verde patológico a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade matheus maramaldo
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“As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas altas podem esconder o inimigo.” Sun Tzu Ninguém gosta de ervas daninhas. Elas são invasoras indomáveis que destroem com perfeição todo um trabalho refinado de topiaria. Que dirá de tua esquina, rua, casa... de tua rotina. Um jardineiro ou doce senhora falaria que, mesmo assim, melhor seria se todos os dentes de leão da terra germinassem nas pradarias das mansões e dos terrenos baldios, e com um sopro de vento espalhassem vida e plumagem pelo cotidiano. Bem sei como queria isto... mas somente as novas heras e formigas poderão responder...TRANSCRIPT
verde
patológicoa vegetação nos diversos
processos de degradação da cidade
ensaio teórico/fau-unb - 1/2014matheus maramaldo andrade silva
orientadora: flaviana lira barreto
“As florestas, os caniçais, os juncais
densos e as ervas altas podemesconder o inimigo.”
Sun Tzu
Ninguém gosta de ervas daninhas. Elas são invasoras indomáveis que destroem com perfeição todo um trabalho refinado de topiaria. Que dirá de tua esquina, rua, casa... de tua rotina.
Um jardineiro ou doce senhora falaria que, mesmo assim, melhor seria se todos os dentes de leão da terra germinassem nas pradarias das mansões e dos terrenos baldios, e com um sopro de vento espalhassem vida e plumagem pelo cotidiano.
Bem sei como queria isto... mas somente as novas heras e formigas poderão responder...
a vegetação nos diversos
processos de degradação da cidade
ensaio teórico/fau-unb, 1º/2014 matheus maramaldo andrade silva
orientadora: flaviana barreto lira
verde
Maramaldo Andrade Silva, Matheus, 1991
Verde Patológico: A vegetação nos diversos processo
de degradação da cidade/ Matheus Maramaldo Andrade Silva –
10/0017916/ Ensaio Teórico/FAU - UnB – Brasília, 1º semestre de 2014.
1. Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo
Diagramação: Matheus Maramaldo Andrade Silva
Arte da capa: Matheus Maramaldo Andrade Silva
Ilustrações: Matheus Maramaldo Andrade Silva
Revisão: Profa. Flaviana Barreto Lira (FAU-UnB)
Orientação: Profa. Flaviana B. Lira (FAU-UnB)
Coorientação e/ou Banca Examinadora:
Profa. Giuliana de Brito Sousa (FAU-UnB)
Profa. Juliana Saiter Garrocho (FAU-UnB)
Impressão: Copiadora Planalto (CLN 407 BL B - loja
37, Brasília, DF, CEP: 70855-520)
“As moitas e capões de mato onde
viviam seres misteriosos tinham sido violados. ”
Graciliano Ramos
Agradecimentos
A Deus por ter concedido saúde e espírito para encarar toda esta, e
tantas outras, empreitadas.
Aos meus pais, Maria Arlete e Eurisvaldo, por todo o carinho e apoio,
durante os dias de trabalho e durante toda a jornada da vida.
A Jéssica e sua família, pelo carinho e apoio incondicional nestes
últimos anos.
A minha orientadora, Dra. Flaviana Barreto Lira, pessoa exemplar que,
mesmo não sendo da área de Paisagismo, nunca desperseverou, e
sempre me ajudou com a metodologia, revisão e apoio.
As minhas professoras de Paisagismo, as quais fui monitor e que
compõem a banca avaliadora, Juliana Saiter e Giuliana de Brito
Sousa, pelos textos, monitoria, suporte técnico e amizade.
A todos que contribuíram, de forma direta ou não, com este trabalho,
com apoio, amizade e crítica.
sumário
1. apresentação pág. 11
2. introdução: quando as heras abrem o
concreto
pág. 15
3. a vegetação: xilema, floema... e raiz pág. 33
4. verde urbano: urbe gramada pág. 49
5. metodologia de análise: conversando com as
mangueiras
pág. 81
6. as diversas fitopatologias na cidade:
oleandros, gameleiras e desgaste
pág. 113
7. diagnóstico: sementes iguais, árvores
diferentes
pág. 239
9. considerações finais pág. 285
10. índice de imagens pág. 295
11. índice de mapas pág. 307
12. índice de tabelas pág. 311
13. bibliografia pág. 315
14. anexos pág. 335
15. glossário pág. 379
apresentação
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
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Olá, Leitor,
O que está prestes a ler aqui certamente não são
minhas memórias ou algum ensaio balizado em fontes
inesgotáveis, mas um enredo pouco jocoso de minha paixão
travado por pesquisas árduas.
Não que eu seja algum Dom Quixote, que enxerga mal
os moinhos da vida, - suponho que tenha sido sua primeira
impressão ao ler o título do texto – estou são, o bastante
como poderão ver a seguir.
Peço que também não me olhem achando que sou
algum cidadão que odeia a flora, estou muito longe disto,
senhores, e os colaboradores desta minha empreitada e
minha orientadora poderão confirmar isso.
As plantas são mais que uma obsessão machadiana
para mim, são um motivo de investigação constante e
prazeroso deleite.
Mesmo parecendo torpe a denominação deste texto,
verás que tenho certa razão. A cada capítulo e linha, verás o
que as vinhas da ira podem fazer desde pequenas, mesmo se
mostrando macias no primeiro contato.
Este ensaio, desenvolvido no âmbito da disciplina
obrigatória de Ensaio Teórico em Arquitetura e Urbanismo,
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
nada nada mais é do que um manifesto ao bom senso da
produção urbana, um pedido chato, mas necessário para o
fomento da vegetação nas cidades, a vegetação que tanto
amo.
Plantar algo fora de casa é algo muito sério e que
incorre a erros faraônicos, por vezes pela nossa própria
inexperiência ou mediocridade. Quem nunca se orgulhou de
plantar uma árvore? Eu mesmo já fiquei todo bobo ao plantar
um pé de feijão, quem dirá uma frondosa espécie arbórea.
Mas um dia o abacate que sairia daquele abacateiro não
poderia machucar alguém ao cair? A vegetação pode ser
uma caixinha de surpresas – inclusive uma caixinha de
Pandora, não se esqueça disto.
Faço aqui valer então minhas palavras, mesmo que em
terceira pessoa, ócios do ofício, sabendo que esta é
demasiada científica para se tratar de algo tão belo. Mas
espero que a linguagem pouco vulgar do meio acadêmico
não esconda a principal mensagem do texto: não plante
nada somente pelo código de barras; confira as informações
nutricionais, a credibilidade da marca, o fornecedor e vá até
a validade.
Matheus Maramaldo, 2014
introdução
quando as heras abrem o concreto
introdução
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verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
“... e emolduradas por uma
larga cinta densamente arborizada...”
Lúcio Costa
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
O verde1... como aferir e classificar isso? Seriam as
árvores sombreando as áreas antes ensolaradas, os jardins
enfeitados e bucólicos que estão em nossas casas ou o tilintar
majestoso dos pássaros sobre as galhadas que é o verde?
Quando se trata de vegetação logo associamos nossa
visão à natureza e a um bucolismo sereno que muito se
assemelha às falas do iluminismo francês. Fulgeri (2003) resume
este pensamento nesta interpretação de Rousseau:
[...] a civilização e a sociedade corrompem o homem, é
necessário recorrer ao sentimento, voltar à natureza que é boa.
Rousseau entende a natureza como sendo o estado primitivo,
originário da humanidade, isto é, entende-a no sentido espiritual,
como espontaneidade, liberdade contra todo vínculo antinatural e
toda escravidão artificial. Segundo ele a sociedade impõe ao
homem uma forma artificial de comportamento que o leva a
ignorar as necessidades naturais e os deveres humanos, tornando-o
vaidoso e orgulhoso. O homem primitivo entretanto, por viver de
acordo com suas necessidades mais legítimas é mais feliz. Ele é
auto suficiente e satisfaz suas necessidades sem grandes sacrifícios
daí não sente grandes angústias, através do sentimento inato da
piedade ele evita fazer o mal desnecessariamente aos demais.
(FULGERI, 2003, p.6).
1 Os leitores vão ler bastante esta palavra. O verde será sinônimo aqui de vegetação,
a menos que acompanhado de outros adjetivos que mudem completamente este
sentido.
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verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Mesmo sendo um pensamento arcaico, que reluz mais
ao que é próprio da alma humana que à vegetação em si,
não se pode discordar de sua persistência conosco. A
natureza, o natural e o verde são coisas que qualificamos
como boas; a vida no campo é a tradução da paz, da
serenidade e liberdade; pensa-se que podemos melhorar a
qualidade de vida das pessoas, principalmente nas cidades,
ao colocar em prática medidas que nos aproximam dessa
natureza.
Isto fica ainda mais claro quando saímos da filosofia e
do senso comum e ouvimos especialistas que investigam a
cidade, seja para propor modelos ou para mostrar valores do
emprego da vegetação nas urbes. Todos os capítulos têm
algum jardim, algum parque ou alguma árvore que possa
agregar bons valores ao discurso.
Veja esta entrevista do renomado paisagista Benedito
Abbud quanto do lançamento de um dos seus livros:
O verde é fundamental em todas as escalas: dentro de
casa, numa varanda, em um parque, em pequenas ou grandes
avenidas. O verde melhora a qualidade ambiental, a umidade
relativa do ar, ameniza a poluição e as ilhas de calor, já que as
plantas o absorvem. Além disso, há um efeito psicológico: a
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
natureza é mais agradável de olhar do que o concreto. O verde
estimula nossos sentidos com cores, flores, aromas, formas, sombras,
texturas e gostos ... É sabido que uma bela vista sempre foi
associada à qualidade de vida, sempre foi chique. Uma avenida
de ipês amarelos dá outra impressão da cidade. (GEROLLA, 2006).
A vegetação é tratada por ele como algo
extremamente importante e infalível. No início da reportagem,
o entrevistador ainda é mais enfático:
Em tempos de insegurança social, o paisagista [...] diz ter a
receita para combater a violência e incentivar o convívio pacífico
entre as pessoas: usar mais o verde nos espaços públicos. (Id., ibid.).
Mas o leitor pode estar se perguntando: “Mas esta
entrevista pode ser sensacionalista, o entrevistador já começa
dizendo que tal coisa é a solução, é uma conversa casual,
etc.”; e pode ter realmente razão, por mais crédito que se dê
ao arquiteto.
Balizando na literatura científica (de paisagismo ou
ecologia), vejamos se nos manuais essa fala se confirma.
Waterman (2009) assim emprega o valor das plantas:
As plantas nos dão conforto nas mais diversas formas, além
de suas qualidades essenciais. As árvores nos proporcionam
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verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
sombra, barram os ventos fortes, limpam o ar poluído, amenizam as
temperaturas e enquadram vistas. As plantas também podem ser
usadas para proteger o solo da erosão, absorver o excesso de água
que escoa durante as tempestades ou retirar contaminantes do
solo poluído, entre tantos outros atributos positivos. (WATERMAN,
2009, p.75).
Esse outro grupo de pesquisadores europeus já
descreve assim os valores do verde:
As árvores e as florestas são, por causa de mudanças
sazonais e seu tamanho, forma e cor, os elementos mais
importantes da natureza urbana. As suas vantagens e utilizações
variam desde benefícios psicológicos e estéticos intangíveis à
melhoria do clima urbano e mitigação da poluição do ar.
Historicamente, os principais benefícios das árvores urbanas e
florestas se relacionam com a saúde, estética e lazer - benefícios
em cidades industrializadas. Além disso, áreas verdes têm fornecido
as pessoas subsistência, fornecendo alimentos, forragem,
combustível e madeira para construção. (KONIJNENDIJK et al, 2005,
p. 81, tradução nossa).
Percebe-se que não se mudou o discurso.
Esta concepção de vegetação não é só
compartilhada pelos paisagistas acima e pelos ecologistas,
ela é fortemente vinculada ao planejamento urbano,
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
extrapolando o conceito individual, de integrante de
espaços, e conformando-se como o próprio espaço.
Isto data já de muito tempo (pode-se considerar o
período que se inicia o sedentarismo da humanidade, criando
as primeiras polis), mas, como discurso, é mais efusiva a partir
do pré-urbanismo (séculos XVIII e XIX), em que os modelos já
procuravam o verde como agregadores de valor e de bem
estar às ditas utopias: em New Harmony, por exemplo, de
Robert Owen, os espaços verdes tinham o papel de inibir a
visão e o cheiro das indústrias mecânicas e matadouros; nas
propostas de falanstérios de Victor Considérant (discípulo de
Charles Fourrier), mais do que barreiras, a vegetação já se
mostrava como área verde necessária para o descanso e
contemplação em meio à rotina; John Ruskin é direto,
descrevendo que as casas-tipo da sua proposta deveriam ter
árvores, grama e flores - em todas as casas do modelo
(CHOAY, 1965).
Essa evolução do papel da vegetação no desenho
urbano viria a se confirmar ainda mais com o século XX: os
tratados e as experiências se tornavam mais facilmente
concretos e as vilas, cidades e metrópoles estavam mudando
mais rapidamente, usando muitas vezes de intenções e
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verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
normas descritas nesses manuais em um processo quase que
global.
Le Corbusier, arquiteto urbanista, foi o maior expoente dessa
nova ordem (Figura 01), que muito persiste até hoje em nosso
desenvolvimento urbano. Nas novas vertentes e propostas, o
solo pertencia ao movimento e ao verde, e não mais às casas
e aos carros, como descreveria:
O solo não é mais tocado em seu conjunto. O primeiro piso
fica 3 metros acima do solo, deixando livre o espaço, sob a casa,
entre pilotis. [...] Desta forma, as coisas estarão novamente na
escala humana. A natureza foi novamente tomada em
consideração. A cidade, em lugar de se tornar uma pedreira
impiedosa, é um grande parque, onde o urbanista distribuirá as
unidades de habitação de tamanho ideal, verdadeiras
comunidades verticais. [...] Sol. Espaço. Vegetação. Os imóveis são
colocados na cidade atrás do rendilhado de árvores. A natureza
está inscrita no arrendamento. O pacto foi assinado com a
natureza. (Id., 1976, p. 30 e 50).
Seja conforme o pensamento rousseauniano e popular,
do início do texto, ou advindo de pesquisas, teorias e
vanguardas, essa é a conjuntura da vegetação aplicada ao
projeto urbano que temos. Quase sempre se faz uma
descrição amplamente positiva desta: plantar mudas e
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
Figura 01 - Novo modelo de cidade, Le Corbusier (CORBUSIER, Le. 1976, p. 40
e 41)
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verde patológico
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elementos mais frondosos faz parte de toda a política de
embelezamento e bem estar das casas e cidades. Os
manuais nos ensinam o que se deve fazer para aproveitar ao
máximo as qualidades das plantas nos nossos canteiros.
Mas será mesmo que a vegetação é uma fonte
inesgotável de prazer e lazer, que traz somente benefícios ao
homem, como descrevem os ecologistas e tratados das mais
variadas ordens?
É delicado falar que as plantas podem ser inimigas das
populações e das cidades, mas a realidade não é totalmente
aprazível.
Já parou para pensar que ao andar pela rua nem
sempre a calçada é regular ou ao estar dirigindo quase não
se percebe uma ou outra placa por estar encoberta por
vegetação?
Eis ai alguns dos percalços que não são cogitados pela
literatura e pela população até esbarrar diretamente neles.
Caso o texto ainda não esteja sendo claro, façamos
algumas analogias.
Há algumas centenas de anos, antes mesmo do
nascimento de Jesus, um guerreiro chinês, que muito escrevia,
redigiu mais um adentro ao seu livro de estratégias:
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
“As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas
altas podem esconder o inimigo.” (TZU, 2008, p.77).
Quando se para pra pensar nesta frase, é difícil
imaginar o que ela tem a ver com nossos dias de hoje, mais, o
que ela pode ter a ver com a cidade e o cotidiano urbano
de agora.
Não há florestas, os bambuzais estão restritos às poucas
fazendas que querem se proteger do vento e as prefeituras
tentam aparar ao máximo a grama próxima as pistas.
Contudo, ao ter um olhar mais minucioso sob os percursos que
diariamente são percorridos por todos nós, sejam calçadas,
avenidas ou outros caminhos, nota-se que nem sempre o
translado vegetado é agradável como se imagina,
chegando por vezes a gerar a percepção de perigo.
Atendo-se a esta explicação, leia novamente a frase
de Tzu (2008):
“As florestas, os caniçais, os juncais densos e as ervas
altas podem esconder o inimigo.” (Id., 2008, p.77).
A possibilidade de se transpor para os dias atuais essa
afirmação, rebatendo-a para os espaços livres públicos das
nossas cidades, é inquestionável. Um terreno baldio podia
muito bem representar qualquer um destes habitats e, tendo
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verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
isto em mente, perceber-se-ia o risco que um mato alto pode
trazer, escondendo desde escorpiões a punguistas.
Jane Jacobs, dura crítica do Urbanismo Moderno, dá
ainda outro exemplo de como o planejamento ruim do verde
pode trazer malefícios a sociedade:
No East Harlem de Nova York há um conjunto habitacional
com um gramado retangular bem destacado que se tornou alvo
da ira dos moradores. Um assistente social que está sempre no
conjunto ficou abismada com o número de vezes que o gramado
veio à baila, em geral gratuitamente, pelo que ela podia perceber,
e com a intensidade com que os moradores o detestavam e
exigiam que fosse retirado. Quando ela perguntava qual a causa
disso, a resposta comum era: “Para que serve?”, ou “Quem foi que
pediu o gramado?” Por fim, certo dia uma moradora mais bem
articulada que os outros disse o seguinte: “Ninguém se interessou
em saber o que queríamos quando construíram este lugar. Eles
demoliram nossas casas e puseram nossos amigos em outro lugar.
Perto daqui não há um único lugar para tomar café, ou comprar
um jornal, ou pedir emprestado alguns trocados. Ninguém se
importou com o que precisávamos. Mas os poderosos vem aqui,
olham para este gramado e dizem: ‘Que maravilha! Agora os
pobres tem tudo!’ (JACOBS, 2010, p.14)
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
Figura 02 - Não pise à grama? Foto: autor
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verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
O gramado citado parecia ser pela descrição algo
exemplarmente polido, mas qual a sua função em meio ao
contexto em que se encontrava?
Crendo nisto, vê-se que a vegetação, que está por
toda a parte, singela ou mais ostensiva, nem sempre dispõe só
de benefícios aos moradores de uma cidade. Quando não se
há projeto ou cuidados de manutenção, o natural pode ficar
fora de controle, ameaçando a saúde, a segurança e até a
cadeia social de uma urbe.
E isso é o que não está claro nos textos que tratam de
vegetação e paisagismo, acadêmicos ou não. Está presente
o que se deve fazer, mas não o que ou por que não se deve
fazer, geralmente.
O que se pretende, então, com este ensaio é avaliar
em que medida esses maciços vegetais podem trazer
malefícios ao cotidiano urbano.
A discussão a ser construída buscará responder a esta
questão por meio de revisão da literatura, aparentemente
escassa até o momento, e da elaboração/reunião de
conceitos e aspectos fitopatológicos nas cidades, que,
posteriormente, serão organizados na forma de uma
ferramenta de diagnóstico aplicável a áreas urbanas. Espera-
se, com a ferramenta proposta, contribuir na tomada de
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
decisão projetual para os novos planejamentos de áreas com
verde2 (Figura 02).
Para o enfrentamento desta problemática, o estudo se
estruturará da seguinte forma:
1. Primeiramente, buscar-se-á elucidar o objeto de
estudo (vegetação) e seu contexto nas cidades (vegetação
urbana);
2. A partir desta conceituação, partir-se-á para
compreensão e elaboração de um método, analisando e
ponderando discursos de alguns estudiosos da análise urbana;
3. Essas pesquisas (de base metodológica), como
outras fontes ligadas à botânica, jardinagem, geografia física,
paisagismo e urbanismo, balizarão uma enumeração dos
possíveis malefícios da vegetação nas cidades (espontânea
ou por implantação antrópica), as fitopatologias3, e assim
permitirá seu estudo em campo;
4. A partir da categorização das fitopatologias,
será proposta uma ficha de diagnóstico a ser aplicada em
áreas urbanas. O recorte físico-espacial para aplicação desta
2 Áreas verdes e espaços verdes são conceitos que serão mais explorados no capítulo
‘Verde Urbano: a urbe gramada’. 3 Fitopatologia: Aqui foi emprestado este termo da botânica, no qual se refere a
doenças, deformações e outros problemas que ocorrem nas plantas, invertendo-o e
o empregando como: plantas causando malefícios a cidade.
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verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
ferramenta de levantamento será uma superquadra do Plano
Piloto de Brasília, a SQS 308;
5. Feito o estudo de campo, os resultados deverão
ser diversos mapas e tabelas, os quais darão um razoável
panorama de como são encontradas tais patologias e qual a
situação da área escolhida em relação a elas;
6. Por fim, serão brevemente analisadas tais
estatísticas, o procedimento metodológico proposto e sua
aplicação, como o processo de estudo como um todo.
O intuito é que este trabalho, sirva de base para o
levantamento do desempenho da vegetal urbana, e, a partir
dos seus resultados (estatísticos ou não), possa se fazer
recomendações projetuais para as áreas avaliadas.
Não é, de forma alguma, um manifesto contra o uso
das plantas nas urbes, vejam bem, está justamente no
caminho oposto. Para se ter uma cidade saudável, é
necessário ter maciços de árvores, forrações e arbustos, mas
em equilíbrio, pensando nas demandas e necessidade, nas
aplicações e usos, de forma agregadora e sem prejuízos para
malha.
xilema, floema... e raiz
a vegetação
Matheus Maramaldo Andrade Silva
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” No momento em que senti vontade
de exprimir-me dentro da ordem
estética, só tinha à minha disposição
um único material: a planta.”
Arnaud Maurières
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
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Poder-se-ia dizer aqui que vegetação é simplesmente
um “conjunto de plantas que povoam uma área
determinada”4, porém, mesmo o presente texto tendo o
intuito de ser científico e o mais austero possível nesta
posição, falar sobre plantas não é um processo cartesiano.
Vejam, basta ler os próprios nomes científicos que nos
são apresentados: Plumbago auriculata, Schefflera arborícola,
Yucca gigantea, Callisia fragans... e tantos outros; estas
denominações estão carregadas de emoções e impressões
retidas nas íris, tez e brônquios dos mais diversos
pesquisadores. Estes cientistas foram até as florestas mais
fechadas e distantes coletá-las, mas, mesmo com todos os
seus manuais e congressos, ainda assim nomeiam as flores por
características subjetivas.
A vegetação é epidêmica, tem diversas cores, formas
e tamanhos, e encanta-nos, sendo impossível tratar como um
algoritmo ou um pedaço genético que se repete durante as
gerações.
Hoje não a tratamos mais como mero exemplar do
quintal ou como alimento do dia-a-dia. Essa é o centro, direto
ou indireto, de quase todas as discussões: está nas pesquisas e
4 MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora
Melhoramentos, 1998.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
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colheitas da agricultura, chegando a nossas casas como
material de construção, tendo em forma de florestas tropicais
zelo para as futuras gerações ou servindo como pretexto para
as mais diversas falas acerca de sustentabilidade.
O entendimento do verde (mas também azul,
vermelho, violeta...) é tão complexo que interage inclusive
com nossas cidades.
Nossas cidades? Sim, nossas cidades.
Por vezes achamos que as urbes em que moramos são
“selvas de pedra”, e não se pode tirar a razão, pois o que se
enxerga é quase que exclusivamente prédios, cimento e
carros. Porém, mesmo que imperceptível, devido a rotina
urbana, o vegetal também está nela inserido, por menores ou
maiores que sejam seus elementos.
Podem as plantas estar menos presentes, se
escondendo atrás de uma única árvore na rua ou podem
estar exuberantes em grandes extensões ajardinadas, o que
importa é que estão lá.
Visto isso, este balanço tende agora a parecer mais
sensato. É chegada, portanto, a hora de aprofundar seus
elementos.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
37
O Reino Plantae para carpinteiros e jardineiros:
Parece básico e elementar definir este campo: plantas
são plantas, abobrinha é um vegetal, cenoura é um vegetal,
mangueira é uma planta. Porém, mais do que saber seus
nomes ou saber se é uma planta ou uma pedra, por exemplo,
é necessário ter conhecimento das tipologias em que estão
classificadas, em chaves mais diversas do que a simples
diferenciação entre vegetais, animais e minerais.
Equalizemos, portanto, o que vem a ser planta:
Segundo Raven et al (1992):
As plantas verdes incluem um amplo conjunto de
organismos fotossintéticos que contém clorofilas a e b, são capazes
de armazenar seus produtos fotossintéticos como amido dentro de
uma membrana dupla de cloroplastos que o produz, e têm paredes
celulares feitas de celulose (RAVEN, 1992, sem página, tradução
nossa).
Esta já é uma definição mais abrangente do que a lida
no dicionário, auxiliando-nos a abrir mais nossa visão. Todos os
seres que se encaixarem nesta descrição são plantas, o que
irá incluir, para surpresa de muitos, várias algas e musgos.
Munidos desta informação, classifiquemos:
Matheus Maramaldo Andrade Silva
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Primeiramente, mais do que se agruparem em florestas,
restingas e matas, a vegetação obedece a uma ordem de
hábito5 - para os paisagistas, estratos.
Para Salviati (1993), divide-se a vegetação em (Figura
03):
- Plantas arbóreas:
Normalmente acima de 5 metros de altura, com caule
autoportante, base única6 - árvores, palmeiras e coníferas7.
- Plantas arbustivas:
Normalmente abaixo de 5 metros de altura, com caule
autoportante, base múltipla e resistência ao menos parcial.
- Trepadeiras:
Plantas sem caule autoportante que crescem sobre
suporte.
- Plantas herbáceas:
Normalmente abaixo de 1 metro de altura, com caule
não resistente e herbáceo – herbáceas, forrações e pisos
vegetais.
5 Hábito, no campo da botânica, trata do porte e sustentação da planta. 6 Há várias palmeiras com caule múltiplo. 7 Coníferas: Pinheiros, araucárias, cedros. Não estão incluídas gimnospermas menores,
como as cicas.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
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Há outras que não se encaixam nas descrições,
flutuando nas classificações, como bananeiras e sagus.
Mais do que estilos, que variam com culturas, há jardins
e jardins8 para grupos de vegetação. As plantas se
enquadram em xerófitas (Figura 04) (que aguentam bem
longos períodos de estiagem), ombrófilas (que preferem
regimes mais constantes de chuva) (Figura 05), heliófilas e
umbrófilas (que respondem melhor à maior ou menor
luminosidade, respectivamente), aquáticas, epífitas, brejeiras
e que se adaptam tanto ao regime de chuvas quanto a seca.
Vejam que estas se encaixam nos quesitos de água, sol e solo.
Já para Gonçalves e Lorenzi (2011), botânicos, a
vegetação pode ser dividida em diversos graus, os quais se
pode encaixar também o hábito.
O primeiro deles é o evolutivo, dividindo as plantas em
algas, briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas9
(Figura 06).
8 Como se verá mais à frente no texto, escolher por um tipo de planta ou jardim tem
várias consequências. Jardins áridos, por exemplo, são uma ótima forma de
economizar água e manutenção, mas incorrem em diversos prejuízos sociológicos e
físicos se mal planejado. 9 Resumo geral da classificação botânica. Estes conjuntos são fortemente divididos e
complexos, sendo até equivocado chama-los assim, mas, pela noção popular, deve-
se por aqui esta classificação.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
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Figura 03 - Os estratos da vegetação. Desenho: autor.
pa
lme
iras
co
nífe
ras
trep
ad
eira
s
atíp
ica
s (ba
na
ne
iras, a
ga
ve
s,
ca
cto
s, cic
as...)
he
rbá
ce
as e
forra
çõ
es
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
41
árv
ore
s
arb
usto
s
Matheus Maramaldo Andrade Silva
42
Figura 04 – Piteira do Caribe (Agave vivípara L.), exemplo de planta xerófita
e heliófila. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
43
Figura 05 – Orelha de Elefante Gigante (Alocasia macrorrhizos (L.) G.Don),
planta ombrófila e umbrófila. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
44
Isto definirá presença de flores, ciclo de reprodução,
tamanho, necessidade de água, informações imprescindíveis
para um planejamento paisagístico.
O segundo é a lenhosidade e ramificação, ou seja, a
resistência e composição do caule junto a sua divisão junto
da base. Plantas sem lenho são consideradas ervas, as que
não se auto sustentam são lianas, as que possuem
lenhosidade e são ramificadas na base são arbustos e as
lenhosas e de caule único são árvores. Dadas estas formas de
crescimento, há, claro, exceções, mistos dessas composições,
caso de palmeiras e subarbustos10.
Outra variação, que será importante, como veremos
mais à frente, é quanto à forma de sobrevivência das plantas.
Elas podem ser autótrofas (produzem seu próprio alimento),
hemiparasitas (praticam fotossíntese, mas suga água da
planta parasitada), parasitas (não praticam fotossíntese e
dependem de todos os nutrientes da planta parasitada) e
saprófitas (dependem de matéria orgânica do solo ou de
cima do seu suporte, fazendo pouca ou nenhuma fotossíntese
– não invadem os canais das plantas próximas).
10 Subarbustos são plantas mais baixas, com até 1 metro de altura, com base lenhosa
e restante herbáceo.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
45
Há ainda outros graus de divisão, segundo os
botânicos, do Reino Plantae, mas que aqui não são
convenientes.
A vegetação então, visto isso, pode se constituir em
uma árvore bem alta, com mais de cem metros de altura, ou
um arbusto de cinquenta centímetros; ter plantas de folhas
largas e abundantes por todo o caule ou desprovidas disto;
habitar o deserto ou estar somente em cima de uma árvore
específica da Amazônia; ser aquela despercebida área verde
– totalmente adaptável e com características das mais
diversas possíveis.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
46
Figura 06 – Cladograma das Plantas (dados: RAVEN, 1992). Desenho: autor.
Algas Ancestrais
(Provavelmente Clorófitas)
Pteridófitas**
(Licófitas, Equisetos, Psilotos, Samambaias e
Samambaiaçus)
Briófitas*
(Musgos, Hepáticas e Antóceros)
Va
scu
lariza
çã
o
Am
bie
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rre
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verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
47
Gimnospermas
(Pinheiros, Ciprestes e Cicas) Se
me
nte
s
*Forma didática de condensar as divisões Bryophyta,
Marchantiophyta e Anthocerotophyta.
** Forma didática de condensar as divisões Lycophyta
e Monilophyta.
Angiospermas
(Todas as plantas floríferas)
a urbe gramada
verde urbano
Matheus Maramaldo Andrade Silva
50
“Prosseguindo, através do Palácio de Cristal, nossa caminhada em
direção ao bulevar exterior da cidade, atravessaremos a Quinta
Avenida, arborizada, como todas as ruas da cidade, ao longo da
qual – olhando em direção ao Palácio de Cristal – encontramos um
cinturão de casas bem construídas e levantadas em terreno próprio
e espaçoso.”
Ebenezer Howard
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
51
Descrito um conceito mais amplo – paisagístico,
geográfico e botânico (p. 34 à 40) - do que viriam ser as
plantas, cabe agora fazer a seguinte pergunta: onde estará
este verde que tanto conceituamos em nossas cidades?
A vegetação é um elemento compositivo quase que
obrigatório dos espaços livres ao longo do tempo e está
distribuída de forma variada nas polis do mundo. Diz-se
caótica, por que mesmo planejada e bem plantada, esta
não se restringe ao projeto antrópico e se espalha, como no
meio natural, por todas as áreas, sem restrição de solo e de
uso.
Mesmo não sabendo como as plantas se organizam e
se organizarão nos territórios de São Paulo, Madri ou Xangai,
ainda assim podemos categorizar as ambiências que elas
atingem, percorrem e se encontram: de modo análogo aos
elementos construídos, elas podem estar inseridas em espaços
livres privados, semi-privados ou públicos urbanos.
É importante diferenciar onde o verde está nas
cidades, por que isto implicará em usos completamente
distintos, e, consequentemente, percepções variadas.
Ciente disto, antes de passarmos propriamente para
suas especificidades, o que viria a ser um espaço livre?
Matheus Maramaldo Andrade Silva
52
No âmbito das urbes, segundo a Professora Magnoli
(2006, p. 202) “o espaço livre é [...] todo espaço (e luz) nas
áreas urbanas e em seu entorno, não-coberto por edifícios”
(Figura 07).
Outra definição, que tem um esforço de esmiuçar mais
este conceito, é a das Professoras Carneiro e Mesquita (2000),
que o descrevem como:
Áreas parcialmente edificadas com nula ou mínima
proporção de elementos construídos e/ou de vegetação [...] ou
com a presença efetiva de vegetação [...] com funções primordiais
de circulação, recreação, composição paisagística e de equilíbrio
ambiental, além de tornarem viável a distribuição e execução dos
serviços públicos, em geral. São ainda denominados espaços livres,
áreas incluídas na malha urbana ocupadas por maciços arbóreos
cultivados, representados pelos quintais residenciais, como também
pelas atuais áreas de condomínio fechado; áreas remanescentes
de ecossistemas primitivos – matas, manguezais, lagoas, restingas,
etc – além de praias fluviais e marítimas. (CARNEIRO e MESQUITA,
2000, p.2).
