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VV SS EE MM EE AA DD EE SS TT UU DD OO DD EE CC AA SS OO OO PP EE RR AA ÇÇ ÕÕ EE SS
Junho de 2001
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E PROCESSOS:
UM ESTUDO DE CASO DO ERJ-170
Área Temática: Operações
Autores:
Alceu Salles Camargo Jr.1 Doutorando, FEA/USP [email protected]
Francisco José Breda2
Mestrando, FEA/USP [email protected]
Marcelo Takami3 Mestrando, FEA/USP [email protected]
Abraham Sin Oih Yu4 Professor Doutor, FEA/USP [email protected]
1 Doutorando da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo . e-mail: [email protected] 2 Mestrando da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo . e-mail:[email protected] 3 Mestrando da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo . e-mail:[email protected] 4 Professor Doutor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo . e-mail: [email protected]
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RESUMO
Este trabalho busca, depois de uma rápida revisão bibliográfica de Gestão de
Desenvolvimento de Produtos e uma breve apresentação da história empresarial da EMBRAER,
analisar e compreender a experiência da empresa junto ao desenvolvimento de seu mais novo e
espetacular empreendimento: o ERJ-170 (Embraer Regional Jet - 170), um jato de operação
regional para 70 passageiros. O Pprocesso de dDesenvolvimento do ERJ-170 tem feito a empresa
bater muitos recordes e se aproximar, cada vez mais, da excelência em matéria de desenvolver
produtos de alto desempenho, qualidade, confiabilidade e, mais principalmente, em conformidade
com requisitos de clientes.
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1-1. INTRODUÇÃO
O trabalho apresenta um estudo de caso que analisa a Gestão do Processo de
Desenvolvimento de Produtos/Processos complexos, isto é, de produtos de alto valor agregado. Para tais produtos, a
Gestão do Processo de Desenvolvimento é de extrema importância para o sucesso do produto no mercado. O
Desenvolvimento demanda muito esforço, concentrado e integrado de forma a garantir uma alta probabilidade de
sucesso para o produto, isto é, boa aceitação no mercado (conformidade de requisitos) além de rápida disponibilização
para o mercado (time to market).
O caso estudado é o do dDesenvolvimento do ERJ-170 (Embraer Regional Jet-170), o jato
regional da EmbraerEMBRAER para 70 passageiros, além de discutir suas relações com o ERJ-145 (de 50 lugares) e o
ERJ-190 (98/108 lugares), jatos da EMBRAER que estão, respectivamente, em produção/vendas e em fase inicial de
projeto. Assim, o estudo busca focalizar o desenvolvimento do ERJ-170, porém, dentro de uma visão mais ampla: no
contexto da Gestão da Carteira de Projetos da empresa além de seu Pprocesso de Aaprendizagem.
Este caso foi desenvolvido pelos participantes do curso EAD-5919, Administração da Inovação em
Produtos e Processos, versão 2000, do Programa de Pós-Graduação do Departamento de Administração, FEA/USP. O
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caso foi elaborado a partir de seis entrevistas, realizadas no primeiro semestre de 2000, com os funcionários da
EMBRAER, que participaram de várias etapas do processo de desenvolvimento do ERJ-170. Estas entrevistas tiveram
em o objetivo de levantar as principais características e elementos presentes em seu processo de DPP. Cada entrevista
tevem uma agenda definida conjuntamente entre a equipe da FEA/USP e a EMBRAER.
O trabalho apresentatem o objetivo de contrastar os mais importantes pontos e teorias presentes em
literaturas recentes de Gestão de Desenvolvimento com aqueles encontrados no Objeto da Pesquisa: o Desenvolvimento
do ERJ-170. Assim, os autores buscam reproduzir resumidamente o Processo de Desenvolvimento do ERJ-170 além de
compreender a evolução do Processo de Gestão de Desenvolvimento na EMBRAER, nos últimos anos, que vem
melhorando, sobremaneira, os resultados financeiros, de produtividade e de aprendizagem da empresa. Compreender tal
evolução além de identificar os principais elementos presentes no Desenvolvimento do ERJ-170 são importantes para
fazer um contraste com as principais teorias de Gestão de Desenvolvimento.
1.1APRESENTAÇÃO
Este trabalho está dividido em Introdução onde se expõe as intenções os objetivos da
pesquisa dos autores além de discutira discussão da importância da pPesquisa. Posteriormente, a Sseção 2 fará uma
breve revisão de Modelos e Abordagens Teóricas em Gestão de Desenvolvimento de Produtos/Processos e de Carteiras
de Projetos de uma empresa de forma a embasar o trabalho do caráter teórico necessário para a pesquisa. Encontramos,
na Sseção 3, uma descrição do Objeto e do Método da Pesquisa. Esta seção traz um breve resumo da história
empresarial da EMBRAER além do Método de Pesquisa utilizado no trabalho.
A quarta seção traz o eEstudo de Ccaso propriamente dito. É na quarta seção que o leitor
encontrará a Análise da Pesquisa, isto é, a compreensão uma discussão dos principais fatores e elementos encontrados
na Ppesquisa. Na quinta e última seção, os autores traçam Considerações Finais aceêrca da pPesquisa e de suas
contribuições para o eEstudo da gGestão de iInovações.
1.2JUSTIFICATIVA
O trabalho tem uma grande importância acadêmica e empresarial pois apresenta uma
chance de contrastar alguns dos mais modernos pontos e elementos presentes em Teorias de Gestão do
Desenvolvimento de Produtos com o grau de utilização e emprego de tais práticas. Tal contraste é buscado na
EMBRAER, empresa que, apesar de sediada em país emergente, vem apresentando altos índices de competitividade
num ambiente bastante competitivo e globalizado como o da indústria aeronáutica.
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1.3OBJETIVOS
2. GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: ABORDAGENS TEÓRICAS
O trabalho apresenta o objetivo de contrastar os mais importantes pontos e teorias
presentes em literaturas recentes de Gestão de Desenvolvimento com aqueles encontrados no Objeto da Pesquisa: o
Desenvolvimento do ERJ-170. Assim, os autores buscam reproduzir resumidamente o Processo de Desenvolvimento
do ERJ-170 além de compreender a evolução do Processo de Gestão de Desenvolvimento na EMBRAER nos últimos
anos que vem melhorando sobremaneira os resultados financeiros, de produtividade e de aprendizagem da empresa.
Compreender tal evolução além de identificar os principais elementos presentes no
Desenvolvimento do ERJ-170 são importantes para fazer um contraste com as principais teorias de Gestão de
Desenvolvimento.
2GESTÃO DO DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS: ABORDAGENS TEÓRICAS
O Desenvolvimento de um Novo Produto, ou simplesmente, inovação pode apresentar-se
de maneiras ou graus diferentes. Uma classificação interessante é aquela que diz respeito às relações existentes com o
mercado e/ou então ao tipo de tecnologias empregada. Neste sentido, Bowen [1] e outros criaram uma matriz de
classificação para as inovações. Num eixo é colocado o grau de conhecimento ou intensidade das relações com o
mercado em que o novo produto será lançado, no outro o grau de conhecimento e maturidade da tecnologia empregada
no novo produto/processo. Em cima destes dois fatores, os autores classificaram cinco tipos de inovações (novos
produtos), conforme o quadro 2.1 abaixo:
QUADRO 2.1: CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS DE INOVAÇÃO.
