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Fatores que contribuem para a afirmação do Brasil como um país de
imigração: Reflexões à luz da globalização
Gerardo Alberto Silva¹Renan Fernando de Castro²
Resumo
O Brasil nas últimas décadas, no contexto da globalização, vem recebendo importantes fluxos migratórios internacionais. Africanos, latino-americanos, asiáticos, enfim, pessoas de origens diversas chegam ao Brasil com a esperança de conquistarem uma vida melhor, mesmo que a realidade apresentada em solo brasileiro não corresponda, geralmente, as expectativas dos imigrantes. A partir da compreensão da importância dos fluxos migratórios internacionais frente à configuração da economia, espaço e cultura de um país, este estudo pretende identificar alguns fatores que contribuem para a afirmação do Brasil como um país de imigração. Buscando contribuir com o debate em torno do tema, o artigo trabalhará com três eixos de análise. O primeiro trata do Brasil como um protagonista a nível regional, o segundo mostra o desenvolvimento econômico e social brasileiro nos últimos anos, e por fim, o endurecimento das políticas migratórias nos Estados Unidos e países europeus, sobretudo, após os atentados terroristas nos EUA em 2001, e como estes fatores influenciaram nos deslocamentos populacionais em direção ao Brasil.
Palavras-chave: Migração internacional, globalização e imigração, imigração para o Brasil.
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1 Doutor em Sociologia. Professor adjunto da área de planejamento e gestão do território da Universidade Federal do ABC.² Mestrando em Planejamento e Gestão do Território na Universidade Federal do ABC.
Introdução
A história humana é marcada pelo deslocamento de indivíduos e grupos na
procura de melhores condições de vida. Esses deslocamentos se intensificaram ou
diminuíram em determinados períodos da história por variadas questões, contudo, a
importância do fenômeno migratório na configuração espacial, cultural e econômica de
um determinado território, seja no passado ou atualmente, nos traz a necessidade de
análise e compreensão deste fenômeno.
O processo migratório, seja ele no marco nacional ou internacional, trará consigo
uma série de transformações. O país que perde população a partir do processo
migratório sofre consequências, podendo ser considerados positivos ou negativos.
Durante o percurso realizado pelos migrantes outras múltiplas relações acontecerão,
culminando com a transformação do migrante e do espaço a sua volta. Por fim, o
destino final, aonde de fato esse migrante irá se estabelecer, sofrerá uma grande
influência em todos os aspectos da esfera social e inevitavelmente se transformará.
Para a compreensão dos fluxos migratórios atuais, principalmente os
internacionais, é preciso ter um olhar que considere a presença de um mundo
globalizado. Capital e mercadorias transitam sem grandes barreiras pelo globo a partir
de um fluxo contínuo, internacional, complexo e desigual. Já o deslocamento da
população, dos indivíduos, obedecerá a outras regras, sobre a determinante influência
das necessidades de reprodução do capital e manutenção da sociedade capitalista. Para
George Martine (2005), no momento atual, o principal motor dos fluxos migratórios
internacionais consiste na globalização.
O Brasil, na rota desses fluxos, nas últimas décadas recebeu importantes
contingentes de imigrantes oriundos de várias partes do mundo. Africanos, latino-
americanos, asiáticos, enfim, pessoas de origens diversas chegam cada vez em maior
número em nosso país. Dentro desse importante debate, das migrações internacionais,
que inunda o noticiário nacional, ocorrem muitos questionamentos e confusões, e uma
delas, sem dúvida, consiste nos motivos que fazem do Brasil um país atraente para a
imigração. Buscando contribuir com o debate em torno do tema, mesmo sendo possível
percorrer inúmeros caminhos para responder essa importante questão, o artigo
trabalhará com três eixos de análise. O primeiro trata do Brasil como um protagonista
regional e sua atuação no cenário internacional, o segundo mostra o desenvolvimento
econômico e social brasileiro nos últimos anos, e por fim, o endurecimento das políticas
migratórias nos Estados Unidos e países europeus, sobretudo, após os atentados
terroristas nos EUA em 2001, e como estes fatores influenciaram nos deslocamentos
populacionais em direção ao Brasil. Contudo, antes de adentrar no debate central do
artigo, ou seja, os motivos fazem do Brasil um país atraente para a imigração, cabe uma
breve análise da imigração no contexto da globalização.