Caso haja vegetação, o enfoque desta pesquisa, esses
ainda podem ser classificados como áreas verdes ou espaços
verdes.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
53
Estes conceitos são complexos, pois há bastante
divergências do ponto de vista das definições (BENINI,
MARTIN, 2010, p.66), principalmente na escala de
abrangência (calçadas arborizadas são ou não áreas verdes,
por exemplo?). Dentre os vários autores que refletem sobre
esses dois termos, aqui serão reportados os conceitos dados
pelos pesquisadores Macedo e Lima et. al.
O primeiro define espaços verdes como:
Toda área urbana ou porção do território ocupada por
qualquer tipo de vegetação e que tenham um valor social. Neles
estão contidos bosques, campos, matas, jardins, alguns tipos de
praças e parques, etc, enquanto que terrenos devolutos e quetais
não são necessariamente incluídos neste rol. (MACEDO, 1995, p. 16).
E áreas verdes como:
[...] aos mesmos elementos referenciados anteriormente e
ainda [...] toda e qualquer área onde por um motivo qualquer
exista .vegetação. (MACEDO, 1995, p. 16 e 17)
No caso de Lima et. al. (1994) áreas verdes se
encaixam mais na definição de espaços verdes de Macedo:
Matheus Maramaldo Andrade Silva
54
Figura 07 – Espaços livres, Áreas Verdes. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
55
Matheus Maramaldo Andrade Silva
56
Onde há o predomínio de vegetação arbórea; engloba as
praças, os jardins públicos e os parques urbanos. Os canteiros
centrais e trevos de vias públicas, que têm apenas funções estética
e ecológica, devem, também, conceituar-se como Área Verde.
Entretanto, as árvores que acompanham o leito das vias públicas,
não devem ser consideradas como tal. (LIMA et. al., 1994, p.10).
Conhecendo estas definições, já é possível esboçar
exemplos práticos de onde encontramos o verde em nossas
cidades.
O primeiro tipo de espaço livre que podemos encontrar
vegetação em nossas polis é o privado (Figura 08).
Segundo a Professora Leitão (2002, p.18 à 20), seria “o
qual, por definição, acolhe poucos [...] de acessibilidade
restrita a determinados grupos claramente definidos.”
São áreas verdes11 normalmente associados a jardins
residenciais, comerciais e institucionais fechados, formando
lagos, hortas, maciços, paredes verdes e gramados. Apesar
de estarem inseridos dentro da cidade e poderem conter
todos os tipos de plantas, tais locais não permitem a qualquer
usuário o usufruto. A vegetação que aí se encontra, portanto,
influi menos no aporte do conjunto urbanístico, embora
11 Adotaremos principalmente a definição de Macedo (1995).
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
57
Figura 08 – Espaço livre privado. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
58
contribua com uma porcentagem da drenagem e, caso haja
transparência, com paisagens diferenciadas aos não
convidados.
Já o espaço livre semi-privado12 é um pouco mais
democrático.
Esta expressão - espaço livre semi-privado - pode ao
mesmo tempo assumir a significação de espaço coletivo
privado, em que “proporciona um determinado tipo de
encontro e convivência, mas ainda entre pessoas de uma
determinada camada social” (LEITÃO, 2002, p.18 à 20), (Figura
09.1), como também ser um vestígio ou sobressalência do
espaço privado (Figura 09.2).
Na primeira significação (Tipo 1) (Figura 09.1), tem-se
assim incluídos, por exemplo, shoppings centers, hospitais,
museus e instituições abertas, supermercados e feiras,
ambientes nos quais a vegetação projetada em forma de
jardins, gramados, hortas, lagos e paredes verdes estará
acessível a todos, embora não sejam áreas definitivamente
públicas, nem estejam abertas todo o tempo – determinados
grupos sociais se sentirão inibidos ao entrarem em alguns
desses locais, à princípio.
12 Ou potencialmente coletivo, segundo Lima et. al. (1994).
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
59
Figura 09.1 – Espaço livre semi-privado – Tipo 1. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
60
Figura 09.2 – Espaço livre semi-privado – Tipo 2. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
61
Há ainda que se destacar que os jardins dos espaços
livres privados podem interferir mais do que com a simples
mudança na paisagem, dialogando também com o plano
público. Este é outro tipo de espaço livre semi-privado (Tipo 2)
(Figura 09.2).
Essa significação pode englobar, dentre outros casos,
áreas muradas com cercas-vivas (pois espinheiros e paredes
arbustivas mudam drasticamente a forma de andar em uma
calçada) ou locais com árvores de copa ou raízes extensas,
que ultrapassam o limite do lote. Apesar de estarem em uma
delimitação privada, a esfera de interferência dessa
vegetação ocorrerá de forma decisiva no cotidiano extra
particular, sendo assim um híbrido de espaço privado que
impacta diretamente no espaço público.
Seguindo a ordem, a última categoria de espaço livre
urbano, no qual estará presente a vegetação, é, para efeito
deste estudo, a mais importante, pois agregará a maior parte
das ambiências que aqui serão levantadas: são públicos.
Os espaços livres públicos são onde a vegetação mais
intervêm no cotidiano da urbe. Isto se explica pelo fato deles
serem de “uso comum, acessível a todos, em que estão
registrados os fatos urbanos que constituem a cidade.”
(LEITÃO, 2002, p.18 à 20) (Figura 10).
Matheus Maramaldo Andrade Silva
62
Figura 10 – Os espaços livres públicos. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
63
Constituem estes tipos de espaços livres: os passeios, os
estacionamentos, as ruas e avenidas, as ciclovias, as orlas, os
lagos e lagoas, as praças, os parques, os becos, os largos, os
pátios, os gramados e os jardins coletivos13, sendo todos
passíveis de ter vegetação.
Tendo elementos vegetais, estes ambientes ainda
poderão ser classificados como áreas verdes de domínio
público (similar aos espaços verdes, segundo Macedo (1995))
ou áreas com verde de domínio público (similar ao verde
residual e ao verde viário, segundo Lima et. al. (1994) –
apropriando espaços sem função social ou acompanhando
ruas e avenidas, por exemplo, em que a vegetação é
secundária).
As áreas verdes de domínio público são todas aquelas
áreas com predominância de elementos arbóreos ou
espaços [...] que desempenhem função ecológica, paisagística e
recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional
e ambiental da cidade, sendo dotado de vegetação e espaços
livres de impermeabilização” (CONAMA, 2006, p. 150 e 151).
13 Estes espaços podem ser ainda divididos em: espaços de circulação, recreativos e
de equilíbrio ambiental, segundo as autoras, mas isto aqui implicaria em aumentar a
abrangência para áreas diferenciadas, como campi universitários, cemitérios, jardins
botânicos.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
64
Englobam:
▫ Parques:
Pode-se dizer que parque “é uma área verde com
função ecológica, estética e de lazer, no entanto, com uma
extensão maior que as praças e jardins públicos.” (MINISTÉRIO
DO MEIO AMBIENTE, 2014).
Estes espaços são normalmente compostos por todo
tipo de vegetação e possuem microparcelas semelhantes a
praças e jardins devido a sua extensão (Figura 11).
Podem também ser hortos, jardins botânicos e reservas
florestais, tomando-se o cuidado de analisar se são
macroparcelas independentes da urbe.
Figura 11 – Parque da Cidade, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foto:
autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
65
▫ Praças14:
São espaços públicos os quais são desempenhados
diversos usos. Essas áreas são facilmente mutáveis e possuem
representatividade alterada tanto pelas edificações próximas
quanto pelo simbolismo próprio (Figura 12).
Por definição é “logradouro público constituído de
área arredondada, quadrada etc. com arborização e
ajardinamento [...], cortada de vias e alamedas para
circulação de pedestres.” (SILVA, 2008, p. 203).
Figura 12 – Praça Dom Pedro II, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.
14 Para efeito de pesquisa, estenderemos o termo para largos e rossios também.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
66
Nestas, desempenham-se as funções de estar, lazer,
esportes, descanso, contemplação, ecológica, festiva,
educativa, meramente estética e psicológica (LEITÃO, 2002).
A vegetação, assim como nos parques é variada,
podendo ser de todos os tipos de estratos dependendo do
projeto.
▫ Orlas:
Mais do que uma margem ou transição entre oceanos,
rios, lagos, lagoas e o continente, orlas urbanas são áreas nas
quais há intervenção antrópica e que possuem as funções de
lazer, esportes, descanso, contemplação e ecológica (Figura
13).
Figura 13 – Praias Olho d’água, Caolho e Calhau, São Luís, Maranhão, Brasil.
Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
67
Normalmente, há palmeiras, árvores e forrações ciliares
nesses espaços e esses elementos vegetais estão associados
diretamente com a proteção das praias e bordas –
segurando aterros, fomentando a drenagem e protegendo as
cidades da areia e marés excessivas – ou desempenhando
funções secundárias de embelezamento e/ou sombra.
▫ Jardins Coletivos:
Áreas ajardinadas públicas com pouco índice de
impermeabilização não associadas a espaços definidos ou
vias (Figura 14).
Desempenham normalmente funções estéticas, de
contemplação ou educativas e alimentícias – caso de hortas
– e possuem diversos estratos de vegetação (BENINI, MARTIN,
2010).
▫ Gramados públicos:
São áreas públicas projetadas compostas somente por
gramíneas pisoteáveis e ervas daninhas – raras árvores ou
arbustos (Figura 15).
Estes espaços são de uso igual ao de áreas totalmente
pavimentadas, pois se pode andar por toda sua extensão,
Matheus Maramaldo Andrade Silva
68
desempenhando mais as funções de estar, lazer, esportes,
descanso e festiva.
Figura 14 – Horta na Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
Foto: autor.
Figura 15 – EQN 106/107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
69
▫ Áreas arborizadas informais e cinturões:
Locais públicos, projetados ou não, que não são
propriamente parques, terrenos baldios ou vagos, e nos quais
se pode encontrar árvores, arbustos e forrações (Figura 16).
Tem importância estética e, dependendo da abertura,
podem ser usados como gramados públicos com sombra ou
como áreas de lazer e esporte.
Figura 16 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
70
Os outros espaços livres públicos não listados, em que
existe vegetação, são as áreas com verde de domínio
público.
Como descrito na página 52, são os verdes viários, os
verdes residuais da cidades. Abarcam normalmente locais
com uma maior taxa de impermeabilização, água ou vazios
urbanos. Preponderam espaços fortemente pavimentados
com pontuais inserções de árvores, arbustos e forrações e que
servem principalmente como meios de circulação ou que
não estão abarcadas na Lei de Parcelamento de Solo nº
6.766, 19.12.1979):
▫ Rios, Córregos, Lagos e Lagoas:
Estes espaços são cursos ou retenções d’água naturais
ou escavados pelo homem (Figura 17).
Cada vez mais presentes nas cidades devido à
expansão urbana, estes locais desempenham funções de
abastecimento d’água ou alimentício, ecológica, estética ou
higrotérmica.
No caso, a vegetação presente nesses espaços é
aquática ou são árvores e forrações ciliares.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
71
▫ Vazios Urbanos:
Segundo Benini e Martin (2010, p. 66, adaptado), são
locais que “compreendem as coberturas baixas ou medianas.
Os lotes vazios, característicos principalmente em áreas
urbanas de consolidação recente, caracterizam este grupo.”
(Figura 18).
São os terrenos baldios, os lotes demarcados para
edificações e ainda não ocupados. Por desleixo ou por falta
Figura 17 – Lagoa da Jansen, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
72
de proprietário, é comum a presença de plantas
resistentes/daninhas, de pequeno a médio porte (arbustos,
herbáceas, forrações e gramíneas).
Além dos cursos d’água e terrenos não construídos, a
estrutura viária, em quase todas as escalas (do automóvel, do
ciclista ou do pedestre), é por vezes composta por espaços
verdes.
São exemplos comuns, em que encontramos
elementos vegetais os seguintes locais:
Figura 18 – Setor N, QNN 12, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
73
▫ Vias expressas, ruas e avenidas:
Apesar das diferenças de hierarquia e as sinonímias,
estes espaços aqui serão definidos como espaços
pavimentados15 os quais suportam as circulações de veículos.
A vegetação, quando encontrada nesses espaços,
pode estar ladeando as faixas de rolamentos ou ser central,
em canteiros. Normalmente constituem o verde das ruas,
avenidas e vias expressas árvores ou gramíneas, que as
sombreiam, embelezam, identificam ou somente dividem e
protegem os espaços. (Figura 19).
Tecnicamente, calçadas, passeios, ciclovias e
estacionamentos podem estar inseridos nas caixas das ruas,
avenidas e vias expressas, mas, por possuírem uma estrutura
diferente das faixas de rolamento, serão referenciados em
tópicos próprios.
▫ Calçadas e Passeios:
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (1997), são
“parte da via, normalmente segregada e em nível diferente,
não destinada à circulação de veículos, reservada ao trânsito
15 Normalmente pavimentados, mas podem incorrer, como em várias cidades do
interior do Brasil, em ser vias de terra ou areia.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
74
de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário
urbano, sinalização, vegetação e outros fins.”
Os elementos verdes associados a estes locais
fortemente pavimentados buscam, em princípio, auxiliar e
proteger os pedestres que a usam (Figura 20).
Nos espaços reservados à vegetação – gaiolas, poços,
recortes e faixas – estão comumente presentes gramíneas e
árvores.
Figura 19 – Av. Hélio Prates, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
75
▫ Canteiros:
Considera-se canteiro as áreas floridas ou cobertas de
forrações normalmente associadas a pistas de rolamento
(Figura 21).
Com o intuito simbólico, de orientação ou de
organização do sistema de circulação veicular (podendo
contribuir com a estética da via), estão comumente em faixas
Figura 20 – Calçada, São José do Ribamar, Maranhão, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
76
de serviço para colocação de mobiliário urbano ou
arborização de vias expressas e rotatórias.
▫ Estacionamentos:
São as áreas, em que se deixam veículos
provisoriamente16. Estes ambientes são bastante
pavimentados e quando apresentam vegetação, elas estão
ligadas à proteção, ao sombreamento dos veículos ou
paralelamente a pisos mais permeáveis, como o pisograma.
São, portanto, árvores ou arbustos de maior porte que
dividem as vagas e a circulação, ou forrações mais resistentes
ao tráfico (como algumas gramas) junto ao pavimento
(Figura 22).
16 Adaptação da definição do dicionário. MICHAELIS: moderno dicionário da língua
portuguesa. São Paulo-SP: Editora Melhoramentos, 1998.
Figura 21 – Rotatória das SQN’s 103 e 104 e EQN 303/304, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
77
Figura 22 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
▫ Ciclovias:
Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (1997,
adaptado), as ciclovias (Figura 23) são “pistas próprias
destinadas à circulação de ciclos, separadas fisicamente do
tráfego comum.” Como as calçadas e ruas, são elementos
urbanos fortemente pavimentados que podem ter canteiros
no centro ou lateralmente. Estes espaços verdes
preferencialmente contem árvores ou gramíneas.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
78
Terminada esta explicação, são basicamente esses
espaços livres públicos, semi-privados e privados (Tabela 1),
em que a vegetação pode se enquadrar nas cidades.
O objetivo mesmo era trazer a miscelância de espaços
que as plantas podem estar ocupando na urbe, preparando
o leitor, munido já do conceito e do sítio, para o que virá no
próximo capítulo: as consequências do mal uso da
vegetação nos nossos centros urbanos.
Figura 23 – Via N2, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto: Thamires Chácara.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
79
Tabela 01 – Composição dos espaços livres nas cidades
privado semi-privado 1 semi-privado 2 público
Dentro dos
lotes
privados e
sem
interferênci
a com o
meio
externo
Em pátios de
shoppings e
feiras, jardins
de edifícios
empresariais,
onde a
circulação é
quase pública
Dentro dos
lotes privados,
mas com
interferência
com o meio
externo
Em parques,
praças permeáveis,
orlas (como
calçadões), jardins
coletivos,
gramados públicos,
áreas arborizadas
(áreas verdes)
Em calçadas e
passeios, leitos
d’água, vazios
urbanos, canteiros,
estacionamentos,
vias expressas, ruas,
avenidas, ciclovias
(áreas com verde)
Fonte: Autor
conversando com as mangueiras metodologia de análise
82
Matheus Maramaldo Andrade Silva
“Só não há primavera no meu recinto/
Enfermidades, beijos decompostos/
como heras de igrejas que se pegaram/
nas janelas negras da minha vida,/
só o amor não basta, nem o selvagem e extenso perfume da
primavera.”
Pablo Neruda
83
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Sabendo o quanto de vegetação as cidades possuem,
não mais podemos achar que todo o canto destinado ao
verde está realmente bom pelo simples fato de tê-lo.
Generalidades normalmente incorrem em erros, assim como
paradigmas são verdades absolutas até que se quebrem suas
espinhas dorsais.
As fitopatologias17 que aqui serão comentadas estão ai
para provar esta tese. Elas não têm distinção de raça, classe
social ou tipo edificante, avançam conforme a própria razão.
Assim, apesar de definidos os problemas causados, são
infinitas as possibilidades de degeneração nas cidades, ao
mesmo tempo que existem formas mais adequadas para
cada situação. São combinações variadas que se conectam,
desconectam, fazem simbiose.
Partindo desse princípio, qual ferramenta metodológica
se prestaria a analisar os impactos negativos do mal
planejamento como da espontaneidade da vegetação na
urbe? É esta questão que o presente capítulo espera
responder.
Sabendo da escassa literatura específica (confirmada
por pesquisadores como Lúcia e Juan Mascaró (2010)) sobre
o tema deste estudo, considerando uma pesquisa focada
17 Vide Nota de Rodapé 3, página 30.
84
Matheus Maramaldo Andrade Silva
somente nos processos maléficos da incorreta implantação
de elementos vegetais na cidade, adotou-se como recurso
metodológico a analogia com textos e ferramentas advindos
de análises urbanas, das tipologias edificantes e dos espaços
livres.
Foram, portanto, lidas algumas formas de apreensão
dos espaços urbanos, dos seguintes autores: Jane Jacobs
(2010), Philippe Panerai (2006), Maria Elaine Kohlsdorf (1996).
Mais próxima da problemática desta pesquisa, foram
lidos os artigos do Grupo de Pesquisa QUAPÁ/FAU-USP (2009) e
do NORIE/UFRGS (2003).
O primeiro, desenvolvido pelos pesquisadores Ana
Cecília de Arruda Campos, Denis Cossia, Silvio Soares
Macedo, Maria Helena Preto, Fábio Robba, parte para análise
de espaços livres usando do caso de São Paulo, em uma
construção também metodológica, algo que já esboçaram
em diversas outras pesquisas.
Já o segundo, desenvolvido por Beatriz Fedrizzi, Sérgio
Luiz V. Tomasini e Luciano Moro Cardoso, propõe critérios de
análise do desempenho quantitativo e qualitativo da
vegetação frente a vivência escolar das crianças (no caso,
quando tem acesso ao pátio).
85
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Como estes estudos não seriam suficientes para
abarcar todas as conjunturas da temática, voltou-se também
para uma literatura mais cartesiana, gráfica, que apresenta
alternativas de graficação passíveis de serem adotadas neste
estudo. As seguintes fontes também foram consultadas: a
construção de mapas de dano, nos quais são levantadas as
patologias dos edifícios desenvolvida pelo Centro de Estudos
Avançados da Conservação Integrada (CECI, 2009), alguns
Planos de Arborização (PDAU Goiânia, 2009), os quais são
claros estudos de campo; livros, artigos, revistas ou matérias
mais específicas de elementos vegetais, que darão maior
enfoque em cada subtópico das fitopatologias.
Assim, neste ponto da pesquisa, após todo o
preâmbulo que conceitua o que é vegetação e onde
podemos encontra-la nas cidades, inicia-se a sistematização
de procedimentos que visam dar uma resposta possível à
problemática já posta: Quando e de que forma a vegetação
está associada aos diversos tipos de degradação da urbe?
Para responder a esta questão, este capítulo está
estruturado da seguinte forma:
Primeiramente, tendo em vista a pouca abordagem
específica sobre o desempenho patológico físico, ambiental
sanitário e psicossocial da vegetação no contexto urbano,
86
Matheus Maramaldo Andrade Silva
recorreremos à análise de caminhos propostos por alguns
autores para o levantamento e a compreensão da forma da
cidade.
Em seguida, serão identificados os critérios adotados
para a análise do desempenho da vegetação, segundo os
autores anteriormente descritos, nos pátios das escolas e nos
espaços livres.
Notadas as visões desses autores, será moldado o
caminho próprio desta pesquisa, amálgama das referências e
do reconhecimento preliminar do problema em campo.
Assim, a partir do cotejamento e confronto das fontes teóricas
com as informações colhidas em campo, será proposto um
arcabouço com face teórica e metodológica para o
levantamento e a avaliação do desempenho da vegetação
na urbe.
Levantamento em uma superquadra de Brasília (SQS
308), com a intenção de perceber as patologias recorrentes,
bem como definir quais as formas mais precisas para graficá-
las;
87
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Frente ao exposto, os tópicos a seguir visam construir e
explicitar esses procedimentos acima descritos, culminando
com a proposição de um caminho analítico próprio.
A Análise das Cidades:
Jane Jacobs, Philippe Panerai e Maria Elaine Kohlsdorf, a
partir de um olhar urbano, e o QUAPA/FAU-USP e o
NORIE/UFRGS, em temáticas mais próximas a deste ensaio,
mostraram estudos que analisam os fenômenos, as cidades,
os espaços livres ou o desempenho da vegetação em
escolas, com princípios similares aos que poderão ser
adotados nesta pesquisa.
A primeira pesquisadora, que relacionamos a
apreensão do todo, é a jornalista Jane Jacobs (2010).
No seu mais celebrado livro, Morte e vida das Grandes
Cidades (Americanas), Jacobs traça uma análise pessoal e
de campo.
Refutando quase todos os preceitos urbanísticos
advindos do Modernismo e também do planejamento urbano
dado àquele momento, Jacobs vai delineando várias e várias
comparações e exemplos do que considera bom e o que
88
Matheus Maramaldo Andrade Silva
considera ruim nas cidades, com um olhar peculiar da
vivência, segurança e diversidade dos ambientes urbanos
(Figura 24).
Mesmo parecendo uma conversa franca entre duas
pessoas, a autora e o leitor, na realidade se estabelece uma
profunda pesquisa que está dividida em quatro partes: a
natureza peculiar das cidades, condições para a diversidade
urbana, forças de decadência e de recuperação e táticas
diferentes.
Começa-se esboçando dois elementos públicos
presentes (ou que deveriam estar) no espaço da cidade: a
calçada e os parques.
Nota-se que apesar de introdutório ao repertório
urbano de que se está falando, Jacobs já está fazendo sua
crítica a como não se deve deixar a participação popular de
fora do planejamento, como áreas verdes não
necessariamente trazem bem estar ao bairro, como conjuntos
habitacionais não necessariamente produzem ou induzem a
um estilo melhor ou mais confortável de vida do que em
casas próximas e cortiços.
A crítica ao modelo contemporâneo a ela está
corrente em todo o texto, por mais que os títulos dos capítulos
não ensejem algo do tipo, sempre está sendo feita uma
89
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
comparação entre o ruim (péssimo) e o bom, buscando-se
também demonstrar como o planejador moderno está
alienado das reais necessidades da população.
E assim vai se encampando, no avanço do livro, formas
e elementos que contribuem para a pulsação das cidades:
diversidade de comércio, tipologias variadas de edifícios,
estratos sociais diversificados, densidade populacional.
A análise de Jacobs, portanto, é pautada pelo juízo
dado aos casos e a comparação.
E por que esta visão é importante para o estudo
presente?
O trabalho de Jacobs é valoroso por ter sido feito
basicamente fora dos laboratórios e centros de pesquisa. É
um exercício de campo, de observação, questionamento, de
casos e estatísticas reais e de menos prognósticos. Jacobs foi
a cada rua, parque e centro habitacional que menciona, o
que de fato reforça bastante o seu discurso, descreditando o
uso exclusivo do lápis para o projeto.
Não podemos esquecer também que a forma como a
jornalista abordou a cidade, por meio de confrontos entre
circunstâncias, demonstra o quão forte ou o quão
desqualificado é cada lado da avaliação, justificando a
problemática da pesquisa.
90
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Figura 24 – O monótono, o deserto de Jacobs. Desenho: autor.
91
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
O segundo pesquisador mencionado na lista é Panerai
(2006).
O autor, como em O Urbanismo, de Françoise Choay,
procura uma extensa lista de personagens para encaminhar
sua lógica. Tal holisticidade promove uma confiança maior
em seu método de avaliação.
Panerai, em Análise Urbana, traça primeiramente uma
evolução da forma edificante e do crescimento das cidades
para daí começar a mostrar as leituras possíveis da malha
urbana.
Como os tentáculos das cidades se estendem e como
percebemos as complexas urbes?
Com emprego da interpretação de Kevin Lynch, são
descobertas algumas das formas de apreensão da malha
urbana: pontos nodais, marcos, barreiras, percursos e setores.
São pontos mais visuais, que servem bastante para esta
pesquisa, no entanto, se limitando por se estreitar a um só
sentido, o dos olhos, faltando englobar o olfato, o paladar, o
tato e a audição, apreensões necessárias para se apreender
a realidade típica dos bairros e também as características da
vegetação na urbe.
Mais adiante são citados outros autores como Saveiro
Muratori, Gianfranco Caniggia, Marcel Poëte, Gaston Bardet,
92
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Patrick Geddes e Raymond Unwin em um denso escrito de
como as cidades se comportam quanto ao seu crescimento:
radiais, tentaculares, envolvendo limites físicos ou estagnando
por barreiras regulatórias; de forma espontânea ou dirigida.
Visto isso, exploram-se os termos característicos do
tecido urbano, um pequeno dicionário comentado que
define e exemplifica vias, lotes e a malha em si, como
averigua certos valores dimensionais.
Contudo, o que é primordial do livro e do autor para os
encaminhamentos deste estudo é a sua proposta de método
de avaliação.
Panerai faz uma definição de tipo, dá exemplos de
tipificação (tipologias), como catálogos de moradias e
quarteirões e parte para um método de análise tipológica,
organizando nas seguintes etapas:
Definição de Abrangência:
Muitas tentativas de estabelecer tipologias resultam infrutíferas por
que não se toma o cuidado de se definir claramente, de antemão, o
que irá ser estudado. Evidentemente, a definição da abrangência está
vinculada as questões que se pretende responder.
Escolha de níveis:
93
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Como a tipologia começa por uma classificação, é preferível
classificar os objetos que pertencem a um mesmo nível de leitura do
tecido urbano18.
Delimitação da Zona de Estudo:
Ela depende da problemática colocada e dos meios disponíveis
(tempo, recursos humanos), mas é necessário decidir se será feita uma
análise exaustiva, em que todos os objetos serão considerados em
detalhe, ou uma análise representativa (como uma sondagem), em
que são escolhidas amostras e, após a determinação dos tipos, verifica-
se quão contemplada foi toda a zona.
Classificação prévia:
[...] o caso em que todas as operações são explicadas.
Começaremos por um inventário.
É uma fase de observação minuciosa do objeto, em que
procuramos descrevê-los para deixar claras as propriedades que os
distinguem e estabelecer critérios. [...]
A partir das respostas a esses diferentes critérios, podemos fazer uma
primeira classificação, isto é, agrupar em uma mesma família os objetos
que ofereçam a mesma resposta a uma série de critérios. [...]
[...] as famílias ainda não são tipos, essa classificação ainda não é
uma tipologia: ela constitui apenas um primeiro agrupamento que irá
permitir elaborar os tipos.
Elaboração dos tipos:
18 Nível de leitura do tecido urbano se torna nível leitura das patologias no tecido
urbano neste estudo.
94
Matheus Maramaldo Andrade Silva
O tipo se constrói. Essa construção por abstração racional pode ser
feita em duas etapas. Primeiramente, para cada família estudada,
explicitamos as propriedades dos objetos que a compõem. Em seguida
reunimos as propriedades em comum dos objetos de uma família para
definir o tipo; o conjunto das propriedades não compartilhadas mostra
as variações possíveis em relação ao tipo.
Tipologias:
Esses tipos isolados não são de grande interesse e só adquirem
sentido quando inseridos em um sistema global. A tal sistema – o
conjunto dos tipos e de suas relações – denominamos tipologia. [...]
A tipologia conduz a uma compreensão da arquitetura inserida em
um tecido. (PANERAI, 2006, 127 à 137).
Apesar de não ser aplicado stricto sensu à vegetação,
é um método para uma gama de fatores, nos quais estava
encaixada também a cidade. Sua contribuição a esta
pesquisa é especialmente de natureza metodológica, pois é
uma forma de estruturar as etapas de levantamento e a
análise para a identificação:
Definição de abrangência – vegetação urbana;
Escolha de níveis – espaços livres privados, semi-
privados e públicos;
95
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Delimitação da zona de estudo – Quadra do
Plano Piloto (SQS 308);
Classificação prévia – fitopatologias;
Elaboração de tipos - fitopatologias;
Tipologias - aplicabilidade.
Se Panerai define uma linha tipológica genérica para o
estudo das cidades, Maria Elaine Kohlsdorf (1996)19 direciona
a um caminho, identificando fatores ou dimensões prévias
que, como em uma tabela, deverão ser objeto de avaliação
na urbe.
O seu estudo se esboça por meio da forma como
codificamos o espaço urbano. Esta se dá por respostas
estéticas (de acordo com grupos sociais), psicossociais ou por
19 Maria Elaine Kohlsdorf é precursora neste tipo de estudo das dimensões e em suas
definições aqui no Brasil. Apesar do livro ser de sua autoria, a pesquisa em si teve a
contribuição de outros pesquisadores, que ainda estão em um processo de
evolução/complementação do estudo de Kohlsdorf. São eles Benamy Turkienicz,
Márcio Villas Boas, Gunter Kohlsdorf e Frederico de Holanda (todos estudiosos que
pertencem ou pertenciam ao grupo de pesquisa Dimensões Morfológicas do
Processo de Urbanização – DIMPU). Este último ainda agrega três outras dimensões ao
estudo: estética, simbólica e afetiva, conforme se verifica em HOLANDA, Frederico
de. 10 mandamentos de Arquitetura. Brasília-DF: Editora FRBH, 2013.
96
Matheus Maramaldo Andrade Silva
entendimento de informações explícitas ou implícitas que são
reconhecidas em determinado local (Figura 25).
No andamento do texto, são demonstradas várias
maneiras de abordagem da cidade por parte do observador,
em dadas hierarquias de percepções e sensações, conforme
se anda pelo espaço. Estas se derivam de elementos próprios
da construção do ambiente, são efeitos como alargamento,
estreitamento, direcionamento, impedimento, etc.
A contribuição principal desse estudo é como são
agrupadas estas sensações em forma de
dimensões/aspectos.
Tais aspectos que Kohlsdorf emprega (agregando os
demais de Frederico de Holanda) são:
Topoceptivo:
[...] estudo de atributos da arquitetura captáveis
essencialmente pelo sentido da visão, para responder as questões: o
lugar tem forte identidade, é facilmente memorável? o lugar tem
estímulos visuais em quantidade, qualidade e ordenação capazes
de favorecer a boa orientação através dele, i. é, deduzo facilmente
onde estou e que direção devo tomar para chegar a meu destino?
Funcional:
[...] concernem respostas da arquitetura a exigências
práticas da vida cotidiana em termos de tipo e quantidade de
97
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
espaços para as atividades do corpo e da mente, e a relação dos
espaços entre si – de complementaridade, proximidade, distância
etc.
Bioclimático:
[...] concernem relações entre praticamente todos os
atributos dos elementos arquitetônicos listados antes – sítio natural,
cheios, vazios etc. – e a satisfação das expectativas do nosso corpo
quanto a temperatura, umidade, qualidade, aromas e movimentos
do ar, luminosidade diurna ou noturna, som ou ruídos. São
examinadas as características do clima local (temperatura,
umidade e qualidade do ar; velocidade e direção dos ventos;
intensidade e direção da radiação solar; regime de chuvas) e como
a arquitetura reproduz condições favoráveis ou apazigua – ou
agrava – as desfavoráveis, pois a arquitetura é um “modificador
climático”.
Sociológico:
Arquitetura como sistema de barreiras e permeabilidades ao
movimento, de transparências e opacidades à visão, de cheios e
vazios, impregnados de práticas sociais. Lugares são ordenados em
sistemas de contiguidades, continuidades, proximidades,
separações, hierarquias, circunscrições.
Afetivo:
Relativos aos afetos – sensações, estados psicológicos,
estados d’alma, emoções – provocados em nós pelos atributos do
lugar captáveis por nossos sentidos
98
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Figura 25 – Edifícios, relevo, traçado, perspectiva da cidade. Desenho:
autor.
99
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Estético:
Elementos arquitetônicos cujas partes e todo tenham
características de claridade, harmonia, unidade, unidade na
variedade, integridade etc. a implicarem estimulação prazerosa
autônoma dos sentidos para além de questões práticas – o lugar é
belo. Configuração arquitetônica que veicula uma visão de mundo,
uma filosofia – o lugar é uma obra de arte.
