vamos respirar, sentir soltar

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  • 8/18/2019 Vamos Respirar, Sentir Soltar

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    VAMOS RESPIRAR, SENTIR, SOLTAR... 

    Paulo Wenderson Teixeira Moraes 02/04/2016 

    VAMOS RESPIRAR, SENTIR, SOLTAR... 

    Hoje no Brasil, observa-se um fenômeno clássico de grupo. Quanto mais uma pessoa se torna

    identificada e partidária de um conjunto de pessoas, maior a probabilidade de pensar, sentir e agir

    de acordo com o movimento delas. Quando o número de indivíduos transforma-se numa massa,

    surge uma tendência para a diminuição da capacidade crítica decorrente do enfraquecimento da

    razão. É um estágio perigoso da vida em sociedade, pois as suposições compartilhadas

    transformam-se em crenças inegociáveis e o que era opinião adquire status de verdade. É quando éfeita a cisão entre “nós” e “eles” e se fortalece a tendenciosidade do ego. O pensamento de grupo

    alimenta uma cegueira para as ideias divergentes e impossibilita a empatia (com os outsides, em

    outros termos, com os de fora da panelinha). Essa é uma receita para o ódio e a intolerância que

    vem assolando tantas regiões do planeta. Para isso tem uma milenar receita: VAMOS RESPIRAR,

    SENTIR, SOLTAR...! 

    Quando o ódio quiser lhe capturar, utilize esse mantra. Uma médica, por exemplo, que se nega a

    atender uma pessoa só por causa da cor da camisa que ela usa, não está respirando direito e está

    desconhecendo a ligação que existe entre todos os seres humanos: somos afinal todos irmãos. Ela

    perdeu uma oportunidade de exercitar a humildade e se desapegar de sua condição partidária.

    Quando a pessoa sentir vontade de xingar, vaiar ou prejudicar uma outra por causa da cor da

    camisa que ela usa, ela tem que lembrar que foi capturada por algum regime de verdade do grupo

    ao qual está filiada. Quando você ouvir alguém afirmando uma suposta verdade com raiva e rancor,

    seja gritando “fora” ou “dentro”, seja golpe ou impeachment, algum regime de verdade está tentando

    lhe capturar. Isso tudo passará e a vida continuará, o remédio para não se estressar eu estou a lhe

    receitar: VAMOS RESPIRAR, SENTIR, SOLTAR...

    Tomar consciência da respiração é um caminho para o autoconhecimento e, consequentemente,

    para a descoberta de que o “nós X eles” é uma ficção construída socialmente. Sentir a tensão que

    aprisiona o corpo faz pensar que existe um “encosto” que não nos pertence. Então vem o desejo de

    soltar o ódio e as emoções negativas que capturaram o bom senso e a razão. Esse mantra pode

    desarmar a tensão que se constituiu entre os irmãos brasileiros. VAMOS RESPIRAR, SENTIR,

    SOLTAR...

    Se a presidente Dilma sair, teremos que lidar com os nossos problemas de mais de 500 anos. Se a

    presidente Dilma ficar, teremos que lidar com os nossos problemas de mais de 500 anos. A

    aceitação da condição brasileira é um passo importante para avaliar o que é possível e planejar o

    quanto de trabalho há ainda por ser feito. Aceitação sem resignação, mas com autoconsciência eesperança na transformação. Enquanto isso, eu me pergunto o que posso fazer para me manter

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    digno e íntegro? Não me sinto melhor do que nenhum daqueles que estão no poder, mas imagino

    que atualmente estou dormindo melhor do que eles, pois não fui corrompido pela sedução das

    corporações e do capitalismo. Peço forças para que eu nunca me corrompa e nem me lambuze com

    o dinheiro do povo, mas reconheço que também sou limitado e devo ficar alertar para não cair em

    tentação. Ainda estou aprendendo a ser mais honesto comigo mesmo e nem sei o quanto ainda

    tenho que aprender com meus defeitos e imperfeições. O meu ego só pode ver um pedacinho do

    lobo que se esconde em vestes de carneiro. É preciso transmutar o lobo aos pouquinhos, veja a

    aula do porquinho da Índia (www.ostresporquinhosdaindia.com.br). Estou nessa caminhada

    aprendendo, VAMOS RESPIRAR, SENTIR, SOLTAR...

