização do comando da GNR compreende:

• O comandante-geral;

• O 2.º comandante-geral;

• Os órgãos de assessoria e de inspecção;

• O Comando-Geral;

• As unidades;

• Os serviços.

Órgãos de assessoria e de inspecção

• O Conselho Superior da Guarda (CSG);

• A Junta Superior de Saúde (JSS);

• A Comissão para os Assuntos Equestres (CAE);

• O Gabinete de Assessores e Inspectores (GAI);

• O Gabinete Técnico-Jurídico (GTJ).

Composição do Comando-Geral

O chefe do Estado-Maior da Guarda;

• O subchefe do Estado-Maior da Guarda;

• O Estado-Maior Geral ou Coordenador;

• O Estado-Maior Especial ou Técnico;

• O Gabinete do Comandante-Geral;

• O Laboratório Metrológico;

• A Secretaria-Geral;

• O Conselho Administrativo;

• A Formação do Comando;

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• A Banda de Música;

• A Biblioteca;

• O Museu;

• O Centro Gráfico

Estado-Maior Geral ou Coordenador

O Estado-Maior Geral ou Coordenador é composto pelas repartições seguintes:

• 1.ª Repartição (Pessoal);

• 2.ª Repartição (Informações);

• 3.ª Repartição (Operações);

• 4.ª Repartição (Logística);

• 5.ª Repartição (Informação Interna e Relações Públicas).

Unidades

São as seguintes as unidades da GNR:

• De instrução, a Escola Prática da Guarda (EPG);

• Territoriais, a Brigada n.º 2 (BTer2), a Brigada n.º 3 (BTer3), a Brigada n.º 4 (BTer4) e a Brigada n.º 5 (BTer5);

• Especial de trânsito, a Brigada de Trânsito (BT);

• Especial fiscal, a Brigada Fiscal (BF);

• De reserva, o Regimento de Cavalaria (RC) e o Regimento de Infantaria (RI).

Órgãos dos serviços

São órgãos de direcção dos serviços administrativos e logísticos as chefias dos seguintes serviços:

• Pessoal (CSPes);

• Assistência Religiosa (CSAR);

• Justiça (CSJ);

• Saúde (CSS);

• Veterinário (CSVet);

• Transmissões (CSTm);

• Material (CSMat);

• Intendência (CSInt);

• Obras (CSO);

• Finanças (CSF);

• Assistência na Doença (CSAD);

• Informática (CSInfmt).

São órgãos de execução:

• O Centro Clínico (CC);

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 65

• A Companhia de Transmissões (CTm);

• A Companhia de Manutenção e Depósito (CManDep);

• A Companhia de Transportes (CTpt);

• A Companhia de Intendência (CInt).

A estrutura da GNR apresenta os seguintes níveis:

Níveis Âmbito Comando

Comando-Geral Nacional Tenente-General

Brigada Regional Major-General

Grupo Distrital Tenente-Coronel

Destacamento Concelho Capitão

Posto Freguesia Sargento-Ajudante

Relativamente ao número de instalações existem as seguintes:

Níveis Territorial Trânsito Fiscal Total

Comando-Geral 1 1

Brigada 4 1 1 6

Regimento 2 2

Grupo 23 6 6 35

Destacamento 85 21 27 133

Subdestacamento 15 65 80

Posto 485 61 546

Escola Prática 3 3 806

Segundo estudos elaborados, aproximadamente 5.000 militares desempenham tarefas administrativo-logísticas, ou seja, 20% do seu efectivo global.

Em termos de recursos financeiros, o orçamento da GNR para 2006 apresenta a seguinte distribuição de verbas:

Fonte Financiamento Valor %

� – Receitas Gerais 651.000.000,00 96,00

� – Receitas Próprias 24.168.000,00 4,00

Total: 675.168.000,00 100,00

Com a seguinte aplicação:

• Despesas com Pessoal 614.074.763,00 90,95

• Funcionamento 52.573.237,00 7,78

• Investimento 8.520.000,00 1,26

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O dispositivo da GNR tem uma implantação nacional, dita de quadrícula, tendo à sua responsabilidade 90% do Território Continental e cerca de 50% da população nacional.

Por ser uma área sensível expõe-se, de seguida, o número de Messes e a sua respectiva distribuição geográfica:

Níveis Territorial Trânsito Fiscal Total

Comando-Geral 5 5

Brigadas Territoriais 4 1 1 6

Regimentos 5 5

Grupos 21 5 26

Destacamentos 11 15 26

Subdestacamentos - - 2 2

Postos - - - -

Escola Prática 6 6 76

O desenvolvimento da malha de implantação territorial da Guarda Nacional Republicana pode ver-se no anexo A5/2.

B) Modelo Futuro

Tendo as premissas orientadoras do PRACE, pode-se indicar, para a GNR, as seguintes propostas de reformas organizacionais:

� Cadeias de comando mais curtas – eliminar o nível Brigada de modo a possibilitar uma estrutura mais flexível, fluida e horizontal, aproximando o topo da hierarquia das bases, por um lado e, a instituição do cidadão, por outro;

� Rentabilização dos meios operacionais através da integração – ao nível do Grupo das componentes territorial, fiscal, trânsito, investigação criminal e protecção da natureza e ambiente, sob um comando único e apoiados numa unidade de serviços partilhados, em termos administrativo-logísticos. Integrar também as unidades de reserva, constituídas pelo Regimento de Infantaria, Regimento de Cavalaria e Companhia Cinotecnica sob comando único e instalados num local adequado, em termos de mobilidade, actuação, instrução e treino conjunto;

� Incremento de órgãos de “staff” – com funções de consultadoria e assessoria, no estudo e resolução de problemas da organização, orientando os órgãos de linha (operacionais) no desempenho da missão;

� Ênfase na actividade essencial – orientando o seu esforço para atingir o objectivo para que foi criada, recorrendo ao “outsourcing” para as actividades inorgânicas, como sejam, as messes, os bares, as oficinas, etc.;

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� Rentabilizar os recursos humanos – transferindo para a missão operacional, parte do efectivo militar que está actualmente a desempenhar funções burocráticas e administrativas, nomeadamente, no Comando-Geral (a reestruturar), nos comandos de Brigada (a extinguir), nos Regimentos (a unificar) e nos Serviços Sociais da GNR (mantendo apenas o Conselho de Direcção na titularidade dos militares da GNR).

Para o efeito é necessário implementar soluções informáticas integradas, simplificar e agilizar os regulamentos, em particular, o sistema retributivo;

� A venda de património pode ser uma forma de sustentar todo este processo de mudança – o que pressupõe uma inventariação de todo o património da GNR;

� Adopção do modelo de “gestão por objectivos” – através da implementação do Plano e do Relatório de Actividades, da revisão do sistema de avaliação, aproximando-o do SIADAP, de modo a reflectir o mérito e o desempenho, na progressão e promoção da carreira de todos os militares da GNR.

Diríamos ainda o seguinte:

A singularidade institucional da Guarda Nacional Republicana, que reside no facto de ser Força de Segurança e de, ao mesmo tempo, cultivar uma secular natureza militar, s.m.o. torna indispensável, no âmbito desta reestruturação organizacional, a edição de uma nova lei de organização e funcionamento e de um estatuto de pessoal próprios que, positivando a necessidade dos específicos espírito de corpo, formação, justiça, sentido de disciplina e princípios de comando, não só preserve ancestrais tradições desta Força, mas também que tenha em conta as exigências e os desafios que a Segurança Interna e também a Protecção Civil hoje levantam, o elevado grau de especialização que isso envolve e exige, a natureza e funções específicas da GNR como Força de Segurança e a necessidade de construir um corpo de polícia, de superior escol, com elevado rendimento, possuidor de saberes técnicos de excelência, de fino recorte operacional, que se proponha realizar a missão geral que lhe é atribuída, na base de uma programação/actuação por objectivos.

A verdade é que, em Portugal, o número de agentes de segurança é suficientemente elevado para, no actual contexto ou numa perspectiva de futuro, afastar cenários que envolvam o crescimento dos quadros de efectivos das FSS, em geral e da GNR, em particular. Há, sim, que melhorar a organização e gestão operacional das FSS, optimizando a utilização do efectivo já existente.

A estrutura orgânica das FSS e a distribuição do efectivo devem acompanhar e adaptar-se à mutação a que se assiste na ocupação do território por parte da população.

Os rácios policiais disponíveis indicam que a distribuição dos efectivos das FSS não estará inteiramente ajustada a essa ocupação territorial por parte da população, como já se disse, sobressaindo a Região Norte como um caso a merecer atenção já que pode haver aí necessidade de reforçar o efectivo, avultando igualmente o Alentejo, neste caso, com um processo de sentido inverso e onde a redução de efectivos pode ser um cenário a ponderar, sem prejuízo de outros casos que possam vir a ser identificados.

Em relação à GNR deve haver um esforço para eliminar duplicação de funções, desburocratizando os procedimentos, definindo prioridades nas suas actividades e objectivos, essencialmente, orientando os respectivos esforços no sentido de concretizar as actividades para as quais está vocacionada e que justificam a respectiva existência enquanto organização, abrindo mão e entregando a gestão de actividades secundárias, inorgânicas e não operacionais a entidades especializadas para o efeito. Paralelamente, um número significativo de efectivos, até aí afectos às tarefas inorgânicas e de suporte, poderia ser afectado à actividade operacional. Toda esta operação seria duplamente útil e proveitosa.

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Assim a GNR poderia optimizar os respectivos recursos, aplicando na gestão dos mesmos métodos empresariais, por um lado, aumentando a capacidade de actuação, por outro, flexibilizando o dispositivo.

Acompanhando essa medida, na GNR deveria também proceder-se à integração das Unidades Especiais nas Unidades Territoriais, isto é, a unidade Grupo passaria a integrar a componente territorial, fiscal e de trânsito com todas as vantagens decorrentes de um processo em que várias valências, então agregadas, potenciariam uma outra escala de forças, de perícias e de eficácia em termos de actividade operacional.

Ora, a reorganização que se preconiza para a GNR poderá ser projectada faseadamente, por áreas geográficas, de forma sucessiva e não necessariamente simultânea, até porque o processo de modernização que nela deve estar implícito não pode deixar de incluir investimento em instrumentos de trabalho essenciais à obtenção de resultados, o que significa novos meios e tecnologias adequadas.

Orientados pelo conceito de que, nas áreas de suporte às missões, se deverá privilegiar o recurso à externalização, preconizamos ainda que, o trabalho preparatório dessa reestruturação organizacional, seja precedido de uma inventariação o mais possível exacta e exaustiva, unidade a orgânica a unidade orgânica, tanto dos recursos humanos como dos recursos materiais.

Reafirmamos a concepção de que deve ser abandonada a política de contínuo crescimento dos quadros de pessoal e apontar-se para uma estabilização do número de efectivos, a par de um aumento qualitativo do respectivo estatuto e da prestação do serviço.

Os quadros de pessoal e, nestes, o número de efectivos deverão ser projectados em função do interesse público e no limite que imponha às pessoas uma prestação de trabalho exigível de acordo com os princípios da racionalidade, da optimização e da produtividade, e não de acordo com o princípio de quadros inflacionados de modo a assegurar todo e qualquer tipo de serviço.

Intimamente relacionado com este aspecto, numa perspectiva de futuro e salvaguardando a devida alternância entre trabalho e descanso, a actividade dos agentes e o respectivo trabalho deverão ser exercidos com o adequado ritmo, constituindo-se cada vez mais como forma de realização pessoal e profissional, trabalho que para os agentes, sendo um ganha-pão, possa constituir uma maneira de estar na vida, algo de gratificante que possibilite a todos, ou a quase todos, chegarem ao topo das carreiras.

Numa primeira fase e sem que isso implique necessariamente despesa para o Estado, poderá haver a necessidade de investimentos, que poderão ter retorno a curto prazo, não só do ponto de vista financeiro, como inevitavelmente do ponto de vista da segurança interna e, também, do sentimento geral de segurança e até do próprio aumento de qualidade do serviço.

Por isso e para isso, esta reorganização justifica que se inventarie todo o património da GNR, em especial o imobiliário, porquanto, há a possibilidade séria da obtenção de fundos significativos com a venda de algum desse património, quer por desajustado quer por desnecessário ou desadequado.

Não sendo sequer solução inédita, a futura lei de organização e funcionamento da GNR poderia acautelar e consignar esses fundos (ou parte deles) para investimentos no respectivo organismo, em domínios como os da formação, do reequipamento técnico e tecnológico, das viaturas e, eventualmente, do armamento e de novas instalações físicas funcionais, modernas e de baixo custo de manutenção.

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2.2.10. Governo Civil (GC)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

O governador civil é, nos termos da Constituição, o representante do Governo na área do distrito, exercendo, além desta, as funções e competências na aproximação entre o Cidadão e a Administração, competências no exercício de poderes de tutela, competências no exercício de funções de segurança e de polícia, competências no âmbito da protecção e socorro e ainda outras competências que lhe são conferidas por lei, designadamente, a emissão de passaportes comuns, o registo e emissão de certidões a associações civis e religiosas, a autorização de peditórios de âmbito distrital e local, ou o licenciamento para a realização de leilões.

O Governo Civil assegura, na área de distrito, pela existência de serviços internos, atribuições ao nível de autorizações, licenciamentos e contra-ordenações e na emissão de passaportes. Tem ainda serviços que asseguram a gestão de recursos internos (humanos e financeiros), de expediente e de tesouraria.

Em alguns Governos Civis de maior dimensão é possível encontrar outros serviços internos para cumprimento de outras actividades onde se incluem, a título de exemplo, os de informática.

B) Modelo Futuro

Perspectiva-se, no modelo proposto, que a actividade do Governos Civis seja recentrada no âmbito das funções de representação do Governo, de coordenação dos serviços de segurança e protecção civil e de articulação entre os serviços periféricos da Administração Central.

Neste pressuposto, propõe-se o seguinte modelo tipo de organização.

Unidadesoperacionais

Unidadesde suporte

Governo CivilGC

Gabinete de ApoioGabinete de Apoio

Secretário(Direcção de Serviços

Técnicose Administrativos)

Secretário(Direcção de Serviços

Técnicose Administrativos)

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Em conformidade, será de equacionar a transferência das funções de prestação de serviços para fora dos Governos Civis, seja por descentralização para as autarquias ou por transferência para outros organismos com representação distrital ou local.

Esta evolução deve decorrer do processo de reestruturação da administração desconcentrada, devendo ter um papel relevante na coordenação da reestruturação dos serviços desconcentrados regionais e sub-regionais.

Esta reorganização deve ser articulada com a reestruturação regional das Forças de Segurança.

Assim, a título de exemplo, o registo de instalação dos alarmes sonoros, a atribuição de alvarás de armeiro, o registo de associações e a correspondente atribuição de subsídios, poderão passar para o âmbito municipal, e a emissão de passaportes poderá passar para as 18 autarquias sedeadas nas actuais sedes distritais.

Missão da Estrutura

O governador civil é, nos termos da Constituição, o representante do Governo na área do distrito, exercendo no mesmo as funções e competências que lhe são conferidas por lei.