Econômico:
Custos de construção e manutenção dos lugares. Padrões
de uso do solo relativos à ociosidade, intensidade ou continuidade
no uso da infraestrutura urbana – redes de circulação para todos os
modais (veículos motorizados, ciclistas, pedestres etc.), de
abastecimento d’água, coleta de esgoto, distribuição de energia
etc. Forma, dimensões e materiais constitutivos da edificação.
Simbólico:
Elementos arquitetônicos que evocam o lugar onde estão
(uma fonte escultórica como símbolo de uma praça ou um bairro);
ou lugares mais amplos em que se inserem (a Torre Eiffel com o
símbolo de Paris ou mesmo da França); ou valores, ideias, história (o
Congresso Nacional, Brasília, como símbolo da cidade e da
democracia representativa brasileira). (HOLANDA, 2013.)
Algumas dessas dimensões, em especial aquelas
relacionas a percepção mais visual e sensorial da cidade,
têm potencial para serem adaptadas à avaliação das
100
Matheus Maramaldo Andrade Silva
fitopatologias e os efeitos que podem provocar nos usuários
do espaço.
No próximo capítulo, de uma forma referencial, devido
à complexidade deste estudo do DIMPUJ, serão listados parte
desses aspectos, pois são maneiras de também apreender a
vegetação disposta na urbe, positiva ou negativamente.
A vegetação faz parte dos elementos compositivos das
cidades, como um prédio, uma lixeira ou uma pavimentação,
sendo assim é propensa a instigar reações do público usuário.
Afunilando, o grupo de pesquisa QUAPA/FAU-USP
(2009) já se atém a uma parcela desse contexto urbano.
O principal foco da pesquisa, que ainda não está
concluída, foi a elaboração de mapas da cidade de São
Paulo os quais permitiriam analisar as relações entre o espaço
construído e os espaços livres (estudo o qual não somente
traria resultados para São Paulo, como conclusões para o
urbano como um todo).
Em resumo, o método da pesquisa consiste em fazer
graficações das porcentagens de áreas sem edificações e a
verticalização das áreas e as analisar quantitativa e
qualitativamente a partir dos mapas elaborados.
101
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Os desenhos dessas manchas e a sobreposição dos
mesmos, mostraram vários parâmetros que reafirmam o quão
diversificada é a cidade paulistana. Foram visualizadas zonas
de maior concentração de moradias, de maior
concentração de empreendimentos de grande porte ou
espaços vazios, a direção do crescimento urbano e da
apropriação das áreas da cidade (Figura 26)
Da leitura podem ser tiradas conclusões de como se
deu o processo de esvaziamento de construções,
urbanização ou de eliminação de áreas verdes nestas zonas,
junto da observação do cotidiano urbano, as razões pelas
quais ocorreu isso (a faixa de renda e as leis de ocupação do
solo traduzem a qualidade destes espaços livres, uma nova
via expressa no bairro X modifica os parâmetros urbanísticos
lindeiros, novas normas de gabarito para o Centro criam
novas possibilidades de ocupação, etc.) e avaliar também a
qualidade desses espaços (mais áreas livres intralote igual
maior permeabilidade do solo e visual, por exemplo):
“O conjunto desses fatores termina por ratificar e
potencializar a demanda e a importância dos espaços livres
públicos, tanto para lazer e recreação urbanos como para o
conjunto da cidade, melhorando as condições locais em relação à
insolação e ventilação, e permeabilidade do solo. A criação de
102
Matheus Maramaldo Andrade Silva
espaços livres públicos, devidamente tratados, extrapola os
aspectos funcionais, e eles devem ser entendidos nas esferas
ambiental, estética e simbólica.” (CAMPOS et. al., 2009, p.207)
Figura 26 – Sobreposição – Espaços livres x Verticalização. Mapa:
QUAPA/FAU-USP, 2009.
103
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Esta pesquisa é interessante para o presente ensaio, por
que grafica para fazer a análise, produz um método que tem
como base mapas, estabelecendo relações, comparações,
diálogos.
Não qualifica propriamente a vegetação dos espaços
livres, mas já traduz um arcabouço mais próximo do que será
aqui levantado, pois estaremos relacionando o tempo todo o
objeto (vegetação) à zona de estudo (espaço – espaço livre
– cidade).
Saindo do contexto mais global, uma percepção mais
próxima, ou elucidativa, que foi encontrada, com o elemento
vegetal incluído, vem da pesquisa de Fedrizzi, Tomasini e
Cardoso, da NORIE/UFRGS (2003).
Seus estudos são interessantes, por que, apesar de
trabalhar com os aspectos positivos da presença da
vegetação nos pátios escolares, constrói a análise com base
em parâmetros classificatórios (similar a Kohlsdorf, mas mais
cartesiano).
Após busca na literatura sobre em que medida é
necessário às crianças o contato com a natureza, e como isso
favorece o seu desenvolvimento, os pesquisadores esboçam
uma metodologia quase que inteiramente de campo, na
104
Matheus Maramaldo Andrade Silva
qual, por meio visual classificam os pátios escolares (Figura
27).
Assim, os pesquisadores elaboraram as tabelas ou
fichas a seguir:
Tabela 2: Pontuação quanto ao estrato vegetal:
Estrato Pontuação
Árvores e grama 3
Outros 1
Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003
Tabela 3: Conceitos e notas - níveis de vegetação existentes no pátio:
Conceito Nota Observação
Inexistente 0 Nível de vegetação avaliado não está disponível no
pátio
Ruim 1 Nível de vegetação avaliado, porém em quantidades
muito pequenas e/ou condições muito ruins
Regular 2 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou
condições razoáveis
Bom 3 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou
condições relativamente boas
Muito
bom
4 Nível de vegetação avaliado em quantidades e/ou
condições muito boas
Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003
Tabela 4: Classes de pátio - a vegetação em função da pontuação obtida:
Classe Pontuação
Final
Conceito
I De 31 à 40
pontos
Pátio com boa vegetação
II De 21 à 30
pontos
Pátio com relativa vegetação
III De 11 à 20
pontos
Pátio semiárido ou com
vegetação ruim/insuficiente
105
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
IV De 0 à 10 pontos Pátio árido, com vegetação
muito ruim ou praticamente
inexistente
Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003
A pontuação da tabela 1 é multiplicada pela da
tabela 2 e o resultado é conferido na tabela 3.
Os pesquisadores foram a 15 escolas de Porto Alegre
(dentre 44 municipais) e utilizaram esse método para avaliar a
vegetação em seus pátios. O resultado foi majoritariamente
ruim, com as classes III e IV sendo as mais encontradas.
Também não será um método a ser aplicado sensu
stricto neste estudo, porém, é um exemplo já factível de como
outros estudiosos já tentaram compreender a qualidade
(ainda que não pública e geral) advinda da inserção de
vegetação nos espaços.
Seu sistema de pontuação e tabelas é um
procedimento também factível, pois auxilia no entendimento
de comparações e outras avaliações.
Contudo, deve ser bastante ponderado,
principalmente pela escala e por se ater a existência ou não
dos elementos vegetais, o que não é o propósito desta
pesquisa, que é verificar os malefícios do mau planejamento
da vegetação nos espaços.
106
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Figura 27 – Diferenças na pesquisa dos pátios escolares. Desenho: autor.
107
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Os procedimentos estruturados:
A vegetação não é, conforme dito nos primeiros
capítulos, um elemento comum capaz de ser tipificado de
maneira restrita e a avaliação (Figura 28) de sua apreensão
não é fechada no campo visual ou psicológico. Para
compreender de fato os processos que podem estar
associados à presença de plantas na cidade, é preciso
esboçar características também físicas e ambientais, por
exemplo.
Sendo assim, buscou-se qualificar a pesquisa com os
métodos descritos, sem necessariamente se amarrar a eles,
propondo uma ideia mais sutil e desenvolta dos problemas
causados pelos erros de implantação da vegetação nas
cidades.
O que se tornou viável e mais interessante foi revisar
textos ligados ao verde urbano, como específicos de
botânica e jardinagem, e sair a campo para coletar o
máximo de amostras sensitivas (negativas) dos arbustos,
palmeiras, árvores, etc, em diálogo com a urbe (em espaços
públicos ou semi-públicos, principalmente), tentando assim
reunir em categorias e subcategorias os problemas vistos. O
que se verificou foi a presença de três grandes tipos de
108
Matheus Maramaldo Andrade Silva
avarias provocadas pelas plantas quando mal planejadas em
sua implantação ou devido à própria espontaneidade de
seus ciclos vitais: Ambientais sanitárias, Físicas e
Psicosociológica).
Após as descrições das fitopatologias, é feita uma
síntese em tabelas, uma para cada, com uma listagem em
tópicos de tudo que foi comentado. Isso se tornará a espinha
dorsal do diagnóstico, pois é semelhante a um check-list e
estará incorporado a todas as graficações futuras.
Terminada as tipificações, optou-se por averiguá-las em
conjunto em um espaço pré-determinado, limitado na
cidade. Foi então escolhida a SQS 308 do Plano Piloto de
Brasília, para ser feito esse levantamento.
Para tanto, foi preciso elaborar um documento, o qual
guiaria tanto o estudo de campo, como reuniria todos os
resultados: a ficha diagnóstico. Em seu cabeçalho há lacunas
em que são descritos o endereço, a área edificada, a área
pavimentada e a área vegetada, já no seu corpo são postas
as fotos, os mapas e as tabelas elaboradas. Estes são,
portanto, os resultados, visuais e quantitativos das
fitopatologias encontradas na área escolhida.
Os resultados são, então, discutidos, sem ainda grandes
recomendações, posto que esse não era o exercício
109
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
proposto, mas sim a elaboração de um método de
diagnóstico (categorias fitopatológicas e suas distribuições
pela malha urbana).
110
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Figura 28 – Diagrama da pesquisa. Desenho: autor.
111
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
oleandros, gameleiras e desgaste
as diversas
fitopatologias na cidade
Matheus Maramaldo Andrade Silva
114
“Uma cidade deve ser construída de modo
a proporcionar a seus habitantes segurança e felicidade.”
Aristóteles
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
115
Dando início à análise proposta, dar-se-á a
categorização dos processos de degradação regidos pelos
elementos vegetais na cidade.
As plantas estão longe de serem iguais ao que se
mostra nos desenhos e fotos: estáticas. Essas são exigentes e
cobram o que lhes é de direito na natureza – espaço, luz,
nutrientes, reprodução.
Nessa busca incessante por vida, acompanhada ou
não pelas mãos antrópicas, cria-se um contexto que por
diversas vezes não é cogitado – seja em manuais ou no
diálogo cotidiano – a destruição, o incômodo e os miomas de
diversos tipos que o verde pode causar nas teias sociais e
psicológicas da cidade.
Essas inconveniências ao ambiente urbano são o
grande problema que este texto tenta alertar: não há
justificativa do verde pelo verde, e se deve ter noção de
todas as possibilidades ao plantar uma muda e dos impactos,
sejam estes positivos e/ou negativos que trazem ao meio
urbano.
Observando isso, serão aqui listadas as pequenas e
grandes doenças que a vegetação traz às veias da urbe.
Esta pesquisa dispôs em três categorias os problemas
causados pelo verde mal empregado, os quais chamaremos
Matheus Maramaldo Andrade Silva
116
de fitopatologias20. Estas, por sua vez, poderão ou não estar
subdivididas em subtópicos, devido à abrangência de
situações que podem acometer.
Considerou-se, então, estas ordens de fitopatologias na
cidade: Ambiental-sanitárias (problemas relacionados ao
microclima, intoxicações e pragas), Físicas (problemas
relacionados à destruição de elementos construídos e outros
transtornos de natureza material) e Psicosociológicas
(problemas relacionados à forma de apreensão dos espaços,
quando a vegetação causa desconforto – medo, distorção
de beleza – e aos ciclos de atividades da cidade).
Cada uma destas categorias pode possuir origens
semelhantes ou distintas e estar associadas a toda a gama
vegetal, desde gramíneas até árvores frondosas.
Terminado o preâmbulo, façamos uma descrição mais
pormenorizada dos termos:
20 Vide Nota de Rodapé 3, página 30.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
117
Fitopatologias 1:
Ambiental-sanitárias
Matheus Maramaldo Andrade Silva
118
O uso indiscriminado e/ou popular das plantas, como a
própria natureza atuando com seu ciclo intrínseco, pode
gerar conflitos de ordem micro ou macroclimática nas
cidades, como na saúde dos seus habitantes.
A falta de planejamento e o contraditório desejo por
natureza e desnatureza permitem, uma ampla gama de
problemas de ordem ambiental-sanitária, que, caso
negligenciados, podem comprometer não somente o
cotidiano, como aumentar a mortalidade nas urbes.
Estão relacionados a este conjunto fitopatológico:
1. Aspectos de conforto térmico, luminoso e acústico;
2. Toxidades (plantas com conteúdo venenoso,
entorpecente, alergênico, urticante ou corrosivo);
3. Plantas que servem de abrigo, alimento ou espaço
reprodutivo para uma fauna hostil (peçonhentos ou
transmissores de doenças);
4. Relações tróficas competitivas entre a própria
vegetação;
5. Riscos de incêndio potencializados pelo verde.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
119
1. Calor, ruído e escuridão:
As plantas interferem em todos os campos de conforto
que são estudados pelos cientistas, arquitetos e engenheiros,
térmico, acústico e luminoso, como revela Mascaró (1996,
p.2):
A vegetação atua nos microclimas urbanos contribuindo
para o controle da radiação solar, a temperatura e a umidade do
ar, a ação dos ventos e da chuva e para amenizar a poluição do ar
e, em determinadas situações a poluição sonora.
Assim como o controle tende para o equilíbrio
climático, quando este é perdido o conforto diminui,
podendo ser em pequena ou grande escala.
Normalmente, associamos a perda desse controle
climático a falta ou destruição das plantas em determinada
área, contudo, a presença de uma árvore, arbusto, etc. pode
também desfavorecer essa qualidade.
1.1. Conforto térmico:
É usada extensivamente a vegetação para
arrefecimento das altas temperaturas e umidificação do ar
Matheus Maramaldo Andrade Silva
120
nas zonas urbanas (Figura 29):
A vegetação em relação à radiação atua como um filtro
das radiações absorvidas pelo solo e pelas superfícies construídas,
refrescando os ambientes próximos, uma vez que a folhagem das
árvores atuam como anteparos protetores. (ROMERO, 2013).
Isso é amplamente benéfico, com inúmeros estudos
atestando a eficácia do uso correto da vegetação como
boa refletora e absorvedora de calor.
Porém, ao ponderar sobre a qualidade do fluxo dos
ventos, umidade e irradiação solar, há vários eventos, em que
a vegetação está relacionada ao desconforto térmico dos
usuários.
O primeiro ponto é o fluxo de vento.
Segundo Romero (2013):
O movimento do ar no meio urbano está em relação direta
com as massas edificadas, a forma destas, suas dimensões e sua
justaposição. O movimento do ar numa escala microclimática afeta
especificamente os pedestres e as edificações (aumentando as
perdas de calor por convecção ou levando calor e poeira).
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
121
Figura 29 – Benefícios da vegetação; aspectos climáticos. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
122
É importante frisar, que não somente massas edificadas
interferem no percurso dos ventos, como qualquer tipo de
barreira implicará mudanças em seu trajeto e força, sendo
que quanto menos poroso e mais alto, mais difícil se dará seu
percurso.
No caso da vegetação, os fatores que implicam
alteração da qualidade do vento (intensidade e sentido), são
massa foliar, distância entre os elementos vegetais e altura
das plantas (Figura 30) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO,
Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 29, 30, 43 À 50).
Em climas de calor muito intenso, seco ou úmido, é
importante a passagem do ar da rua para as edificações,
pois o vento tende a diminuir a temperatura ambiente e
melhorar a sensação térmica.
Quando se deseja receber um bom fluxo de ar,
elementos vegetais de pequeno porte podem ocasionar um
prejuízo considerável nesta circulação a pequenas
edificações, pois o acúmulo vegetativo, pela quantidade de
folhas ou troncos, impedirá a passagem do vento (barreira)
(Figura 31).
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
123
Figura 30 – Elementos que modificam a qualidade do vento. Desenho:
autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
124
Em prédios mais verticais, vale as mesmas
considerações, mas restringindo a gama vegetal a árvores
mais altas, palmeiras mais robustas e a trepadeiras. Caso haja
muita densidade vegetal, a passagem do vento pode se
tornar impossível (barreira) (Figura 31).
Não somente como barreira vertical, a vegetação
também pode se tornar barreira horizontal.
No caso de ambientes com muita radiação solar
durante o dia, o ar quente fica acumulado nas superfícies e
tende a se dispersar a noite. O verde pode obstruir essa
passagem quando forma dosséis densos, principalmente nas
ruas das cidades.
A pesquisa de Mestrado do Professor Caio Frederico e
Silva (2009), em que analisa várias avenidas de sua cidade
natal, Teresina, comprova isso. Em dada via, fechada por
copas de árvores, se dá uma dispersão bem mais vagarosa
do ar quente a noite, o que é bastante desagradável para os
moradores, que já convivem durante o dia com temperaturas
normalmente acima de 28ºC (Figura 33):
No caso da formação da ilha de calor, no horário noturno,
quando o acúmulo de calor recebido durante o dia é devolvido
para a atmosfera, um local densamente arborizado [...] apresenta-
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
125
se como um cenário negativo para as trocas térmicas, conforme é
demonstrado nas simulações no horário noturno. (SILVA, 2009).
Vendo o oposto, quando não se deseja a passagem
de ar, por ocasião de temperaturas baixas ou cidades/bairros
com ventos muito fortes devido a própria natureza do lugar
ou a morfologia edificada, a vegetação também pode
contribuir negativamente neste controle. Dependendo do
porte e disposição das plantas, estas tendem a criar pólos de
pressão que atraem o fluxo de ar ou o aceleram (Figura 32 e
34).
Os principais efeitos não desejados relacionados com o
verde podem ser o de barreira, o de canalização ou o de
redemoinho (ROMERO, 2013).
O Efeito Barreira/Redemoinho é ao mesmo tempo
solução e problema, pois, caso as plantas bloqueiem o vento,
estarão auxiliando os usuários (efeito barreira), mas caso o
prédio seja a barreira e a vegetação não permita a saída
vertical do vento, cria-se uma diferença de pressão que pode
causar transtornos ali (efeito redemoinho) (Figura 34).
Matheus Maramaldo Andrade Silva
126
Figura 31 – Interrupções do fluxo de ar. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
127
Matheus Maramaldo Andrade Silva
128
Figura 33 – Avenida Santos Dumont, Teresina, Piauí, Brasil. Fonte:
http://farm5.staticflickr.com/4066/
Figura 32 – Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
Brasil.Fonte: http://g1.globo.com/
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
129
O Efeito de Canalização se dá por convergência dos
fluxos de ar. Caso os renques arbóreos estejam próximos e
diminuindo o ângulo do espaço, estes unirão as massas de
ventos locais, podendo aumentar perigosamente a
velocidade dos ventos (Figura 34).
Outro fator que está muito atrelado aos ventos e ao
contexto climático é a umidade (ROMERO, 2013, e MASCARO,
Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 43 À 44).
As plantas, como os animais, transpiram. Elas
contribuem significantemente para o regime de chuvas no
mundo e estão estritamente ligadas à qualidade da umidade
das cidades (Figura 35).
Em climas quentes e secos, é extremamente desejável
o acúmulo dessa umidade, pois melhora a sensação térmica
e a respiração.
Conforme exposto, em áreas com esse tipo de clima,
ou somente secos, é importante evitar a perda de umidade.
Dependendo da vegetação escolhida e da forma com que
ela está disposta, esta não entrará em um regime favorável
de trocas de umidade com a atmosfera próxima, como pode
favorecer a ventilação e retirar o pouco de água dali.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
130
Figura 34 – Corrente negativa de vento. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
131
No caso de climas úmidos e quentes, se opera o
contrário. Precisa-se aumentar o fluxo de ar para amenizar o
excesso de umidade.
Uma reclamação recorrente em Belém e Manaus,
cidades do Norte Brasileiro, é o fatigante calor que não cessa.
Devido à umidade e temperaturas muito elevadas não nos
sentimos confortáveis.
A vegetação que ai encontramos deve ser pensada
para trazer o máximo de circulação e o mínimo de
transpiração (nota-se que é mais fácil favorecer a circulação
de ar, pois as plantas normalmente aumentam a umidade).
Árvores com copas muito densas, como qualquer
elemento vegetativo de folhagem mais rugosa e grossa, irão
piorar a situação se estiverem muito próximos às edificações.
No oposto, em locais de clima frio, os maciços vegetais
tendem a transpirar menos, mas ainda assim devem ser
planejados para evitar um acúmulo de umidade (que ainda
pode criar gelo em casos extremos e causar prejuízos físicos
ao entorno).
Caso não haja constância climática, quase sempre frio,
ou quase sempre calor, a exemplo de Brasília, as plantas
pouco pensadas não dialogarão com o a amplitude térmica
e com ritmo das chuvas ou secas. A probabilidade de não
Matheus Maramaldo Andrade Silva
132
Figura 35 – Variantes de umidade. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
133
Matheus Maramaldo Andrade Silva
134
haver folhagem no inverno seco (típico do Centro Oeste) ou
haver excessiva umidade no verão úmido será grande.
Além do vento e da umidade, resta mencionar a
radiação solar (ROMERO, 2013 e MASCARO, Juan Luis,
MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 29 à 50).
O verde está diretamente imbricado com a proporção
de calor que recebemos todos os dias, podendo absorver os
raios solares, como nos proteger com sua sombra.
Em cidades frias ou com estações prolongadas de
temperaturas baixas, não é desejável evitar nenhum tipo de
radiação solar, pois esta é a principal e mais barata fonte de
calor existente.
Árvores, palmeiras e trepadeiras de folhagem densa ou
copa extensa, caso estejam muito próximas das edificações
ou sombreando áreas muito grandes das ruas e calçadas
tendem a proteger em demasia estes locais do calor
desejado (Figura 36).
Diametralmente opostas, as cidades com temperaturas
altas ou com estações prolongadas quentes, desejam evitar
os raios solares que incidem sobre seus moradores.
Aqui deve-se atentar em massificar ao máximo a
folhagem, pois esta protegerá os habitantes da radiação. O
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
135
Figura 36 – Interrupção da radiação solar. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
136
erro mais comum é se atentar aos aspectos estéticos do
espaço e esquecer de sombrear as áreas de circulação e
estar. Elementos baixos, pouco densos ou esparsos não
criarão uma cobertura que evite a insolação (Figura 37).
Deve ser considerada também a caduquice, pois há
meses de grande radiação solar e calor, em que várias
plantas não poderão contribuir com sombra por essa razão.
1.2. Conforto luminoso:
O verde é um elemento compositivo que vai além da
cor, ele é uma barreira que qualifica, positivo ou
negativamente, a intensidade luminosa recebida nos espaços
(MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo,
2010, p. 32 e 33).
Quando é necessária uma maior luminosidade, o que
de fato é o mais recorrente, tanto para economia energética
como para uma contribuição com a luz artificial, a
vegetação mal pensada pode se tornar um estorvo completo
ou parcial.
Vista a densidade foliar, a quantidade plantas, o
diâmetro do tronco e a disposição, os elementos vegetais
influenciam decisivamente a quantidade e o foco luminoso.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
137
Figura 37 – Passagem forte da radiação solar. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
138
Um flamboyant (Delonix regia (Hook.) Raf.), com sua
estrutura de copa horizontal e rala, permitirá a entrada de
bastante luz, contudo, devido aos ecos sem folhagem, esta
tende a ficar desproporcional no espaço, deixando a área
maculada (vários pontos de luz ao invés de contínuo),
enquanto que uma gameleira (Ficus benjamina L.) será uma
barreira ostensiva à luz, tendo densa sombra, devido a sua
disposição e quantidade foliar compacta e alta.
Assim, é importante observar que até mesmo uma
fileira de palmeiras esguias pode atrapalhar a qualidade
lumínica da rua, das edificações e dos passeios (Figura 38).
Figura 38 – Vegetação x Luz. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
139
Quanto a proteção dos raios solares, deve-se tomar os
cuidados contrários (Figura 38).
O mesmo flamboyant continuará não impedindo os
raios solares de chegarem a área, como plantas esparsas,
esguias e com pouca vigorosidade foliar e de tronco.
Quanto ao ofuscamento, o cuidado tem de ser maior,
principalmente quanto a via pública, por estar além do
conforto.
Figura 39 – Ofuscamento às 7hs – SQN 106, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
Foto: autor.
Em horários de sol baixo (início da manhã e final da
tarde), a vegetação, principalmente árvores frondosas,
quando esparsas nos canteiros ou calçadas, implicam sérios
prejuízos a visão dos motoristas. A sombra criada por estes
Matheus Maramaldo Andrade Silva
140
elementos vegetais modifica a percepção visual, em uma
espécie de polarização focal, a qual impede quem está
dirigindo o carro de enxergar da forma devida antes e
durante o trajeto sombreado. Isso traz um risco alto tanto para
os pedestres, como para os automóveis próximos, pois são
metros de completa cegueira por parte do motorista (Figura
39) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo,
2010, p. 27).
1.3. Conforto sonoro:
Mesmo que possa parecer esdrúxulo, a vegetação
também se aplica as variantes acústicas (MASCARO, Juan
Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 51 e 57).
Estudos comprovam que a correta distribuição vegetal,
junto ao elemento terra e ao distanciamento e
posicionamento correto das edificações e ruas, pode
arrefecer os ruídos. Quando não é pensado corretamente, os
maciços vegetais, junto desses outros fatores, podem não
funcionar para este fim.
Por outro lado, o verde é também um chamariz de
diversos sons pouco pensados quando se está no meio
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
141
civilizado. A fauna, ameaçada pelo homem, utiliza as plantas
como alimento e abrigo (Figura 40).
Com o avanço atroz do meio antrópico às florestas, é
cada vez mais comum encontrarmos animais em nossas
cidades e com isso, seus sons típicos.
A maioria vai gostar dos assobios dos sabiás e
canarinhos e outros vão odiar o tilintar das cigarras e os berros
de algumas aves.
O planejamento vegetal implica também pensar na
fauna que utilizará aquela planta como suporte.
Figura 40 – Dilemas dos cantos dos pássaros. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
142
2. Urticárias, espirros e dores crônicas:
Quando os animais surgiram na Terra (seja qual for das
versões que procure, a bíblica ou a evolucionista), este
ambiente já estava permeado pelas plantas.
Antes ou conjuntamente, se deu a escalada, em que
vieram as Algas, os musgos, samambaias, os grandes pinheiros
e as plantas com flor e fruto (Figura 06, pág. 45).
Nessa evolução esteve configurado também o
aprendizado contínuo e ininterrupto dos seres vivos quanto a
sobrevivência frente aos outros viventes: alguns animais
maiores devoram todos os outros, uns minúsculos comem
somente os restos de outras refeições, e a extensa maioria se
alimenta das plantas.
Estas, obviamente, tiveram que se adaptar a isso,
senão seriam alvos muito fáceis e acabariam dizimadas. Umas
adotaram regimes de reprodução baseados em
“recompensas”, tendo o caçador que somente distribuir seu
pólen ou suas sementes para poder se alimentar delas, outras
preferiram buscar barreiras maiores para não serem atingidas,
tendo cascas mais espessas ou espinhos e, embora esses dois
tipos de evolução tenham sido comuns, algumas se
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
143
Figura 41 – Potencialmente venenosas. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
144
adaptaram com um contra-ataque mais imediato: a toxidade
(Figura 41).
Segundo o dicionário21, toxidade é próprio de tóxico,
que por sua vez é o mesmo que veneno: “Substância que,
quando absorvida em determinada quantidade, provoca
perturbações funcionais mais ou menos graves. ”
Sendo assim, algumas plantas, no ato de se
protegerem, começaram a produzir substâncias nocivas,
como: seivas tóxicas, alcaloides venenosos, oxalatos,
paralisantes, alucinógenos, etc.
E estão aqui até hoje, sem data para partirem.
O homem, desde que surgiu, também não esteve a
parte dessa evolução, é animal acima de tudo, e, com o
passar dos anos, aprendeu mais e mais o quanto várias
plantas são importantes para ele... e com quais se deve ter
maiores precauções em seu manuseio.
Mesmo com as pesquisas avançando tanto, e com
menos pessoas morrendo por envenenamento que em
séculos anteriores, ainda hoje somos de certa forma aliteratos
frente às flores dos nossos próprios jardins.
21 MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora
Melhoramentos, 1998.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
145
Não é claro para os habitantes de nossas cidades o
perigo potencial ao qual estão sujeitos a enfrentar caso
toquem ou façam um chá com certas folhas ou respirem um
estranho pólen.
Visto isso, deve-se alertar novamente o quanto o
planejamento da vegetação nas cidades é importante,
como descreve Link e Alvares Filho (2010):
Diversas plantas usadas nos projetos de arborização e
paisagismo [...] possuem substâncias tóxicas. Apesar de vistosas,
servindo como motivo ornamental pela beleza, presença ou
qualidade da flor, apresentam perigo para a sociedade. As
crianças têm sido alvo da maioria dos casos de intoxicação. (LINK,
ALVAREZ FILHO apud MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010, p. 113.)
O conteúdo tóxico dos elementos vegetais pode estar
em qualquer parte de suas estruturas (das raízes até as folhas
mais altas) sendo de extrema importância seu conhecimento,
pois auxiliará no projeto, como também permitirá um
diagnóstico mais rápido quanto à causa de intoxicação, caso
precise de atendimento.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
146
Essas substâncias estão relacionadas ao
envenenamento, entorpecimento, irritação da pele e das vias
aéreas ou corrosão.
2.1. Envenenamento direto, Hiperdose e Medicação
Popular:
A literatura e a história do mundo são muito ricas
quanto aos episódios de envenenamento: Sócrates e a
cicuta, Romeu e Julieta, a maçã envenenada da Branca de
Neve, dentre tantos outros. Aqui no Brasil também são
relatados casos de intoxicação na literatura:
Andaram cerca de meia hora pela prainha e encontraram
mais adiante um cacho de bananas ainda verdes... De repente
Eduardo foi ficando pálido e pôs a mão no estômago; fez uma
careta. (DUPRÉ, 2005, p. 45)
Ele então foi ficando para trás, entrou na roça, escavacou
com um pauzinho o chão, numa cova, onde um tronco de
manipeba apontava... e enterrou os dentes na polpa amarela,
fibrosa, que já ia virando um pau nos extremos... Ele contou a
história da manipeba. Cordulina levantou-se assustada: - Meu filho!
Pelo amor de Deus! Você comeu mandioca crua? Assombrado, e
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
147
sentindo a dor mais forte, o pequeno começou a chorar. (QUEIROZ,
1979, p. 38 e 39)
Visto isso, é plausível pensar que todos estão propensos
a ter algum risco de envenenamento por alguma planta,
inclusive em nossas cidades (veja Anexos, Tabela 5).
Como descrito por Link e Alvarez Filho nas páginas
anteriores, um dos erros mais comuns da implantação da
vegetação nas urbes é a do puro apreço estético. Ao plantar
uma árvore, uma forração ou qualquer outra espécie e
estrato, não é observado, normalmente o quão fácil é o
acesso de um cachorro, um gato ou uma criança, e até
mesmo adultos àquele elemento.
Figura 42 – Chapéu de Napoleão (Cascabela thevetia (L.) Lippold). Foto:
autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
148
Se tiver substâncias nocivas, como muitas aráceas e
alamandas os tem, deve-se observar a facilidade de contato
das mesmas com os usuários (LORENZI, SOUZA, 2012).
Vegetação de pequeno porte (até 5 metros) com
propriedades intoxicantes estará criando riscos à saúde dos
que estão próximos a elas, caso não tenham barreiras, por
serem elementos vegetais de acesso muito fácil, com o
simples ato de se estender a mão, podendo ser ingeridas
(Figura 42).
Árvores e palmeiras maiores (acima de 5 metros) ou
trepadeiras altas intoxicantes também podem trazer riscos aos
usuários próximos, pois ainda assim podem ter frutos, folhas e
flores com substâncias venenosas, que, ao caírem, voltam a
ter total facilidade de acesso.
Outro fator preponderante é evitar que se crie,
principalmente em hortas e jardins públicos, riscos de se errar
a identidade de uma planta inofensiva com uma tóxica. Um
exemplo é dispor taros (Colocasia esculenta (L.) Schott)
(Figura 43) e taiobas (Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott)
próximos. Com folhas exuberantes, são muito similares, mas
sendo um extremamente venenoso e a outra usada por
completo em nossa culinária. Sem um olhar clínico, ambos
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
149
parecem iguais, potencializando as chances de um acidente
(GONÇALVES apud Portal Bonde, 2012).
Não somente as plantas com venenos graves são
motivos de risco aos usuários. Quando as mesmas têm
propriedades culinárias ou medicinais conhecidas, essas se
tornam potencialmente perigosas:
Figura 43 – Taro (Colocasia esculenta (L.) Schott) – SQN 402, Brasília, Distrito
Federal, Brasil Foto: autor.
Cordulina, aturdida, topando o madeirame do chão, andou
até ao terreiro limpo, procurando na terra varrida umas folhas para um
chá. (QUEIROZ, 1979, p. 39)
Matheus Maramaldo Andrade Silva
150
Por serem temperos ou de uso popular no tratamento
dos mais variados sintomas, há por vezes um uso
indiscriminado.
