vimalakirti nirdesa sutra_português

135
Vimalakirti Nirdesa Sutra Tradução da versão inglesa de Robert A. F. Thurman Conteúdo 1. Purificação do campo-Buddha 2. Inconcebível Habilidade na Técnica de Libertação 3. A relutância dos discípulos em visitar Vimalakirti 4. A relutância dos Bodhisattvas 5. A consolação do doente 6. A libertação inconcebível 7. A deusa 8. A família dos Tathagatas 9. A porta do Dharma da não dualidade

Upload: pauloifsc

Post on 27-Dec-2015

34 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Vimalakirti Nirdesa Sutra

Tradução da versão inglesa de Robert A. F. Thurman

Conteúdo

1. Purificação do campo-Buddha

2. Inconcebível Habilidade na Técnica de Libertação

3. A relutância dos discípulos em visitar Vimalakirti

4. A relutância dos Bodhisattvas

5. A consolação do doente

6. A libertação inconcebível

7. A deusa

8. A família dos Tathagatas

9. A porta do Dharma da não dualidade

10. O banquete trazido pela encarnação emanada

11. Lição do destrutível e do indestrutível

12. Visão do Universo Abhirati e do Tathagata Aksobhya

Epílogo

1. Purificação do campo-Buddha

Reverencia a todos os Buddhas, Bodhisattvas, Aryasravakas, ePratyekabuddhas, do passado, presente e futuro.

Assim eu ouvi:

Uma vez o Senhor Buddha estava residindo no jardim de Amrapali, nacidade de Vaisali, acompanhado por uma grande assembleia de Bhikkusque eram oito mil, todos santos. Eles estavam livres das impurezas dasaflições, e todos tinham alcançado a auto maestria. Suas mentes estavamcompletamente libertas pelo conhecimento perfeito. Eram calmos e dignos,como elefantes reais. Tinham completado o seu trabalho, feito o quedeviam fazer, expulso os seus fardos, alcançado os seus objectivos, edestruído totalmente as amarras da existência. Todos eles tinhamalcançado a perfeição suprema, nas formas do controle da mente.

Os bodhisattvas eram 32.000, grandes heróis espirituais que foramaclamados universalmente. Eles eram dedicados através da actividadepenetrante dos seus grandes super conhecimentos, e eram apoiados pelagraça do Buddha. Guardiães da cidade do Dharma, eles apoiavam averdadeira doutrina, e os grandes ensinamentos ecoavam como o rugidodo leão através das dez direcções.

Sem ter que lhes pedir, eles eram os benfeitores naturais de todos os seresvivos. Mantinham sem interrupção a sucessão das Três Jóias,conquistando os demónios e os inimigos e vencendo todas as críticas.

Suas capacidades mentais, inteligência, realização, meditação,encantamento e eloquência eram todas perfeitas. Tinham alcançado atolerância intuitiva da incompreensibilidade suprema de todas as coisas.Eles giravam a irreversível roda do Dharma. Estavam estampados com ainsígnia da não marcabilidade. Eram peritos no conhecimento dasfaculdades espirituais de todos os seres vivos. Eram valentes com aconvicção que intimidavam todas as assembleias. Tinham reunido grandesreservas de mérito e de sabedoria, e seus corpos, formosos e semornamentos, estavam adornados com todos os auspiciosos sinais emarcas.

Eles eram exaltados na fama e gloria, como o pico elevado do MonteSumeru. Suas elevadas decisões tão duras como o diamante,inquebrantáveis na sua fé no Buddha, Dharma e Sangha; eles banhavam-seda chuva da ambrosia que é libertada dos raios de luz do Dharma, o qualbrilha em todos os lugares.

Suas vozes eram perfeitas em dicção, ressonância e versáteis na fala detodos os idiomas. Eles tinham penetrado o principio profundo darelatividade e tinham destruído a persistência dos instintivos hábitosmentais subjacente a todas as convicções referentes à finitude e infinitude.Falavam sem temor, como leões, soando o trovão do magnificoensinamento. Inigualáveis, ultrapassavam todos os limites. Eles eram osmelhores capitães de viagens nos descobrimentos dos tesouros doDharma, as reservas de mérito e virtude. Peritos no caminho do Dharma,que é recto, tranquilo, subtil, suave, difícil de ver, e difícil de realizar.

Estavam dotados com a sabedoria que é capaz de compreender ospensamentos dos seres vivos, assim como de suas vindas e idas. Foramconsagrados com a virtude da inigualável gnose (conhecimento intuitivo) doBuddha. Com a sua grande decisão, aproximaram-se dos dez poderes, dasquatro não temeridades, e das dezoito qualidades especiais do Buddha.

Tinham cruzado o abismo aterrador das más migrações, e ainda assumiamvoluntariamente a reencarnação em todas as migrações, pela causa,disciplinando os seres vivos. Grandes Reis da medicina compreendendotodas as moléstias das paixões, eles aplicavam a medicina do Dharmaapropriadamente. Eram minas inesgotáveis de virtudes, e glorificavaminumeráveis campos-Buddha com o esplendor dessas virtudes. Conferiam

grandes benefícios ao serem vistos, ouvidos, ou ainda ao aproximarem-se.Eram alguém para serem enaltecidos por inumeráveis centenas de milharesde miríades de éons, e ainda não esgotariam o seu poderoso caudal devirtudes.

Estes bodhisattvas eram chamados: Samadarsana, Asamadarsana,Samadhivikurvitaraja, Harmesvara, Dharmaketu, Prabhaketu, Prabhavyuha,Ratnavyuha, Mahavyuha, Pratibhanakuta, Ratnakuta, Ratnapani,Ratnamudrahasta, Nityapralambahasta, Nityotksipthasta, Nityatapta,Nityamuditendriya, Pramodyaraja, Devaraja, Pranidhanapravesaprapta,Prasiddhapratisamvitprapta, Gaganaganja, Ratnolkaparigrhita, Ratnasura,Ratnapriya, Ratnasri, Indrajala, Jaliniprabha, Niralambanadhyana,Prajnakuta, Ratnadatta, Marapramardaka, Vidyuddeva, Vikurvanaraja,Kutanimittasamatikranta, Simhanadanadin, Giryagrapramardiraja,Gandhahastin, Gandhakunjaranaga, Nityodyukta, Aniksiptadhura, Pramati,Sujata, Padmasrigarbha, Padmavyuha, Avalokitesvara, Mahasthamaprapta,Brahmajala, Ratnadandin, Marakarmavijeta, Ksetrasamalamkara,Maniratnacchattra, Suvarnacuda, Manicuda, Maitreia, Manjusrikumarabhuta,e assim por diante, com os restantes trinta e dois mil.

Estavam também ali reunidos dez mil Brahmas, ao lado do seu Brahmaprincipal, Sikhin, que tinha vindo do universo Ashoka com os seus quatrosectores para ver, venerar, e servir o Buddha e para escutar o Dharma dasua própria boca. Estavam ali doze mil Sakras, de vários universos dosquatro sectores. E estavam ali outros poderosos deuses: Brahmas, Sakras,Lokapalas, devas, nagas, yakshas, gandharvas, asuras, garudas,kimnaras,e mahoragas. Finalmente, ali estava a comunidade quádrupla,consistindo de Bhikkhus, Bhikkhunis, laicos e laicas.

O Senhor Buddha, assim rodeado e venerado por essas multidões demuitas centenas de milhares de seres vivos, sentou-se sobre um majestosotrone de leão, e começou a ensinar o Dharma. Dominando todas asmultidões, justamente como o Sumeru, o rei das montanhas, surgindosobre os oceanos, o Senhor Buddha brilhava, irradiava e reluzia sentadosobre o seu magnifico trono de leão.

De seguida, o bodhisattva Licchavi Ratnakara, com quinhentos jovensLicchavi, cada um segurando um precioso pára sol feito de sete tiposdiferentes de jóias, vindos da cidade de Vaisali que eles mesmospresentearam no bosque de Amrapali. Cada um aproximou-se do Buddha,

inclinou-se diante dos seus pés, circundaram-o em sentido horário setevezes, pousaram o seu precioso pára sol em oferenda, e retiraram-se parao lado.

Assim que todos estes preciosos pára sois foram pousados,repentinamente, pelo poder milagroso do Senhor, eles foramtransformados num simples e precioso dossel tão grande que formou umacoberta para esta galáxia inteira de milhões de mundos. A superfície dagaláxia inteira de milhões de mundos foi reflectida no interior do grandedossel precioso, onde o conteúdo total desta galáxia podia ser visto:mansões ilimitadas de sois , luas e corpos estelares; os reinos dos devas,nagas, yakshas, gandharvas, asuras, garudas, kimnaras e mahoragas,assim como os reinos dos quatro Maharajas; o rei das montanhas, MonteSumeru; Monte Himadri, Monte Mucilinda; Monte Mahamucilinda; MonteGandhamadana; Monte Ranaparvata; Monte Kalaparvata; MonteCakravada; Monte Mahacakravada; todos os grandes oceanos, rios, baías,caudais, correntes, riachos e nascentes; finalmente, todas as vilas,subúrbios, cidades, capitais, províncias, desertos. Tudo isto podia serclaramente visto por todos. E as vozes de todos os Buddhas das dezdirecções podiam ser ouvidas proclamando os seus ensinamentos doDharma em todos os mundos, os sons reverberando no espaço debaixo dogrande dossel precioso.

Perante esta visão do magnificente milagre simulado pelo podersobrenatural do Senhor Buddha, a totalidade dos convidados estava emêxtases, arrebatados, assombrados, deleitados, satisfeitos e plenos deadmiração e prazer. Todos eles se inclinaram perante o Tathagata, seretiraram para um lado com as palmas juntas, e contemplavam comatenção fixa. O jovem Licchavi Ratnakara ajoelhou-se sobre o seu joelhodireito no solo erguendo as suas mãos; as palmas pressionadas juntas emsaudação ao Buddha, e louvo-o com o seguinte hino:

Puros são teus olhos, amplos e formosos, como as pétalas de um lotusazul.

Puro é o teu pensamento, tendo descoberto a suprema transcendência detodos os arrebatamentos.

Incomensurável é o oceano das tuas virtudes, a acumulação dos teus bonsactos.

Tu afirmas o caminho da paz.

Oh, grande Asceta, obediência a ti!

Guia, domador de homens, nós contemplamos a revelação do teu milagre.

Os maravilhosos e radiantes campos dos Sugatas aparecem diante de nós.

E os teus extensos ensinamentos espirituais, que levam à imortalidade,

Fazem-se ouvir a si mesmos através do espaço inteiro.

Rei do Dharma, tu reges com o Dharma o teu supremo reino do Dharma.

E nisso concedes os tesouros do Dharma sobre todos os seres vivos.

Perito na análise profunda das coisas, ensinas o significado supremo.

Soberano Senhor do Dharma, obediência a ti!

Todas estas coisas surgem, dependente de causas,

E nenhuma delas são existentes ou não inexistentes.

Ali não há nem eu, nem experimentador, nem fazedor,

Além disso, acção boa ou má, perde os seus efeitos.

Tal são os teus ensinamentos.

Oh Shakyamuni, conquistando a poderosa hoste de Mara,

Encontraste paz, imortalidade, e a felicidade da suprema iluminação,

Que não é realizada por ninguém entre os heterodoxos,

Embora eles detenham os seus sentimentos, pensamentos e processosmentais.

Oh, Maravilhoso Rei do Dharma,

Giras-te a roda do Dharma diante de homens e deuses,

Com a sua tripla revolução, seus múltiplas aspectos,

Sua pureza de naturalidade, e sua extrema paz;

E desse modo as Três Jóias foram reveladas.

Aqueles que são bem disciplinados pelo teu precioso Dharma

São livres de imaginações vãs, e sempre profundamente pacíficos.

Supremo doutor, pões fim ao nascimento, decadência, enfermidade emorte.

Incomensurável oceano de virtude, obediência a ti!

Como o Monte Sumeru, tu és inamovível pela honra ou o desprezo.

Amas por igual a os seres morais ou imorais.

Equilibrada na equanimidade, a tua mente é como o céu.

Quem não honraria semelhante jóia preciosa de um ser?

Grande Sábio, em todas estas multidões reunidas aqui,

Quem vê o teu semblante com corações sinceros na fé,

Cada ser sustendo o Vencedor, como se estivesse diante dele

Esta é uma qualidade especial do Buddha.

Embora o Senhor fale com uma só voz,

Os presentes percebem essa mesma voz diferentemente,

E cada um compreende no seu próprio idioma segundo as suas próprias

necessidades.

Esta é uma qualidade especial do Buddha.

Do acto do Guia falar numa só voz,

Alguns desenvolvem meramente o instinto para as ensinamentos, outrosganham realização,

E outros ainda encontram a pacificação de todas as suas duvidas.

Esta é uma qualidade especial do Buddha.

Obediência a ti que comandas a força da liderança e dos dez poderes!

Obediência a ti que és destemido, não conhecendo o medo!

Obediência a ti, guia de todos os seres vivos,

Que manifestas plenamente as qualidades especiais!

Obediência a ti que cortas-te a servidão de todas as algemas!

Obediência a ti que, foste mais além, e paraste em terra firme!

Obediência a ti que salvas os seres sofredores!

Obediência a ti que não permaneces nas migrações!

Tu associas-te com os seres vivos, frequentando as suas migrações.

Se bem que a tua mente esteja liberta de todas as migrações.

Assim como o lotus, nascido da lama, não é nela manchado,

Assim o lotus do Buddha preserva a realização da vacuidade.

Tu anulas todos os sinais em todas as coisas em qualquer lugar.

Não estás sujeito a qualquer desejo .

O poder milagroso dos Buddhas é inconcebível.

Inclino-me perante ti, que estás em todo o lado, como o espaço infinito.

Depois o jovem Licchavi Ratnakara, tendo exaltado o Buddha com estesversos, dirigiu-se a ele:

“Senhor, estes quinhentos jovens Licchavis estão verdadeiramente nocaminho para a insuperável perfeita iluminação e tem perguntado qual é apurificação do campo-Buddha dos bodhisattvas. Por favor, Senhor,explique-lhes a purificação do campo-Buddha dos bodhisattvas!”

O Buddha deu a sua aprovação ao pedido do jovem Licchavi Ratnakara: “Bravo, bravo, jovem!

A tua pergunta ao Tathagata acerca da purificação do campo-Buddha ésem dúvida boa. Por conseguinte, jovem, escuta bem e

lembra-te! Explicar-te-ei a purificação do campo-Buddha dos bodhisattvas

“ Muito bem , Senhor ”, replicou Ratnakara e os quinhentos jovensLicchavis, prepararam-se para escutar.

O Buddha disse: “Nobres filhos, um campo-Buddha de bodhisattvas é umcampo de seres vivos. Porquê assim? Um bodhisattva abraça um campo-Buddha até à mesma extensão em que ele causa o desenvolvimento dosseres vivos. Ele abraça um campo-Buddha até à mesma extensão em queos seres vivos se tornam disciplinados. Ele abraça um campo-Buddha atéà mesma extensão em que, através do acesso a um campo-Buddha, osseres vivos são introduzidos no conhecimento Buddha. Ele abraça umcampo-Buddha até à mesma extensão em que, através do acesso a umcampo-Buddha, os seres vivos aumentam as suas sagradas faculdadesespirituais. Porquê assim ? Nobre filho, um campo-Buddha de bodhisattvasnasce dos objectivos dos seres vivos.

“Por exemplo, Ratnakara, alguém que desejasse construir num espaçovazio, poderia fazê-lo não obstante o facto de não ser possível construir ouadornar qualquer coisa num espaço vazio. Exactamente do mesmo modo,um bodhisattva, que conhece completamente bem, que todas as coisas

são como o espaço vazio, que desejasse construir um campo-Buddha como objectivo de desenvolver os seres vivos, poderia fazê-lo, não obstante ofacto de não ser possível construir ou adornar um campo-Buddha numespaço vazio.

“Todavia, Ratnakara, um campo-Buddha de um bodhisattva é um campo depensamento positivo. Quando ele alcança a iluminação, os seres vivoslivres de hipocrisia e engano nascerão no seu campo-Buddha”.

“Nobre filho, um campo-Buddha de bodhisattva é um campo de nobredecisão. Quando ele obtém a iluminação, os seres vivos que tem duascolheitas armazenadas e tiverem plantado as raízes da virtude nascerão nocampo-Buddha dele.”

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é um campo de aplicação virtuosa.Quando ele alcança a iluminação, os seres vivos que vivem por todos osprincípios virtuosos nascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é a magnificência da concepção doespírito da iluminação. Quando ele alcança a iluminação, os seres vivosque estão actualmente participando no Mahayana nascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é um campo de generosidade.Quando ele alcança a iluminação, os seres vivos que abandonaram todasas suas possessões nascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo de Buddha de bodhisattva é um campo de tolerância. Quandoele alcança a iluminação, os seres vivos com a superioridade da tolerância,disciplina e arrebatamento – portanto, com a beleza dos trinta e dois sinaisauspiciosos - nascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é um campo de meditação. Quandoele alcança a iluminação, os seres vivos que estão uniformementeequilibrados através da plenitude mental e da consciência nascerão no seucampo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é um campo de sabedoria. Quandoele alcança a iluminação, os seres vivos que estão destinados à iluminaçãonascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva consiste de quatro grandezas.Quando ele alcança a iluminação, os seres vivos que vivem por amor,compaixão, gozo e imparcialidade, nascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva consiste nos quatro meios deunificação. Quando ele alcança a iluminação, os seres vivos que estãomantidos juntos por todas as libertações nascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é a habilidade nas técnicas dalibertação. Quando ele alcança a iluminação, os seres vivos habilidosos emtodas as actividades e técnicas de libertação nascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva consiste nas trinta e sete ajudaspara a iluminação. Os seres vivos que dedicam os seus esforços aosquatro focos da plenitude mental, os quatro esforços correctos, as quatrobases do poder mágico, as cinco faculdades espirituais, as cincovantagens, os sete factores de iluminação, e os oito ramos do caminhosanto, nascerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é a dedicação total da sua mente.Quando ele alcança a iluminação, os ornamentos de todas as virtudesaparecerão no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é a doutrina que erradica as oitoadversidades. Quando ele alcança a iluminação, as três más migraçõescessarão, e não haverá tais coisas como as oito adversidades no seucampo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva consiste na sua observânciapessoal dos preceitos básicos e na sua restrição em culpar os outros pelassuas transgressões. Quando ele alcança a iluminação, até a palavra “crime”nunca será mencionada no seu campo-Buddha”.

“Um campo-Buddha de um bodhisattva é a pureza do caminho das dezvirtudes. Quando ele alcança a iluminação, os seres vivos que estãoseguros numa longa vida, óptimos em saúde, castos em conduta,aperfeiçoados pela fala verdadeira, de fala suave, livres das intrigasdivisórias e peritos em reconciliar as facções, iluminando nas suas

conversações, livres da inveja, livres da malícia e dotados com pontos devista perfeitos nascerão no seu campo-Buddha”.

"Assim, nobre filho, tal como a produção do espírito da iluminação dobodhisattva , assim é o seu pensamento positivo. E da mesma maneira queé o seu pensamento positivo, assim é a sua aplicação virtuosa.

"A sua aplicação virtuosa é equivalente à sua forte decisão, a sua fortedecisão é equivalente à sua determinação , a sua determinação éequivalente à sua prática e a sua prática é equivalente à sua totaldedicação, a sua total dedicação é equivalente à sua técnica de libertação,a sua técnica de libertação é equivalente ao seu desenvolvimento de seresvivos, e o seu desenvolvimento de seres vivos é equivalente à pureza doseu campo-Buddha.

"A pureza do seu campo-Buddha reflecte a pureza dos seres vivos; apureza dos seres vivos reflecte a pureza do seu conhecimento; a pureza doseu conhecimento reflecte a pureza da sua doutrina; a pureza da suadoutrina reflecte a pureza da sua prática transcendental; e a pureza da suaprática transcendental reflecte a pureza da sua própria mente."

Após isto, magicamente influenciado pelo Buddha, o venerável Shariputrapensou isto: "Se o campo-Buddha só é puro na medida em que a mente dobodhisattva é pura, então, quando o Buddha Shakyamuni estavaempenhado na carreira do bodhisattva, a mente dele devia ter sido impura.Caso contrário, como podia este campo-Buddha parecer tão impuro?"

O Buddha, conhecendo telepaticamente o pensamento do venerávelShariputra disse-lhe, "O que pensa você, Shariputra? O sol e a lua sãoimpuros por os cegos de nascença não os verem?"

Shariputra respondeu, "Não, Senhor. Não é assim. É defeito dos cegos denascença e não do sol e da lua."

O Buddha declarou, "Da mesma maneira, Shariputra, o facto de algunsseres vivos não verem a esplêndida exibição de virtudes do campo-Buddhado Tathagata é devido à própria ignorância deles. Não é a falta doTathagata. Shariputra, o campo-Buddha do Tathagata é puro, mas vocênão vê isso."

Então o Brahma Sikhin disse ao venerável Shariputra, "ReverendoShariputra, não diga que o campo-Buddha do Tathagata é impuro.Reverendo Shariputra, o campo-Buddha do Tathagata é puro. Eu vejo aesplêndida extensão do campo-Buddha do Senhor Shakyamuni comoigualmente o esplendor de, por exemplo, os domicílios das divindades maiselevadas."

Então o venerável Shariputra disse ao Brahma Sikhin, "Para mim, OhBrahma, eu vejo esta grande terra, com os seu altos e baixos, seusespinhos, seus precipícios, seus cumes, e seus abismos, como seestivesse completamente cheia de sujidade."

O Brahma Sikhin respondeu, "O facto de você ver, tal campo-Buddha comoeste, como se ele fosse tão impuro, reverendo Shariputra, é um sinalseguro que há altos e baixos na sua mente e que o seu pensamentopositivo com respeito à gnose Buddha não é puro. Reverendo Shariputra,aqueles cujas mentes são imparciais para com todos os seres vivos ecujos pensamentos positivos da gnose Buddha são puros, vêem estecampo-Buddha como perfeitamente puro."

Nesta altura o Senhor tocou o chão deste universo de biliões de mundosgalácticos com o dedo grande do seu pé, e de repente foi transformadonuma massa enorme de jóias preciosas, uma ordem magnífica de muitascentenas de milhares de agrupamentos de pedras preciosas, até que seassemelhou ao universo do Tathagata Ratnavyuha, chamadoAnantagunaratnavyuha. Todos na assembleia inteira se encheram com estamaravilha, percebendo-se a si mesmos como sentados num trono de lotusenfeitados com jóias.

Então, o Buddha disse ao venerável Shariputra, "Shariputra, você vê esteesplendor das virtudes do campo-Buddha?"

Shariputra respondeu, "Eu vejo, Senhor! Aqui diante de mim está umaexibição de esplendor como nunca antes escutei ou contemplei!"

O Buddha disse, "Shariputra, este campo-Buddha é sempre assim puro,mas o Tathagata faz ele parecer deteriorado por muitas faltas, paraprovocar a maturidade dos seres vivos inferiores. Por exemplo, Shariputra,os deuses do céu de Trayastrimsa todos tomam a sua comida de um únicorecipiente precioso, contudo o néctar que nutre cada um difere de acordo

com as diferenças dos méritos que cada um acumulou. Assim Shariputra,os seres vivos nascem no mesmo campo-Buddha vêem o esplendor dasvirtudes dos campos-Buddha dos Buddhas de acordo com os seuspróprios graus de pureza."

Quando este esplendor de beleza das virtudes do campo-Buddha brilhou ,oitenta e quatro mil seres conceberam o espírito da inexcedível perfeitailuminação, e os quinhentos jovens de Licchavi que tinham acompanhado ojovem Licchavi Ratnakara, todos atingiram a tolerância da conformidade dosupremo não nascimento.

Então, o Senhor retirou o seu poder milagroso e imediatamente o campo-Buddha voltou à sua aparência habitual. Então, homens e deuses quesubscreveram o veículo do discípulo pensaram, "Ah! Todas as coisasconstruídas são impermanentes."

Assim, trinta e dois mil seres vivos purificaram os seus imaculados e nãodistorcidos, olho do Dharma com respeito a todas as coisas. Os oito milBhikkhus foram libertados das suas corrupções mentais, enquanto atingiamo estado da não avidez. E os oitenta e quatro mil seres vivos que eramdevotados à grandeza do campo-Buddha, depois de terem entendido quetodas as coisas são por natureza criações mágicas, todos conceberam nassuas próprias mentes o espírito do inexcedível, esclarecimento totalmenteperfeito.

---------------------------------------------------

2. Inconcebível Habilidade na Técnica de Libertação

Naquele altura, vivia na grande cidade de Vaisali um certo Licchavi,conhecido pelo nome de Vimalakirti. Tendo servido antigos Buddhas, tinhagerado as raízes da virtude, honrando-os e fazendo-lhes oferecimentos .Ele tinha alcançado tolerância assim como também eloquência. Praticoucom o grande super conhecimento. Tinha atingido o poder dos

encantamentos e do não temor. Tinha conquistado todos os demónios eoponentes. Tinha penetrado o modo profundo do Dharma. Era libertadopela transcendência da sabedoria. Tendo integrado a sua realização com adestreza na técnica de libertação, ele era especialista sabendo ospensamentos e acções dos seres vivos. Sabendo a força ou fraqueza dasfaculdades deles, e sendo talentoso com eloquência sem rival, ele ensinouo Dharma adequadamente a cada um. Tendo-se aplicado energicamenteao Mahayana, entendeu e realizou as suas tarefas com grande subtileza.Viveu com o comportamento de um Buda, e a sua inteligência superior eratão grande quanto um oceano. Era elogiado, honrado, e recomendado portodos os Buddhas, respeitado por Indra, Brahma, e todos os Lokapalas.Para desenvolver os seres vivos com a sua habilidade na técnica delibertação, ele vivia na grande cidade de Vaisali.

A sua riqueza era inesgotável com a finalidade de sustentar o pobre e odesamparado. Observou uma pura moralidade para proteger o imoral.Manteve tolerância e autocontrole para reconciliar os seres que eramcoléricos, cruéis, violentos, e brutais. Brilhou com energia para inspirar aspessoas que eram preguiçosas. Manteve concentração, atenção emeditação para suportar o mentalmente aborrecido. Atingiu decisivasabedoria para ajudar o tolo.

Ele usava as roupas brancas do leigo, contudo, viveu impecavelmentecomo um devoto religioso. Viveu em casa, mas permaneceu indiferente aoreino do desejo, o reino do puro assunto, e o reino imaterial. Teve um filho,uma esposa, e criados femininos, todavia manteve sempre continência.Parecia estar cercado por criados, viveu não obstante em solidão. Pareciaestar adornado com ornamentos, contudo estava sempre dotado com ossinais e marcas auspiciosas. Parecia comer e beber, contudo sempre senutria do gosto da meditação. Fez o seu aparecimento nos campos dejogos desportivos e nos casinos, mas o objectivo dele era sempreamadurecer as pessoas que estavam presas ao jogos e que jogavam.Visitou os professores heterodoxos da moda, mas sempre mantevelealdade firme ao Buda. Entendeu as ciências mundanas e transcendentaise as práticas esotéricas, porém sempre obteve prazer nas delícias doDharma. Misturava-se com todas as multidões, mas era o primeiro de entretodos a ser respeitado.

Para estar em harmonia com as pessoas, associou-se com anciões, comos de meia-idade, e com os jovem, porém sempre falava de harmonia com

o Dharma. Ele ocupou-se de todos os tipos de negócios, mas não tevenenhum interesse em lucro ou posses. Para treinar os seres vivos,apareceria em encruzilhadas e cantos da rua e para os proteger participouno governo. Para levar as pessoas do Hinayana a se ocuparem doMahayana, aparecia entre os ouvintes e professores do Dharma. Paradesenvolver as crianças, visitava todas as escolas. Para demonstrar osmales do desejo, até mesmo nos bordéis entrava. Para implementar osbêbedos na atenção correcta, entrava em todos os cabarés.

Ele era honrado como homem de negócios, porque entre homens denegócios demonstrou a prioridade do Dharma. Era honrado comoproprietário entre proprietários, porque renunciou à agressividade dapropriedade. Era honrado como guerreiro entre guerreiros, porque cultivouresistência, determinação, e fortaleza. Era honrado como aristocrata entrearistocratas, porque suprimiu o orgulho, a vaidade, e a arrogância. Erahonrado como funcionário entre funcionários, porque regulou as funções dogoverno de acordo com o Dharma. Era honrado como o príncipe dospríncipes, porque opôs o seu apego aos prazeres reais e ao podersoberano. Ele era honrado como um castrado no harém real, porqueensinou as senhoras jovens de acordo com o Dharma.

Ele era compatível com as pessoas comuns porque apreciava a excelênciados méritos comuns. Era honrado como o Indra entre os Indras porque lhesmostrou a temporalidade do domínio deles. Ele era honrado como umBrahma entre Brahmas porque lhes mostrou a excelência especial dagnose. Ele era honrado como um Lokapala entre Lokapalas porque nutriu odesenvolvimento de todos os seres vivos.

Assim vivia o Licchavi Vimalakirti na grande cidade de Vaisali, dotado comum conhecimento infinito de habilidades em técnicas de libertação.

