vitÓria raquelline da silva · · 2015-06-20... o que foi fundamental para o ... aos meus amigos...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
ESCOLA DE MÚSICA
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM MÚSICA
VITÓRIA RAQUELLINE DA SILVA
MONITORIA E BANDA DE MÚSICA:
um estudo de caso da monitoria no naipe de clarinete da Banda de Música da cidade de
Cruzeta - RN.
NATAL/RN
2013
VITÓRIA RAQUELLINE DA SILVA
MONITORIA E BANDA DE MÚSICA:
um estudo de caso da monitoria no naipe de clarinete da Banda de Música da cidade de
Cruzeta - RN.
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura da
Escola de Música da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção
do título de Licenciada em Música.
Orientadora: Prof.ª MSc. Catarina Shin Lima de Souza.
NATAL/RN
2013
VITÓRIA RAQUELLINE DA SILVA
MONITORIA E BANDA DE MÚSICA:
um estudo de caso da monitoria no naipe de clarinete da Banda de Música da cidade de
Cruzeta - RN.
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura da
Escola de Música da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção
do título de Licenciada em Música.
Aprovada em ______/______/2013.
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
PROFa. MSC. CATARINA SHIN LIMA DE SOUZA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)
(ORIENTADORA)
___________________________________________________________
PROF. MSC. RONALDO FERREIRA DE LIMA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)
(1º EXAMINADOR)
___________________________________________________________
PROF. Dr. RANILSON BEZERRA FARIAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN)
(2º EXAMINADOR)
Dedico esta monografia a minha mãe Luzia Maria da Silva (in memoriam), a grande
responsável por tudo que sou hoje e por eu não ter desistido dos meus sonhos, o que foi
fundamental para o meu crescimento acadêmico; e ao meu esposo Clébio Pedro Lima, que
sempre esteve ao meu lado nas horas difíceis.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente agradeço a Deus, pelo dom da vida.
À minha orientadora Catarina Shin, meus sinceros agradecimentos pela sua dedicação
e paciência nessa caminhada.
Aos meus pais, (in memoriam) Luzia Maria da Silva e Pedro Gomes da Silva, por tudo
que sou hoje.
Às minhas irmãs, pelo incentivo e apoio nessa caminhada acadêmica.
Ao meu esposo, amigo, companheiro de todas as horas e principalmente nas mais
difíceis, meu muito obrigada.
A todos os atuais e ex-componentes da Banda de Música de Cruzeta.
Ao maestro Humberto Carlos Dantas pela oportunidade de ser monitora da Bandinha
de Flauta Doce e do naipe de Clarinete.
A todos os meus alunos e ex-alunos de Clarinete por me ensinarem a melhor ensinar.
Aos meus amigos que se dispuseram a me ajudar nessa reta final de curso: Rafaella
Cristina, Fernanda Santos, Paula Francinente, Marilene Guedes.
Aos professores e funcionários da escola de música e, em especial a Audinêz Barreto
pela sua dedicação na orientação referente à normalização deste trabalho.
À equipe da biblioteca da escola de música, em especial a Elizabeth Kanzaki pelo
carinho.
Aos colegas e amigos que fiz nessa caminhada acadêmica e à turma do curso de
Licenciatura Plena em Música 2010.1.
À minha grande amiga Aline Regina pelo exemplo de garra e por ser uma mulher
guerreira e iluminada.
A todos meus sinceros agradecimentos.
“Assim, caminho e descaminho se alternam numa
ação complementar e antagônica para permitir, na
emergência da ação humana, o surgimento de um
novo contexto no qual seja possível mudar, fazer
diferente”.
Ronaldo Ferreira de Lima
RESUMO
O presente trabalho baseia-se na importância da utilização do monitor para a Banda de
Música do município de Cruzeta (RN), traçando um breve histórico da legislação brasileira –
Lei 5.540/68 que trata da Reforma Universitária. A escolha dessa Banda de Música deve-se
ao fato dela ser pioneira em lidar com esse novo modelo de ensino tendo como objetivo
principal dar oportunidade aos jovens estudantes através da atuação/formação como monitor.
Traz relatos e experiências de músicos por ela formados bem como do próprio regente da
Banda de Música, Maestro Humberto Carlos Dantas (Bembém) que percebeu a necessidade
do monitor para o desenvolvimento técnico dos instrumentistas da escola de música de
Cruzeta/RN. Busca-se compreender o papel do monitor para o desenvolvimento dos músicos
da referida Banda de Música e sua importância no processo de ensino-aprendizagem dos
próprios alunos monitores. Para a realização desse trabalho, foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com componentes da Banda (professores, monitores, ex-monitores e, ainda,
a madrinha da Banda professora Margareth Keller), pesquisa bibliográfica, leitura e análise
de imagens fotográficas. Traz um recorte de outra banda de música que seguiu o modelo de
monitoria adotado pela Banda de Música de Cruzeta para ilustrar a importância do monitor
para o desenvolvimento musical dos integrantes.
Palavras-chave: Banda de Música. Monitoria. Clarinete.
ABSTRACT
This work is based on the importance of monitor for the Music Band of the
municipality of Cruzeta (RN), outlining a brief history of brazilian legislation - Law 5.540/68
which deals with the University Reform. The choice of this Music Band due to the fact that
she is a pioneer in dealing with this new teaching model having as main objective to give
opportunity to young students through acting/training as a monitor. Brings stories and
experiences of musicians formed by its own Band and the story of its conductor, Maestro
Humberto Carlos Dantas (Bembém) who realized the need of the monitor for the technical
development of the music school instrumentalists. This paper seeks to understand the role of
the monitor for the development of the musicians of the Band and its importance in the
teaching-learning process of the own students monitors. To conduct this work, semi-
structured interviews with the band members (teachers, instructors, ex-monitors and also the
godmother Band teacher Margaret Keller), literature, reading and analysis of images were
performed. Brings a cutting from another music band that followed the monitoring model
adopted by the Cruzeta´s Music Band to illustrate the importance of the monitor to the
musical development of its members
Keywords : Music Band . Monitoring. Clarinet.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Foto 1 - Banda de Música de Cruzeta.......................................................................................... 14
Foto 2 - Aula de clarinete em grupo da Banda de Música de Cruzeta........................................ 27
Foto 3 - Apresentação da despedida de Margaret Keller .......................................................... 30
Foto 4 – Residência da aluna-monitora............................................................................ 31
Foto 5 - Residência da aluna-monitora............................................................................ 31
Foto 6 - Encerramento do ano de 2007............................................................................ 32
Foto 7 – Festa da Padroeira de Cruzeta – RN................................................................. 34
LISTA DE SIGLAS
AJAC - Associação de Jovens Ação e Cidadania
AMUSIC - Associação Musical e Cultural do Rio Grande do Norte
EMUFRN – Escola de música de Universidade Federal do Rio Grande do Norte
MINC - Ponto de Cultura pelo Ministério da Cultura
PDS- Programa Desenvolvimento Solidário
PRONATEC - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
TVU - TV Universitária
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................. 11
1 HISTÓRICO DA BANDA DE MÚSICA FILARMÔNICA 24 DE OUTUBRO.. 13
2 A MONITORIA.......................................................................................................... 17
2.1 A MONITORIA NA BANDA DE MÚSICA DE CRUZETA – RN........................ 18
2.2 A MONITORIA NA BANDA FILARMÔNICA SÃO TOMÉ – RN....................... 21
3 A MONITORIA NO NAIPE DE CLARINETE...................................................... 24
3.1 A EXPERIÊNCIA DA AUTORA COMO MONITORA......................................... 25
4 ENTREVISTAS COM EX-MONITORES DE CLARINETE............................... 32
4.1 ENTREVISTA COM OS ALUNOS CLARINETISTAS......................................... 34
5 A TRAJETÓRIA DE MARGARET KELLER NA BANDA DE MÚSICA DE
CRUZETA – RN............................................................................................................
38
CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 40
REFERÊNCIAS............................................................................................................. 42
11
INTRODUÇÃO
Com o presente trabalho pretende-se fazer um estudo sobre a importância do monitor
no ensino de música desenvolvido na Escola de Música da cidade de Cruzeta - RN,
observando suas contribuições na escola e como esse monitor lida com os componentes dessa
instituição que é referência no Estado.
O motivo que me levou a desenvolver a pesquisa partiu de reflexões sobre as minhas
próprias experiências, tanto como aluna como também monitora. Iniciei meus estudos na
Banda de Música de Cruzeta - RN aos 12 anos de idade, onde tive oportunidade de fazer
várias amizades e que se tornou ponto principal para minha futura caminhada à docência. Lá,
passei por várias etapas na Escola de Música de Cruzeta - RN: aulas de teoria musical, depois
na Bandinha de Flauta Doce Professora Margaret Keller, alcançando conhecimentos e
desenvolvimento técnico em três flautas: soprano, contralto e tenor. Foi através da bandinha
de flauta doce que tive os primeiros contatos com a docência como convidada e
constantemente incentivada pelo maestro Humberto Carlos Dantas (mais comumente
conhecido como Bembém). Aos poucos fui descobrindo a vontade de ser educadora musical
ao passar quatro anos à frente da bandinha de flauta. Mas foi apenas a partir do ensino de
clarinete da Banda de Música que redescobri o amor pela docência.