Tecnicamente, não há o que falar quanto à
implantação, pois poucas tem efeitos colaterais diretos,
devendo os usuários se atentarem à hiperdose, a falsos efeitos
medicinais e tomar os mesmos cuidados com grávidas,
crianças, incapazes, e animais, preferencialmente impondo
barreiras físicas para os três últimos.
2.2. Entorpecentes:
As substâncias tóxicas podem extrapolar a esfera da
simples intoxicação, o que por si só já é grave e pode levar a
morte, tendo também efeitos colaterais associados à
alucinação e à estimulação do corpo (veja Anexos, Tabela
6).
São alcaloides, aminas, amidas, que quando ingeridos,
injetados na corrente sanguínea ou inspirados, perturbam
principalmente o sistema nervoso. (ALMEIDA, MARTINEZ e
PINTO, 2009).
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
151
Nas cidades, o planejamento e o cuidado de
manutenção deve preservar os transeuntes de ter contato
com tais substâncias.
As leis são rígidas no Brasil e em vários países quanto à
existência de certas plantas dentro do meio urbano, como a
maconha (Cannabis sativa L.) e a coca
(Erythroxylum coca Lam.), porém, outras plantas nocivas e
menos conhecidas ou com princípios ativos menos
conhecidos podem estar permeando e embelezando as
calçadas e jardins dos nossos bairros (como a espatódea
(Spathodea campanulata P.Beauv.) e o jasmim-manga
(Plumeria rubra L.) (Figura 44) (PDAU Goiânia, 2009, p.82).
Figura 44 – Jasmim Manga (Plumeria rubra L.) – SQN 303, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
152
Novamente, plantas de pequeno porte (até 5 metros)
com essas propriedades estarão criando riscos à saúde dos
que estão próximos a elas, caso não tenham barreiras físicas,
e os elementos mais altos (acima de 5 metros) com tais
princípios ativos também poderão trazer riscos aos próximos,
pois ainda assim podem ter frutos, folhas e flores com
substâncias entorpecentes, que, ao caírem, voltam a ter total
facilidade de acesso.
2.3. Alergia nas vias aéreas:
Outro problema, que só pode ser evitado pelo bom
planejamento, é a disposição de plantas com pólen nocivo
(Figura 45).
Figura 45 – Lírio do Amazonas (Eucharis x grandiflora Planch. & Linden) – SQN
304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
153
Certas espécies têm toxinas ativas presentes no pólen
(veja Anexos, Tabela 7), outras não são necessariamente
tóxicas, mas desencadeiam processos alérgicos pelas suas
estruturas diminutas, caso do pólen de muitas palmeiras e
forrações, em pessoas já pré-dispostas a tal.
O plantio não associado ao regime dos ventos, a falta
de diagnóstico quanto aos usuários, como a proximidade
exacerbada dessas espécies com os transeuntes em espaços
livres expõem-nos a alergias desnecessárias.
2.4. Urticárias:
Nas cidades, não estamos tão longe das heras
venenosas (Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) dos filmes e
desenhos animados o quanto pensamos. Muitas espécies,
sendo que quase todas muito ornamentais e espalhadas
pelos jardins, possuem propriedades irritantes para a pele
(veja Anexos, Tabela 8).
O equívoco comum, novamente, é não se atentar a
dualidade usuário x vegetação. Plantas com valores
urticantes não devem ter acesso, até mesmo para adultos.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
154
Quando estão dispostas em calçadas, parques, praças,
orlas e jardins públicos, o controle por vezes é negligenciado,
faltando grades ou deixando a espontaneidade da
reprodução vegetal fazer nascer espécies com essas
propriedades sem controle.
Esta irritação na pele pode ser de vários graus, sendo:
leve, moderada ou grave.
As plantas com propriedades irritantes leves ainda
criam certa tolerância ao seu acesso. A grama batatais
(Paspalum notatum Flüggé) (Figura 46), por exemplo, é
usada amplamente em Brasília em gramados públicos,
canteiros, áreas de lazer de clubes e casas, mas, se não se
estiver usando calças, causa coceira leve com seus diminutos
pelos. Não há razões para criar tantas barreiras, pois este tipo
de irritação é levemente desagradável.
Já no caso das plantas com propriedades urticantes
maiores (moderadas ou graves), deve-se ter um cuidado
maior de implantação. Esse tipo de vegetação tem que estar
mais afastado, bloqueado ou ausente dos espaços livres
urbanos, pois levam a dermatites fortes ou a outros problemas
graves em vários sistemas do corpo. Quando isso não é
observado, ocorre casos como o descrito no jornal:
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
155
Parecia que uma tragédia havia ocorrido na manhã de ontem
em Brasília. [...] Os setores de clínica geral e de pediatria do Hospital
Regional da Asa Norte (HRAN) ficaram lotadas de crianças e
adolescentes [...]. Alguns choravam, outros riam e todos se
coçavam. Eles tiveram uma reação alérgica causada pelo fruto de
uma planta popularmente conhecida como palmeira rabo de
peixe, que causa irritação e ardência quando entra em contato
com a pele. Segundo contagem dos bombeiros, 80 estudantes [...]
foram transportados para o Hran. [...] Segundo o diretor do CASEB,
Figura 46 – Grama batatais (Paspalum notatum Flüggé). Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
156
Edmilson Rodrigues, dois alunos, um de 13 e outro de 16 anos,
colheram os frutos de cinco árvores em frente ao colégio,
plantadas curiosamente no jardim de uma clínica de dermatologia,
e começaram a esfregar nos colegas, que se preparavam para
entrar na escola, por volta das 7h15. Outros quatro alunos, incluindo
uma menina, acharam graça e passaram o fruto nos colegas. Antes
do início das aulas, a sala da direção estava lotada de estudantes.
(JORNAL DE BRASÍLIA apud UnB Clipping, 2009)
2.5. Queimaduras:
Dermatites ainda tem tratamento, contudo,
queimaduras literalmente corroem o tecido dos que a tiveram
como ocorrência. Várias espécies vegetais, além de sua
beleza e utilidades medicinais, culinárias e de configuração
urbana, trazem consigo substâncias corrosivas (veja Anexos,
Tabela 9).
Algumas seivas, principalmente das plantas da família
Euphorbiaceae (LORENZI, SOUZA, 2012, p.355 à 365), são
cauterizantes, podendo fazer desde leves manchas na pele a
orifícios irreversíveis em qualquer parte do corpo, levando ao
comprometimento dos órgãos, cegueira, perda do cabelo,
etc, dependendo de onde foi o contato.
Como algumas estão presentes na medicina popular,
em ritos religiosos, ou são barreiras ostensivas por possuírem
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
157
muitos espinhos (caso da coroa de Cristo (Euphorbia milii Des
Moul.)) (Figura 47), não é fácil retirá-las do contato com a
cidade.
Assim, é imprescindível evitar o contato direto, dando
distanciamento dos usuários por meio de barreiras ou a
ausência de tais elementos vegetais, principalmente no
espaço livre público ou em ambientes de circulação intensa
(um dos fatos mais comuns é o de calçadas x muros, onde um
escorregão já propicia ter contato com a planta, quebrar
alguma estrutura e liberar sua seiva).
Figura 47 – Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.) – SQN 704, Brasília,
Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
158
3. Amigos da natureza:
Como na questão dos ruídos, percebe-se que há limites
ao contato com a natureza desejado pelos habitantes das
cidades.
Um dos problemas comuns da urbanização é o de
destruir os habitats naturais de vários animais e com isso trazê-
las para as urbes.
Eles poderão se refugiar em qualquer canto, incluindo
nas árvores, arbustos, ou palmeiras das cidades. Não só isso, a
fauna (não mais silvestre) se alimenta, buscando restos
espalhados pela urbe, e se reproduz.
Assim, é cauteloso pensar que, além de proteger mais
nossas matas e promover um ciclo menos devastador de
urbanização, devemos também pensar em como não permitir
que uma parcela destes animais (principalmente os nocivos
ou potencialmente nocivos (Figura 48)) estejam próximos de
nós.
Estão envolvidos nas questões de abrigo, alimentação
e ciclo reprodutivo as espécies de plantas e o cuidado de
poda e limpeza, principalmente.
Em caso de colmeias e teias de aranha, os moradores
normalmente já querem se ver livres, mas é difícil diagnosticar
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
159
Figura 48 – Aranhas, ratos, formigas, cobras, mosquitos, escorpiões, vespas.
Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
160
onde elas surgirão e assim, dizer se há algum erro de
implantação ou uso da vegetação.
Contudo, quanto a outros insetos e artrópodes, cobras
e roedores, há já algumas medidas que os atraem (veja
Anexos, Tabela 10).
Vegetação com acúmulo de folhagem seca, caso da
palmeira washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex
André) H.Wendl. ex de Bary) (Figura 49), permitem o abrigo
de vários animais, principalmente roedores e cobras, por
serem ambientes escuros, secos, com oferta de comida,
protegidos do solo e do ataque de outros animais (GILMAN,
WATSON, 1994).
Figura 49 – Palmeira Washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex André)
H.Wendl. ex de Bary) – SQS 107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
161
Além folhas secas persistentes, há as caídas. Quando
no chão, terão o mesmo papel de esconderijo e alimento que
as persistentes para outros animais.
Há ainda plantas que se especializam, permitindo o
abrigo de uma espécie que lhe irá proteger ou lhe irá
polinizar. É o caso do pau-formiga (Triplaris americana L.), o
qual possui ócreas (orifícios), em que as formigas criam
formigueiros (MUNHOZ, 2013) (Figura 50).
Outras plantas ornamentais, como bromélias,
acumulam água e tornam seu centro um ambiente perfeito
para anfíbios e larvas (VARELLA, sem data).
Figura 50 – Pau-formiga (Triplaris americana L.) – SQN 303, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
162
Restringindo a alimentação, cada planta tem um fruto,
uma flor ou uma folha que atrai certo tipo de animal.
Se é feito plantio de uma árvore frutífera que atrai
morcegos e a população envolta se incomoda, teremos ai
um primeiro equívoco; se temos uma vegetação caduca e
não há uma boa limpeza, principalmente em zonas
suburbanas mais próximas de matas nativas, certamente
animais peçonhentos surgirão; se plantas próximas de
espaços de circulação deixam cair muitos frutos e flores, assim
permitem toda uma fauna, principalmente moscas e
mosquitos, avançarem.
Servindo de abrigo, tendo ou não alimento
subsidiando, a vegetação pode servir como amparo de
reprodução da fauna.
O maior perigo é permitir que roedores, cobras,
escorpiões, aranhas e insetos infectados (com vírus,
plasmódios, bactérias) procriem nas cidades. Havendo a
mesma palmeira washingtônia ou plantas que possam
acumular água externamente, facilitar-se-á a reprodução dos
mesmos (Figura 51).
Os problemas, então, estão mais relacionados à
manutenção do que propriamente à implantação, pois as
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
163
mesmas plantas podadas e sem água/com água tratada já
deixam de ser potenciais criadouros.
Figura 51 – Bromélia Imperial (Vriesea imperialis Carrière) – Clube do Exército,
Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor
4. Degeneração:
O projeto, a intervenção e o cultivo dos elementos
vegetais nas cidades também possibilita interferências entre
eles mesmos (veja Anexos, Tabela 11). Há uma parcela de
Matheus Maramaldo Andrade Silva
164
culpa do nosso plantio, como também um processo natural
de sobrevivência (RAVEN, 1992).
Não avaliando ainda tais responsabilidades, quando
há relações de cobertura, parede e piso entre as plantas,
estas estarão propensas a competirem por luz e nutrientes, por
melhores relações com o fluxo de vento e visibilidade para
reprodução (competição).
Quando são formados dosséis muito densos, estes não
permitem que o que esteja abaixo receba ou faça com
qualidade os itens citados no parágrafo acima (Figura 52). Há
a necessidade, caso se queira ter outras vegetações
embaixo, de se espaçar adequadamente esses elementos
altos ou podá-los de forma a chegar luz, água e até mesmo
adubo em níveis mais baixos, senão tudo que estará ali será
barro nu ou plantas de sombra resistentes.
Também fazem parte dessa relação trófica as ervas
daninhas (Figura 53). Muitas vezes elas não liberam nenhuma
substância no solo, mas, são altamente reprodutivas e rústicas,
conseguindo se espalhar facilmente pela área, impedindo o
surgimento de outras plantas.
A espontaneidade, o controle de manutenção fraco, a
escolha equivocada de certas espécies e a pequena
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
165
Figura 52 – Espaços fechados para a luz. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
166
variedade de plantas nos jardins, nesse caso, são os principais
fatores que permitem a invasão de ervas daninhas.
Observando isso, outra relação natural, que é
semelhante, mas ainda menos benéfica, é o parasitismo
(vegetal x vegetal). É difícil ter um controle inicial, pois muitas
plantas parasitárias surgem por sementes espalhadas por
pássaros e pelo vento, mas, se não forem controladas, por
sugarem os nutrientes e/ou água da espécie parasitada,
fadigam-na, podendo levar a sua morte. Isso nos direciona a
riscos que vão além do apreço estético, como veremos mais
adiante (Figura 54).
Figura 53 – Capim-Estrela (Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler) –
Campus Darcy Ribeiro, Unb, Brasília, Distrito Federal, Brasil . Foto: autor. Foto:
autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
167
A última relação nociva que se estabelece entre as
próprias plantas é o amensalismo.
Problemático, este ocorre naturalmente nas florestas,
em que se encontram eucaliptos (Eucalyptus sp.), pinheiros
(Pinus sp.) e outras plantas que, com suas raízes, folhas, flores
e frutos caídos no chão liberam inibidores (CASTRO, s/d, p. 254
e 255):
Figura 54 – Cipó Chumbo (Cuscuta racemosa Mart.) – SQN 105, Brasília,
Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
168
Onde aquelas casas estavam agora havia uma pequena
plantação de carvalhos, onde as árvores haviam crescido tão
juntas que eram todas muito altas e finas e, na primavera, o chão
abaixo delas ficava juncado de anêmonas. (ORWELL, 1978, p.176).
São plantadas nas cidades por acharmos belas,
cheirosas ou importantes para datas festivas, porém, onde
estiverem, pelo próprio ciclo vital, dificultam o crescimento
dos elementos vegetais que estão em volta, devendo ser
cauteloso no plantio (Figura 55).
Figura 55 – Pinheiral, próximo a cidade de Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil.
Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
169
5. Fogo:
Não é somente pela razão e estima associado à
madeira que estamos mais propensos a ter incêndios caso
próximos de vegetação, muitos materiais, quando expostos a
fiações elétricas, a raios ou a chamas tendem a se
desmanchar e a propagar o fogo, e as plantas,
principalmente as dotadas de lenho, contribuem com essa
afirmativa (Figura 56).
Madeira por madeira, folha por folha, elas irão torrar
em um tempo próprio, conforme diversos outros materiais,
contudo há fatores de risco. O importante de ser notado é o
quanto elas podem aumentar ou facilitar a distribuição desse
fogo.
Algumas plantas, como os pinheiros, produzem
substâncias (normalmente óleos) fortemente combustíveis. Em
zonas de clima temperado, exemplo da Europa e da América
do Norte, dotadas de muitos pinheirais, incêndios costumam
ser devastadores por essa razão (veja Anexos, Tabela 12).
Enfeites de festa com energia, fiações elétricas
próximas e aglomerações dessas plantas, portanto, são
potenciais catástrofes.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
170
Figura 56 – Fogo. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
171
Outro fator que pode acelerar a propagação do fogo
é o próprio ciclo de queda das folhas. Apesar da
recomposição nutricional do solo, as folhas secas são meios
fáceis de combustão e propagação de incêndios. Jardins
descuidados, principalmente os públicos, são alvos fáceis
para as chamas com mínimas faíscas (Figura 57).
Também ligado a um ciclo vital da vegetação, certas
espécies ou biomas (caso do Cerrado e da Savana africana)
instigam o fogo (Figura 57).
As próprias cascas e o interior das plantas, por
diferenças eletroestáticas, começam a produzir faíscas e,
consequentemente, fogo. Uma parcela das sementes dessas
atingir temperaturas altas para sair da dormência e poder
crescer. Outras, já crescidas, precisam eliminar concorrentes
próximas, dando assim início a queimada (MUNHOZ, 2013).
Não é comum, nem é fácil de ser evitado, mesmo
assim, o projeto, o plantio e a manutenção devem ser
consoantes. Caso esse tipo de vegetação fique próxima de
fiações elétricas ou materiais inflamáveis, o risco aumenta de
uma pequena diferença eletrostática causar um incêndio.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
172
Figura 57 – Cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) e a secura do Cerrado –
SGAN 607, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. Foto: autor.
Visto todos estes tipos de situações de ordem
ambiental sanitária que se originam da vegetação (por
projeto/plantio antrópico ou por surgimento espontâneo),
cabe fazer uma síntese, em forma de tabela, dos aspectos a
serem observados no meio urbano vegetado que podem se
constituir em fitopatologias dessa natureza. A tabela a seguir,
junto às tabelas 18 e 19, constituem a ferramenta de
levantamento e diagnóstico das fitopatologias observadas no
meio urbano proposta por este ensaio:
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
173
Tabela 13: Síntese Fitopatologias Ambiental Sanitárias
1. Quanto ao conforto térmico:
1.1. Vegetação alterando a passagem do ar (contrariamente ao
desejado);
1.2. Plantas em regime de transpiração deficiente/exagerado (em
relação ao ambiente);
1.3. Plantas altas decíduas em períodos secos ou de maior radiação
solar;
1.4. Vegetação alterando a passagem dos raios solares (contrariamente
ao desejado);
2. Quanto ao conforto luminoso:
2.1. Vegetação alterando a passagem dos raios solares (contrariamente
ao desejado);
2.2. Ofuscamento ou penumbra ocasionado por elementos vegetais;
3. Quanto ao conforto sonoro:
3.1. Barreiras vegetais ineficientes ao som;
4. Quanto aos riscos de envenenamento:
4.1. Há plantas venenosas sem proteção (barreiras, avisos);
4.2. Há plantas venenosas com proteção (barreiras, avisos);
4.3. Plantas similares, sendo uma tóxica;
4.4. Presença de plantas medicinais;
5. Quanto aos riscos de entorpecimento:
5.1. Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção
(barreiras, avisos);
5.2. Há plantas com substâncias entorpecentes com proteção (barreiras,
avisos);
6. Quanto aos riscos de alergias:
6.1. Presença de plantas com pólen nocivo próximas a circulação e a locais
Matheus Maramaldo Andrade Silva
174
de estar;
6.2. Presença de plantas urticantes (grau leve);
6.3. Presença de plantas urticantes fortes com proteção (barreiras,
avisos);
6.4. Presença de plantas urticantes fortes sem proteção (barreiras,
avisos);
7. Quanto aos riscos de corrosão:
7.1. Presença de plantas com substâncias corrosivas sem proteção
(barreiras, avisos);
7.2. Presença de plantas com substâncias corrosivas com proteção
(barreiras, avisos);
8. Quanto às relações com animais peçonhentos, agressivos ou
transmissores de doenças:
8.1. Vegetação com reserva externa de água;
8.2. Vegetação com persistência de folhas secas;
8.3. Vegetação adaptada como esconderijo para fauna nociva;
9. Quanto às relações tróficas:
9.1. Vegetação considerada daninha ou invasora;
9.2. Presença de plantas amensais;
9.3. Presença de plantas parasitárias;
10. Quanto ao perigo de fogo: Aglomerações de coníferas ou
proximidade com fiações elétricas
Fonte: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
175
Fitopatologias 2:
Físicas
Matheus Maramaldo Andrade Silva
176
Lembramos mais das plantas de nossas cidades
certamente pelo contexto físico, tratando dos prejuízos que
podem causar por ter crescido no local ‘errado’. Isso é
comum pelo fato de observarmos bastante as ervas daninhas
e as raízes das árvores crescendo nas calçadas ou asfalto.
Contudo, as plantas estão relacionadas somente a
isso? Mesmo no recorte das fitopatologias físicas, há uma
esfera maior de análise, do que somente o esfarelamento das
vias públicas.
Assim, podemos dividi-la em pelo menos duas frentes
de análise: as de agressão direta e as de agressão indireta.
Na gama direta, encontramos a deterioração física dos
elementos construídos e de outras plantas ocasionada
diretamente pelo crescimento da vegetação (raízes, troncos,
galhos, etc) (tópico 1 deste capítulo).
Já na indireta, há a elevação dos riscos de incidentes
ocasionadas pelos frutos, baixa resistência, pioneirismo, e
pragas/fortes ações naturais sobre as plantas, como as
potenciais agressões aos transeuntes (espinheiros) e as
barreiras visuais e concretas erguidas pela vegetação
(tópicos 2, 3, 4 e 5 deste capítulo).
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
177
1. Elementos vazados:
A extensa maioria dos manuais e artigos relacionados
ao projeto e a implantação de vegetação nas urbes trata de
forma pontual os fatores de destruição física ocasionados
pelas plantas. São razões ligeiras pelas quais se deve ter uma
gola de tamanho y em uma calçada ou uma relação w com
os edifícios e as fiações elétricas, pois os usuários desejam
mais verde em suas cidades. Contudo, este texto pretende
plurificar tais justificativas, saindo da expressão sintética “por
ter raízes superficiais”.
Quanto ao potencial agressor físico do verde, há três
tipos22: horizontal, vertical e de movimento, sendo este último
potencial/indireto.
1.1. Agressão horizontal:
Trata de todas as ações nocivas de origem física
ocasionadas pela vegetação no plano do piso, subterrâneas
ou com pouca altura (até 1 metro), estando principalmente
relacionadas as raízes e as bases dos caules (MASCARO, Juan
22 Categorização feita a partir da leitura das interferências nas infraestruturas urbanas,
‘aéreas’ e ‘subterrâneas’, escrita pelos pesquisadores Mascaró (2010, p. 135 à 149).
Matheus Maramaldo Andrade Silva
178
Figura 58 – Agressão Horizontal. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
179
Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 136 à 138;
PDAU Goiânia, 2008, p.82) (Figura 58).
O primeiro evento a ser considerado é a
espontaneidade das gramíneas, ervas daninhas ou plantas
invasoras (normalmente poáceas ou asteráceas).
Por serem quase todas rústicas, sem necessidade de
muitos nutrientes e profundidade de solo, com um ciclo
reprodutivo muito acelerado, são extremamente habilidosas
em surgirem nos pavimentos urbanos. Estando lá, temos um
percalço (Figura 59).
Essas ervas, quando aderidas às calçadas, blocos ou
asfalto, criam desníveis desagradáveis, corroem ferragens,
afastam elementos, formam buracos e deformam a estética
da via.
Claro que há projetos que equilibram vegetação e
pavimentos, como embaixo de degraus de escadas, porém,
nos casos não projetados, isso se torna um estorvo para o
caminhar dos transeuntes e mesmo para os automóveis.
Como é algo não programado e natural, somente o
ritmo regular de podas e manutenções pode afastar ou
diminuir a quantidade de tais plantas nos espaços livres
pavimentados.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
180
Este caso, apesar de regido pelo ritmo da natureza e
com a necessidade de uma observância constante, é menos
complexo, pois as forrações e herbáceas tem pouco ou
nenhum lenho, sendo fácil sua retirada e manejo.
Figura 59 – Ervas daninhas – Rua no Bairro do Calhau, São Luís, Maranhão,
Brasil. Foto: autor.
No entanto, quando tratamos de elementos maiores,
principalmente árvores, tem-se um problema mais difícil de se
resolver:
Expliquei ao principezinho que os baobás não são arbustos,
mas árvores grandes como igrejas. E que mesmo que ele levasse
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
181
consigo toda manada de elefantes, eles não chegariam a destruir
um único baobá (SAINT-EXUPÉRY, 2000, p. 22).
Árvores, palmeiras e arbustos mais altos não trabalham
somente no plano horizontal, como as herbáceas e forrações.
Elas interagem também com os edifícios, com os postes, com
as fiações, com o mobiliário, com o céu (conforme será
exposto no tópico 1.2. das fitopatologias físicas).
Assim, quando tais elementos perturbam de alguma
forma o contexto urbano, mais fatores precisam ser
considerados (Como ficará a sombra? Há animais? Há vínculo
dos moradores? Etc.), e ser usado no mínimo um podador ou
um motosserra.
Figura 60 – Destacamento do pavimento – Rua 4, Setor Central, Goiânia,
Goiás, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
182
Tratando especificamente do que este tópico está
disposto, no plano horizontal, essa vegetação mais vertiginosa
por vezes não se desenvolve com um sistema radicular axial.
Certas árvores possuem raízes com geotropismo negativo,
tendo-as distribuídas também acima do solo (aéreas)
(MUNHOZ, 2013). As que nos compete mencionar são as com
raízes tabulares (veja Anexos, Tabela 14), pois são as mais viris
e que causam mais danos físicos quando mal pensadas no
cotidiano urbano (Figura 60).
Quando a localização dessa vegetação não é bem
planejada, estas criam desníveis desagradáveis ou impossíveis
de serem percorridos, corroem ferragens, afastam elementos,
formam buracos, deformam a estética das vias e, devido a
vigorosidade, podem afetar tubulações subterrâneas.
Isto ocorre quando plantamos, por exemplo, uma
canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.) próxima a
uma calçada ou nas divisões de um estacionamento. Jovem,
as raízes ainda pouco se desenvolveram, mas, na medida em
que cresce, seu sistema radicular se espalha
exponencialmente pela superfície, podendo cobrir um
diâmetro de até 25 metros, espelhando a copa (CARVALHO,
2002 e MACHADO et al. Apud CECONI et al., 2003, p. 101).
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
183
Ao se atentar a estética, projetar golas diminutas ou
não se observar fatores como o desenvolvimento das plantas
e as distâncias necessárias das vias, incorre-se a erros deste
tipo, e as cidades estão repletas dessas situações, com
ondulações perigosas nas pistas, destacamentos de
pavimentos, e muitas calçadas intransitáveis.
Não somente as raízes, mas também os caules destas
plantas mais vigorosas podem agredir similarmente os
materiais das urbes. O equívoco comum é o plantio não
agregar em seu planejamento o contraste jovem x adulta,
incorrendo ao desgaste dos elementos construídos próximos
com o passar dos anos pelo engrossamento dos troncos ou
dos estipes. Sutilmente, Saint-Exupéry (2000, p.22) faz
referência a isso em um trecho de O Pequeno Príncipe: “Os
baobás, antes de crescer, são pequenos”.
Assim, deve-se fazer sempre um estudo preliminar das
espécies a serem usadas, para um devido dimensionamento
de canteiros ou distanciamento de elementos construídos,
para depois não ser necessário podá-las ou extingui-las dos
espaços que nasceram.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
184
1.2. Agressão vertical:
Trata de todas as ações nocivas de origem física
ocasionadas pela vegetação em alturas superiores a 1 metro,
estando principalmente relacionadas aos galhos e folhas,
como ao crescimento em planos verticais (paredes, muros,
pilares) (MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia
Raffo, 2010, p. 135 à 149; PDAU Goiânia, 2008) (Figura 61).
Os elementos vegetais mais altos (árvores, trepadeiras e
uma parcela dos arbustos e palmeiras) podem interferir
decisivamente na constituição física dos postes, fiações
elétricas e edificações.
Sem o correto posicionamento, com um
distanciamento conveniente dos elementos construídos, ou
uma poda bem feita, tais plantas, com suas raízes, galhos e
folhas, tendem a cortar ou a empurrar o que veem pela
frente.
Um exemplo é plantar a mesma canafístula do tópico
anterior em uma rua de prédios de seis andares sem recuo e
com calçadas de 3 metros.
Apesar de ser necessária a vegetação, a planta
escolhida possui uma copa que não é comportada pela rua,
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
185
Figura 61 – Agressão Vertical. Desenho: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
186
pois seus galhos estarão em crescimento constante na
direção dos prédios.
Não é algo rápido, mas se postergado, como
descrevem os pesquisadores Mascaró (2010, p.135), prejudica
a população, cortando os cabos de energia, danificando as
esquadrias e os telhados ou mesmo invadindo e deslocando
casas, prédios e muros (Figura 62).
Figura 62 – Intervenções para proteger a fiação elétrica – Avenida X, Bairro
Feliz, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor.
Novamente, o correto plantio e manutenção
garantirão não somente a permanência das plantas em
questão como evitarão problemas maiores, inclusive
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
187
estruturais e de morte, como com o destacamento de peças
de acabamento em cima dos transeuntes.
2. Efeito de Gravidade:
A agressão de movimento já está inscrita na gama de
fitopatologias físicas indiretas. Esta trata de todas as ações
nocivas de origem física ocasionadas pela vegetação em
deslocamento ágil (o que exclui o próprio crescimento)
devido aos seus próprios elementos constituintes ou sua
própria natureza (o que exclui pragas, vento e cortes)
(MASCARO, Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo,
2010, p. 135 à 149; PDAU Goiânia, 2008) (Figura 63).
Nesta categoria, podemos incluir os frutos e folhas,
principalmente os pesados, e a fadiga das plantas, por serem
pioneiras, de pouca resistência ou de período vital curto,
caindo ou se rompendo com facilidade e com pouca
interferência do meio externo.
Quanto aos frutos e folhas, há de se diferenciar suas
qualidades, pois não são todos que causam danos físicos a
cidade. Podem ser classificados como: inofensivos ou de
mínimo risco (a maioria das folhas, com até 40 centímetros de
Matheus Maramaldo Andrade Silva
188
Figura 63 – Agressão de movimento. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
189
comprimento, ou frutos pequenos e sem substâncias com
potencial corrosivo – ingá, jabuticaba, eucalipto, vagens em
geral, etc); de médio risco (folhas com comprimento entre 40
e 100 centímetros e com peso relevante (algumas palmeiras e
árvores umbrófilas), frutos pequenos, mas que podem
comprometer com o tempo o substrato que se encontram, ou
frutos de médio porte – jamelão, oiti, caju, goiaba, etc); ou de
grande risco (folhas maiores e pesadas (acima de 1 metro,
caso da maioria das palmeiras) e frutos grandes, pesados ou
espinhentos – abacate, manga, jaca, etc).
Os elementos descritos como inofensivos ou de mínimo
risco caem e não machucam os transeuntes, secam com
facilidade e pouco modificam o cotidiano além da limpeza
(Figura 66).
Os de médio risco, dependendo do tamanho e
localização das plantas que os produzem, podem também
não atrapalhar a rotina urbana, mas já podem machucar os
transeuntes ou danificar o mobiliário e os veículos, pelo peso e
aceleração dados pela altura.
Também são considerados desta categoria aqueles
frutos que com o tempo afetam quimicamente (e a posteriori
fisicamente) os substratos que se acomodam. Um jamelão,
por exemplo, ao cair em cima da lataria de um automóvel,
Matheus Maramaldo Andrade Silva
190
além de sujar de roxo, com o tempo corrói a tinta e o metal.
Isso varia com a fruta, material e tempo transcorrido de
contato (Figuras 64 e 66).
Figura 64 – Sujeira ocasionada por jamelão – SQN 303, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor.
Tanto por apreço alimentar, quanto por apreço
estético e bioclimático, essas plantas por vezes não estão
devidamente distanciadas dos passeios, como não recebem
uma manutenção apropriada.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
191
Ainda mais danosos, quando equivocadamente
posicionados, são os de grande risco (Figuras 65 e 66). Estas
folhas e frutos ao cair sempre danificam o que atingem,
mesmo que levemente.
Por serem grandes, pesados ou com espinhos, podem
quebrar calçadas e telhados, danificar mobiliários e
automóveis, machucar transeuntes, mesmo que a planta não
tenha uma altura vertiginosa (veja Anexos, Tabela 15):
A cidade era bonita, muito verde, mangueiras e outras
árvores frondosas sombreando as principais ruas e avenidas. Em
certas épocas do ano devia ser perigoso andar debaixo delas,
quando ficavam carregadas de frutas (MINEV, Ilko, 2014, p.74 e 75).
Figura 65 – Castanhas pesadas perto da avenida – 506 Norte, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
192
Figura 66 – Tipos de frutos segundo sua agressividade física. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
193
Matheus Maramaldo Andrade Silva
194
Também por levar em consideração vários valores, essa
vegetação muitas vezes se encontra em locais de grande
circulação, como estacionamentos, passeios e canteiros de
vias pavimentadas, o que é um risco recorrente a cada
época de frutificação e queda da folhagem (MASCARO,
Juan Luis, MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p. 143 e
144).
Além dos danos causados por esses elementos uma
parcela da vegetação também podem causar danos físicos
pela queda de estruturas maiores ou por inteiro nas cidades,
devido ao seu simples ciclo vital.
Para entender isso, vale lembrar os processos de
formação das florestas. Na natureza, há uma ordem de
surgimento e crescimento das plantas.
Figura 67 – Árvore pioneira de área de circulação – Outlet, Alexânia, Goiás
Brasil. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
195
Primeiro vem as ervas e subarbustos, depois os arbustos,
palmeiras, trepadeiras, para daí chegarem as primeiras
árvores (GANDOLFI e RODRIGUES, 1996).
