visite o museu do louvre com a bíblia · a arte dos selos do império acadiano. ... zodíaco de...

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Philippe MATTMANN

Visite o Museu do Louvre

Com a Bíblia

Visita rápida ►

www.louvrebiblia.pt

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Visite o Museu do Louvre

Com a Bíblia

‘ Da Babilônia antiga ao cristianismo primitivo ’

Visita rápida

(Das obras mais importantes)

Philippe Mattmann

ISBN - 979-10-92487-24-4

© 2012 Philippe Mattmann

© www.LouvreBible.org

© www.louvrebiblia.pt

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Este livro é um convite para viajar. Uma viagem no tempo e no espaço, distante e próximo, entre a Babilônia, as margens do Jordão e do Rio Sena.

Diante dos nossos olhos, temos duas estruturas monumentais.

Primeiro, o Louvre, um dos maiores museus do mundo, que armazena um tesouro de memória dos tempos modernos. Por outro lado temos a Bíblia, o Livro dos livros. Entre o Louvre a Biblia, mil pontes guiam o visitante ao longo do tempo, convidando-o a descobrir lugares desaparecidos e dando cor ao relato biblico.

Descobrir as ligações entre a biblia e este espolio museologico é realmente fascinante, mas nao deixa de accarretar vários desafios. O que ler ? O que ver ? Que estratégia adoptar ? Como localizar-se neste enorme labirinto de objectos e idéias ?

Visitar o Museu do Louvre com a Bíblia, é, portanto, uma proposta para guiar o visitante, quer ele seja principiante ou caso já tenha algumas bases. Este livro fornece-lhe um percurso com cerca de duzentas pontos de paragem que vão das obras mais clássicas às menos conhecidas.

Este livro contém principalmente o trabalho de investigação cultural de um cristão para quem a Bíblia é a autoridade. Ele a vê “ não como a palavra dos homens, mas como ela é realmente, a palavra inspirada de Deus. ” - 1 Tessalonicenses 2:13

Jesus Cristo mesmo disse: “ A tua palavra é a verdade. ” Este livro é totalmente verídico.

Com esta simples mas profunda convicção, e como o seu ilustre colega, o médico Lucas, que buscava todas as coisas com exactidão desde o início a fim de escrevê-las numa ordem lógica, o autor propõe uma visita ao Museu do Louvre com uma nova perspectiva.

A preocupação é, no entanto, evitar a imposição de crenças religiosas ou opiniões , mas de apresentar factos que comprovam a veracidade do Livro por excelência. Este percurso é mais do que uma visita guiada porque ele permite cruzar espaços e séculos bem como conhecer países e povos.

Com o tempo, achamos que seria possivel dar um tema geral, daí o subtítulo ‘ da Babilônia antiga ao cristianismo primitivo ’. Relativamente a esses povos do passado, encontramos em todos os lugares as mais incríveis coincidências nos rituais, nas festas, nas tradições e nas suas relações com os deuses. Estas características comuns podem ser explicadas, com base na Bíblia, a partir da dispersão dos humanidade em Babilônia.

Este percurso bíblico inédito e original permitirà de discernir sobre a maneira como a relidade histórica desta civilização antiga, para além da lenda, exerceu uma forte influência. Isso levarà talvez cada um de nós a se questionar sobre a sua confiaça em Bíblia ou simplesmente compartilhar o prazer de descobrir o museu do Louvre com a Bíblia na mão.

Disfrute da sua visita!

Paris, Abril 2013

Philippe Mattmann

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Acesso ao museu

Endereço para correspondêcia : Musée du Louvre 75 058 Paris. Pabx : 00 33 (0)1 40 20 50 50

Acesso Métro : Palais-Royal-Musée du Louvre (1 e 7)

Acesso Bus: 21, 24, 27, 48, 67, 69, 72, 81

Balcão de informações :00 33 (0) 1 40 20 53 17

Visitantes portadores de deficiencia: 01 40 20 59 90; handicapouvre.fr

Horário de abertura:

Aberto todos os dias, eceto nas terças-feriras e alguns feriados. Aberto das 9 h às 18h. Horários noturnos nas quartas e sextas, até as 21 h 45

Bilhetes: Válidos para o dia inteiro. Coleções permanentes: 10 euros

Entrada franca Mediante apresentação de justificação, para os menores de 18 años, para os desempregados e os visitantes portadores de defiência e seus acompanhantes.

Pode-se consultar um quadro semanal que especifica as salas abertas ou fechadas a cada dia da semana na entrada da pirámide, no balcão de informações e no: www.louvre.fr

Coleções

O museu do Louvre é composto por vários departamentos identicados por cores diferentes. Este guia descreve sobreudo obras de três secções:

Antiguidades orientáis

Este departamento apresenta as civilizações do Oriente próximo antigo, que datam de até sete mil años a.C. Elas se suceram na mesopotâmia, no Irã e nos países do Levante – imenso território que se estende do mar Mediterrâneo à India.

Antiguidades egípcias

Criado por Jean-François Champollion, este departamento ilustra a arte o Egito antigo, segundo um duplo circuito: um percurso cronológico, das origens a Cleópatra; um percurso temático que ressalta certos aspectos da civiliza egípcia.

Antiguidades gregas, etruscas e romanas

Este departamento reúne obras pertencentes a três civilizaçãoes antigas: Grécia, Etruria e Roma. No térreo, três perursos cronológicos consagrados a cada uma destas civilizaçãoes, das origen sao século V d.C. para o mundo romano.

O acesso a algunas salas pode ser fechado em razão de readaptaçãoes museográficas ou de trabalhos de retaurção.

Para mais informações, poderá também consultar as notas na parte francesa ou inglesa do site:

www.louvrebible.org

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Sumário

► Sabía que… ?

► Antiguidades orientáis

Sala 1 - 2

A Torre de Babel. O Selo cilindro do rei-sacerdote. Baixo relevo de Dudu. Estela da vitória do Rei Eannatum. Fragmento da estela da vitória de um rei de Akkad. Estela da vitória de Naram-Sin. A arte dos selos do império acadiano. Victória de Nergal. Estátua chamada o Arquitecto a planejar. Vaso de libação do deus Ningishzida. O dilúvio. Cilindros de Gudea. Figurines plaquetas. Estátua chamada ‘o vaso que flui’. Estátua de Ur-Ningirsu. Lamentação sobre as ruínas de Ur. Peso com crescente lunar.

Sala 3

Adorador de Larsa. Cena de libação ao deus Shamash. Código de Hamurabi. Moisés. Lista dinástica dos reis de Larsa. Vaso da deusa Ishtar. Demónio Humbaba. Fígado usados na adivinhação. Modelo de intestino de ovelha. Fórmula mágica e tratamento. Calendário do zodíaco. Ebih II. Pintura do organizador do sacrificio. Modelo ruínas o palácio de Mari. Cabeça de leão, guardião do templo. Lião passando. O Kuduru do rei Meli-Shipak II. ‘O justo sofrendo’. Cabeça de Dragão com chifres. Vitória fragmentária estela

Sala 4 – 8

Sargão II é um dignitário. Inscrição Hebraica de Siloé. Transporte de madeira Cedro do Líbano. Touros alados com faces humanas. Heróis dominando um leão. Estela do escriba Tarhunpiyas. Figura de deus hitita. Marfins de Arslan Tash. Lião pasando. Marfins de Hazael. o demónio Pazuzu assírio. Placa de exorcismo contra Lamashtu. Relevo comemorativo da restauração da Babilónia. Prisma F das expedições do rei Assurbanípal. Relevos com exilados elamitas. O Vaso escondrijo. Estátua de Manishtousou. Estátua da deusa Narundi. Taça com decoração geométrica e animaleira (suástica).

Sala 10-21

Mesa decorada com serpentes. Cerimónia denominada ‘o Sítio Shamshi’. O adorador de ouro. Copo em electro. Selos cilíndricos e cunhos de Susa. Esfinges confrontadas. Palácio de Dário I. Friso dos arqueiros. Contrato em babilónico. Carta de fundação. O soldado de Maratona. Taça incompleta da loiça de Xerxes I. Mosaico da tocadora de harpa. Vaso decorado. Sarcófago de Eshmunazor II. Assento Votivo denominado ‘Trono de Astarte’. Ishtar de tell Ahmar. Modelos de barcos. Urna contendo ossos calcinados. Estela votiva. Cippe. Estela de Teima. Vestal. Triade de Beelshamên. Relevo funerário. Jarro Colossal.

Levant

Estela de Mesha. Selo inscrito em hebraico. Maqueta de santuário. Carta de Biridiya, príncipe de Megiddo. Estátua de forma humana. Estela do sacerdote Si Gabbor. Estelas

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funerárias. Estela de ‘Baal au foudre’. Tripé ornamentado de romãs. Touro chamado o ‘bezerro de ouro’. Ídolo de fecundidade.

► Antiguidades egípcias

Rés-do-chão

Grande esfinge. Tilápia nilótica. Hapi. Celeiro. Capela do túmulo de Akhethetep (a mastaba). Carta escrita em hierática e em papiro. Pé de móvel do rei Apriés. A deusa Maet com a cruz ansata. Sistro. Cabeça e pés de um colosso do rei Amenófis III. O deus Osíris entre o seu filho Hórus. Hino a Osíris. Zodíaco de Dendera. O Livro dos mortos. Papiro funerário de Sérimen. Os sarcófagos. Múmia revestida de suas “embalagens”. Os quatro vasos "canopos". Incensário manual. Cabeça de múmia de carneiro. O touro Ápis. Ísis amamentando Hórus.

Primeiro andar

Estatueta representando uma cadela. Conjunto ‘porta falsa’ de Mery. O escriba acocorado. O rei Akhenaton. Uma criança real apanha uvas. Hormino recompensado por Seti. Triade d’Osorkão II . Taharka. Rainha Cleópatra VII. Onochoé. Sacrifício de um porco. Artemis de Éfesio. Copos com esqueletos. Candeia. Cabeça janiforme. Espelho com cabo.

► Antiguidades gregas, etruscas e romanas

Andar térreo

Cabeça de atleta. Pã e o Diabo. Dionísio. Artemis. Afrodite. Eros. Hermes. Zeus. Tortura de Mársias. Baptismo de Cristo. A Páscoa. A última Ceia. Anjos Relicários. Alexandre o Grande. Seleuco 1° Nicator. Ptolomeu 1ero Soter. Melpômene.

Sale da 22 a 30

Relevo do Domitius. Augusto. Imperador Tibério. São João Baptista. Cláudio. Nero. Tito . Sacrifício de um porco. Inscripção do Templo. Sarcófago dos cônjuges. Pingetes. Relevo mitríaco. Veado et cerva. Constante I. Tabuinha encerada do aluno.

► Bibliografia

O percurso segue o clássico « sentido da visita » e descreve as obras de três departamentos.

À partir da entrada, debaixo da píramide, o visitante acede às colecções pelas três diferentes alas : DENON, SULLY et RICHELIEU.