Atribuições da Estrutura

� Representação do Governo

� Aproximação entre o cidadão e a Administração

� Segurança Pública

� Protecção civil

Competências como representante do Governo na área do distrito

� Exercer as funções de representação do Governo;

� Colaborar na divulgação das políticas sectoriais do Governo, designadamente através de acções de informação e formação, diligenciando a sua melhor implementação;

� Prestar ao membro Governo competente em razão da matéria, informação periódica e sistematizada por áreas, sobre assuntos de interesse para o distrito;

• são áreas estratégicas de prestação informação, na área do distrito, todas as referentes a protecção civil, segurança interna e, em particular o policiamento de proximidade, questões económico-sociais, investimentos a realizar no distrito, bem como outras acções de interesse para o distrito;

� Preparar informação relativamente aos requerimentos, exposições e petições que lhe sejam entregues para envio aos membros do Governo ou a outros órgãos de decisão.

� Atribuir financiamentos a associações no âmbito do distrito.

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Atribuições da Estrutura

� desenvolver todas as diligências necessárias e convenientes a uma adequada cooperação na articulação entre os serviços públicos desconcentrados de âmbito distrital, e entre aqueles e outros órgãos administrativos localizados na circunscrição distrital, de acordo com as orientações dos respectivos membros do Governo.

Competências na aproximação entre o cidadão e a Administração

� Promover, através da organização de balcões de atendimento próprios, a prestação de informação ao cidadão bem como o encaminhamento para os serviços competentes;

� Centralizar o acompanhamento da sequência das questões ou procedimentos multisectoriais, fomentando e assegurando a oportunidade da intervenção de cada serviço ou entidade desconcentrada de âmbito distrital interveniente nos mesmos, para potenciar a emissão de decisões globais céleres e oportunas.

Competências no exercício de funções de segurança e de polícia

� Providenciar pela manutenção ou reposição da ordem, da segurança e tranquilidades públicas, podendo para o efeito:

• Requisitar, quando necessária, a intervenção das forças de segurança, aos comandos da PSP e da GNR, instaladas no distrito;

• Propor ao Ministro da Administração Interna para aprovação os regulamentos necessários à execução das leis que estabelecem o modo de exercício das suas competências.

• Aplicar as medidas de polícia e as sanções contra-ordenacionais previstas na lei.

Competências no âmbito da protecção e socorro

Desencadear e coordenar, na iminência ou ocorrência de acidente grave, catástrofe ou calamidade, as acções de protecção civil de prevenção, socorro, assistência e reabilitação adequadas em cada caso, com a coadjuvação do director do centro coordenador de socorro distrital e do chefe da delegação distrital de protecção civil e a colaboração dos agentes de protecção civil competentes, nos termos legais

Unidades Internas tipo

Competências

Gabinete de Apoio Serviços de apoio ao Governador Civil

Secretariado Técnico e Administrativo

Serviços de secretariado técnico e administrativo

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2.3. Estruturas de Administração Indirecta do Estado

No MAI actuam três institutos públicos, concretamente, o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), os Serviços Sociais da Guarda Nacional Republicana (SSGNR) e os Serviços Sociais da Polícia de Segurança Pública (SSPSP) e ainda uma instituição equiparada a instituto público, a saber, o Cofre de Previdência da Polícia de Segurança Pública (CPPSP).

O SNBPC passará a designar-se por Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), desconhecendo-se ainda qual o seu estatuto jurídico.

O Serviços Sociais da GNR (SSGNR) e os da PSP (SSPSP) mantêm o actual estatuto, integrando este último o Cofre de Previdência (CPPSP).

Face ao exposto, somente serão objecto de análise os SSGNR e SSPSP como estruturas de administração indirecta do Estado.

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2.3.1. Serviço Sociais da Polícia de Segurança Pública (SSPSP)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

Os Serviços Sociais da Polícia de Segurança Pública (SSPSP) são um instituto público “…dotado de personalidade jurídica e de autonomia financeira e administrativa”(19), sujeito à tutela do Ministro da Administração Interna (MAI).

Os estatutos dos SSPSP referem que estes “visam (…) facilitar, moral e materialmente, a satisfação das necessidades de ordem social dos componentes da Polícia de Segurança Pública e a contribuir para a manutenção de um estado de espírito são no pessoal daquela corporação.”(20).

Resulta do enquadramento legal aplicável(21) que os SSPSP integram o Sistema de Acção Social Complementar (SASC)(22), o qual é constituído por entidades que visam assegurar “um conjunto de esquemas complementares de protecção social dos funcionários e agentes da Administração Pública que se destinem à prevenção, redução ou resolução de problemas decorrentes da sua situação laboral, pessoal, ou familiar, que não sejam atendíveis através dos regimes gerais de protecção social”.

São beneficiários dos SSPSP, mediante desconto nos vencimentos ou pensões das quotizações que forem fixadas por despacho ministerial:

• Os comissários do quadro de comissários da PSP;

• Os agentes da PSP;

• O pessoal civil dos quadros da PSP;

• As viúvas, enquanto nesta situação, e os órfãos, enquanto menores, do pessoal referido nas alíneas anteriores falecido, quer em efectividade de serviço, quer na situação de aposentação, desde que seja requerido.

Beneficiam igualmente dos SSPSP as pessoas de família a cargo dos beneficiários dos mesmos Serviços.

B) Modelo Futuro

Decorre do PRACE a plena integração do CPPSP nos SSPSP, extinguindo-se como instituição de utilidade pública.

Tal integração não se afigura como factor de alteração na actual orgânica dos SSPSP, a qual, contudo, deve ser aligeirada.

19 Art.º 1º dos Estatutos dos SSPSP (Decreto-Lei n.º 42 794/59, de 31 de Dezembro). 20 Ver art.º 1º dos Estatutos. 21 Art.º 11º do Decreto-Lei n.º. 194/91, de 25 de Maio (Lei-Quadro da Acção Social Complementar –

LQSASC), o qual estabelece que se consideram serviços sociais os serviços e obras sociais da administração central existentes à data da sua publicação.

22 Instituído pelo Decreto-Lei n.º. 194/91, de 25 de Maio.

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Foi no âmbito dos trabalhos identificada mais uma instituição de cariz social no seio da PSP, i.e., o Montepio da Polícia de Segurança Pública de Lisboa (MPSPL)(23), não detectada durante a primeira fase do PRACE.

O MPSPL mais não é do que uma entidade congénere do CPPSP, desenvolvendo actividades em tudo idênticas às do Cofre.

Unidadesoperacionais

Unidadesde suporte

Serviços Sociaisda Polícia de Segurança Pública

SSPSP

Direcção de ServiçosAdministrativose Financeiros

Direcção de ServiçosAdministrativose Financeiros

Comissão de FiscalizaçãoComissão de Fiscalização

Direcção de Serviçosde Prestações SociaisDirecção de Serviçosde Prestações Sociais

Ora, sendo o CPPSP integrado nos Serviços Sociais da PSP, pelos mesmos motivos e com os mesmos fundamentos, deve também o Montepio da PSP de Lisboa ser integrado nos Serviços Sociais da PSP.

Tal integração também não se afigura como factor de alteração na actual orgânica dos SSPSP, a qual., contudo, e repetindo a intenção, consideramos que deve ser aligeirada principalmente no peso dos recursos humanos e no facto da maioria destes ser de carreiras e funções policiais, condição que não se compreende nem é aceitável que sejam desempenhadas em instituições de serviço e apoio social.

Só no MPSPL estão presentes 27 elementos da PSP, em regime de destacamento, a saber: 1 subintendente, 3 chefes e 23 agentes principais.

A missão, atribuições e competências dos SSPSP e das unidades orgânicas internas serão ajustados e reestruturados conforme as implicações e necessidades decorrentes da integração do Cofre de Previdência da PSP.

23 Ver ponto 3.24 deste relatório.

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C) Alterações Introduzidas

Alteração Proposta Fundamentação

Integração do Cofre de Previdência da PSP

� Orientações da Comissão Técnica-PRACE

� Resolução do Conselho de Ministros n.º 129/2006, de 2006/03/30

Integração do Montepio da PSP de Lisboa

� Orientações da Comissão Técnica-PRACE

D) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

Benefícios sociais próprios da PSP e respectivos colaboradores integrados num órgão único, sendo possível verificar medidas de melhoria de racionalidade organizativa e de mais forte equilíbrio institucional decorrente da possível redução de recursos afectos, em que as implicações de carácter financeiro e ao nível de efectivos se afiguram evidentes.

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2.3.2. Serviços Sociais da Guarda Nacional Republicana (SSGNR)

A) Breve Caracterização da Situação Actual

Os Serviços Sociais da Guarda Nacional Republicana (SSGNR), pessoa colectiva de direito público dotada de autonomia administrativa e financeira(24), desenvolveram, durante longo tempo, a sua acção no domínio da habitação social tendo em vista propiciar alojamento aos agregados familiares dos seus beneficiários em condições compatíveis com a sua capacidade económica, promovendo, para esse efeito, a construção de casas destinadas a arrendamento simples ou a aquisição a prazo mediante amortizações módicas. Assim, desde a sua criação os SSGNR adquiriram um vasto património imobiliário.

A prossecução dos fins dos SSGNR, definidos no seu Estatuto, impõe, como medida visando a redução de custos e o acréscimo de meios financeiros a aplicar em investimentos de cariz social, dando um novo impulso à satisfação das necessidades habitacionais dos seus beneficiários, que se proceda à alienação desse património da forma mais conveniente.

A) Modelo Futuro

Unidadesoperacionais

Unidadesdesconcentrados

Unidadesde suporte

Serviços Sociaisda Guarda Nacional Republicana

SSGNR

Direcção de ServiçosAdministrativose Financeiros

Direcção de ServiçosAdministrativose Financeiros

Colónia de Fériasda Costa da CaparicaColónia de Férias

da Costa da CaparicaColónia Balnear

Infantil de QuiaiosColónia Balnear

Infantil de QuiaiosColónia Balnear

Infantil de SesimbraColónia Balnear

Infantil de Sesimbra

Colónia Balnear Infantil

de Porto Santo

Colónia Balnear Infantil

de Porto Santo

Apartamentosde VilamouraApartamentosde Vilamoura

Conselho Consultivo

Comissão de Fiscalização

Conselho Consultivo

Comissão de Fiscalização

Direcção de Serviçosde Prestações SociaisDirecção de Serviçosde Prestações Sociais

Casas de Veraneio/ Repouso

Casas de Veraneio/ Repouso

Lares AcadémicosLares AcadémicosLares Académicos ResidencialResidencialResidencial

24 Estatuto contido no Decreto-Lei n.º 262/99, de 8 de Julho.

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B) Alterações Introduzidas

As delegações dos Serviços Sociais nas unidades orgânicas da GNR são extintas passando as respectivas funções a ser asseguradas pelos correspondentes núcleos de pessoal.

C) Síntese dos Benefícios Quantificáveis

Estrutura actual proposta

D.Serv/ equiparados 0 2

Divisões/ equiparados 0 3

Secretaria Geral 1 0

Gabinete Técnico 1 0

Delegações 10 0

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2.4. Contexto do MAI

2.4.1. Introdução

O presente relatório, realizado no âmbito do PRACE e na continuidade da 1ª fase, em que foi feito o levantamento da macro-estrutura do MAI, vai debruçar-se sobre a micro-estruturas do ministério, i.e., sobre as missões, atribuições e competências das respectivas unidades orgânicas e unidades internas a estas.

Presidem neste trabalho as orientações da Resolução do Conselho de Ministros n.º 39/2006, de 21-04-2006.

Para além deste horizonte e das suas especificidades, matérias houve que, pelas suas características, também estiveram presentes nas reflexões que precederam e nortearam este trabalho, quer pelo alarme social ou inquietudes que são susceptíveis de catalizar, quer pelo peso que têm em termos de pensamento estratégico no domínio da segurança interna, para além de circunstâncias várias que, directa ou indirectamente, influenciaram e/ou condicionaram os trabalhos desenvolvidos, a saber:

� Decorre no MAI (em paralelo como os trabalhos do PRACE), um estudo sobre a reforma do modelo de organização do sistema de segurança interna, com o objectivo geral de fornecer ao Ministro de Estado e da Administração Interna um estudo teórico de fundamentação e um conjunto de propostas de reforma do modelo de organização do Sistema de Segurança Interna com vista a apoiar, científica e tecnicamente, futuras decisões sobre a matéria;

� No MAI decorre ainda um outro estudo, este sobre o modelo de organização tanto da GNR como da PSP, com o objectivo de prover o Ministro de Estado e da Administração Interna com propostas que visam a reforma daqueles dois corpos policiais.

A Segurança Interna e a Protecção Civil

� No capítulo da segurança interna, o contexto internacional do pós 11 de Setembro, a que se seguiram os ataques terroristas de Madrid e Londres, colocou-nos a todos perante novos cenários, tendo acentuado a imprevisibilidade e os sentimentos de insegurança e, ainda, a tomada de consciência de que vivemos numa sociedade mais vulnerável, não apenas a riscos e ameaças locais, mas também a toda sorte de conflitos, violência, tensões sociais e radicalismos, a que se juntam riscos e ameaças que advêm de crenças e territórios desconhecidos, cuja forma de pensar não nos é familiar;

� No capítulo da protecção civil, os continuados períodos de incêndios em Portugal, o maremoto (tsunami) da Ásia de 26-12-2004, ou o furacão Katrina que assolou a Louisiana e New Orleans em 29-08-2005 e ainda os registos de sucessivos terramotos e abalos sísmicos um pouco por todo o planeta, incluindo Portugal, despertaram sentimentos de fragilidade e insegurança nesta área, sabendo-se a sujeição a sismos do nosso território e a nossa convivência com o oceano.