Atendo-se a estas últimas, tais são chamadas de
pioneiras (veja Anexos, Tabela 16) (Figura 67) e são as que
começam a de fato sombrear a área, permitindo o
surgimento de plantas umbrófilas e protegendo as sementes e
mudas das árvores secundárias ou de clímax do sol
escaldante nos primeiros anos de vida. Sendo este seu papel,
são também as primeiras a perecerem, criando lareiras onde
caem, tornando possível o crescimento de outras plantas e
das árvores já mais maduras e aptas ao sol direto contínuo
(Id., ibid.).
As pioneiras normalmente têm madeira leve, raízes não
tão estruturantes ou fortes, e por vezes são finas e altas, como
descrevem os Mascaró (2010, p.115 e 118). Mesmo assim
estão espalhadas nas cidades principalmente pelas suas
qualidades estéticas. Embora belas, é comum não serem
levados em conta seus fatores de perenidade e resistência.
Assim, quando postas próximas de edificações e ambientes
de estar, sem outras árvores em volta, algumas podem com o
tempo cair e destruir os espaços em questão, como
Matheus Maramaldo Andrade Silva
196
machucar e levar a óbito os transeuntes. Caso, se tenha
ventos mais fortes, o risco fica ainda maior.
Há também plantas que continuam visualmente viris
após a morte, caso da palmeira rabo de peixe (Caryota
urens L.). Esse tipo de vegetação continua de pé durante
muito tempo depois de morta, parecendo estar ainda viva.
Mesmo assim, a qualquer momento pode cair, criando riscos
acidentes (SILVA, 2014).
Figura 68 – Fileira de palmeiras vivas e mortas – SQN 105, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
197
Tanto para as pioneiras, quanto para outras árvores de
madeira menos resistente ou plantas mortas persistentes,
deve-se pensar em um correto distanciamento dos espaços
livres de estar e circulação e na periódica manutenção,
ficando próximas de árvores mais fortes, e preferencialmente
menos presentes em cidades de vento forte.
3. Eventos terceiros:
Há fatores que não estão diretamente associados às
plantas, mas que mesmo assim podem causar prejuízos sérios,
os eventos terceiros: pragas, queimadas, terremotos,
inundações e ventos fortes.
Quando plantamos uma árvore, uma trepadeira, um
arbusto ou uma palmeira de grande porte nas cidades,
devemos prestar atenção também a eventos que estão fora
do nosso controle imediato, pois as mesmas, assim como os
pavimentos e prédios, podem não resistir e entrar em colapso.
No planejamento vegetal, normalmente não prevemos
tsunamis, encontros de placas tectônicas, incêndios ou
furacões, e isso ocorre devido à pequena incidência desses
fatos durante os anos. Contudo, quando ocorrem tais
Matheus Maramaldo Andrade Silva
198
hecatombes, ou casos mais leves, sempre vemos uma grande
quantidade de plantas arrancadas do chão:
“De repente viram uma árvore inteira que também vinha
em direção à ilha; ficaram tão admirados que se levantaram para
ver melhor; era uma árvore com flores amarelas e raízes à mostra.
Ela rodopiou e foi mais longe fazendo redemoinhos, depois a
correnteza empurrou-a outra vez para o lado da ilha; nesse instante
os dois meninos deram um grito de susto: a árvore vinha na direção
da canoa (DUPRÉ, 2005, p. 36).
Os trovões roncavam, ao longe. O vento aumentava. As
grandes árvores estremeciam na galharia e estalavam brutalmente
(VASCONCELOS, 1969, p.58).
Figura 69 – Carro quebrado por árvore em Barueri, São Paulo, Brasil. Foto:
http://s.glbimg. com/jo/g1/f/original/2012/01/05/arvore_carro.jpg
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
199
Nos eventos fortes, realmente, pouco pode ser salvo,
mas, em casos mais leves (que ainda assim causam
destruição e mortes), podem ser evitados parte dos danos
ocasionados pela vegetação.
Primeiramente, algo muito positivo para as cidades,
cultural, estética e bioclimaticamente, mas potencialmente
frágeis em casos de eventos naturais maiores, são os
elementos vegetais mais antigos. Pela idade, podem já estar
comprometidos em sua resistência e saúde, sendo mais fáceis
de serem arrastados por uma enxurrada, por exemplo.
Outra circunstância a ser evitada é o plantio
exagerado, com o mal posicionamento de plantas grandes já
pouco resistentes, como as pioneiras, por serem também
fáceis de serem quebradas ou arrancadas do chão. Em
avenidas e calçadas, estas plantas certamente criarão danos
ao piso quando caírem, estendendo-se às pessoas e às
edificações dependendo do ângulo de queda (Figura 70).
Por último, elementos vegetais isolados são
plasticamente belos e se destacam na paisagem, porém,
levando em consideração os eventos naturais maiores, são os
primeiros a serem atingidos (Figura 70). Renques e maciços
são mais fortes nestas situações, por dividirem as cargas de
um deslocamento feroz de ar, por exemplo.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
200
Em menor proporção, mas igualmente séria são
algumas das relações entre o verde e seus inimigos naturais.
Os parasitas ou predadores, normalmente insetos,
bactérias, fungos e outras plantas, podem ameaçar não
somente a vegetação das quais estão se alimentando, como
as pessoas que estão em volta do elemento vegetal em
questão (Figura 71).
Figura 70 – Elementos frágeis. Desenho: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
201
Tratando da periculosidade no contexto urbano,
quando esses seres estão comendo ou sugando nutrientes
das plantas, enfraquecem-nas ou as matam por completo.
Isso é muito prejudicial em locais de circulação e estar das
cidades, pois, as vezes sem sinal, uma árvore pode cair.
Figura 71 – Pragas e a iminência de um acidente. Desenho: autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
202
Plantas como a sibipiruna (Caesalpinia pluviosa
(Benth.) G.P.Lewis), por exemplo, não podem estar em áreas
muito expostas a cupins (CAMPO et al., 2011), enquanto que
árvores adaptadas da caatinga brasileira normalmente não
devem estar em vias de Manaus, pois o ritmo de chuvas
certamente permitirá uma forte incidência de fungos nas
mesmas.
Mesmo se tomando os devidos cuidados na escolha
da espécie e no local de plantio, é humanamente impossível
tratar de toda a vegetação que já existe nos jardins das urbes,
pois seriam no mínimo toneladas de herbicidas (o que não é
correto, podendo ameaçar os lençóis freáticos e a saúde da
população). Deve-se intervir somente em casos de risco de
queda ou quando se achar conveniente retirar uma planta
afetada, por questões estéticas ou sanitárias.
4. Elementos de corte:
A vegetação, além de veneno, pode tentar se
defender de outras maneiras, sendo muitas vezes
complementares a essas substâncias. Diminutas ou bem
visíveis, chamamos uma parcela destas proteções de
espinhos e acúleos, conforme explica Munhoz (2013):
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
203
Os espinhos são estruturas endurecidas e pontiagudas.
Podem ser de diversas origens: encontramos espinhos que são
modificações caulinares (neste caso são ramos modificados),
foliares, radiculares e até mesmo, espinhos que são modificações
do pecíolo de folhas, de estípulas e de segmento de folhas.
O espinho difere do acúleo (do latim aculeus – o aguilhão
das abelhas), pois o espinho é de natureza endógena, não se
separando do local onde se encontra, sem romper os tecidos mais
profundos; o acúleo, ao contrário é superficial e não tem ligações
com o sistema vascular do caule. A roseira e a paineira são
exemplos de plantas que possuem acúleos.
Independente da origem, o fato principal relacionado
a essas estruturas é o da dor física que podem provocar em
caso de contato.
Nas cidades, são comumente usadas plantas dotadas
de espinhos (ou acúleos) como cercas e muros, no intuito de
proteger edificações ou restringir usos, como são plantadas
vegetações espinhosas para ornamentação de espaços
(Figura 72). Há também as que surgem de forma espontânea,
sendo os espinhos uma forma de continuarem lá:
Corri, mas só encontrei um capinzal crescido. Um bando de
laranjeira velha e espinhuda... Não gostava de nenhuma mesmo...
Todas tinham muito espinho (VASCONCELOS, 1968, p. 31 e 32).
Matheus Maramaldo Andrade Silva
204
Mesmo sendo potencialmente perigosas, quando
presentes nas urbes (podendo causar lesões leves até
cegueira e perfurações graves), é comum a implantação
dessas plantas como barreiras ou muito próximas de áreas de
estar e circulação.
Figura 72 – Canivetes (Erythrina velutina Willd.) próximas ao passeio –
Campus Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
205
Os principais exemplos vêm de jardins áridos, com
cactos, furcréias, iucas e agaves e das cercas-vivas, feitas de
plantas como a coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.)
(veja Anexos, Tabela 17).
Além dos espinhos, causam a mesma preocupação a
galharia e as folhas cortantes que o verde pode ter.
Quando os elementos vegetais são baixos e
caducifólios, a vegetação alta é frágil, deixando cair muitos
galhos e troncos, ou as folhas são finas e serrilhadas (caso da
cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) (Figura 73)),
incorre-se em danos semelhantes aos dos espinheiros:
Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, só algum
juazeiro ainda escapo à devastação da rama; mas em geral as
pobres árvores apareciam lamentáveis, mostrando os cotos dos
galhos como membros amputados e a casca toda raspada em
grandes zonas brancas. E o chão, que em outro tempo a sombra
cobria, era uma confusão desolada de galhos secos, cuja
agressividade ainda mais se acentuava pelos espinhos (QUEIROZ,
1979, p. 8).
- Logo vi. Quem é marinheiro de primeira viagem, vem
sempre assim: camisa de manga comprida, lenço e chapelão... Às
vezes as folhas da cana cortam... (PUNTEL, 2002, p. 55).
Matheus Maramaldo Andrade Silva
206
Apesar da justificativa da beleza associada a estas
plantas, o pouco critério na escolha e na implantação, ou
mesmo o surgimento espontâneo, fazem dos espaços livres
dotados desse tipo de vegetação locais menos agradáveis
de se estar e circular. Ausentes de certas barreiras, de um
correto distanciamento ou de uma limpeza periódica, essas
plantas sujeitam os usuários a acidentes, sendo prejudicial
principalmente às crianças, que brincam, rolam e correm por
perto sem notar isso, cortando-se facilmente.
Figura 73 – Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) próxima ao
parquinho e escola – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
207
5. Olhos que não veem:
A urbe está regrada não somente pelos edifícios que
possui, mas também pelas vias que a organizam. Tais vias,
norteadoras e divisoras da cidade, dão aporte aos
movimentos diários e são nelas onde ocorrem os principais
eventos urbanos.
Pistas pavimentadas, passeios e até mesmo pátios e
áreas denominadas como praças podem ser caracterizados
como vias de circulação (BENINI e MARTIN, 2010, p.68),
públicas ou não.
Sendo assim, para um caminhar ou movimento
aprazível e correto, com o mínimo esforço e o máximo de
segurança, é importante não haver empecilhos visuais ou
barreiras bloqueando o passeio (Figuras 74 a 78).
Parte dos problemas que encontramos nesse sentido se
origina da equivocada implantação de arbustos e árvores por
perto, sem o cuidado necessário para se evitar sustos e
acidentes (IBAM/CPU, 1996, p.68 à 74; MACEDO, 1992, p.25 à
40; ABBUD, 2006, p.57 à 108 e 172 à180; MASCARO, Juan Luis,
MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010, p.123 à 149).
No âmbito visual, além da vegetação poder cobrir
visuais de janelas, o que vemos de mais comum são
Matheus Maramaldo Andrade Silva
208
vegetações de médio e grande porte impedindo os
motoristas, ciclistas e pedestres de visualizarem tanto a
sinalização (semáforos e placas de trânsito), como a
continuidade da via (rotatórias e curvas) e das faixas de
pedestre.
Quando o verde encobre as visuais ou o mobiliário de
aviso urbano, está dificultando ao transeunte saber o que virá
pela frente, o que está por perto, diminuindo seu tempo de
reação.
Nos espaços livres com menor presença de
automóveis, como em jardins, praças e parques, esconder
ambientes e objetos com plantas é um artifício lúdico
bastante usado, criando uma surpresa positiva para pedestres
e ciclistas. Porém, em espaços de maior circulação ou
conflitantes com o trânsito de carros, como em calçadas e
faixas de pedestres, isso se torna impraticável, imbricando
cuidados ainda maiores ao se atravessar pistas, por exemplo
(Figuras 74 e 75).
Quanto aos motoristas, não conseguir enxergar o que
vem a frente é ainda mais perigoso, devido a velocidade que
seus veículos podem estar. Em curvas, cruzamentos e
rotatórias, o capim alto ou arbustos e troncos de árvores muito
próximos das pistas, também em ângulos que impedem a
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
209
visualização do final da conversão, minimizam o tempo de
reação por estar, tecnicamente, cegando-os, não vendo
carros, cones e pessoas à frente (Figuras 74 e 75).
Esse fato pode ser percebido similarmente nas faixas de
pedestre e semáforos, quando a vegetação, com sua copa
ou tronco, encobre o caminhar dos transeuntes próximos a
eles (Figuras 74 e 75).
No âmbito dos impedimentos concretos, quando a
vegetação é implantada, esta pode comprometer o livre
andar das pessoas.
Por vezes, isso é proposital e agradável, caso das
cercas vivas e extensas áreas forradas sem gramíneas, que
servem de barreira bela e direcionam os fluxos.
Figura 74 – Árvores e arbustos escondendo pedestres e carros próximo a via.
Foto: autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
210
Figura 75 – Visuais x vegetação. Desenho: autor.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
211
Matheus Maramaldo Andrade Silva
212
Figura 76 – Impedimentos. Desenho: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
213
Outras vezes isso vai de encontro às leis e ao próprio
desejo dos transeuntes, não permitindo andar por onde
realmente desejam.
O excesso desses muros vegetados, como a
espontaneidade e a falta de planejamento podem criar
circunstâncias desagradáveis, devendo os usuários percorrer
maiores distâncias ou desviar dos obstáculos (Figuras 76 a 78).
Figura 77 – Jardineira pouco gentil – Rua no Bairro do Calhau, São Luís,
Maranhão, Brasil. Foto: autor.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
214
Além das cercas vivas e dos maciços de vegetação,
estão dentro destas circunstâncias as plantas com
crescimento desproporcional presentes nas vias e as
agressões fortes aos pavimentos devido às raízes e aos caules,
pois no mínimo obstruem os passeios e pistas de rolamento.
Figura 78 – Uma pista de rolamento a menos – SQN 406, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor
Hoje, século 21, as prefeituras e companhias de
manutenção e embelezamento das cidades já estão mais
cientes de tais problemas, como estão sendo construídos
planos diretores específicos para a arborização, diminuindo
parte desses equívocos.
Visto todos estes tipos de situações de ordem física que
se originam da vegetação (por projeto/plantio antrópico ou
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
215
por surgimento espontâneo), cabe fazer uma síntese, em
forma de tabela, dos aspectos a serem observados no meio
urbano vegetado que podem se constituir em fitopatologias
dessa natureza. A tabela à seguir, junto as tabelas 13 e 19,
constituem a ferramenta de levantamento e diagnóstico das
fitopatologias observadas no meio urbano proposta por este
ensaio:
Tabela 18: Síntese Fitopatologias Físicas
a. Quanto às agressões horizontais (direta):
a.1. Desníveis desagradáveis, corrosão de ferragens, elementos
afastados, buracos ocasionados por ervas daninhas e plantas invasoras
de pequeno porte;
a.2. Presença de árvores com raízes superficiais próximas a edificações,
mobiliários urbanos e pavimentos;
a.3. Presença de plantas com caule não suportado para a área
implantada;
b. Quanto às agressões verticais (direta):
b.1. Elementos vegetais interferindo em fiações elétricas, outras plantas,
mobiliário urbano e superfícies mais altas (>1m) de edificações;
c. Quanto às agressões de movimento e fragilidades (indireta):
c.1. Vegetação com folhas ou frutos de médio risco próxima a
edificações, espaços livres de estar e circulação;
c.2. Vegetação com folhas ou frutos de grande risco próxima a
edificações, espaços livres de estar e circulação;
c.3. Árvores pioneiras ou de madeira frágil próximas a edificações,
Matheus Maramaldo Andrade Silva
216
espaços livres de estar e circulação;
c.4. Árvores e palmeiras muito velhas próximas a edificações, espaços
livres de estar e circulação;
c.5. Plantas de grande porte mortas, mas ainda de pé, próximas a
edificações, espaços livres de estar e circulação;
c.6. Plantas com grande quantidade de predadores e parasitas
(agredidas ou não);
d. Quanto à presença de elementos cortantes e perfurantes (indireta):
d.1. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a espaços livres de
estar e circulação sem proteção (barreiras, avisos);
d.2. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a espaços livres de
estar e circulação com proteção (barreiras, avisos);
d.3. Vegetação com densa galharia próxima a espaços livres de estar e
circulação sem proteção;
d.4. Vegetação com densa galharia próxima a espaços livres de estar e
circulação com proteção;
d.5. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços livres de estar
e circulação sem proteção;
d.6. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços livres de estar
e circulação com proteção;
e. Quanto às barreiras concretas e problemas de visibilidade (indireta):
e.1. Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade das
edificações;
e.2. Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade dos
motorista, pedestres e ciclistas;
e.3. Vegetação obstruindo a livre circulação;
e.4. Vegetação impedindo a livre circulação;
Fonte: autor
217
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Fitopatologias 3:
Psicosociológicas
Matheus Maramaldo Andrade Silva
218
No início do texto, no capítulo ‘Introdução’, foi
transcrita uma entrevista de Benedito Abbud sobre o valor
que tem o verde nas cidades. Lá, ele descreveu como é
importante esse contato, pois “há um efeito psicológico: a
natureza é mais agradável de olhar do que o concreto”
(GEROLLA, 2006). Nas ‘selvas de pedras’ que são as urbes, isso
tem se mostrado cada vez mais fundamental para as pessoas.
Porém, apesar dos cidadãos normalmente se sentirem
acolhidos pelas flores e pelas folhas, essas também podem
potencializar sensações avessas, como a de insegurança ou
até de desagrado pela falta de beleza.
Esta seção tratará justamente dessas possíveis
interações negativas estabelecidas entre a vegetação e os
espaços livres urbanos, quando implantadas de forma
equivocada, que afetam tanto as percepções/sensações das
pessoas, como o uso efetivo dos espaços livres urbanos. Serão
comentados como esses elementos vegetais podem criar
barreiras e separações sociais, intensificar a percepção de
medo, tornar ambientes menos aprazíveis e ainda diminuir a
vitalidade urbana.
219
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
1. Segregação e Medo:
É notório o quanto a arquitetura tem evoluído em um
processo de encasulamento das edificações e dos espaços,
algo que se revela bastante através da expansão
desenfreada das áreas compreendidas por condomínios
privados, horizontais e verticais, e shoppings centers, nos quais
a convivência é quase restrita a um cumprimento na portaria
ou no elevador.
Há nisso questões de gosto e conforto, pela
comodidade de se ter um porteiro, vagas exclusivas e
encontrar tudo em um só lugar, por exemplo, mas as
principais razões que dão vazão a este processo de
‘introspecção’ tem sido mesmo as de segurança.
Apesar de ser normalmente um pensamento nobre, por
parte dos residentes, consumidores e construtores, no intuito
de se protegerem e aumentarem sua privacidade, esta
prática ostensiva de envelopamento (com consequente
emuralhamento) não é positiva para o urbano como um
todo, como descreve Lúcia Leitão (2005, p.13):
Do ponto de vista da produção da paisagem edificada da
cidade brasileira, a distinção que esses ambientes, segregados e
segregadores como poucos, perseguem se expressa em espaços
Matheus Maramaldo Andrade Silva
220
que não se integram com o entorno onde estão fisicamente
inseridos, que não se misturam com o resto da cidade. No que diz
respeito à configuração urbanística constituem-se, portanto, em
espaços guetos, em enormes bolsões edificados, apartados dos
espaços que os circunda, assentados, muitas vezes, no ambiente
construído, como elefantes em lojas de louça.
[...]
Na realidade brasileira, com as exceções de praxe, a
implantação de espaços-bloco, quer sejam condomínios
habitacionais quer sejam shopping centers, favorece,
frequentemente, a exclusão dos demais espaços da cidade,
notadamente quando a vizinhança não lhes é conveniente social e
economicamente falando.
Assim, espalhados pelas cidades, esses espaços têm
promovido a criação de muros e cercas como primeira forma
de resguardo/segregação dos usuários.
E o que a vegetação tem a ver com isso?
Pois bem, muitos destes ambientes são cercados com
plantas. As vezes altas, as vezes baixas ou sobre um substrato
vertical, elas substituem os muros de concreto e as cercas
metálicas simples com o intuito desta proteção (TELES, 2005,
p.130).
É fácil entender por que elas têm sido tão empregadas
na substituição dos elementos construídos. Entre o cinza nu do
cimento e as folhas verdes, a segunda traz uma sensação
bem mais confortável aos transeuntes que passam próximos.
221
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Figura 79 – Muros verdes – SQN 704, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor
Contudo, embora mais aprazíveis do que os
cercamentos construídos ou com material aparente, as
cercas-vivas altas continuam sendo muros fechados, e seu o
exagero leva a ‘espaços cegos’ (HOLANDA, 2013), que
geram a sensação desconfortante de imprevisibilidade sobre
o que acontece a seguir (Figuras 79 e 80).
Matheus Maramaldo Andrade Silva
222
Um exemplo disto são as ruas do Lago Sul, bairro nobre
de Brasília. Lá há um forte vazio nas calçadas e quase todas
as bordas são preenchidas por figueiras topeadas de 3 metros
de altura. Em cem metros, a única coisa que se vê são as
barreiras, surgindo pontualmente os clarões das entradas dos
conjuntos.
Apesar de ‘belo’, este verde potencializa uma
sensação de medo, pois sem janelas e portas, como
comércios e pessoas, parece que ninguém poderá ajudar em
um caso de roubo ou briga, como evidencia Jacobs (2010,
p.35 e 36):
Uma rua movimentada consegue garantir a segurança;
uma rua deserta não. [...] Devem existir olhos para a rua [...] Os
edifícios de uma rua preparada para receber estranhos e garantir a
segurança tanto deles quanto dos moradores devem estar voltados
para a rua. Eles não podem estar de fundos ou com um lado morto
para a rua e deixa-la cega.
223
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Figura 80 – Elementos segregativos. Desenho do autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
224
Figura 81 – Pequenas florestas e seus labirintos. Desenho do autor
225
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Esse efeito é similar, apesar de não segregativo,
quando se fazem bordos muito densos de arbustos e árvores
dentro da cidade, no intuito de criar ‘áreas verdes similares as
florestas’ que estão fora das urbes. Embora criem bolsões
interessantes para a fauna e respiros para o cinza das
construções, tais fenômenos também podem potencializar
sensações de insegurança quando mal planejados, devido as
sombras e as próprias estruturas físicas dos elementos vegetais,
que podem muito bem encobrir meliantes ou animais
peçonhentos (Figura 81):
Os montes florestados, os lagos debruados de juncos, os
muitos pântanos e charcos abrigavam bandos de comerciantes
ladrões e assassinos (TZU, 2008, p. 128).
Já quando há barreiras vegetais mais baixas, cria-se
uma segregação branda, que permite a visualização dos
espaços ajardinados e construídos (não criando uma
sensação de medo). Mesmo assim, esses elementos ainda
impedem o livre acesso, continuando o ciclo de segregativo.
Em Brasília, isto implica na redução do conceito primordial dos
pilotis livres.
Os moradores dos blocos residenciais não desejam que
cães sujem seus jardins, como também não acham favorável
Matheus Maramaldo Andrade Silva
226
à sua segurança a passagem constante de pessoas por
debaixo dos prédios (esses pensamentos provavelmente se
aplicam a todas as cidades). Como não podem fazer muros
altos, burlam as leis da urbe modernista e põe pequenos
impedimentos, como arbustos. O clássico é o uso do pingo de
ouro (Duranta erecta var.aurea L.) (TELES, 2005, p.130 à 137)
(Figura 82).
Tal separação, como frisou Jacobs, é prejudicial.
Apesar de preservar os jardins (materialmente), diminui a
vitalidade da cidade, obriga a se fazer percursos mais longos
(como será descrito no tópico 5 das fitopatologias físicas) e
potencializa preconceitos que poderiam já ter sido
ultrapassados.
Figura 82 – As pequenas barreiras verdes – SQN 307, Brasília, Distrito Federal,
Brasil. Foto: autor
227
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
2. Não agradabilidade:
Não só de segregação, insegurança e bordaduras são
feitos os encontros entre a vegetação e a cidade, há outros
tipos de ocorrências que modificam negativamente nossa
apreensão do espaço.
Quando não nos sentimos confortáveis em um
ambiente com vegetação, temos, portanto, um efeito avesso
a sua proposição natural, que é, quando plantamos, de
tornar o espaço mais aprazível.
Em dias de temperaturas altas, a sombra das árvores
próximas parecem já nos satisfazer, mesmo que ainda não
tenhamos chegado embaixo delas:
Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos
juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga
rala (RAMOS, 2006, p. 9).
Algo similar ao que descrevem os pesquisadores
Mascaró (2010, p.52 e 53), quanto ao efeito de proteção
acústica das plantas:
Matheus Maramaldo Andrade Silva
228
É reconhecido que as árvores e a fauna a elas associada
produzem um efeito de mascaramento sobre outros ruídos
ambientais [...] Isto provoca um efeito psicológico benéfico
aparentemente amenizando os efeitos irritantes dos ruídos, mesmo
que a cortina protetora não proporcione efetivamente tal efeito.
Porém, em dias de temperaturas mais amenas, isso
pode se tornar prejudicial, principalmente quando há
excessos de maciços altos de folhagem densa, pois podem
aparentar, mesmo que de fato não ocorra, estar diminuindo
as temperaturas próximas a eles (Figura 83).
O contrário também vale. Em dias de temperaturas
mais baixas, árvores caducifólias e palmeiras espaçadas
potencializam uma sensação de calor. Quando as
temperaturas sobem ou há grande radiação solar, tratar os
espaços livres dessa forma certamente afastará os transeuntes
de perto.
Além do desconforto psicológico ambiental, os
cidadãos também podem preterir espaços livres por eles não
serem belos, tendo como principal argumento o estado de
conservação da vegetação local.
229
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Figura 83 – O efeito oposto. Desenho do autor
Com o tempo, a maioria das plantas perecem, perdem
o brilho e as floradas ou as folhas amarelam e caem, se
Matheus Maramaldo Andrade Silva
230
tornando ainda mais latente com a baixa manutenção e o
regime solar inadequado (Figura 84). Assim, quando os
espaços livres estão permeados por uma vegetação neste
estado, tendemos a querer nos distanciar, como fazemos
quando estamos próximos de canalizações de esgoto ou
prédios denegridos. O planejamento vegetal, com a
adequada escolha das plantas para os regimes de cuidados
que irão receber, como a periodicidade das regas,
adubagem e podas, já diminuiria tais ocorrências.
Figura 84 – No aguardo de uma nova primavera – Teatro Nacional, Brasília,
Distrito Federal, Brasil. Foto: autor
231
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Outro fator estético que nos leva a um afastamento,
este ainda mais espontâneo e de difícil controle, são áreas
invadidas por ervas daninhas e outras espécies resistentes,
como em terrenos baldios e lotes vazios. Esse tipo de
vegetação pouco apraz e facilmente nos faz associá-las a um
espaço mal cuidado, querendo novamente distância (Figura
85):
Figura 85 – Ervas daninhas – Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia, Goiàs, Brasil.
Foto: autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
232
Todo o mato à sua volta era muito espesso, cheio de
espinheiros, silvados e matagal apodrecido (as faias haviam cedido
lugar aos carvalhos ali em volta, o que tornou a vegetação rasteira
mais espessa) (ORWELL, 1978, p. 210).
Mais que segregadores e potencialmente inseguros, os
espaços livres vegetados podem ser hostis aos que estão
próximos. Isso muito ocorre quando temos excessos de
vegetação espinhosa (Figura 86).
Essas áreas, como as dotadas de ervas daninhas e
plantas invasoras, são facilmente apreendidas como locais
onde não devemos estar, tocar ou estar próximos.
Figura 86 – Como arame farpado – SQN 506/507, Brasília, Distrito Federal,
Brasil. Foto: autor
233
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Desde bem jovens, ao nos espetarmos com vidro,
agulha ou qualquer objeto perfurante, habituamo-nos a ter
cautela, pois tais elementos machucam. Assim, quando
estamos diante de um muro erguido com coroas-de-cristo ou
de uma palmeira fênix, que são notáveis pelos seus elementos
perfurantes, temos a reação natural de nos preservarmos e
nos distanciarmos.
Os espaços livres, portanto, que desejem um fluxo
maior de pessoas e que tenham a intenção de garantir
conforto aos seus usuários, devem afastar tais plantas das
zonas de circulação e estar, ficando distanciadas em zonas
mais contemplativas.
Figura 87 – O verde contínuo – QI 23, Lago Sul, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
Foto: autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
234
Os espaços e as áreas verdes podem também se tornar
desconfortáveis pela monotonia que invocam. É chato estar
em um ambiente em que tudo é igual (Figura 87).
Assim, voltemos ao exemplo do Lago Sul. As extensas
áreas muradas por figueiras topeadas por lá não só causam
imprevisibilidade, como se tornam o que se propunham a não
ser: muros opacos sem vida. É tudo verde, é a mesma planta
se repetindo em planos iguais por grandes percursos, sem
diferenciação de alturas, texturas e cores.
O uso extensivo de uma só planta por longos trechos,
como este, diminuem a vitalidade urbana, como se observa
em grandes zonas com o mesmo tipo de uso (JACOBS, 2010).
Áreas dotadas somente de habitações, sem espaços de lazer
e comércio próximos, normalmente tem seus espaços
públicos vazios, e, consequentemente, desinteressantes.
3. Inatividade:
A última categoria de fitopatologia psicosociológica
que podemos encontrar nas cidades é justamente a atrelada
aos grandes vazios vegetados urbanos.
Não se trata de zonas arborizadas públicas espalhadas
pela cidade ou canteiros centrais floridos, pois estes têm
235
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
funções importantes/imprescindíveis como sombrear e
bloquear percursos transversais em vias de trânsito de
automóveis, mas, sim, grandes gramados contemplativos e
enormes jardins desconexos ou sem uso.
Comecemos pelos gramados. Quando essas áreas
verdes estão em parques e outras áreas públicas, permitem
aos cidadãos transitar por entre, fazer piqueniques e se divertir
de ‘n’ maneiras. Contudo, quando não são acessíveis, caso
de muitos jardins residenciais, os mesmos se tornam espaços
ociosos.
Figura 88 – Sem acesso, sem uso – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
Foto: autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
236
O incrível é que, apesar de não terem uso efetivo, estes
espaços são exigentes. Normalmente dotados daquelas
plaquinhas de ‘não pise na grama’, tais áreas demandam
grande manutenção, com podas e regas regulares, sem
promover sombra, sem possibilitar percursos e ainda se
tornando fortes barreiras (mesmo tendo no máximo vinte
centímetros de altura e boa resistência ao pisoteio), para no
fim serem somente admirados, diminuir levemente a
temperatura local e substituírem o concreto do piso (Figura
88).
Jardins com muitas forrações partem do mesmo
princípio, porém, são realmente intransponíveis e podem ser
ainda mais exigentes quanto à conservação. O planejamento
vegetal deve ficar atento para que esses maciços não
criarem bolsões-barreira, e também se tornem elementos
muitos extensos e sem uso, devendo ter moderação no
enfoque do efeito contemplativo.
Por fim, jardins dotados de cercas-vivas baixas, como
as de pingo-de-ouro, acabam por também se tornarem
espaços inativos. Pelo cercamento, se evita que os usuários
excedam a contemplação, não podendo os mesmos
usufruírem por completo do espaço livre, passeando,
237
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
colhendo flores, folhas e frutos ou, simplesmente, sentarem
(Figura 88).
Visto todos estes tipos de situações de ordem
psicosociológica que se originam da vegetação (por
projeto/plantio antrópico ou por surgimento espontâneo),
cabe fazer uma síntese, em forma de tabela, dos aspectos a
serem observados no meio urbano vegetado que podem se
constituir em fitopatologias dessa natureza. A tabela a seguir,
junto às tabelas 13 e 18, constituem a ferramenta de
levantamento e diagnóstico das fitopatologias observadas no
meio urbano proposta por este ensaio:
Tabela 19: Síntese Fitopatologias Psicosociológicas
Quanto à segregação e insegurança:
I. Elementos segregativos baixos (impedem a passagem e o uso
do espaço livre);
II. Elementos segregativos médios e altos (impedem a passagem,
aumentam a sensação de insegurança/imprevisibilidade,
diminuem o tempo de percurso e uso);
III. Espaços inseguros (vegetação contribuindo para uma
sensação de medo);
Quanto à agradabilidade:
IV. Presença de vegetação esteticamente feia (morta, desnutrida,
excesso de ervas daninhas, etc.);
Matheus Maramaldo Andrade Silva
238
V. Presença de vegetação hostil (espaços com excesso de
plantas espinhentas, por exemplo);
VI. Espaços ambientalmente desconfortáveis devido ao mau
planejamento vegetal;
VII. Espaços monótonos (excesso de um tipo de vegetação, por
exemplo);
Quanto à inatividade:
VIII. Grandes extensões inativas (gramados e jardins sem uso
efetivo);
Fonte: autor
sementes iguais árvores diferentes
diagnóstico
Matheus Maramaldo Andrade Silva
240
“Só não há primavera no meu recinto
Enfermidades, beijos decompostos
Como heras de igrejas que se pegaram
Nas janelas negras da minha vida,
Só o amor não basta, nem o selvagem e extenso perfume da
primavera.”
