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VARIAÇÃO TÁTICA ENTRE AS EQUIPES PARTICIPANTES DA FASE FINAL DA UEFA CHAMPIONS LEAGUE. RODRIGO FERREIRA AMARAL DAVIS SOCRATES GRECO ORIENTADOR: Dndo ANTONIO COPPI NAVARRO Programa de Pós-graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho – Especialização em Metodologia da Aprendizagem e Treinamento do Futebol e Futsal. e-mail: [email protected] Rua Santos Dumont nº169. Vila Flávio – Mogi das Cruzes – São Paulo. 08735-020.

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VARIAÇÃO TÁTICA ENTRE AS EQUIPES PARTICIPANTES DA FASE FINAL DA UEFA CHAMPIONS LEAGUE. RODRIGO FERREIRA AMARAL DAVIS SOCRATES GRECO ORIENTADOR: Dndo ANTONIO COPPI NAVARRO Programa de Pós-graduação Lato-Sensu da Universidade Gama Filho – Especialização em Metodologia da Aprendizagem e Treinamento do Futebol e Futsal. e-mail: [email protected] Santos Dumont nº169. Vila Flávio – Mogi das Cruzes – São Paulo. 08735-020.

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RESUMO Introdução: O futebol europeu tem a cada dia criado um laço com os torcedores de outros continentes, isto faz com que criemos uma identificação maior com clubes e jogadores do exterior. Objetivo: O objetivo deste trabalho é fazer uma análise dos sistemas táticos adotados na fase final da UEFA Champions League e verificar se há variação tática entre todas as equipes, seja do mesmo país ou não. Revisão de Literatura: Para Coelho e Valdano (2006) a tática é o sistema de jogo em movimento e sistema de jogo é a colocação dos jogadores em campo levando em conta as qualidades do rival, imaginando criar dificuldades para o adversário. Materiais e Métodos: Para coleta de dados foi utilizada uma ficha de anotação para a participação dos atletas em cada lance do jogo, com 13 mini-campos, para 10 dos titulares (sem o goleiro) e as 3 substituições possíveis, esses jogos foram em sua maioria analisados ao vivo ou em Vídeo Tape. Resultados: Os resultados mostraram que no geral o sistema 4-4-2 é o mais utilizado e que foi usado em 45% das vezes, enquanto o 4-5-1 foi utilizado em 35% das vezes e o 4-3-3 em 20%, mas nas fases de semifinal e final o 4-5-1 corresponde a 68%, enquanto 4-3-3 foi utilizado em 19% dos casos e o 4-4-2 em 13%. Isto mostra que o sistema 4-4-2 é o mais utilizado como afirmam vários autores, mas existe uma crescente em esquemas que buscam um domínio territorial no meio campo, como por exemplo o 4-5-1 que foi adotado pela equipe campeã e algumas outras. Conclusão: Concluiu se que as equipes inferiores tendem a jogar num sistema mais defensivo enquanto as equipes superiores variam mais seu sistema, e geralmente as equipes do mesmo país tendem a seguir um mesmo padrão tático.

Palavras-Chave: Futebol. Sistema tático. UEFA Champions League. Variação tática.

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Abstract Tatical variation in the final fase of UEFA Champions League. European Soccer has created every day new bounds with fans of all continents, for that reason people identify more and more with foreign clubs and players. The goal of this job is to analyzes the tactics systems used in the finals of the UEFA Champions League and to check if there are tactics variations among all the teams, from the same country or not. To Coelho and Valdano (2006) tactic is a non-stop game system, and game system is: players positioned on the field considering the abilities of the rival, trying to make things difficult for the adversaries, to get the information each athlete had a file where notes were taken in each throw of the game, with 13 mini-fields, in winch 10 were for the first team players (not considering the goalkeeper) and the 3 for the lithely replacements, most of these games were analyzed live or video tape. The results have shown that generally the 4-4-2 system is the most used, with an average of 45%, while the 4-5-1 was used 35% and the 4-3-3 20%, but in semifinals and finals the 4-5-1 correspond to 68%, while 4-3-3 was used about 19% of the cases and the 4-4-2 13%. Therefore we can affirm that the 4-4-2 system is the most used tactic, as many writers state, but there is an increasing on new systems which try to get total control in the half of the field, for example, the 4-5-1 which was used by the champion team and many others. Was concluded that under teams tend to play in a more defensive systems while the most playing, usually teams of the same country tend to play in the same tactic standard. Key Words: Soccer/ Tactic System/ UEFA Champions League/ Tactical Variation.