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V/2 – MICRO ESTRUTURAS * MAI

Ministério da Administração Interna V/2 - 79

Inquietudes e Pensamento Estratégico

No decurso dos trabalhos, foi indicado ao Grupo um conjunto de representantes oficiais das Forças e Serviços de Segurança (FSS), que foi possível entrevistar e com os quais foi estabelecido um diálogo franco, aberto e muito frutuoso. O Grupo aproveita, aliás, para agradecer e a todos eles exprimir o devido reconhecimento pela disponibilidade manifestada. A troca de ideias daí resultante permitiu objectivar e solidificar o conhecimento sobre a realidade das FSS. Das conversas ocorridas, retiraram-se algumas ilações representativas da actual realidade nacional, tais como:

� No contexto internacional, após os ataques terroristas de Nova Iorque, de Madrid e de Londres, assiste-se a uma redefinição de estratégias de segurança para fazer face à nova tipologia de ameaças, em que, cada vez mais, se tende para esbater os limites entre os conceitos de segurança interna e segurança externa, tentando com isso contrariar o sentimento de insegurança que se instalou na sociedade;

� O contexto da segurança interna é e será caracterizado por novas ameaças e riscos, tipificadas pelo aumento de algumas categorias de criminalidade (violenta e a organizada) e pela proliferação do terrorismo. Por outro lado, a evolução da sociedade, na era da informação e do conhecimento, exige mais em matéria de segurança, de direitos humanos e de respeito pela diversidade, exigindo maior reforço na cooperação internacional e europeia neste domínio, dado que isso constitui um factor de êxito no combate à criminalidade no contexto actual de globalização;

� Face aos acontecimentos, está mais evidente a necessidade de clarificar os interfaces de segurança interna, protecção civil e defesa, para além da própria actuação operacional e territorial das FSS do MAI com entidades de outros ministérios, como SIS, PJ, PJM, SAM, SAA, INEM, ISN, Bombeiros e outros (incluindo, também, as diversas polícias municipais), nas várias esferas de acção em que todos estes intervenientes concorrem, o que levanta a questão delicada sobre a distribuição de funções pelos diferentes corpos de segurança interna e de protecção civil. Aliás, verifica-se também que, cada vez mais as Forças Armadas, além de desempenharem as suas específicas atribuições ligadas à sua missão tradicional (defesa do território), vêm assumindo outras competências, realizando missões que envolvem busca, salvamento, fiscalização e apoio às populações em acidentes ou catástrofes naturais, assumindo um cada vez maior e importante papel nas missões de segurança e de protecção civil;

� Na procura de padrões de segurança interna, cada vez mais eficazes e ajustados às necessidades da sociedade, o pensamento estratégico apresenta já correntes de opinião que, para além da maior articulação e da cooperação operacional entre as FSS e as Forças Armadas, propõem e defendem a possível integração e partilha de recursos, de informações e de meios logísticos, como um dos caminhos a seguir num futuro próximo;

� Existem conflitos de competências positivas e negativas e indicadores de descoordenação operacional entre as FSS, bem como se considera existir ainda desperdício de recursos entre e nas próprias FSS, aspectos que mais adiante neste relatório se encontram mais explicitados;

� Ocorrem problemas na área operacional e actividade/presença no terreno: não partilha de informações e não funcionamento de um sistema integrado de informação criminal comum às FSS, incluindo PJ, SIS e outras entidades relevantes em áreas críticas, como a da investigação criminal (notícias recentes referem serem mais de 20 os órgãos que em Portugal exercem funções e detêm competências ao nível da investigação criminal) e também a das informações;

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� Na área da segurança, as FSS deixaram de ser os únicos actores na sociedade, dado existirem já outros subsistemas, tais como os de segurança privada ou os de segurança municipal e, em plano inteiramente distinto, a existência de outros subsistemas que são produto da cooperação policial europeia e da estratégia de segurança da própria União Europeia (ex.: EUROPOL; EUROJUST; FRONTEX) e internacionais (ex.: INTERPOL);

� No que respeita à segurança privada, as principais empresas a actuar no mercado português pretendem estender o seu negócio a áreas que, por lei, lhes são vedadas, como a vigilância de estabelecimentos prisionais, patrulha de zonas residenciais e comerciais na via pública, transporte e protecção de personalidades e até mesmo protecção de instalações militares, assegurando assim serviços em que as FSS actuam hoje em exclusividade;

� A evolução nos últimos anos da criminalidade em Portugal justifica a necessidade de avaliar a dimensão das ameaças transnacionais susceptíveis de serem concretizadas em território nacional – terrorismo, crime organizado transnacional, tráfico de armas e migração clandestina – a que o fenómeno da globalização não é alheia;

� Devem ser analisados “estudo de casos” de países que, recentemente, tenham efectuado reformas nos seus sistemas/modelos de segurança interna porquanto, face à globalização, no que diz respeito à insegurança e criminalidade, as necessidades sentidas apresentarão similitudes (em especial na Europa);

� A par de manifestações de criminalidade organizada, cada vez mais transnacional, como o terrorismo e o tráfico de droga, são claramente referidos outros tipos de crime, tais como os relacionados com a promoção e exploração da imigração ilegal e do tráfico de seres humanos, identificando-se, ainda, na estratégia europeia em matéria de segurança e no conceito de defesa nacional, o fenómeno da desregulação dos fluxos como uma ameaça concreta. Negligenciado ou, pelo menos, tido como ameaça de segundo plano, o contrabando de tabaco, mais do que minar a autoridade do Estado e de alimentar uma economia paralela, mais do que ser um dos muitos negócios do crime organizado, é, de acordo com algumas correntes de opinião, uma das fontes de financiamento de grupos terroristas, o que justificaria recentrá-lo entre os alvos do combate à criminalidade e da definição de prioridades estratégicas de segurança interna dos vários corpos policiais competentes;

� Verifica-se um princípio de separação “ministerial”, da autonomia estrutural e da diferenciação estatutária entre os corpos policiais, com correspondentes estatutos profissionais, formações iniciais e contínuas, tecnologias de informação e sistema de comunicação distintos e autónomos, aparentemente sem coincidências e partilhas, o que, face ao quadro das ameaças, deixou de ser justificável, mesmo na base das diferenças estatutárias, orgânicas e da autonomia de funcionamento das várias FSS entre si, situação que o actual panorama de segurança interna e a própria economia do país não podem dar-se ao luxo de manter;

� Amiúde e ciclicamente são levantadas questões sobre se devem continuar a coexistir duas forças de segurança e ordem pública (a GNR e a PSP), com modelos organizacionais distintos (uma militar e outra civil), com áreas de intervenção separadas, essencialmente, pelo factor “território”, com a PSP nas áreas urbanas e a GNR nas áreas rurais, o que nem sempre é verdade, dada a falta de clarificação de limites de actuação face à evolução e crescimento urbano em determinadas áreas e regiões do país, estando identificadas várias zonas do território onde a sobreposição e concorrência de forças é uma realidade, situação que o actual panorama de segurança interna e a própria economia do país obrigam a que, pelo menos, seja reponderada em termos do custo/benefício;

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� As dúvidas recorrentes que se levantam sobre se é (ou não) vantajosa a integração das Forças e dos Serviços de Segurança em mais do que um Ministério, ou dito de outro modo, as interrogações que se suscitam sobre os benefícios ou as supostas mais valias que, do ponto de vista operacional, o Estado retira do facto de as várias FSS estarem dispersas por vários Ministérios, quando, precisamente, é esta dispersão e partilha de FSS por vários Ministérios que, em grande parte, justifica a necessidade de um organismo como o Gabinete Coordenador de Segurança;

� Verifica-se uma certa indefinição em relação à articulação do Sistema de Segurança Interna com a Protecção Civil, situação que merece e deve ser também analisada com o objectivo de diagnosticar eventuais ineficiências;

� De igual modo, há indefinição em relação à relevância que se dá, para efeitos de Segurança Interna, às várias bases de dados/sistemas de informação (nacionais – SII-SEF, SEI-PSP, SIOP-GNR, SIIC-PJ e europeus – SIS-Schengen, etc.), nomeadamente, para efeitos da preservação da respectiva integridade dos dados que comportam, sendo certo que essa mesma indefinição afecta a própria garantia e termos da interoperabilidade de sistemas, bem como da aplicação do princípio da disponibilidade da informação relevante;

� Existem várias polícias/entidades a fazer investigação criminal sem estar garantida a partilha de conhecimento e a partilha de informação, isto devido, essencialmente, ao espírito corporativo, como também à falta de “cultura” de que a actuação de cada uma e de todas as FSS tem sempre um fim último que lhes é comum, i.e. a Segurança Interna de Portugal e dos cidadãos que aqui residem.

Paradigma da República

Por outro lado, a sociedade é cada vez mais exigente em relação aos níveis de desempenho das FSS, estando a actuação dos respectivos agentes, mais do que nunca, sujeita a um persistente escrutínio e avaliação críticas por parte dos cidadãos, em geral, e dos órgãos de informação, em particular.

Sabendo-se que “A polícia tem por funções defender a legalidade democrática e garantir a segurança interna e os direitos dos cidadãos”, prescrição que decorre do artigo 272.º, n.º 1 da Constituição da República Portuguesa, (CRP) os níveis de qualidade e de exigência que se impõem às FSS situam-se hoje num plano superior onde imperam os direitos liberdades e garantias, tanto mais que “Portugal é uma República soberana baseada na dignidade da pessoa humana…” é o que proclama, logo a abrir, o artigo 1.º, a CRP. Dignidade da pessoa humana que é assim apresentada como o paradigma orientador do Estado e seus serviços, perfilando-se como a medida de todos os direitos.

As características vitais das sociedades democráticas são a abertura, a tolerância, a legalidade e uma avaliação elevada da vida humana e da dignidade da pessoa humana, o que, necessariamente, implica equilíbrio de forças.

Portanto, o tributo aos direitos humanos e o respeito pela diversidade hão-de, não só nortear a actuação dos agentes das FSS, mas também impregnar a própria definição de políticas de segurança interna, sendo imperioso fortalecer o frágil quanto esquivo ponto de equilíbrio entre os valores em presença, sem nunca abdicar da dignidade da pessoa humana, porque valor primeiro, porque paradigma em que assenta a República.

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Identificadas as ameaças e riscos, a sociedade democrática deve, sem dúvida, munir as suas instituições dos meios humanos, financeiros e técnicos adequados, mas deve também dotá-las de instrumentos jurídicos claros e sólidos que, num quadro de legalidade democrática e em matéria de segurança interna, permitam no plano operacional alcançar níveis elevados de eficácia e eficiência.

A segurança interna é hoje definida como uma actividade que visa garantir a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas, proteger pessoas e bens, prevenir a criminalidade e contribuir para assegurar o normal funcionamento das instituições democráticas, o regular exercício dos direitos e liberdade fundamentais do cidadão e o respeito pela legalidade democrática.

Constituem áreas importantes desta actividade, a informação e o conhecimento, a prevenção, a manutenção e a reposição da ordem pública, estando cometido a um alargado conjunto de organismos públicos, em exercício de competências específicas ou esquemas de cooperação, desenvolver a sua actuação de forma a que, em obediência ao primado dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e princípio da legalidade, consiga garantir a segurança interna.

A Segurança Humana

Acresce ainda que:

� A segurança é normalmente vista como a “ausência de ameaças”. Pelo já exposto, as ameaças cresceram e diversificaram-se!

� A Protecção Civil é uma actividade desenvolvida pelo Estado e pelos Cidadãos, com a finalidade de:

• Prevenir riscos colectivos, inerentes a situações de acidente grave, catástrofe ou calamidade, de origem natural ou tecnológica;

• E sempre que não tenha sido possível evitá-lo...

▪ Atenuar os seus efeitos;

▪ Socorrer as pessoas em perigo.

� As acções de protecção civil desenvolvem-se, assim, fundamentalmente nos domínios da Prevenção, do Planeamento e do Socorro.

Protecção Civil e Segurança Interna são, portanto, disciplinas que se complementam; são áreas do saber, e do saber fazer, de manifesto interesse público onde o papel do Estado revela foros de soberania, tendo por centro da sua actuação o indivíduo, o cidadão, enfim, a pessoa humana. Aliás, pelas implicações que tem, a segurança interna acaba por emanar de entre aquelas que são as tarefas fundamentais do Estado, conforme se pode retirar dos artigos 9.º, alíneas a) e b) e 27.º, n.º 1 da CRP e cuja concretização formal se encontra plasmada na Lei de Segurança Interna (Lei n.º. 20/87, de 12 de Junho), o que não é de estranhar, porquanto a este nível estão em causa matérias, algumas delas, críticas para a sobrevivência do próprio Estado de direito democrático.

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Ministério da Administração Interna V/2 - 83

Em síntese, a Segurança Interna e a Protecção Civil constituem objectivos que, reafirmando a autoridade do Estado, visam garantir a Segurança Humana. Para uma efectiva concretização desses objectivos deverá haver um adequado dimensionamento das FSS em termos de recursos (humanos, financeiros e técnicos).

É o conjunto da população fixada no território nacional, o mesmo é dizer, são os cidadãos os destinatários e a razão de ser desses objectivos. Vamos pois tentar identificar aqui esses destinatários, tanto em termos demográficos, como em termos da geografia da densidade populacional, realidade complexa que, se devidamente caracterizada, nos permitirá apreciar e avaliar a adequação do dimensionamento dos recursos humanos das FSS.

Para que o trabalho se possa considerar completo, devem no entanto ser tidos ainda em conta outros aspectos que acabam por influenciar o dimensionamento desse efectivo, a forma como se concretiza a respectiva distribuição e a eficácia da sua acção, que podem incluir, desde a necessidade de ponderar a questão, aparentemente menor, das horas diárias de serviço que cada agente deve cumprir, até à ponderação do maior ou menor investimento na componente tecnológica que suporta a actividade da organização. Estes são apenas dois dos vários aspectos que podem ter implicações a este nível e que, escapando àquilo que é o objecto do PRACE, não estão equacionados nos vários pontos que a seguir se desenvolvem.

Aliás, no caso da componente tecnológica, é sabido que, presentemente, estão em curso vários projectos, tanto nas FSS como no MAI, sendo que o resultado que deles possa advir poderá ser apreciado e reflectido conjugadamente com os elementos que são proporcionados pela a análise que aqui é feita.

As magnas decisões que nesta matéria haverão de ser tomadas, não deixarão de ter em consideração, estamos certos, algo de tão decisivo como é o adequado dimensionamento dos efectivos das FSS.

2.4.2. Enquadramento: Demografia, Território e Efectivos

Sendo o MAI o Ministério da Segurança, segundo acepção já antes considerada no âmbito e para efeitos deste trabalho, e porque é, ainda e também, o Ministério da Protecção Civil, importa que aqui sejam pois equacionados alguns dados que, estamos em crer, devem nortear qualquer projecto que vise a reestruturação deste Departamento Governamental.

• População em 1991

Começamos por recordar que, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 1991(25) a população presente em Portugal ascendia a praticamente 9,9 milhões de habitantes, situação que é explicitada no quadro seguinte:

25 Veja-se: http://www.ine.pt/prodserv/indicadores/quadros.asp?CodInd=16

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CENSO 91 (Unidade: 1 000) POPULAÇÃO PRESENTE

FAMÍLIAS

Portugal – Total 9 866,0 3 149,8

Continente 9 362,1 3 020,3

Norte 3 434,5 1 009,6

Centro 1 709,0 571,2

Lisboa e Vale do Tejo 3 310,3 1 127,8

Alentejo 540,6 193,7

Algarve 367,8 118,1

Açores 240,5 63,6

Madeira 263,4 65,8

Quadro n.º 1

• Evolução Demográfica

Para dar o devido enquadramento a estes dados, refira-se que nos últimos trinta anos a população residente em Portugal aumentou em aproximadamente 1,5 milhões de pessoas, passando de cerca de 8,6 milhões para um pouco mais de 10,3 milhões de habitantes. No entanto, nesse mesmo espaço temporal, a evolução da população não foi uniforme.

Desde 1974 e até 1986 verificou-se um aumento ligeiro da população (em meados da década de 70 houve até um aumento brusco do número de habitantes em resultado da descolonização). A partir de 1986, e durante cinco anos, a população diminuiu. De 1991 em diante observou-se um moderado mas consistente crescimento demográfico.

Diz o INE que este recente crescimento demográfico deixou de ser explicado pelo movimento natural (diferença entre nascimentos e óbitos) e passou a ser explicado em grande parte por movimentos migratórios, nomeadamente pela imigração.

De acordo com informação que é disponibilizada pelo INE, dez anos volvidos, em 2001(26) havia-se evoluído para o seguinte quadro:

26 Veja-se: http://www.ine.pt/prodserv/censos/index_censos.htm e também http://www.ine.pt/prodserv/indicadores/quadros.asp?CodInd=65

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CENSO 2001 (Unidade: indivíduo)

POPULAÇÃO PRESENTE – HM

Variação % 1991/2001

POPULAÇÃO RESIDENTE – HM

Variação % 1991/2001

Portugal 10.148.259 2,9 10.356.117 5,0

Continente 9.656.471 3,1 9.869.343 5,3

Norte 3.595.007 4,7 3.687.293 6,2

Centro 2.303.579 2,6 2.348.397 4,0

Lisboa 2.576.823 1,5 2.661.850 5,6

Alentejo 760.896 -2,2 776.585 -0,7

Algarve 420.166 14,2 395.218 15,8

Açores 240.565 0,0 241.763 1,7

Madeira 251.223 -4,6 245.011 -3,3

Quadro n.º 2

Verifica-se(27) que, em dez anos, a população presente em Portugal, embora aumentando, sofreu um acréscimo de pouco mais de 280.000 pessoas, número que representa um crescimento de 2,9% entre o Censo de 1991 e o de 2001. Já a população residente, em termos globais e entre os dois aludidos momentos censitários, cresceu 5%.

