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VALORIZANDO A HORA DO RECREIO: Resgate Histórico de
Brinquedos e Brincadeiras
Inêz Becher Ribas1
Marco Aurélio Monteiro Pereira2
Resumo: Através da pesquisa da história dos brinquedos e brincadeiras, os alunos valorizaram a história e mergulharam no espaço de aprendizagem valorizando a construção de brinquedos. Com a pesquisa histórica dos brinquedos, os sentimentos afloraram entendendo a importância da valorização e preservação do patrimônio cultural que perpassa gerações. Edificando brinquedos, os alunos do sexto ano do Colégio Estadual do Campo de Vila Palmira, no município de São João do Triunfo, no Estado do Paraná, entenderam o resultado e a alegria de participar da confecção, divertindo-se muito. Utilizando a técnica da história oral, entrevistaram alunos, funcionários e professores que atuaram na escola contextualizando a história na hora do recreio. Içaram dados em documentos que estão arquivados na escola. Com isso os alunos aprenderam a fabricar brinquedos, empenharam-se no resgate da história dos mesmos. Brincar, construir brinquedos, entoar cantigas de roda, em um mundo onde se pensa apenas em novas tecnologias, foi importante para a interação, socialização e percepção de como trabalhar em grupo em uma sociedade onde impera o individualismo.
Palavras–chaves: brincadeiras; aprendizagem: pesquisa; história; memória
Summary : Through research in the history of toys and games, students appreciated the story and plunged in the learning space valuing construction toys. With the historical research of toys, feelings start to understand the importance of valuing and preserving the cultural heritage that transcends generations. Building toys, students of the sixth grade of the State College of Palmyra Village, in the municipality of São João do Triunfo, in the State of Paraná, understood the result and the joy of participating in the making, having fun too. Using the technique of oral history, interviewed students, teachers and staff who worked on the story context school at recess. Hoisted data in documents that are stored in the school. With that the students learned to manufacture toys, engaged in the rescue in history. Play, building toys, singing songs of wheel, in a world where people think only in new technologies was important to the interaction, socialization and perception of how to work in groups in a society where individualism reigns.
Key words: jokes; Learning: research; history; memory
Introdução
1
1
Professora da SEED.NRE: PONTA GROSSA, e mail: [email protected]
2
2
Professor Ms: História do Brasil IES: UEPG, e mail: [email protected]
Este estudo aborda a necessidade do conhecimento histórico dos
brinquedos e brincadeiras da hora do recreio. Tendo como objetivo principal da
educação a formação de indivíduos criativos, críticos, com diferentes aptidões e
capazes de transformar o mundo tem-se no lúdico uma ferramenta indispensável
para a realização da aprendizagem dos alunos.
Pesquisas da história dos brinquedos e entrevistas com pessoas, que os
tornaram material motivador foram essenciais para a realização deste trabalho do
PDE. Comparando o ensinar com brincadeiras, os resultados mostraram que foi
excitante para a turma aprender história de uma maneira totalmente diferente.
Encerrando com uma exposição foi gratificante perceber a volta à infância das
pessoas que estiveram presentes. Reconhecendo também, as dificuldades que
ocorreram teve-se a necessidade de transpor barreiras que de início pareciam
intransponíveis, mas com afinco e dedicação trouxeram muitas satisfações e
alegrias.
Fundamentação Teórica
“Professor bom não é aquele que dá uma aula perfeita, explicando a matéria. Professor bom aquele que transforma a matéria em brinquedo e seduz o aluno a brincar. Depois de seduzido o aluno, não há quem o segure”.
(Rubem Alves)
As atividades humanas desde a constatação do homem como ser
pensante têm, nos jogos e nas brincadeiras, um fator cultural.
HUIZINGA, Johan (2000), em seu livro HOMO LUDENS chegou a
seguinte conclusão: a verdadeira civilização não pode existir sem um certo
elemento lúdico, porque a civilização implica a limitação e o domínio de si próprio.