Naquela altura, à margem desta genuína habilidade em técnicas delibertação, Vimalakirti anunciou que se encontrava doente. Para indagar dasua saúde, o rei, os funcionários, os senhores, os jovens, os aristocratas,os donos das casas, os homens de negócios, a cidade, o país, e milharesde outros seres vivos vieram da grande cidade de Vaisali visitar o enfermo.Quando eles chegaram, Vimalakirti ensinou-lhes o Dharma, começando oseu discurso, da actualidade dos quatro elementos principais:

"Amigos, este corpo é tão impermanente, frágil, desmerecedor de

confiança, e fraco.

É tão insubstancial, perecível, de vida curta, doloroso, cheio de doenças, esujeito a mudanças.

Assim, meus amigos, como este corpo é só um recipiente de muitasenfermidades, os homens sábios não confiam nele.

Este corpo é como uma bola de espuma, incapaz de suportar qualquerpressão.

É como uma bolha de água, não permanecendo muito tempo.

É como uma miragem nascido dos apetites das paixões.

É como o tronco da bananeira, não tendo caroço.

Ai! Este corpo é como uma máquina, uma ligação de ossos e tendões.

É como uma ilusão mágica, consistindo em falsificações.

É como um sonho, sendo uma visão irreal.

É como um reflexo, sendo a imagem de acções anteriores.

É como um eco, sendo dependente dos condicionamentos.

É como uma nuvem, sendo caracterizado pela turbulência e dissolução.

É como um jacto de luz, sendo instável, e se deteriorando a todo momento.

O corpo é sem proprietário, sendo o produto de uma variedade decondições.

"Este corpo é inerte, como a terra;

sem eu, como a água;

sem vida, como o fogo;

impessoal, como o vento; e não substancial como o espaço.

Este corpo é irreal, sendo um arranjo dos quatro elementos principais.

É vazio, não existindo como eu ou como auto possuído.

É inanimado, sendo como as ervas, as árvores, as paredes, os torrões deterra, e as alucinações.

É insensato, sendo dirigido como um moinho de vento.

É imundo, sendo uma aglomeração de pus e excremento.

É falso, estando predestinado a ser quebrado e destruído, apesar de serungido e massajado.

É afligido pelas quatrocentas e quatro doenças.

É como um ancião com saúde, constantemente subjugado pela idade.

Sua duração nunca é certa - certo só é o seu fim na morte.

Este corpo é respectivamente uma combinação de agregados, elementos,e sentidos que são comparáveis a assassinos, cobras venenosas, e a umacidade vazia.

Então, tal corpo deve ser repulsivo para vocês. Você devemdesesperarem-se dele e devem estimular a vossa admiração pelo corpo doTathagata.

"Amigos, o corpo de um Tathagata é o corpo do Dharma, nascido dagnose.

O corpo de um Tathagata nasce do armazenamento de mérito e sabedoria.

Nasce da moralidade, da meditação, da sabedoria, das libertações, e doconhecimento e visão da libertação.

Nasce do amor, compaixão, alegria, e imparcialidade.

Nasce da caridade, disciplina, e autocontrole.

Nasce do caminho das dez virtudes.

Nasce da paciência e bondade.

Nasce das raízes da virtude plantadas por esforços sólidos.

Nasce das concentrações, das libertações, das meditações, e dasconcentrações.

Nasce da aprendizagem, sabedoria, e técnica de libertação.

Nasce das trinta e sete ajudas e esclarecimentos.

Nasce da quietude mental e análise transcendental.

Nasce dos dez poderes, das quatro não temeridades, e das dezoitoqualidades especiais.

Nasce de todas as transcendências.

Nasce das ciências e super conhecimento.

Nasce do abandono de todas as qualidades más, e da colecção de todasas qualidades boas.

Nasce da verdade. Nasce da realidade. Nasce da consciência consciente.

"Amigos, o corpo de um Tathagata nasce de inumeráveis bons trabalhos.Tal corpo deve tornar-se as vossas aspirações, e eliminar as enfermidadesdas paixões de todos os seres vivos, vocês devem conceber o espírito dainexcedível perfeita iluminação.”

Enquanto o Licchavi Vimalakirti ensinou o Dharma assim os que o tinhamvindo indagar sobre a sua doença, muitas centenas de milhares de seresvivos conceberam o espírito da inexcedível perfeita iluminação.”

-----------------------------------------------------

3. A relutância dos discípulos em visitar Vimalakirti

Então, o Licchavi Vimalakirti pensou para si mesmo, "Estou doente,deitado na minha cama em dor, contudo o Tathagata, o santo, o Budaperfeitamente realizado, não considera ou tem pena de mim, e não envianinguém a inquirir sobre a minha doença."

O Senhor soube deste pensando na mente de Vimalakirti e disse aovenerável Shariputra, "Shariputra, vá perguntar pela doença do LicchaviVimalakirti."

Tendo sido assim enviado, o venerável Shariputra respondeu ao Buda,"Senhor, de facto, estou relutante em ir perguntar ao Licchavi Vimalakirtipela doença dele. Porquê? Eu me lembro que um dia, quando eu estavasentando ao pé de uma árvore na floresta, absorvido em contemplação, oLicchavi Vimalakirti veio ao pé daquela árvore e disse-me, ' ReverendoShariputra, este não é o modo para você absorver-se em contemplação.Você deve absorver-se em contemplação de forma que, nem o corpo nema mente apareçam em qualquer lugar no mundo triplo. Você deve absorver-se em contemplação de tal modo que possa manifestar todo ocomportamento comum sem abandonar a cessação. Você deve absorver-se em contemplação de tal modo que possa manifestar a natureza de umapessoa comum sem abandonar a sua natureza espiritual cultivada. Vocêdeve absorver-se em contemplação de forma que a mente não seestabeleça no seu interior nem se oriente na direcção das formas externas.Você deve absorver-se em contemplação de tal modo, que as trinta e seteajudas para o esclarecimento, sejam manifestadas sem divergência paraqualquer convicção. Você deve absorver-se em contemplação de tal modoque fique solto na libertação sem abandonar as paixões que são dacompetência do mundo.

"Reverendo Shariputra, aqueles que se absorvem neles mesmos, emcontemplação deste modo, são declarados pelo Senhor, como estandoverdadeiramente absorvidos em contemplação.”

"Senhor, quando eu ouvi este ensinamento, eu não pude responder epermaneci calado. Então, eu estou relutante em ir perguntar àquele bomhomem sobre a doença dele."

Então, o Buda disse ao venerável Maha Maudgalyayana, "Maudgalyayana,vá ao Licchavi Vimalakirti indagar sobre a doença dele." (Maha é um títuloque significa "Grande")

Maudgalyayana respondeu, "Senhor, de facto estou relutante em ir aoLicchavi Vimalakirti indagar sobre a doença dele. Porquê? Eu me lembro deum dia, quando eu estava ensinando o Dharma aos chefes de família numapraça na grande cidade de Vaisali, o Licchavi Vimalakirti dirigiu-se a mim edisse-me, 'Reverendo Maudgalyayana este não é o modo de ensinar oDharma aos chefes de família nas suas roupas brancas. O Dharma Devesser ensinado de acordo com a realidade.

"'Reverendo Maudgalyayana, o Dharma é sem seres vivos, porque estálivre do pó dos seres vivos.

É abnegado, porque está livre do pó do desejo.

É inanimado, porque está livre do nascimento e morte.

É sem personalidades, porque dispensa origens passadas e destinos defuturo.

"'O Dharma é paz e pacificação, porque está livre do desejo.

Não se torna um objecto, porque está livre de palavras e letras;

é inexprimível, e transcende todo o movimento de mente.

"'O Dharma é omnipresente, porque é como o espaço infinito.

É sem cor, marca, ou forma, porque está livre de todo o processo.

É sem o conceito "meu," porque está livre da noção habitual de posse.

É sem ideal, porque está livre da mente, pensamento, ou consciência.

É incomparável, porque não tem nenhuma antítese.

É sem presunção de condicionalidade, porque não se conforma às causas.

"'Penetra todas as coisas uniformemente, porque todos estão incluídos nosupremo reino.

Adapta-se à realidade por meio do processo da não conformidade.

Habita no limite da realidade, porque é completamente sem flutuação.

Está imóvel, porque é independente dos seis objectos dos sentidos.

É sem vir e ir, porque nunca permanece imóvel.

É abrangido pela vacuidade, é indiscritivelmente sem sinais, está livre depresunção e repúdio, porque é sem desejo.

É sem fundamento e rejeição, sem nascimento ou destruição.

É sem qualquer consciência fundamental, transcendendo os limites do olho,orelha, nariz, língua, corpo e pensamento.

É sem altos e baixos. Habita sem movimento ou actividade.

"'Reverendo Maha Maudgalyayana, como pode haver um ensinamento comrespeito a um tal Dharma?

Reverendo Maha Maudgalyayana, até mesmo a expressão para “ensinar oDharma" é presunçosa, e os que escutam isso escutam presunção.

Reverendo Maudgalyayana onde não há nenhuma palavra presunçosa nãoà professor do Dharma, ninguém para escutar, e ninguém para entender. Écomo se uma pessoa ilusória fosse ensinar o Dharma a pessoas ilusórias.

"'Então, deves ensinar o Dharma mantendo a mente nisto. Deves seradepto com respeito às faculdades espirituais dos seres vivos. Por meioda visão correcta do olho da sabedoria, manifestando a grande compaixão,reconhecendo a actividade benevolente do Buda, purificando as suasintenções, entendendo as expressões definitivas do Dharma, deves ensinar

o Dharma para que a continuidade das Três Jóias nunca possa serinterrompida.'

"Senhor, quando Vimalakirti acabou de discursar assim, oitocentos chefesde família na multidão conceberam o espírito do inexcedível esclarecimentoperfeito, e eu estava estupefacto. Então, Senhor, de facto estou relutanteem ir a esse homem bom, indagar sobre a doença dele."

Então, o Buda disse ao venerável Maha Kasyapa, "Maha Kasyapa, vávocê ao Licchavi Vimalakirti indagar sobre a doença dele."

"Senhor, de facto estou relutante em ir ao Licchavi Vimalakirti indagar sobrea doença dele. Porquê? Eu me lembro de um dia, quando eu estava na ruados pobres mendigando a minha comida, o Licchavi Vimalakirti aproximou-se e disse-me, 'Reverendo Maha Kasyapa, evite as casas dos ricos, efavoreça as casas dos pobres - isto é parcialidade em benevolência.Reverendo Maha Kasyapa, deves enfatizar o facto da igualdade dascoisas, e deves procurar esmolas a toda hora com consideração por todosos seres vivos. Deves implorar a comida em consciência da suprema nãoinexistência da comida. Deves buscar esmolas para eliminar o materialismodos outros.

Quando entrares numa cidade, Deves lembrar-te da sua actual vacuidade,não obstante, deves proceder assim para desenvolver os homens emulheres. Deves entrar em casas como entrando na família do Buda.Deves aceitar esmolas não levando nada. Deves ver as formas como umhomem cego de nascimento, ouvir os sons como se eles fossem ecos,cheirar os cheiros como se eles fossem ventos, experimentar os gostossem qualquer discriminação, tocar os tangíveis em consciência daelementar falta de contacto na gnose, e conhecer as coisas com aconsciência de uma criatura ilusória. O que é sem substância intrínseca esem substância concedida não arde. E o que não arde não será extinguido.

"'Idoso Maha Kasyapa, se, equipado (em estado de equilíbrio) nas oitolibertações sem transcender as oito perversões, podes entrar naequanimidade da realidade por meio da equanimidade da perversão, e sepodes fazer um presente a todos os seres vivos e um oferecimento atodos os santos e Buddhas, até mesmo uma simples medida de esmolas,então tu mesmo podes comer. Assim, quando comeres, depois deoferecer, não deves ser afectado nem por paixões nem livre de paixões,

envolvido em concentração nem livre de concentração, nem morar nomundo nem permanecer em libertação.

Além disso, esses que dão tais esmolas, reverendo, não têm nem grandemérito nem mérito pequeno, nem ganho nem perda. Eles devem seguir ocaminho dos Buddhas, não o caminho dos discípulos. Só deste modo,Idoso Maha Kasyapa, é a prática do comer através de esmolassignificantes.'

"Senhor, quando ouvi este ensinamento, eu fiquei surpreendido e pensei:'Reverência para todos os bodhisattvas! Se um bodhisattva secular podeser dotado de tal eloquência quem é que não concebe o espírito doinexcedível esclarecimento perfeito? Desde aquela altura, eu já nãorecomendo os veículos dos discípulos e dos sábios solitários masrecomendo o Mahayana. E assim, Senhor, eu estou relutante em ir a essehomem bom indagar sobre a doença dele."

Então, o Buda disse ao venerável Subhuti, "Subhuti, vá ao LicchaviVimalakirti para indagar sobre a doença dele."

Subhuti respondeu, "Senhor, de facto estou relutante em ir a esse homembom indagar sobre a doença dele. Porquê? Meu Senhor,

Eu me lembro de um dia, quando eu fui implorar minha comida na casa doo Licchavi Vimalakirti na grande cidade de Vaisali, ele levou a minha tigelaencheu-a com um pouco de excelente comida e disse-me,

'Reverendo Subhuti, leva esta comida se entendes a igualdade de todas ascoisas, por meio da igualdade dos objectos materiais, e se entendes aigualdade de todos os atributos do Buda, por meio da igualdade de todasas coisas.

Leva esta comida se, sem abandonar o desejo, ódio, e os disparates,podes evitar associações com eles;

se podes seguir o caminho de um único modo sem já perturbar as visõesegoístas;

se podes produzir o conhecimento e a libertação sem conquistar aignorância e a apetência pela existência;

se, pela igualdade dos cinco pecados mortais, alcanças a igualdade dalibertação;

se não estás nem libertado nem amarrado;

se não vês as Quatro Verdades Santas, e no entanto não és aquele que"não viu a verdade";

se não alcanças-te qualquer fruto, e não obstante não és “o que nãoatingiu";

se és uma pessoa comum, que contudo não tem as qualidades de umapessoa comum;

se não és santo e contudo não és profano; se és responsável por todas ascoisas e contudo estás livre de qualquer noção respeitante a qualquercoisa.

"'Leva esta comida, reverendo Subhuti, se, sem ver o Buda, ouvir oDharma, ou servir o Sangha, empreendes a vida religiosa debaixo dos seismestres heterodoxos; isto é, Purana Kasyapa, Maskarin Gosaliputra,Samjayin Vairatiputra, Kakuda Katyayana, Ajita Kesakambala, e NirgranthaJnaniputra, e segue os modos que eles prescrevem.

"'Leva esta comida, reverendo Subhuti, se, entretendo todas as falsasvisões, não encontras nem extremo nem meio;

se, amarrado nas oito adversidades, não obténs condições favoráveis;

se, assimilando as paixões, não atinges purificação;

se a imparcialidade de todos os seres vivos é a tua imparcialidade,reverendo;

se os que te fazem oferecimentos não são purificados nisso;

se os que te oferecem comida, reverendo, ainda caiem nas três ruinsmigrações;

se te associas com todos os Mara;

se entreténs todas as paixões;

se a natureza das paixões é a natureza de um reverendo;

se tens sentimentos hostis para todos os seres vivos;

se menosprezas todos os Buddhas;

se criticas todos os ensinamentos do Buda;

se não confias na Sangha; e finalmente, se nunca entras na libertaçãosuprema.'

"Senhor, quando eu ouvi estas palavras do Licchavi Vimalakirti, eu desejeisaber o que devia dizer e o que devia fazer, mas fiquei completamente naescuridão. Deixando a tigela, eu estava a ponto de deixar a casa quando oLicchavi Vimalakirti me disse, 'Reverendo Subhuti, não tema estaspalavras, e apanhe a sua tigela. O que pensas, reverendo Subhuti?

Se fosse uma encarnação criada pelo Tathagata que te falou assim, teriasmedo?'

"Eu respondi, 'De facto não, nobre senhor!' Então ele disse, 'ReverendoSubhuti, a natureza de todas as coisas é como uma ilusão, como umaencarnação mágica. Assim não deves teme-los. Porquê? Todas aspalavras tem também aquela natureza, e assim o sensato não é apegado apalavras, nem eles as temem. Porquê? Todas as linguagens afinal decontas não existem, excepto como libertação. A natureza de todas ascoisas é a libertação.'

"Quando Vimalakirti tinha discursado deste modo, duzentos Senhoresobtiveram a pura visão doutrinal com respeito a todas as coisas, semobscuridade ou corrupção, e quinhentos Senhores obtiveram a tolerânciada conformação. Fiquei estupefacto e incapaz de responder-lhe. Então,senhor, eu estou relutante em ir a este homem bom, indagar sobre adoença dele."

Então, o Buda disse ao venerável Purna maitrayaniputra, "Purna, vá ao

Licchavi Vimalakirti indagar sobre a doença dele."

Purna respondeu, "Senhor, realmente estou relutante em a ir a esse homembom indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eu me lembro de umdia, quando eu estava ensinando o Dharma a alguns monges jovens nagrande floresta, o Licchavi Vimalakirti foi lá e disse-me, 'Reverendo Purna,primeiro concentra-te tu mesmo, considera as mentes destes jovensBhikkhus, e então ensina-lhes o Dharma! Não ponhas comida podre numatigela enfeitada com jóias! Primeiro entende as inclinações destes monges,e não confundas safiras inestimáveis com contas de vidro!

"'Reverendo Purna, sem examinar as faculdades espirituais dos seresvivos, não presumas acerca da unilateralidade das faculdades deles; nãofiras os que estão sem feridas;

não imponhas um caminho estreito nos que aspiram a um grande caminho;

não tentes verter o grande oceano na pegada do casco de um boi;

não tentes pôr o Monte Sumeru num grão de mostarda;

não confundas o brilho do sol com a luz de um pirilampo; e não exponhasos que admiram o rugido de um leão ao uivo de um chacal!

"'Reverendo Purna, todos estes monges estiveram outrora comprometidosno Mahayana mas esqueceram-se do espírito da iluminação. Assim não osinstruas no veículo do discípulo. O veículo do discípulo não é no final decontas, válido e os discípulos são como homens cegos de nascença, comrespeito ao reconhecimento dos graus das faculdades espirituais dos seresvivos.'

"Naquele momento, o Licchavi Vimalakirti entrou em tal concentração quecausou naqueles monges se lembrarem das suas várias existênciasanteriores, nas quais eles tinham produzido as raízes de virtude servindoquinhentos Buddhas pela causa da perfeita iluminação. Assim que os seuspróprios espíritos se esclareceram, tornou-se claro, eles curvaram-se aospés daquele bom homem e uniram as palmas das suas mãos emreverência. Ele lhes ensinou o Dharma, e todos eles atingiram a fase deirreversibilidade do espírito do inexcedível, esclarecimento perfeito. Meocorreu então, 'os discípulos que não conhecem os pensamentos ou as

inclinações dos outros não podem ensinar o Dharma a qualquer um.Porquê? Estes discípulos não são especialistas discernindo asuperioridade e inferioridade das faculdades espirituais dos seres vivos, eeles nunca estão num estado de concentração como o Tathagata, o Santo,o Buda perfeitamente realizado.'

"Então, Senhor, eu estou relutante em ir àquele homem de bem indagarsobre a saúde dele."

O Buda disse então ao venerável Maha Katyayana, "Katyayana, vá aoLicchavi Vimalakirti indagar sobre a doença dele."

Katyayana respondeu, "Senhor, de facto estou relutante em ir ter comaquele bom homem para indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eume lembro de um dia quando, depois que o Senhor tinha dado algumainstrução sumárias aos monges, eu estava definindo as expressõesdaquele discurso ensinando o significado da impermanência, sofrimento,abnegação, e paz; o Licchavi Vimalakirti veio até mim e disse-me,'Reverendo Maha Katyayana, não ensine uma última realidade dotada deactividade, produção, e destruição! Reverendo Maha Katyayana, nada jáfoi destruído, é destruído, ou será destruído. Tal é o significado de"impermanência." O significado da realização do não nascimento, pelarealização da vacuidade dos cinco agregados, é o significado do"sofrimento." A realidade da não dualidade do eu e da abnegação é osignificado da "abnegação." O que não tem nenhuma substância intrínsecae nenhum outro tipo de substância não arde, e o que não arde não éextinguido; tal falta de extinção é o significado da "paz."'

"Quando ele discursou assim, as mentes dos monges foram libertadas dassuas corrupções e entraram num estado de não avidez.

Então, Senhor, eu estou relutante em ir àquele homem de bem indagarsobre a doença dele."

O Buda disse então ao venerável Aniruddha, "Aniruddha, vá ao LicchaviVimalakirti indagar sobre a doença dele."

"Meu Senhor, de facto estou relutante em ir àquele homem de bem paraindagar sobre a doença dele. Porquê? Eu me lembro, Senhor, um dia,quando eu estava dando um passeio, o grande Brahma chamado

Subhavyuha e dez mil outros Brahmas que o acompanhavam iluminaram olocal com o seu esplendor e tendo inclinado as suas cabeças a meus pés,retiram-se para um lado e perguntou-me, 'Reverendo Aniruddha, você foiproclamado pelo Buda para ser o mais ilustre entre os que possuem o olhodivino. A que distância se estende a visão divina do venerável Aniruddha?'

Eu respondi, 'Amigos, eu vejo o universo galáctico de bilhões de mundosdo Senhor Shakyamuni da mesma maneira que um homem de visãocomum vê um caroço de cereja na palma da mão.' Quando eu disse estaspalavras, o Licchavi Vimalakirti chegou e, tendo inclinado sua cabeça ameus pés, disse-me, 'Reverendo Aniruddha, seu olho divino é compostoem natureza? Ou é não composto em natureza?

Se é composto em natureza, é igual ao super conhecimento doheterodoxo. Se for não composto em natureza, então não é construído e,como tal, é incapaz de ver. Então, como você vê, Oh ancião?'

"A estas palavras, eu fiquei estupefacto, e o Brahma também ficoupasmado por ouvir este ensinamento daquele homem de bem.

Tendo-me curvado perante ele, disse, 'Quem então, no mundo, possui oolho divino?'

"Vimalakirti respondeu, 'No mundo, são os Buddhas que tem o olho divino.Eles vêem todos os campos-Buda sem deixar o estado deles deconcentração e sem mesmo serem afectados pela dualidade.'

"Tendo ouvido estas palavras, os dez mil Brahmas ficaram inspirados como grande acordar e conceberam o espírito do inexcedível, esclarecimentoperfeito. Tendo prestado homenagem e respeito a mim e àquele bomhomem, desapareceram. Assim, eu permaneci estupefacto, e então, estourelutante em ir àquele homem de bem indagar sobre a doença dele."

O Buda disse então ao venerável Upali, "Upali, vá ao Licchavi Vimalakirtiindagar sobre a doença dele."

Upali respondeu, "Senhor, de facto estou relutante em ir àquele homem debem indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eu me lembro daqueledia em que dois monges que tinham cometido alguma infracção e estavammuito envergonhados de aparecerem diante do Senhor, assim eles vieram

a mim e disseram, 'Reverendo Upali, nós cometemos uma infracção masestamos muito envergonhados de aparecer perante o Buda. VenerávelUpali, amavelmente remova nossas ansiedades nos perdoando destasinfracções.'

"Senhor, enquanto eu estava dando para esses dois monges algumaspalavras religiosas, o Licchavi Vimalakirti foi lá e disse-me, 'ReverendoUpali, não agrave mais os pecados destes dois monges. Sem osdesconcertar, alivie o remorso deles. Reverendo Upali, o pecado não serátemido dentro, ou fora, ou entre os dois. Porquê?

O Buda disse, “Os seres vivos são aflitos pelas paixões do pensamento, eeles são purificados pela purificação do pensamento."

"'Reverendo Upali, a mente não está nem dentro nem fora, nem isso serátemido entre os dois. O pecado é igual à mente, e todas as coisas sãoiguais ao pecado. Eles não escapam a esta mesma realidade.

"'Reverendo Upali, esta natureza da mente, em virtude do qual a tua mente,reverendo, é libertada – torna-a aflitiva?'

"'Nunca', respondi eu.

"'Reverendo Upali, as mentes de todos os seres vivos têm aquela mesmanatureza. Reverendo Upali, as paixões consistem em conceptualizações. Aderradeira não existência destas conceptualizações e fabricaçõesimaginárias - essa é a pureza que é a natureza intrínseca da mente. Mácompreensão são paixões. A última ausência da má compreensão é anatureza intrínseca da mente. A presunção do eu é paixão. A ausência doeu é a natureza intrínseca da mente. Reverendo Upali, todas as coisas sãosem produção, destruição, e duração, como ilusões mágicas, nuvens, erelâmpagos; todas as coisas são evanescentes, enquanto nãopermanecendo nem sequer por um momento; todas as coisas são comosonhos, alucinações, e visões irreais; todas as coisas estão como areflexão da lua na água e como uma imagem no espelho; elas nascem dasconstruções mentais. Os que sabem isto são chamados o verdadeirosustentáculo da disciplina, e os disciplinados daquele modo são realmentebem disciplinados.'"

"Então os dois monges disseram, 'Este dono da casa é extremamente bem

dotado de sabedoria. O reverendo Upali que era proclamado pelo Senhorcomo o mais ilustre do sustentáculo da disciplina, não é igual a dele.'

"Eu disse então aos dois monges, 'Não se entretenham com a noção queele é um mero dono da casa! Porquê? Com a excepção do Tathagata, hánenhum discípulo ou bodhisattva capaz de competir com a eloquência deleou rivalizar o brilho da sabedoria dele.'

"Logo após, os dois monges, deixaram as suas ansiedades e inspirados dealta determinação, conceberam o espírito do inexcedível, esclarecimentoperfeito. Curvando-se até aquele homem de bem, eles formularam odesejo: 'Possam todos os seres vivos atingem eloquência como nós!'Então, eu estou relutante, em ir àquele homem de bem indagar sobre adoença dele."

O Buda disse então ao venerável Rahula, "Rahula, vá ao LicchaviVimalakirti indagar sobre a doença dele."

Rahula respondeu, "Senhor, de facto estou relutante em ir àquele homemde bem indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eu me lembrodaquele dia, em que muitos cavalheiros de jovens Licchavi, vieram para olugar onde eu estava e disseram-me, 'Reverendo Rahula, você é o filho doSenhor, e, tendo renunciado ao reino de um monarca universal, vocêdeixou o mundo. Quais são as virtudes e benefícios que você viu, deixandoo mundo?'

"Quando eu lhes estava ensinando correctamente os benefícios e virtudesde renunciar o mundo, o Licchavi Vimalakirti foi até lá e, tendo-mecumprimentado, disse, 'Reverendo Rahula, você não deves ensinar osbenefícios e virtudes de renúncia do modo que você faz. Porquê?Renúncia é ela mesma, a total ausência de virtudes e benefícios.

Reverendo Rahula, a pessoa pode falar de benefícios e virtudes comrespeito a coisas compostas, mas renúncia é não composta, e não pode,haver duvidas de benefícios e virtudes, com respeito ao não composto.Reverendo Rahula, renúncia não é material mas está livre de substância.Está livre das visões extremas de começar e termina. É o caminho dalibertação. É elogiado pelo modo, abraçado pelos santos, e causa aderrota de todo o Mara. Liberta dos cinco estados da existência, purifica oscinco olhos, cultiva os cinco poderes, e apoia as cinco faculdades

espirituais. Renúncia é totalmente inofensiva aos outros e não é adulteradacom coisas más. Disciplina o heterodoxo, transcendendo todas asdenominações. É a ponte em cima do pântano do desejo, sem agarrar, elivre dos hábitos de "mim" e "meu." É sem apego e sem perturbação,eliminando toda a comoção. Disciplina a própria mente da pessoa eprotege as mentes dos outros. Favorece a quietude mental e estimula aanálise transcendental. Está sob todos os aspectos impecável e assim échamado renúncia. Aqueles que deixam o mundo deste modo, sãochamados "verdadeiramente renunciantes." Homens jovens, renunciem aomundo, na luz deste ensinamento claro! O aparecimento de um Buda éextremamente raro. Vida humana dotada de lazer e oportunidades é muitodifícil de obter. Ser um ser humano, é muito precioso.'

"Os homens jovens reclamaram: 'Mas, dono da casa, nós ouvimos oTathagata declarar, não devem renunciar ao mundo sem a permissão dospais da pessoa.'

"Vimalakirti respondeu: 'Homens jovens, você devem-se cultivarintensivamente para conceber o espírito do inexcedível, esclarecimentoperfeito. Que em si mesmo será a vossa renúncia e alta consagração!'

"Logo após, trinta e dois dos jovens de Licchavi conceberam o espírito doinexcedível esclarecimento perfeito.

Então, Senhor, eu estou relutante em ir àquele homem de bem indagarsobre a doença dele."

O Buda disse então ao venerável Ananda, "Ananda, vá ao LicchaviVimalakirti indagar sobre a doença dele."

Ananda respondeu, "Senhor, de facto estou relutante em ir àquele homemde bem indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eu me lembro deum dia quando o corpo do Senhor manifestou alguma indisposição e elerequereu um pouco de leite; Eu levei a tigela e fui para a porta da mansãode uma grande família brâmane. o Licchavi Vimalakirti foi lá, e, tendo-mesaudado, disse, 'Reverendo Ananda, o que está fazendo você tão cedo nolimiar desta casa com sua tigela na mão, pela manhã?'