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Sabia?

Sabía que…

● A festa do Ano novo se celebrava numa data diferente pelos babilónicos, egípcios e romanos ?

● A auréola em volta da cabeça dos ícones é um vestígio do culto ao sol ?

● O Código de Hammurabi talvez não seja o antepassado das leis bíblicas ?

● O simbolismo da Virgem e o Menino também se encontra nas religiões não cristãs ?

● A astrologia e o zodíaco tiveram origem na Babilónia ?

● A arqueologia confirma frequentemente a Bíblia ?

● O dragão era o animal que simbolizava Marduk, o principal deus da Babilónia ?

● A cruz e as suas variantes, entre as quais a suástica, já existiam antes de Jesus Cristo ?

● O nome próprio de Deus, escrito em hebraico antigo, surge numa estela do Louvre ?

● A Bíblia indicava já que a terra era esférica e que estava suspensa ?

● A medicina bíblica era muito superior à medicina dos egípcios ?

● A crença na imortalidade da alma e as suas variantes foram aperfeiçoadas por um mesmo conceito babilónico ?

● A transmissão do texto bíblico é notavelmente fiável ?

● O símbolo da trindade se encontra nos babilónicos e egípcios ?

● O deus Pan está, em parte, na origem da representação do diabo ?

● A cruz tradicional também poderia ser um simples poste ?

● Três Césares estão citados na Bíblia ?

● As festas da Páscoa e do Carnaval têm uma origem anterior ao Cristianismo ?

● A festa do Natal está associada ao culto de Mithra ?

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Visitaro Museu do Louvre com a Bíblia:

Antiguidades orientáis

Este departamento apresenta as civilizações do Oriente próximo antigo, que datam de até sete mil años a.C. Elas se suceram na mesopotâmia, no Irã e nos países do Levante - imenso território que se estende do mar Mediterrâneo à India.

A Torre de Babel RF 2427 Richelieu 2 andar sala 13

“ E o início de seu reino foi Babel. ” (Gênesis 10:10). É com estas palavras que a Bíblia menciona pela primeira vez a palavra Babilônia e a palavra reino.

Moisés fez derivar ‘ Babel ’, da raiz verbal balal, ʻ por em desordem, confundir ʼ, e dá assim à este termo o sentido de Confusão. Os indígenas pretendiam que Bab significava ̒ Porta ̓, e ilou ̒ Deus ̓, o que traduzido dá Babilou, ʻ Porta de Deus ʼ. Estes dois significados associam Babilônia à sua religião.

A Torre de Babel RF 2427 Escrita cuneiforme AO 29562

“ Ninrode foi o primeiro a tornar-se um homem poderoso na terra. ” (Gênesis 10:8, 9). Essa frase acerca Ninrode é muito importante porque ele tornou-se um poderoso caçador em oposição a Deus (vst 9), e rebelando-se contra a sua soberania. Alguns pensam que o deus Marduque da Babilônia, foi talvez Ninrode deificado.

Babilônia, cidade maravilhosa e maldita, é um amontoado de ruínas. Não se pode esquecer o legado que beneficiaram mais tarde as civilizações. No entanto, no tocante aos povos do passado, em todos os lugares há coincidências desconcertantes nos ritos, cerimônias e tradições, bem como nas relações entre os deuses.

Todos esses povos puderam tirarar as suas opiniões religiosas de uma fonte comum. Muitos fenômenos culturais e religiosos surgiram no antigo Oriente. O cristianismo enraizou–se mais que qualquer outra religião nesta fascinante tradição mesopotâmica. (Beatrice Andre Salvini). A igreja nasceu na Caldéia. (Cardeal Newman J.H).

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Estas características são comuns à todas as mitologias do mundo, que se trate de crenças fundamentais na imortalidade da alma, na adoração do sol ou das deusas mães, na concepção de um deus trinitario, nos factores relativos a criação de um dilúvio que destruiu os ímpios, podem encontrar uma explicação bíblica na dispersão dos humanos à partir da Babilônia, cada grupo cultural tendo distorcido ou embelezado a sua herança de origem.

“ Toda a terra tinha um só língua e poucas palavras ”. (Gênesis 11:01) É chamada de ‘ escrita cuneiforme ’, uma escrita cujos personagens têm pregos. Embora a Bíblia não faça referência a uma escritura antediluviana, após a confusão da língua de origem, diversos sistemas de escritura surgiram.

Os mais antigos vestígios de linguagem escrita datam de ha 5.000 anos. E a história começa na Sumeria. Quanto ao local de onde surgiu a propagação das línguas antigas, Sir H. Rawlinson observou que ‘ teriamos que escolher as planícies de Sinear como o centro a partir do qual os diferentes caminhos linguísticos irradiaram ’. - Gênesis 11:02

Acredita-se que o hebreu bíblico era ‘ o unico idioma ’ em uso antes dos acontecimentos de Babel por causa de sua notável estabilidade durante o milênio em que as Escrituras hebraicas foram escritas. E certo que existem textos gravados em pedra ou em prismas e cilindros de barro, as vezes muito mais velhos que os mais antigos manuscritos existentes da Bíblia. Mas a Bíblia é única porque apresenta uma mensagem profunda e ‘ poderosa ’ (Hebreus 4:12). Ela, pelo menos, merece uma leitura cuidadosa, sem idéias preconcebidas.

Baixo relevo de Dudu, Sacerdote de Ningirsu AO 2354 Sala 1 Richelieu

O motivo da narrativa desta placa está organizado em registos sobrepostos e evoca uma estrutura simbólica do espaço e do lugar do homem no mundo. Não há nenhum mito sumério que fale explicitamente da criação do universo.

O Selo cilindro do rei-sacerdote Baixo relevo de Dudu

Cosmogonia babilônica é o conjunto de todas as transformações que surgiram na terra. Em nenhum momento se encontra levantada a questão sobre a origem das coisas. Gênesis denota maior monoteísmo. O texto desenvolve nos seres humanos uma disposição para adorar o Criador.

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Todas estas lendas são caracterizadas por traços comuns, tais como o politeísmo ou a violenta luta entre os deuses pela supremacia, o que contrasta fortemente com o monoteísmo hebraico próprio à história da Gênesis.

Estela da vitória do Rei Eannatum AO 50 Richelieu Sala 1

A estela chamada dos Abutres, foi construída em 2450 antes da era comum pelo rei de Lagash para comemorar sua vitória sobre a cidade de Oumna, é um dos primeiros documentos históricos que nos foi fornecido. Ela nos diz como os sumérios consideravam a relação com o Estado e com os deuses.

O texto e as ilustrações estão implantados em ambas faces da estela. Na face mitológica, o personagem (de tamanho excepcional, a barba longa, o emblema do divino parece indicar que trata-se de Ningirson) espanca um dos inimigos preso numa rede. Na face histórica, o rei e suas tropas têm uma cabeleira estragada pela guerra. Este aspecto parece estar descrito na Bíblia pelo juiz Barak: “ Pois em Israel os guerreiros desfizeram suas cabeleiras ” - Juízes 05:02.

A rede é frequentemente usada para representar uma forma de armadilhar alguém, o identificar e levá-lo cativo. Falando de Deus, o salmista diz: “ Você nos fez cair na rede ” (Salmos 66:11) e Jó: “ O próprio Deus me desencaminhou, e sua rede se fechou sobre mim. ” (Jó 19:06

► Para a sala 2

Estela da vitória de Naram-Sin, rei de Akkad 4 Sb Richelieu sala 2

Foi numa circunstância especial que esta peça excepcional entrou para o Louvre.Um rei elamita a havia levado como premio. Os arqueólogos franceses descobriram a estela um pouco antes de 1900 no sítio iraquiano de Susa. Naram-Sin, o bisneto de Sargon amparou-se do título de ‘ deus da Acade, rei das quatro regiões ’. A inscrição manifesta a sua pretensão em dominar o universo.

O rei, de pé, está exprimindo sua devoção ao deus sol Shamah, que o escolheu para si e o assistiu nas suas vitórias. Representados mais pequenos, os meros mortais o seguem. O deus é sugerido aqui por um disco riscado. Este conquistador de Mari foi deificado vivo, como indica seu capacete com chifres. Esse simbolismo é comum na iconografia mesopotâmica. Na Bíblia, o chifre é também símbolo de força e poder. (Deuteronômio 33:17). O Salmo 75 adverte contra o orgulho: “ Não levante seu chifre, não fale, o pescoço arrogante ” (versículo 5)

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A arte dos selos do império Acadiano Richelieu Sala 2 Cerca de 2350 - 2200 antes de Cristo

Marble: MNB Jasper Verde 1905: AO 2332

‘ A terra de Sinear ’ é geralmente dividida em duas partes: ao norte Acade, e ao sul a Suméria ou Caldeia (Gênesis 10:10; 11:2). Os acadianos parecem ter ultrapassado os sumérios na arte dos selos. Estes pequenos cilindros, de pedras gravadas, são usados para colocar uma marca em argila ou cera, sinal de propriedade autenticidade ou de aprovação.

Uma série de expressões da linguagem figurada encontradas na Bíblia foram tiradas dos usos que se faziam dos selos.

Figurines plaquetas AO 16716 Richelieu Sala 2 Vitrine 4 (14-10)

Estas figurines- plaquetas representam plaquetas deuses ou idolos domésticos. Elas são de tamanho muito variaveis, podendo ter, por vezes, a forma de um homem (1 Samuel 19:13), ou ser muito menor. Por conseguinte, podiam ser colocadas no ‘ cabaz ’ da sela de um camelo. A posse desses ‘ terafins ’ tinha incidência nos direitos sucessorais, o que pode expliquar a atitude de Raquel. - Gênesis 31:29-34

Peso com crescente lunar AO 22187 Richelieu sala 2 vitrina 6 (8)

Esta unidade de medida, que se tornará também uma unidade monetária (Esdras 2:69), está marcada com ‘ uma meia-mina ’ (aqui 248 gramas) e tem o crescente lunar, emblema do deus-lua Sin, protetor de Ur. Tera, o pai de Abraão, viveu nesta cidade e talvez o adorou. - Gênesis 11:27, 28; Josué 24:2, 14.

A adoração da lua se desenvolveu muito cedo na Mesopotâmia. Este peso ilustra também o enigma proposto ao último rei de Balilônia, Baltazar: “ MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM. ” (Daniel 5:24,25). As consoantes que compõem a primeira palavra desta escrita na parede permitiam compreender quer a palavra ‘ mina ’ quer a forma de um termo aramaico traduzido por contado.

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Deus tinha contado os dias e anunciado o fim do dominio Babilônico. Séculos mais tarde, Babilônia realmente tornou-se “ montões de pedras […] sem habitante ”, testemunho silencioso mas eloqüente da infalível exactidão da palavra profética. (Jeremias 51:37). A queda de uma enigmatica ‘ grande Babilônia ’ (Revelação 18:2) é anunciada com a mesma certeza.