Aos poucos fui descobrindo que os monitores têm a grande responsabilidade na
formação de novos musicistas da Banda de Música auxiliando no avanço técnico de seus
integrantes. A experiência de monitoria destaca-se como significativa diante da possibilidade
de que novas oportunidades são abertas: permite uma prática e avaliação dos conhecimentos
adquiridos na trajetória enquanto estudante da banda, o aprendizado em relação à liderança de
grupos e principalmente pela compreensão das necessidades dos aprendizes e também pela
oportunidade de se capacitarem para o mercado de trabalho.
Diante do exposto, nos questionamos se essa experiência e essa crença da importância
do papel do monitor para o desenvolvimento musical dos integrantes da banda de música de
Cruzeta RN era uma impressão individual ou realmente outros músicos de banda também
acreditavam nisso.
Para a realização desse trabalho, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com
componentes da Banda (professores, monitores, ex-monitores e, ainda, com a professora
Margareth Keller considerada por todos os integrantes como a madrinha da Banda),
pesquisa bibliográfica, leitura e análise de imagens fotográficas, tentando identificar a
12
importância do monitor tanto para a banda de música de Cruzeta RN, seus músicos como para
o próprio monitor.
O primeiro capítulo situa o leitor no contexto do objeto da pesquisa traçando um breve
histórico da Banda de Música de Cruzeta - RN. O segundo capítulo aborda sobre a figura do
monitor, a legislação específica que trata sobre o assunto, a Lei 5.540/68 da Reforma
Universitária. (BRASIL, 1968). Trata ainda sobre a monitoria na Banda de Música de Cruzeta
RN e sua importância para a região tornando-se modelo para outras bandas de música como o
caso da Banda Filarmônica São Tomé - RN apresentada também no capítulo 2 a título de
demonstração. O terceiro capítulo traz as experiências de ex-monitores da Escola de Música
demonstrando suas experiências e conquistas, bem como a visão do maestro Bembém sobre a
importância desse monitor para o desenvolvimento do repertório e dos instrumentistas da
Banda de Música. O quarto traz relatos de ex-monitores da banda de Música de Cruzeta RN e
alunos do naipe de clarinete no qual falam da importância do monitor na vida deles. O quinto
relata a trajetória da professora Suíça Margaret Keller e sua importância para a Banda de
Música de Cruzeta RN.
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1- HISTÓRICO DA BANDA DE MÚSICA FILARMÔNICA 24 DE OUTUBRO
A Filarmônica 24 de Outubro mostra-se como uma Banda importante para a região
do Seridó Norte-Rio-Grandense. No ano de 1984 se inicia a trajetória musical no município,
com a criação da Banda de Música, sob a regência do maestro Ubaldo Medeiros e com o
patrocínio da prefeitura municipal da cidade. O maestro Ubaldo, que veio da cidade de Ouro
Branco - RN, passou a ministrar aulas de música e implantou a Banda em Cruzeta. Teve a
indicação do padre Ernesto da Silva Espínola, vigário da cidade na época, considerado como
sendo o principal idealizador do projeto da fundação da banda, e a partir do pedido do prefeito
Manoel Maurício de Medeiros (Medeirinho) que ajudou na aquisição dos instrumentos a
banda de música pôde começar. Foi fundada então, no início do ano de 1985, a Escola de
Música de Cruzeta - RN onde o maestro Ubaldo Medeiros criou a primeira turma de iniciação
musical, dando aulas de teoria e solfejo. A primeira apresentação da Banda foi em 1986 no
mês de outubro por ocasião da comemoração da festa da padroeira Nossa Senhora dos
Remédios. Recebeu o nome de Filarmônica 24 de Outubro em homenagem à data da fundação
da cidade de Cruzeta.
A Filarmônica participou em 1987 do II Concurso realizado na cidade de Carnaúba
dos Dantas - RN, concorrendo com Bandas tradicionais da região do Seridó e Bandas da
Paraíba e ganhou o segundo lugar. Após o concurso, a Filarmônica 24 de Outubro começou a
fazer apresentações na cidade como festas e comemorações, eventos religiosos entre outros.
No mês de Agosto de 1988, o músico Humberto Carlos Dantas, conhecido por Bembém,
assumiu a Banda por indicação do maestro Ubaldo Medeiros. Neste mesmo ano, em Outubro,
o maestro Bembém levou a Banda a conquistar o primeiro lugar no concurso de Bandas de
Música da cidade de Carnaúba dos Dantas - RN e no concurso realizado na cidade de
Parelhas, em janeiro de 1989.
Lima (2006, p. 77) afirma que:
Na Filarmônica 24 de Outubro, os espaços de formação perdem a
delimitação espacial da escola formal, ou seja, ultrapassa a geografia da sala
de aula. Destaca-se nos aprendizes a espontaneidade no modo como se vestem para estudar música: roupa informal, sem camisa ou pés descalços,
denotando ser também a banda uma extensão do ambiente familiar.
Como Lima (2006) fala na Escola de Música de Cruzeta - RN muitos dos alunos são
de famílias humildes e oriundas das zonas rurais do município, esses alunos buscam
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mudanças na sua história de vida por meio da música, com a perspectiva de se conseguir um
emprego para ajudar seus familiares.
A Filarmônica começou apresentar-se em várias cidades do Rio Grande do Norte.
Após passar por momentos difíceis chegou à escola de música de Cruzeta a professora suíça
Margaret Keller que conheceu a Banda de Cruzeta - RN, na época sob a regência do maestro
Ubaldo Medeiros. Foi ela que criou a primeira turma de iniciação e musicalização, com cerca
de 80 crianças, que culminou com a criação da Bandinha de Flauta Doce Professora Margaret
Keller, com o objetivo de incluir crianças e jovens na aprendizagem da música e através de
repertório local, ou seja, também com o objetivo de resgatar a música folclórica brasileira.
De acordo com Silva (2011, p. 22): “A Instituição de Cruzeta tem uma trajetória de
ensino não só voltada para a música, mas também para a construção de pessoas capazes de
inserir-se socialmente e politicamente ao meio”. Em um período de mais de vinte anos, passaram
pela Bandinha de Flauta 1.000 crianças e adolescentes, sendo estes alunos oriundos da zona rural e
urbana da cidade. Muitos conseguiram lugar na Banda de Cruzeta. Foram, através desse processo, se
capacitando tecnicamente, trabalhando a percepção, a leitura, a prática de grupo conseguindo assim,
um nível de aperfeiçoamento capaz de alcançar o mercado de trabalho e serem reconhecidos como
músicos profissionais. Muitos tiveram formações complementadas nos cursos Técnicos, Bacharelado,
Licenciatura e Especialização em Música na Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte (EMUFRN).
Foto 1 - Banda de Música de Cruzeta
Fonte: Dantas (2013a).
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A Escola de música de Cruzeta é mantida pela Associação Musical e Cultural do Rio
Grande do Norte (AMUSIC), que é formada por membros da própria banda de música e da
comunidade local e recebe recursos oriundos da Suíça através da professora Margaret Keller.
A banda é mantida com recursos provindos da Prefeitura Municipal de Cruzeta (onde 0,04%
da verba cultural da cidade são destinadas à AMUSIC) bem como do apoio financeiro
oriundos da Suíça através da professora Margareth Keller que a cada dois anos visita Cruzeta
- RN e sua Banda. As verbas se destinam ao investimento na formação dos músicos, na
aquisição de materiais e na manutenção dos instrumentos. Para os músicos é proporcionado
um auxílio financeiro na locomoção deles para a capital do estado, podendo assim ter a
oportunidade de estudarem nos cursos Técnico, Bacharelado e Licenciatura em Música na
UFRN. Além do incentivo de qualificação nos cursos de música, outros cursos contemplam o
interesse dos componentes, como enfermagem e pedagogia.
A sede da Escola de Música de Cruzeta situa-se à Rua Dr. José Augusto Bezerra de
Medeiros, S/N, no Centro da cidade de Cruzeta – RN. É um estabelecimento de porte médio,
com capacidade para 750 pessoas. Atualmente atende um total de 130 alunos distribuídos
entre crianças e adolescentes em turmas de musicalização, Banda de Flauta Doce, Banda de
Pífano, Banda Filarmônica, Orquestra carnavalesca, grupos de câmara: quintetos, quartetos,
grupos de clarineta, grupos de metais, entre outros.
