vox objetiva 35

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maio/12 • Edição 35 • ano iV • Distribuição gratuita Leveza na passarela Minas Trend Preview apresenta as tendências para o verão 2013 “Nos braços de Morfeu” Pesquisas desvendam mistérios do sono e derrubam mitos O Jogo do Poder Polícias, Ministério Público e casas legislativas unidas contra a máfia dos jogos em Minas Gerais

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Revista Vox Objetiva - Versão 35

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Leveza na passarelaMinas Trend Preview apresenta as tendências para o verão 2013

“Nos braçosde Morfeu”Pesquisas desvendam mistérios do sono e derrubam mitos

O Jogo do Poder

Polícias, Ministério

Público e casas legislativas unidas contra

a máfia dos jogos em Minas Gerais

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MetrOpOlIS • OLHAR BH

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Banhado pelo SolEste detalhe da arquitetura do Solar Narbona foi registrado ao entarde-cer do dia 10 de maio. Localizado ao lado do Palacete Dantas e de frente para o Palácio da Liberdade, o prédio foi construído por volta de 1911, pelo espanhol Francisco Narbona. a antiga sede da Secretaria de Estado de Cultura tem uma estética arquitetônica conhecida como ecletismo, um estilo que teve início na Europa no final do século XiX, visando satis-fazer os desejos da burguesia. a arquitetura eclética combina elementos das edificações clássicas, medievais, renascentistas, barrocas e neoclás-sicas. É caracterizada por riquezas decorativas, simetria e grandiosidade.

Luiza Villarroel

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edItOrIal

As últimas notícias sobre a CPMI que investiga as atividades do bicheiro “Carlinhos Cachoeira” não são animadoras. Tanto o presidente da comissão mista, o senador Vital do Rego (PODA), quanto o relator, o deputado federal mineiro, Odair Cunha (PT), se esforçam-se para dar aos depoimentos e às decisões ares de uma investigação isenta e compromissada com os interesses públicos.

Bastou dar início à verificação dos documentos enviados pela Polícia Federal – resultado das operações Vegas e Monte Carlo – para o “chão tremer” em Brasília.

Em primeiro lugar, os dirigentes fizeram questão de vazar as ligações entre o bicheiro e um jornalista responsável pelo escritório de uma grande revista nacional. A questão é que a convocação começou a ser tratada como uma espécie de “ameaça” ao trabalho dos jornalistas envolvidos na produção das matérias investigativas.

Em seguida, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, foi “convidado” para explicar as razões que o levaram a liberar os inquéritos somente após o caso ganhar repercussão nacional.

O problema é que a convocação ganhou contornos políticos por ser ele o acusador de 38 nomes ligados ao escândalo do “mensalão” que vão a julgamento ainda este ano, no STF. Só há uma coisa certa: o “bode expiatório”, naturalmente, será o senador Demóstenes Torres.

Por ironia do destino, há poucas possibilidades de o acordo sair do script. Uma delas é, mais uma vez, a desavença doméstica. A ex-mulher de “Cachoeira” foi chamada para depor. Basta que a pensão esteja atrasada, como aconteceu com o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta, denunciado pela ex-mulher enfurecida, Nicéia.

Aqui em Belo Horizonte, outra CPI, dessa vez a do Jogo do Bicho, também tenta expor os tentáculos da contravenção. Mas as investigações esbarram na corrupção policial e na falta de fiscalização e de atitude das lideranças políticas. Seja em Brasília, seja entre as nossas montanhas, estamos diante de um jogo de interesses em que ninguém quer sair perdendo.

Aposta arriscada

a Revista Vox é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. Rua Tupis, 204, sala 218, Centro - Belo Horizonte - mG CEP: 30190-060.

“... o povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)

• EDiToR E joRNaLiSTa RESPoNSáVELCarlos Viana

• DiaGRamação E aRTEGraziele martins

• CaPaShutterstock

• REPoRTaGEmandré martins

• ESTaGiáRioS Fernanda CarvalhoBianca Nazaré

• CoRRESPoNDENTESGreice Rodrigues -Estados Unidosilana Rehavia - Reino Unido

• DiREToRia ComERCiaLSolange Viana

• aNú[email protected](31) 2514-0990

[email protected](31) 2514-0990www.voxobjetiva.com.br

• REViSãoVersão Final

• TiRaGEm 30 mil exemplares

Os textos publicados em forma de arti-gos, produzidos por colunistas convida-dos, expressam o pensamento individual e são de responsabilidade dos autores. todos os direitos reservados. Os textos publicados na revista Vox Objetiva só poderão ser reproduzidos com autoriza-ção dos editores.

CarlOS VIanaEditor-Chefe

[email protected]

expedIente

OBRA EMPARCERIA COM O

GOVERNO FEDERALUM NOVO EIXO VIÁRIO PARA BHAs avenidas Tancredo Neves e João XXII I estão sendo duplic adas e ligadas à avenida Pedro II e ao Anel Rodoviário. A obra vai desafogar o trânsito nas regiões Noroeste e Pampulha e beneficiar toda a cidade.

COMPLEXO VILA SÃO JOSÉUMA GIGANTESCA OBRAVIÁRIA E UMA DAS MAIORES OBRAS SOCIAIS DO BRASIL

UMA OBRA ESPERADA HÁ MAIS DE 30 ANOS

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE.NÃO PARA DE TRABALHAR POR VOCÊ.

WWW.PBH.GOV.BR

A vila que havia no local deu lugar a conjuntos habitacionais com 1.408 apartamentos de 2 e 3 quartos. Estão previstos também uma UMEI, um BH Cidadania e um centro de saúde. Além da obra social, a cidade ganha uma melhoria ambiental. O córrego foi canalizado e recebeu interceptores de esgoto, reduzindo a poluição na Lagoa da Pampulha.

NATALIA FERREIRA E SUA FILHA VICTORIA, MORADORAS DA VILA SÃO JOSÉ

Imag

em il

ustr

ativ

a

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OBRA EMPARCERIA COM O

GOVERNO FEDERALUM NOVO EIXO VIÁRIO PARA BHAs avenidas Tancredo Neves e João XXII I estão sendo duplic adas e ligadas à avenida Pedro II e ao Anel Rodoviário. A obra vai desafogar o trânsito nas regiões Noroeste e Pampulha e beneficiar toda a cidade.

COMPLEXO VILA SÃO JOSÉUMA GIGANTESCA OBRAVIÁRIA E UMA DAS MAIORES OBRAS SOCIAIS DO BRASIL

UMA OBRA ESPERADA HÁ MAIS DE 30 ANOS

PREFEITURA DE BELO HORIZONTE.NÃO PARA DE TRABALHAR POR VOCÊ.

WWW.PBH.GOV.BR

A vila que havia no local deu lugar a conjuntos habitacionais com 1.408 apartamentos de 2 e 3 quartos. Estão previstos também uma UMEI, um BH Cidadania e um centro de saúde. Além da obra social, a cidade ganha uma melhoria ambiental. O córrego foi canalizado e recebeu interceptores de esgoto, reduzindo a poluição na Lagoa da Pampulha.

NATALIA FERREIRA E SUA FILHA VICTORIA, MORADORAS DA VILA SÃO JOSÉ

Imag

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Capa .................................................................. JUSTIÇA • máFia DoS joGoS Sanções brandas e corrupção são fatores impeditivos para o combate à jogatina

VerbO ............................................................ eNTRevISTA • MARY DEL PRIORE Intelectual brasileira revela a razão do interesse pelos coadjuvantes da história

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SuMárIO

artIgOS.............................................................................POLÍTICA • Paulo Filho A verdade necessária ...........................................................12

JUSTIÇA • Robson Sávio O orçamento da segurança pública mineira ..........................19

IMOBILIÁRIO • Kênio Pereira A importância da baixa de construção ................................20

PSICOLOGIA • maria angélica Falci Atire a primeira pedra ........................................................ 25

andré martins

METEOROLOGIA • Ruibran dos Reis O que esperar da Rio+20 .............................................................32

CRÔNICA • joanita Gontijo O chiado da agulha ........................................................... 50

SalutarIS ....................................................................... ReceITA • PALADAR Robata de salmão com molho light .............................. 30

vINHOS • Consumo Regras ou sugestões? ......................................................31

SalutarIS ................................................. SAúde • SONOHiperatividade e déficit de atenção po-dem ser reflexos de noites mal dormidas

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Stock.xchng

Stock.xchng

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SalutarIS ................................................. ReTRô e vINTAge • MISCELÂNEAA crescente preferência por decorações antigas mescladas com o moderno

Vanguarda ............................................. veícULOS • F1Venezuelano Pastor Maldonado vence na Espanha. Enquanto isso, os brasileiros...

Vanguarda ............................................. 3d • SENSACIONAL “Realismo” da terceira dimensão não é realidade em todo cinema 3D

pOdIuM......................................................... FUTeBOL • CaSa aZUL-GRENá O Camp Nou e a capital espanhola em impressões apaixonadas

kultur ......................................................... OLIMPíAdAS 2012 • LoNDRES CULT Capital inglesa investe pesado em cultura para atrair turistas

kultur ......................................................... MúSIcA • O DISCO DO ANO Zeca Baleiro lança CD “popularmente esquizofrênico”

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Bianca Nazaré

Divulgação

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Divulgação

Paulo afonso

Divulgação

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mary Del Priore lança livro sobre triângulo amoroso envolvendo D. Pedro i e revela a razão do interesse pelos singelos vestígios da história

Perícia histórica

Ela é a historiadora brasileira de maior destaque na atualidade. E todas as razões que justificam essa marca são conhecidas. Além dos diversos prêmios conquistados, Mary Del Priore consegue o que muitos gostariam: ela vende. ”O príncipe maldito” e “Histórias íntimas” renderam à professora carioca as primeiras colocações entre os mais vendidos nas livrarias brasileiras. A posição foi sustentada semanas a fio.

A história poderia ser outra, caso Mary não optasse por se desvincular da Academia, há 13 anos, para começar a fazer o que realmente gosta: escrever para o grande público, com liberdade, estilo e zelo.

Um segredo do sucesso é a descrição clínica que se equipara à de um grande romanceador. Outro, o faro investigativo como pouco se vê. É dessa forma que Mary tem apresentado aos brasileiros, personagens e momentos marcantes para a história nacional, desfazendo os muitos mitos que rondam o imaginário popular.

Com mais de 30 livros publicados, boa parte sobre o Império, a intelectual passa a impressão de ter vasculhado tudo que podia: lugares, cartas, bilhetes e mimos. Mas ela confessa que se surpreende a cada nova investida pela história.

Por incorporar elementos do romance à escrita – todos baseados na documentação histórica, Mary

sofre do mal que um dia acometeu o grande escritor Gilberto Freyre, autor de “Casa Grande & Senzala”. Na Academia há quem “torça o bico” ao ouvir o nome dela. Mas assim como a história, entendida como um processo, isso tende a ser revisto em determinado momento.

Em entrevista à VOX OBJETIVA, Mary fala sobre a grande paixão e revela detalhes do livro que veio lançar em Belo Horizonte, no projeto Sempre um Papo: “A carne e o Sangue”. A obra descortina a frustração da imperatriz, D. Leopoldina, diante da relação extraconjugal do marido, D. Pedro I, com a marquesa de Santos.

Em seus livros você revela interesse pela intimidade de determinados personagens da história do Brasil. Por que desvendar o que acontece dentro dos palácios, dos confessionários, dos quartos?

Porque acho que é um tema apaixonante para a história. A partir da intimidade, a gente consegue dar carne e sangue – se você me permite repetir o título do novo livro – aos personagens históricos que muitas vezes são tão mitificados.

Eu acho que os pequenos gestos, a repetição de certos hábitos, as formas de vestir, falar, de se comunicar, das palavras de amor ou de ódio, tudo

“Eu acho que os bons personagens

são esses que a gente consegue

ver nas sombras”

Texto e fotosAndré Martins

VerbO

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VerbO

nos ajuda a construir esses personagens do passado de uma forma mais humana. O que eu faço é despojar essas figuras de todo o mito, inseri-las, inscrevê-las em determinada temporalidade e transformar a intimidade e a vida privada numa janela para ver também a vida pública. Então eu sempre tenho essa preocupação de estar olhando o pano de fundo. A intimidade, a sensibilidade e os sentimentos também são uma maneira de a gente olhar para fora.

É interessante notar como você consegue subverter a condição de coadjuvante de algumas figuras que são tidas como tal: um possível terceiro imperador do Brasil, uma amante fogosa, uma condessa dividida entre o desejo e a fé. Na história não figuram os chamados coadjuvantes?

Eu diria que só existem coadjuvantes. Os protagonistas são criados por determinados momentos históricos. Eu acho que os bons personagens são esses que a gente consegue ver nas sombras. São aqueles que conseguimos ver passar atrás, digamos, do cenário histórico reconstituído por meio da documentação com a qual tenho grande compromisso.

Grande parte dos seus livros estende olhar sobre personagens e eventos do século XIX. Há algo de especial nesse período histórico?

O meu foco na família imperial se justifica pelo fato de a documentação ser riquíssima. Eu trabalhei durante muitos anos com a colônia. Estava entre aqueles intelectuais que tinham que ir a Portugal descobrir a voz dessa gente que viveu aqui na colônia. Os processos estavam todos lá, assim como os tribunais da inquisição ou jurídicos. Já as vozes do século XIX estão nos nossos arquivos. A gente pode “conversar” com esses mortos aqui. É possível cruzar essas vozes com imagens – as iconografias dos viajantes ou a fotografia, que está sendo inventada naquele momento –, toda literatura e todo jornal produzido nessa época. Então procuro extrair dos documentos a voz de determinados personagens e tento observar como eles são vistos por essas outras vozes que os demais documentos oferecem.

Como se dá a preparação para escrever um livro?

Confesso que a primeira coisa que faço é uma seleção de literatura do período. Aí eu me sinto assim, banhando naquele ambiente. Convenhamos: os autores do século XIX são muito descritivos. Tanto os românticos quanto os realistas têm um compromisso muito grande com a reconstituição. Por isso, a literatura é importante. Ainda assim, sou muito fiel à documentação, com a qual eu converso posteriormente. Por exemplo: se eu digo que a Leopoldina cruzava alamedas de bougainvilles e lantanas para ir de São Cristóvão ao Centro, é porque num viajante eu li que, ao ir a São Cristóvão, ele cruzava essa série de flores. São detalhes, mas detalhes absolutamente fiéis à documentação.

“A carne e o sangue” é o seu mais novo livro. Entre D. Pedro I, duas mulheres muito distintas: a imperatriz D. Leopoldina e Domitila. O que no perfil de cada uma a surpreendeu mais?

A Leopoldina sempre foi pintada pela historiografia como uma mulher que deu o braço pela independência do Brasil. Mas a verdade não é essa. Em toda correspondência que mantinha com o pai, ela se revelava uma mulher com verdadeiro horror ao que vinha acontecendo no Brasil. De todos os documentos

Fenômeno de vendas e prêmios: mary Del Priore em lançamento do novo livro “a carne e o sangue”, em Belo Horizonte .........................................................................................................................

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VerbO

com que eu trabalhei em toda a minha vida (e olha que não foram poucos), eu nunca ouvi uma voz de dor feminina como eu ouvi na documentação dessa mulher. Ela falava do seu isolamento, da sua depressão, da solidão e do abandono em que vivia. Embora fosse bem-educada, ela não sabia o elementar, que é navegar na cultura do outro. Então a Leopoldina não se relacionava nem com brasileiros nem com portugueses. E esse fosso cultural vai aumentando. Então eu diria que essa é uma faceta inteiramente nova dessa mulher, que era uma perfeita desconhecida.

E a Domitila, ninguém sabia nada sobre ela. Ela era um mito, né?