► Para a sala 3

Adorador de Larsa AO 15704 Richelieu Sala 3 vitrina 1

Esta estátua em cobre representa um personagem ajoelhado orando. O rosto e as mãos foram revestidos de folhas de ouro. No alicerce, de um lado, uma figura animal, do outro lado, uma inscrição cuneiforme. Na frente, uma pequena bacia talvez usada como recipiente para libações. O adorador é com certeza o rei Hamurabi. Ele está representado com um joelho no chão na frente da divindade e uma mão diante boca.

Adorador de Larsa Peso com crescente lunar

Jó aparentemente se refere a esta prática. Fala do perigo de deixar um objeto de adoração, como o sol ou a lua, seduzir seu coração, ao ponto de fazer um ato de adoração. “Se minha mão passasse a beijar minha boca, eu teria renegado o verdadeiro Deus de cima.” (Jó 31:27, 28).

Por fim, é bom notar que entre os Babilónios, no prolongamento do acto de adoração, os fiéis amiúde colocavam sobre bancos imagens sorrindo à sua semelhança. “ A estátua, como a vela hoje na religião católica, era deveras o substituto do adorador ” (André Parrot).

Código de Hamurabi Sb 8 Richelieu Sala 3

Esta estela inscrita em basalto negro foi erigida pelo rei Hamurabi da Babilônia nos últimos anos de sua vida, no século XVIII AEC. Coleção de sentenças que se relacionam com casos exemplares de jurisprudência, trata-se principalmente dum testamento político, dum monumento à glória do soberano, que expõe seu modelo de sabedoria e justiça. Escrito em acadiano e apresentado numa repartição por gavetas, o texto inclui um prólogo e um epílogo que enquadram um corpo de

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duzentos e oitenta e oito artigos. Na parte superior da estela, a cena esculpida representa o rei com uma mão levantada para a boca, tradicional gesto de devoção, diante do deus sol Shamash, identificado pelas chamas que saem dos seus ombros. Este deus da justiça estende ao soberano o anel e a vara, emblemas de medição e de justiça, símbolos de autoridade.

Um ancestral da Lei Mosaica ? Muitos acreditam que quando Moisés escreveu as leis de Israel um século e meio mais tarde, apenas fez uma cópia do Código. Algumas leis, como a lei do talião (olho por olho), são de facto similares aos princípios enunciados por Moisés. No entanto, é de admirar que a consciência de um governante notável, com um tal senso inato do bem e do mal (Romanos 2:13-16), o tenha levado a formular um tratado do exercício da justiça para “ empenhar o país na verdade e na equidade ? ”

Existe, porém, na Lei uma dimensão espiritual e a perspectiva de um culto superior. Os dez mandamentos destacam a adoração do deus de Israel, ao passo que o Código se concentra principalmente em questões seculares e contenta-se de glorificar o rei e servir os seus interesses políticos. Às vezes, há uma grande diferença no modo de tratar os asuntos. Como o Código refere-se apenas a casos específicos e limitados, parece ser um guia jurídico para ajudar os juízes a resolver os casos através de precedentes ou alterar decisões anteriores. Ele não procura estabelecer princípios ou leis.

Diferença essencial em relação aos Mandamentos qualificados como apodícticos, porque são categóricos e absolutos, proibições ou exigências muito breves, completas em si mesmas e que não é preciso explicá-las. Finalmente, considere o último dos dez Mandamentos: ‘ Não cobiçarás ’. Esse mandamento é único na história do direito. Ele toca na raiz do crime, mas sua observância depende muito da própria pessoa. Na verdade, enquanto o Código reflecte facilmente um espírito de vingança, a Lei diz: “ Não deves odiar teu irmão no teu coração. [...] Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo. ” (Levítico 19: 17,18). Esta lei divina, moldará para sempre o pensamento cristão.

E para os cristãos, “ Toda Escritura (incluindo a lei dada à Moisés), é inspirada por Deus, (Lit. The·ó·pneu·stos, soprada por Deus), e proveitosa para ensinar, para repreender, para endireitar as coisas, para disciplinar em justiça. ” - 2 Timóteo 3:16

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Vaso da deusa Ishtar AO 17000 Richelieu sala 3 vitrine 5 b (4)

Este grande vaso de culto esta decorado com a imagem de Ishtar. Ela é representada rodeada por aves, peixes, um touro e uma tartaruga, todos relacionados com o simbolismo da fertilidade.

Tendo na sua cabeça, uma tiara com chifres, emblema do divino, ela usa um par de asas, sinal da sua dimensão astral, o que a identifica com o planeta Vénus. Braços estendidos, ela se revela em toda a sua nudez.

Ishtar, ou Inanna para os sumerios, é ao mesmo tempo a deusa da guerra e da incarnação divina do amor, mestre da sexualidade e da fertilidade. Ela é reverenciada como tal na Mesopotâmia, pelo menos, desde o surgimento das primeiras cidades no IV milênio, e pelo que parece é a ancestral das deusas-mães. Ela será Isis no Egito, Afrodite na Grécia, Vénus em Roma, Astarte na Fenícia, Astorete na Bíblia (1 Reis 11:5, 33). Representada na forma de uma estrela, ela é uma componente da tríade, que ela forma com Sin o deus da Lua e Shamash, o deus do sol.

A partir de Babilônia, a adoração da mãe e da criança se espalhou até os confins da terra. No Egito, a mãe e a criança eram adoradas sob os nomes de Ísis e Osíris. Na Índia, sob os nomes do Isi e Iswara. Na Ásia, sob os nomes de Cybele e Deoius. Na Grécia, Ceres a grande mãe com um bebê no peito, ou Irene a deusa da paz, com o filho de Plutão em seus braços. No Tibete, no Japão, na China, os missionários jesuítas ficaram surpresos ao descobrir a contrapartida da Madonna, Shing-Moo, representada com uma criança nos braços. (A. Hislop)

Ísis Afrodite Astarte Virgem com criança

Os adoradores de Ishtar a chamavam ‘ a Santa Virgem ’ e oravam para que ela intercedesse perante os deuses irritados. E.O. James, ex-professor de história das religiões, da Universidade de Londres, estuda o desenvolvimento deste conceito de divindade desde as suas origens até sua transformação entre os cristãos no Mater Ecclesia, princípio vivo da Igreja, que mais tarde foi combinado com as imagens da Madona.

Este protótipo babilônico é a origem do culto das deusas-mães. A partir da Babilônia o culto da Mãe e da criança se espalhou até os confins da terra. O simbolismo da Virgem à criança muito presente no Egito e também nas religiões completamente opostas como o catolicismo e o budismo poderia ser explicado por essa origem comum.

Este protótipo babilônico é a origem da adoração das deusas mães. Essencial e omnipresente na história humana, é um dos principais temas na origem das religiões e civilizações.

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Fígados usados na adivinhação AO 19829 Richelieu Sala 3 vitrine 8

Esses modelos são parte de um lote de 32 fígados de argila encontrados no palácio de Mari. Considerado como a principal fonte da força e das emoções, o fígado era examinado em busca de presságios. Em Babilónia, a astrologia fazia parte da adoração oficial, sendo um dos dois principais meios usados pelos sacerdotes para conhecer a vontade dos deuses, o outro método consistia em examinar o fígado de um animal oferecido em sacrifício.

Vários modelos de fígados foram descobertos, os mais antigos em Babilónia. Eram compostos de presságios e textos cuneiformes usados pelos sacerdotes-magos da corte real de Babilónia nos dias de Daniel (Daniel 1:20, 2:2). Só foi depois de ter recorrido à adivinhação que Nabucodonosor decidiu atacar Jerusalém. “ Sacudiu as flechas. Indagou por meio dos terafins; examinou o fígado. Na sua direita mostrou-se haver a adivinhação referente à Jerusalém. ” - Ezequiel 21:21,22.

O costume de fazer predições por meio da interpretação do fígado de ovelha ou por meio do vôo dos pássaros é puramente caldeu. A palavra grega para ‘ espiritismo ’ é far·ma·kí·a, originalmente significava: uso de medicamentos, encantamentos e invocações de poderes ocultos. Todas as formas de espiritismo são condenadas (Deuteronômio 18:9-12) e em nenhuma parte da Bíblia fala-se do espiritismo em termos favoráveis. O último livro da Bíblia relembra que Babilónia a Grande desviou todas as nações com suas ‘ práticas espíritas. ’ – Revelação 18:23; 21:8

Ver também:

Modelo de intestino de ovelha AO 6033 Richelieu Sala 3 vitrine 15 (22)

O extispicine ou exame das entranhas dum animal sacrificado, era a técnica mais comum de adivinhação. A tabuinha representa as espirais duma ovelha sacrificada para ser usada na adivinhação.

Fórmula mágica e tratamento AO 7682 Quarto 3 vitrine 15 (19)

No tratamento das doenças, acreditava-se na eficácia de dois métodos: as plantas e a magia. As duas tradições estão presentes nesta tabuinha, um remédio para as picadas de escorpiões contém uma fórmula mágica em sumerio, seguida do tratamento em acadiano.

► Caminhai pela sala em direção à corte Khorsabad

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Sargão II é um dignitário AO 19873 Richelieu Sala 4

A descoberta das ruínas do palácio de Corsabade fez sair este rei assírio, citado em Isaías 20:1, das trevas da historia profana, e o elevou à notoriedade histórica. Eminentes biblistas pensaram durante muito tempo que Sargão II era um rei imaginário, enquanto é agora um dos mais conhecidos reis da Assíria. Está apresentado aqui segurando uma vara à esquerda de um alto dignitário , provavelmente o príncipe herdeiro Senaqueribe.

Os assírios mencionam suas relações com os israelitas em vários de seus textos. Mas o objetivo principal das inscrições nos monumentos não é fornecer uma história contínua do reino; elas raramente têm ordem cronológica. A vaidade do rei o obrigou muitas vezes a tomar liberdades com a exatidão histórica. Os anais reais faziam também assim malabarismos com fatos e números segundo o seu gosto. Este é o caso de documentos Sargónicos. Vemos que a 'desinformação' não é uma nova técnica. Mesmo as listas de epónimos, que enumera simplesmente os nomes, às vezes acompanhados de referência a uma campanha militar, são pouco fiáveis.

Sargão II Génios abençoadores

Até mesmo a história sincrónica da Assíria, prateleira contendo um relato conciso das relações entre a Assíria e a Babilônia, não é exactamente certa. Não podemos sequer considerar este documento como histórico no verdadeiro sentido, mas apenas como uma inscrição erigida para a glória de Ashur.

Em contraste, a honestidade dos escritores da Bíblia e seu desejo sincero de relatar a verdade aumenta nossa confiança na ‘ palavra de Deus ’ (1 Tessalonicenses 2:13). As indicações mais confiáveis sobre o fato que a Assíria e Judá- Israel viveram no mesmo período continuam a ser as da narrativa bíblica.

