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VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS: hipervitaminoses e o consumo irracional de polivitamínicos
Letícia Maia Pessoa1
Elias Borges do Nascimento Júnior2
RESUMO : Uma alimentação saudável inclui quantidades de vários nutrientes indispensáveis para manter o organismo humano em condições adequadas de
sobrevivência. Alguns destes nutrientes que desempenham funções muito importantes são as vitaminas, que atuam como coenzimas ativando reações meta-
bólicas essenciais ao organismo. A maioria delas é adquirida através da alimentação e são divididas em, hidrossolúveis e lipossolúveis, sendo essas últimas
classificadas como: A, E, D e K. Estas vitaminas devido ao metabolismo complexo, diversidade funcional e fisiologia de absorção relacionada às lipoproteínas,
apresentam alguns problemas relacionados ao excesso e ao acúmulo em órgãos e tecidos. O excesso das vitaminas lipossolúveis no organismo humano
é denominado como hipervitaminose. O estilo de vida moderno tem tornado escasso o tempo dedicado a uma alimentação saudável e por esse motivo, o
consumo de medicamentos polivitamínicos tornou-se uma prática popular. Os medicamentos polivitamínicos têm a finalidade de suprir a quantidade de uma
determinada vitamina ou de um conjunto delas, em caso de deficiência no organismo. Devido à utilização incorreta e excessiva, marcada pela automedicação
constante os medicamentos polivitamínicos passaram a ser um problema para saúde dos usuários, já que podem induzir às hipervitaminoses, especialmente
por vitaminas lipossolúveis. A venda dos medicamentos no autosserviço é um dos fatores predisponentes para que ocorram as intoxicações por medicamen-
tos, inclusive dos polivitamínicos. O papel do farmacêutico é essencial no ato da dispensação, pois ele é o profissional da saúde apto a informar sobre os
medicamentos, realizando a atenção farmacêutica. Nesse contexto vários estudos e relatos têm condenando a utilização destas vitaminas de maneira incorreta,
imprecisa e sem a orientação médica adequada, demonstrando os riscos e as manifestações que podem ocorrer.
PAlAVRAS-ChAVE: Vitaminas lipossolúveis. hipervitaminose. Medicamentos polivitamínicos. Atenção farmacêutica. Automedicação.
INTRODUÇÃO
Os nutrientes são considerados substâncias muito impor-
tantes para o funcionamento normal do organismo humano.
Para se ter uma boa saúde, as necessidades nutricionais de-
vem ser supridas em quantidades suficientes de proteínas, car-
boidratos, lipídios, vitaminas e minerais que são adquiridos por
uma alimentação variada (DWYER, 2009).
A palavra vitamina foi atribuída a um bioquímico polonês
chamado Casimir Funk em 1912. Ele acreditava que todas as
substâncias alvo de seu estudo tinham a mesma composição
e eram formadas por aminas, nome que se dá a um composto
químico que contém o nitrogênio como base. Como tais subs-
tâncias eram essenciais a vida, Funk decidiu conciliar o termo
“vital” do latim, ao “amina” (CARPENTER, HARPER, 2009).
As vitaminas são compostos orgânicos essenciais ao fun-
cionamento normal do metabolismo do organismo humano.
Quase todos os carreadores e/ou ativadores que atuam como
coenzimas derivam das vitaminas. Suas vias de biossíntese são
muito complexas, portanto é mais eficiente adquirí-las de forma
exógena, ou seja, pela alimentação, que sintetizar enzimas para
desenvolvê-las a partir de moléculas mais simples. Atualmen-
te é reconhecido que os seres humanos necessitem de pelo
menos doze vitaminas diferentes (BERG, STRYER, TYMOCZKO,
2008; BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988).
Atualmente o desejo pela alimentação correta e comple-
ta, leva ao consumo de muitos nutrientes artificiais e sintéticos.
Este consumo quando inadequado pode causar alguns pro-
blemas ao organismo, como é o caso das vitaminas. Elas são
comercializadas principalmente em medicamentos que são de-
nominados de polivitamínicos ou multivitamínicos, sendo defini-
dos como nutrientes que são utilizados para contemplar a dieta
diária de um indivíduo em casos de deficiência e/ou quando a
ingestão a partir da alimentação é insuficiente. Eles contêm em
sua formulação desde uma vitamina ou um grupo delas (em ge-
ral de seis a dez) e muitas vezes são associados a sais minerais
(BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988; DWYER, 2009).
Como as vitaminas desempenham funções fundamentais, a
deficiência e o excesso podem desencadear manifestações dis-
tintas. A hipovitaminose é definida como a deficiência de vitaminas
no organismo humano e que geralmente é resultado da ingestão
dietética inadequada e também oriunda de algum processo de ab-
sorção insuficiente. Já a hipervitaminose é definida como uma sín-
drome tóxica e geralmente está associada à ingestão excessiva de
vitaminas lipossolúveis (BURCKHALTER, KOROLKOVAS, 1988).
As vitaminas são divididas em dois grandes grupos (BUR-
CKHALTER, KOROLKOVAS, 1988; CARPENTER, HARPER, 2009):
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- Hidrossolúveis: A maioria das vitaminas hidrossolúveis
são componentes de sistemas de enzimas essenciais e estão
envolvidas em reações do metabolismo enegético. Como exem-
plo tem-se as vitaminas C, B1, B2, B6, B12, ácido nicotínico, áci-
do pantotênico, ácido fólico, ácido pantotênico, biotina e outras.
Essas vitaminas normalmente não são armazenadas no
organismo em quantidades apreciáveis. A ingestão excessi-
va, embora economicamente dispendiosa, não acarreta danos
graves ao organismo, já que sua toxicidade é baixa devido,
provavelmente, à rápida excreção do seu excesso pela urina.
A ingestão excessiva de vitamina C é um exemplo da hipervita-
minose relacionando as vitaminas hidrossolúveis, esta ingerida
em quantidades maiores que 2g em dose única, pode causar
dor abdominal, diarréia e náuseas. Já a deficiência destas vi-
taminas no organismo pode acarretar manifestações graves,
levando a um quadro de hipovitaminose, como exemplos são
citados: beribéri (Vitamina B1 ou tiamina), acrodinia (Vitamina
B6), anemia (Vitamina B6, B12 e ácido fólico), dermatite (Bioti-
na), fragilidade capilar (Ácido pantotênico), pelagra (Ácido nico-
tínico) e escorbuto (Vitamina C).
- Lipossolúveis: As vitaminas lipossolúveis A, D, E e K
são absorvidas na presença de lipídeos e requerem quantida-
des suficientes de bile e suco pancreático para que o processo
seja eficiente. São transportadas para o fígado por meio das
lipoproteínas e podem estar armazenadas em diversos tecidos
corpóreos e órgãos. Assim como as vitaminas hidrossolúveis,
a deficiência das vitaminas lipossolúveis também pode desen-
cadear quadros de hipovitaminose levando à manifestações
como: xeroftalmia (Vitamina A), cegueira noturna (Vitamina A),
raquitismo (Vitamina D), esterilidade (Vitamina E), hemorragia (
Vitamina K) e dentre outros. Já a ingestão excessiva pode acar-
retar manifestações tóxicas graves ao organismo levando ao
quadro de hipervitaminose. Algumas manifestações ocorridas
pelo excesso dessas vitaminas são: teratogenicidade, anorma-
lidades hepáticas, perda mineral óssea e hipercalcemia.
Assim como todos os nutrientes, as vitaminas sofrem controle
homeostático. Este sistema de controle é responsável por manter
o estado de equilíbrio do organismo, ou seja, quando existe um
aumento de um determinado nutriente, este sistema reduz o risco
do acúmulo excessivo nos tecidos que poderiam causar efeitos
adversos. Portanto quando a capacidade de homeostasia é satu-
rada pelo consumo nutricional continuamente alto, poderá resultar
em acúmulo anormal nos tecidos ou em sobrecarga das vias me-
tabólicas e de transporte (BANDINI, FLYNN, 2006).
Estudos feitos pela Food and Nutrition Board of the Natio-
nal Research Council nos Estados Unidos, determinaram as
quantidades dietéticas recomendáveis para cada vitamina. Por
meio deste estudo foi possível observar que o consumo abusi-
vo e indiscriminado de vitaminas é prática comum em diversos
países, principalmente nos Estados Unidos e no Brasil (BUR-
CKHALTER, KOROLKOVAS, 1988).
Em todo mundo, a venda de medicamentos polivitamíni-
cos já chega a US$ 76 bilhões, superando a venda de produ-
tos tradicionais como medicamentos antigripais. Há registros
de aumento de vendas de 6% entre os anos de 2007 e 2008,
principalmente em países desenvolvidos. No Brasil o mercado
movimenta cerca de R$ 820 milhões e há um crescimento ace-
lerado, da ordem de 20% ao ano (CINQUEPALMI, 2010).