O mito da grande paixão. Conhecia-se apenas as cartas do D. Pedro para ela, em que ele assina Fogo Foguinho, Demonão, diz que quer ir aos “cofres” [sexo feminino], que quer ser o mico dela. Em algumas correspondências, ele pede que ela tome banho antes de irem para a cama. Enfim, tem todo esse lado. Mas o que eu procurei demonstrar é que ela era uma mulher totalmente dona do seu destino. Domitila também vai oferecer a D. Pedro I, de maneira muito inteligente e habilidosa, a corte que ele não tinha, porque a Leopoldina não sabia fazer. Ela vai oferecer na casa dela um espaço de sociabilidade para esse imperador. E eu lembro sempre que dormir com a Domitila nessa época era dormir com o Brasil. Ela era uma brasileira. Então eu acho que isso, de certa maneira, tinha uma implicação simbólica. Ele tinha uma favorita, que era uma brasileira.

O seu próximo projeto é sobre a princesa Isabel. O que você pode nos adiantar em relação a essa personagem que os brasileiros desconhecem?

Ao escrever o “A carne e o sangue”, tive acesso a uma documentação nova sobre a princesa Isabel, no Instituto Histórico Geográfico. Os registros mostram que de abolicionista a Isabel não tinha nada. No último minuto, ao apagar das luzes, ela se toca, depois de ter ido a São Paulo – quando o oeste da cidade era varrido por rebeliões escravas, fugas em massa, os caifazes assolando as senzalas. Até então ela não via nada. Achava tudo muito bonitinho. Só em abril de 1887 que ela percebe o que estava acontecendo. Em maio de 1888, nós temos a abolição e em novembro

de 1889, a Proclamação da República. Então o castelo, como eu digo, era de papel. O título do próximo livro é “O castelo de papel”.

Mary, você se desligou da USP há 13 anos. Em entrevistas, você revela que se sentia um pouco oprimida pela lógica imposta no meio acadêmico: o “publique ou pereça”. O seu processo de escrita mudou em que sentido, depois que você tomou essa decisão?

Primeiro: hoje eu tenho uma relação muito estreita com meus leitores. Tão logo eles sabem que estou escrevendo alguma coisa, eu passo a receber deles documentos, opiniões,... Eles participam do que eu faço. Segundo: hoje eu tenho uma liberdade muito grande de narrativa. Eu adoro o que eu faço! Eu até brinco que esse livro é uma história de amor do D. Pedro com a Leopoldina, dele com a Domitila e minha com a história. Porque realmente eu adoro escrever e cada vez procuro corresponder às expectativas dos meus leitores. Mais do que isso: procuro conquistar leitores para a história.

Quais são os maiores desafios do pesquisador de história no Brasil? É difícil ter acesso às fontes?

Não é difícil ter acesso. É difícil ser historiador. Isso implica a pessoa ter uma liberdade, sobretudo econômica. Eu lembro sempre esse aspecto. Os professores são muito malpagos; não são valorizados. A memória no Brasil não é valorizada. Vocês estão em um estado maravilhoso, que possui uma memória patrimonial esplêndida. Em Minas Gerais, tudo é história. Mas rapidamente as igrejas se transformam em estacionamentos de supermercado, e as praças são demolidas. Acho que é como se o país conspirasse contra a história, porque é muito fácil a gente imaginar que ela está acontecendo agora e desconhecer que história é um processo. E esse processo tem que ser valorizado. Os professores de história têm que ser valorizados. E eles, sobretudo, têm que gostar do que fazem. É preciso paixão. Mas como você se apaixona, se ganha mal, não tem dinheiro para viajar, não tem dinheiro para comprar livros, se as pessoas estranham quando você fala que é historiador e perguntam se é com H ou sem H? Então eu diria que é muito duro. Mas quem gosta não deve hesitar; deve ir fundo, porque é apaixonante. Eu não me arrependo nem um minuto.

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paulO fIlHO jornalista e consultor de Comunicação Social

[email protected]

artIgO - POLíTIcA

A verdade necessária Depois de quase seis meses de espera, a presidente

Dilma Rousseff anunciou a composição da Comissão da Verdade. Parece que agora alguma coisa vai ser feita para resgatar a verdade sobre acontecimentos da época da ditadura militar. Se for levado em conta o tempo perdido, esses seis meses não significam nada perto das mais de duas décadas desde o fim da última ditadura no país.

A Comissão da Verdade vai investigar crimes políticos e violações aos Direitos Humanos cometidos no Brasil entre 1946 e a promulgação da Constituição de 1988, mas o foco será a última ditadura militar vivida no país, entre 1964 e 1985. A Comissão terá um prazo de dois anos para produzir um relatório apontando responsáveis por torturas, mortes e desaparecimento de pessoas. A própria presidente Dilma Rousseff foi presa em 1970 e torturada pelos agentes do regime. Ela foi condenada pela Justiça Militar de três estados: Minas, Rio e São Paulo. Mais do que estabelecer a verdade histórica, a Comissão pode se constituir num ponto de partida para que a justiça no país se estabeleça em outro patamar.

A Comissão da Verdade é uma grande promessa de avanço institucional e democrático. Apesar de muitos entre a direita e a esquerda considerarem um retrocesso, a Comissão pode fazer o resgate da história nacional, identificando erros do passado, seus autores e servindo como um farol para o futuro. A Lei da Anistia é a base do argumento defendido pelos contrários à instalação da Comissão. Segundo eles, a Lei pôs uma pedra sobre

todos os assuntos referentes ao período de exceção. É óbvio que crimes têm de ser apurados, os autores identificados e as circunstâncias esclarecidas. As respostas e até os restos mortais têm de ser encontrados e resgatados, se possível. E é bom levar em conta a possibilidade de que sempre haverá alguém disposto a contar o que sabe, por arrependimento ou não, desde que seja garantida sua segurança.

Estes são os objetivos contidos no manifesto que orienta a criação da Comissão da Verdade: descobrir, esclarecer e reconhecer abusos do passado, dando voz às vítimas, combater a impunidade, restaurar a dignidade e facilitar o direito das vítimas à verdade, acentuar a responsabilidade do Estado e recomendar reformas do aparato institucional, contribuir para a Justiça e a reparação, reduzir conflitos e promover a reconciliação e a paz. O manifesto foi redigido pelo Núcleo de Preservação da Memória Política

do Estado de São Paulo.

Os objetivos são concretos e factíveis, sem devaneios nem conotação de revanchismo. Mas, se basearem nas reações de parte da sociedade, ainda que seja bem minoritária, o trabalho da Comissão terá percalços. Grupos de militares têm manifestado resistência e feito pressão contra a atuação da Comissão, acusando-a de revanchista. As manifestações mais agressivas partiram de grupos de oficiais da reserva, que chegaram a produzir um documento com mais de mil assinaturas, inclusive de civis, posicionando-se contra a instalação da Comissão da Verdade.

A Comissão da Verdade é uma grande promes-

sa de avanço institucional e democrático

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anúncio

Fernando Coura assume Ibram

É notória a posição de destaque do Brasil na mineração. A crise internacional está aí. Mas o país segue ampliando a participação na balança de exportação mundial. Novos mercados consumidores estão sendo conquistados, e o empresariado internacional investe cada vez mais no país.

Para trabalhar nesse cenário de bonança e prosperidade chega um novo gestor. O engenheiro de minas Fernando Coura, vice-presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e presidente do Sindicato da Indústria Mineral do Estado de Minas Gerais (Sindiextra), acaba de assumir o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

A cerimônia de posse reuniu cerca de 400 convidados. A maioria dos presentes era formada por autoridades políticas e pelo alto-empresariado do segmento de mineração de todo o país. A recepção ocorreu na noite do dia 24 de abril, na sede do instituto, em Brasília.

No primeiro discurso à frente do Ibram, Coura destacou a importância da instituição de estabelecer diálogo entre os setores empresarial e público. Ele acrescentou que a nova administração vai ser pautada pela discussão das principais questões que envolvem o setor. O novo dirigente enfatizou ainda a importância de um novo marco regulatório para a mineração, assunto previamente discutido com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

A indicação do mineiro, com vasta experiência e atuação no segmento, foi do presidente da Vale, Murilo Ferreira. O conselho foi unânime na aprovação do nome. A nomeação de Coura representa um marco na história do Ibram: é a primeira vez que um representante sindical chega à presidência do instituto.

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Fotos Tico Fonseca

Coura recebe os cumprimentos da família, amigos e autoridades .........................................................................................................................

MetrOpOlIS • NegÓcIOS

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Tudo começou com a aposta de uma moeda, o troco entregue ao motoboy José Iraci Berto pela compra de um maço de cigarros. Vinte e cinco centavos. Logo na primeira vez, “deu jogo”. A máquina foi “generosa”. O apostador recebeu vinte moedas iguais à depositada, totalizando um “prêmio” de R$ 5. O ano era 1998, quando os caça-níqueis faziam de qualquer bar ou esquina pequenos pontos de aposta espalhados Brasil afora. Assim como Berto, muitos se seduziram pela excitação dos primeiros ganhos e se apegaram ao jogo. Mas pagaram um preço alto por isso.

“Foi um inferno. Perdi dois carros, uma casa nova e diversos empregos bons. Quando o dinheiro sai, mas não entra em casa, é preciso fazer muita coisa para que ele reapareça. Então eu comecei a roubar nas empresas onde trabalhava. Falsificava cheques e simulava vendas. Quase perdi a minha família”, relembra o ex-viciado, que há quatro anos participa do grupo de Jogadores Anônimos de Belo Horizonte.

De um lado, a ponta fraca da complexa cadeia dos jogos de azar: o cidadão que despende o que não tem para manter um vício. De outro, os chefões do crime organizado, patrocinadores da atividade. Embora ocupem posições muito diferentes, esses dois personagens partilham do sonho que move

Mercado do azar

Poder público fecha o cerco contra os jogos ilegais em minas Gerais

MetrOpOlIS • cAPA

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André Martins

Shutterstock

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Mercado do azar

a engrenagem da lucrativa jogatina no país. Para jogadores ou criminosos, o alvo é sempre o mesmo: o dinheiro fácil.

A exploração de jogos de azar é proibida no Brasil desde 1946. Naquela época, o presidente Eurico Gaspar Dutra tomava uma medida de enfoque assistencial, impedindo que uma leva de brasileiros caísse em miséria. O tempo passou, e o problema ganhou nova configuração. Agora a jogatina vai muito além de levar viciados à pobreza. Na maioria dos casos, a prática criminosa se associa a delitos, como lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e contrabando.

Embora tenham se passado 66 anos da criminalização da atividade, a prática continua vigorosa nos quatro cantos do país. Para o coordenador da Promotoria de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Minas Gerais, André Estêvão Ubaldino Pereira, a situação é fácil de ser explicada. “As sanções são brandas demais e fazem com que a prática da infração penal seja compensatória”. Pagamento de cestas básicas, prestação de serviço à comunidade e um ano de reclusão – pena máxima – são as punições aplicáveis aos que estão em contato direto com as atividades previstas na Lei de Contravenções Penais.

A delegada responsável pela 4ª Delegacia de Polícia Civil – Seccional Centro, Gislaine de Oliveira Rios, lembra, entretanto, que acabar com os jogos de azar implica mais que fechar casas e punir àqueles que “tocam” o negócio no dia-a-dia. Dar fim ao problema pressupõe chegar aos cabeças das organizações, homens influentes e poderosos que não fazem cerimônias para negociar com representantes do poder público. Na maioria dos casos, eles não aparecem. Por isso, não são pegos.

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MetrOpOlIS • cAPA

“Existe uma hierarquia instalada: o apostador, o que monta o estabelecimento, o motoboy que faz os pagamentos e leva o dinheiro para o dono, no fim do dia, um gerente – que funciona como ‘testa de ferro’ – e, muitas vezes, um laranja. O problema é que principalmente nas operações policiais envolvendo o jogo do bicho, fecha-se o estabelecimento, mas muito dificilmente se chega à pessoa que realmente é a dona de todo o negócio”, analisa a delegada.

Gislaine explica também que, ao contrário dos contraventores, os chefões do crime, quando pegos,

podem ser enquadrados por outros crimes, passíveis de punições mais severas. “O caso requer muito mais um trabalho de inteligência do que uma operação que fecha um estabelecimento. Muitas vezes, a casa é reaberta no mesmo dia”, analisa.

O desafio para desarticular um esquema de jogos ilegais é muito grande. Quando acontece, o fato vira notícia. Desde o início do ano, o Brasil acompanha os desdobramentos do episódio Carlinhos Cachoeira, investigado pela Polícia Federal. Cachoeira é suspeito de envolvimento com a máfia do jogo do bicho e dos caça-níqueis no Centro-Oeste do Brasil.

O escândalo ganhou proporções inesperadas, quando as investigações revelaram que os negócios do empresário interessavam a uma série de instituições e figuras públicas. O nome do senador Demóstenes Torres, como possível defensor dos interesses de Cachoeira no Congresso Nacional, encabeça a lista. O grupo de suspeitos de envolvimento com a máfia dos jogos cresce a cada dia...

O caso requer muito mais um

trabalho de inteligência do que uma

operação que fecha um estabe-lecimento. Muitas

vezes, a casa é reaberta no mesmo diaGislaine Oliveira

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CpIS MIneIraS

Em Minas, a jogatina está na mira do Ministério Público e das polícias. As casas legislativas também têm atuado na dianteira, tentando articular a criação de CPIs para dar maior agilidade à apuração dos casos. “É somente de forma organizada que o Estado vai poder lutar contra um crime que se organiza cada vez mais em todos os tentáculos do país”, opina o vereador Cabo Júlio (PMDB), presidente da CPI dos Jogos Ilegais, criada no dia 9 de abril.

De acordo com o vereador, a proposta da Comissão é elaborar uma legislação municipal mais incisiva no combate aos desvios. Assim não seria necessário aguardar por uma possível alteração do Código Penal. Bastaria elaborar uma lei que desestimulasse os locatários de alugar estabelecimentos para atividades criminosas.

Encontrar quem esteja disposto a ceder espaço para a contravenção em Belo horizonte não é tarefa

Vereador Cabo júlio se reuniu com representantes das polícias, ministério Público e Prefeitura para discutir soluções ..............................................................................................................................................................................................................................................................

impossível. Recentemente a equipe de Cabo Júlio fez um mapeamento no Centro de Belo Horizonte. Foram identificadas 45 casas de aposta funcionando à luz do dia e 19 bingos, que recorrentemente são fechados e reabertos. Outros muitos estabelecimentos tinham a presença de máquinas caça-níqueis programadas para pagar até um valor preestabelecido em prêmios e estancar a saída de dinheiro, caso o limite fosse atingido.

A região central requer maior atenção policial. É lá que se observa a disputa por território. Muitas vezes, os contraventores denunciam os rivais para minar a concorrência. A atratividade do Centro pode ser explicada pelos números. Cerca de 3 milhões de pessoas transitam nessa área todos os dias. Segundo a delegada Gislaine de Oliveira, a população flutuante numerosa é um chamariz para os criminosos.

“O fato de muitas pessoas passarem pela região torna o mercado muito grande. Além dos jogos, existem diversos outros crimes. Nas operações contra o jogo

Renata mota

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MetrOpOlIS • cAPA

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do bicho é muito comum a polícia pegar pessoas escondendo, nos locais de aposta, objetos de furto que seriam revendidos. Então eu entendo que hoje é impossível você pensar em um crime isoladamente”, analisa.

Na Assembleia é o deputado Sargento Rodrigues (PDT) que está à frente do combate à jogatina. Em março, ele recebeu um oficial da Polícia Federal no gabinete. O deputado ouviu denúncias que davam conta da exploração de jogos em Juiz de Fora. O oficial e outros policiais confirmaram as denúncias. Todos eles foram ouvidos na Comissão de Direitos Humanos em caráter reservado. “Há um juiz envolvido, um coronel da reserva, majores, capitães, vários oficiais, praças, investigadores, peritos e delegados”, cita Rodrigues.

