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FREUD E WITTGENSTEIN: A PERSPICCIA DO CIENTISTA E A SABEDORIA DO FILSOFO
[Publicado em Teixeira, A. & Massara, G. (Orgs.). Dez Encontros. Psicanlise e Filosofia. B. Hte: Opera Prima, 2000, p. 169-190]
Paulo R. Margutti Pinto
Introduo: a ambiguidade de Wittgenstein em relao a Freud
O problema de estabelecer uma relao definida entre os pensamentos de Freud e de
Wittgenstein revela-se bastante complexo. Isto assim porque, por um lado, Freud nunca fez referncia
a Wittgenstein e, por outro, embora Wittgenstein tenha feito mais de uma referncia a Freud, os textos
em que elas se encontram so fragmentrios e enigmticos. Mesmo assim, os comentrios de
Wittgenstein sobre Freud parecem envolver crticas sutis psicanlise, as quais justificam o continuado interesse pelo assunto. Para esclarec-las, temos de enfrentar o desafio de esmiuar as intenes de
Wittgenstein.
Uma ilustrao da dificuldade deste empreendimento est na existncia de observaes
ambguas, at mesmo aparentemente contraditrias, de Wittgenstein a respeito de Freud. Por volta de
1940, ele declarou a Rush Rhees que era um discpulo e um seguidor de Freud (Wittgenstein 1994: 41). Em 1945, uma carta a Normam Malcolm, ele reconheceu que as crticas feitas psicanlise em nada diminuam a extraordinria realizao cientfica de Freud (Bouveresse 1995: xix). Em outro momento, cuja data no fcil de localizar, ele disse, na presena de Rush Rhees, que sabedoria algo que eu nunca esperaria de Freud. Perspiccia, certamente; mas no sabedoria (Wittgenstein 1994: 41). Em 1946, ele afirmou que as imaginosas pseudo-explicaes de Freud, exatamente porque so brilhantes,
realizam um desservio (Wittgenstein 1980: 55). Em 1951, ele tambm declarou que, embora a escrita de Freud seja excelente e que sua leitura constitua um prazer, tal escrita nunca grandiosa [gro] (id.: 87). Em todas essas declaraes, exceto na primeira, que altamente elogiosa, podemos constatar a atribuio simultnea de um mrito e um demrito em Freud. A aparente contradio est em que boa
parte destes demritos no deveriam ser apontados por algum que se diz um discpulo de Freud.
Desse modo, se Wittgenstein tinha uma avaliao consistente de Freud, a explicao de como as
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declaraes acima se articulam sem gerar contradio parece capital para compreendermos esta
avaliao.
O problema de explicar a articulao das declaraes wittgensteinianas a respeito de
Freud foi enfrentado por vrios autores. Em todos eles, embora encontremos boas pistas para tal
explicao, sempre parece faltar alguma coisa. McGuinnes, por exemplo, conclui que Wittgenstein
aceitava e rejeitava Freud em igual medida. Ora, isto simplesmente repete o que j dissemos no pargrafo anterior. Isto assim porque as razes que McGuinness d para justificar sua interpretao so to fragmentrias quanto os textos de Wittgenstein e pecam pela falta de uma viso de conjunto do pensamento do filsofo austraco (ver McGuinness 1982). Coisa semelhante acontece com os estudos de Cioffi, que so bastante tcnicos, mas voltados para temas especficos, no articulados por uma
viso de conjunto da filosofia wittgensteiniana (ver Cioffi 1989, Cioffi 1998). Nos dois casos, falta o elemento que considero fundamental para a soluo do problema, a saber, a referida viso de conjunto. Dois outros autores, Assoun e Bouveresse, apontam na direo certa. O primeiro considera que as
relaes entre Freud e Wittgenstein devem ser tratadas como uma confrontao entre dois tipos
diferentes de racionalidade (Assoun 1988: 13-14) e segundo concorda (Bouveresse 1995: 122 ss.). Mas, aqui tambm, alguma est incompleta. Nenhum dos dois deixa suficientemente claro o tipo de
racionalidade que Wittgenstein representaria. Em minha opinio, falta um detalhamento maior desta
ltima, detalhamento este que contribuir no apenas para esclarecer as relaes entre Freud e
Wittgenstein, mas tambm as relaes entre o primeiro e o segundo Wittgenstein.
O objetivo do presente texto realizar pelo menos parte desta tarefa. Para tanto, tendo em vista que a esmagadora maioria das observaes de Wittgenstein a respeito de Freud se encontram
dispersas nos textos de sua segunda filosofia, concentrarei a anlise neste perodo da evoluo de seu
pensamento. Isto no significa, porm, que no sero feitas referncias ao jovem Wittgenstein. Na verdade, pretendo mostrar que a explicao das declaraes acima se tornar mais clara na medida em
que for possvel estabelecer alguma forma de continuidade no pensamento deste enigmtico autor.
