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XI ENCONTRO ANUAL DA ABEM
ASSOCIAO BRASILEIRA DE EDUCAO MUSICAL
PESQUISA E FORMAO EM EDUCAO MUSICAL
8 a 11 de outubro de 2002
Natal RN
Realizao: ABEM
Promoo: UFRN CCHLA DEART / Escola de Msica
Realizao: ASSOCIAO BRASILEIRA DE EDUCAO MUSICAL ABEM
DIRETORIA DA ABEM 2001-2003
Presidente: Profa. Dra. Jusamara Souza / UFRGS
Vice-Presidente: Profa. Dra. Alda de Oliveira / UFBA Membro Honorrio: Profa. Dra. Vanda Lima Bellard Freire / UFRJ
Secretria: Profa. Dra. Margarete Arroyo / UFU Tesoureira: Profa. Dra. Maria Isabel Montandon / UNB
DIRETORIAS REGIONAIS
Norte: Ms. Celson Sousa Gomes / UFPA Nordeste: Dra. Cristina Tourinho / UFBA
Sudeste: Dra. Snia Tereza da Silva Ribeiro / UFU Sul: Ms. Teresa Mateiro / UDESC
Centro-Oeste: Ms. Maria Cristina de Carvalho de Azevedo / UNB
CONSELHO EDITORIAL
Dra. Liane Hentschke / UFRGS (Presidente) Dra. Maura Penna / UFPB
Dra. Regina Mrcia S. Santos / UNI-RIO Dra. Luciana Del Ben / UFRGS
Dra. Cristina Grossi / UEL
Promoo: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN
Reitor: Prof. Dr. tom Anselmo de Oliveira
CENTRO DE CINCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES - CCHLA Diretora: Profa. Dra. Maria do Livramento M. Clementino
DEPARTAMENTO DE ARTES DA UFRN - DEART Chefe: Profa. Ms. Valria Carvalho da Silva
ESCOLA DE MSICA DA UFRN - EMUFRN
Diretor: Prof. Andr Luiz Muniz Oliveira
XI ENCONTRO ANUAL DA ABEM
Presidente da ABEM: Profa. Dra. Jusamara Souza / UFRGS Comisso coordenadora local:
Profa. Ms.Valria Carvalho da Silva / UFRN (Coordenao Geral) Profa. Maria Helena Maranho / EMUFRN Prof. Es. Zilmar Rodrigues de Souza / EMUFRN
Sub-comisses:
Acadmico-Cientfica: Profa. Ms. Helenita Nakamura / UFRN Profa. Ms. Valria Carvalho da Silva / UFRN Artstico-Cultural: Prof. Andr Muniz / EMUFRN Prof. Danilo Guanais / EMUFRN Infra-Estrutura: Profa. Es. Catarina Shin / EMUFRN Profa. Ms. Lourdinha Lima / EMUFRN
Financeira e Secretaria Geral: Prof. Ronaldo Ferreira de Lima / EMUFRN Prof. Es. Zilmar Rodrigues de Souza / EMUFRN Documentao: Profa. Maria Clara Gonzaga / EMUFRN Comunicao: Profa. Maria Helena Maranho / EMUFRN
Comit Cientfico:
Profa. Dra. Cleide Dorta Benjamim / EMUFRN (Presidente) Prof. Ms. Eugnio Lima de Souza / EMUFRN Dra. Luciana Del Ben / UFRGS Dra. Snia Teresa da Silva Ribeiro / UFU Especialistas Convidados: Dra. Cristina Tourinho / UFBA Dra. Lia Braga / UFPA
APRESENTAO
No ano de 2002, o evento anual da ABEM ser realizado pela primeira
vez na cidade de Natal RN, numa promoo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte que est implementando o curso de Graduao em Msica na modalidade Licenciatura.
Nesse contexto, a realizao de um congresso de abrangncia nacional sobre a necessidade de um dilogo entre a pesquisa e a formao de profissionais do ensino de msica ganha fundamental importncia para se discutir a implementao das diretrizes curriculares nos Cursos de Graduao em Msica, o mercado de trabalho para o profissional em msica, as novas tecnologias na educao musical, a formao continuada de professores, entre outros.
Ao completar onze anos de atividades ininterruptas, a ABEM prope o tema: Pesquisa e Formao em Educao Musical, preocupada, portanto, com as conexes da pesquisa com a formao de profissionais, mantendo, assim, o seu compromisso com as polticas contemporneas de formao de professores.
TEMTICA Tema geral: Pesquisa e formao em educao musical Sub-temas: - Diretrizes curriculares, avaliao e projeto pedaggico, polticas educacionais e
reformas curriculares; - Ensino profissionalizante e mercado de trabalho; - Investigaes atuais sobre teorias e prticas de educao musical nos diferentes
espaos de atuao; - Novas tecnologias e metodologias na educao musical no mbito escolar e - no-escolar, ensino distncia e ensino-aprendizagem virtual; - Identidades profissionais, saberes e competncias dos educadores musicais; - Formao continuada e interao universidade-escola-comunidade.
