v. 9, n. 2 (2016): volume 9 • número 2 • junho de 2016 - são paulo
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Revista Intertox da Toxicologia, Risco Ambiental e Meio Ambiente: http://www.intertox.com.brTRANSCRIPT
Editorial
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Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 8-112, jun. 2016
Finalizamos o primeiro semestre do ano de 2016 com o número 2 do volume 9 da
Revinter, e assim como a mudança de estações e o passar dos meses, a Revista
Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade aparece com uma nova faceta e
gerenciamento, sempre visando à expansão das informações aqui publicadas e à
constante construção do conhecimento multidisciplinar entre nossos autores e
leitores.
A explosão informacional e o desenvolvimento da indústria moderna, iniciados ao
fim da segunda guerra mundial, definiram o novo século como uma prévia da era
das máquinas, em que os computadores, smartphones e tablets tornaram-se nossos
novos melhores amigos. Longe de ser somente uma forma de entretenimento, o
advento da internet revolucionou a forma como informamos e somos informados. O
país sem lei, que é a rede mundial de computadores, tornou o compartilhamento de
dados algo instantâneo e disponível para todos. Se o medo do roubo de informações
pessoais e a invasão de personal computers é uma ameaça que causa pesadelos em
qualquer usuário moderno, a expansão de conhecimento científico global e a troca de
informações entre pesquisadores do mundo todo é um sonho que se torna real.
Paul Otlet, um dos criadores do CDU (Sistema de Classificação Decimal Universal),
um dia sonhou com uma grande biblioteca onde pudesse reunir um exemplar de
cada obra já publicada. Otlet não viveu o suficiente para ver seu sonho nascer no
ambiente digital, solucionando o problema de espaço físico, e tendo nas bases de
dados de periódicos científicos a reunião do conhecimento universal de alta
qualidade em um único link.
A Revinter, nascida do sonho de um mundo sem risco químico, toxicológico e
ambiental, caminha com passos largos para tornar-se disponível e acessível a todos,
aderindo à plataforma OJS (Open Journal System) como mais uma ferramenta de
divulgação e disponibilidade, mas também seguindo os critérios definidos pelas
instituições de pesquisa brasileira para acender no universo dos periódicos
científicos.
Editorial
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Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 8-112, jun. 2016
Nesse número publicamos: uma importante revisão de trabalhos a respeito da
toxicidade do níquel e seus compostos, interessantes e novos artigos originais que
levantam problemas de saúde coletiva e meio ambiente, além de análises
toxicológicas e caracterização de perfis em Centros de Assistência Toxicológica.
Sempre pretendendo a qualidade de seu conteúdo, e permitindo a publicação sem
custos para os autores, a Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e
Sociedade encontra-se aberta para qualquer pesquisador que esteja interessado em
tornar-se um de nossos colaboradores, como autor ou avaliador.
Encerramos esse editorial realizando o convite rotineiro, para que os interessados
entrem em contato com a bibliotecária responsável, Andrezza Camera, através do
e-mail: [email protected].
Uma boa leitura, e até outubro.
Andrezza Catharina Camera
Bibliotecária Responsável
São Paulo, 24 de Junho de 2016
ISSN 1984-3577
São Paulo, v. 9, n. 2, jun. 2016
2016 Intertox
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Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-112, jun. 2016
Periódico científico de acesso aberto, quadrimestral e arbitrado.
meses: (2) fevereiro, (6) junho e (10) outubro.
Qualquer parte desta publicação pode ser reproduzida desde que citada a fonte.
As opiniões e informações veiculadas nos artigos são de inteira e exclusiva responsabilidade dos
respectivos autores, não representando posturas oficiais da empresa Intertox Ltda.
Seções
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS II; FARMÁCIA (ANÁLISE TOXICOLÓGICA); CIÊNCIAS
AGRÁRIAS I (AGRONOMIA); MEDICINA; SAÚDE COLETIVA; BIODIVERSIDADE;
INTERDISCIPLINAR
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Português e Inglês
Contribuições devem ser enviadas para <[email protected]>.
Disponível em: <http://www.revistarevinter.com.br>.
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RevInter – Revista de Toxicologia,
Risco Ambiental e Sociedade / Intertox – v. 9, n. 2, (jun. 2016).- São
Paulo: Intertox 2016.
Quadrimestral
ISSN: 1984-3577
1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade
Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.
Biblioteca InterTox II. Título.
1. Ciências Toxicológicas. 2. Risco Químico. 3. Sustentabilidade
Socioambiental. I. InterTox uma empresa do conhecimento.
Biblioteca InterTox II. Título.
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Expediente
Editor Coordenador Conselho Editorial Científico (2011-2013)
Fausto Antonio de Azevedo Alice A. da Matta Chasin
Bibliotecária Mestre em Toxicologia USP, Diretor Executivo Doutora em Toxicologia (USP)
De Expansão Internacional Intertox.
Bibliotecária Responsável
Andrezza Catharina Camera
Bacharel em Biblioteconomia e Ciência da
informação pela FESPSP
Comitê Científico (2011-2013)
Irene Videira Lima
Doutora em Toxicologia (USP), Perita Criminal
Toxicologista do IML-SP por 22 anos.
Marcus E. M. da Matta
Doutor em Ciência pela Faculdade de Medicina
USP. Especialista em Gestão Ambiental (USP).
Engenheiro Ambiental e Turismólogo.
Moysés Chasin
Farmacêutico-bioquímico pela UNESP-SP
especializado em Laboratório de Análises
Clínicas e Toxicológicas e de Saúde Pública.
Ex-Perito Criminal Toxicologista de classe
especial e Diretor no Serviço Técnico de
Toxicologia Forense do Instituto Médico Legal
da SSP/São Paulo. Diretor executivo da
InterTox desde 1999.
Ricardo Baroud
Farmacêutico-Bioquímico Toxicólogo, Editor
Científico da PLURAIS Revista
Multidisciplinar da UNEB e da TECBAHIA
Revista Baiana de Tecnologia.
Eduardo Athayde
Coordenador no Brasil do WWI - World Watch
Institute
Eustáquio Linhares Borges
Mestre em Toxicologia (USP), ex-Presidente da
Sociedade Brasileira de Toxicologia, ex-
Professor Adjunto de Toxicologia da UFBA.
Fausto Antonio de Azevedo
Mestre em Toxicologia USP, ex-Diretor Geral
do Centro de Recursos Ambientais do CRA-BA,
ex-Presidente do CEPED-BA, ex-Subsecretário
do Planejamento, Ciência e Tecnologia do
Estado da Bahia.
Isarita Martins
Doutora e Mestre em Toxicologia e Análises
Toxicológicas (USP), Pós-doutorado em
Química Analítica (UNICAMP), Farmacêutica-
Bioquímica Universidade Federal de Alfenas
MG.
João S. Furtado (In Memoriam)
Doutor em Ciências (USP), Pós-doutorado
(Universidade da Carolina do Norte, Chapel
Hill, NC, EUA).
José Armando-Jr
Doutor em Ciências (Biologia Vegetal) (USP),
Mestre (UNICAMP), Biólogo (USF).
Sylvio de Queiroz Mattoso
Doutor em Engenharia (USP), ex-Presidente do
CEPED-BA.
GGiillbbeerrttoo SSaannttooss CCeerrqquueeiirraa
Laboratório de Anatomia Universidade Federal
do Piauí, CSHNB e Professor Adjunto do curso
de Nutrição do Campus Senador Helvídio
Nunes de Barros – Universidade Federal do
Piauí. CSHNB Programa de Pós-Graduação em
Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal
do Piauí.
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Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-112, jun. 2016
Sumário
BIODIVERSIDADE
Perfil das admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba
(CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas 8
Toxicologia do Níquel 36
Quantificação de nitrato e nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa
comercializadas em Picos-PI 55
Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por cromatografia líquida de
alta eficiência 68
Características Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações
Ambientais 79
Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de Picos – Piauí 99
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba
(CEATOX-PB) motivada por acidentes com
aranhas
Profile of admissions to Toxicological Assistance
Center of Paraiba (PB-CEATOX) motivated by
accidents with spiders
Thiago Ferreira Sarmento
João Pessoa – PB –Brasil – CEP: 58051-900 Fone: +55 (83) 3216-7200 -
E-mail: [email protected] (participou da redação do artigo
e da sua versão final).
Gleice Rayanne da Silva
Graduanda em Farmácia, Universidade Federal da Paraíba – João
Pessoa, Paraíba. Departamento de Ciências Farmacêuticas - Centro de
Ciências da Saúde - Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Cidade
Universitária – João Pessoa – PB – Brasil – CEP: 58051-900 Fone: +55
(83) 3216-7200 - E-mail: [email protected] (participou da
redação do artigo e da sua versão final).
Aníbal de Freitas Santos Júnior
Docente do Curso de Farmácia, Universidade do Estado da Bahia –
Salvador, Bahia. Departamento de Ciências da Vida - DCV – Faculdade
de Farmácia – Universidade do Estado da Bahia – UNEB Endereço: Rua
Silveira Martins, 2555. Bairro: Cabula. Cidade: Salvador. Fone: (71)
3117-2200 – E-mail: [email protected] (participou da interpretação de
dados e revisão do trabalho).
Bruno Coelho Cavalcanti
Biólogo, Universidade Federal do Ceará – Fortaleza, Ceará.
Departamento de Fisiologia e Farmacologia - Faculdade de Medicina –
Universidade Federal do Ceará – UFC - Endereço: Rua Alexandre
Baraúna, 949 - Rodolfo Teófilo - CEP 60430-160 – E-mail:
nunim_¬[email protected] (participou da interpretação de dados e
revisão geral do trabalho).
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Hélio Vitoriano Nobre Júnior
Docente do Curso de Farmácia, Universidade Federal do Ceará –
Fortaleza, Ceará. Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas-
DACT - Universidade Federal do Ceará – UFC - Universidade Federal do
Ceará – UFC = Endereço: Rua Capitão Francisco Pedro, 1210 - Rodolfo
Teófilo - CEP 60430-370 - Fortaleza - CE - Fone: (85) 3366 8262 - E-mail:
[email protected] (participou da elaboração de figuras e tabelas
presentes no trabalho além do desenvolvimento da discussão).
Leônia Maria Batista
Docente do Curso de Farmácia, Universidade Federal da Paraíba – João
Pessoa, Paraíba. Departamento de Ciências Farmacêuticas/Pós graduação
em Produtos Naturais - Centro de Biotecnologia - Universidade Federal da
Paraíba - UFPB. Cidade Universitária - João Pessoa – PB – Brasil – CEP:
58051-900 Fone: +55 (83) 3216-7200 - E-mail: [email protected]
(trabalhou na orientação dos discentes no processo de elaboração do
estudo).
Hemerson Iury Ferreira Magalhães
Docente do Curso de Farmácia, Universidade Federal da Paraíba – João
Pessoa, Paraíba. Departamento de Ciências Farmacêuticas/Pós-graduação
em Ciências da Nutrição - Centro de Ciências da Saúde - Universidade
Federal da Paraíba - UFPB. Cidade Universitária - João Pessoa – PB –
Brasil – CEP: 58051-900 Fone: +55 (83) 3216-7200 - E-mail:
[email protected] (trabalhou em todas as etapas desde a
concepção do estudo até a revisão da versão final do artigo).
Resumo
Existem mais de 30 mil espécies de aranhas, apenas algumas não são
venenosas. Entretanto, a grande maioria não tem a capacidade de causar
danos aos seres humanos. Entre as aranhas de interesse médico destacam-se
os gêneros Phoneutria, Loxosceles, Latrocectus e Lycosa; e a subordem
Mygalomorphae. Este trabalho objetivou traçar um perfil das admissões no
CEATOX-PB motivadas por acidentes com aranhas. Trata-se de um estudo
transversal, retrospectivo e descritivo de abordagem quantitativa. Foram
averiguadas as fichas de notificação do CEATOX-PB dos anos de 2013 e 2014.
Obteve-se um total de 148 fichas, sendo 81 fichas referentes ao ano de 2013 e
67 ao ano de 2014. A distribuição dos acidentes com aranhas por meses
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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destacou o mês de agosto de 2013 como o de maior incidência, não se observou
tendência sazonal. O gênero feminino foi o mais acometido pelos acidentes
aracneicos. Destacaram-se os grupos etários com idade entre 20 – 39 anos e
de 40 – 49 anos como os detentores do maior número de vítimas de araneísmo.
A maioria dos indivíduos levou mais de 24 horas para buscar atendimento. A
zona urbana ressaltou-se como a principal região de ocorrência dos acidentes.
Com relação à parte anatômica da picada, sobressaem as regiões da perna,
antebraço e mão. As manifestações clínicas locais de dor, edema, eritema e
prurido foram as que mais apareceram nas fichas analisadas. Manifestações
sistêmicas, como hipertermia e náuseas foram as mais destacadas, na
avaliação dos acidentes. Na maioria dos casos não foi possível identificar a
espécie de aranha envolvida. A soroterapia pouco foi utilizada, pois a maior
parcela dos acidentes foi enquadrada como leve. Conclui-se que o
levantamento de informações sobre araneísmo, assim como, também, o
diagnóstico e tratamento de acidentes devem ser otimizados, com o intuito de
qualificar o atendimento.
Palavras-chave: Aranhas. Acidentes. Notificação
Abstract
There are over 30,000 species of spiders, only a few are not poisonous.
However, the vast majority do not have the ability to cause harm to humans.
Among the spiders of medical interest stand out Phoneutria genera,
Loxosceles, Latrocectus and Lycosa; and suborder Mygalomorphae. This
study aimed to draw a profile of admissions in CEATOX-PB motivated by
accidents with spiders. It is a cross-sectional, retrospective, descriptive
quantitative approach. We investigated CEATOX-PB reporting forms the
years 2013 and 2014. This yields a total of 148 chips, with 81 of these for the
year 2013 and 67 the year 2014. The distribution of accidents with spiders for
months stressed the month of August 2013 as the highest incidence, there
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
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was no seasonal trend. Females were the most affected by aracneicos
accidents. They highlighted the age groups of individuals aged 20-39 years
and 40-49 years as the holder of the greatest number of victims of araneísmo.
A large number of individuals took more than 24 hours to seek care. The
urban area was emphasized as the primary occurrence region of accidents.
Regarding the anatomical part of the sting, excel regions leg, forearm and
hand. Local clinical manifestations of pain, swelling, erythema and pruritus
were the most appeared in the analyzed records. Systemic manifestations
such as hyperthermia and nausea were the most prominent in the evaluation
of accidents. In most cases it was not possible to identify the species of spider
involved. A little serum therapy was used, for the largest share of accidents
was framed as mild. It follows that collecting information about araneísmo,
as well as the diagnosis and treatment of accidents should be optimized, in
order to improve service.
Key words: Spiders. Accidents. Notification
Introdução
Os acidentes causados por animais peçonhentos, no Brasil, ainda são um
problema de saúde pública. Diante disso, é necessário haver um conhecimento
prévio sobre os tipos de animais venenosos e peçonhentos existentes em cada
região do país, como também, os sinais e sintomas de acidentes causados pela
maioria desses animais, pois, muitas vezes, podem levar a óbito se a vítima
não for atendida a tempo (COSTA, 2012; INSTITUTO BUTANTAN, 2007).De
acordo com o Guia de Vigilância Epidemiológica (BRASIL, 2005), o objetivo é
diminuir a incidência de acidentes por animais peçonhentos valendo-se da
promoção de medidas educativas, com consequente redução da gravidade dos
casos, a frequência de sequelas e a letalidade mediante o uso adequado da
soroterapia como nos acidentes com aracnídeos.
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
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Os aracnídeos são invertebrados que existem em grande abundância e
representatividade em todo o mundo. São, em sua maioria, sensíveis a fatores
físicos, tais como temperatura, umidade, vento e intensidade luminosa; além
de fatores biológicos, tais como, estrutura da vegetação e disponibilidade de
alimento. Dentre seus representantes mais conhecidos estão as aranhas e os
escorpiões, que além de sua importância ecológica, apresentam importância
médica, devido à ocorrência de acidentes domésticos com esses animais
(SILVA; SANTOS, 2011).
Em relação às aranhas, o Brasil possui três gêneros de importância médica e
que podem causar acidentes graves, são: Phounetria (armadeira), Loxosceles
(aranha-marrom) e Latrodectus (viúva-negra) (PARDAL; GADELHA, 2010).
Quanto ao araneísmo, o loxoscelismo é considerado a forma mais importante
e a ação de sua toxina é responsável por dermonecrose no local da picada. O
diagnóstico é fundamentalmente clínico-epidemiológico, uma vez que poucos
pacientes capturam o agente causador do acidente. Assim, o desconhecimento
da patologia por parte dos profissionais de saúde tem contribuído para um
maior retardo no diagnóstico (CRUZ, 2014; ESTRADA et al, 2007). Todavia,
os atendimentos referentes a acidentes com aranhas, mesmo sem a utilização
de soroterapia, devem ser notificados e dessa forma ter-se um melhor
dimensionamento deste tipo de agravo, nas diversas regiões do país. É
imprescindível a padronização atualizada de condutas de diagnóstico e
tratamento dos acidentados, pois os profissionais de saúde, frequentemente,
não recebem informações desta natureza durante a formação acadêmica ou no
decorrer da atividade profissional (BRASIL, 2001).
A ação antrópica nos ambientes de mata e floresta, destruindo a paisagem por
meio da extração de recursos, é um fator determinante na migração das
aranhas para os ambientes domésticos. Na busca de fatores necessários para
o seu desenvolvimento, como por exemplo, temperatura, umidade e alimento,
as aranhas fortuitamente acabam entrando em contato com o ser humano e
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
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provocando acidentes. Tais incidentes terminam gerando uma demanda aos
Centros de Assistência Toxicológica e hospitais (ITHO, 2001).
O objetivo deste trabalho foi traçar um perfil das admissões, no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB), motivadas por acidentes
com aranhas.
Metodologia
O trabalho consistiu num estudo transversal, retrospectivo e descritivo
exploratório de abordagem quantitativa. Foi realizado no CEATOX, localizado
em um Hospital Universitário do município de João Pessoa, no Estado da
Paraíba.