Pablo Neruda
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
241
São inúmeros os fatores malignos que permeiam nossas
casas, percebidos ou não, como pudemos observar nos
capítulos passados. Dado este fato, convém-se tentar mostrar
tais casos de uma forma ainda mais direta no intuito de
reforçar o debate, fazendo um diagnóstico de algumas áreas
urbanas.
Por questões logísticas e simbólicas, foi escolhida uma
quadra do Plano Piloto (bairro de Brasília, Distrito Federal) para
se fazer esses estudos de campo: a SQS 308. Esta é
certamente a que pode melhor representar os conceitos
fundamentais da cidade, sendo uma das primeiras a ter
ficado pronta, com toda a aparelhagem descrita no Relatório
de Lúcio Costa próxima, e também tendo sido a primeira
regrada pelo paisagismo de Burle Marx. Isso também é
interessante, porque permite notar a evolução do edificado
no início da construção de Brasília até a contemporaneidade,
com o uso cotidiano.
A análise da área, conforme descrito no capítulo de
metodologia, foi elaborada a partir de um levantamento
presencial e da elaboração de uma ficha diagnóstico, com a
tomada de fotos e a execução de mapas e tabelas. Está
dividida da seguinte maneira:
Matheus Maramaldo Andrade Silva
242
1. Breve histórico e caracterização da área de estudo;
2. Ficha diagnóstico:
2.1. Cabeçalho - endereço, área edificada, área
pavimentada, área vegetada;
2.2. Mapas - geral, de substratos, de vegetação, das
fitopatologias (com a divisão das glebas de trabalho23),
glebas (nesta pesquisa: A, B, C e D, acompanhadas de fotos,
tabelas e descrição das fitopatologias encontradas);
2.3. Tabelas – Ocorrências discriminadas Ambiental
sanitárias, Físicas e Psicosociológicas, síntese;
3. Levantamento e preenchimento da ficha;
4. Discussão dos resultados.
Superquadra Sul 308
Inaugurada oficialmente em 1962 (com todos os
edifícios já construídos) e tombada pela Governo do Distrito
Federal por meio do Decreto n.º 30.303/2009 em seu conjunto
urbanístico, arquitetônico e paisagístico em 2009, a SQS 308
pertence a única Unidade de Vizinhança24 que foi realmente
23 Pode-se dividir em mais ou menos quadrantes, ficando a critério do pesquisador. 24 Unidade de Vizinhança: modelo urbanístico modernista primeiramente idealizado
por Clarence Perry, na década de 1920 (FERREIRA, GOROVITZ, 2008, p.1). São
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
243
concretizada em Brasília, com todos os equipamentos
previstos no projeto de Lúcio Costa, destacando-se a Igrejinha
de Nossa Senhora de Fátima (Figura 94), a Escola Parque
(Figura 100) e o Cine Brasília (este último mais afastado).
Contando com a entrequadra e a zona comercial, são
nove edifícios residenciais com pilotis, três escolas, uma igreja
e quatro blocos comerciais (a maioria, projetos de Oscar
Niemayer, Sérgio Rocha e Marcelo Graça Couto) (TELES, 2005,
p.46) (Figura 89 à 101). Além dos projetos de arquitetos de
renome, há pelo menos cinco projetos paisagísticos de
Roberto Burle Marx, sendo os mais conhecidos a Praça dos
Cogumelos e o Jardim Aquático (Figura 101 e 99,
respectivamente).
É uma quadra antiga, para os padrões da cidade, mas
preservou grande parte de sua originalidade, e é bastante
frequentada, por todas as faixas etárias, entre a 7 e às 19
horas, sendo comum, além da circulação, o uso das praças e
pilotis para descanso e bate-papo, como dos parquinhos
para diversão das crianças.
unidades habitacionais com princípios de autossuficiência, dotadas também de
comércio básico e espaços religiosos, de educação e entretenimento. Em Brasília,
estes equipamentos deveriam estar permeando quatro quadras por vez, mais um
grande cinturão verde (COSTA, 2003, p.131 À 134).
Matheus Maramaldo Andrade Silva
244
Há bastante vegetação, principalmente elementos
arbóreos, arbustivos e gramíneas, espalhados pelos jardins
(TELES, 2005, p.46 à 48).
Figura 89 – 308 Sul. Foto: Joana França (fonte: http://www.
welcometobrasilia.com/)
Figura 90 – Bloco D. Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
245
Figura 91 – Clube Vizinhança. Foto: autor
Figura 92 – Bloco A. Foto: autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
246
Figura 93 – Palmeiras Imperiais. Foto: autor
Figura 94 – Igrejinha. Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
247
Figura 95 - Blocos C e D. Foto: autor
Figura 96 – Estacionamento do Bloco A. Foto: autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
248
Figura 97 – Espaço Renato Russo. Foto: autor
Figura 98 – Escola Classe. Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
249
Figura 99 – Jardim Aquático. Foto: autor
Figura 100 – Escola Parque. Foto: autor
Matheus Maramaldo Andrade Silva
250
Figura 101 – Praça dos Cogumelos. Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
251
Ficha Diagnóstico de
Fitopatologias Urbanas
Pesquisador:
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Empresa/Órgão/Laboratório/Faculdade:
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de
Brasília, FAU-UnB
Endereço do levantamento:
Superquadra Sul 308, Asa Sul, Plano Piloto, Brasília, Distrito
Federal, Brasil
Tipo de espaço levantado:
Espaços livres públicos
Áreas: Valores aproximados m² %
Edificadas
(incluindo pilotis)
17250 19,5
Pavimentadas
(excluindo pilotis)
40000 45,5
Vegetadas
(dentro de circuncisões gramadas)
30500 35
Total 87750 100
Matheus Maramaldo Andrade Silva
252
mapa geral
esc. 1/2500
N
(base SICAD, desenho do autor)
legenda:
edificações
vias e praças
vegetação
água
quadras esportivas
0 25 100
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
253
254
Matheus Maramaldo Andrade Silva
mapa de substratos
esc. 1/2500
N
(base SICAD e SILVA apud TELES, 2005, p.46. Desenho do autor)
legenda:
edificações
pavimentações
vegetação
0 25 100
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
255
256
Matheus Maramaldo Andrade Silva
mapa da vegetação
esc. 1/2500
N
(base SICAD, desenho do autor)
legenda:
edificações
pavimentações
árvores
palmeiras
arbustos
forrações e herbáceas
grama/predomínio de grama
* trepadeiras não foram incluídas (estão suportadas em árvores), como plantas
atípicas foram encaixadas em ‘forrações e herbáceas’ ou ‘arbustos’.
*
0 25 100
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
257
258
Matheus Maramaldo Andrade Silva
mapa das fitopatologias e de glebas de análise
esc. 1/2500
N
(base SICAD, desenho do autor)
legenda:
edificações
divisão das glebas
fitopatologias ambiental sanitárias
fitopatologias físicas
fitopatologias psicosociológicas
* Plantas altas decíduas em períodos secos ou de maior radiação
solar e árvores e palmeiras muito velhas próximas a edificações, espaços
livres de estar e circulação não foram representadas.
*
0 25 100
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
259
260
Matheus Maramaldo Andrade Silva
mapa da gleba A
esc. 1/1250
N
(base SICAD, desenho do autor)
legenda:
edificações
fitopatologias
fluxo de pessoas
fluxo de automóveis
* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.
0 12,5 50
x
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
261
262
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 20: Fitopatologias encontradas na gleba A
4.1 Há plantas venenosas sem proteção;
4.2 Há plantas venenosas com proteção;
4.4 Presença de plantas medicinais;
5.1 Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;
6.1 Presença de plantas com pólen ... estar;
6.2 Presença de plantas urticantes (grau leve);
a.1 Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas e plantas invasoras
de pequeno porte;
a.2 Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;
c.1 Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;
c.2 Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;
c.3 Árvores pioneiras ou de madeira frágil ... circulação;
d.1 Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;
d.5 Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;
I. Elementos segregativos baixos;
VIII. Grandes extensões inativas sem proteção;
Fonte: autor
Figura 102 – Poinsétias ao alcance
da mão (4.1). Foto: autor
Figura 103 – Tão interessante de pisar
(VIII). Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
263
Figura 104 – O abacate na iminência de cair (d.1 e d.5).
Foto: autor
Figura 105 – Alarmantes espinhos fáceis (c.2). Foto: autor
264
Matheus Maramaldo Andrade Silva
mapa da gleba B
esc. 1/1250
N
(base SICAD, desenho do autor)
legenda:
edificações
fitopatologias
fluxo de pessoas
fluxo de automóveis
* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.
0 12,5 50
x
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
265
266
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 21: Fitopatologias encontradas na gleba B
4.1 Há plantas venenosas sem proteção;
5.1 Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;
6.1 Presença de plantas com pólen ... estar;
7.1 Presença de plantas com substâncias corrosivas sem proteção;
8.2 Vegetação com persistência de folhas secas;
a.1 Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas ... porte;
a.2 Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;
c.1 Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;
c.2 Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;
d.1 Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;
d.3 Vegetação com densa galharia ... sem proteção;
d.5 Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;
e.2 Presença de plantas que estão perturbando a visibilidade ...;
e.3 Vegetação obstruindo a livre circulação;
II. Elementos segregativos médios e altos ...;
IV. Presença de vegetação hostil ...;
VII. Espaços inseguros ...;
VIII. Grandes extensões inativas sem proteção;
Fonte: autor
Figura 106 – O que há ai atrás? (e.2
e VII) Foto: autor
Figura 107 – Animais na tamareira
(8.2). Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
267
Figura 108 – Cercado sem sentido (VIII).
Figura 109 – Hostil toque na parede (d.1 e IV). Foto: autor
268
Matheus Maramaldo Andrade Silva
mapa da gleba C
esc. 1/1250
N
(base SICAD, desenho do autor)
legenda:
edificações
fitopatologias
fluxo de pessoas
fluxo de automóveis
* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.
0 12,5 50
x
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
269
270
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 22: Fitopatologias encontradas na gleba C
4.1 Há plantas venenosas sem proteção;
4.2 Há plantas venenosas com proteção
6.1 Presença de plantas com pólen ... estar;
8.3 Vegetação adaptada como esconderijo para fauna nociva;
a.1 Desníveis desagradáveis, corrosão ... por ervas daninhas e plantas
invasoras de pequeno porte;
a.2 Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;
c.1 Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;
c.2 Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;
c.3 Árvores pioneiras ou de madeira frágil ... circulação;
d.1 Vegetação com espinhos/acúleos ... sem proteção;
d.5 Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;
I. Elementos segregativos baixos;
VIII. Grandes extensões inativas sem proteção;
Fonte: autor
Figura 110 – Oleandros próximos da
calçada (4.1 e 6.1). Foto: autor
Figura 111 – Visível destacamento do
piso (a.2). Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
271
Figura 112 – Jardineiras com plantas tóxicas (4.2). Foto: autor
Figura 113 – Jasmim Manga com fácil acesso (4.1). Foto: autor
272
Matheus Maramaldo Andrade Silva
mapa da gleba D
esc. 1/1250
N
(base SICAD, desenho do autor)
legenda:
edificações
fitopatologias
fluxo de pessoas
fluxo de automóveis
* Fitopatologias 1.3 e C.4 não foram representadas.
0 12,5 50
x
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
273
274
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 23: Fitopatologias encontradas na gleba D
4.1 Há plantas venenosas sem proteção;
4.2 Há plantas venenosas com proteção
5.1 Há plantas com substâncias entorpecentes sem proteção;
6.2 Presença de plantas urticantes (grau leve);
8.2 Vegetação com persistência de folhas secas;
a.2 Presença de árvores com raízes superficiais ... pavimentos;
c.1 Vegetação com folhas ou frutos de médio risco ... circulação;
c.2 Vegetação com folhas ou frutos de grande risco ... circulação;
d.3 Vegetação com densa galharia ... sem proteção;
d.5 Vegetação com folhas cortantes ... de circulação;
I. Elementos segregativos baixos;
VIII. Grandes extensões inativas sem proteção;
Fonte: autor
Figura 114 – Não são taiobas, mas...
(4.1). Foto: autor
Figura 115 – O roxo urticante (6.2).
Foto: autor
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
275
Figura 116 – As árvores são antigas. Foto: autor
Figura 117 – Pode estar sufocando a árvore (4.1). Foto: autor
276
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 24: Fitopatologias Ambiental Sanitárias
1. Quanto ao conforto térmico: Ocorrências:
1.1. Vegetação alterando a passagem do ar
(contrariamente ao desejado);
0
1.2. Plantas em regime de transpiração
deficiente/exagerado (em relação ao ambiente);
0
1.3. Plantas altas decíduas em períodos secos ou de
maior radiação solar;
X
1.4. Vegetação alterando a passagem dos raios solares
(contrariamente ao desejado);
Y
2. Quanto ao conforto luminoso:
2.1. Vegetação alterando a passagem dos raios solares
(contrariamente ao desejado);
Y
2.2. Ofuscamento ou penumbra ocasionado por elementos
vegetais;
0
3. Quanto ao conforto sonoro:
3.1. Barreiras vegetais ineficientes ao som; 0
4. Quanto aos riscos de envenenamento:
4.1. Há plantas venenosas sem proteção (barreiras,
avisos);
31
4.2. Há plantas venenosas com proteção (barreiras,
avisos);
9
4.3. Plantas similares, sendo uma tóxica; 0
4.4. Presença de plantas medicinais; 1
5. Quanto aos riscos de entorpecimento:
5.1. Há plantas com substâncias entorpecentes sem
proteção (barreiras, avisos);
6
5.2. Há plantas com substâncias entorpecentes com 0
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
277
proteção (barreiras, avisos);
6. Quanto aos riscos de alergias:
6.1. Presença de plantas com pólen nocivo próximas a
circulação e a locais de estar;
4
6.2. Presença de plantas urticantes (grau leve); 0
6.3. Presença de plantas urticantes fortes com proteção
(barreiras, avisos);
0
6.4. Presença de plantas urticantes fortes sem proteção
(barreiras, avisos);
0
7. Quanto aos riscos de corrosão:
7.1. Presença de plantas com substâncias corrosivas sem
proteção (barreiras, avisos);
1
7.2. Presença de plantas com substâncias corrosivas
com proteção (barreiras, avisos);
0
8. Quanto às relações com animais peçonhentos,
agressivos ou transmissores de doenças:
8.1. Vegetação com reserva externa de água; 0
8.2. Vegetação com persistência de folhas secas; 16
8.3. Vegetação adaptada como esconderijo para
fauna nociva;
2
9. Quanto às relações tróficas:
9.1. Vegetação considerada daninha ou invasora; 0
9.2. Presença de plantas amensais; 0
9.3. Presença de plantas parasitárias; 0
10. Quanto ao perigo de fogo: Aglomerações de
coníferas ou proximidade com fiações elétricas
0
Fonte: autor
278
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 25: Fitopatologias Físicas
a. Quanto às agressões horizontais (direta): Ocorrências:
a.1. Desníveis desagradáveis, corrosão de ferragens,
elementos afastados, buracos ocasionados por ervas
daninhas e plantas invasoras de pequeno porte;
6
a.2. Presença de árvores com raízes superficiais próximas
a edificações, mobiliários urbanos e pavimentos;
34
a.3. Presença de plantas com caule não suportado para
a área implantada;
0
b. Quanto às agressões verticais (direta):
b.1. Elementos vegetais interferindo em fiações elétricas,
outras plantas, mobiliário urbano e superfícies mais altas
(>1m) de edificações;
0
c. Quanto às agressões de movimento e fragilidades
(indireta):
c.1. Vegetação com folhas ou frutos de médio risco
próxima a edificações, espaços livres de estar e
circulação;
22
c.2. Vegetação com folhas ou frutos de grande risco
próxima a edificações, espaços livres de estar e
circulação;
11
c.3. Árvores pioneiras ou de madeira frágil próximas a
edificações, espaços livres de estar e circulação;
3
c.4. Árvores e palmeiras muito velhas próximas a
edificações, espaços livres de estar e circulação;
X
c.5. Plantas de grande porte mortas, mas ainda de pé,
próximas a edificações, espaços livres de estar e
circulação;
0
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
279
c.6. Plantas com grande quantidade de predadores e
parasitas (agredidas ou não);
Y
d. Quanto à presença de elementos cortantes e
perfurantes (indireta):
d.1. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a
espaços livres de estar e circulação sem proteção
(barreiras, avisos);
22
d.2. Vegetação com espinhos/acúleos próxima a
espaços livres de estar e circulação com proteção
(barreiras, avisos);
0
d.3. Vegetação com densa galharia próxima a espaços
livres de estar e circulação sem proteção;
56
d.4. Vegetação com densa galharia próxima a espaços
livres de estar e circulação com proteção;
0
d.5. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços
livres de estar e circulação sem proteção;
47
d.6. Vegetação com folhas cortantes próxima a espaços
livres de estar e circulação com proteção;
0
e. Quanto às barreiras concretas e problemas de
visibilidade (indireta):
e.1. Presença de plantas que estão perturbando a
visibilidade das edificações;
0
e.2. Presença de plantas que estão perturbando a
visibilidade dos motorista, pedestres e ciclistas;
1
e.3. Vegetação obstruindo a livre circulação; 2
e.4. Vegetação impedindo a livre circulação; 0
Fonte: autor
280
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 26: Fitopatologias Psicosociológicas
Quanto à segregação: Ocorrências:
I. Elementos segregativos baixos (impedem a
passagem e o uso do espaço livre);
5
II. Elementos segregativos médios e altos
(impedem a passagem, aumentam a sensação
de insegurança/imprevisibilidade, diminuem o
tempo de percurso e uso);
1
Quanto à vitalidade e agradabilidade:
III. Presença de vegetação esteticamente feia
(morta, desnutrida, excesso de ervas daninhas,
etc.);
0
IV. Presença de vegetação hostil (espaços com
excesso de plantas espinhentas, por exemplo);
1
V. Espaços ambientalmente desconfortáveis
devido ao mau planejamento vegetal;
0
VI. Espaços monótonos (excesso de um tipo de
vegetação, por exemplo);
0
VII. Espaços inseguros (vegetação contribuindo
para uma sensação de medo);
2
VIII. Grandes extensões inativas (gramados e jardins
sem uso efetivo);
5
Fonte: autor
X – Não foi possível mensurar, devido ao número quase que total de árvores nesta
situação (c.4 e 1.3) e o tempo de pesquisa.
Y – Não foi possível mensurar, devido à ausência de materiais adequados e o tempo
de pesquisa.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
281
Tabela 27: Síntese Fitopatologias Ocorrências:
Fitopatologias Ambiental Sanitárias 70*
Fitopatologias Físicas 204*
Fitopatologias Psicosociológicas 14
Total 288*
*Conforme dito, com ausências dos números de alguns tópicos,
como o c.4 e o 1.3
Fonte: autor
A análise dos mapas e das tabelas resultantes das
visitas mostraram que, apesar das 288 ocorrências*, a SQS 308
está em um patamar diferente das outras quadras da cidade,
principalmente quanto às fitopatologias psicosociológicas
(somente 14 casos). É comum verificarmos um excesso de
forrações, muitas cercas vivas e pouca variação de árvores
dentro das superquadras, mas a 308 quebra um pouco esse
paradigma, principalmente devido aos habitantes bastante
politizados, à proteção governamental e ao planejamento
que nasceu com ela.
Mesmo assim, há de se comentar que, devido a sua
idade (52 anos em 2014) e ao perfil arbóreo encontrado,
deve-se fazer uma renovação da arborização, tendo em vista
que quase todas as árvores são datadas da década de 60, e
já podem estar sofrendo de fadiga. A extensa maioria das
árvores também são caducifólias (canafístulas, paineiras e
282
Matheus Maramaldo Andrade Silva
ipês) e de folhas diminutas, provocando muito acúmulo foliar
pelo chão da 308, e provavelmente protegendo
minimamente os pavimentos e edifícios que estão cobrindo
em temporadas quentes. Por estarem em quantidades muitos
elevadas (no mínimo 200), tais árvores antigas e/ou
caducifólias não serem levantados.
Outros pontos relevantes do levantamento foram:
Pontos POSITIVOS ou de pouca interferência:
Poucas figueiras na quadra, algo surpreendente em
Brasília;
Há pouquíssimas cercas vivas impedindo a passagem,
protegendo, na maioria das vezes, as garagens;
A vegetação pouco perturba a visibilidade dos edifícios,
pedestres, ciclistas e motoristas, como pouco diminui a
luminosidade dos postes por sua altura e disposição, algo
extremamente positivo;
Não foram encontradas muitas mangueiras, jameloeiros e
abacateiros na 308, árvores comuns da arborização de
Brasília e comumente mal implantadas;
Quase não existem plantas medicinais e com uso
alimentar na 308, algo raro em Brasília;
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
283
Os pilotis e os jardins em quase toda a quadra são
realmente livres, com poucas obstruções, algo raro em
Brasília (há, na maioria das quadras, taludes, jardins
cercados, grama intocável ou forrações em demasia que
impedem o livre acesso do solo);
Pontos NEGATIVOS:
As paineiras: são quase todas altas e velhas, tendo seus
espinhos da base desaparecido. Seus frutos de médio risco
(c.1), como as raízes superficiais levantando as calçadas
(a.2) foram as principais perturbações vistas (seria
interessante a substituição destas árvores por outras de
raízes axiais, mais jovens, sem espinhos e frutos de risco);
O piso da quadra, principalmente em suas bordas, está
bastante desgastado, com a invasão de gramas, ervas
daninhas e raízes superficiais (o piso certamente não é
renovado a décadas, devendo ser refeito, aumentando a
resistência contra forrações. Se possível, substituir as
árvores que prejudicam os calçamentos com suas raízes
ou aumentar suas covas);
Plantas dotadas de elementos perfurantes (espinhos,
acúleos, folhas navalhadas, galhada excessiva baixa) não
tem proteção, estão em grande quantidade e estão muito
284
Matheus Maramaldo Andrade Silva
próximas do público (primaveras, caliandras, palmeiras
fênix e agaves) (o mais aconselhável é o replantio das que
estiverem muito próximas dos passeios e o uso de
elementos que impeçam o contato com as mesmas
(forrações, cercas, pedras, etc, sem perturbar o livre
trânsito onde ele for necessário));
Poucas foram as plantas dotadas de veneno achadas
com proteção, sendo que a maioria estava muito próxima
do público e com fácil acesso. Em grande quantidade
também, principalmente poinsétias e aráceas (filodendros,
jiboias, lírios da paz) (o mais aconselhável é o replantio das
que estiverem muito próximas dos passeios e o uso de
elementos que impeçam o contato com as mesmas
(forrações, cercas, pedras, etc, sem perturbar o livre
trânsito onde ele for necessário));
Os custos de manutenção da quadra devem ser altos, pois
há muita grama, bordaduras e árvores caducifólias (algo
quase inevitável com tanta vegetação, mas com redução
de custos na medida em que se plantar mais plantas
adaptadas ao bioma, menos cercas vivas e grama).
considerações finais
Matheus Maramaldo Andrade Silva
286
“Uma chuva de amores-perfeitos,
papoulas e miosótis abatera-se sobre os contingentes dos Voulás,
que haviam respondido inundando os Vaitimboras
de gerânios, margaridas e beijos. Um general tivera o quepe
arrebatado por um buquê de violetas. ”
Maurice Druon
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
287
Pois bem, após três meses e meio de trabalho, temos
aqui um exercício cumprido, dentro do que foi proposto, que
era apresentar fitopatologias urbanas e elaborar uma
ferramenta para sua análise.
Embora tenha parecido ser um trabalho de refutação
ao uso da vegetação, pelo apelo dado, reforço novamente
nesta conclusão que o mesmo está na direção contrária,
buscando ser mais um instrumento de aporte e promoção do
verde em nossas cidades.
E por que isso?
Vejam, os elementos vegetais estão em quase toda a
parte: nas calçadas, próximos aos edifícios, nos pequenos e
grandes parques urbanos, como pudemos perceber no
decorrer do texto, e, por isso, é bastante provável que em um
ou outro momento eles estejam agindo de forma contrária ao
nosso desejo.
Assim, para se implantar elementos vegetais e se
evitar/diminuir tais degenerações, é necessário compreender
suas características como um todo e ponderar acerca de
várias dimensões, que vão muito além da estética, vendo
também as bioclimáticas, as sanitárias, as físicas, as
psicológicas, as sociais e até as econômicas. Como visto no
capítulo ‘As diversas fitopatologias da cidade’, uma árvore
Matheus Maramaldo Andrade Silva
288
pode crescer até alturas vertiginosas, ter raízes agressivas,
frutos pesados, galhos espalhados que podem cortar a fiação
dos postes, possuir folhas venenosas e que caem com
facilidade, sendo assim imprescindível levantar todas suas
qualidades para não a dispor em uma rua de cinco metros de
largura ou ao lado de uma escola, por exemplo.
Nesse caminho, o esforço desse trabalho foi o de
buscar ao máximo esses pontos em que a vegetação possa
interagir de forma destoante a nossa vontade, ou pelo menos
da maioria.
A intenção foi a de se abordar a vegetação urbana
através dos possíveis malefícios que esta poderia causar
quando mal posta ou quando surge espontaneamente pelos
nichos da urbe, reforçando os diversos discursos dos manuais
existentes, tanto de urbanismo, quanto de paisagismo e
jardinagem, que, normalmente, apresentam as plantas e
trazem algumas regras de posicionamento e cuidado, sendo
bastante sintéticos nas suas justificativas de uso (ou não uso).
Nisso, a pesquisa obteve bons resultados, a prova maior
foi ter terminado com uma ficha diagnóstico que conseguiu
resumir tudo o que foi apresentado, servindo de base para
diversas aferições.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
289
Houve percalços e dificuldades grandes, mas as
recompensas foram ainda maiores, pelas contribuições
certamente inéditas para a arquitetura e para o
planejamento vegetal, o que será relatado a seguir:
O percurso e seus desafios:
Essa tarefa não foi fácil, tendo se tornado árdua
principalmente devido a escassa literatura específica sobre o
assunto, obrigando a pesquisa a fazer recortes e colagens de
várias ordens e textos para se embasar, como sair bastante a
campo para se ter noção do problema.
Desde o começo do texto, foi-se costurando discursos,
os quais aos poucos iriam revelando o assunto do trabalho e
fomentando as ideias que surgiriam.
Nesse início, como eram procedimentos mais
descritivos e com conceitos já bastante fortes na literatura,
com bastantes referências, não houve tantas dificuldades,
mas a partir do momento em que se estava buscando uma
metodologia para o exercício, viu-se os primeiros obstáculos.
Não são comuns pesquisas que estabeleçam relações
da vegetação com os espaços livres além da
agradabilidade. Então, o estudo se viu obrigado a buscar
Matheus Maramaldo Andrade Silva
290
meios de se averiguar a qualidade dos espaços vegetados a
partir de uma ferramenta nova.
Foi preciso examinar referências do urbanismo e do
paisagismo, quase sem contato com o verde propriamente
dito, para elaborar a ferramenta. Daí ele surgiu, montado
como um quebra-cabeças, dividido nestas etapas:
CONCEITUAÇÃO
TIPIFICAÇÃO
TRADUÇÃO DOS TIPOS EM VARIÁVEIS OBSERVÁVEIS
EMPIRICAMENTE
DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
LEVANTAMENTO
Após ser pensada a forma de abordagem que se daria
na pesquisa, o próximo passo foi tratar da tipificação, ou das
fitopatologias. Foi um processo de intenso estudo em campo,
pois novamente o que havia de artigos e textos era muito
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
291
sintético, pontual ou raso, perante as pretensões deste
trabalho.
Por fim, levantadas no texto várias categorias e
subcategorias fitopatológicas, chegava a hora de aplicar o
estudo a prática, e analisar uma área urbana com a pauta
descrita.
Essa última etapa, foi-se construindo desde quando a
pesquisa ainda estava em sua introdução, e se foi
modificando paulatinamente. A cada novo parágrafo, foram
vencidos receios e dúvidas quanto a essa fase, cortando-se
cada vez mais, pelo tempo principalmente, processos: a área
de análise, que já foram quatro superquadras, virou duas e
terminou sendo uma; questionários, que poderiam ter sido
elaborados e aplicados, foram deixados de lado; boas
práticas de projeto e desenho não foram enumeradas, tendo
em vista o tempo e rumo que o estudo estava indo. Esse
processo de recorte foi muito importante para intensificar o
olhar nos pontos principais e torna-los mais robustos, do que se
tivessem mais elementos.
Visto isso, a ferramenta proposta para tal diagnóstico
fechou em uma ficha, a qual teria uma descrição ligeira de
áreas e do endereço, e depois vários mapas, fotos e tabelas
Matheus Maramaldo Andrade Silva
292
com a apresentação das fitopatologias encontradas somado
a alguns comentários gerais.
Seu uso foi bastante direto por quase se tratar de um
mapa de danos de patrimônio acrescido de um check list,
contudo, pelo curto prazo disponível e pela ausência de
aparelhagem suficiente, foram feitas somente quatro visitas
de três horas a área delimitada, não sendo possível completar
totalmente as lacunas.
O estudo de campo foi laborioso, principalmente por
não terem sido encontradas pesquisas semelhantes no
período deste trabalho para dar suporte, merecendo ainda
um devido refinamento dos procedimentos. Contando
somente com um pesquisador nesse exercício, pouco tempo,
apenas prancheta, papel e canetas, como também uma
grande diversidade e quantidade florística na área
delimitada, parecia que não se chegariam aos resultados
esperados.
Felizmente, a aplicação da ficha deu certo, como a
ferramenta se provou eficiente no diagnóstico das
degenerações de áreas vegetadas urbanas.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
293
Contribuições e propostas futuras:
O estudo aqui feito serve tanto como referência para
futuros plantios, tratando com mais cautela da implantação
de elementos vegetais, como é um dos primeiros a trazer uma
proposta de diagnóstico da vegetação em relação aos
possíveis problemas por elas causados na escala da cidade
(espontaneamente, como por mau planejamento).
Por ser ainda incipiente e por se tratar de uma pesquisa
de graduação elaborada em pouco tempo, esta traz mais
aberturas do que conclusões em definitivo, o que é
extremamente benéfico, visto que abre o leque das
discussões para esferas maiores (laboratórios de pesquisas,
pós-graduações e entidades governamentais), que possam vir
a desenvolvê-la, em todos os níveis.
Apesar de ainda carecer de mais técnicas,
principalmente para facilitar o diagnóstico, seus produtos já
podem subsidiar a elaboração de diretrizes de boas práticas
projetuais a serem aplicadas nas urbes e nos biomas onde
estão inseridas, como servem para avaliar o quanto os
espaços urbanos ainda podem melhorar em suas relações
com a vegetação.
Matheus Maramaldo Andrade Silva
294
Assim, este estudo, coroado com sua ficha diagnóstico,
possibilita aos planejadores e todas as pessoas que gostam de
plantas, reduzir seus custos de manutenção, diminuir os
acidentes causados pela vegetação e tornar os espaços
vegetados mais aprazíveis e vitais nas cidades.
Espero que todo esse discurso tenha levantado alguma
mudança na escolha e local da próxima árvore a ser
plantada, com ferramentas e conceitos mais completos e
seguros do ‘por que plantar’.
Foi um prazer imenso, mesmo com todas as barreiras,
ter feito este ensaio, pois, de alguma forma, sinto que foram
descritos passos para um futuro melhor.
A vegetação, que é uma das minhas paixões, se tornou
base de uma pesquisa que certamente não parará por aqui.
Torço para que mais e mais projetos reflitam, como eu
comecei a refletir, as implicações de vegetar e que as
cidades se tornem, assim, mais seguras e belas... com mais
flores do que com espinhos.
Matheus Maramaldo, 2014
índice de imagens
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
297
Figura 01 - Novo modelo de cidade, Le Corbusier (CORBUSIER,
Le. 1976, p. 40 e 41) ........................................................................ 24
Figura 02 - Não pise à grama? Foto: autor ................................. 28
Figura 03 - Os estratos da vegetação. Desenho: autor. .......... 40
Figura 04 – Piteira do Caribe (Agave vivípara L.), exemplo de
planta xerófita e heliófila. Foto: autor. ........................................ 42
Figura 05 – Orelha de Elefante Gigante (Alocasia macrorrhizos
(L.) G.Don), planta ombrófila e umbrófila. Foto: autor. ............ 43
Figura 06 – Cladograma das Plantas (dados: RAVEN, 1992).
Desenho: autor. .............................................................................. 46
Figura 07 – Espaços livres, Áreas Verdes. Desenho: autor. ....... 54
Figura 08 – Espaço livre privado. Desenho: autor. ..................... 57
Figura 09.1 – Espaço livre semi-privado – Tipo 1. Desenho:
autor. ................................................................................................ 59
Figura 09.2 – Espaço livre semi-privado – Tipo 2. Desenho:
autor. ................................................................................................ 60
Figura 10 – Os espaços livres públicos. Desenho: autor. ........... 62
Figura 11 – Parque da Cidade, Belo Horizonte, Minas Gerais,
Brasil. Foto: autor. ............................................................................ 64
Figura 12 – Praça Dom Pedro II, São Luís, Maranhão, Brasil.