"Eu respondi: 'o corpo do Senhor manifesta alguma indisposição, e eleprecisa de um pouco de leite. Então, eu vim buscar algum.'

"Vimalakirti disse-me então, 'Reverendo Ananda, não diga tal coisa!Reverendo Ananda, o corpo do Tathagata é duro como um diamante,depois de ter eliminado todos os traços do instinto do mal e estandodotado com toda a bondade. Como poderia a enfermidade ou odesconforto afectar tal corpo?

"'Reverendo Ananda, vá em silêncio, e não deprecie o Senhor. Não digatais coisas a outros. Não seria bom para os Senhores poderosos ou paraos bodhisattvas que vem dos vários campos-Buda, ouvir tais palavras.

"'Reverendo Ananda, um monarca universal que só está dotado com umapequena raiz de virtude está livre de doenças.

Como então pode o Senhor que tem uma raiz infinita de virtude ter qualquerdoença? É impossível.

"'Reverendo Ananda, não traga vergonha sobre nós, mas vá em silêncio,para que os sectários heterodoxos não oiçam as suas palavras. Elesdiriam, "Que vergonha! O professor destas pessoas nem mesmo podecurar as suas próprias moléstias. Como pode ele então curar as moléstiasdos outros?" Reverendo Ananda, vá discretamente de forma que ninguémo observe.

"'Reverendo Ananda, os Tathagatas têm o corpo do Dharma - não umcorpo que é contínuo através da comida material.

Os Tathagatas têm um corpo transcendental que transcendeu todas asqualidades mundanas.

Não há nenhum dano no corpo de um Tathagata, que é livre de todas ascorrupções. O corpo de um Tathagata é não composto e livre da actividadede toda a forma. Reverendo Ananda, acreditar que pode haver doença numtal corpo é irracional e impróprio!'

"Quando eu ouvi estas palavras, eu desejei saber se eu tinha previamenteouvido mal e entendido mal o Buda, e estava muito envergonhado. Entãoeu ouvi uma voz do céu: 'Ananda! O dono da casa fala verdade com você.

Não obstante, desde que o Buda apareceu durante o tempo das cinco

corrupções, ele disciplina os seres vivos agindo humildemente. Então,Ananda, não esteja envergonhado, vá e adquira o leite!'

"Senhor, tal foi a minha conversação com o Licchavi Vimalakirti, e então euestou relutante em ir àquele homem de bem indagar sobre a doença dele."

Da mesma maneira, o resto dos quinhentos discípulos estavam relutantesem ir ao Licchavi Vimalakirti, e cada um contou ao Buda a sua própriaaventura, recontando todos eles as suas conversações com LicchaviVimalakirti.

------------------------------------------

4. A Relutância dos Bodhisattvas

Então, o Buda disse ao bodhisattva Maitreya, "Maitreya, vá ao LicchaviVimalakirti indagar sobre a doença dele."

Maitreya respondeu, "Senhor, eu realmente estou relutante em ir àquelehomem de bem indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eu melembro daquele dia em que estava comprometido numa conversação comos deuses do céu de Tushita, o Senhor Samtusita e os seusacompanhantes, sobre a fase de não regressão dos grandes bodhisattvas.Naquele momento, chegou o Licchavi Vimalakirti e dirigiu-se-me assim:

"'Maitreya, o Buda profetizou que um único nascimento estava entre você ea inexcedível Iluminação perfeita. A que tipo de nascimento, respeita estaprofecia, Maitreya? É passado? É futuro? Ou é presente? Se for umnascimento passado, já está acabado. Se for um nascimento futuro, nuncachegará. Se for um nascimento presente, não tem suporte. O Budadeclarou, "Bhikkhus, num único momento, você nasce, você envelhece,você morre, você transmigra, e você renasce."

"'Então pode a profecia dizer respeito ao não nascimento? Mas o nãonascimento concerne ao estágio do destino fundamental no qual não há

profecia nem o alcançar da Iluminação perfeita.

"'Então, Maitreya, a sua realidade é de nascença? Ou é de cessação? Asua realidade como profetizado não nasce e não cessa, nem nascerá nemcessará. Além disso, a sua realidade é igual à realidade de todos os seresvivos, à realidade de todas as coisas, e à realidade de todos os santos. Sea sua iluminação pode ser profetizada desta forma, assim pode ser a detodos os seres vivos. Porquê?, porque a realidade não consiste emdualidade ou em diversidade. Maitreya, em qualquer momento que vocêatinja a Iluminação que é a Iluminação da perfeição, ao mesmo tempotodos os seres vivos também atingirão a última libertação. Porquê? OsTathagatas não entram na última libertação até que todos os seres vivosentrem também na última libertação. Desde que todos os seres vivosestejam totalmente libertados, os Tathagatas os vêem como tendo anatureza da última libertação.

"'Então, Maitreya, não engane nem iluda estas deidades! Ninguémpermanece, ou regressa da iluminação.

Maitreya, você deveria induzir estas deidades a repudiar todas asconstruções discriminativas relativas à iluminação.

"'A Iluminação perfeita não é realizada nem pelo corpo nem pela mente.

A Iluminação é a erradicação de todas as marcas.

A Iluminação está livre das presunções relativas a todos os objectos.

A Iluminação está livre do funcionamento de todos os pensamentosintencionais.

A Iluminação é a aniquilação de todas as convicções.

A Iluminação é livre de todas as construções discriminativas.

A Iluminação é livre de toda a vacilação, actividade mental, e agitação.

A Iluminação não está envolvida em qualquer compromisso.

A Iluminação é a chegada da separação, pela liberdade de todas as

atitudes habituais. O chão da Iluminação é o último reino.

A Iluminação é a realização da realidade.

A Iluminação permanece no limite da realidade.

A Iluminação é sem dualidade, visto que não é nenhuma mente nemnenhuma coisa.

A Iluminação é igualdade, sendo que é igual ao espaço infinito.

A Iluminação é não-construída, porque ela é, nem não nascida, nem nãoobstruída, não suporta nem sofre qualquer transformação.

A Iluminação é o conhecimento completo dos pensamentos, acções, einclinações de todos os seres vivos.

A Iluminação não é uma porta para os seis sentidos da comunicação.

A Iluminação não é adulterada, uma vez que está livre das paixões doinstinto, dirigidas à sucessão das vidas.

A Iluminação não está nem, em algum lugar nem, em nenhuma parte, nãopermanecendo em nenhum local ou dimensão.

A Iluminação, não estando contida em nada, não permanece na realidade.

A Iluminação somente é um nome e até mesmo esse nome é semmovimento.

A Iluminação, livre de abstenção e empreendimento, é sem energia. Não hánenhuma agitação na Iluminação, que é por natureza totalmente pura.

A Iluminação é o brilho, puro em essência.

A Iluminação é sem subjectividade e completamente sem objecto. AIluminação que penetra a igualdade de todas as coisas é indiferenciada.

A Iluminação não é mostrada por qualquer exemplo, é incomparável.

A Iluminação é subtil, uma vez que é extremamente difícil perceber.

A Iluminação é toda penetrante, como é a natureza do espaço infinito.

A Iluminação não pode ser percebida, física ou mentalmente. Porquê? Ocorpo é como erva, árvores, paredes, caminhos, e alucinações. E a menteé imaterial, invisível, infundada, e inconsciente.'

"Senhor, quando Vimalakirti acabou de discursar assim, duzentas dasdeidades naquela assembleia atingiram a tolerância do não nascimento.Senhor, eu fiquei estupefacto. Então, eu estou relutante em ir àquelehomem de bem indagar sobre a doença dele."

O Buda disse então ao jovem Licchavi Prabhavyuha, "Prabhavyuha, vá aoLicchavi Vimalakirti indagar sobre a doença dele."

Prabhavyuha respondeu, "Senhor, eu realmente estou relutante em ir àquelehomem de bem indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eu melembro de um dia, quando eu estava saindo da grande cidade de Vaisali, euconheci o Licchavi Vimalakirti que entrava. Ele me cumprimentou, e entãome dirigi a ele:

'Dono da casa donde você vem?'

Ele respondeu, 'Eu venho do lugar da Iluminação.'

Então indaguei, 'o que significa "lugar da Iluminação?"

' Ele então disse-me as seguintes palavras,

'Oh Nobre filho, o lugar da Iluminação é o lugar do pensamento positivoporque é sem artificialidade.

É o lugar do esforço, porque liberta actividades enérgicas.

É o lugar da alta determinação, porque sua perspicácia é superior.

É o lugar do grande espírito da Iluminação, porque não negligencia nada.

É o lugar da generosidade, porque não tem nenhuma expectativa de

recompensa.

É o lugar da moralidade, porque cumpre todos os compromissos.

É o lugar da tolerância, porque está livre da raiva de qualquer ser vivo.

É o lugar do esforço, porque não retrocede.

É o lugar da meditação, porque gera aptidão da mente.

É o lugar da sabedoria, porque vê tudo directamente.

É o lugar do amor, porque é igual a todos os seres vivos.

É o lugar da compaixão, porque tolera todos os danos.

É o lugar da alegria, porque é o contentamento dedicado às felicidades doDharma.

É o lugar da equanimidade, porque abandona afecto e aversão.

É o lugar da percepção paranormal, porque tem os seis superconhecimentos.

É o lugar da libertação, porque não intelectualiza.

É o lugar da técnica da libertação, porque desenvolve os seres vivos.

É o lugar dos meios de unificação, porque reúne os seres vivos.

É o lugar da aprendizagem, porque faz a prática da essência.

É o lugar da resolução, porque é a sua escrupulosa discriminação.

É o lugar das ajudas à Iluminação, porque elimina a dualidade do compostoe do não composto.

É o lugar de verdade, porque não engana ninguém.

É o lugar da origem interdependente, porque procede do esgotamento da

ignorância ao esgotamento da velhice e morte.

É o lugar da erradicação de todas as paixões, porque está perfeitamenteiluminado sobre a natureza da realidade.

É o lugar de todos os seres vivos, porque todos os seres vivos são semidentidade intrínseca.

É o lugar de todas as coisas, porque está perfeitamente iluminado comrespeito à nulidade.

É o lugar da conquista de todos os demónios, porque nunca vacila.

É o lugar do mundo triplo, porque está livre de envolvimento.

É o lugar do heroísmo onde soa o rugido do leão, porque está livre domedo e de tremores.

É o lugar das forças, das não temeridades, e todas as qualidades especiaisdo Buda, porque está sob todos os aspectos impecável.

É o lugar dos três conhecimentos, porque nisto não permanece nenhumapaixão.

É o lugar do entender instantâneo, total de todas as coisas, porque percebea gnose da omnisciência completamente.

"'Nobre filho, quando os bodhisattvas estão assim dotados com astranscendências, as raízes da virtude, a habilidade para desenvolver osseres vivos, e a incorporação do Dharma santo, se eles erguem os seuspés, ou os derrubaram, todos eles vêm do lugar da Iluminação. Eles vêmdas qualidades do Buda, e se elevam nas qualidades do Buda.'

"Senhor, quando Vimalakirti explicou este ensinamento, quinhentos deusese homens conceberam o espírito da Iluminação, e eu fiquei estupefacto.Então, Senhor, eu estou relutante em ir àquele homem de bem indagarsobre a doença dele."

O Buda disse então ao bodhisattva Jagatimdhara, "Jagatimdhara, vá aoLicchavi Vimalakirti para indagar sobre a doença dele."

Jagatimdhara respondeu, "Meu Senhor, eu realmente estou relutante em iràquele homem de bem indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eume lembro daquele dia, quando eu estava em casa, o perverso Mara,disfarçado de Indra e rodeado com doze mil moças divinas, aproximou-seaos sons da música e cantando. Tendo-me saudado tocando os meus péscom a cabeça, ele retirou-se com a sua comitiva para um lado. Eu então,pensando que ele era Sakra, o rei dos deuses, disse-lhe, 'Bem vindo, OhKausika! Você deveria permanecer conscientemente atento no meio dosprazeres do desejo. Você deveria pensar frequentemente naimpermanência e deveria se esforçar para utilizar o essencial no corpo,vida, e riqueza.'

"Mara disse-me então, 'Bom senhor, aceite estas doze mil moças divinas efaça-as suas criadas.'

"Eu respondi, 'Oh Kausika, não me ofereça coisas, que não me sãoapropriadas, eu sou religioso e um filho do Sakya. Não é próprio eu terestas moças.'

"Tão depressa eu disse estas palavras o Licchavi Vimalakirti veio até mime disse-me , 'Nobre filho, não penses que este é Indra! Este não é Indramas o perverso Mara que veio ridiculariza-lo.'

"Então o Licchavi Vimalakirti disse a Mara, 'Malicioso Mara, uma vez queestas moças divinas não são satisfatórias para este devoto religioso, umfilho do Sakya, então dê-me-as a mim.'

"Então Mara ficou apavorado e aflito, pensando que o Licchavi Vimalakirtio tinha vindo expor. Ele tentou fazer-se invisível, mas, mesmo com todosos seus poderes mágicos, ele não conseguiu desaparecer de vista. Entãouma voz ressoou no céu dizendo, 'Malvado, dê estas moças divinas aobom homem Vimalakirti, e só então poderá voltar ao seu domicílio.'

"Então Mara ficou amedrontado e, contra vontade, deu as moças divinas.

"O Licchavi Vimalakirti, tendo recebido as deusas, disse-lhes, 'Agora quevocês me foram dadas por Mara, todas vocês deverão conceber o espíritodo, inexcedível esclarecimento perfeito.'

"Ele as exortou então com um discurso satisfatório para o desenvolvimentoda Iluminação delas, e logo conceberam o espírito da Iluminação. Eledisse-lhes então , 'Você conceberam há pouco o espírito da Iluminação.

De agora em diante, você deveriam dedicar-se a encontrar alegria nosprazeres do Dharma, e não deveriam ter prazeres nos desejos.'

"Elas lhe perguntaram então, 'O que é "alegria nos prazeres do Dharma?"'

"Ele declarou, 'é a alegria da fé irrompível no Buda, de desejar ouvir oDharma, de servir o Sangha e honrar os benfeitores espirituais semorgulho.

É a alegria da renúncia do mundo inteiro, de não ser fixo em objectos, deconsiderar os cinco agregados, que são como assassinos, de consideraros elementos, que são como serpentes venenosas, e de considerar ossentidos, como uma cidade vazia.

É a alegria de sempre vigiar o espírito da Iluminação, de ajudar os seresvivos, de compartilhar a generosidade, de não afrouxar na moralidade, docontrole e tolerância em paciência, do cultivo completo da virtude peloesforço, da absorção total na meditação, e da ausência das paixões emsabedoria.

É a alegria de alargar a Iluminação, de conquistar Mara, de destruir aspaixões, e de purificar o campo-Buda.

É a alegria de acumular todas as virtudes para cultivar as marcas e ossinais auspiciosas.

É a alegria da libertação da não intimidação, ao ouvir o ensino profundo.

É a alegria da exploração das três portas da libertação, e da realização dalibertação.

É a alegria de ser um ornamento do lugar da Iluminação, e de não atingir alibertação no momento errado.

É a alegria de servir os de sorte igual, de não odiar ou se ressentir com osde sorte superior, de servir os benfeitores espirituais, e de evitar os amigos

pecadores.

É a alegria superior da fé e devoção ao Dharma.

É a alegria de adquirir técnicas de libertação e do cultivo consciente dasajudas para a Iluminação. Assim, o bodhisattva admira e acha alegria nasdelícias do Dharma.'

"De seguida, Mara disse às deusas, 'Agora venham e nos deixem voltarpara casa.'

"Elas disseram, 'Tu deste-nos a este dono da casa. Agora nós devemosdesfrutar as delícias do Dharma e já não devemos desfrutar os prazeresdos desejos.'

"Então Mara disse ao Licchavi Vimalakirti, 'Se o bodhisattva, é o heróiespiritual, que não tem apego mental, e dá todas as suas posses, então,dono da casa, por favor dê-me estas deusas.'

"Vimalakirti respondeu, 'Elas estão dadas, Mara. Vá para casa com o seuséquito. Possam vocês cumprir as aspirações religiosas de todos os seresvivos!'

"Então as deusas, saudando Vimalakirti, disseram-lhe, 'Dono da casa,como devemos nós morar no domicílio de Mara?'

"Vimalakirti respondeu, 'Irmãs, há uma porta do Dharma chamada "ALâmpada Inesgotável." Pratiquem!

O que é isso? Irmãs, uma única lâmpada pode iluminar centenas demilhares de lustres sem se diminuir a si mesma.

Igualmente, irmãs, um único bodhisattva pode manter muitas centenas demilhares de seres vivos em Iluminação sem que a sua plenitude mental sejadiminuída. Na realidade, não só não diminui, como cresce mais forte.Igualmente, quanto mais ensina e demonstra qualidades virtuosas a outros,mais se desenvolve com respeito a essas qualidades virtuosas. Isto é aporta do Dharma chamada "A Lâmpada Inesgotável." Quando vocêsestiverem vivendo no reino de Mara, inspirem inumeráveis deuses e deusascom o espírito da Iluminação. Deste modo, vocês retribuirão a bondade do

Tathagata, e vocês se tornarão os benfeitores de todos os seres vivos.'

"Então, aquelas deusas curvaram-se aos pés do Licchavi Vimalakirti epartiram na companhia de Mara.

Assim, Senhor, eu vi a supremacia do poder mágico, sabedoria, eeloquência do Licchavi Vimalakirti, e então eu estou relutante em ir àquelehomem de bem indagar sobre a doença dele."

O Buda disse então ao filho do comerciante Sudatta, “Nobre filho, vá aoLicchavi Vimalakirti para indagar sobre a doença dele."

Sudatta respondeu, "Senhor, eu realmente estou relutante em ir àquelehomem de bem indagar sobre a doença dele. Porquê? Senhor, eu melembro de um dia na casa de meu pai, quando, para celebrar um grandesacrifício, eu estava dando presentes aos devotos religiosos, Brahmas, opobre, o miserável, o infeliz, mendigos, e todos os necessitados. No finaldo sétimo dia desse grande sacrifício, o Licchavi Vimalakirti foi lá e disse,'Filho de comerciante, não devias celebrar um sacrifício deste modo.Devias celebrar um sacrifício Dharma. O que é o uso do sacrifício dascoisas materiais?'

"Então perguntei-lhe, 'Como se oferece um sacrifício Dharma?'

"Ele respondeu, 'Um sacrifício Dharma é o que desenvolve os seres vivossem começar ou terminar, dando presentes simultaneamente a todos eles.O que é isso? Consiste no grande amor que é consumado na Iluminação;da grande compaixão que é consumada na concentração do santo Dharma,na libertação de todos os seres vivos; da grande alegria que é consumadana consciência da felicidade suprema de todos os seres vivos; e da grandeequanimidade que é consumada na concentração por conhecimento.

"'O sacrifício Dharma consiste na transcendência da generosidade que éconsumada na paz e autodisciplina; ,

da transcendência da moralidade que é consumada no desenvolvimentomoral dos seres imorais;

da transcendência da tolerância, consumada pelo princípio da abnegação;

da transcendência do esforço, consumado na iniciativa para a Iluminação;

da transcendência da meditação, consumada na solidão do corpo e mente;e da transcendência da sabedoria, consumada na gnose omnisciente.

"'O sacrifício Dharma consiste na meditação da vacuidade, consumada naefectividade do desenvolvimento de todos os seres vivos; da meditação naausência de sinais, consumada na purificação de todas as coisascompostas; e na meditação da carência de desejos, consumada navoluntariosa assunção dos renascimentos.

"'O sacrifício Dharma consiste na força heróica, consumada no apoio aoDharma santo;

do poder da vida, consumada nos meios de unificação;

da ausência do orgulho, consumado no tornar-se o escravo e o discípulode todos os seres vivos;

do lucro do corpo, saúde, e riqueza, consumada pela extracção daessência da sem essência;

na plenitude mental, consumada pelas seis recordações;

no pensamento positivo, consumado pelo Dharma verdadeiramenteagradável;

na pureza do sustento, consumado através da prática espiritual correcta;

do respeito pelos santos, consumado através do serviço jovial e fiel;

na sobriedade da mente, consumada pela ausência de antipatia porpessoas comuns;

de grandes decisões, consumadas através da renúncia;

da habilidade em erudição, consumada através da prática religiosa;

da aposentadoria em retiradas solitárias consumadas, entendendo ascoisas livre de paixões;

da meditação introspectiva, consumada através de obter a gnose-Buda;

da fase da prática da ioga, consumada pela ioga de libertar todos os seresvivos das paixões deles.

"'O sacrifício Dharma consiste nas reservas de mérito que sãoconsumadas pelos sinais e marcas auspiciosas, nos ornamentos doscampos-Buda, e todos os outros meios de desenvolvimento dos seresvivos;

da reserva de conhecimentos que é consumado na habilidade para ensinaro Dharma, de acordo com os pensamentos e acções de todos os seresvivos;

na reserva de sabedoria que é consumada na gnose uniforme e livre deaceitação e rejeição com respeito a todas as coisas;

na reserva de todas as raízes de virtude, consumada no abandono detodas as paixões, ofuscações, e coisas não virtuosas; e do alcançar todasas ajudas para a Iluminação, consumada na realização da gnose daomnisciência, como também na realização de toda a virtude.

"'Isto, oh nobre filho, é o sacrifício Dharma. O bodhisattva vive por estesacrifício Dharma que é o melhor dos sacrifícios e através deste seuextremo sacrifício, é merecedor dos oferecimentos de todas as pessoas,inclusive dos deuses.'

"Senhor, assim que o dono da casa terminou de discursar assim, duzentosBrahmas entre a multidão dos Brahmas presentes conceberam o espíritoda inexcedível Iluminação perfeita. E eu, cheio de surpresa, tendo saudadoeste homem bom, tocando os pés dele com minha cabeça, tirei do redordo meu pescoço um colar de pérolas no valor de cem mil pedaços de ouroe ofereci-o a ele. Mas ele não aceitou. Eu então disse-lhe, 'Por favor aceitehomem bom, este colar de pérolas, sem compaixão para mim, e dê isto aquem quer que seja, que você deseja.'

"Então, Vimalakirti aceitou as pérolas e dividiu-as em dois. Ele deu umametade ao mais humilde pobre da cidade que tinha sido desprezado pelospresentes no sacrifício. A outra metade ofereceu-a ao Tathagata

Dusprasaha. E ele executou um milagre tal que todos os presentes viram ouniverso chamado Marici e o Tathagata Dusprasaha. Na cabeça doTathagata Dusprasaha, o colar de pérolas tomou a forma de um pavilhão,enfeitado com fios de pérolas, descansando em quatro bases, com quatrocolunas simétricas, bem construídas, e graciosa de se ver. Tendomostrado tal milagre, Vimalakirti disse, 'O doador que faz presentes aomais humilde pobre da cidade, considerando-os tão merecedor deoferecimentos como o próprio Tathagata, o doador que dá sem qualquerdiscriminação, imparcialidade, sem expectativa de recompensa, e comgrande amor - este doador, eu digo, cumpre totalmente o sacrifícioDharma.'

"Então o pobre da cidade, tendo visto aquele milagre e tendo ouvido aqueleensino, concebeu o espírito da inexcedível Iluminação perfeita. Então,Senhor, eu estou relutante em ir àquele homem de bem indagar sobre adoença dele."

Da mesma maneira, todos os bodhisattvas, grandes heróis espirituais,contaram as histórias das suas conversações com Vimalakirti e declararama sua relutância em ir ter com ele.

---------------------------------------

5. A consolação do doente

Então, o Buda disse ao príncipe coroado, Manjusri, "Manjusri, vá visitar oLicchavi Vimalakirti e indague sobre a doença dele."

Manjusri respondeu, "Senhor, é difícil acompanhar o Licchavi Vimalakirti.

Ele é talentoso, com eloquência maravilhosa relativa à lei do profundo.

Ele é extremamente qualificado nas expressões e na reconciliação dasdicotomias.

A eloquência dele é inexorável, e ninguém pode resistir ao seuimperturbável intelecto.

Ele realiza todas as atividades dos bodhisattvas.

Ele penetra todos os mistérios secretos dos bodhisattvas e dos Buddhas.

Ele é qualificado em humanizar todos os domicílios dos demónios.

Ele joga com o grande super conhecimento.

Ele é consumado em sabedoria e técnicas de libertação.

Ele atingiu a excelência suprema da esfera indivisível não dualista do últimoreino.

Ele é qualificado no ensino do Dharma com as suas infinitas modalidadesdentro da essência homogénea.

Ele é qualificado para conceder os meios de alcançar os objectivosconforme as faculdades espirituais de todos os seres vivos.

Ele integrou a sua completa realização com habilidade nas técnicas dalibertação.

Ele atingiu resolução com respeito a todas as perguntas.

Assim, embora ele não tenha quem se lhe oponha, principalmente poralguém com as minhas fracas defesas, mesmo que, sustentadas pela graçado Buda, eu irei e conversarei com ele, tão bem quanto seja capaz."

Logo de seguida, naquela assembleia, os bodhisattvas, os grandesdiscípulos, o Sakras, o Brahmas, o Lokapalas, os deuses e deusas, todostiveram este pensamento: "Seguramente as conversações do jovempríncipe Manjusri e aquele homem de bem resultarão num ensino profundodo Dharma."

Assim, oito mil bodhisattvas, quinhentos discípulos, um grande número deSakras, Brahmas, Lokapalas, e muitas centenas de milhares de deuses e

deusas, todos seguiram o coroado príncipe Manjusri para escutar oDharma. E o coroado príncipe Manjusri, rodeado e seguido por estesbodhisattvas, discípulos, Sakras, Brahmas, Lokapalas, deuses, e deusas,entraram na grande cidade de Vaisali.

Entretanto, o Licchavi Vimalakirti pensou, "Manjusri, o príncipe coroado,está vindo para aqui com numerosos criados. Agora, possa esta casa sertransformado em vacuidade!"

Então, magicamente a casa dele ficou vazia. Até mesmo o porteirodesapareceu. E, com excepção do sofá do doente no qual o próprioVimalakirti estava deitado, não podia ser visto nenhuma cama, sofá ouassento em algum lugar.

Então, o Licchavi Vimalakirti viu o coroado príncipe Manjusri e dirigiu-se-lheassim: "Manjusri! Bem vindo, Manjusri! Você é muito bem vindo! Aí estávocê, sem qualquer vinda. Você aparece, sem que o vejam. Você é ouvido,sem qualquer audição."

Manjusri declarou, "Dono da casa, é como você diz. Quem vem, finalmentenão vem. Quem vai, finalmente não vai.

Porquê? Quem vem não é conhecido para vir. Quem vai não é conhecidopara ir. Quem aparece, não é finalmente, para ser visto.

"Bom Senhor, a sua condição é tolerável? São habitáveis? Seus elementosfísicos não estão perturbados? Sua doença está diminuindo? Não estáaumentando? O Buda pergunta por você - se você tem dificuldades,desconforto, doenças superficiais, se a sua angústia é clara, se você sepreocupa por ser forte, estar confortável, sem remorso, e se você estávivendo em contacto com a felicidade suprema.

"Dono da casa, de onde veio esta sua doença? Quanto tempo demorará?Como a suporta? Como pode ser aliviado?"

Vimalakirti respondeu, "Manjusri, minha doença vem da ignorância e dasede para a existência e durará tanto quanto a enfermidade de todos osseres vivos. Fossem todos os seres vivos livres de doença, e eu tambémnão estaria doente. Porquê? Manjusri, para o bodhisattva, o mundo sóconsiste em seres vivos, e a doença é inerente ao estar morando no

mundo. Se todos os seres vivos fossem livres de doença, o bodhisattvatambém estariam livre de doença. Por exemplo, Manjusri, quando o únicofilho de um comerciante está doente, ambos seus pais ficam doentes porcausa da doença do filho deles. E os pais sofrerão, enquanto o seu filhoúnico, não recuperar da doença dele. É assim, Manjusri, o bodhisattva amatodos os seres vivos como se cada um fosse a sua única criança. Ele ficadoente quando eles estão doentes e é curado quando eles são curados.Você me pergunta, Manjusri, de onde vem minha doença; a enfermidadedos bodhisattvas surgem de grande compaixão."

Manjusri: Dono da casa, por que está a sua casa vazia? Por que não temnenhum criado?

Vimalakirti: Manjusri, todos os campos-Buda são também vazios.

Manjusri: O que os faz esvaziar?

Vimalakirti: Eles são vazios por causa da vacuidade.

Manjusri: O que é "vazio" com respeito à vacuidade?

Vimalakirti: As construções são vazias, por causa da vacuidade.

Manjusri: Vacuidade pode ser construída conceptualmente?

Vimalakirti: Até mesmo esse conceito é vazio, e a vacuidade não podeconstruir a vacuidade.

Manjusri: Dono da casa onde deve a vacuidade ser encontrada?

Vimalakirti: Manjusri, a vacuidade deve ser encontrada entre as sessenta eduas convicções.

Manjusri: E onde as sessenta e duas convicções devem ser encontradas?

Vimalakirti: Elas devem ser encontradas na libertação dos Tathagatas.

Manjusri: E onde a liberação dos Tathagatas deve ser encontrada?