A Escola de Música de Cruzeta tem como finalidade o desenvolvimento integral de
crianças e jovens nos aspectos musicais, intelectuais, emocionais, culturais e principalmente
sociais. Funciona com uma capacidade patrimonial própria, pertencendo à Associação
Musical e Cultural do Rio Grande do Norte.
Segundo Lima (2006, p. 78-79):
Os fatos motivadores e os atores que protagonizaram a criação da Banda de
Cruzeta dão luz e trazem novas perspectivas para uma comunidade carente
socialmente, que encontrou no fazer musical a oportunidade de incluir pessoas num projeto relacionado à música. Além de criar o ambiente
propício para a prática social através da música, parece estar acenando à
possibilidade da realização do sonho pela profissionalização.
A Filarmônica 24 de Outubro tem vinte e cinco anos de existência e, ao longo dos
anos, tem se apresentado em vários eventos culturais tanto no estado do Rio Grande do Norte
como em outros. Uma das principais apresentações foi no evento realizado no Centro de
Convenções da cidade de Salvador - BA, no qual se apresentou para o ex-presidente da
República Luiz Inácio Lula da Silva (Lula). Tem como produções gravações de 07 CDs e um
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documentário sob o título “Uma Cidade Musical” produzido pela TV Universitária (TVU-
Natal - RN) e dirigido por Rosália Figueiredo. Esse documentário foi vencedor do 7º Festival
do Vídeo Potiguar como melhor filme.
A Banda de Cruzeta - RN também tem sido tema de pesquisa em diversos trabalhos
de conclusão de curso dentre os quais se destaca a dissertação de mestrado do professor
Mestre Ronaldo Ferreira de Lima com o título Bandas de Música Escolas de Vida. A Escola
de Música de Cruzeta foi reconhecida no ano de 2009 como Ponto de Cultura pelo Ministério
da Cultura (MINC). A Banda de Cruzeta levou para o mercado de trabalho musical vários de
seus alunos e integrantes. Muitos deles atualmente ocupam lugares importantes em várias
partes do país e até no exterior como instrumentistas, professores, regentes, compositores,
produtores musicais e gestores culturais.
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2- A MONITORIA
De acordo com o Dicionário Aurélio (1999, p. 1359), o verbete Monitor vem da
palavra em latim monitore, que significa “aquele que dá conselhos, lições, que admoesta.
Aluno que auxilia o professor no ensino de uma matéria, em geral na aplicação de exercícios,
na elucidação de dúvidas, etc., fora das aulas regulares; [...]”.
A palavra monitor em alguns lugares e instituições tem o significado de inspetor, no
qual esse profissional torna-se mais atuante na área educacional. Ele caminha por toda a
escola conhece os alunos, seus nomes, seus familiares, pois está lidando diretamente com os
alunos. Devido a esse contato direto torna-se o primeiro a ser chamado para solucionar os
problemas que necessitam ser resolvidos rapidamente. Em muitos casos esse monitor não é
valorizado nas instituições que trabalha, pois alguns gestores entendem que essa função de
monitor é apenas para controlar os alunos em lugares coletivos.
Os monitores mostram-se como educadores e é necessário que as equipes de gestores
realizem ações para que os mesmos possam interagir melhor com toda a equipe escolar.
Tendo uma boa formação e vontade de aprender coisas novas o monitor poderá ser um grande
aliado nas atividades propostas pelas instituições e escolas. Esses monitores são capazes de
ajudar a trazer novas informações para o dia-a-dia.
Portanto, esses profissionais necessitam conhecer o projeto político pedagógico,
participar das reuniões de planejamento, ter acesso às decisões da equipe, ter encontros com a
equipe gestora, pois assim criará um elo entre ele e o corpo docente e adquirirá confiança para
tirar dúvidas e expor suas ideias.
Didaticamente falando, a atividade de monitoria exige um processo de reflexão crítica
sobre a aprendizagem que estabeleça relações com o contexto e com as condições dos atores
envolvidos, como os monitores e alunos.
Freire (2005, p. 26) afirma que:
Faz parte das condições em que no aprender criticamente é possível a
pressuposição por parte dos educandos de que o educador já teve ou continua tendo experiência da produção de certos saberes e que estes não
podem a eles ser simplesmente transferidos. Pelo contrário, nas condições de
verdadeira aprendizagem, os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado, ao lado do
educador, igualmente sujeito do processo.
18
Nas Instituições Brasileiras como faculdades a monitoria tem um papel que é
conferido pela legislação brasileira – Lei 5.540/68 da Reforma Universitária: preparando o
aluno para a docência, aprofundando seus conhecimentos, capacitar e assim melhorar a nossa
qualidade de ensino. A legislação pressupõe que os monitores tenham orientação de
qualidade. “Os discentes da educação superior poderão ser aproveitados em tarefas de ensino
e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu
rendimento e seu plano de estudo”. (BRASIL, 1996, Art. 84).
Na minha caminhada acadêmica tenho percebido o monitor como um aluno que está
na graduação e uma das suas funções é auxiliar o professor nas aulas e orientar os alunos que
estejam com dificuldades na disciplina estudada. Esse monitor também pode atuar em outras
disciplinas desde que já tenha conhecimento e ter cursado as mesmas em períodos anteriores,
e é avaliado sua capacidade na disciplina seu desenvolver nas atividades a serem executadas
pelo professor.
Na Escola de Música de Cruzeta o monitor também exerce uma função importante,
pois ele é o responsável por dar aulas semanais para um grupo de aluno, que são separados
por naipes. Cada naipe de instrumento tem o seu monitor.
A monitoria na Banda de Cruzeta - RN é responsável pela aproximação dos alunos da
banda de música e é referência para os novatos que estão entrando na escola de música, e essa
função do monitor é especifica em um instrumento e eficaz no trabalho realizado que antes
era desconhecida, exigindo um bom desempenho, aperfeiçoamento e qualificação do monitor.
Sendo assim, constitui-se em um dos grandes estímulos ao aprendizado do monitor no que diz
respeito à iniciação à docência e revela-se como uma estratégia para a melhoria da qualidade
de ensino.
2.1-A MONITORIA NA BANDA DE MÚSICA DE CRUZETA - RN
De acordo com o maestro Bembém, quando assumiu a direção da banda de Cruzeta,
ela tinha apenas 18 componentes, sendo 14 sopros e 4 de percussão.
Ao perguntar como surgiu a monitoria na Escola de Música de Cruzeta, o maestro
Bembém descreveu da seguinte forma:
Com a visão de fundar uma escola de música fazendo proveito da
metodologia do ensino da música aplicado ao desenvolvimento das bandas,
desde suas origens na região do Seridó, nos deparamos com a necessidade de uma performance técnica mais apurada bem como de dar ao aluno um
19
embasamento teórico mais eficiente o suficiente para que ele, no dia a dia da
prática na banda, pudesse ter uma participação mais efetiva, com capacidade
de resolver as deficiências constantes nas bandas até então, como: leitura, articulação, afinação, etc. Nesse contexto não poderíamos nos esquecer do
fortalecimento, ampliação ou implantação dos naipes, bem como o
repertório, sempre de grau de dificuldades baixo, enfatizando poucos
gêneros musicais, predominantemente dobrados, valsas e marchas de procissão. Enfim, a nossa banda hoje tem uma formação de nove naipes e
agrupa cerca de 90 músicos e musicistas, todos tendo boa parte de seus
conhecimentos, adquiridos com a ajuda de um monitor (a). Nesse contexto, começamos a colocar em prática nossas ideias e o trabalho do mestre de
banda, que até então se limitava ao curso básico de teoria musical, o ensino
de digitação e embocadura no instrumento e ensaios, agregou elementos de
trabalho novos, que além de sobrecarregá-lo, ainda exigia dele próprio uma melhor capacitação, de maneira que surgiu a necessidade prática de se ter
mais mão de obra para absorver o trabalho. Surgem assim os monitores de
bandas, que na maioria faz parte da banda e se destaca pelo seu interesse, responsabilidade e musicalidade diferenciada e cursa música regularmente,
buscando qualificação acadêmica. (informação verbal)1
Sobre a ideia de incluir a monitoria na banda de música, o maestro fala que:
A ideia veio com a necessidade e o entendimento que seria impossível
conseguirmos os resultados planejados e esperados sem o mínimo de
estrutura técnica. A primeira solução foi preparar os alunos para que eles conseguissem nível técnico e teórico para se capacitarem e se qualificarem
nos cursos oferecidos pelas escolas de música estadual ou federal existentes
no RN, bem como promover ou possibilitar suas participações em eventos musicais de formação, como: Seminários, festivais, master classes,
workshop etc. Sendo assim, traziam os conhecimentos que se multiplicavam
na escola e na banda, de forma que, de acordo com suas aptidões e necessidades da escola, assumiam paulatinamente a condição de monitor e
professor, sendo que estes faziam jus a uma bolsa de apoio logístico que
possibilitava seu deslocamento para seus cursos e retorno a Cruzeta, onde
além de transmitirem os conhecimentos adquiridos, participavam também da banda. (informação verbal)
2
O maestro Bembém enfatiza que a presença do monitor na banda de música hoje é
fundamental, pois leva em conta o avanço técnico musical que caracterizam as bandas. Para o
monitor há uma oportunidade significativa, na qual ele pratica os seus conhecimentos
adquiridos, possibilitando: “[...] liderar, compreender as suas necessidades de
aprofundamento, bem como se capacitarem para o mercado de trabalho, de forma que a sua
1Informação verbal fornecida à pesquisadora por Bembém, durante entrevista em sua residência, em
novembro de 2013. 2Informação verbal fornecida à pesquisadora por Bembém, durante entrevista em sua residência, em
novembro de 2013.