Ao nível regional (NUTS II), destacam-se as regiões do Norte e do Algarve como sendo aquelas onde o crescimento da população residente foi mais elevado (6,2% 15,8%, respectivamente), enquanto que a Madeira e o Alentejo se destacam por serem as únicas regiões que registaram uma evolução negativa (-3,3% e -2,7%, respectivamente).

Note-se ainda o facto de haver uma variação populacional entre os totais da população presente (10.148.259) e da população residente (10.356.117), havendo daquela para esta uma diferença que ascende a 207.858 pessoas(28).

27 Embora estes não sejam os dados definitivos do ano de 2001, esta informação disponibilizada pelo INE permite entender a ordem de grandeza da evolução demográfica ocorrida em cada uma das regiões.

28 População Presente – Pessoas que, no momento de observação se encontram numa unidade de alojamento, mesmo que aí não residam, ou que, mesmo não estando presentes, lá chegam até às 12 horas desse dia, conceito este que foi utilizado e se reporta ao momento censitário.

População Residente – Pessoas que, independentemente de no momento de observação estarem presentes ou ausentes numa determinada unidade de alojamento, aí habitam a maior parte do ano com a família ou detêm a totalidade ou a maior parte dos seus haveres, conceito este que também foi utilizado e se reporta ao momento censitário.

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• Dados Gerais em 2001

Ainda de acordo com informação disponibilizada pelo INE, entre outros aspectos, em 2001 a população média em Portugal ascendia a 112,4 habitantes por Km2, expressão numérica que fica mais perceptível no quadro seguinte:

Dados Gerais

CONCELHOS FREGUESIAS POPULAÇÃO RESIDENTE

DENSIDADE POPULACIONAL

2001 29 N.º

ÁREA Km2

N.º Hab/Km2

Portugal 308 4 241 92.151,8 10 356 117 112,4

Continente 278 4 037 89.045,1 9 869 343 110,8

Açores 19 150 2.321,9 241 763 104,1

Madeira 11 54 784,8 245 011 312,2

Quadro n.º 3

Para além do número de concelhos ou de freguesias, incluindo a própria expressão da dimensão territorial e da população residente, há neste quadro um elemento que se destaca pelo valor que atinge, referimo-nos ao peso da densidade populacional na Madeira, neste contexto e assim apresentada, a mais alta entre os dados em presença.

• Território

Embora os números não sejam inteiramente coincidentes(30) importa referir aqui dados do Instituto Geográfico Português (IGP), a partir da Série Cartográfica Nacional à escala 1: 50 000 (IGP) e Carta Administrativa Oficial de Portugal de 2004 (IGP)(31), segundo os quais, em 2004, havia a considerar, no que à área e perímetro territorial de Portugal dizia respeito, os valores apresentados no quadro seguinte:

29 Em 12.03.2001 30 A área territorial assenta na Base Geográfica de Referenciação de Informação (BGRI).

A informação constante da Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP) é permanentemente actualizada, nomeadamente quando da criação de novas unidades administrativas ou quando da conclusão de procedimentos de delimitação administrativa. Alerta-se, por isso, para o facto de os dados poderem não ser inteiramente coincidentes e em alguns casos poder haver mesmo variações. Aliás, os dados constantes do quadro n.º 4 não compreendem as áreas dos estuários dos rios Tejo (240 km2) e Sado (135 km2). De igual modo, não estão incluídas as áreas das Ilhas Desertas na RAM, bem como os Ilhéus na RAA.

31 Veja-se: http://www.igeo.pt/caop.htm

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Área e perímetro por região – 2004

Perímetro (Km)

Fronteira terrestre

Área (Km2)

Total Linha de costa

Internacional Inter-regional

Portugal 92.117,5 3.926 2.611 1.315 n.a.

Continente 88.967,5 2.728 1.413 1.315 n.a.

Norte 21.287,5 1.050 151 566 333

Centro 28.198,7 1.305 279 270 756

Lisboa 2.934,8 676 400 - 276

Alentejo 31.550,9 1.393 263 431 699

Algarve 4.995,6 583 319 48 216

R. A. Açores 2.322,0 943 943 n.a. n.a.

R. A. Madeira 828,0 256 256 n.a. n.a.

Quadro n.º 4

Recordamos que três das regiões NUTS II, i.e., a Região do Centro, a Região de Lisboa e Vale do Tejo e a Região do Alentejo, sofreram alterações nos respectivos limites geográfico-administrativos(32), mais concretamente, da área da antiga região NUTS II de Lisboa e Vale do Tejo foram desanexadas as áreas do Oeste e do Médio Tejo (que passaram a integrar a nova região NUTS II do Centro) e também a área da Lezíria do Tejo (que acresceu à nova região NUTS II do Alentejo).

Em nosso entender faz sentido que aqui ponderemos os dados da demografia em Portugal segundo a perspectiva das antigas e das novas regiões NUTS II, o que até nos permite comparar, face a um e outro enquadramento, o que mudou e em que termos(33).

• Densidade Populacional em 2001

Porque esta é uma realidade assaz dinâmica, e sendo necessário para efeitos desta análise termos um referencial bem determinado, consideraremos aqui os dados definitivos de 2001(34).

32 O Decreto-Lei n.º 244/2002, de 05-11, alterou o enquadramento geográfico-administrativo das NUTS II.

33 Mais uma vez alertamos para o facto de poder haver aqui alguma variação entre alguns dos dados que são analisados.

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Assim, na base da divisão das antigas regiões NUTS II tínhamos:

Regiões NUTS II

POPULAÇÃO RESIDENTE

DENSIDADE POPULACIONAL

2001 ÁREA Km2

N.º Hab/Km2

Portugal 92.151,8 10.335.559 112,2

Continente 89.045,1 9.854.256 110,6

Norte 21.289,0 3.657.813 171,8

Centro 23.675,0 1.791.781 75,7

Lisboa e Vale do Tejo 11.762,1 3.478.362 295,7

Alentejo 27.323,8 527.064 19,3

Algarve 4.995,1 399.236 79,9

Açores 2.322,0 237.315 102,2

Madeira 784,8 243.988 310,9

Quadro n.º 5

Segundo estes dados, verificamos que as regiões NUTS II com maior número de residentes eram, em 2001, em primeiro lugar o Norte, com pouco mais de 3,6 milhões de habitantes, seguido de Lisboa e Vale do Tejo, com quase 3,5 milhões, e em terceiro lugar o Centro, com muito perto de 1,8 milhões de habitantes. No conjunto, estas três regiões representavam quase 87% do total da população residente em Portugal. Das restantes regiões, o Alentejo era aquela com a menor densidade populacional e um efectivo ligeiramente acima dos 500 mil habitantes (para uma área de 27.323,8 km2), enquanto o Algarve, os Açores e a Madeira estavam abaixo deste limiar.

A Madeira era a região que tinha a maior densidade populacional do país, com praticamente 311 habitantes por quilómetro quadrado, seguindo-se Lisboa e Vale do Tejo e, depois, o Norte, detentor do maior efectivo populacional do país, que apresentava a terceira maior densidade demográfica.

O Alentejo, a região de maior dimensão territorial, era aquela que apresentava a menor densidade populacional, com menos de 20 habitantes por quilómetro quadrado.

34 Em relação à informação decomposta que é apresentada nos quadros n.º 5 e n.º 6, veja-se a publicação do INE, “Anuários Estatísticos Regionais – Quadros Nacionais 2003”, já com dados consolidados, em: http://www.ine.pt/prodserv/quadros/periodo.asp

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Tendo por base o mesmo número total de habitantes, e já na base da divisão geográfica das novas regiões NUTS II, o enquadramento sofre alterações, nos seguintes termos:

Regiões NUTS II

POPULAÇÃO RESIDENTE

DENSIDADE POPULACIONAL 2001 ÁREA

Km2 N.º Hab/Km2

Portugal 92.151,8 10.335.559 112,2

Continente 89.045,1 9.854.256 110,6

Norte 21.289,0 3.657.813 171,8

Centro 28.493,3 2.413.487 84,7

Lisboa 2.671,0 2.615.878 979,3

Alentejo 31.596,6 767.842 24,3

Algarve 4.995,1 399.236 79,9

Açores 2.322,0 237.315 102,2

Madeira 784,8 243.988 310,9

Quadro n.º 6

Cotejando os dois quadros, verificamos que o Alentejo viu reforçado o seu estatuto de região com a maior área territorial, passando a ocupar mais de um terço (1/3) da superfície do território nacional(35). Não obstante ter havido acréscimo de habitantes constata-se que não se alterou o respectivo posicionamento como a região com a menor densidade populacional.

Apesar de ter visto aumentar o efectivo populacional, o Centro manteve a terceira posição em termos do número de habitantes, ao mesmo tempo que, dilatando a superfície geográfica ocupada, confirmou ser a região que apresenta o segundo maior território, a seguir ao Alentejo.

Sem qualquer alteração, o Norte continua a ser a terceira região quanto à superfície do território ocupado e a primeira em número absoluto de habitantes.

Por troca com Lisboa (e Vale do Tejo), o Algarve subiu ao quarto lugar em termos de dimensão territorial, mantendo o estatuto de segunda região com a densidade populacional mais baixa, com quase 80 habitantes por quilómetro quadrado.

A região de Lisboa, em termos de área, a mais pequena do continente, (e, aliás, pouco maior que os Açores) conta apenas com a Grande Lisboa (1.090,0 km2) e com a Península

35 Um terço do território corresponde a 30.717,3 km2

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de Setúbal (1.581,0 km2). Comparativamente à anterior região de Lisboa e Vale do Tejo, a região de Lisboa apresenta um número menor de habitantes (ligeiramente acima dos 2,6 milhões de habitantes) e é agora, de longe, a região do país com maior densidade populacional.

Por outro lado, dos quadros n.º 5 e n.º 6 ressalta igualmente a grande disparidade e amplitude de valores que se observa ao nível da geografia da densidade populacional. Ressalta aqui o formidável contraste que passou a existir entre Lisboa, que exibe a densidade populacional mais elevada, com 906,9 habitantes por quilómetro quadrado, e o Alentejo que, continuando a apresentar valores mínimos, ostenta a densidade populacional mais baixa do País, com 24,6 habitantes quilómetro quadrado. Fica ainda evidente como aquelas duas regiões (mais a Região de Lisboa do que a do Alentejo) estão longe dos 112,4 habitantes por Km2 que é o valor médio de densidade populacional em Portugal.

Aliás, ainda segundo o INE(36), a geografia da densidade populacional demonstra uma cada vez mais forte concentração da população no Litoral do Continente, sobretudo no Litoral Atlântico, de Viana do Castelo a Setúbal, e no Litoral Algarvio. A evolução da distribuição da população demonstra simultaneamente uma tendência para a litoralização da ocupação do território (em alguns casos com significativo aumento da concentração da população) e uma ligeira deslocação do centro populacional para Sul.

No caso do Algarve (com Albufeira, Lagoa, Lagos, Loulé e Portimão) parece clara a emergência de um novo eixo de dimensão metropolitana a Sul.

• Factos a Considerar

Segundo dados de 2002, Portugal tinha 308 concelhos, 4.257 freguesias, 134 cidades, 533 vilas e 26.898 lugares.

Na mesma altura e à sua conta, só a região de Lisboa tinha 16 cidades; por um lado, número que representa mais de 10% de todas as cidades do país, e, por outro lado, número que é claramente superior a todas as cidades, num total de 12, que estão sedeadas no Alentejo.

Comparativamente, se considerada a região de Lisboa e Vale do Tejo, esta concentrava 30 cidades, número que corresponde a 22,39% de todas as cidades do país.

Segundo o INE, todas as cidades portuguesas no seu conjunto concentravam aproximadamente 4 milhões de pessoas, ou seja, 39% da população recenseada no país em 2001. Ora, estas cidades representam apenas 2% de todo o território nacional e registavam uma densidade populacional média de 2.187 habitantes por quilómetro quadrado, quase vinte (20) vezes superior à média nacional.

Há no entanto uma enorme disparidade ao nível da dimensão populacional entre cidades, o que é visível na diferença, por exemplo, entre a cidade mais populosa do país, Lisboa, com 564.657 habitantes, e a menos populosa, Santana (na ilha da Madeira) que registava em 2001 uma população de 1.336 habitantes.

36 Veja-se: http://www.ine.pt/prodserv/catalogo/index.asp

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Por outro lado, dos 17 concelhos que compõem a região de Lisboa, 11 deles (quase 65%) apresentam uma densidade populacional superior a 1.000 habitantes por quilómetro quadrado, como são a título de exemplo, para além do próprio concelho de Lisboa (6.606,9/km2), Odivelas (5.028,7/km2), Oeiras (3.543,8/km2), Barreiro (2.454,2/km2), Almada (2.293,2/km2), Cascais (1.764,6/km2), ou Seixal (1.593,5/km2).

No Norte, dos 86 concelhos que compõem esta região, 8 deles (cerca de 10%) apresentam também uma densidade populacional superior a 1.000 habitantes por quilómetro quadrado, como são a título de exemplo, para além do próprio concelho do Porto (6.217,1/km2), Matosinhos (2.680,2/km2), S. João da Madeira (2.637,1/km2), Vila Nova de Gaia (1.707,7/km2), Espinho (1.576,2/km2), Maia (1.450,8/km2), ou Gondomar (1.244,6/km2).

Ainda no Norte, em 2001, Vila Nova de Gaia era o concelho mais populoso, com 288.058 habitantes, seguido do Porto com 258.134 habitantes.

• Situações Contrastantes

Uma nota especial para a Amadora, o município mais densamente povoado da região de Lisboa e de todo o país. Com uma área territorial de 23,8 km2, em 2001 a Amadora registava 175.534 habitantes, a que correspondia uma densidade populacional de 7.375,4 habitantes por quilómetro quadrado, valor quase sessenta e seis (66) vezes superior à média nacional.

No extremo oposto encontramos concelhos do interior e próximos da fronteira, como Idanha-a-Nova (no Centro), Mértola (no Alentejo) e Alcoutim (no Algarve) com densidades populacionais, respectivamente, de 8,2, 6,6 e 6,4 habitantes por quilómetro quadrado.

Estes são contrastes marcantes a ter em conta, a par da própria evolução dos dados demográficos do país.

• População e Estrangeiros em 2005

Na verdade, o número de habitantes em Portugal continua ainda a evidenciar uma tendência de crescimento.

E uma vez mais, o crescimento demográfico continua a ser alimentado, sobretudo, pela imigração.

Dados divulgados pelo Eurostat(37) dão conta de que, em 2005, a população total em Portugal ascendia a 10.529.300 habitantes, envolvendo relativamente a 2001 um acréscimo de 173.183 habitantes, valor em parte explicado pela imigração.

Segundo o INE, em 31-12-2004, residiam legalmente em Portugal 265.361 cidadãos de nacionalidade estrangeira. As maiores comunidades eram compostas por cidadãos de Cabo Verde, seguindo-se o Brasil e Angola, nacionalidades que, conjuntamente com Guiné-

37 Veja-se: http://epp.eurostat.cec.eu.int/portal/page?_pageid=1090,30070682,1090_33076576&_dad=portal&_schema=PORTAL

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Bissau, eram responsáveis por cerca de metade dos estrangeiros residentes legalmente em Portugal.