Imigração no contexto da globalização
A globalização é um processo de integração de vários aspectos da vida humana.
Na fase atual do desenvolvimento capitalista, a configuração econômica, espacial,
política, social e cultural de um país estão intimamente relacionados com o que acontece
no restante do globo. Contudo, essa globalização se manifesta na realidade muitas vezes
de maneira perversa, como podemos observar em autores como Santos (2001), Ferreira
(2001) e Martine (2005).
De fato, para a grande maior parte da humanidade a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades como a SIDA se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. A mortalidade infantil permanece, a despeito dos progressos médicos e da informação. A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. A perversidade sistêmica que está na raiz dessa evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização (SANTOS, 2001, p. 19-20).
Portanto, o processo de globalização integra o mundo em várias das suas
dimensões, porém essa integração não privilegia a grande maioria da população,
servindo as novas necessidades de reprodução do capital e manutenção do sistema
vigente. Na globalização novas formas de mobilidade do capital serão observadas, além
da mobilidade da população expressa nos mais diversificados territórios, acompanhando
assim essa crescente integração do mundo.
A globalização como fenômeno perverso, tratado por Santos (2001), também
exerce influência na configuração das cidades atuais, principalmente nas metrópoles. A
apropriação da cidade se dá de maneira completamente desigual pelos atores que a
compõe, privilegiando pequenos setores da sociedade, gerando assim imensas
desigualdades e conflitos. O quadro de desigualdades e pobreza em muitas metrópoles
subdesenvolvidas atuais demonstram níveis altíssimos, chegando a situação extrema de
cruzarmos o limite entre a “cidade e a barbárie” (Ferreira, 2001, p.15). Nesta cidade,
subdesenvolvida e com alto grau de pobreza, é que ainda se concentram os principais
fluxos migratórios que tem o Brasil como destino.
De fato os destinos migratórios dos fluxos de migração internacional do trabalhador global para o Brasil, entre 1990-2000, estão concentrados nas duas principais metrópoles brasileiras, já definidas na hierarquia urbana nacional como metrópoles globais: São Paolo e Rio de janeiro (IPEA/IBGE, 2000, apud PATARRA. BAENINGER, 2004, p. 11).
Mesmo com a intensificação do fenômeno da globalização no mundo, a
intensidade entre os fluxos de circulação de capital e de pessoas seguem ritmos
distintos. Para Martine (2005) as regras da globalização se dão de maneira desigual,
pois enquanto o capital financeiro e o comércio fluem livremente, os trabalhadores se
movem a conta-gotas. A relação desigual dos fluxos entre capital e pessoas pelo mundo,
não significa a inexistência ou pouca importância da mobilidade humana entre os
países, e sim a manifestação das contradições no seio da globalização atual. Para Sassen
(2001), assim como existem um ambiente de negócios altamente internacionalizados,
existem também um mercado de trabalho internacional. Outra importante ideia expressa
por Sassen (2000) frente às migrações internacionais consiste que não é mais possível,
em um mundo globalizado, pensar a imigração de maneira isolada, unilateralmente,
independente dos agentes internacionais, vista apenas no marco nacional.
O relatório de desenvolvimento humano de 2014 (PNUD, 2014), reforça a ideia
de aceleração da integração do mundo nos aspectos econômicos e migratórios.
No entanto, esta conectividade mundial tem sofrido uma aceleração nos últimos anos. Entre 1999 e 2012, o rácio do comércio mundial em relação ao PIB aumentou de 37 por cento para 51 por cento. Entre 2000 e 2013, o numero de migrantes internacionais aumentou de 175 a 232 milhões. Os fluxos financeiros entre países aumentaram de 31 por cento da totalidade dos fluxos, em 1970, para mais de 180 por cento, em 2007. As redes sociais como facebook e Twitter, aumentam o potencial de alargamento dos espaços sociais entre regiões geográficas mais amplas (PNUD, 2014, p.114).
O Brasil, no cenário da globalização, possui fluxos internacionais importantes
que colaboram na configuração do país. No caso dos fluxos migratórios, sejam eles os
emigratórios ou imigratórios, influenciam em diversos setores da sociedade brasileira,
como o econômico (remessas de dinheiro enviadas por brasileiros que vivem no
exterior), cultural (contato e interação entre culturas distintas ocorridas no território
brasileiro), na configuração das cidades, entre outros exemplos.