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INTRODUÇÃO

Com a rotineira saída dos melhores jogadores do Brasil para o exterior e

também o aumento de transmissões das grandes ligas européias para o Brasil

através tanto da TV aberta quanto da TV a cabo, o futebol europeu cresce a cada

dia no gosto dos brasileiros. Influenciados por essa crescente decidimos fazer um

estudo sobre os padrões táticos adotados no futebol europeu.

Outro fator que faz crescer essa relação e a globalização, que tirou muitos

jogadores do Brasil e recheou os maiores clubes europeus assim valorizando

ainda mais o maior e mais lucrativo torneio europeu (Uefa Champions League). O

Brasil é o segundo país com o maior numero de atletas nesta competição mesmo

sem ter nenhum clube participando. Ao todo foram 37 atletas na temporada

2005/2006, sendo a terceira nação em numero de atletas. Já na temporada

2006/2007 foram 64atletas no total, deixando o Brasil como segundo maior

fornecedor de atletas para essa competição (www.Football-lineups.com, 2007).

Atualmente o futebol tornou-se um negócio lucrativo para empresas,

clubes e patrocinadores por ser um esporte de massa e atrair milhões de

admiradores, que tem como objetivo um retorno quase que imediato,

independente de um futebol bonito ou não, sendo assim um esporte de táticas e

estratégias em um campo de jogo (Borsari, 2002).

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Objetivo

O presente trabalho tem o objetivo de verificar o padrão tático adotado entre

as equipes da fase final da Uefa Champions League, desde as oitavas de final até

a final, comparando as mais variadas formas de armar as equipes, buscando ver

se há uma tendência do padrão tático a ser adotada por todos ou não, variação

tática nas equipes do mesmo país, além de tendências ofensivas e/ ou defensivas.

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REVISÃO DE LITERATURA

HISTORICO DO FUTEBOL

Por ser o esporte mais praticado na terra, todos querem ser considerados

criadores do futebol, por isso vários paises tem registros de esportes que se

assemelham ao futebol (Mello, 1999).

Segundo Buongermino (1995) desde a China em 206 a.C, passando pela

Grécia em 20 a.C, continuando em Florença já no ano de 1340 d.C existem relatos

de esporte semelhante ao futebol, e por isso todos estes paises cobram a

legitimidade de serem considerados criadores do futebol.

Em 800 a.C na Grécia jogava-se o harpastun, tendo também bolas e

balizas, este jogo se estendeu até a Roma antiga (Leal, 2000).

Mas para Duarte (1995) o esporte que mais se aproximou ao futebol foi o

calcio que se solidificava na Itália, França, Inglaterra e Escócia por volta do século

XVI, Mas por causa do grande contato físico, onde eram freqüentes, roupas

rasgadas, dentes, pernas e braços quebrados, achavam que este gerava ódio,

pode estar ai o maior empecilho na popularização deste esporte na época.

Para Mello (2002) todos podem cobrar ou querer justificar, mas o futebol é o

esporte que surgiu da divisão entre os adeptos do rúgbi. Apesar de hoje

totalmente popular, surge em clubes extremamente ricos e aristocráticos, Sendo

elitizado como o tênis e o golfe são nos dias de hoje, e naquela época a nata da

sociedade passava os dias se divertindo com este esporte que já começava a se

tornar uma febre por onde era divulgado.

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Mas a dissipação na Europa ocorreu após iniciar a pratica do calcio, onde eram 27

jogadores, bola e baliza, ai já começou a se identificar esquematizações táticas.

A volta de um estudante brasileiro após um período na Inglaterra faz com

que junto com sua bagagem cheguem dois uniformes completos e bolas que

mudarão para sempre o nosso país (Buongermino, 1995).

Charles Miller organiza a primeira partida oficial e daí para a popularização

é um passo dado muito rapidamente, até que no começo houve a elitização do

esporte, mas com passar dos anos ocorreu a popularização, apesar de uma certa

resistência, Mas graças a popularização nos tornamos numero um em numero de

praticantes e também em conquistas mundiais (Borsari, 2002).

Segundo Pellegrinotti, (1992) o futebol começou a se expandir por todo

Brasil apenas após sua profissionalização e também conquistou multidões após a

criação do campeonato brasileiro em 1971, onde os clubes começaram a viajar

freqüentemente por todos estados.

A profissionalização do futebol fez com que todos participantes se

tornassem reféns da mídia e do mundo que cerca o futebol (Petit, 2004).