Actualizando estes dados, e de acordo com informações que foram disponibilizadas pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), estamos em condições de poder dizer que, em 31-12-2005, o número de estrangeiros residentes em território nacional ascendia a perto de meio milhão, mais exactamente 460.293 pessoas, o que representa um acréscimo de 42,35% em relação a 2004.

O ranking das comunidades também se alterou, surgindo agora em primeiro lugar o Brasil, com 69.304 cidadãos, seguido da Ucrânia, com 66.669 cidadãos, e de Cabo Verde com 65.615 cidadãos. Ligeiramente distante dos três primeiros, e em quarto lugar, aparece Angola, com 36.362 cidadãos, seguido da Guiné-Bissau, com 25.798 e, em sexto lugar, (curiosamente) a Grã-Bretanha, com 18.942 cidadãos.

• Projecções até ao Ano de 2050

É de antever que em Portugal o crescimento da população se mantenha, pelo menos, até 2015.

Previsões apresentadas pelo Eurostat indicam que em 2020 a população total em Portugal rondará os 10.800.000 habitantes, manifestando a tendência espelhada no próximo quadro:

Unidade: 1.000.000

2005 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 2045 2050

Portugal 10,5 10,7 10,8 10,8 10,7 10,7 10,6 10,4 10,2 10,0

Quadro n.º 7

Prenunciam estas projecções que, a partir de 2020, a população residente em Portugal deverá diminuir progressiva e consistentemente até 2050. Essa redução irá verificar-se em quase todas as NUTS II, em particular no Alentejo.

A par desse decréscimo, até 2050, haverá também um envelhecimento da população.

De facto, as projecções do INE também indicam que a população residente em Portugal sofrerá um agravamento do envelhecimento, com a redução dos efectivos mais jovens, como resultado de níveis de fecundidade abaixo do limiar de substituição das gerações, a par do aumento da população idosa, consequência do também previsto aumento da esperança de vida.

Segundo o INE, em 2000 o Índice de Envelhecimento (IE) da população, traduzido no número de idosos por cada 100 jovens, era em Portugal de 102/100. Até 2050 prevê-se que haja um envelhecimento da população em todas as regiões, qualquer que seja o cenário escolhido, podendo mesmo o IE situar-se nos 398 idosos por cada 100 jovens no cenário mais pessimista, enquanto no cenário mais provável o IE será de 243/100.

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Ainda de acordo com o INE(38), e quanto ao decréscimo populacional, este poderá oscilar entre os 7,5 milhões, no cenário mais pessimista, e os 10,0 milhões, no cenário mais optimista, sendo que, no cenário base, aquele que os analistas consideram ser o mais provável, está previsto que, em 2050, Portugal deverá ter uma população presente de 9,3 milhões de pessoas.

Em qualquer dos cenários parece haver uma certeza, seguramente uma forte probabilidade, a de que, em 2050, Portugal terá uma população inferior e mais envelhecida em relação à que tem hoje. No cenário mais optimista prevê o INE que o país perde meio milhão de habitantes; no cenário mais pessimista seremos menos 3.000.000 habitantes; ou menos 1.200.000 habitantes no cenário base, aquele que é considerado o mais provável.

Na base destas projecções do INE(39), será um cenário, primeiro, de leve crescimento, depois, de declínio demográfico, com que, muito provavelmente, Portugal se deparará nas próximas décadas.

2.4.3. Impacto nas FSS

Qualquer análise do quadro de segurança interna que pretenda projectar-se no futuro, e concretamente o PRACE, não pode deixar de considerar as implicações desta antevisão da evolução da população feita pelo INE e que o EUROSTAT acompanha.

Donde, a afectação de meios às Forças e Serviços de Segurança (FSS) e, consequentemente, às estruturas que das mais variadas formas as suportam, há-de ser programada, para além do mais, levando em consideração, tanto os indicadores demográficos que estão disponíveis, como estas projecções. Os recursos que o Estado atribui à segurança interna, nomeadamente os recursos humanos, hão-de estar dimensionados, tanto quanto possível, em função da própria expressão numérica da população.

Não sendo, de forma alguma, critério único, e não havendo sequer um rácio médio ou ideal que deva ser estritamente observado – outros valores podem, inclusive, ter peso específico acrescido em escrutínio mais fino e concreto – a verdade é que o rácio polícia/cidadão é, abstractamente, um bom indicador do dimensionamento dos efectivos das FSS.

Faz pois todo o sentido que no âmbito do PRACE se faça um esforço para perceber, antes de mais, qual é a expressão desse dimensionamento das FSS face à população total em Portugal. Retomamos o ano de 2001, considerando os quadros já antes apresentados e

38 Todas estas projecções partem do pressuposto de que se irá verificar um determinado conjunto de hipóteses de evolução relativamente à mortalidade, fecundidade e fluxos migratórios. A evolução futura das variáveis demográficas tem associado um determinado grau de incerteza, pelo que se impõe a construção de diferentes cenários não improváveis, em que cada um representa um jogo de hipóteses coerentes. Os cenários apresentados pelo INE pretendem ser uma abordagem à análise das tendências das variáveis demográficas, etapa fundamental no fixar das hipóteses a incorporar nos cálculos das Projecções de População Residente 2000-2050.

39 Veja-se: http://www.ine.pt/prodserv/estudos/ficha.asp?x_estudoid=277

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integrando a respectiva informação com aquela que consta em “Estatísticas das polícias e outros organismos de apoio à investigação”, em “Estatísticas da Justiça 2001”(40).

• Evolução de Efectivos – Alguns Números

Mais concretamente, o Ministério da Justiça divulga naquela publicação da responsabilidade do Gabinete de Política Legislativa e Planeamento, no que aqui interessa a este trabalho e entre outros, os seguintes dados:

Pessoal ao serviço nas polícias: (41)

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Polícia Judiciária: Agentes de investigação

929 1.001 1.045 1.000 1.056 1.084 1.031

Polícia de Segurança Pública 18.204 18.271 18.683 19.533 20.260 20.775 20.807

Guarda Nacional Republicana 23.395 23.822 24.167 24.990 25.441 25.904 25.817

Polícia Marítima 304 328 415 459 485 504 500

Serviço de Estrangeiros e Fronteiras 533 527 522 516 511 503 489

Inspectores 467 462 462 458 455 455 454

Agentes da PSP com funções de fiscalização 66 65 60 58 56 48 35

Inspecção-Geral das Actividades Económicas 545 509 497 466 437 384 390

Agentes de fiscalização 338 313 303 278 267 240 205

Total 43.910 44.458 45.329 46.964 48.190 49.154 49.034

Quadro n.º 8

Se dúvidas ainda houvera, este quadro deixa perceber como o modelo de segurança interna existente em Portugal cultiva a segmentação da actividade de segurança e como esta se encontra fragmentariamente distribuída por vários organismos públicos que, utilizando a terminologia da Lei n.º 20/87, “…concorrem para garantir a segurança interna”(42).

Não escamoteando que, para além de outros, o inspector-geral e os directores regionais da Inspecção-Geral das Actividades Económicas, IGAE(43), eram autoridades de polícia criminal nos termos e para os efeitos do Código de Processo Penal e que, com o organismo que lhe

40 Veja-se: http://www.gplp.mj.pt/estjustica/CD_01/index.html 41 Para além destes organismos a publicação do Ministério da Justiça inclui ainda no respectivo quadro a Direcção-Geral das Alfândegas, a Inspecção-Geral dos Jogos, a Direcção-Geral dos Impostos e o pessoal afecto aos Institutos de Medicina Legal.

42 Veja-se: artigo 14.º, n.os 1 e 2 da Lei n.º 20/87, de 12-06 43 Com a criação da Agência de Segurança Alimentar e Económica, (ASAE) a IGAE foi extinta nos termos do n.º 2, do artigo 51.º, do Decreto-Lei n.º 237/2005, de 30-12

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sucedeu, a Agência de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) a situação se mantêm(44), a verdade é que aqui, nesta análise, iremos considerar uma acepção estrita de agente de segurança e de FSS, o que nos leva a excluir os efectivos da IGAE e da ASAE do total de efectivos analisados. De igual modo, também não são contabilizados aqui os agentes do Sistema de Autoridade Aeronáutica (SAA).

• Rácio Policial em 2001

Nesta ordem de ideias, temos que, em 2001, as FSS congregavam 48.644 agentes de segurança interna (49.034 – 390), o que nos dá o seguinte valor de rácio:

POPULAÇÃO RESIDENTE

DENSIDADE POPULACIONAL

EFECTIVO FSS RÁCIO Portugal

ÁREA Km2 2001 Hab/km2 2001 Hab/Agente Agente/1000 Hab

92.151,8 10.335.559 112,2 48.644 212,5 4,70

Quadro n.º 9

Fica evidente que, em 2001, Portugal tinha um rácio policial dos mais elevados da União Europeia (UE)(45), com 212,5 habitantes por agente ou, noutra perspectiva, 4,70 agentes por cada 1.000 habitantes, rácio que mais alto seria caso fossem contabilizados todos os agentes que efectivamente concorrem para a segurança interna.

Em Portugal as actividades que se encontram englobadas na definição da política de segurança interna são desenvolvidas e executadas no terreno pelas FSS, i.e. pela GNR, PSP, PJ, SEF, SIS, SAM e SAA, organismos que concentram as suas actividades, essencialmente, na manutenção da ordem e da tranquilidade públicas e na prevenção e combate à criminalidade, cada um circunscrito aos limites definidos pelas leis da República e ao respectivo regime estatutário.

Ora, é de lembrar que, em 2001, para além dos já apontados 48.644 agentes de segurança interna, em Portugal actuavam acrescidamente as polícias municipais.

• As Polícias Municipais

O n.º 3 do artigo 237.º, da CRP, estabelece que “As polícias municipais cooperam na manutenção da tranquilidade pública e na protecção das comunidades locais”.

Este n.º 3 foi inserido no texto da Lei Fundamental na sequência da revisão constitucional de 1997 no artigo que tem por epígrafe “descentralização administrativa”, e que integra o Título VIII da Constituição, relativo ao poder local.

44 Vejam-se disposições conjugadas do artigo 38.º, n.º 3 do Decreto-Lei n.º 237/2005 e artigo 20.º e segs. do Decreto-Lei n.º 46/2004, de 03-03.

45 Veja-se: http://www.igai.pt/publicdet.asp?pubcod=124&pubtype=3

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Uma coisa é clara, o artigo 237.º, n.º 3 da Constituição, embora que com um contorno limitado, permite o exercício descentralizado (em cooperação) de funções que se inserem na área da segurança, i.e. da tranquilidade pública e da protecção das comunidades locais.

Abstraindo-nos dos casos muito específicos dos municípios de Lisboa e Porto, até 2002 eram 33 os municípios cujos órgãos haviam deliberado no sentido da criação de uma polícia municipal, havendo a sua decisão sido ratificada pelo Conselho de Ministros(46).

No final de 2003, vinte e cinco (25) daqueles 33 municípios contavam nos respectivos quadros com agentes de polícia municipal já em pleno exercício de funções, de acordo com a distribuição que é explicitada no quadro seguinte:

Efectivos de Polícia Municipal

MUNICÍPIO N.º Fixado/Deliberação Existência em 2003

Albufeira 63 -

Amadora 53 18

Aveiro 52 20

Boticas 9 -

Braga 95 49

Cabeceiras de Basto 12 8

Cascais 64 14

Celorico da Beira 14 -

Coimbra 100 15

Fafe 40 17

Felgueiras 35 11

Figueira da Foz 30 -

Gondomar 80 20

Guimarães 60 33

Loulé 54 -

Lousada 27 4

Maia 70 24

Marco de Canaveses 30 10

Matosinhos 63 16

46 Vejam-se: as Resoluções n.º 124/2000 (Maia), de 11 de Outubro, n.º 125/2000 (Gondomar), n.º 126/2000 (Matosinhos), n.º 127/2000 (Póvoa do Varzim), n.º 128/2000 (Paços de Ferreira), n.º 129/2000 (Vila do Conde), n.º 130/2000 (Aveiro) e n.º 131/2000 (Cascais), todas de 12 de Outubro, n.º 132/2000 (Vila Nova de Gaia), n.º 133/2000 (Guimarães), n.º 134/2000 (Sintra), n.º 135/2000 (Coimbra) e n.º 136/2000 (Oeiras), todas de 13 de Outubro, n.º 138/2000 (Amadora) e n.º 139/2000 (Braga), ambas de 17 de Outubro, n.º 19/2002 (Santo Tirso) e n.º 20/2002 (Cabeceiras de Basto), ambas de 30 de Janeiro, n.º 29/2002, de 9 de Fevereiro (Paredes), n.º 18/2002, de 29 de Janeiro (Trofa), n.º 23/2002, de 2 de Fevereiro (Vila Nova de Poiares), n.º 32/2002, de 14 de Fevereiro de 2002 (Felgueiras), n.º 31/2002, de 13 de Fevereiro (Fafe), n.º 33/2002, de 14 de Fevereiro (Valpaços), n.º 44/2002, de 13 de Março (Viseu), n.º 81/2002, de 12 de Abril (Marco de Canaveses), n.º 14/2002, de 28 de Janeiro (Figueira da Foz), n.º 34/2002, de 15 de Fevereiro (Vila Nova de Famalicão), n.º 25/2002, de 2 de Fevereiro (Vieira do Minho), n.º 60/2002, de 23 de Março (Loulé), n.º 87/2002, de 22 de Abril (Lousada), n.º 24/2002, de 2 de Fevereiro (Celorico da Beira), n.º 17/2002, de 29 de Janeiro (Albufeira), e n.º 30/2002, de 9 de Fevereiro (Boticas).

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Efectivos de Polícia Municipal

Oeiras 110 67

Paços de Ferreira 57 20

Paredes 30 12

Póvoa de Varzim 30 20

Santo Tirso 30 6

Sintra 40 29

Trofa 32 4

Valpaços 24 -

Vila do Conde 54 20

Vila Nova de Famalicão 43 20

Vila Nova de Gaia 100 33

Vila Nova de Poiares 10 -

Vieira do Minho 25 -

Viseu 35 20

Total: 1.571 510

Quadro n.º 10

Para além da quantidade de agentes, o que nos parece importante sublinhar é que este efectivo de 510 polícias municipais, número susceptível de aumentar(47), reforça a convicção de como a área da segurança se encontra segmentada e a actividade de segurança está fraccionada por uma pluralidade de organismos públicos.

Uma vez mais, esta é uma questão que se relaciona com as dúvidas recorrentes que se levantam sobre se é (ou não) vantajosa a integração das Forças e dos Serviços de Segurança em mais do que um Ministério, ou dito de outro modo, as interrogações que se suscitam sobre os benefícios ou as supostas mais valias que, do ponto de vista operacional, o Estado retira do facto de as várias FSS estarem dispersas por vários Ministérios, quando, precisamente, é esta dispersão e partilha de FSS por vários Departamentos Governamentais que, em grande parte, justifica a necessidade de um organismo como o Gabinete Coordenador de Segurança.

Dada a sua natureza e o próprio cariz pluri-ministerial, esta é uma questão que transcende manifestamente o âmbito deste trabalho, razão porque, em relação a ela, não formulamos qualquer proposta, no entanto, entendemos ser nosso dever assinalá-la como algo que merece ser ponderado no âmbito de uma visão mais alargada e holistica do sistema.