20
participação eleva o nível e dinamiza o ensino teórico e prático da música em geral realizado
nas escolas das bandas”. (informação verbal)3
Quando perguntado sobre o envolvimento dos monitores no projeto social da banda
de música, o maestro relata o seguinte:
O trabalho dos monitores no nosso entender tem aspectos sociais
contundentes, dado que o “cargo” de monitor também significa uma promoção sociocultural do aluno que tem como finalidade contribuir para o
crescimento de outros futuros músicos do projeto. A manutenção de uma
banda hoje para setores de governo e sociedade tem importância nos aspectos sociais mais destacadas do que mesmo no âmbito cultural e
artístico, já que o entendimento e a comprovação de que o ensino e a prática
da música na formação socioeducativa da sociedade gera cidadania. De
maneira que o monitor sabe e é fruto que o trabalho técnico e artístico que ele faz, tem ressonância nos aspectos sociais, de maneira que se constata que
o envolvimento do monitor é por ele mesmo reconhecido neste aspecto.
(informação verbal)4
Como afirma Bembém, a função do monitor é vista hoje na Banda de Música como
algo muito importante a cada dia, quando diz que:
[...] suas funções são específica e, ao mesmo tempo, eficazes, já que a
globalização e a internet, ao mesmo tempo em que massifica o
conhecimento. Aproxima os alunos e a banda de música, traz referências musicais antes desconhecidas, exigindo a busca constante de
aperfeiçoamento e qualificação, sendo essa demanda suprida pela figura do
monitor. Assim, os monitores seriam atualmente peças indispensáveis em qualquer projeto de Bandas Filarmônicas que quer seguir o modelo adotado
e aprovado em Cruzeta desde meados dos anos 90 do século passado, tendo
esta Banda conquistado resultados invejáveis e que hoje é símbolo e modelo
para o nordeste e parte do país. (informação verbal)5
Para os monitores da banda de Cruzeta a monitoria leva à ampliação dos
conhecimentos docentes, assim como a possibilidade de criar metodologias que abrangem
todos os alunos. Sobre a importância da monitoria na vida da ex-monitora Aline Silva,
saxofonista da banda de Cruzeta e formada em Licenciatura em Música pela Escola de
Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (EMUFRN) relata que:
3Informação verbal fornecida à pesquisadora por Bembém, durante entrevista em sua residência, em
novembro de 2013. 4Informação verbal fornecida à pesquisadora por Bembém, durante entrevista em sua residência, em
novembro de 2013. 5Informação verbal fornecida à pesquisadora por Bembém, durante entrevista em sua residência, em
novembro de 2013.
21
Tive a oportunidade de ser monitora ao entrar no Curso Técnico em
saxofone da EMUFRN em 2005, sendo monitora de flauta doce e teoria
musical. Fui monitora no período de 2005 a 2010. A monitoria me proporcionou muitas conquistas, ampliou meus conhecimentos pedagógicos
e me auxiliou nas práticas de estágio do curso de licenciatura em música, no
qual ingressei no ano de 2008. Ao assumir a bolsa de monitoria encontrei
várias dificuldades, uma delas foi aprender a me relacionar com os alunos, pois eu era muito tímida, porém aos poucos fui aprendendo a trabalhar com
os alunos e seus familiares. O monitor mostra-se importante na banda de
música de Cruzeta não só pela oportunidade de ampliar seus conhecimentos, mas também a oportunidade de vivenciar e exercer uma função importante,
na qual todos aprendem. (informação verbal)6
Oriunda da zona rural, a bolsista Marilene Guedes, técnica em Flauta Transversal e
cursando bacharelado em Flauta Transversal pela EMUFRN, foi monitora no período de 2005
a 2010, na Bandinha de Flauta Doce e no naipe de flauta transversal. Teve muitas dificuldades
em sua locomoção, devido à falta de transporte da zona rural para a cidade, porém mesmo
com essas dificuldades não desistiu da música e hoje leva os conhecimentos adquiridos na sua
vivência de monitora para os seus trabalhos musicais. Diante disso, relata que:
Ganhei experiência e respeito na monitoria. Eu gostava de trabalhar com as
crianças e queria muito passar o pouco que eu sabia para pessoas que
acreditavam e gostavam de música. Com a monitoria tive a oportunidade de
estudar em Natal. Minha dificuldade era quando eu já tinha um grupo formado na banda de flauta e entrava outra criança que ia iniciar seus
estudos musicais, e eu não poderia excluí-la dos demais, então tinha que
iniciar tudo. Gostaria que os futuros monitores possam passar o seu conhecimento musical para os alunos que queiram seguir a carreira de
músico. (informação verbal)7
2.2-A MONITORIA NA BANDA FILARMÔNICA SÃO TOMÉ - RN
Outras Bandas de música do Rio Grande do Norte também seguem o modelo que é
desenvolvido na banda de música de Cruzeta - RN com o monitor das quais destacamos a
Filarmônica São Tomé da cidade de São Tomé - RN. Esta banda de música surgiu no ano de
2006 através da Associação de Jovens Ação e Cidadania (AJAC) e do Programa
Desenvolvimento Solidário do Governo do Estado, que no referido ano era governado por
6Informação verbal fornecida à pesquisadora pela ex-monitora Aline Regina da Silva, durante
entrevista em sua residência, em novembro de 2013. 7Informação verbal fornecida à pesquisadora pela ex-monitora Marilene Guedes, durante entrevista em
sua residência, em novembro de 2013.
22
Vilma de Farias. Além da cidade de São Tomé outras cidades do Estado foram contempladas
com uma filarmônica ou receberam novos instrumentos, em caso de cidades que já existiam
bandas. Este projeto foi idealizado inicialmente por Humberto Carlos Dantas (Bembém)
maestro da Banda de Música de Cruzeta e por Gersino Saraiva Maia, que neste governo atuou
como coordenador do Programa Desenvolvimento Solidário (PDS).
A maestrina é Paula Francinente de Araújo Vicente, sendo ela a primeira cruzetense da
Banda de Música de Cruzeta - RN a passar a estudar na Escola de Música da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. A mesma é graduada no curso de Bacharelado no
instrumento clarinete, especialista em educação musical, professora de teoria no curso do
Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), cursando o
curso de Licenciatura Plena em Música pela UFRN. Segundo o relato de Paula Francinete
(ex-monitora de clarinete na cidade de Cruzeta - RN), essa função surgiu na Banda de Música
São Tomé na cidade de São Tomé que fica localizada na região Potengi - RN da seguinte
forma: “Os primeiros monitores surgiram pelo interesse de alguns integrantes estudarem
música e se tornarem músicos profissionais. No ano de 2009 três alunos iniciaram o curso
técnico em música na Escola de Música da UFRN e, a partir de então eles se tornaram
monitores”. (informação verbal)8
Ao ser questionada como é trabalhada a formação dos monitores, Paula Francinete
descreve da seguinte forma:
Usando como exemplo o trabalho de monitoria que acontece na Filarmônica
de Cruzeta, esses três alunos recebiam mensalmente da associação um valor
em dinheiro para custear as passagens para Natal e em troca contribuíam com a Filarmônica repassando os conhecimentos adquiridos no curso para os
demais integrantes do grupo, dando aula dos seus referidos instrumentos
aprimorando os que já participavam ou formando outros novos alunos. (informação verbal)
9
Os monitores também podem dar suas contribuições nas aulas de Iniciação Musical
com aulas teóricas, e ainda tem a experiência de reger o Grupo de Flauta Doce Recordari,
que é um grupo permanente da banda de música, a partir do qual esses alunos posteriormente
passam a integrar a filarmônica.
8Informação verbal fornecida à pesquisadora pela ex-monitora Paula Francinete, durante entrevista em
sua residência, em novembro de 2013. 9Informação verbal fornecida à pesquisadora pela ex-monitora Paula Francinete, durante entrevista em
sua residência, em novembro de 2013.