Refletir os motivos que fazem o Brasil atrair imigrantes de todas as partes do
mundo requer, portanto, um olhar que considere o processo da globalização como um
importante sujeito na determinação destes fluxos internacionais. A imigração para o
Brasil não está desassociada da complexa teia de interações entre o Brasil e o restante
dos países do mundo, e esta compreensão norteará o desenvolvimento do artigo.
Destaque brasileiro no cenário internacional: Brasil como protagonista regional
O Brasil nas últimas décadas desponta como uma das principais economias do
mundo, influenciando diversos processos ao redor do globo. Essa influência se dá de
forma mais clara e intensa na América do Sul, em que o Brasil cumpre um papel de
direção incontestável. Segundo Bandeira (2008), desde a segunda metade do século
XIX o Brasil já se configurava como uma potência regional, sendo capaz de garantir os
seus interesses de maneira contundente aos demais países da região.
Segundo dados das Nações Unidas (2014), o Brasil em 2015, conta com uma
população de aproximadamente 203 milhões de pessoas, além de uma extensão
territorial com cerca de 8.515.767 milhões de quilômetros quadrados, sendo considerada
uma das maiores economias do mundo. Estes impressionantes números, mesmo não
refletindo em um satisfatório índice de desenvolvimento humano ao país, proporciona
possibilidades de intervir no contexto mundial com autoridade.
Extensão territorial, poder econômico e poder militar são três fatores que devem ser considerados para qualificar um país como potência e compreender sua posição na hierarquia entre Estados. Estes são os fatores que permitem a um Estado atuar independentemente e influir sobre outros Estados e, portanto, determinar em que condições ele se expressa como potência regional internacional. Um Estado, que dispõe de potencial econômico, força militar e extensão territorial (assumindo, por suposto, que sua população seja correspondente ao espaço que ocupa), pode tornar-se hegemônico, o líder e o guia de um sistema de alianças e acordos de variado alcance (BANDEIRA, 2008, p.9).
Dialogando com a citação de Bandeira (2008) pode-se afirmar que o Brasil
possui todas as características de uma potência, principalmente capaz de polarizar os
países em seu entorno, pois apresenta uma economia dinâmica, uma extensão territorial
que está entre as maiores do mundo, e por fim, um contingente militar bem estruturado,
que inclusive se faz presente em outros países, como por exemplo, no Haiti, onde lidera
a missão das nações unidas para a estabilização do Haiti (MINUSTAH).
Em síntese, considerando as múltiplas dimensões do poder, e os limites impostos pelo crescente endividamento externo, pode-se definir o Brasil como uma potência regional, restrita em termos estratégicos à América do Sul, com influência na América Latina e África portuguesa, e com atuação econômica que se estende ao Oriente Médio (BECKER, EGLER, 2006, p.167).
É importante destacar que existem profundas diferenças entre o poder exercido
pelo Brasil na América do Sul e as demais regiões do globo. A história de vários séculos
construída por esses países, pertencentes à América do Sul, foi forjada por conflitos,
intrigas, cooperações, alianças, e que atualmente refletem nos laços (ou a falta deles)
entre essas nações.
O mercado comum do sul (Mercosul) representa bem a tentativa de integração
dos países da América do Sul, sobretudo, na busca por condições comerciais favoráveis
aos países do bloco, além de se contrapor a política externa norte americana e europeia.
Outro aspecto importante do Mercosul, apresentado por Oliveira e Onuki (2000), está
no fato desse acordo comercial e econômico possibilitar ao Brasil, de maneira clara e
objetiva, cumprir seu papel de liderança regional, sendo mais importante o caráter
geoestratégico do Mercosul do que o econômico.
São membros plenos do Mercosul, atualmente, Brasil, Argentina, Paraguai,
Uruguai e Venezuela; além dos países associados, Chile, Bolívia, Peru, Colômbia e
Equador. A circulação de pessoas entre países pertencentes a um mesmo bloco, neste
caso, o Mercosul, encontra uma maior facilidade, e em certa medida, ocorre um
incentivo da migração intra bloco (Patarra, Baeninger, 2004). Entre os países
pertencentes ao bloco ocorre uma maior mobilidade de trabalhadores, contudo, ainda
não é comparável a mobilidade e circulação de capitais pelo globo.