47 Vários foram os municípios indicados que fizeram uma distinção entre o número máximo do quadro e o número de efectivos para efeitos de instalação, caso do Município da Maia que fixou em 258 o número máximo de efectivos, comparativamente aos 70 efectivos para efeitos de instalação, veja-se artigo 9.º do Regulamento de Organização e Funcionamento do Serviço de Polícia Municipal da Maia, Aviso n.º 6519-A/2000 (2.ª série) – AP, Apêndice n.º 122, II série, DR n.º 194, de 23-08-2000, pág. 92-(3).

Para além do mais, se considerado o número de eleitores inscritos nas últimas eleições para Presidente da República, num total de 9.085.339 (Mapa Oficial n.º 1/2006, in DR I-A, n.º 27, de 07-02-2006), e se considerado o factor de ponderação máximo previsto na lei (artigo 4.º, n.º 3 do Decreto-Lei n.º 39/2000, de 17-03), em abstracto, o total nacional do efectivo das polícias municipais poderia ascender ao número extraordinário de 27.255 agentes.

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Uma coisa parece evidente, aquele número de agentes de polícia municipal impregna e cumula o valor dos rácios agente/cidadão anteriormente apresentados, reforçando portanto a convicção de que, em Portugal, esse rácio policial é bastante elevado.

É nossa convicção de que, se computados TODOS os efectivos dos muitos organismos que concorrem e actuam na área da segurança (polícias municipais incluídas), Portugal apresentaria o mais alto rácio agente/cidadão da UE. No entanto, não faremos aqui esse exercício, tendo em atenção a dispersão de dados e a dificuldade na sua recolha em tempo útil, mas sobretudo porque, em grande parte dos casos, os organismos envolvidos nem sequer se inserem no MAI.

É de acrescentar que, desde 2003 e até à data, a percepção é de que, entretanto, já aumentou aquele indicado número de 510 efectivos.

Para efeitos deste trabalho também não consideraremos as polícias municipais, não só porque não dispomos de dados actualizados, mas também porque não estamos em condi-ções de, em tempo útil, os poder obter junto de cada um dos municípios considerados.

Deixamos, no entanto, este apontamento que serve, sobretudo, para trazer a esta análise o peso que aqui podem ter as polícias municipais e, se não integradas, devem, pelo menos, ser reflectidas as consequências que delas pode advir para o cálculo do rácio policial, sabendo-se que está em causa o exercício descentralizado (em cooperação) de funções que se inserem na área da segurança, i.e. da tranquilidade pública e da protecção das comunidades locais.

• O rácio policial em 2005

Por comparação com 2001, o número de efectivos das FSS em 2005 era o seguinte:

Pessoal ao serviço nas FSS: 2001 2005

Guarda Nacional Republicana 25.817 25.385

Polícia de Segurança Pública 20.807 20.915

Serviço de Estrangeiros e Fronteiras: 489 1.431

Polícia Judiciária 1.031 2.984

Polícia Marítima 500 (48) 616

Inspecção-Geral das Actividades Económicas 390 278

Total 49.034 52.609

Quadro n.º 11

Este quadro permite-nos observar que, entre 2001 e 2005, apenas a GNR viu reduzir o seu pessoal, contando menos 422 efectivos (o que representa -1,6%).

48 Este número inclui 494 efectivos da Polícia Marítima e 122 efectivos da Polícia dos Estabelecimentos de Marinha, veja-se Anuário Estatístico da DEFESA NACIONAL – 2003, Cap. 4, pág. 73, consultável em http://www.mdn.gov.pt/Publicacoes/livros.htm

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Já a PJ, a PM, a PSP e o SEF registaram aumento de efectivos. A PSP cresceu em termos muito modestos, registando um acréscimo 108 agentes (o que representa +0,52%). Já as restantes FSS cresceram em termos muito apreciáveis.

Numa acepção estrita, e uma vez mais excluídos os elementos da IGAE/ASAE verificamos que, em 2005, as FSS congregavam 52.331 efectivos (52.609 – 278). A par da evidenciada intensificação da densidade populacional, facto que decorre do aumento do número de habitantes, podemos verificar que há também uma acentuação do rácio polícia/cidadão, nos termos que o quadro seguinte documenta:

POPULAÇÃO RESIDENTE

DENSIDADE POPULACIONAL

EFECTIVO FSS

RÁCIO

POLICIAL Portugal

ÁREA Km2

2005 Hab/km2 2005 Hab/Agente Agente/1000 Hab

92.151,8 10.529.300 114,3 52.331 201,2 4,97

Quadro n.º 12

Estes dados mostram que, em 2005 Portugal ampliou o rácio policial relativamente a 2001 (confira-se o quadro n.º 9) passando de 212,5 para 201,2 habitantes por agente ou, noutra perspectiva, passando de 4,70 para 4,97 agentes por cada 1.000 habitantes. Estamos em crer que Portugal apresenta um dos mais elevados rácios policiais da UE.

• UE – Alguns Rácios Policiais

De acordo com dados que ao Gabinete Coordenador de Segurança foi possível recolher junto de fontes policiais dos países da União Europeia, apurou-se o quadro 13 abaixo (49).

Do conjunto de países salientamos aqui, por razões diferentes, dois casos. A Finlândia, país que, entre os dezassete, apresenta o mais baixo rácio policial, com 1,48 agentes por cada 1000 habitantes e, pela sua proximidade geográfica, a Espanha que exibe um rácio policial (décimo lugar entre dezassete) de 3,45 agentes por cada 1000 habitantes.

Tenhamos presente que, na sua história recente, a Espanha tem-se debatido com enormes problemas de segurança interna advindos do terrorismo, pelo que não será de estranhar que este país até apresente um rácio elevado. Já causa alguma surpresa que, comparativamente, Portugal, com um rácio de crimes por habitante dos mais baixos da UE(50) e sem os problemas de terrorismo que o país vizinho enfrenta, tenha um rácio de agentes por habitante que é francamente mais alto que o de Espanha.

49 Veja-se informação do Gabinete Coordenador de Segurança, n.º 388/GCS/05, de 02-11-2005, chamando-se a atenção para o facto de o Gabinete Coordenador de Segurança apenas ter contabilizado aqui o número de efectivos da GNR e da PSP.

50 Veja-se Relatório de Segurança Interna 2004, Diário da Assembleia da República, 2.ª série C, n.º 4, de 14-05-2005, pág. 220, consultável em http://www.mai.gov.pt/data/001/005/index.php

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Países Rácio

(agentes/ 1.000 hab.)

Finlândia 1,48 Suécia 1,88 Polónia 2,63 Inglaterra/Gales 2,75 Bélgica 2,87 Irlanda 2,90 Hungria 3,09 Escócia 3,15 Alemanha 3,23 Espanha 3,45 Lituânia 3,80 França 4,15 Portugal 4,37 Irlanda do Norte 4,38 Holanda 4,50 Malta 5,00 Itália 5,59

Quadro n.º 13

Consubstanciando essa realidade, o Relatório Anual de Segurança Interna de 2005 (RASI/2005) veio assinalar uma diminuição em 5,5% do número de crimes participados às autoridades, comparativamente a 2004, com menos 22.352 ocorrências participadas no conjunto da GNR, PSP e PJ. O documento constata a mesma tendência, ao revelar um ligeiro decréscimo de 3,7% na criminalidade violenta e grave e de 5,4% na chamada criminalidade grupal.

Ainda segundo o RASI/2005, baixou em 1,7% o roubo na via pública. Reduziram-se em 11,7% os roubos por esticão. Baixaram as ofensas à integridade física voluntária grave em 11,5%. Diminuíram em mais de 20% os roubos a postos de abastecimento de combustível. Reduziram em 13,9% os homicídios voluntários. Houve menos 10,8% de roubos a motoristas de transportes públicos e não houve qualquer crime de terrorismo.

Por trás do balanço positivo que faz da redução da criminalidade participada, também é verdade que o RASI/2005 revela sinais de preocupação em relação a redes organizadas e factores que potenciam a delinquência juvenil nas áreas metropolitanas.

Crime organizado transnacional, mercado ilegal de armas, falsificação de documentos e presença no país de indivíduos suspeitos de integrarem células terroristas noutros países europeus, são algumas das inquietudes e dos sinais de alerta identificados no RASI/2005.

Uma coisa é certa, em 2005 o retrato global da segurança interna, pelo segundo ano consecutivo, volta a apresentar uma descida dos valores da criminalidade e Portugal continua a apresentar um rácio de crimes por habitante dos mais baixos da EU.

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Ora, o que aqui mais importa relevar é que, em Portugal, o número de agentes de segurança é suficientemente elevado para que, estamos em crer, neste contexto, não se afigure necessário configurar cenários que envolvam ou pressuponham o aumento de efectivos das FSS. Aliás, não ignorando o acréscimo de 173.183 habitantes de 2001 para 2005, podemos encarar ainda outros rácios policiais, isto se (necessariamente relativizando resultados) relacionarmos os 10.335.559 habitantes de 2001 com o número de efectivos das FSS em 2005.

• FSS do MAI – Rácios Policiais por Região

Sendo certo que a Polícia Judiciária (PJ) e a Polícia Marítima (PM)(51) são parte integrante das FSS (devendo ser sempre incluídas em análises deste género), agora, para efeitos deste exercício, consideraremos apenas os dados respeitantes aos efectivos inscritos no MAI(52), até porque, nos moldes que vão apresentados, esta é a informação mais actual de que dispomos, envolvendo a GNR (25.385) a PSP (20.915) e o SEF (1.431)(53).

Antigas Regiões NUTS II

População Residente

GNR PSP SEF EFECTIVOS FSS

RÁCIOS

2001 Unid. Efect. Unid. Efect. Unid. Efect. 2005 Hab/Ag. Ag./1000 Hab

Portugal 10.335.559 853 25.385 451 20.915 100 1.431 47.731 216,5 4,61

Continente 9.854.256 831 24.972 388 19.262 86 1.328 45.562 216,3 4,62

Norte 3.657.813 185 5.022 136 5.354 10 193 10.569 346,1 2,88

Centro 1.791.781 261 6.172 82 3.080 13 179 9.431 189,9 5,26

Lisboa VT 3.478.362 150 8.390 130 9.370 51 787 18.547 187,5 5,33

Alentejo 527.064 184 3.947 23 571 4 34 4.552 115,8 8,63

Algarve 399.236 51 1.441 17 887 8 135 2.463 162,1 6,16

Açores 237.315 13 246 42 926 8 51 1.223 194,0 5,15

Madeira 243.988 9 167 21 727 6 52 946 257,9 3,87

Quadro n.º 14

51 A Polícia Judiciária e a Polícia Marítima, em conjunto, têm 3.600 efectivos. 52 De referir que um dos óbices com que o grupo se deparou foi, precisamente, a alguma disparidade dos números recolhidos, podendo variar de fonte para fonte e, por vezes, mesmo quando provenientes da mesma fonte. Esta observação de modo algum encerra uma crítica. O número de efectivos das FSS é uma realidade dinâmica, pelo que essas divergências não são de surpreender. Há que ter em conta que os números indicados serão sempre a “fotografia” possível, de uma determinada realidade, num dado momento.

53 Os efectivos aqui considerados e a sua distribuição por regiões correspondem aos dados disponibilizados directamente por cada uma das FSS.

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Os mesmos dados são apresentados também segundo o enquadramento das novas NUTS II(54):

Novas Regiões NUTS II

População Residente

GNR PSP SEF EFECTIVO FSS

RÁCIO

2001 Unid. Efect. Unid. Efect. Unid. Efect. 2005 Hab/Ag. Ag./1000 Hab

Portugal 10.335.559 853 25.385 451 20.915 100 1.431 47.731 216,5 4,61

Continente 9.854.256 831 24.972 388 19.262 86 1.328 45.562 216,3 4,62

Norte 3.657.813 185 5.022 136 5.354 10 193 10.569 346,1 2,88

Centro 2.413.487 261 6.172 82 3.080 13 179 9.431 255,9 3,90

Lisboa 2.615.878 150 8.390 130 9.370 51 787 18.547 141,0 7,09

Alentejo 767.842 184 3.947 23 571 4 34 4.552 168,7 5,92

Algarve 399.236 51 1.441 17 887 8 135 2.463 162,1 6,16

Açores 237.315 13 246 42 926 8 51 1.223 194,0 5,15

Madeira 243.988 9 167 21 727 6 52 946 257,9 3,87

Quadro n.º 15

• Esclarecimento

Como nota de esclarecimento, cumpre dizer que nos quadros n.º 14 e n.º 15 estamos a contabilizar, para efeitos de cálculo do rácio, um efectivo total de 47.731 agentes de segurança interna, comparativamente a 2001 e ao quadro n.º 9, onde então considerámos um efectivo total de 48.644. Quer dizer, este exercício, onde se conjugam efectivos de 2005 com dados demográficos de 2001, faz, apesar de tudo, algum sentido e pode dar-nos uma imagem aceitável e minimamente próxima da realidade.

Assim, integrando a distribuição dos efectivos das FSS com a demografia de cada uma das sete regiões consideradas, é possível extrapolar algumas conclusões. Naquele que será o único comentário ao paralelismo dos quadros n.º 14 e n.º 15, temos que, num e noutro, é igual o rácio nacional (4,61/1000), da mesma forma que não se altera o rácio do continente (4,62/1000). A este nível a alteração das NUTS II não influi minimamente nos resultados.

54 A análise propriamente dita dos dados só vai incidir sobre as NUTS II que o PRACE adoptou para efeitos do processo de desconcentração administrativa e que são as consolidadas desde a criação das regiões plano em 1969 e institucionalizadas em 1979 com a criação das Comissões de Coordenação Regional, nos termos do Decreto-Lei n.º 494/79, de 21-12, aí se inscrevendo a região de Lisboa e Vale do Tejo.

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Convém esclarecer que nos pareceu que teria interesse apresentar os dados segundo as antigas e as novas NUTS II, dado que, assim, é possível confrontar resultados observáveis num e noutro formato, alargando cenários e os próprios termos de comparação.

Se é certo que as implicações da reordenação das regiões de acordo com as novas NUTS II abranja apenas as regiões Centro, Lisboa (e Vale do Tejo) e Alentejo, também é verdade que o impacto em termos de cálculo do rácio acaba envolvendo todas as regiões, porquanto é diferente o resultado que é obtido num e noutro enquadramento, alterando-se o posicionamento relativo das várias regiões umas em relação às outras, face à afectação de efectivos das FSS.

• Dados do Quadro n.º 14

Concentrando a nossa atenção no quadro n.º 14, começaríamos por dizer que, mesmo com as contingências apontadas e a necessária relativização dos dados, apresentando-se comparativamente mais baixo que o do quadro n.º 12 (não esquecer que os efectivos da PJ e da PM não foram agora contabilizados), o rácio nacional, ainda assim, permanece bastante elevado com 4,61 agentes por 1.000 habitantes.

Estes números mostram também que entre as sete regiões em presença, a região de Lisboa e Vale do Tejo é aquela que absorve o número mais elevado de agentes (18.547), concentrando 38,85% do efectivo total das FSS aqui consideradas, uma percentagem algo elevada, sobretudo se comparada com a da Região Norte e levada que seja ainda em linha de conta a população de uma e de outra região.