23
Paula Francinete ainda destaca a importância desse aluno para o desenvolvimento
técnico da banda quando diz que:
A função do monitor é de extrema importância, pois além de permitir que os
mesmos possam se preparar para exercerem a profissão de músicos, lhes dão
também a experiência na prática do ensino de música, além de contribuir para o desenvolvimento técnico/musical na filarmônica. (informação
verbal)10
A maestrina também relata como é feita a escolha do monitor e a vontade dos mesmos
em estudarem música na Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Não há uma seleção dos bolsistas, os próprios alunos escolhem se desejam
estudar música no curso técnico ou bacharelado e assim se tornarem
bolsistas. Até o presente ano tivemos sete monitores, e atualmente temos
apenas um que está de forma voluntária trabalhando com o Grupo de Flauta Doce, mas o mesmo já demonstra interesse em fazer a seleção para o curso
de música na UFRN no próximo ano além de mais cinco alunos. (informação
verbal)11
Diante dessa afirmação da maestrina pode-se perceber o interesse dos próprios
alunos em tornarem-se monitores e ajudarem no processo de desenvolvimento musical de
seus colegas. Muitos desses alunos encontram no processo de monitoria o apoio necessário
para continuar seus estudos musicais através da Banda de Música.
10
Informação verbal fornecida à pesquisadora pela ex-monitora Paula Francinete, durante entrevista em
sua residência, em novembro de 2013. 11
Informação verbal fornecida à pesquisadora pela ex-monitora Paula Francinete, durante entrevista em sua residência, em novembro de 2013.
24
3-A MONITORIA NO NAIPE DA CLARINETA
Antes de falar do naipe de clarineta da Banda de Música de Cruzeta – RN traço um
breve Histórico do instrumento clarinete que foi uma das fontes para minha pesquisa.
O predecessor do clarinete historicamente foi a charamela que pode ser considerada
como o primeiro instrumento musical de palheta única. Apareceu no final de 1600 e era muito
pouco versátil e funcional uma vez que a sua tessitura não chegava sequer a duas oitavas.
Johan Chirstoph Dener e seu filho Jacob, são apontados como os inventores da
chamada chave de registro que permitiu à charamela aumentar significativamente o seu
registro tímbrico e com essas pesquisas chegamos ao clarinete, sendo seu apogeu no
Classicismo.
Segundo Sampaio (2000, p.156)
Abrangendo quase quatro oitavas, a extensão da clarineta é a maior entre
todos os instrumentos de sopro. O seu timbre vária fortemente, conforme o
registro. O registro mais grave, chamando de “registro de chalumeau”, as
notas soam aveludadas e escuras, no registro médio têm sonoridade menos
anasalado e brilhante do que a do oboé e no mais agudo, chamado de registro
de clarino, os sons se tornam cada vez mas brilhantes e chegam a ser
estridentes nos agudos superiores.
No período clássico a clarineta passou por várias modificações de duas chaves até
vinte e seis chaves. Sendo o clarinete de 17 chaves que prevaleceu. O compositor Amadeus
Mozart inseriu oficialmente a clarineta na orquestra por ter um timbre suave e favorecendo o
registro grave do instrumento.
No romantismo as peças eram escritas para clarineta com grande entrelaça de dedos na
execução da técnica. Baseados nos princípios do sistema Boehm, Klosé e Augusto Buffet
desenvolveram o que chamaram de clarinete com anéis moveis. De acordo com os registros
de klosé e Buffet, a clarineta de dezessete chaves que temos hoje é a que foi desenvolvida por
eles, este instrumento se propagou rapidamente por toda a Europa e América.
Em 1825, Ivan Müller escreveu um método especialmente para clarineta, o mais aceito
para o ensino e estudo do instrumento, o qual foi superado pelo método de H. E. Klose, em
1843. Método utilizado ao sistema Boehm, clarineta de dezessete chaves e seis anéis.
25
No Brasil temos o compositor Villa-Lobos que nasceu aos cinco de março de 1887 no
Rio de Janeiro, passando sua infância no meio da música, pois seu pai era amante da mesma.
Sua iniciação musical foi na teoria e nos instrumentos violoncelo e clarineta. Ao longo de sua
vida as músicas populares e folclóricas já se associavam ao seu conhecimento de forma
erudita, o violão como a clarineta e o saxofone já faziam parte de sua vida uma das suas
composições para clarineta os Choros nº 2, que faz parte do ciclo de 14 obras do compositor,
sendo escrito para a formação do clarinete e flauta transversal.
3.1 MINHA EXPERIÊNCIA COMO MONITORA
Entrar na Escola de Música de Cruzeta - RN foi como realizar um antigo sonho do
meu pai, pois o mesmo falava para os amigos que queria ter um filho homem para poder tocar
na Banda de Música, já que achava muito bonito quem tocava algum instrumento. Nesse
período, a banda só tinha componentes homens e mulheres não podiam tocar devido à
tradição das Bandas de Música do Seridó. Com o passar do tempo, essa realidade foi
mudando e as mulheres começaram a participar desses grupos musicais.
Ao entrar na Escola de Música, várias dificuldades foram enfrentadas em decorrência
da minha rotina diária. Uma delas, foi o cansaço de assistir as aulas visto que trabalhava em
casa de família (pela manhã), estudava à tarde em escola regular, restando apenas o final da
tarde para os ensinos de música.
Minha mãe percebendo isso começou a falar comigo sobre a importância de fazer
algo diferente, fazer novos amigos, tocar um instrumento assim fui gostando, não faltava a
nenhuma aula, e sempre estava presente tirando fotos. Quando tinha apresentação da banda de
música minha mãe fazia questão de me levar para ver os instrumentos musicais.
Passando as aulas de teoria musical, aconteceu o primeiro contato com o instrumento
musical, a flauta doce e depois vieram os outros instrumentos da família da flauta, como a
flauta contralto e a tenor. Nesse período o maestro Bembém fez seleção com os alunos para
fazer teste e pegar os instrumentos que fazem parte da banda de música. Meu teste foi com a
clarineta. No início, foram aparecendo dificuldades para soprar, mas não desisti e fiquei com
o instrumento clarineta.
Passei a estudar bastante, pois tinha limitações ao tocar. Foi através de grandes
esforços que entrei na Banda de Música de Cruzeta - RN. Para minha família o momento foi
de emoção, trazendo muita alegria e felicidade. Com o passar do tempo o maestro me fez uma
proposta de ficar à frente da bandinha de Flauta Doce professora Margarett Keller, sendo essa
26
minha primeira experiência como monitora. Aconteceram vários imprevistos, pois não tinha
nenhum contato na área de docência, gritava muito, não tinha paciência, aos poucos fui
conseguindo ter uma postura adequada, conquistando as crianças e fazendo várias
apresentações em grupo. A Bandinha de Flauta Doce tocava em eventos comemorativos e
festivos da cidade, nas escolas, festa de padroeira, festa da colheita e encerramento das
atividades musicais da sede.
Em 2004, entrei para o Curso Técnico de Música da UFRN com habilitação em
Clarineta, sendo que esse interesse de estudar música em Natal partiu primeiramente da
curiosidade de ver meus colegas toda semana viajando para Natal, capital do Rio Grande do
Norte, para estudar, despertando assim, essa vontade de fazer parte desse grupo também. No
ano seguinte, passei para o curso de bacharelado em clarineta na mesma instituição de ensino.
Nesse momento não podia mais estar à frente da Bandinha de Flauta Doce, pois as
aulas eram todos os dias da semana. Quando estudava no curso técnico eram apenas dois dias
da semana que tinha aulas, então dava para conciliar. No entanto, com o bacharelado surgiu à
oportunidade de ensinar a outro grupo de instrumento, tormando-me, assim, monitora do
naipe de clarinete já que as aulas eram ministradas aos domingos iniciando às 9h até
11h30min. Minha primeira turma de clarinete tinha quatro alunos. A aula era dividida em três
momentos: aquecimento, técnica, prática de repertório. Como já havia passado alguns anos na
Bandinha de Flauta Doce, não tive tantas dificuldades, pois estava monitorando o naipe do
meu próprio instrumento e estava sendo acompanhada pelo professor da área. Vale considerar
que na Banda de Música não havia monitor e era o maestro quem ensinava todos os
instrumentistas.
Durante toda a minha graduação trabalhei na monitoria das clarinetas, após
reingressar na UFRN no Curso de Licenciatura, continuei o trabalho em Cruzeta - RN, pois
via que os alunos precisavam de incentivos para estudar, elogios e principalmente saber que
eles eram importantes para a Banda de Música.
Ser monitora dessas crianças é algo que considero muito valioso, pois acredito que
não trabalha apenas os aspectos musicais, mas também lidar com várias situações indesejadas
levando-me a refletir que quando algumas atividades que eram passadas e os alunos
chegavam com inúmeras desculpas, isso me remetia ao passado, pois sabia que fazia isso
também no início. Dessa forma, já sabia conscientizá-los da importância do estudo e com
mais propriedade e convicção, pois aprendi que todo mundo tem seu tempo de aprender e
despertar para os estudos sem ser forçados.