Tendo demarcado sua influência na região sul-americana, o Brasil também não
mediu esforços para se projetar em outras regiões do globo, principalmente através das
chamadas “missões de paz”, idealizadas pela Organização das Nações Unidas. São
vários os países no qual o Brasil já enviou militares, sendo as tarefas realizadas, período
de permanência e contingente militar distintos em cada país, contudo, a maciça presença
militar brasileira no Haiti merece destaque, pois consiste na mais expressiva das
missões, além do país ter assumido a tarefa de comando das tropas. Os dados
apresentados por Seitenfus (2008) nos permite visualizar melhor a presença militar
brasileira no mundo nas últimas décadas.
Quadro 1 - O Brasil nas operações de paz das Nações Unidas
Missão Localização Militares Período
ONUC Congo 179 1960 - 1964
UNEF I Sinai e Faixa de Gaza 6300 1957 - 1967
UNAVEM II Angola 77 1991 - 1995
UNAVEM III Angola 4.174 1996 - 1997
MONUA Angola 35 1997 - 1999
ONUMUZ Moçambique 218 1993 - 1994
UNAMET Timor Leste 62 1999 - 2006
ONUSAL El Salvador 63 1991 - 1995
MINUGUA Guatemala 39 1994 - 2001
MINUSTH Haiti 6000 2004 - ?
ONUCA América Central 34 1990 - 1992
ONUMUR Ruanda/Uganda 13 1993 - 1994
UNPROFOR Ex-Iugoslávia 90 1992 - 1995
UNOMIL Libéria 3 1993
UNCRO Croácia 2 1995 - 1996
UNPREDEP Macedônia 5 1995
UNTAES Eslovênia Oriental 9 1995 - 1996
UNMOP Península de Prevlaka 5 1996 - 2004
UNAVEM I Angola 16 1989 - 1991
Fonte: Seitenfus (2008)
Mesmo sendo maior o número de países no qual o Brasil, levando a bandeira da
ONU, esteve presente, a partir da tabela acima é possível perceber as feições gerais da
política externa brasileira. A busca por maior espaço no cenário internacional, e a
afirmação do status de protagonista regional, fez com que o Brasil aceitasse as mais
diversas missões de paz, inclusive para chegar a tão ambicionada cadeira permanente no
conselho de segurança da ONU.
O ponto de inflexão da nova postura do governo Cardoso em relação à meta de alcançar um espaço de maior destaque na cena mundial ocorreu em agosto quando o embaixador dos EUA junto às Nações Unidas, Richard Holbrooke, em visita ao Brasil, incitou o país a aumentar a sua participação em missões de paz, o que, para ele, poderia reforçar as credenciais brasileiras para o pleito de ocupar um assento permanente no conselho (COELHO, 2014, p.52).
Mesmo a citação anterior se tratar do período governado pelo então presidente
da época, Fernando Henrique Cardoso, a similaridade, pelo menos no que tange a
postura do Brasil frente às missões de paz, são muitas com os governos de Luiz Inácio
Lula da Silva e Dilma Rousseff, ou seja, os dois governos com linhas ideológicas
distintas compartilham de certas táticas para alcançar o prestígio internacional. Para
Coelho (2014, p.92), tanto o governo de Cardoso quanto o de Lula mostram interesses
em ocupar um papel relevante na configuração da paz e segurança internacional, acima
até de interesses políticos partidários.
A constante e contínua consolidação do Brasil como uma potência no cenário
internacional, seja ela restrita a América do Sul, ou de maneira mais frágil e desigual
nos países da América Central, Ásia e África, relaciona-se intimamente com a questão
migratória. Objetivamente, a política externa brasileira nas últimas décadas que, entre
outras medidas, consistiu na participação das missões de paz em vários países do globo,
inevitavelmente colaborou para a criação laços concretos, sejam eles vistos como
positivos ou negativos, com estas nações, possibilitando assim a intensificação dos
fluxos migratórios entre os países envolvidos. O caso haitiano consiste em um bom
exemplo de como a presença militar, mesmo com supostos fins humanitário, pode
estreitar a relação entre dois países, ficando claro no seguinte trecho:
Neste quadro, a presença militar do Brasil no Haiti, no comando da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTH), iniciada em 2004, foi fator de fundamental importância na inserção do país no quadro dos destinos procurados pelos haitianos que buscavam
fugir da miséria e da desordem social (PATARRA, FERNANDES, 2001, p.86).