A falta de informação, a automedicação e a venda livre de
medicamentos polivitamínicos contribuem para o consumo ex-
cessivo de vitaminas, principalmente das lipossolúveis poden-
do ocasionar as hipervitaminoses. O farmacêutico tem papel
primordial nesta situação, pois a dispensação desses medica-
mentos é realizada em drogarias e farmácias, sendo que, na
maioria das vezes o paciente não tem o conhecimento real da
situação nutricional em que se encontra e é induzido ao con-
sumo dos medicamentos polivitamínicos de maneira incorreta.
Outros fatores também contribuem para a ocorrência de hiper-
vitaminose, como alguns relatos de prescrições de medicamentos
polivitamínicos sem especificação da vitamina causadora da defici-
ência e a escassez de registros e dados de notificação, diagnóstico
ou internação por hipervitaminoses, que são camufladas por outros
tipos de manifestações e não recebem a devida importância quanto
ao uso incorreto dos medicamentos polivitamínicos.
As vitaminas lipossolúveis devem ser consumidas com
muita cautela e após uma supervisão médica adequada, para
a determinação correta da necessidade fisiológica do indivíduo,
levando em consideração os seus hábitos alimentares. Muitas
dessas vitaminas são facilmente encontradas em alimentos que
são consumidos no dia-a-dia como legumes, frutas, grãos, de-
rivados lácteos e carnes.
A realização da atenção farmacêutica no momento da dis-
pensação dos medicamentos polivitamínicos é muito importante,
pois o farmacêutico é um profissional da saúde apto a fornecer
informações corretas relacionadas aos medicamentos e a orientar
o paciente adequadamente quanto às providências que haverão
de ser tomadas antes de iniciar um tratamento com esse tipo de
medicamento. Convém lembrar que a automedicação é um gran-
de problema no Brasil e o farmacêutico desempenha papel funda-
mental no combate ao uso irracional dos medicamentos.
MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada com base em revisão bibliográfica
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feita no período de 20 de agosto de 2012 a 4 de dezembro de
2012, em edições recentes dos livros Nutrição e metabolismo,
Nutrição moderna: na saúde e na doença, Bioquímica, Química
farmacêutica e Farmacologia, disponíveis na biblioteca do Cen-
tro Universitário Newton Paiva. A Pesquisa online foi baseada
em termos relacionados com as vitaminas em geral, com ênfase
em vitaminas lipossolúveis e direcionados às hipervitaminoses e
reações adversas. Foram utilizadas base de dados como scielo
e pubmed utilizando-se como palavras-chave: vitaminas A, D, E
e K, hipervitaminoses, efeitos adversos, câncer de próstata que
será demonstrada nos estudos de hipervitaminose da vitamina
E, cálcio, doenças cardiovasculares que também será demons-
trada nos estudos de hipervitaminoses sobre a vitamina E e D,
medicamentos polivitamínicos e consumo. Também foram utili-
zadas notícias gerais relacionadas ao tema central além de re-
gulamentações e portarias no site da ANVISA.
DESENVOLVIMENTO
A composição dos medicamentos e/ou suplementos vitamíni-
cos engloba vitaminas isoladas e/ou associadas entre si e podem
conter também sais minerais na associação. Os polivitamínicos são
úteis em casos nos quais a ingestão a partir da alimentação é in-
suficiente, como ocorre nos processos de deficiência ou quando a
dieta requerer suplementação, não podendo substituir os alimentos
e nem serem atribuídos como dieta exclusiva (ANVISA<a>, 1998).
A deficiência quando diagnosticada deve ser tratada de acor-
do com a magnitude e isso só será quantificado a partir de uma
avaliação médica.
A finalidade de um medicamento polivitamínico é muito bem
esclarecida para a medicina, mas para as indústrias que comer-
cializam seus produtos no mercado, o objetivo das vendas vai
além de uma indicação para o problema relacionado ao déficit
de vitaminas e envolve questões, como estado físico e mental
associado ao consumo desses medicamentos.
O marketing utilizado incentiva a população ao consumo
dos medicamentos polivitamínicos, com isso a automedicação
se torna cada vez mais freqüente, não sendo levadas em consi-
deração as consequências do uso abusivo e inadequado. O ex-
cesso e o acúmulo de algumas vitaminas no organismo podem
desencadear as hipervitaminoses, especialmente causadas pe-
las vitaminas lipossolúveis.
As vitaminas lipossolúveis são formadas por moléculas apo-
lares, ou seja, dependem da solubilização micelar por meio dos
sais biliares e da lipase pancreática para que a sua absorção
seja eficiente. A formação da micela é necessária para que a
vitamina seja carreada até o lúmen intestinal aquoso (MOURÃO
et al.,2005).
Dependendo da composição da dieta do indivíduo, certos lipí-
deos podem interferir na absorção das vitaminas, causando defici-
ência ou favorecendo seu metabolismo na absorção e distribuição.
Em função desta complexidade, torna-se um desafio o desenvolvi-
mento de recomendações de ampla aceitação para uma formula-
ção oral padrão a ser utilizada na determinação de biodisponibili-
dade relativa das vitaminas lipossolúveis (MOURÃO et al., 2005).
VITAMINAS LIpOSSOLúVEIS
As vitaminas lipossolúveis podem ser classificadas em qua-
tro tipos: A, D, E e K.
Vitamina a
A vitamina A faz parte de um termo nutricional que se refere
a uma família de compostos alimentares lipossolúveis essenciais
ao organismo e estão relacionadas estruturalmente ao retinol e
seus ésteres. O retinol quando oxidado gera compostos como o
retinaldeído e o ácido retinóico, que são metabólitos biologica-
mente ativos. O termo retinóides inclui todas as moléculas que
se referem ao retinol e grande número de compostos análogos
sintéticos (ROSS, 2009). A vitamina A apresenta-se de acordo
com a fórmula estrutural a seguir (Fig.1):
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A maioria dos tecidos são compostos de retinol esterifica-
do com um ácido graxo (retinil palmitato ou esterato), enquanto
a maioria das preparações farmacêuticas disponíveis comer-
cialmente contêm retinil palmitato ou acetato, pois as formas
esterificadas são mais estáveis. Todos estes compostos são
convertidos em retinol e são equivalentes em nível nutricional
(ROSS, 2009).
Apenas 10% dos 600 carotenóides conhecidos apresentam
atividade provitamínica A, sendo que, dentre eles, o Beta-Caro-
teno é o que tem maior representatividade nesta função e são
encontrados em alimentos de origem vegetal como em frutas de
cores avermelhadas. Já em produtos de origem animal e na for-
ma sintética, a vitamina A encontra-se principalmente na forma
de retinol ou pré-formada e ativa (MOURÃO et al., 2005).
Os estudos relacionados à biodisponibilidade da vitamina A
denotam que a vitamina A pré-formada, tem 70% a 90% maior
eficiência de absorção em relação às provitaminas A. Uma expli-
cação para este fato, seria provavelmente por elas sofrerem uma
absorção passiva, além de sua lenta taxa de conversão em vita-
mina A ativa, no intestino delgado e no fígado (BURCKHALTER,
KOROLKOVAS, 1988; MOURÃO et al., 2005;)
A vitamina A é muito importante para manutenção da inte-
gridade da epiderme e das mucosas. Ela é necessária para a
síntese de glicoproteínas que participam na adesão celular e na
diferenciação dos queratinócitos na pele, impedindo a incidên-
cia de infecções cutâneas; Exerce papel na utilização do ferro
na imunidade humoral, na imunidade mediada pelas células T,
na atividade das células destruidoras naturais e na fagocitose
(CALDER, YAQOOB, 2006; ROSS, 2009).
A vitamina A induz a formação da imunoglobulina A, aumen-
tando o fator que estimula a produção destas imunoglobulinas
(LIMA et al., 2012). No desenvolvimento embrionário a vitamina
A, juntamente com outros fatores, auxilia no controle da expres-
são gênica (CALDER, YAQOOB, 2006; ROSS, 2009).
Ela também desempenha funções na retina. Ela contém
quatro tipos de fotopigmentos, um deles é chamado de rodop-
sina, esta por sua vez desempenha uma função fundamental na
adaptação do olho em condições de pouca luz e visão noturna.
A vitamina A além de ser armazenada pela rodopsina, participa
também da sua síntese. As células da retina possuem um siste-
ma muito complexo para manter e controlar as reservas de vita-
mina A, portanto a diminuição das reservas desta vitamina só se
tornará um problema, somente quando houver uma abstinência
em períodos prolongados (FERNSTROM, FERNSTROM, 2006).
Alguns órgãos exercem papéis fundamentais no metabolis-
mo da vitamina A como o intestino delgado, o fígado e os teci-
dos periféricos. A atuação de diversas proteínas de ligação ao
retinol também desempenham funções importantes como trans-
porte, solubilidade e mediação das funções. Estas proteínas são
encontradas em quase todas as células do organismo e dife-
rem quanto à distribuição nos tecidos. Os principais grupos de
proteínas são: proteína transportadora plasmática em conjunto
com a sua co-transportadora transtiretina, proteínas citossólicas
ligadoras de retinóides (encontradas nas frações solúveis das
células), proteína celular ligadora de retinal (localizada na retina)
e proteína ligadora de retinóide intersticial, (sintetizada pelas cé-
lulas fotorreceptoras) (ROSS, 2009).