► À direita em direção à sala 7

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Taça com decoração geométrica e animaleira Sb 3153 Richelieu sala 7 vitrine 2 (14) Susa (4200-3800 a.C)

A cruz e suas variantes aparecem muito cedo em várias culturas. Observe aqui a presença da suástica, ou cruz gamada com ramos dobrados. O significado deste símbolo é mais religioso que político. Para o arqueólogo Childe, a cruz gamada e as cruzes clássicas que estão em vários selos e placas são sinais mágicos e religiosos na Babilônia e em Elam nos tempos antigos.

“ O símbolo da cruz era largamente venerado na Europa muito antes do princípio da nossa era. Quando vai-se para a Ásia, constata-se que não só duas espèces de suástica foram utilizadas durante milhões de anos como símbolo religioso na China e no Tibeto, mas que também muitos outros formatos de cruzes foram venerados. (capítulo XVI, p 74) A suástica foi a primeira das diferentes formas de cruz a ter uma grande importância como símbolo ” (John Denham Parsons, Na obra The Non-Christian Cross)

Ela é também o emblema do sétimo santo para os adeptos do jainismo. Hitler, quando corista, a teria visto pela primeira vez na abadia benedictina de Lambach, na Aústria. As cruzes gamadas entravam na composição de desenhos em mosaíca na basílica da Natividade em Belém. A suástica dextrogiro representava no princípio a corrida do sol antes de tornar-se, segundo seu significado sânscrito, um símbolo ‘ de bom pressagio ’.

4200-3800 a .C 700 a.C, Creta Pingentes 800 a. C

As cruzes ⊕ simbolizavam o deu sol na Babilônia. Encontra-se, também, o mesmo emblema sem o círculo que o enquadra e com quatro ramos idênticos, cortando-se em ângulo direito. Veneravam-no como a ‘ roda solar ’. O deus Tamuz era representado tendo na cabeça uma faixa coberta.

O uso da cruz como símbolo religioso nos tempos anteriores ao cristianismo pode ser considerado como quase universal. Encontra-se praticamente em todo lado, na China, em África, na América. Este símbolo aparece mesmo na Escandinávia em gravuras rupestres que datam da idade do bronze.

A influência religiosa da Babilônia antiga estendeu-se à vários povos e nações, muito mais longe e com maior força e persistência que a sua influência política.

A representação da morte redemptora de Cristo não está presente na arte simbólica dos primeiros séculos. Influenciados pela interdição contida no Antigo Testamento, os primeiros cristãos recusavam-se a representar o instrumento da paixão do Senhor.

► Caminhai em direção à sala 10 voltando pela rotunda.

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Cerimónia denominada ‘ o Sítio Shamshi ’ Sb 2743 Sully sala 10 vitrina 13

Esta bandeja de bronze representa um altar comparado aos que utilizavam os Cananeus. O termo Sit Shamshi, ‘ sol nascente ’, evoca um culto ao deus-sol Shamash.

Ao lado dos padres agachados estão dispostas estelas, bacias e um bosque sagrado. Os elementos do culto semítico estão aqui a volta dos zigurates mesopotâmicos. Duas personagens estão agachadas face a face. Uma estende suas mãos abertas para o seu companheiro que vai entornar a água das abluções. Atrás do personagem do fundo, notem o grande jarro para a reserva de água e as árvores com seus ramos que fazem pensar em aserim, poste sagrado.

Mesa decorada com serpentes Sítio Shamshi

Durante o periodo dos juízes, os Israelitas apóstatas “ puseram -se a servir os Baals e os postes sagrados [os Aserins] ” (Juizes 3:7). Asera era a deusa cananeia da fertlidade (2 Reis 13:6). Israel e Judá não tiveram em conta a proibição divina de fazer colunas sagradas (Deutoronómios 16:21). Eles instalaram elas em “ toda colina elevada e em toda árvore luxuriosa ” segundo uma expressão frequente. Estes objectos estavam associados à orgias sexuais de uma grande imoralidade, como indica o termo de ‘ prostitutas sagradas ’. – 1 Reis 14:23.

Capitel de uma coluna AOD 1 Sully Sala 12 a

Este capitel vem de uma das colunas da sala de audiências (Apadana) do Palácio de Dário I. A coluna que ele acabou de construir tinha mais de 20 metrosde altura. Notem aqui o fuste canelado, as decorações florais a extremidade superior ou ‘ bloco de imposto ’ e os bustos de touros sobre os quais reposa o tecto de madeira de cedro.

Foi aí que realizaram-se os eventos relatados no livro de Ester. Alguns emitiram dúvidas sobre a autenticidade da narrativa, esclarecendo que ‘ o cénário é extremamente exacto e de uma remarcavél cor local ’. Diz-se que no Antigo Testamento, nenhum evento teve um cenário, que se pudesse, à partir de escavações, reconstituir de modo tão vivo e exacto como o de ‘ Susa o Palácio.’

As descobertas feitas pelos arqueólogos franceses confirmaram a exactidão dos detalhes do redactor no tocante a administração do reino pérsa e a construção do palácio. A Bíblia atesta a grandeza do império; ela chama Xerxes 1, o successor de Dário, ‘ este Assuero qui reinava desde a Índia até a Etiópia, sobre sete cento e vinte sete districtos administrativos. ’ - Ester 1:1.

Susa, capital da antiga Elam e centro administrativo do império persa estava situada entre Babilônia e Persépolis. Ela foi o palco de uma das visões do profeta Daniel, a do carneiro com dois chifres que “ representa os reis de Media e de Persa. ” - Daniel 8:2-3, 20.

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‘Susã o castelo’ é também o lugar onde Neemias cumpriu o seu serviço de copeiro sob o reinado de Artaxerxes Longímano. Em 455 a.c., este rei autorizou-o a reconstruir Jerusalém.

Os bíblistas emitiram a hipótese de que ‘essa saída da palavra’ desencadeiou a contagem regressiva de setenta semanas proféticas que conduziriam ao aparecimento do Messias -. Neemias 2:3-8, Daniel 9:25.

Ver também:

Friso dos arqueiros AOD 487-8, Sb 3321 Sully sala 12 b

Este friso dos arqueiros, em tijolo esmaltado policromado, deveria ornamentar as fachadas do palácio real de Dário I de Susa. Que sentimento estranho pensar que Neemias viu, muito provavelmente, os frescos aqui expostos.

► Volte para trás até a sala 10 e entre na sala D à esquerda.

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Estela de Mesha AO 5066 Sully Levant sala D

Esta estela que relata da victória do rei Mesha sobre Israel dá-nos um dos mais importantes testemunhos directos do mundo da Bíblia. A menção escrita de Israel é a mais antiga ocorrência conhecida. São mencionados também inúmeros sítios bíblicos, confirmando a sua autenticidade.

Em 1868, um missionário da Alsácia, F. Klein descobre uma inscrição em Dinân, antiga Díbon, a capital do reino de Moabe. Uma estampagem dos caractères foi realizado graças à sagacidade de Clermont-Ganneau, antes que a pedra fosse quebrada pelos beduínos. Com as suas 34 linhas, é ‘ a descoberta mais importante feita na área da epigrafia Oriental ’, segundo Ernest Renan. O texto não segue uma ordem cronológica. Dá glória ao rei e às acções de seu reino e apresenta a versão do rei Mesha da sua revolta contra Israel (2 Reis 1:1, 3:4-5). Lemos entre outras coisas: ‘ Eu sou Mesha, rei de Moabe, o Dibonita. Eu fiz este altar para Quemós, [...] porque ele fez-me triunfar sobre todos os meus inimigos. Onri era o rei de Israel, e ele oprimiu Moabe por muitos dias [...]. De lá tomei os vasos (?) de Yahvé e eu arrastei-os diante de Quemós. ’

O nome divino aparece aqui em caracteres antigos, na forma de quatro letras ou Tetragrama, na extremidade direita da linha 18. O nome pessoal de Deus, transcrito por Yhwh ou Jhvh, encontra-se pela primeira vez em Gênesis 2:4. Este verbo no imperfeito da forma causal significa ‘ ele faz acontecer. ’ Este nome sagrado aparece quase 7.000 vezes no texto hebraico.

Ele é o Deus que, através de uma acção em curso, está - se tornando naquele que realiza promessas, Aquele que sempre cumpre seus propôsitos. - Êxodo 03:14

E realmente importante usar o nome pessoal de Deus para um crente ? A oração modelo de Jesus Cristo começa assim: “ Nosso Pai nos céus, santificado seja o teu nome. ”- Mateus 6:9.

Encontra-se também o Tetragrama em vários monumentos parisienses. ► Ver também : www.louvrebiblia.pt/Tetragrama

Estela de ‘Baal au foudre’ AO 15775 Sully Levant sala B

Este relevo é uma das mais notcáveis representações de Baal-Adad, ‘ Cavalgador das nuvens ’ e ‘ Senhor da terra ’. O deus da tempestade lança com o seu braço direito a massa que destrói as nuvens; o relâmpago acompanha as enxurradas que fertilizam o campo. A divindade suprema deste

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panteão de mais de 200 deuses e deusas era El, representado por um velho sábio com barba branca, e volontariamente distante dos humanos ao contrário de Baal.

Estela de ‘Baal au foudre’ Baal au foudre AO 11505

Para os Cananeus, apenas Baal os pudia proteger das secas e da morte, reencarnado pelo deus Môt. Parece que a religião ugarítica apresentava numerosas semelhanças com a dos Cananeus vizinhos. Os textos de Ras Shamra confirmam os efeitos degradantes do culto destas divindades , dando uma atenção especial à guerra, à prostituição sagrada e ao sexo, com a degradação social que se imagina. Desde então, as leis dadas ao antigo Israel, que condenavam em particular a magia, a astrologia, a bestialidade (Levítico 18:23) ou o rito da laceração (1 Reis 18:26 ; Levítico 19:28), eram como um proteção contra o culto de Baal. A Bíblia estabelece várias vezes uma relação entre os corpos celestes e o culto de Baal. - 2 Reis 17:16.

Os Hebreus aprenderam o culto de Baal atravès dos agricultores cananeus. (Juizes 2:11). No princípio da estação das chuvas, o regresso à vida de Baal para se sentar no trono e unir-se à sua consorte era celebrado por ritos de fecundidade imorais, caracterizados por orgias sexuais sem limite. Esta luta espiritual tendo como questão central o coração dos Israelitas durou séculos, desde a chegada às planices de Moabe até à deportação para Babilônia. De um lado o medo supersticioso e os ritos sexuais , por outro a fé e a lealdade a Deus. Um conflito que serve de exemplo e de aviso para o cristão. (1 Coríntios 10:11). Notam-se semelhanças entre os textos de Ras Shamra e a Bíblia. Mas esta semelhança é puramente literária e não espiritual. Em Ugarit, estava-se longe do auge moral e ético defendidos na Bíblia.

● Fim das visitas das Antiguidades orientais. Saia da sala A e desça pelas escadas.