Foto: autor. ...................................................................................... 65
Figura 13 – Praias Olho d’água, Caolho e Calhau, São Luís,
Maranhão, Brasil. Foto: autor. ....................................................... 66
Matheus Maramaldo Andrade Silva
298
Figura 14 – Horta na Universidade de Brasília, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor. ............................................................. 68
Figura 15 – EQN 106/107, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto:
autor. ................................................................................................. 68
Figura 16 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
........................................................................................................... 69
Figura 17 – Lagoa da Jansen, São Luís, Maranhão, Brasil. Foto:
autor. ................................................................................................. 71
Figura 18 – Setor N, QNN 12, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil.
Foto: autor. ....................................................................................... 72
Figura 19 – Av. Hélio Prates, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil.
Foto: autor. ....................................................................................... 74
Figura 20 – Calçada, São José do Ribamar, Maranhão, Brasil.
Foto: autor. ....................................................................................... 75
Figura 21 – Rotatória das SQN’s 103 e 104 e EQN 303/304,
Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .................................. 76
Figura 22 – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
........................................................................................................... 77
Figura 23 – Via N2, Ceilândia, Distrito Federal, Brasil. Foto:
Thamires Chácara. ......................................................................... 78
Figura 24 – O monótono, o deserto de Jacobs. Desenho: autor.
........................................................................................................... 90
Figura 25 – Edifícios, relevo, traçado, perspectiva da cidade.
Desenho: autor. ............................................................................... 98
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
299
Figura 26 – Sobreposição – Espaços livres x Verticalização.
Mapa: QUAPA/FAU-USP, 2009. ................................................... 102
Figura 27 – Diferenças na pesquisa dos pátios escolares.
Desenho: autor. ............................................................................ 106
Figura 28 – Diagrama da pesquisa. Desenho: autor. .............. 110
Figura 29 – Benefícios da vegetação; aspectos climáticos.
Desenho: autor. ............................................................................ 121
Figura 30 – Elementos que modificam a qualidade do vento.
Desenho: autor. ............................................................................ 123
Figura 31 – Interrupções do fluxo de ar. Desenho: autor. ....... 126
Figura 32 – Rua Gonçalo de Carvalho, Porto Alegre, Rio
Grande do Sul, Brasil.Fonte: http://g1.globo.com/ ................. 128
Figura 33 – Avenida Santos Dumont, Teresina, Piauí, Brasil.
Fonte: http://farm5.staticflickr.com/4066/ ................................ 128
Figura 34 – Corrente negativa de vento. Desenho: autor. .... 130
Figura 35 – Variantes de umidade. Desenho: autor. ............... 132
Figura 36 – Interrupção da radiação solar. Desenho: autor. . 135
Figura 37 – Passagem forte da radiação solar. Desenho: autor.
......................................................................................................... 137
Figura 38 – Vegetação x Luz. Desenho: autor. ........................ 138
Figura 39 – Ofuscamento às 7hs – SQN 106, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor. .......................................................... 139
Figura 40 – Dilemas dos cantos dos pássaros. Desenho: autor.
......................................................................................................... 141
Matheus Maramaldo Andrade Silva
300
Figura 41 – Potencialmente venenosas. Desenho: autor. ...... 143
Figura 42 – Chapéu de Napoleão (Cascabela thevetia (L.)
Lippold). Foto: autor. .................................................................... 147
Figura 43 – Taro (Colocasia esculenta (L.) Schott) – SQN 402,
Brasília, Distrito Federal, Brasil Foto: autor. ................................. 149
Figura 44 – Jasmim Manga (Plumeria rubra L.) – SQN 303,
Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 151
Figura 45 – Lírio do Amazonas (Eucharis x grandiflora Planch. &
Linden) – SQN 304, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
......................................................................................................... 152
Figura 46 – Grama batatais (Paspalum notatum Flüggé). Foto:
autor. ............................................................................................... 155
Figura 47 – Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.) – SQN
704, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ........................ 157
Figura 48 – Aranhas, ratos, formigas, cobras, mosquitos,
escorpiões, vespas. Desenho: autor. ......................................... 159
Figura 49 – Palmeira Washingtônia (Washingtonia filifera
(Linden ex André) H.Wendl. ex de Bary) – SQS 107, Brasília,
Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .............................................. 160
Figura 50 – Pau-formiga (Triplaris americana L.) – SQN 303,
Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 161
Figura 51 – Bromélia Imperial (Vriesea imperialis Carrière) –
Clube do exército, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
Foto: autor ...................................................................................... 163
Figura 52 – Espaços fechados para a luz. Desenho: autor. .... 165
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
301
Figura 53 – Capim-Estrela (Rhynchospora nervosa (Vahl)
Boeckeler) – Campus Darcy Ribeiro, Unb, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. ..................................... 166
Figura 54 – Cipó Chumbo (Cuscuta racemosa Mart.) – SQN
105, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. Foto: autor. .. 167
Figura 55 – Pinheiral, próximo a cidade de Grão Mogol, Minas
Gerais, Brasil. Foto: autor. ............................................................ 168
Figura 56 – Fogo. Desenho: autor............................................... 170
Figura 57 – Cagaiteira (Eugenia dysenterica DC.) e a secura
do Cerrado – SGAN 607, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto:
autor. Foto: autor. Foto: autor. ................................................... 172
Figura 58 – Agressão Horizontal. Desenho: autor. .................... 178
Figura 59 – Ervas daninhas – Rua no Bairro do Calhau, São Luís,
Maranhão, Brasil. Foto: autor. ..................................................... 180
Figura 60 – Destacamento do pavimento – Rua 4, Setor
Central, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. .............................. 181
Figura 61 – Agressão Vertical. Desenho: autor. ....................... 185
Figura 62 – Intervenções para proteger a fiação elétrica –
Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. .... 186
Figura 63 – Agressão de movimento. Desenho: autor. ........... 188
Figura 64 – Sujeira ocasionada por jamelão – SQN 303, Brasília,
Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. .............................................. 190
Figura 65 – Castanhas pesadas perto da avenida – 506 Norte,
Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 191
Matheus Maramaldo Andrade Silva
302
Figura 66 – Tipos de frutos segundo sua agressividade física.
Desenho: autor. ............................................................................. 192
Figura 67 – Árvore pioneira de área de circulação – Outlet,
Alexânia, Goiás Brasil. Foto: autor. ............................................. 194
Figura 68 – Fileira de palmeiras vivas e mortas – SQN 105,
Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 196
Figura 69 – Carro quebrado por árvore em Barueri, São Paulo,
Brasil. Foto: http://s.glbimg.
com/jo/g1/f/original/2012/01/05/arvore_carro.jpg................. 198
Figura 70 – Elementos frágeis. Desenho: autor ......................... 200
Figura 71 – Pragas e a iminência de um acidente. Desenho:
autor ................................................................................................ 201
Figura 72 – Canivetes (Erythrina velutina Willd.) próximas ao
passeio – Campus Darcy Ribeiro, Brasília, Distrito Federal, Brasil.
Foto: autor ...................................................................................... 204
Figura 73 – Cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.)
próxima ao parquinho e escola – SQN 304, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor ............................................................ 206
Figura 74 – Árvores e arbustos escondendo pedestres e carros
próximo a via. Foto: autor............................................................ 209
Figura 75 – Visuais x vegetação. Desenho: autor. ................... 210
Figura 76 – Impedimentos. Desenho: autor .............................. 212
Figura 77 – Jardineira pouco gentil – Rua no Bairro do Calhau,
São Luís, Maranhão, Brasil. Foto: autor. ..................................... 213
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
303
Figura 78 – Uma pista de rolamento a menos – SQN 406,
Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ................................. 214
Figura 79 – Muros verdes – SQN 704, Brasília, Distrito Federal,
Brasil. Foto: autor ........................................................................... 221
Figura 80 – Elementos segregativos. Desenho do autor ......... 223
Figura 81 – Pequenas florestas e seus labirintos. Desenho do
autor ............................................................................................... 224
Figura 82 – As pequenas barreiras verdes – SQN 307, Brasília,
Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............................................... 226
Figura 83 – O efeito oposto. Desenho do autor ....................... 229
Figura 84 – No aguardo de uma nova primavera – Teatro
Nacional, Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............... 230
Figura 85 – Ervas daninhas – Avenida X, Bairro Feliz, Goiânia,
Goiàs, Brasil. Foto: autor .............................................................. 231
Figura 86 – Como arame farpado – SQN 506/507, Brasília,
Distrito Federal, Brasil. Foto: autor ............................................... 232
Figura 87 – O verde contínuo – QI 23, Lago Sul, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor ........................................................... 233
Figura 88 – Sem acesso, sem uso – SQN 304, Brasília, Distrito
Federal, Brasil. Foto: autor ........................................................... 235
Figura 89 – 308 Sul. Foto: Joana França (fonte: http://www.
welcometobrasilia.com/) ............................................................ 244
Figura 90 – Bloco D. Foto: autor .................................................. 244
Figura 91 – Clube Vizinhança. Foto: autor ................................ 245
Matheus Maramaldo Andrade Silva
304
Figura 92 – Bloco A. Foto: autor .................................................. 245
Figura 93 – Palmeiras Imperiais. Foto: autor .............................. 246
Figura 94 – Igrejinha. Foto: autor ................................................. 246
Figura 95 - Blocos C e D. Foto: autor .......................................... 247
Figura 96 – Estacionamento do Bloco A. Foto: autor .............. 247
Figura 97 – Espaço Renato Russo. Foto: autor .......................... 248
Figura 98 – Escola Classe. Foto: autor ........................................ 248
Figura 99 – Jardim Aquático. Foto: autor .................................. 249
Figura 100 – Escola Parque. Foto: autor ..................................... 249
Figura 101 – Praça dos Cogumelos. Foto: autor ...................... 250
Figura 102 – Poinsétias ao alcance da mão (4.1). Foto: autor
......................................................................................................... 262
Figura 103 – Tão interessante de pisar (VIII). Foto: autor ......... 262
Figura 104 – O abacate na iminência de cair (d.1 e d.5). ..... 263
Foto: autor ...................................................................................... 263
Figura 105 – Alarmantes espinhos fáceis (c.2). Foto: autor..... 263
Figura 106 – O que há ai atrás? (e.2 e VII) Foto: autor ............ 266
Figura 107 – Animais na tamareira (8.2). Foto: autor ............... 266
Figura 108 – Cercado sem sentido (VIII). ................................... 267
Figura 109 – Hostil toque na parede (d.1 e IV). Foto: autor .... 267
Figura 110 – Oleandros próximos da calçada (4.1 e 6.1). Foto:
autor ................................................................................................ 270
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
305
Figura 111 – Visível destacamento do piso (a.2). Foto: autor 270
Figura 112 – Jardineiras com plantas tóxicas (4.2). Foto: autor
......................................................................................................... 271
Figura 113 – Jasmim Manga com fácil acesso (4.1). Foto: autor
......................................................................................................... 271
Figura 114 – Não são taiobas, mas... (4.1). Foto: autor ........... 274
Figura 115 – O roxo urticante (6.2). Foto: autor ........................ 274
Figura 116 – As árvores são antigas. Foto: autor ...................... 275
Figura 117 – Pode estar sufocando a árvore (4.1). Foto: autor
......................................................................................................... 275
Figura a – Figueira de jardim (Ficus auriculata Lour.) – Rua Ap
3, Bairro Aruanã 3, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor. ............ 374
Figura b – Figueira (Ficus elastica Roxb. ex Hornem.) – SQN 705,
Brasília, Distrito Federal, Brasil. Foto: autor. ................................ 376
Figura c – Templo no Camboja. Foto:
http://i.ytimg.com/vi/ZbtLFSXkmog/0.jpg. ................................ 377
índice de mapas
309
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Mapa 01: Mapa geral,
(Base: SICAD),
Desenho do autor, pág.253.
Mapa 02: Mapa de substratos,
(Base: SICAD e SILVA apud TELES, 2005, p.46),
Desenho do autor, pág.255.
Mapa 03: Mapa da vegetação,
(Base: SICAD),
Desenho do autor, pág.257.
Mapa 04: Mapa das fitopatologias e das glebas de análise,
(Base: SICAD),
Desenho do autor, pág.259.
Mapa 05: Mapa da gleba A,
(Base: SICAD),
Desenho do autor, pág.261.
Mapa 06: Mapa da gleba B,
(Base: SICAD),
Desenho do autor, pág.265.
310
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Mapa 07: Mapa da gleba C,
(Base: SICAD),
Desenho do autor, pág.269.
Mapa 08: Mapa da gleba D,
(Base: SICAD),
Desenho do autor, pág.273.
índice de tabelas
313
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Tabela 01 – Composição dos espaços livres nas cidade. Fonte:
autor ............................................................. 79
Tabela 2: Pontuação quanto ao estrato vegetal. Fonte:
Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 ............ 104
Tabela 3: Conceitos e notas - níveis de vegetação existentes
no pátio. Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003 104
Tabela 4: Classes de pátio - a vegetação em função da
pontuação obtida. Fonte: Fedrizzi, Tomasini e Cardoso, 2003
104
Tabela 5: Plantas tóxicas. Elaboração: autor 337
Tabela 6: Plantas com princípios entorpecentes. Elaboração:
autor .............................................................. 344
Tabela 7: Plantas com pólen alergênico. Elaboração: autor
........................................................................ 347
Tabela 8: Plantas urticantes ou irritantes. Elaboração: autor
........................................................................ 349
Tabela 9: Plantas com ácidos, álcalis e outras substâncias
corrosivas. Elaboração: autor .................... 352
Tabela 10: Plantas e animais nocivos. Elaboração: autor
........................................................................ 354
Tabela 11: Plantas parasitárias, daninhas ou invasoras e que
promovem amensalismo. Elaboração: autor 356
Tabela 12: Plantas com substâncias fortemente combustíveis.
Elaboração: autor ....................................... 359
Tabela 13: Síntese Fitopatologias Ambiental Sanitárias. Fonte:
autor .............................................................. 173
Tabela 14: Árvores com raízes superficiais (pequena e grande
extensão). Elaboração: autor ................... 361
314
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 15: Palmeiras e Árvores com frutos pesados.
Elaboração: autor........................................ 364
Tabela 16: Árvores pioneiras e/ou de madeira frágil. Fonte:
SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, s/d 366
Tabela 17: Plantas dotadas de espinhos/acúleos. Elaboração:
autor ............................................................... 371
Tabela 18: Síntese Fitopatologias Físicas. Fonte: autor.
........................................................................ 215
Tabela 19: Síntese Fitopatologias Psicosociológicas. Fonte:
autor ............................................................... 237
Tabela 20: Fitopatologias encontradas na gleba A. Fonte:
autor ............................................................... 262
Tabela 21: Fitopatologias encontradas na gleba B. Fonte:
autor ............................................................... 266
Tabela 22: Fitopatologias encontradas na gleba C. Fonte:
autor ............................................................... 270
Tabela 23: Fitopatologias encontradas na gleba D. Fonte:
autor ............................................................... 274
Tabela 24: Fitopatologias Ambiental Sanitárias. Fonte: autor
........................................................................ 276
Tabela 25: Fitopatologias Físicas. Fonte: autor 278
Tabela 26: Fitopatologias Psicosociológicas. Fonte: autor
........................................................................ 280
Tabela 27: Síntese Fitopatologias. Fonte: autor 281
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anexos
337
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Tabela 5: Plantas tóxicas
Vegetação: Toxidade:
Forrações e Herbáceas:
Abacaxi Roxo
(Tradescantia spathacea Sw.)
Agapanto
(Agapanthus africanus (L.) Hoffmanns.)
Alpínia Vermelha
(Alpinia purpurata (Vieill.) K.Schum)
Aspargo Plumoso
(Asparagus densiflorus (Kunth) Jessop)
Áster do México
(Cosmos sulphureus Cav.)
Estrelízia
(Strelitzia reginae Banks)
Fórmio
(Phormium tenax J.R.Forst. & G.Forst.)
Sanseverias
(Sanseveria sp.)
Lírio do Amazonas
Toda a planta
Toda a planta
Toda a planta
Saponídeos
(Toda a planta)
Toda a planta
Sementes
Folhas
Toda a planta
Toda a planta
338
Matheus Maramaldo Andrade Silva
(Eucharis x grandiflora Planch. & Linden)
Calanchoês, Mães de Milhares, Folhas da
Fortuna
(Kalanchoe sp.)
Moreias
(Dietes sp.)
Papiros, Sombrinhas chinesas
(Cyperus sp.)
Toxinas que afetam o
sistema cardíaco
(Toda a planta)
Toda a planta
Toda a planta
Palmeiras:
Areca Bambu
(Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & J.Dransf.)
Areca Dourada
(Areca vestiaria Giseke)
Corifa
(Corypha umbraculifera L.)
Pescoço Marrom
(Dypsis lastelliana (Baill.) Beentje & J.Dransf.)
Rabo de Peixe
(Caryota urens L.)
Toda a planta
Toda a planta
Frutos Maduros
Palmito
Frutos
339
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Rabo de Peixe entouceirada
(Caryota mitis Lour.)
Rabo de raposa
(Wodyetia bifurcata A.K.Irvine)
Frutos
Sementes
Arbustos:
Trombeteira
(Brugmansia suaveolens (Humb. & Bonpl. ex
Willd.) Bercht. & J.Presl)
Algodão
(Gossypium barbadense L.)
Arálias, Árvores da Fortuna
(Polyscias sp.)
Azaleia
(Rhododendron sp.)
Bela Emília
(Plumbago auriculata Lam.)
Cinerária
(Senecio flaccidus var. douglasii (DC.) B.L.Turner
& T.M.Barkley)
Dama da noite
(Cestrum nocturnum L.)
Alcalóides
(Toda a planta)
Sementes
Toda a planta
Toda a planta
Toda a planta
Alcalóides
(Toda a planta)
Alcalóides
(Flores e frutos)
340
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Dracenas
(Dracena sp.)
Oleandro
(Nerium oleander L.)
Hortência
(Hydrangea Macrophylla (Thunb.) Ser.)
Iucas
(Yucca sp.)
Leias
(Leea sp.)
Ligustros
(Ligustrum sp.)
Pingo de ouro, Violeteiras
(Duranta sp.)
Urtigas
(Fleurya aestuans L. e
Toxicodendron radicans (L.) Kuntze)
Lantana
(Lantana camara L.)
Saponídeos
(Toda a planta)
Toda a planta
Folhas e flores
Toda a planta
Toda a planta
Toda a planta
Toda a planta
Toda a planta
Hepatoxinas
(Toda a planta)
Árvores:
341
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Ficus, Figueiras, Seringueiras, Unha de Gato
(Ficus sp.)
Cinanomo
(Melia azedarach L.)
Chapéu de Napoleão
(Cascabela thevetia (L.) Lippold)
Amora
(Morus nigra L.)
Aroeira Vermelha
(Schinus terebinthifolia Raddi)
Árvore Guarda Chuva
(Schefflera actinophylla (Endl.) Harms)
Mulungus, Eritrinas
(Erythrina sp.)
Plátano
(Platanus acerifolia (Aiton) Willd.)
Árvore Machineel
(Hippomane mancinella L.)
Seiva
Saponídeos e alcaloides
(Frutos e folhas)
Toda a planta
Partes que não os frutos
Toxicodendrol
(Folha)
Oxalatos
(Toda a planta)
Alcalóides
(Sementes)
Frutos
Toda a planta
Trepadeiras:
Heras Toda a planta
342
Matheus Maramaldo Andrade Silva
(Hedera sp.)
Outras:
Aguapé
(Eichhornia crassipes (Mart.) Solms)
Árvore do Viajante
(Ravenala madagascariensis Sonn.)
Bambu imperial
(Bambusa vulgaris Schrad.)
Aloes, babosas
(Aloe sp.)
Toda a família ARACEAE (Anturium sp., Alocasia
sp., Aglaonema sp., etc, com raras exceções) –
Antúrios, Comigo Ninguém pode, Taros,
Singônios, Filodendros.
Toda a família EUPHOBIACEAE (Euphorbia sp.,
Codiaeum sp., Ricinus sp., etc, com raras
exceções) – Coroa de Cristo, Crótons, Avelóz,
Candelabro, Mamona, Pinhão Roxo, Mandioca,
Poinsétia.
Toda a família APOCYNACEAE (Plumeria sp.,
Alamanda sp., Catharanthus sp., etc, com raras
exceções) – Alamandas, Vincas, Jasmim
Cianetos e Nitratos
(Toda a planta)
Toda a planta
Brotos (Anti-enzimaticos)
Toda a planta (em caso
de ingestão)
Oxalatos (quase toda a
planta)
Seiva tóxica ou
substâncias tóxicas
(em toda a planta)
Seiva tóxica ou
substâncias tóxicas
(em toda a planta)
343
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Manga.
Coníferas (Juniperus sp., Pinus sp., Araucaria sp.,
Cycas sp. etc.)
Normalmente possuem
óleos e cones tóxicos
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to
Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Primefact: http://www.dpi.
nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0008/112796/ garden-plants-poisonous-
to-people.pdf; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001;
________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M.,
J.T., L.S.C., 2004.
344
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 6: Plantas com princípios entorpecentes
Vegetação: Princípio Ativo:
Palmeiras:
Areca Bambu
(Dypsis lutescens (H.Wendl.) Beentje & J.Dransf.)
Alcalóides (Sementes)
Arbustos:
Flamboyanzinho
(Caesalpinia pulcherrima (L.) Sw)
Mancaá de cheiro
(Brunfelsia uniflora (Pohl) D.Don)
Jasmim Manga
(Plumeria rubra L.)
Maconha*
(Cannabis sativa L.)
Coca*
(Erythroxylum coca Lam.)
Tabaco
(Nicotiana tabacum L.)
Chacrona
(Psychotria viridis Ruiz & Pav.)
Figueira do inferno
Alcalóides (Sementes)
Alcalóides
(toda a planta)
Alcalóides
(Flor e Látex)
THC, CBD, CBN, THCV
(Folha)
Cocaína
(Folha)
Nicotina
(Folhas)
DMT
(Caule e folhas)
Atropina
345
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
(Datura Stramonium L.)
Beladona
(Atropa belladonna L.)
(Toda a planta)
Atropina
(Frutos)
Árvores:
Espatódea
(Spathodea campanulata P.Beauv.)
Noz-Moscada
(Myristica fragrans Houtt.)
Jurema
(Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.)
Alcalóides
(Flor)
Miristicina, IMAO
(Fruto)
DMT
(Cascas e raízes)
Trepadeiras:
Cipó Mariri
(Banisteriopsis caapi (Spruce ex Griseb.) Morton)
DMT
(Caule)
Outras:
Cacto Peyote
(Lophophora williamsii (Lem. ex Salm-Dyck) J.M.
Coult.)
Fenetilamina (Flor)
*Proibido o cultivo no Brasil
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
346
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; ASPCA (American Society
for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at
Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas.
blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Primefact: http://www.dpi.
nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0008/112796/ garden-plants-poisonous-
to-people.pdf; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001;
________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M.,
J.T., L.S.C., 2004.
347
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Tabela 7: Plantas com pólen alergênico
Vegetação:
Forrações e Herbáceas:
Lírio do Amazonas
(Eucharis x grandiflora Planch. & Linden)
Arbustos:
Oleandro
(Nerium oleander L.)
Ligustros
(Ligustrum sp.)
Urtigas
((Fleurya aestuans L.,
Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) e
Parietaria judaica L.)
Árvores:
Árvore do Céu
(Ailanthus altissima (Mill.) Swingle)
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; ASPCA (American Society
for the Prevention of Cruelty to Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at
348
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Risk); Andando com Formigas: http://andandocomformigas.
blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Primefact: http://www.dpi.
nsw.gov.au/__data/assets/pdf_file/0008/112796/ garden-plants-poisonous-
to-people.pdf; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001;
________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M.,
J.T., L.S.C., 2004.
349
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Tabela 8: Plantas urticantes ou irritantes
Vegetação: Propriedades Urticantes:
Gramas
Grama batatais
(Paspalum notatum Flüggé)
Grama bermuda
(Cynodon dactylon (L.) Pers.)
Pelos
Pelos
Forrações e Herbáceas:
Abacaxi Roxo
(Tradescantia spathacea Sw.)
Grama-azul
(Poa pratensis L.)
Trapoeraba roxa
(Tradescantia pallida (Rose) D.R.Hunt)
Trapoeraba zebra
(Tradescantia zebrina Bosse)
Cambará
(Lantana montevidensis (Spreng) Briq.)
Crino Branco
(Crinum asiaticum L.)
Cravo
Folhas
Folhas
Folhas
Folhas
Toda a planta
Folhas
Caule, flores folhas
350
Matheus Maramaldo Andrade Silva
(Dianthus caryophyllus L.)
Narciso
(Narcissus cyclamineus DC.)
Jacinto
(Hyacinthus orientalis L.)
Caule, flores folhas
Caule, flores folhas
Palmeiras:
Rabo de Peixe
(Caryota urens L.)
Rabo de Peixe entouceirada
(Caryota mitis Lour.)
Frutos
Frutos
Arbustos:
Urtigas
((Fleurya aestuans L.,
Toxicodendron radicans (L.) Kuntze) e
Parietaria judaica L.)
Cóleus
(Plectranthus scutellarioides (L.) R.Br.)
Lantana
(Lantana camara L.)
Folhas
Folhas
Toda a planta
351
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Cróton
(Codiaeum variegatum (L.) Rumph. ex A.Juss.)
Érica
(Cuphea hyssopifolia Kunth)
Toda a planta
Toda a planta
Outras:
Banana d’água
(Typhonodorum lindleyanum Schott)
Toda a planta
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to
Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,
2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,
L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.
352
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 9: Plantas com ácidos, álcalis e outras substâncias corrosivas
Vegetação: Substâncias Corrosivas:
Palmeiras:
Coco do Vaqueiro
(Syagrus flexuosa (Mart.) Becc.)
Estipe e Folhas com
algumas substâncias de
leve corrosão
Arbustos:
Comigo Ninguém Pode (Dieffenbachia amoena
Bull.).
Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.).
Erva Andorinha
(Chelidonium majus L.)
Avelóz
(Euphorbia tirucalli L.)
Poinsétia
(Euphorbia pulcherrima Willd. ex Klotzsch)
Caracasana
(Euphorbia cotinifolia L.)
Cabeleira de Velho
(Euphorbia leucocephala Lotsy)
Seiva
Seiva
Seiva
Seiva
Seiva
Substâncias do caule e
das folhas
Substâncias do caule e
das folhas
353
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Árvores:
Cajueiro
(Anacardium occidentale L.)
Árvore Machineel
(Hippomane mancinella L.)
Seiva da Castanha
Toda a planta
Outras:
Candelabro
(Euphorbia trigona Mill.)
Seiva
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas, principalmente da família EUPHORBIACEAE.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to
Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,
2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,
L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.
354
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 10: Plantas e animais nocivos
Vegetação: Animais relacionados:
Palmeiras:
Washingtônia (Washingtonia filifera (Linden ex
André) H.Wendl. ex de Bary).
Tamareira das Canárias
(Phoenix canariensis Chabaud)
Leque da China
(Livistona chinensis (Jacq.) R.Br. ex Mart.)
Ratos, cobras, morcegos
Ratos, cobras, morcegos
Ratos, cobras, morcegos
Árvores:
Pau-formiga
(Triplaris americana L.)
Formigas
Trepadeiras:
Unha de Gato
(Ficus pumila L.)
Baratas
Outras:
Bromélias, Agaves e Orquídeas
Mosquitos, sapos,
pererecas
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to
355
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,
2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,
L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.
356
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 11: Plantas parasitárias, daninhas ou invasoras e que promovem
amensalismo
Vegetação: Relações tróficas:
Forrações e Herbáceas:
Trapoeraba roxa
(Tradescantia pallida (Rose) D.R.Hunt)
Trapoeraba zebra
(Tradescantia zebrina Bosse)
Áster do México
(Cosmos sulphureus Cav.)
Capim-Estrela
(Rhynchospora nervosa (Vahl) Boeckeler)
Dentes de Leão em geral (Taraxacum sp., Tridax
sp., Emília sp., etc.)
Erva Capitão
(Hydrocotyle bonariensis Comm. ex Lam.)
Cambará
(Lantana montevidensis (Spreng) Briq.)
Capim do Texas
(Pennisetum setaceum (Forssk.) Chiov.)
Invasora (competição)
Invasora (competição)
Invasora (competição)
Daninha
(competição)
Daninha
(competição)
Daninha
(competição)
Invasora (competição)
Invasora (competição)
357
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Damiana
(Turnera sp.)
Papiros, Sombrinhas chinesas, Tiriricas
(Cyperus sp.)
Capim elefante
(Pennisetum purpureum Schumach.)
Capim Colchão
(Digitaria sp.)
Invasora (competição)
Invasora (competição)
Invasora (competição)
Daninha
(competição)
Arbustos:
Ipê de jardim
(Tecoma stans (L.) Juss. ex Kunth)
Mamona
(Ricinus communis L.)
Invasora (competição)
Invasora (competição)
Árvores:
Eucaliptos
(Eucalyptus sp.)
Pinheiros
(Pinus sp., Araucaria sp.)
Amensalismo/
Invasora (competição)
Amensalismo/
Invasora (competição)
Trepadeiras:
Aráceas trepadeiras* (Cipó Imbé, Costela de
adão, Singônio, Filodendros, Jiboias)
Cipó Chumbo
Parasitismo/
Competição
Parasitismo
358
Matheus Maramaldo Andrade Silva
(Cuscuta racemosa Mart.)
Erva de Passarinho
(Struthanthus flexicaulis (Mart. ex Schult. f.) Mart.)
Parasitismo
Outras:
Bambu imperial
(Bambusa vulgaris Schrad.)
Invasora (competição)
*Algumas aráceas são trepadeiras. Por vezes elas não sugam nenhum
nutriente, mas sufocam a árvore hospedeira.
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to
Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,
2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,
L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.
359
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Tabela 12: Plantas com substâncias fortemente combustíveis
Vegetação: Substância Inflamável:
Arbustos e Árvores:
Pinheiros e Cedros
(Pinus sp., Cedrus sp., Araucaria sp.)
Tuias
(Thuja sp.)
Juníperos
(Juniperus sp.)
Ciprestes
(Cupressus sp.)
Podocarpos
(Podocarpus sp.)
Samaúma, Paineiras
(Ceiba sp.)
Terebintina
Terebintina
Terebintina
Terebintina
Terebintina
Fibras e sementes
inflamáveis
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
360
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Alicia Raffo, 2010; ASPCA (American Society for the Prevention of Cruelty to
Animals); PIER (Pacific Island Ecosystems at Risk); Andando com Formigas:
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,
2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,
L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.
361
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Tabela 14: Árvores com raízes superficiais (pequena e grande extensão)
Vegetação:
Abacateiro (Persea americana Mill.)
Aleluia (Senna multijuga (Rich.) H.S.Irwin & Barneby)
Amendoim Bravo (Pterogyne nitens Tul.)
Cadamba (Anthocephalus cadamba (Roxb.) Miq.)
Cajá Manga (Spondias dulcis Parkinson)
Cambará (Vochysia divergens Pohl)
Canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.) Taub.)
Canafístula de Besouro (Senna spectabilis (DC.) H.S.Irwin & Barneby)
Carolina (Adenanthera pavonina L.)
Cássia-rósea (Cassia grandis L.f.)
Chapéu de Sol (Terminalia catappa L.)
Cinamomo (Melia azedarach L.)
Espatódea (Spathodea campanulata P.Beauv.)
Flamboyant (Delonix regia (Hook.) Raf.)
Gamelina (Gmelina arborea Roxb.)
Guapuruvu (Schizolobium parahyba (Vell.) S.F.Blake)
Jambo Branco (Syzygium jambos (L.) Alston)
Jambo do Pará (Syzygium malaccense (L.) Merr. & L.M.Perry)
Jameloeiro (Syzygium cumini (L.) Skeels)
Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.)
Jatobá (Hymenaea courbaril L.)
Jatobá do Cerrado (Hymenaea stigonocarpa Hayne)
Jenipapo (Genipa americana L.)
Jenipapo de Cavalo (Tocoyena formosa (Cham. & Schltdl.) K.Schum.)
362
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Jequitibá (Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze)
Laranjeira (Citrus sinensis (L.) Osbeck)
Ligustro (Ligustrum lucidum W.T.Aiton)
Mangueira (Mangifera indica L.)
Munguba (Pachira aquatica Aubl.)
Murici Rosa (Byrsonima coccolobifolia Kunth)
Muxiba comprida (Erythroxylum tortuosum Mart.)
Orelha de Macaco (Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong)
Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna)
Pajeú (Triplaris gardneriana Wedd)
Pau de Balsa (Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb.)
Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam.)
Pau Mulato (Calycophyllum spruceanum (Benth.) Hook.f. ex K.Schum.)
Pau Santo (Kielmeyera coriacea Mart.)
Pau Terra (Qualea sp.)
Sombreiro (Clitoria fairchildiana R.A.Howard)
Tipuana (Tipuana tipu (Benth.) Kuntze)
Gêneros Ficus sp. e Clusia sp. normalmente são agressivos, com raízes
superficiais grandes: Figueiras, clúsias, Unhas de Gato, Gameleiras.