A absorção da vitamina A é feita no intestino delgado tanto
na forma de retinol ou ésteres de retinil, como na forma de provi-
tamina A. Após a ingestão da vitamina, esta sofre a ação de sais
biliares que têm a função antioxidante e também atuam como
carreadores na passagem da vitamina pela parede intestinal. A
vitamina também sofre ação da lipase pancreática necessária
para emulsificação e posterior hidrólise dos ésteres de retinil.
Após este processo o retinol é passivamente absorvido pelos
enterócitos no lúmen intestinal aquoso. A maior parte do retinol
intestinal é esterificada e transportada em quilomícrons por meio
do sistema linfático intestinal à circulação sistêmica. Uma prote-
ína de ligação do retinol presente nos enterócitos é responsável
pela esterificação do retinol em ésteres de retinil (ROSS, 2009).
Na circulação sistêmica o retinol (ésteres de retinil) está li-
gado à proteína transportadora plasmática. Este complexo pro-
téico interage com uma segunda proteína co-transportadora
chamada transtiretina, que por sua vez, impede que a vitamina
A seja filtrada pelos glomérulos renais, protegendo o organismo
da possível intoxicação pelo retinol e favorecendo sua ação pela
ligação do complexo protéico aos receptores específicos da su-
perfície celular, sendo assim a vitamina A é captada por vários
órgãos e tecidos (SACRAMENTO, SILVA, 2006).
O fígado é o principal órgão responsável por armazenar
aproximadamente 90% da vitamina A nos hepatócitos e a quan-
tidade é suficiente para suprir as necessidades do organismo
durante 3 a 12 meses. Caso a circulação dos quilomícrons seja
prolongada, uma proporção do retinol (ésteres de retinil) pode
ser transferida para as lipoproteínas e entrar nas células pelas
vias da lipoproteína mediada por receptor. Em condições nor-
mais, 80% da vitamina A ingerida é absorvido, sendo o restante
eliminado. A concentração da vitamina A na linfa e no plasma
alcança um pico máximo de 2 a 6 horas após administração oral,
ocorrendo diminuição devido à deposição da vitamina no fígado
(ROSS, 2009; SACRAMENTO, SILVA, 2006).
Uma importante característica da fisiologia do retinol plas-
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mático é o seu mecanismo de reciclagem. O retinol segue para
os tecidos e retorna novamente ao plasma. Um estudo relacio-
nado a este fato demonstrou que a molécula de retinol exerce
uma média de reciclagem de 9 a 11 vezes entre o fígado, plas-
ma, rins e outros tecidos, constantemente. Com isso pode-se
concluir que a capacidade de armazenamento da vitamina A no
organismo é alta, enquanto que a capacidade de dispor do ex-
cesso é limitada. A falta de mecanismos eficientes de descarte é
uma explicação para vitamina A se apresentar em níveis tóxicos
quando a ingestão excede as necessidades (ROSS, 2009).
A eliminação da vitamina A se dá pela via fecal, onde ocorre
conjugação do retinol e do ácido retinóico com o ácido glicurôni-
co no fígado, gerando 20% a 30% de metabólitos conjugados e
pela via renal, onde ocorre metabolização do retinol e do ácido
retinóico no fígado e nos rins, gerando 10% a 20% de metabólitos
de degradação oxidados. É excretada também no leite materno.
Em estados patológicos como a pneumonia, a excreção da vita-
mina A pela via renal é acentuada, sendo eliminado aproximada-
mente 3.000 UI ao dia, já as doenças renais crônicas que afetam
a filtração glomerular estão associadas aos níveis mais elevados
de retinol plasmático (ROSS, 2009; SACRAMENTO, SILVA, 2006).
Quando a vitamina A é consumida em quantidades acima
das necessidades fisiológicas, a eficiência da absorção é elevada.
Há também outros fatores que podem influenciar como a ingestão
de vitamina E, proteínas e gorduras (MOURÃO et al., 2005; ROSS,
2009). A presença da vitamina E, ingerida simultaneamente com
a vitamina A, aumenta a absorção desta última, sendo que seu
efeito antioxidante protetor nos lipídeos carreadores da vitamina
A, protegendo-os da degradação, pode ser uma das explicações
para este fenômeno (MOURÃO et al., 2005).
Uma dieta rica em proteínas e gorduras também é essen-
cial na formação das micelas, fenômeno indispensável para que
ocorra a absorção, sendo as proteínas agentes ativos de su-
perfície no lúmen intestinal e a gordura veículo de transporte da
vitamina A e estimulador do fluxo biliar (MOURÃO et al., 2005).
Vitamina E
A vitamina E é constituída por uma família de compostos,
sendo que estruturalmente o alfa-tocoferol e o alfa-tocotrienol
são encontrados em maiores quantidades na natureza e apre-
sentam maior bioatividade. Uma das principais fontes naturais
de se adquirir a vitamina E é através de uma alimentação rica
em sementes como cereais, soja, amendoim, dentre outros. No
óleo de trigo é onde se encontra a fonte mais rica de vitamina E
(MOURÃO et al., 2006; SACRAMENTO, SILVA, 2006). A vitamina
E (Tocoferol) é apresentada de acordo com a seguinte fórmula
estrutural (Fig.2):
Esta vitamina tem como função a ação antioxidade e de-
puradora que rompe cadeias, sendo um eliminador eficiente do
radical hidroxila, que protege as lipoproteínas de baixa densida-
de (LDL) e os lipídios poliinsaturados nas membranas celulares
contra a ação oxidante. Tem também a função de inibir a síntese
de prostaglandinas, a atividade da proteinoquinase C e da fos-
folipase A2 (FERNSTROM, FERNSTROM, 2006; SACRAMENTO,
SILVA, 2006).
A absorção da vitamina E ocorre a partir da mucosa intes-
tinal e segue o mesmo processo do metabolismo lipídico, pela
dependência dos sais biliares, formação de micelas e incor-
poração aos quilomícrons, para posterior transporte na linfa. A
eficiência de absorção parece ser maior quando a vitamina é
solubilizada com ácidos graxos de cadeia média e triglicerídeos.
Ao contrário das outras vitaminas lipossolúveis, que apresentam
proteínas de transporte no plasma sanguíneo, a vitamina E é
transportada inespecificamente pelas lipoproteínas do plasma.
Assim que os ácidos graxos advindos da alimentação juntamen-
te com os quilomícrons contendo grande porção de vitamina E
alcançam o fígado, ocorre um processo de biodisponibilização
dos VLDL’s, estes têm o núcleo rico em triglicerídeos. Na circu-
lação os VLDL’s são deslipidados em LDL’s que interagem com
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seus receptores específicos presentes nos tecidos periféricos,
bem como no fígado. Durante o processo de deslipidação a vita-
mina E é transferida aos HDL’s, que podem transferir a vitamina
para todas as lipoproteínas circulantes. A vitamina E quando ad-
ministrada pela via oral, 50% a 80% da vitamina são absorvidos,
sendo essa proporção similar em relação à vitamina absorvida
dos alimentos (SACRAMENTO, SILVA, 2006; TRABER, 2009).
A vitamina E é transportada no sangue associada às lipopro-
teínas. Ainda não foi evidenciado o mecanismo do seu transporte
para o tecido nervoso, mas geralmente é rapidamente carreada
pelas lipoproteínas com a qual mantém afinidade (FERNSTROM,
FERNSTROM, 2006; SACRAMENTO, SILVA, 2006).
Diferentemente das outras vitaminas lipossolúveis, a vitami-
na E não é acumulada no fígado em níveis tóxicos, ela chega
à corrente sanguínea por via linfática e distribui-se por todo or-
ganismo incluindo músculos esqueléticos, hipófise, glândulas
supra-renais, glândulas mamárias, pulmões, baço e nos depó-
sitos gordurosos (SACRAMENTO, SILVA, 2006; TRABER, 2009).
Grande parte da vitamina E é eliminada pela via fecal, por
apresentar baixa absorção intestinal. No leite materno a elimi-
nação constitui o veículo da vitamina E para o lactante. A pele
também pode ser uma via de excreção importante para essas
vitaminas, as glândulas sebáceas secretam vitamina E para
proteger as células cutâneas da ação oxidante (SACRAMENTO,
SILVA, 2006; TRABER, 2009).
A deficiência de vitamina E é extremamente rara nos seres
humanos. Quando ocorre um quadro de deficiência, está asso-
ciada a determinadas anormalidades no transporte e na absor-
ção de gorduras (FERNSTROM, FERNSTROM, 2006).