A verdade é que, segundo estes dados, a região Norte, com os seus 3.657.813 habitantes, apresenta o mais baixo de todos os rácios, aliás, rácio que é inferior em cerca de 62,47% relativamente ao rácio nacional, e praticamente duas vezes inferior àquele que é o rácio da região de Lisboa e Vale do Tejo onde, comparativamente, residem 3.478.362 habitantes.

Por outras palavras, o que aqui pretendemos salientar é o enorme contraste entre, os efectivos da região Norte, onde (em qualquer dos cenários) para uma população de 3.657.813, encontramos 2,88 agentes por cada 1.000 habitantes, e os efectivos da região de Lisboa e Vale do Tejo, onde, para uma população de 3.478.362, existem 5,33 agentes por cada 1.000 habitantes, 85% mais do que no Norte. Esta situação mereceria ser vista com atenção.

Por outro lado, destes números sobressai o SEF que centraliza na região de Lisboa e Vale do Tejo 54,99 % de todo o seu efectivo (mais de metade), situação tanto mais surpreendente quanto é sabido que, pela sua natureza, o SEF, para além de outros, tem por objectivo fundamental controlar a circulação de pessoas nas fronteiras e, entre as suas atribuições, à cabeça, está a de vigiar e fiscalizar nos postos de fronteira, incluindo a zona internacional dos portos e aeroportos, a circulação de pessoas.

Aquela centralização de efectivos é questionável, sabendo-se quão grande é a fronteira marítima (2.611 km) e quão extensa a fronteira terrestre (1.315 km) de Portugal. Tanto mais questionável quanto é duvidoso que os postos de fronteira externa situados na Gare Marítima de Lisboa e no Aeroporto de Lisboa, por si só, possam justificar que o SEF, de um total de 1.431 efectivos, só na região de Lisboa e Vale do Tejo tenha 787 elementos. Esta situação mereceria, também ela, ser vista com atenção.

Por seu turno, numa região como Lisboa e Vale do Tejo, cuja superfície representa 12,76% da área territorial do país, a GNR concentra 8.390 efectivos, o correspondente a 33% do seu efectivo total, quantitativos que parecem excessivos, tanto mais que esta região concentrava 30 cidades, número que corresponde a 22,39% de todas as cidades do país e

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dessas, só para dar um exemplo, toda a área do Concelho de Lisboa é da competência da PSP.

Nota-se também que apenas o rácio do continente é idêntico ao rácio nacional.

Sobressai ainda destes números o Alentejo, região que conta com 4.552 efectivos das FSS e o extraordinário rácio de 8,63 agentes por 1.000 habitantes, o mais alto do país. Esta situação, que é surpreendente, dificilmente pode ser explicada só pela dimensão desta região, a maior do país em área territorial, ou sequer pela dispersão e pela necessidade de, em alguns casos, cobrir grandes distâncias entre localidades.

É também problemático que os próprios índices de criminalidade desta região possam ser justificação suficiente e satisfatória para um tão acentuado rácio agente/habitante.

Tanto menos satisfatória sabendo-se que, das 7 regiões plano, por comparação, a região Norte é aquela que, em termos absolutos, apresenta o maior número de habitantes, acrescendo que, entre todas as regiões, o Norte é a região com o terceiro maior valor de densidade populacional (171,8 habitantes por km2), a par do mais baixo rácio de agentes por habitante (2,88/1000), aliás, região Norte onde, segundo indicadores recentes, tem havido algum agravamento dos índices de criminalidade.

De facto, ainda agora, o RASI/2005 veio dar conta de que, embora em termos globais a criminalidade participada tenha diminuído, quatro distritos do país contrariaram essa tendência, a saber Coimbra, Braga, Viana do Castelo e Vila Real, os três últimos situados precisamente na região Norte.

Embora até possa ser uma coincidência, a verdade é que verificados estas realidades, que apesar de ser a região, entre as sete regiões plano, com o valor absoluto maior em termos do número de habitantes, o Norte tem o mais baixo rácio policial do país, a par do facto de o Norte, contrariando a tendência nacional, apresentar três dos quatro distritos do país onde a criminalidade participada aumentou, a situação deveria merecer atenção e estudo, em particular, para esclarecer se há alguma relação de causa efeito entre esse aumento de criminalidade e o baixo rácio policial.

• Dados a Esclarecer

Nesta ordem de ideias, e perante tais contrastes, deveria procurar esclarecer-se em que medida é justificável que as FSS aqui consideradas, no seu conjunto, disponham de 211 unidades e 4.552 efectivos sedeados numa região como o Alentejo que, contando com 527.064 habitantes e uma densidade populacional de 19,3 habitantes por quilómetro quadrado, o valor mais baixo de todo o país e, simultaneamente, ostenta o rácio policial mais alto do país com 8,63 agentes por 1.000 habitantes.

No caso da região do Algarve o rácio apurado, 6,16/1.000, que também está bastante acima do rácio nacional, parece indicar que aí o crescimento da população tem sido acompanhado pelo dimensionamento do efectivo das FSS. Não podemos esquecer que a Região do Algarve, particularmente a zona litoral sobretudo durante a época estival, recebe um importante influxo de pessoas em resultado do turismo, actividade económica que é uma das mais importantes para a dinamização esta região.

O Algarve, por ano, recebe cerca de 5 milhões de turistas(55).

55 Veja-se: http://www.visitalgarve.pt/visitalgarve/vPT/Descubra+a+Região/Demografia+e+Geografia/

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Mesmo levando em linha de conta estes aspectos, o rácio da região do Algarve, (o segundo mais alto de todos os rácios, a seguir ao rácio do Alentejo) deveria ser igualmente objecto de análise, sobretudo para esclarecer se se justifica que as FSS aqui consideradas, em conjunto, disponham de 76 unidades e 2.463 efectivos permanentemente sedeados numa região que conta com 395.218 habitantes e uma densidade populacional de 79,1 habitantes por quilómetro quadrado, o segundo valor mais baixo do país, a seguir à região do Alentejo.

Para além do Alentejo e do Algarve, outras três regiões têm um valor de rácio que é superior ao rácio nacional. Com 5,33 agentes por 1000 habitantes Lisboa e Vale do Tejo figura em terceiro lugar, seguida do Centro com 5,26 agentes por 1000 habitantes. A região dos Açores apresenta um rácio (5,15/1000) que, sendo próximo do rácio nacional, ainda exibe expressão numérica ligeiramente superior ao valor nacional.

A Madeira surge apenas em sexto lugar, com um rácio de 3,87 agentes por 1000 habitantes, valor que é inferior em 16,06% ao rácio nacional, facto que talvez merecesse ser reavaliado, sabendo-se que esta região autónoma (considerados que sejam os dados respeitantes às antigas NUTS II, veja-se quadro n.º 5) até apresenta a maior densidade populacional do país, com praticamente 311 habitantes por quilómetro quadrado. Para além do mais, a Madeira também tem no turismo uma actividade de dinamização económica de primeira grandeza, razão pela qual, ao longo de todo o ano, esta região é bastante procurada como destino turístico por vários milhares de pessoas, com todas as consequências que isso acarreta em termos do aumento de pressão humana sobre o respectivo território.

Como já ficou sobejamente referido, com o mais baixo rácio de agentes por habitante de todo o país, o Norte, com 2,88 agentes por 1.000 habitantes, figura em último lugar no âmbito e para efeitos desta sequenciação, a par de ser esta a região onde se localizam 3 dos 4 distritos do país onde, contrariando a tendência nacional, a criminalidade participada aumentou.

2.4.4. Primeiras Considerações

À luz de todos estes dados ficará mais perceptível a estranheza e uma certa perplexidade com que se encaram os valores dos vários rácios que podemos encontrar em cada uma das sete regiões plano do país.

Embora necessariamente relativizados, (porque os números respeitantes à população dizem respeito a dados de 2001 e, também, porque em relação aos efectivos das FSS os números não incluem os efectivos da PJ e da PM) estes resultados reafirmam o facto de que, em Portugal, o número de agentes de segurança é suficientemente elevado para, assim contextualizado, afastar cenários que envolvam o crescimento do número de efectivos das FSS, tanto mais que, na próxima década, embora crescendo, não se espera que a população tenha um crescimento superior a 300.000 habitantes. Como já vimos, a partir de 2020 as projecções demográficas do INE e do Eurostat apontam mesmo para um decréscimo da população em Portugal.

O que certamente haverá a fazer é melhorar a organização e gestão operacional, optimizando a utilização do efectivo já existente. A começar por um escalonamento e progressiva reafectação a actividades operacionais dos recursos humanos hoje envolvidos em funções administrativas, burocráticas, de suporte e essencialmente não operacionais.

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• Rácios Policiais – Condicionantes

Em abono da verdade diga-se que há o sentimento, algo difundido de que, particularmente na GNR e na PSP, grosso modo, cerca de 20% a 25% do efectivo total se encontra afecto ao desempenho de funções não operacionais, situação para a qual, ainda recentemente, o Gabinete Coordenador de Segurança chamava a atenção(56). Como é óbvio, essa situação afecta proporcionalmente o valor dos rácios apurados, o que acentua a urgência em proceder à mudança que deverá passar, repete-se, não pelo aumentando do efectivo das FSS, mas pela reafectação a actividades operacionais dos recursos humanos hoje envolvidos em funções administrativas, burocráticas e essencialmente não operacionais.

Os constrangimentos que essa realidade acarreta são evidentes.

De facto, as próprias FSS, à primeira vista possuidoras de um amplo dimensionamento, podem ficar atreitas às dificuldades próprios de estruturas subdimensionadas, situação a que, por certo, não será estranho o desvio, estimado em 25%, de recursos humanos da área operacional para as mais variadas áreas inorgânicas e de suporte.

Uma coisa é certa, ter uma tal percentagem do efectivo comprometido em actividades não operacionais, em termos práticos, reduz os meios humanos disponíveis e, consequentemente, isso interfere com a própria capacidade operacional e de resposta das FSS.

Porém, este facto não implica forçosamente que a forma de abordar esta questão passe por um inevitável aumento de efectivos, deve antes determinar uma reafectação funcional dos cerca de 25% dos elementos policiais que estão dedicados a actividades não operacionais.

• Reponderação do Rácio

Efectivamente, mesmo que, meramente para efeitos de análise, se aceitasse que essa realidade justificaria o aumento de efectivos, outra ponderação haveria que ser feita antes de se levar por diante tal aumento. Façamos aqui um breve exercício.

Ascendendo o já considerado total de efectivos das FSS inscritos no MAI a 47.731, temos que 25% desse total representa 11.932 agentes, valor que é absurdamente alto se se considerar que estamos a falar de vários milhares de elementos policiais, pessoas que foram seleccionadas, formadas e preparadas para exercer funções policiais, mas que acabam sendo afectos a funções inorgânicas, não operacionais.

56 Veja-se ainda e uma vez mais a informação n.º 388/GCS/05, de 02-11-2005.

Pode ler-se naquela informação: “…1.1 A P.S.P. informa ainda que, dos 20.536 efectivos policiais em serviço, 5.661, se encontram no desempenho de funções não operacionais (administrativo-logísticas), o que representa cerca de 27% do efectivo total.

A G.N.R. não forneceu dados concretos sobre esta relação alegando que, não obstante o desempenho de funções ou tarefas de apoio, todo o efectivo militar deverá ser considerado operacional.

Sem que se ponha em causa esta interpretação que também, em teoria, se aplica à P.S.P., estima-se que, na prática, a relação de pessoal em serviço operacional/não operacional na G.N.R. será próxima da da P.S.P…”, sublinhados nossos.

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Deixando de lado essa questão, verificamos que, mesmo assim, se subtrairmos esse número ao número total de efectivos (47.731-11.932) ainda é apreciável o número de agentes com que ficamos, i.e. 35.799 agentes.

Sabendo-se que para efeitos desta análise temos vindo a considerar uma população de 10.335.559, temos então que para um efectivo realmente dedicado à actividade “pura” de segurança (não esquecer que só estamos a considerar efectivos da GNR, PSP e SEF) teríamos mesmo assim um rácio de 3,46 agentes por cada 1000 habitantes.

O objectivo deste exercício é precisamente esse, tão só demonstrar como é grande o dimensionamento das FSS e como estas conseguem “acomodar” e “reconciliar-se” com o facto de cerca de 25% de todo o efectivo estar dedicado a actividades não operacionais.

Ou seja, até neste cenário, o rácio agente/habitante se bem que diminuindo, ainda permanece alto, pelo menos tão alto quanto o rácio que encontramos em Espanha onde a relação é de 3,45 agentes por cada 1000 habitantes.

Mas, procurando abarcar o maior número possível de cenários, se para este mesmo efeito se considerar o número de habitantes existentes em 2005 que, segundo o INE, ascendia a 10.529.300, o valor do rácio que então obtemos, embora baixando ligeiramente, situa-se ainda nos 3,40 (3,39994) agentes por cada 1.000 habitantes, valor ainda assim alto e que continua a estar muito próximo daquele que encontramos em Espanha.

Se dúvidas restassem parece ficar assim demonstrado que as FSS não têm falta de efectivos.

E no entanto, a GNR ainda pode crescer até ao total de 29.826 efectivos, veja-se artigo 33.º, n.º 1, alínea a) do Decreto-Lei n.º 231/93, de 26-06, na redacção do artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 15/2002, de 29-01. A cumprir-se a referida norma a GNR poderia admitir mais 4.441 agentes.

Também a PSP pode crescer até ao total de 21.228 efectivos, veja-se Portaria n.º 767/2005, de 05-09. A cumprir-se também esta norma a PSP poderia admitir ainda mais 313 agentes.

• Modelo Organizativo das FSS

Uma coisa parece certa, as carências em termos de pessoal, a existirem verdadeiramente, serão sobretudo resultado de uma desadequada afectação de recursos humanos.

Não faz sentido que, grosso modo, 25% do efectivo possa estar envolvido em actividades não operacionais. Ter cerca de 11.932 agentes comprometidos em actividades inorgânicas, em tarefas de apoio e de suporte é, com o devido respeito, um desperdício: porque reduz significativamente os meios humanos disponíveis para o exercício da missão que é a razão de ser do organismo, e porque interfere com a própria capacidade operacional e de resposta das FSS que, mesmo se hoje pode ser qualificada como de alto nível, o que ninguém questionará, (não é à toa ou por acaso que os índices de criminalidade em Portugal são dos mais baixos da UE), era susceptível de atingir níveis ainda mais notáveis, caso o total do efectivo considerado estivesse verdadeiramente disponível.

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Mas, por outro lado, a desadequada afectação de recurso humanos também pode ser diagnosticada em relação a casos que envolvem um possível excesso de afectação de pessoal a determinadas regiões do país. O Alentejo poderá ser um exemplo disso mesmo, em detrimento de outras regiões onde o número de efectivos poderá ser insuficiente, caso da Madeira e, sobretudo, do Norte onde é manifesto o contraste do rácio agente/habitante que esta região ostenta em relação à região de Lisboa e Vale do Tejo ou até em relação ao rácio médio nacional.

Igualmente importante, a própria estrutura orgânica das FSS e a distribuição do efectivo devem acompanhar e adaptar-se à mutação a que se assiste na ocupação do território por parte da população, espelhada na tendência observada para a litoralização da ocupação territorial (em alguns casos com significativo aumento da concentração da população) e uma ligeira deslocação do centro populacional para Sul, com a emergência de um novo eixo de dimensão metropolitana no Algarve.