Não se pretende neste artigo apontar os fatores que determinam as maneiras
pelas quais os imigrantes escolhem seus locais de destino, até porque essas escolhas são
motivadas por um conjunto de situações, contudo, o papel desempenhado por um
determinado país no cenário internacional interfere de maneira relevante nos fluxos
migratórios. O Brasil, como já foi discutido, detêm atualmente um status de
protagonista regional, e isso certamente tem colaborado para o país atrair maiores
contingentes populacionais.
Desenvolvimento econômico e social brasileiro
Os rumos da economia brasileira nos últimos anos e a sua relativa capacidade na
geração de novos postos de trabalho, sejam eles formais ou informais, tem atraído
imigrantes de todas as partes do mundo. Com a esperança de um emprego digno,
melhores remunerações, qualidade de vida e o sustento da família que muitas vezes
permanece no país de origem, o imigrante chega ao Brasil com expectativas e
esperanças, que na grande maioria das vezes não correspondem à realidade encontrada.
Nesse mesmo sentido, o relatório de desenvolvimento humano 2014 (PNUD, 2014),
aponta que existem mais de 200 milhões de migrantes no mundo, e que em geral estes
migrantes internacionais representam uma parcela vulnerável da população, recebendo
respaldos formais limitados, direitos precários, até mesmo sofrendo com o potencial da
violência. No Brasil a realidade observada não é diferente.
É necessário que a vulnerabilidade relacionada com a migração seja resolvida coletivamente através de um regime de migração internacional. As regulamentações nacionais são insuficientes para fazer face às várias categorias a que os imigrantes, refugiados, pessoas deslocadas e apátridas estão expostos (PNUD, 2014, p. 116).
A partir da análise de dados referentes aos fluxos migratórios que tem o Brasil
como destino e determinados indicadores sociais e econômicos brasileiro buscaremos
identificar relações entre a imigração para o Brasil e a discutível melhora nos quadros
sociais e econômicos brasileiro. Contudo, a escolha destes indicadores não consiste em
uma tarefa simples, uma vez que a realidade apresentada por um país se expressa de
maneira dispersa e complexa. O relatório da comissão sobre a mensuração de
desempenho econômico e progresso social (2012) nos traz reflexões importantes a
respeito das formas de se mensurar o desenvolvimento de um país, privilegiando o bem-
estar das pessoas em detrimento do crescimento econômico e acúmulo de riquezas.
Outra ideia do relatório é que o bem-estar deva ser encarado como multidimensional, ou
seja, englobando dimensões como: condições de vida materiais, educação, saúde,
participação na vida política e governança, meio ambiente, entre outros.
Nesse sentido, mesmo não abrangendo dimensões como meio ambiente,
insegurança, os laços e relações sociais, entre outras, será utilizado o índice de
desenvolvimento humano (IDH) para avaliar o desenvolvimento humano brasileiro
entre os anos de 2000 e 2013, pois o IDH ainda é o “mais utilizado atualmente, podendo
servir como ferramenta para a elaboração de políticas públicas para o desenvolvimento”
(Stiglitz, Sen, Fitoussi, 2012). O IDH nos permite ter um olhar que vai além da questão
econômica, pois considera outras variáveis, como saúde e educação, logo, abrangendo
mais aspectos relacionados ao desenvolvimento humano e a “saúde” de um país, além
da sua população, tornando-se possível identificar os avanços ou retrocessos
apresentados pelo Brasil durante o período estipulado. Outro importante indicador que
será utilizado consiste no coeficiente de Gini, uma vez que ele permite mensurar as
desigualdades na distribuição de renda de um determinado país, ampliando a análise
referente à “saúde” do Brasil.
Segundo o relatório de desenvolvimento humano de 2014 (PNUD, 2014) o IDH
do Brasil passou de 0,682 em 2000 para 0,744 em 2013, com uma taxa de crescimento
anual de 0.67% durante o período. Se compararmos a países vizinhos importantes como
Argentina e Uruguai, que mesmo contendo um IDH superior ao do Brasil, registraram
índices de crescimento anuais (2000-2013), inferiores ao brasileiro, sendo 0,55% a
Argentina e 0,50% no caso uruguaio, perceberemos que o Brasil aumentou seu IDH de
maneira sistemática e com acúmulos maiores frente aos países citados. Já a África do
Sul, país que compartilha certas familiaridades com a situação econômica e social
brasileira, possui um índice de crescimento anual do seu IDH, entre os anos de 2000 e
2013, de 0,36%, também inferior ao brasileiro.