Vitamina D
A primeira vitamina D isolada era composta por um foto-
produto da irradiação do ergosterol e ficou conhecida desse
modo durante muitos anos. Após vários estudos, foi possível
reconhecer que ela era na verdade uma mistura de substâncias
provenientes da irradiação solar e com a purificação dessa mis-
tura, foi detectado um único composto presente, denominado
ergocalciferol ou vitamina D2. Posteriormente foi descoberto que
a vitamina D2 teria pequena atividade anti-raquítica e assim foi
sintetizado um novo análogo da pró-vitamina D semelhante ao
ergosterol, contendo na cadeia lateral da sua estrutura a inser-
ção da molécula do colesterol, que por sua
vez produzia uma potente atividade anti-raquítica e, além
disso, era semelhante à vitamina D encontrada nos óleos de pei-
xe e na pele de mamíferos. Essa pró-vitamina D foi denominada
como pró-vitamina D3 ou 7-deidrocolesterol/colecalciferol D3 e
que, após a irradiação, é convertida em vitamina D3 (HOLICK,
2009; MOURÃO et al., 2005).
Após alguns anos, um estudo realizado por Velluz et al. de-
terminou que a pró-vitamina D3 quando exposta a radiação não
produzia nenhuma vitamina D3 ativa e com isso relataram o iso-
lamento de um novo fotoproduto denominado pré-vitamina D3,
uma substância termolábil capaz de se converter em vitamina D3
por um processo termodependente (HOLICK, 2009; MOURÃO
et al., 2005).
A vitamina D está relacionada com a importante função de
mineralização das matrizes ósseas, mantendo as concentrações
intra e extracelulares de cálcio dentro de uma faixa de variação
fisiológica aceitável (HOLICK, 2009; MOURÃO et al., 2005). A
vitamina D é representada pelas seguintes fórmulas estruturais
(Fig.3 e 4):
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A irradiação UVB é a principal responsável pela fotólise da
vitamina D3 na derme e na epiderme. A pré-vitamina D3 é produ-
zida na membrana plasmática das células da pele. Ela permane-
ce em uma configuração estrutural s-cis e assim que isomeriza
em vitamina D3, sua conformação é alterada e esta atravessa a
membrana plasmática atingindo o espaço extracelular. Cerca de
80% a 90% da pré-vitamina D3 formada ocorre nas camadas de
crescimento ativo da pele, incluindo a camada basal e a espi-
nhosa da epiderme e o restante na derme (HOLICK, 2009).
Em indivíduos que apresentam uma pele branca, com baixa
produção de melanina, a exposição à luz solar leva a uma elevada
absorção da irradiação UVB e a pró-vitamina D3 é rapidamente
convertida em pré-vitamina D3, aumentando os níveis de vitamina
D3 no organismo. Devido a essa situação foi descoberto um me-
canismo de biodegradação, no qual ao invés da pré-vitamina D3
ser convertida em vitamina D3, ela é totalmente fotodegradada em
isômeros biologicamente inativos, pela própria irradiação solar e
com este mecanismo é evitado o excesso da formação de vitami-
na D3 oriunda da irradiação solar (HOLICK, 2009).
Atualmente é recomendável uma exposição solar de no mí-
nimo três vezes por semana em média, com duração de 15 a 20
minutos antes das dez horas da manhã. O ideal é expor braços,
pernas, pescoço e rosto sem a utilização do filtro solar nesse
espaço de tempo, pois fatores de proteção solar (FPS) acima de
oito já impedem a produção de nutrientes (BEM ESTAR, 2011).
A fonte de vitamina D oriunda da exposição solar é contra-
posta pela alta incidência de câncer de pele e pelas recomen-
dações para importância da utilização dos protetores solares,
dessa forma quando o indivíduo é exposto à luz solar, o protetor
reflete a irradiação UVB, impedindo assim a absorção e a forma-
ção da vitamina D3 advinda da irradiação solar.
Após a ingestão de vitamina D, este composto é incorpora-
do em nível dos quilomícrons e conduzido pela linfa após sofrer
absorção no intestino delgado. As concentrações circulantes de
vitamina D começam a aumentar dentro de horas após a absor-
ção e declinando gradualmente até o valor basal, no decorrer de
72 horas (HOLICK, 2009).
A vitamina D é em princípio, biologicamente inativa, sendo
necessárias reações químicas específicas para que as formas
ativas possam ser sintetizadas. Assim que a vitamina D (vitamina
D2 ou D3) chega à circulação sanguínea, ela pode ser armaze-
nada no tecido adiposo para uso futuro ou ser metabolizada no
fígado. No fígado a vitamina D sofre sua primeira hidroxilação
formando a principal forma de vitamina D circulante, a 25-hidro-
xivitamina D (25(OH)D). Apesar de a 25(OH) D ser a principal
forma de vitamina D circulante, ela é biologicamente inerte em
concentrações biológicas e para se tornar ativa deve sofrer hi-
droxilação pela ação de uma enzima chamada 25(OH) D-1alfa-
-hidroxilase específica (1-OHase), presente nos rins. Esta hidró-
lise enzimática gera o composto ativo 1,25-diidroxivitamina D
(1,25(OH)2 D) que tem a função de regular o metabolismo do
cálcio e do fósforo no intestino e nos ossos (HOLICK, 2009).
Quando ocorre um processo de deficiência de cálcio, as
glândulas paratireóides detectam esta redução e secretam o
paratormônio que tem a função de aumentar a reabsorção tubu-
lar de cálcio nos rins, aumentar a produção de 1,25(OH)2 D que
chega ao intestino delgado e elevar a eficiência de absorção
intestinal do cálcio. O resultado final consiste em um aumento
na absorção de cálcio, elevando os níveis deste na circulação e
a liberação do cálcio e do fósforo para o espaço extracelular. A
1,25(OH)2 D por mecanismos desconhecidos, também aumen-
ta a absorção do fósforo dietético no jejuno e no íleo (HOLICK,
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 143
2009; RUSSELL, SUTER, 2009).
A vitamina D e seus metabólitos são eliminados do organis-
mo principalmente através da bile, podendo ser excretada tam-
bém pelo leite materno e pelas fezes. Não há eliminação pela
urina (SACRAMENTO, SILVA, 2006).
Vitamina K
A vitamina K é a denominação genérica de um grupo de
compostos químicos lipossolúveis e que estão muito relaciona-
dos quando considerados essenciais à coagulação do sangue.
Eles atuam como co-fatores da enzima gama-glutamilcarboxi-
lase (Gla). A filoquinona (k1) é a forma natural da vitamina K,
encontrada em vegetais folhosos verdes como o espinafre, bró-
colis e a alface americana; a menaquinona (k2) é sintetizada por
bactérias anaeróbias principalmente a Escherichia coli presente
na flora intestinal dos seres humanos
em animais; a menadiona (k3) é um composto sintético e
pode ser convertido em menaquinona no intestino (MOURÃO et
al., 2005). A fórmula estrutural geral da vitamina K e os seus cor-
respondentes radicais das vitaminas K1 e K2 são demonstrados
a seguir (Fig. 5):
O processo de coagulação do sangue é essencial para a
homeostasia e envolve uma série de eventos para proteger o
organismo do risco de hemorragia e tromboembolismo. Para
que ocorra este processo há intervenção de vários fatores, entre
eles está a vitamina K que desempenha importante função em
uma das etapas. Ela participa da formação da protrombina (fator
de coagulação II), que é uma proteína indispensável na conver-
são do fibrinogênio em fibrina. Esta última é caracterizada como
uma proteína fibrosa, responsável por impedir que o sangue seja
extravasado para o meio extravascular formando uma camada
protetora juntamente com a ação das plaquetas e contendo a
hemorragia advinda do local lesionado (SUTTIE, 2009).
A absorção da vitamina K segue praticamente o mesmo
perfil de absorção das vitaminas lipossolúveis em geral, neces-
sitando da presença de bile e gorduras, sendo mais atuante na
porção do jejuno no intestino delgado. Após absorção a vita-
mina é liberada na circulação sanguínea pela via linfática. Sua
reserva nos órgãos e tecidos se dá em pequenas quantidades,
sendo o fígado o órgão em que maiores quantidades dessa vita-
mina são encontradas (SACRAMENTO, SILVA, 2006).
A deficiência de vitamina K em seres humanos adultos é
extremamente rara, sendo chamada de hipoprotrombinemia res-
ponsiva a vitamina K (SUTTIE, 2009).
A vitamina K pode ser eliminada por via fecal, por sua sínte-
se ser realizada na mucosa do intestino. Não há excreção pela
bile e nem pela urina (SACRAMENTO, SILVA, 2006).
HIpERVITAMINOSES E ESTUDOS cLíNIcOS
Os estudos e as pesquisas relacionando os problemas do
consumo excessivo das vitaminas lipossolúveis alertam quanto
aos riscos desencadeados pela negligência na utilização. Eles
demonstram que algumas vitaminas antes reconhecidas por
atuarem de forma benéfica, se tornam um perigo e/ou empecilho
para que outras manifestações acometam a saúde do indivíduo.