ATIVIDADES - Conferncias - Fruns de Debate - Comunicaes de Pesquisas - Relatos de Experincias - Grupos de Trabalho - Cursos - Apresentaes Musicais/culturais
CONVIDADOS
Profa. Dra. Alda de Oliveira / UFBA
Profa. Ms. Ana Lcia Louro / UFSM
Profa. Ms. Brasilena Pinto Trindade / BA
Prof. Dr. Carlos Kater / USM-SP
Prof. Dr. Carlos Sandroni / UFPE
Profa. Ms. Cssia Virgnia Souza / BA
Profa. Dra. Ceclia Conde / CBM-RJ
Prof. Ms. Celson Sousa Gomes / UFPA
Profa. Dra. Cladia Bellochio / UFSM
Profa. Dra. Cristina Grossi / UEL
Profa. Dra. Cristina Tourinho / UFBA
Profa. Dra. Elba Braga Ramalho / UECE
Profa. Dra. Esther Beyer / UFRGS
Profa. Dra. Graa Mota / Portugal (Convidada Internacional)
Profa. Dra. Jusamara Souza / UFRGS
Profa. Dra. Lia Braga / UFPA
Profa. Dra. Liane Hentschke / UFRGS
Profa. Dra. Luciana Del Ben / UFRGS
Profa. Ms. Magali Kleber / UEL
Profa. Dra. Margarete Arroyo / UFU
Profa. Dra. Maria Isabel Montandon / UnB
Profa. Dra. Maura Penna / UFPB
Profa. Dra. Regina Mrcia Santos / UNI-RIO
Profa. Dra. Snia Albano / FMCG GEPI-PUC-SP
Profa. Dra. Snia Almeida / EMVL-FUNARJ
Profa. Dra. Sonia Ribeiro / UFU
Profa. Ms. Susana Krger / OSESP
Profa. Ms. Teresa Mateiro / UDESC
Profa. Dra. Vanda Bellard Freire / UFRJ
Prof. Es. Zilmar Rodrigues de Souza / EMUFRN
GRADE DA PROGRAMAO GERAL
Dia 8
(tera-feira)
Dia 9
(quarta-feira)
Dia 10
(quinta-feira)
Dia 11
(sexta-feira)
08h00 09h30 Credenciamento Local: EMUFRN
08h00 10h00 Cursos Local: EM e DEART
08h00 10h00 Cursos Local: EM e DEART
08h00 10h00 Cursos Local: EM e DEART
09h30 10h30 Concerto de Abertura Local: EMUFRN
10h00 10h30 Apresentao Musical Local: EMUFRN
10h00 10h30 Apresentao Musical Local: EMUFRN
10h00 10h30 Apresentao Musical Local: EMUFRN
10h30 12h30 Conferncia Pesquisa e Formao em Educao Musical Dra. Jusamara Souza (Brasil) Dra. Graa Mota (Portugal) Local: EMUFRN
10h30 12h30 Comunicaes de Pesquisas e Relatos de Experincias Local: EMUFRN
10h30 12h30 Comunicaes de Pesquisas e Relatos de Experincias Local: EMUFRN
10h30 12h30 Comunicaes de Pesquisas e Relatos de Experincias Local: EMUFRN
12h30 14h30 Almoo
12h30 14h30 Almoo
12h30 14h30 Almoo
12h30 14h30 Almoo
14h30 16h30 Frum 1 Local: EMUFRN
14h30 16h30 Frum 2 Local: EMUFRN
14h30 16h30 Frum 3 Local: EMUFRN
14h30 16h30 Frum 4 Local: EMUFRN
16h30 17h00 Pausa
16h30 17h00 Pausa
16h30 17h00 Pausa
16h30 17h00 Pausa
17h00 18h30 GTs Local: EMUFRN
17h00 18h30 GTs Local: EMUFRN
17h00 18h30 GTs Local: EMUFRN
17h00 18h30 Sesso de Encerramento - Avaliao do evento - Balano dos trabalhos realizados
18h45 19h30 Apresentao Musical Local: EMUFRN
19h30 Assemblia geral da ABEM Local: EMUFRN
18h45 19h30 Apresentao Musical Local: EMUFRN
18h45 19h30 Apresentao Musical Local: EMUFRN
19h30 Sesso de Lanamentos Local: EMUFRN
LIVRE
18h45 19h30 Jantar de Confraternizao (Adeso)
CONFERNCIA Pesquisa e Formao em Educao Musical Profa. Dra. Jusamara Souza / Brasil (Presidente da ABEM) Profa. Dra. Graa Mota / Portugal (Convidada Internacional)
FRUNS DE DEBATE Frum 1 Formao: Qual concepo? Dra. Cladia Bellochio (Coordenador) Ms. Celson Sousa Gomes Dra. Luciana Del Ben Ms. Teresa Mateiro Observador externo: Dra. Margarete Arroyo Frum 2 Diretrizes: Qual currculo? Dra. Sonia Ribeiro (Coordenador) Dra. Elba Braga Ramalho Dra. Liane Hentschke Ms. Magali Kleber Observador externo: Dra. Regina Mrcia Santos Frum 3 Ensino Profissionalizante: Qual preparao? Dra. Snia Almeida (Coordenador) Dra. Lia Braga Dra. Snia Albano Es. Zilmar Rodrigues de Souza Observador externo: Dra. Maria Isabel Montandon Frum 4 Atuao profissional: Quais mercados de trabalho? Dra. Cristina Grossi (Coordenador) Dra. Alda de Oliveira Ms. Ana Lcia Louro Ms. Cssia Virgnia Souza Observador externo: Dr. Carlos Kater