MATURI
DADE DA TE
CNOLOGIA
BAIXA Desenvolvimento dirigido
pelo projetista Evolução conjunta Mercado/Tecnologia
Melhoria dirigida pelo Cliente
Novas aplicações de Tecnologias Dominadas
Desenvolvimento no contexto do cliente
1
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5
3
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FONTE: BOWEN et alli[1]
Segundo BOWEN et alli[1], os cinco tipos de inovações podem ser classificados como:
1)Inovação dirigida pelo cliente, onde se desenvolve um Solução Melhorada para uma
necessidade conhecida;
2)Desenvolvimento dirigido pela equipe de desenvolvimento, onde se busca uma Nova Solução
para uma necessidade conhecida;
3)Desenvolvimento no contexto do Cliente, onde desenvolve uma Nova Solução para uma
Necessidade que era desconhecida;
4)Nova aplicação de tecnologias já conhecidas e dominadas para se desenvolver uma Nova
Solução para necessidades identificadas em outros mercados que não os de atuação da firma;
5)Desenvolvimento, em conjunto, de Novos Mercado e Tecnologia para solucionar necessidades
ainda não conhecidas.
São muitas as técnicas de pesquisar o mercado como Surveys, Focus Group ou Lead
Users. Esta última consiste em pesquisar as intenções e necessidades dos chamados usuários líderes, aqueles que
tendem a "prever" a movimentação do mercado no futuro. "Von Hippel sugere que os lead users podem auxiliar em
muito a direção do processo de desenvolvimento de novos produtos que deverão ser introduzidos em setores de rápida
evolução tecnológica" [1] .
Um outro tópico importante levantado pelos autores é uma nova re-classificação dos
tipos de inovações num mesmo conjunto denominado de "inovações empáticas" devido ao fato de possuírem uma
característica em comum: o de necessitarem sobremaneira de pessoal técnico especializado no trabalho de pesquisa de
mercado.
Tal grupo, é na verdade, definido como o conjunto formado pela união de inovações dos
tipos 2, 3 e 4, isto é, a diagonal principal da matriz do quadro 2.1 acima. Nestes tipos de inovações, a empatia para com
o cliente é fundamental para o sucesso do produto ao ser introduzido no mercado, já que o bom conhecimento da
tecnologia seria um ponto fundamental para interpretar as necessidades do mercado.
A figura 2.2 abaixo nos apresenta a região da Inovação Empática já subdividida em 3
segundo a estratégia de empatia necessária para a empresa. Temos algumas estratégias de empatia que a empresa pode
se utilizar como:
? intuição da equipe especializada de desenvolvimento onde tal equipe tem condições de gerar
idéias ou visualizar inovações tecnológicas para resolver necessidades latentes do mercado;
? expedição antropológica onde técnicos especializados convivem por determinado tempo com o
mercado, isto é, como se fossem usuários,e;
? encontro de novo mercado onde a firma se torna parceira de alguns dos principais clientes com
o objetivo de, utilizando tecnologias bem conhecidas e dominadas, resolver-lhes problemas peculiares.
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Tais técnicas de estratégias empáticas para com clientes podem e devem ser utilizada em
conjunto com as tradicionais pesquisa de mercado de forma a aproximar cada vez mais o produto do sucesso. Conforme
Bowen et alli [1] : "As técnicas de desenvolvimento empático são para a criação de conceitos de novos produtos, não
para testar tais conceitos. Todas as formas de desenvolvimento empático descritas acima são formas de manter a cabeça
aberta para capturar as necessidades não articuladas dos clientes... Contudo, uma vez que o conceito tenha sido
identificado, os feedbacks dos clientes potenciais são muito importantes. Assim, uma vez que alguma técnica empática
tenha identificado possibilidades que os clientes não poderiam visualizar, técnicas tradicionais são empregadas de forma
a refinar e testar o conceito. Os protótipos são essenciais no processo ainda mais quando o conceito é algo novo, sem
paralelo no mercado. Juntamente com a confecção de protótipos, poderão ser feitos vídeos que simulariam o uso ou
então outras técnicas para apresentar aos clientes como seria a interação e funcionamento com a novo produto no
futuro".
FIGURA 2.2: ESTRATÉGIAS DE EMPATIA (NECESSIDADES DO
MERCADO) DA EMPRESA.
FONTE: BOWEN et alli[1]
O Front-End [12], considerado a primeira fase do processo de DPP, é responsável pela
identificaçãoo levantamento e teste do conceito do produto além de análise econômico-financeira do projeto. Segundo
MURPHY & KUMAR [12],: "A literatura selecionada identifica claramente que as atividades de front-end contribuem
diretamente para o sucesso do produto. COOPER identificou a geração de idéias, definição de produtos e avaliação do
projeto como fases de pré-desenvolvimento. A geração de idéias envolve a concepção da idéia do produto. A definição
do produto inclui seu conceito, seu posicionamento no mercado, benefícios e projeto. Finalmente, a avaliação de projeto
inclui a análise do custo de introdução no mercado e de viabilidade técnica de manufatura e financeira da idéia". São
muitas as técnicas de pesquisa do mercado para identificar o conceito do produto, exemplos são: Surveys, Focus Group
ou Lead Users. Esta última consiste em pesquisar as intenções e necessidades dos chamados usuários líderes, aqueles
MATU
RIDA
DE D
A TE
CNOL
OGIA
ALTA
BAIXA
ALINHAMENTO COM O MERCADO
ALTO BAIXO
Intuição do projetista
Encontro com o Mercado
Expedição antropológica
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que tendem a "prever" a movimentação do mercado no futuro. "Von Hippel sugere que os lead users podem auxiliar,
em muito, a direção do processo de desenvolvimento de novos produtos que deverão ser introduzidos em setores de
rápida evolução tecnológica" [2] .
É claro que o processo de geração de idéias não pode ser completamente desvinculado de
um certo rumo. Conforme MURPHY & KUMAR [12] "Com o objetivo de estabelecer credibilidade, a idéia deve estar
afinada com o curso da estratégia que a administração traçou para a empresa. 'A Administração traça o rumo estratégico
da empresa e, então, desenha um curso para as inovações' (Prahalad & Hamel, 1990)".
Boa parte dos principais problemas que os gerentes de desenvolvimentos de novos
produtos encontram, com frequência , é causada pela visão limitada de cada projeto em separado. Assim, surgem
freqüuentemente, problemas de desencontros internos (recursos alocados) e externos (posição da empresa, ambiente
dinâmico etc) àna empresa. CLARK e WHEELWRIGHT [3][3] constatam: "Como conseqüuência, projetos
individualizados diminuem o potencial de implementação das estratégias tecnológicas e de mercado de forma que para
capturar posição de mercado, demandam mais recursos além de facilitar alterações organizacionais".
CLARK e WHEELWRIGHT[3] [3] desenvolveram uma "Estrutura para a Estratégia de
Desenvolvimento" onde os gerentes têm a possibilidade de "limitar o escopo dos projetos individuais e, assim, facilitar
o refinamento e obter melhorias nos processos de gestão de projetos". Tal abordagem trata do DPP esenvolvimento de
Produto como um como um processo que deve ser gerido com visão ampla das estratégias de tecnologias de
posicionamento de mercado afinadas com em conjunto com as metas e objetivos da firma. Ainda, deve-se ter uma visão
de conjunto de todos os projetos de desenvolvimento, isto é, a gestão da Carteira de Projetos e o conseqüente Plano
Agregado que lhe dá sustentação. Tal Estrutura de Estratégia para o DPP esenvolvimento de Produtos e Processos ficou
conhecidao como o "funil do processo de desenvolvimento" que prevê ainda a retroalimentação de aprendizagem como
um outro elemento de grande importância para o processo.