O procedimento que utilizarei para atingir este objetivo envolve dois passos fundamentais. Em primeiro lugar, farei uma comparao dos aspectos mais significativos das vises de
mundo de Freud e Wittgenstein, estabelecendo, assim, o pano de fundo da discusso. Em segundo, com
base na oposio entre estas vises de mundo, procurarei articular as observaes de Wittgenstein
sobre Freud numa perspectiva coerente. Espero, com isso, poder colaborar para um maior
esclarecimento dessa difcil questo.
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As vises de mundo de Freud e Wittgenstein: duas racionalidades muito diferentes
Uma das caractersticas mais marcantes do pensamento de Freud o seu apreo pela
viso cientfica do mundo. Isto explica a sua preocupao em fazer da psicanlise uma disciplina
cientfica, que parece inspirada no modelo da medicina de tipo cartesiano. Podemos encontrar em
Freud declaraes que revelam com clareza esta tendncia, como, por exemplo, a seguinte:
Os analistas [...] no podem repudiar sua descendncia da cincia exata nem sua ligao com os representantes dela. [...] Os analistas so, no fundo, mecanicistas e materialistas incorrigveis (cit. por Capra 1997: 171).
Tudo isso parece indicar uma firme adeso ao otimismo cartesiano, segundo o qual a
clareza do pensamento capaz de reformar a vontade. isto que possibilita a idia de efetuar uma viagem ao mundo interior de cada um, para conhec-lo melhor e, desse modo, habit-lo com maior
segurana. Neste sentido, o homem neurtico um doente que a psicanlise capaz de curar.
Isto conduz a uma concluso importante, que interessa de perto minha anlise: neste
caso, a religio uma espcie de neurose. A religio no passa de um conjunto de representaes falsas, justificadas por razes falsas. Tendo em vista a comparao que farei a seguir com Wittgenstein, este ponto merece maior detalhamento.
Atravs da religio, o homem transforma as foras da naturezas em deuses, concedendo-
lhes o carter de um pai (Freud 1927: 97). Com base na necessidade de tornar seu desamparo tolervel neste mundo, o homem criou um estoque de idias, construdo a partir do material proveniente das
lembranas do desamparo de sua infncia e da infncia da prpria raa humana. Estas idias tm a
finalidade de proteg-lo tanto dos perigos da natureza como dos danos provenientes do convvio
humano (id.: 98). Assim, quando o indivduo descobre que est condenado a permanecer criana para sempre e que nunca poder dispensar a proteo contra poderes superiores, acaba por atribuir aos
mesmos as caractersticas que encontrou em seu pai. Ele cria para si prprio os deuses, aos quais
simultaneamente teme e confia sua proteo (id.: 102). A partir da, Freud caracteriza as idias religiosas da seguinte maneira:
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As idias religiosas so ensinamentos e afirmaes sobre fatos e condies da realidade
externa (ou interna) que nos dizem algo que no descobrimos por ns mesmos e que reivindicam a nossa crena (id.: 103).
Isto o leva a concluir que as idias religiosas no constituem resultados da experincia ou concluses
de pensamentos. Elas correspondem a iluses, que realizam os mais antigos e fortes desejos da humanidade. E o segredo da sua fora reside exatamente na fora destes desejos (id.: 107). Em ltima instncia, a religio corresponde neurose obsessiva das crianas. Suas origens se encontram no
complexo de dipo (id.: 117). Alm das restries obsessivas, a religio envolve um sistema de iluses marcadas pelo desejo e pela rejeio da realidade, gerando uma forma de amncia, de estado de confuso alucinatria beatfica (id.: 118). Por estas razes, a longo prazo, as idias religiosas no conseguiro resistir razo e
experincia. At mesmo as idias religiosas purificadas tero tal destino, na medida em que tentarem
preservar alguma coisa da consolao que a religio nos oferece (id.: 126). E Freud termina otimisticamente seu ensaio O Futuro de uma Iluso com as palavras:
No, nossa cincia no uma iluso. Iluso seria imaginar que aquilo que a cincia no
nos pode dar, podemos conseguir em outro lugar (id. 128).
Estas palavras trazem mente, de imediato, o aforismo 6.52 do Tractatus, que claramente se contrape ao cientificismo freudiano:
Sentimos que, mesmo que todas as questes cientficas possveis tenham obtido
resposta, nossos problemas de vida no tero sido sequer tocados. certo que no restar, nesse caso, mais nenhuma questo; e a resposta precisamente essa
(Wittgenstein 1994).
verdade que este aforismo est ligado primeira filosofia de Wittgenstein. Considero, todavia, que ele condensa admiravelmente a viso tico-religiosa qual tudo o mais se submete e que permanece
constante durante toda a evoluo do pensamento do filsofo austraco. Se existe alguma continuidade
entre as duas filosofias de Wittgenstein, tudo indica que ela est exatamente a.