A utilização dos polivitamínicos precocemente também tem sido
uma questão muito importante a ser discutida e alguns estudos
demonstram essa situação.
Existem várias peculiaridades envolvendo a absorção das
vitaminas lipossolúveis no organismo e que muitas vezes não
são levadas em consideração pela falta de informação, tanto da
população, como dos profissionais da saúde. O uso incorreto
e indiscriminado de medicamentos polivítamínicos associados
a uma dieta excessiva de gorduras e proteínas poderia levar a
uma absorção exacerbada e ao acúmulo de vitaminas, como é
o caso da vitamina A.
A absorção relativamente ilimitada de retinol é benéfica
144 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785
quando há necessidade de suprir um déficit da vitamina de ma-
neira rápida, porém isto também faz parte da etiologia da hiper-
vitaminose A, que é induzida pelo excesso agudo ou crônico da
vitamina e em geral é o resultado do uso abusivo de suplemen-
tos contendo essa vitamina (ROSS, 2009).
A intoxicação crônica por vitamina A tem sido uma grande
preocupação nos países industrializados, e entre os sintomas
mais freqüentes podem ser citados: pele seca, vômitos, alopé-
cia, dor óssea, amenorréia, hiperlipidemia, glossite e hipercalce-
mia (DWYER, 2009).
A gravidade dos efeitos adversos é dependente da dose.
De acordo com o comitê do International Organization for Mi-
gration (IOM) (2001 apud Russell e Suter 2009, p.396, grifo
do autor) foram enfatizados três efeitos adversos potenciais
cruciais da hipervitaminose A: “risco aumentado de defeitos
congênitos em mulheres em idade reprodutiva, anormalidades
hepáticas e densidade mineral óssea (BDM) reduzida, poden-
do resultar em osteoporose.”
De acordo com Rothman (apud Russell e Suter 2009) a rela-
ção da ingestão de vitamina A dietética com defeitos congênitos
foi revisada através de registros de nascimentos e entrevistas
feitas sobre a alimentação de mais de 22.000 gestantes nos
Estados Unidos. Nesse estudo foi realizada uma análise de re-
gressão logística após o nascimento de 339 bebês portadores
de defeitos congênitos. Com o resultado os autores concluíram
que o risco de defeitos congênitos era significativamente maior
em mulheres que consumiram mais de 10.000 UI/dia de suple-
mentos de vitamina A, antes da sétima semana de gestação. De
acordo com Bandini e Flynn (2006) a intoxicação por vitamina A
pode se tornar teratogênica nos seres humanos levando a má-
-formações fetais, como anomalias no sistema nervoso central,
timo, coração e anormalidades craniofaciais.
A hepatotoxicidade é uma das conseqüências mais graves
do consumo crônico de vitamina A. Algumas podem ser confun-
didas com outros fatores relacionados à lesão hepática como
alcoolismo, hepatites A, B e C, medicações hepatotóxicas ou
alguma doença do fígado. As anormalidades características das
altas ingestões de vitamina A a longo prazo podem ser descri-
tas como evidência de excesso de vitamina A nas células peri-
sinusoidais, fibrose perisinusoidal, hiperplasia e hipertrofia das
células estreladas. Em geral valores maiores que 15.000 µg/dia
utilizados por períodos de 1 a 30 anos de duração, podem cau-
sar esses efeitos (ROSS, 2009).
Achados epidemiológicos indicaram que o consumo maior
que 1.500 µg/dia podem reduzir a densidade óssea, principal-
mente em mulheres após a menopausa e em homens idosos,
elevando a incidência de osteoporose e de fraturas nos quadris
em algumas populações (BANDINI, FLYNN, 2006). Quinze por
cento das mulheres e 39% dos homens em um estudo de uma
comunidade americana com idade avançada nos Estados Uni-
dos, faziam o uso de suplementação com vitamina A e entre
as mulheres usuárias as alterações da densidade mineral óssea
foram inversamente associadas à ingestão de retinol (ROSS,
2009).
Os indivíduos susceptíveis à manifestação de hipervitamino-
se A fazem o uso contínuo de suplementos à base de vitamina
A e têm o costume de introduzir na alimentação uma das fon-
tes mais ricas dessa vitamina, o fígado bovino. (HEIMBURGER,
McLAREN, SHILLS, 2009).
Já nos estudos envolvendo a vitamina E foram demons-
tradas várias informações controversas, relacionadas à suple-
mentação de vitamina E e os seus benefícios no tratamento de
doenças que acometem o Sistema Nervoso Central, doenças
cardiovasculares e no câncer de próstata.
Todas as formas de vitamina E podem contribuir para toxi-
cidade, doses acima de 800 mg/dia podem reduzir a agregação
plaquetária e interferir no metabolismo da vitamina K. Há relatos
de manifestações como flatulência, náuseas e diarréia no consu-
mo de doses acima de 1g/dia (DWYER, 2009).
Estudos indicam que a vitamina E está envolvida em algu-
mas doenças do Sistema Nervoso Central que estão ligadas à
lesão oxidativa. Como exemplo tem-se a Doença de Alzheimer
que é uma enfermidade caracterizada por demência senil, asso-
ciada à degeneração progressiva no cérebro. De acordo com a
observação vinda de uma prova clínica a suplementação de vi-
tamina E poderia retardar a evolução da doença (FERNSTROM,
FERNSTROM, 2006).
De acordo com Fernstrom e Fernstrom (2006, p.150) ”[...]
esses achados não indicam se excentricidades no consumo de
vitamina E por períodos prolongados constituem uma causa da
doença.”
Foram feitos estudos em seres humanos que receberam
suplementos de vitamina E, para uma análise da ação do alfa-
-tocoferol em relação ao risco de ataques cardiovasculares e os
resultados foram discrepantes. O benefício da suplementação
em doenças cardíacas está envolvido com a capacidade de
interferência desta vitamina em evitar a formação de coágulos.
Uma das intervenções mais importantes em ataques cardíacos
e AVC’s é a prevenção do trombo. Já o prejuízo está relacionado
ao poder de sangramento que o alfa-tocoferol pode ocasionar
potencializando o efeito de medicamentos que têm ação antico-
agulante como o ácido acetilsalicílico, podendo resultar em um
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 145
quadro de hemorragia (TRABER, 2009).
Um estudo relacionado ao fato acima foi realizado com 14
mil pessoas do sexo masculino, com idade média de 50 anos e
com baixo risco de doenças cardiovasculares no início do estudo
por oito anos. Foram avaliados os efeitos dos suplementos de vi-
tamina E e vitamina C. Os participantes foram randomizados para
receber 400 UI/dia de vitamina E ou 500 mg/dia de vitamina C
ou um placebo. Como resultados foram confirmados 1.245 even-
tos cardiovasculares, sendo 511 casos de infarto do miocárdio
e 464 casos de acidente vascular cerebral. Ao longo do estudo
morreram 1.661 homens e com isso os autores concluíram que a
vitamina E e a vitamina C não tiveram qualquer efeito sobre a pre-
venção de eventos cardiovasculares. Estas vitaminas não estão
relacionadas ao efeito significativo sobre a mortalidade total, mas
a vitamina E foi associada a um aumento do risco de acidente
vascular cerebral hemorrágico (SESSO et al., 2008).
A vitamina E apresenta também influência sobre o sistema
imune. Os radicais livres formados pela peroxidação dos lipíde-
os nas células são imunossupressores. Por este fato conside-
ra-se que a vitamina E deve atuar para aperfeiçoar a resposta
imune. A suplementação desta vitamina em idodos pode ser
benéfica, mas há um estudo que revelou respostas elevadas da
“Hipersensibilidade do Tipo Tardia” que é um tipo de imunidade
celular induzida nos seres humanos através da sensibilização
de contato com substâncias químicas e antígenos ambientais.
“Portanto doses excessivamente acima das demandas normais
podem suprimir a resposta imune” (CALDER, YAQOOB, 2006).
A ingestão diária de vitamina E antes considerada um em-
pencílio na prevenção do câncer de próstata, agora pode cau-
sar efeitos inversos, aumentando as chances de desenvolver a
doença e outros tumores. Um estudo foi realizado pela Clínica
Cleveland, em Ohio, no período de 2001 a 2004 para determinar
os efeitos da suplementação de selênio, vitamina E e da asso-
ciação de ambos envolvidos na prevenção de alguns tumores.
O estudo randomizado envolveu uma média de 35 mil homens
com idade acima de 50 anos, além disso, foi incluída a auto-
-identificação de raça e etnia para generalização dos resultados
do estudo. Eles foram separados aleatoriamente em quatro gru-
pos. Um grupo recebeu doses de selênio, outro de vitamina E,
outro a associação de selênio e vitamina E e o último recebeu
placebo. Este estudo teve como resultado um número maior de
casos de câncer de próstata nos indivíduos que faziam o uso
de suplementos com vitamina E em comparação ao grupo que
utilizava somente o placebo. Reconhece-se que a vitamina E e
o selênio não oferecem prevenção contra o câncer de próstata.