Foi realizada uma pesquisa documental, que consistiu na coleta, classificação,
seleção e utilização de toda espécie de informações em livros-texto de
referência na área, periódicos em língua inglesa e portuguesa, como SciELO
(Scientific Eletronic Library Online) e PubMed,e sites oficiais especializados
(Ministério da Saúde, Instituto Vital Brasil e Instituto Butantã). A técnica de
documentação escolhida foi a direta intensiva. Foram averiguadas as fichas
de notificação e atendimento do CEATOX dos anos de 2013 e 2014, com o
intuito de elaborar uma representação dos acidentes proporcionados por
aranhas.
A população foi constituída por fichas de notificação e atendimento de
usuários acometidos por acidentes com aracnídeos que deram entrada no
CEATOX para receber os cuidados e orientações necessários. Foram
avaliadas as fichas referentes aos anos de 2013 e 2014, obtendo-se um total
de 148 fichas, sendo 81 destas referentes ao ano de 2013 e 67 ao ano de 2014.
Para obtenção dos dados o pesquisador permaneceu ao CEATOX-PB durante
o mês de Março de 2015, período em que foram coletadas as informações
presentes nas fichas de notificação e atendimento.
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
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Os dados foram compilados nos programas IBM SPSS Statistics versão 20.0 e
Microsoft Office Excel versão 2007, e após análise descritiva foram obtidas as
frequências simples e percentuais, que permitiram a confecção de gráficos e
tabelas.
Para a realização da pesquisa foram levadas em consideração as observâncias
éticas preconizadas pela Resolução 466, de 12 de dezembro de 2012, que
dispõe as diretrizes e normas reguladoras de pesquisas envolvendo seres
humanos (BRASIL, 2012).
Resultados e Discussão
Com relação ao tipo de animal peçonhento envolvido no acidente, nos dois
anos avaliados, 2013 e 2014, registrados pelo CEATOX-PB, destacou-se uma
maioria considerável para ataques os causados por escorpiões, constituindo
91,32% dos casos em 2013 e 93,42% dos casos em 2014 (Figura 1).
Figura 1 – Acidentes com animais peçonhentos registrados pelo CEATOX-PB nos anos de
2013 e 2014.
O presente estudo apresenta semelhança com dados do Mistério da Saúde
(BRASIL, 2009), cujas notificações dos acidentes por animais peçonhentos
chegam a quase 100 mil por ano e vem aumentando progressivamente. Em
levantamento do número de casos por tipo de acidente, foi observado: aranhas
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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com 22.835 casos, escorpião 37.495 casos e serpentes com 27.069 casos
registrados.
Depois de realizada a distribuição dos casos por mês (Figura 2), pode-se
observar que agosto de 2013 foi o mês de maior incidência; não se observou
tendência sazonal na distribuição dos casos. De acordo com Campolina et al.
(2013), a mais alta incidência de acidentes provocados por aranhas ocorre
entre os meses de outubro e maio, devido a diversos fatores, como ciclo
reprodutivo, mais mobilidade com o clima mais quente, mais exposição das
vítimas e desalojamento provocado pela água das chuvas.
Figura 2. Distribuição, por mês, dos casos de acidentes com aranhas registrados pelo
CEATOX-PB nos anos de 2013 e 2014
Com a análise do número de casos por gênero (Figura 3), observou-se que o
gênero feminino se destacou com o maior número acidentes com aranhas,
atribuindo-se a este 54,30% dos casos no ano de 2013 e 52,90% dos casos em
2014. Este dado entra em consonância com um estudo realizado por Dorneles
(2009), que avaliou a frequência de acidentes por animais peçonhentos
ocorridos no Rio Grande do Sul, entre 2001 a 2006, e relatou que a maioria
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
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dos indivíduos vítimas de acidentes com aranhas pertenciam ao gênero
feminino (52,5%).
Este resultado pode ser explicado pelo fato de que mesmo com a modernidade
e a maior valorização do papel feminino no mercado de trabalho, muitas
mulheres ainda estão bastante ligadas ao ambiente doméstico e
consequentemente tendem a entrar em maior contato com os animais
peçonhentos que adentram os domicílios em busca de abrigo e alimento.
Figura 3 – Distribuição por gênero dos casos de acidentes com a aranhas referentes aos
anos de 2013 e 2014.
Depois de classificar os indivíduos em faixas etárias (Figuras 4 e 5), foi
observado que a faixa etária com o maior número de casos de acidentes foi a
de indivíduos com idades entre 20 – 39 anos, 48,8% em 2013 e 34,3% em 2014,
seguido pelo grupo etário com idades entre 40 - 59 anos, 23,8% em 2013 e
23,9% em 2014.
Artigo original
SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Estes dados corroboram com o estudo epidemiológico realizado por Silva e
Cavalcante (2012) e Guerra et al. (2014), para averiguar os acidentes
causados por aranhas no município de Itapeva, em que se destacou a faixa
etária de indivíduos entre 20 e 29 anos como a que apresentou o maior número
dos casos (152), seguido de indivíduos entre 40 e 49 anos (125), 30 a 39 (114)
e 50 a 59 (100).
Figura 4. Faixa etária dos casos de acidentes com aranhas do ano de 2013
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SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
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Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Figura 5. Faixa etária dos casos de acidentes com aranhas do ano de 2014.
Avaliou-se também o tempo decorrido para que a vítima de acidente
aracnídico procurasse atendimento especializado no CEATOX-PB (Figura 6)
e o resultado encontrado foi que a maioria dos indivíduos, 44,20% em 2013 e
58,06 em 2014, levou dias para procurar assistência no centro. Isto se deve,
em parte, pelas picadas das aranhas serem geralmente indolores, fazendo com
que vítima não perceba o acidente, além disso, os sinais e sintomas levam
certo tempo para aparecer.
Um estudo realizado por Chagas et al. (2010), analisando os aspectos
epidemiológicos dos acidentes por aranhas no Estado do Rio Grande do Sul,
destaca que foram atendidos 30 e 24% dos pacientes no intervalo de até três
horas, entretanto 21% foram atendidos acima das 12 horas.
No estudo efetuado por Lise et al. (2006), quase 65% das vítimas levaram de
6 a 12 horas, e mais de 13% levaram mais de 12 horas para buscar
atendimento médico após a picada.
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SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Segundo Silva (2002), a busca precoce de atendimento primário, em
decorrência de um acidente por Loxosceles nas populações com baixa
prevalência, é prejudicada pela picada quase indolor, pelo desconhecimento
dos sintomas iniciais, pela não relação dos primeiros sintomas com a picada
de aranha.
Figura 6. Tempo decorrido para a procura de atendimento
Observou-se a zona de ocorrência do acidente (Quadros 1 e 2) e foi constatado
que o maior percentual de acidentes aconteceu na zona urbana, aparecendo
esta em 86,53% (45) dos casos em 2013 e 94,44% (34) dos casos em 2014. Este
dado apresenta semelhança com o encontrado por Haas et al. (2013) em um
estudo epidemiológico que relatou ter averiguado um número de ocorrências
na área urbana significativamente alto, em detrimento dos acidentados
oriundos da zona rural ou periurbana.
É válido salientar que o baixo percentual encontrado para a zona rural pode
estar relacionado com a subnotificação dos casos, pois tais indivíduos por
residirem próximos a regiões de mata tendem a ser mais predispostos a
acidentes com animais peçonhentos, seu trabalho e vestimentas utilizadas
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SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
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Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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também favorecem o contato com estes animais. Porém, muitas vezes as
dificuldades de deslocamento até o serviço impossibilitam o atendimento e
com isso o registro do caso.
Quadro 1 - Zona de ocorrência do acidente, registrada no ano de 2013
Quadro 2 - Zona de ocorrência do acidente, registrada no ano de 2014
Com relação ao local da picada, (Quadros 3 e 4), foi observado que as regiões
mais acometidas do corpo foram perna, mão e antebraço. Este resultado
corrobora o encontrado por Cardoso et al. (2003), que informa que as regiões
do corpo mais atingidas nos incidentes com animais peçonhentos são os pés e
as pernas, seguido das mãos e antebraço.
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SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
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Quadro 3 – Local da picada, ano de 2013
Quadro 4 – Local da picada, ano de 2014
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Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Destacaram-se a dor, edema, eritema e prurido como principais
manifestações clínicas locais (Quadro 5 e 6). Como principais manifestações
clínicas sistêmicas aparecem a hipertermia e náuseas (Quadro 7 e 8).
Quadro 5 - Manifestações clínicas locais, registradas no ano de 2013
Quadro 6 - Manifestações clínicas locais, registradas no ano de 2014
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SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
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Quadro 7 – Manifestações clínicas sistêmicas, registradas no ano de 2013
Quadro 8 – Manifestações clínicas sistêmicas, registradas no ano de 2014
O Hospital Vital Brazil (2002) relata que as reações locais geram inflamação
e as sistêmicas provocam reações neurotóxicas, miotóxicas, coagulante e
parassintomimética. A princípio, apresentam edema, dor, bolha, necrose,
evoluindo com vômito, diarréia, bradicardia, hipotensão, paralisia muscular e
turvação, dores musculares e urina escura, se não se realizar atendimento
emergencial e tratamento com soroterápicos.
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SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano Nobre; BATISTA, Leônia
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Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
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Na tentativa de buscar classificar a espécie de aranha envolvida no caso
(Figura 7), constatou-se que na maioria dos casos não foi possível identificar
a espécie de aranha. Este dado diverge do apresentado por Martins et al.
(2006), em estudo sobre envenenamentos acidentais entre menores, em que
relataram que não foi possível conhecer o tipo de agente em 10,6% dos casos
de acidentes com aranhas, possivelmente pela dificuldade em apreensão ou
identificação do animal venenoso após o acidente, embora a má qualidade do
registro no atendimento também não possa ser descartada.
Figura 7. Classificação das espécies de aranhas envolvidas nos acidentes, dados de 2013 e
2014
Com relação à realização de soroterapia (Figura 8), a mesma não foi realizada
na maioria dos casos, percentual médio de 92,40%. Os casos em sua maioria
foram considerados leves, média de 76,88%, seguido de moderado com média
23,11%, nenhum caso foi considerado grave.
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SARMENTO, Thiago Ferreira; SILVA, Gleice Rayanne da; JÚNIOR, Aníbal de Freitas
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Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por acidentes com aranhas.
Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 08-29, jun. 2016.
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Figura 8. Realização de Soroterapia, dados de 2013 e 2014
Silva et al. (2006) entendem que o tratamento recebido no hospital deve ser
baseado na gravidade (Figura 9) das manifestações clínicas do paciente, para
utilização ou não da soroterapia. Em casos leves (dor e formigamento local) a
soroterapia é dispensada, geralmente utilizam-se analgésicos e corticoides.
Figura 9. Classificação da gravidade do caso, dados de 2013 e 2014
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Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das
admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por
acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n.
2, p. 08-29, jun. 2016.
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Conclusão
Este trabalho permitiu traçar um perfil das admissões no Centro de
Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivadas por acidentes
com aranhas, entre os anos de 2013 e 2014. Apesar de se verificar, no período
estudado, uma baixa notificação de casos de acidentes com aranhas, os meses
entre outubro e maio se destacaram, devido a diversos fatores, tais como ciclo
reprodutivo, clima mais quente, mais exposição das vítimas e desalojamento
provocado pela água das chuvas. A faixa etária com o maior número de casos
de acidentes foi a de indivíduos com idades entre 20 – 39 anos, principalmente
na zona urbana, nas regiões das pernas, mãos e antebraços. Verificou-se que
as vítimas de acidentes aracnéicos demoram dias para busca de atendimento
especializado no CEATOX-PB, o que pode levar a maiores complicações das
lesões. Dor, edema, eritema e prurido foram as principais manifestações
clínicas locais encontradas e hipertermia e náuseas, manifestações clínicas
sistêmicas mais pronunciadas.
O levantamento de infestações e determinação dos focos de ocorrência, bem
como treinamento e atualizações sobre o diagnóstico e tratamento, devem ser
otimizados, no intuito de qualificar o atendimento às populações atingidas e
ensejar a correta notificação dos acidentes. Neste trabalho, não foi possível
identificar espécie de aranha envolvida na maioria dos casos, principalmente
devido à dificuldades de apreensão ou identificação do animal venenoso após
o acidente, bem como a má qualidade do registro no momento do atendimento.
Neste contexto, destaca-se que atividades de prevenção devem ser difundidas
e promovidas para a população de forma constante e devem ser intensificadas
nos períodos de maior atividade das aranhas que, geralmente, implica o
aumento de acidentes, considerando-se as características da região, sendo
redirecionadas para áreas estratégicas e público específico.
Referências bibliográficas
Artigo original
JÚNIOR, Aníbal de Freitas Santos; CAVALCANTI, Bruno Coelho; JÚNIOR, Hélio Vitoriano
Nobre; BATISTA, Leônia Maria; MAGALHÃES, Hemerson Iury Ferreira. Perfil das
admissões no Centro de Assistência Toxicológica da Paraíba (CEATOX-PB) motivada por
acidentes com aranhas. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n.
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Artigo original
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Toxicologia do Níquel
Toxicology of Nickel
Karina Regina Gonzalez
Biomédica formada pela Universidade Nove de Julho e cursando pós-
graduação de Assuntos Regulatórios pelo Instituto de Pós-graduação e
Graduação. E-mail para contato: [email protected].
Resumo
Este estudo faz uma revisão de literatura sobre o níquel metálico (Ni) e sua
forma de apresentação ao trabalhador, relacionando os perigos causados por
sua suposta carcinogenicidade. O estudo tem sua relevância fundamentada
na importância de se conhecer a correta composição dos elementos e sua
classificação com preocupações sociais e ambientais, destinando-se a
conhecer e controlar os riscos que o trabalho pode oferecer ao ambiente e à
vida. Descrevem-se as principais características do níquel metálico e
informações sobre algumas normas brasileiras. Utilizaram-se dados de
bancos como o LILACS, SciELO, MEDLINE, Direct Science, assim como
livros e documentos de referência para a área. O método utilizado foi um
levantamento bibliográfico por meio de abordagem crítica, objetiva e
abrangente, considerando-se a relevância do tema. Ao final do trabalho
percebeu-se o conflito gerado por uma classificação equivocada dos
compostos e a necessidade de estudos mais aprofundados. A partir do
levantamento empreendido espera-se ter contribuído para o conhecimento
geral da população, principalmente para quem está diretamente envolvido
na exposição a compostos do níquel, possibilitando-se, desta maneira, rever
as medidas e precauções que são sugeridas na literatura quanto à
segurança no ambiente de trabalho.
Artigo original
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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Palavras-chave: Níquel metálico. Exposição ocupacional.
Carcinogenicidade do níquel.
This study deals with a literature review on the nickel and their
presentation to the employee listing the dangers caused by his alleged
carcinogenicity. The study has its relevance based on the importance of
knowing the correct composition of elements and their classification with
social and environmental concerns that are meant to know and control the
risks that work can provide the environment and life. Throughout the
development thereof has been described the main features of metallic nickel
and information on some Brazilian standards. Database was used as the
LILACS, SciELO, MEDLINE, as well as books and reference documents for
the area. The method used was a literature by means of a critical, objective
and comprehensive approach, considering the relevance of the subject. At
the end of the work it was noticed the conflict generated by a mistaken
classification of compounds and the need for further study. From this
survey is expected to have contributed to the general knowledge of the
population, especially for those who are directly involved with nickel,
enabling this way to review the measures and precautions that are
suggested in the literature about the safety in the workplace.
Keywords: Nickel Metal. Occupational exposure. Nickel carcinogenic
potential.
Artigo original
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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1) Introdução
O níquel (Ni) é o 24º metal em abundância na crosta terrestre, caracterizado
como metal pesado, de densidade de 8,5 g/cm³. Na forma metálica é branco
prateado, dúctil e maleável, possui grande resistência à corrosão e oxidação
pelo ar, água e agentes alcalinos. Dentre os vários compostos de níquel, os
principais são óxido de níquel (NiO), hidróxido de níquel (NiOH), sulfato de
níquel (Ni3S2) e cloreto de níquel (NiCl2). Os sais de níquel de ácidos
orgânicos fortes são solúveis em água, enquanto os sais de níquel de ácidos
inorgânicos fracos são insolúveis. (AZEVEDO, CHASIN, 2003)
A exposição ocupacional ao níquel metálico pode ocorrer através de uma
variedade de fontes, como as operações metalúrgicas, incluindo a fabricação
de aço inoxidável, a produção de liga de níquel, e as operações de metalurgia
do pó. Em quase todos os casos, as exposições ao níquel metálico incluem
exposições concomitantes a outros compostos de níquel e podem ser
confundidas com a exposição a materiais tóxicos (OLLER, 2002).
Os efeitos observados na saúde dos trabalhadores expostos ao níquel
metálico correm no sistema respiratório e podem ser benignos (incluindo
asma e fibrose) ou câncer respiratório.
Para este documento, a principal preocupação é a presença de níquel em
ambientes ocupacionais, uma vez que os processos industriais apresentam
maior exposição de trabalhadores a concentrações mais elevadas de níquel e
seus compostos do que as normalmente verificadas na natureza. Estas
exposições podem ser a refinados de níquel, ou misturados, contendo vários
compostos de níquel e contaminantes. As "exposições misturadas” dificultam
a interpretação dos efeitos sobre a saúde a partir de espécies específicas de
níquel.
Artigo original
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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2) História
O níquel (Ni) foi isolado pela primeira vez por Cronstedt, em 1751, tendo-se
obtido uma amostra do metal bastante pura em 1804, por Ritcher, que
também fez uma descrição pormenorizada de suas propriedades. Em 1870,
Fleitman descobriu que a adição de uma pequena quantidade de magnésio
tornava o níquel maleável.
Os primeiros estudos sobre a toxicidade do Ni e seus compostos datam do ano de
1826, realizados por Gmelin (OLIVEIRA, 2010) que administrou, por via oral,
elevadas concentrações de níquel a ratos e cachorros, resultando severa gastrite e
convulsão fatal. Inúmeras descrições têm aparecido na literatura demonstrando
que trabalhadores expostos por longo prazo a fumos, poeiras e vapores do metal,
podem apresentar intoxicações, principalmente os expostos em minas de extração e
nas refinarias do metal (OLIVEIRA, 2010).