Munido de provas, o deputado propôs a criação de uma CPI. Ele conseguiu 40 assinaturas de colegas: o suficiente para a instalação da comissão. Entretanto, dias antes de protocolar o pedido, 15 deputados reconsideraram a decisão e retiraram as assinaturas. “Alegaram que sofreram pressão do governo”, sintetizou. Outra possível razão para o recuo teria sido a iniciativa prévia da Polícia Civil e do Ministério Público de investigar a atividade exploratória na Zona da Mata, o que não requereria a intervenção da Casa.

Acompanhando a discussão a distância, Cabo Júlio acredita que as razões para a CPI da Assembleia ter sido abortada “sejam as piores possíveis”. “Uma das formas de ser conivente com o crime, com a contravenção, é a conivência por omissão, que é a pior de todas”, opina. A proposta de criação da CPI está engavetada até que apenas um dos 15 deputados volte novamente a assinar o pedido de abertura da Comissão. São necessárias 26 assinaturas.

Para o deputado Sargento Rodrigues, a CPI poderia apurar novas denúncias. Os tentáculos dos negócios de Carlinhos Cachoeira chegaram a Minas Gerais. É o que aponta um dos relatórios da operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Pelo menos quatro prefeituras – de Bonfinópolis de Minas, Natalândia, Riachinho e Urucuia – teriam firmado contratos com

empresas-fantasmas do empresário.

“A comissão parlamentar de inquérito funciona por analogia ao inquérito policial. Conseguiríamos quebrar um sigilo telefônico com muita rapidez. E isso é fundamental para que uma CPI cumpra a sua função, o seu objetivo final”, defende Rodrigues.

“CaIxInHa”

A denúncia de corrupção policial na Zona da Mata é uma alegoria do que acontece em quase todo o Brasil. Não é por acaso que, mesmo diante de uma atuação sistemática e coercitiva da polícia, muitas casas de jogos continuem em pleno funcionamento. Sargento Rodrigues teme que a apuração da Polícia Civil seja comprometida pelo fato de as denúncias envolverem o alto escalão da corporação.

Cachoeira é acusado de chefiar quadrilha que explorava jogos ilegais..........................................................................................................................

Roosewelt Pinheiro/aBr

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MetrOpOlIS • cAPA

“Se envolvessem apenas soldados e cabos, eu saberia o resultado. Iam ‘cortar as cabeças’ e colocar na rua. Mas quando mexe com o escalão acima, é complicado. Conheço isso bem. Eu sei quantas denúncias fiz aqui e quantas, realmente, corresponderam à denúncia. Até agora, de oficiais, nenhuma”, desabafa.

A delegada Gislaine de Oliveira explica que a Corregedoria da Polícia Civil tem atuado “séria e ferozmente” para chegar aos maus policiais e entende que é dever da instituição apurar os casos com imparcialidade. “Tão logo ficamos sabendo, comunicamos à Corregedoria. É preciso apurar sim. Porque se existe um desvio de conduta desse para a contravenção penal, vai existir para outros também”. Ela propõe uma investigação abrangente, uma vez que, a exemplo do caso Cachoeira, a corrupção política é um dos braços que dão sustentação aos jogos ilegais.

rIgIdeZ punItIVa Ou legalIZaÇÃO?

A comissão do Senado que discute a alteração do Código Penal aprovou a proposta de tipificar como crime a exploração de jogos de azar. O jogo do bicho, o caça-níquel, o videopôquer e o bingo são práticas consideradas contravenções penais – crimes de menor potencial ofensivo.

O anteprojeto prevê pena de um a dois anos de prisão para os exploradores de jogos ilegais. Mas as sanções podem ser maiores, caso a atividade esteja associada a crimes, como a lavagem de dinheiro. O texto está passando por reformulações. A previsão é de que a comissão entregue as sugestões ao presidente do Senado, José Sarney, ainda em maio.

O doutor em Ciências Penais pela Faculdade de Direito da UFMG, Leonardo Isaac Yarochewsky, não concorda com a medida. O jurista tem uma opinião considerada polêmica. Ele defende a legalização dos jogos.

“O Direito Penal deve atuar apenas como última ratio – remédio sancionador extremo – na defesa apenas de bens jurídicos fundamentais e essenciais

No dia 29 de fevereiro, a Polícia Federal apreendeu materiais e dete-ve 20 suspeitos de explorar jogos de azar no Centro-oeste do Brasil .........................................................................................................................

marcello Casal/ aBr

para a vida e para a sociedade. No momento em que o mundo discute a legalização da maconha, criminalizar o jogo do bicho torna-se um retrocesso. Uma coisa é punir o tráfico, o homicídio, a corrupção, a lavagem de dinheiro. Outra é você querer punir determinada conduta por supor que ela esteja associada a outra mais grave”, analisa.

Yarochewsky critica também a postura “incoerente” do governo, que estimula os jogos da Loteria Federal com o discurso de que parte do dinheiro apostado é revertida para os próprios apostadores em forma de seguridade social. “Quer dizer que Mega-Sena e os outros jogos da Loteria não viciam?”, questiona. “Sendo legalizado o jogo do bicho, teríamos frutos do ponto de vista social. Arrecadariam-se impostos, e milhares empregos seriam criados”, finaliza.

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O orçamento da segurança pública mineira

rObSOn SáVIO reIS SOuZa Filósofo especialista em segurança pública

[email protected]

artIgO • JUSTIÇA

Sistematicamente o governo de Minas anuncia que o estado é um dos que mais investem em segurança pública no Brasil. Ao analisar o orçamento público destinado à segurança, tendo como fulcro o ano de 2011, observamos com clareza que há um incremento substancial nas despesas com segurança. Mas isso não significa objetivamente novos investimentos na área. Pelo contrário. Despesas fixas – ordinárias – consomem parte também substancial dos recursos e de novos projetos, incluindo as ações de governo estruturadoras para o setor.

Nos últimos anos, os gastos estaduais com segurança pública aumentaram exponencialmente, notadamente a partir de 2003. Com a criação da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e a reorganização de toda a estrutura do sistema, o governo de Minas deu um importante passo para uma gestão mais eficiente do sistema estadual de segurança. Por outro lado, foi obrigado a aumentar as despesas nessa área.

Porém, quando analisamos as despesas orçamentárias com segurança pública em nosso estado, dois pontos chamam a atenção: primeiro, a imensa concentração dos gastos destinados à Polícia Militar, que está em 66%; segundo, a baixa capacidade de investimento em projetos estruturadores e na reorganização do sistema. Portanto, a situação retrata a limitada capacidade de governança e de estruturação de novos programas, ações e estratégias coordenadas pela Seds.

Em relação à PM, chama-nos a atenção o esforço

que a instituição vem fazendo. Nos últimos anos, a PM tenta abarcar o maior número possível das ações da área. Muitos policiais militares estão empregados em atividades não necessariamente policiais. Registre-se que estudos de caso e comparativos sobre a eficiência do trabalho policial em todo o mundo destacam que as polícias eficazes são as que empregam seus contingentes nas ações-fim, ou seja, nas ações específicas de policiamento. Ainda no campo dos gastos policiais, fica evidente que, mesmo as despesas

com a Polícia Civil – em torno de 13% das despesas na rubrica segurança pública, se excetuarmos os gastos com o Detran –, sendo bem menores, há evidente necessidade de recomposição dos quadros dessa instituição.

Em relação ao segundo ponto, com uma capacidade limitada de novos investimentos na política de segurança, a Seds tem seu papel restrito. Esse

fator corrobora a baixa governança de toda a política de segurança estadual. Programas estruturais – que são fundamentais para uma gestão política da Secretaria, com a integração policial e os programas de prevenção e a gestão dos dados criminais – são obstaculizados permanentemente. Isso ocorre não somente por questões de queda de braços entre as polícias, mas pela limitada capacidade da Secretaria de investir nessas ações, uma vez que o orçamento está engessado.

Veja o estudo completo elaborado por mim, acessando www.uai.com.br/conversandodireito.

Os gastos estaduais com

segurança pública

aumentaram ex-ponencialmente

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A importância da baixa de construção

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kÊnIO de SOuZa pereIraPresidente da Comissão de Direito

imobiliário da [email protected]

A regularização é fundamental para que o imóvel tenha o real valor de mercado. A construção irregular pode acarretar prejuízo ao comprador que não verifica a averbação na matrícula no Cartório de Registro de Imóveis. Somente a edificação regularizada está apta para ser financiada pelo Agente Financeiro.

Com o novo Código de Edificações, Lei nº 9.725/09, a expressão “Habite-se” deixou de existir e passou a se chamar Certidão de Baixa de Construção. Na realidade, existem centenas de imóveis prontos há dezenas de anos. Todos estão perfeitamente habitáveis, mas não têm a Baixa de Construção, porque os proprietários ignoram a importância de requerer a sua regularização para evitar problemas. A Baixa de Construção é concedida pelo fiscal do Município.

É importante compreender uma coisa: depois que o edifício ficou pronto, nada impede que os adquirentes de apartamentos, salas ou lojas tomem posse da sua unidade, mesmo que não tenha sido concedida a Baixa de Construção. Mas é necessária a Certidão de Baixa de Construção e a Certidão Negativa de Débito (CND) referente ao pagamento do INSS dos empregados da obra. Sem esses documentos, é impossível o Cartório de Registro de Imóveis abrir as matrículas de cada unidade. Assim continua a figurar no Cartório de Registro somente o lote onde foi construído o empreendimento.

A falta de abertura das matrículas de cada unidade acarreta uma desvalorização entre 15% e 40% do imóvel. Além disso, há o risco de prejuízo, no caso de falência da construtora. É que para os credores numa execução, a vendedora permanece figurando como dona do imóvel no Cartório. E se ocorrer o falecimento do dono do imóvel, haverá riscos e polêmica para definir o direito de propriedade.

Deixar para depois a obtenção da “Baixa de Construção” pode resultar em multas pesadas, na maior dificuldade ou até na impossibilidade de regularização do imóvel. É que a obra pode ter sido edificada numa época em que a Lei do Uso e Ocupação do Solo era mais liberal. As alterações de 2010, referentes à Lei nº 7.166/76, são mais restritivas. Então, para regularizar o imóvel, o proprietário tem que fazer outro projeto, buscar nova aprovação e ter de arcar com o ônus de novas despesas, especialmente se fez algum acréscimo de construção.

xII enCOntrO IMObIlIárIO da Oab - Mg

A partir das 19h do dia 19 de junho, será realizado o XII Encontro Imobiliário da OAB-MG. Os temas do encontro são “Os Direitos e Deveres dos Compradores e Vendedores de Imóveis, a Importância do Perito e a Função Social dos Contratos e seus Limites”. As perguntas dos participantes serão respondidas ao final das palestras. Inscrições: www.oabmg.org.br/sites/imobiliario

Deixar para depois a

obtenção da “Baixa de Cons-

trução” pode resultar em

multas pesadas

artIgO • IMOBILIÁRIO

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Hora de dormir

Ana Beatriz vai para a escola como toda criança de sete anos. Munida de cadernos, lápis, mochila, lancheira, ela é levada pela van todos os dias da semana no início da tarde. Durante a aula, porém, algo diferente acontece. Muito inteligente, a menina termina rapidamente o exercício e vai logo correr pela sala e conversar com outras crianças. Desde quando entrou para o colégio, aos quatro anos, a mãe é chamada para conversar na secretaria. O diagnóstico poderia ser Transtorno de Déficit de Atenção e

Pesquisas associam grande número de doenças a distúrbios de sono

Fernanda Carvalho

SalutarIS • SONO

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Hiperatividade (TDAH), mau que atinge de 3% a 7% das crianças em fase escolar. Mas o problema de Ana Beatriz é outro.

Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, analisou 508 crianças em idade escolar. A conclusão foi reveladora: cerca de 15% tinham maior propensão a ter hiperatividade e a apresentar deficiência de atenção, aprendizagem e memória. Esse grupo tinha

Fotos Stock. xchng

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MetrópOle • cIdAdeS

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em comum a sonolência excessiva durante o dia, mesmo tendo dormido o suficiente.

A depressão, ansiedade, obesidade infantil, asma, (fatores frequentemente apontados por especialistas como possíveis consequências de distúrbios de sono) e a dificuldade para dormir contribuem para o aumento da incidência dos sintomas de sonolência diurna, segundo o estudo.

A mãe explica que Ana Beatriz tem fases. Em algumas épocas, o sono da menina fica mais agitado. Ela acorda várias vezes com pesadelos. Já aconteceu de ela levantar, dormindo, e ir até a cozinha com o olho aberto. Nesses períodos, ela tende a ficar mais agitada e ansiosa. “O médico confirmou que o problema dela é o sono ruim. Depois que começou um tratamento homeopático, ela melhorou bastante. Está indo muito bem na escola e dorme melhor”, conta a mãe com um sorriso estampado no rosto.

Mas os problemas de sono não prejudicam somente as crianças. Sabe-se que 45% das pessoas do mundo sofrem pelo menos um desses tipos de distúrbios. E no Brasil o percentual aumenta: metade da população apresenta alguma queixa ligada ao sono. É o que revelam alguns estudos, segundo informa a vice-presidente da Associação Brasileira do Sono, a neurologista Andrea Bacelar. “30% têm apneia e 20%, insônia, os problemas mais frequentes”, pontua.

Orivando Araújo faz parte desse percentual. O ex--gerente de uma rede de postos de gasolina teve que deixar o trabalho, quando os distúrbios de sono pioraram. Depois de passar por diversos médicos, de áreas diferentes, um exame de polissonografia detectou a insônia crônica. “Teve uma época em que eu fiquei 19 noites sem dormir. Minha cabeça inchou, o cérebro também. Fiquei extremamente nervoso e

comecei a ter alucinações. Ficava andando na rua ou em casa à noite e via todos os jornais que passavam na televisão. Deitava de madrugada, não dormia, levantava e ia para a padaria que abrisse mais cedo”, descreve Orivando.

A neurologista Andrea Bacelar se refere ao sono como um fenômeno fundamental, involuntário e necessário para recompor todos os sistemas. “No momento em que não se restaura e isso acontece de maneira crônica, os prejuízos são para todo esse funcionamento. Então a memória, a concentração, o reflexo e o humor são afetados, podendo provocar até coisas mais sérias: arritmia cardíaca, problemas metabólicos, diabetes, aumento de colesterol e problemas imunológicos.

E há estudos que registram morte precoce por falta de sono”.

Com apenas 39 anos, Orivando está entre os casos complexos. Há pouco tempo, o ex-gerente teve o nível de triglicerídeos bem acima do indicado como muito alto. O corpo dele ficou endurecido, e ele chegou ao hospital quase morto. Por sorte, foi possível reverter o quadro. O último exame de polissonografia foi feito neste ano. Das sete horas de duração do procedimento, Orivando dormiu pouco mais de duas. Nesse breve tempo dormindo, ele teve 76

despertares, entre curtos e longos. Além disso, houve uma redução percentual dos estágios três do sono não-REM (de sono profundo) e do sono REM (quando o relaxamento muscular atinge o ponto máximo).

De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Neurologia, Rosamaria Guimarães, um sono com qualidade deve cumprir todos os estágios. Quando há fragmentação, a arquitetura fica alterada e isso leva a várias consequências. “Durante o sono há produção de proteínas, de neurotransmissores e liberação de hormônios. Então, por exemplo, se uma criança não dorme a quantidade de horas suficiente, ela pode ficar com baixa estatura, porque o hormônio do crescimento é liberado durante o sono”, explica.

SalutarIS • SONO

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Estudos revelam que metade da

população brasileira

apresenta alguma queixa ligada

ao sono

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SalutarIS • SONO

o déficit de atenção e a hiperatividade podem ser reflexos da má qualidade de sono dos pequenos..........................................................................................................................