Em um texto anterior, tentei mostrar que o Tractatus constitui uma obra de iniciao,
atravs da qual somos introduzidos ao sentido da vida, que corresponde a uma forma de cristianismo
transcendental que se vive no mais completo silncio (Margutti Pinto 1998). Nesta perspectiva, o maior 4
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desafio para o homem neste mundo est em encontrar o sentido da vida. E este alcanado atravs
duma experincia inexprimvel, que s pode ser atingida com base numa mudana radical de atitude. A
principal caracterstica desta ltima a renncia prpria individualidade. O homem deve passar por
uma revoluo interior que resulta, depois de muito sofrimento, numa vitria sobre o eu. Em linguagem
tolstoiana, o desafio do homem est na mentira da carne, que inclui a sexualidade e deve ser vencida a
todo custo, para que ento ele possa viver a vida autntica do esprito, que corresponde contemplao
do eterno presente.
Nesta perspectiva, o homem um doente metafsico, para o qual a nica terapia possvel
est na revoluo interior. A terapia freudiana no passaria de um paliativo eticamente
desaconselhvel, pois a sua viagem ao mundo interior que ela preconiza tem como objetivo a reestruturao e o reforo daquele eu individual que deve ser vencido a todo custo. A terapia
tractatiana foi projetada para propiciar a vitria do esprito sobre a carne. A terapia freudiana teria sido projetada para fazer o trabalho inverso, reforando a carne e dificultando o trabalho do esprito. A cura prometida pelo Tractatus est na experincia inefvel de sintonia com o
universo, experincia esta que no constitui uma representao e no se justifica atravs de razes. Neste sentido, o discurso sobre a interioridade que experimenta o sentido da vida no apenas
impossvel, mas eticamente imoral.
No mesmo texto anteriormente citado, procurei mostrar que a filosofia tractatiana est
ligada distino schopenhaueriana entre o conhecimento abstrato e o intuitivo. Este ltimo
corresponde forma autntica e no discursiva do conhecimento e s pode ser expresso de maneira
muito deficiente atravs do conhecimento abstrato, que discursivo. A distino entre estes dois tipos
de conhecimento est ligada distino schopenhaueriana entre o gnio e o homem vulgar. O
conhecimento intuitivo pertence ao gnio, que pode ser um filsofo ou um artista, enquanto o abstrato
pertence ao homem comum; cuja expresso mais elevada est no cientista. A essncia do gnio consiste numa preeminente aptido para a contemplao, cuja condio bsica o esquecimento completo da personalidade individual e suas relaes com o mundo. O gnio consegue atingir a
intuio pura, nela se perdendo atravs da libertao da sujeio vontade. O homem comum, por sua vez, caracterizado como produto industrial que a natureza fabrica razo de vrios milhares por dia
(Schopenhauer s/d: 36), no consegue esquecer sua personalidade individual e suas relaes mundanas. Ele permanece plenamente satisfeito com sua vontade e sintonizado com seus interesses e
seus fins prticos. O homem comum s concentra sua ateno sobre as coisas na medida em que elas se
relacionam com sua vontade. A cincia por excelncia do homem comum a matemtica, que
meramente oferece um encadeamento de conseqncias fenomnicas com base no princpio de razo.
Esta parafernlia adequada para lidar com a natureza em funo de interesses e fins prticos, no para
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a contemplao pura. Assim, podemos dizer que o homem comum calcula, ao passo que o gnio, em
sua profundidade tica, no o faz (Philonenko 1980: 131). Isto conduz a uma distino original entre a cincia e a filosofia (id.: 127). A cincia, recorrendo matemtica, pergunta pelo onde, como, quando e pelo porqu dos fenmenos. A filosofia suspende estas questes ligadas ao princpio de
razo e se preocupa com a essncia. Sua pergunta pelo quid (ib.: 119; 122). O que caracteriza a apreenso do quid o esquecimento de si mesmo como indivduo, a negao do prprio corpo, o
desinteresse pelas coisas mundanas e uma transformao radical da representao, que agora no mais
ope sujeito e objeto, mas unifica-os no xtase (id.: 123). Para Schopenhauer, a apreenso do quid corresponde eternidade do olhar mergulhado na contemplao da essncia (ib.: 122). neste sentido que a cincia e a filosofia constituem duas dimenses completamente distintas. A cincia, interessada
no mundo, nos proporciona um conhecimento-utenslio; a filosofia, preocupada em contemplar a
essncia do mundo, nos proporciona um conhecimento ontolgico (ib.: 123). A cincia a realizao mxima do homem comum, que interessado e, por conseguinte, ordinrio e vulgar. A filosofia uma
das realizaes mximas do gnio, que visa contemplar desinteressadamente o universal e, portanto,
est acima da vulgaridade do cientista.