Vimalakirti: Deve ser encontrada na actividade mental principal de todos os

seres vivos. Manjusri, você me pergunta por que estou sem criados, mastodos os Mara e oponentes são meus criados. Porquê? Mara defende estavida de nascimento e morte e o bodhisattva não evita a vida. Os oponentesheterodoxos defendem convicções, e o bodhisattva não está preocupadocom convicções. Então, todos os Mara e oponentes são meus criados.

Manjusri: Dono da casa, de que tipo é sua doença?

Vimalakirti: É imaterial e invisível.

Manjusri: É física ou mental?

Vimalakirti: Não é física, porque o corpo é insubstancial em si mesmo. Nãoé mental, já que a natureza da mente é como a ilusão.

Manjusri: Dono da casa por qual dos quatro elementos principais éafectado - terra, água, fogo, ou ar?

Vimalakirti: Manjusri, eu só estou doente porque os elementos dos seresvivos estão perturbados através das enfermidades.

Manjusri: Dono da casa, como um bodhisattva devia consolar outrobodhisattva que está doente?

Vimalakirti: Ele deve dizer-lhe que o corpo é impermanente, mas não odeve exortar à renúncia ou desgosto.

Ele deve dizer-lhe que o corpo é miserável, mas não deve encorajá-lo aque encontre consolo na libertação; que o corpo é sem eu, mas os seresvivos devem ser desenvolvidos; que o corpo é calmo, mas não procurar acalma última.

Ele deve-lhe incutir que confesse as suas más acções, mas não por causada absolvição.

Ele deve encorajar a sua empatia por todos os seres vivos tendo em contaa sua própria doença, a recordação do sofrimento experimentado no temposem começo, e a consciência de trabalhar para o bem-estar dos seresvivos.

Ele deve encorajar-se a que não seja afligido, mas manifestar as raízes davirtude, manter a pureza primitiva e a falta de desejo, e assim sempre seesforçar, para se tornar o rei dos curandeiros, que podem curar todas asenfermidades. Assim deve ser o consolo de um bodhisattva, para umbodhisattva doente, de tal modo que o faça feliz.

Manjusri perguntou, “Nobre senhor, como deve um bodhisattva doentecontrolar a sua própria mente?"

Vimalakirti respondeu, "Manjusri, um bodhisattva doente deve controlar asua própria mente com a seguinte consideração: A doença surge doenvolvimento total, no processo de entender mal o tempo sem começo.Surge das paixões, que são o resultado de construções mentais irreais, econsequentemente no final de contas nada é percebido que possa ser ditoque está doente. Porquê? O corpo é o motivo dos quatro elementosprincipais, e nestes elementos não há nenhum dono nem nenhum agente.Não há nenhum eu neste corpo, e com excepção da insistência arbitrárianum eu, no final de contas nenhum "eu", pode ser dito que está doente ouque pode ser apreendido. Então, pensando que "eu", não devia aderir aqualquer eu, e "eu" devia descansar no conhecimento da raiz da doença',ele deve abandonar a sua concepção, como sendo uma personalidade eproduzir uma concepção, como sendo uma coisa; enquanto pensa, 'Estecorpo é um agregado de muitas coisas; quando nasce, só coisas nascem;quando cessar, só coisas cessarão; estas coisas não têm nenhumaconsciência ou sentindo do eu, e assim; quando elas nascem, elas nãopensam, "eu nasci." Quando elas cessam, elas não pensam, "eu cessei."'

"Além disso, ele deve entender meticulosamente a concepção de si mesmocomo uma coisa, cultivando a seguinte consideração: 'Da mesma maneiraque no caso da concepção do "eu," assim a concepção de "coisa",também é um engano, e este engano também é uma doença séria; Eu devolivrar-me desta doença e devo esforçar-me por abandona-la .'

"Qual é a eliminação desta doença? É a eliminação do egoísmo e dapossessividade.

O que é a eliminação do egoísmo e da possessividade? É a liberdade dodualismo.

O que é liberdade do dualismo? Ou é a ausência de envolvimento com o

externo ou com o interno.

O que é ausência de envolvimento com o externo ou o interno? É a nãodivergência, a não flutuação, e a não distracção da equanimidade. O que éequanimidade? É a igualdade de tudo, desde o eu até à libertação.Porquê? porque o eu e a libertação são nulos. Como ambos podem sernulos? Como designações verbais, eles são ambos nulos, e nenhum éestabelecido em realidade. Então, aquele que vê tal igualdade não fazdiferença entre doença e vacuidade; a doença dele é vazia em si mesma, eaquela doença como vacuidade é nula.

"O bodhisattva doente deve reconhecer que a sensação é afinal de contasnão sensação, mas ele não deve conceber a cessação da sensação.Embora prazer e dor sejam abandonados quando as qualidades-Buda sãocompletamente realizadas, não há nenhum sacrifício da grande compaixãopara todos os seres vivos que vivem nas más migrações. Assim,reconhecendo no seu próprio sofrimento, os sofrimentos infinitos dessesseres vivos, o bodhisattva contempla correctamente esses seres vivos eresolve curar todas os enfermidades. Como para esses seres vivos, nãohá nada a ser aplicado, não há nada para ser removido; a pessoa só temque lhes ensinar o Dharma para eles perceberem a base do qual asenfermidades surgem. Qual é esta base? É a percepção-objecto.

Assim que esses objectos aparentes são percebidos, eles são a base dasenfermidades. Que coisas são percebidas como objectos?

São percebidos os três reinos da existência, como objectos. Qual é acompreensão completa do objecto básico, aparente? É a sua nãopercepção como objecto não existente. O que é não percepção? É osujeito interno e o objecto externo não percebidos dualísticamente. Então, échamado não percepção.

"Manjusri, assim deve um bodhisattva doente controlar a sua própria mentepara superar a velhice, doença, morte, e nascimento. Tal, Manjusri, é adoença do bodhisattva. Se considerar de outro modo, todos os seusesforços serão em vão. Por exemplo, a pessoa é chamada 'o herói'quando a pessoa conquista as misérias do envelhecer, da doença, e damorte.

"O bodhisattva doente deve dizer a si mesmo: 'Da mesma maneira que a

minha doença é irreal e inexistente, assim as enfermidades de todos osseres vivos são irreais e inexistentes.' Por tais considerações, ele despertaa grande compaixão para todos os seres vivos sem entrar em qualquercompaixão sentimental. A grande compaixão que se esforça para eliminaras paixões acidentais, não concebe qualquer vida nos seres vivos. Porquê?Porque a grande compaixão que cai na concepção de propósitossentimentais, unicamente esgota o bodhisattva nas suas reencarnações.Mas a grande compaixão que é livre do envolvimento de percepções compropósitos sentimentais, não esgota o bodhisattva em todas as suasreencarnações. Ele não reencarna pelo envolvimento com tais percepções,mas reencarna com a sua mente livre de envolvimento. Consequentemente,até mesmo a reencarnação dele, é como uma libertação. Sendoreencarnado como estando liberto, ele tem o poder e habilidade paraensinar o Dharma que liberta os seres vivos da escravidão deles. Comodeclara o Senhor: 'Não é possível para quem está amarrado a si mesmo,salvar outros da sua escravidão. Mas o que se libertou, pode libertar outrosda sua escravidão.' Então, o bodhisattva deve participar da liberação e nãodeve participar da escravidão.

"O que é escravidão? E o que é libertação? Entregar-se à libertação domundo sem empregar técnicas libertadoras é escravidão para obodhisattva. Ocupar-se da vida do mundo com o emprego total de técnicaslibertadoras, é libertação para o bodhisattva. Experimentar o gosto dacontemplação, meditação, e concentração sem habilidade em técnicaslibertadoras é escravidão. Experimentar o gosto da contemplação emeditação com habilidade em técnicas libertadoras é libertação. Sabedorianão integrada com técnicas libertadoras é escravidão, mas sabedoriaintegrada com técnicas libertadoras é libertação. Técnica libertadora nãointegrada com sabedoria é escravidão, mas técnica libertadora integradacom sabedoria é libertação.

"Como é que a sabedoria não integrada com técnicas de libertação, é umaescravidão? A sabedoria não integrada com técnicas libertadoras,consiste, na concentração sobre a vacuidade, carência de sinais, ecarência de desejos, e ainda, estando incentivado através da compaixãosentimental, o fracasso em concentrar-se no cultivo dos sinais e marcasauspiciosas, no adorno do campo-Buda, e no trabalho de desenvolvimentodos seres vivos, é escravidão.

"Como é que a sabedoria, integrada com técnicas libertadoras é uma

libertação? A sabedoria, integrada com técnicas libertadoras consiste emser incentivada pela grande compaixão e assim a concentração no cultivodos sinais e marcas auspiciosas, no adorno do campo- Buda, e no trabalhode desenvolvimento dos seres vivos, concentrando todo o tempo naprofunda investigação da vacuidade, carência de sinais e carência dedesejos, - e isso é libertação.

"O que é a escravidão da técnica libertadora não integrada com asabedoria? A escravidão da técnica libertadora não integrada com asabedoria consiste na plantação, pelo bodhisattva, de raízes de virtudessem os dedicar à causa da iluminação, enquanto vive no aperto dasconvicções dogmáticas, paixões, apegos, ressentimentos, e nos seusinstintos subconscientes.

"O que é a libertação da técnica libertadora integrada com a sabedoria? Alibertação da técnica libertadora integrada com a sabedoria consiste nadedicação dos bodhisattvas, nas suas raízes de virtude pela causa dailuminação, sem ter algum orgulho nisso, enquanto renunciam a todas asconvicções, paixões, apegos, ressentimentos, e aos seus instintossubconscientes.

"Manjusri, assim deve o bodhisattva doente considerar as coisas. Asabedoria dele é a consideração do corpo, mente, e doença comoimpermanente, miserável, vazio, e sem eu. A sua técnica de libertaçãoconsiste em não se esvaziar tentando evitar todas as enfermidades físicas,e na aplicação de si mesmo realizar o benefício dos seres vivos, seminterromper o ciclo de reencarnações. Além disso, a sua falsa sabedoria, eentendimento, que o corpo, mente, e doença não são novos nem velhos,mas simultaneamente sequenciais. E a sua falsa técnica de libertação, nãoprocurando a cessação do corpo, mente, ou enfermidades.

"Isto, Manjusri, é o modo como um bodhisattva doente deve concentrar asua mente; ele não deve viver nem a controlar nem a favorecer a suamente. Porquê? Viver favorecendo a mente, é próprio para os bobos eviver a controlar a mente é próprio para os discípulos. Então, o bodhisattvanem deveriam viver a controlar nem a favorecer a sua mente. Não vivendoem qualquer um do dois extremos é o domínio do bodhisattva.

"O não domínio do indivíduo comum e o não domínio do santo, tal é odomínio do bodhisattva.

O domínio do mundo contudo não é o domínio das paixões, tal é o domíniodo bodhisattva. Onde a pessoa entendeu o sentido de libertação, econtudo, não entrou na final e completa libertação, aí é o domínio dobodhisattva.

Onde os quatro Maras se manifestam, e desde que sejam transcendidostodos os trabalhos de Mara, aí é o domínio do bodhisattva.

Onde a pessoa busca a gnose da omnisciência, e desde que não alcanceessa gnose no momento errado, aí é o domínio do bodhisattva.

Onde a pessoa sabe as Quatro Verdades Santas, e desde que nãoperceba essas verdades no momento errado, aí é o domínio dobodhisattva.

Um domínio de perspicácia introspectiva, em que a pessoa não detém areencarnação voluntária no mundo, tal é o domínio do bodhisattva.

Um domínio onde a pessoa percebe o não nascimento, e ainda não estádestinado à iluminação, tal é o domínio do bodhisattva.

Onde a pessoa vê relatividade sem entreter qualquer convicção, aí é odomínio do bodhisattva.

Onde a pessoa se associa com todos os seres, e contudo mantém-se livrede todos os instintos de aflição, aí há o domínio do bodhisattva.

Um domínio de solidão sem lugar para o esgotamento de corpo e damente, tal é o domínio do bodhisattva. O domínio do mundo triplo, contudoindivisível do último reino, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio da vacuidade, onde a pessoa cultiva todos os tipos de virtudes,tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio da carência de sinais, onde a pessoa detém a visão dalibertação de todos os seres vivos, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio do não apego, onde alguém voluntariamente manifesta as vidasno mundo, tal é o domínio do bodhisattva.

"Um domínio essencialmente sem empreender, onde são empreendidastodas as raízes de virtude sem interrupção, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio das seis transcendências onde a pessoa atinge atranscendência dos pensamentos e acções de todos os seres vivos, tal é odomínio do bodhisattva.

O domínio dos seis super conhecimentos, onde as corrupções não sãoesgotadas, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio de viver pelo Dharma santo, sem até mesmo perceber qualquercaminho mau, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio dos quatro incomensuráveis onde a pessoa não aceita orenascimento no céu de Brahma, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio das seis recordações, não afectado por qualquer tipo decorrupção, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio da contemplação, meditação, e concentração onde a pessoanão reencarna nos reinos informes por meio destas meditações econcentrações, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio dos quatro esforços correctos onde a dualidade de bem e malnão é apreendida, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio das quatro bases dos poderes mágicos onde eles sãodominados sem esforço, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio das cinco faculdades espirituais onde a pessoa conhece osgraus das faculdades espirituais dos seres vivos, tal é o domínio dobodhisattva.

O domínio de viver com os cinco poderes onde a pessoa se encanta nosdez poderes do Tathagata, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio da perfeição dos sete factores de esclarecimento onde apessoa é qualificada no conhecimento das distinções intelectuais boas, talé o domínio do bodhisattva.

O domínio do santo óctuplo caminho onde a pessoa se encanta nocaminho ilimitado do Buda, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio do cultivo da aptidão para a quietude mental e análisetranscendental onde a pessoa não entra em quietismo extremo, tal é odomínio do bodhisattva.

O domínio da realização da natureza não nascida, de todas as coisas,além da perfeição do corpo, dos sinais e marcas auspiciosas, e dosornamentos do Buda, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio de manifestar as atitudes dos discípulos e os sábios solitáriossem sacrificar as qualidades do Buda, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio da conformidade para todas as coisas totalmente puras emnatureza enquanto manifestando um comportamento que se ajusta àsinclinações de todos os seres vivos, tal é o domínio do bodhisattva.

Um domínio onde a pessoa percebe que todos os campos-Buda sãoindestrutíveis e não criáveis, tendo a natureza do espaço infinito, onde apessoa manifesta o estabelecimento das qualidades dos campos-Buda emtoda a sua variedade e magnitude, tal é o domínio do bodhisattva.

O domínio onde a pessoa vira a roda do Dharma santo e manifesta amagnificência da última libertação, nunca abandonando a carreira dobodhisattva, tal é o domínio do bodhisattva!"

Quando Vimalakirti terminou este discurso, oito mil deuses que estavam nacompanhia do príncipe coroado Manjusri conceberam o espírito doinexcedível esclarecimento perfeito.

------------------------------------------

6. A libertação inconcebível

De seguida o venerável Shariputra teve este pensamento: “Não há nemmesmo uma única cadeira nesta casa. Onde estes discípulos ebodhisattvas se vão sentar?"

O Licchavi Vimalakirti leu o pensamento do venerável Shariputra e disse,"Reverendo Shariputra, você veio aqui por causa do Dharma? Ou vocêveio aqui por causa de uma cadeira?"

Shariputra respondeu, "Eu vim por causa do Dharma, não por causa deuma cadeira."

Vimalakirti continuou, "Reverendo Shariputra, aquele que está interessadono Dharma não está nem sequer interessado no próprio corpo dele, muitomenos numa cadeira.

Reverendo Shariputra, aquele que está interessado no Dharma não temnenhum interesse em assuntos, sensação, intelecto, motivação, ouconsciência. Ele não tem nenhum interesse nestes agregados, ou noselementos, ou nos sentidos.

Se está interessado pelo Dharma, ele não tem nenhum interesse no reinodo desejo, no reino dos assuntos, ou no reino imaterial.

Se está interessado pelo Dharma, ele não está interessado em apegospara o Buda, apegos para o Dharma, ou apegos para o Sangha.

Reverendo Shariputra, aquele que está interessado no Dharma não estáinteressado em reconhecer sofrimento, abandonando a sua origem,percebendo a sua cessação, ou praticando o caminho.

Porquê? O Dharma é no final de contas sem formulação e semverbalização.

Quem verbaliza: 'O sofrimento deve ser reconhecido, a origem deve sereliminada, a cessação deve ser percebida, o caminho deve ser praticado',não está interessado no Dharma mas está interessado na verbalização.

"Reverendo Shariputra, o Dharma é tranquilo e calmo. Esses que estãocomprometidos em produção e destruição não estão interessados noDharma, não estão interessado em solidão, mas estão interessado em

produção e destruição.

"Além disso, reverendo Shariputra, o Dharma é sem mancha e livre decorrupção.

Aquele que está preso a qualquer coisa, até mesmo à libertação, não estáinteressado no Dharma mas está interessado na mancha do desejo.

O Dharma não é um objecto. Aquele que procura objectos não estáinteressado no Dharma mas está interessado em objectos.

O Dharma é sem aceitação ou rejeição.

Aquele que se agarra às coisas ou se deixa guiar pelas coisas não estáinteressado no Dharma mas está interessado em segurar e deixar-se guiarpelas coisas.

O Dharma não é um refúgio seguro.

Aquele que desfruta um refúgio seguro não está interessado no Dharmamas está interessado num refúgio seguro.

O Dharma é sem sinais. Aquele a quem a consciência procura sinais, nãoestá interessado no Dharma mas está interessado em sinais.

O Dharma não é uma sociedade. Aquele que busca associar-se com oDharma não está interessado no Dharma mas está interessado emassociação.

O Dharma não é um ponto de vista, um som, uma categoria, ou uma ideia.

Aquele que está envolvido em pontos de vista, sons, categorias e ideias,não está interessado no Dharma mas está interessado em pontos de vista,sons, categorias, e ideias.

Reverendo Shariputra, o Dharma está livre de coisas compostas e decoisas não compostas.

Aquele que adere a coisas compostas e a coisas não compostas não estáinteressado no Dharma mas está interessado em aderir a coisas

compostas e a coisas não compostas.

"Assim, reverendo Shariputra, se você estiver interessado no Dharma,você não deve interessar-se por coisa alguma."

Quando Vimalakirti terminou este discurso, quinhentos deuses obtiveram apureza do olho do Dharma, que vê todas as coisas.

Então, o Licchavi Vimalakirti disse ao príncipe coroado, Manjusri, "Manjusri,você já esteve em inumeráveis, centenas de milhares de campos-Buda, aolongo dos universos das dez direcções. Em qual campo-Buda, você viu osmelhores tronos de leão, com as melhores qualidades?"

Manjusri respondeu, “Nobre senhor, se a pessoa cruzar os campos-Budano leste, os quais são mais numerosos que todos os grãos de areia detrinta e dois Rios de Ganges, a pessoa descobrirá um universo chamadoMerudhvaja. Lá, mora um Tathagata chamado Merupradiparaja. O corpodele mede oitenta e quatro centenas de milhares de léguas de altura, e aaltura do trono dele é sessenta e oito centenas de milhares de léguas. Osbodhisattvas tem quarenta e duas centenas de milhares de léguas de alturae os seus tronos são trinta e quatro centenas de milhares de léguas dealtura. Nobre senhor, o melhor e o maior dos soberbos tronos, existenaquele universo Merudhvaja que é o campo-Buda do TathagataMerupradiparaja."

Naquele momento, o Licchavi Vimalakirti, tendo-se focalizado emconcentração, executou um feito milagroso tal que o Senhor TathagataMerupradiparaja, no universo Merudhvaja, enviou para este universo trinta eduas centenas de milhares de tronos. Estes tronos eram tão altos,espaçosos, e bonitos que os bodhisattvas, grandes discípulos, Sakras,Brahmas, Lokapalas, e outros deuses, nunca tinham antes, visto igual. Ostronos desceram do céu e vieram pousar na casa do Licchavi Vimalakirti.As trinta e duas centenas de milhares de tronos distribuíram-se sem seaglomerarem, e a casa parecia aumentar-se adequadamente. A grandecidade de Vaisali não se tornou obscurecida; nem a terra de Jambudvipa,(ou "terra das árvores de jambu", esta é uma terra povoada por pessoascom karma muito ruim) nem o mundo dos quatro continentes.

Tudo parecia justamente como estava antes.

Então, o Licchavi Vimalakirti disse ao jovem príncipe Manjusri, "Manjusri,deixe que os bodhisattvas se sentem nestes tronos, depois de tertransformado os seus corpos a um tamanho satisfatório!"

Então, os bodhisattvas que tinham atingido o super conhecimentotransformaram os seus corpos a uma altura de quarenta e duas centenasde milhares de léguas e sentaram-se nos tronos. Mas os bodhisattvasprincipiantes não se puderam transformar e sentar-se nos tronos. Então, oLicchavi Vimalakirti deu a estes bodhisattvas principiantes um ensinamentoque lhes permitiu atingir os cinco super conhecimentos, e tendo-os atingido,eles transformaram os seus corpos numa altura de quarenta e duascentenas de milhares de léguas e sentaram-se nos tronos.

Mas ainda os grandes discípulos não podiam sentar-se nos tronos.

O Licchavi Vimalakirti disse ao venerável Shariputra, "ReverendoShariputra, tome o seu assento num dos tronos."

Ele respondeu, “Bom senhor, os tronos são muito grandes e muito altos, eeu não me posso sentar neles."

Vimalakirti disse, "Reverendo Shariputra, curve-se perante o TathagataMerupradiparaja, e você poderá tomar o seu assento."

Então, os grandes discípulos curvaram-se diante do TathagataMerupradiparaja e sentaram-se nos tronos.

Então, o venerável Shariputra disse ao Licchavi Vimalakirti, “Nobre senhor,é surpreendente como estes milhares de tronos, tão grandes e tão altos, seajustam dentro duma pequena casa e que a grande cidade de Vaisali, asaldeias, cidades, reinos, capitais de Jambudvipa, os outros trêscontinentes, os domicílios dos deuses, dos nagas, dos yakshas, dosgandharvas, dos asuras, dos garudas, dos kimnaras, e dos mahoragas -que todos eles apareçam sem qualquer obstáculo, da mesma forma comoestavam antes!"

O Licchavi Vimalakirti respondeu, "Reverendo Shariputra, para osTathagatas e os bodhisattvas, há uma libertação chamada 'Inconcebível.' Obodhisattva que vive na libertação inconcebível pode pôr o rei dasmontanhas, Sumeru, que é tão alto, tão grande, tão nobre, e tão vasto

dentro de uma semente de mostarda. Ele pode executar este feito semaumentar a semente de mostarda e sem encolher o Monte Sumeru. E asdeidades da assembleia dos quatro Marajás e dos céus de Trayastrimsa,nem mesmo eles, sabem onde estão.

Só esses seres que estão destinados para serem disciplinados através demilagres vêem e entendem, o pôr, o rei das montanhas Sumeru, nasemente de mostarda; que, reverendo Shariputra é uma entrada no domínioda libertação inconcebível dos bodhisattvas.

"Além disso, reverendo Shariputra, o bodhisattva que vive na libertaçãoinconcebível pode verter por um único poro da sua pele, todas as águasdos quatro grandes oceanos, sem prejudicar os animais das águas, comoos peixes, tartarugas, crocodilos, rãs, e outras criaturas, e sem os nagas,yakshas, gandharvas, estarem conscientes de onde eles estão. E aoperação inteira é visível sem qualquer dano ou perturbação para quaisquerdesses seres vivos.

"Tal bodhisattva pode alcançar com a sua mão direita este universo debiliões de mundos galácticos como se fosse a roda de um oleiro, e girandoeste círculo, o lance além de universos tão numerosos quanto as areias daGanges, sem que os seres vivos saibam o seu movimento ou origem, e elepode tomar tudo isto e repor no seu lugar, sem que os seres vivossuspeitem da sua vinda e ida; e sendo ainda, a operação inteiramentevisível.

"Além disso, reverendo Shariputra, há seres que são disciplinados depoisde um imenso período de evolução, e também há os que são disciplinadosdepois de um período curto de evolução. O bodhisattva que vive nalibertação inconcebível, por causa de disciplinar esses seres vivos, que sãodisciplinados por períodos imensuráveis de evolução, podem fazer otranscurso de uma semana, parecer como o transcurso de uma eternidade,e ele pode fazer o transcurso de uma eternidade, parecer como otranscurso de uma semana, para esses que são disciplinados, por umperíodo curto de evolução. Os seres vivos que são disciplinados de facto,por um período imensurável de evolução, percebem uma semana comosendo o transcurso de uma eternidade, e os que disciplinaram de facto, porum período curto de evolução percebem uma eternidade como sendo otranscurso de uma semana.

"Assim, um bodhisattva que vive na libertação inconcebível podemanifestar todos os esplendores das virtudes de todos os campos-Budadentro de um único campo-Buda.

Ele pode igualmente colocar todos os seres vivos na palma da sua mãodireita e pode mostrar para eles, com a velocidade sobrenatural dopensamento, todos os campos-Buda sem deixar o seu próprio campo-Buda.

Ele pode exibir num único poro todos os oferecimentos feitos a todos osBuddhas das dez direcções, e os orbes de todos os sóis, luas, e estrelasdas dez direcções.

Ele pode inalar todos os furacões dos ventos das atmosferas cósmicasdas dez direcções na sua boca sem prejudicar o seu próprio corpo e semdeixar que as florestas e as gramas dos campos-Buda sejam esmagados.

Ele pode tomar todas as massas de fogo de todas as supernovas que porultimo consomem todos os universos de todos os campos-Buda, no seuestômago e sem interferir com as suas funções. Tendo cruzado campos-Buda tão numeroso quanto as areias do Ganges descendente, e tendoerguido um campo-Buda, ele pode alcança-lo através de campos-Buda tãonumerosos quanto as areias do Ganges e coloca-lo bem alto, da mesmamaneira que um homem forte pode apanhar uma folha de açofeifa na pontade uma agulha.

"Assim, um bodhisattva que vive na libertação inconcebível, pode,magicamente transformar qualquer tipo de ser vivo, num monarca universal,num Lokapala, num Sakra, num Brahma, num discípulo, num sábio solitário,num bodhisattva, e até mesmo num Buda. O bodhisattva pode transformartodos os gritos e barulhos, superior, medíocre, e inferior, milagrosamentede todos os seres vivos das dez direcções, na voz do Buda, com aspalavras do Buda, do Dharma, e do Sangha, tendo-os proclamado,'Impermanente! Miserável! Vazio! Sem eu!' E ele pode faze-los recitar aspalavras e sons de todos os ensinamentos ensinados por todos osBuddhas das dez direcções.

"Reverendo Shariputra, eu mostrei-lhe só uma pequena parte da entrada nodomínio do bodhisattva que vive na libertação inconcebível. ReverendoShariputra, explicar-lhe o ensinamento completo da entrada no domínio do

bodhisattva que vive na libertação inconcebível requeria mais que um éon,e até mesmo mais que isso."

Então, o patriarca Maha-Kasyapa, tendo ouvido este ensinamento dalibertação inconcebível dos bodhisattvas, estava pasmado, e disse aovenerável Shariputra, “Venerável Shariputra, se alguém fosse mostrar umavariedade de coisas a uma pessoa cega de nascença, ela não seria capazde ver uma única coisa. Igualmente, venerável Shariputra, quando estaporta da libertação inconcebível é ensinada, todos os discípulos e sábiossolitários estão obscurecidos, como a cegueira do homem de nascença, enão podem compreender uma única causa da libertação inconcebível.Quem de entre os que ouvem falar desta libertação inconcebível, nãoconcebe o espírito do inexcedível, esclarecimento perfeito? Como paranós, aquelas faculdades estão deterioradas, como uma semente queimadae podre, que mais podemos nós fazer, que não seja ficarmos receptivos aeste grande veículo? Todos nós, discípulos e sábios solitários, ao ouvireste ensino do Dharma, deveríamos proferir um grito de arrependimentoque tremesse este universo de biliões de mundos galácticos! E para osbodhisattvas, quando eles ouvem falar desta libertação inconcebível, elesdevem ser tão jubilosos, como quando um jovem príncipe coroado leva odiadema e é ungido, eles deveriam aumentar a extrema devoção deles,para esta libertação inconcebível. Realmente, o que podem as inteirashostes de Mara fazerem, a quem é dedicado a esta libertaçãoinconcebível?"

Quando o patriarca Maha-Kasyapa acabou de proferir este discurso, trintae dois mil deuses conceberam o espírito do inexcedível, esclarecimentoperfeito.