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Com apenas 2 anos e meio de idade, Mariana Cristina já tem problemas para dormir. Segundo a mãe, a auxiliar de dentista Mara Cristina, a filha dorme no máximo oito horas e meia por dia, desde quando completou um ano de idade. “Ela mexe a noite toda e é superagitada e nervosa”, conta.

Na família, porém, o problema de sono parece ter sido “passado” de pai para filha. Ubirajara Barbosa, pai de Mariana, é inquieto desde criança. “Ele me deixa até tonta. Não para de jeito nenhum. Ele arruma computador. Então ele desmonta, monta,..., não para! E a noite dele é assim. Ele fica mexendo no computador até tarde e acorda muito cedo. Também está sempre nervoso, ansioso e agitado”, expressa a esposa, sem entender o marido. Ubirajara dorme apenas cerca de quatro horas por noite e se sente satisfeito. E muitas vezes ele fragmenta as poucas horas que dorme: acorda, fuma e volta para a cama.

o SoNo DiViDiDo

Há alguns estudiosos, porém, que não consideram a segmentação do sono um problema. Em 2001, o historiador da Universidade Virginia Tech, Roger Ekirch, publicou um estudo de 16 anos de pesquisas revelando um padrão de sono dividido em duas partes. No início da década de 1980, Ekirch iniciou um estudo social sobre a noite, abrangendo do final da Idade Média até a Revolução Industrial. O historiador teve acesso a registros de famílias pré-industriais, que traziam referências de um primeiro e um segundo sono como algo natural e que não merecesse explicações. “Tudo me pareceu muito estranho, e eu comecei a juntar as peças para tentar resolver o que havia se tornado rapidamente um mistério muito intrigante”, explica o estudioso.

De acordo com Ekirch, a transição do sono fragmentado para o único, como somos culturalmente educados, ocorreu de forma prolongada e irregular. Começou no final de 1600 para alguns indivíduos ricos, mas se deu apenas no século XIX para a maioria dos povos ocidentais. O que aconteceu, segundo o historiador, foi que o tempo e a eficiência se tornaram prioridades para as pessoas. Então as

pessoas começaram a abandonar o segundo sono e a acordar mais cedo. Além disso, a iluminação artificial provocou uma mudança considerável nos ritmos do corpo humano.

Essa pode ser a explicação para o fato de muitas pessoas acordarem no meio da noite e demorarem a adormecer novamente. Talvez a informação sirva como um calmante para quem se irrita ou fica ansioso quando isso acontece. “Cada vez mais as pessoas são incentivadas a estar de acordo com a nova normalidade de dormir em uma única fase. Nós viemos para ver o sono segmentado como anormal, suscitando a necessidade de um remédio”, analisa Ekirch.

Apesar de a maioria dos médicos não concordar com a possibilidade da fragmentação ser saudável, por geralmente não cumprir todas as fases de um sono, os estudos voltados para essa hipótese derrubam o “mito” de que o ser humano deve dormir por um período de oito horas diárias. Segundo Rosamaria Guimarães, existe uma referência de quantidade de horas por faixa etária, mas o que mais importa é a qualidade e não tanto o tempo do sono.

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SalutarIS • SONO

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Atualmente os médicos consideram a quantidade de sono necessária como um fator individual. “A gente nota isso pela satisfação da pessoa. Quando ela acorda satisfeita, com bem-estar físico e mental, pode-se dizer que esse é o horário que ela prefere e o tempo que ela precisa”, explica Andrea Bacelar. De acordo com a neurologista, o que importa é haver uma regularidade e um padrão natural do próprio corpo.

iDoSoS SaTiSFEiToS

Esse padrão natural tende a uma menor duração de horas ao longo da vida. Mas, ao contrário do que se pensava, uma pesquisa realizada pelo Centro de Sono e Neurobiologia Circadiana da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, estabeleceu uma relação inversamente proporcional entre a quantidade de horas dormidas e a satisfação.

O estudo foi realizado por meio da análise de dados recolhidos pelos Centros de Controle e Prevenção de

Doenças dos Estados Unidos em 2006, no qual foram examinados mais de 150 mil adultos em todo o país. Eles tinham que responder a duas perguntas: quantas noites nas últimas duas semanas tiveram dificuldades para dormir e se sentiram cansaço durante o dia.

“Com a análise desses dados, nós descobrimos que um padrão emergiu. Apesar da contradição, as perturbações com o sono e o cansaço diurno diminuíram ao longo da vida”, afirma Michael Grandner, um dos cientistas que lideraram a pesquisa. As conclusões possíveis para esse fenômeno, segundo Grandner, são que, ou os idosos precisam dormir menos, ou, então, que problemas de sono são encarados por eles como menos problemáticos do que dores crônicas, por exemplo.

O tema que motiva um dos maiores debates da comunidade científica é a redução do tempo de sono. E, por extensão, as consequências a que essas pessoas que dormem menos estão sujeitas. Grandner acredita que uma das coisas que parece estar acontecendo é que a proporção de pessoas com hábitos de dormir pouco ou muito (dois costumes que aumentam o risco de má saúde) pode estar crescendo. “O problema não deve ser que estamos todos repousando cada vez menos, mas sim, que muitos de nós não estão dormindo a quantidade suficiente”.

Mas há um ponto em que os especialistas são unânimes: a regularidade diária do horário de dormir agrada ao cérebro e melhora o sono. Na hora de dormir, é importante atentar para uma série de cuidados clichês (ainda pouco seguidos), que são essenciais para a qualidade da noite: não tomar nada que contenha cafeína ou álcool, ingerir comidas leves, não fazer atividades físicas, não fumar, parar de ver televisão ou de mexer no computador um tempo antes, evitar lugares com barulho e objetos que provoquem alergia, fazer algo relaxante, tomar banho morno, deixar o despertador longe da visão e sempre imprimir à cama a imagem de um local exclusivo para o descanso. Além disso, é necessário estar sempre atento aos remédios, pois muitos podem causar insônia. E em relação às crianças, jamais confundir o problema de sono com um TDAH.

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A busca pela leveza

Em sua décima edição, o Minas Trend Preview apresentou as tendências primavera-verão 2012/2013. A mostra trouxe o conceito de leveza como tema da temporada e marcou a estreia da designer mineira Mary Arantes - criadora da marca Mary Design – na direção artística do evento. O MW (a nova sigla do Minas Trend) aconteceu de 25 a 28 de abril no Expominas e contou com mais de 200 expositores, 21 desfiles de pré-lançamentos, 250 marcas e a presença de cerca de 15 mil pessoas.

Textos e fotos Luiza Villarroel

Muitas marcas mostram coleções mais suaves. Ao contrário da última tendência de cores chocantes do color blocking, a ordem é combinar as candy colors, como tons pastel, rosa-claro e azul-bebê – nuances leves que remetem aos doces e conferem ar romântico aos looks. Nas estampas, muitas flores, e na textura, pontos vazados de crochê e rendas. A geometria ganha destaque nas roupas e nos acessórios. Os complementos também aparecem em formato de bichos, como besouros e corujas e de formas menos lapidadas.

Patogê.........................

caderno especial • mw

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EstampariaO estilista Victor Dzenk apresenta uma coleção

baseada em uma visão atual da tropicália. Dzenk explora a fauna e a flora brasileiras com estamparia de folhagens, flores e frutos nacionais e a pelagem da jaguatirica. “A trilha do desfile, “Sem lenço, sem documento”, inspirou minha coleção e minha modelagem. Lenços viraram macacões; viraram pareôs. A moda praia vem muito forte, inclusive no masculino. Neste verão teremos todos os verdes, uma tendência garden, mas com a presença do colorido com lírios, a flor preferida da Gal Costa”, explica Victor.

A riqueza da flora brasileira também é tema das

estampas da grife Plural, das estreantes Glaucia Froes e Letícia Leão. “Nossa coleção vem para reforçar a nossa identidade, com muitos trabalhos com shapes amplos e o uso da malha. A nossa inspiração está nos efeitos do espectro solar. Usamos muito dourado e muito ouro misturados nas cores das estampas florais”, conta Glaucia. Com muita transparência e assimetria, a coleção explora um mix de matérias-primas, como cetim, sarja acetinada e linho dourado. Com uma pegada esportiva aparecem as telas vazadas e o tricô. A aposta da marca é o look do desfile de abertura: a calça pantalona e um vestido longo assimétrico e amplo sobrepostos por um blazer dourado para quebrar um pouco a amplitude.

Plural................. Victor Dzenk

..............................

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Romantismo e jovialidadeDe sonhos e poesia é feita a coleção “Sentimentos do

Mundo”, de Áurea Prates. Seguindo a tendência das candy colours, a marca usa tecidos de fibras naturais, como seda e linho, para conferir a transparência sutil do gazar de seda. Com ricos bordados, as peças ganham aplicações, recortes geométricos, pedraria em camisas e alfaiataria.

Sensuais, dramáticos e românticos são os looks de Fabiana Milazzo. Pensando na mulher e em suas várias facetas, a marca investe em shapes que evidenciam a silhueta feminina, como os vestidos curtos e longos com recortes e a tendência peplum (uma sobressaia na altura da cintura).

Mantendo o espírito jovem da coleção, a Patogê se inspira nas raízes da comédia e do circo-teatro brasileiro. Os conjuntinhos e o look pijama continuam nas ruas e mais: saias godê, plissadas e lápis. O jeans chega em tom azul com diversos acabamentos, que vão desde cerzidos, puídos, com resinas e tons metalizados até amassados 3D. As básicas T-shirts, que aparecem com acabamentos esportivos, suspensórios e patchwork, ganham espaço.

Áurea Prates.............................

Fabiana Milazzo................................

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Do fundo do mar

Tons de azul, verde e turquesa estão presentes na coleção “Segredos do Mar”, de Vítor Zerbinato. O estilo define uma mulher forte e envolvente inspirada nas filhas de Netuno e Iemanjá. Para isso, Vítor investe em vestidos de tela, cetim, rendas, paetês foscos, tule e peças com muitos detalhes. As aplicações de recortes a laser lembram corais e escamas, e os formatos das roupas em forma de ‘A’ fazem uma alusão ao rabo dos peixes.

A marca de beachwear Cila faz referência aos quatro elementos vitais - terra, água, fogo e ar. As estampas das peças recebem a simbologia dos signos de peixes e aquário, além de flor de lótus, serpente, caveirinhas e círculo do zodíaco. As peças são acrescidas de correntes, metais em ouro velho e dourado e formas piramidais. Os maiôs ganham o ar retrô com manguinhas vintage e shape mais alongado. Muitas tiras, vazados geométricos e bojo arredondado também marcam presença nas roupas. As saias e os maxivestidos ostentam muita fluidez e uma novidade: o longo com uma camiseta curtinha na frente.

Cila....................

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Geometria e urbanidade

Na contramão da leveza que sempre prevalece em suas coleções, este ano, Cláudia Arbex vem com muito rock e personalidade. Pautando-se pelo tema “Natureza Lapidada”, Cláudia trabalha de forma geométrica, dura e fora do convencional com elementos da natureza. Para completar a coleção, anéis de três dados, malhas metálicas – o DNA da marca – e peças em conchas, como as cotoveleiras. Há ainda uma linha de peças com asas, pedras quadradas e duras, e uma novidade: um brinco que se encaixa na orelha por um tipo de minicabide.

Inspirado na maneira como percebe o mundo na era da globalização, o estilista Eduardo Amarante, da marca E.Store, manteve sua essência minimalista urbana pensando em durabilidade e conforto para as working women. Para isso, optou por texturas de linho, musseline, organza e seda em tons de bege e amarelo. Eduardo abusou de detalhes, como aplicações de bordados a mão, franjas e tecidos com aspecto rústico. O estilo street vem com elegância, e a dualidade fica no mix de alfaiataria e transparência.

A geometria também está presente em bolsas e acessórios. A marca Rogério Lima mostra uma coleção de bolsas amplas em couro, com espaço interno maior, design diferenciado, com recortes de triângulos, retas e círculos, além de boxes monocromáticos em vermelho, amarelo e azul.

E-Store....................

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Artesanais e luxuosas são as peças de Martha Medeiros. Sempre com o uso da renda, a estilista une técnicas sofisticadas de costura, trabalho manual e material nobre para garantir qualidade, acabamento e cravar sua identidade nas peças.

Mary Design propõe uma coleção alegre, com a cara do Brasil e que fala de amor. “Eu me inspirei no romance de Salomão e Sulamita, presente nos versos do livro da Bíblia, Cântico dos Cânticos – um poema extremamente erótico e sensual que fala de um amor que nunca acontece. Mas o nosso foco é literário, sem

vínculos com a religião”, explica Mary.

Com uma variedade de cores e formas diversas, a marca realiza um trabalho de reciclagem e montagem artesanal, utilizando materiais, como tubos de tule finos e transparentes envolvendo miçangas coloridas.

Merece destaque o mix de pulseiras diferentes também usadas para o colar recheado de arroz com frases de prosperidade e abundância. E o mix adorna também o colar minifrasco que carrega a essência do perfume da marca.

Martha Medeiros......................................

Mary Design..............................

Handmade

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VintageEstreante na passarela, a grife Clair aposta na

coleção “Três Tempos”, inspirada no movimento Art Déco. “Estou dando seguimento a tudo o que tenho de mais precioso. Apresento os meus trabalhos manuais e artesanais, mas pensando também no comercial. A nossa proposta é mostrar a roupa artesanal de forma mais clean, com menos misturas e menos processos de forração para termos um verão bem leve e fresco”, conta a estilista mineira Clair de Jesus.

Buscando sempre as raízes, a marca mistura passado com um olhar contemporâneo e a visibilidade no futuro: “cerca de 30% da matéria-prima da coleção utiliza material reciclado, como o resto do couro para não sobrar retalho. Vestir uma roupa consciente é o que chamo de luxo do futuro”, opina Clair.

A próxima coleção da marca traz o couro, o crochê, a estampa do ponto de crochê feita a mão, seda e renda. A mistura gera um mix mais amplo de tecidos. Os vestidos, xales e as blusas recebem acabamentos de rendas, franjas e seda. A cartela de cores tem

uma base neutra com tingimentos naturais em tons terrosos e off-white com o laranja e o azul. A marca aposta no microvestido de crochê, que é mutável de acordo com a ocasião.

A grife mineira Vivaz também vai enveredar pelo vintage. Além das saias godê e mullet, a grife aposta nos vestidos com proposta bodycon. Formados por recortes, os vestidos geram efeitos gráficos nas peças. A Vivaz completa a coleção com a sofisticação dos bordados a mão com aplicações de cristais Swarovski e tecidos fluidos, como georgette, crepe e musseline de seda.

A Chouchou vem em clima californiano dos anos 50. Com uma coleção esportiva e descontraída, a marca usa os tecidos flame, tweed, cetim, malhas leves e tecidos de aspecto molhado. Jeans délavé (lavagem clara e desbotada) e rendas tingidas a mão misturam rebeldia e delicadeza. A aposta da marca para o verão 2013 são os vestidos “cinquentinha” e shorts nas mais variadas proporções.

Clair....................

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Clair....................

Chouchou.........................

Chouchou........................

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MarIa angélICa falCIPsicóloga clínica e especialista em Saúde mental

[email protected]

Quem nunca sentiu ansiedade atire a primeira pedra... Ansiedade são sintomas difusos que se apresentam de forma intensa e geradora de desconfortos físicos e psicológicos.

A excitação ocorre no sistema nervoso central, com uma forte descarga de um neurotransmissor chamado noradrenalina. A substância é liberada a partir da identificação de um perigo iminente. É bom lembrar que nem sempre o que é perigoso para mim será para você. Depende dos eventos traumáticos da história de cada um.