Para os autores, as empresas devem ter uma estratégia bem definida de tecnologia onde
têm apresentam diferenciação: "Para muitas empresas, há um grande número de áreas importantes de know-how
tecnológico mas elas devem escolher aquelas poucas onde realmente criarão competências superiores... Competências
tecnológicas podem ser desenvolvidas internamente através de investimentos em pessoas, equipamentos e processos ou
através do desenvolvimento de determinado produto através de um projeto avançado. Mas a tecnologia também pode
ser adquirida fora da empresa através do patrocínio de pesquisas em universidades, joint-ventures, compra de licença.
Gerir fontes internas e externas de tecnologias não são mutuamente excludentes. Aliás, a verdadeira dimensão da
estratégia tecnológica é justamente a gestão de tal mix de fontes internas e externas de tecnologias"[3].
.
3. A EMBRAER OBJETO E MÉTODO DA PESQUISA
Esta seção traz um breve resumo da história empresarial da EMBRAER (seção 3.1), o
objeto da pesquisa além de uma breve apresentação do método utilizado na pesquisa (seção 3.2).
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1.1OBJETO DA PESQUISA
O Objeto da pesquisa é o Processo de Desenvolvimento do novo avião a jato da
EMBRAER: o ERJ-170. Para podermos analisá-lo, devemos primeiramente fazer uma breve incursão na história da
EMBRAER e de seu setor industrial
1.1.1A EMBRAER
O nascimento da EMBRAER está relacionado ao surgimento do Centro Técnico
Aeroespacial, antigo Centro Tecnológico da Aeronáutica (CTA) e , também do avião Bandeirante. O CTA foi criado no
começo dos anos 50 com objetivo de congregar ensino, pesquisa e produção e manufaturaexperimental. Foi esta a razão
pela qual o Centro Técnico começou, exatamente, pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) e através de um
convênio firmado com o Massachussetts Institute of Technology (MIT), dos Estados Unidos [SILVA, 1998].
A origem da EMBRAER nasce com foi o projeto do Bandeirante na década de 60.
Naquela época, o que se sabia era que as empresas buscavam aviões maiores, para maior quantidade de passageiros e
crescentemente velozes, centrando suas preferências naqueles produtos que satisfizessem esses requisitos e, ao mesmo
tempo, que oferecessem condições operacionais capazes de produzir menores custos operacionais e maiores retornos
econômicos. Surgiu-se, neste contexto, uma lacuna de mercado para aviões modernas para a operação regional. O
projeto do Bandeirante era descrito como destinado a criar e desenvolver um novo avião para operação regional bimotor
turbo-hélice, capaz de transportar até 9 passageiros.
A idéia era chegar a um avião de 9 a 12 passageiros, concebido de forma a poder crescer e
capaz de substituir, na maioria das áreas, o venerável DC-3. Para isso, pensou-se em atrair várias alternativas de
empresas que pudessem fabricá-lo. No entanto, nenhuma das empresas gozava de boa saúde financeira e todas
dependiam de contratos governamentais para sua sobrevivência.
A grande preocupação sempre foi com o volume de produção de forma a garantir um
baixo custo de produção, além da preocupação em se conseguir um volume considerável de encomendas e, não
depender somente das compras do Governo.
Após a aprovação do programa pelo Ministério da Aeronáutica, iniciaram-se os trabalhos.
Já de início, estava claro que muitas das necessidades de peças e principalmente o motor teriam de ser importados, pois
o avião deveria ser moderno, seguro e eficiente. Era o início de uma estratégia tecnológica que negava a verticalização.
Após o bem-sucedido primeiro vôo oficial do Bandeirante, em outubro de 1965, o apoio
do Ministério da Aeronáutica era crescente e, em dezembro de 1969, a EmbraerEMBRAER foi criada, na forma de
Sociedade de Economia Mista, isto é, uma S.A. Em maio de 1970, conseguiu-se a assinatura de um contrato com
Ministério da Aeronáutica, de 80 aviões Bandeirante, mais 112 jatos MB 326G que seriam fabricados sob licença da
Aermacchi. DecolavaNascia efetivamente a EMBRAER [DAGNINO, 1993].
Em função basicamente de seu baixo custo de aquisição e das condições vantajosas de
financiamento que apresentou, o Bandeirante alcançou grande sucesso no mercado norte-americano. Em 1982
dominava 32% do mercado dos EUA, do segmento de 10-20 passageiros e representava 62% das importações daquele
país neste segmento. Dos cerca de 400 Bandeirantes, construídos pela EMBRAER, 262 foram exportados,
principalmente, para companhias norte-americanas.
Atualmente, a EMBRAER encontra-se privatizada desde 1994, onde seus atuais
controladores detêm 60% de seu capital votante distribuído entre o Grupo Bozano, Simonsen e os fundos de pensão
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Previ e Sistel. Em 1999, a Embraer formalizou uma aliança estratégica com um grupo formado pelas maiores empresas
aeroespaciais francesas -Aerospatiale-Matra, Dassault Aviation e Thomson-CSF, que adquiriram 20% do capital votante
da empresa.
3.1. SEGMENTO MUNDIAL DE AVIAÇÃO REGIONAL
A EmbraerEMBRAER está classificada entre os quatro maiores fabricantes de aeronaves comerciais
do mundo e possui uma bem estabelecida família de aviões regionais que vão do turboélice para 30 passageiros EMB
120 Brasíilia, passando pelo jato para 37 passageiros ERJ ERJ-135, pelo novo ERJ ERJ-140 de 44 assentos e chegando
até o ERJ ERJ-145 para 50 passageiros..
1.1.2O SEGMENTO MUNDIAL DE AVIAÇÃO REGIONAL
A EMBRAER tem se consagrado, nos últimos anos no desenvolvimento e produção de
aeronaves de operação no segmento de aviação regional ao redor do mundo, principalmente com o enorme sucesso das
vendas do ERJ-145 (de 50 lugares). Tal segmento utiliza-se, em grande parte, de aviões de porte médio (commuters), de
10 a 120 lugares.
Dentre as principais caracteríísticas do setor de construção aeronáutica, tanto civil quanto
militar, podemos citar:
• Necessidade de atender a rígidos padrões de qualidade, desempenho e confiabilidade.
• Elevado valor unitário; alto valor agregado.;
• Grande parte da pProdução se dá por Eencomendas.;
• Ciclo de Vida do Produto relativamente alto.;
• Custos de desenvolvimento tecnológico elevados e crescentes.
A categoria de commuters é atualmente a que apresenta maior competição, dinamismo e instabilidade.
As barreiras à entrada são relativamente baixas, assim como é grande o número de falências, incorporações e
associações. É, usualmente, dividido em três sub-segmentos: 10 a 20 lugares, 20 a 45, e mais de 45 passageiros. No
âmbito de um mesmo segmento, a decisão de compra das companhias aéreas depende fundamentalmente do preço de
aquisição por assento. Outros parâmetros, como custo de operação e de manutenção, o fato de a aeronave ser
pressurizada ou não e assistência técnica pós-venda também são levados em conta.
Um fato marcante na evolução da categoria dos commuters foi a desregulamentação do mercado
norte-americano de transporte aéreo, em 1978. Com a desregulamentação, um grande número de pequenas empresas
aéreas entrou no mercado além de que algumas grandes empresas diversificaram sua atividade no sentido da aviação de
curta distância. Por outro lado, a demanda por aeronaves também aumentou nos anos 90 devido, basicamente, à
renovação de frotas, crescimento da renda "per capita" nos EUA além de surgimento de demandas em mercados
emergentes como no sudeste asiático.