O Brasil pode não ter inventado futebol, mas é sem duvida quem

aperfeiçoou o jogo mais popular da terra (Duarte, 1995).

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SISTEMAS

Para Coelho e Valdano (2006) Sistema de jogo é a colocação dos

jogadores em campo levando em conta as qualidades do rival, imaginando criar

dificuldades para o adversário. E este sistema deve ser constante e não deve ser

modificado durante uma partida, para facilitar a compreensão dos jogadores. A

tática serve pra distribuir os espaços e os esforços, e é a demonstração da

inteligência coletiva e funciona se o jogador estiver convencido.

Vários fatores contribuíram para a evolução dos sistemas e táticas

utilizados no futebol, as dimensões do campo e as mudanças nas regras foram as

principais, bem como a necessidade de uma melhor organização (Mello, 1999).

Os treinadores têm a missão de conseguir bons resultados mesmo não

tendo um bom plantel, por esse motivo passaram a variar seus sistemas de jogo,

com um único objetivo de conseguir vitórias, com uma equipe bem estruturada e

determinada a executar as suas ações táticas tornando assim o jogo bem

disputado, se a ação for bem mentalizada por todos os jogadores da equipe, os

mesmos terão sucesso com a estratégia (Petit, 2002).

Deve –se definir o sistema básico da equipe, treinado com afinco toda a

dinâmica do sistema e variações, ou seja: colocação, cobertura, deslocamento e

jogadas básicas (de bola parada e de bola em movimento) (Emilio, 2004).

A tática é o sistema de jogo em movimento. Toda as ações de ataque e

defesa que se podem desenvolver para surpreender o adversário durante uma

partida. Sua aplicação depende do nível de improvisação e da qualidade individual

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de cada um dos jogadores. Quanto maior essa qualidade, maior a chance de a

tática obter bom resultado (Coelho e Valdano, 2006).

Para Emilio (2004) escolher o sistema é simples, o mais importante é a

dinâmica do sistema, Por que se jogando certo o gol não sai, jogando errado e no

desespero que ele não irá sair mesmo.

Com uma boa dinâmica de jogo, aliada a bons jogadores e ao bom

posicionamento em campo é que irá fazer com que uma equipe com apenas um

atacante seja ofensiva (Leal, 2000).

Para o treinador aplicar algumas técnicas ofensivas e defensivas ele

precisa conhecer as diferentes formas de organizar uma equipe, conhecer bem os

sistemas de jogo que podem se utilizado, para poder variar o sistema tático de

acordo com a forma de jogar do adversário (Frisselli e Mantovani, 1999).

Para Santos Filho (2002) uma equipe deve treinar sempre que possível

alguns ou a maioria dos sistemas de jogo existentes, pois durante uma partida a

mudança do sistema de jogo poderá ocasionar descontrole momentâneo na

equipe adversária, deixando seu adversário confuso e obrigando-o a uma

readaptação de sua forma de jogar, detalhe esse que poderá decidir uma partida.

Segundo Dietrich (1984) o ponto principal para o qual o técnico deverá estar

sempre atento é o conhecimento que o mesmo deverá ter de sua equipe, seus

adversários e de todos os sistemas que possam ser utilizados, para que possa

escolher o que mais se adapte ao seu grupo de atletas.

Depois de escolhido, o técnico deverá treinar exaustivamente o sistema, ou

sistemas, a ser utilizado, assim como todas as suas variantes, pois de nada

adiantará improvisar soluções durante os jogos, já que elas podem trazer

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resultados desastrosos, se as variáveis não estiverem automatizadas por toda a

equipe (Santos Filho, 2002).

O futebol é o equilíbrio entre todos os jogadores, num conjunto em que eles

devem conviver, mas também se completar. Para isso, o jogador deve saber

exatamente qual seu papel no esquema definido pela equipe. Entender como deve

se comportar quando a equipe estiver em movimento, captar quais as qualidades

e defeitos do rival, para melhor poder compreender a estratégia determinada pelo

seu treinador (Coelho e Valdano, 2006).

Emilio (2004) não considera muito os números de um sistema de jogo,

quais sejam 4-4-2, 3-5-2, 5-3-2, 3-4-1-2, 3-4-3... os números de um sistema variam

de acordo com a necessidade do jogo. Mais importante que números é a dinâmica

do sistema, com uso das características do jogador e com a participação total nas

ações de defesa e de ataque.