Portanto o brincar faz parte da natureza humana. Em todos os jogos a competição
é uma ação que termina em si mesmo não tendo como resultado qualquer
contribuição para a sobrevivência de um grupo. O significado reside na importância
do jogador poder ganhar e ser o destaque. (HUIZINGA, 2000,p.39) Existe um
ditado holandês segundo o qual "o que importa não são as bolas de gude, mas o
jogo" expressa com sutileza e com clareza, este fato não é ação mais o resultado
dando destaque para o primeiro. A sociedade também entra no jogo oferecendo
melhores oportunidades para aqueles que se destacam. No universo humano
existem as mais variadas formas de competição para o individuo sentir-se superior:
pela sorte, força física, habilidade, luta armada, coragem, resistência, astucia, arte,
seja desta ou de outras inúmeras maneiras é sempre um jogo. Por que não utilizar
estes artifícios e propiciar um encontro eficaz que gera aprendizagem na hora do
recreio?
Reencontrar histórias e origens dos brinquedos tem referência em Kishimoto
que comenta: “A inexistência de estudos históricos acerca da evolução do
brinquedo no Brasil, leva-nos a adotar a história do brinquedo na sociedade
francesa, como parâmetro para análise”. (2007p.39). Elabora uma reflexão desde
Roma e Grécia até os dias atuais. Povos da Grécia e do Oriente brincavam de
amarelinha, de empinar papagaios, jogar pedrinhas perpetuando brincadeiras e
renovando a cada geração.
O Brasil colonizado pelos portugueses herda do folclore português tradições
milenares transmitidas pela oralidade podendo serem constatada pelos jogos
tradicionais infantis como a pipa.
Os africanos chegam ao Brasil sem vontade própria. Qualquer objeto que
servia de suporte para a brincadeira era um brinquedo. Tem influência européia
porque centenas de anos de convivência adotaram brinquedos considerados
universais como bolas, pequenas, armas para simular caçadas e pescarias. As
crianças africanas serviam de suporte para as brincadeiras dos filhos dos senhores
de escravos. Os filhos de escravos aprenderam com os indígenas as brincadeiras
de imitar os animais.
Kishimoto coloca o brinquedo e as brincadeiras com significações opostas
ou semelhantes como uma atividade supervisionada por um adulto. (2007 p.71,72).
Ariès (2011) faz referência a gravura de brinquedos no século XIX. Coloca a
importância na sociedade antiga do lúdico não havendo distinção entre o
divertimento dos adultos e das crianças:
As crianças também participavam, no lugar que lhes cabia entre outros grupos de idade, das festas sazonais que reuniam regularmente toda a coletividade. Para nós é difícil imaginar a importância dos jogos e das festas
nas sociedades Antiga: hoje, tanto para o homem da cidade como para o homem do campo, existe uma margem muito estreita entre uma atividade profissional laboriosa e hipertrofiada, e uma vocação familiar (...) Na sociedade antiga, o trabalho não ocupava tanto o tempo do dia,nem tinha tanta importância na opinião comum: não tinha o valor existencial que lhe atribuímos a pouco mais de um século. Mal podemos dizer que tivesse o mesmo sentido. Por outro lado, os jogos e os divertimentos estendiam-se muito além dos momentos furtivos que lhes dedicamos: formavam um dos principais meios de que dispunha uma sociedade para estreitar seus laços coletivos, para se sentir unida. (...) As crianças e os jovens participavam delas em pé de igualdade com todos os outros membros da sociedade, e quase sempre desempenhavam um papel que lhe era reservado pela tradição. (p.51)
Telma Anita Piacnetini (2005) lembra os encantos das bonecas de pano, de
plástico ou de porcelana? Dos efeitos especiais dos carrinhos de lata, de madeira
e de metal? Da alegria dos piões, das acrobacias dos bilboquês, do estalar das
bolinhas de gude, (vidro ou buricas) enfim de todos os brinquedos que fizeram
parte da infância das crianças eternizadas em um Museu do Brinquedo.
Natividade Pereira em seu livro Brinquedoteca (2004 p.08), “O ato de brincar
é um legado de nossos antepassados. Faz parte da vida e sobrevivência cada
criança: está no alicerce e na cultura de um povo. Brinquedos e brincadeiras são
patrimônios que pertencem à humanidade”. Oferece ilustrações e dicas de
confecções de brinquedos e brincadeiras.
Despertar o interesse dos alunos para confeccionar os brinquedos e na
sequência colocá-los no pátio, na hora do recreio, ocorrerá uma integração social
valorizando a atividade em grupo.