Então o Licchavi Vimalakirti disse ao patriarca Maha-Kasyapa, "ReverendoMaha-Kasyapa, os Maras que se divertem com o mal nos inumeráveisuniversos das dez direcções são todos os bodhisattvas que residem nalibertação inconcebível, que se estão divertindo com o mal paradesenvolverem os seres vivos nas habilidades das suas técnicas delibertação. Reverendo Maha-Kasyapa, todos os mendigos miseráveis quevêm aos bodhisattvas dos inumeráveis universos das dez direcções parapedir uma mão, um pé, uma orelha, um nariz, um pouco de sangue,músculos, ossos, medula, um olho, um torso, uma cabeça, um membro, umsócio, um trono, um reino, um país, uma esposa, um filho, uma filha, umescravo, uma escrava menina, um cavalo, um elefante, uma carruagem, um

carro, ouro, prata, jóias, pérolas, conchas, cristal, coral, berilo, tesouros,comida, bebida, elixires, e roupas - estes mendigos exigentes, normalmentesão bodhisattvas que vivem na libertação inconcebível que, pelas suashabilidades em técnicas de libertação, desejam testar e assim demonstrar afirmeza da alta resolução dos bodhisattvas. Porquê? Reverendo Maha-Kasyapa, os bodhisattvas demonstram aquela firmeza por meio de terríveisausteridades. As pessoas comuns não têm nenhum poder para estarexigindo assim dos bodhisattvas, a menos que lhes sejam concedidasoportunidades. Eles não são capazes de matar e privar de tal modo semque lhes dêem livremente a oportunidade.

"Reverendo Maha-Kasyapa, da mesma maneira que um pirilampo nãopode eclipsar a luz do sol, assim reverendo Maha-Kasyapa, não é possívelsem especial permissão, uma pessoa comum poder atacar e assim privarum bodhisattva. Reverendo Maha-Kasyapa, da mesma maneira que umburro não pode fazer um ataque a um elefante selvagem, também assim,reverendo Maha-Kasyapa, alguém que não é um bodhisattva não podemolestar outro bodhisattva, e só um bodhisattva pode tolerar omolestamento de outro bodhisattva. Reverendo Maha-Kasyapa, tal é aintrodução ao poder do conhecimento das técnicas de libertação dosbodhisattvas que vivem na libertação inconcebível."

------------------------------------------

7. A deusa

De seguida, Manjusri, o príncipe coroado, dirigiu-se ao Licchavi Vimalakirti:“Bom Senhor, como deve um bodhisattva considerar todos os seresvivos?"

Vimalakirti respondeu, "Manjusri, um bodhisattva deve considerar todos osseres vivos como os homem sábios consideram a reflexão da lua na águaou como os mágicos consideram os homens criados por magia.

Ele deve considera-los como um rosto num espelho;

como a água de uma miragem;

como o som de um eco;

como uma massa de nuvens no céu;

como o momento prévio de uma bola de espuma;

como o aparecimento e o desaparecimento de uma bolha de água;

como o núcleo de uma bananeira;

como um raio de luz;

como o quinto grande elemento;

como o sétimo sentido;

como o aparecimento da matéria num reino imaterial;

como um rebento de uma semente podre;

como um casaco de pêlo de tartaruga;

como a diversão de jogos para quem deseja morrer;

como as visões egoístas de um fluxo vencedor;

como o terceiro renascimento do que retorna uma vez;

como a descida do que não retorna num útero;

como a existência do desejo, ódio, e loucura num santo;

como pensamentos de avareza, imoralidade, maldade, e hostilidade numbodhisattva que atingiu a tolerância;

como os instintos de paixões num Tathagata;

como a percepção da cor num cego de nascença;

como a inalação e exalação de um asceta absorto na meditação dacessação;

como o rasto de um pássaro no céu;

como a erecção de um castrado;

como a gravidez de uma mulher estéril;

como as paixões não produzidas de uma encarnação emanadas doTathagata;

como sonhar visões, vistas depois, de se despertar;

como as paixões de alguém que está livre de conceptualizações;

como o fogo que arde sem combustível;

como a reencarnação de quem obteve a suprema libertação.

"Precisamente assim, Manjusri, faz um bodhisattva que realiza o supremonão eu e considera todos os seres."

Manjusri perguntou então de seguida, "Nobre senhor, se um bodhisattvaconsidera todos os seres vivos de tal modo, como gera ele o grande amorpara eles?"

Vimalakirti respondeu, "Manjusri, quando um bodhisattva considera todosos seres vivos deste modo, ele pensa: 'Da mesma maneira que eu percebio Dharma, assim eu o devo ensinar aos seres vivos.'

Assim, ele gera o amor que verdadeiramente é um refúgio para todos osseres vivos;

o amor que é tranquilo porque é livre do apego;

o amor que não é febril, porque é livre de paixões;

o amor que outorga com realidade porque é equânime em todas os trêstempos;

o amor que é sem conflito porque está livre da violência das paixões;

o amor que é não dual porque não é envolvido com o externo nem com ointerno;

o amor que é imperturbável porque é totalmente supremo.

"Assim, ele gera o amor que é firme, forte, de decisão indestrutível comoum diamante;

o amor que é puro, purificado na sua natureza intrínseca;

o amor que é uniforme, sendo igual nas suas aspirações;

o amor do santo que eliminou os seus inimigos;

o amor do bodhisattva que continuamente desenvolve os seres vivos;

O amor dos Tathagatas que entende a realidade;

o amor do Buda que faz os seres vivos despertar do sono deles;

o amor que é espontâneo porque está espontaneamente completamenteiluminado;

o amor que é esclarecimento porque é unidade da experiência;

o amor que não tem nenhuma presunção porque eliminou o apego e aaversão;

o amor que é a grande compaixão porque infunde o Mahayana com brilhoradiante;

o amor que nunca se esgota porque reconhece o vazio e a abnegação;

o amor que é dar, porque confere o presente do Dharma livre do punho

apertado de um professor ruim;

o amor que é moralidade porque melhora os seres vivos imorais;

o amor que é tolerância porque se protege a si mesmo e os outros;

o amor que é esforço porque assume a responsabilidade por todos osseres vivos;

o amor que é contemplação porque se abstém da indulgência nos gostos;

o amor que é sabedoria porque provoca o conhecimento no momentoapropriado;

o amor que é técnica libertadora porque mostra o caminho em qualquerlugar;

o amor que é sem formalidade porque é puro em motivação;

o amor que é sem desvios porque actua desde a motivação decisiva;

o amor que é, grande decisão, porque é sem paixões;

o amor que é sem engano porque não é artificial;

o amor que é felicidade porque introduz os seres vivos na felicidade doBuddha.

Tal, Manjusri, é o grande amor de um bodhisattva."

Manjusri: O que é a grande compaixão de um bodhisattva?

Vimalakirti: É o dar todas as raízes acumuladas de virtudes a todos osseres vivos.

Manjusri: O que é a grande alegria do bodhisattva?

Vimalakirti: É ser jovial e dar sem arrependimento.

Manjusri: O que é a equanimidade do bodhisattva?

Vimalakirti: É o que beneficia a si mesmo e os outros.

Manjusri: A quem se deve recorrer quando assombrado pelo medo davida?

Vimalakirti: Manjusri, um bodhisattva que está apavorado pelo medo davida deve recorrer à magnanimidade do Buda.

Manjusri: Onde deve, o que deseja recorrer à magnanimidade do Buda,tomar o seu apoio?

Vimalakirti: Ele deve apoiar-se na equanimidade para todos os seres vivos.

Manjusri: Onde deve o que deseja apoiar-se na equanimidade para todosos seres vivos tomar o seu apoio?

Vimalakirti: Ele deve viver para a libertação de todos os seres vivos.

Manjusri: O que deve o que deseja libertar todos os seres vivos fazer?

Vimalakirti: Ele deve liberta-los das paixões deles.

Manjusri: Como deve o que deseja eliminar paixões aplicar-se a si mesmo?

Vimalakirti: Ele deve aplicar-se adequadamente a si mesmo.

Manjusri: Como deve ele aplicar-se a si mesmo, para "aplicar-se a simesmo adequadamente?"

Vimalakirti: Ele deve aplicar-se a si mesmo à não produção e à nãodestruição.

Manjusri: O que não é produzido? E o que não é destruído?

Vimalakirti: Mal é não produzido e bem é não destruído.

Manjusri: Qual é a raiz de bem e do mal?

Vimalakirti: A materialidade é a raiz do bem e do mal.

Manjusri: Qual é a raiz da materialidade?

Vimalakirti: O desejo é a raiz de materialidade.

Manjusri: Qual é a raiz do desejo e do apego?

Vimalakirti: A construção irreal é a raiz do desejo.

Manjusri: Qual é a raiz da construção irreal?

Vimalakirti: O falso conceito é a sua raiz.

Manjusri: Qual é a raiz do falso conceito?

Vimalakirti: A falta de fundamento.

Manjusri: Qual é a raiz da falta de fundamento?

Vimalakirti: Manjusri, quando algo é infundado, como pode haver qualquerraiz? Então, são infundadas todas as coisas apoiadas na raiz.

Após isto, uma certa deusa que morava naquela casa, depois de ter ouvidoeste ensinamento do Dharma dos grandes e heróicos bodhisattvas, eestando deleitada, contente, e jubilosa, manifestou-se num corpo material edespejou sobre os grandes heróis espirituais, bodhisattvas, e os grandesdiscípulos, flores divinas. Quando as flores caíram nos corpos dosbodhisattvas, elas rolaram para o chão, mas quando elas caíram noscorpos dos grandes discípulos, eles aderiram a eles e não caíram. Osgrandes discípulos sacudiram as flores e tentaram mesmo usar os seuspoderes mágicos, mas as flores não caíram no chão. Então, a deusa disseao venerável Shariputra, "Reverendo Shariputra, por que você sacodeessas flores?"

Shariputra respondeu, "Deusa, estas flores não são próprias para pessoasreligiosas e assim nós estamos tentando sacudi-las de nós."

A deusa disse, “Não diga, reverendo Shariputra. Porquê? Estas flores sãorealmente próprias! Porquê? Tais flores não têm nem pensamentoconstrutivo nem discriminativo. Mas o ancião Shariputra tem pensamento

construtivo e discriminativo.

"Reverendo Shariputra, a incongruência para os que renunciaram aomundo, pela disciplina do Dharma correctamente ensinado, consiste nopensamento construtivo e na discriminação, contudo os anciões estãocheios de tais pensamentos. Os que estão sem tais pensamentos, estãosempre correctos.

"Reverendo Shariputra, veja como estas flores não aderem aos corposdestes grandes heróis espirituais, os bodhisattvas! Isto, é porque eleseliminaram pensamentos construtivos e discriminativos.

"Por exemplo, os espíritos maus têm poder sobre os homens medrosos,mas não podem perturbar o destemido. Igualmente, esses intimidados pelomedo do mundo estão no poder das formas, sons, cheiros, gostos, etexturas que não perturbam os que são livres do medo das paixõesinerentes, no mundo construtivo. Assim, estas flores aderem aos corposdos que não eliminaram os instintos das suas paixões e não aderem aoscorpos dos que eliminaram os seus instintos. Então, as flores não aderemaos corpos destes bodhisattvas que abandonaram todos os instintos."

Então o venerável Shariputra disse à deusa, "Deusa, à quanto tempo vocêestá nesta casa?"

A deusa respondeu, "Eu estou aqui, à tanto tempo quanto o ancião está emlibertação."

Shariputra disse, "Então, você está nesta casa á bastante tempo?"

A deusa disse, ao ancião "Está o ancião em libertação à bastante tempo?"

Nesta altura, o ancião Shariputra calou-se.

A deusa continuou, "Ancião, você é 'o primeiro dos sábios!' Por que vocênão fala? Agora, que é sua vez, você não responde à pergunta."

Shariputra: Uma vez que a libertação é inexprimível, deusa, eu não sei oque dizer.

Deusa: Todas as sílabas pronunciadas pelo ancião têm a natureza de

libertação. Porquê? Libertação não é nem interna nem externa, nem podeser apreendida além dela. Igualmente, sílabas não são nem internas nemexternas, nem elas podem ser apreendidas em qualquer outro lugar. Então,reverendo Shariputra, não aponte a libertação calando-se! Porquê? Alibertação santa é a igualdade de todas as coisas!

Shariputra: Deusa, a libertação não é a liberdade do desejo, ódio, eignorância?

Deusa: "Libertação é liberdade do desejo, ódio, e ignorância" que é oensinamento dos excessivamente orgulhosos.

Mas aqueles livre de orgulho são ensinados que a mesma natureza dodesejo, ódio, e ignorância é ela mesma, libertação.

Shariputra: Excelente! Excelente, deusa! Diga, o que você alcançou, e oque realizou, para ter tal eloquência?

Deusa: Eu não atingi nada, reverendo Shariputra. Eu não tenho nenhumarealização. Contudo eu tenho tal eloquência.

Quem pensa, "Eu atingi! Eu percebi!" está demasiado orgulhoso nadisciplina do bem ensinado Dharma.

Shariputra: Deusa, você pertence ao veículo do discípulo, ao veículosolitário, ou ao grande veículo?

Deusa: Eu pertenço ao veículo do discípulo, quando ensino aos queprecisam. Pertenço ao veículo solitário, quando ensino as doze ligações daorigem dependente aos que precisam delas. E, uma vez que nuncaabandono a grande compaixão, eu pertenço ao grande veículo, já quetodos necessitam deste ensinamento para atingir a libertação suprema.

Não obstante, reverendo Shariputra, da mesma maneira que a pessoa nãopode cheirar a planta do castor numa floresta de magnólias, mas só a florda magnólia, assim, reverendo Shariputra, morando nesta casa que tem afragrância do perfume das virtudes das qualidades-Buda a pessoa nãocheira o perfume dos discípulos e os sábios solitários. ReverendoShariputra, os Sakras, os Brahmas, os Lokapalas, os devas, nagas,yakshas, gandharvas, asuras, garudas, kimnaras, e mahoragas que moram

nesta casa, têm conhecimentos do Dharma, da boca deste homem santo eatraídos pelo perfume das virtudes das qualidades-Buda, progridem paraconceber o espírito da iluminação.

Reverendo Shariputra, estou nesta casa à doze anos, e nunca ouvi nenhumdiscurso relativo aos discípulos e sábios solitários, mas ouvi somente orelativo ao grande amor, à grande compaixão, e às qualidadesinconcebíveis do Buda.

Reverendo Shariputra, oito coisas estranhas e maravilhosasconstantemente se manifestam nesta casa. Quais são estas oito?

Uma luz de coloração dourada brilha aqui constantemente, de umaclaridade tão luminoso que é difícil de distinguir dia e noite; e nem a lua nemo sol brilham aqui tão distintamente. Isto é a primeira maravilha desta casa.

Além disso, reverendo Shariputra, quem entra nesta casa já não éaborrecido pelas suas paixões, a partir do momento em que aqui entra.Esta é a segunda coisa estranha e maravilhosa.

Além disso, reverendo Shariputra, esta casa nunca é abandonada pelosSakras, Brahmas, Lokapalas, e os bodhisattvas de todos os outroscampos-Buda. Esta é a terceira coisa estranha e maravilhosa.

Além disso, reverendo Shariputra, esta casa nunca está vazia dos sons doDharma, do discurso nas seis transcendências, e dos discursos da rodairreversível do Dharma. Esta é a quarta coisa estranha e maravilhosa.

Além disso, reverendo Shariputra, nesta casa sempre alguém ouve osritmos, canções, e músicas dos deuses e dos homens, e desta música,constantemente ressoa o som do Dharma infinito do Buda. Esta é a quintacoisa estranha e maravilhosa.

Além disso, reverendo Shariputra, nesta casa há sempre quatro tesourosinesgotáveis, repletos com todos os tipos de jóias que nunca diminuemembora todos os pobres e miseráveis possam compartilha-las para suasatisfação. Esta é a sexta coisa estranha e maravilhosa.

Além disso, reverendo Shariputra, ao desejo deste homem bom, vêm paraesta casa os inumeráveis Tathagatas das dez direcções, como os

Tathagatas Shakyamuni, Amitabha, Aksobhya, Ratnasri, Ratnarcis,Ratnacandra, Ratnavyuha, Dusprasaha, Sarvarthasiddha, Ratnabahula,Simhakirti, Simhasvara, e assim sucessivamente; e quando eles vêmensinam a porta do Dharma chamada os "Segredos dos Tathagatas" edepois partem. Esta é a sétima coisa estranha e maravilhosa.

Além disso, reverendo Shariputra, todos os esplendores dos domicíliosdos deuses e todos os esplendores dos campos dos Buddhas brilhamdiante desta casa. Esta é a oitava coisa estranha e maravilhosa.

Reverendo Shariputra, estas oito coisas estranhas e maravilhosas sãovistas nesta casa. Quem então, vendo tais coisas inconcebíveis, acreditariano ensino dos discípulos?

Shariputra: Deusa, o que te impede de te transformares fora do teu estadofeminino?

Deusa: Embora eu tenha buscado o meu "estado feminino" durante estesdoze anos, eu não o encontrei ainda. Reverendo Shariputra, se um mágicofosse encarnar uma mulher por magia, você lhe perguntaria, o que aimpede de se transformar fora do seu estado feminino?"

Shariputra: Não! Uma tal mulher realmente não existiria, assim o que estarialá transformado?

Deusa: Justamente assim reverendo Shariputra, todas as coisas realmentenão existem. Agora você pensaria, “O que impede alguém cuja natureza é ade uma encarnação mágica, de se transformar a ela mesma fora do seuestado feminino?"

Logo de seguida, a deusa empregou o seu poder mágico para fazer oancião Shariputra aparecer na forma dela e fazer-se a si, aparecer naforma dele. Então a deusa, transformada em Shariputra, disse a Shariputra,transformado em deusa, "Reverendo Shariputra, o que o impede de setransformar fora de seu estado feminino?"

E Shariputra, transformado na deusa, respondeu, "Eu já não me apareço,na forma de um macho! Meu corpo mudou para o corpo de uma mulher! Eunão sei o que transformar!"

A deusa continuou, "Se o ancião se pudesse mudar novamente para forado estado feminino, então todas as mulheres também poderiam mudar-separa fora dos estados femininos delas. Todas as mulheres aparecem naforma de mulheres do mesmo modo que o ancião aparece na forma deuma mulher. Enquanto elas não são mulheres na realidade, elas aparecemna forma de mulheres. Com isto em mente, o Buda disse, 'Em todas ascoisas, não há nem masculino nem feminino.'"

Então, a deusa libertou o seu poder mágico e cada um voltou à sua formaoriginal. Ela disse-lhe então,

"Reverendo Shariputra, como fez você, a sua forma feminina?"

Shariputra: Eu nem fiz nem desfiz.

Deusa: Justamente isso, todas as coisas nem são feitas nem sãomudadas, e que elas não são feitas nem são mudados, esse é oensinamento do Buda.

Shariputra: Deusa, onde você nascerá quando transmigrar depois damorte?

Deusa: Eu nascerei onde todas as encarnações mágicas do Tathagatanascem.

Shariputra: Mas as encarnações emanadas do Tathagata não transmigramnem eles são nascidos.

Deusa: Todas as coisas e seres vivos são o mesmo; eles não transmigramnem são nascidos!

Shariputra: Deusa, com que brevidade você alcançará o esclarecimentoperfeito da Budeidade?

Deusa: Nessa altura, ancião serás dotado mais uma vez das qualidades deum indivíduo comum, então eu atingirei o esclarecimento perfeito daBudeidade.

Shariputra: Deusa, é impossível que eu deva ser dotado mais uma vez dasqualidades de um indivíduo comum.

Deusa: Por isso, reverendo Shariputra, é impossível que eu deva atingir oesclarecimento perfeito de Budeidade! Porquê? Porque o esclarecimentoperfeito apoia-se no impossível. Porque é impossível, ninguém atinge oesclarecimento perfeito de Budeidade.

Shariputra: Mas o Tathagata declarou: "Os Tathagatas que são tãonumerosos quanto as areias da Ganges atingiram a Budeidade perfeita,estão atingindo a Budeidade perfeita, e irão atingir a Budeidade perfeita."

Deusa: Reverendo Shariputra, a expressão, "os Buddhas do passado,presente e futuro", é uma expressão convencional composta de um certonúmero de sílabas. Os Buddhas não são nem passado, nem presente, nemfuturo.

O esclarecimento deles transcende os três tempos! Mas diz-me, ancião,você atingiu a santidade?

Shariputra: É alcançada, porque não há nenhum objectivo.

Deusa: Exactamente, há esclarecimento perfeito porque não há objectivode esclarecimento perfeito.

Então o Licchavi Vimalakirti disse ao venerável ancião Shariputra,"Reverendo Shariputra, esta deusa já serviu noventa e dois milhões debilhão de Buddhas.

Ela joga com o super conhecimento.

Ela verdadeiramente teve sucesso em todos os seus votos.

Ela ganhou a tolerância do não nascimento das coisas.

Ela realmente atingiu a irreversibilidade.

Ela pode viver onde quer que ela deseje em virtude do seu voto paradesenvolver os seres vivos."

---------------------------------------------------------

8. A família dos Tathagatas

Então, o príncipe coroado Manjusri disse ao Licchavi Vimalakirti, “Nobresenhor, como segue o bodhisattva o caminho para atingir as qualidades doBuda?"

Vimalakirti respondeu, "Manjusri, quando o bodhisattva seguir o caminhoerrado, ele segue o caminho para atingir as qualidades do Buda."

Manjusri continuou, "Como segue o bodhisattva o caminho errado?"

Vimalakirti respondeu, "Mesmo que ele pratique os cinco pecados mortais,ele não sente malícia, violência, ou ódio.

Mesmo que ele entre nos infernos, ele permanece livre da toda a manchadas paixões.

Mesmo que ele entre nos estados dos animais, ele permanece livre daescuridão e ignorância.

Quando ele entrar nos estados dos asuras, ele permanece livre do orgulho,vaidade, e arrogância.

Quando ele entrar no reino do senhor da morte, ele acumula reservas damérito e sabedoria.

Quando ele entrar nos estados da mobilidade e imaterialidade, ele não sedissolve nisso.

"Ele pode seguir os caminhos do desejo, contudo, ele fica livre do apegoaos prazeres do desejo.

Ele pode seguir os caminhos do ódio, contudo, ele não sente nenhumaraiva por qualquer ser vivo.

Ele pode seguir os caminhos da loucura, contudo, ele já está conscientecom a sabedoria da firme compreensão.

Ele pode seguir os caminhos da avareza, contudo, ele dá todas as coisasinternas e externas, mesmo sem consideração pela sua própria vida.

Ele pode seguir os caminhos da imoralidade, contudo, vendo o horror dastransgressões mesmo as mais leves, ele vive pelas práticas ascéticas eausteras.

Ele pode seguir os caminhos da maldade e da ira, contudo, ele permanecetotalmente livre da malícia e vive por amor.

Ele pode seguir os caminhos da preguiça, contudo, os seus esforços sãoininterruptos, como o seu esforço no cultivo das raízes da virtude.

Ele pode seguir os caminhos da distracção sensual, contudo, naturalmenteconcentrado a sua contemplação não é dissipada.

Ele pode seguir os caminhos da falsa sabedoria, contudo, tendo alcançadoa transcendência da sabedoria, ele é especialista em todas as ciênciasmundanas e transcendentais.

"Ele pode mostrar os caminhos da sofisticação e contenção, contudo, elesempre está consciente dos significados últimos e aperfeiçoou o uso dastécnicas de libertação.

Ele pode mostrar os caminhos do orgulho, contudo, ele serve como umaponte e uma escada de mão para todas as pessoas.

Ele pode mostrar os caminhos das paixões, contudo, ele é totalmenteimparcial e naturalmente puro.

Ele pode seguir os caminhos de Mara, contudo, ele realmente não aceita aautoridade deles com respeito ao seu conhecimento das qualidades doBuda.

Ele pode seguir os caminhos dos discípulos, contudo, ele deixa os seresvivos ouvirem o ensinamento que não ouviram antes.

Ele pode seguir os caminhos dos sábios solitários, contudo, ele estáinspirado com grande compaixão para desenvolver todos os seres vivos.

"Ele pode seguir os caminhos do pobre, contudo, ele tem na sua mão umajóia da riqueza inesgotável.

Ele pode seguir os caminhos dos estropiados, contudo, ele é bonito e bemadornado com os sinais e marcas auspiciosas.

Ele pode seguir os caminhos dos de nascimento humilde, contudo, pela suaacumulação de reservas de mérito e sabedoria, ele nasce na família dosTathagatas.

Ele pode seguir os caminhos do fraco, do feio, e do miserável, contudo, eleé bonito ao olhar, e o seu corpo é como o de Narayana.

"Ele pode manifestar aos seres vivos os caminhos do doente e do infeliz,contudo, ele conquistou completamente e transcendeu o medo da morte.

"Ele pode seguir os caminhos dos ricos, contudo, ele é sem cobiça efrequentemente reflecte a noção da impermanência.

Ele pode mostrar-se comprometido dançando com meninas do harém,contudo, ele racha a solidão, depois da ter cruzado o pântano do desejo.

Ele segue os caminhos do bobo e do incoerente, contudo, tendo adquiridoo poder dos encantamentos, ele é adornado com variada eloqüência.

"Ele segue os caminhos do heterodoxo sem ficar heterodoxo.

Ele segue os caminhos do mundo inteiro, contudo, ele inverte todos osestados da existência.

Ele segue o caminho da liberação sem abandonar o progresso do mundo.

"Manjusri, assim faz o bodhisattva que segue os caminhos errados,seguindo assim o caminho das qualidades do Buda."

Então, o Licchavi Vimalakirti disse ao coroado príncipe Manjusri, "Manjusri,

o que é 'a família dos Tathagatas?"

Manjusri respondeu, “Nobre senhor, a família dos Tathagatas consiste emtodo o egoísmo básico;

na ignorância e na sede pela existência;

na luxúria, ódio, e loucura;

nos quatro mal entendidos, nas cinco ofuscações, nos seis sentidos, nossete domicílios da consciência, nos oito falsos caminhos, nas nove causasda irritação, nos caminhos dos dez pecados.

Tal é a família dos Tathagatas. Em resumo, nobre senhor, os sessenta edois tipos de convicções constituem a família dos Tathagatas!"

Vimalakirti: Manjusri, o que tens em mente quando dizes isso?

Manjusri: Nobre senhor, o que apoia a determinação da visão fixa doincriado não é capaz de conceber o espírito do inexcedível esclarecimentoperfeito. Porém, o que vive entre coisas criadas, nas minas das paixões,sem ver alguma verdade, realmente é capaz de conceber o espírito doinexcedível esclarecimento perfeito.

Nobre senhor, flores como o lotus azul, o lotus vermelho, o lotus branco, olírio-d'água, e o lírio da lua, não se desenvolvem no chão seco da selva,mas crescem nos pântanos e bancos de lama.

Assim, as qualidades-Buda não crescem certamente em seres vivosdestinados para o incriado, mas crescem naqueles seres vivos que sãocomo pântanos, lama e bancos de paixões.

Igualmente, assim como as sementes não crescem no céu mas crescem naterra, assim as qualidades-Buda não crescem naqueles determinados parao absoluto, mas crescem nos que concebem o espírito da iluminação,depois de terem produzido uma montanha como o Sumeru, de visõesegoístas.

Nobre senhor, por estas considerações a pessoa pode entender que todasas paixões constituem a família dos Tathagatas.

Por exemplo, nobre senhor, sem sair do grande oceano, é impossível acharpérolas preciosas inestimáveis. Igualmente, sem entrar no oceano dapaixões, é impossível obter a mente da omnisciência.

Então, o ancião Maha Kasyapa aplaudiu o príncipe coroado Manjusri:"Bem! Manjusri bem! Isto realmente é bem dito! Isto é correcto! As paixõesconstituem na realidade a família dos Tathagatas.

Como podemos nós, os discípulos, conceber o espírito da iluminação, outornarmo-nos completamente iluminados com respeito às qualidades doBuda?

Só os culpados dos cinco pecados mortais podem conceber o espírito dailuminação e podem atingir a Budeidade que é a realização completa dasqualidades do Buda!

"Por exemplo, da mesma maneira que os cinco objectos do desejo não têmnenhum efeito ou impressão sobre os privados das suas faculdades,mesmo assim todas as qualidades do Buda não têm nenhuma impressãoou afectam os discípulos que abandonaram todas as aderências.

Assim, os discípulos nunca podem apreciar essas qualidades.

"Então, Manjusri, o indivíduo comum agradece ao Tathagata, mas osdiscípulos não agradecem.

Porquê? Os indivíduos comuns, ao aprender das virtudes do Buda,concebem o espírito do inexcedível esclarecimento perfeito, para assegurara continuidade ininterrupta da herança das Três Jóias; mas os discípulos,embora eles possam ouvir falar das qualidades, poderes, e nãotemeridades do Buda até o fim dos seus dias, não são capazes deconceber o espírito do inexcedível esclarecimento perfeito."

De seguida, o bodhisattva Sarvarupasamdarsana que estava presentenaquela assembleia dirigiu-se ao Licchavi Vimalakirti: "Dono da casa ondeseu pai e mãe, suas crianças, sua esposa, seus criados, suas empregadas,seus trabalhadores, e seus criados estão? Onde seus amigos, seusparentes, e familiares estão? Onde seus criados, seus cavalos, seuselefantes, suas carruagens, seus guarda-costas, e seus mensageiros

estão?"

Assim interrogado, o Licchavi Vimalakirti disse os seguintes versos aobodhisattva Sarvarupasamdarsana:

Dos verdadeiros bodhisattvas,

A mãe é a transcendência da sabedoria,

O pai é a habilidade em técnicas de libertação;

Os Líderes nascem de tais pais.

As suas esposas são a alegria no Dharma,

Amor e compaixão são as suas filhas,

O Dharma e a verdade são os seus filhos;

E as suas habitações é o profundo pensamento do significado davacuidade.

Todas as paixões são as suas discípulas,

Controladas à vontade.