Como afirmei h pouco, penso que estas idias tico-religiosas constituem o cimento
comum que d continuidade s filosofias do primeiro e do segundo Wittgenstein. No momento, as
principais razes que apresento para justific-la so as seguintes. Primeiro, Wittgenstein confessa, no Tractatus, que passou por alguma forma de experincia mstica, que envolve exatamente o tipo de
intuio descrito por Schopenhauer. Segundo, os demais escritos de Wittgenstein e os autores que ele
leu poca da fermentao da filosofia tractatiana sugerem que, para ele, o sentido da vida estaria na
experincia schopenhaueriana de apreenso do quid. Terceiro, tendo em vista o carter
profundamente marcante da experincia mstica na vida de todos aqueles que a experimentaram e
relataram o ocorrido, seria muito difcil imaginar que Wittgenstein, depois de passar por ela, seria
capaz de esquec-la ou de diminuir a sua importncia. Quarto, h diversos textos que ele escreveu, desde seu retorno filosofia, na dcada de 1930, at o momento de sua morte, nos quais se encontram
preciosas indicaes de que a viso tico-religiosa permaneceu viva na mente de Wittgenstein por
muito tempo depois da publicao do TractatusTPF1FPT. Quinto, esta viso tico-religiosa perfeitamente compatvel com as duas filosofias de Wittgenstein, permitindo consider-la como o principal elemento
que justifica a continuidade do seu pensamento. Neste sentido, ela funciona como a fonte espiritual de
TP
1PT A ttulo de ilustrao, cito a seguinte passagem de 1949, ou seja, apenas dois anos antes da morte de Wittgenstein: Posso
achar as questes cientficas interessantes, mas elas nunca me tocam de fato. Somente questes conceituais e estticas
fazem isso. No fundo, sou indiferente soluo dos problemas cientficos; mas no quelas outras questes (1984: 79).
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duas abordagens filosficas que, despojadas dela, no passariam de jogos de desconstruo da filosofia tradicional, sem qualquer finalidade mais elevada. Reconheo que esta hiptese exige uma justificao mais detalhada e pretendo trabalhar isto em um futuro texto. Aqui, porm, tomarei a liberdade de
consider-la assentada, pois penso que a comparao entre Freud e Wittgenstein s se torna plenamente
compreensvel pela comparao de suas respectivas vises de mundo, o que fatalmente nos conduzir
ao vis da perspectiva tico-religiosa.
Freud visto por Wittgenstein: em busca de uma articulao de declaraes aparentemente
incoerentes
Se minha interpretao de Wittgenstein estiver correta, ento a oposio entre
conhecimento discursivo e intuitivo, que alimenta a filosofia do Tractatus, continua presente na fase
das Investigaes. Ora, isto significa que a distino entre o gnio (ou sbio) e o cientista tambm permanece na segunda filosofia. Isto permite uma interpretao relativamente fcil das declaraes
desfavorveis que Wittgenstein faz sobre Freud. Com efeito, a viso de mundo deste ltimo a do
cientista, do homem comum que elabora um conhecimento instrumental para lidar com as coisas do
mundo. Seu apreo pelo conhecimento cientfico tal que ele considera uma iluso qualquer tentativa
de buscar em outro lugar aquilo que a cincia no nos pode dar. Para Wittgenstein, em contrapartida, a
iluso est em buscar na cincia aquilo que ela no nos pode dar. A experincia de compreender o
sentido da vida, alm de inefvel, ultrapassa de longe as possibilidades do discurso cientfico. Nesta
perspectiva, Freud, enquanto cientista, pode ser astucioso e escrever muito bem, mas definitivamente
no um sbio e sua escrita no grandiosa.
Embora Wittgenstein no faa referncias a isto, a ausncia de sabedoria em Freud
poderia ser ilustrada por sua anlise da religio, anteriormente citada. Ali, ela classificada como uma
espcie de neurose. Para chegar a esta concluso, Freud procura mostrar que a religio um conjunto de representaes falsas, justificadas por razes falsas. Isto porque as idias religiosas envolvem afirmaes acerca de algo que no descobrimos por ns mesmos e que exigem uma atitude de crena. E
a fora destas idias est na fora dos desejos que as alimentam. Esta fora pode ser to grande que, em alguns casos, se torna capaz de gerar uma forma de amncia, ou seja, um estado de confuso alucinatria beatfica.
