vozes textuais 1
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Vozes no texto e Intertextualidade
“Mon Bijou deixa sua
roupa uma perfeita obra-
prima”
MONALISA – Leonardo Da Vinci
E Eva disse a Adão:
- Adão, você me ama?
E ele em sua infinita sabedoria:
- E eu lá tenho escolha?
• O texto é um produto coletivo. • Um discurso se constitui em oposição a outro discurso.
• O discurso é heterogêneo – a voz do seu autor se manifesta ao lado de um coro de vozes.
• Polifonia (Bakhtin): nosso discurso é polifônico, tecido pelo discurso do outro; toda a palavra é dialógica.
Vozes explícitas
Vozes demarcadas – apresentadas na superfície do texto e delimitadas de maneira precisa, com marcas linguísticas.
Mecanismos de delimitação precisa de diferentes vozes:
a)negação – voz que afirma e voz que refuta a afirmação:
Manchete: “Lula não é ladrão”
b) discurso direto e discurso indireto – reprodução do que outros disseram
• discurso direto – o outro como que assume a palavra: Um dia, uma Lebre ridicularizou as pernas curtas e a lentidão da Tartaruga. A Tartaruga sorriu e disse: Pensa você ser rápida como o vento. Mas eu a venceria numa corrida.
• discurso indireto – o narrador relata o que o outro disse:
México ignorou alertas de gripe suína, diz OMS A OMS (Organização Mundial de Saúde) afirmou neste sábado que alertou ao México sobre casos suspeitos de pneumonia no país desde 11 de abril passado (...) o México voltou a ignorar um novo alerta para um caso suspeito em Oaxaca.
“A reação mais comum das pessoas diante da criminalidade é um
sentimento de revolta e medo. O que difere é a forma como cada
um lida com o problema. Alguns acreditam que não há como
escapar quando a violência bate à sua porta. A saída é entregar
todos os seus pertences e torcer para que não haja nenhum tipo de
violência física. Outros imaginam que é possível reagir, enfrentar o
bandido e vencê-lo. São essas pessoas que portam armas ou as
têm guardadas em casa para se proteger. Quem é a favor do porte
e do uso desses instrumentos sustenta que, se eles fossem
proibidos, os bandidos reinariam absolutos contra o cidadão já
indefeso pela ineficiência da polícia. Outra argumentação é que os
delinquentes sempre escolhem como vítimas os que são incapazes
de resistir. A arma teria um efeito preventivo ao criar algum grau de
dificuldade. Por mais razoáveis que pareçam, esses argumentos
são apenas frações da verdade. As estatísticas policiais revelam
que andar armado nem sempre é sinônimo de estar protegido. Ao
contrário. Usar uma arma, mais do que perigoso, pode ser letal -
especialmente quando se tenta reagir a um assalto”.
Vozes implícitas
Vozes mostradas e não demarcadas – não estão nitidamente delimitadas no texto.
Recursos de mostração não marcada das diferentes vozes:
a)discurso indireto livre – mistura
características do discurso direto e do indireto, para mesclar a voz da personagem à do narrador;
b) imitação de estilo e de texto
OBS: identificação dessas vozes depende da memória discursiva do leitor
“Chama-se de intertextualidade a relação de um texto como outros
previamente existentes, efetivamente produzidos. A intertextualidade é explícita quando é feita a citação da
fonte do intertexto [...] sendo implícita quando cabe ao interlocutor recuperar
a fonte para construir o sentido do texto” (CARDOSO, 1999, p. 61)
No Meio do Caminho
Carlos Drummond de Andrade
No meio do caminho tinha uma pedratinha uma pedra no meio do caminhotinha uma pedrano meio do caminho tinha uma pedra.Nunca esquecerei desse acontecimentona vida de minhas retinas tão fatigadasNunca me esquecerei desse acontecimentoque no meio do caminhotinha uma pedratinha uma pedra nomeio do caminhono meio do caminhotinha uma pedra
No Meio do Caminho
Deise Konhardt Ribeeiro
No meio do caminho tinha um fuquinha tinha um fuquinha no meio do caminho tinha um fuquinhano meio do caminho tinha um fuquinha.Nunca me esquecerei desse acontecimentona ida de minhas noitadas tão agitadas.Nunca me esquecereique no meio do caminhotinha um fuquinhatinha um fuquinha nomeio do caminhono meio do caminhotinha um fuquinha.
INTERTEXTUALIDADE
É uma interação entre textos, um “diálogo” que se dá entre eles.
A intertextualidade está ligada ao “conhecimento de mundo”, que deve ser comum ao produtor e ao receptor dos textos.
É preciso notar que há tipos de intertextualidade. Vejamos, a seguir, algumas dessas variações:
PARÁFRASE
É a reprodução de um texto com as palavras de quem o está produzindo. Não se confunde com o plágio, pois este é a cópia deliberada de uma obra.
HINO NACIONAL BRASILEIRO
Do que a terra mais garrida,
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
“Nossos bosques têm mais vida,”
“Nossa vida”, no teu seio, “mais amores”
(Joaquim Osório Duque Estrada)
CANÇÃO DO EXÍLIO
Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.
PARÓDIA
É a reprodução “distorcida” de um texto com a intenção de ironizar ou criticar.
MEUS OITO ANOS
Oh! que saudade que tenhoDa aurora da minha vidaDa minha infância queridaQue os anos não trazem mais!Que amor, que sonhos, que flores,Naquelas tardes fagueirasÀ sombra das bananeiras,Debaixo dos laranjais!
[...]
(Casimiro de Abreu)
Oh! que saudade que tenhoDa aurora da minha vidaDas horasDa minha infância queridaQue os anos não trazem maisNaquele quintal de terraDa Rua de Santo AntônioDebaixo da bananeiraSem nenhum laranjais
[...]
(Oswald de Andrade)
LOGOMARCA PAN - 2007
a) Na charge política criada pelo cartunista Angeli a partir do quadro de Munch, a cena etá ambientada no Brasil. A partir de que elementos se pode concluir isso?
b) Como se dá a intertextualidade entre A e B? Relacione os elementos da obra de Munch retomados pelo cartunista.
a) Quais são as semelhanças e as diferenças entre as imagens A e B?b) Explique a intertextualidade entre A e B. Ela se dá por meio de paráfrase ou paródia? Justifique.c) Em B, aparece duas vezes o verbo pintar. Por que você acha que o publicitário escolheu esse verbo?
A B