Tânia Mara Cruz e Marília Pinto de Carvalho, Jogos de Gênero (2004): o
recreio em uma escola de ensino fundamental; fizeram um levantamento de dados
em uma escola pública de São Paulo com o objetivo de verificar as relações de
gênero entre crianças em um contexto escolar na hora do recreio. A violência e as
hostilidades chamaram a atenção.
Rosilda Maria Alves (2004), Atividades Lúdicas E Jogos No Ensino
Fundamental, colocam as brincadeiras como um tempo em que se preservava o
sonho e os limites se definiam no aprendizado de uma relação que é
essencialmente lúdica a relação de uma criança com a outra. É este resgate que
precisa ser buscado.
Damiana Machado de Almeida e Melânia de Melo Casarin (2002) escrevem
sobre a Importância de Brincar para a Construção do Conhecimento na Educação
Infantil. O Brincar era na antiguidade a participação das crianças nas mesmas
brincadeiras dos adultos. O brinquedo visto como um objeto era o suporte da
brincadeira permitindo a criança criar, imaginar e representar as experiências por
ela adquiridas.
Tania Ramos Fortuna (2000), em seu artigo, Sala de aula é lugar de
brincar? “O sujeito que brinca se apropria do mundo de forma ativa e direta, mas
também através da representação, ou seja, da fantasia e linguagem.”
Reginalice de Lima Marques e Ilka Dias Bichara(2011), em seu artigo:
Em cada lugar um brincar: reflexão evolucionista sobre universalidade e
diversidade: Na zona lúdica podem estar incluídas todas as variáveis que
influenciam o brincar das crianças como o acesso a televisão, disponibilidade de
brinquedos, atitudes dos pais e de outros adultos com relação ao brincar,
disponibilidade de companhia, representações das brincadeiras, bem como a visão
e a expectativa que se tem da criança em uma determinada sociedade.
Chris e Melanie Rice, no livro As Crianças na História (2000) modos de
vida em diferentes épocas e lugares, mostra o dia a dia de algumas crianças que
viveram em diferentes lugares e épocas históricas.
Edda Bomtempo, (1999) Brinquedo e educação: na escola e no lar, o
brincar e a escola nunca estiveram em acordo. Para pedagogos da antiguidade até
hoje os brinquedos são os métodos mais eficazes de aprendizagem para a criança.
Maria da Gloria Burda (2007), faz uma retrospectiva histórica dos
brinquedos a partir da Segunda Guerra Mundial e a incorporação dos brinquedos
de plásticos. Não sabemos quem os inventou. Muitas vezes a história foi
transmitida pela oralidade. Faz considerações sobre os brinquedos no Brasil.
A História dos Brinquedos
Bolinha de gude : Conhecido no Brasil como búrica, bulica, buraca bolita, firo
e outros nomes. Sua origem remonta a antiguidade. Desde o Egito antigo as
crianças brincavam com bolinhas de gude. Os povos primitivos brincavam com
pedras redondas encontradas nas margens dos rios. Arqueólogos encontraram no
túmulo de uma criança do Egito, há mais de três mil anos, bolinhas de gude feitas
com pedras semipreciosas. As crianças gregas jogavam com avelãs, castanhas e
azeitonas. Na Roma antiga o imperador César Augusto saía a passeio para se
divertir vendo as crianças jogar. Na Ilha de Creta, as bolinhas eram de pedras de
jade e ágata. No século XVI o jogo era bastante popular. As bolinhas de gude
chegaram ao Brasil pelos colonizadores portugueses como bolinhas de vidro
coloridas. O nome vem de gode que se referia a pequenas pedras arredondadas. As
bolinhas de vidro eram também usadas pelos ingleses e depois importada pelos
colonizadores para os Estados Unidos. Hoje o jogo faz parte da lembrança dos
adultos e as crianças com a grande diversidade que existe no mercado.
Peteca: De origem indígena a peteca era muito praticada nas tribos. O nome
peteca é de origem tupi ( pe’teka) bater com a mão. Quando realizavam rituais as
petecas estavam presente. O brinquedo era confeccionado com palhas de milho e
penas de aves. Tipicamente brasileira, ficou conhecida no mundo durante as
Olimpíadas de 1920, na Bélgica. Levada para distrair os atletas despertou o
interesse dos estrangeiros. Jogar peteca desenvolve a coordenação motora e noção
de espaço. Em 1940 o jogo de peteca foi pela primeira vez competido em Minas
Gerais. Em 1970 já era disputado por pessoas de todas as idades. Em 1985 foi
oficializada como esporte.