Como resultado do aumento da competição, houve um aumento da qualidade dos serviços, os preços
diminuíram e a demanda aumentou sensivelmente. A principal variável de ajuste passou a ser o tipo de aeronave
empregado, o mercado da categoria transformou-se significativamente, aprofundando-se sua segmentação. Embora
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tenha aumentado a demanda por aeronaves de todos os segmentos, a maior taxa de crescimento foi observada se
verificou na faixa entre entre 30 e 40 assentos, que cresceu 550% nos oitos anos posteriores à desregulamentação.
Após mais de uma década de desregulamentação, observa-se que as companhias de aviação regional
têm-se mostrado capazes de pressionar os preços das aeronaves que utilizam, mantendo-os num nível inferior ao do
custo real de produção. Isto tem obrigado as empresas aeronáuticas a reduzir seus custos de produção e principalmente
de desenvolvimento e, por outro lado, exigir a manutenção de um nível de subsídio elevado, por parte dos governos dos
países produtores. Este processo levou a importantes transformações no mercado de commuters:
• Tendência ao aumento dos custos de DPP.;
• Exploração do conceito de família: economia de escopo e produção.
É interessante observar que a A indústria aeronáutica foi o setor que primeiro adotou processos
automatizados para DPP e manufatura dos componentes que integram seu produto final. A exigência de rígidos padrões
de qualidade e confiabilidade de seus produtos, mais do que a diminuição dos custos de produção, foi a causa principal
deste pioneirismo. Inovações como as de comando numérico computadorizado, sistemas CAD/CAM, entre outros,
foram desenvolvidas na indústria aeronáutica.
3.2. PRIVATIZAÇÃO DA EMBRAER
Atualmente, a EMBRAER encontra-se privatizada desde 1994, onde seus atuais controladores detêm
60% de seu capital votante, distribuído entre o Grupo Bozano, Simonsen e os fundos de pensão Previ e Sistel. Em 1999,
a EmbraerEMBRAER formalizou uma aliança estratégica com um grupo formado pelas maiores empresas aeroespaciais
francesas -Aerospatiale-Matra, Dassault Aviation e Thomson-CSF, que adquiriram 20% do capital votante da empresa.
Desde a privatização, a nova direção da EMBRAER imprimiu várias iniciativas gerenciais
objetivando atornar a empresa mais competitiva. As iniciativas que mais afetaram o processo de desenvolvimento, de
acordo com uma análise das entrevistas, são:
1. 1) Benchmarking de DPP nas empresas estrangeiras, no periíodo de 1994 – 1995: 15 empresas britânicas e 11
americanas foram visitadas. Estas visitas foram as origens das modificações realizadas nos processos e sistemas de
desenvolvimento do e 170ERJ-170, o primeiro grande projeto de DPP após a privatização.
2. ; 2) Administração matricial: a primeira implantação na área de Engenharia em 1995 e posteriormente estendida
para as outras áreas da Vice Presidência Industrial em 1998.8; 3
) Transformação de Organização para Resultados (TOR): uma iniciativa ao nível corporativo de reengenharia por
processos empresariais iniciado em 1997. e a gestão de DPP do 170 ERJ-170 está sendo integrada ano TOR. O
TOR é operacionalizado através de ERP (Enterprise Resource Planning); 4)
3. Plano de Ação (PA): é um instrumento de gestão que vem entusiasmando o capital humano da EMBRAER. Consiste
de um bônus dividido entre os trabalhadores que conseguirem atingir, de forma eficiente, as metas traçadas pelos
vários departamentos. 25% do lucro da empresa é dividido, segundo critérios bem definidos, entre os vários
departamentos e cargos que obtiveram êxitos em seus trabalhos. Os Planos de Ação são reformados anualmente
com exceção dos cargos mais altos de diretoria (que apresentam um PA com horizonte mais longo); 5)
4. Treinamento: todo o pessoal administrativo passou por treinamentos. A EMBRAER trabalhou-se no plano de o
treinamento com as mais renomadas escolas e consultorias de gestão dno país. Instituiu um programa interno de
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MBA para os gerentes. Na parte de DPPdesen volvimento do Produto também fizeram-se treinamentos, procura-se
conhecimento fora da empresa e se preocupam em difundir este conhecimento em todos os níveis.
.
1.2MÉTODO DE PESQUISA
A Pesquisa é um Estudo de Caso. Os autores realizam cincoalgumas visitas à EMBRAER
com o objetivo de levantar as principais características e elementos presentes em seu processo de DPP. As
visitas tinham objetivos bem definidos:
1Conhecimento geral da empresa, dos departamentos, pessoal, projetos e visão geral do processo
do DPP;
2Análise do processo de Front-End e Pesquisa de Mercado para os dois últimos projetos ERJ-
145 e ERJ-170.
3Análise do processo de Definition e Manufatura para os dois últimos projetos ERJ-145 e ERJ-
170;
4. ANÁLISE DA PESQUISADESENVOLVIMENTO DO ERJ-170
O processo de Desenvolvimento do ERJ-170 pode ser dividido em várias etapas.
Contudo, como a última entrevista da equipe da FEA/USP foi realizada ano final da fase denominada de Joint
Definition para uma melhor compreensão, faremos um corte entre uma descrição mais detalhada da primeira fase
conceitual e de intenso relacionamento com o mercado e clientes, denominada pela literatura de Front-End. e o Joint-
Definition Phase (JDP), a segunda fase,, é assim denominada pela própria EMBRAER por conter toda uma série de
atividades de projetos de engenharia do produto e também do processo de manufatura e que são conduzidas em
conjunto e integradas por todos os parceiros de risco da EMBRAER. Tais fases são descritas, respectivamente, nas
seções 4.1 e 4.2 a seguirbaixo. As fases subseqüuentes àa JDP serão brevemente comentadas na seção 4.3.
Cada uma destas seções apresenta, no início, um rápido apanhado das principais
mudanças e evoluções ocorridas nos últimos anos com relação a sua natureza, importância e operação dentro da
empresa.
4.1. 4.1 FRONT-END DO ERJ-170.
O Front-End, considerado a primeira fase do processo de DPP, é responsável pelo
levantamento e teste do conceito do produto, além de análises de mercado e de um plano econômico-financeiro.
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1.1.14.1.1. O DEPARTAMENTO DE INTELIGÊNCIA DE MARKETING: PERCEPÇÃO DA
NECESSIDADE
Sempre houve estudos de mercado para os vários projetos na EMBRAER,
porém tal área vem desempenhando papel fundamental no desenvolvimento de produtos nos últimos anos na
EMBRAER, mais, principalmente, do desenvolvimento do ERJ-145 para frente, a tal ponto que se resolveu criar
formalmente uma área funcional para o Marketing. O Departamento de Inteligência de Marketing, assim denominado
desde sua criação em 1998, na EMBRAER, conta, hoje, com aproximadamente 15 pessoas é dividida em dois
segmentos: o de produto e o de mercado, cada qual com funções bem definidas.
• O pessoal de Produto tem funções relacionadas às questões técnicas dos produtos, tais como a viabilidade técnica do
avião e cruzamentos de tais características técnicas com estudos de determinadas rotas, além da promoção e vendas
dos produtos, feedbacks de clientes e apoio a clientes.
• O O pessoal de Mercado analisa as variáveis relacionadas ao mercado e os vários segmentos em que ele se apresenta.
É responsável pelas análises de demanda e oferta no setor, através das técnicas bottom-up e top-down, além dos
estudos de e conjunturas econômicas, ameaças e oportunidades entre outroas.