3) Identificação do Metal e Seus Campostos
3.1 Sinônimos, nomes comerciais e identificadores
Os compostos inorgânicos de interesse incluem:
Níquel metálico
Níquel elementar, Níquel 200, Nichel (italiano), Alnico, Nickel
(ingles)
Óxido de níquel
Cloreto de níquel
Subsulfeto de níquel
Hidróxido de níquel
Sulfato de níquel.
O único composto orgânico do metal é a carbonila de níquel.
Artigo original
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
34
Na tabela 1 é possível verificar quais os principais compostos de níquel e
algumas de suas propriedades como fórmula molecular, química e massa de
cada composto. Nesta tabela você encontra o nº CAS de cada composto, nº
este que é utilizado para identificação mundial das substâncias químicas.
3.2 Aspecto, forma e propriedades físico-químicas.
O níquel é um metal prateado, que ocorre naturalmente na crosta terrestre
(QUINÁGUIA, 2012). É um elemento razoavelmente duro, com fraco brilho
amarelado devido, em parte, à existência de uma camada protetora de
óxido. É dúctil e maleável (QUINÁGUIA, 2012)
Os principais compostos inorgânicos de níquel podem ser divididos em: a)
solúveis, tais como os hidróxidos, sulfatos, cloretos e os nitratos; b)
insolúveis, entre eles os óxidos, os sulfetos e ainda o subsulfeto de níquel.
Outro composto de interesse toxicológico é a carbonila de níquel Ni(CO)4,
composto volátil e incolor, que possui caráter lipofílico e se decompõe ao
redor de 50C (ICZ, 2015).
Artigo original
GONZALEZ, Karina Regina. Toxicologia do Níquel. Revista Intertox de Toxicologia Risco
Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 30-54, jun. 2016.
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O estado de oxidação mais frequente é o Ni2+, outros estados podem ser
encontrados, como o Ni3+ e o Ni4+ (ICZ, 2015). O metal níquel pertence ao
grupo VIII da Tabela Periódica. É o terceiro dos três elementos: ferro,
cobalto e níquel, possui peso atômico de 58,71 e ponto de ebulição de
2837C. É insolúvel em água quente ou fria, sendo solúvel em ácido nítrico
diluído e ácido sulfúrico.
A Tabela 2 denota as propriedades físico-químicas de maior interesse dos
compostos de níquel.
4) Ocorrência, ciclo biogeoquímico, usos e aplicações
O níquel é um dos cinco elementos mais abundantes, vindo depois do ferro,
oxigênio, magnésio e silicone. Combinado com outros elementos ocorre
naturalmente na crosta terrestre e é encontrado em todo o solo e emitido
por vulcões. Tem sido encontrado combinado com ferro em meteoritos, em
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concentrações de 5 a 50% (AZEVEDO; CHASIN, 2003) e no fundo do oceano
em pedaços de minerais. O metal tem sido detectado em diferentes pontos
da biosfera. A concentração de níquel na crosta terrestre é de cerca de
0,008%. O núcleo da Terra é composto por 6% de níquel (MENDES, 2011).
O níquel encontra-se geralmente associado aos sulfetos de ferro e cobre,
depósitos aluviais de silicatos e óxidos/hidróxidos. O mineral de maior
importância é a pentlandita (FeNi)9S8, sendo também encontrado em
minérios como a millerita (NiS), nicolita (NiAS) entre outros
(FORTUNATO, 2009).
Principais usos e aplicações
A utilização do níquel e seus compostos na indústria é muito diversificada.
A aplicação mais importante é na fabricação do aço inoxidável, pois o níquel
é um elemento resistente à ação corrosiva de muitos ácidos, sais e álcalis
(NÍQUEL, 2015). O níquel é utilizado como uma das camadas base na
galvanoplastia do cromo (para se conseguir que o cromo adira ao ferro, este
primeiro é coberto com cobre, depois níquel e finalmente com o cromo, num
processo conhecido como deposição). Serve também como catalisador em
certas reações de hidrogenação, tais como na fabricação da margarina e
manteiga a partir de gorduras líquidas (NÍQUEL, 2015).
Os compostos inorgânicos apresentam as seguintes outras utilizações
(NÍQUEL, 2015):
Produção de ligas de níquel. As principais ligas de níquel são:
níquel-cobre, utilizada em componentes para marinha; níquel-cromo, usada
em partes de motor de avião a jato, fornos e elementos para uso em fogões.
Produção de níquel fundido com ferro.
Galvanização. O níquel metálico e os seus sulfatos e cloretos são
os principais compostos utilizados nos processos de galvanização.
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Catálise. Os óxidos de níquel são utilizados como catalisadores.
Outras reações de catálise incluem a dessulfurização de óleos; produção de
hidrocarbonetos por polimerização e produção de amônia; indústria de
alimentos e vidros; produção de utensílios domésticos.
Manufatura de baterias alcalinas (Ni-Cd).
Manufatura de moedas. O níquel e a liga de níquel-cobre são os
materiais mais utilizados.
Pigmentos inorgânicos. O Ni tem sido usado como pigmento
inorgânico para o esmalte e cerâmica devido à resistência a temperaturas
elevadas e à corrosão.
Na eletrônica. Compostos contendo níquel são usados em
eletrônica e equipamentos de computador.
Próteses clínicas e dentárias.
5) Exposição Humana
5.1 Fontes ambientais e em alimentos.
Os compostos cristalinos/particulados de níquel que são insolúveis entram
nas células através do processo de fagocitose. A carbonila de níquel entra
nas células devido à penetração nas membranas e os compostos solúveis de
níquel são transportados para as células através do processo de difusão ou
através de canais de cálcio. O níquel é um elemento estável e persistente no
ambiente, visto que não pode ser biologicamente ou quimicamente
degradado ou destruído. Pessoas que não fumam tabaco expõem-se, através
da respiração, a 0,1 a 1 μg de níquel por dia.
O ser humano também se expõe ao níquel ao tocar em objetos contendo este
metal, como por exemplo: moedas, joias e aço inoxidável. O níquel é um
agente sensibilizante comum e ocasiona alta prevalência de dermatite
alérgica de contato. (KRIEGER, 2014)
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Cerca de 170μg de níquel são ingeridos diariamente pelos seres humanos
por meio da alimentação. Alimentos ricos em níquel incluem amendoim,
nozes, soja, lentilhas, legumes, peixes, mariscos, ervilhas, cacau, aveia e
chocolate ao leite. Já através do consumo de água, os seres humanos
ingerem cerca de 2μg de níquel por dia. Entretanto, quando este metal é
ingerido em grandes quantidades, torna-se tóxico para os organismos vivos
(FELLER, 2014).
A Figura 1 apresenta a quantidade de níquel nos alimentos.
Figura 1: Concentrações de níquel nos alimentos.
Com base nas estimativas de exposição, e assumindo que um total de 12
m3 de ar é inspirado em um dia de trabalho de oito horas (o pressuposto é
que os trabalhadores da indústria têm uma taxa de inalação maior do que o
cidadão médio), o valor aproximado de níquel susceptível de ser inalado nos
segmentos de produção/uso de níquel se situaria entre 0,036-0,72 mg
Ni/dia. A quantidade média de níquel que pode ser inalada na maioria das
indústrias que usam o metal e/ou seus compostos varia entre 0-1,1 mg
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Ni/dia, dependendo da indústria. Produção de bateria com operações de
níquel metálico e metal em pó de níquel metálico são uma exceção, com
concentrações médias de níquel no ar variando de 0,3 a 0,5 mg de Ni/m 3,
respectivamente (NÍQUEL, 2015).
Na legislação brasileira, a Portaria 3214, de 1978, do Ministério do
Trabalho, na sua Norma Regulamentadora NR 15, não faz constar Limites
de Tolerância (LT) para níquel. Porém, na NR 9, 9.3.5.1, alínea “c”, é
preconizado que se utilizem valores da entidade norte-americana American
Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), ou aqueles que
venham a ser acordados em negociação coletiva de trabalho, desde que mais
rigorosos do que os critérios técnicos-legais estabelecidos. Os Thereshold
Limit Value (TLV-TWA) da ACGIH são apresentados na tabela 3. Os
compostos insolúveis e o sulfeto de níquel são classificados como
carcinogênicos pela ACGIH.
6) Estudo Toxicológico
6.1 Toxicocinética
O efeito tóxico do níquel no corpo depende de vários fatores, tais como as
espécies químicas, forma física, concentração ou fonte de exposição
(SHARMA et al., 2009; AHMAD, ASHRAF, 2011; SCHAUMLÖFFEL,
2012;). Espécies solúveis de níquel são eliminadas rapidamente pelos
tecidos, visto que a sua capacidade de penetrar em células utilizando
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transportadores de metal divalente é limitada; evidências sugerem que a
via utilizada é a entrada através dos canais de cálcio. A carbonila de Ni,
altamente tóxica, é solúvel em lípidos, o que permite a sua passagem
através da membrana celular, acarretando absorção significativa por
inalação e em contato com a pele, enquanto o sulfeto de níquel (Ni3S2) pouco
solúvel em meio aquoso, através de endocitose estão entre as formas mais
tóxicas e cancerígenas. A forma amorfa de NiS não penetra na célula e, por
isso, tal agente possui pouca ou nenhuma importância toxicológica
(MUÑOZ, COSTA, 2012).
Nos últimos anos tem-se observado a importância das nanopartículas de
níquel, que geralmente são mais tóxicas do que as formas solúveis
(MUÑOZ, COSTA, 2012). Estas nanopartículas, especificamente o hidróxido
de níquel (nano-NIH) e sulfato de níquel (nano-NIS), são cada vez mais
utilizadas na indústria de energia e alimentos e são aquelas com um maior
potencial toxicológico, este potencial não é atribuído a aumento da
solubilidade ou propriedades genéricas das nanopartículas, mas está
relacionado com níveis maiores de deposição e um potencial inflamatório
mais forte, que é independente da carga de Ni pulmonar.
Estudos de farmacocinética em humanos mostram que o níquel é absorvido
através dos pulmões, trato gastrointestinal e pele. A absorção pulmonar é a
principal forma em relação à toxicidade induzida. O grau desta absorção é
determinado pela forma química e local de acumulação (dependendo do
tamanho, forma, densidade e carga elétrica das partículas metálicas). Sabe-
se que entre 20 e 35% do níquel inalado é retido nos pulmões e absorvido
pelo sangue. Do trato respiratório, o níquel pode ser removido por
transporte mucociliar e ser liberado no trato gastrointestinal, local em que
não acontece uma boa absorção (CLANCY, COSTA, 2012).
O níquel metálico é mal absorvido por via dérmica, mas alguns dos seus
compostos, tais como cloreto de níquel ou sulfato níquel, podem penetrar
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pela pele, aproximadamente 77% em 24 h (CLANCY, COSTA, 2012; KAS et
al., 2008). A ingestão de níquel por meio de alimentos e água potável é uma
importante fonte de exposição, uma vez que também tem sido demonstrado
que indivíduos em jejum absorvem mais níquel a partir do trato
gastrointestinal. (AHMAD, ASHRAF, 2011, KAS, DAS, DHUNDASI, 2011).
O níquel, depois de absorvido, é distribuído por todo o corpo através do
sangue; no soro humano o agente se liga à albumina, e principalmente às
proteínas devido ao alto peso molecular, ou pode ligar-se também com L-
histidina e α-2 macroglobulina, de baixos pesos moleculares. (AHMAD,
ASHRAF, 2011; KAS, DAS, DHUNDASI, 2008). Em estudos de curto e
longo prazo com animais, observou-se que o níquel está concentrado
principalmente nos rins. As concentrações teciduais de Ni, em ordem
decrescente, são: rins> pulmões> fígado> coração > testículos. Foi observado
que o Ni2+ administrado por via oral acumula-se mais na medula espinal do
que no cerebelo ou córtex frontal. Em geral, um homem de 70 kg contém,
em média, 10 mg de níquel no corpo. Os valores de referência do níquel em
fluidos biológicos de adultos saudáveis são de 0,2 mg/L no soro e 1-3 g/L na
urina (CLANCY, COSTA, 2012; KAS, DAS, DHUNDASI, 2008).
Em estudos com ratos expostos à Ni(CO)4, cerca de 50% do Ni foram
detectados nas vísceras e sangue, 30% nos músculos e tecido adiposo e 15%
nos ossos e em tecidos conjuntivos. (AZEVEDO; CHASIN, 2003). O pulmão
é o órgão de acúmulo para as exposições em longo prazo e o armazenamento
se dá nas mitocôndrias.
6.2 Biotransformação e eliminação
De fato, a maior parte do níquel absorvido é excretada na urina,
independentemente a via de exposição (AHMAD, ASHRAF, 2011;
SCHAUMLÖFFEL, 2012). A eliminação do níquel do organismo humano
pode ser feita de várias maneiras, como cabelos, suor, fezes e urina, sendo
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esta considerada a principal forma. A excreção no suor aumenta em regiões
que apresentam altas temperaturas. Além disso, também pode ser
eliminado pela saliva. Sabe-se que o cabelo reflete exposição passada a
metais pesados, enquanto o sangue e a urina refletem exposição recente aos
mesmos. (PEIXE, 2010)
A meia-vida de eliminação urinária varia de 17 a 48 h, e a via preferencial
de excreção é a urinária, para os compostos solúveis e insolúveis.
Entretanto, tratando-se do níquel orgânico, a principal via de excreção é a
pulmonar (PEIXE, 2010).
7) Toxicodinâmica
O níquel, assim como outros metais pesados, interage com receptores de
íons em locais diferentes do organismo. Os mecanismos destas interações
não estão completamente elucidados, conhecendo-se, atualmente, algumas
hipóteses relativas à sua toxicodinâmica.
A administração de íons divalentes de níquel em animais induz um largo
espectro de respostas agudas, e muito desses efeitos podem ser mediados
por espécies reativas de oxigênio em órgãos-alvo. Tais espécies podem ser
produzidas nas células.
Várias hipóteses têm sido propostas para o entendimento do mecanismo da
lipoperoxidação induzida pelo níquel e seus compostos:
a) um mecanismo indireto, mediado pelo Ni2+, deslocando Fe2+ ou
Cu2+ a partir de sítios ligantes intracelulares, resultando nas reações de
lipoperoxidação de Fenton e Haber-Weiss, catalisadas por Fe2+/Fe3+ ou
Cu+/Cu2+;
b) a reação de oxirredução Ni2+/Ni3+ gera diretamente radicais livres
pela transferência de um elétron;
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c) Ni2+ acelera a degradação de hidroperóxidos lipídicos para formar
radicais lipol-O· e propagar reações peroxidativas autocatalíticas de ácidos
graxos;
d) outro mecanismo sugerido é que o níquel, ao inibir as células de defesa
contra os danos da peroxidação, depletaria a glutationa, a catalase, a superóxido
dismutase e outras enzimas que protegem da injúria provocada pelos radicais
livres (AZEVEDO; CHASIN, 2003).
8) Efeitos Tóxicos do Níquel
8.1 Carcinogenicidade
A atividade carcinogênica depende da solubilidade dos compostos de níquel.
Compostos insolúveis, como sulfeto de níquel II (NiS), óxido de níquel (NiO)
e sulfeto de níquel (Ni3S2), não são facilmente removidos dos tecidos e, por
isso, são mais carcinogênicos do que compostos solúveis como acetato de
níquel (Ni(OAc)2), cloreto de níquel (NiCl2) e sulfato de níquel (NiSO4)
(DENKHAUS; SALNOKOW, 2002).
O níquel foi classificado no nível mais perigoso das substâncias
cancerígenas, no grupo 1, porém não há provas suficientes em animais ou
seres humanos sobre qual exposição que provoca o câncer. (CLANCY,
COSTA, 2012; SEO, KIM, RYU, 2005). Estudos em trabalhadores de
hidrometalúrgicas, onde ocorre elevada exposição ao níquel metálico,
confirmam o baixo risco de desenvolvimento de câncer respiratório
associado à exposição ao níquel elementar durante a refinação (EGEDAHL
et al., 2001). Há falta de evidência da carcinogenicidade através da inalação
de metal de níquel presente em poeiras (CETESB, 2001).
Para suprir a falta de dados adequados considerando-se a exposição via
inalação com pós-metálicos de níquel e pedidos de regulamentação da União
Europeia e da Alemanha, um estudo de inalação de carcinogenicidade foi
iniciado pela Nickel Producers Environmental Research Association
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(NiPERA), em 2004, os resultados definitivos do estudo de
carcinogenicidade com pó de níquel metálico inalavel (~ 1,6 μMMAD) , por
via inalatória, em ratos Wistar machos e fêmeas, utilizando-se um regime
de exposição de 2 anos a 0, 0,1, 0,4, e 1 mg/m³. Verificou-se que a dose
máxima era de 1 mg/m³, porém, por precaução, ficou estabelecida como Dose
Máxima Tolerada (MTD) para a inalação de pó de níquel metálico o valor de
0,4 mg/m³ e, portanto, válido para a determinação da carcinogenicidade.
Este estudo não mostrou uma associação entre a exposição ao pó-metálico
níquel e tumores respiratórios. (KIRKPATRICK, 2004).
Segundo a IARC (1990), existem evidências limitadas para a
carcinogenicidade da poeira (pó) do Ni em animais e, por isso, ela não
mostra qualquer classificação completa para a poeira do Ni.
Atualmente, a ACGIH (ACGIH, 2015) classifica o níquel em função da
solubilidade. Os compostos inorgânicos insolúveis são classificados como A1
– Carcinogênico humano confirmado, com base em evidências de estudos
epidemiológicos. Os compostos inorgânicos solúveis como categoria A4 – não
classificável como carcinogênico para humanos, ou seja, há a possibilidade
de existir efeito carcinogênico para humanos, contudo os dados existentes
são insuficientes para permitir afirmar o risco de carcinogenicidade.
O níquel na forma de metal elementar é classificado como A5 – Não
suspeito de carcinogênico humano, uma vez que resultados obtidos em
estudos epidemiológicos permitem concluir que a exposição ao agente não
apresenta risco significativo de câncer para humanos.