Esses dados enfatizam a prudência que é necessária em con-
sideração às recomendações da utilização de suplementos. O
mecanismo pelo qual ocorre o processo de malefício da vitami-
na E ligado ao câncer de próstata ainda é desconhecido. Pes-
quisas devem ser realizadas para evidenciar maneiras efetivas
de prevenir, detectar e curar a doença. Vale ressaltar ainda a
importância de consultar o médico antes de iniciar uma dieta
baseada em suplementos vitamínicos (LIPPMAN et al., 2009).
Uma metanálise relatando o aumento da mortalidade por
diversas causas em indivíduos que faziam o uso de vitamina E
na quantidade de 400 mg ou mais diariamente, levou a uma dis-
cussão relacionando o limite máximo tolerável dessa vitamina e
a uma possível redução nesse limite (HEIMBURGER, McLAREN,
SHILLS, 2009).
Como em todos os estudos citados acima, a vitamina D
também possui várias discussões quanto à utilização excessi-
va, sendo apresentadas as possíveis manifestações que podem
ocorrer, juntamente com informações relacionadas ao uso ex-
cessivo do cálcio que tem importante ligação a essa vitamina.
A vitamina D é a mais tóxica das vitaminas, quando ingerida
em quantidades inadequadas. A administração diária de 10.000
UI a 20.000 UI da vitamina D a crianças ou de 100.000 UI a adul-
tos pode provocar sintomas tóxicos (HOLICK, 2009).
A hipervitaminose D está associada com a hipercalcemia
ocasionando sintomas como constipação, dores abdominais e
náuseas na fase inicial e depois, diarréia levando ao quadro de
poliúria, polidipsia e desidratação. Depósitos de sais de cálcio
podem se acumular em túbulos renais levando a nefrocalcino-
se, cálculos nos rins e calcificação de tecidos moles. Os níveis
de fósforo no soro sanguíneo também aumentam consideravel-
mente em casos de intoxicação. Em crianças as manifestações
mais comuns são de retardamento físico e mental, deficiência
renal e morte (HOLICK, 2009; SACRAMENTO, SILVA, 2006).
De acordo com uma pesquisa realizada pela Divisão de
Câncer Epidemiológico e Preventivo do Instituto Social e Preven-
tivo de Medicina da Universidade de Zurique, na Suíça, foi feito
um estudo a partir do ano de 1994 abordando o consumo de cál-
cio e problemas cardiovasculares em um grupo de 24 mil pesso-
as. Esse acompanhamento foi realizado durante onze anos. Os
resultados foram surpreendentes, as pessoas que consumiam
o cálcio moderadamente adquirindo-o da própria alimentação,
apresentaram um risco menor em desenvolver ataques cardía-
cos. Já em um grupo de pessoas que utilizavam suplementos
contendo cálcio foi observado um aumento de 86% em ataques
cardíacos entre indivíduos que faziam o uso regularmente. Vale
a pena ressaltar que em praticamente todos os suplementos
contendo cálcio comercializados atualmente possuem a vitami-
146 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785
na D em sua formulação, que é um precursor na absorção do
cálcio (CONSUMO..., 2012).
Em outro estudo realizado por pesquisadores da Universi-
dade de Johns Hopkins, foram submetidos 15.000 participan-
tes adultos, entre os anos de 2001 e 2006. Os pesquisadores
encontraram uma relação no que diz respeito à vitamina D e a
Proteína C Reativa (PCR) em adultos sem sintomas cardiovas-
culares. Como resultado foi encontrado pequenos processos
inflamatórios e baixos níveis de PCR em indivíduos que apre-
sentavam níveis normais ou próximos do limite de vitamina D na
corrente sanguínea e naqueles indivíduos que apresentavam um
nível de vitamina D inferior ao limite do intervalo normal, foi pos-
sível constatar que qualquer aumento adicional de vitamina D
poderia resultar em um aumento abrupto dos níveis de PCR, que
tem extrema ligação à rigidez dos vasos sanguíneos, fator no
qual levou a conclusão do risco de problemas cardiovasculares
relacionado à utilização excessiva de vitamina D (AMER, 2012).
Em relação à menopausa e o risco de osteoporose, o con-
sumo de cálcio se torna muito importante, mas deve-se levar
em consideração que alguns indivíduos apresentam uma matriz
óssea fortalecida, não necessitando de suplementação. A orien-
tação médica é de extrema importância nessa situação.
Os indivíduos propensos a desenvolverem a manifestação de
hipervitaminose D são aqueles que fazem o uso de suplementa-
ção a base de vitamina D e consomem concomitamente grandes
quantidades de óleos de peixe e leite fortificado, que são fontes
ricas em vitamina D (HEIMBURGER, McLAREN, SHILLS, 2009).
As manifestações relacionadas à hipervitaminose D são re-
versíveis. Deve-se suspender a administração imediatamente da
vitamina D e cálcio oriundo da dieta. É desaconselhável também
a exposição à luz solar. A hipercalcemia é revertida com a in-
gestão de grande quantidade de líquidos para diminuir os níveis
de cálcio sanguíneo e promover sua mobilização nos tecidos
(HOLICK, 2009; SACRAMENTO, SILVA, 2006).
Outra vitamina lipossolúvel a ser citada é a vitamina K, sen-
do que esta é uma exceção no que diz respeito a estudos re-
lacionados à toxicidade e a manifestações de hipervitaminose.
Não foram constatados na literatura manifestações importantes
associadas ao consumo excessivo dessa vitamina.
Atualmente o consumo de polivitamínicos abre espaço para
usuários cada vez mais jovens que estão preocupados com a
saúde e iniciando um tratamento de suplementação precoce-
mente sem a orientação médica adequada. Os estudos a seguir
relatam essa realidade.
Com o objetivo de elucidar a prevalência e caracterizar as
práticas do consumo de produtos vitamínicos, foi realizado um le-
vantamento em uma amostra de 894 estudantes com faixa etária
dos 17 aos 24 anos, de uma universidade privada no município de
São Paulo. As informações foram coletadas por meio de um ques-
tionário, abordando a freqüência da utilização de polivitamínicos
nos três meses anteriores a entrevista. Foi observado que 30%
dos estudantes consumiam produtos vitamínicos, sendo 23% fa-
ziam o consumo de produtos vitamínicos pelo menos uma vez por
semana, definindo o grupo dos consumidores regulares e 13%
os que consumiam diariamente. Cerca de 6% consumiam uma
a duas vezes por mês, sendo classificados como consumidores
esporádicos. De acordo com a prevalência de consumo regular
em relação ao total de consumidores vale ressaltar que, em meio
aos multivitamínicos dos 143 consumidores 83% faziam o uso
regular, dos 50 consumidores de vitamina A 68% faziam o uso
regular e dos 50 consumidores de vitamina E 65% faziam o uso
regular. No questionário havia perguntas sobre a razão da utiliza-
ção e a maioria das respostas dos estudantes estava relacionada
com a garantia da saúde, prevenção de doenças e a reposição
da alimentação. Os multivitamínicos são em geral utilizados re-
gularmente, dado compatível com uma das principais razões de
consumo: a reposição da alimentação. As farmácias e drogarias
foram os locais mais utilizados para aquisição dos produtos vita-
mínicos. Nota-se que a maioria dos entrevistados utilizava os pro-
dutos vitamínicos sem a orientação médica adequada, ou seja,
sem que houvesse sido detectada a necessidade clínica de uma
suplementação (FILHO, SANTOS, 2002).
Já outro estudo realizado por pesquisadores da University
of California School of Medicine, foi realizado entre os anos de
1999 e 2004, analisando dados de dez mil crianças e adoles-
centes com idade de 2 a 17 anos, foi constatado que mais de
um terço das crianças e adolescentes saudáveis consumiam
diariamente medicamentos polivitamínicos, demonstrando que
as crianças que tinham uma dieta equilibrada, eram mais pro-
pensas ao consumo de polivitamínicos. Entre as crianças mais
saudáveis o consumo era maior em comparação com as crian-
ças que apresentavam saúde precária e que realmente neces-
sitavam da suplementação. Os pesquisadores relataram que os
futuros estudos sobre o tema provavelmente incluirão entrevis-
tas diretas com os pais, para descobrir qual a justificativa para
suplementação em casos que não existiam razão ou a orienta-
ção médica adequada. O estudo também observou que fatores
sócio-demográficos que influenciam na utilização de medica-
mentos polivitamínicos são os mesmos que influenciam o aces-
so a uma alimentação saudável, atividade física e a manutenção
do peso corporal (SHAIKH et al., 2009).
Embora esta pesquisa tenha sido realizada nos Estados
Unidos, a situação pode também estar ocorrendo no Brasil. Em
PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785 l 147
geral a suplementação da dieta é motivada pela preocupação
com a saúde, associada à avaliação negativa da alimentação
e realizada como prática preventiva por aqueles que acreditam
em seus benefícios. A influência gerada por esses produtos no
mercado induzem sua utilização em demasia, atingindo cada
vez mais pessoas jovens.