Os rácios apurados parecem indicar que a distribuição dos efectivos das FSS não estará inteiramente ajustada a essa ocupação territorial por parte da população, sobressaindo uma vez mais a Região Norte como um caso a merecer particular atenção. Poderá haver aqui a necessidade de reforçar o efectivo. O Alentejo com um processo de sentido inverso poderá ser outro caso, sem prejuízo de outros que um estudo mais aturado, com mais meios e tempo para o fazer, possa vir a identificar.

Sobressai também aqui a Região de Lisboa, podendo haver neste caso a necessidade, se não de reduzir o efectivo instalado de 18.547 agentes, aqui claramente parece ser necessário rentabilizar o efectivo, reconduzindo e reafectando aqueles que se encontram envolvidos em funções inorgânicas e de suporte para áreas operacionais. Aliás, aspecto que deve merecer especial atenção é o dispositivo instalado e a forma como as várias FSS estão implantadas no terreno.

A observação dessa implantação permite observar como por vezes a mesma localidade tem instalações e unidades de todas as FSS (GNR, PJ, PM, PSP e SEF), cada uma em seu local, cada uma ocupando o seu edifício, o que dá origem a situações em que zonas há do território, onde ocorre a sobreposição das respectivas malhas de implantação, o que, por seu turno, dá origem à partilha territorial da mesma área entre FSS e, por vezes, até entre e dentro da mesma organização, como o caso da GNR, neste caso envolvendo os Grupos Territoriais, os Grupos de Trânsito e os Grupos Fiscais, sem vantagens evidentes e, pelo contrário, com todas as desvantagens, concorrência e desinteligências que estas situações normalmente implicam.

Notou-se e percebeu-se ao longo deste trabalho o facto de, tanto na GNR como na PSP, se observar a existência de unidades territorialmente implantadas, com competências circunscritas a uma determinada zona de acção, a par de outras unidades, estas com um cariz especial, detentoras de competência específica em razão da matéria, organizadas segundo um modelo que acaba por dar origem a uma sobreposição de competências, de recursos humanos e materiais, dificultando a coordenação das operações e potenciando a existência de zonas de vazio em matéria de policiamento.

No caso da GNR isso é observável no cotejamento da implantação territorial das várias brigadas, ao nível dos grupos territoriais, dos grupos regionais de trânsito e dos grupos fiscais, que funcionam desligadas umas das outras (como se todas eles não fossem, como são, unidades da Guarda) actuando no mesmo espaço territorial, em quase total

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estanquicidade, sem que cada um saiba o que outros estão a fazer e se isso é (ou poderia ser) relevante para a actividade e funções que desenvolve.

Só a título de exemplo, em Setúbal (área da Brigada Territorial n.º 2 com sede em Lisboa) só da GNR encontramos o Grupo Territorial de Setúbal, o Destacamento Territorial de Setúbal e o Posto Territorial de Setúbal, mas também o Destacamento Fiscal de Setúbal (parte do Grupo Fiscal de Lisboa), o Sub-Destacamento Fiscal de Setúbal e o Posto Fiscal do Porto de Setúbal, e ainda, parte integrante do Grupo Regional de Trânsito de Lisboa (da Brigada de Trânsito) o Destacamento de Trânsito de Setúbal.

Na PSP, não assumindo aquelas proporções, o facto de haver também unidades especializadas dá origem ao mesmo tipo de duplicações e unidades paralelas.

A título de exemplo, em Ponta Delgada encontramos o Comando Regional dos Açores, o Comando Equiparado a Comando de Polícia de Ponta Delgada, a Secção Policial de Ponta Delgada, a Esquadra de Intervenção e Fiscalização de Ponta Delgada, a Esquadra de Investigação Criminal de Ponta Delgada e a 1.ª Esquadra de Ponta Delgada. Ainda em Ponta Delgada está o Destacamento Fiscal de Ponta Delgada (do Grupo Fiscal dos Açores da Brigada Fiscal) e o Posto Fiscal da Doca de Ponta Delgada.

Com os exemplos indicados, é fácil perceber que nos actuais modelos da PSP e da GNR não é muito difícil encontrar áreas de sobreposição operacionais entre as várias unidades.

• Medidas a Encarar

Deveria haver um esforço da parte da GNR, e também da PSP, para eliminar duplicação de funções, desburocratizando os procedimentos, definindo prioridades nas suas actividades e objectivos, essencialmente, orientando os respectivos esforços no sentido de concretizar as actividades para as quais está vocacionada e que justificam a respectiva existência enquanto organizações, abrindo mão e entregando a gestão de actividades secundárias, inorgânicas e não operacionais a entidades especializadas para o efeito. Paralelamente, um número significativo de efectivos, até aí afectos às tarefas inorgânicas e de suporte, poderia ser afectado à actividade operacional. Toda esta operação seria duplamente útil e proveitosa.

Assim a GNR e a PSP poderiam optimizar os respectivos recursos, aplicando na gestão dos mesmos métodos empresariais, por um lado, aumentando a capacidade de actuação, por outro, flexibilizando o dispositivo.

Acompanhando essa medida, parece-nos que deveria também proceder-se, no caso da GNR, à integração das Unidades Especiais nas Unidades Territoriais, isto é, a unidade Grupo passaria a integrar a componente territorial, fiscal e de trânsito com todas as vantagens decorrentes de um processo em que várias valências, então agregadas, potenciariam uma outra escala de forças, de perícias e de eficácia em termos de actividade operacional.

No caso da PSP, parece-nos que deveria igualmente proceder-se à reformulação da filosofia constitutiva da unidade base, a Esquadra, pelo que também aqui as várias componentes da missão, ordem e segurança pública, intervenção e fiscalização e também a investigação criminal deveriam todas elas estar integradas e ser concebidas como área de actuação de cada esquadra, ao invés das unidades especializadas que hoje existem e funcionam em paralelo, sem que umas saibam o que as outras estão a fazer.

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Também aqui se vislumbram as vantagens decorrentes de um processo em que várias valências, então agregadas, potenciariam uma outra escala de valores para ganhos em termos de actividade operacional.

O SEF, neste âmbito do PRACE, também é um caso que deverá merecer um estudo mais aturado. Fica a ideia de que este organismo precisa de reorganizar a sua implantação territorial, sobretudo quando, como vimos, mais de metade de todo o seu efectivo está hoje concentrado na região de Lisboa e Vale do Tejo, não se descortinando justificação inteiramente satisfatória para tal facto.

Também aqui, pelo menos aparentemente, o SEF poderá ter áreas onde optimizar os respectivos recursos: por um lado, aumentando a capacidade de actuação, por outro flexibilizando o dispositivo.

Nesse plano e em relação ao SEF uma medida a considerar pode ser a extinção das delegações e a sua transformação em estruturas de atendimento e informação ao público, com vista a reforçar a proximidade aos utentes, quer através de processos de desconcentração e descentralização físicas, quer através de novos canais de comunicação e prestação de serviços, desenvolvendo soluções estruturais que possibilitem respostas globais, e num só momento, aos Cidadãos (Balcões Únicos).

• Outras Medidas a Encarar

A singularidade institucional da Guarda Nacional Republicana, que reside no facto de ser Força de Segurança e de, ao mesmo tempo, cultivar uma secular natureza militar, s.m.o. torna indispensável, no âmbito desta reestruturação organizacional, a edição de uma nova lei de organização e funcionamento e de um estatuto de pessoal próprios que, positivando a necessidade dos específicos espírito de corpo, formação, justiça, sentido de disciplina e princípios de comando, não só preserve ancestrais tradições desta Força, mas também que tenha em conta as exigências e os desafios que a Segurança Interna e também a Protecção Civil hoje levantam, o elevado grau de especialização que isso envolve e exige, a natureza e funções específicas da GNR como Força de Segurança e a necessidade de construir um corpo de polícia, de superior escol, com elevado rendimento, possuidor de saberes técnicos de excelência, de fino recorte operacional, que se proponha realizar a missão geral que lhe é atribuída, na base de uma programação/actuação por objectivos.

Ressalvadas as diferenças, também no caso da PSP deve encetar-se um processo de direcção e natureza idênticas.

Nem o PRACE nem as orientações políticas sobre a matéria questionam o princípio da dualidade das Forças de Segurança, subsistente na coexistência de uma polícia (a GNR) de natureza militar e de uma polícia (a PSP) com a natureza de serviço público.

Antes de tudo o mais, até é a Constituição a primeira a consagrar no artigo 272.º o princípio da pluralidade das forças de segurança, referindo-se a elas utilizando o plural, note-se em particular o n.º 4 do artigo 272.º da CRP, onde, tratando o regime das forças de segurança, se dispõe que “…a organização de cada uma delas é única para todo o território nacional.”, o que pressupõe a existência de mais que uma; o sublinhado é nosso.

Ora, a reorganização que se preconiza tanto para a GNR como para a PSP poderá ser projectada faseadamente, por áreas geográficas, de forma sucessiva e não necessariamente simultânea, até porque o processo de modernização que nela deve estar

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implícito não pode deixar de incluir investimento em instrumentos de trabalho essenciais à obtenção de resultados, o que significa novos meios e tecnologias adequadas.

Orientados pelo conceito de que, nas áreas de suporte às missões, se deverá privilegiar o recurso à externalização, preconizamos ainda que, o trabalho preparatório dessa reestruturação organizacional, seja precedido de uma inventariação o mais possível exacta e exaustiva, unidade a orgânica a unidade orgânica, tanto dos recursos humanos como dos recursos materiais.

Reafirmamos a concepção de que deve ser abandonada a política de contínuo crescimento dos quadros de pessoal e apontar-se para uma estabilização do número de efectivos, a par de um aumento qualitativo do respectivo estatuto e da prestação do serviço.

Os quadros de pessoal e, nestes, o número de efectivos deverão ser projectados em função do interesse público e no limite que imponha às pessoas uma prestação de trabalho exigível de acordo com os princípios da racionalidade, da optimização e da produtividade, e não de acordo com o princípio de quadros inflacionados de modo a assegurar todo e qualquer tipo de serviço.

Intimamente relacionado com este aspecto e, talvez mais acentuadamente na GNR, numa perspectiva de futuro e salvaguardando a devida alternância entre trabalho e descanso, a actividade dos agentes e o respectivo trabalho deverão ser exercidos com o adequado ritmo, constituindo-se cada vez mais como forma de realização pessoal e profissional, trabalho que para os agentes, sendo um ganha-pão, possa constituir uma maneira de estar na vida, algo de gratificante que possibilite a todos, ou a quase todos, chegarem ao topo das carreiras.

Numa primeira fase e sem que isso implique necessariamente despesa para o Estado, poderá haver a necessidade de investimentos, que poderão ter retorno a curto prazo, não só do ponto de vista financeiro, como inevitavelmente do ponto de vista da segurança interna e, também, do sentimento geral de segurança e até do próprio aumento de qualidade do serviço.

Por isso e para isso, esta reorganização justifica que se inventarie todo o património da GNR e também da PSP, em especial o imobiliário, porquanto, há a possibilidade séria da obtenção de fundos significativos com a venda de algum desse património, quer por desajustado quer por desnecessário ou desadequado.

Não sendo sequer solução inédita, a futura lei, tanto a da GNR como a da PSP, poderia acautelar e consignar esses fundos (ou parte deles) para investimentos no respectivo organismo, em domínios como os da formação, do reequipamento técnico e tecnológico, das viaturas e, eventualmente, do armamento e de novas instalações físicas funcionais, modernas e de baixo custo de manutenção.

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2.4.5. Conclusões

O exposto permite alinhar as seguintes conclusões:

1. Em Portugal, o número de agentes de segurança é suficientemente elevado para, no actual contexto ou numa perspectiva de futuro, afastar cenários que envolvam o crescimento dos quadros de efectivos das FSS;

2. Há que melhorar a organização e gestão operacional das FSS, optimizando a utilização do efectivo já existente, começando por um escalonamento e progressiva reafectação a actividades operacionais dos recursos humanos hoje envolvidos em funções administrativas, burocráticas, de suporte e essencialmente não operacionais, orientando-se os respectivos esforços no sentido de concretizar as actividades para as quais estão vocacionadas e que justificam a respectiva existência enquanto organizações;

3. A estrutura orgânica das FSS e a distribuição do efectivo devem acompanhar e adaptar-se à mutação a que se assiste na ocupação do território por parte da população, espelhada na tendência observada para a litoralização da ocupação territorial (em alguns casos com significativo aumento da concentração da população) e uma ligeira deslocação do centro populacional para Sul, com a emergência de um novo eixo de dimensão metropolitana no Algarve;

4. Os rácios apurados parecem indicar que a distribuição dos efectivos das FSS não estará inteiramente ajustada a essa ocupação territorial por parte da população, sobressaindo a Região Norte, como um caso a merecer particular atenção já que pode haver aí necessidade de reforçar o efectivo, avultando igualmente o Alentejo, neste caso, com um processo de sentido inverso e onde a redução de efectivos pode ser um cenário a ponderar, sem prejuízo de outros casos que um estudo mais aturado, com mais meios e tempo para o fazer, possa vir a identificar;

5. Em relação à GNR, deveria proceder-se à integração das Unidades Especiais nas Unidades Territoriais, isto é, a unidade Grupo passaria a integrar a componente territorial, fiscal e de trânsito com todas as vantagens decorrentes de um processo em que várias valências, então agregadas, potenciariam uma outra escala de valores para ganhos em termos de actividade operacional;

6. Em relação à PSP, deveria proceder-se igualmente à reformulação da filosofia constitutiva da unidade base, a Esquadra, pelo que também aqui a várias componentes da missão, ordem e segurança pública, intervenção e fiscalização e também a investigação criminal deveriam todas elas estar integradas e ser concebidas como área de actuação de cada esquadra, ao invés das unidades especializadas que hoje existem e funcionam em paralelo, sem que umas saibam o que as outras estão a fazer;

7. Quanto ao SEF, fica a ideia de que este organismo precisa de reorganizar a sua implantação territorial, sobretudo quando mais de metade de todo o seu efectivo está hoje concentrado na região de Lisboa e Vale do Tejo, não se descortinando justificação inteiramente satisfatória para tal facto;

8. O SEF poderá ter áreas onde optimizar os respectivos recursos: por um lado, aumentando a capacidade de actuação, por outro flexibilizando o dispositivo, o que poderia passar, nomeadamente, pela alteração da lógica organizativa subjacente às delegações, sendo estas substituídas por outro tipo de estruturas que assumam inequivocamente a natureza de postos de atendimento e informação ao público e que sejam claramente direccionadas para essa missão;

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9. A admissão de novos efectivos nas FSS deverá ter em conta o rácio patenteado que está intimamente relacionado com as tendências da evolução da população em termos demográficos, para além de ser necessário fazê-lo conjugadamente com os recursos tecnológicos que venham a ser colocados à disposição de cada uma das organizações, aliado ainda aos resultados evidenciados pela adopção de novos meios e à eficácia daí resultante para a acção policial.

10. No caso específico da GNR e da PSP, visando sustentar a reorganização e na base de inventariação do património imobiliário de um e outro organismo, poderiam ser identificados bens a alienar, acautelando-se a consignação dos fundos assim obtidos (ou parte deles) para investimentos no respectivo corpo policial, em domínios como os da formação, do reequipamento técnico e tecnológico, das viaturas e, eventualmente, do armamento e de novas instalações físicas funcionais, modernas e de baixo custo de manutenção.

Em jeito de nota final, eis os dados, as observações, as sugestões e as pistas que o grupo, na medida em que o tempo e os meios disponíveis o permitiram, gostaria de deixar à consideração superior.