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Ora, a anlise de Freud explica muito bem a religio do vulgo em geral, que nela
encontra uma forma eficaz de escapar da realidade do dia a dia e, em alguns casos mais extremados,
pode culminar em alguma forma de amncia. Mas esta anlise paradoxalmente deixa de lado o tipo de
experincia religiosa vivido por alguns grandes homens, tal como a mesma descrita por William
James ou concebida pelos filsofos romnticos. Esta experincia marca profundamente a vida do
indivduo que passa por ela e no pode ser justificada por razes. Na verdade, ela pertence a outro domnio do conhecimento, aquele que Schopenhauer define como intuitivo. Qualquer tentativa de prov-la ou refut-la racionalmente ser equivocada. Com base nisso, poderamos dizer que h duas
fases na vida de um gnio: aquela que precede e aquela que vem depois desta experincia crucial. Na
primeira, o gnio no passa de um homem comum, possuindo, no mximo, um grande potencial
intuitivo. Na segunda, o gnio se realiza como gnio, efetivando seu potencial intuitivo e tornando-se,
em virtude disso, capaz de criar alguma coisaTPF2FPT. Tudo indica que ao tipo de sabedoria que decorre
desta experincia ao mesmo tempo radical, pessoal, injustificvel e intransfervel que Wittgenstein se refere, quando diz que Freud no sbio.
Esta sabedoria envolve uma clareza conceitual que permite distinguir o que importante
daquilo que no , o que autntico daquilo que ilusrio. No Tractatus, Wittgenstein declara que o
mstico no como o mundo , mas que ele (1994: 6.44). A cincia trata do como; a descoberta do sentido da vida tem a ver com o quid. O discurso cientfico perfeitamente possvel e descreve como as
coisas so. O discurso metafsico contra-senso porque tenta descrever o quid. Nas Investigaes,
mesmo depois de constatar os equvocos do Tractatus, Wittgenstein ainda parece procurar manter-se
fiel ao esprito do projeto inicial, ao se dispor a substituir a pergunta da forma o que x?, a pergunta sobre o quid, pela pergunta da forma como se usa a palavra x?, a pergunta sobre o como. Nos dois
casos, o discurso sobre o quid vetado, ficando apenas o discurso sobre o como. Tambm nos dois
casos, verifica-se a supremacia daquilo que no pode ser dito sobre a descrio de como as coisas so.
Estas reflexes permitem concluir que, de acordo com a perspectiva acima, a falta de
sabedoria de Freud no s o cega para a experincia do sentido da vida, mas tambm o despoja da clareza conceitual necessria para escapar da iluso cientificista e no se deixar enfeitiar pela
TP
2PT Com certeza, Freud diria que esta experincia tambm pode ser caracterizada como um estado de confuso alucinatria
beatfica, causada pelo nosso desejo infantil de segurana. Mas isto colocaria a religiosidade dum Tolstoi, por exemplo, em p de igualdade com aquela do homem vulgar. E nos levaria a concluir que, em ltima instncia, so temores infantis que se
escondem por trs de todos aqueles gnios que alegam ter alcanado algum estado beatfico e consideram suas melhores
criaes resultados de tal experincia. Freud diria novamente que este resultado plausvel e nada tem de absurdo. Mas a
questo me parece controversa. De qualquer modo, o que interessa aqui no mostrar quem est certo, mas tornar claro
como Wittgenstein julgaria Freud. 8
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linguagem. Desse modo, aplicando ao discurso freudiano as tcnicas de anlise desenvolvidas nas
Investigaes, baseadas na idia de que o significado dado pelo uso e na distino entre causas e
razes, podemos formular as conhecidas crticas de Wittgenstein psicanlise, mas agora devidamente
articuladas no quadro de uma viso de mundo.
Dentre estas crticas, destacam-se trs. A primeira refere-se descrio do uso da
palavra inconsciente. Podemos constatar que ela funciona como adjetivo ou como advrbio, mas no como substantivo. Tornar esta palavra um substantivo significa deixar-se enfeitiar pelas palavras e
criar uma iluso. Se, mais tarde, Freud recorre ao pronome id para designar o inconsciente, ele faz
isto a partir do fascnio causado pelo uso equivocado da palavra inconsciente como substantivo.
A segunda crtica refere-se confuso que Freud faz entre causa e razo. Toda causa
estabelecida experimentalmente, e sobre ela fazemos conjeturas. J o estabelecimento de uma razo exige a concordncia do falante. Este ltimo pode aceitar ou no alguma coisa como sendo a razo de
outra. Assim, se algum se pe a chorar, podemos determinar experimentalmente a causa do choro:
este algum se feriu, por exemplo. Podemos conjeturar sobre esta causa, dizendo que todas as vezes que uma pessoa se fere de maneira semelhante, o ferimento doloroso a tal ponto que faz a pessoa
chorar. Isto pode inclusive admitir algum tipo de verificao experimental, envolvendo o exame do
comportamento de muitas pessoas acometidas de ferimentos mais ou menos semelhantes quele que
gerou a conjetura. Se, porm, oferecemos uma razo para o choro, as coisas ocorrem de maneira diferente. No h verificao aqui. A pessoa que chora assentir ou no razo que lhe for apresentada.