Os mecanismos de captação celular podem explicar porque as espécies
inaladas menos solúveis dos sulfetos e dos óxidos de níquel são mais
cancerígenos que as espécies solúveis. As partículas solúveis se dissolvem
na mucosa e os íons são –facilmente retirados por transporte ciliar,
enquanto nas menos solúveis ocorre a fagocitose pelas células epiteliais do
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pulmão, nas quais são lentamente dissolvidas, representando uma fonte
contínua de íons de níquel (SCHAUMLÖFFEL, 2012).
8.2 Efeitos sobre a pele
Ao entrar em contato com a pele o níquel pode ser solubilizado e formar íons
de níquel, que serão absorvidos pela pele devido ao processo da difusão
através da derme. Em experimentos com o sulfato de níquel radioativo se
observou uma absorção pela pele entre 55 – 77% em 24 horas, com
ocorrência de dermatite, sintoma que desaparecia quando se retirava o
contato com o material (SILVESTRI, BARMETTLER, 2011).
Em indivíduos mais sensíveis este contato produz dermatite com
inflamação, que pode resultar em vermelhidão, erupções cutâneas, e, nos
casos extremos, úlceras. Esta reação costuma ser observada com certa
frequência em mulheres, devido ao contato com joias, broches, zíperes, entre
outros materiais que possuem níquel em sua composição. Na Europa, de 5 a
15% das mulheres e 0.5 a 1% dos homens estão sensibilizados. Os dados
têm aumentado consideravelmente devido ao uso de piercings (GONZÁLEZ
et al., 2009; GRIECO et al., 2012).
8.3 Efeitos sobre a reprodução
Dados dos efeitos sobre a reprodução são limitados. Estudos tanto in vivo
como in vitro demonstram que o níquel altera diferentes níveis de regulação
do sistema neuroendócrino de mamíferos. O metal induz a alteração da
prolactina e dos níveis de LH (hormônio luteinizante). Os resultados
indicam que as alterações hormonais são os principais causadores da
toxicidade à reprodução, tanto no nível endócrino como nas gônadas.
Observou-se que o níquel (Ni 2+) é capaz de imitar a hipóxia, pois pode
conduzir à ativação de algumas vias de sinalização e a transcrição dos
fatores, o que, eventualmente, resultará na alteração da expressão do gene
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e do metabolismo celular. Consequentemente, eis a base da gênese da
toxicidade reprodutiva e da carcinogenicidade (FORGACSA, et al., 2012).
Num estudo com 356 mulheres que trabalhavam em uma refinaria de
níquel no Ártico russo, constatou-se que houve maior taxa de abortos
espontâneos (15,9%) em comparação com a taxa correspondente a 342
mulheres locais que não trabalhavam na planta (8,5%). Ratos expostos ao
sulfato de níquel sofreram degeneração testicular (KAS, DAS, DHUNDASI,
2008).
9) Monitorizações da Exposição
9.1 Vigilância ambiental
A vigilância da presença do níquel é de grande importância para avaliar o
risco da exposição ambiental e da ocupacional ao metal. O níquel no ar (Ni-
Ar) é o indicador mais usado para a quantificar as concentrações do agente.
No caso da vigilância da exposição ocupacional, amostras podem ser
coletadas por 8 h contínuas, constituindo uma única amostra, ou podem ser
coletadas duas amostras, de 4 horas cada. As amostras devem ser coletadas
próximas à zona respiratória dos trabalhadores. A coleta geralmente é
realizada com cassetes e filtro de membrana de éster celulose, seguindo-se o
tratamento com ácido nítrico. Dentre as técnicas mais sensíveis empregadas
na determinação analítica do níquel destaca-se a espectrometria de
absorção atômica, tanto a modalidade que utiliza como atomizador o forno
de grafite quanto a que usa a chama (AZEVEDO, CHASIN, 2003).
9.2 Vigilância biológica
A vigilância biológica de trabalhadores expostos a agentes químicos tem
relevância como medida de avaliação de risco à saúde. O níquel no sangue
(Ni-S) e na urina (Ni-U) são os bioindicadores que mais têm sido estudados
para a biomonitorização a este metal e seus compostos. Alguns autores
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consideram que os resultados provenientes do soro são preferíveis, pois são
menos dependentes da função renal e menos sujeitos ao risco de
contaminação (AZEVEDO, CHASIN, 2003).
Embora o Brasil não tenha definido valores de referência de base
populacional, alguns estudos particulares tentaram estabelecer valores de
referência regionais para metais. (AZEVEDO, CHASIN, 2003).
Os processos de urbanização e de industrialização têm levado ao
aparecimento de áreas contaminadas em diferentes regiões. No Estado de
São Paulo já foram detectadas mais de 4,5 mil áreas contaminadas
(CETESB, 2012).
Um estudo realizado por KIRA (2011), com 1324 indivíduos de ambos os
gêneros, sendo 786 adultos (14 a 70 anos) e 538 crianças (6 a 13 anos),
amostradas das zonas centro, norte, sul, leste e oeste do município de São
Paulo, analisou-se a quantidade no sangue, de acordo com alimentação,
hábitos de vida e possíveis exposição ao metal. Os resultados apontam que
para a concentração do níquel no sangue, os fatores determinantes foram
faixa etária, consumo de peixe, vísceras e miúdos e consumo de frango,
porém indicam que a população estudada não está exposta a níveis
preocupantes de exposição.
10) Documentos de Segurança
A Ficha de Informações de Segurança De Produtos Químicos (FISPQ)
fornece informações sobre vários aspectos de produtos químicos
(substâncias ou misturas) quanto à proteção, à segurança, à saúde e ao
meio ambiente. São conhecimentos básicos sobre os produtos químicos,
recomendações sobre medidas de proteção e ações em situação de
emergência. Em países que adotam a língua inglesa, tal ficha é chamada de
Safety Data Sheet (SDS).
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Seguem-se exemplos da FISPQ do níquel e de seus compostos. Enfocando
apenas as seções que retratam o objeto deste artigo, como classificação,
toxicidade e limites de exposição (NBR 14725-4).
Cloreto de níquel hexahidratado:
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Nitrato de níquel hexahidratado:
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Sulfamato de níquel
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Minério concentrado de níquel:
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Conclusão
Os estudos comprovam que qualquer esforço para avaliar os riscos à saúde
para a identificar a toxicidade dos compostos de níquel deve começar com
uma boa coleta de dados. Isso inclui monitorar alimentos, água, local de
trabalho, traçar o perfil de risco quem está mais exposto e a qual
componente, qual a forma dessa exposição. Devem se criar programas que
permitam a vigilância no local, compreendendo os limites de exposição,
legislativas aplicáveis e implementar um programa de monitoramento que
permite a comparação das exposições dos seres a esses limites.
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Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox
de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Quantificação de nitrato e nitrito utilizados
em linguiças tipo calabresa comercializadas
em Picos-PI
Quantification of nitrate and nitrite used in
Calabrian sausage type commercialized in Picos-PI
Viviane de Sá Carvalho Sousa
Graduanda do Curso Bacharelado em Nutrição, Universidade Federal
do Piauí/ CSHNB, Picos, PI, Brasil.
Sabrina Almondes Teixeira
Graduada em Nutrição, UFPI, Picos; Especialista em Nutrição e
Controle de Qualidade de Alimentos, Instituto de Tecnologia Aplicada,
Sobral-CE. Mestranda em Alimentos e Nutrição, UFPI-PPGAN,
Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: [email protected]
Bárbara Verônica Sousa Cardoso
Graduada em Nutrição, UFPI, Teresina; Especialista em Nutrição
Humana e Saúde, Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais;
Mestre em Ciências e Saúde, UFPI, Teresina. Docente da Universidade
Federal do Piauí, CSHNB, Picos, Piauí, Brasil.
Leonardo Henrique Guedes de Morais Lima
Graduado em Ciências Biológicas, UEPB, Campina Grande, Natal;
Mestre em Genética e Biologia Molecular, UFRN; Docente da
Universidade Federal do Piauí, CSHNB, Picos, Piauí, Brasil.
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox
de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Resumo
Os conservantes vêm sendo cada vez mais utilizados pela indústria de
alimentos, visto que podem impedir ou retardar alterações causadas por
microrganismos, enzimas e/ou agentes físicos. Dentre estes conservantes
está o nitrato e o nitrito, utilizados para inibir o crescimento de
microrganismos patogênicos e conferir cor e sabor aos alimentos.
Entretanto, contrapondo-se com os benefícios gerados pelo uso desses
compostos, estão os efeitos tóxicos que podem ser causados pela sua
ingestão. Um dos mais relevantes efeitos decorrentes da ingestão desses íons
é a metahemoglobina e consequente redução do transporte de oxigênio. Além
disso, a quantidade excedente destes íons pode ocasionar um aumento da
ocorrência de câncer de estômago em seres humanos, em consequência da
formação de N-nitrosaminas, caracterizadas como compostos de alto
potencial mutagênico. Com o objetivo de avaliar o teor desses aditivos em
linguiças do tipo calabresa comercializados na cidade de Picos-PI, foram
analisadas 4 amostras por meio do método de Griess Ilosvay, e todas
apresentaram resultado superior ao preconizado pela legislação, tornando-se
necessário maior fiscalização no processo produtivo para garantir a
qualidade do produto fornecido e minimizar ou anular os riscos à saúde dos
consumidores.
Palavras-chave: Conservantes alimentares. Produtos Cárneos. Toxicidade.
Saúde pública.
Abstract
Preservatives has been increasingly used by the food industry, as they may
prevent or delay changes caused by microorganisms, enzymes and / or
physical agents. Among these food additives there are nitrate and nitrite,
used to inhibit the growth of pathogenic microorganisms and impart color
and flavor to the food. However, in contrast with the benefits generated by
the use of these compounds are toxic effects that may be caused by their
ingestion. One of the most important effects of the intake of these ions is the
methemoglobinemia and consequent reduction in oxygen transport.
Furthermore, the excess amount of these ions may cause an increased
incidence of stomach cancer in human beings, due to the formation of N-
nitrosamines, which are characterized as high mutagenic compounds. In
order to assess the content of these additives in the Calabrian sausage type
sold in the city of Picos-PI, 4 samples were analyzed using the Griess
Ilosvay method, that showed better results than recommended by law,
making it necessary to pay extra attention to the production process, to
ensure the quality of the delivered product and minimize or negate the risks
to consumer health.
Keywords: Food Preservatives. Meat Product. Toxicity. Public health.
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox
de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Introdução
Atualmente, os conservantes vêm sendo cada vez mais utilizados pela
indústria de alimentos, visto que é crescente a procura por alimentos
quimicamente estáveis, seguros e de maior durabilidade, características que
só podem ser alcançadas através do uso de tais substâncias, pois tem a
função de retardar ou impedir alterações nos alimentos provocadas por
microrganismos, enzimas e/ou agentes físicos. No entanto essas substâncias
só podem ser utilizadas quando não oferecerem nenhum risco à saúde
humana, devendo estar de acordo com as normas e quantidades
estabelecidas pelos órgãos regulamentadores, sendo seu uso justificado
apenas quando servir para melhorar as condições dos alimentos (TONETTO
et al., 2008).
Recentemente, o mercado consumidor tornou-se cada vez mais cauteloso
quanto a segurança dos alimentos e dentre os vários itens relacionados com
a segurança alimentar, os aditivos estão entre os mais controversos. Diante
do ponto de vista tecnológico é inegável que os aditivos alimentares
desempenham um papel importante no desenvolvimento de alimentos.
Entretanto, seu uso é um tema que desperta preocupação (VARELA;
FISZMAN, 2013).
Diversos estudos têm mostrado que entre as muitas substâncias químicas
capazes de provocar problemas a saúde dos indivíduos estão o nitrato e o
nitrito, que são aditivos utilizados como conservantes em vários alimentos.
Em produtos cárneos tem como finalidade inibir o crescimento de
microrganismos patogênicos, como o Clostridium botulinum, conferir
aspectos sensoriais característicos às carnes curadas, além de retardar a
oxidação lipídica. Em contrapartida aos efeitos benéficos resultantes da
utilização dessas substâncias na conservação de alguns gêneros
alimentícios, encontra-se também o efeito tóxico que pode ser causado em
indivíduos expostos aos mesmos, dependendo da quantidade ingerida e da
susceptibilidade do organismo (DUARTE, 2010; FERREIRA et al., 2013)
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox
de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Guerreiro et al. (2012) afirmam que um dos efeitos tóxicos mais relevantes
decorrentes da ingestão de nitrito e nitrato é a metahemoglobinemia,
caracterizada pelo aumento da metahemoglobina no sangue e consequente
redução do transporte de oxigênio. Esta síndrome pode ocorrer por
alterações congênitas na síntese ou metabolismo da hemoglobina, como
também em situações de desequilíbrio nas reações de redução e oxidação da
mesma. Além disso, a quantidade excedente destes íons pode ocasionar um
aumento da ocorrência de câncer de estômago em seres humanos. Tal
consequência é explicada pelo fato da possível reação do nitrito com aminas
para formar N-nitrosamina, composto que apresenta potencial carcinogênico
e ação teratogênica em animais (FOOD INGREDIENTS BRASIL, 2011).
A fabricação de produtos cárneos embutidos possibilita o aumento da vida
útil das carnes, por meio da adição de íons como o nitrato e o nitrito, além de
diversificar a oferta de derivados. Esses produtos são elaborados com carnes
ou outros tecidos animais comestíveis, curados ou não, defumados e
dessecados ou não, tendo como envoltório natural tripas, bexigas ou outras
membranas animais ou envoltório artificial apropriado (LEITE, 1989).
A linguiça comparada com outros produtos cárneos embutidos destaca-se por
sua fácil aceitação e comercialização. São utilizados no processo de produção
carnes de animais de açougue, adicionadas ou não de tecidos adiposos, e o
processamento pode ocorrer em estabelecimentos de micro, pequeno, médio e
grande porte. Adicionam-se ao processo aditivos (nitrito, nitrato e outros)
empregados para melhorar as características sensoriais do produto
(RODRIGUES et al., 2012).
A legislação brasileira, conforme a Portaria nº. 1004/1998, estabelecida pelo
Ministério da Saúde, e por meio da Instrução Normativa n° 51/2006,
aprovada pelo Ministério da Saúde, Agropecuária e Abastecimento, atribui
um limite máximo para a quantidade desses conservantes nos produtos a
serem consumidos de 150 mg/kg (de nitrito de sódio ou potássio) e 300 mg/kg
(de nitrato de sódio ou potássio). A mesma portaria permite a combinação de
nitrito e nitrato, caso a soma das suas concentrações não seja superior a 150
mg/kg (BRASIL, 1998; BRASIL, 2006).
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox
de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Avaliando a importância industrial e os aspectos toxicológicos desses
aditivos, é essencial que seja executado o monitoramento do seu teor,
evitando dessa forma riscos à saúde da população. A principal ferramenta
para assegurar que esses produtos estejam enquadrados nas determinações
legais é através de sua determinação quantitativa. Diante do exposto, o
presente trabalho verificou quantitativamente e qualitativamente a
presença de nitrato e nitrito em amostras de linguiças comercializadas na
cidade de Picos/PI.
Materiais e Métodos
Para a realização deste estudo foram utilizadas quatro marcas de linguiças
tipo calabresa industrializadas e comercializadas em diferentes
supermercados. Para definição das marcas a serem utilizadas por este
trabalho foram consideradas as de maior comercialização em diferentes
pontos de venda. Já a escolha dos locais para aquisição das amostras visou a
abranger toda a cidade de Picos, envolvendo supermercados de grande,
médio e pequeno porte.
As quatro marcas (uma amostra de cada marca) foram selecionadas e as
análises foram realizadas durante os meses compreendidos entre setembro e
outubro de 2014. Foram coletadas em sacos plásticos devidamente
esterilizados e identificados, utilizando isopores com gelo durante o
transporte. Posteriormente as amostras foram analisadas pelo método
Griess Ilosvay (metodologia desenvolvida pelo Instituto Adolfo Lutz, 2010),
em parceria com o Laboratório Pureáguas: Controle de Qualidade de Água e
Alimentos, Teresina - PI, objetivando a extração e a quantificação de
nitratos e nitritos.
O método Griess Ilosvay consiste em três etapas, como demonstrado na
Figura I: a primeira delas visa à extração dos íons da amostra, com adição
de reagentes como tetraborato de sódio, acetato de zinco, utilização da
técnica de banho-maria e posteriormente a filtração do conteúdo. A segunda
etapa se dá pela utilização da solução resultante da primeira fase e a essa
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox
de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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adicionam-se reagentes como a sulfanilamida e, para finalizar, a solução é
levada para leitura de absorbância na curva analítica do espectrofotômetro.
De forma semelhante, na terceira utiliza-se a solução da primeira fase,
adicionando-se a esta, soluções como o Tampão pH 9,6-9,7. Posteriormente
passa-se o conteúdo pela coluna de cádmio, adiciona-se o reagente
sulfanilamida e, finalmente, realiza-se a leitura substanciado extrato
resultante na curva analítica do espectrofotômetro.
Figura I – Diagrama analítico da quantificação de nitrito e nitrato presentes em linguiças
do tipo calabresa comercializadas em Picos-PI, 2014.
Os resultados obtidos das análises feitas por esse trabalho foram
comparados com os padrões legais preconizados pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da instrução
normativa n° 51/2006, e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), por meio da portaria n° 1004/1998 (BRASIL, 1998; BRASIL,
2006).
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox
de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Resultados e Discussão
Nesse estudo foram analisadas as concentrações de Nitrito (NO2-) e Nitrato
(NO3-) em todas as amostras coletadas. Além de serem determinadas as
concentrações separadas de cada composto, foi considerada a soma dos
teores desses íons. A Tabela I apresenta os resultados obtidos pelas análises.
Tabela I – Resultados das análises de nitrito e nitrato em linguiças do tipo calabresa
comercializadas em Picos-PI, 2014.