Cinco Maria: O jogo das cinco marias é muito antigo. Já existia ha quatro mil
anos a. C. Da Grécia antiga veio o nome. Quando queriam consultar os deuses ou
determinar sua sorte os homens jogavam osssinhos de carneiro e olhavam como
caíam. Cada lado tinha um nome e um valor. A resposta dos deuses era interpretada
a partir da soma desses números. O lado mais liso valia um ponto (kyon), o menos
liso seis pontos (coos), o côncavo três pontos (yption), e o convexo quatro pontos
(pranes). A nobreza antiga jogava com pepitas de ouro, marfim e pedras preciosas.
Depois foram substituídos por pedrinhas até chegar aos saquinhos com areias ou
arroz. Este jogo também se chama cinco pedrinhas, pipoquinha, cinco pedras, cinco
saquinhos.
Bilboquê : Surgiu na França e se tornou o brinquedo favorito do rei Henrique
III(1551-1589). No reinado de Luis XIV, foi moda no palácio. Era confeccionado com
um pedaço de madeira, tipo bastão, uma bola de madeira, com um furo no meio e
um pedaço de barbante. Muitas pessoas conhecem como biblioquê. A palavra vem
do francês bilboquet que tem relação com a palavra bille significando pequeno
bastão. É conhecido também pelo nome “emboca-bola”.
Boneca: A origem das bonecas é desconhecida. Talvez as primeiras fossem
feitas pelo homo sapiens na África e Ásia para rituais. Existe no museu de História
Natural de Viena uma pequena estatueta de formas arredondadas datada de vinte e
cinco mil anos a C. Algumas eram feitas de barro, com formas de gestantes
lembrando a fertilidade. Outras eram construídas por artesão. Nos túmulos de
algumas crianças egípcias bonecas feitas de madeira com cabelos feitos de cordões
de argila. Na Grécia e em Roma eram chamadas de moças pequenas.
Movimentavam os braços e as pernas, os cabelos eram feitos de argila, bolinhas de
madeira e algumas vezes de cabelo humano. As moças gregas levavam suas
bonecas até a época do casamento colocando-a em oferenda para a deusa Afrodite
do amor e da fecundidade. No século V as bonecas serviam como modelos para os
estilistas. Com vestidos magníficos eram levadas para a corte para os nobres
escolherem as roupas. A primeira fábrica surgiu na Alemanha em 1413. Grandes
transformações ocorreram desta época para os dias atuais. Em 1958, Ruth Handler
percebeu que sua filha gostava de brincar com bonecas de papel porque podia
trocar as roupas dela. Teve a ideia de fazer uma boneca com jeito de adulta. Deu o
nome dela de Barbie, apelido de sua filha Bárbara. Chegou às lojas vestindo um
maiô listrado, em branco e preto. Foi apresentada ao público em 1959, na Feira
Internacional de Nova Iorque e já no primeiro ano foram vendidas mais de 350 mil.
(Quando???)Já foram vendidas mais de um bilhão de bonecas. Diz-se que a cada
dez segundos vende-se uma Barbie. Até 1937, as bonecas, no Brasil eram
importadas da Europa, feitas de porcelana. A partir daí a indústria de brinquedos
Estrela começou a produzir bonecas. Em 1962 a Estrela fabricou a boneca Susi.
Ganhou guarda roupa que tinha tudo o que as mulheres usavam inclusive anáguas.
Com vinte e três anos parou de ser fabricada retornando em 1997, com novas
versões. Atualmente está sendo produzida de outra etnia, Susi Olodum, negra. Na
atualidade existem bonecas de todos os tipos com características de jovem,
crianças, bebê, que falam, choram, andam comem e inclusive fazem necessidades
fisiológicas. Entretanto para as famílias sem condições financeiras usa-se a
imaginação. Popularmente conhecida no Brasil é a bruxinha de pano. Feita em casa
em condições precárias, da época da Colônia, utilizada pelas crianças de pouco
poder aquisitivo. Hoje faz parte do folclore indicando através da roupa qual região
pertence. Conseguiu resistir e ainda encanta o sonho das meninas. No mundo do
faz de conta todas as crianças assumem papéis de adultos. Usam a imaginação
determinam as regras e criam situações imaginárias ampliando se mundo. Foi
utilizado por Monteiro Lobato em suas histórias: a boneca Emilia.