Alm disso, a pessoa poder concordar com esta razo, mesmo no estando consciente dela no
momento do choro. Em virtude disso, podemos dizer que analisar um sonho, ou seja, dar as razes do sonho, no a mesma coisa que analisar uma dor de estmago, ou seja, dar as causas da dor. O equvoco de Freud estaria em tratar a razo como causa, supondo que pode, por um lado, conjetur-la atravs dum tipo de procedimento cientfico e, por outro, confirm-la atravs da concordncia do
sujeito. No podemos construir uma cincia positiva das motivaes, elas admitem somente uma hermenutica.
A terceira crtica tem a ver com a suposta mensagem do sonho. Se possvel falar na
linguagem do sonho, ento as seguintes trajetrias de sentidos opostos devem ser igualmente possveis: traduzir do sonho para o portugus e, conversamente, do portugus para o sonho. Mas sabemos que isto
impossvel. Otimisticamente, Freud considera que todo sonho tem um significado determinado; que
este significado sempre a representao disfarada de um desejo inconsciente; que todos os elementos do sonho contribuem para o seu significado. Duvidando disso, Wittgenstein considera que o significado
do sonho aquilo que a explicao do sonho explica. Neste sentido, a interpretao freudiana no
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demonstra que o sonho tem um significado anterior significao. Isto envolveria a idia duvidosa de
que existe o significado do sonho.
As crticas acima podem ser sintetizadas na afirmao de que, ao tentar construir uma
cincia, Freud na verdade est criando uma nova mitologia. por isso que Wittgenstein acusa Freud de estar fazendo mera especulao (!970: 78). Ele considera que as explicaes freudianas muitas vezes apresentam o mesmo pode de atrao que uma mitologia (id.: 87) e, logo a seguir, caracteriza a psicanlise como uma mitologia poderosa (id.: 88). Apesar de todas estas diferenas marcantes, Wittgenstein nos surpreende ao dizer que
um discpulo e um seguidor de Freud. Isto pode ser explicado se nos dermos conta de pelo menos dois
aspectos em comum que podem ser encontrados tanto na psicanlise quanto na filosofia de
Wittgenstein. Em primeiro lugar, ambas constituem processos de auto-anlise, cujos resultados correspondem a alguma forma de libertao. Em Freud, a auto-anlise pretende libertar o indivduo da
neurose; em Wittgenstein, ela pretende libert-lo do enfeitiamento da linguagem. Aqui, a auto-anlise
se confunde com o processo de clarificao.
Em segundo lugar, o processo teraputico conduz em ambas a um tipo de reao
psicolgica muito especial, que envolve algo que
as pessoas esto inclinadas a aceitar e que lhes torna mais fcil seguir determinados
caminhos; torna certos modos de agir e pensar naturais para elas. Elas desistiram de
uma maneira de pensar e adotaram outra (Wittgenstein 1966: 44).
Temos aqui a descrio de um verdadeiro processo de revoluo interior. Tanto o paciente freudiano
como o metafsico tradicional, depois de passar pelo processo teraputico, pode dizer: agora vejo a razo, embora no fosse consciente dela e no pudesse lidar com ela como agora posso. As razes que
justificam a neurose e as razes que justificam a perplexidade filosfica so igualmente inconscientes. E tudo indica que este novo modo de lidar com as razes inconscientes constituem aquilo que
Wittgenstein considerava a grande descoberta de Freud. Neste sentido, ele pode ser considerado um seu
discpulo e seguidor. Mas h uma observao importante a ser feita a este respeito.
Ray Monk faz uma ligao entre Wittgenstein e Freud atravs do seguinte trecho de
1931, extrado de Cultura e Valor:
No acredito ter jamais inventado uma linha de pensamento, sempre assumi uma de algum. Simplesmente me agarrei a ela de modo direto, com entusiasmo, para meu
trabalho de clarificao. Eis como Boltzmann, Hertz, Schopenhauer, Frege, Russell,
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Kraus, Loos, Weininger, Spengler, Sraffa me influenciaram. Pode-se tomar o caso de
Breuer e Freud como um exemplo de reprodutividade judaica? O que invento so novos smiles (Wittgenstein 1980: 19).