Os seus amigos são as ajudas e esclarecimento;

Assim eles realizam a iluminação suprema.

Os seus companheiros, sempre com eles,

São as seis transcendências.

Os cônjuges deles são os meios de unificação,

A música deles é o ensino do Dharma.

Os encantamentos fazem o seu jardim,

Que floresce com as flores dos factores do esclarecimento,

Com árvores da grande riqueza do Dharma,

E frutas da gnose da libertação.

A piscina deles consiste nas oito libertações,

Cheia da água da concentração,

Coberto com os lotus das sete impurezas -

Quem toma banho ali fica imaculado.

Os seus titulares são os seis super conhecimentos.

O seu veículo é o inexcedível Mahayana,

O seu motorista é o espírito do esclarecimento,

E o caminho deles é a paz óctupla.

Os seus ornamentos são os sinais auspiciosos,

E as oitenta marcas;

A sua grinalda é a aspiração virtuosa,

E a suas roupa é a boa consciência e a consideração.

A sua riqueza é o santo Dharma,

E o seu negócio é o seu ensino,

A sua grande receita é a prática pura,

E é dedicada ao esclarecimento supremo.

A cama deles consiste nas quatro contemplações,

E a sua expansão é o puro sustento,

E o seu despertar consiste na gnose,

Que é a aprendizagem constante e a meditação.

A sua comida é a ambrosia dos ensinos,

E a sua bebida é o suco da libertação.

O seu banho é pura aspiração,

E moralidade o seu unguento e perfume.

Tendo conquistado as paixões inimigas,

Eles são os heróis invencíveis.

Tendo subjugado os quatro Maras,

Eles elevam o seu padrão no campo do esclarecimento.

Eles manifestam o nascimento voluntariamente,

E assim não nascem, nem são originados.

Eles brilham em todos os campos dos Buddhas,

Justamente como o sol nascente.

Embora eles adorem os Buddhas por milhões,

Com todo o oferecimento concebível,

Eles nunca residem na menor diferença

Entre os Buddhas e eles mesmos.

Eles viajam por todos os campos-Buda

Para trazer benefício aos seres vivos,

E ainda vêem esses campos como espaço vazio,

Livre de qualquer noção conceptual de “seres vivos."

Os bodhisattvas destemidos podem manifestar,

Tudo num único momento,

As formas, sons, e modos de comportamento

De todos os seres vivos.

Embora eles reconheçam as acções de Mara,

Eles podem dar-se bem até mesmo com este Mara

Porque tais atividades podem ser manifestadas

Por esses aperfeiçoados em técnica de libertação.

Eles jogam com manifestações ilusórias

Para desenvolver os seres vivos,

Mostrando-se a si mesmos, como velhos ou doente,

E manifestando as suas próprias mortes.

Eles demonstram o ardor da terra

Nas consumidoras chamas do fim do mundo,

Para demonstrar a impermanência

Para os seres vivos com a noção de estadia.

Convidados por centenas de milhares de seres vivos,

Todos no mesmo país,

Eles participam dos oferecimentos em todas as casas,

E dedicam tudo à causa da iluminação.

Eles superam em todas as ciências esotéricas,

E nas muitos diferentes artes,

E produzem a felicidade

De todos os seres vivos.

Dedicando-se eles mesmos como monges

Para todas as seitas estranhas do mundo,

Eles desenvolvem todos esses seres

Que se prenderam a visões dogmáticas.

Eles podem tornar-se sóis ou luas,

Indras, Brahmas, ou senhores de criaturas,

Eles podem tornarem-se fogo ou água

Ou terra ou vento.

Durante os curtos éons de moléstias,

Eles se tornam a melhor medicina santa;

Eles fazem os seres bons e felizes,

E provocam a sua libertação.

Durante os curtos éons de escassez,

Eles se tornam comida e bebida.

Tendo primeiro aliviado a sede e a fome,

Eles ensinam o Dharma aos seres vivos.

Durante os curtos éons de espadas,

Eles meditam no amor,

Apresentando a não violência

A centenas de milhões de seres vivos.

No meio de grandes batalhas

Eles permanecem imparciais a ambos os lados;

Para os bodhisattvas de grande força

Deleitam-se na reconciliação do conflito.

Para ajudar os seres vivos,

Eles voluntariamente descem

Aos infernos, que estão ligados

A todos os inconcebíveis campos-Buddha.

Eles manifestam as suas vidas

Em todas as espécies do reino animal,

Ensinando o Dharma em todos lugares.

Assim eles são chamados os "Líderes."

Eles exibem prazer sensual aos mundanos,

E transes ao meditativo.

Eles conquistam Mara completamente,

E não lhes permitem nenhuma possibilidade de prevalecer.

Da mesma maneira que pode ser mostrado, que um lotus

Não pode existir no centro de um fogo,

Assim eles mostram o último irrealismo

De prazeres e transes.

Eles se tornam cortesãs intencionalmente

Para ganhar os homens,

E, tendo-os pegado com o gancho do desejo,

Estabelecem-nos dentro da gnose-Buda.

Para ajudar os seres vivos,

Eles sempre se tornam os comandantes,

Capitães, padres, e ministros,

Ou até mesmo Primeiro Ministros.

Por causa dos pobres,

Eles se tornam tesouros inesgotáveis,

Procurando que, aos que dão os seus presentes

Concebam o espírito do esclarecimento.

Eles se tornam os campeões invencíveis,

Por causa da vaidade e do orgulhoso,

E, tendo conquistado todo seu orgulho,

Eles os iniciam na indagação da iluminação.

Eles sempre se erguem à frente

Dos terrificados pelo medo,

E, tendo-lhes conferido animo,

Eles os desenvolvem para a iluminação.

Eles se tornam grandes homens santos,

Com o super conhecimento e pura continência,

E assim induzem os seres vivos à moralidade

Da tolerância, bondade, e disciplina.

Aqui no mundo, eles sem medo contemplam

Os que são os mestres a serem servidos,

E eles se tornam seus criados ou escravos,

Ou os servem como seus discípulos.

Bem treinados em técnicas de libertação,

Eles demonstram em todas as atividades,

Quaisquer possibilidades, que possam ser os meios,

De fazer os seres se encantar no Dharma.

As suas práticas são infinitas;

E as suas esferas de influência são infinitas;

Tendo aperfeiçoado uma sabedoria infinita,

Eles libertam uma infinidade de seres vivos.

Até mesmo para os seus Buddhas,

Durante um milhão de eternidades,

Ou até mesmo cem milhões de eternidades,

Seria difícil de expressar todas as suas virtudes.

Com excepção de alguns seres vivos inferiores,

Sem qualquer inteligência de forma alguma

Qualquer pessoa com algum discernimento

Que, tendo ouvido este ensinamento,

Não desejaria a suprema iluminação?

--------------------------------------

9. A porta do Dharma da não dualidade

Então, o Licchavi Vimalakirti perguntou àqueles bodhisattvas, “Bonssenhores, por favor expliquem como os bodhisattvas entram na porta doDharma da não dualidade!"

O bodhisattva Dharmavikurvana declarou, “Nobre senhor, produção edestruição são dois, mas o que não é produzido e não acontece não podeser destruído. Assim a obtenção da tolerância do não nascimento dascoisas é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Srigandha declarou, “ 'eu' e 'meu' são dois. Se não houvernenhuma presunção dum eu, não haverá nenhuma possessividade. Assim,a ausência de presunção é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Srikuta declarou," 'Corrupção' e 'purificação' são dois.Quando houver conhecimento completo da corrupção, não haverá nenhumavaidade sobre a purificação. O caminho que conduz à conquista completade toda a vaidade é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Bhadrajyotis declarou", 'Distracção' e 'atenção' são dois.Quando não houver nenhuma distracção, não haverá nenhuma atenção,nenhuma actividade mental, e nenhuma intensidade mental. Assim, aausência de intensidade mental é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Subahu declarou, ” 'Espírito Bodhisattva' e 'espírito discípulo'são dois. Quando ambos são vistos para se assemelharem a um espíritoilusório, não há nenhum espírito bodhisattva, nem qualquer espíritodiscípulo. Assim, a uniformidade das naturezas dos espíritos é a entrada nanão dualidade."

O bodhisattva Animisa declarou", 'Cobiça' e 'não cobiça' são dois. O quenão é cobiça não é percebido, e o que não é percebido, nem não épresumido, nem é repudiado. Assim, a inacção e não envolvimento detodas as coisas são a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Sunetra declarou, “ 'Singularidade' e 'falta de caracter' sãodois. Não presumir ou construir algo, não é; nem estabelecer a suasingularidade, nem estabelecer a sua falta de caracter. Penetrar a igualdadedestes dois é entrar na não dualidade."

O bodhisattva Tisya declarou", 'Bom' e 'mau' são dois. Não buscando nemo bom, nem o mau, a compreensão da não dualidade, do significado e dosem sentido, é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Simha declarou", 'Perversidade' e 'não pecado' são dois. Pormeio da sabedoria do diamante, que trespassa rápido, não estar preso oulibertado, é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Simhamati declarou, “Dizer, 'Isto é impuro' e 'isto é

imaculado' traz dualidade. O que, atingindo a equanimidade, não formanenhuma concepção de impureza ou imaculabilidade, e contudo, não estácompletamente sem concepção, tem equanimidade sem qualquer objectivode equanimidade - ele entra na ausência dos laços conceptuais. Assim, eleentra na não dualidade."

O bodhisattva Suddhadhimukti declarou, “Dizer, 'Isto é felicidade' e 'Isto émiséria' é dualismo. O que está livre de todos os cálculos, pela purezaextrema da gnose - a mente dele é indiferente, como o espaço vazio; eassim ele entra na não dualidade."

O bodhisattva Narayana declarou, “Dizer, 'Isto é mundano' e 'isto étranscendental' é dualismo. Este mundo tem a natureza da vacuidade,assim não há nem transcendência nem envolvimento, nem progressão, nemparalisação. Assim, nem transcender nem ser envolvido, nem ir nem ficar -esta é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Dantamati declarou, “ ‘Vida' e 'libertação' é dualismo. Tendovisto a natureza da vida, nenhuma pessoa pertence a ela, nem é totalmenteliberto dela. Tal compreensão é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Pratyaksadarsana declarou, "' Destrutível' e 'indestrutível' édualismo. O que é destruído é finalmente destruído. O que é finalmentedestruído, não se torna destruído; consequentemente, é chamado'indestrutível.' O que é indestrutível é instantâneo, e o que é instantâneo éindestrutível. A experiência desta maneira, é chamada 'a entrada noprincípio da não dualidade.'"

O bodhisattva Parigudha declarou, "' Eu' e 'carência de eu' é dualismo.Como a existência do eu não pode ser percebida, o que lá será feito 'semeu?' Assim, o não dualismo da visão da natureza deles, é a entrada na nãodualidade."

O bodhisattva Vidyuddeva declarou, "' Conhecimento' e 'ignorância' édualismo. As naturezas da ignorância e do conhecimento são as mesmas,para a ignorância é indefinido, incalculável, e além da esfera dopensamento. A realização disto é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Priyadarsana declarou, "A matéria em si é vazia. Avacuidade não é o resultado da destruição da matéria, mas a natureza da

matéria é ela mesma vazia. Então, falar de vacuidade por um lado, e dematéria, ou de sensação, ou de intelecto, ou de motivação, ou deconsciência por outro - é totalmente dualismo.

A consciência é em si mesma vacuidade. Vacuidade não é o resultado dadestruição da consciência, mas a natureza da consciência é ela mesmavacuidade. Tal entendimento dos cinco agregados compulsivos e oconhecimento deles, tal como, por meio da gnose é a entrada na nãodualidade."

O bodhisattva Prabhaketu declarou, dizer que os quatro elementosprincipais são uma coisa, e o espaço, elemento etéreo, é outra, é dualismo.Os quatro elementos principais são a natureza de espaço. O própriopassado também é a natureza do espaço. O próprio futuro também é anatureza do espaço. Igualmente, o próprio presente também é a naturezado espaço. A gnose que penetra os elementos deste modo é a entrada nanão dualidade."

O bodhisattva Pramati declarou, "' Olho' e 'forma' é dualismo. Entender oolho correctamente, e não ter apego, aversão, ou confusão com respeito àforma - isso é chamado 'paz.' Da mesma forma, 'orelha' e 'som,' 'nariz' e'cheiro,' 'língua' e gosto', 'corpo' e toque', e 'mente' e 'fenómenos’ - todossão dualismo. Mas conhecer a mente, e não ser apegado, nem oposto,nem confuso com respeito aos fenómenos - isso é chamado 'paz.' Viverem tal paz, é entrar na não dualidade."

O bodhisattva Aksayamati declarou, "A dedicação da generosidade, comomeio de atingir a omnisciência é dualismo. A natureza da generosidade é,em si, omnisciência, e a natureza de omnisciência, ela mesma, é dedicaçãototal.

Igualmente, é dualismo dedicar moralidade, tolerância, esforço, meditação,e sabedoria, por causa da omnisciência. A omnisciência é a natureza dasabedoria, e a dedicação total é a natureza da omnisciência. Assim, aentrada neste princípio de singularidade é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Gambhiramati declarou, "É dualismo dizer que vacuidade éuma coisa, a carência de sinais, outra, e a carência de desejos ainda outra.O que é vazio não tem nenhum sinal. O que não tem nenhum sinal, não temnenhum desejo. Onde não há nenhum desejo, não há nenhum processo de

pensamento, mente, ou consciência. Ver as portas de todas as libertaçõesna porta de uma libertação é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Santendriya declarou, "É dualidade dizer, “ 'O Buda,''Dharma,' e 'Sangha.' O Dharma é a natureza do Buda, o Sangha é anatureza do Dharma, e todos eles são não compostos. O não composto éespaço infinito, e os processos de todas as coisas são equivalentes aoespaço infinito. Ajustar tudo isto é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Apratihatanetra declarou, “ É dualidade referir-se a'agregados’ e a 'cessação dos agregados.' Os agregados são cessaçãoem si mesmos. Porquê? Os pontos de vista egoístas dos agregados,sendo eles mesmos, não produzidos, não existem no fim de contas.Consequentemente tais pontos de vista realmente não fazem aconceptualização de 'Estes são agregados’ ou 'Estes agregados cessam.'No fim de contas, eles não têm tal construção discriminativa e nenhuma talconceptualização. Então, tais pontos de vista têm em si mesmos anatureza da cessação. A não ocorrência e a não destruição são a entradana não dualidade."

O bodhisattva Suvinita declarou,” Os votos; físicos, verbais, e mentais nãoexistem dualísticamente. Porquê? Estas coisas têm a natureza dainactividade. A natureza da inactividade do corpo, é igual à natureza dainactividade da fala, cuja natureza da inactividade, é igual, à natureza dainactividade da mente. É necessário saber e entender este facto dainactividade ultima de todas as coisas, este conhecimento é a entrada nanão dualidade."

O bodhisattva Punyaksetra declarou, "É dualidade considerar as acções,em meritórias, pecaminosas, ou neutras. O não empreendimento de acçõesmeritórias, pecaminosas, e neutras é não dualismo. A natureza intrínsecade todas as acções é a vacuidade, onde em ultimo caso, não há nenhummérito, nem pecado, nem neutralidade, nem acção. A não realização detais acções é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Padmavyuha declarou, "O dualismo é produzido daobsessão com o eu, mas o verdadeiro entendimento do eu não resulta emdualismo. Quem assim permanece, na não dualidade, está sem ideação, eaquela ausência de ideação é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Srigarbha declarou, "A dualidade é constituída pelamanifestação perceptual. A não dualidade é não objectiva. Então, o nãoapego e a não rejeição é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Candrottara declarou, "' Escuridão' e 'luz' é dualismo, mas aausência de ambos, escuridão e luz, é não dualidade. Porquê? Nomomento da absorção na cessação, não há nem escuridão nem luz, e domesmo modo, com as naturezas de todas as coisas. A entrada nestaequanimidade é a entrada na não dualidade."

O bodhisattva Ratnamudrahasta declarou, "É dualidade detestar o mundo ealegrar-se na liberação, e nem detestar o mundo, nem alegrar-se nalibertação são, não dualidade. Porquê? A libertação pode ser encontradaonde há escravidão, mas onde há, não escravidão, onde está anecessidade da libertação? O mendigo que não é nenhum cioso oulibertador, não experimenta qualquer gostar ou qualquer antipatia e assimele entra na não dualidade."

O bodhisattva Manikutaraja declarou, "É dualidade falar de caminhos bonse caminhos maus. Quem está no caminho, não está preocupado com bonsou maus caminhos. Vivendo em tal despreocupação, ele não se entretémcom nenhum conceito de 'caminho' ou 'não caminho.' Entendendo anatureza dos conceitos, a mente dele não se ocupa de dualidade. Tal é aentrada na não dualidade."

O bodhisattva Satyarata declarou, "É dualidade falar de 'verdadeiro' e'falso.' Quando a pessoa verdadeiramente vê, a pessoa nunca vê qualquerverdade, assim; como se pode ver falsidade? Porquê? A pessoa não vêcom o olho físico, a pessoa vê com o olho da sabedoria. E com o olho dasabedoria a pessoa só vê na medida em que, não há visão, nem não visão.Lá, onde não há nem visão nem não visão, é a entrada na não dualidade."

Quando os bodhisattvas deram as suas explicações, todos eles dirigiram-se ao príncipe coroado Manjusri: "Manjusri, qual é a entrada dosbodhisattvas na não dualidade?"

Manjusri respondeu: “Bons senhores, todos vocês falaram bem. Nãoobstante, todas as vossas explicações são em si mesmas dualidade. Nãoconhecer nenhum ensinamento, não expressar nada, para não dizer nada,não explicar nada para não anunciar nada, não indicar nada e não designar

nada - isso é a entrada na não dualidade."

Então o príncipe coroado Manjusri disse ao Licchavi Vimalakirti, "Todosnós temos dado os nossos próprios ensinamentos, nobre senhor. Agora,possa você elucidar-nos no ensino, da entrada no princípio, da nãodualidade!"

Após isto, o Licchavi Vimalakirti manteve-se em silêncio, não dizendo nada.

O príncipe coroado Manjusri aplaudiu o Licchavi Vimalakirti: "Excelente!Senhor excelente, nobre! Esta realmente é a entrada na não dualidade dosbodhisattvas. Aqui não há nenhum uso para sílabas, sons, e ideias."

Quando estes ensinamentos foram declarados, cinco mil bodhisattvasentraram na porta do Dharma da não dualidade e atingiram a tolerância donão nascimentos de coisas.

-----------------------------------------

10. O banquete trazido pela encarnação emanada

Nisto, o venerável Shariputra pensou para consigo, "Se estes grandesbodhisattvas não suspendem antes do meio dia, quando vão eles comer?"

O Licchavi Vimalakirti, sabendo do pensamento do venerável Shariputra,telepaticamente, falou-lhe:

"Reverendo Shariputra, o Tathagata ensinou as oito libertações. Vocêdeveria concentrar-se nessas libertações, enquanto escuta o Dharma, comuma mente livre de preocupações com as coisas materiais. Espere umpouco, reverendo Shariputra, e você comerá tal comida como nuncaprovou antes."

Então, o Licchavi Vimalakirti, fixou-se numa tal concentração e executou um

tal feito milagroso, que foi permitido aos bodhisattvas e aos grandesdiscípulos, ver o universo chamado Sarvagandhasugandha, que ficasituado na direcção do zénite, além de muitos campos budas, como háareias, em quarenta e dois rios Ganges. Ali o Tathagata chamadoSugandhakuta, reside, vive, e manifesta-se. Naquele universo, as árvoresemitem uma fragrância que de longe ultrapassa todas as outras fragrâncias,humanas e divinas, de todos os campo-budas das dez direcções. Naqueleuniverso, até mesmo os nomes "discípulo" e "sábio solitário" não existem,e o Tathagata Sugandhakuta só ensina o Dharma a um conjunto debodhisattvas. Naquele universo, todas as casas, as avenidas, os parques,e os palácios são feitos de vários perfumes, e a fragrância da alimentação,comida por aqueles bodhisattvas penetra universos imensuráveis.

Nesta altura, o Tathagata Sugandhakuta sentou-se com os seusbodhisattvas para tomarem a sua refeição, e as deidades chamadasGandhavyuhahara, que eram todas dedicadas ao Mahayana, serviram eprestaram atenção no Buda e aos seus bodhisattvas. Todos os queestavam reunidos na casa de Vimalakirti, puderam ver distintamente esteuniverso, em que o Tathagata Sugandhakuta e os seus bodhisattvasestavam tomando a sua refeição.

O Licchavi Vimalakirti dirigiu-se ao conjunto dos bodhisattvas: “Bonssenhores, há entre vocês, quem gostaria de ir àquele campo buda, e trazerum pouco daquela comida?"

Mas, contidos pelo poder sobrenatural de Manjusri, nenhum deles seofereceu para ir.

O Licchavi Vimalakirti disse ao príncipe coroado Manjusri, "Manjusri, vocênão está envergonhado desta assembleia?"

Manjusri respondeu, “Nobre senhor, não declara o Tathagata, 'Os que nãosão bem educados, devem ser menosprezados?'"

Então, o Licchavi Vimalakirti, sem se levantar do seu sofá, magicamenteemanou um encarnação bodhisattva, cujo corpo era de cor dourada,adornado com os sinais e marcas auspiciosos, e de tal aparência queexcedeu em brilho a assembleia inteira. O Licchavi Vimalakirti dirigiu-seàquele bodhisattva encarnado: “Nobre Filho, vá na direcção do zénite equando tiveres cruzado tantos campo-budas, quanto há de areia em

quarenta e dois rios Ganges, alcançarás um universo chamadoSarvagandhasugandha onde encontrarás o Tathagata Sugandhakuta atomar a sua refeição.

Vá até ele e, curvando-se aos seus pés, faça-lhe o seguinte pedido:

"'O Licchavi Vimalakirti inclina-se cem mil vezes a seus pés, Ó Senhor, epergunta depois pela sua saúde - se tem dificuldades, desconforto,desassossego; se está forte, bem, sem reclamação, e vivendo emcontacto com a felicidade suprema.' "Tendo perguntado assim, pela saúdedele, você deve dizer-lhe 'Vimalakirti pede ao Senhor, para dar-me osrestos da sua refeição, com que ele realizará o trabalho Buda no universochamado "Saha." (Saha quer dizer 'resistência' e sempre se refere aonosso sistema mundial presente) Assim, serão inspirados, com altasaspirações, os seres vivos com aspirações inferiores, e o nome bom doTathagata será celebrado longa e amplamente."

A isto, o bodhisattva encarnado, disse, "Muito bem!", ao LicchaviVimalakirti e obedeceu às instruções dele.

À vista de todos os bodhisattvas, ele virou a sua face para cima e partindo,eles não mais o viram. Quando chegou ao universo Sarvagandhasugandha,curvou-se aos pés do Tathagata Sugandhakuta e disse, "Senhor, obodhisattva Vimalakirti, curvando-se aos pés do Senhor, cumprimenta oSenhor, perguntando: 'O Senhor tem dificuldades, desconforto, edesassossego? Está o Senhor forte, bem, sem reclamação, e vivendo emcontacto com a felicidade suprema?' Ele pede então, depois de se tercurvado cem mil vezes aos pés do Senhor: 'Pode o Senhor por cortesiadar-me os restos da sua refeição para realizar o trabalho Buda no universochamado Saha?. Assim, os seres vivos que aspiram a caminhos inferiorespodem ganhar inteligência para aspirar ao grande Dharma do Buda, e onome do Buda será celebrado longa e amplamente.'"

Ao que os bodhisattvas do campo Buda do Tathagata Sugandhakutaficaram surpresos e pediram ao Tathagata Sugandhakuta, "Senhor ondeexiste semelhante grande ser como este? Onde é o universo Saha? O quequer ele dizer com 'esses que aspiram a caminhos inferiores?"

Tendo sido assim interrogado por aqueles bodhisattvas, o TathagataSugandhakuta disse, “Nobres filhos, o universo Saha existe, mais além de

muitos campo-budas, na direcção do nadir, como tantas, as areias, dequarenta e dois Rios de Ganges. Lá o Tathagata Shakyamuni ensina oDharma aos seres vivos que aspiram aos caminhos inferiores, nessecampo-Buda manchado com as cinco corrupções. Lá o bodhisattvaVimalakirti que vive na liberação inconcebível, ensina o Dharma aosbodhisattvas. Ele enviou este bodhisattva encarnação aqui, para celebrar omeu nome, mostrar as vantagens deste universo, e para aumentar asraízes de virtude desses bodhisattvas."

Os bodhisattvas exclamaram, "Quão grande deve aquele bodhisattva ser,se a sua encarnação mágica, está assim dotada com poder sobrenatural,força, e intrepidez”.

O Tathagata disse, "A grandeza daquele bodhisattva é tal, que ele enviaencarnações mágicas a todos os campos budas das dez direcções, etodas estas encarnações realizam o trabalho Buda para todos os seresvivos em todos esses campos budas."

Então, o Tathagata Sugandhakuta verteu alguma da sua comida, saturadacom todos os perfumes, num recipiente fragrante e deu-o ao bodhisattvaencarnado. E os noventa milhões de bodhisattvas daquele universoofereceram-se para irem juntos, com ele: "Senhor, nós tambémgostaríamos de ir àquele universo Saha, ver, honrar, e servir o BudaShakyamuni, ver Vimalakirti e esses bodhisattvas."

O Tathagata declarou, “Nobres filhos, vão se acham que o tempo écorrecto. Mas, para que esses seres vivos não fiquem loucos eintoxicados, não levem os vossos perfumes. E, para que esses seres vivosdo mundo Saha não fiquem ciumentos de vocês, mudem os vossos corpospara esconder a vossa beleza. E não concebam ideias de desprezo eaversão para com aquele universo. Porquê? “Nobres filhos, um campoBuda é um campo de espaço puro, mas os Senhores Buddhas paradesenvolverem os seres vivos, não revelam o puro reino Buda, todo deuma vez."

Então o bodhisattva encarnado pegou na comida e partiu com os noventamilhões de bodhisattvas e pelo poder do Buda e da operação sobrenaturalde Vimalakirti, desapareceram daquele universo Sarvagandhasugandha eergueram-se novamente na casa de Vimalakirti numa fracção de segundo.O Licchavi Vimalakirti criou exactamente noventa milhões de tronos de leão

como os que já lá estavam e os bodhisattvas sentaram-se.

Então, o bodhisattva encarnado deu o recipiente cheio de comida aVimalakirti, e a fragrância daquela comida penetrou inteiramente a grandecidade de Vaisali e o seu doce perfume espalhou-se ao longo de cemuniversos.

Dentro da cidade de Vaisali, os Brahmas, donos da casa, e até mesmo oLicchavi comandante Candracchattra, tendo notado esta fragrância,estavam pasmados e cheios de maravilha. Eles foram assim limpos, nocorpo e mente e vieram imediatamente à casa de Vimalakirti, juntos comtodos os oitenta e quatro mil dos Licchavis.

Vendo os bodhisattvas sentados nos tronos de leão, altos, largos, ebonitos, ficaram cheios de admiração e grande alegria. Todos eles securvaram diante desses grandes discípulos e bodhisattvas e entãosentaram-se a um lado. E os deuses da terra, os deuses do mundo desejo,e os deuses do mundo material, pelo perfume, também vieram a casa deVimalakirti.

Então, o Licchavi Vimalakirti falou para o ancião Shariputra e os grandesdiscípulos: "Reverendos, comam desta comida do Tathagata! É ambrosiaperfumada pela grande compaixão. Mas não fixem as vossas mentes ematitudes tacanhas, com receio de serem incapazes de receber estepresente."

Mas alguns dos discípulos já tinham tido o pensamento: "Como pode umaenorme multidão, comer tão pequena quantidade de comida?"

Então o bodhisattva encarnado disse àqueles discípulos, “Não comparem,veneráveis, a vossa própria sabedoria e méritos com a sabedoria e osméritos do Tathagata! Porquê? Por exemplo, os quatro grandes oceanospoderiam secar, mas esta comida nunca seria absorvida. Se todos osseres vivos comessem durante uma eternidade, uma quantidade destacomida igual em tamanho ao Monte Sumeru, mesmo assim não seriaabsorvida. Porquê? Vinda da inesgotável moralidade, concentração, esabedoria, não podem ser absorvidos os restos da comida do Tathagata,contidos neste recipiente."

Na verdade a assembleia inteira estava satisfeita com aquela comida, e

esta não foi esgotada.

Tendo comido aquela comida, surgiu nos corpos destes bodhisattvas,discípulos, Sakras, Brahmas, Lokapalas, e outros seres vivos, umafelicidade, igual às felicidades dos bodhisattvas do universoSarvasukhamandita. E de todos os poros da pele deles, um perfume surgiu,como o das árvores que crescem no universo Sarvagandhasugandha.

Então, o Licchavi Vimalakirti dirigiu-se aos bodhisattvas que tinham vindodo campo Buda do Senhor Tathagata Sugandhakuta conscientemente:“Nobres senhores, como o Tathagata Sugandhakuta ensina o Dharmadele?" Eles responderam, "O Tathagata não ensina o Dharma por meio desons ou da linguagem. Ele só disciplina os bodhisattvas por meio deperfumes. Ao pé de cada árvore de perfume senta-se um bodhisattva, e asárvores emitem perfumes como este aqui. Desde o momento em que elescheiram aquele perfume, os bodhisattvas atingem a concentração chamada'fonte de todas as virtudes bodhisattva.' Desde o momento em que elesatingem aquela concentração, todas as virtudes bodhisattva produzem-seneles."