Pé de lata: As crianças sonham em ficar do tamanho dos adultos. Esta
brincadeira além de ser interessante o investimento é muito pouco.
Empregada na Idade Média nas apresentações dos circos. No Brasil também
se transformou na perna-de-pau. Desenvolve o equilíbrio e a coordenação
motora.
Pião: De origem incerta, o pião remonta há aproximadamente quatro mil
anos a.C. Foi encontrado algo semelhante às margens do Rio Eufrates, na
Babilônia, decorados e de argila. Nas escavações de Pompéia, cinco séculos
antes de Cristo, um poeta grego fazia menção em um poema como jogo infantil
popular. Pião ou pinhão como é chamado em algumas regiões do Brasil
remonta à Grécia e Roma. Veio para o Brasil com os portugueses. O pião é um
objeto cônico, quase sempre de madeira com uma ponta de metal. Geralmente
é feito de madeira em forma de pêra.
Resultado das Pesquisas e Construção dos Brinquedos
Segundo orientações do Caderno Pedagógico, os alunos verificaram as
etapas do processo da História Oral e o uso adequado dos documentos para a
pesquisa Histórica. Com o relato de pessoas que viveram em diferentes épocas e
revivido na memória das pessoas, acarretou uma nova dimensão para a valorização
do conhecimento histórico para os alunos.
No contato com os documentos da Escola Municipal do Iguaçu e do Colégio
Estadual de Campo de Vila Palmira, os educandos sentiram-se acalorados ao ver
nomes de pessoas que fazem parte de suas vidas. Entrevistaram as professoras em
relação à hora do recreio. Com dados concretos chegou-se a conclusão que existe
um retorno às brincadeiras pesquisadas pelos alunos do sexto ano B. O jogar
peteca, o joguinho de bolinha de gude e a amarelinha estavam presentes nas
brincadeiras destes.
O próximo passo foi buscar os materiais nas casas dos vizinhos do Colégio,
haja vista, que a escola se encontra em uma localidade rural. Aproveitou-se a
oportunidade também para entrevistar as pessoas sobre as brincadeiras na época
da infância. Sempre construíam seus brinquedos desde sofisticados carrinhos de
mão, até petecas, bolinhas de gude, piões, etc.
Na sequência foram construídas as cinco marias. Foi muito interessante,
porque diversos alunos nunca tinham colocado fio na agulha. Alguns meninos
sofrendo preconceitos enraizados culturalmente negaram-se a utilizar a agulha,
outros, no entanto, não se sentiram constrangidos e construíram as cinco marias.
Para fazer um contraponto alguns fizeram petecas de palha outros trabalharam
com E.V.A. Foi gratificante o empenho deles. Em um momento faltou pena e no
pátio do colégio têm galinhas dos vizinhos. Foi cômica a cena: os meninos
correndo atrás delas para conseguir as o material necessário. Com a contribuição
da turma do sétimo B, foi conseguido organizar e fabricar petecas bem bonitas.
Teve-se alguma dificuldade em conseguir latas para fabricar os pés de lata, contou-
se com a ajuda de uma pessoa muito prestimosa que auxiliou muito os alunos e o
resultado foi promissor.
Uma pessoa da comunidade ajudou na construção de bonecas. Fase talvez
mais difícil do trabalho. Ofereceu sua residência para utilizar a máquina de costura
e com a ajuda dos alunos, saíram algumas. Com certeza ao fazer o bilblioquê, os
alunos se empolgaram mais, devido à facilidade de utilizar as garrafas pet para
fabricar tal brinquedo. Depois utilizaram diversos materiais para enfeitá-las,
ocorrendo até mesmo disputa para ver qual faria o mais bonito.
As bolinhas de gude! Ah quanta euforia e sujeira junto com felicidade.
Primeiro foram buscar o material em um local apropriado. Depois fizeram uma
grande sujeira, mas o importante foi observar o interesse em trabalhar com o
barro. Não contentes de deixá-las na cor natural, alguns dias depois de estarem
secas decoraram com tinta guache.
Talvez a maior dificuldade foi a dos piões. Chegou-se à conclusão que os
porungos estão em extinção. Foi muito difícil conseguir dois para confeccionar este
brinquedo. Um aluno usando a sua criatividade fez um de CD. Os brinquedos
confeccionados logo eram motivo de brincadeiras entre eles.