Visualizando os resultados apresentados pelo produto interno bruto (PIB)
brasileiro nas últimas décadas, sobretudo após 2000, percebe-se, mesmo que de forma
desigual, um crescimento equilibrado e sistemático dos índices, excluindo apenas o ano
de 2008, quando ocorreu a intensa crise econômica mundial e que também atingiu o
Brasil. O gráfico a seguir reflete bem essa afirmação.
Figura 1 - Desempenho do crescimento de longo prazo no Brasil
Fonte: OCDE, com base em dados do IBGE.
O crescimento do PIB brasileiro, ou de qualquer outro país, não resulta
necessariamente em uma melhora nas condições de vida das pessoas e no seu bem-estar,
contudo, a diversificação e dinamismo da economia brasileira trouxe um horizonte mais
favorável para os avanços que o país tanto necessita, inclusive na redução das imensas
desigualdades vistas no Brasil e uma distribuição de renda mais justa.
Outro importante indicador que nos permite observar o desenvolvimento de um
país consiste no coeficiente de Gini. Para Stiglitz, Sen e Fitoussi (2012), uma das
formas de minimizar as lacunas deixadas pelo PIB para a compreensão dos padrões de
vida de um determinado país, é acrescentando informações a respeito da distribuição de
renda. O coeficiente de Gini pode mostrar as desigualdades, ou igualdades na
distribuição de renda em um país, onde, em uma escala de 0 a 1, o número 0
corresponde à completa e igualitária distribuição de renda, e o 1 corresponde a completa
desigualdade de renda, ou seja, quanto mais próximo de zero melhor. O gráfico a seguir
mostra a evolução do coeficiente de Gini brasileiro.
Figura 2 - Indicadores de pobreza e distribuição de renda
Fonte: OCDE (2013), com base em cálculos da OCDE (2010).
Mesmo apresentando uma melhora notável nos seus índices de distribuição de
renda a partir de 2000, concomitantemente com a redução da pobreza, o Brasil ainda
permanece entre os países mais desiguais do mundo frente à distribuição de renda,
contudo, os avanços são inegáveis, mesmo que insuficientes.
Após a análise dos dados referentes ao IDH, coeficiente de Gini e PIB brasileiro,
sobretudo entre os anos de 2000 a 2013, observa-se uma relativa e discutível melhora no
país, ou seja, tanto em aspectos relacionados à vida material dos indivíduos, como os
referentes ao seu bem-estar, obtiveram avanços no Brasil durante o período. Cabe nesse
momento, portanto, avaliar qual o crescimento dos fluxos migratórios que tiveram o
Brasil como destino nas últimas décadas.
O Brasil apresentava em 1990 um contingente de imigrantes, vindos de diversas
partes do mundo, que totalizavam cerca de 798 mil. No ano de 2005 esse número
reduziu para cerca de 686 mil imigrantes, voltando a ter um suave aumento no ano de
2010, cerca de 688 mil imigrantes, segundo o relatório de desenvolvimento humano de
2009 (PUND, 2009). A International Organization for Migration (IOM, 2015), no
mesmo sentido, coloca em destaque o Brasil nas rotas dos fluxos migratórios
internacionais. Para a entidade, entre os países da América do Sul, Brasil, Argentina e
Chile atraem, atualmente, números mais significativos da migração regional, movidas
principalmente pelas oportunidades econômicas e trabalhistas encontradas nestes países.
As duas importantes entidades citadas acima apontam, mesmo de forma frágil, o
aumento do fluxo migratório internacional para o Brasil, sobretudo, após o ano de 2008,
quando ocorreu a grave crise econômica mundial, e no qual o Brasil sofreu seus
impactos, contudo, de maneira menos intensa que outros países do mundo,
De um lado, a imigração internacional no mundo “explodiu”, acirrados os movimentos pelos conflitos no norte da África, nos países do Meio-Oriente e Ásia, principalmente, e pela crise financeira que tremula os países desenvolvidos (Europa e Estados Unidos, principalmente), cada um com suas características e especificidades, mas sempre traçando um panorama difícil, assustador e imprevisível (PATARRA, FERNANDES, 2011, p.66).