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; Andando com Formigas:
363
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; SILVA JR., 2005; SILVA JR., PEREIRA,
2009; Lorenzi, 2002; ________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________,
_________, Torres, M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C.,
2004.
364
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 15: Palmeiras e Árvores com frutos pesados
Vegetação:
Coqueiro (Cocos nucifera L.)
Abacateiro (Persea americana Mill.)
Jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam.)
Jenipapo (Genipa americana L.)
Mangueira (Mangifera indica L.)
Munguba (Pachira aquatica Aubl.)
Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna)
Flor de Abril (Dillenia indica L.)
Graviola (Annona muricata L.)
Mamoeiro (Carica papaya L.)
Castanha do Pará (Bertholletia excelsa Bonpl.)
Mogno Brasileiro (Swietenia macrophylla King)
Sapucaia (Lecythis pisonis Cambess)
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Plano Diretor de
Arborização de Goiânia, 2008; MASCARO, Juan Luis; MASCARO, Lucia Elvira
Alicia Raffo, 2010; Almeida, Martinez e Pinto, 2009; Andando com Formigas:
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Silva Jr., 2005; Silva Jr., Pereira,
365
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
2009; Secretaria De Meio Ambiente De São Paulo, S/D; Lorenzi, 2002;
________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres,
M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.
366
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Tabela 16: Árvores pioneiras e/ou de madeira frágil
Vegetação:
Lithraea molleoides Aroeira-brava
Schinus terebinthifolius Aroeira-mansa
Tapirira guianensis Peito-de-pomba
Annona cacans Araticum
Annona glabra Araticum-do-brejo
Peschiera fuchsiaefolia Leiteiro
Rauwolfia sellowii Casca-d’anta
Gochnatia polymorpha Cambará
Vernonia polyanthes Cambará-guaçu
Cybistax antisyphilitica Ipê-verde
Jacaranda macrantha Caroba
Jacaranda micrantha Caroba-miúda
Jacaranda puberula (Jacaranda semisserrata) Carobinha
Zeyheria tuberculosa Ipê-felpudo
Chorisia speciosa Paineira
Eriotheca candolleana Embiruçu-do-litoral
Eriotheca gracilipes Paineira-do-campo
Eriotheca pentaphylla Sapopemba
Pseudobombax grandiflorum Embiruçu-da-mata
Pseudobombax longiflorum Embiruçu-do-serrado
Cordia ecalyculata Café-de-bugre
Cordia sellowiana Chá-de-bugre
Cordia superba Babosa-branca
Patagonula americana Guaiuvira
Jacaratia spinosa (Jacaratia dodecaphylla) Jacaratiá
367
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Caryocar brasiliense Pequi
Cecropia hololeuca Embaúba-vermelha
Cecropia pachystachya Embaúba-branca
Alchornea glandulosa (Alchornea iricurana) Tanheiro
Croton floribundus Capixingui
Croton urucurana Sangra-d’água
Hyeronima alchorneoides Aracurana-da-serra
Mabea brasiliensis Canudo-de-pito
Mabea fistulifera Canudeiro
Pera glabrata Tamanqueira
Sapium glandulatum Pau-de-leite
Casearia sylvestris Guaçatonga
Bauhinia forficata Unha-de-vaca
Bauhinia holophylla Pata-de-vaca
Cassia ferruginea Cássia-fístula
Dimorphandra mollis Faveiro-doce
Peltophorum dubium (Peltophorum
vogelianum)
Canafístula
Pterogyne nitens Amendoim-do-campo
Schizolobium parahyba Guapuruvu
Senna macranthera Fedegoso
Senna multijuga Pau-cigarra
Acacia polyphylla Espinho-de-maricá
Albizia edwallii (Pithecellobium edwallii)
Albizia hasslerii Farinha-seca
Albizia polycephala Albizia
Anadenanthera colubrina Angico-branco
Anadenanthera falcata Angico-do-cerrado
368
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Anadenanthera macrocarpa Angico-vermelho
Enterolobium contortisiliquum Orelha-de-negro
Inga edulis Ingá-de-metro
Inga marginata Ingá-feijão
Inga uruguensis Ingá-quatro-quinas
Mimosa bimucronata (Mimosa sepiaria) Maricá
Mimosa scabrella Bracatinga
Parapiptadenia rigida (Anadenanthera rigida) Angico-da-mata
Piptadenia gonoacantha Pau-jacaré
Pithecellobium incuriale Chico-píres
Bowdichia virgilioides Sucupira-preta
Centrolobium tomentosum Araribá
Erythrina crista-galli Corticeira-do-banhado
Erythrina falcata Corticeira-da-serra
Erythrina speciosa Mulungu-do-litoral
Erythrina verna Suinã
Lonchocarpus campestris Embirinha
Lonchocarpus guilleminianus Embira-de-sapo
Lonchocarpus muehlbergianus Embira-de-sapo
Machaerium aculeatum Pau-de-angú
Machaerium nictitans Jacarandá-bico-de-pato
Machaerium stipitatum Sapuva
Machaerium villosum ( Machaerium lanatum) Jacarandá-paulista
Platycyamus regnelli Pau-pereira
Pterocarpus rohrii Aldrago
Lafoensia glyptocarpa Mirindiba-rosa
Lafoensia pacari Dedaleiro
Byrsonima verbascifolia Murici
369
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Miconia candolleana Jacatirão
Miconia ligustroides Jacatirão-do-brejo
Tibouchina mutabilis Manacá-da-serra
Tibouchina pulchra Manacá-da-serra
Cedrela fissilis Cedro-rosa
Cedrela odorata Cedro-do-brejo
Guarea guidonia Marinheiro
Chlorophora tinctoria (Maclura tinctoria) Taiúva
Ficus guaranitica Figueira-branca
Ficus insipida Figueira-do-brejo
Rapanea ferruginea Capororoca
Rapanea guianensis Capororoca
Rapanea umbellata Capororoca
Psidium cattleianum (Psidium littorale) Araçá-da-praia
Gallesia integrifolia (Gallesia gorazema) Pau-d’alho
Phytolacca dioica Cebolão
Seguieria langsdorffi Agulheiro
Rhamnidium elaeocarpum Saguaragi-amarelo
Prunus myrtifolia (Prunus sellowii) Pessegueiro-bravo
Dictyoloma vandellianum Tingui-preto
Helietta apiculata Canela-de-veado
Zanthoxylum rhoifolium Mamica-de-cadela
Zanthoxylum riedelianum Mamica-de-porca
Allophylus edulis Chal-chal
Diatenopteryx sorbifolia Correeiro
Acnistus arborescens Marianeira
Solanum granuloso-leprosum Gravitinga
Guazuma ulmifolia Mutambo
370
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Heliocarpus americanus Jangada-brava
Luehea divaricata Açoita-cavalo-miúdo
Luehea grandiflora Açoita-cavalo
Trema micrantha Crindeúva
Aegiphila sellowiana Tamanqueiro
Aloysia virgata Cambará-de-lixa
Cytharexyllum myrianthum Pau-viola
As coníferas em geral (CUPRESSACEAE,
ARAUCARIACEAE, PINACEAE, etc.)
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; Instituto Brasileiro de
Florestas: http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; SILVA JR., 2005; SILVA JR., PEREIRA,
2009; SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DE SÃO PAULO, s/d; Lorenzi, 2002;
________, Souza, 2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres,
M.A.V. & Bacher, L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.
371
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Tabela 17: Plantas dotadas de espinhos/acúleos
Vegetação:
Palmeiras:
Palmeira Fênix (Phoenix roebelenii O’Brien)
Palmeira Macaúba (Acrocomia aculeata a (Jacq.) Lodd. ex Mart.)
Palmeira Pupunha (Bactris gasipaes Kunth)
Palmeira Ráfia (Raphia farinifera (Gaertn.) Hyl.)
Tamareira das Canárias (Phoenix canariensis Chabaud)
Gênero Phoenix sp. em geral
Palmeira Tucumã (Astrocaryum vulgare Mart)
Palmeira Washingtônia (Washingtonia Robusta H.Wendl.)
Palmeira Washingtônia de Saia (Washingtonia filifera (Linden ex André)
H.Wendl. ex de Bary)
Palmeira Homem Velho (Coccothrinax crinita (Griseb. & H.Wendl. ex
C.H.Wright) Becc.)
Arbustos:
Coroa de Cristo (Euphorbia milii Des Moul.)
Iucas (Yucca sp.) em geral
Rosa (Rosa x grandiflora hort.)
Minirosa (Rosa x chinensis Jacq.)
Ora-pro-nobis (Pereskia grandifolia Haw.)
Marmelo-japonês (Chaenomeles speciosa (Sweet) Nakai)
Palo-verde (Parkinsonia aculeata L.)
Espinho-de-fogo (Pyracantha coccínea M.Roem)
Primavera (Bougainvillea sp.)
Árvores:
Mulungus, Eritrinas (Erythrina sp.)
372
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.)
Acácia (Acacia farnesiana (L.) Willd.)
Laranjeira (Citrus sinensis (L.) Osbeck)
Mamica de Porca (Zanthoxylum rhoifolium Lam.)
Paineira (Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna)
Pau-Brasil (Caesalpinia echinata Lam.)
Outras:
Aloes, babosas (Aloe sp.) em geral
Abacaxi (Ananas comosus (L.))
Agaves (Agave sp.) em geral
Furcréias (Furcraea sp.) em geral
Sagu de Espinho (Encephalartos ferox G.Bertol.)
Membros da família CACTACEAE em geral
Essa listagem é uma primeira referência, devendo o usuário (ao projetar ou
plantar) se ater as especificidades destas como de outras plantas não
listadas.
Fonte: Banco de dados do autor; Lorenzi, Souza, 2012; MASCARO, Juan Luis;
MASCARO, Lucia Elvira Alicia Raffo, 2010; Andando com Formigas:
http://andandocomformigas. blogspot.com.br/; Paisagismo Digital: http://
www.paisagismodigital.com/port/; Jardineiro. net:
http://www.jardineiro.net/; Instituto Brasileiro de Florestas:
http://www.ibflorestas.org.br/: Embrapa Florestas:
http://www.cnpf.embrapa. br/index.htm; Lorenzi, 2002; ________, Souza,
2012; ________, _________, 2001; ________, _________, Torres, M.A.V. & Bacher,
L.B, 2003; Lorenzi, Souza, H.M., J.T., L.S.C., 2004.
373
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
A.1. O gênero Ficus sp.:
Visto os três modos de agressão física vegetal é
importante fazer um adentro quanto ao gênero Ficus sp., de
uso extensivo nas cidades, principalmente como muro, por
estar em um patamar mais alto de agressão (Figura a).
As árvores e trepadeiras desse gênero são
extremamente competitivas, vigorosas e as mais comuns no
meio urbano vem de zonas tropicais com muita chuva
(LORENZI, SOUZA, 2012, p.324). Estão adaptadas a muita
pluviosidade e suas raízes buscam água e nutrientes de forma
intensa.
Apesar da maior parte de suas espécies serem
formadas por elementos de grande porte, são tratadas como
arbustos, sendo comumente topeadas e restringidas a
pequenas alturas para servirem de barreiras nas urbes devido
ao seu rápido crescimento.
Pensando se tratar de qualquer planta ou que o
sistema radicular não crescerá, pela poda constante dos
galhos, os usuários deste tipo de vegetação estão se
enganando, trazendo riscos não só para eles, como para
toda a cidade.
374
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Primeiramente, as raízes dessas plantas podadas
crescem no mesmo ritmo das completas (pensem em uma
árvore de 30 metros de altura e copa sempre podada, se
restringindo a 2,5 metros de altura acima do solo. Mesmo
assim ela poderá chegar aos 30 metros abaixo do substrato)
(MACHADO, 2008), podendo um “arbusto” estar desnivelando
uma extensa faixa de calçada ou até algumas edificações
distantes.
Figura a – Figueira de jardim (Ficus auriculata Lour.) – Rua Ap 3, Bairro
Aruanã 3, Goiânia, Goiás, Brasil. Foto: autor.
375
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
Além do que pode ser visto pela ação raízes tabulares,
parte do desenvolvimento fica escondido no solo e só aflora
mais tarde. Em várias situações, com a proximidade das
manilhas de esgoto e água, tais espécies podem perfurá-las e
continuar crescendo, como comenta este senhor:
Eu tive a infeliz ideia de plantar um Ficus no meu rancho,
bem perto do banheiro. Ai começou a estourar toda as calçadas
em volta da construção e as raízes começaram a sair pelo vaso
sanitário (comentário de Nilton C. Lucílio em 29 de julho de 2010 a
matéria ‘Ficus benjamina: ele é um perigo!’ do blog Ana Vilhana).
São comuns nas urbes brasileiras as figueiras Ficus
benjamina L. e Ficus elastica Roxb. ex Hornem. (Figura b),
como a trepadeira unha de gato (Ficus pumila L.), usada
para esconder muros. Esta última, segundo Franco (2011),
além da agressão perceptível, também se adere ao substrato
que se encontra (parede, muro, pilar, etc) disfarçadamente,
expandindo-se. Isso tende a afetar a estrutura e criar ocos,
formando fissuras leves sem maiores danos ou com retirada de
material estrutural, tornando possível o colapso daquele
elemento (riscos de acidentes e mortes).
376
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Figura b – Figueira (Ficus elastica Roxb. ex Hornem.) – SQN 705, Brasília,
Distrito Federal, Brasil. Foto: autor.
No exterior, são mais conhecidos os exemplos que
surgem espontaneamente, com árvores literalmente
devorando antigos templos budistas. Como descreve Alves et
al. (s/d), no Sudeste Asiático é comum vermos figueiras
sagradas (Ficus religiosa L.) crescendo em cima de
construções antigas e ruínas (Figura c). Lá elas são veneradas,
mas no resto do mundo, exóticas ou não, tornam-se um
377
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
estorvo destrutivo, por mais belo que seja o evento e a sua
completitude, danificando patrimônios.
Figura c – Templo no Camboja. Foto:
http://i.ytimg.com/vi/ZbtLFSXkmog/0.jpg.
Assim, nas cidades, a precaução gira em torno de não
plantar tais espécies ou tornar possível sua convivência em
meio urbano, afastando-as de canalizações, edificações,
outras plantas e pavimentos e fazendo a manutenção
periódica com podas e extrações, pois os Ficus sp. estão
378
Matheus Maramaldo Andrade Silva
próximos da exagerada descrição dos baobás de Saint-
Exupéry (2000, p. 23):
Ora, havia sementes terríveis no planeta do pequeno
príncipe: as sementes de baobá... O solo do planeta estava
infestado. E quando não se descobre que aquela plantinha é um
baobá, nunca mais a gente consegue se livrar dele, pois suas raízes
penetram o planeta todo, atravancando-o.
glossário
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
381
Acúleo – Similar aos espinhos, mas se tratando de uma estrutura exógena
perfurante não ligada ao sistema vascular da planta. Ou seja, quando se
rompe, não deteriora a planta.
Adubação, recomposição física e química – Parte da manutenção das
plantas, a qual se dá nutrientes as plantas, em uma recomposição orgânica
e física (N, P, K).
Aeração do solo – Parte da manutenção das plantas, a qual se ara ou infla
o solo, para aumentar sua porosidade.
Agressão direta – Deterioração física dos elementos construídos e de outras
plantas ocasionada diretamente pelo crescimento da vegetação (raízes,
troncos, galhos, etc).
Agressão indireta – Elevação dos riscos de incidentes ocasionadas pelos
frutos, baixa resistência, pioneirismo, e pragas/fortes ações naturais sobre as
plantas, como as potenciais agressões aos transeuntes (espinheiros) e as
barreiras visuais e concretas erguidas pela vegetação.
Agressão de movimento – Trata de todas as ações nocivas de origem física
ocasionadas pela vegetação em deslocamento ágil (o que exclui o próprio
crescimento) devido aos seus próprios elementos constituintes ou sua
própria natureza (o que exclui pragas, vento e cortes).
Agressão horizontal – Trata de todas as ações nocivas de origem física
ocasionadas pela vegetação no plano do piso, subterrâneas ou com
pouca altura (até 1 metro), estando principalmente relacionadas as raízes e
as bases dos caules.
Agressão vertical – Trata de todas as ações nocivas de origem física
ocasionadas pela vegetação em alturas superiores a 1 metro, estando
382
Matheus Maramaldo Andrade Silva
principalmente relacionadas aos galhos e folhas, como ao crescimento em
planos verticais (paredes, muros, pilares).
Amensalismo – Relação trófica que promove a inibição por parte de uma
planta, através de substâncias liberadas por ela, do crescimento e
surgimento de outras plantas (no caso da vegetação).
Angiospermas – Todas as plantas que estão dentro da Divisão
Angiospermae. São as plantas que produzem flores.
Aquáticas – Plantas adaptadas a superfícies alagadas e a leitos aquáticos.
Arbustos – Plantas de caule sublenhoso a lenhoso, com muitas ramificações
na base. Normalmente não superam 5 metros de altura.
Áreas arborizadas – Áreas dotadas de árvores.
Áreas arborizadas informais – Locais públicos, projetados ou não, que não
são propriamente parques, terrenos baldios ou vagos, e nos quais se pode
encontrar árvores, arbustos e forrações.
Áreas Verdes – Podendo ter várias definições, umas mais abrangentes e
outras mais fechadas. A mais comum é a de espaço livres dotados de
vegetação.
Áreas com verdes de domínio público - Áreas dotadas de vegetação
qualificadas como espaços livres públicos.
Áreas verdes de domínio público - Áreas dotadas de vegetação em que a
mesma tem uma função social (o que excluí canteiros de avenidas e
árvores de calçadas) qualificadas como espaços livres públicos.
Árvores – Plantas de caule lenhoso, pouco ou não ramificadas na base.
Normalmente superam 5 metros de altura.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
383
Aspectos fitopatológicos Ambiental Sanitários – Aspectos que envolvem a
perturbação do cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, no
âmbito ambiental e/ou sanitário.
Aspectos fitopatológicos Físico – Aspectos que envolvem a perturbação do
cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, no âmbito físico.
Aspectos fitopatológicos Psicosociológicos – Aspectos que envolvem a
perturbação do cotidiano urbano, tendo como agente a vegetação, nos
âmbitos psicológico e/ou sociológico.
Autótrofas – Seres vivos que produzem seu próprio alimento.
Barreira – Todo aquele elemento que obstrui ou impede uma ação.
Barreira Física – Todo aquele elemento concreto que obstrui ou impede
uma ação.
Barreira Visual – Todo aquele elemento que obstrui ou impede uma ação
visual.
Bioclimatismo – Estudos relacionados a aspectos ambientais, como
confortos térmico, sonoro e luminoso.
Brejeiras – Planta adaptada a superfícies alagadas, como pântanos.
Briófitas – Todas as plantas que estão dentro das Divisões Bryophyta,
Marchantiophyta e Anthocerotophyta. Podem ser resumidas só a musgos
também.
Caduca ou caducifólia – Planta que deixa, em algum momento do ano,
todas as folhas caírem. Igual a Decídua.
Calagem – Parte da manutenção das plantas, a qual se melhora a acidez
do solo com uso de cal.
384
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Calçadas – Passeios para pedestres feitos de materiais resistentes ao
trânsito. Estão inseridos em uma parcela das vias ou são a própria via.
Canteiros – Espaços vegetados ou não centrais ou que margeiam vias,
dividindo-as, embelezando-as ou protegendo outras escalas de trânsito.
Caule – Estrutura de suporte, onde estão as principais redes vasculares
(floema e xilema). Se estendem até as folhas, podem fazer fotossíntese e
podem ser de vários formatos e estar aéreos (haste, tronco, estipe,
prostrados, lianas, etc) ou subterrâneos (tubérculo, bulbo, xilopódio).
Cerca viva – Muramento de qualquer tamanho erguido através de plantas.
Cerrado – Bioma do Centro brasileiro similar as savanas africanas.
Ciclovias – Vias de trânsito exclusivo de ciclistas.
Clímax – Plantas de crescimento tardio na sucessão ecológica.
Competição – Relação trófica em que as plantas brigam entre si por
espaço, nutriente e luz (no caso da vegetação).
Coníferas – Englobam a Divisão Gminospermae, mas normalmente se
restringem no discurso aos pinheiros, ciprestes, cedros e tuias.
Conservação – Preservação e cuidados com a vegetação.
Copa – Parte mais alta das plantas arbóreas e arbustivas, onde está a
galharia e as folhas normalmente.
Corrosão – Destruição de tecidos e materiais por conta de ácidos e álcalis
presentes em secreções das plantas.
Decídua– Planta que deixa, em algum momento do ano, todas as folhas
caírem. Igual a Caduca ou caducifólia.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
385
Divisão – Segunda categoria na classificação botânica (caso se esteja
começando pelo Reino). Representada por Angiospermae e
Gminospermae, por exemplo.
Dossel – Copas se entrelaçando.
Entorpecente – Tóxico alucinógeno, de ação direta no sistema nervoso.
Epífitas – Plantas adaptadas a ficarem em suportes acima da terra, como
em cima de árvores e palmeiras.
Erva daninha – Plantas rústicas, altamente propagativas, invasoras que
podem liberar substâncias nocivas as plantas próximas ou serem muito
agressivas na absorção dos nutrientes.
Espaços Livres – Espaços não edificados urbanos.
Espaços Livres Privados – Espaços não edificados urbanos de uso exclusivo.
Espaços Livres Semi-Privados – Espaços não edificados urbanos de uso
aparentemente público ou que aceitam muitos usuários. Igual a Espaços
Livres Semi-Públicos.
Espaços Livres Semi-Públicos – Espaços não edificados urbanos de uso
aparentemente público ou que aceitam muitos usuários. Igual a Espaços
Livres Semi-Privados.
Espaços Livres Públicos – Espaços não edificados urbanos de uso total, por
parte de qualquer usuário sem restrição.
Espaços Verdes - Podendo ter várias definições, umas mais abrangentes e
outras mais fechadas. A mais comum é a de espaço livres dotados de
vegetação em que a mesma tem uma função social (o que excluí
canteiros de avenidas e árvores de calçadas).
386
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Espécie – Última categoria na classificação botânica (caso se esteja
começando pelo Reino). Representada por Ficus sp. e Aloe sp., por
exemplo.
Espinho – Se tratando de uma estrutura endógena perfurante ligada ao
sistema vascular da planta. Quando se rompe, deteriora a planta.
Espontaneidade – Surgimento natural, sem intervenção antrópica.
Estacionamentos – Espaços onde se param por períodos longos automóveis.
Estipe– Tipo de caule aéreo. É o caule das palmeiras.
Estrato – Porte e tipo de vegetação (arbóreas, arbustivas, herbácea, etc.
Exóticas – Plantas que não são daquele bioma ou daquele país.
Família – Quinta categoria na classificação botânica (caso se esteja
começando pelo Reino). Representada por Asparagaceae e Cycadaceae,
por exemplo.
Fitopatologia – O termo botânico se refere a doenças, deformações e
outros problemas que ocorrem nas plantas. Neste texto, foi invertido seu
sentido e é empregado como: plantas causando malefícios a cidade.
Flor – Estrutura de reprodução das angiospermas. Pode ser simples ou
composta (inflorescências), de diversas cores e tamanhos, ter brácteas,
sépalas, pétalas, anteras, estigmas, ovários, estames e filetes, dentre outras
estruturas secundárias.
Folha – Estrutura que normalmente é a responsável direta pela fotossíntese
das plantas. Tem diversos formatos e também pode ter diversas cores.
Dotada ou não de nervuras, bainha e estípula.
Forrações – Plantas de caule herbáceo e pouco visível, bastante
ramificadas na base. Normalmente não superam 50 centímetros de altura.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
387
Fruto – Estrutura que protege as sementes das angiospermas. É o resultado
final da reprodução e possui endocarpo, mesocarpo e exocarpo. Podem
ser comestíveis.
Galho – Parte de caules lenhosos ou sublenhosos que se ligam as folhas.
Gênero – Penúltima categoria na classificação botânica (caso se esteja
começando pelo Reino). Representada por Agave e Hibiscus, por exemplo.
Gimnospermas – Todas as plantas que estão dentro da Divisão
Gminospermae. São as plantas que já produzem sementes, mas ainda não
tem flores.
Gola – Elemento preso as calçadas que protege a vegetação e o
pavimento, como cria um respiro para receber nutrientes.
Gramados públicos – São áreas públicas projetadas compostas somente
por gramíneas pisoteáveis e ervas daninhas – raras árvores ou arbustos.
Gramas – Plantas de caule herbáceo e pouco visível, bastante ramificadas
na base. Pertencem necessariamente a Família Poaceae e tem resistência
ao pisoteio. Normalmente não superam 50 centímetros de altura. Com
menos restrição, englobam também capins de outras famílias e alturas não
pisoteáveis.
Heliófilas – Plantas adaptadas ao regime de sol mais contínuo.
Hemiparasitas – Plantas parasitárias que sugam uma parcela dos nutrientes
que necessitam da planta parasitadas, mas fazem fotossíntese.
Herbáceas – Plantas de caule herbáceo e normalmente mais visível, não
necessariamente ramificadas na base. Normalmente não superam 1,5
metros de altura.
Herbáceo – Tipo de caule com pouca lignina e bem moldável.
388
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Impedimento – Quando não é possível o movimento de um local para o
outro.
Invasoras – Plantas normalmente rústicas que se estabelecem facilmente
em locais onde não foram destinadas a estar.
Jardim Árido – Tipo de jardim elaborado a partir de plantas adaptadas a
estiagens ou sem planta alguma.
Jardins coletivos – Áreas ajardinadas públicas com pouco índice de
impermeabilização não associadas a espaços definidos ou vias.
Látex – Secreção de algumas plantas semelhante ao leite. Um tipo de látex
é a base da borracha e a maioria é fortemente venenoso e corrosivo.
Leitos aquáticos – Rios, córregos, açudes, lagos, lagoas e riachos.
Lenhoso – Tipo de caule com muita lignina e bem rígido.
Lianas – Ver Trepadeiras.
Manutenção – Cuidados com a vegetação, como podas e regas.
Mapa de dano – Normalmente associados ao patrimônio ou a investidas de
reforma. É uma graficação que expõe a localização de pontos danificados
de alguma obra.
Nativas – Plantas inseridas no mesmo país ou bioma que são originárias.
Nome científico – Termo de identificação dos seres vivos na literatura
científica. É preciso. Na Botânica, possui gênero com primeira letra
maiúscula e epíteto específico todo em letras minúsculas. Está em destaque
em qualquer frase, ex: Ficus benjamina.
Obstrução – Quando é possível o movimento de um local para o outro, mas
com algum tipo de dificuldade.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
389
Ócrea – Estruturas de algumas plantas que são pequenos buracos, os quais
alguns animais, como formigas, podem se abrigar.
Ombrófilas – Plantas adaptadas ao regime de chuvas mais contínuo.
Orlas – Mais do que uma margem ou transição entre oceanos, rios, lagos,
lagoas e o continente, são áreas nas quais há intervenção antrópica e que
possuem as funções de lazer, esportes, descanso, contemplação e
ecológica.
Paisagismo – Estudo dentro da Arquitetura, que analisa e projeta todo o
âmbito das paisagens.
Paisagista – Aquele que trabalha com o paisagismo.
Palmeiras – Plantas de estipe simples ou múltipla coroadas por folhas em seu
ápice. Normalmente produzem inflorescências em formato de cacho e tem
folhas pinadas ou costapalmadas.
Parasitas – Entes que promovem o parasitismo. Podem ser fungos, insetos,
outras plantas, por exemplo.
Parasitismo - Relação trófica em que uma planta ou outro tipo de praga
suga nutrientes e água da planta parasitada. Não fazem fotossíntese (no
caso da vegetação).
Parques – É um espaço livre, dotado de vegetação normalmente, com
funções amplas, desde a ecológica até a de lazer e estética. São grandes
(mais de 2 quarteirões) em sua maioria.
Passeios – Onde o pedestre circula. Pode ser uma calçada ou parte de um
parque ou uma praça.
Patologia – Estudo de sintomas de doenças ou o próprio caso danoso.
390
Matheus Maramaldo Andrade Silva
Pioneira – Plantas que estão no início da sucessão ecológica. São
normalmente frágeis e esguias.
Pisos vegetais – Normalmente compostos por gramas, são plantas mais
resistentes ao pisoteio e de pouca altura, menor que 50 centímetros.
Planejamento Vegetal – Estudos e planos da implantação da vegetação
nas cidades.
Plano de Arborização Urbana – Projeto e metas de implantação de árvores
em cidades.
Plano Diretor – Instrumento de planejamento urbano. É comum delimitar
áreas, impor regras e trazer princípios e recomendações para a evolução
da cidade.
Plantas (desambiguação: planta de forma, planta topográfica, planta
arquitetônica, etc, são desenhos em vista aérea) – As plantas são todos os
seres vivos que reúnem todas estas características: fazem fotossíntese,
contém clorofila a e b, armazenam amido e possuem parede celular de
celulose.
Plantas atípicas – Plantas que não se encaixam exatamente em outras
categorias. São por exemplo cactos, agaves, samambaias, cicas, etc.
Poda – Parte da manutenção das plantas, a qual se faz cortes na planta.
Pólen – Estrutura diminuta que está relacionada a reprodução vegetal. Ao
encontrar o ovário, poliniza-o e daí começa o surgimento das sementes e
frutos.
Praças – São espaços públicos os quais são desempenhados diversos usos,
desde lazer a contemplação. Essas áreas são facilmente mutáveis e
possuem representatividade alterada tanto pelas edificações próximas
quanto pelo simbolismo próprio.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
391
Praga – Ser vivo que parasita, inibe ou preda (em um processo diferente da
caça) outro ser vivo.
Pteridófitas – Todas as plantas que estão dentro das Divisões Lycophyta e
Monilophyta. Podem ser resumidas só a samambaias também.
Queimadura – Efeito ocasionado pela corrosão ou irritação do tecido. Pode
ser leve a mais grave.
Raiz – Estrutura de suporte normalmente subterrâneo, onde são obtidos
água e nutrientes do solo. Podem ser de vários formatos e estar aéreos
(tabulares, fulcréias, pneumatóforos, etc) ou subterrâneos (tuberosas,
comuns, etc), fasciculadas ou pivotantes.
Raiz tabular – Ou sapopemas, são raiz superficiais, ex: raiz das figueiras.
Rega – Parte da manutenção das plantas, a qual se dá água as plantas.
Reino – Primeira categoria na classificação botânica (caso se esteja
começando pelo Reino). Representada por Plantae e Monera, por
exemplo.
Relação Trófica – Relações estabelecidas entre os seres vivos, podendo ser
amistosas (ex.: simbiose) ou competitivas (ex.: parasitismo).
Saprófitas - Plantas que dependem de matéria orgânica do solo ou de cima
do seu suporte para sobreviver, fazendo pouca ou nenhuma fotossíntese –
não invadem os canais das plantas próximas.
Secreção – Todo o líquido, seiva ou pasta que pode ser expelido pelas
plantas.
Secundárias – Plantas que surgem depois das pioneiras ou que crescem
depois das pioneiras.
Segregação – Aquilo que separa.
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Matheus Maramaldo Andrade Silva
Seiva – Secreção de algumas plantas, normalmente branca e venenosa. Há
outros tipos de seiva usadas na alimentação.
Subarbustos – Plantas de caule sublenhoso na base e herbáceo no restante,
com muitas ramificações na base. Normalmente não superam 1,5 metros
de altura.
Sublenhoso – Tipo de caule com mediana quantidade de lignina e
medianamente rígido.
Substrato – Igual a Suporte, pode ser a terra ou uma parede. Também pode
ser específico ao tipo de terra.
Sucessão ecológica – Processo de evolução da vegetação em ambientes
naturais.
Suporte – Onde se apoia.
Topoceptivo – Estudo de atributos da arquitetura captáveis essencialmente
pelo sentido da visão, para responder as questões: o lugar tem forte
identidade (HOLANDA, 2013).
Tóxico – Aquilo que envenena.
Toxinas – Igual a Veneno.
Trepadeiras – Plantas que avançam sobre seu suporte em busca de
nutrientes e luminosidade. Podem somente se apoiar, como podem
estrangular e sugar o suporte, caso vivo.
Tronco – Tipo de caule lenhoso ou sublenhoso. Pode ser ramificado na base.
É o caule das árvores e arbustos.
Umbrófilas– Plantas adaptadas ao regime de sombra mais contínuo.
Urticária – Irritação da pele que pode gerar coceira ou queimaduras. Tem
graus leves ou mais graves.
verde patológico
a vegetação no processo de degradação da cidade
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Vazios Urbanos – Onde não há uso na cidade, como lotes ainda não
ocupados.
Vegetação – Conjunto de plantas que povoam uma área determinada
(MICHAELIS: moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo-SP: Editora
Melhoramentos, 1998).
Veneno – Toxina que pode estar presente em plantas, animais e minerais.
Verde – Além da cor, pode denominar elementos e ações sustentáveis
ambientalmente (economia de energia, carros menos poluidores, etc) ou
ser sinônimo de vegetação.
Vias – Por onde se circula. Pode ter o sentido de ser avenida ou rua,
tratando do trânsito de automóveis.
Vias de trânsito de automóveis – Por onde circulam automóveis. Podem ser
ruas, avenidas, corredores expressos.
Xerófitas – Plantas adaptadas ao regime de chuvas menos contínuo.