Com base nestas afirmaes, Monk considera que Wittgenstein se assemelha a Freud porque ambos
trabalham atravs de smiles esclarecedores (Monk 1995: 321). Isto, porm, deve ser entendido cum grano salis. Com efeito, podemos ver claramente que o ponto salientado por Wittgenstein no trecho
acima a sua falta de originalidade com relao aos autores citados, que comparvel de Freud com
relao a Breuer. A passagem sugere claramente que Freud e Wittgenstein poderiam ser tomados como
exemplos de reprodutividade judaica. Neste sentido, os novos smiles a que Wittgenstein alude no passam de novas formas de dizer o mesmo, de dizer aquilo que outros, mais criadores, j disseram. Para que isto possa justificar a declarao de Wittgenstein a Rhees de que era um discpulo de Freud, como quer Monk (id.), devemos fazer a qualificao que segue. Em um outro texto de minha autoria, tratei das relaes entre os pensamentos de
Weininger e Wittgenstein. Ali, tentei mostrar que as idias equivocadas de Weininger a respeito dos
judeus exerceram uma influncia de longa durao sobre Wittgenstein (Margutti Pinto 1997). Uma destas idias est em que o judeu se caracteriza por um modo feminino de pensar, que , sobretudo, reprodutivo e sem originalidade criadora. Isto pode ser confirmado no apenas pelo trecho acima, mas
por um outro, do perodo 1939-40, tambm encontrado em Cultura e Valor:
Acredito que minha originalidade (se esta a palavra correta) uma originalidade pertencente ao solo e no semente. (Talvez eu no tenha semente prpria.) Plante uma semente em meu solo e ela crescer diferentemente do que o faria em qualquer outro
solo.
A originalidade de Freud era tambm assim, eu penso. Sempre acreditei sem saber por qu que o verdadeiro germe da psicanlise veio de Breuer, no de Freud. Certamente o gro da semente de Breuer s pode ter sido bem pequeno. Coragem
sempre original (Wittgenstein 1980: 36).
Embora distantes por um perodo de no mnimo oito anos, as duas passagens revelam uma admirvel
coerncia. Em todas as duas, a originalidade judaica, que consiste em reproduzir aquilo que j foi feito por outros, atribuda a Freud e ao prprio Wittgenstein. Nesta segunda passagem, contudo, revela-se
que mesmo a tarefa de reproduzir exige coragem. Se isto verdade, poderamos dizer que o judeu
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Wittgenstein se considerava um discpulo e um seguidor do judeu Freud porque se inspirou no seu exemplo tico de coragem reprodutiva. O cientista Freud, por ser judeu, no era original e o mximo que conseguiu foi fazer germinar, em seu solo, a semente breueriana da psicanlise. Isto produziu, por
um lado, uma nova e atraente mitologia, carregada de equvocos. Mas significou tambm, por outro
lado, um esforo corajoso de clarificao conceitual, que, se no chega a realizar-se, pelo menos aponta para o verdadeiro caminho.
Observaes finais: um confronto entre cincia e religio
A articulao das declaraes de Wittgenstein a respeito de Freud, de modo a torn-las
partes de um todo coerente, dependeu da localizao das mesmas numa viso de mundo tico-religiosa,
que se contrape viso freudiana de mundo. Apegado ao ideal do cientista, Freud est preocupado em
fazer da psicanlise uma disciplina cientfica, inspirada na idia cartesiana de que a clareza do
pensamento tem fora suficiente para reformar a nossa vontade. Seu objetivo efetuar uma viagem ao mundo interior de cada um de ns, para melhor conhec-lo e domin-lo. Isto faz do neurtico uma
pessoa doente que a psicanlise se esfora por curar, trazendo de volta para o convvio com as outras
pessoas. Uma conseqncia importante deste enfoque est em considerar a religio uma espcie de
neurose, que se organiza a partir representaes falsas, as quais so justificadas por razes tambm falsas. Da o otimismo de Freud, que pretende ver na cincia a trilha segura contra a iluso.
Procurei mostrar que viso cientificista de Freud ope-se a perspectiva tico-religiosa
de Wittgenstein, que parece perpassar toda a evoluo de seu pensamento. Minha interpretao deste
autor sugere que a continuidade entre as suas duas filosofias se encontra justamente a. poca do Tractatus, Wittgenstein parece ter enfrentado com sucesso o desafio tolstoiano de vencer a mentira da
carne para viver a vida autntica do esprito. Se isto estiver certo, ento ele viveu o restante de sua vida
sob a marca profunda dessa experincia e a filosofia das Investigaes foi elaborada no mesmo esprito
tractatiano, embora com metodologia radicalmente diversa, de clarificar as confuses conceituais para
contemplar em silncio a verdadeira realidade que d sentido vida. Da o conflito entre as terapias
propostas por Freud e Wittgenstein. O primeiro, ainda que inadvertidamente, contribui para a vitria da
carne sobre o esprito; o segundo deseja ardentemente contribuir para a realizao do contrrio. O primeiro recorre ao discurso para curar o homem; o segundo prega a morte do discurso que se torna imoral quando procura falar sobre o que realmente importante para salvar o homem. 12
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Considero que a viso tico-religiosa de Wittgenstein se inspira na distino
schopenhaueriana entre o conhecimento abstrato e o intuitivo, que est ligada a outra distino
schopenhaueriana, aquela entre o gnio e o homem vulgar. A manifestao mais elevada deste ltimo
o cientista, que, ao invs de buscar a intuio pura, como o gnio ou o sbio, permanece plenamente
sintonizado com seus interesses egostas e seus fins prticos mais imediatos.