Existe uma imensa dificuldade na mensuração de dados referentes às migrações
internacionais, principalmente em função do imenso número de imigrantes irregulares,
ou seja, que não aparecem nas estimativas oficiais, cabendo projeções sem grande base
no real, além das transformações rápidas e complexas vividas no mundo globalizado,
faz com que pesquisadores da área busquem se focar em outros aspectos do fluxo
migratório, que não requerem a dependência exclusiva de dados estatísticos. Segundo o
relatório de desenvolvimento de 2013, estima-se que nos países em desenvolvimento a
migração irregular seja em média um terço de toda a migração, contudo, existe uma
grande incerteza sobre o verdadeiro número (PNUD, 2013, p.23). Portanto, deve haver
mais imigrantes no Brasil do que estima os relatórios elaborados pelo PNUD.
A importância do fenômeno migratório internacional reside hoje muito mais em suas especificidades, em suas diferentes intensidades e espacialidades e em seus impactos diferenciados (particularmente ao nível local) do que no volume de imigrantes envolvidos nos deslocamentos populacionais (PATARRA, BAENINGER, 2004, p.3).
Mesmo compreendo os limites da utilização de dados estatísticos na
compreensão das dinâmicas migratórias atuais, sobretudo pela dificuldade na
mensuração dos imigrantes irregulares, a utilização destes dados nos possibilita uma
visão geral do quadro da imigração que o Brasil presenciou nas últimas décadas. No
caso brasileiro, observa-se que os avanços dos indicadores brasileiros, sejam eles
econômicos ou sociais, não vieram acompanhados de um incremento expressivo nos
índices de migrantes internacionais, contudo, de forma tímida, a partir de 2005 é
possível perceber o incremento dos imigrantes no território brasileiro, com tendências
para a continuidade do aumento.
Endurecimento das políticas migratórias internacionais
As políticas migratórias adotadas por um país podem colaborar de forma clara e
objetiva para o aumento ou diminuição dos fluxos migratórios internacionais. Os
destinos mais procurados pelos imigrantes, EUA e países da Europa, passaram por um
sistemático endurecimento de suas políticas migratórias, influenciados, entre outros
motivos, por sucessivos abalos econômicos e reduções nos postos de trabalho, além dos
“traumas” causados pelos ataques terroristas que ocorreram nos EUA em setembro de
2001. Com as “portas fechadas”, utilizando a expressão de Costa (2011), os imigrantes
começaram a vislumbrar outros destinos, diferentes dos já consagrados EUA e Europa
Ocidental.
Desde o histórico 11 de setembro de 2001 nos EUA, o panorama que envolve os movimentos migratórios passou por sérias e negativas modificações; o 11 de setembro e a crise financeira forçaram o desvio das rotas anteriores, influenciaram politicas de migração extremamente duras e produziram, a par de situações extremamente dolorosas, uma nova configuração dos fluxos, na qual a migração regional intra América Latina intensifica-se e o Brasil recupera sua anterior e discutível “vocação” imigratória. (PATARRA, FERNANDES, 2011, p.67).
A dureza das políticas de migração é expressada por diversos jornais de todo o
mundo, relatando, quase que diariamente, dramas envolvendo a tentativa de imigrantes
em chegarem a países em que as políticas migratórias estão em um constante processo
de endurecimento. O mar mediterrâneo tem sido nos últimos meses palco de terríveis
naufrágios de embarcações transportando centenas de imigrantes, ocasionando em
alguns casos à morte destes imigrantes (IOM, 2015). O século XXI inicia com o
aprofundamento da crise envolvendo os imigrantes que se encontram em situação de
vulnerabilidade, demonstrada pelas condições deploráveis, seja no trajeto ou no lugar de
destino, vivenciadas por esses imigrantes, reforçando, segundo Patarra e Baeninger
(2004) as dimensões do racismo e xenofobia.
Uma parcela importante dos imigrantes que vivem no Brasil, principalmente os
que têm origem no continente africano, na Ásia ou América Latina, também sofrem
com o racismo e xenofobia, contudo o Brasil, tanto no marco dos países pertencentes ao
Mercosul, como para as demais nacionalidades do mundo, ainda que de forma desigual,
demonstra estar com suas fronteiras parcialmente abertas para os estrangeiros.