Para Frisselli e Mantovani (1999) nenhum sistema de jogo deve ser

considerado uma panacéia, pois devemos saber que mesmo que dê certo em

determinada equipe, pode não necessariamente dar certo em outra. O principal

deve ser os jogadores, pois é para eles que os sistemas precisam ser criados,

adaptados e aperfeiçoados, nunca o contrario, já que poderíamos limitar a

capacidade deles, sobre sua criatividade, a qual nenhum sistema ou padrão deve

coibir e que, orgulhosamente nossos atletas tem de sobra.

Nos dias de hoje um time que pretenda ser bem estruturado deve estar

preparado para alterar o sistema, não só no ataque, como também na defesa e

meio campo. Se um time pode usar três, dois ou um atacante, por que não poderia

jogar com quatro, três ou dois zagueiros? Vi o Palmeiras eliminar o Flamengo da

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Copa do Brasil de 1999 jogando quase todo segundo tempo com somente dois

zagueiros. Para isso, é preciso que se façam treinos táticos diários (Emilio, 2004).

Sistemas de jogo

Sistema Piramidal (2-3-5) – O primeiro time a usar este sistema foi a

Universidade de Cambridge em 1883, este sistema foi a evolução das táticas e

começou com o maior número de atacantes, durou até 1925 quando a lei de

impedimento mudou e fez nascer o WM (Emilio, 2004).

O sistema Piramidal funcionava da seguinte forma: 2 zagueiros, 3 médios e

5 atacantes. Os zagueiros jogavam em linha e a missão exclusiva era defender e,

enquanto isso os médios faziam uma linha a frente da defesa e serviam para levar

a equipe ao ataque. Na linha de ataque, dois jogadores atuavam abertos (um de

cada lado) e os outros fecham o meio (Coelho e Valdano, 2006).

Sistema WM (3-4-3) – Para Pellegrinotti (1992), este foi o primeiro sistema

tático organizado da história, nascendo em 1925 no Arsenal dirigido por Hebert

Chapman, motivado pela lei do impedimento.

Funcionando da seguinte forma: 3 zagueiros, 4 médios e 3 atacantes. Os 3

zagueiros atuam em linha. Dos quatro médios dois atuam mais recuados e os

outros dois atuam mais à frente e os dos três atacantes dois fazem a função de

pontas e um jogava pelo centro. (Emilio, 2004).

Valdano e Coelho (2006) afirmam que uma das vantagens do WM era a

boa distribuição de todo o time em campo, ocupando bem o espaço da faixa

central do campo da defesa até ao ataque.

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Já para Dietrich (1984) este esquema mostrou-se vulnerável com a

introdução de linhas de ataque e defesa com quatro atletas em cada uma delas,

as laterais ficavam vulneráveis e os pontas tinham muita liberdade para jogar,

além dos atacantes se verem cercados por quatro zagueiros.

Sistema Catenaccio ou Ferrolho (4-3-3 suíço e o 5-3-2 Italiano) – Para

Valdano e Coelho (2006) este não é um sistema, mas sim um jeito de jogar com

ênfase em se defender. Foi criado pelo suíço Karl Rappan treinador da seleção

Suíça na copa de 1938 na França, foi muito útil para seleção Suíça, que sem

tradição nenhuma alcançou duas vezes as quartas de finais em copas do mundo

1938 na França e 1954 na Suíça. Outra equipe que conseguiu fama com o

catenaccio foi a Internazionale de Milão que era treinada pelo argentino Helenio

Herrera e tornou-se bi campeã européia em 1964 e 1965, mas este catenaccio era

diferente, já que se caracterizava por ser um 5-3-2.

Para Petit (2004) O catenaccio de suíço (4-3-3) funcionava com 4

defensores, uma linha de três a frente da área e um outro defensor atrás desta

linha, fazendo cobertura destes defensores, no meio eram 3 jogadores, um médio

defensor e dois médios armadores, enquanto na frente haviam dois pontas, um

esquerdo e outro direito e um atacante. Já o Italiano (5-3-2) funcionava com 5

defensores , quatro destes jogavam em linha e uma atrás deles fazendo a

cobertura, no meio uma linha de três jogadores e no ataque apenas 2 jogadores.

Uma das vantagens é poder enfrentar adversários teoricamente mais fortes

poder derrotá-los no contra ataque, já que esta é principal característica do

catenaccio, enquanto é desvantajoso no sentido de que caso o adversário consiga

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abrir o placar o sistema de catenaccio perderá o verdadeiro efeito que é contra

atacar sendo que seu time deverá sair para o jogo (Santos Filho, 2002).