27
Foto 2 - Aula de clarinete em grupo da Banda de Música de Cruzeta
Fonte: Dantas (2013b).
Com as visitas de Margaret Keller aprendi bastante através da observação de suas
aulas onde a mesma passava várias dicas de como poderia melhorar minhas aulas. Um dos
pontos foi dividir a turma em grupos menores, pois iria perceber melhor o desenvolvimento
dos alunos, já que antes as aulas eram com todos os alunos.
Os alunos precisam ter a vivência musical, pois acredito que lhes possibilita um bom
desenvolvimento cognitivo, afetivo, social, sensório motor e perceptivo. Estudar música no
nosso dia a dia é muito importante, pois traz benefícios para toda nossa vida.
Segundo Krzesinski e Campos (2006, p. 115):
Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos
rítmicos, jogos de mãos etc. são atividades que despertam, estimulam e
desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem às
necessidades de expressão que passam pelas esferas afetiva, estética, social e
cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvem a
vivência, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para níveis cada vez
mais elaborados.
Por outro lado, a música possibilita ao docente uma ampla abertura de possibilidade,
para trabalhar com seus alunos em sala de aula podendo, assim, contribuir para o crescimento
desses indivíduos.
Beineke (2003, p. 88) fala que:
28
[...] os conteúdos sempre são trabalhados com base no repertório
selecionado, isto é, não se parte especificamente de conceitos, objetivos ou
conteúdos pré-determinados, mas da própria música. Assim, o centro do
trabalho é o próprio fazer musical, que pode ser complementado com
informações sobre as músicas trabalhadas, mas sem que se invertam essas
posições.
Acredito que estudar as músicas fáceis do repertório da Banda de Música com os
alunos novos é de grande importância, pois os mesmos percebem que tem capacidade de
futuramente tocar todas as músicas do repertório, tanto as fáceis como as difíceis, e assim
contribuir com o desenvolvimento técnico deles.
Segundo Beineke (2003, p. 87):
Aprende-se música fazendo música. Aprende-se música também falando
sobre música, analisando, refletindo sobre ela, mas a vivência musical
sempre precisa estar presente. Para que isso aconteça, é necessário que a
produção musical dos alunos seja valorizada em sala de aula.
Pode-se perceber que a realidade encontrada na escola de música não favorece um
maior desenvolvimento musical como o professor de música gostaria, pois as clarinetas são
velhas e são poucos os alunos que tem condições de comprar o seu próprio instrumento e a
escola não dispõe de um amplo recurso para comprar instrumentos novos. Assim, fica difícil a
desenvoltura dos alunos, devido à falta de afinação do instrumento e os abafadores com falhas
etc. Porém observa-se a importância e o conhecimento adquirido pelo docente para não deixar
aquele aluno ficar desestimulado e ter criatividade para aquela criança não desistir da música.
O nosso trabalho como professor faz parte de um processo educativo global no qual os
cidadãos são preparados para a participação da vida social. Com a educação, a prática
educativa é um fenômeno social e universal, sendo uma necessidade dos seres humanos na
existência e funcionamento de uma sociedade. Cada sociedade precisar cuidar da formação
dos individuo, auxiliar no desenvolvimento de suas capacidades físicas e espirituais, prepará-
los para a participação ativa e transformadora nas várias instâncias da vida social.
A importância para o desenvolvimento musical, e audição permite que o indivíduo
adquira conhecimentos sobre o mundo físico à sua volta, incluindo a aquisição e o
desenvolvimento da linguagem.
29
Como dizem Hentschke e Del-Ben (2003, p. 186):
[...] a melhor forma de avaliar a aprendizagem musical dos alunos é
investigando e analisando suas práticas musicais. O conhecimento e a compreensão musicais dos alunos serão revelados nas suas próprias ações
musicais, pelas atividades de composição, execução e/ou apreciação. A
partir dessa concepção, a avaliação passa a focalizar não os aspectos emocionais ou pessoais dos alunos, mas os produtos musicais provenientes
das atividades de composição, execução e apreciação.
A atividade educativa acontece nas variadas esferas da vida social, a exemplo, na
família, grupos sociais, instituições educacionais ou assistenciais, nas igrejas, nos meios de
comunicação, e as mesmas assumem diferentes formas de organização. Nas aulas de clarinete
eles aprendem a ser responsáveis, criam elos de amizades e aprendem a trabalhar em grupo.
Lembra-se Queiroz (2005, p. 57): “[...] todo individuo pratica, vive e percebe música de
alguma forma”
Sekeff (2002, p. 24-25) descreve que:
A música transcende o mero sentimento estético, caracterizando-se como
recurso de desenvolvimento pessoal, equilíbrio, estímulo e integração do
indivíduo ao meio em que vive além de se construir um auxiliar agradável e poderoso no tratamento de certas doenças, sobretudo as de origem nervosa.
Ao ensinar clarineta, aprendemos muito e ganhamos uma vasta experiência, pois o
professor, além de ensinar música, passa a assumir outros papéis: ele é mãe, pai, psicólogo,
amigo, conselheiro, companheiro. Percebemos essas expressões em vários momentos quando
chegam às aulas tristes, chorando e até mesmo sem falar nada, nesse momento o olhar do
professor é muito importante e precioso.
Nesse longo tempo de monitoria tivemos várias turmas, agora estou com todos os
alunos de clarinetas, ministramos as aulas em dois dias, o primeiro é para estudos de
aquecimento, técnicas e repertório da banda de música o outro e para ensaiar os grupos
criados por mim, dueto, quarteto e o grupão, as músicas estudadas são de estilos variados
como xote, valsa e baião. Nossa primeira apresentação foi na despedida de Margaret Keller
em 30 de agosto de 2013 na sede da escola de música com duas músicas Mulher Rendeira
(Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira) e Anunciação (Alceu Valença), eles estavam ansiosos,
nervosos e com medo de errar, e falavam “tia em não vou tocar”, “vou errar”, “minhas pernas
estão bambas”, mas era minha fez de passar tranquilidade, calma e conscientizá-los que
aquele era o momento deles. Apresentação dentro do esperado, foi boa e as pessoas que
estavam assistindo gostaram, passando assim aquela aflição que eles estavam no começo.
30
Foto 3 – Apresentação da despedida de Margaret Keller
Fonte: Dantas (2013c).
Essa turma tem a faixa etária, entre nove a quatorze anos de idade, sendo uma turma
bem divertida, fazemos encerramento dos clarinetes no final de ano, nos encontramos na
minha residência para assistir vídeos relacionados à música, nós educadores têm que dar o
melhor, pois são eles os nossos futuros instrumentistas.
31
Foto 4 – Residência da aluna-
Fonte: A autora (2013).
Foto 5 – Residência da aluna-monitora
Fonte: RESIDÊNCIA... (2012).
32
4- ENTREVISTAS COM EX-MONITORES DA CLARINETA
Muitas pessoas passaram pela experiência de ser monitor na Banda de Cruzeta, hoje
mais de quarenta pessoas foram ou são monitores. No naipe da clarineta já passaram pela
monitoria: Suzana Santos, Paula Francinete, Fernanda Santos, Leidiana Mara, Gilvânia
Dantas, Vitória Raquelline, Rafaella Cristina, Anderson Medeiros, Patricia Valdelice,
Danielly Dantas, Laedja Drielly. Alguns desses monitores hoje são formados em bacharelado
em clarineta pela EMUFRN.
Foto 6 – Encerramento do ano de 2007.
Fonte: Dantas (2007).
Sobre a monitoria do naipe de clarinete Fernanda Santos, hoje formada em
bacharelado em clarinete, especialista em educação musical, atualmente é integrante da
Orquestra sinfônica do Rio Grande do Norte e professora do curso de clarinete do Programa
Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), nos relata que:
Fui monitora durante uns cinco anos. Apesar de não ser um modelo de
professora e não ter os conhecimentos necessários da pedagogia do clarinete pude tirar desse período a autoconfiança, a vontade de fazer um bom
trabalho, de ver meus alunos participando da banda de música, ou até mesmo
sendo aprovados no curso técnico, bacharelado. Na época tinha muita
vontade de participar como monitora, por ver todos os colegas dando aula,
33
aquilo me instigava. Era como se eu quisesse mostrar que também era capaz.
Através da monitoria pude me auto avaliar, ver se realmente meu trabalho,
meu processo de ensino (apesar de ser tradicional) surtia efeito nos alunos. O que mais me dava dor de cabeça, era não saber o que fazer quando um aluno
não tocava tal música, exercício, não tinha estratégias suficientes para fazer
com que os alunos se envolvessem mais. Acredito que ao ver o monitor, os
alunos pensam: “se ele conseguiu, eu também consigo”. Ao perceberem que os monitores também fazem ou fizeram parte do mesmo processo, começam
a ver isso como uma mola que os impulsionam a quererem conquistar o
mesmo objetivo. Através dessa válvula de escape, foi perceptível a evolução e a rapidez com que os alunos avançaram nos estudo do instrumento.