Quase sempre a pessoa apresenta sintomas físicos, como taquicardia, sudorese intensa, falta de ar, ânsia de vomitar, urinar ou evacuar frequentemente, fome compulsiva, dor de cabeça e outros.

Como sintomas psicológicos, podemos citar medo irracional, medo de errar, pensamentos autodestrutivos, autoboicote pelo medo de não atingir a perfeição, autoimagem distorcida, excesso de preocupações antecipatórias e outros.

A ansiedade é simplesmente um estado de alerta mediante algo que vai acontecer. O foco da ansiedade

é o futuro, o que está por vir. Quando uma pessoa não se encontra bem emocionalmente, é possível que haja uma unificação de sintomas físicos e psicológicos de maneira explosiva. Eles servem tanto para impulsionar a atingir o que deseja (nível aceitável) – mesmo que esteja com medo – quanto para paralisar radicalmente diante da situação (nível avançado da ansiedade).

Os sintomas da ansiedade variam de súbitos (controláveis) a intensos. Esses são considerados ansiedade generalizada com ou sem crises de pânico. Sem o tratamento adequado e estando em nível avançado, a pessoa pode evoluir para transtornos diversos. Os mais comuns são os Transtornos de Ansiedade Social ou Fobia Social.

O aparecimento súbito e a curta duração justificam o nome de crise ou ataque. A percepção irracional de uma ameaça justifica o nome de fobia e faz com que a pessoa tenha sempre um comportamento evitativo e comprometimentos em todas as áreas da vida.

Por isso, é muito importante buscar apoio para despressurizar esses sintomas e ter qualidade de vida. Afinal, o bom da vida é sentirmos as emoções, mas não as paralisantes.

Atire a primeira pedra

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artIgO • PSIcOLOgIA

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A escritora Joan Kron dizia que “os americanos podem ser fascinados pelo futuro, mas eles não querem morar nele”. A frase também se aplica ao Brasil e à Europa, por confirmar um movimento que vem ganhando força, desde meados dos anos 2000: o retrô e o vintage. A segunda reportagem da série vai explicar como o interesse pelo passado vem transformando a decoração do lar e a vida das pessoas.

Na linguagem da decoração, o retrô é a releitura de peças das décadas de 20 a 70. São objetos totalmente novos, mas com roupagem antiga. O vintage são acessórios e peças originais que voltam a fazer parte da decoração devido, principalmente, a sua qualidade e beleza. Os dois estilos contrastam com a pureza da decoração atual. A adoção dos estilos pelos arquitetos na decoração se deve a razões econômicas, verificadas desde a década de 30 - momento pós-quebra da bolsa de Nova York e da crise que impediu o crescimento do comércio de objetos decorativos de alto custo, como os do Art Nouveau.

A recessão popularizou um estilo rechaçado nos

Retorno às reminiscências

SalutarIS • SéRIe ReTRô

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Lares modernos imitam o aconchego da casa da vovó, mas com

funcionalidade tecnológica

Bianca Nazaré

períodos áureos das artes decorativas. Naquela época, o Art Nouveau e o Art Déco imperavam com cores fortes e formas geométricas afeminadas. Foi a ascensão do Esprit Nouveau (Espírito Novo), do arquiteto suíço Le Corbusier. Assim como com o Art Déco, o estilo apareceu na exposição francesa de 1925. Mas o Esprit Nouveau não foi bem recebido na época, devido à aparência industrial que dava à casa.

A partir de 1930, a ideia de Le Corbusier, de que “a arte decorativa é equipamento”, uniu-se à famosa máxima do arquiteto modernista americano, Louis Sullivan: “a forma segue a função”. O ideal funcionalista ganhou o mundo e foi reforçado pelo racionalismo da escola de Bauhaus, da Alemanha. A decoração atual é a representação desse estilo.

Mas um fenômeno marcou a decoração a partir de meados dos anos 2000. Desde o início do segundo milênio, as pessoas vêm procurando objetos decorativos e mobiliários que lembrem outras épocas. Ao perceber essa tendência, empresas de eletrodomésticos remodelam os aparelhos para que sejam visualmente semelhantes àqueles utilizados nas

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décadas de 40, 50, 60 e 70. Mas os aparelhos são equipados com a tecnologia atual.

“O estilo moderno tem uma decoração baseada em cores neutras, linhas retas e formas puras, enquanto o retrô é algo incrivelmente novo, com a aparência antiga e que faz sucesso pela releitura perfeita de uma época”, explica a decoradora Edwiges Cavalieri. A especialista afirma que um dos pontos marcantes do retrô são as cores fortes, os desenhos psicodélicos e abstratos e as formas geométricas coloridas – herança do Art Déco.

Para a decoradora Meire Gomide, o ponto forte desse estilo é a combinação do atual com o antigo. Ela explica que, como na moda, a tendência da decoração Cult é descobrir e desenvolver o próprio gosto. Gomide explica que uma decoração só retrô acaba sendo cenário de uma época. “Saber misturar e como usar é demonstrar bom gosto; é ser livre”, ressalta.

TUDo PELo PaSSaDo

Engana-se quem acredita que os consumidores de objetos retrô sejam pessoas mais velhas. As decoradoras concordam, quando traçam o perfil dos clientes. Para Cavalieri, a maioria deles é composta por jovens ligados a determinados estilos musicais, artísticos ou intelectoculturais. “ São pessoas cuja indumentária e o comportamento se diferenciam da cultura de massa”, completa.

A questão central é: por que buscar acessórios e objetos antigos para decorar a casa? Cavalieri entende que todos têm histórias e peças que sejam caras pela emoção e pelas lembranças. “Essas peças nos transportam ao passado, numa busca relevante das nossas origens”.

Nostalgia e eternidade são o que busca o empresário Tomaz Gomide, 31. Ele tem alguns eletrodomésticos retrô e quadros vintage da década de 50, enfeitando todo o apartamento. O empresário conta que optou por esse tipo de decoração, porque buscava conforto e qualidade de vida. “Imagino que, como trabalho com gastronomia, tudo esteja ligado. No meu ramo,

ou os objetos são ultramodernos ou são antigos, e eu sempre curti mais o estilo retrô”, conta.

Na onda dessa tendência estão alguns fabricantes de eletrodomésticos. É o caso da LG. Em 2010, a fabricante coreana lançou uma TV de 14 polegadas com o estilo dos anos 50. A pequena televisão vem com o típico botão giratório para mudar de canal e os antigos pés-palito. Mas quem saiu na frente foi a Brastemp. Em 2007, a empresa criou o minirrefrigerador Brastemp Retrô. O sucesso foi tanto que incentivou o lançamento do fogão e do refrigerador, em 2011. “Pensando na demanda do consumidor por novidades e na força da tendência retrô, resolvemos levar esse projeto adiante, por ter maior aderência ao propósito da marca de fugir do óbvio e oferecer design ousado e bem-humorado para os consumidores”, explica o porta-voz da Brastemp, Mário Fioretti.

A empresa não divulga valores de venda, mas Fioretti ressalta que os produtos da linha retrô estão tendo bastante aceitação. Mas os preços são mais salgados. Segundo a Brastemp, o minirrefrigerador da linha custa R$ 899, o fogão é vendido por R$ 3.999 e o refrigerador sai por R$ 7.199.

aPELo aoS aNTiGoS VÍNCULoS

Na entrada dos anos 2000, o avanço tecnológico

SalutarIS • SÉRiE RETRô

Minirefrigerador Brastemp Retrô atrai os apaixonadospelo passado.....................................

Divulgação/ Brastemp

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SalutarIS • SÉRiE RETRô

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e o aumento do consumo foram tão extremos que influenciaram a visão que as pessoas têm de si mesmas. O lançamento de produtos cada vez mais avançados e a renovação acelerada dos mesmos objetos suscitaram o que é chamada de sociedade de consumo. Por esse motivo, o papel do design aumentou a ponto de influenciar estudos específicos sobre o seu papel nas transformações sociais. Esse foi o objeto de estudo do grupo de Pesquisas de Design e Representações Sociais

da UEMG liderado pela professora Rita Ribeiro.

A professora explica que a função do design é criar vínculos emocionais entre as marcas e os consumidores. “Nos tempos atuais, que denominamos hipermodernidade, o consumo passou a ocupar os referenciais de identidade: consumo, logo existo. Essa é a lógica que domina esses primeiros anos do século 21. O ato de consumir se revela também como um identificador social, ou seja, a identidade do indivíduo começa a se fundir ou a se confundir nos produtos ou nas marcas que lhe causam identificação”, observa a professora.

A pesquisadora explica que a atualidade assiste à fragmentação das relações sociais, à reformulação do trabalho e às novas composições familiares. E mais do que tudo, ao imediatismo. “Na contramão dessa correria, valores começam a ser redescobertos. Os objetos antigos começam a ser revalorizados

Fogão Brastemp Retrô lembra muito os antigos fogões

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Cozinha do apartamento do empresário Tomaz Gomide. Elementos retrô transportam os visitantes para os anos 50. É difícil saber o que é atual e o que é antigo..............................................................................................................................................................................................................................................................

Bianca Nazaré

Divulgação/ Brastemp

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SalutarIS • SÉRiE RETRô

como um apelo à memória familiar. Ter um móvel que pertenceu a seu avô passa a ser um fator de diferenciação. Ao mesmo tempo, é uma demonstração de enraizamento familiar e estreitamento de laços que foram se perdendo ao longo dos anos”, explica a líder do grupo.

Para entender a nova tendência, é preciso considerar as mudanças ideológicas no mundo artístico. É o que explica o professor e coordenador do curso de Especialização em História da Arte, da PUC Minas, Marco Elízio de Paiva. “Desde a segunda metade do século XX, os artistas têm procurado exatamente desvincular a arte das noções de comércio, valor, colecionismo e disposição museológica convencional. Há uma espécie de desprezo pelo uso ou pela função da arte fora do conceito de arte como arte. Atualmente o

uso da arte como objeto de decoração é, na maioria das vezes, esdrúxulo, extravagante ou impossível”, rebate.

Paiva também explica que a função do decorador é tornar adequado um espaço para o conforto humano. “É um espaço de fruição tranquila, sem crises existenciais”, afirma o professor. O docente considera que esse seria o motivo para a busca de objetos antigos que tragam conforto e bem-estar para o lar. E o professor desafia: “o decorador que quiser se vincular aos processos da arte atual teria que tomar decisões inusitadas, como transformar um crítico de arte em abajur ou mesa, dependurar um cavalo vivo na sala ou arrebentar todo o piso de um apartamento para vinculá-lo a um conceito de desconstrução formal como processo de reflexão intelectual e não fruição de conforto físico”.

Pôsters originais de exposições de arte moderna e contemporânea dos anos 50..............................................................................................................................................................................................................................................................

Bianca Nazaré

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iNGREDiENTES:

600ml de iogurte natural

200ml de mostarda

1 colher de sopa de dashinomoto

1 colher de sopa de ajinomoto

Sal a gosto

250g de salmão em posta

SalutarIS • ReceITA

MODO DE PREPARO:

Misture todos os ingredientes do molho e reserve na geladeira. Tempere o salmão e depois leve para gre-lhar. Quando estiver pronto, sirva com o molho sobre o salmão.

Robata de salmão com molho ligth

Fonte: Udon

Petrônio amaral/ Rede Gourmet

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Regras ou sugestões?

O mundo do vinho é complexo e fascinante. Disso ninguém duvida. Afinal, a própria história propiciou muitas variáveis e vertentes em várias partes do mundo. Foram inúmeros aperfeiçoamentos, descobertas e, com certeza, erros. Isso mesmo. Erros! E essas falhas foram muito importantes na construção da história da viticultura, pois contribuíram para chegarmos ao que consideramos ideal para cultivo, elaboração, armazenagem e consumo da bebida.

Durante muito tempo, sempre ouvimos que o vinho é uma bebida elitizada. O que motivou esse panorama foi o fato de o Brasil não possuir uma cultura em torno do vinho. Significa que não se elaborava vinho de qualidade a ponto de estimular o consumo. Com isso, aprendemos a apreciar e a degustar os vinhos de acordo com a cultura, as características e a identidade de outras regiões.

A economia fragilizada e as políticas comerciais deficitárias, que oneravam o preço dos vinhos, também contribuíram para dificultar nosso acesso à bebida.

Mas hoje o cenário é diferente. A economia está forte, existem políticas comerciais bem-articuladas e, o mais importante: há uma cultura na elaboração de vinhos de qualidade. Esse cenário foi determinante para o aumento do interesse e do consumo do vinho.

Todavia, ainda existe uma resistência ao consumo da bebida item em nosso país. Isso se deve ao fato de muitos acreditarem que existam regras para consumir o vinho. Não é verdade. Existem, sim, sugestões. Sugere-se, por exemplo, que o vinho seja consumido em determinada temperatura e em uma taça apropriada. Recomenda-se que determinados vinhos, com características específicas, sejam armazenados com mais cuidado. Assim o vinho vai evoluir e adquirir mais qualidade. São esses detalhes e cuidados que buscamos ter na hora de degustar um exemplar.

Danilo Schirmer

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SalutarIS • vINHOS

O inverno está chegando, e o importante é consumir o vinho. Não faz sentido ter medo de errar na escolha nem deixar de apreciar por não possuir uma taça apropriada ou porque a temperatura não está ideal.

Espero que num futuro próximo o consumo per capita de litros de vinho no Brasil possa atingir números próximos aos de outras regiões do mundo. Assim como vários amantes dessa bebida dos deuses, espero poder contribuir direta ou indiretamente para esse novo perfil e o novo cenário de consumo.

Stock.xchng

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Em 1992, a cidade do Rio de Janeiro sediou a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Naquela ocasião estiveram presentes no Brasil dezenas de chefes de estado. As decisões a que todos chegaram foram pelo respeito à biodiversidade e pela retirada de populações da linha de pobreza. Vinte anos depois, de 4 a 6 de junho de 2012, a ONU repete uma grande conferência no Rio.

O mundo mudou nesses 20 anos. A China passou a ser o maior emissor de gases poluentes do mundo. Infelizmente não houve avanço significativo dos países desenvolvidos com o protocolo de Kyoto, assinado em 1997. O objetivo era diminuir a emissão de gases que compõem o efeito estufa entre os anos de 2008 e 2012. Os Estados Unidos não ratificaram o protocolo nem promoveram políticas para a diminuição das emissões. Indústrias petrolíferas chegaram até a promover campanhas contra o aquecimento global.

O secretário-geral da Rio+20, o diplomata chinês Sha Zukang, disse que estamos no momento consumindo mais de 30% do que o planeta pode nos dar. Ele acrescenta que se continuarmos com este estilo de vida, vamos precisar de cinco planetas para suprir nossas demandas.

A Conferência das Partes, promovida pela ONU, não está sendo bem-sucedida para determinar metas de diminuição na emissão dos gases do

ruIbran dOS reISDiretor Regional do Climatempo

Professor da PUC [email protected]

O que esperar da Rio+20

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artIgO • MeTeOROLOgIA

efeito estufa. O problema é que a crise europeia e dos Estados Unidos está promovendo a criação de emprego a qualquer custo.

O Planeta Terra está pedindo socorro há muito tempo. Algumas espécies de plantas não existem mais e o impacto no homem ainda é pouco conhecido. Sabe-se que vai haver refugiados pelas

estiagens prolongadas, enchentes e elevação do nível do mar.

Mesmo com a presença de chefes políticos na Conferência Rio+20, o resultado final pode ser apenas mais um documento de intenções. O Brasil, país-sede, mesmo tendo a matriz energética mais limpa, precisa marcar presença com a Presidente Dilma Rousseff. Ela precisa apresentar propostas concretas para diminuir o desmatamento da Amazônia.