Sistema 4-2-4 – Um dos sistemas mais revolucionários do futebol é

atribuído aos húngaros Giulia Mandi e Gustav Sebes, mas outras pessoas

afirmam que Martim Francisco que venceu o campeonato mineiro de 1951 com o

pequeno Villa Nova criou este sistema, Mas este sistema ganhou fama mesmo

numa vitória da Hungria sobre a Inglaterra em Wembley por 6x3 em 1953 e

seqüencialmente na copa do mundo de 1954 com a histórica seleção da Hungria

(Emilio, 2004).

Segundo Valdano e Coelho (2006) o sistema 4-2-4 funciona com 4

zagueiros em linha que tinham como única função defender, já os dois médios

tanto armavam quanto faziam a marcação da frente da área e dois dos quatro

homens de frente jogavam nas pontas e tinham que ter muita velocidade enquanto

os atacantes pelo centro faziam infiltração na defesa adversária.

Uma de suas vantagens é fazer com que o adversário mantenha sempre

bastante jogadores no campo de defesa, podendo tentar uma marcação sob

pressão na saída de bola do adversário. Enquanto uma desvantagem é quando se

atua contra uma equipe que jogue com 3 ou mais jogadores no meio campo,

deixando sua equipe com inferioridade numérica no setor onde a bola fica a maior

parte do tempo de jogo (Pellegrinotti, 1992).

Sistema 4-3-3 – Este sistema ficou famoso na Seleção Brasileira de 1962

que disputou e venceu a copa realizada no Chile, o que mais surpreendeu foi a

utilização do “falso ponta”, Zagallo que sempre jogava como ponta esquerda iludia

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os adversários fazendo a função de terceiro homem de meio campo (Emilio,

2004).

O sistema 4-3-3 funciona com uma defesa de 4 jogadores em linha,

igualmente ao sistema 4-2-4, no meio campo haviam 3 atletas, um médio protetor

e dois médios com função de armação, já no ataque havia um ponta para cada

lado e apenas um jogador fazendo o centro da área adversária (Petit, 2004).

Para Santos Filho (2002) uma das vantagens é o espaço que os pontas

abrem para os armadores chegar de surpresa, enquanto ma das desvantagens é

desgaste físico que a equipe é submetida. Todos jogadores têm de marcar, para

dificultar a saída de bola, porque caso contrário o adversário terá facilidade para

trabalhar a bola e chegar até a entrada da área oposta.

Sistema 4-4-2 – É o sistema mais utilizado no mundo e também com o

maior numero de variações dentro dele, podendo ser considerado mais defensivo

que ofensivo devido a sua distribuição inicial. Ficou conhecido como o sistema que

deixou os defensores laterais saírem pro jogo (Leal, 2002).

Este sistema ganhou notoriedade com a seleção Inglesa campeã mundial

de 1966, recuando os pontas para fazerem uma linha no meio campo e deixando

apenas 2 atletas no ataque (Coelho e Valdano, 2006)

O sistema 4-4-2 (em linha) funciona inicialmente com 4 jogadores na

defesa, 2 laterais, 1 esquerdo e outro direito e 2 zagueiros, no meio campo são

utilizados 4 atletas, também em uma linha de 4, dois com características de

marcação que atuam mais pela faixa central do campo e dois com características

de apoio que jogam mais abertos sempre aproximando do ataque. Na frente

atuam 2 atacantes, um com mais presença de área e o outro saindo mais da área

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para dificultar a marcação e abrindo espaço na defesa adversária. Este sistema é

o mais utilizado na Europa após a virada para este milênio (Emilio, 2004).

Sistema 4-4-2 (quadrado), A seleção brasileira de 1994 jogava dessa forma,

havia dois volantes fixos, e os médios jogavam a frente deles com mais liberdade

para poder municiar o ataque, os laterais tem liberdade para apoiar ao mesmo

tempo, já que os defensores médios ficam para dar cobertura (Coelho e Valdano,

2006).

Este esquema era o mais adotado no Brasil nos anos 90, já que quase

todos times tinham jogadores habilidosos no meio campo, e preferiam correr o

risco, para poderem dar liberdade aos jogadores que tinham capacidade de

criação na equipe (Santos Filho, 2002).