Observou-se que as concentrações das amostras variaram de 105,0 mg/kg a
122,0 mg/kg e de 234,0 mg/kg a 245,0 mg/kg para NO2- e NO3
-,
respectivamente, enquanto que a soma dos dois compostos variou de 339,0
mg/kg a 367,0 mg/kg. A marca A apresentou as menores concentrações de
ambos os compostos, estando entre 105,0 mg/kg para NO2-, 234,0 mg/kg para
NO3- e totalizando 339,0 mg/kg na soma dos dois compostos. Em
contrapartida a marca C foi a que apresentou o maior teor tanto de NO2-
como de NO3-, mostrando valores de 122,0 mg/kg e 245,0 mg/kg, somando
367,0 mg/kg na junção de ambos os íons.
Analisando os teores de nitrito e nitrato separadamente, nota-se que em
todas as marcas avaliadas as quantidades obtidas obedecem aos níveis
propostos pela legislação (150mg/kg para Nitrito e 300mg/kg para o Nitrato).
Tais resultados assemelham-se aos obtidos por Baú et al. (2012), que
verificaram que as quantidades de nitrito e nitrato para todas as amostras
analisadas estavam de acordo com os parâmetros estabelecidos por lei.
Petruci (2009), ao avaliar os teores de nitrato e nitrito em amostras de
diferentes produtos cárneos comercializados em Araraquara-São Paulo,
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
nitrito utilizados em linguiças tipo calabresa comercializadas em Picos-PI. Revista Intertox
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constatou que todos os produtos analisados atendiam aos padrões
estabelecidos pela ANVISA.
Bohrz (2013), analisando os teores de nitrato e nitrito em linguiças tipo
frescal, também evidenciou que nenhuma das amostras apresentavam
quantidades que excediam os limites máximos tolerados para carnes e
produtos cárneos, concluindo que as amostras analisadas não ofereciam
riscos à saúde humana.
De modo semelhante, Filho e Silva (2013), avaliando a composição físico-
química de carne bovina salgada, curada e dessecada para o cumprimento
legal dos parâmetros de qualidade do Jerked Beef comercializado na região
do vale do Paraíba, constataram que das 10 (dez) amostras analisadas
nenhuma apresentou quantidades de conservantes fora dos limites
estabelecidos legalmente.
Em contrapartida, Andrade e Trigueiro (2008) concluíram que metade das
amostras por eles estudadas continham teor de nitrito acima do permitido
pela legislação. Já um estudo realizado em Taquari-RS mostrou que 37,5%
das amostras de linguiças analisadas apresentavam valores superiores de
NaNO2 e NaNO3 em relação aos permitidos pela legislação (SCHEIBLER et
al., 2013).
Oliveira (2005) conclui em seu trabalho que há uma grande variação nos
teores de nitrato e nitrito entre as amostras dos produtos analisados e tais
diferenças prevalecem até entre os lotes de um mesmo produtor. O autor
destaca, ainda, que a maioria das marcas de linguiças por ele estudadas está
adequada, porém 7,1% delas ultrapassaram os padrões legais.
Analisando estudos realizados em outros países, pode-se perceber que o uso
indiscriminado de nitrito e nitrato não é restrito ao Brasil. De acordo com
estudo feito por Bernal e Mendoza (2013) na cidade de Cuenca, no Equador,
para avaliar o teor de nitrito em salsichas, ficou evidenciado que das 7
marcas analisadas, 6 apresentaram valores superiores ao estabelecido
(125,0 mg/kg) pela legislação vigente naquele país.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da
instrução Normativa n° 51/2006, e a Agência Nacional de Vigilância
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
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Sanitária (ANVISA), por meio da Portaria 1004/1998, além de preconizarem
limites máximos para utilização de cada um desses compostos, também
estabelecem que a mistura de aditivos com igual função pode ser feita
apenas quando a soma de todas as concentrações não for superior ao limite
máximo para cada um deles. Com base nisso, verificou-se nesse trabalho que
todas as amostras estudadas apresentaram valores acima dos preconizados
pela legislação brasileira, visto que ultrapassaram, em mais de duas vezes, o
limite estabelecido que é de 150,0 mg/kg, trazendo aos consumidores graves
riscos para sua saúde (BRASIL, 1998; BRASIL, 2006).
Não se pode afirmar ao certo que os valores excedentes de tais conservantes
são em sua totalidade resultantes da utilização indevida dos fabricantes,
visto que é necessário levar em consideração a possibilidade da existência
desses íons na forma natural nos produtos animais, que ocorre através da
absorção pelo pasto ou pelas águas. Os vegetais, de modo geral, são fontes
naturais de nitrato, este utilizado como fonte de nitrogênio para o
crescimento das plantas. Assim, as concentrações naturais de nitrato e
nitrito presente nos alimentos cárneos estão diretamente relacionadas ao
uso de fertilizantes e das condições nas quais a pastagem é cultivada,
colhida e armazenada (WALKER, 1975; GUADAGNIN, 2004).
Outra questão que deve ser considerada é a redução do nitrato a nitrito por
bactérias presentes na carne. Este fato foi evidenciado no século XIX, onde
descobriu-se que o nitrato se reduzia a nitrito mediante um processo
bacteriano, envolvendo espécies tais como Micrococcus epidermidis,
Micrococcus nitrificans e Achromobacter dendriticum, estas denominadas de
bactérias redutoras de nitrato (CASSENS et al., 1979; PEGG; SHAHIDI,
2004; SEBRANEK; BACUS, 2007).
Os fatos supracitados tona difícil a discussão dos resultados finais no que se
diz respeito à origem dos íons e quanto à forma inicialmente presente no
alimento. No entanto, não se deve excluir a responsabilidade do fabricante
quanto aos cuidados e obediência às normas estabelecidas pela legislação,
pois o mesmo, deve também considerar a existência dos íons na forma
natural dos produtos, assim como ter maior rigor no seu uso, estando atento
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
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aos princípios para sua utilização estabelecidos pelo Ministério da Saúde,
que afirma que a segurança do emprego de aditivos é imprescindível e deve
limitar-se ao nível mínimo para obter o efeito desejado (BRASIL, 1998).
Apesar de o nitrito e nitrato serem utilizados há muito tempo, e sabendo-se
que sua utilização em altas concentrações pode resultar em prejuízos à
saúde, conforme descrito por vários estudos realizados durante as últimas
décadas, tais como a metahemoglobinemia e a formação de N-nitrosaminas,
ainda existem falhas quanto ao seu uso e á fiscalização (PAULA, 2009).
Diante disto, a verificação de valores acima do permitido para as amostras
estudadas trazem bastante preocupação quanto à fabricação dos produtos
cárneos comercializados em Picos-PI.
Conclusão
De acordo com os resultados obtidos por esse estudo, é possível afirmar que
todas as amostras de linguiças apresentaram teores superiores da soma de
nitrito e nitrato em relação aos padrões estabelecidos pela legislação
vigente, indicando que tais produtos podem causar sérios riscos toxicológicos
aos consumidores. Dessa forma, conclui-se que os produtores de tais marcas
precisam estar atentos às quantidades utilizadas desses conservantes, pois
devem considerar a possível existência dos mesmos na forma natural dos
produtos e mediante isso, garantir que o uso seja no nível mínimo para
alcançar seu objetivo, adequando-se a um sistema de produção que garanta
a segurança alimentar, assim como a existência da necessidade de haver
uma ação mais eficaz da Vigilância Sanitária para orientar o produtor e
fiscalizar o uso desses compostos, visando a evitar os danos toxicológicos e
garantir a saúde do consumidor, pois a qualidade sanitária dos alimentos
deve ser uma prioridade para a saúde pública, uma vez que o fornecimento
de alimentos seguros, além de promover a saúde da população, é um direito
básico dos cidadãos.
Artigo original
SOUSA, Viviane de Sá Carvalho; TEIXEIRA, Sabrina Almondes; CARDOSO, Bárbara
Verônica Sousa; LIMA, Leonardo Henrique Guedes de Morais. Quantificação de nitrato e
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de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 55-67, jun. 2016.
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Agradecimentos
Ao laboratório Pureáguas – Controle de Qualidade de Água e Alimentos,
pela parceria na realização desse estudo.
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Artigo original
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa
Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Determinação quantitativa de fenobarbital
em plasma por cromatografia líquida de alta
eficiência
Quantitative determination of phenobarbital in
plasma by high performance liquid
chromatography
Antonia Karine Barros Nojosa
Graduanda em Farmácia pela Universidade Federal do Ceará;
E-mail: [email protected]
Janete Eliza Soares de Lima
Professora doutora da Disciplina de Toxicologia de Alimentos,
Departamento de Farmácia da Faculdade de Farmácia, Odontologia e
Enfermagem da Universidade Federal do Ceará;
E-mail: [email protected]
Teresa Maria de Jesus Ponte Carvalho
Professora doutora da Disciplina de Análises Toxicológicas,
Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de
Farmácia, Odontologia e Enfermagem da Universidade Federal do
Ceará. E-mail: [email protected]
Artigo original
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa
Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Resumo
Os medicamentos representam agentes importantes como provocadores de
intoxicações, dentre estes estão os anticonvulsivantes e o fenobarbital como
um representante desta classe. O fenobarbital é utilizado para o tratamento
de epilepsia para prevenir crises convulsivas e apresenta uma margem
terapêutica estreita. Pode ocasionar tolerância, o que resulta na ingestão de
doses muito maiores que a dose terapêutica, podendo causar toxicidade em
concentração sérica elevada. A intoxicação por fenobarbital provoca
alteração da consciência, depressão respiratória e vasomotora, podendo
resultar em coma. Logo, a determinação quantitativa do fenobarbital
juntamente com a detecção dos sintomas clínicos irá contribuir na
confirmação do diagnóstico de intoxicação. O presente trabalho teve como
objetivo a padronização e validação de método analítico para a quantificação
sérica de fenobarbital por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência – CLAE,
estabelecendo-se os parâmetros de linearidade, limite de quantificação,
curva de calibração, precisão e exatidão. O estudo realizado é do tipo
analítico, quantitativo. Foi realizado no Laboratório de Toxicologia da
Universidade Federal do Ceará. O princípio do método por CLAE se baseia
na separação por fase reversa, em modo isocrático utilizando-se uma
mistura de água ultrapura e acetonitrila e detector UV, em comprimento de
onda de 215 nm. O método foi linear de 2 a 60 µg/mL com limite de
quantificação de 2 µg/mL, mostrando-se preciso e exato e apresentando boa
recuperação. Conclui-se que o método desenvolvido demonstrou possuir
parâmetros necessários para ser utilizado na quantificação de fenobarbital
em amostras de plasma ou soro humano para análise de emergência.
Palavras-chave: Fenobarbital. Toxicologia analítica. Validação.
Artigo original
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa
Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Abstract
The drugs are agents provocateurs of intoxication. Among these are the
anticonvulsants and the phenobarbital is a representative of this class,
being utilized for the treatment of epilepsy to prevent seizures.
Phenobarbital has a narrow therapeutic window and may cause tolerance
resulting in ingesting much larger doses than the therapeutic dose, may
cause toxicity at high serum concentrations. Phenobarbital intoxication
causes alteration of consciousness, respiratory depression and vasomotor
and may result in coma. Therefore, the quantitative determination of
phenobarbital, along with the detection of clinical signs will help to confirm
the poisoning diagnostic. This study aimed standardization and validation
of analytical methods for the quantification of phenobarbital serum by high-
performance liquid chromatography - HPLC, establishing the parameters
linearity, quantification limit, calibration curve, precision and accuracy. The
conducted study is the analytical, quantitative type. It was held at the
Toxicology Laboratory of the Federal University of Ceará. The principle of
the method is based on HPLC separation by reverse phase in isocratic mode
using a mixture of acetonitrile and ultrapure water and UV detector at a
wavelength of 215 nm. The method was linear from 2 to 60μg / mL with
quantification limit of 2 ug/mL, being precise and accurate and showing
good recovery. It follows that the method developed has demonstrated
required parameters to be used in the quantification of phenobarbital in
plasma samples or human serum for emergency analysis.
Key words: Phenobarbital. Analytical toxicology. Validation.
Artigo original
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa
Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Introdução
A epilepsia é um distúrbio da função cerebral que atinge milhões de pessoas
pelo mundo. Sua principal manifestação clínica é a ocorrência de convulsões,
decorrentes da atividade neuronal excessiva ou pela falta de sincronia
durante a transmissão do impulso nervoso (RUTECKI; GIDAL, 2002). A
farmacoterapia é o tratamento mais comum da epilepsia e dispõe de vários
medicamentos para prevenir a ocorrência das crises convulsivas,
observando-se uma resposta adequada entre 60 e 70% dos pacientes
(BRUM; ELISABETSKY, 2000).
O fenobarbital (C12H12N2O3) foi o primeiro agente orgânico sintetizado a
partir do ácido barbitúrico e apresenta propriedades anticonvulsivantes,
hipnóticas e sedativas. É utilizado principalmente no controle de convulsões
dos tipos tônico-clônicas e parcial simples, em concentrações que produzem
sedação mínima. Atua como depressor não seletivo do sistema nervoso
central (SNC) (DALMORA et al., 2010). Apresenta uma margem terapêutica
estreita de 10 a 40 µg.mL-1 e o desenvolvimento de tolerância resulta na
ingestão de doses muito maiores que a dose terapêutica, e dados na
literatura mostram que há toxicidade em concentração sérica acima de 30
µg.mL-1 (PASTORE et al., 2007). Logo a monitorização terapêutica é
necessária, uma vez que a faixa terapêutica de fármacos utilizados em crises
epiléticas deve esta num intervalo seguro para sua administração e a
overdose pode levar a intoxicações severas.
Segundo o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológica
(SINITOX, 2012), os medicamentos são citados como um dos principais
agentes responsáveis por intoxicações, ocasionadas por tentativa de suicídio,
acidente individual, uso terapêutico, erros de administração e
automedicação (SOARES et al., 2014). Em estudo realizado em um centro de
assistência toxicológica no Paraná entre 2007 e 2011, com mulheres em
idade fértil, intoxicadas por medicamentos, observou-se que dentre os
medicamentos utilizados estão aqueles com atuação no Sistema Nervoso
Central, destacando-se os anticonvulsivantes e os antidepressivos
(TAKAHAMA et al., 2013).
Em um estudo realizado na cidade de São Paulo, foram avaliados 6535 casos
de intoxicação e destas 1028 foram drogas anti-epiléticas e as mais
freqüentemente observados foram fenobarbital, carbamazepina, diazepam e
clonazepam (BONILHA et al. 2005).
Artigo original
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa
Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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Vários métodos têm sido propostos para quantificar fármacos
anticonvulsivantes. A cromatografia é um método físico-químico muito útil,
devido à simplicidade no preparo da amostra, para identificar compostos
desconhecidos, contribuindo para o diagnóstico de intoxicação por
medicamentos nos atendimentos de urgência. A cromatografia se baseia no
princípio da migração dos componentes de uma mistura, resultado das
diferentes interações entre as fases estacionária e móvel (SKOOG, 2002).
Dentre todas as técnicas analíticas de separação, a Cromatografia Líquida
de Alta Eficiência com Detector de Arranjo de Diodos (CLAE/DAD) é a mais
utilizada, fornecendo resultados em poucos minutos, além de ser uma
técnica eficiente na separação com alta resolução e sensibilidade (TORRES,
2009). O fenobarbital presente em amostras de plasma sanguíneo pode se
extraído, separado e identificado conforme as condições cromatográficas
estabelecidas (NERY, 2011).
O objetivo deste estudo foi o desenvolvimento e a validação de um método,
que possibilite identificar e quantificar o fármaco fenobarbital em amostras
de plasma sanguíneo por CLAE/DAD. A validação é uma forma de garantir
que o método analítico atende as exigências estabelecidas e assegura
confiabilidade dos resultados.
2) Materiais e Métodos
A realização da análise quantitativa de fenobarbital em plasma foi realizada
por CLAE/DAD. As análises foram realizadas no Laboratório de Toxicologia
do Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas da Universidade
Federal do Ceará. O método cromatográfico por CLAE se baseia na
separação utilizando-se fase reversa, em modo isocrático utilizando-se uma
mistura de água ultrapura e acetonitrila e detector UV, em comprimento de
onda de 215 nm.
2.1 Reagentes e soluções
Para o método cromatográfico: éter metil tert-butílico (VETEC®); Metanol
(VETEC®); e Acetonitrila grau HPLC (J.T.BAKER®). A fase móvel utilizada
para CLAE foi: Água ultrapura/Acetonitrila (70/30).
2.2 Equipamentos
Foram utilizados: balança analítica de precisão RK®-200, banho ultrassom
QUIMIS® modelo Q335D, Sistema MilliQ - ELGA®(resistividade 18,2
Artigo original
NOJOSA, Antonia Karine Barros; LIMA, Janete Eliza Soares de; CARVALHO, Teresa
Maria de Jesus Ponte. Determinação quantitativa de fenobarbital em plasma por
cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e
Sociedade, v. 9, n. 2, p. 68-78, jun. 2016.
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MΩ.cm), bomba a vácuo GAST®, banho-maria Edulab®, Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência (CLAE) Accela Thermo Scientific®com sistema de
bombeamento, detector com arranjo de diodos (DAD) e sistema de aquisição
de dados ChromQuest 5.0, coluna analítica ODS HYPERSIL C18 (250 x 4,6
mm – 10 µm) da Thermo Scientific®.
2.3 Preparo das amostras e procedimento de análise
A curva de calibração foi construída com 6 pontos em triplicatas. Preparou-
se uma solução estoque de fenobarbital com concentração de 10 mg/mL, e a
partir desta, as soluções de trabalho nas concentrações de 20, 40 80, 200,
400 e 600 µg/mL em metanol. Para o método cromatográfico, retirou-se 25
µL dessas soluções de trabalho e adicionadas a 250 µL de plasma, obtendo-
se concentrações de 2, 4, 8, 20, 40 e 60 µg/mL de plasma. Utilizou-se o
barbital como padrão interno, preparando uma solução estoque de
concentração 1 mg/mL, diluindo-a para uma concentração intermediária de
100 µg/mL em metanol, adotando esta como solução de trabalho para todas
as amostras.