Pode-se dizer que o momento atual é de reforço e sedimentação da imagem de país da imigração. Políticas, decretos, regulamentações, etc, voltam-se à fixação e ampliação da participação de estrangeiros no país: anistia, aumento de autorizações de trabalho, aumento da cobertura de refugiados, apoio a migração de retorno de brasileiros, etc. Tudo isso possivelmente mais por interesses políticos do que econômicos: liderança regional e internacional, inserção nos organismos internacionais da globalização (PATARRA E FERNANDES, 2011, p. 88).
A lei vigente que regulamenta a migração no Brasil, tanto as relacionadas as
emigrações, como as imigrações, lei N°6.815, foi criada durante a ditadura militar, logo,
ela prioriza a defesa do território nacional, não atendendo as necessidades dos
imigrantes atuais. A nova lei de migração que está em tramitação no congresso pretende
abordar o tema a partir de uma ótica que privilegie os diretos humanos, colaborando
com a mudança no quadro atual. Mesmo com a lei de migração atual estando alicerçada
em bases já ultrapassadas e autoritárias, a postura do governo brasileiro no trato da
questão imigratória segue um rumo diferente por dois motivos centrais. O primeiro está
relacionado à incapacidade do Brasil em controlar de forma efetiva e contunde a entrada
de imigrantes no país. Diferentemente dos EUA e países da Europa, o Brasil ainda não
possui as condições necessárias para controlar suas fronteiras, principalmente as
terrestres. A segunda razão está relacionada à tentativa consciente do governo brasileiro
em inserir a ideia do Brasil como um país de imigração, como bem explica Patarra e
Fernandes
As mudanças são favoráveis à arquitetura de um país de imigração, com especificidades e preferências para movimentos migratórios de países latino-americanos e países africanos, na ótica da UNASUL e da integração regional com liderança brasileira. Essas mudanças, portanto, verificam-se muito mais em função do novo papel do país no cenário internacional e a busca de uma liderança regional do que por necessidades internas (2011, p.89).
O Brasil, portanto, faz dois movimentos importantes que resultam em uma maior
facilidade para a entrada de estrangeiros no país, um movimento de maneira consciente
e deliberada, que consiste em se projetar internacionalmente como um país capaz de
receber imigrantes e exercer um papel de liderança neste processo, e outro que se
relaciona com a incapacidade do governo brasileiro de controlar suas imensas fronteiras
terrestres de maneira eficiente.
O encontro entre o endurecimento das políticas migratórias dos EUA e dos
países da Europa, com a relativa intenção do governo brasileiro em receber imigrantes
(mesmo não se expressando em sua lei migratória), torna o Brasil um importante
candidato para receber, cada vez em maior número, imigrantes de todo o mundo.
Conclusão
A configuração econômica, demográfica, cultural, política e social do Brasil, em
mais de cinco séculos, esteve diretamente relacionada à mobilidade espacial de grupos
humanos de nacionalidades distintas. Os contingentes populacionais vindos da África, e
posteriormente da Europa, com a função de mão obra para as atividades desenvolvidas
no país, deram a dinâmica que resultou no Brasil que observamos hoje.
O Brasil recupera no inicio do século XXI sua “vocação” imigratória (Patarra,
Fernandes, 2011, p.67). Esta “vocação” requer serem compreendidas na atualidade por
suas especificidades, nas suas diferentes espacialidades, intensidades e impactos
diferenciados, do que por seu volume quantificado (Patarra, Baeninger, 2004, p.3).
Neste sentido, o Brasil exercendo um protagonismo regional, com relevante presença
militar em vários países do mundo e o papel desempenhado pelo país frente ao
endurecimento das políticas migratórias internacionais, configura como fatores
importantes que fazem o Brasil atrair fluxos migratórios internacionais, destacando-o
como um país de imigração.
Trabalhando com a perspectiva de que o Brasil nas próximas décadas deva atrair
maiores contingentes de imigrantes de diversas partes do mundo, sustentado pela análise
deste artigo, nos coloca a urgente tarefa de discutir a temática em todos os seus níveis,
principalmente nos âmbito da integração desses imigrantes no território brasileiro. Não
basta acolher imigrantes vindos de distintas regiões do globo, se faz necessário,
também, criar políticas e diretrizes que verdadeiramente traga dignidade e
oportunidades reais em solo brasileiro.
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