Todos os brinquedos confeccionados ficaram expostos e à disposição dos
alunos e visitantes na amostra realizada no Colégio. Interessante nesta amostra foi
observar o prazer das pessoas de brincarem. Jovens, adultos e crianças fizeram
da exposição momentos de lazer. Os alunos do sexto ano B apresentaram
compenetrados e contavam a história dos brinquedos e ensinavam a utilizá-los.
Os professores que participaram do GTR (Grupo de Trabalho em Rede)
destacaram a importância do lúdico na aprendizagem. Pesquisas que enfatizam o
brinquedo como material motivador é fundamental para o treino de habilidades
cognitivas verbais e sociais. É preciso que os professores entendam que atividades
e experiências alternativas promovam a aprendizagem da criança através do
brincar. É aí que as brincadeiras e jogos compreendidos sob a ótica do brinquedo e
da criatividade devem encontrar maior espaço para ser entendido como educação.
Atualmente vários pesquisadors buscam responder, principalmente, questões
como: a função que estas atividades exercem sobre o desenvolvimento infantil;
motivos pelos quais a criança deve brincar; o que a brincadeira proporciona à
criança, no que diz respeito à aprendizagem. Cabe ao professor exercer o papel de
mediador no processo ensino-aprendizagem, incentivando seus alunos ao
desenvolvimento de suas habilidades criativas, buscando para isso conhecimento
sobre o assunto e de como aliar a teoria à prática, propiciando às crianças um
ambiente prazeroso, cheio de alegria e espontaneidade, para que possam
vivenciar suas experiências intensamente.
Os professores do GTR também destacaram a importância do resgate da
história das brincadeiras infantis na escola. As crianças estão se tornando adultas
muito cedo. As mudanças na tecnologia faz com que as brincadeiras se tornem
mais rápidas e sem muito esforço físico,como os jogos de computador,ficando,as
crianças só dentro de suas residências,sem se relacionar muito com outras
pessoas. Outro problema preocupante é a violência das cidades em geral:
pequenas, médias e grandes, fazendo com que as crianças se fechem muito mais
dentro de suas casas e não brinquem mais, assim essa forma de viver acaba se
refletindo na escola, onde trazem seus costumes. Na escola as crianças
perceberam que brincar de roda, boneca, bolinha de gude, peteca, etc, faz muito
bem para a saúde física e mental.
As brincadeiras são grandes aliados para a apropriação de conhecimentos
em todas as áreas, principalmente no ambiente escolar. Portanto, a construção de
brinquedos, proporciona, além de um bem estar evidente, também conhecimentos
e compreensão do passado.
Inserindo atividades às brincadeiras, resgatou-se a história retomando bons
tempos, onde a inocência, a ousadia e a criatividade de ser criança falam mais
alto. Nas cantigas de roda reviveu-se uma época de muita fraternidade e
companheirismo.
Considerações Finais
Os professores de história sentem no cotidiano a dificuldade de fazer os
alunos entenderem o mundo em que vivem. Esse resgate histórico das brincadeiras
infantis foi uma forma de promover o conhecimento histórico, junto à sociedade
local em que vivem. A construção de brinquedos proporcionou compreensão dos
fatos ocorridos, despertando nos alunos interesse pelo passado de seus familiares e
as transformações sociais vividas, fazendo analogias sobre o ontem e o hoje.
Na atualidade vários pesquisadores buscam no lúdico motivar as crianças
para o aprender brincando. Os professores exercem o papel de mediador no
processo ensino-aprendizagem, estimulando seus alunos ao desenvolvimento de
suas aptidões inventivas, procurando mediar a teoria e a prática em um ambiente
cheio de exultação e espontaneidade.
Na escola, as crianças e também os adultos perceberam que brincar e
cantar cantigas de roda, faz muito bem, proporcionando momentos de muita
alegria. Houve momentos benéficos de melhoria da convivência entre os alunos.
Para o conhecimento histórico, resgatar brinquedos e brincadeiras de
antigamente, contribuiu para despertar a importância da cultura local e a
valorização dos saberes dos mais velhos, transmitidos pela oralidade.
Por fim, isto tudo deixou um pretensão de ansiar mais.
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