A análise top-down, consiste no levantamentoa busca da demanda depor aeronaves baseada em
parâmetros macroeconômicos como renda, crescimento do PIB regionais, crescimento demográfico, além de
estimativas das ofertas de concorrentes como a canadense Bombardier, por exemplo. Concomitantemente, se utiliza-se
também uma outra abordagem para se chegar a uma estimativa da demanda que é a análise botton-up., Tal abordagem
que consisteconsiste eem levantar, junto a algumas companhias operadoras, informações sobre suas intenções de
compra, necessidades, políticas de manutenção de aeronaves, tempo de vida remanescente de suas aeronaves, política
de renovação de frota, etc.
Um outro trabalho importante, feito pela Inteligência de Marketing, é o estudo de Market Share para o
produto, elemento de grande importância para a confecção da avaliação econômico-financeira do projeto (business
plan).
O pessoal de mercado fica constantemente monitorando e acompanhando notícias
que interessem e afetem a indústria aeronáutica e correlatas, como a do transporte aéreo. Quaisquer ameaças ou
oportunidades devem ser percebidas o mais cedo possível. Assim, monitora-se o mercado de combustíveis e insumos,
alianças estratégicas entre companhias de transporte aéreo, leis, regulamentações, subsídios e financiamentos em vários
países. Este trabalho é feito diretamente pelo pessoal de mercado da EMBRAER, através de vários veículos canais de
comunicação como revistas, journals, clippings, internet, além de congressos e eventos afins e através de , além de
contratos de consultorias em vários pontos ao redor do mundo como na França, Ásia (China e Austrália) e Estados
Unidos. Quando se tem uma informação que pode influenciar sobremaneira algum dos projetos em desenvolvimento, tal
informação é levada imediatamente até a alta direção para análise e conseqüuente tomada de decisão.
Além de tais monitoramentos e pesquisas, a Inteligência de Marketing é também responsável pelo
Plano Anual de Marketing da empresa. Tal plano faz e revê toda a estratégia de atuação da EMBRAER com base nos
pontos fortes e pontos fracos da EMBRAER e também nas movimentações e posicionamentos dos concorrentes, nos
vários mercados e segmentos. Assim, chega-se Posteriormente, tem-se uma ea estimativas das fatias de mercado da
EMBRAER em cada um dos segmentos e previsões ão de vendas futuras. A política dos 4P´s da empresa sai do Plano
Anual de Marketing.
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1.1.2GERAÇÃO DE IDÉIAS E PESQUISA DE MERCADO NO ERJ-170.
4.1.2.
O processo de geração de idéias de produtos existe na EMBRAER e sempre foi realizado
pelo grupo conhecido por Anteprojeto. O grupo do Anteprojeto é constituído de pessoal (aproximadamente 10
engenheiros) altamente qualificado e experiente em na projeto e construção e projeto aeronáuticos. Esta função existe
há muito tempo na empresa e, mais recentemente, tem trabalhado, na geração de idéias, em conjunto com o pessoal da
Inteligência de Marketing. As idéias criadas não devem fugir do rumo estratégico da empresa, tanto tecnológico quanto
de mercado.
Esta fase pode ser interpretada como "... eEtapa em que um grupo fica examinando o
mercado e tentando identificar necessidades e conceber conjuntos de atributos que deveriam ser integrados em produtos
da empresa. Quando se identifica uma idéia promissora, a diretoria pode autorizar um go-ahead para que se elabore um
conceito de produto", conforme relatado aos autores.
A idéia de um avião de 70 lugares nasceu de um conjunto de informações levantadas pela
Inteligência de Marketing e, implementada no papel pelo Anteprojeto. O pessoal da Inteligência de mercado captou
tendências de mercado que apontavam para uma crescente demanda no segmento de 50-70 lugares, logo em 1997,
através de market-surveys (bottom-up) e análises top-down, além da intenção da concorrente Bombardier em
"prolongar" o projeto do CRJ-100 (aeronave de 50 lugares de 1992) lançando, assim, o CRJ-700 para 70 lugares em fins
de 2001.
A EMBRAER tem interesse na fidelização de seus clientes. Estes que cresceram
cresceram em número e volume de encomendas haja, vistao o grande sucesso das vendas do ERJ-145, lançado em 1996,
depois de muita contra-propaganda por parte da Bombardier. O ERJ-170 da EMBRAER deverá chegar ao mercado um
ano depois do CRJ-700 da concorrente canadense.
Depois que se percebeu as necessidades no segmento de 70 lugares, já com a idéia em
mãos, a Inteligência de Marketing preparou visitas a cerca de 40 companhias operadoras de aviação regional dos EUA e
Europa como estratégia de pesquisa de mercado empática. Em cada uma destas visitas sempre havia a presença de um
ou dois diretores da EMBRAER coordenando o trabalho. Estas visitas visavam a obter, de perto, informações sobre as
reais necessidades e requisitos para se delinear o conceito do produto.
1.1.34.1.3. DESENVOLVIMENTO DO CONCEITO DO ERJ-170.
Diante de mais informações,, agora trazidas pelas visitas aos 40 operadores de
aviação regional dos EUA e Europa, a direção da EMBRAER resolveu investir na idéia e desenvolver o conceito ou
pré-projeto. Para isto, foram alocados cerca de 20 ou 30 engenheiros que trabalharam por seis meses no conceito. Esta
fase contemplou o primeiro Advisory Board Meeting com e potenciais clientes. denominados launch customers. Os
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Advisory Boards serão mais frequentes na fase de projeto (Joint-Definition), contudo o primeiro deles ocorrera ainda na
fase de conceito e acarretara mudanças significativas.
Estes encontros com os clientes têm o objetivo de apresentar o conceito do avião em
papel e, eventualmente, em softwares de simulação em 3 dimensões, de forma a trazer uma maior sensibilidade aos
clientes. Assim, os clientes podem sugerir mudanças no espaço interno ou soluções para melhorar a ergonomia. O
processo de desenvolvimento e manufatura do ERJ-145 não previa diversidades de modelos para satisfazer necessidades
diferentes com relação a pequenos detalhes de disposições internas. Como resultado da aprendizagem do ERJ-145, o
desenvolvimento do ERJ-170 foi capaz de captar tais interesses ainda nestas fases iniciais de conceitos e pesquisa de
mercado de forma a desenvolver o projeto já com oito versões. Tal solução traz uma maior coesão entre projeto e
manufatura e, consequentemente barateia a construção de tais versões.
Além das tal diversificação dade prevista já no conceito e projeto do ERJ-170, o projeto
do ERJ-170 será, ainda, a plataforma para uma extensão: o ERJ-190/100 para 98 e ERJ-190/200 para 108 lugares, que
serão lançados em seguida. Será uma grande família.
Ainda nesta fase de conceito, iniciaram as primeiras conversas com os eventuais parceiros
no empreendimento. Devido ao enorme sucesso do ERJ-145, não foi difícil encontrar parceiros para o novo projeto. As
primeiras conversas focaram a parceria do motor e de aviônica. São parcerias de risco onde os investimentos são
conjuntos, o desenvolvimento e os resultados também.
1.1.44.1.4. BUSINESS PLAN E GO-AHEAD
Nem bem havia sido terminada a fase de conceito do avião, uma equipe já começara a
trabalhar em cima de um business plan preliminar. O plano fora desenvolvido por uma equipe com pessoal de
Inteligência de Marketing, Planejamento e de Finanças e utilizava as informações obtidas pelo Marketing em suas
pesquisas, análise de fatias de mercado e previsões de vendas.