● Pode seguir para o departamento das Antiguidades egipcias passando pelas salas do louvre medieval, ou pelo departamento das Antiguidades romanas (percurso recomendado) para a sala 17 conhecida como a sala das Cariátides.

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Visite o Museu do Louvre com a Bíblia:

Antiguidades egípcias

Tome a direcção de Sully. Passe pelas salaas do louvre medieval até à cripta do esfinge situada no entresol (-1). Duração da visita: aproximadamente 2 horas.

Criado por Jean-François Champollion, este departamento ilustra a arte o Egito antigo, segundo um duplo circuito: um percurso cronológico, das origens a Cleópatra; um percurso temático que ressalta certos aspectos da civiliza egípcia.

Grande esfinge A 23 Sully sala 1

Esta grande esfinge, ser monstruoso com corpo de leão e cabeça de rei, foi encontrada em Tanis, nome grego de Djanet, mencionada no Livro dos Números 13:22. O nome do faraó Sheshonk I (Shishaq) aparece no ombro esquerdo. Este rei do Egipto é citado sete vezes na Bíblia. Foi junto a ele que Jeroboão fugiu para escapar à cólera do rei Salomão. - 1 Reis 11:40.

Um relevo na parede de um templo egípcio em Karnak enumera a quantidade de cidades egípcias conquistadas por Shishaq. Apenas a Bíblia relatava esta invasão (1 Reis 14:25-28). O documento também faz referência ao ‘ campo de Abraão ’. É a menção mais antiga do patriarca nos textos egípcios.

É difícil supor que os egípcios apoiassem a Bíblia ou tivessem inventado um povo tão singular para a sua própria glorificação. A Bíblia menciona o Egipto e os seus habitantes mais de 700 vezes. Normalmente, é designado pelo nome Mizraim, (Gênesis 50:11) o que parece indicar que os descendentes deste filho de Cam eram predominantes nesta região, também chamada em certos salmos como o ‘país de Cam’. O primeiro documento em que o título Faraó se justapõe ao nome próprio do rei data do reinado de Sisaque, contemporâneo de Salomão. Na Bíblia encontramos esta justaposição no caso de Faraó Neco (2 Reis 23:29) e Hofra Faraó (Jeremias 44:30).

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Hapi E 4874 Sala 3 vitrina 4

Representado com um peito generoso e um ventre proeminente, este génio das cheias do Nilo tem acima da cabeça três papiros a emergirem da água. É o hieróglifo que designa o Delta, o Baixo Egipto. Esta imagem está na origem do signo do zodíaco do Aquário. O Ano Novo, respeitado por todos os egípcios, era a altura dos templos e das campanhas, quando o Hapi, as cheias, começavam a cobrir as terras.

A data do Ano Novo foi mudando ao longo dos tempos e varia em função do país. No entanto, actualmente notamos analogias estreitas e surpreendentes nos costumes ligados a esta celebração.

Hapi Pé de móvel A deusa Maet

Pé de móvel em bronze incrustado de ouro com o nome do rei Apriés E 17107 bis

O faraó Hofra era chamado de Apriès por Heródoto. Após a fuga dos judeus do Egipto em 607 A.E.C., o profeta Jeremias avisou sobre a iminência duma desgraça. “ Eis que entrego Faraó Hofra, rei do Egito, na mão dos seus inimigos e na mão dos que procuram a sua alma ” – Jeremias 44:30.

A deusa Maet com a cruz ansata E 185 Sala 7 vitrina 9 IV século A.E.C. Revestida, pintada, dourada e incrustada com vidro.

Os monumentos e túmulos têm muitas vezes a cruz ansata. Os sacerdotes egípcios tinham a chamada cruz ansata, que representava a sua qualidade de sacerdotes do deus Sol. Este sinal de vida assemelha-se à letra ‘T’ com uma asa oval e evoca a união dos órgãos de reprodução masculinos e femininos. Muito antes do cristianismo, a cruz egípcia era considerada sagrada. A cruz ansata é um dos raros motivos copas inspirados na arte faraónica. A inspecção de pedras tumulares coptas dos séc. V-IX leva-nos a pensar que os egípcios transmitiram a cruz aos cristãos. “ Várias autoridades consideram que a cruz ansata simboliza o falo e a cópula. Nos túmulos egípcios, encontramos a cruz ansata ao lado do falo. ” (H. Cutner, A Short History of Sex-Worship).

Ver tambèm:

Mortalha de mulher conhecida como "mulher com a cruz ansata" AF 6487 Denon Entresol Sala B vitrine M7 IV século E.C. Pintura sobre tecido de linho

Os coptas cristianizaram o hieróglifo da vida. A defunta tem uma cruz ansata nesta mortalha datada de 193-235, e constitue um testemunho da sobrevivência da mumificação conjunta destes cristãos.

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Múmia revestida de suas “embalagens” N 2627 Sully sala 15 vitrina1 Linho, tecidos de linho besuntados e pintados

Os antigos egípcios embalsamavam seus mortos principalmente por motivos religiosos. O conceito que tinham da vida após a morte estava vinculado com o desejo de continuar em contato com o mundo físico. Eles acreditavam que o corpo seria usado por toda a eternidade e seria revigorado com vida.

Encontramos apenas dois relatos na Bíblia de embalsamamento. Ambos ocorreram no Egipto. “ Depois, José ordenou aos seus servos, os médicos, que embalsamassem seu pai. De modo que os médicos embalsamaram Israel, e levaram com ele quarenta días inteiros, pois levam costumeiramente tantos dias para o embalsamamento, e os egípcios continuavam a verter lágrimas por ele, por setenta dias. ” - Gênesis 50:2

O embalsamamento de José, homem importante, é a última referência desta prática na Bíblia. A preparação do corpo de Lázaro demonstra que o costume judeu não incluía um método de embalsamamento complicado destinado a uma longa conservação. (João 11:39-44). Como os hebreus fiéis, os cristãos acreditam que a alma morre e o corpo volta ao pó. - Ez 18:4.

Os quatro vasos ‘canopos’ de Horemsaf E 18876 Sully sala 15 vitrina 1

Antigamente estes vasos continham vísceras embrulhadas em roupa branca e mergulhadas em resinas. A mumificação (do termo ‘mumiyah’, pez) e o embalsamamento foram marcos importantes no saber médico, mesmo se as noções anatómicas e fisiológicas eram ainda limitadas. Segundo o papiro de Ebers, compilação do saber terapêutico egípcio contemporâneo dos primeiros livros da Bíblia (1550 Antes da Era Comum), o conhecimento de medicina desses médicos era puramente empírico, na maior parte mágico e inteiramente não científico.

Não encontramos nenhuma referênica a estas terapias ineficazes, mesmo perigosas, nos escritos de Moisés, embora ele tenha sido “ instruído em toda a sabedoria dos Egípcios. ” (Atos 7:22). E as medidas de higiene impostas aos israelitas após o Êxodo contrastam espantosamente com o número de práticas descritas nos textos egípcios.

A exactidão das declarações bíblicas e a sabedoria deste código sanitário muito avançado para o seu tempo, representa um contraste surpreendente com a medicina das nações vizinhas. A lei de Deus “ é perfeita, fazendo retornar a alma. A advertência de Jeová é fidedigna, tornando sábio o inexperiente. Também o teu próprio servo foi avisado por elas; Há grande recompensa em guardá-las; E não te esqueças de todos os seus atos. ” - Salmos 19:7,11; 103:2.

► Tome a escada

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O escriba acocorado E 3023 Sully 1er sala 22 vitrina 10

Esta célebre escultura policroma simboliza uma sociedade onde a escrita e a leitura são consideradas como os fundamentos da sabedoria e da arte de governar. O escriba escreve aqui inspirado num rolo de papiro, com o rosto concentrado e iluminado por olhos de cristais encastrados numa anilha de cobre. Um cuidado particular é dedicado à expressão da ossatura do seu rosto e à adiposidade do ventre; este último traço demonstrava a situação administrativa de alta posição social da personagem.

A história do Egipto era redigida por escribas, iniciados pelos sacerdotes que não hesitavam em eliminar das suas crónicas tudo o que pudesse incomodar os seus faraós e deuses. Tal explica, sem dúvida alguma, o porquê de os acontecimentos mencionados nos capítulos 12 a 14 do Êxodo não estarem registados nos anais egípcios. Esta não foi a primeira vez na História que, através da propaganda, se deturpou a verdade.

A Bíblia, um texto autêntico? Muito pelo contrário, a sinceridade e honestidade dos redactores bíblicos, dos quais fazia parte Moisés, são uma prova da autenticidade do texto sagrado. Para Jesus Cristo, “ a tua palavra é a verdade ” – João 17:17.

Ver também:

O mosteiro de Santa Catarina inv 3689 Adrien DAUZATS Sully 2è sala 71

Este quadro é uma recordação da viagem feita pelo artista em 1830. O mosteiro não tem porta: para entrar, é preciso ser levantado por um cesto, atravès duma abertura elevada. Foi neste mosteiro, aninhado no sopé do monte Mousa, situado no monte Sinai, que se descobriu no séc. IV um manuscrito bíblico conhecido hoje em dia como Codex Sinaiticus. Trata-se de uma das cópias mais antigas conhecidas das escrituras gregas. O mosteiro tem uma biblioteca com a segunda mais requintada colecção de manuscritos antigos do mundo (depois do Vaticano), com 3500 manuscritos e 2000 rolos. A maior parte está escrito em grego e foi copiada pelos monges do mosteiro.

► Veja ao passar os objetos seguintes na galeria Campana

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Onochoé AM 778 Galerie Campana sala 40 vitrine 3. Por volta de 700 a.C, Creta

A cruz e suas variantes aparecem muito cedo em várias culturas. Observe aqui a presença da suástica, ou cruz gamada com ramos dobrados. O significado deste símbolo é mais religioso que político. Para o arqueólogo Childe, a cruz gamada e as cruzes clássicas que estão em vários selos e placas são sinais mágicos e religiosos na Babilônia e em Elam nos tempos antigos. A influência religiosa da Babilônia antiga estendeu-se à vários povos e nações, muito mais longe e com maior força e persistência que a sua influência política.

Sacrifício dum porco G 112 Sully 1era Galeria Campana sala 39 vitrine 8

Esta bandeja em cerâmica dum pintor de Epidromos, do princípio do seculo 5 a.c., representa o sacrifício dum porco. Em 167 a.c. o rei da Síria Antioco IV Epifânio fez um sacrifício semelhante num altar pagão erguido por cima do grande altar do templo em Jerusalém e dedicou este templo a Zeus. Esta profanação provocou uma revolta dos Judeus sobre o comando dos Macabeus. Após três anos de luta, Judas Macabeu voltou a dedicar o templo a Yhwh e instituiu a festa da inauguração ou Hanukkah. Notaremos que esta comemoração é citada nos evangelhos e que Jesus provavelmente participou nela. “ Houve então em Jerusalém a festividade da Dedicação [hanoukkah, hebreu]. Era o inverno e Jesus estava andando no templo, na colunata de Salomão. ” - João 10:22,23.

