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PERFIL / transição 68 caesegatos.com.br O médico-veterinário Mário Eduardo Pul- ga, de 61 anos, sempre foi inspirado pelas criações de animais do avô. Resistindo à pressão do pai e do irmão, para que cur- sasse Medicina, Pulga prestou vestibular para a Medicina Veterinária uma única vez e passou. Em 1974 começou a cursar a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP, São Paulo/SP). “No mesmo ano em que me formei (1979), tive três importantes oportunidades de trabalho: estruturar uma fazenda em Goiás; voltar para minha região de origem como funcionário de uma cooperativa no Vale do Paraíba ou ser candidato no pro- cesso seletivo da Bayer Saúde Animal (São Paulo/SP)”, recorda e conta que optou pela última depois de assistir uma palestra de um médico-veterinário da Bayer, que fez um seminário na faculdade sobre um produto inovador no mercado de gado de corte. 68 caesegatos.com.br PERFIL / transição 68 caesegatos.com.br Foto: Divulgação As duas faces traduzem a personalidade de Mário Eduardo Pulga Veterinário ou associativista? MARIANA CAVALCANTI, DA REDAÇÃO [email protected] OS DOIS

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Page 1: Veterinário ou associativista? Os dOis · 2015-09-03 · “No mesmo ano em que me formei (1979), tive três importantes oportunidades ... fazenda em Avaré (SP), e fui o responsável

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O médico-veterinário Mário Eduardo Pul-ga, de 61 anos, sempre foi inspirado pelas criações de animais do avô. Resistindo à pressão do pai e do irmão, para que cur-sasse Medicina, Pulga prestou vestibular para a Medicina Veterinária uma única vez e passou. Em 1974 começou a cursar a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP, São Paulo/SP).

“No mesmo ano em que me formei (1979), tive três importantes oportunidades de trabalho: estruturar uma fazenda em Goiás; voltar para minha região de origem como funcionário de uma cooperativa no Vale do Paraíba ou ser candidato no pro-cesso seletivo da Bayer Saúde Animal (São Paulo/SP)”, recorda e conta que optou pela última depois de assistir uma palestra de um médico-veterinário da Bayer, que fez um seminário na faculdade sobre um produto inovador no mercado de gado de corte.

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As duas faces traduzem a personalidade de Mário Eduardo Pulga

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› Mariana CavalCanti, da redaçã[email protected]

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Contratado para trabalhar no setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), em um grande projeto da empresa para as regiões tropicais, que foi um novo car-rapaticida para o gado. “Assim comecei a minha carreira na empresa, onde fiquei por 32 anos”, frisa com orgulho.

A partir daí, segundo ele, teve a opor-tunidade de realizar testes clínicos exigidos para o registro de novos produtos da em-presa no Brasil, sendo assim, ficava saben-do das novidades antes delas chegarem no mercado. “Em 1983 a Bayer comprou uma fazenda em Avaré (SP), e fui o responsável por coordenar, durante três anos, a implan-tação da fazenda experimental da empresa. Por conta disso, tive a oportunidade de conhecer outra fazenda experimental que a Bayer já tinha na Austrália”, conta.

Com a experiência adquirida, em 1986 Pulga foi convidado a ser chefe do Setor Técnico da matriz da empresa, passando pelos cargos de Responsável Técnico e de chefe do Setor de Assuntos Regulatórios. “Aprendi muito nesta época, pois mon-tava todo o dossiê de apresentação dos novos produtos a ser sustentado diante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF)”, relata e complementa: “Também tive a oportuni-dade de auxiliar a empresa na implantação de dois projetos pioneiros, o serviço de teleatendimento veterinário e do serviço de farmacovigilância da Bayer Saúde Animal. Antes de me aposentar, ainda exerci o cargo de gerente de Relações Institucionais”.

A entrada no associativismo começou ainda quando Pulga trabalhava na Bayer. Ele explica que foi o representante da em-presa no Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan, São Paulo/SP), atuando como Presidente de diversas comissões, uma delas destinada à Febre Aftosa. Como consequência, ele ocupou o cargo de vice-presidente para assuntos relacionados à Aftosa desse mes-mo sindicato por dois anos.

Ainda nos 1980, participou de diversas gestões da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária (SPMV, São Paulo/SP), como presidente da Comissão Científica e como conselheiro consultivo. Mais recentemen-te, atuou como conselheiro da Fundação da Faculdade de Medicina Veterinária da USP (FUMVET) e, atualmente, compõe o corpo de conselheiros da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Nas gestões 2006-2009 e 2009-2012 atuou como tesoureiro do Conselho Regional de Medicina Vete-rinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP, São Paulo/SP), após ser indicado como representante da indústria de produtos médicos-veterinários. E na gestão 2012-2015, ocupou o cargo de vice-presidente

do Conselho. Agora, ele ocupa a cadeira de presidente do CRMV-SP.

“Sempre gostei de me envolver com diversas atividades relacionadas a profissão, faz parte da minha personalidade. Acredito, e esse é o lema da minha administração no CR-MV-SP, que nossas profissões terão a grandeza que dermos a elas. Este desafio é de cada um de nós e o associativismo nada mais é do que trabalhar todos os dias em prol da valorização profissional”, sublinha o presidente.

A nova empreitada é encarada, antes de tudo, com responsabilidade, de acordo com Pulga. “Ser o presidente do maior Conselho Regional de Medicina Veteri-nária do Brasil é uma enorme honra e um grande desafio. Pessoalmente, penso em devolver, juntamente com os demais membros da chapa, um trabalho digno da confiança que nos depositaram, bem como retribuir para a profissão um pouco do muito que ela me proporcionou”, comenta.

Segundo ele, a Medicina Veterinária passa por um momento de muita visibilida-de perante a sociedade e a classe veterinária precisa mostrar que está apta a responder as demandas que a sociedade possui. “Com a ascensão do mercado pet, o animal de estimação passou a ser um membro da família e isso aumenta as responsabilidades dos colegas com relação à saúde pública e ao bem-estar animal. Nesse sentido, temos que incrementar a principal responsabi-lidade de um Conselho de classe, com a contratação de mais fiscais, além do forta-lecimento das associações regionais. Tam-bém precisamos nos posicionar melhor, divulgar o papel do médico-veterinário e do zootecnista na sociedade, mostrando suas competências, investindo em marketing e comunicação estratégica, destacando a importância desses profissionais nos mais variados aspectos, como saúde animal, saúde pública, Medicina Veterinária pre-ventiva, produção de alimentos, proteção ambiental e sustentabilidade”.

O presidente ainda cita os processos internos do Conselho que precisam ser melhorados, a fim de evitar a burocracia, o retrabalho e a ociosidade. “Precisamos ser mais ágeis, responder com mais qualidade e presteza, e enxergar as necessidades dos colegas. Já estamos tomando medidas inter-nas para sanar as dificuldades relacionadas a esses pontos que merecem melhorias”.

Mas Pulga não para por aí. “Ainda tenho muitos sonhos. Um deles é deixar um legado de trabalho, transparência e ética, aposentan-do de vez aquela velha imagem de Conselho que só cobra, que é distante. Isso já ficou em parte para trás, mas é evidente que ainda existem melhorias a serem implementadas, como a reforma da atual sede e a organização dos processos internos”, encerra. ◘

Acredito que nossAs profissões terão A grAndezA que dermos A elAs. este desAfio é de cAdA um de nós e o AssociAtivismo nAdA mAis é do que trAbAlhAr todos os diAs em prol da valorização profissional