Concomitantemente ao desenvolvimento do Business Plan, a EMBRAER começou a
estreitar relações, no sentido de firmar parcerias para o desenvolvimento do com motor e aviônica. Terminados o
conceito e o Business Plan, a diretoria, sabidamente diante de boa oportunidade de negócio, decidiu pela continuidade e
sinalizou com o Go-Ahead para a próxima fase: a de definição conjunta com os parceiros (Joint_Definition Phase-JDP).
O Go-Ahead foi conseguido nos primeiros meses de 1999, há um pouco mais de um ano do início dos trabalhos. A
EMBRAER estava, então, pronta para dar início ao fechamento de parcerias e JDP. A empresa queria anunciar o avião
na feira internacional das operadoras de transporte aéreo em Les Bouget, na França em julho de 1999.
Alguns dias antes da feira de Les Bourget, a CrossAir, operadora suiça, fechou um grande
contrato com a EMBRAER para aviões de 70 e 108 lugares. Ela fechou 75 encomendas de ERJ-170 e 125 opções de
compra do ERJ-190/200 (108 lugares). Isto logo mostrou o sucesso da nova família de aviões da EMBRAER e,
conseqüuentemente de seu processo de DPP.
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1.24.2. JOINT-DEFINITION PHASE
E RAMP-UP[ ]
A Joint Definition Phase ou JDP é a etapa do projeto na qual são detalhadas as exigências de
desempenho de cada um dos sistemas do avião, assim como as exigências de integração funcional e física da aeronave.
Esta fase antecede o Preliminary Design Review (PDR). e a instalação do Configuration Control Board (CCB). É uma
etapa fluída, durante a qual são definidas as exigências para cada parceiro e após o que torna-se muito mais difícil a
negociação para a sua alteração. O termo “joint” significa que a definição das exigências de desempenho seja realizada
em conjunto entre os parceiros do projeto. O CCB é justamente o grupo de alto nível do programa encarregado de
autorizar formalmente essas alterações.
A EmbraerEMBRAER já participou de umuma JDP no desenvolvimento do caça a jato AMX com os
parceiros italianos, mas a JDP do 170 ERJ-170 envolve muito mais parceiros e a EmbraerEMBRAER tem agora a
responsabilidade de integração do projeto. No 145 ERJ-145 a organização era outra. A seleção de parceiros foi feita
depois dao detalhamentoespecificação do projeto, naquela época a EmbraerEMBRAER estava passando por uma crise.
e poucas empresas estavam interessadas em ser o seu parceiro.
As pesquisas de mercado, realizadaos em 1998 e 1999, determinaram as necessidades de mercado que
originavam os “high level requirements” para o programa. Estes requisitos macros ou “high level requirements”
definem parâmetros como capacidade de passageiros, alcance (range), velocidade e altitude de cruzeiro, número de
assentos em cada fileira, etc.. Esses “high level requirements” seriam informações de entrada insumos para a JDP. fase
de “joint definition”. Quando a EmbraerEMBRAER foi para a Feira de Le Bourget, em julho de 1999, além de já ter
definidous os requisitos macros do 170 ERJ-170, tinha alinhadoa os parceiros chaves: os de motores e de aviônica e um
“launch customer”. A GE ficou com os motores, sempre um item importante em um avião. , chegando a representar 1/3
do seu custo. A aviônica, ou eletrônica de bordo foi para Honeywell. Após o sucesso na Feira de Le Bourget, a
EmbraerEMBRAER iniciou, imediatamente a JDPfase de “joint definition”. Uma das novidades, do 170 ERJ-170, era a
intenção de não começar a JDP antes da completa definição dos Parceiros.
4.2.1. DESENVOLVIMENTO INTEGRADO DE PRODUTOPRINCIPAIS MUDANÇAS NA
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO (DIP)(TALVEZ O DIP, REDUÇÃO DO "TIME TO MARKET" E DE
RETRABALHOS, LIGAÇÃO COM "RAMP-UP" ) NÃO SEI SE É BEM ISTO? IMAGINO QUE
NESTA PARTE FOSSE BOM FILOSOFAR SOBRE AS PRINCIPAIS MUDANÇAS
O DIP representa uma síntese de experiências e conhecimentos da EMBRAER na gestão de DPP. Os
conceitos e algumas ferramentas contidos no DIP já estavam no desenvolvimento do 145 ERJ-145. As idéeias
fundamentais, segundo os engenheiros entrevistados,: “... já estavam nos livros na década de 70, porém não é fácil
praticar” [AFFONSO e CAMPELLO, 1998]. A integração de tudo isto e a denominação DIP é mais recente,
provavelmente dem 1998.
O DIP objetiva a redução de custo, melhoria de qualidade, compressão do tempo, diminuição de
impactos no meio ambienteais e otimização da logística. DIP é a estratégia de gerenciamento de um programa de
desenvolvimento que deve sistematicamente utilizar times multidisciplinares que não só para integrar e
simultaneamente executamr simultaneamente todos os processos necessários para o DPP, mas o faz de forma
integrada. DIP é mais do que Eengenharia Ssimultânea. A engenharia simultânea traz as pessoas juntas mas não integra
os processos. Fundamenta-se em pessoas. DIP é centrado em 4 pilares: organização, processo, pessoas e ferramentas.
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Toda equipe de DPP da EMBRAER está recebendo treinamentos sobre os conceitos e ferramentas de DIP. Manuais são
elaborados para disseiminar o DIP entre os operáriosfuncionários da empresa. O Programa 170 ERJ-170 é é o primeiro
projeto de desenvolvimento da empresa a praticar o DIP.
4.2.2. A PARTIDA DA JOINT DEFINITION PHASE
A EmbraerEMBRAER encaminhou “Request Ffor Proposal” para as empresas interessadas em
participar como parceiros do Programa 170 ERJ-170. Diferente do 145 ERJ-145, os parceiros do 170 ERJ-170
ajudariam a desenvolver o projeto do produto. Os parceiros investiriam capital no negócio (apostariam no projeto),
poréem não chegarão a ser responsáveis pela montagem de suas peças e sistemas, como já ocorre em montadoras
automotivas. A escolha de parceiros foi baseado na capacidade técnica de atender os “high level requirements ” e em
outros critérios como situação financeira, históricos, qualidade , condição legal, etc. O parceiro deve investir em
materiais, máquinas, pessoal, etc., tudo isto é levado em conta. Mas sempre o critério técnico é o de maior importância.
Haviam muitas empresas querendo participar nesse projeto. EmbraerEMBRAER estava, na época, é, naquele ponto no
tempo, bem vista mundialmente devido ao sucesso do ERJ ERJ-145.
Os trens de pouso ficaram a cargo de uma subsidiária da EmbraerEMBRAER, a EDE, cuja
composição acionária foi alterada para contemplar a Liebherr, alemão, com uma grande participação no projeto. Outros
parceiros selecionados são: GAMESA, Hamilton, Sundstrand, Late Coere, Akros, GE, Mitsubishi, C&D e Parker. No
total o Programa 170 ERJ-170 conta com 12 parceiros antes de iniciar a JDP, contra os 4 parceiros tardios do 145 ERJ-
145. Os parceiros receberam os requisitos macros do Programa 170 ERJ-170 e têem que desenvolver um documento
“Statement Oof Work (SOW)” para entrar na JDP.
Definidos os parceiros, a JDP começou oficialmente em 24 de julho de 1999, embora os trabalhos só
tenham iniciado realmente em agosto. Com o PDR previsto para março de 2000, JDP terá durado efetivamente cerca de
sete meses.