A tradição judéia aplica a profecia de Daniel (9:27) no que diz respeito às ‘coisas imundas [e] aquele que causa desolação’ a esta profanação do templo por Antioco IV. Uma expressão similar se encontra no livro apócrifo de 1 Macabeu 1: 54 (Jerusalém, A Bíblia dos Povos) e é aplicada a este evento. Jesus Cristo mostrou que esta interpretação não era exata quando deu este aviso : “ Quando avistardes a coisa repugnante que causa a desolação, conforme falado pelo profeta Daniel, mantendo-se em pé num lugar santo (que o leitor use de discernimento), então aqueles que estão na Judéia comecem a fugir para os montes. ” (Mateus 24:15,16)

‘A coisa imunda’ não era do passado mas do futuro. A desolação completa aconteceu em 70 quando os Romanos destruiram a cidade e o templo de Jerusalém.

► Saia da galeria Campana

Triade d’Osorkão II Sacrifício dum porco

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Triade d’Osorkão II E 6204 Sully 1er sala 29

Os Egipcios adoravam as triades de divindades. A mais conhecida está apresentada aqui. Ela é composta pelo deus Osiris, sentado num pilar onde está inscrito o nome de Osorkão II. O deus está ladeado por duas pessoas: na sua esquerda, sua irmã e esposa, Isis, simbolo divino da Mãe, na sua direita, seu filho Horus.

E interessante notar que a palavra Trindade não figura no Novo Testamento. Esta doutrina desenvolveu-se progressivamente, durante vários séculos através de muitas controvérsias. Esta concepção de un deus trinitário encontra-se já em Babilônia e no Oriente Médio. O panteão egípcio tem manifestament o rasto de uma herança babilônica. As relações que tinham Osiris e Isis e suas características respectivas correspondem surpreendentemente às divindades babilónicas. De facto, muitas das características das diferentes religiões, cristãs ou não, podem ser explicadas com uma origem comum babilónica.

► Vire à direita até à sala 33

Copos com esqueletos Bj 1923-24 séc. I a.C. Prata

Os arqueólogos divulgaram mais de cem objectos de prata presentes nas ruínas de uma vila romana de Boscoreale nas encostas do Vesúvio. Este tesouro, escondido devido à erupção do vulcão em 79 d.C., faz parte de um serviço de mesa de decoração mitológica e floral fundido em alto-relevo.

Tal como acontece com estes copos de uma execução invulgar e de uma plasticidade espantosa, onde o fausto se alia ao aspecto macabro, as peças deste conjunto ilustram, de forma excepcional, a cultura romana da época de Augusto.

As inscrições designam autores e filósofos gregos conhecidos, representados sob o aspecto de esqueletos. Pequenas frases apelam ao aproveitamento da vida. Uma destas frases diz: “ Desfruta da vida enquanto estás vivo, pois o futuro é incerto. ” Um presente efémero ou um futuro eterno?

Esta concepção epicurista da vida, da qual a fé foi excluída, faz lembrar a citação do apóstolo Paulo: “ Se os mortos não hão de ser levantados, “comamos e bebamos, pois amanhã morreremos ” - 1 Corintios 15:32.

► Saia da sala 32 e desça até o rés-do-chão para seguir o percurso da visita no departamento das antiguidades romanas.

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Visitaro Museu do Louvre com a Bíblia:

Antiguidades gregas, etruscas e romanas

As quatro estátuas femeninas situadas à entrada estão na origem do nome da sala 17 conhecida como a Sala das Cariátides. Algumas obras apresentadas aqui têm um tema bíblico.

Cabeça de atleta MND 969 Sala Sully 17, também chamada Sala das Cariátides

Esta estátua tem um cordão enrolado na cabeça. Era o tipo de cordão usado pelos atletas vencedores de competições. Em 776 antes da era comum, na época em que Isaías começou a profetizar, os Gregos deram início aos seus famosos encontros desportivos olímpicos em honra de Zeus. Os sacrifícios religiosos e o culto da chama eram aspectos essenciais destas festas, verdadeiro vínculo social entre as Cidades-Estados divididos no plano político. Os Judeus introduziram estes sacrifícios na Palestina. Alguns religiosos abandonavam suas tarefas para participar nos jogos.

Os jogos romanos, com os desportos de combate como disciplina principal, eram muito diferentes. Eles foram dedicados ao deus Saturno. Nada os igualava em brutalidade e em crueldade. Muitos cristãos foram mortos sob o reino de Nero nestas festas.

A Bíblia não condena o desporto ou a sua prática. Os apóstolos inclusive serviram-se dele para ilustrar seus ensinos. A palavra pecar vem de uma raiz grega que significa ‘ falhar o alvo, o objectivo ’, como quando se lança o dardo (Romanos 3:9). Paulo pensava nas corridas quando ele escreveu: “ Não sabeis que, os corredores numa corrida, correm todos, mas apenas um recebe o prémio ? Correi de tal modo, que o possais alcançar. ” - 1 Coríntios 9:24.

As escrituras indicam o lugar certo do “ exercício corporal (lido: exercício de um ginasta, em grego gummnasia) [que] é proveitoso para poucas coisas, enquanto que a devoção piedosa é proveitosa para todasa as coisas visto que tem a promessa da vida agora e daquela que há de vir ” - 1 Timóteo 4:8

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Pã MA 266 Sully sala 17

O deus Pã é representado aqui sentado sobre uma rocha com um pau curvo a seus pés que lhe permite apanhar as lebres. A estátua de mármore pertence a uma série de réplicas de antiguidades que representa Pã ensinando o pastor Daphnis a tocar a flauta. Originalmente o deus dos pastores, Pã também é um músico cuja divindade é um dos atributos da siringe, uma flauta de cana. Deus da fertilidade, filho de Hermes e de uma ninfa, Pã é mais conhecido pelo seu insaciável apetite sexual e bestial. Sua feiura lendária valeu-lhe muitas vezes a rejeição.

Pã Ma 266 Pã e a Syrinx RF 1949-21

De acordo com Heródoto (II 46), a adoração de Pã começou no Egipto, onde era comum o culto do bode. O termo ‘ demônios em forma de cabra ’utilizado na Bíblia faz talvez uma alusão a esta forma de culto pagão (Levítico 17:7, 2 Crônicas 11:15). Segundo alguns, este corpo metade homem e metade bode deste deus, e a obra do poeta italiano Dante Alighieri (o Inferno), influenciaram a imaginação dos artistas da Idade Média e a concepção de um diabo com chifres e rabo pontudo. Essa representação põe em dúvida a existência deste espírito que a Bíblia descreve como uma pessoa real. As Escrituras não dão qualquer descrição física do diabo, mesmo que seja chamado de ‘ cobra ’ ou descrito como um voraz ‘ dragão ’. - Apocalipse 12:9

Outra escultura mostra também Pã seduzindo Afrodite, deusa do amor. Éros paira em cima deles, batendo as asas - assim como os cupidos são hoje representados nas cartas postais do dia dos Namorados. Os hábitos ligados a esta festa, que tira seu nome de um mártir cristão, têm sua origem numa festa romana antiga de orgias. Esta festa estava relacionada com o culto de Fauno, o deus retratado como meio-homem e meio-bode. Era comemorado anualmente a 15 de fevereiro e honrava Juno, deusa romana das mulheres e Pã, o deus da natureza. Para dar um aspecto ‘cristão’ à esta festa pagã, o Papa Gelásio em 496 mudou a festa de Lupercalia de 15 de fevereiro em Valentim, dia 14. Mas o significado sentimental desta festa antiga ainda permanece.

Pã e a Syrinx 1949-1921 RF Sully 2° sala 25

Este tema é tirado das Metamorfoses de Ovídio. O deus Pã persegue a ninfa Syrinx por quem ele está apaixonado. Para escapar dele, ela refugiou-se junto de seu pai que a transformou em cana. Pã fará, depois, uma flauta com os ramos desta cana.

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Dionísio e as Estações MR 720 Sully Sala 17

Neste baixo-relevo em mármore, Dionísio, barbudo, lidera a procissão de Horai, e estas quatro jovens mulheres personificam as estações do ano. Reconhecemos a alegoria da Primavera, na qual Dionísio segura as flores na dobra do seu manto, e alegoria do verão, onde ele segura as espigas. Falta a figura do Inverno. Dionísio, ou Baco como é chamado pelos romanos, é o deus do vinho e da vegetação na mitologia grega. Ele é frequentemente representado em vasos áticos com um chifre de beber de tirso em punho. Um tirso era um bastão encimado por uma pinha. Ele também é representado com o seu cortejo, o tiaso, que deu origem ao teatro, composto por bacantes, sátiros e Silenes, seus companheiros favoritos. Os gregos celebravam a morte violenta e a ressurreição de Dionísio, que estava relacionada com os deuses da fertilidade do Oriente Próximo antigo, incluindo o babilônico Tamuz e o egípcio Osíris.

Dionísio e as Estações Plaque Campana Cp 389

As festas em honra de Baco eram os modelos típicos da orgia (komos em grego). Esta palavra aparece três vezes na Bíblia grega, sempre com um sentido negativo (Romanos 13:13, Gálatas 5:21, 1 Pedro 4:3). Estabelecem-se semelhanças entre os bacanais e as festas de carnaval.

Os gregos chamavam Komos ou entretenimento o espectáculo feito por um grupo de pessoas carregando os fálus sagrados e cantando poemas líricos. Apesar de sua ‘cristianização’, as semelhanças entre o carnaval e estas festividades pagãs em honra de Dionísio são reais.

Sileno embriagado Comaste agachado Culto dionisíaco

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Artémis, com uma corça conhecida como ‘ Diana de Versalhes ’ MR 152 Sully sala 17

Artémis, deusa da caça para os gregos, conhecida como Diana entre os romanos, é freqüentemente mostrada com um arco e acompanhada por uma corça. A sua aparência de deusa da lua é por vezes representada pela lua e as estrelas em volta de sua cabeça. Aqui, ela veste uma túnica dobrada até os joelhos para facilitar a sua corrida. A estátua, colocada no centro da sala, encomendada para o rei Henrique II, é uma alusão romântica à amante do rei, Diane de Poitiers. A Artémis de Efésio não pode ser comparada a esta deusa (Actos 19:28). Ao contrário da deusa-virgem grega, a Artémis de Efésio é uma deusa opulente da fertilidade e uma das figuras das deusas mãe.

Artémis MR 152 Vênus de Milo Ma 399 Afrodite MR 371

Estabeleceu-se uma relação estreita entre a grande Diana dos Efésios e as grandes deusas dos outros povos. Ela tem analogias estreitas com o frígio da deusa Cibele e outras imagens femininas do poder de Deus na Ásia (Mar da Capadócia, a Astartéia da Fenícia, Atargatis (Br 4480) e Myleta da Síria) e pensa-se que todas essas divindades são apenas variantes de um único conceito religioso.