Vários estudos e pesquisas demonstraram que o uso ex-
cessivo de vitaminas lipossolúveis pode desencadear manifes-
tações graves ao organismo, apesar de muitos mecanismos
relacionados à fisiologia dos efeitos adversos ainda não apre-
sentarem explicações científicas totalmente comprovadas.
FATORES qUE cONTRIbUEM pARA O cONSUMO
ExcESSIVO DE VITAMINAS
Entre vários fatores que contribuem para o uso excessivo de
vitaminas, a automedicação tem desempenhado papel de desta-
que, sendo considerada um problema de saúde pública no Brasil.
A automedicação existe independentemente da faixa etária
e este ato pode causar maiores complicações quando a utili-
zação de um medicamento é realizada de maneira incorreta e
às vezes sem necessidade. Um dos fatores que contribuem
para esta questão refere-se à venda de medicamentos que não
necessitam da apresentação de prescrição médica, ou seja,
os MIPs (Medicamentos Isentos de Prescrição). Entre os MIPs
podem-se destacar: antigripais, analgésicos, antiinflamatórios,
antitérmicos, laxantes e polivitamínicos. Segundo a nova RDC
n°41 de 26 de julho de 2012 as drogarias e farmácias podem
optar pela venda dos MIPs em gôndolas de autosserviço, permi-
tindo que estes medicamentos sejam expostos fora dos balcões
para livre acesso dos consumidores (ANVISA, 2012).
Em 2009 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (AN-
VISA) determinou através do artigo 40 da RDC n°44 de 17 de
agosto de 2009 que os MIPs deveriam ser armazenados atrás
dos balcões das farmácias, sem o acesso dos consumidores,
com o objetivo de que a aquisição desses medicamentos seja
feita de maneira correta, com a orientação do farmacêutico para
uma possível diminuição dos riscos de intoxicações pela auto-
medicação. Esta RDC foi amplamente discutida pela indústria
farmacêutica e demais envolvidos, gerando muitas polêmicas e
questões judiciais. Levantamentos realizados na época aponta-
ram que a restrição de acesso dos consumidores aos medica-
mentos não contribuiu para redução ao número de intoxicações
no país (ANVISA, 2009; PAZIAN, 2012).
O estudo concluiu também que essa medida trouxe preju-
ízos ao consumidor, que foi impedido de exercer seu poder de
escolha. Após dois anos a RDC n°44/09 foi revisada e em 2012
novamente foi aprovada a venda dos MIP’s em gôndolas de au-
tosserviço (ANVISA, 2012; PAZIAN, 2012).
A comercialização destes medicamentos nas drogarias está
cada dia mais banalizada e o paciente não tem recebido as in-
formações necessárias a respeito do tratamento correto a que
deveria ser submetido e por fim é prejudicado. O objetivo das
vendas tem focado exclusiva e excessivamente o lucro em detri-
mento do cuidado ao paciente.
Quando o medicamento é disposto no autosserviço, este é
confundido com outros tipos de produtos tidos como inócuos
pelos consumidores e que dispensam a orientação quanto ao
uso, fazendo com que essas informações não sejam solicita-
das ao farmacêutico, contribuindo para a utilização incorreta dos
medicamentos e em especial das vitaminas.
ASpEcTOS LEgAIS
Além dos estudos clínicos descritos, outras importantes fon-
tes de informação indiretamente evidenciam um alerta em rela-
ção à utilização de vitaminas lipossolúveis. A Portaria SVS n°33
de 13 de janeiro de 1998 e a RDC n°269 de 22 de setembro de
2005 estabelecem a Ingestão Diária Recomendada (IDR) para
cada vitamina. A IDR tem por definição a quantidade de vita-
minas e/ou nutrientes que devem ser consumidos diariamente
para atender as necessidades nutricionais de um indivíduo sadio
(ANVISA, 2005). Os valores de IDR para cada vitamina lipossolú-
vel podem ser observados nas tabelas a seguir:
148 | PÓS EM REVISTA DO CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON 2013/1 - NÚMERO 7 - ISSN 2176 7785
Observações:Um UI = 0,3 mcg de retinol equivalente ou 1,8 mcg de beta-
-caroteno.
Um alfa tocoferol equivale a um mg d-alfatocoferol = 0,671
UI = 0,671 mg d-L-alfa acetato de tocoferila.
Sob a forma de colicalciferol, um mcg de colicalciferol =
40 UI.
Observações:
Um micrograma retinol = um micrograma RE; um microgra-
ma beta-caroteno = 0,167 micrograma RE; Um micrograma de
outros carotenóides provitamina A = 0,084 micrograma RE; Um
UI = 0,3 micrograma de retinol equivalente.
Um mg alfa-TE; 1,49 UI = um mg d-alfa-tocoferol.
Um micrograma de colicalciferol = 40 UI.
Conforme mostrado nessas tabelas, é possível observar
que há alterações nos valores do IDR em função da Portaria e
da RDC, respectivamente. Essas alterações demonstram uma
possível medida para combater as intoxicações por vitaminas
lipossolúveis resultando em hipervitaminoses, já que para a co-
mercialização dos medicamentos polivitamínicos não é neces-
sário a apresentação da prescrição médica e ainda a incidên-
cia de estudos demonstrando os problemas ocasionados pelo
consumo excessivo das vitaminas lipossolúveis cada vez maior,
também pode ser um dos motivos para essas alterações nos
valores de IDR. Em suma a quantidade diária recomendada de
quase todas as vitaminas lipossolúveis foi reduzida.
Quando se trata de suplementos e medicamentos à base de
vitaminas e/ou minerais a legislação pode levar a entendimentos
diferenciados dos conceitos, quer pelos profissionais da saúde,
quer pelos consumidores. As diferenças nas doses oferecidas ao
consumidor em cada produto são os parâmetros para sua classi-
ficação como suplementos alimentares ou como medicamentos.
Os medicamentos polivitamínicos diferem dos suplemen-
tos vitamínicos e/ou minerais pelas seguintes classificações: os
medicamentos à base de vitaminas e minerais englobam todos
aqueles cujos esquemas posológicos diários situam-se acima
de 100% da IDR. É importante ressaltar que o esquema posoló-
gico nem sempre se relaciona com a dose de cada comprimido
ou drágea, e sim a recomendação de uso que consta na bula
do produto para um dia de tratamento, observa-se ser possível
identificá-lo como medicamento se a recomendação de uso de-
terminar o consumo de mais de um comprimido ou drágea ao
dia. Os suplementos vitamínicos e/ou minerais restringem a sua
composição ao intervalo de no mínimo 25% e no máximo 100%
da IDR de cada nutriente. Nos tratamentos a base de suplemen-
tação de vitaminas e/ou minerais o esquema posológico nas re-
comendações restringe-se a não mais que um comprimido ou
drágea ao dia. (ANVISA<b>, 1998).
De acordo com a Portaria n°40/98 os medicamentos a base
de vitaminas e/ou minerais podem ser subdivididos em duas ca-
tegorias: os produtos de venda sem exigência da prescrição mé-
dica (MIPs) e os que possuem a exigência da prescrição médica
(ANVISA<b>, 1998).
Consideram-se os medicamentos polivitamínicos que não
exigem prescrição médica, aqueles cuja composição apresenta
os níveis diários de qualquer componente ativo dentro dos limi-
tes considerados seguros e consideram-se os medicamentos
que necessitam da prescrição médica, aqueles cuja composi-
ção apresenta os níveis diários de qualquer componente ativo
acima dos limites considerados seguros ou sempre que estive-
rem contidos em formulações injetáveis (ANVISA<b>, 1998). A
seguir é demonstrado a tabela com os níveis máximos de segu-
rança das vitaminas lipossolúveis:
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Para melhor informar o consumidor, devem ser especifica-
dos na embalagem dos medicamentos nacionais ou importa-
dos, os aspectos qualitativos e quantitativos por unidade far-
macotécnica e o teor percentual dos componentes na dose e
posologia diária máxima preconizada, relativos à Ingestão Diária
Recomendada (ANVISA<b>, 1998).
Apesar da farta legislação em vigor no país, produtos sendo
comercializados irregularmente continuam sendo encontrados
no mercado brasileiro, principalmente quando se tratam dos po-
livítamínicos. Numa análise envolvendo os dez medicamentos e/
ou suplementos vitamínicos e minerais mais comercializados em
uma drogaria de médio porte, localizada na cidade de Jabotica-
tubas/MG, foi possível realizar uma avaliação de acordo com as
normas descritas na Portaria n°40/98 e na RDC n°269/05. Essa
análise foi baseada na verificação dos valores de IDR de cada
vitamina lipossolúvel presente nos rótulos dos polivítamínicos,
juntamente com a porcentagem correspondente e ainda a poso-
logia descrita na bula.