O resultado final pode ser apenas

mais um documento de

intenções

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Volta aos palcos a tecnologia que fez o falecido rapper Tupac reapare-cer em uma apresentação com Snoop Dogg promete ainda mais. Tupac morreu em 1996, mas deu nova-mente o ar da graça, em abril passado, em um palco do festival de Coachella, na Califórnia. o rapper e Dr. Dre demonstraram interesse em fazer uma turnê usando a tecnologia. Há boatos de que mickael jack-son poderia ser “ressuscitado” em forma de hologra-ma para um show.

Biocomputador Uma bactéria que vive abaixo da superfície do mar é a mais nova descoberta de cientistas para a fabricação de biocom-putadores. os micróbios chamados de magnetospirilllum magneticum se alimentam de ferro. isso faz com que, após a ingestão do metal, elas se transformem em microímãs.

os cientistas da University of Leed, da Grã-Bretanha, e da Universidade de agricultura e Tecnologia de Tóquio, japão, estudam um meio de utilizar esses ímãs na fabricação de discos rígidos mais velozes. os pesquisadores dizem que os nanoímãs criados pela bactéria são os meios mais simples para a produção desse tipo de computador. É que as máqui-nas existentes são desajeitadas para lidar com partículas.

a Google acaba de se tornar a primeira empresa a re-ceber a permissão para o uso de um carro que, acredi-te, não precisa de motorista. o sistema de navegação do Toyota Prius inclui câmeras no teto e sensores que ajudam a identificar pessoas, veículos e obstáculos.

No teste, o carro percorreu as ruas da Califórnia com um motorista alerta, caso fosse necessário assumir o controle do veículo. o único incidente registrado não foi por falha da máquina: um motorista distra-ído esbarrou de leve no veículo. o “carro do futuro” pertence ao estado de Nevada, nos Estados Unidos.

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O futuro nas ruas

Reprodução/ Google

Vanguarda - TecNOLOgIA

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Vanguarda • TecNOLOgIA

Prestes a ser “superado” pela quarta dimensão, o 3D gera algumas dúvidas quanto à eficácia

Bianca Nazaré

Tecnologia “reciclada”

Assistir a um filme com imagens que saltem aos olhos, sentindo a intensidade dos movimentos dos personagens. Mais que isso: “balançar” como eles, sentir os cheiros, arrepiar-se com os ventos, molhar-se com a chuva ou adentrar a névoa de um suspense. Isso seria o máximo da experiência do quase real de um filme em três dimensões. Desde o ano passado, esse experimento é possível em 11 salas de cinema da empresa Cinépolis, no México.

Batizada de cinema 4D, essa tecnologia é uma extensão das sensações do 3D, com o uso de alguns dispositivos, como bancos que se movimentam conforme a cena, borrifos de água, névoa, ventos e aromas. Tudo funcionando em sincronia com o filme.

A inauguração da primeira sala de cinema 4D do Cinépolis, no Brasil, era esperada para abril, em São Paulo, no novo shopping JK Iguatemi. Mas os planos da empresa tiveram de ser adiados por causa do embargo da justiça.

A chegada do 4D não significa que a produção de filmes em 3D esteja plenamente dominada, o que gera algumas discussões. O lançamento do filme Avatar, do diretor James Cameron, rendeu US$ 2,8 bilhões pelo mundo, graças ao pioneirismo das técnicas de produção do longa. Avatar é o exemplo mais perfeito da utilização do 3D no cinema. Entretanto, algumas produções posteriores, tidas como 3D, não alcançaram esse sucesso.

Para que um filme tenha efeitos 3D “reais”, é necessário que seja filmado com duas câmeras que captem imagens diferentes para cada olho. É como imitar a visão humana. As câmeras cruzam a imagem para focar objetos próximos e faz o inverso para gravar objetos distantes.

“A maioria dos filmes não é produzida com câmeras 3D. As imagens geradas são convertidas por programas de computador. É por isso que os efeitos não ficam tão bons. Filmes em computação gráfica têm um efeito 3D melhor, porque é mais fácil gerar as duas imagens nesse tipo de produção”, explica o professor do Departamento de Comunicações da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação da Unicamp, Yuzo Iano.

Para que o espectador assista ao filme em três dimensões, as imagens gravadas para o olho esquerdo e para o direito devem ser exibidas alternadamente. Os óculos 3D separam as imagens, bloqueando a

Realismo do 3D já tem novo aliado para reforçar as sensações.........................................................................................................................

Shutterstock

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Vanguarda • TecNOLOgIA

visão de um olho, quando a imagem for direcionada para o outro. Esse processo é mais rápido do que a percepção humana e, por isso, não os vemos piscando. Todo esse procedimento de “enganação” do cérebro é chamado de estereoscopia. Os televisores 3D também usam esse recurso.

NoViDaDE?

O cinema, os aparelhos e os jogos 3D estão se transformando num fenômeno de massa, mas, a técnica não é nova. O professor Iano revela que a origem da teoria estereoscópica data de 300 a.C. “O matemático grego Euclides descobriu que o olho humano percebe a profundidade porque a visão capta quase a mesma imagem, mas com uma pequena diferença de perspectiva. Os primeiros testes foram feitos com desenhos e, com a evolução da fotografia e do cinema, a técnica migrou para essas mídias”.

Quando questionado se seria possível obter o efeito tridimensional em televisores comuns, como de plasma, LED ou LCD, o professor Iano explicou que seria possível obter o efeito estereoscópico em qualquer TV, mas, para obter maior qualidade, seria necessário usar aparelhos específicos. “No caso dos óculos anáglifos (os primeiros óculos 3D com lentes azuis e vermelhas), qualquer TV é capaz de exibir um vídeo nesse formato, mas a qualidade não é tão boa, pois a cor é modificada. Já os óculos ativos (de cristal líquido que funcionam com bateria) dependem de uma TV com taxa de atualização grande (mais quadros por segundo) e que os óculos pisquem com a imagem. Com os óculos polarizados (que atraem as duas imagens para cada olho e não precisam de bateria), a TV é especial”, explica.

GamES

Em julho do ano passado, a Nintendo lançou, no Brasil, o 3DS Game – console que dispensa os óculos,

com incrível gráfico 3D. A novidade (talvez para alguns) é que a Nintendo havia criado um videogame 3D em 1995: o lendário Virtual Boy. Uma grande novidade para a época e que tinha tudo para emplacar no mercado, o game acabou se transformando num grande desastre para a empresa. Era impossível jogar mais do que 15 minutos sem sentir dores de cabeça e vistas embaçadas. Isso, porque todos os jogos eram em vermelho e preto. O formato do visor também não se ajustava bem à cabeça do player.

Antes mesmo do Virtual Boy, da Nintendo, a Master System havia lançado o Sega Scope 3D, com óculos de cristal líquido, como os atuais, que davam a sensação tridimensional em alguns jogos. Isso em plena década de 80. “Para a época, os gráficos eram muito bons,

mesmo não sendo tão reais quanto os gráficos 3D atuais. Mas os óculos atrapalhavam, davam tonteira e dor de cabeça”, lembra o comerciante Ricardo Freire.

Segundo Yuzo Iano, a tecnologia 3D usada em consoles antigos e atuais tem o mesmo princípio. Mas a resolução da imagem e a quantidade de quadros por segundo nos aparelhos atuais são maiores, além da qualidade. “Acredito que o 3D tenha sido abandonado nos videogames

por causa do alto custo e da baixa adoção. Como os óculos eram um periférico opcional, poucas pessoas o adquiriam, Por isso, o investimento era menor. Com a adoção em massa das TVs 3D e os novos consoles, o negócio foi renovado”, explica.

O professor da Unicamp revela a existência de uma nova técnica para produzir imagens tridimensionais reais. O método seria primitivo, com lasers produzindo pequenos pontos no ar que se alternam rapidamente, gerando uma imagem que flutua. Esse, talvez, seja o futuro das figuras holográficas tão perfeitas quanto aquelas vistas em filmes de ficção científica.

Seria possível obter o efeito

estereoscópico (3D) em

qualquer TVYuzo Iano

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Sul-americano Pastor Maldonado vence GP da Espanha e coloca brasileiros com a pulga atrás da orelha: o que estará acontecendo com nossos pilotos?

Recomeça o Circo!

Carol Gosaric

Depois de três semanas de muito trabalho para as equipes, a Formula 1 2012 voltou com força total. O espetacular circuito de Barcelona, na Espanha, proporcionou um maravilhoso presente de aniversário, novidades e muitas, muitas surpresas!

Tudo começou com uma pole position do piloto venezuelano Pastor Maldonado, da Williams. Ele dedicou o desempenho ao dono da escuderia, Frank Williams, que completou 70 anos recentemente. Foi a primeira pole de um piloto venezuelano na história da Fórmula 1. Para que não falassem em sorte e/ou acaso, Maldonado fez uma apresentação perfeita, no domingo, e conquistou sua primeira vitória na categoria. A primeira de um venezuelano também,

marcando a volta da Williams ao topo do pódio, depois de sete anos. A última vitória de um piloto da Williams foi conquistada pelo colombiano Montoya, no GP Brasil de 2004. O feito do venezuelano arrancou elogios até do Presidente Hugo Chávez, que continua na luta contra um câncer em Cuba.

Para os brasileiros, restou admirar o feito do também latino-americano. Mais uma vez, Bruno Senna e Felipe Massa tiveram atuações abaixo da média e não levaram pontos para suas equipes. Massa foi punido por não respeitar bandeiras amarelas e caiu para o final do pelotão, onde ficou até o fim da corrida. Já Bruno Senna sofreu outro acidente. O carro de Senna foi atingido pela Mercedes de Schumacher na freada da curva 1. Ali era dada por encerrada a jornada do brasileiro. O alemão foi punido pela FIA com a perda

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Vanguarda • F1

Shutterstock

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Vanguarda • F1

de cinco posições no grid para o GP de Mônaco, a ser disputado no fim de semana dos dias 26 e 27 de maio.

E a Lotus mostrou que vem forte. A equipe colocou seus dois carros dentro da zona de pontuação e com Kimi Raikkonen subindo novamente ao Pódio, com um terceiro lugar. O Espanhol Fernando Alonso, piloto da Ferrari, também fez uma ótima apresentação. Ele liderou a prova por diversas voltas, mas foi ultrapassado por Maldonado nos boxes e terminou com um segundo lugar. Ainda assim Alonso assegurou a liderança do campeonato, empatado com o atual campeão Vettel.

A fórmula 1 segue agora para o Principado de Mônaco, onde será disputada a mais bela corrida do ano. A prova também promete surpresas, como tem sido este ano na categoria. Foram cinco corridas, cinco vencedores diferentes, cada um de uma equipe. Isso garante que teremos um ano de muitas emoções. Resta saber se os brasileiros vão entrar na briga ou continuar a ser meros coadjuvantes, correndo o risco de suas carreiras serem encerradas precocemente, no fim do ano.

DICA

Como pode ser visto na Fórmula 1, os pneus fazem toda a diferença no equilíbrio de um carro. O mesmo acontece no seu veículo. Por serem as únicas peças de contato com o solo, de nada adianta um carro bem-regulado mecanicamente, se os pneus não receberem a atenção devida.

Além de afetar o alinhamento do veículo, pneus malcalibrados se desgastam mais e fazem aumentar o consumo. A calibragem deve ser feita, no mínimo, semanalmente. E as especificações do fabricante e as cargas do veículo devem ser respeitadas.

Vale lembrar que somente calibrar semanalmente os pneus não garante bom desempenho. É preciso visitar uma oficina especializada pelo menos a cada 10.000 km para conferir o alinhamento e o balanceamento das rodas de seu carro. O mecânico deve verificar também se há folgas e desgastes nas peças que compõem a suspensão. Esse procedimento faz aumentar a durabilidade dos pneus, diminuir o consumo e proporcionar um grau a mais de conforto na direção do carro.

Não se esqueça de que fazer manutenção preventiva é a melhor forma de evitar grandes gastos com o veículo. Caso você suspeite de algum problema, procure imediatamente a oficina de sua confiança. Quanto antes o problema for descoberto e resolvido, menor será o custo para você.

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Reprodução

Com a vitória, maldonado deixou a briga na F1 ainda mais acirrada.........................................................................................................................

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Paulo Afonso

está uma filial da loja do Barça. Amostra do poder de marketing. A imponência nos convida a entrar e aumenta o desejo de visitar o combo Estádio/Museu/Loja. Belo quanto à atração a seguir, La Rambla.

o êxito em campo reflete nos bons números comerciais do clube. a camisa do Barça é uma das mais vendidas no mundo.........................................................................................................................

pOdIuM • eSPORTe

Um belo time de uma bela cidade ou vice-versa? Digamos: uma tabelinha perfeita. Ao incluir Barcelona em um roteiro, confesso: a magia pelo clube azul-grená, em catalão, blaugrana, fala mais alto. Em pleno verão europeu, junho, não se vê a esquadra em ação. Temporada de férias. Entretanto, vale o ingresso. Fundado no dia 29 de novembro de 1899, o clube proporciona espetáculo extracampo, e a metrópole também joga bonito.

O Barcelona é uma das atrações da cidade de mesmo nome, denominada capital da Cataluña, norte da Espanha. Com cerca de 1,7 milhão de habitantes, a cidade abriga algo além do mágico time. Ao sediar as Olimpíadas de 1992, o município soube tirar proveito. Bateu recordes de realizações urbanas. Mobilidade fácil, traçado simples em forma de xadrez, cortado pela Avenida Diagonal. Não é preciso caminhar muito para ficar na cara do gol, digo da estação de metrô. Dez linhas subterrâneas, eficientes e cheirando a novo transportam os passageiros com rapidez para todos os cantos. O trânsito agradece...

PRELIMINAR

Antes de ir ao lendário Camp Nou, casa da equipe perita na arte de encurralar adversários - há três anos, o time detém cerca de 70% da pose bola a cada partida -, o pontapé inicial é em direção a outra tradicional rota turística. No percurso, estrategicamente escalada

As impressões de um modesto admirador do futebol mais apaixonante

do mundo, em visita à casa azul-grená

Barça, um espetáculo além das quatro linhas

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Um calçadão de quase dois quilômetros entre a plaça Catalunya e o porto. Local recheado de lojas, bancas de flores, restaurantes e artistas mambembes fantasiados com alegorias exóticas, retratando personagens mitológicos da ficção e da cultura regional. No elenco há um brasileiro sósia de Ronaldinho Gaúcho - da aparência ao quesito malabarismo com a bola.

Hipnótico, o mercado de La Boqueria, com a variedade de cheiros, cores e sabores no centroavante da eclética rua. Frutas, doces e cereais formam uma tela em HD aos nossos olhos. Impossível ficar na retranca. É penetrar na construção modernista e apreciar um saboroso suco natural. Refresco para seguir em direção ao porto, finalizando o calçadão. Ali, o Port Vell, revitalizado nos anos 80, banhado pelo Mediterrâneo.

Na ala esquerda, o bairro Barceloneta tem extensa orla praiana. Repleta de cafés, livrarias, bares e cinemas - incluindo o Museu d’História de Catalunya - oriundos da reforma pró-jogos olímpicos 92. No século 18, o espaço abrigava marinheiros e pescadores. Na região, o L’Aquarium. Considerado o maior do mundo em espécies mediterrâneas: de peixes ornamentais a tubarões, polvos, moreias, cavalos-marinhos, águas--vivas e por aí vai... A seleção do fundo do mar abraça os visitantes em um vasto corredor formando um gigante aquário. A rota La Rampla-Porto Vell mereceu um replay, antes da despedida.

PRimEiRo TEmPo

Mas o destino mais procurado fica na Avinguda de Aristides Maillo, via metrô Maria Cristina. Pela descida a pé, rente ao campus da Universidade, ganhamos o maior estádio europeu, palco de admiráveis aulas de futebol. A arquitetura foge do formato tradicional e arredondado, como a do Mineirão.