Ver também:

Artémis de Éfesio CA 1202 Sully 1 Andar Sala 37 vitrine 1 (3)

O corpo da deusa está aqui envolto numa túnica estreita, enfeitada com fileiras de seios e testículos de touros, símbolos de fertilidade. Éfesio foi o lugar onde o culto pagão da deusa-mãe foi cristianizado dando origem a uma fervorosa devoção a Maria, feita ‘ Mãe de Deus‘ ’.

Afrodite Agachada 371 MR Sully sala 17

Deusa do Amor e da Beleza na mitologia grega, Afrodite é equiparada a Vênus pelos Romanos. Considera-se como a irmã “de Ishtar assíro-babilônico e de Astarte assíro-fenícia.”

Afrodite, a chamada Vênus de Milo MA 399 helicoidal aberto em várias direções, a superficie maravilhosamente delicada da parte superior do corpo e o movimento da cortina sobre os quadris faz destaVênus uma das obras-primas do final do período helenístico. Ela poderia representar Anfitrite ou Afrodite, deusa do mar, venerada

A composição do corpo na ilha grega de Melos, onde a estátua foi descoberta em 1820.

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A tortura de Mársias MR 267 Sully sala 17

O sileno Mársias teve a ousadia de desafiar o deus Apolo num concurso musical. Derrotado, foi condenado a ser esfolado vivo aguardando o terrivel castigo pendurado num pinheiro. Esta estátua mostra a tradução possível e talvez a mais correcta dos termos usados para descrever a execução de Jesus. “ Se você é um filho de Deus, desce da estaca de tortura ” (Mateus 27:40).

Em latim, é chamado de crux simplex, uma simples estaca onde se amarravam os criminosos. Nos escritos de Tito Lívio, historiador romano do primeiro século, crux significa uma estaca direita. A palavra grega stauros é traduzida por piquete (parte de vedação), pal (já utilizado pelos Assírios e persos) ou poste no qual se suspendia a vítima.

‘ Stauros significa, basicamente, uma estaca ou um poste vertical. Tanto o nome como o verbo stauros são diferentes da ‘ cruz ’ composta por duas traves de madeira. ’ (Vine's Dictionary). Muitas traduções do Novo Testamento, traduziram as palavras de Pedro (Actos 5:30) como segue: “ O Deus dos nossos pais ressuscitou Jesus, a quem vós matastes, suspendendo a um poste. ” Esta palavra é traduzida por ‘ madeira ’ em outras versões.

A tortura de Mársias Páscoa N 1150 O Retábulo de São Dinis

Não se encontra na arte simbólica dos primeiros séculos representações da morte redemptora do Cristo. Sob a influência da proibição mencionada no Antigo Testamento os primeiros cristãos recusavam-se a reperesentar o instrumento da Paixão de Cristo. A maioria dos peritos concorda que a cruz não serviu de referência gráfica antes da época de Constantino. O crucifixo mais antigo que foi identificado como objecto de culto público era o crucifixo venerado desde o século VI na igreja de Narbonne no sul da França. Facto estranho mas incontestável, nos séculos que precederam o nascimento de Cristo, e desde então, nos países que não tinham sido afectados pelos ensinamentos das Igrejas, a cruz era usada como símbolo sagrado.

A cruz não se tornou o principal emblema e símbolo do cristianismo antes do quarto século (Sir Wallis Budge). Nada permite affrimar que os termos originais se referem à cruz tradicional, especialmente porque este símbolo religioso foi usado por não-cristãos antes de Cristo. Assim, nada permite affirmar que as palavras originais se referem à cruz tradicional, sobretudo porque este símbolo religioso foi utilizado por não-cristãos muito antes de Cristo. Dito isto, a morte de Jesus como ‘ resgate para muitos ’ é um ensinamento fundamental das Escrituras. - João 3:16, Mateus 20:28. Ver tambèm

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Páscoa INV 1150 Vale da Meuse Cerca entre 1160-1170 Richelieu Sala 2 Vitrine 3

Esta placa em esmalte champlevé (dito campo elevado, uma técnica onde a superfície é cravada para o exterior de modo a formar alvéolos nos quais o esmalte é queimado, deixando o metal exposto do século XII representa um israelita marcando sua porta com o sangue de um cordeiro. Esta obra lembra a libertação do povo no tempo de Moisés, e o “ sacrifício da Páscoa para Yhwh, que saltou as casas dos Benei Israel, [...] a bater os Misraïms. ” (Êxodo 24:27, Churaqui). Na décima praga, os Hebreus tinham que matar um cordeiro e aplicar seu sangue nos pilares e nas vergas das suas casas. Deviam depois disso observar o Seder para comemorar esta libertação. “ Este dia será um memorial para você: você deverá festeja-lo, uma festa para Yhwh. ”- Êxodo 12:14.

Nenhuma sombra das coisas boas que hão de vir (Hebreus 10:1) contidas na Lei pode competir com a festa da Páscoa. O cordeiro pascoal anunciava o sacrifício de Jesus. O apóstolo Paulo chamou Jesus de “ Cristo, nossa Páscoa, [que] foi sacrificado. ” - 1 Coríntios 5:7.

Páscoas ou A Páscoa? Não há nenhum traço da observância da Páscoa como um feriado cristão no Novo Testamento ou nos escritos dos Padres Apostólicos. A santidade dos dias especiais é um conceito novo para os primeiros cristãos.

Páscoas: é um culto da fertilidade mal disfarçado sob o pretexto de uma celebração da ressurreição de Cristo? A Páscoa é uma síntese de muitas tradições da era pré-cristã. Muitos costumes antigos concebidos para festejar o regresso da primavera estão ligados a esta festa. O coelho é um símbolo pagão que sempre representou a fertilidade. O ovo é o símbolo da germinação que ocorre no início da primavera. O ovo e o coelho também estão ligados ao culto de Astarte, a deusa fenícia da fertilidade, da qual eles eram os seus atributos. As estátuas a representavam, ou com enormes orgãos sexuais ou com um coelho ao seu lado e um ovo na mão. Para A. Hislop, o nome da Páscoas (Easter em Inglês, em alemão Ostern, que vem da palavra Eostre ou Ostara, deusa anglo-saxónica do amanhecer e da primavera) tem sua própria origem babilônica, como lembra o título da rainha do céu, Ishtar ou Astarte.

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Relevo chamado do Domitius Ahenobarbus LL 399 Denon sala 22

Este enorme conjunto de quatro paineis, três das quais estão armazenadas na Glyptothek de Munique, pertenceram ao cardeal Fesh, tio de Napoleão. Trata-se dum dos primeiros exemplos conhecidos de representação histórica tão peculiares à arte romana. Este painel do Louvre descreve uma cena de recenseamento no qual descobrimos um elemento essencial da república romana.

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Note o grande escudo de cada soldado, oval ou rectangular, que protegia a maioria do corpo. O Apóstolo Paulo parece fazer alusão a esta arma defensiva quando convida a pegar: “ O grande escudo da fé, capaz de extinguir projéteis ardentes do iníquo. ” (Efésios 6:16). Os cristãos são, por vezes, comparados aos ‘ soldados de Cristo Jesus ’ (2 Timóteo 2:3), envolvidos numa guerra espiritual ‘ contra as forças espirituais do mal [...]. Por esta razão, tomai toda a armadura de Deus ’. - Efésios 6:13 (lê-se 'panoplia', toda a armadura de um hoplita).

Os testemunhos tirados da história profana atestam que os primeiros cristãos mantiveram-se neutros nos assuntos políticos e que não participaram em guerras. A Igreja primitiva acreditava que não se podia ser cristão e soldado ao mesmo tempo. Os cristão tornaram-se soldados quando o cristianismo inicial se corrompeu.

Augusto MR 99 Denon sala 23 rés-de-chão

Gaius Julius Caesar Octavius, primeiro imperador de Roma é é um dos três Césares mencionados por nome na Bíblia. No ano 2 a.c. “ César Augusto decretou que toda a terra habitada se registasse [...]. Naturalmente, José também subiu da Galiléia [...] para ser registado com Maria ” (Lucas 2:1-5). Foi por essa razão que Jesus nasceu em Belém, de acordo com as profecias bíblicas (Daniel 11:20; Miquéias 5:2). Muitos acreditam que Jesus nasceu no dia 25 de dezembro. Mas o imperador de Roma não teria feito o pedido para que o povo, sempre disposto a se revoltar, se deslocasse em pleno inverno para um recenseamento. Tudo indica que Jesus nasceu no início do Outono.

Augusto Ma 1247 O Imperador Tibério Cláudio

Ver também

O Imperador Tibério Ma 1255 Denon Sala 23

“ No décimo quinto ano de Tibério César, [...] a declaração de Deus veio a João, filho de Zacarias, no deserto. Ele então veio pregando um baptismo de conversão [...]. Mas quando todo o povo tinha sido baptizado, Jesus também foi submerso. ”- Lucas 3:1-3,21.

Cláudio Ma 1226 Denon Sala 24

É o terceiro César mencionado nomeadamente nas Escrituras.

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Nero MND 2050 Denon Sala 24

Quinto imperador de Roma, declarado inimigo público pelo Senado, Nero suicidou-se aos 31 anos em junho de 68. É de Nero que o apóstolo Paulo fala quando ele aparece diante de Festo. “ Estou perante o tribunal de César, onde devo ser julgado. [...] Apelo para César! ” (Atos 25:10, 21). Durante a sua segunda prisão em Roma, o apóstolo deixou transparecer que sua morte seria iminente (2 Timóteo 4:6-8). É provável que Paulo sofresse o martírio logo depois em 66, ordenado pelo imperador.

Néro Cabeça de são João Baptista ‘RF 196 Tito

Tito MND 2224 Denon sala 25

Este retrato realizado sobre uma efígie do imperador Nero (54-63 d.c.) após ter sido visado por uma damnatio memoriae (condenação da lembrança), é de um estilo naturalista e sensível. Ele reflete as influências helenísticas que emergiram da escultura Flaviana. O nome deste imperador romano (79-81), filho mais velho de Vespasiano, está intimamente ligado à destruição de Jerusalém e do segundo templo em 70 d.c. Para comemorar esta vitória, seu irmão Domiciano ergueu em Roma o Arco de Tito, testemunha silenciosa do cumprimento duma das mais notáveis profecias de Jesus Cristo, anunciada quarenta anos antes. “ Quando virdes Jerusalém cercada por exércitos acampados, então sabei que sua desolação aproximou-se. Então aqueles que estiverem na Judeia fujam [...] porque haverá grande aperto no país [...] e eles cairão pelo fio da espada e serão levados captivos para todas as nações. ”- Lucas 21:20-24.