Sistema 4-4-2 (Losango), Ficou mais conhecido no final dos anos 90,

quando a escassez de bons médios armadores começou a dificultar a escalação

do treinador, sendo assim eles preferem deixar um jogador que tem características

apenas de marcação para jogar na frente da zaga e dois médios volantes

(jogadores com capacidade de marcar e armar) fazendo a intermediação entre

defesa e meio campo e mais a frente apenas um médio armador, e na linha de

frente os atacantes (Coelho e Valdano, 2006).

Dependendo do numero de volantes que a equipe possui, ela poder deixar

com que os laterais apóiem ao mesmo tempo, fazendo com que a marcação na

defesa adversária tenha dificuldade na hora de fazer a cobertura. Times com 2 ou

3 volantes devem ter laterais rápidos, e com habilidade (Emilio, 2004).

Sistema 4-5-1 – Este sistema tem tido muitos adeptos nos últimos tempos,

várias equipes preferem atuar com quase todo time no campo de defesa

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aguardando o adversário para poder surpreendê-lo no contra ataque (Santos

Filho, 2002).

Para Coelho e Valdano (2006) Este esquema é muito utilizado por equipes

com poucas opções para o ataque, jogadores de pouca técnica e adversários mais

fortes, assim atraindo o adversário e utilizando os médios pelos lados para

surpreender o adversário.

No final dos anos 70 dizia-se que uma equipe que atuasse no 4-5-1 era

defensiva, mas no inicio dos anos 80 surgiu uma antítese disso, um dos melhores

times de todos os tempos, o Flamengo campeão mundial interclubes, o time

surpreendia ao jogar com laterais com características ofensivas e uma linha no

meio campo que ao invés de esperar o adversário decidia avançar e marcar no

campo adversário (Emilio, 2004).

Os times atuam com uma linha de defesa com raríssimos avanços dos

laterais, enquanto atuam dois médios defensivos enfrente a defesa e mais a frente

atuam 3 jogadores na criação, um pela esquerda, outro na direita (os jogadores

que atuam pelo lado tem de ser muito velozes) e um pelo centro, e fica apenas um

jogador de referência no ataque (Petit, 2004).

Uma das Vantagens desse sistema é o fortalecimento do sistema

defensivo, o adversário sempre sente muita dificuldade em ultrapassar os cinco

jogadores de meio campo. Já uma desvantagem é o numero reduzido de

jogadores na frente, o que facilita a marcação adversária (Santos Filho, 2002).

Sistema 3-5-2 – Junto com o 4-4-2 são os sistemas mais populares nos

dias de hoje, Mas ele foi criado em 1983 pelo treinador Sepp Piotenk, ele

percebeu que sempre tinha quatro defensores para cuidar de dois atacantes no

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sistema 4-4-2, daí então ele decidiu tirar um dos defensores e colocar um homem

de armação no meio campo, assim aumentando o poder de criação, mas sem

perder na marcação já que os três defensores eram incumbidos apenas de marcar

os homens de ataque (Coelho e Valdano, 2006).

Este sistema foi responsável pela bela campanha da Dinamarca na copa de

1986, sendo apelidada de Dinamaquina, e foi introduzido em duas seleções que

conseguiram conquistar copas do mundo, a Alemanha em 1990 e o Brasil em

2002 (Emilio, 2002).

O 3-5-2 ganhou notoriedade no Brasil sendo introduzido pelo treinador Tite

no time do Grêmio em 2001, o time conquistou a Copa do Brasil de forma

surpreendente, ele fazia com que a equipe toda avançasse e dificultasse a saída

de bola do adversário (Emilio, 2004).

Ele funciona com uma linha de 3 defensores, só que estes jogam mais

próximos do que quando o time atua com defensores laterais, e nenhum dos 3

avança para apoiar. No meio campo são utilizados 2 alas, um pela direita e um na

esquerda, esses alas são quase sempre laterais, mas que são liberados para

jogar como jogadores fundamentalmente de criação, pode se usar 2 médios

defensivos e 1 médio armador ou 1 médio defensivo e 2 médios armadores, e no

ataque são dois atacantes (Frisselli e Mantovani,1999).

Para Santos e Filho (2002) uma das vantagens do 3-5-2 é poder dificultar

as ações e articulações das jogadas da equipe adversária, devido ao excessivo

numero de atletas posicionados no setor de meio campo, local onde a maioria das

jogadas é articulada e se iniciam. Enquanto uma das desvantagens é a falha na

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marcação nas partes laterais da defesa, um dos defensores deve sair para fazer a

cobertura e o time às vezes se torna vulnerável nessa situação.