No centro do complexo - inaugurado em 1984 - uma rampa coberta une a loja oficial à direita, ao Museu, e à esquerda, conectado diretamente à Arena. Ao atacar a curiosidade pelo item história, 90 minutos são insuficientes para driblar tanta informação reunida. O largo recinto é ornamentado por prateleiras, exibindo

taças e mais taças. Não são todas vindas do futebol. Há de outras modalidades, como o basquete.

Pelo corredor central, relíquias valorosas à mostra: flâmulas, medalhas, bolas de jogos históricos e peças usadas por ex-craques da equipe, como a camiseta 10 do argentino Maradona (1983-84) e as chuteiras do holandês Cruijff (1973-78, também ex-técnico de 1988/96), corresponsável pela filosofia “futebol-arte” na agremiação.

De tirar o fôlego, a exposição é ilustrada por fotos dos times, desde a origem. A lista de dirigentes, as estatísticas, o histórico de jogos e títulos e a pedra fundamental do estádio – pronto em 24 de setembro de 1957 –, entrosam o antigo com o moderno.

A tecnologia entra em campo via espaço multimídia. O recurso oferece infinidade de vídeos: conquistas e, claro, gols decisivos e de placa. Destacam os brasucas Romário, Rivaldo, o fenômeno Ronaldo fazendo fila nos adversários; o habilidoso Ronaldinho Gaúcho e Belletti - finalizando contra o Arsenal, dando o título europeu, temporada 2005/06 - e Evaristo de Macedo (autor de 122 gols entre 1957-66).

Há também a opção de áudio. Fones pendurados registram narrações de gols, façanhas e momentos de euforia na voz de locutores locais e de outros países. Um vasto painel digital divulga a ficha técnica dos atuais e de ex-jogadores. Próximo dali, um enorme

a vista frontal do belo Camp Nou, casa do Barcelona de messi.........................................................................................................................

pOdIuM • eSPORTe

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mural povoado por torcedores apelidados de culês, de diferentes faixas etárias. Declamam amor ao time e cantam o hino em catalão. É de emocionar! Abaixo, como se fosse uma plantação, ficam minúsculas telas com imagens dos atletas. Representação criativa de las canteras – as divisões de base do clube.

Adiante, o estádio: berço de tudo. O tour é sem guias e não linear. Acessos ao hall principal, à capela, ao vestiário, ao auditório reservado à coletiva do treinador, à zona mista (passarela dos jogadores, após as batalhas, para as entrevistas) e, enfim, ao impecável gramado. Pode-se sentar no confortável banco de reservas e sonhar em ser escalado.

Do piso verde para as cadeiras superiores. Uma visão ampla dos três patamares para deslumbrar os quase 99 mil acentos azuis e vermelhos. Há os amarelos, que são usados para formar a frase “Més que um club” - atrás de uma das traves e de frente para as cabines de imprensa. Com vista privilegiada, as cabines panorâmicas e confortáveis acomodam os profissionais que retratam cada espetáculo.

SEGUNDo TEmPo

Na saída, cada turista pode optar por fotos temáticas feitas por funcionários. Seja para posar ao lado do ídolo escolhido com o estádio ao fundo (montagem), seja para ficar junto do cobiçado troféu da Liga dos Campeões da Europa. Na real (sem trocadilho com o rival de Madrid) e sem cerimônia. Vale abraçar, beijar e até erguer a valiosa peça.

No outro lado da rampa, a La FC Botiga traz um balcão usado para pagar e resgatar as fotos citadas. Uma escada rolante conduz ao subsolo. O espaço aclimatado, com telas de plasma, painéis e emblemas do time, expõe a gama de produtos licenciados: camisas de jogo, de passeio, uniformes completos, agasalhos, botons, livros, DVDs, bonecos e afins, explorando a famosa marca.

No lado externo, a lanchonete sacia outra sede e fome dos fãs de várias idades e nacionalidades. Estampados com brilhos no olhar, o estabelecimento repõe a energia

após prazerosa partida. Oportunidade organizada por quem trata o torcedor como cliente. Resultado: o placar registra rentável faturamento. Gera fidelidade e satisfação entre os mais de 165 mil associados. Em média, 1,3 milhão de visitas por ano nos dias sem jogos. O ingresso individual do Experience Camp Nou varia de 16,50 a 22 euros. Façam as contas.

PRoRRoGação

Aqui, os acréscimos são para citar outras estrelas. Se o Barça não é apenas Messi, mas Iniesta, Xavi, Fábregas, Daniel Alves, Puyol e companhia, a cidade também não. As obras do audacioso craque Antônio Gaudí (1852-1926) modelam a irresistível paisagem cosmopolita. A Casa Batlló, o inusitado edifício La Pedrera e as curiosas esculturas do Parc Güell são manifestações da Art Noveau. A maior delas, ainda em fase de acabamento, o templo da Sagrada Família - iniciada em 1882 - é rico de infinitos mosaicos deslumbrantes. Atualmente exibe oito torres com mais de 100 metros de altura cada.

Porém, outros monumentos são protagonistas: a Plaça d’Espanya, o Castelo e as Fontes Mágicas de Montjuïc, sincronizadas com o ritmo de sinfonias, o Parc de Joan Mirón da gigante escultura Dona i Ocell (mulher e pássaro) e a oval Torre Agbar, iluminada por 40 cores. Uma goleada de cartões-postais. De fato, Barcelona bate um bolão.a

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Olimpíada cultural

kultur • OLIMPíAdA

Londres prepara extensa programação cultural paralela aos jogos

Ilana Rehavia Correspondente em Londres

LONDRES - Nem só de esporte vive uma Olimpíada. Fora das pistas, quadras e estádios, uma intensa programação cultural vai tomar conta dos palcos, museus e galerias de Londres durante os jogos olímpicos. E, em se tratando uma das mais importantes capitais culturais do mundo, a agenda promete motivos de sobra para atrair até mesmo quem não liga muito para esporte. Batizado de Festival Londres 2012, o grande evento será realizado entre 21 de junho e 9 de setembro, reunindo apresentações de teatro, música, dança, cinema, arte, moda e gastronomia.

Serão 12 semanas com cerca de mil eventos para mais de 10 milhões de espectadores. Entre os destaques, estão obras de ícones culturais britânicos e mundiais, como o cineasta Alfred Hitchcock, o dramaturgo William Shakespeare e a artista Yoko Ono, além de grandes nomes da música pop atual, como as bandas Florence and the Machine e Scissor Sisters. O festival é, na verdade, o ápice da Olimpíada Cultural, uma extensa programação que começou em 2008, logo depois dos jogos de Pequim. Ambicioso, o projeto envolveu mais de 2.500 iniciativas culturais em toda a Grã-Bretanha e acabou recebendo críticas entre a comunidade artística local por ser muito amplo e sem um foco específico.

Com o Festival Londres 2012, anunciado como o maior evento cultural já realizado no país, a organização espera rebater os críticos com uma programação afiada e mais coesa, concentrada em pouco mais de dois meses. Animou? Muitos dos eventos são gratuitos, mas não se esqueça de que os britânicos são conhecidos por planejar tudo com bastante antecedência, incluindo a compra de ingressos. Para as atrações mais disputadas, a dica é se programar logo para não ficar de fora. Confira abaixo alguns dos destaques da programação cultural olímpica:

BT RiVER oF mUSiC

O final de semana anterior ao início dos jogos será marcado por apresentações musicais em vários pontos turísticos da capital britânica, representando todos os países que participarão da Olimpíada e da Paraolimpíada. Já estão confirmadas atrações como a banda Scissor Sisters e o trompetista de jazz Wynton Marsalis. Os palcos serão divididos por continentes: Ásia, no parque Battersea; África nos jardins Jubilee; Europa, na praça Trafalgar e na Somerset House; Américas na Torre de Londres e Oceania no Old

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kultur • OLIMPíAdA

Royal Naval College. Os eventos ocorrem nos dias 21 e 22 de julho e são gratuitos, mas alguns emitirão ingressos que devem ser solicitados antecipadamente. Informações no site festival.london2012.com.

jaRDim DE FoGo Em SToNEHENGE

Um dos mais importantes pontos históricos do mundo, o misterioso círculo de pedras de Stonehenge, será transformado em um jardim de fogo durante três noites de verão. O responsável pelo evento, o grupo francês Carabosse, é conhecido por criar lindas instalações idealizadas especialmente para cada locação, interagindo com a arquitetura e a natureza do local. Em Stonehenge, o grupo revelou que vai usar

cidade. Entre as atrações confirmadas estão Florence and the Machine, Tinie Tempah e a cantora Leona Lewis, que cresceu no bairro. As apresentações estão marcadas para os dias 23 e 24 de junho, no Hackney Marshes. Informações no festival.london2012.com.

NaTioNaL PoRTRaiT GaLLERY

A National Portrait Gallery (Galeria Nacional do Retrato) realiza duas exposições interessantes para marcar 2012, um ano importante para a Grã-Bretanha. “The Road to 2012” (A Estrada até 2012) é resultado de um projeto de três anos que homenageia as pessoas que tornaram os jogos de Londres possíveis, de atletas e autoridades aos pedreiros e outros funcionários que construíram o Parque Olímpico (19 de julho a 23 de setembro). Para celebrar os 60 anos de reinado de Elizabeth II, o Jubileu de Diamante, o museu traz “The Queen: Art and Image” (A Rainha: Arte e Imagem), uma mostra reunindo pinturas e fotografias feitas ao longo da vida da monarca. (17 de maio a 21 de outubro). Aproveite a visita para conhecer o restaurante do museu, o Portrait Restaurant, que tem vistas incríveis de Londres. Detalhes: National Portrait Gallery - St Martin’s Place, WC2H 0HE. Metrô: Leicester Square ou Charing Cross. Mais informações no site npg.org.uk

SPoRTS VS DESiGN No DESiGN mUSEUm

O museu do Design mostra como o desenho industrial vem ajudando atletas a bater recordes e romper as barreiras do corpo humano. A exposição reúne, em um só espaço, os universos da ciência, do esporte e do design para explorar a beleza e a funcionalidade dos produtos esportivos. Entre os destaques estão inovações como o maiô LZR da Speedo e a tecnologia Shimano Di-2 para bicicletas. A mostra acontece de 18 de julho a 18 de novembro. Design Museum - 28 Shad Thames, SE1 2YD. Metrô: London Bridge. Mais informações no site designmuseum.org

THE GENiUS o HiTCHCoK

Os amantes do mestre do suspense Alfred Hitchcock vão se deliciar com a exibição de clássicos recém-restaurados ao som de música orquestral ao vivo.

cascatas de velas para indicar o caminho até as pedras, que serão iluminadas por esculturas de fogo, tudo ao som de música ao vivo. O evento está marcado para as noites de 10 a 12 de julho, em Stonehenge. Mais informações no site salisburyfestival.co.uk.

BBC RaDio 1’S HaCKNEY wEEKEND

A Radio 1, da rede pública britânica BBC, realiza o maior evento gratuito de sua história, reunindo mais de cem artistas internacionais no belo parque Hackney Marshes, uma área pantanosa no leste da

Salisbury international arts Festival

jardim de fogo: o enigmático Stonehenge como nunca se viu........................................................................................................................

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kultur • OLIMPíAdA

Virginia Valle em The Pleasure Garden, do diretor alfred Hitchcock........................................................................................................................

o artista plástico Damien Hirst, na exposição que transforma em arte até mesmo animais mortos cortados transversalmente..............................................................................................................................................................................................................................................................

Serão apresentados três importantes filmes mudos do início da carreira do diretor, rodados na Inglaterra: “The Pleasure Garden”, “O Inimigo das Loiras” e “Chantagem e Confissão”. O acompanhamento musical fica por conta de destaques da música

contemporânea britânica, como o anglo-indiano Nitin Sawhney, que incorpora jazz, eletrônica e sons asiáticos em seu trabalho. Detalhes: De julho a outubro. As exibições acontecem em diferentes cinemas de Londres. Ingressos e informações no site do British Film Institute, bfi.org.uk.

DamiEN HiRST Na TaTE moDERN

A celebrada Tate Modern aproveita a Olimpíada de 2012 para homenagear um dos maiores nomes da arte contemporânea britânica e mundial; o polêmico artista Damien Hirst. A exposição reúne trabalhos marcantes dos 25 anos de carreira de Hirst, como o corpo de um tubarão de verdade suspenso em um tanque de formol, a escultura de uma vaca e um bezerro dissecados e pinturas feitas usando borboletas e pulgas. O evento acontece de 4 de abril a 9 de setembro. O museu também realiza, de 28 de junho a 14 de outrubro, a mostra “Edvard Munch: The Modern Eye” (Edvard Munch: O Olho Moderno). A ideia é explorar o interesse do pintor norueguês pelas novas formas artísticas que surgiam em sua

Divulgação

Divulgação

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kultur • OLIMPíAdA

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época, como cinema e fotografia. Detalhes: Tate Modern - Bankside, SE1 9TG. Metrô: Southwark. Mais informações no site tate.org.uk/modern

YoKo oNo Na SERPENTiNE GaLLERY

O trabalho de Yoko Ono, uma das pioneiras da arte conceitual, será tema de uma exposição na Serpentine Gallery, reunindo obras antigas e inéditas de arte, música, cinema e performance. Entre os destaques da mostra estão uma foto do Beatle John Lennon, com quem a artista foi casada, e o projeto Smile, em que Ono convida pessoas de todo o mundo para mandar imagens de seus sorrisos. A exposição acontece entre 19 de junho e 9 de setembro. Detalhes: Serpentine Gallery - Kensington Gardens, W2 3XA. Metrô: Lancaster Gate, Knightsbridge ou South Kensington. Mais informações no site serpentinegallery.org

60 aNoS DE DESiGN BRiTÂNiCo No V&a

O museu vasculha seu impressionante acervo para comemorar os últimos 60 anos do design britânico, englobando um período que começa na Olimpíada de 1948, realizada na Londres do pós-guerra e apelidada de “Jogos da Austeridade”. A mostra “British Design 1948-2012: Innovation in the Modern Age” (Design

Britânico 1948-2012: Inovação na Era Moderna) traz obras tiradas dos universos da moda, arquitetura, cenografia e escultura, além de cerâmicas, vidros, fotografias e móveis. Entre os destaques estão o avião Concorde, o carro E-type da Jaguar e uma reprodução da lendária danceteria The Haçienda, da cidade inglesa de Manchester. Detalhes: De 31 de março a 12 de agosto. The Victoria and Albert Museum - Cromwell Road, SW7 2RL. Metrô: South Kensington. Mais informações no site vam.ac.uk

SHaKESPEaRE

Como não poderia deixar de ser, a obra do dramaturgo inglês William Shakespeare será celebrada em eventos por todo o país. Várias de suas peças – entre elas “A Comédia dos Erros e Rei Lear” - serão encenadas no teatro Royal Shakespeare, em Londres e em sua cidade natal, Stratford-upon-Avon. Uma exposição no British Museum também festeja a obra do escritor e o universo habitado por ele há 400 anos. A mostra “Shakespeare: Staging the World” (Shakeaspeare: Encenando o mundo) usa as peças do gênio inglês para explorar o papel que a Londres da época tinha como cosmópole, reunindo mapas, desenhos, pinturas, armaduras, livros, medalhas e outros objetos reconstroem o mundo de Shakespeare. Detalhes: Exposição de 19 de julho a 25 de novembro. British Museum - Great Russell Street, WC1B 3DG. Metrô: Holborn. Mais informações no site britishmuseum.com. Para mais detalhes sobre as peças acesse festival.london2012.com.

o estiloso Great Russell Street será palco de peças shakespeareanas...........................................................................................................................

mostra recapitula 64 anos da arte moderna na terra da rainha........................................................................................................................

jamie Reid

Divulgação

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kultur • LITeRÁRIA

Autor: Suzanne CollinsEditora: RoccoPáginas: 400Preço médio: R$ 39,50

Após a destruição dos Estados Unidos, a nação de Panem se ergue onde era a maior potência mundial. Dividida em 12 distritos, Panem é onde ocorrem os Jogos Vorazes, impostos como castigo por uma revolta contra a capital. To-dos os anos, cada distrito deve enviar um casal de crianças, com idade entre 12 e 18 anos, para lutarem entre si até a morte. Para livrar sua irmã de uma possível morte cruel, Katnisse Ever-deen, de 16 anos, toma o lugar da irmã como tributo, como eram chamados os jovens lutadores. É a partir desse ponto que o leitor sofre a cada página com Katnisse. Jogos Vorazes é o primeiro livro da trilogia e um bestseller nos Es-tados Unidos, que inspirou a produção do filme homônimo. O segundo livro da série, Em chamas, também está na lista dos livros mais vendidos no Brasil.