4.2.3. ORGANIZAÇÀO DA JDP
Para a realização da JDP“joint definition”, a EmbraerEMBRAER adotou a prática de co-localização
das equipes, num prédio dentro das instalações da empresa. O objetivo é maximizar as interações entre as equipes dos
parceiros do programa. No total são 600 engenheiros (300 da EmbraerEMBRAER e 300 de parceiros) trabalhando,
durante o período de agosto de 1999 a março de 2000, neste prédio da EmbraerEMBRAER. São dois andares de
escritórios com divisóriaos a meia altura e as equipes de projetos de subsistemas que têem interfaces mais intensas são
colocadas como vizinhos no escritório. Encontram-se técnicos japoneses, franceses, espanhóis, americanos e alemães. A
língua oficial neste prédio é inglês. Todas secretárias são bi ou tri – língüueas. O prédio é de acesso restrito, exigindo-se
cartão eletrônico para a abertura das portas.
Para organizar o trabalho de elaboração de especificações e esboço de projetos nesta etapa, os 600
engenheiros participantes do DIP foram divididos em dois tipos de grupos de projeto: Integrationed Program Teams
(IPT) e Design Build Teams (DBT). de acordo com o Desenvolvimento Integrado de Produto (DIP). O primeiro tipo
cuida da visão funcional. Ou seja seu papel é garantir um bom projeto dos subsistemas do avião. Os DBTs têem a
função de garantir que se consiga montar fisicamente o avião, i. Isto é, os susbsistemas funcionais estão espalhados por
toda a aeronave e alguém precisa garantir que, quando prontos, todos caibam e funcionem da forma esperada quando
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reunidos no avião. Cada DBT é responsável por um pedaço físico do avião (nariz, caulda etc.). Nesta etapa, os
engenheiros precisam, constantemente, visualizar o avião resultante das decisões preliminares de projeto. Em qualquer
projeto isso seria verdade. Torna-se crítico em um projeto no qual a divisão de trabalho intelectual deve ser organizada
envolvendo 600 engenheiros, cada um responsável por uma parte dentro de uma estrutura hierárquica chamada árvore
de produto. Sem isso não saberiam dizer se juntar os pedaços físicos e integrar as várias funções resultaria em um avião
física e funcionalmente viável. Decorre daí a importância de maquetes, protótipos funcionais, modelos de laboratório e
engenharia ou outro nome que se lhes queira dar. Até recentemente, a necessidade de tais simulações físicas vinha
diminuindo com a utilização de projeto auxiliado por computador – o chamado CAD.
A JDP termina com a Preliminary Design Review (PDR) que tem o objetivo de revisar o projeto como
um conjunto, englobando não somente o produto, mas também aspectos como processo produtivo e a operação da
aeronave. Toda a alta hierarquia da EmbraerEMBRAER e os parceiros participariam da PDR. Cada sistema ou
subsistema tem um parceiro responsável, por exemplo, a revisão do sistema de aviônica é coordenada pela empresa
parceira Honeywell. A PDR é precedida de Intermediate Design Reviews – IDRs dentro da JDP. As IDR referiam-se àas
revisões de projetos das partes, equipamentos e subsistemas. Após a JDP, seguir-se-iam o Critical Design Review
(CDR), o Final Design Review (FDR) e a homologação do avião. O término do CDR permitiria o encaminhamento de
desenhos para a fabricação das seis aeronaves pré-séries.
Durante a JDP, o contato com o cliente estabelecia-se através de grupos especialmente formados: os
“Advisory Boards”, compostos com os 3 clientes iniciais do programa, chamados “launch customers”, e dos “Steering
Committees”. Dos primeiros, participam pessoal de alto nível dos clientes já comprometidos e potenciais. São utilizados
para análise e melhoria global do projeto. Já os segundos envolvem pessoal operacional dos clientes, tendo em vista
partes específicas do avião (manutenção, serviços a bordo, etc.). As decisões importantes do projeto são encaminhadas a
estes grupos para obter comentários e sugestões. Tais grupos são permanentes e continuam nas próximas fases do
programa.
FERRAMENTAS DA JDP
4.2.4.
Os programas de desenvolvimento de aeronaves da EmbraerEMBRAER sempre foram meios de
introduzir novas ferramentas de gestão e engenharia, por exemplo, o Programa do 145 ERJ-145 introduziu o mock-up
eletrônico na empresa. O 170 ERJ-170 não é a exceção. Descreve-se, a seguir, alguns ferramentas introduzidas neste
programa. A identificação e a avaliação destas novas ferramentas é a função principal do Programa de Estratégia
Tecnológica da EmbraerEMBRAER.
No programa 170 do ERJ-170, um novo sistema está sendo utilizado que permite a interação dos
projetistas com o projeto através de um sistema de realidade virtual. Ele permite ao engenheiro colocar o seu pedaço do
projeto no computador e este mostra o resultado, de tal maneira, que o projetista pode andar por dentro do avião e
visualizar o que ocorre quando o seu projeto é integrado ao conjunto do que os seus 599 colegas estão fazendo. Mais
que isso, estão para ser acrescidos ao sistema de realidade virtual dispositivos que permitem outras formas de interação.
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Por exemplo, luvas de torque permitirão aos engenheiros sentir o esforço manual necessário para abrir um armário ou
uma porta.
O pPrograma "DOORS" é um software que atua como uma “agenda eletrônica” aplicada a
acompanhar a evoluções das especificações, dando informações sobre desenhos, especificações, suas
implementaçõesantações, alterações, estado de desenvolvimento, ou seja permite fazer a traçabilidade das
especificações. Existem, versões mais sofisticadas que esse que foi implantado na EmbraerEMBRAER. Para implantáa-
lo foram precisos 6 meses para se adequar ao aplicativo , e àas mudanças organizacionais que ele gera. O principal
problema era "aculturar" as pessoas aà formalizar documentos que antes estavam em suas cabeças. Para se ter uma
idéia: operar o programa é algo que se aprende-se em uma semana. Mas há menos de Há um ano atrás, os documentos
eram "frios" – isto é, não eram interligados.
O "DOORS" é também utilizado para a gestão de requisitos, desde requisitos de mercado até os mais
detalhados. Permite fazer gestão de configuração e integração vertical. ÀA medida que se constrói a estrutura do
produto, em paralelo estabelece-se a ligação com a árvore de requisitos (especificação de desempenho, conformidade,
qualidade). Durante a fase de JDP, cada parceiro elabora os requisitos micros do sistema sob a sua responsabilidade. No
desenvolvimento doe 145 ERJ-145, o processo era diferente, a EmbraerEMBRAER detalhou até os requisitos micros e
a fornecedora ou parceira tem que fabricar de acordo com as especificações. Em alguns casos, as especificações por
exemplo, a asa e a fuselagem, as especificações doa 145 ERJ-145 não eram compatíveis com os processos de fabricação
da fornecedora e os projetos daqueles sistemas, como por exemplo asa e fuselagem que tiveram que ser refeitos.
4.2.5. TREINAMENTO DE FUNCIONÁRIOS EM JDP
A EmbraerEMBRAER está enfatizando a importância de trabalhar em times de desenvolvimento de
produtos. No recrutamento, um dos critérios- chaves é a habilidade de relacionamento. Para se obter sucesso no
desenvolvimento de capacidade em trabalhar dentro de times, foi, dentro do possível, permitido a cada pessoa buscar a
área de maior interesse para executar suas funções. É preciso incentivar o funcionário; saber motivar fazer o funcionário
a se interessar por alguma parte técnica do trabalho, e desenvolver suas capacidades individuais. Não houve treinamento
formal para trabalho em equipe para todos, sendo utilizados elementos multiplicadores desta filosofia. Cerca de 10
funcionários receberam treinamento formal que replicaram o conhecimento. Outra mudança que tem desempenhado
papel motivador bastante importante nos últimos anos, na EmbraerEMBRAER, é o desenvolvimento do chamado Plano
de Ação (PA) já descrito anteriormente.