Sistema 3-6-1 ou 3-4-2-1 – É uma variação simples do 3-5-2, o treinador

ao invés de utilizar apenas um jogador na armação, ele opta por dois jogadores na

armação e apenas um no ataque, assim ele da mais liberdade para que os alas

possam atuar mais próximos dos médios armadores fazendo duplas na armação

pelos lados do campo (Leal, 2000).

Geralmente times que adotam o 3-6-1 são times que originalmente partem

do 3-5-2, um dos maiores exemplos é a equipe do Mogi Mirim de 1992/1993,

conhecido como Carrossel Caipira, ganhou destaque no campeonato paulista

vencendo times grandes (Emilio, 2004).

O Brasil campeão do mundo em 2002 partia do 3-5-2, mas certa parte do

jogo, caso a equipe estivesse vencendo o treinador recuava o um dos atacantes

(Rivaldo) para compor o meio campo, transformando o time num 3-6-1 (Coelho e

Valdano, 2006).

Uma das vantagens do 3-6-1 é o poder do meio campo, são muitos

jogadores ocupando esta faixa do campo, então o time freqüentemente deixa

espaço suficiente para o adversário criar jogadas e/ ou trabalhar a bola na faixa

central do campo, e uma das desvantagens é facilidade dada ao adversário por se

ter apenas um jogador no ataque, assim facilitando a marcação dos zagueiros,

sendo que um fará a marcação e outra poderá pegar a sobra assim dando

tranqüilidade aos laterais e volantes que poderão fazer a marcação mais a frente

(Santos Filho, 2002).

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MATERIAIS E MÉTODOS

Sujeitos

Foram analisados 29 jogos de futebol da fase final da Uefa Champions

League, Desde os jogos das oitavas de finais até o jogo da final.

Procedimento

Durante os jogos foram realizadas anotações sobre a parte tática de cada

equipe e ao final do jogo foi definido qual sistema adotado pelo treinador e

comparado com os dados dos sítios www.uefa.com e www.football-lineups.com

para ver se as anotações coincidiam com as dos sítios.

Os jogos das oitavas de finais ocorreram nos dias 20 e 21/02/2007 (ida) e

06 e 07/03/2007 (volta). Nas quartas de finais, os jogos foram nos dias 03 e

04/04/2007 (ida) e 10 e 11/04/2007 (volta). As semifinais 24 e 25/04/2007 (ida) e

01 e 02/05/2007 (volta). A final ocorreu no dia 23/05/2007. Todos jogos foram

realizados no período da tarde, das 15:45 os jogos ao vivo, ás 18:00 o primeiro

Vídeo Tape e as 23:00 o segundo Vídeo Tape.

Material

Foi utilizada uma ficha de anotação para a participação dos atletas em cada

lance do jogo, desenvolvida pelos autores com 13 mini-campos, para 10 dos

titulares (sem contar o goleiro) e as 3 substituições possíveis). Foram utilizados os

canais ESPN Brasil e ESPN Internacional das TVs pagas VIVAX e SKY, 2 vídeos

cassetes da marca Semp Toshiba e 4 fitas VHS da marca TDK para poder gravar

os jogos que ocorriam simultaneamente.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após a coleta e analise dos dados ficou claro que a tendência dos times em

utilizarem o sistema 4-4-2 de um modo geral prevaleceu sendo que ele foi utilizado

26 vezes (45%), já o sistema 4-5-1 foi o segundo mais utilizado sendo visto em 20

das vezes (35%), enquanto isto o sistema 4-3-3 foi o preferido pelos treinadores

em 12 ocasiões (20%) como podemos ver na tabela abaixo.

Sistema 4-4-2 Sistema 4-5-1 Sistema 4-3-3

26 20 12

45% 35% 20%

Isso vem de encontro ao que diz Coelho e Valdano (2006), Já que eles

afirmam que o sistema 4-4-2 mesmo sendo utilizado pela primeira vez pela

Inglaterra campeão do mundo em 1996, este é o sistema mais utilizado desde o

principio dos anos 90 até os dias de hoje.

Os sistemas com ênfase defensiva é mais adotado entre os times com

elenco mais fraco ou com pouca tradição no torneio disputado. Emilio (2004).

Dos 16 times participantes da fase final da UEFA Champions League, oito

(50%) times não mudaram o sistema de jogo em nenhuma partida, enquanto as

outras oito (50%) equipes mudaram o sistema de jogo, das 16 equipes apenas

uma utilizou três sistemas diferentes, 4-3-3 por duas vezes, 4-5-1 também por

duas vezes e o 4-4-2 por duas vezes, está equipe é o Manchester United da

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Inglaterra, Já a equipe campeã, o Milan (ITA) não trocou de sistema nenhuma vez,

utilizando em todas as sete partidas o mesmo que é o 4-5-1.