Os valores de IDR foram comparados com as normas descri-
tas na RDC n°269/05 que preconiza os valores recomendados de
ingestão diária das vitaminas lipossolúveis. As porcentagens refe-
rentes aos valores de IDR foram analisadas para distinção entre
medicamento e suplemento vitamínico de acordo com a Portaria
n°40/98. A análise da posologia presente na bula dos polivitamíni-
cos foi necessária para verificação da dose diária de comprimidos
ou drágeas recomendada pelos fabricantes em comparação com
as doses dos níveis máximos de segurança de cada vitamina li-
possolúvel sendo ressaltada a venda com ou sem a prescrição
médica, como é preconizado pela Portaria n°40/98. A escolha dos
dez medicamentos e/ou suplementos polivítamínicos para análise
foi aleatória, mas restrita aos mais populares.
Após a revisão dos medicamentos e/ou suplementos vi-
tamínicos foi possível destacar seis suplementos vitamínicos e
minerais, onde os valores de IDR não ultrapassaram 100% obe-
decendo as normas exigidas pela RDC n°269/05 e a posologia
descrita na bula indicava um comprimido ou drágea ao dia, não
ultrapassando os valores do limite máximo de segurança das vita-
minas lipossolúveis e sendo desobrigado a venda com prescrição
médica, como preconizado pela Portaria n°40/98. Foram classifi-
cados como medicamentos polivitamínicos aqueles cujo valor de
IDR para cada vitamina lipossolúvel ultrapassava 100% de acordo
com a RDC n°269/05, tendo a posologia descrita na bula a indi-
cação de dois a três comprimidos ou drágeas ao dia, dentro dos
valores limites de segurança e sendo desobrigado a venda com a
prescrição médica, como descrito na Portaria n°40/98.
Na composição de um dos medicamentos polivitamínicos
foi possível observar que a dose da vitamina lipossolúvel D esta-
va ultrapassando os limites máximos de segurança preconizado
pela Portaria nº40/98 e na embalagem não constava a tarja ver-
melha indicando a venda somente sob prescrição médica.
Considerando o resultado a quantidade de vitamina D
presente na composição desse medicamento polivitamínico
apresentava-se acima do nível máximo de segurança permitido,
atingindo 1.200 UI/dia. De acordo com a Portaria n°40/98 o valor
máximo preconizado para vitamina D é de 800 UI/dia, quando
esse valor é ultrapassado exige-se a apresentação da prescri-
ção médica no momento da compra assim como é necessário
constar na embalagem a tarja vermelha indicando à venda so-
mente sob prescrição médica.
Com essa análise foi possível observar que apesar dos con-
ceitos de acordo com a Portaria n°40/98 não estarem muito bem
esclarecidos, muitos medicamentos e suplementos vitamínicos
estão de acordo com as normas exigidas. Entretanto observa-se
ausência de distinção entre medicamento e suplemento vitamí-
nico pelos consumidores e para alguns profissionais da saúde.
Dos medicamentos analisados foi encontrado um polivitamínico
fora dos padrões que está sendo comercializado normalmente,
evidenciando a escassez de fiscalização e controle, expondo o
consumidor a riscos desnecessários, resultando em problemas
para a sua saúde.
Esse é mais um fato que também contribui para as manifes-
tações de hipervitaminose, pois o consumidor além de se sub-
meter à automedicação sem a necessidade do tratamento pode
consumir um medicamento que contém uma dose não segura
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de vitamina, resultando em acúmulo no organismo e possibili-
tando a ocorrência de diversas reações e hipervitaminoses.
pROpAgANDA E MARkETINg
A grande variedade de usos terapêuticos, aliada ao lucrativo
mercado de produtos tem estimulado muita publicidade e, conse-
qüentemente, ao aumento do consumo de vitaminas e minerais
com o objetivo de retardar o envelhecimento, combater o estres-
se, prevenir doenças e melhorar a saúde.
No caso dos medicamentos polivitamínicos, as propagandas
geralmente enfocam duas situações diferentes. Numa, mostram
pessoas esgotadas física e mentalmente e que após fazerem o
uso de complexos vitamínicos tornam-se revigoradas. Em outra
situação atribuem-se às vitaminas a energia necessária para os
vários compromissos de pessoas jovens, modernas e dinâmicas.
Essas pessoas precisam conciliar trabalho, prática de atividades
físicas e uma alimentação sadia para manter a energia e a imuni-
dade do organismo, e associam esse estilo de vida ao consumo
de medicamentos polivitamínicos (CRESCE..., 2011). A seguir é
demonstrando um exemplo de propaganda de divulgação de um
medicamento polivitamínico (Fig.6):
Considerando essa exposição e a venda facilitada, as indústrias
farmacêuticas investem muitos recursos em mercado de retorno ga-
rantido. Grandes laboratórios detentores das marcas de polivitamí-
nicos mais comercializados no mundo têm expectativa de que as
vendas possam quadruplicar em cinco anos (CINQUEPALMI, 2010).
Além da venda livre dos polivitamínicos, a influencia pelo con-
sumo veiculada aos meios de comunicação também é um dos fa-
tores predisponentes que contribui para a automedicação, sendo
que essa forma de exposição liberal leva ao consumo inadequado
e ilusivo, pois a imagem que é demonstrada retrata a qualidade
de vida ligada diretamente com a utilização dos polivitamínicos.
O pApEL DOS pREScRITORES E DO FARMAcêUTIcO
Além dos problemas incluindo a venda livre dos MIP’s
agravando ainda mais o ato da automedicação, o papel dos
prescritores nesse processo também deve ser levado em
consideração. Foram relatados casos de prescrições em que
não houve especificação de qual medicamento polivitamínico
foi prescrito, já que atualmente no mercado existem várias
marcas com composições distintas. Isso demonstra a falta de
cuidado com a prescrição e predispõe à intoxicação por vita-
minas lipossolúveis, já que o médico deveria estar ciente do
tratamento adequado para seu paciente e avaliar a suplemen-
tação correspondente. Com a prescrição de um medicamen-
to polivitamínico inadequado as chances de uma intoxicação
são elevadas, pois pode resultar em excesso de vitaminas
não necessárias.
O papel do farmacêutico é indispensável no momento da dis-
pensação, principalmente quando ocorre a situação citada acima.
O farmacêutico deve entrar em contato com o médico em ques-
tão para solucionar o problema. Entretanto por diversas razões
isso nem sempre ocorre. Balconistas e vendedores motivados pe-
las comissões de vendas indicam ao paciente os polivitamínicos
que julgam convenientes, aumentando ainda mais as chances de
uma intoxicação por vitaminas lipossolúveis.
cONSIDERAÇÕES FINAIS
As vitaminas e os minerais fazem parte de uma das ca-
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tegorias de produtos que mais tiveram aumento do consumo
no Brasil por suas supostas propriedades benéficas à saúde
e pela publicidade influente veiculada nos meios de comuni-
cação. Além disso, há décadas as vitaminas e os minerais
têm sido tratados por diversos autores como fonte de saúde,
sendo ressaltadas as suas propriedades terapêuticas e fisio-
lógicas. Entretanto desde então alguns autores já alertavam
sobre os riscos que o excesso das vitaminas poderia causar,
levando a intoxicações importantes.
Atualmente diversos estudos foram realizados demons-
trando a eficácia comprometida de algumas vitaminas lipos-
solúveis sendo associado ao consumo dos medicamentos po-
livitamínicos de maneira incorreta e sem a orientação médica
adequada. As regulamentações pertinentes também auxiliam
na motivação do consumo exagerado como é o caso da RDC
n°44/12 onde permite novamente que a automedicação esteja
presente em meio à sociedade.
A fiscalização e o controle na comercialização desses me-
dicamentos também é de suma importância, já que há medica-
mentos fora dos padrões exigidos e que podem causar grande
risco à saúde dos consumidores.
De acordo com esses fatos é muito importância o cuida-
do ao adquirir um medicamento polivitamínico principalmente
contendo vitaminas lipossolúveis, pois elas são as maiores cau-
sadoras das manifestações de hipervitaminoses, por isso tais
vitaminas devem ser utilizadas com cautela e sempre com a
orientação médica.
O farmacêutico é um dos profissionais da saúde em que a
população inicialmente recorre, podendo oferecer todas as in-
formações necessárias para uma orientação correta em relação
à utilização dos medicamentos polivitamínicos. Mesmo com a
retomada da venda dos medicamentos em gôndolas de autos-
serviço, a supervisão de um farmacêutico é fundamental para o
uso racional de medicamentos e para minimizar o risco de intoxi-
cações medicamentosas, especialmente das que são causadas
pelas “inócuas” vitaminas.
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NOTAS1Acadêmica Curso de Farmácia, Centro Universitário Newton Paiva. Av. Silva Lobo, 1730, Nova Granada, Campus Silva Lobo, Belo Horizonte, MG, Brasil. E-mail: <[email protected]>.
2Doutor em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Minas Gerais . E-mail: <[email protected]>.