O plasma foi descongelado em temperatura ambiente, em seguida, a 250 µL
de plasma foram adicionados 25 µL das soluções de trabalho do fenobarbital
(2 – 60 µg/mL), 25 µL do padrão interno de barbital (100 µg/mL), 25µL de
solução de HCl 1mol/L e 1mL de éter metil-terc-butilíco. Agita-se por 10
minutos e submetido à centrifugação por 10 minutos a 5000 rpm. Foram
retirados 500 µL do sobrenadante e evaporado em concentrador rotacional a
39º C por 25 minutos. O resíduo foi ressuspenso em 100 µL de metanol, em
seguida transferiu-se para um insert e 20 µL injetado no CLAE.
2.4 Validação
Para garantir que o método analítico forneça informações confiáveis e
interpretáveis, ele passa por processos de validação conduzida com base na
RDC n° 27 de 17 de maio de 2012, da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (BRASIL, 2012). Os principais parâmetros avaliados foram:
linearidade, limite quantificação, precisão e exatidão (LEITE, 2002).
2.4.1 Linearidade
A linearidade corresponde à capacidade do método em fornecer resultados,
que sejam diretamente proporcionais à concentração da substância
analisada numa determinada faixa de aplicação (JARDIM et al., 2004). Foi
construída uma curva de calibração para o fármaco de interesse em plasma,
onde os coeficientes da curva foram estimados por regressão linear, que
Artigo original
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cromatografia líquida de alta eficiência. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e
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permitem avaliar a qualidade da curva obtida. A faixa de linearidade
testada foi de 2 – 60 µg/mL para o fenobarbital.
2.4.2 Limite de quantificação
O Limite de quantificação (LQ) avalia a menor concentração do analito, que
pôde ser quantificada com precisão e exatidão aceitáveis, sob as condições
experimentais adotadas. O LQ pode ser afetado pelas condições
cromatográficas, e picos maiores aumentam a relação sinal-ruído, resultados
em valores mais baixos. O erro no cálculo do LQ pode ser evitado ao utilizar
o método baseado nos parâmetros da curva analítica, onde esta deverá
conter a concentração correspondente ao LQ (JARDIM et al., 2004).
2.4.3 Precisão
A precisão avalia a proximidade entre as várias medidas efetuadas na
mesma amostra, e o resultado foi expresso pelo coeficiente de variação (CV
%), não sendo admitidos valores de coeficiente de variação inferiores a 15 %
(BRASIL, 2012). As amostras foram analisadas no mesmo dia (intra-ensaio)
e em três dias consecutivos (inter-corrida), e em sextuplicata, utilizando as
três concentrações 4, 30 e 50 µg/mL como as concentrações baixa, média e
alta, respectivamente (RIBANI et al., 2004).
2.4.4 Exatidão
A exatidão é o grau de concordância entre o resultado de um ensaio e um
valor de referência, calculando-se o erro padrão relativo (EPR). As amostras
foram analisadas no mesmo dia (intra-corrida) e em três dias consecutivos
(inter-corrida) e em sextuplicata, utilizando as três concentrações 4, 30 e 50
µg/mL como as concentrações baixa, média e alta, respectivamente (RIBANI
et al., 2004).
3) Resultados e Discussão
O presente estudo padronizou e validou a metodologia cromatográfica por CLAE
com um tempo total de análise em torno de nove minutos, cujo tempo de retenção
para o fenobarbital foi de 7,503 e do barbital de 4,155 (Figura 1), mostrando ser
uma técnica de analise rápida. Não houve nenhuma interferência de picos de
substâncias endógenas do plasma, sugerindo seletividade excelente.
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O barbital foi utilizado como padrão interno, levando em consideração que
suas propriedades físico-químicas são semelhantes às do fenobarbital, possui
solubilidade nas soluções analíticas e não interfere na determinação do analito.
Figura 1: Cromatograma do Fenobarbital por CLAE/DAD. Fase Móvel:
Água/Acetonitrila (70/30), coluna C18, fluxo1 mL/min e 215nm.
A linearidade da curva analítica na faixa de 2 – 60 µg/mL de plasma
apresentou coeficiente de correlação (r) igual a 0,9971, coeficiente linear
igual a 0,0271 e coeficiente angular igual a 0,0289. Segundo a ANVISA,
BRASIL (2012), para a validação de métodos analíticos, o coeficiente de
correlação deve ser igual ou superior a 0,98, pois quanto mais próximo esse
valor for de 1, menor será a dispersão dos pontos experimentais e menor
será a incerteza dos coeficientes de regressão estimados. A recuperação foi
em torno de 69 %, realizada comparando-se a área do extraído com a área do
adicionado.
O Limite de Quantificação foi de 2 µg/mL com valores de precisão e exatidão
de 5,17 % e 14,6 %, respectivamente. Os métodos mostraram que o
fenobarbital pode ser quantificado adequadamente, de forma exata e
precisa, uma vez que a ANVISA preconiza os valores de precisão e exatidão
para o limite até 20 %.
Os resultados de precisão e exatidão estão representados na Tabela 1
e foram realizados de acordo com a metodologia pré-determinadas e com
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base na RDC n° 27 de 17 de maio de 2012 da ANVISA. Os métodos
analisados para a determinação quantitativa de fenobarbital apresentaram
precisão e exatidão dentro do intervalo de referência (± 15 %). Os
coeficientes de correlação obtidos foram bem próximos da unidade, logo, as
áreas geradas foram diretamente proporcionais à concentração de
fenobarbital na matriz.
Tabela 1- Análise de precisão e exatidão intra-ensaio e inter-ensaio do método quantitativo
de fenobarbital por CLAE.
Conclusão
Observou-se que a metodologia proposta tem a capacidade de quantificar o
fenobarbital a ser utilizado na monitorização terapêutica do fármaco e no
diagnóstico de intoxicações agudas.
Agradecimentos
Os autores agradecem à FUNCAP (Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela bolsa de Iniciação Científica.
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Artigo original
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna
Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características
Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista
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Resumo
O ciflumetofem é um acaricida utilizado para o controle do Ácaro-da-leprose
(Brevipalpus phoenicis) e Ácaro-purpúreo (Panonychus citri) em culturas de
citrus. Seu uso é aprovado no Brasil, porém, ainda há poucos estudos a
respeito de seus possíveis impactos ambientais. Portanto, o objetivo deste
trabalho foi revisar na literatura dados sobre o ciflumetofem, suas
propriedades físico-químicas e seus dados toxicológicos para, a partir deles,
derivar critérios de potabilidade e de proteção da vida aquática, bem como
verificar sua ocorrência em águas superficiais para possibilitar a avaliação
dos riscos. As características físico-químicas encontradas para esse acaricida
foram: solubilidade em água, coeficiente de partição octanol/água (log Kow),
constante de Henry, Coeficiente de Adsorção normalizado pelo Carbono
Orgânico (Koc) e o tempo de meia vida (DT50). O valor derivado para o
critério de potabilidade foi de 300 μg/L e para o critério para proteção da
vida aquática foi de 0,037 μg/L. Não foram encontrados relatos da presença
do ciflumetofem em corpos hídricos no Brasil ou em outros países, logo, a
avaliação do risco não pôde ser efetuada. Com as informações encontradas
nas bases de dados e cálculos realizados ao longo do trabalho, notou-se que,
caso haja exposição, as chances de riscos para a biota aquática são maiores
do que para o ser humano. Quanto ao produto de transformação (B-3) do
ciflumetofem, não foram calculados os critérios no trabalho devido à
indisponibilidade de dados, porém, estudos apontam que existe a
possibilidade do mesmo ser carreado para o meio aquoso, diante da sua alta
mobilidade no solo. Considerando que os dados ainda são escassos,
recomenda-se o desenvolvimento de mais estudos acerca do ciflumetofem,
para posterior avaliação da necessidade de inserção do composto nas normas
brasileiras.
Palavras-chave: Acaricida. Regulamentação. Potabilidade. Vida aquática.
Toxicidade.
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Abstract
The cyflumetofen is an acaricide used to control of Mite leprosis
(Brevipalpus phoenicis) and Mite purple (Panonychus citri) at citrus crops.
It is approved in Brazil, however, there are few studies about it and its
possible environmental impacts. Therefore, the aim of this work was to
review in the literature the physicochemical properties and available
toxicological data about cyflumetofen and to derive criteria for drinking
water and protection of aquatic life. The derived criteria were compared
with the occurrence of this pesticide in water in order to assess its risk. The
physicochemical characteristics found were: water solubility, octanol-water
partition coefficient (log Kow), Henry's constant, Adsorption coefficient
normalized to the organic carbon (Koc) and the time of half-life (DT50). For
drinking water the derived criteria was of 300 μg/L and for aquatic life
protection, 0,037 μg/L. Studies about the occurrence of cyflumetofen in
water bodies were not found in Brazil or in other countries, so the risk
assessment could not be performed. If there is exposure there are more
chances of risk to aquatic biota than to humans. Regarding the
transformation product of cyflumetofen the criteria were not calculated in
this study because the data are unavailable. Studies show that there is the
possibility of this transformation product reach waters due to their high
mobilities on the soil. Considering that data on this pesticide is still scarce,
we suggest the development of more studies about the cyflumetofen for
further evaluation of the need for inclusion of the compound in Brazilian
rules.
Keywords: Acaricide. Regulation. Potability. Aquatic life. Toxicity.
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Introdução
O ciflumetofem é um ingrediente ativo da Classe dos Acaricidas, pertencente
ao grupo químico benzoilacetonitrila. Foi registrado inicialmente no Japão,
em 2007, para uso em frutíferas, hortaliças, chás e plantas ornamentais
(HAYASHI et al., 2013). No Brasil, é utilizado para o controle do Ácaro-da-
leprose (Brevipalpus phoenicis) e Ácaro-purpúreo (Panonychus citri), com
aprovação para aplicação em culturas de citrus (MAPA, 2003). Devido sua
alta seletividade é apropriado para o manejo integrado de pragas
(HAYASHI et al., 2013).
Entre os produtos agrícolas que utilizam o ciflumetofem como ingrediente
ativo, encontram-se Okay (Fabricante: Iharabras S.A. Indústria Químicas) e
Obny (Fabricante: Arysta Lifescience do Brasil Indústria Química e
Agropecuária Ltda), os quais tiveram suas características e informações
técnicas – bula, rótulo e certificado de aprovação – registradas no Ministério
da Agricultura. Ambos possuem em suas composições 200 g/L de
ciflumetofem (MAPA, 2003).
Os agrotóxicos podem atingir ambientes aquáticos através de suas
aplicações intencionais em culturas agrícolas, pois, a partir delas ocorrem os
escoamentos superficiais por meio da lixiviação, podendo atingir as águas
(MANRIQUE, 2009). A aplicação dos agrotóxicos Obny ou Okay é realizada
por via aérea ou terrestre na cultura de citrus, através de equipamentos que
possibilitem uma cobertura uniforme em toda a planta quando há infestação
nos ramos, folhas e frutos (MAPA, 2003).
De acordo com Manrique (2009), as características químicas do componente
de um agrotóxico no ambiente aquático podem demonstrar maior afinidade
em se aderir a um material particulado em suspensão, depositar-se no
sedimento ou ainda ser absorvido por organismos, o que levará a um
processo de degradação ou acumulação.
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Considerando que existem diversas interações possíveis de um composto no
ambiente e que estas podem influenciar diretamente na exposição ao
composto tóxico pelos organismos aquáticos ou até mesmo seres humanos,
optou-se por estudar as implicações causadas pelo composto tóxico
ciflumetofem, aplicado em citrus, pois, esta cultura apresentou gastos
significativos com agrotóxicos em 2010, que representam 31% do montante
gerado com vendas de defensivos para hortifrútis, com o predomínio de
acaricidas (RODRIGUES; MANARIM, 2011).
Este artigo foi desenvolvido como trabalho final da disciplina EB604 -
Toxicologia Regulatória oferecida no primeiro semestre de 2015 para os
cursos de graduação de Engenharia Ambiental e Tecnologia em Controle
Ambiental da Faculdade de Tecnologia (FT) da Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP).
2) Objetivos
2.1 Objetivo geral
Analisar as características físico-químicas e toxicológicas do ciflumetofem e
suas implicações ambientais.
2.2 Objetivos Específicos
Coletar em bases de dados científicas informações sobre o composto
ciflumetofem;
Verificar sua ocorrência em águas superficiais para possibilitar a
avaliação dos riscos;
Calcular o critério de potabilidade e de proteção para vida aquática do
ciflumetofem, a partir das informações toxicológicas disponíveis;
Verificar a regulamentação relacionada ao composto, analisando-se a
necessidade de inclusão nas normas brasileiras.
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3) Metodologia
Primeiramente foi realizada a busca de informações sobre o ciflumetofem na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA,2015). Em seguida,
verificou-se as características físico-químicas nas bases de dados University
of Hertfordshire (2015) e US Environmental Protection Agency (EPA, 2015).
Com relação às informações toxicológicas do ciflumetofem, os dados
necessários para a derivação dos critérios de potabilidade foram obtidos na
European Food Safety Authority (EFSA, 2015) e EPA (2015).
Dados para os critérios para a vida aquática foram extraídos da University
of Hertfordshire e do site da BASF (2015) e derivados de acordo com os
parâmetros da SBMCTA - Sociedade Brasileira de Mutagênese
Carcinogênese Teratogênese Ambiental.
Utilizou-se a base de dados AGROFIT do MAPA - Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (2015), para verificar os produtos aprovados no
Brasil que tem em suas composições o ciflumetofem como ingrediente ativo.
Dados de comercialização desses produtos foram pesquisados no site do
IBAMA- Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis.
Algumas bases de dados como Science Direct, Web of Science e Compendex
(s.d.) foram utilizadas nas pesquisas sobre a ocorrência do ciflumetofem com
os seguintes descritores: Cyflumetofen in water, Cyfumetofen in
groundwater, Occurence Cyflumetofen in water, Cyflumetofen in surface
water, entre outros.
4) Resultados e Discussões
4.1 Características físico-químicas
4.1.1 Ciflumetofem
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O ciflumetofem possui fórmula molecular C24H24F3NO4 (ANVISA, 2013) e
fórmula química (RS)-2-(4-terc-butilfenil)-2-ciano-3-oxo-3-(α,α,α-trifluoro-o-
tolil) propionato de 2-metoxietila (em inglês 2-methoxyethyl (RS) – 2-(4-tert-
butylphenyl) – 2 – cyano – 3–oxo–3 - (α,α,α – trifluoro – o - tolyl) propionate).
É uma molécula quiral resultante da soma de isômeros ópticos (mistura
racêmica). Devido a essa característica e as suas possíveis transformações
no ambiente, é complexo avaliar e mensurar o risco de seus isômeros,
metabolitos e produtos de transformação em água (EFSA, 2012).
Certas características físico-químicas do ciflumetofem podem contribuir
para avaliação de seu comportamento ambiental, tais como: a solubilidade
em água, coeficiente de adsorção normalizado pelo carbono orgânico (Koc),
constante da lei de Henry (Kh), coeficiente de partição octanol-água (Kow) e
o tempo de meia vida (DT50).
O valor encontrado para a solubilidade do ciflumetofem foi de 28 µg/L a 20°C
e pH 7 (EFSA, 2012). Sendo assim, pode-se dizer que ela é relativamente
baixa e que o processo de lixiviação até a contaminação das águas tenderá a
ser mais lento (BARRIGOSSI; LANNA; FERREIRA, 2005).
Com o coeficiente de adsorção (Koc) é possível prever a tendência do
agrotóxico de permanecer retido em uma superfície sólida, especialmente às
partículas do solo (BARRIGOSSI; LANNA; FERREIRA, 2005). Foram
encontrados dois valores de Koc: 131826 mL/g (EFSA, 2012) e 173900 mL/g
(UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a). Como os dois valores são
relativamente elevados, o composto terá maior tendência a permanecer
aderido ao solo, ou seja, apresentará baixa mobilidade.
O ciflumetofem é pouco volátil, com uma pressão de vapor de < 9,4x10-2
Pa.m³.mol-1 (EFSA, 2012), logo, é possível inferir que a ocorrência da
exposição por vias inalatórias tende a ser baixa. O coeficiente de partição
octanol/água (Kow) representa o balanço entre as propriedades hidrofílicas e
lipofílicas do composto e influencia o transporte de um composto orgânico no
ambiente. Substâncias com elevado valor de log Kow, apresentam
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características lipofílicas e, portanto, possuem maior potencial para
acumulação nos organismos (BARRIGOSSI; LANNA; FERREIRA, 2005). O
log Kow obtido para o composto foi de 4,3 a 25ºC (BASF, 2013), pode-se dizer
que ele tende a se acumular em tecidos adiposos.
Por fim, o tempo de meia-vida (DT50) representa o período necessário para o
desaparecimento de 50% da concentração química do composto no meio em
que está presente (EFSA, 2012). O valor obtido para DT50 no solo (pH 7 a
20°C) é de 8,8 dias, enquanto em água é de 1,39 dias, e para sistema
água/sedimento é 1,32 dias. Esses valores permitem inferir que o composto
não é persistente em solo, sua degradação em sistemas água/sedimento é
rápida e a degradação em água é moderadamente rápida. Já o índice de
GUS (Groundwater Ubiquity Score) indica o potencial químico de lixiviação
do composto através dos valores de DT50 em solo. Para o ciflumetofem o
valor do índice de GUS é de -1.18, portanto possui baixa lixiviabilidade
(UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a).
4.1.2 Metabolitos e produto de transformação
Existem diversos metabolitos conhecidos do ciflumetofem, porém os que são
encontrados no solo com maior fração de relevância são RS-2-(4-terc-
butilfenil)-3-oxo-3-( α,α,α-trifuoro-o-tolil) propanonitrila (em inglês RS-2-(4-
tert-butylphenyl)-3-oxo-3-(α,α,α-trifluoro-o-tolyl)propriononitrile), chamado
de AB-1, e o ácido α,α,α-trifluoro-o-toluico (em inglês α,α,α-trifluoro-o-toluic
acid), conhecido como B-1. Da mesma forma, há também um produto de
transformação do ciflumetofem denominado B-3 ou 2-(trifluormetil)
benzamida (em inglês 2-(trifluoromethyl) benzamide) (EFSA, 2012;
UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a). As características físico-
químicas dos mesmos, bem como do ciflumetofem foram organizadas na
Tabela 1.