Aqueles bodhisattvas perguntaram então ao Licchavi Vimalakirti, "Comoensina o Buda Shakyamuni o Dharma?"

Vimalakirti respondeu, “Bons senhores, estes seres vivos aqui, são difíceisde disciplinar.”

Então, ele os ensina com discursos apropriados, para os disciplinar do,selvagem e incivilizado.

Como ele disciplina o selvagem e incivilizado? Que discursos sãoapropriados? Aqui estão eles:

“Este é o inferno.

Este é o mundo animal.

Este é o mundo do senhor da morte.

Estas são as adversidades.

Estes são os renascimentos com faculdades diminuídas.

Estes são os delitos físicos, e estas são as retribuições para os delitosfísicos.

Estes são os delitos verbais, e estas são as retribuições para os delitosverbais.

Estes são os delitos mentais, e estas são as retribuições para os delitosmentais.

Isto é matar.

Isto é roubar.

Isto é comportamento sexual impróprio.

Isto é mentir.

Isto é caluniar.

Isto é fala frívola.

Isto é cobiça.

Isto é malícia.

Isto é falsos pontos de vista. Estas são as suas retribuições.

Isto é avareza, e este é o seu efeito.

Isto é imoralidade.

Isto é ódio.

Isto é indolência.

Isto é o fruto da indolência.

Isto é falsa sabedoria e isto é o fruto da falsa sabedoria.

Estas são as transgressões dos preceitos.

Este é o voto da liberação pessoal.

Isto deve ser feito e aquilo não deve ser feito.

Isto é próprio e isto deve ser abandonado.

Isto é uma ofuscação e aquilo é sem ofuscação.

Isto é pecado e aquilo surge sobre o pecado.

Isto é o caminho e aquilo é o caminho errado.

Isto é a virtude e aquilo é mal.

Isto é censurável e aquilo é inocente.

Isto é contaminado e aquilo é imaculado.

Isto é mundano e aquilo é transcendental.

Isto é composto e aquilo é não composto

Isto é paixão e aquilo é purificação.

Isto é vida e aquilo é libertação.'

"Assim, por meio destas variadas explicações do Dharma, o Buda treina asmentes destes seres vivos, que são como cavalos selvagens. Da mesmamaneira, que os cavalos selvagens ou os elefantes selvagens não sãodomesticados, a menos que o aguilhão os perfure até à medula, assim sósão disciplinados os seres vivos, que são selvagens e duros de civilizar,por meio de discursos sobre todos os tipos de misérias."

Os bodhisattvas disseram, "Assim é confirmada a grandeza do BudaShakyamuni!

É maravilhoso como, escondendo o seu poder milagroso, ele civiliza os

seres vivos selvagens que são pobres e inferiores. E os bodhisattvas quese instalam num campo Buda, de tão intensos sofrimentos, têm que terinconcebível grande compaixão!"

O Licchavi Vimalakirti declarou, "Assim seja, bons senhores! É comodizem. A grande compaixão dos bodhisattvas que reencarnam aqui éextremamente firme. Numa única vida neste universo, eles proporcionammuito benefício para os seres vivos. Tanto beneficio para os seres vivos,não pode ser proporcionado no universo Sarvagandhasugandha mesmoem cem mil eternidades. Porquê? Bons senhores, neste universo de Saha,há dez virtuosas práticas que não existe em qualquer outro campo Buda.

Quais são essas dez? Aqui estão elas:

ganhar o pobre por generosidade;

ganhar o imoral através da moralidade;

ganhar o odioso por meio da tolerância;

ganhar o preguiçoso por meio do esforço;

ganhar o mentalmente perturbado por meio da concentração;

ganhar o falsamente sábio por meio de verdadeira sabedoria;

mostrar aos que sofrem das oito adversidades, como erguer-se sobre elas;

ensinar o Mahayana aos de comportamento de mente tacanha;

ganhar os que não obtêm as raízes da virtude por meio das raízes davirtude;

e desenvolver os seres vivos sem interrupção pelos quatro meios deunificação.

Aqueles que se ocupam destas dez virtuosas práticas, não existem emqualquer outro campo Buda."

Novamente os bodhisattvas perguntaram, "Quantas qualidades tem que ter

um bodhisattva, para ir são e salvo a um puro campo-Buda depois que eletransmigre a morte, deste universo de Saha?"

Vimalakirti respondeu, "Depois que ele transmigrar a morte desde esteuniverso de Saha, um bodhisattva tem que ter oito qualidades para alcançarum puro campo-Buda são e salvo. Quais são as oito?

Ele tem que se decidir:

'Eu devo beneficiar todos os seres vivos, sem procurar o mais levebenefício, até mesmo para mim.

Eu devo suportar todas as misérias de todos os seres vivos e tenho quedar todas as minhas acumuladas raízes de virtude a todos os seres vivos.

Eu não devo ter nenhum ressentimento para qualquer ser vivo.

Eu devo alegrar-me em todos os bodhisattvas como se eles fossem oprofessor.

Eu não devo negligenciar nenhum ensino, se eu não os ouvi antes.

Eu devo controlar a minha mente, sem desejar os ganhos de outros, e semme orgulhar dos ganhos próprios.

Eu devo examinar as minhas próprias faltas e não culpar outros pelas suasfaltas.

Eu devo obter prazer em estar conscientemente atento e devo empreenderverdadeiramente todas as virtudes.'

"Se um bodhisattva tiver estas oito qualidades, quando ele transmigrar namorte, desde este universo Saha, ele irá seguro e ileso a um puro campoBuda."

Quando o Licchavi Vimalakirti e o príncipe coroado Manjusri, que tinhamensinado assim o Dharma, à multidão que ali se juntara, cem mil seresvivos conceberam o espírito do inexcedível esclarecimento perfeito, e dezmil bodhisattvas atingiram a tolerância do sem nascimento das coisas.

-----------------------------------------

11. Lição do destrutível e do indestrutível

Entretanto, a área na qual o Senhor estava ensinando o Dharma no jardimde Amrapali, expandiu-se e cresceu, e a assembleia inteira apareceu tingidacom uma cor dourada.

De seguida, o venerável Ananda perguntou ao Buda, "Senhor, estaexpansão e amplificação do jardim de Amrapali e esta cor dourada daassembleia, o que faz estes auspiciosos sinais, pressagiar?"

O Buda declarou, "Ananda, este auspicioso sinal pressagia que o LicchaviVimalakirti e o príncipe coroado Manjusri, seguidos pela grande multidão,estão vindo à presença do Tathagata."

Naquele momento o Licchavi Vimalakirti disse ao príncipe coroadoManjusri, "Manjusri, levemos estes muitos seres vivos à presença doSenhor, de forma que eles possam ver o Tathagata e possam-se curvarperante ele!"

Manjusri respondeu, “Nobre senhor, envio-os se você sente que é a alturacerta!"

De seguida o Licchavi Vimalakirti executou o feito milagroso de colocar aassembleia inteira repleta com tronos, na sua mão direita e então, tendo-setransportado magicamente à presença do Buda, colou-os no chão.

Ele curvou-se aos pés do Buda, circundou-o à direita sete vezes com aspalmas das mão juntas, e retirou-se para um lado.

Os bodhisattvas que haviam vindo do campo Buda do TathagataSugandhakuta desceram dos seus tronos de leão, curvaram-se aos pés doBuda, colocaram as suas palmas das mãos juntas em reverência e

retiraram-se para um lado.

E os outros bodhisattvas, grandes heróis espirituais, e os grandesdiscípulos desceram igualmente dos seus tronos e, tendo-se curvados aospés do Buda, retiraram-se para um lado.

Igualmente todos os Indras, Brahmas, Lokapalas, e Senhores se curvaramaos pés do Buda, colocaram as palmas das suas mãos juntas, emreverência e retiraram-se para um lado.

Então, o Buda, tendo deleitado estes bodhisattvas com saudações,declarou, Nobres filhos", Sentem-se em vossos tronos!"

Assim comandados pelo Buda, eles tomaram os seus tronos.

O Buda disse a Shariputra, "Shariputra, você viu os desempenhosmilagrosos dos bodhisattvas, esses melhores seres?"

"Eu os vi, Senhor."

"Que conceito fizeste deles?"

"Senhor, eu produzi o conceito da incompreensibilidade deles.

As suas atividades apareceram-me inconcebíveis ao ponto em que eu eraincapaz de pensar nelas, os julgar, ou até mesmo os imaginar."

Então o venerável Ananda perguntou ao Buda, "Senhor, que perfume éeste, que nunca como este, eu cheirei antes?"

O Buda respondeu, "Ananda, este perfume emana de todos os poros detodos estes bodhisattvas."

Shariputra juntou, “Venerável Ananda, este mesmo perfume emana detodos os nossos poros também!"

Ananda: De onde vem o perfume?

Shariputra: O Licchavi Vimalakirti obteve um pouco de comida do universochamado Sarvagandhasugandha, o campo Buda do Tathagata

Sugandhakuta, e este perfume emana dos corpos de todos os queparticiparam naquela comida.

Então o venerável Ananda dirigiu-se ao Licchavi Vimalakirti: "Quanto tempoeste perfume permanecerá?"

Vimalakirti: Até ser digerido.

Ananda: Quando será digerido?

Vimalakirti: Será digerido em quarenta e nove dias, e seu perfume emanarádurante sete dias mais, depois disso, mas não haverá nenhuma dificuldadede indigestão durante aquele tempo.

Além disso, reverendo Ananda, se os monges que não tenham entrado naúltima determinação, comerem desta comida, ela será digerida quando elesentrarem nessa determinação.

Quando os que tiverem entrado na última determinação comerem destacomida, não será digerida até que as suas mentes estejam totalmentelibertadas.

Se os seres vivos que não conceberam o espírito do inexcedívelesclarecimento perfeito, comerem desta comida, ela será digerida, quandoeles conceberem o espírito do inexcedível esclarecimento perfeito.

Se os que conceberam o espírito do esclarecimento perfeito, comeremdesta comida, não será digerida até que eles atingiram a tolerância.

E se os que atingiram a tolerância, comerem desta comida, será digeridaquando eles se tornarem bodhisattvas a uma vida da Budeidade.

Reverendo Ananda, é como a medicina chamada "deliciosa," que alcança oestômago mas não é digerida, até que todos os venenos das paixõestenham sido eliminados, só então ela é digerida. Assim, reverendo Ananda,esta comida não é digerida, até todos os venenos das paixões seremeliminados, e só então é digerida.

Então, o venerável Ananda disse ao Buda, "Senhor, é maravilhoso que estacomida completa o trabalho do Buda!"

"Assim é, Ananda! É como você diz, Ananda!

Há campos Buda que realizam o trabalho Buda por meio dos bodhisattvas;

os que fazem assim por meio de luzes;

os que fazem assim por meio da árvore da iluminação;

os que fazem assim por meio da beleza física e das marcas do Tathagata;

os que fazem assim por meio de roupões religiosos;

os que fazem assim por meio do bem;

os que fazem assim por meio da água;

os que fazem assim por meio de jardins;

os que fazem assim por meio de palácios;

os que fazem assim por meio de mansões;

os que fazem assim por meio de encarnações mágicas;

os que fazem assim por meio do espaço vazio;

e os que fazem assim por meio de luzes no céu.

Porque é assim, Ananda? Porque por estes vários meios, os seres vivossão disciplinados. Similarmente, Ananda, há campos Buda que realizam otrabalho Buda por meio de ensinar palavras aos seres vivos, definições, eexemplos, tais como 'sonhos,' 'imagens,' 'a reflexão da lua na água', 'ecos,''ilusões,' e 'miragens; e os que realizam o trabalho Buda fazendo aspalavras compreensíveis.

Também, Ananda, há puros campos Buda completos que realizam otrabalho Buda para os seres vivos sem fala, pelo silêncio, sem expressão,e sem a habilidade de ensinar. Ananda, entre todas as atividades, prazeres,e práticas dos Buddhas, não há nenhuma que não realize o trabalho Buda,

porque todas disciplinam os seres vivos. Finalmente, Ananda, os Buddhasrealizam o trabalho Buda por meio dos quatro Maras e todos os oitentaquatro mil tipos de paixão que afligem os seres vivos.

"Ananda, esta é uma porta do Dharma chamada 'Introdução para todas asqualidades Buda.

' O bodhisattva que entra nesta porta do Dharma não sofre nem alegrianem orgulho, quando confrontado por um campo Buda adornado com oesplendor de todas as nobres qualidades, e não sofrem nem tristeza nemaversão, quando confrontados por um campo Buda aparentemente semaquele esplendor, mas em todo o caso, produz uma profunda reverênciapara todos os Tathagatas.

Realmente, é maravilhoso como todos os Senhores Buddhas queentendem a igualdade de todas as coisas manifestam todos os tipos decampos Buda para desenvolverem os seres vivos!

"Ananda, da mesma maneira que os campos Buda são diversos, com assuas qualidades específicas, mas não fazendo nenhuma diferença, como océu que os cobre, assim, Ananda, os Tathagatas são diversos como osseus corpos físicos, mas não diferem sobre as suas desimpedidas gnoses.

"Ananda, todos o Buddhas são iguais como a perfeição das qualidadesBuda, que são: as suas formas, as suas cores, o seu brilho, os seuscorpos, as suas marcas, a sua nobreza, a sua moralidade, a suaconcentração, a sua sabedoria, a sua libertação , a sua gnose e pontos devista da libertação, as suas forças, os seus não medos, as suas especiaisqualidades Buda, o seu grande amor, a sua grande compaixão, as suasúteis intenções, as suas atitudes, as suas práticas, os seus caminhos, aextensão das suas vidas, os seus ensinamentos do Dharma, o seudesenvolvimento e libertação dos seres vivos, e a sua purificação doscampo Buda.

Então, eles são todos chamados 'Samyaksambuddhas,' 'Tathagatas,' e'Buddhas.'

"Ananda, se a tua vida durasse um éon inteiro, não seria fácil o senhorentender o extenso significado e precisa significação verbal destes trêsnomes completamente.

Também, Ananda, se todos os seres vivos deste universo galáctico debiliões de mundos estivessem como tu, o mais adiantado dos instruídos eo mais adiantado dos dotados de memória e encantamentos, e se, sededicassem um éon inteiro, eles mesmo assim, não poderiam entendercompletamente, o significado exacto e extenso das três palavras'Samyaksambuddhas,' 'Tathagata,' e 'o Buda.'

Assim, Ananda, o esclarecimento dos Buddhas é imensurável, e asabedoria e a eloqüência dos Tathagatas são inconcebíveis."

Então, o venerável Ananda dirigiu-se ao Buda:

"De hoje em diante, Senhor eu já não me declararei ser o mais adiantadodos instruídos."

O Buda disse, ”Não fique desencorajado, Ananda! Porquê?

Eu pronunciei-te, Ananda, o mais adiantado dos instruídos, com osdiscípulos em mente, não considerando os bodhisattvas.

Olhe, Ananda, olhe para os bodhisattvas.

Eles não podem ser compreendidos nem sequer pelo mais sábio doshomens. Ananda, a pessoa pode compreender as profundidades dooceano, mas a pessoa não pode compreender as profundidades dasabedoria, gnose, memória, encantamentos, ou eloqüência dosbodhisattvas. Ananda, deves permanecer em equanimidade com respeitoàs acções dos bodhisattvas. Porquê? Ananda, estas maravilhas exibidasnuma única manhã pelo Licchavi Vimalakirti não poderiam ser executadaspelos discípulos e sábios solitários, que atingiram poderes milagrosos,onde eles dedicaram todos os seus poderes de encarnação etransformação durante cem mil milhões de eternidades."

Então, todos aqueles bodhisattvas do campo Buda do TathagataSugandhakuta uniram as suas palmas das mãos em reverência e, saudandoo Tathagata Shakyamuni, dirigiram-se-lhe assim:

"Senhor, quando nós primeiramente chegamos a este campo Buda, nósconcebemos uma ideia negativa, mas nós agora abandonámos essa ideia

errada.

Porquê? Senhor, os reinos dos Buddhas e as suas qualidades em técnicasde libertação, são inconcebíveis.

Para desenvolver os seres vivos, eles manifestam tal e tal campo, paraadaptar os desejos, a tal e tal ser vivo.

Senhor, por favor nos dê um ensinamento pelo qual nós nos possamoslembrar do Senhor, quando voltarmos a Sarvagandhasugandha."

Tendo assim sido pedido, o Buda declarou,

"Nobres filhos, há uma libertação dos bodhisattvas chamada 'destrutível eindestrutível.’

'Vocês devem treinarem-se nesta libertação.

Qual é ela?

'Destrutível' recorre a coisas compostas.

'Indestrutível' recorre ao não composto.

Mas o bodhisattva nem deve destruir o composto nem deve descansar nonão composto.

"Não destruir coisas compostas consiste em não perder o grande amor;

não renunciar à grande compaixão;

não esquecer a mente omnisciente, gerada pelas grandes resoluções;

não se cansar no desenvolvimento positivo dos seres vivos;

não abandonar os meios de unificação; renunciar ao corpo e vida paraapoiar o santo Dharma;

não estar nunca satisfeito com as raízes de virtude que já acumularam; terprazer na dedicação hábil; não ter preguiça na procura do Dharma; estar

sem reticências egoístas a ensinar o Dharma;

não se poupar a nenhum esforço para ver e venerar os Tathagatas; serdestemido em reencarnações voluntárias;

não ficar orgulhoso com o sucesso nem se curvar ao fracasso;

não menosprezar os que não aprendem, e respeitar os instruídos como sefossem o Mestre eles mesmos; tornar razoáveis aqueles cujas paixões sãoexcessivas; obter prazer na solidão, sem ficar preso a ela;

não ansiar pela sua própria felicidade mas ansiar pela felicidade dos outros;conceber o transe, a meditação, e a equanimidade como se eles fossem oinferno de Avici; conceber o mundo como um jardim de liberação;

considerar os mendigos como se fossem os seus mestres espirituais;

considerar o dar todas as posses como sendo o meio de perceber aBudeidade;

considerar os seres imorais como seus salvadores;

considerar as transcendências como seus pais;

considerar as ajudas aos esclarecimentos como sendo seus criados;

nunca deixar cessar a acumulação das raízes da virtude;

estabelecer as virtudes de todos os campos Buda no seu próprio campoBuda;

oferecer ilimitados puros sacrifícios para observar as marcas o os sinaisauspiciosas;

adornar corpo, fala e mente contendo-se de todos os pecados;

continuar nas reencarnações durante eternidades imensuráveis, enquantose purifica o corpo, fala, e mente;

evitar o desânimo, através do heroísmo espiritual, ao aprender as virtudes

imensuráveis do Buda;

brandindo a espada afiada da sabedoria para castigar as paixões inimigas;

conhecer bem os agregados, os elementos, e os sentidos para suportar osfardos de todos os seres vivos;

brilhar com energia para conquistar o anfitrião dos demónios;

buscar o conhecimento para evitar o orgulho;

estar contente com pouco desejo para apoiar o Dharma;

não se misturar nas coisas mundanas para deleitar todas as pessoas;

sendo sem defeito em todas as atividades para conformar todas aspessoas;

produzir o super conhecimento para realizar de facto, todas os deveres debeneficiar os seres vivos;

adquirir encantamentos, memória, e conhecimento para reter toda aaprendizagem;

entender os graus das faculdades espirituais das pessoas para dispersaras dúvidas de todos os seres vivos;

exibir feitos milagrosos invencíveis para ensinar o Dharma;

ter fala irresistível por ter adquirindo eloqüência desimpedida;

provocar o sucesso humano e divino, purificando o caminho das dezvirtudes;

estabelecer o caminho dos puros estados de Brahma cultivando os quatroimensuráveis;

convidar os Buddhas a ensinar o Dharma, alegrando-se neles, e osaplaudindo, obtendo assim a voz melodiosa de um Buda;

disciplinar o corpo, fala, e mente, mantendo assim o progresso espiritualconstante;

estar sem apego a coisa alguma e assim adquirir o comportamento de umBuda;

reunir-se à ordem dos bodhisattvas para atrair os seres ao Mahayana;

estar a todo o momento conscientemente e atento para não negligenciar asboas qualidades.

Nobres filhos, um bodhisattva que assim se aplica ao Dharma é umbodhisattva que não destrói o reino composto.

"O que é o não descanso no não composto? O bodhisattva pratica avacuidade, mas ele não realiza a vacuidade.

Ele pratica a carência de sinais mas não realiza a carência de sinais.

Ele pratica a carência de desejos mas não realiza a carência de desejos.

Ele pratica o não desempenho mas não percebe o não desempenho.

Ele conhece a impermanência mas não é complacente sobre as suasraízes da virtude.

Ele considera a miséria, mas ele reencarna voluntariamente.

Ele conhece a carência do eu mas não se desperdiça.

Ele considera a paz mas não busca a paz extrema.

Ele aprecia a solidão mas não evita esforços mentais e físicos.

Ele considera a carência de lugar mas não abandona o lugar das boasacções.

Ele considera a carência de ocorrências mas responsabiliza-se parasuportar os fardos de todos os seres vivos.

Ele considera a imaculabilidade, contudo ele segue o processo do mundo.

Ele considera a carência de movimento, contudo ele move-se paradesenvolver todos os seres vivos.

Ele considera a carência do eu e não abandona a grande compaixão paracom todos os seres vivos.

Ele considera o não nascimento, contudo ele não entra na últimadeterminação dos discípulos.

Ele considera a vaidade, futilidade, insubstancialidade, dependência, ecarência de lugar, contudo ele fundamenta-se nos méritos que não sãovãos, no conhecimento que não é fútil, em reflexões que são significativas,no esforço para a consagração da gnose independente, e no significadodefinitivo da família Buda.

"Assim, nobres filhos, um bodhisattva que aspira a tal Dharma, nemdescansa no não composto nem destrói o composto.

"Além disso, nobres filhos, para efectivar uma reserva de mérito, umbodhisattva não descansa no não composto, e para efectivar uma reservade sabedoria, ele não destrói o composto.

Para cumprir o grande amor, ele não descansa no não composto, e paracumprir a grande compaixão, ele não destrói coisas compostas.

Para desenvolver os seres vivos, ele não descansa no não composto, epara aspirar às qualidades Buda, ele não destrói coisas compostas.

Para aperfeiçoar as marcas da Budeidade, ele não descansa no nãocomposto, e, para aperfeiçoar a gnose da omnisciência, ele não destróicoisas compostas.

Fora da habilidade em técnicas libertadoras, ele não descansa no nãocomposto, e, por análise completa com a sua sabedoria; ele não destróicoisas compostas.

Para purificar o campo Buda, ele não descansa no não composto, e, pelopoder da graça do Buda, ele não destrói coisas compostas.

Porque ele sente as necessidades dos seres vivos, ele não descansa nonão composto, e para mostrar verdadeiramente o significado do Dharma,ele não destrói coisas compostas.

Por causa da sua reserva de raízes de virtudes, ele não descansa no nãocomposto, e por causa do seu instintivo entusiasmo por estas raízes devirtude, ele não destrói coisas compostas.

Para satisfazer as suas orações, ele não descansa no não composto, e,porque ele não tem nenhum desejo, ele não destrói coisas compostas.

Porque o seu pensamento positivo é puro, ele não descansa no nãocomposto, e, porque a sua forte decisão é pura, ele não destrói coisascompostas.

Para jogar com os cinco super conhecimentos, ele não descansa no nãocomposto, e, por causa dos seis super conhecimentos da gnose Buda, elenão destrói coisas compostas.

Para cumprir as seis transcendências, ele não descansa no não composto,e, para cumprir o tempo, ele não destrói coisas compostas.

Para juntar os tesouros do Dharma, ele não descansa no não composto, e,porque ele não gosta de qualquer ensinamento medíocre, ele não destróicoisas compostas.

Porque ele junta todas as medicinas do Dharma, ele não descansa no nãocomposto, e, para aplicar a medicina do Dharma adequadamente, ele nãodestrói coisas compostas.

Para confirmar os seus compromissos, ele não descansa no nãocomposto, e, para reparar qualquer fracasso desses compromissos, elenão destrói coisas compostas.

Para preparar todos os elixires do Dharma, ele não descansa no nãocomposto, e, para distribuir o néctar deste Dharma subtil, ele não destróicoisas compostas.

Porque ele conhece completamente todo o sofrimento devido às paixões,

não descansa no não composto, e para curar todo o sofrimento de todosos seres vivos, ele não destrói coisas compostas.

"Assim, nobres filhos, o bodhisattva não destrói coisas compostas e nãodescansa no não composto, e isso é a libertação dos bodhisattvaschamada 'destrutível e indestrutível.' Nobres senhores, vocês devemtambém esforçarem-se nisto."

Então, aqueles bodhisattvas, tendo ouvido este ensinamento, ficaramsatisfeitos, encantados, e reverentes.

Eles ficaram cheios de alegria e felicidade da mente. Para adorar o BudaShakyamuni e os bodhisattvas do universo de Saha, assim como esteensinamento, eles cobriram a terra inteira, deste universo de biliões demundos com pó fragrante, incenso, perfumes, e flores até à altura dosjoelhos.

Tendo-se deleitado na comitiva completa do Tathagata, inclinaram as suascabeças aos pés do Buda, circundaram-no à direita três vezes, e cantaram-lhe um hino de elogio.

Então eles desapareceram deste universo e num segundo estavam de voltaao universo Sarvagandhasugandha.

-----------------------------------------

12. Visão do Universo Abhirati e do Tathagata Aksobhya

De seguida, o Buddha disse ao Licchavi Vimalakirti, “Nobre filho, quandovês o Tathagata, como tu o vês?" Assim interrogado, o Licchavi Vimalakirtidisse ao Buda, "Senhor, quando eu olhava o Tathagata, eu não via nenhumTathagata. Porquê? Eu vejo-o como não nascido do passado, nãopassando para o futuro, e não residindo no tempo presente. Porquê?

Ele é a essência do qual é a realidade da matéria, mas ele não é a matéria.

Ele é a essência do qual é a realidade da sensação, mas ele não é asensação.

Ele é a essência do qual é a realidade do intelecto, mas ele não é ointelecto.

Ele é a essência do qual é a realidade da motivação, contudo, ele não é amotivação.

Ele é a essência do qual é a realidade da consciência, contudo, ele não é aconsciência.

Como o elemento do espaço, ele não reside em qualquer dos quatroelementos. Transcendendo a extensão do olho, orelha, nariz, língua, corpo,e mente, ele não é produzido nos seis sentidos.

Ele não é envolvido nos três mundos, está livre das três corrupções, éassociado com a liberação tripla, está dotado com os três conhecimentos,e verdadeiramente atingiu o inacessível.

"O Tathagata alcançou o extremo da indiferença com respeito a todas ascoisas, contudo, ele não é uma realidade limite.

Ele reside na realidade última, contudo, não há nenhuma relação entre issoe ele.

Ele não é, produzido das causas, nem ele depende de condições.

Ele não é, sem qualquer característica, nem tem qualquer característica.

Ele não tem natureza única, nem qualquer diversidade de naturezas.

Ele não é, uma concepção, nem uma construção mental, nem é uma nãoconcepção.

Ele é, nem a outra margem, nem esta margem, nem a do meio.

Ele é, nem aqui, nem ali, nem em qualquer outro lugar.

Ele é, nem isto nem aquilo.

Ele não pode ser descoberto pela consciência, nem ele é inerente àconsciência.

Ele é, nem escuridão nem luz.

Ele é, nem nome nem sinal.

Ele é, nem fraco nem forte.

Ele não vive em nenhum país ou direcção.

Ele é, nem bom nem mau.

Ele é nem, composto nem não composto.

Ele não pode ser explicado como tendo qualquer significado seja do quefor.

"O Tathagata é nem generosidade nem avareza, nem moralidade, nemimoralidade, nem tolerância, nem malícia, nem esforço, nem indolência,nem concentração, nem distracção, nem sabedoria, nem tolice.

Ele é inexprimível.

Ele é, nem verdade nem falsidade; nem escape do mundo, nem fracassopara escapar do mundo; nem causa de envolvimento no mundo nem nãocausa de envolvimento no mundo; ele é a cessação de toda a teoria e todaa prática.

Ele é, nem um campo de mérito, nem um não campo de mérito; ele nem émerecedor de oferecimentos nem desmerecedor de oferecimentos.

Ele não é um objecto, e não pode ser contactado.

Ele não é um todo, nem uma conglomeração.

Ele ultrapassa todos os cálculos.

Ele é totalmente inatingível, ainda que igual à última realidade das coisas.

Ele é sem igual, especialmente no esforço.

Ele ultrapassa toda a medida.

Ele não vai, não fica, e não passa além.

Ele é, nem visto, ouvido, distinguido, nem conhecido.

Ele é sem qualquer complexidade, tendo atingido a equanimidade da gnoseomnisciente. Igual para todas as coisas, ele não faz discriminação entreelas.

Ele é sem repreensão, sem excesso, sem corrupção, sem concepção, esem intelectualização.

Ele é sem actividade, sem nascimento, sem ocorrência, sem origem, semprodução, e sem não produção.