    Inspirando, faz a barriga crescer, pois o pulmão irás encher

    Expirando, o pulmão esvazia, e a barriga tu tens que encolher. 

    (livro: "Os Três Porquinhos da Índia", página 37) 

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     Ao examinar bem direitinho, veremos que temos o cenário que merecemos. Uma

    escola razoável para quem paga e outra precária para o resto da população. Cada

    família vai levando do jeito que pode, sem um plano coletivo. Cada qual que se vire

    para comprar seu plano de doença para poder adoecer na comodidade de um hospital

    particular. Ainda falta amadurecimento da sociedade para pensar numa saúde

    coletiva. Além disso, muitos cidadãos brasileiros têm hábitos individualistas e

    hipócritas, portanto, causadores de estresse. Para viver diferente, é necessário um

    esforço grande e pensar no melhoramento daquilo que é público e de todos. Quando

    se reclama do trânsito, por exemplo, cada um é parte do problema e responsável, não

    adianta colocar a culpa nos extraterrestres, é a escolha individual que produz o atual

    caos. O cidadão pensa que compra o carro e depois reclama do engarrafamento. Mas

    é o carro que comprou ele através dos seus símbolos de status, poder e comodidade.

    Tudo ilusão! Depois vem a reclamação para o governo, pois a maioria quer a mesma

    coisa. Assim ele vai se transformando num consumidor compulsivo, egoísta e

    individualista. Em outros campos, se consome muito açúcar, filmes, a globo, muito

    álcool e outras drogas. Então, se você está no seu apartamento esperando a morte

    chegar, eu lhe recomendo tentar: VAMOS RESPIRAR, SENTIR, SOLTAR...

    E se elegêssemos Mujica presidente? Oh, infelizmente, ele é uruguaio, tem uma

    nacionalidade diferente. Já pensou um presidente indo trabalhar de fusca, um carro

    simples, mas eficiente? Eficiente, pois tem uma tecnologia adequada ao cargo de

    regente da nação, mantém o ocupante na simplicidade de sua condição. Mas aqui

    seria preciso um Mujica ao quadrado, que fosse para o planalto de ônibus coletivo,

    que tivesse como plano de saúde o SUS e que matriculasse os filhos na escola

    pública. Já sugeriram que os políticos deveriam ser obrigados a usar os serviços

    públicos iguaiszinhos aos da população que os elegeu. Mas devo lembrar que na

    memória nacional existe um cidadão que se aproxima do uruguaio em honestidade e

    patriotismo: é o nosso Policarpo Quaresma. Infelizmente, um ser honesto no Brasil,

    quando encontra o poder, sucumbe pra valer ou é morto antes de cumprir o seu dever. Ainda não estamos prontos para tanto patriotismo e honestidade. Mas podemos

    mentalizar, para que esse dia venha a chegar. Comecemos a campanha: “Policarpo

    presidente, para alegria da gente. Quaresma no poder, mudanças pra valer...”. Se

    você acredita que podemos mudar a realidade, VAMOS RESPIRAR, SENTIR,

    SOLTAR...

     A mudança mais duradoura começa no interior, seja do indivíduo ou do país. Começar

    a construir novos valores demanda a solidariedade entre as pessoas. Compartilhar os

    recursos e decidir coletivamente as prioridades, enfim celebrar a sustentabilidade. Emcada canto prevejo o surgimento de um sentimento policarpiano no coração do

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    brasileiro, que começará a zelar pelos recursos públicos e ser mais honesto consigo

    mesmo. Aos poucos serão reduzidos os gastos públicos que alimenta o sistema

    político. Atualmente, é o povo que serve aos políticos que se tornaram profissionais do

    delírio e, em alguns casos, um perigoso inimigo. Política não é profissão e não produz

    nada que justifique tal remuneração.Vejo um futuro em que vereadores e deputados

    ganharão apenas o orgulho de servir ao bem público, como em alguns lugares do

    planeta em que não há salário para político. Vamos mentalizar, esse dia há de chegar.

    Para que um novo Brasil venha a se manifestar: VAMOS RESPIRAR, SENTIR,

    SOLTAR...