(informação verbal)12
Na Banda de Cruzeta encontram-se alunos que não se formaram em bacharelado em
música, porém gostam e estudam música, como é o caso de Rafaela Araújo, formada em
Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e cursando o técnico em
clarineta, nos fala da sua experiência como monitora:
Eu passei três anos e meio sendo monitora. Comecei em agosto de 2009 e
terminei em dezembro de 2012. Obtive crescimento pessoal e intelectual,
principalmente, na relação de troca de conhecimentos com os alunos. Ganhei experiência com a docência, senso de responsabilidade, planejamento,
cooperação, trabalho em equipe. Fui monitora porque gostava bastante de
dar aula, gostava dos alunos, gostava e gosto de participar do projeto da
Banda de Cruzeta. O dinheiro sempre foi uma ajuda, não considero como uma bolsa, pois era destinado para pagar as passagens de Natal para Cruzeta.
No tocante aos pontos negativos fiquei mais estressada, devido ter pouco
tempo para fazer muita coisa. Em relação aos pontos positivos, o período que eu desempenhei a monitoria foi de suma importância, seja no aspecto
pessoal, pois gostava muito de dar aulas, e também no aspecto intelectual,
pois ganhei bastante conhecimento, ganhando experiência na docência e no trabalho com crianças. Quando eu era monitora de clarinete também estava
cursando a graduação de Enfermagem. A maior dificuldade foi conciliar o
tempo. Morava em Natal e vinha todos finais de semana para Cruzeta para
participar dos ensaios da banda e dar aula de clarineta. Devido ao curso de enfermagem requerer muita dedicação aos estudos, não tinha muito tempo
para me dedicar ao planejamento das aulas de clarineta e para dar mais
atenção aos alunos. O monitor tem o papel de melhorar a qualidade do ensino e aprendizagem dos alunos, através do repasse de orientações sobre
teoria musical, percepção, sonoridade, articulação, dinâmica, afinação,
escalas, entre outros. Além disso, também cumpre papel de assessorar o maestro em suas atividades, como por exemplo, realização de ensaios de
naipe, organização de aulas para os alunos, criação de duetos, trios,
quartetos. Muitas vezes no momento do ensaio é dada prioridade a execução
de um repertório para apresentações, sendo deixado de segundo plano o aprendizado do instrumento e da teoria musical. A presença do monitor
contribui para o aperfeiçoamento da prática musical do aluno,
12
Informação verbal fornecida à pesquisadora pela ex-monitora Fernanda Santos, durante entrevista em
sua residência, em novembro de 2013.
34
principalmente em relação a sonoridade, articulação, dinâmica e afinação,
que muitas vezes não podem ser repassadas pelo maestro no momento do
ensaio. Dessa forma, na nossa banda a inserção de monitorias trouxe muitas contribuições, assim promovendo um maior rendimento do ensaio, como
também um crescimento do naipe de clarinetas. (informação verbal)13
Na Banda de Música passaram vários alunos de clarineta, uns seguiram na música,
passando em concurso, trabalhando em outras cidades. Alguns levaram da banda de música
grandes ensinamentos em caminhos diferentes. Essa foto abaixo traz a nova turma de
clarinetistas, alguns com dois anos e outros com poucos meses de estudos.
Foto 7 – Festa da Padroeira de Cruzeta - RN
Fonte: Dantas (2013d).
4.1 ENTREVISTA COM OS ALUNOS CLARINETISTAS
As entrevistas foram realizadas na sede da escola de música de Cruzeta RN, com
alguns dos alunos de clarinetes, entre oito e treze anos de idades às 14h30min do dia 03 de
Outubro de 2013, e os mesmos relatam a experiência e desempenho com o monitor nos seus
estudos.
Freire (1987, p. 69) nos fala que “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém
se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. O
13
Informação verbal fornecida à pesquisadora pela monitora Rafaela Cristina Araújo, durante
entrevista em sua residência, em novembro de 2013.
35
monitor é um importante aliado no processo educador desses alunos. Na banda de música os
alunos tem contato no seu cotidiano com outras gerações da banda de música, no qual eles
aprendem com as experiências desses músicos.
A aluna A, em entrevista, relata que: “Peguei o instrumento clarinete, pois via a banda
passar e achava muito legal o som e os solos, se eu não tivesse um monitor não teria
aprendido a respirar direito com o diafragma, as coisas que tinha dificuldades e meu
desenvolvimento seria zero”. (informação verbal)14
A Banda de Música Cruzeta - RN toca em diversas cidades do estado e fora do Rio
Grande do Norte, sendo seus componentes, oriundos das zonas urbana e rural do município, e
uma das transformações desses alunos é a oportunidade de conhecer sua região através das
apresentações realizadas pela banda de música. Muitos desses alunos viajam pela primeira
vez, por intermédio da banda de música, lembro-me dos receios das mães, “cuidado, não saia
de perto dos mais velhos”, e eles demonstravam aquela alegria de viajar.
Já a aluna B nos fala da paixão pela música e seu instrumento:
Eu olhei para o clarinete e me apaixonei, eu fiquei encantada pela música,
escutava a banda tocar e senti a vontade de entrar na banda de música. É muito bom ter aulas com o monitor, pois tenho dificuldades nas escalas e se
não fosse o monitor não estava desenvolvendo minha técnica no clarinete.
(informação verbal)15
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, no Art. 27 afirma que: “Toda
pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fruir as artes
e de participar do processo científico e de seus benefícios.” (DECLARAÇÃO..., 1948).
Assim, percebe-se a riqueza cultural que esses alunos estão inseridos nas atividades
desenvolvidas na banda de música.
Com as entrevistas realizadas com os alunos fica evidente a importância do monitor no
seu desenvolvimento musical como relata a aluna C.
Eu via a banda tocando na frente da igreja, aí eu falei para ‘mãe’ que queria
entrar na banda aí eu entrei, sendo que não iria pegar clarinete, mas vi Kaline tocando e me apaixonei. Se nós não tivéssemos monitor, não
desenvolveríamos nada, o meu desempenho seria fraco. Vejo-me como
14
Informação verbal fornecida à pesquisadora pela aluna A, durante entrevista na sede da Escola de
Música de Cruzeta - RN, em novembro de 2013. 15
Informação verbal fornecida à pesquisadora pela aluna B, durante entrevista na sede da Escola de Música de Cruzeta - RN, em novembro de 2013.
36
futura monitora, pois aprendi bastante e às vezes até ajudo os alunos novatos
nas suas primeiras notas musicais. (informação verbal)16
Em outro momento da entrevista, a aluna D relata o porquê de pegar o clarinete como
seu instrumento e o período e quando despertou sua vontade de estudar música e a
importância do monitor nos seus estudos:
Eu via o clarinete, ele tinha o som bonito e fazia muito solo e o mesmo é lindo, quando via meu irmão indo para a sede estudar, dava vontade de ir
também, com o aluno-monitor aprendemos embocadura, som, stacatto e
etc... Se não tivesse o aluno-monitor meu rendimento era de 10%
(informação verbal)17
O aluno E há dois anos na Banda de Música de Cruzeta - RN relata suas experiências
e se desenvolvimento com a ajudar do aluno-monitor:
O clarinete foi o instrumento que achei com o som mais bonito da banda e
também quando eu via outras pessoas tocando achava muito bonito e foi sua digitação que me levou a escolher o clarinete como meu instrumento. O
monitor nos ensina novas coisas, novos estudos, além disso, acompanha o
nosso desenvolvimento e se não tivesse o monitor meu desempenho seria lento, pois nas aulas ele nos ensina como devemos estudar para ter um bom
desenvolvimento. (informação verbal)18
Alguns dos alunos da Escola de Música de Cruzeta - RN não se vêem como futuros
monitores, mas relatam a importância do mesmo nos seus estudos musicais e sua trajetória no
instrumento clarinete.
Minha vontade de entrar na banda de música surgiu quando vi meu primo
tocando na festa de Outubro na noite dos motoristas achei lindo a Banda tocando em cima de um caminhão e foi ai que eu decido que queria entrar na
banda. Eu ia fazer o teste para flauta transversal, mas quando cheguei à sede
a professora fez o teste para o clarinete gostei e até hoje estou tocando
clarinete, com as aulas do monitor aprendi muitas coisas e meu
16
Informação verbal fornecida à pesquisadora pela aluna C, durante entrevista na sede da Escola de Música de Cruzeta - RN, em novembro de 2013.