A predição que segue é um exemplo da exatidão da profecia: “ Teus inimigos farão uma fortificação em tua volta, com estacas afiadas e te cercarão. ” (Lucas 19:43). O historiador Joséfo diz-nos que ‘ muitos estavam desesperados por tomar a cidade, com os engenhos habituais. ’ O jovem general Tito decidiu que ‘ era necessário, se eles quisessem associar rapidez e segurança, cercar toda cidade com uma muralha. ’ A muralha foi construída em três dias, a uma velocidade quase inacreditável para uma obra que teria levado meses a ser concluida. Trata-se exatamente da fortificação com estacas afiadas que Jesus tinha predito !

Uma das declarações mais marcantes de Jesus é relativa ao segundo templo, obra de arte arquitectónica e orgulho do Império Romano: “ Eles não vão deixar em ti pedra sobre pedra. ” (Lucas 7:44 p.m.; 21:6). Ao contrário das intenções iniciais de Tito, toda a cidade e seu templo foram arrasados com a excepção de três torres e uma parte do muro ocidental. Em 66 d.c., a

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população judaica rebelou-se contra o império romano. Quatro anos depois, em 70, as legiões romanas lideradas por Tito reconquistaram e destruiram Jerusalém, incluindo o segundo Templo.

Céstio Galo investiu Jerusalém em 66, mas acabou com o estado de sítio ao passo que a cidade estava prestes a cair. Esta reviravolta de eventos permitiu que os cristãos que estavam atentos às palavras de Jesus anunciadas trinta anos mais cedo fugissem da cidade condenada. “ Então que aqueles que estiverem na Judéia fujam para começar ” (Lucas 21:21). ‘ Todos os membros da Igreja de Jerusalém fugiram para uma cidade além do Jordão, do nome de Pella ’ (Eusébio).

Verdadeira lição histórica de sobrevivência ! E provas notáveis de que as profecias da Bíblia não são baseadas em interpretações humanas das circunstâncias ou das tendências existentes no momento em que elas foram emitidas e que é “ necessário prestar atenção às mesmas ”. - 2 Pedro 1:19.

Relevo mitríaco com dupla face MND 1911 Denon sala 25

Mitra, deus persa da luz, é representado numa das faces do relevo matando o touro divino para fecundar o universo. Na outra face, participa num banquete com o sol, ao qual é assimilado.

O culto de Mitra trai a influência indiscutível dos conceitos babilônicos; e se nos lembrarmos da importância que os mistérios relacionados com este culto tomaram na cultura romana, acrescentamos ainda uma ligação entre as ramificações da cultura antiga e da civilização do vale do Eufrates. Este culto está estreitamente relacionado com a origem do Natal. “ Nasceu-vos hoje um Salvador, que é Cristo [o] Senhor ” (Lucas 2:11). Todos os historiadores concordam que a data exata do nascimento de Jesus é desconhecida. A palavra Natal não consta na Bíblia.

Esta festa sofreu a influência pagã das saturnálias, comemoradas no solstício de inverno em honra de Saturno, o deus da agricultura, e que se caracterizava pela sua famosa bebedeira e a troca de presentes.

Além disso, no dia 25 de dezembro de 274, o imperador romano Aureliano proclamou o deus-sol Mitra principal deus protector do império. Numa política de compromisso, pareceu lógico substituir para uso cristão o dia 25 de dezembro.

A festa de Natal nasceu numa época onde o culto do sol florescia em Roma. Esses detalhes confirmam que esta festa não tira sua origem nem das Escrituras nem das tradições dos primeiros cristãos.

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O imperador Constantino Cp 6399 Denon Sala 29

Constantino é o primeiro imperador romano a governar em nome de Cristo. Depois dele, a cristandade vai se tornar uma força de coesão num mundo em dissolução, mas também uma maneira alterada do Cristianismo original. Constantino o Grande (306-337) traçou com a habilidade de um político astuto o caminho que conduziu à vitória final do cristianismo no fim do século IV. Constante, um dos seus filhos, reinou de 337 a 350.

Em 312, na véspera de uma batalha contra Maxêncio, seu rival italiano, Constantino pretendia ter recebido em sonho a missão de pintar as duas primeiras letras de Cristo (XP, em grego) nos escudos dos seus soldados. Segundo a lenda, uma cruz de fogo apareceu-lhe com a menção seguinte em latim In hoc signo vinces, que significa ‘ Por este sinal vencerás ’. Este monograma do Cristo é o primeiro uso conhecido da cruz pelos cristãos.

Em 321, Constantino promulgou a primeira lei que institui o domingo, ou dies solis. Ele fez da observância deste dia dedicado ao deus romano sol, cuja cruz era o emblema, uma obrigação legal. Aliás, ele nunca renunciou ao culto do Sol e continuou a exibi-lo em suas moedas. Ele limitou-se a reconhecer o cristianismo como religio licia, religião permitida. A divisão doctrinal da Igreja o preocupava porque ele via nesta divisão uma ameaça para a unidade do império.

Constante Crisma MND 576 Absolvição de Teodósio

Na sua qualidade de Pontifex Maximus sumo sacerdote da religião pagã, presidiu o primeiro concílio ecumênico reunido em Niceia, em 325. Foi ele quem propôs a fórmula capital ‘ da mesma substância que o Pai ’, exprimindo a relação de Cristo com Deus no credo do Concílio. Os fundamentos do dogma da trindade, um termo que não aparece em nenhuma parte da Bíblia, foram desta maneira instituidos.

Constantino converteu-se provavelmente por razões mais políticas do que religiosas. Os crimes familiares que cometeu indicam que não de deixou moldar pelo cristianismo. Ele só recebeu o baptismo no seu leito de morte. Eusébio diz que ‘este gesto não tem nada de significativo porque na véspera ele tinha feito um sacrifício a Zeus.’ Depois de Constantino, o cristianismo certamente tornar-se-ia uma força coesa num mundo em dissolução, mas acima de tudo uma forma alterada do cristianismo primitivo. Jesus e seus apóstolos tinham anunciado um tal desvio - Mateus 13:36, 2 Tessalonicenses 2:3. Ver também:

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Mosaíca funerária de Karthago MND 576 Denon Rés-de-chão Sala 28

A cruz que Constantino teria visto e usado como estendarte, ou lábaro, não era a cruz latina, mas as letras khi (X) e rô (P) sobrepostas. Este sinal encontra-se em muitas moedas que este adorador do sol mandou cunhar. Ele poderia ser o símbolo do culto do sol mas outros identificaram-no com o crisma, o monograma de Cristo. Pensa-se que a cruz só se tornou o principal símbolo do cristianismo após a época de Constantino.

A absolvição de Teodósio INV. 8005 Sully segunda sala 43

Este quadro faz referência ao perdão concedido pelo bispo de Milão Ambrósio ao imperador Teodósio (379-395) que se arrependeu de ter massacrado 7.000 cidadãos insurgidos de Tessalônica. Com a morte deste último soberano do Império Romano unificado, a rivalidade religiosa entre Roma e Constantinopla acentuou-se com o cisma do Oriente. Sob o reinado de Constantino, o cristianismo e o império romano eram aliados. No reinado de Teodósio uniram-se. A fé católica tinha-se tornado a única religião autorizada pelos romanos. Esta religião de Estado era totalmente diferente do culto praticado pelos primeiros seguidores de Jesus, que lhes tinha dito: “ Vocês não fazem parte do mundo ” - João 15:19.

Tabuinha encerada do aluno MND 552 Denon sala 30 vitrine 2

Os alunos efetuavam os seus exercicios em tabuinhas ou placas de madeira polidas e enceradas, onde podiam também colocar os estiletes que usavam para escrever. Eles deviam escrever seguindo o modelo de letras e esforçar-se para reproduzir o modelo exacto.

O apóstolo Paulo utilizou esta ilustração para incitar os cristãos a seguir o exemplo de Cristo : “ De facto, fostes chamado para este proceder, porque até mesmo Cristo sofreu por vós , deixando-vos um modelo para seguirdes de perto seus passos. ” (Pedro 2:21). O termo grego usado para modelo ou exemplo é hupogrammon. Este palavra aparece apenas uma vez nas escrituras. Significa ‘ copiar a escrita, com todas as letras do alfabeto, exercicio dado às crianças para ajudà-las a aprender a escrever. ’

As tábuas eram bastante frequentes nesta época. Falando de Zacarias, o pai de João Baptista, o evangelista explica que “ pediu uma tabuinha e escreveu : ‘João é seu nome.’ ” (Lucas 1 :63). Tratava-se sem dúvida de uma placa de madeira recoberta de cera, como está exposta aqui. No livro

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dos Actos, lê-se: “ Arrependei-vos […] e que vossos pecados sejem apagados. ” (Actos 3:19). Esta último expressão vem dum tremo grego que significa ‘tirar esfregando’, o que nos faz pensar numa tábua para escrever, encerada e polida antes da sua utilização. O apóstolo mostra através deste exemplo que o verdadeiro cristão é aquele que segue como um aluno o exemplo perfeito de seu mestre Jesus Cristo.

‘ O cristianismo só pode finalmente fazer verdadeiro sentido se tiver-mos em mente, tanto do ponto de vista na teórico como na prática, Jesus. ’ (Hans Küng ). A uma condição. “ Se permanecerdes na minha palavra , sois realmente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. ” - João 8:31, 32.

Com o tempo, a congregação cristã primitiva tornou-se uma congregação religiosa que ‘ espantaria Jesus e mesmo São Paulo ’. Os ensinos de Cristo foram substituidos por festas e crenças religiosas que se originaram na sua grande maioria na antiga Babilónia. Isso é o que acontece também com ‘ Babilónia a Grande ’. O último livro da Bíblia fala deste nome como dum ‘ mistério ’ - Revelação 17:5.

Desvendar este ‘ segredo religioso ’ é da maior importância porque foi dada ao povo de Deus a ordem para sair de Babilônia : “ sair dela para não participar com ela nos seus pecados […] porque pelas tuas práticas espirítas todas as nações foram desencaminhadas. ” - Revelação 18: 4 e 23

O anjo clama a urgência em deixar esta ‘ cidade ’ simbólica por causa da sua destruição definitiva. (Revelação 18: 4,21). Segundo a descrição feita, ‘ esta cidade tem um reino sobre os reis da terra ’ (17:18), e ajuda os ‘ comerciantes ’ a acumular riquezas. Não se pode tratar por conseguinte dum sistema político ou comercial. Este nome misterioso não seria finalmente aquele que corresponde melhor a uma entidade religiosa mondial, a todas as religiões cujo os ensinos e as práticas não estão de acordo com o modelo deixado pelo cristianismo primitivo?

‘ Quando estuda-se o passado, é impossível não olhar para o futuro ’ (Arnold Toynbee).

‘ As pedras clamarão ’, dizia um dia Jesus. Existe de facto uma linguagem das pedras, mas é também oportuno ouvir a linguagem das testemunhas que citamos. Eles foram os contemporâneos de eventos que crentes e agnósticos não podem ignorar, pois marcaram para sempre a história da humanidade.

Não hesite em seguir a visita : Visite o Museu do Louvre com a Bíblia –

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Para mais informações, poderá também consultar as notas na parte francesa ou inglesa do site:

www.louvrebible.org