Ele é sem medo e sem sub consciência; sem tristeza, sem alegria, e semtensão. Nenhum ensinamento verbal, ele pode expressar.

"Tal é o corpo do Tathagata assim ele deve ser visto. Quem vê assim, vêverdadeiramente. Quem vê de outro modo, vê falsamente."

O venerável Shariputra então perguntou ao Buda, "Senhor, em qual campo-Buda morreu o nobre Vimalakirti, antes de reencarnar neste campo-Buda?"

O Buda disse, "Shariputra, pergunta directamente a este bom homem, ondeele morreu para reencarnar aqui."

Então o venerável Shariputra pediu ao Licchavi Vimalakirti, “Nobre senhor,onde o senhor morreu para reencarnar aqui?"

Vimalakirti declarou, "Há alguma coisa, entre as coisas que você vê,ancião, que morra ou renasça?"

Shariputra: Nada há o que morra ou seja renascido.

Vimalakirti: Igualmente, reverendo Shariputra, como todas as coisas nemmorrem nem são renascidas, porque você pergunta, "Onde você morreupara reencarnar aqui?" Reverendo Shariputra, se alguém fosse perguntar aum homem ou mulher, criados por um mágico, onde ele ou ela, tinhammorrido para reencarnar ali, o que você pensa que ele ou elaresponderiam?

Shariputra: Nobre senhor, uma criação mágica não morre, nem érenascida.

Vimalakirti: Reverendo Shariputra, não declarou o Tathagata que todas ascoisas têm a natureza de uma criação mágica?

Shariputra: Sim, nobre senhor, é realmente assim.

Vimalakirti: Reverendo Shariputra, "morte" é o fim de um desempenho, e"renascimento" é a continuação do desempenho. Mas, embora umbodhisattva morra, ele não põem um fim ao desempenho das raízes davirtude, e embora renasça, ele não adere à continuidade de pecado.

Então, o Buda disse ao venerável Shariputra, "Shariputra, esta pessoasanta veio aqui desde a presença do Tathagata Aksobhya no universoAbhirati."

Shariputra: Senhor, é maravilhoso que esta pessoa santa, tendo deixadoum campo-Buda tão puro como Abhirati, venha desfrutar um campo-Budatão cheio de defeitos como este universo de Saha!

O Licchavi Vimalakirti disse, "Shariputra, o que pensa o senhor? A luz dosol acompanha a escuridão?"

Shariputra: Certamente que não, nobre senhor!

Vimalakirti: Então os dois não vão junto?

Shariputra: Nobre Senhor, esses dois não vão juntos. Assim que o solsobe, toda a escuridão é destruída.

Vimalakirti: Então por que o sol sobe em cima do mundo?

Shariputra: Ele nasce para iluminar o mundo, e eliminar a escuridão.

Vimalakirti: Assim da mesma maneira, reverendo Shariputra, o bodhisattvareencarna voluntariamente nos campos-Buda impuros, para purificar osseres vivos, para fazer a luz da sabedoria brilhar, e para os tirar daescuridão. Considerando que eles não se associam com as paixões, elesdispersam a escuridão das paixões de todos os seres vivos.

Nisto, a multidão inteira experimentou o desejo de ver o universo Abhirati,do Tathagata Aksobhya, os seus bodhisattvas e os seus grandesdiscípulos. O Buda, conhecendo os pensamentos da multidão inteira, disseao Licchavi Vimalakirti, “Nobre filho, esta multidão deseja ver o universoAbhirati e o Tathagata Aksobhya – mostre-lhes!"

Então o Licchavi Vimalakirti pensou, "Sem subir do meu sofá, eu apanhareina minha mão direita o universo Abhirati e tudo o que contém: suascentenas de milhares de bodhisattvas; seus domicílios de devas, nagas,yakshas, gandharvas, e asuras, limitados pelas suas montanhas deCakravada; seus rios, lagos, fontes, fluxos, oceanos, e outros corpos deágua; seu Monte Sumeru e outras colinas e gramas de montanha; sua lua,seu sol, e suas estrelas; seus devas, nagas, yakshas, gandharvas, easuras; seu Brahma e os seus acompanhantes; suas aldeias, cidades,povos, províncias, reinos, homens, mulheres, e casas; seus bodhisattvas;seus discípulos; a árvore do esclarecimento do Tathagata Aksobhya; e oTathagata Aksobhya, sentado no meio de uma vasta assembleia, comonum oceano, ensinando o Dharma. Também os lotus que executam otrabalho-Buda entre os seres vivos; as três escadas, enfeitadas com jóias,que sobem desde a sua terra até ao seu céu de Trayastrimsa, no qual aescada, que os deuses daquele céu, descem para o mundo, para ver,honrar, e servir o Tathagata Aksobhya e ouvir o Dharma, e no qual oshomens da terra escalam ao céu de Trayastrimsa para visitar essesdeuses. Como o oleiro com a sua roda, eu reduzirei aquele universoAbhirati, com sua reserva de inumeráveis virtudes, desde a sua baseaquosa até ao céu de Akanistha, para um tamanho minúsculo e,transportando-o suavemente como uma grinalda de flores, para esteuniverso de Saha mostrá-lo-ei para as multidões."

Então, o Licchavi Vimalakirti entrou em concentração, e executou um feitomilagroso tal, que reduziu o universo Abhirati para um tamanho minúsculo,

transportou-o com a sua mão direita, e trouxe-o a este universo de Saha.

Naquele universo Abhirati, os discípulos, bodhisattvas, e os que de entredeuses e homens, possuíam o super conhecimento do olho divino, todosclamaram, "Senhor, nós estamos a ser levados para fora! Sugata, nósestamos sendo levados! Nos proteja, Ó Tathagata! "Mas, o TathagataAksobhya para os disciplinar disse-lhes, "Vocês estão sendo transportadospelo bodhisattva Vimalakirti. Não é assunto meu."

Para outros homens e deuses, eles não tiveram nenhuma consciência deque estavam sendo transportados para outro lugar.

Embora o universo que Abhirati tenha sido trazido ao universo Saha, ouniverso de Saha não foi aumentado ou diminuído; nem estava comprimidonem obstruído. Nem era o universo Abhirati reduzido internamente, eambos os universos apareciam-lhes iguais ao que eles sempre tinham sido.

Seguidamente, o Buda Shakyamuni perguntou a todas as multidões,"Amigos, vêem os esplendores do universo Abhirati, o TathagataAksobhya, a ordenação do seu campo-Buda, e os esplendores destesdiscípulos e bodhisattvas!"

Eles responderam, "Nós os vemos, Senhor!"

O Buda disse, "Aqueles bodhisattvas que desejam abraçar um tal campo-Buda deverão treinar-se em todos as práticas bodhisattva do TathagataAksobhya.”

Enquanto Vimalakirti, com o seu poder milagroso, lhes mostrava assim, ouniverso Abhirati e o Tathagata Aksobhya, cento e quarenta mil seresvivos, entre homens e deuses do universo de Saha, conceberam o espíritodo inexcedível esclarecimento perfeito, e todos eles criaram uma oraçãopara ressurgir no universo Abhirati. E o Buda profetizou que no futuro todosrenasceriam no universo Abhirati.

E o Licchavi Vimalakirti, tendo desenvolvido todos os seres vivos, quepodiam ser assim desenvolvidos, devolveu o universo Abhirati exactamenteao seu lugar anterior.

O Senhor disse então ao venerável Shariputra, "Shariputra, você viu aquele

universo Abhirati, e o Tathagata Aksobhya?"

Shariputra respondeu, "Eu vi, Senhor! Possam todos os seres vivos, vir aviver num campo-Buda tão esplêndido como aquele! Possam todos osseres vivos vir a ter poderes milagrosos como os do nobre LicchaviVimalakirti!

"Nós ganhámos grande benefício em ter visto um homem santo, como ele.

Nós ganhámos um grande benefício de ter ouvido tal ensinamento doDharma, se o Tathagata na verdade ainda existe actualmente ou se ele jáatingiu a libertação suprema. Consequentemente, não há nenhumanecessidade de mencionar o grande benefício para os que, tendo ouvidoisto, acredite, confie nisto, abrace, lembre-se, leia, e penetre a suaprofundidade; e, tendo achado fé nisto, ensine, recite, e mostre para osoutros e os aplique à ioga da meditação no seu ensinamento.

“Aqueles seres vivos que entendem este ensinamento do Dharmacorrectamente, obterão o tesouro das jóias do Dharma.

“Aqueles que estudam este ensinamento do Dharma correctamente, tornar-se-ão nos companheiros do Tathagata. Aqueles que honram e servem osperitos desta doutrina serão os verdadeiros protectores do Dharma.Aqueles que escrevam, ensinem, e adorem este ensinamento do Dharmaserão visitados pelo Tathagata nas suas casas. Aqueles que tem deleiteneste ensinamento do Dharma abraçarão todos os méritos. Aqueles queensinam isto a outros, que não é mais do que uma única estrofe de quatrolinhas, ou uma única frase sumária deste ensinamento do Dharma, estarãoexecutando o grande sacrifício-Dharma. E Aqueles que se dedicam a esteensinamento do Dharma, a sua tolerância, o seu zelo, a sua inteligência, oseu discernimento, a sua visão e as suas aspirações, tornar-se-ão sujeitosà profecia da futura Budeidade!"

-----------------------------------

Epílogo

Antecedentes e transmissão do Dharma Santo

Então Sakra, o príncipe dos deuses, disse ao Buda, "Senhor, anteriormenteeu ouvi do Tathagata e de Manjusri, o príncipe da coroa da sabedoria,muitas centenas de milhares de ensinamentos do Dharma, mas eu nuncatinha ouvido antes um ensinamento do Dharma tão notável como estainstrução na entrada no método das inconcebíveis transformações.

Senhor, aqueles seres vivos que, tendo ouvido este ensinamento doDharma, aceite, se lembre, leia, e entenda profundamente, serão semdúvida, verdadeiros recipientes do Dharma; não há necessidade demencionar aqueles que se aplicam à ioga da meditação. Eles eliminarãotoda a possibilidade de vidas infelizes, abrirão o seu caminho a todas asvidas afortunadas, sempre serão olhados depois por todos o Buddhas,sempre superarão todos os adversários, e sempre conquistarão todos osdemónios. Eles praticarão o caminho dos bodhisattvas, tomarão os seuslugares na base da Iluminação, e terão entrado verdadeiramente nodomínio dos Tathagatas. Senhor, os nobres filhos e filhas que ensinarem epraticarem esta exposição do Dharma, serão honrados e servidos por mime pelos meus seguidores. As aldeias, vilas, cidades, estados, reinos, ecapitais, no qual este ensinamento do Dharma seja aplicado, ensinado, edemonstrado, eu e os meus seguidores viremos ouvir o Dharma. Euinspirarei os incrédulos com fé, e garantir-lhes-ei a minha ajuda e protecçãoaos que acreditam e apoiam o Dharma."

A estas palavras, o Buda disse a Sakra, o príncipe dos deuses, "Excelente!Excelente, príncipe dos deuses! O Tathagata alegra-se nas suas palavrasboas. Príncipe dos deuses, a Iluminação dos Buddhas do passado,presente e futuro, é expressa neste discurso do Dharma. Então, príncipedos deuses, quando os nobres filhos e filhas o aceitarem, o repetirem, oentenderem profundamente, o escreverem completamente e, fazendo umlivro, honrem, aqueles filhos e filhas, prestam assim homenagem aosBuddhas do passado, presente e futuro.

"Suponhamos, príncipe dos deuses que este universo galáctico de bilhõesde mundos estivesse tão cheio de Tathagatas como está coberto com

arvoredos de cana de açúcar, com roseiras, com moitas de bambu, comervas, e com flores, e que um nobre filho ou filha, foram honra-los, venera-los, respeita-los e adora-los, oferecendo-lhes todos os tipos de confortos eoferecimentos durante um éon ou mais que um éon.

E suponhamos, que estes Tathagatas que entraram na última libertação, eleou ela honrou cada um deles entesourando os seus corpos preservadosnum stupa comemorativo, feito de pedras preciosas, cada tão grandequanto um mundo com quatro grandes continentes, subindo tão alto quantoo mundo de Brahma, adornado com guarda sóis, bandeiras, padrões, eabajures.

E suponhamos finalmente, que tendo erguido todos estes stupas para osTathagatas, foram-lhes dedicar um éon ou mais, oferecendo-lhes flores,perfumes, bandeiras, e padrões, enquanto tocam tambores e música.Assim feito, o que pensa você príncipe dos deuses? Aquele nobre filho oufilha receberiam muito mérito como consequência de tais atividades?"

Sakra, o príncipe dos deuses, respondeu, "Muitos méritos, Senhor! Muitosméritos, Ó Sugata! Se alguém fosse gastar centenas de milhares demilhões de éons, seria impossível medir o limite da massa de méritos que onobre filho ou filha juntariam deste modo!"

O Buda disse, "Tem fé, príncipe dos deuses, e entende isto: Quem aceitaesta exposição do Dharma chamada 'Instrução na Libertação Inconcebível',recite-a, e entenda-a profundamente, ele ou ela juntarão méritos aindamaiores, do que os que executaram os mencionados actos. Porquê assim?Porque, príncipe dos deuses, a iluminação dos Buddhas surge do Dharma,e a pessoa os honra pela adoração do Dharma, e não através da adoraçãomaterial. Assim é ensinado, príncipe dos deuses, e assim você deveentender."

O Buda então disse ainda a Sakra, o príncipe dos deuses, "Uma vez,príncipe dos deuses, há muito tempo, muito antes dos éons maisnumerosos, que o inumerável, imenso, imensurável, inconcebível, e aindaantes desse tempo, o Tathagata chamado Bhaisajyaraja apareceu nomundo: um santo, perfeito e completamente iluminado, dotado comconhecimento e conduta, um feliz, conhecedor do mundo, e conhecedorincomparável de homens que precisam ser civilizados, professor dosdeuses e dos homens, um Senhor, um Buda. Ele apareceu na eternidade

chamada Vicarana, no universo chamado Mahavyuha. "O comprimento devida deste Tathagata Bhaisajyaraja, perfeito e completamente iluminado, foide vinte éons curtos. A sua comitiva de discípulos, era de trinta e seismilhões de biliões, e o seu séquito de bodhisattvas era de doze milhões debiliões.

Naquela mesma época, príncipe dos deuses, havia um monarca universalchamado o Rei Ratnacchattra, que reinou sobre os quatro continentes epossuía sete jóias preciosas. Ele teve mil filhos heróicos, poderosos,fortes, e capazes de conquistar exércitos inimigos. Este Rei Ratnacchattrahonrou o Tathagata Bhaisajyaraja e o seu séquito com muitosoferecimentos excelentes, durante cinco éons curtos. Ao término dessetempo, o Rei Ratnacchattra disse aos seus filhos, 'Reconhecendo quedurante o meu reinado eu tenho adorado o Tathagata, por sua vez, vocêsdeveriam adora-lo também." Os mil príncipes deram o seu consentimento,obedecendo ao seu pai, o rei, e todos juntos, durante outros cinco éonscurtos, eles honraram o Tathagata Bhaisajyaraja com todos os tipos deexcelentes oferecimentos.

"Entre eles, havia um príncipe de nome Candracchattra que retirado emsolidão pensou para com ele 'Não há outro modo de adoração aindamelhor e mais nobre que este?' "Então, pelo poder sobrenatural do BudaBhaisajyaraja, os deuses falaram para ele dos céus: 'Ó bom homem, aadoração suprema é a adoração do Dharma.' "Candracchattra perguntou-lhes, 'o que é esta "Adoração do Dharma?"' "Os deuses responderam, 'ÓBom homem, vá ao Tathagata Bhaisajyaraja, e pergunte-lhe acerca da"Adoração do Dharma," e ele explicará isso completamente a você.'"Então, o príncipe Candracchattra foi ao Senhor Bhaisajyaraja, o santo, oTathagata, o insuperável, o perfeitamente iluminado, e tendo chegado,curvado-se aos seus pés, rodeou-o três vezes pela direita, e retirou-se paraum lado. Então ele perguntou, 'Senhor, eu ouvi falar de uma "AdoraçãoDharma," que ultrapassa toda a outra adoração. O que é esta "Adoraçãodo Dharma?"

"O Tathagata Bhaisajyaraja disse, 'Nobre filho, a Adoração do Dharma éaquela adoração feita aos discursos ensinados pelo Tathagata.

Estes discursos são fundos e profundos em entendimento.

Eles não se conformam ao mundano e são difíceis de entender, difíceis de

ver e difíceis de perceber.

Eles são subtis, precisos, e no fim de contas, incompreensíveis.

Como as Escrituras, eles são coleccionados no cânon dos bodhisattvas,timbrado com a insígnia do rei, dos encantamentos e dos ensinos.

Eles revelam a roda irreversível do Dharma, surgindo das seistranscendências, limpos de qualquer falsa noção.

Eles estão dotados com todas as ajudas para a iluminação e encarnam ossete factores da iluminação.

Eles apresentam os seres vivos à grande compaixão e ensinam-lhes ogrande amor.

Eles eliminam todas as convicções de Mara, e manifestam-lhes arelatividade.

"'Eles contêm a mensagem da carência do eu, carência do ser vivo,carência da pessoa, carência de tempo de vida, vacuidade, carência desinais, carência de desejos, não realização, não produção, e nãoocorrência.

"'Eles tornam possível alcançar o assento da iluminação e puseram emmovimento a roda do Dharma.

Eles são aprovados e elogiados pelos chefes dos deuses, nagas, yakshas,gandharvas, asuras, garudas, kimnaras, e mahoragas.

Eles preservam irrompível a herança do santo Dharma, contêm o tesourodo Dharma, e representam o ápice da Adoração do Dharma.

Eles são apoiados por todos os seres santos e ensinam todas as práticasdo bodhisattva.

Eles induzem o sem erro, que entende o Dharma no seu sentido último.

Eles certificam que todas as coisas são impermanentes, miseráveis, semeu, e pacíficas, enquanto sumarizam o Dharma.

Eles causam o abandono de avareza, imoralidade, malícia, preguiça,esquecimento, tolice, e ciúme, como também convicções ruins, a aderênciaaos objectos, e toda a oposição.

Eles são elogiados por todos os Buddhas.

Eles são as medicinas para as tendências de vida mundana, e manifestamautenticamente a grande felicidade da libertação.

Ensinar correctamente, apoiar, investigar, e entender tais Escrituras,incorporando assim na própria vida da pessoa o Dharma santo isso é a"Adoração do Dharma." “Além disso, nobre filho, a adoração do Dharmaconsiste em determinar o Dharma de acordo com o Dharma; aplicando oDharma de acordo com o Dharma; estando em harmonia com arelatividade; estando livre de convicções extremistas; atingindo a tolerânciado último não nascimento e não ocorrência de todas as coisas;percebendo a carência do eu e a carência de seres vivos; contendo-se delutas sobre causas e condições, sem disputar, ou disputando; não sendopossessivo; estando livre do egoísmo; confiando no significado e não naexpressão literal; confiando na gnose e não na consciência; confiando nosúltimos ensinamentos definitivos do significado, e não insistindo nainterpretação do significado superficial dos ensinamentos; confiando narealidade e não insistindo em opiniões derivadas de autoridades pessoais;percebendo a realidade do Buda correctamente; percebendo a últimaausência de qualquer consciência fundamental; e superando o hábito de seagarrar a um último chão. Finalmente, atingindo a paz, parando tudo desdea ignorância à velhice, morte, tristeza, lamentação, miséria, ansiedade, edificuldade, e percebendo que os seres vivos não sabem dar um fim aosseus pontos de vista, relativos a essas doze ligações de origemdependente; então, nobre filho, quando você não se agarrar a nenhumavisão em absoluto, é chamado a adoração do Dharma inexcedível.'

"Príncipe dos deuses, quando o príncipe Candracchattra ouviu estadefinição da adoração do Dharma do Tathagata Bhaisajyaraja, ele atingiu atolerância conformativa do último não nascimento; e, levando os seusroupões e ornamentos, ele os ofereceu ao Buda Bhaisajyaraja, dizendo,'Quando o Tathagata estiver na última libertação, eu desejo defender osanto Dharma, para protege-lo, e para adorá-lo. Possa o Tathagataconceder-me a sua bênção sobrenatural, possa eu poder conquistar Mara e

todos os adversários e incorporar em todas as minhas vidas o santoDharma do Buda!' "O Tathagata Bhaisajyaraja, sabendo da forte resoluçãodo Candracchattra, profetizou que ele seria, mais tarde, no futuro, oprotector, guardião, e defensor da cidade do santo Dharma. Então, príncipedos deuses, o príncipe Candracchattra, pela sua grande fé no Tathagata,deixou a vida do lar para entrar na vida sem lar, de monge e tendo feitoisto, viveu fazendo grandes esforços para o êxito da virtude. Tendo feitogrande esforço e sendo bem dotado em virtude, cedo obteve os cincosuper conhecimentos, compreendeu os encantamentos, e obteve aeloqüência invencível. Quando o Tathagata Bhaisajyaraja atingiu a últimalibertação, Candracchattra, em virtude do seu super conhecimento e pelopoder dos seus encantamentos, fez a roda do Dharma girar da mesmamaneira que o Tathagata Bhaisajyaraja tinha feito e continuou a fazer assimdurante dez éons curtos.

"Príncipe dos deuses, enquanto o monge Candracchattra se estavaexercitando assim na protecção do santo Dharma, milhares de milhões deseres vivos alcançaram a fase da irreversibilidade no caminho para oinexcedível esclarecimento perfeito, foram disciplinados quatorze bilhõesde seres vivos nos veículos dos discípulos e sábios solitários, einumeráveis seres vivos renasceram nos reinos humanos e divinos."Talvez, príncipe dos deuses, você esteja maravilhado ou sentindo algumadúvida sobre, se ou não, naquela altura, o Rei Ratnacchattra não era outrosenão o actual Tathagata Ratnarcis. Você não deve imaginar isso, opresente Tathagata Ratnarcis foi naquele tempo, naquela época, omonarca universal Ratnacchattra. Assim como para os mil filhos do ReiRatnacchattra, eles são agora os mil bodhisattvas do presente santificadoéon, durante o curso do qual mil Buddhas aparecerão no mundo. Entre eles,Krakucchanda e outros já nasceram, e os restantes ainda nascerão, deKakutsunda até o Tathagata Roca que será o último a nascer.

"Talvez, príncipe dos deuses, você se tenha interrogado se, naquela vida,por aquele tempo, o Príncipe Candracchattra que apoiou o Santo Dharmado Senhor Tathagata Bhaisajyaraja não foi nenhum outro, que eu próprio.Mas você não deve imaginar que, eu fui naquela vida, naquele tempo, oPríncipe Candracchattra. Assim é necessário saber, príncipe dos deuses,que de entre todas as adorações rendidas ao Tathagata, a adoração doDharma é muito melhor. Sim, é bom, eminente, excelente, perfeito,supremo, e inexcedível. E então, príncipe dos deuses, não me adore comobjectos materiais mas adore-me com a adoração do Dharma! Não me

honre com objectos materiais mas honre-me através da honra ao Dharma!"

Então o Senhor Shakyamuni disse ao bodhisattva Maitreya, o grande heróiespiritual, "Eu transmito a você, Maitreya, este inexcedível, esclarecimentoperfeito, que eu atingi somente depois de milhões inumeráveis de bilhõesde eternidades, para que, mais tarde, durante uma vida posterior, umensinamento semelhante do Dharma, protegido pelo teu podersobrenatural, se espalhará no mundo e não desaparecerá. Porquê?Maitreya, no futuro haverá os nobres filhos e filhas, devas, nagas, yakshas,gandharvas, e asuras que, tendo plantado as raízes da virtude, produzirãoo espírito do inexcedível, esclarecimento perfeito. Se eles não ouvirem esteensinamento do Dharma, eles perderão certamente vantagens ilimitadas eaté mesmo perecerão. Mas se eles ouvirem tal ensinamento, eles alegrar-se-ão, acreditarão, e aceitarão sobre as coroas das suas cabeças.Consequentemente para proteger esses futuros nobres filhos e filhas, vocêtem que espalhar um ensinamento como este!

"Maitreya, há dois gestos dos bodhisattvas. Quais são eles? O primeirogesto é acreditar em todos os tipos de frases e palavras, e o segundogesto é penetrar o princípio profundo do Dharma, sem estar amedrontado.Tal são os dois gestos dos bodhisattvas. Maitreya, deve ser conhecido queos bodhisattvas que acreditam em todos os tipos de palavras e frases, ese aplicam adequadamente, são principiantes e não experimentaram aprática religiosa. Mas os bodhisattvas que lêem, ouvem, acreditam, eensinam este ensinamento profundo, com suas expressões impecáveis,reconciliando dicotomias e as suas análises de fases de desenvolvimento,estes são veteranos na prática religiosa.

"Maitreya, há duas razões pelas quais os bodhisattvas principiantes selamentam e não se concentram no Dharma profundo. Quais são elas?Ouvindo este ensinamento profundo nunca antes ouvido, ficamamedrontados e duvidosos, não se alegram e rejeitam, pensando, 'de ondevem, este ensinamento, nunca antes ouvido?' Então eles vêem os outrosnobres filhos que aceitando, tornam-se recipientes, e ensinam esteensinamento profundo, e eles não lhes prestam atenção, não os ajudam,não os respeitam, não os honram, e eventualmente eles vão tão distantescomo para critica-los. Estas são as duas razões pelas quais osbodhisattvas principiantes se ferem e não penetram o Dharma profundo.

"Há duas razões, pelas quais os bodhisattvas que aspiram ao profundo

Dharma, se lamentam, não alcançando a tolerância do último nãonascimento das coisas. Quais são estes dois? Estes bodhisattvasmenosprezam e reprovam os bodhisattvas principiantes, que não tendopraticado por muito tempo, eles não os iniciam ou os instruem noensinamento profundo. Não tendo nenhum grande respeito por esteensinamento profundo, eles não têm nenhum cuidado sobre suas regras.Eles ajudam os seres vivos por meio de presentes materiais e não osajudam por meio de presentes do Dharma. Tal, Maitreya, são as duasrazões pelas quais os bodhisattvas que aspiram ao profundo Dharma, selamentam e não atingirão, rapidamente a tolerância do último nãonascimento de todas as coisas."

Assim tendo sido ensinado, o bodhisattva Maitreya disse ao Buda,"Senhor, os bonitos ensinamentos do Tathagata são maravilhosos everdadeiramente excelentes. De ora em diante, Senhor eu evitarei todosesses erros, defenderei e apoiarei este objectivo do inexcedívelesclarecimento perfeito, feito pelo Tathagata durante centenas inumeráveisde milhares de milhões de bilhões de eternidades! No futuro, eu colocareinas mãos dos nobres filhos e nobres filhas, que são os recipientesmerecedores do santo Dharma este ensinamento profundo. Eu instilareineles o poder da memória, com que eles podem, depois de teremacreditado neste ensinamento, o retenham, recitem, penetrem as suasprofundidades, o ensinem, o propaguem, o escrevam, e o proclamemextensivamente a outros. "Assim eu os instruirei, Senhor e assim pode serconhecido, que nesse tempo futuro, os que acreditam neste ensinamento eque entram profundamente nele, será sustentado pela bênção sobrenaturaldo bodhisattva Maitreya." De seguida o Buda deu a sua aprovação aobodhisattva Maitreya: "Excelente! Excelente! A tua palavra é bemdeterminada! O Tathagata alegra-se e recomenda a tua boa promessa."Então todos os bodhisattvas disseram juntos a uma voz, "Senhor, nóstambém, depois da última liberação do Tathagata, viremos dos nossosvários campos Buda para espalhar, longe e largo, este esclarecimentoperfeito do Buda, do Tathagata. Possam todos os nobres filhos e filhasacreditar nisto!"

Então os quatro Marajás, os grandes reis dos quatro pontos cardeais,disseram ao Buda, "Senhor, em todas as cidades, aldeias, vilas, reinos, epalácios, onde quer que este discurso do Dharma seja praticado, apoiado,e correctamente ensinado, nós, os quatro grandes reis, iremos lá comnossos exércitos, nossos jovens guerreiros, e nossos séquitos, ouvir o

Dharma. E nós protegeremos os professores deste Dharma para que numraio de uma légua, ninguém que intente dano ou roturas contra essesprofessores terá qualquer oportunidade para lhes fazer mal."

Então o Buda disse ao venerável Ananda, "Receba então, Ananda, estamanifestação do ensinamento do Dharma. Lembre-se, de o ensinar amplae correctamente a outros!" Ananda respondeu, "Eu memorizei, Senhor estamanifestação do ensinamento do Dharma. Mas qual é o nome desteensinamento, e como eu me devo lembrar dele?" O Buda disse, "Ananda,esta manifestação do Dharma é chamada 'O ensinamento de Vimalakirti',ou 'A Reconciliação das Dicotomias', ou até mesmo 'Secção da LibertaçãoInconcebível.' Lembre-se dele assim!"

Assim falou o Buda.

E o Licchavi Vimalakirti, o príncipe coroado Manjusri, o venerável Ananda,os bodhisattvas, os grandes discípulos, a multidão inteira, e o universointeiro com seus deuses, homens, asuras e gandharvas, alegraram-seabundantemente.

Todos cordialmente elogiaram estas declarações do Senhor.

FIM