17Informação verbal fornecida à pesquisadora pela aluna D, durante entrevista na sede da Escola de
Música de Cruzeta - RN, em novembro de 2013. 18
Informação verbal fornecida à pesquisadora pelo aluno E, durante entrevista na sede da Escola de
Música de Cruzeta - RN, em novembro de 2013.
37
desenvolvimento melhorou bastante e sem ele meu desempenho seria lento.
(informação verbal)19
Os alunos fazem teste no instrumento antes de iniciar seus estudos, alguns não tocam
os instrumentos que desejam, pois a seleção é de acordo com a vaga de determinado
instrumento. Esses alunos que antes desejavam outro instrumento, como por exemplo, a flauta
transversal, pois achava bonito pela forma como o instrumentista tocava horizontalmente o
instrumento, ao tocar no clarinete o aluno se encantava com o som e sua digitação, pois cada
instrumento tem seu encantamento.
Observa-se que ao incluir a monitoria na Banda de Música de Cruzeta - RN houve
avanços significativos e cognitivos no desenvolvimento musical e docente dos alunos que
tiveram a oportunidade de vivenciar esse modelo de ensino que capacita e é eficaz no
aprendizado dos componentes da Banda de Música, ficando claro nas entrevistas a relação
interpessoal entre os alunos e monitores na qual os alunos tem os monitores como exemplo
para o desenvolvimento técnico do seu instrumento.
19
Informação verbal fornecida à pesquisadora pela aluna F, durante entrevista na sede da Escola de
Música de Cruzeta - RN, em novembro de 2013.
38
5- A TRAJETÓRIA DE MARGARET KELLER NA BANDA DE MÚSICA DE
CRUZETA - RN
A proposta de ensino do instrumento flauta doce na escola de música de Cruzeta – RN,
veio através da professora suíça Margaret Keller, formada em música pelo Konservatoriun
Zurich, especialista em educação, graduada em flauta transversal nos Estados Unidos e
formada em musicoterapia pela Universidade de Londrina.
Margaret Keller chegou ao Rio Grande do Norte como professora voluntária do
instrumento flauta doce do projeto Aldeias SOS Internacional. A mesma chegou a Cruzeta -
RN através do maestro Ubaldo Medeiros (Totó), que fazia parte do projeto Aldeias SOS, na
cidade de Caicó, antes ele era o maestro titular da Banda de Música de Cruzeta RN. Margaret
Keller relata que “Estava na festa da colheita em Cruzeta - RN e a banda de música iria tocar,
fiquei encantada e quando acabou o trabalho nas Aldeias, fiquei em Cruzeta, foi amor à
primeira vista”. (informação verbal)20.
O início das aulas de flauta doce com a professora suíça veio no ano de 1990 em
conjunto com o atual maestro, Humberto Carlos Dantas (Bembém) tendo o objetivo de
resgatar as canções folclóricas brasileiras. Sendo esse o modelo de ensino que deu vários
resultados positivo para a banda.
A professora passou a visitar Cruzeta - RN de dois em dois anos, na qual trabalhava
com os alunos da teoria musical e da Bandinha de Flauta Doce, depois começou a trabalhar
com os instrumentos da banda de música, dando aula, passando música do repertorio da banda
de música, formando grupos, trio, quarteto e quinteto. No ano de 2013 passou três meses em
Cruzeta - RN e nesse período ela trabalhou com vários grupos e uns dos beneficiados foi o
naipe das clarinetas. Margaret Keller relatou sua experiência respondendo a duas perguntas:
quais foram os pontos positivos e negativos que encontrou no naipe dos clarinetes.
NEGATIVO – Vou começar com o negativo, o problema é que eles
ingressam na banda muito cedo, eles são forçados a aprender muito rápido, e
pulam etapas. Eles precisam ter uma base do ensino teórico mais trabalhado, no entanto isso não acontece. Eles não precisam estudar todas as partituras
de uma vez só, precisam primeiro estudar os traços que eles tem dificuldades
na música e depois ir aumentando os estudos, com isso não teriam tantas dificuldades.
20
Informação verbal fornecida à pesquisadora por Margaret Keller, durante entrevista na sede da
Escola de Música de Cruzeta - RN, em agosto de 2013.
39
POSITIVO – Os alunos da turma dos clarinetes são muitos educados eles
querem aprender e só precisam de orientação para estudar esse instrumento,
precisam de acompanhamento para não desistir de estudar música, pois têm alguns clarinetes que são muitos antigos na banda de música e não tem uma
manutenção frequente. É uma turma boa, você está fazendo um bom
trabalho. Não pare agora, eles precisam de aulas para melhor desempenho.
(informação verbal)21
.
As aulas com a professora Margareth Keller são essenciais para todos os naipes da
Banda de Música Cruzeta - RN, pois a professora tem uma vivência musical significativa,
vindo a ampliar os conhecimentos tanto dos alunos como dos monitores. Observar os pontos
positivos e negativos que é necessário para que se possa modificar a metodologia antes
aplicada para que haja um desenvolvimento maior do grupo.
Nesses 25 anos da Banda de Música de Cruzeta - RN é significante a presença da
professora Suíça Margaret Keller, com seu apoio tanto financeiro e pedagógico e com sua
experiência de vida modificou a trajetória de vários componentes da Escola de Música de
Cruzeta - RN, pois tiveram a oportunidade de se qualificarem academicamente, aprimorando
seus conhecimentos técnicos e teóricos, podendo assim desenvolver um trabalho musical com
os alunos da Banda de Música.
21
Informação verbal fornecida à pesquisadora por Margaret Keller, durante entrevista na sede da
Escola de Música de Cruzeta - RN, em agosto de 2013.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A música é uma arte que permite o ser humano expressarem-se seus sentimentos de
várias maneiras. Ao ouvir uma música o indivíduo percebe de diferentes modos, sendo criadas
várias opiniões sobre a mesma música executada. Nessa plenitude não existe um padrão de
certo ou errado ao ouvir uma música por várias pessoas. Pressupondo-se que a cada novo
olhar tende-se a possibilidade de uma nova interpretação musical. A música é uma grande
aliada quando é bem utilizada no processo de sensibilização do ser. A mesma não é uma
solução para a humanidade, porém demonstra-se como recurso importante capaz de propor ao
individuo uma experiência única.
O presente trabalho foi elaborado na perspectiva de contribuir com novas pesquisas na
área do monitor no âmbito musical, mostrando a importância do monitor na Banda de Música
de Cruzeta - RN no qual tive dificuldades de encontra referências sobre o assunto abordado,
hoje na banda de música esses monitores tem um papel fundamental no desenvolvimento
técnico dos alunos.
Os alunos tem a escola de musica de Cruzeta - RN como extensão de suas casas que
implica no fortalecimento social entre os alunos.
Com esse trabalho realizado, foi possível perceber que há uma escassez de trabalhos
que tratem dessa figura do monitor de instrumento, mas que é de fundamental importância sua
existência, tendo em vista seu papel que é, sem dúvida, muito importante para o
desenvolvimento musical da banda de música, tendo influência direta nas atividades musicais
da banda de música. A música é uma arte divina e exerce nas pessoas, sentimentos de alegria,
amor, tristezas. A banda de música é um espaço, no qual devemos preservar e manter viva na
memória da sua comunidade, constituindo-se, também, como ambiente de formação humana,
profissional dos jovens que nela participam.
Entretanto, tal dificuldade não traz o desestimulo para os participantes da banda de
música que reconhecem a mesma como ação artística necessária para evolução musical
principalmente na criação de grupos menores que se forma da instituição como: grupo de
metais quinteto, quarteto, duo, entre outros para os jovens esse contato é valioso, pois eles
podem se apresentar em vários lugares, proporcionando ao grupo a possibilidade de analisar a
apresentação. Portanto “as mudanças ocorridas levam-nos a refletir sobre desafios trazidos
para o ensino de música na atualidade”. (SOUZA, 2000, p. 45). Essas mudanças vêm
possibilitar ao estudante novas maneiras de aprimorar seus conhecimentos, suas técnicas, com
esses novos grupos que são formados dentro da própria banda de música.
41
Em projetos pioneiros o da cidade Cruzeta - RN o monitor é exemplo para várias
bandas de música do interior em nosso estado. Mas isso precisa ser preservado, pois hoje na
banda de música é uma ferramenta pedagógica que tem função transformadora na vida de
cada componente que participa da escola de música buscando uma valorização do seu esforço,
sua dedicação com o trabalho social da banda de música, buscando formação acadêmica. A
Banda de Música de Cruzeta - RN contribui imensamente no processo de socialização da
criança e jovem, ajudando-o a ultrapassar as barreiras do cotidiano.
Os entrevistados que passaram pela a experiência do monitor, falam nas mudanças que
proporcionaram na vida docente de cada um deles. É necessário que haja uma compreensão
de preservar ou ampliar trabalhos importantes de tradições como de Cruzeta - RN.
42
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