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Tabela 11: Características físico-químicas do ciflumetofem e de seus principais metabolitos.
Ciflumetofem AB-1 B-1 B-3*
Fórmula
Molecular C24H24F3NO4
(e)
C20H18F3NO (f)
C8H5F3O2 (f) C8H6F3NO (f)
Fórmula
Estrutural
(e) (f) (f)
(f)
Nº CAS 400882-07-7 (e) - 433-97-6 (c) 360-64-5 (d)
Koc
(mL/g)
131826 (f) 173900 (b) 79 (c) 13,60 (f)
173900 (a)
Log Kow
(a 25ºC) 4,3 (a) - - 0,68 (d)
Constante de
Henry
(Pa.m³.mol-
1a 25ºC)
<0,094 (a) - - -
Meia Vida
em solo
(DT50 dias)
8,8 (a) 83 (b) 11,1 (c) 9,24 (d)
1 a,b,c,d Dados obtidos através da UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE ( 2013a, 2013b, 2013c e 2013d respectivamente). e AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. C73 – Ciflumetofem (2013). f EUROPEAN FOOD SAFETY AUTHORITY. Conclusion on the peer review of the pesticide risk assessment of the active substance cyflumetofen, 2012 *Produto de Transformação.
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Solubilidade
(mg/L a 20°C
e pH 7)
0,028 (a) - - 13000 (d)
Legenda: CAS=Chemical Abstracts Service.
O ciflumetofem é transformado no organismo alvo em AB-1, o qual tem a
função de inibir o complexo II da mitocôndria dos ácaros, eliminando-os. O
AB-1 possui características físico-químicas similares às do ciflumetofem,
logo, tende a permanecer no solo (HAYASHI, 2013). Encontrou-se dois
valores para o Koc do ciflumetofem, porém ambos na mesma ordem de
grandeza, sendo um deles igual ao valor do AB-1 (Tabela 1) (EFSA, 2012;
UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a). Já em ratos, após ingestão
oral, o B-1 é o principal metabolito do ciflumetofem, com Koc menor (Tabela
1).
O ciflumetofem também se transforma abioticamente em B-3 através de
uma reação de esterificação (LI et al., 2013). Devido a seu baixo valor de Koc
é possível que o mesmo seja carreado para as águas. Porém, não foram
encontrados estudos sobre sua ocorrência nesta matriz.
4.2 Critério de Potabilidade
Para o cálculo do critério de potabilidade para o ser humano, primeiramente
é necessário que se conheça o NOAEL (Nível de Efeito Adverso Não
Observado). Esse nível representa a maior dose ou quantidade de uma
substância que não causará nenhum efeito ao organismo alvo estudado, tais
como alterações no tempo de vida, morfologia e capacidade funcional
(UMBUZEIRO, 2012).
Foram encontrados para o ciflumetofem dois valores de NOAEL. O primeiro
foi de 16,5 mg/kg/dia obtido através de um estudo de toxicidade crônica em
ratos (EFSA, 2012; EPA, 2014). Já num estudo de reprodução em ratos
considerando duas gerações, foi indicado um NOAEL de 9,2 mg/kg/dia com
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base no aumento de peso do órgão e alterações histopatológicas nas
glândulas suprarrenais (EPA, 2014).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2013) aponta como
IDA (Ingestão Diária Aceitável) - também chamada de Dose de referência
(Drf) ou ainda Ingresso Diário Tolerável (IDT) - o valor de 0,092 mg/kg/dia, o
qual possivelmente foi derivada a partir do NOAEL informado pela Agência
de Proteção Ambiental (EPA, 2014).
Como o objetivo é a proteção do ser humano, utiliza-se o menor valor de
NOAEL, ou seja, 9,2 mg/kg/dia (EPA, 2014). Através dele, é possível obter a
IDA dividindo-se o valor adotado por um fator de incerteza de 100, relativo
às diferenças inter e intraespécies (UMBUZEIRO, 2012). Desta forma
obtém-se o valor de IDA igual a 0,092 mg/kg/dia.
Por fim, para se obter o critério de potabilidade, é necessário multiplicar a
IDA pelo peso médio do brasileiro, 60 Kg, (RESENDE et al., 2013) e dividir
pela quantidade média de consumo de água, 2L, (UMBUZEIRO, 2012)
obtendo-se um valor de 2,76 mg/L. Tendo em vista a baixa solubilidade do
ciflumetofem em água, considerou-se um fator de alocação de 10% para água
e 90% para alimentação. Portanto, o valor final do critério de potabilidade
foi de 0,3 mg/L ou 300 μg/L.
4.3 Critério para proteção da vida aquática
A derivação do critério para proteção da vida aquática pode ser realizada de
duas maneiras. A primeira utiliza valores de CENO (Concentração de Efeito
Não Observado) obtidos através de testes de toxicidade crônica, já a segunda
faz uso de valores de CE50 (Concentração de Efeito agudo para 50% dos
organismos-teste) ou CL50 (Concentração Letal para 50% dos organismos-
teste) obtidos em testes de toxicidade aguda (UMBUZEIRO et al., 2011).
Dentre todos os valores obtidos em cada método, seleciona-se o menor, o
qual será chamado de PNEC (Valor de Previsão de Efeito não Observado),
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ou seja, é o valor mais sensível de todos os encontrados. Em seguida, divide-
se esse valor por um Fator de Avaliação (FA), o qual varia de acordo com os
dados disponíveis. Quanto menor o número de dados, maior é a incerteza do
critério que será calculado, portanto, maior será o fator (UMBUZEIRO et
al., 2011).
4.3.1 Derivação do critério através do CENO - Toxicidade Crônica
Primeiramente, analisou-se os valores estimados de CENO para as espécies
Daphnia magna e Cyprinuscarpio sp (Tabela 2), a fim de selecionar o PNEC.
Tabela 2: Concentração de Efeito Não Observado nos respectivos testes crônicos.
Espécie Efeito Exposição CENO (mg/L)
Daphnia magna (crustáceo)(a) Reprodução 34 dias >0,0162
Cyprinuscarpio sp (peixe)(b) - 21 dias >0,072
Fonte: (a) BASF, 2013 (b) UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a.
Na Tabela 2 nota-se que foram estimados valores de CENO para as espécies
estudadas. No entanto, com o objetivo de utilizar o menor valor para
proteger o máximo de organismos possíveis, dentre um CENO de 0,0162
mg/L para crustáceos e de 0,072mg/L para peixes, assumiu-se o valor de
PNEC de 0,0162 mg/L.
A partir desse valor calculou-se o Critério de Qualidade da Água (CQA) para
proteção da vida aquática. Segundo o Protocolo para Derivação de Critérios
de Qualidade da Água para proteção da Vida Aquática no Brasil, o fator de
avaliação é de 50 para comunidades aquáticas de água doce para os casos
em que há dois valores de CENO para espécies de diferentes níveis tróficos
(UMBUZEIRO et al., 2011).
Dividindo-se o valor do PNEC pelo fator de avaliação, obtém-se o valor de
0,324 μg/L, o qual é o valor do critério calculado por esse método.
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4.3.2 Derivação do critério através do CE50 e CL50 - Toxicidade
Aguda
O CQA para proteção da vida aquática também foi calculado utilizando-se
valores de CE50 ou CL50, obtidos em testes de toxicidade aguda, conforme a
Tabela 3.
Tabela 3: Valores de CE50 ou CL50 nos respectivos testes agudos.
Espécie Efeito Exposição C(E)L50 (mg/L)
Daphnia magna
(crustáceo) - 48 horas
> 0,063(CE50)
Oncorhynchusmykiss
(peixe) - 96 horas >0,63 (CL50)
Pseudokirchneriella
subcapitata (alga) Crescimento 72 horas
0,037 (CE50)
Fonte: (UNIVERSITY OF HERTFORDSHIRE, 2013a).
Novamente nota-se que para crustáceos e peixes foram estimados valores
para CE50 e CL50 respectivamente, porém, como o objetivo é utilizar o menor
valor para proteger o máximo de organismos possíveis, assumiu-se um CE50
de 0,063 mg/L para crustáceos e um CL50 de 0,63 mg/L para peixes. Como o
valor encontrado para algas continuou sendo o menor, o valor de PNEC
estabelecido foi de 0,037 mg/L.
Esse número foi então dividido pelo Fator de Avaliação igual a 1000, de
acordo com o Protocolo para Derivação de Critérios de Qualidade da Água
para proteção da Vida Aquática no Brasil (UMBUZEIRO et al., 2011) - para
proteção da comunidade pelágica de água doce - pois há pelo menos uma
CE50 ou CL50 para cada um dos três níveis tróficos (peixes, invertebrados,
algas). Com isso, o valor do critério obtido foi de 0,037 μg/L.
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4.3.3 Comparação dos critérios calculados para proteção da vida
aquática
O valor do critério utilizando-se dados de estudos de toxicidade crônica
(0,324 μg/L) foi consideravelmente maior que o valor do critério utilizando-
se dados de estudos de toxicidade aguda (0,037 μg/L). Essa diferença pode
ser explicada através dos dados referentes às algas (organismos mais
sensíveis), os quais estavam disponíveis apenas em estudos de toxicidade
aguda, resultando na diminuição do valor desse critério.
Por fim, utilizou-se o menor valor, dentre os dois métodos, como critério para
vida aquática (UMBUZEIRO et al., 2011), ou seja, 0,037 μg/L. Em outras
palavras, esta é a concentração máxima do composto que pode ser
encontrada na água, a qual não se espera que cause danos à biota aquática.
4.4 GHS
É possível classificar o perigo de uma substância, com base na sua
toxicidade, através do sistema GHS (Sistema Globalmente Harmonizado de
Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos). Com uma abordagem
sistematizada e de fácil compreensão, o sistema tem como objetivo principal
a classificação de perigos dos produtos químicos em relação à vida humana e
à biota aquática, comunicada por meio de Rótulos e Fichas de Dados de
Segurança (ABIQUIM, 2005).
Para a classificação no sistema GHS em relação à toxicidade aguda para
vida aquática, ou seja, à propriedade intrínseca de um composto de causar
danos a um organismo aquático em uma exposição de curto prazo, foram
utilizados os dados da Tabela 3.
A classificação é feita observando-se os valores de CE50 ou CL50 para cada
uma das espécies de forma que, se pelo menos uma das concentrações
encontrar-se menor que 1 mg/L, a substância é classificada na categoria 1-
muito tóxica para vida aquática. Caso a substância não se enquadre na
Artigo original
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna
Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características
Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista
Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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categoria 1 e algum dos valores se encontrar entre 1<c<10 mg/L, a categoria
da substância será 2 - tóxica à vida aquática. Por fim, se o composto não se
enquadrar em nenhuma das categorias anteriores e o valor de alguma
concentração citada estiver entre 10<c<100 mg/L, a categoria da substância
então será 3 - nociva à vida aquática (ABIQUIM, 2005).
Nota-se então, que o ciflumetofem é classificado na categoria 1, uma vez que
todos os critérios exigidos para classificação são menores que 1 mg/L. Sendo
assim, conforme o GHS, o ciflumetofem é muito tóxico para os organismos
aquáticos e deve ser rotulado de acordo com a primeira coluna da Tabela 4.
Tabela 4: Classificação no sistema GHS.
Categoria 1 2 3
Pictograma
- -
Palavra de
advertência Cuidado - -
Frase de perigo
H400
Muito tóxico para a
vida aquática
H401
Tóxico para a vida
aquática
H402
Perigoso para a vida
aquática
Fonte: Adaptado de ABNT, 2008.
4.5 Exposição ambiental e avaliação de risco
O fato de não haver estudos referentes à ocorrência do composto, pode ser
explicado pelo ciflumetofem ser uma substância relativamente nova,
desenvolvida e comercializada em 2007 no Japão pela Otsuka Agritechno
Co. Ltda (HAYASHI et al., 2013). Um estudo realizado pela Autoridade
Europeia para a Segurança dos Alimentos mostrou que existe a
possibilidade de contaminação de águas subterrâneas por seu produto de
transformação, porém são ainda escassos estudos referentes a esse composto
no ambiente (EFSA, 2012).
Artigo original
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna
Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características
Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista
Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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No Brasil, os acaricidas que utilizam o ciflumetofem como ingrediente ativo
foram registrados em 2014 (MAPA, 2003), porém não foram encontrados
dados de comercialização nos boletins anuais realizados pelo Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA),
uma vez que a última publicação é referente ao ano de 2013 e os registros
dos produtos que utilizam o ciflumetofem como ingrediente ativo foram
emitidos em fevereiro de 2014 (MAPA, 2003). Além disso, para que o órgão
inclua os dados dos ingredientes ativos nos boletins anuais são necessárias
pelo menos três empresas registradas, o que não ocorre para o composto em
questão (IBAMA, s/d).
Sendo esses os possíveis motivos pelo qual não foram encontrados estudos
sobre o ciflumetofem em águas. Apesar disso, existe um método
desenvolvido por Li (2013) capaz de detectar e quantificar concentrações
inferiores aos valores calculados para critério de potabilidade e proteção da
vida aquática. Esse método utiliza a Cromatografia à Gás acoplada à
espectrometria de massas (em inglês Gas Chromatography Mass
Spectrometry - GC MS/MS), o qual apresenta um limite de quantificação de
0,003 µg/L e limite de detecção de 0,001 µg/L.
Como não foram encontradas ocorrências do ciflumetofem em água não foi
possível realizar a avaliação de risco. Contudo, pode-se comparar os valores
dos critérios com a solubilidade em água do ciflumetofem para avaliar as
chances de risco do mesmo. O valor obtido para o critério de potabilidade foi
de 300 µg/L e do critério para vida aquática foi de 0,037 μg/L. Comparando-
se estes resultados com a solubilidade em água do ciflumetofem, 28 µg/L a
20°C e pH 7, nota-se que o valor do critério de potabilidade é maior do que a
solubilidade, logo, não se espera que o composto apresente riscos aos seres
humanos, pois há poucas chances do mesmo estar presente na água em
concentrações perigosas. Já com relação ao critério para vida aquática, há
chances de riscos, pois seu valor é menor do que a solubilidade do
ciflumetofem em água. Portanto, caso sejam encontradas concentrações do
Artigo original
LIMA, Rafaela de; TAMANAHA,Juliana Akemi; SOUSA, Ana Carla de; RODRIGUES, Ivna
Maria Seabra; COELHO, Marcela Canal; OLIVEIRA, Talita Fernandes de. Características
Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista
Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 79-98, jun. 2016.
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ciflumetofem na água e as mesmas forem acima de 0,037 μg/L, o composto
poderá prejudicar a biota aquática.
4.6 Regulamentação
No Brasil e em outros países não há regulamentação para o ciflumetofem em
águas. A Comunidade Europeia regulamenta a concentração de 0,1 µg/L de
pesticidas em água de consumo humano, contudo, esse valor é pragmático e
aplicado para qualquer agrotóxico (European Communities (Drinking
Water), 2007).
Conclusão
Considerando o critério de potabilidade derivado, é possível inferir que
existem poucas chances de risco ao ser humano via ingestão de água, pois a
solubilidade do ciflumetofem em água é menor do que seu critério (300
µg/L). Já o critério calculado para a proteção da biota aquática foi de 0,037
μg/L indicando maiores chances de riscos. No entanto, apesar de sua alta
toxicidade para a vida aquática, não foram encontrados estudos sobre a
ocorrência do ciflumetofem em água, portanto não há como realizar uma
avaliação de risco nem inferir sobre a necessidade de inclusão desse
composto nas normas brasileiras. Caso a inclusão se faça necessária no
futuro, as técnicas analíticas possuem um limite de detecção que viabilizam
a quantificação abaixo dos critérios derivados para o ciflumetofem.
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Físico-Químicas e Toxicológicas do Ciflumetofem e suas Implicações Ambientais. Revista
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Artigo original
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99-
112, jun. 2016.
99
Qualidade sanitária da água de poços
artesianos do município de Picos – Piauí
Sanitary quality of water wells in the municipality
of Picos - Piaui
Karollayny de Macêdo Oliveira
Graduanda do curso Bacharelado em Nutrição pela Universidade
Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Viviane Rocha Fonteneles
Graduanda do curso Bacharelado em Nutrição pela Universidade
Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Cristiane Evangelista de Lima
Graduanda do curso Bacharelado em Nutrição pela Universidade
Federal do Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Luís Evêncio da Luz
Médico Veterinário doutor em Ciências Veterinárias. Professor
vinculado ao curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal do
Piauí, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Sabrina Almondes Teixeira
Nutricionista especialista em Nutrição e Controle de Qualidade de
Alimentos. Mestranda vinculada ao Programa de Pós-Graduação em
Alimentos e Nutrição (PPGAN) da Universidade Federal do Piauí,
Campus Ministro Petrônio Portela, Teresina-PI.
E-mail: [email protected].
Danilla Michelle Costa e Silva
Nutricionista mestre em Ciências e Saúde. Professora vinculada ao
curso de Nutrição da Universidade Federal do Piauí, Campus Senador
Helvídio Nunes de Barros, Picos-PI.
Artigo original
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99-
112, jun. 2016.
100
Resumo
A exploração das águas subterrâneas vem se tornando uma alternativa
bastante atraente para o abastecimento, no entanto, observa-se em algumas
águas subterrâneas de diversas regiões do país contaminação por coliformes,
grupo este indicador de condições higiênico-sanitárias insatisfatórias e dessa
forma, prováveis causadores de enfermidades entéricas. Devido ao grande
número de domicílios abastecidos por água subterrânea de poços artesianos,
este trabalho tem por objetivo avaliar as características microbiológicas
dessas águas. A pesquisa foi realizada no município de Picos, através do
método tradicional de tubos múltiplos e os resultados confrontados com a
portaria nº 2914/11, do Ministério da Saúde, que estabelece o seu padrão de
potabilidade. Foram coletadas 46 amostras de águas subterrâneas,
distribuías em 12 bairros distintos do município de Picos. Obteve-se um
percentual razoável de amostras que se encontravam contaminadas com
coliformes totais e termo tolerantes, 21,7% e 8,7%respectivamente.Acredita-
se que os resultados destas análises estão relacionados com as práticas de
lançamento de dejetos animais na natureza, à localização do poço
subterrâneo aliado ao tempo de construção, à profundidade dos poços,
devendo, portanto, haver limpeza periódica dos reservatórios e tratamento
eficiente da água que utilizada para consumo humano.