Autor: Nicholas SparksEditora: ArqueiroPáginas: 272Preço médio: R$ 19,90

Nicholas Sparks retorna com um novo romance dramático, marca do seu estilo, como nos livros Diário de uma Paixão, Uma carta de amor e Um amor para recordar, sucessos também no cinema. O mote da nova obra são as diferen-ças entre o casal Amanda Collier e Dawson Cole. Diferenças que os uniram na pequena e tradicional cidade chamada Oriental. Amanda, de família rica, e Dawson, de famí-lia de criminosos, têm uma parede entre si que os impede de seguir em frente. Separados há mais de vinte anos, os dois se reencontram no velório do melhor amigo e são obrigados a avaliar tudo que não viveram em tantos anos e voltam a cultivar um sentimento que nunca se perdeu.

Autor: Kim e Krickitt CarpenterEditora: Novo ConceitoPáginas: 144Preço médio: R$ 19,90

Depois de se conhecerem inespera-damente no serviço de telefonia de uma loja, Kim decide se encontrar com Krickitt. Após alguns encontros, os dois passam a namorar e se casam. Apaixonado, o casal vai para o pri-meiro almoço de ação de graças, na casa da família de Krickitt. Como no encontro dos dois, o destino brinca novamente com um acidente que faz a mulher perder a memória dos 18 meses passados, período em que conheceu Kim. A obra vem emocio-nando o mundo inteiro por se tratar de um relato do próprio drama vivido pelo casal. O livro foi adaptado para o cinema e chega ao Brasil em junho deste ano. Nas telonas, o casal será representado por Rachel McAdams (Uma manhã gloriosa) e Channing Tatum (The eagle).

Jogos Vorazes O melhor de mim Para sempre

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Divulgação/ Editora Novo ConceitoDivulgação/ Editora arqueiroDivulgação/ Rocco

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kultur • cINeMA

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kultur • cRíTIcA

Com novo projeto, Zeca Baleiro vai do rap ao rock.........................................................................................................................

Apenas mais um discoCantor e compositor Zeca Baleiro lança álbum com críticas sagazes: um trabalho para ser

chamado de “revolucionário”

O cantor e compositor dispensa apresentações. Caiu na boca do povo. Virou pop, poeta das rimas da massa brasileira. Zeca Baleiro, que há muito deixou de vender bala no Maranhão para fazer fama em São Paulo, lançou uma obra com um “Q” de “revolucionária”. O novo disco, aliás, O Disco do Ano, é uma chacota muito bem-vinda aos especialistas da crítica musical, que se debatem para eleger a grande obra musical de cada ano.

Cheio de firulas, o lançamento veio com um diário de bordo em forma de blog, videoclipes, propaganda televisiva, criação de página no facebook, eleição pelo público da melhor capa para o disco, noites de autógrafos e shows marcados pelo Brasil. O cantor, com certeza, quer mais do que somente criticar a mídia.

O objetivo de Zeca, segundo ele, era não fazer mais do mesmo. Para cumprir o propósito, selecionou, dentre os vários produtores que tinha em mente, 15 para as 12 faixas musicais. Além disso, contou com a colaboração de compositores parceiros e intérpretes. O resultado foi uma heterogeneidade de ritmos, instrumentos e ideias mais nítida do que em qualquer de seus discos.

Ele quer agradar a todos. Não poderia haver outra conclusão. Zeca Baleiro, acredite se quiser, lançou um funk em seus shows. O Funk da Lama tem pequenos traços de crítica, que tornaram o fato um pouco menos psicótico, e muita coreografia. É um “tributo” ao clichê “arque com as consequências de seus atos”. A consequência disso?! Bem, ele está, provavelmente, a poucos dias de virar o número um dos morros cariocas.

Fernanda Carvalho

Divulgação

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kultur • cRíTIcA

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E não foram somente os funkeiros os agraciados desse novo capítulo de obras “Zecarianas”. A faixa O Desejo, gravada com participação especial de Chorão, muito lembra o norte-americano Eminem ou o brasileiro Emicida. A cultura hip hop foi muito bem representada nessa música, que manda um recado para todos nós, meros mortais: “quem tudo quer nada tem”. Esse, porém, não foi o primeiro rap do compositor. No disco Pet Shop Mundo Cão, a faixa As Meninas dos jardins já levantava suspeitas do que estava por vir.

A fórmula singular de misturar gêneros, até mesmo dentro da mesma música, é uma característica que vem desde o primeiro álbum do cantor. Com foco frequente no tema “amor”, muitos jogos de palavras e coloquialismos, o compositor pisou, quase durante toda a sua obra, em terrenos meramente alternativos, sempre com “pitadas” tipicamente nordestinas. Uma obra, sem dúvida, um pouco esquizofrênica, como ele mesmo a definiu. A psicopatologia aparentava ter ficado um pouco de lado, mas não ficou.

Virou pop, mas não deixou os deboches de lado. O Disco do Ano critica, “às sombras”, as relações entre as pessoas nessa era do facebook e das redes sociais, como no tango pop Mamãe no face ou no rock oitocentista Meu amigo Enock. No rock com ênfase no original funk Tattoo, ridiculariza o fato de as pessoas tatuarem nomes. Ele pondera sobre felicidade, sonhos e desejos em Felicidade pode ser qualquer coisa e em O Desejo. E fala de amor em todas as outras. São justamente essas ironias saudáveis que deixam o disco estranhamente homogêneo.

O álbum ainda traz uma composição com Frejat, lançada em 2008 pelo vocalista do Barão Vermelho no CD Intimidades entre estranhos. A música Nada além, inicialmente batizada Meu inferno, foi personalizada ao estilo Zeca Baleiro e regravada para uma versão que bem que poderia ter retornado ao nome original.

Belo Horizonte aparece em duas das canções do novo CD. A música Zas, que tem força para ser o próximo hit da série Malhação da TV Globo, foi gravada na capital dos mineiros. No samba rock com

toques de tango Ela não se parece com ninguém, uma das moças com a qual a protagonista não se parece é da Savassi. Uma mulher “que para o tempo mesmo que ele passe e arrasta os olhares por onde ela vai”.

Misturas charmosas de instrumentos e vocais deram classe a várias das novas composições. O arranjo sedutor da combinação de violoncelo e sanfona de Ela não se parece com ninguém talvez tenha sido um dos mais significativos. Mas nas outras músicas, o uso de contrabaixo, violino e da harpa chinesa, dentre os vários instrumentos, enriqueceram as produções. Até mesmo a provavelmente pior composição do disco, o pop nipo-havaiano O amor viajou, ficou um pouco menos cansativa com alguns dos arranjos.

Zeca Baleiro não queria apenas debochar da mania da imprensa. O cantor “implora”, com a nova obra, por boas críticas musicais. Parece querer atrair todos os olhares, independentemente de a que tribo pertençam, e cair na boca do povo. E (por que não?) da mídia também...

opinião: capa de o Disco do ano escolhida pelo público.........................................................................................................................

Reprodução

“Calma aí coração”Show de lançamento em Belo Horizonte

Data: 02 e 03 de junhoLocal: Grande Teatro do Palácio das artesHorários: sábado às 21h e domingo às 20h.mais informações: (31) 3236-7400

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kultur • AgeNdA cULTURAL

os dias de abertura e encerramento de uma das mais tradicionais e coloridas festas populares de Belo Hori-zonte, o arraial de Belô, já estão estabelecidos. a folia contagiante dos grupos de quadrilha toma conta do Centro de Beagá no dia 4 de junho. já o desfecho das festividades acontece às 19h de 29 de junho a 1º de julho, na Praça da Estação. É quando os finalistas de um total de 60 grupos disputam o posto de melhor grupo da cidade.

o evento realizado pela Belotur e a União junina mi-neira acontece há mais de 30 anos. ao longo de todo o mês de junho, a capital ganha um ar interiorano. além da escolha pelo melhor grupo, há um cortejo e um concurso de carroças enfeitadas. Como nas últi-mas edições, a apuração dos votos acontece no Par-que municipal.

mais informações pelo telefone 3277-9713Período: de 4 de junho a 1º de julho

Para celebrar seus 30 anos, o Grupo Galpão tem percorrido a inglaterra para a apresentação de três peças. Voltando ao Brasil, companhia apresenta, em Belo Horizonte, quatro espetáculos especiais: Till (a saga de um herói torto), Tio Vânia (aos que vierem depois de nós), Eclipse e Romeu e julieta. Depois da capital mineira, o Galpão vai a São Paulo e ao Rio de janeiro.

mais informações pelo telefone 3463-9186 ou no site www.grupogalpao.com.br Período: de 9 de junho a 1º de julho Local: Praça do Papa

mais de 140 apresentações teatrais, em 60 diferen-tes pontos da cidade, ao longo de 16 dias. a 11ª edi-ção do Festival internacional de Teatro Palco & Rua de Belo Horizonte (FiT – BH) promete ser a maior de todas as realizadas na capital mineira. Na grade de programação do evento estão 19 espetáculos inter-nacionais, 12 nacionais e 10 locais. as intervenções artísticas realizadas em espaços alternativos têm in-gressos a preços populares. já as apresentações em parques, praças e ruas são totalmente gratuitas.

mais informações pelo telefone 3277-4366 ou no site www.fitbh.com.br Período: 9 a 24 de junho

Belô caipiraBalzaquiano

Fit

Guto muniz

juca oliveira

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KULTUR • AgeNdA cULTURAL

o evento confirma a capital de minas como um dos mais importantes polos da fabricação e comercialização da ca-chaça – uma bebida tipicamente brasileira. Produtores, comerciantes e responsáveis pelo avanço das técnicas de produção vão marcar presença na ocasião. a Expocachaça é uma oportunidade a mais para conhecer e experimentar as mais variadas marcas da bebida.

mais informações pelo telefone 3284-6315 ou no site www.expocachaca.com.br Período: 7 a 10 de junhoLocal: Expominas

o estilo de dança originado a partir da evolução da lambada vem se popularizando. E esse é o foco do evento que acontece entre os dias 6 e 10 de junho. Professores internacionais de todos os gêneros vão dar aulas para iniciantes e profissionais.

o evento acontece no Espaço multiuso Retífica, na Rua joão Lúcio Brandão, 207, bairro Prado. No último dia, porém, a Praça da Liberdade também será palco de au-las com professores de Belo Horizonte e de São Paulo.

mais informações no blog bhzouk.blogspot.com.brPeríodo: de 6 a 10 de junho

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AssistA à tV AssembleiA, em bH, cAnAl 35 UHF

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SAÚ DE

ASSINE

CARAVANA DA SAÚDEUm gESto SimplES poDE mUDAR A SAÚDENo bRASil: SUA ASSiNAtURA.É uma campanha que tem como objetivo conseguir assinaturas para apresentar um projeto de lei

de iniciativa popular na Câmara dos Deputados, em Brasília, e buscar mais recursos da União para a

saúde. É claro que a Assembleia de Minas apoia essa iniciativa da Associação Médica Brasileira (AMB),

da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Academia Nacional de Medicina (ANM). E conta com a

sua participação. Vá até um posto de coleta de assinaturas na Assembleia Legislativa, prefeituras ou

câmaras municipais. São necessárias, em todo o País, 1.499.999 assinaturas. Mais a sua.

ASSINE POR MAIS SAÚDE PARA TODOS.

JOanIta gOntIJOjornalista e autora do blog tresoumais.blogspot.com

[email protected]

CrÔnICa

O chiado da agulhaA conversa que vinha do quarto me chamou a

atenção. Era o meu filho mais velho tentando mostrar ao meu pai o funcionamento de um “discman” – um leitor de CD portátil ultrapassado por mídias mais modernas. O avô de quase 80 anos queria entender como faria para tocar o “lado B”, quando terminassem as canções do “lado A”. Com apenas dez anos, o neto desconhecia discos de vinil - que tocam dos dois lados - e sequer entendia a dúvida do avô.

Tive que interceder. As décadas que separam as duas gerações foram marcadas por um avanço tão célere quanto a corredeira de um rio. Nem todos aprenderam a nadar a tempo de aproveitar a aventura (ou a desventura) da velocidade. Eu era adolescente quando as agulhas foram substituídas pelo “play”. Então eu traduzi a situação para o idioma que cada um deles usava.

Outro dia lembrei-me dessa história quando testemunhei, nos corredores do shopping, a luta de uma mãe para conter a pirraça da filha ainda de chupeta. A pequena déspota rolava no chão aos berros, porque não queria ir embora. A mãe prometia balas, pipoca, filme na locadora e acredito que até sua alma já estivesse sendo leiloada.

Nunca tive que administrar birras assim, mas

confesso que vivi situações bem parecidas. Tenho dificuldades para dizer não. Frequentemente eu me pego dando satisfações da minha vida para crianças com menos de 10 anos. O que deveria ser apenas uma explicação de mãe pra filho torna-se quase um pedido de permissão de uma filha adolescente para pais indignados. Eu e o casal que saiu cabisbaixo do shopping pertencemos a

uma geração intermediária e não estamos apenas entre o vinil e os tocadores de áudio digital...

Nascemos entre dois extremos: o da disciplina, das regras inquestionáveis e de crianças silenciadas com o olhar e o da liberalidade, do medo de exagerar na correção, da culpa pela ausência e por não sermos super-heróis. Como filhos, aprendemos a obedecer. Mas quando viramos pais, não sabemos exercer a autoridade que também protege e ensina.

É bom lembrar que os vinis estão de volta à moda. As vitrolas

antigas foram substituídas por modelos mais leves, alegres e arrojados. O preço que se paga pelas “bolachas” atuais é alto, mas a qualidade da música que se ouve, quando a agulha toca o disco, vale cada centavo. Usar a fórmula que transformou o retrógrado em “vintage” pode ser uma boa ideia para a educação dos filhos. É como a porta de saída desse limbo em que muitas vezes nos atolamos à procura da medida certa do amor. Que toque a música!

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Como filhos, aprendemos a obedecer. Mas

quando viramos pais, não sabemos

exercer a autoridade que também protege

e ensina

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AssistA à tV AssembleiA, em bH, cAnAl 35 UHF

www.almg.gov.br l @assembleiamg MINAS MAIS IGUAL

SAÚ DE

ASSINE

CARAVANA DA SAÚDEUm gESto SimplES poDE mUDAR A SAÚDENo bRASil: SUA ASSiNAtURA.É uma campanha que tem como objetivo conseguir assinaturas para apresentar um projeto de lei

de iniciativa popular na Câmara dos Deputados, em Brasília, e buscar mais recursos da União para a

saúde. É claro que a Assembleia de Minas apoia essa iniciativa da Associação Médica Brasileira (AMB),

da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e da Academia Nacional de Medicina (ANM). E conta com a

sua participação. Vá até um posto de coleta de assinaturas na Assembleia Legislativa, prefeituras ou

câmaras municipais. São necessárias, em todo o País, 1.499.999 assinaturas. Mais a sua.

ASSINE POR MAIS SAÚDE PARA TODOS.

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