A próxima tabela cita todos times participantes da fase final e o numero de

vezes que cada equipe utilizou determinado sistema.

Equipes Sistema 4-4-2 Sistema 4-5-1 Sistema 4-3-3

Milan / Itália 0 7 0

Liverpool / Inglaterra 5 2 0

Manchester Utd / Inglaterra 2 2 2

Chelsea / Inglaterra 2 0 4

Bayern Munique / Alemanha 4 0 0

Valencia / Espanha 3 0 1

Roma / Itália 0 4 0

PSV / Holanda 3 0 1

Internazionale / Itália 1 0 1

Lyon / França 0 0 2

Barcelona / Espanha 0 0 2

Real Madrid / Espanha 2 0 0

Arsenal / Inglaterra 2 0 0

Porto / Portugal 1 1 0

Celtic / Escócia 1 1 0

Lille / França 0 2 0

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Isto confirma o que diz Emilio (2004), que o sistema varia de equipe para

equipe, e que também pode variar de acordo com vários outros aspectos como:

seu grupo de jogadores, característica da equipe adversária, local da partida,

tempo de descanso entre os jogos, importância da partida, jogo eliminatório ou

não.

Separando por fazes eliminatórias o sistema 4-4-2 é o mais utilizado nas

fazes de Oitavas e Quartas de Finais sendo utilizada 50% das vezes. Enquanto o

sistema 4-5-1 e 4-3-3 ficaram com 32% e 18% respectivamente na escolhas dos

treinadores. Já nas fazes Semifinal e Final o sistema mais utilizado foi o 4-5-1 que

ficou com 68% das escolhas dos treinadores, enquanto o 4-3-3 com 19% foi o

segundo mais utilizado, mas ficando bem próximo do 4-4-2 que foi utilizado em

13% das vezes.

O próximo gráfico mostra a porcentagem de utilização de cada sistema em

cada etapa da fase final do torneio.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Oitavas de Finais Quartas de Finais SemiFinais Final

4-4-2 4-5-1 4-3-3

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Isto confirma o que diz Santos Filho (2002), já que para ele quanto mais

importante à fase em que o torneio se encontra, cria-se uma tendência de que os

times adotem sistemas táticos mais cautelosos.

Para Leal (2000) isto é reflexo do futebol que busca cada vez mais o

resultado e não o jogo bem jogado, sendo assim a tendência para que um sistema

com maior poder de marcação seja utilizado é vista nos torneios mais importantes

do mundo.

Procurando uma tendência nos sistemas adotados pelas equipes do

mesmo país foi criada uma tabela indicando quais sistemas mais adotados pelas

equipes da mesma nacionalidade.

Países Sistema 4-4-2 Sistema 4-5-1 Sistema 4-3-3

Itália 1 11 1

Inglaterra 11 4 6

Espanha 5 1 2

Holanda 3 0 1

Alemanha 4 0 0

França 2 0 2

Portugal 1 1 0

Escócia 1 1 0

Os dados mostraram claramente a tendência em cada país de seguir um

mesmo sistema tático, como na Itália onde o 4-5-1 é disparado o mais adotado

entre as equipes que disputaram a fase final do torneio mais importante de clubes

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da Europa, já na Inglaterra o 4-4-2 é adotado em 50% das vezes pelos clubes

neste torneio, as equipes Espanholas, Holandesas e Alemãs também mostraram

ter uma pré-disposição a utilizar este mesmo sistema.

Isto confirma o que diz Coelho e Valdano (2006) já que para eles o sistema

4-4-2 é o mais adotado na Europa após a virada do milênio.

CONCLUSÃO

Concluímos que, confirmando a tendência dos autores citados na revisão

literária, as equipes inferiores e/ ou menos tradicionais tendem a jogarem num

sistema mais recuado e variando pouco este sistema, tanto por terem elencos com

menos opções para mudanças, quanto por conseguirem equilibrar os jogos dessa

maneira, enquanto as equipes mais tradicionais e com elencos mais fortes

procuram manter o sistema mais tradicional atualmente (4-4-2), mas alteram o

padrão da equipe sendo mais versáteis. Há uma variação tática entra as equipes

que disputam este torneio, mas nas equipes do mesmo país essas variações são

menores.

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