viver é sofrer

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Page 1: Viver é sofrer

VIVER É SOFRER

  No sistema de Schopenhauer, a vontade é a raiz metafísica do mundo e da conduta

humana; ao mesmo tempo, e a fonte de todos os sofrimentos. Sua filosofia é, assim,

profundamente pessimista, pois a vontade é concebida em seu sistema como algo sem

nenhuma meta ou finalidade, um querer irracional e inconsciente. Sendo um mal inerente

à existência do homem, ela gera a dor, necessária e inevitavelmente, aquilo que se

conhece como felicidade seria apenas a interrupção temporária de um processo de

infelicidade e somente a lembrança de um sofrimento passado criaria a ilusão de um bem

presente. Para Schopenhauer, o prazer é momento fugaz de ausência de dor e não existe

satisfação durável. Todo prazer é ponto de partida de novas aspirações, sempre obstadas

e sempre em luta por sua realização: “Viver e sofrer”. Mas, apesar de todo seu profundo

pessimismo, a filosofia de Schopenhauer aponta algumas vias para a suspensão da dor.

Num primeiro momento, o caminho para a supressão da dor encontra-se na contemplação

artística. A contemplação desinteressada das idéias seria um ato de intuição artística e

permitiria a contemplação da vontade em si mesma, o que, por sua vez, conduziria ao

domínio da própria vontade. Na arte, a relação entre a vontade e a representação inverte-

se, a inteligência passa a uma posição superior e assiste à história de sua própria

vontade; em outros termos, a inteligência deixa de ser atriz para ser espectadora. A

atividade artística revelaria as idéias eternas através de diversos graus, passando

sucessivamente pela arquitetura, escultura, pintura, poesia lírica, poesia trágica, e,

finalmente, pela música. Em Schopenhauer, pela primeira vez na história da filosofia, a

música ocupa o primeiro lugar entre todas as artes. Liberta de toda referência específica

aos diversos objetos da vontade, a música poderia exprimir a Vontade em sua essência

geral e indiferenciada, constituindo um meio capaz de propor a libertação do homem, em

face dos diferentes aspectos assumidos pela Vontade. 

SCHOPENHAUER E O AMOR

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer procurou falar de um tema muito

pouco abordado pela Filosofia “O AMOR”. Ele tentou definir o amor como a manifestação

de um desejo inconsciente de perpetuar a espécie. Pois conscientemente ninguém

suportaria carregar o fardo pesado da “vontade de vida” (nome que Schopenhauer

atribuiu ao desejo instintivo de perpetuar a espécie). Ninguém quer admitir que todas

aquelas juras de amor não passam de um artifício natural para garantir a sobrevivência

da espécie, isso nos reduz a simples marionetes ou a criaturas programadas para

reproduzir. Schopenhauer defende que este desejo não é exclusivo dos seres humanos, e

que está presente em todos os seres vivos. Para Schopenhauer o amor romântico é uma

invenção cristã. A vontade de vida vai trabalhar da seguinte maneira, ela aproxima duas

pessoas de maneira que uma vai encontrar na outra aquela característica que não possui.

Por exemplo, pessoas altas dificilmente irão ter interesse por uma pessoa da mesma

estatura, os louros gostam das morenas, cada homem desejará ardentemente e preferirá

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as criaturas mais belas, porque nestas está impresso o tipo mais puro da espécie.

Portanto, a busca zelosa e apaixonada pela beleza, não se refere ao gosto pessoal de

quem procede, mas ao fim verdadeiro, o novo ser, que tem que conservar o tipo da

espécie da maneira mais pura possível. Os homens são inclinados a inconstância no amor

e a mulher a constância. O amor do homem diminui sensivelmente depois de satisfeito,

isso não significa que não irá ter interesse por outras mulheres, se trata apenas de um

artifício natural para que o homem procure outras parceiras. Isso explica o sentimento de

decepção que muitos experimentam depois que o gozo é obtido. O que está em jogo é a

permanência da espécie no planeta. É dessa maneira que a natureza seleciona as

características dos indivíduos que vão nascer. Tendo assim total controle do processo.

Schopenhauer teve vários relacionamentos amorosos, mas nunca casou, falava que

quando pessoas casam irão fazer tudo para se odiarem.