Embora esta hiptese complexa sobre a continuidade da filosofia de Wittgenstein exija uma justificao mais detalhada, tomei a liberdade de consider-la assentada para fazer esta comparao entre as vises de mundo de Freud e Wittgenstein. Espero ter deixado claro que a
explicitao da perspectiva tico-religiosa deste ltimo imprescindvel para a realizao desta tarefa..
Se minha interpretao de Wittgenstein estiver correta, ento Freud, enquanto cientista,
pode ser perspicaz e escrever muito bem, mas definitivamente no um sbio e sua escrita no
grandiosa. Embora Wittgenstein no faa referncia anlise freudiana da religio, ela poderia ser
utilizada para ilustrar a ausncia de sabedoria em Freud, em que at mesmo o estado mstico
caracterizado como um estado de confuso alucinatria beatfica. Esta anlise pode explica a religio
do vulgo em geral, mas deixa de lado o tipo de experincia religiosa vivida por alguns grandes homens.
Essa experincia simultaneamente inefvel e fundamental. Qualquer tentativa de justific-la ou refut-la racionalmente incorrer em erro. Freud no sbio porque no reconhece e no busca este
tipo de experincia.
A sabedoria a que Wittgenstein se refere e que falta a Freud envolve uma clareza
conceitual que permite escapar do enfeitiamento que a linguagem nos impe. Da as conhecidas
crticas que Wittgenstein faz a Freud, acusando-o de criar uma mitologia poderosa em virtude da falta
dessa mesma clareza conceitual, cujas principais seqelas so o substantivar a palavra inconsciente, o confundir causas com razes e o imaginar que exista efetivamente uma linguagem do sonho.
Mesmo assim, Wittgenstein pode ainda dizer que um discpulo e um seguidor de
Freud. Primeiramente, porque Freud pratica um tipo de auto-anlise, cujo objetivo corresponde a algum tipo de libertao. E Wittgenstein faz coisa muito semelhante em filosofia. Segundamente, porque o
processo teraputico envolvido pela auto-anlise implica numa revoluo interior. Tanto em Freud
como em Wittgenstein, temos de desistir de uma forma de pensar e adotar uma outra, com base na
explicitao de razes que nos eram inconscientes.
Mais ainda, porm. Influenciado por Weininger em sua concepo desfavorvel relativa
aos judeus, que somente so capazes de pensamento reprodutivo, o judeu Wittgenstein v no judeu Freud um exemplo tico da coragem de reproduzir uma idia seminal. Embora, nesta empreitada, o
esprito cientificista de Freud o faa incorrer numa srie de equvocos, isto no diminui a sua
extraordinria realizao cientfica.
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Em sntese, para Bouveresse, Freud ainda est preso ao racionalismo cientfico clssico,
comparvel ao Crculo de Viena, enquanto Wittgenstein pertence a uma outra ordem de pensamento
(1995: 124). Isto me parece verdadeiro, mas temos de aceitar que essa outra ordem de pensamento se processa numa chave religiosa cujas origens esto no romantismo do sculo XIX. Nesta perspectiva, Wittgenstein estaria sugerindo uma espcie de psicanlise sem o inconsciente ou sem o id, na qual
o analista o prprio paciente, cujo trabalho de clarificao consiste em desvelar razes inconscientes. O propsito desta anlise no seria a cura do paciente em sentido freudiano, mas
contribuir para a salvao do homem, atravs do processo de clarificao e negao do eu que leva
experincia inexprimvel do sentido da vida. Por incrvel que possa parecer, a psicanlise
wittgensteiniana se exerceria no para a maior glria da cincia, como deseja Freud, mas para a maior glria de Deus, como desejam os msticos de todos os tempos.
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FREUD E WITTGENSTEIN: A PERSPICCIA DO CIENTISTA E A SABEDORIA DO FILSOFOIntroduo: a ambiguidade de Wittgenstein em relao a Freud As vises de mundo de Freud e Wittgenstein: duas racionalidades muito diferentesFreud visto por Wittgenstein: em busca de uma articulao de declaraes aparentemente incoerentes Observaes finais: um confronto entre cincia e religioReferncias Bibliogrficas