4.3. FASES SUBSEQUENTES DA JDP
Uma vez completadas as revisões de PDR, as especificações, conhecidas como "specs", ficariam
congeladas, cada parceiro voltaria para casa e passaria a detalhar o projeto do seu equipamento ou subsistema,
interagindo à distância com o programa. Estas especificações são definidas de tal forma que permitaem que aos
parceiros detalharem seu projeto sabendo que se atenderem desde que ele aderisse a tais estas especificações, a
integração do projeto e o atendimento dos seus requisitos de alto nível estarão serão garantidos. Caso um parceiro
encontrasse um obstáculo que requisesse eria uma mudança das suas especificações de interface com os subsistemas de
outros parceiros, ele teria á que negociar com a Configuration Control Board (CCB).
Após a JDP há a previsão de produzir seis aeronaves dea pré-série do 170 ERJ-170 para a campanha
de ensaios e vôos de homologação, para os quais se prevê um prazo de cerca de 11 meses. A homologação normal de
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um avião como esse deveria tomar 24 meses e a certificação do 145 ERJ-145, um avião menor e menos complexo,
havia requerido cerca de 15 meses, e já foi considerada rápida. Para entender como esse cronograma é apertado é
preciso lembrar, ainda, que o primeiro 170 ERJ-170 deverá ser entregue aos clientes logo após a homologação. Não há,
portanto, muita o margem para correção de erros se algo sair errado. Notea que, no Programa doe 170 ERJ-170, não se
cogita a produção de protótipos e sim os aviões de pré-serie. A diferença é que um pré-série poderia ser comercializado
e o protótipo não. Isto significa que o projeto deverá ser congelado antes de se iniciar a construção do primeiro pré-
série. Esta política se deve ao custo individual de cada avião ( US$ 15 milhões). Adicionalmente, o uso de ferramentas
de simulação e de desenvolvimento simultâneo de produto e processo permitiram a antecipação de problemas e o início
da produção diretamente com pré-séries. Estas análises computacionais sugeriram uma nova forma de produção para o
170 ERJ-170: produção em docas em vez de linha de montagem, como é o caso doe 145 ERJ-145. Isso foi escolhido em
função do tamanho do produto, que assim como em navios, é mais fácil mover os operários em torno do produtos que
ao contrario.
Uma outra alteração interessante na filosofia dos projetos de desenvolvimento, foi a interação que
projetos teve com a manufatura, onde o gerente de projetos desenvolvia o avião em função de facilitar os processos de
manufatura. No projeto do 145 ERJ-145, houve a engenharia simultânea com as EIPs (Equipe Integrada de Projeto). No
170 ERJ-170 o desenvolvimento (produto & processo) foi mais integrado e suave: incluiu-se a engenharia de qualidade,
suporte ao cliente, manutenção, etc..
5. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada junto à EMBRAER com o intuito de compreender seu processo de
DPP apresenta bons resultados no sentido de que muitos dos elementos e ferramentas utilizadas na empresa são, de certa
forma, aquelas encontradas na literatura recente de DPP.
A motivação, da própria EMBRAER, em criar um departamento funcional de marketing
para tratar de todo o monitoramento e pesquisas de mercado mostra que está preocupada em adotar estão adotando
técnicas de gestão de DPP modernas que visam a aproximar-se dos requisitos de clientes, diminuindo os riscos e o tempo
de desenvolvimento. Além disto, há um estreitamento de contatos entre o pessoal de engenharia (Ante pProjeto) e o de
Marketing já na fase inicial nas bases do Desenvolvimento Integrado e Simultâneo de Projetos, como descrito em
BOWEN[1] e em literaturas de Engenharia Simultânea..
A pesquisa de mercado empática, encontrada em BOWEN[12] é adotada pela
EMBRAER nos chamados Advisory Board Meetings, com o auxílio de ferramental que facilita a interação do cliente
como produto (idéia) ainda na fase de conceito.
A busca de parcerias tecnológicas para a JDP, além de contratação de eventuais
consultorias em monitoração e análises de mercado mostra que a atuação da EMBRAER estaria em conformidade com a
análise queeu CLARK & WHEELWRIGHT [3] fazem sobre a estratégia e gestão das fontes tecnológicas da empresa.
Nota-se que o funil da EMBRAER é muito estreito, geralmente comporta somente um grande projeto de desenvolvimento
novo de cada vez. Isto é justificado pelos altíssimos custos envolvidos neste tipo de indústria.
A EMBRAER aprende com os projetos de desenvolvimento. Do projeto ERJ ERJ-145 para o 170 ERJ-
170, a empresa evoluiu de Eengenharia Ssimultânea para o Ddesenvolvimento Iintegrado. A tecnologia de mock-up
eletrônico evoluiu para a realidade virtual. A participação de parceiros ampliou-se drásticamente, apesar de que os dois
projetos tiveram contextos externos bem diferentes: 145 ERJ-145 foi desenvolvido quando a empresa era estatal e o 170
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ERJ-170 foi lançado após a privatização. Depois da privatização a empresa profissionalizou-se, particularmente, nos
aspectos administrativos empresariais. Entretanto, o sucesso de ambos tem um aspecto em comum: o mesmo núcleo de
engenheiros competentes em projeto e produeção. Os sistemas e procedimentos empregados pela EMBRAER no
desenvolvimento do 170 ERJ-170 já atraiu a atenção de outras empresas aeroespaciais.
Segundo os entrevistados, muitas empresas do exterior estão visitando a EMBRAER tentando realizar
benchmarking o que a própria EMBRAER fez em 1994-1995, no sentido inverso. Em menos de 10 anos a empresa saiu
de uma crise aguda para ocupar uma posisção de vanguarda, em termos de desenvolvimento de produto e processo, numa
indústria altamente competitiva em a nível mundial.
5. 6BIBLIOGRAFIA
[1] MURPHY, S. A; KUMAR, V. The Front-End of New Product Development: a Canadian Survey.
R&D Management 27,1, 1997.
[21] BOWEN, H. K.; CLARK, K. B.; HOLLOWAY, C.A.; WHEELWRIGHT, S.C. The perpetual
enterprise Machine. NY.Oxford University Press. 1994.
[2] MURPHY, S. A; KUMAR, V. The Front-End of New Product Development: a Canadian
Survey. R&D Management 27,1, 1997.
[3] [3] CLARK K.B.; WHEELWRIGHT, S.C. Managing new Product and Process Development: Text and Cases .
Free Press. New York.1993.
[ 4 ] SILVA, Ozires, "A Decolagem de um Sonho", São Paulo: Lemos Editorial, 1998
.
[5] DAGNINO, Renato, "Estudo da competitividade da indústria brasileira: competitividade da indústria aeronáutica",
Campinas : Mct/finep/padct, 1993.
[6] AFFONSO, L. C. e CAMPELLO, A. C., Gestão Integrada de Multi-Projetos em uma Empresa Aeronáutica, XX
Simpósio de Gestão da Inovação Tecnológica, 17 a 20 de novembro de 1998, São Paulo, SP, pp.1475 - 1483.