Palavras-chaves: Analises microbiológica. Água subterrânea. Poços
artesianos. Portaria nº 2914/11.
Artigo original
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99-
112, jun. 2016.
101
Abstract
The exploitation of groundwater has become a very attractive alternative for
water supplies, however, it is observed in some groundwater from different
regions of the country contamination causing by coliform group, this one
shows poor sanitary conditions and thereby likely it is the cause of enteric
diseases. Due to the large number of homes supplied by groundwater from
those artesian wells, this study aims to evaluate the microbiological
characteristics of these waters. The survey was conducted in Picos city,
through the traditional way of multiple tubes and the results confronted
with the decree No. 2914/11 of the Ministry of Health, which sets the
standard for drinkability. It was collected 46 groundwater samples,
distributed in 12 distinct neighborhoods in Picos-PI. It was obtained a
reasonable percentage of contaminated samples with total and fecal
coliforms, 21.7% and 8.7% respectively. It is believed that the results of
these analyzes are related to the practice of discarding trash and death
animals into the nature, the location of the underground well allied to
building time, to the depth of wells and there should be periodic cleaning of
reservoirs and efficient water treatment that is used for human
consumption.
Keywords: Microbiological Analysis. Groundwater. Artesian wells. Decree
No. 2914/11.
Artigo original
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99-
112, jun. 2016.
102
Introdução
Elemento indispensável a todos os seres vivos, a água constitui o insumo
essencial à preservação da vida no planeta, pois é um recurso natural que
desempenha influência crucial na qualidade de vida da população, sobretudo
no que tange ao abastecimento, que está diretamente relacionado com a
saúde pública (NETO; FERREIRA, 2007; MELO, 2009). Existe uma
intrínseca relação entre água e saúde humana, pois a mesma é alvo de
preocupação mundial em função da atual crise qualitativa e quantitativa dos
recursos hídricos que, em sua maioria, encontram-se contaminados com
substâncias tóxicas ou agentes patogênicos causadores de enfermidades ao
homem e a outros animais (SANTOS, 2008).
Apesar de o Planeta Terra ter dois terços de sua superfície ocupados por
água, apenas 2% é doce e apta para o consumo humano (MARENGO, 2008).
A fim de atender as funções orgânicas, a água para o consumo pode ser
obtida de diversas fontes, dentre elas, estão os mananciais subterrâneos,
sendo um recurso utilizado por uma ampla parte da população brasileira.
Essas fontes podem ser de águas profundas (aquíferos) ou poços tradicionais
com profundidades menores e com maior risco de contaminação (SILVA e
ARAÚJO, 2003).
O aquífero Serra Grande localiza-se em solos piauienses e boa parte desse
potencial pertence à região de Picos-PI. Na região, este é o recurso hídrico
mais explorado por apresentar boas características de qualidade de água e
altas vazões, ocasionadas em função da formação Serra Grande ser
constituída, em sua maioria, de espessos bancos de arenitos de granulação
Artigo original
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99-
112, jun. 2016.
103
média a grosseira, com boa transmissibilidade e alta capacidade de
armazenamento (CPRM, 1999).
De acordo com Athayde Júnior et al. (2009) a maior causa das
contaminações em lençóis subterrâneos é o crescimento de áreas urbanas de
maneira desordenada. Sabe-se que vários fatores podem comprometer sua
qualidade, como o destino final do esgoto doméstico e industrial, fossas e
tanques sépticos, a disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos e
industriais, cemitérios, postos de combustíveis e de lavagem e a
modernização da agricultura representam fontes de contaminação das águas
subterrâneas por bactérias e vírus patogênicos, parasitas e substâncias
orgânicas e inorgânicas (COLVARA, 2009; ALMEIDA et al, 2013).
A determinação da concentração dos coliformes assume importância como
parâmetro indicativo da possibilidade da existência de microrganismos
patogênicos, responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação
hídrica, tais como febre tifoide, febre paratifoide, disenteria bacilar, cólera e
diarreia, decorrentes das inadequadas condições dos serviços de
abastecimento de água e de esgotamento sanitário (JUNIOR, 2005).
O padrão de potabilidade da água para o consumo humano deve ter ausência
de coliformes totais, Escherichia coli ou coliformes termo tolerantes em 100
ml da amostra. No Brasil, a portaria nº 2914/11, do Ministério da Saúde,
estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e
vigilância da qualidade da água para o consumo humano e seu padrão de
potabilidade, definindo os padrões microbiológicos, físico-químicos e
radioativos, de modo que não ofereçam riscos à saúde (BRASIL, 2011).
Tendo em vista o grande número de domicílios rurais e da periferia urbana
do município de Picos-PI que são abastecidos com água subterrânea de poços
artesianos, este trabalho tem o intuito de avaliar as características
Artigo original
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99-
112, jun. 2016.
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microbiológicas dessas águas, utilizando o parâmetro de potabilidade
definido pela portaria 2914/11 do Ministério da Saúde, que estabelece as
normas de qualidade da água para consumo humano e assim contribuir para
conscientização da população sobre os riscos relacionados à ingestão de água
imprópria para o consumo humano.
Metodologia
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa quantitativa e
qualitativa, na qual foram coletadas amostras de águas subterrâneas de 46
poços artesianos utilizados para consumo humano em 12 bairros do
município de Picos-PI, obtendo-se 46 amostras de água, uma para cada poço.
As amostras de água foram coletadas diretamente da torneira dos poços de
captação das águas subterrâneas, antes da mesma ser direcionada a
qualquer reservatório, após assepsia solução de hipoclorito de sódio 100
mg/L, deixando-as abertas, escorrendo por cerca de três minutos. As
amostras foram acondicionadas em frascos de vidro estéreis, preenchidos
com aproximadamente 100 ml de água, sendo identificadas quanto à origem
e às condições gerais do local de captação e acondicionados dentro de caixa
isotérmica com temperatura controlada em ±7°C e conduzidos
imediatamente ao laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do
Piauí (UFPI), Campus Senador Helvídio Nunes de Barros, a fim de
procederas análises laboratoriais.
A quantificação de coliformes totais e termo tolerantes nas amostras
coletadas foi realizada conforme metodologia proposta por APHA (2005), a
qual se baseia no teste com tubos múltiplos. Esta metodologia foi empregada
como padrão, por ser amplamente recomendada pela Vigilância Sanitária e
outros órgãos regulamentadores.
Artigo original
OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99-
112, jun. 2016.
105
Todos os resultados obtidos nas análises foram confrontados com base na
Portaria Nº 2914/11 através da classificação qualitativa dos parâmetros
(presença/ausência – P/A) dos coliformes totais e coliformes termo tolerantes
em 100 ml da amostra, devendo se enquadrar no parâmetro ausente para
ser considerado como adequada para o consumo humano e presente como
inadequada, para obter a porcentagem de amostras contaminadas e não
contaminadas, conforme descrito no Quadro 1.
Resultados e Discussão
No Brasil, pesquisas sobre mananciais subterrâneos têm recebido grande
atenção nos últimos anos, devido à sua grande viabilidade técnica e
econômica. Por essa razão, seu uso vem exigindo cada vez mais cuidados e
planejamentos especiais (MENDONÇA; SOUZA, 2011).
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OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
Picos – Piauí. Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 99-
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Até a década de 70, acreditava-se que as águas subterrâneas estavam
naturalmente protegidas da contaminação pelas camadas de solo e rochas,
pois normalmente contêm menor número de bactérias, menos matéria
orgânica e maior quantidade de substâncias minerais do que as águas de
superfície (MELO, 2009). Entretanto, com o passar do tempo, passaram a
ser detectados traços da presença de contaminantes em águas subterrâneas
e diversos estudos têm sido conduzidos no sentido de avaliar a sua
seguridade (COLVARA, 2009). A Tabela 1 apresenta as ocorrências de
contaminação microbiológica em águas de poços subterrâneos localizados
no município de Picos-PI.
Neste estudo, 21,7% e 8,7% das amostras encontravam-se contaminadas
com coliformes totais e termo tolerantes, respectivamente, porém a
presença dos coliformes termo tolerantes indica poluição sanitária e
mostra-se mais significativo do que a presença dos coliformes totais, já que
esses são restritos ao trato intestinal de animais de sangue quente
(CAJAZEIRAS, 2007).Isso nos mostra que a maioria dos poços se
encontram em boas condições higiênico-sanitárias, visto que apenas 8,7%
destes apresentam contaminação por coliformes termo tolerantes. No
entanto, a contaminação de águas, tanto a níveis subterrâneos como
superficiais, é um problema de saúde pública e apesar de ter sido
encontrado um baixo percentual de contaminação dentre as amostras,
torna-se preocupante visto esse grupo de microrganismos contaminantes
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OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
Evangelista de; LUZ, Luís Evêncio da; TEIXEIRA, Sabrina Almondes Teixeira; SILVA,
Danilla Michelle Costa e. Qualidade sanitária da água de poços artesianos do município de
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serem um dos principais causadores das enfermidades entéricas
(MURATORI; SOUZA, 2002; GRIZA et al., 2008).
De acordo com Rocha et al. (2010), a ingestão de alimentos contaminados
com microrganismos provenientes de água de má qualidade utilizada em
seu preparo, pode tornar-se um problema gravíssimo para aqueles que
fazem o consumo e, consequentemente, para os órgãos de saúde pública,
uma vez que os gastos com o tratamento de doenças por ingestão de
alimentos contaminados são altíssimos.
Resultado próximo ao encontrado nesta pesquisa pôde ser observado no
estudo de Sotomayor (2013), o qual, ao analisar a água de poços artesianos
pertencentes ao aquífero Patino, observou que 19,5% das amostras eram
positivas para coliformes termo tolerantes e 48,8% para coliformes totais,
refletindo o tratamento inadequado e/ou um sistema de distribuição e
armazenamento ineficiente, bem como infiltração de contaminantes que
atingem e decompõem a qualidade da água do aquífero.
Em contrapartida, um estudo realizado por Cajazeiras (2007) acerca da
qualidade e o uso das águas subterrâneas da Região de Crajubar-CE,
verificou que a maioria dos poços analisados (62%) apresentaram
contaminação por coliformes totais e termo tolerantes. Da mesma forma,
Franca (2006)analisou poços tubulares em Juazeiro do Norte-CE e mostrou
que as concentrações de coliformes totais e termo tolerantes nessas águas
apresentaram-se bastante variáveis ao longo do período de monitoramento
e dos onze poços amostrados, apenas dois não apresentaram coliformes em
nenhuma das coletas; resultados estes, superiores aos deste estudo, onde o
número de poços não contaminados foi bem maior, representando 78,2%
(36 poços) de ausência para coliformes totais e termo tolerantes,
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demonstrando que encontram-se em boas condições sanitárias e distantes
dos focos de poluição.
Níveis de contaminação mais elevados, comparados ao presente estudo,
também foram observados nas análises de Costa (2012) e de Colvara (2009),
os quais identificaram contaminação fecal em 12,2% e 70%,
respectivamente.
Apesar de alguns estudos evidenciarem contaminações superiores, os
resultados obtidos nessa pesquisa são relevantes, visto a má qualidade da
água estar diretamente associada às doenças diarreicas de veiculação
hídrica, especialmente nas periferias das cidades de países em
desenvolvimento e na zona rural. Vários fatores podem ser responsáveis por
essa contaminação, dentre eles, as práticas de lançamento de dejetos de
animais na natureza, à localização dos poços subterrâneos, assim como o
tempo de construção e à profundidade dos mesmos (FERNANDES, 2011).
Conclusão
Os resultados obtidos no presente estudo alertam quanto a preservação da
qualidade microbiológica do aquífero Serra Grande, visto observar um
discreto, porém significativo percentual de poços com foco de contaminação
fecal. Em consequência a este fato, a saúde da população que utiliza esta
água para consumo assume um estado de risco, já que frequentemente não
observa-se processos de tratamento que atinjam padrões de potabilidade e
seguridade das águas advindas de poços.
Trabalhos intensivos devem ser realizados no sentido de efetuar a vigilância
da qualidade da água utilizada nestas propriedades e subsidiar o consumo
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OLIVEIRA, Karollayny de Macêdo; FONTENELES, Viviane Rocha; LIMA, Cristiane
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consciente de água de poços artesianos, bem como auxiliar os órgãos
fiscalizatórios na detecção e monitoramento de perigos relacionados à
ingestão de água não tratada no município de Picos-PI.
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OBITUÁRIO
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Revista Intertox de Toxicologia Risco Ambiental e Sociedade, v. 9, n. 2, p. 8-112, jun. 2016
Em memória do prof. Eustáquio Linhares
Borges
A Intertox lamenta a perda do prof. Eustáquio Linhares Borges, que faleceu
sexta-feira (17), no Hospital Português em Salvador-BA.
Como um grande entusiasta do ensino farmacêutico, prof. Eustáquio Borges
deixa além da imensa saudade em familiares e amigos, inúmeras
contribuições nos contextos da profissão farmacêutica, da toxicologia, da
saúde ambiental e ocupacional. Em sua página nas redes sociais foram
publicadas inúmeras homenagens e manifestações de carinho de ex-alunos,
professores, amigos e familiares.
Trajetória
Graduado em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal de Juiz de
Fora, o Dr. EUSTÁQUIO LINHARES BORGES elegeu a Toxicologia como
área de interesse e atuação, e se tornou uma das principais autoridades
brasileiras neste ramo das Ciências Farmacêuticas. Mestre em Análises
Toxicológicas pela Universidade de São Paulo, foi professor da disciplina na
Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia, desde 1973 até
aposentar-se em 2002. Ao longo desse período, ele se dividiu entre a vida
OBITUÁRIO
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acadêmica e a saúde pública, sendo responsável pela implantação do
Laboratório de Análises Clínicas e Toxicológicas da Fundação Monte Tabor -
Hospital São Rafael, em Salvador, e a coordenação do Programa de Saúde
Ambiental do Estado da Bahia, com ações nas áreas de saneamento básico e
saúde ambiental, tendo atuado com muita proficiência como Conselheiro do
Conselho Estadual de Proteção dos Recursos Ambientais – CEPRAM como
representante da Secretaria da Saúde.
Titulado Cientista Pesquisador no Campo da Toxicologia pela Universidade
de Ghent, na Bélgica, (Research Scientist em The Field of Toxicology at The
e State University of Ghent-Belgium, em inglês), foi Presidente da
Sociedade Brasileira de Toxicologia, no período 1988/891, organizou e
presidiu o V Congresso Brasileiro de Toxicologia e o I Encontro de
Toxicologia do Mercosul. Cumpriu diversos mandatos como Vice-Presidente
eleito do Conselho Regional de Farmácia da Bahia (CRF-BA).
Foi homenageado com muitos prêmios e condecorações pelas relevantes
contribuições prestadas à profissão farmacêutica, às associações científicas,
organizações públicas e à sociedade1,2,3.
O prof. Eustáquio Borges foi responsável pela criação do CIAVE-BA (Centro
de Informações Antiveneno) junto à Secretaria da Saúde do Estado (SESAB)
em 1980. Desempenhando um papel primordial na salvaguarda em saúde
pública no estado e região Nordeste, o CIAVE foi o segundo serviço de
Toxicologia do país a entrar em funcionamento, e é atualmente responsável
pelo diagnóstico e terapêutica de pacientes intoxicados; realização de
análises toxicológicas de urgência; identificação de animais peçonhentos e
plantas venenosas; controle e manutenção de banco de antídotos; além de
fornecimento de informações toxicológicas para a Bahia e outros estados do
Nordeste2.
Com visão diferenciada sobre a evolução e as interfaces entre o ensino e a
profissão farmacêutica no século XXI3, após aposentar-se, mantendo o
carinho que sempre teve pelo verdadeiro papel educador, foi coordenador do
curso de Farmácia do Centro Universitário da Bahia (Estácio-FIB),
instituição na qual se formaram tantos farmacêuticos com uma nova visão
do cuidado, alguns, hoje, mestres e doutores em áreas de notória
contribuição social.
No decorrer de sua atuação profissional, desenvolveu um importante papel
no contexto da saúde ocupacional e ambiental, e através de seus
conhecimentos contribuiu com diversos trabalhos envolvendo investigações
sobre contaminações ambientais e monitoramento de exposição de
trabalhadores a agentes químicos no ambiente de trabalho. Alguns dos
projetos, juntos com a Intertox.
Após lutar muito pela vida, Prof. Eustáquio deixa a esposa Sra. Nildete, e
dois filhos, Pedro e Mariana.
Apesar da imensa dor da despedida e imensurável perda, confortam-nos as
tão lindas memórias e ensinamentos do querido professor, que nos
OBITUÁRIO
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estimulam a levar adiante o fazer o bem, o acreditar nas pessoas, o agir para
melhorar o mundo, o viver contra as lógicas que nos são impostas e o
debruçar que se faz do ensino ao cuidado. É este significado que se torna
eterno em cada um de nós, farmacêuticos, amigos e aprendizes.
Obrigado, professor, mestre e amigo!
Carlos Eduardo Matos Santos e família Intertox
Referências bibliográficas
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diretorias. http://www.sbtox.org.br/texto_fixo.php?id_texto=7
2CRF-BA em Revista. Ano IV - Nº 15 - Março/2011. Disponível
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http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/129/005a023_dia_do_farmac
Autico.pdf
CIAVE. http://ciave-ba.blogspot.com.br/2013/09/ciave-encerra-serie-de-
comemoracoes-dos.html
3Borges, E. L. Ensino farmacêutico: uma reflexão crítica e suas
possibilidades no brasil do século XXI. Revista Intertox de Toxicologia,
Risco Ambiental e Sociedade, Vol.3, N.1 NOV/FEV 2010.