GRUPOS DE TRABALHO 01. Ps- Graduao Coordenao: Dra. Jusamara Souza
02. Ensino Superior Licenciatura e Bacharelado em Msica Coordenao: Ms. Magali Kleber
03. Ensino Profissionalizante Coordenao: Dra. Lia Braga
04. Ensino Fundamental e Mdio Coordenao: Dra. Cludia Bellochio
05. Educao Infantil Coordenao: Dra. Esther Beyer
06. Educao Musical nas Escolas de Msica Coordenao: Dra. Cristina Tourinho
07. Educao Especial Coordenao: Ms. Brasilena Pinto Trindade
08. Educao Musical Informal Coordenao : Dra. Ceclia Conde
CURSOS 01. Pesquisa em Educao Musical Profa. Dra. Graa Mota
02. Mltiplos Espaos de Aprendizagem Musical Profa. Dra. Ceclia Conde
03. Apreciao Musical com nfase na Msica Brasileira Profa. Dra. Vanda Bellard Freire
04. Etnomusicologia e Educao Musical Prof. Dr. Carlos Sandroni
05. Oficina de Criao Musical para Educadores da Rede Pblica: da brincadeira inveno Prof. Dr. Carlos Kater
06. Prticas de Ensino e Aprendizagem Musical Profa Dra. Regina Mrcia Santos
07. Avaliao e Desenvolvimento Musical Profa Dra. Cristina Tourinho
08. Noes Bsicas de Musicografia Braille Profa. Ms. Brasilena Pinto Trindade
09. Msica na Educao Infantil Profa. Dra. Esther Beyer
10. Introduo ao Uso de Ambientes Computacionais Colaborativos em Educao Musical
Profa. Ms. Susana Krger
11. A Msica na Educao Bsica e os PCN Profa. Dra. Maura Penna
LOCAIS DO EVENTO DEART Departamento de Artes da UFRN Av. Senador Salgado Filho, s/n, Lagoa Nova, Campus Universitrio. Natal RN CEP: 59.072-970 Tel.: 215-3554 / Telefax: 215-3550 EMUFRN Escola de Msica da UFRN Av. Passeio dos Girassis, s/n, Lagoa Nova, Campus Universitrio. Natal RN CEP: 59.078-190 Tel.: 215-3635 / Telefax: 215-3605 INFORMAES GERAIS Contato: Valria Carvalho da Silva (Coordenao Geral) E-mail: [email protected] Tel.: (84) 215-3552 / Telefax.: (84) 215-3550 Informaes atualizadas: www.ufu.br/abem
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AUTORES
EDUCAO MUSICAL NO ENSINO MDIO: CRIATIVIDADE E REALIDADE
COTIDIANA DO ALUNO PROJETO DE PESQUISA
Adelicia Dias da Silva
Resumo. Diante das dificuldades pelas quais normalmente o professor de musica passa ao lidar com as classes do Ensino Mdio, por encontrar nos alunos uma postura bastante resistente em relao a repertrios e mtodos consagrados e adotados na formao especfica, surgiu a necessidade de se buscar alternativas que suprissem tais dificuldades a partir de uma adequao de repertrios e metodologias realidade scio-cultural desses alunos. Para isso faremos uma pesquisa bibliogrfica e anlise de documentos a fim de levantarmos pontos importantes a serem considerados em uma educao musical no Ensino Mdio, buscando traar um perfil dos alunos deste nvel de ensino quanto as suas caractersticas scio-culturais e identificando metodologias e repertrios adequados aos mesmos. Ser realizado, tambm, um experimento baseado numa proposta de educao musical aberta e sob uma perspectiva criativa e contextualizada na vivncia cotidiana do aluno, no final do qual ser feita a anlise e apresentados os resultados na dissertao de mestrado.
1. INTRODUO Considerando a realidade da educao em nosso pas, onde a msica como rea de
conhecimento est ausente da sala de aula na grande maioria das regies, podemos
compreender a situao do aluno no Ensino Mdio com nenhuma formao bsica musical.
Este nvel de ensino, que normalmente visa aprofundar conhecimentos que j foram
trabalhados nas sries anteriores, apresenta dificuldades para a atuao do professor de
msica, que precisa lidar, por um lado com o analfabetismo musical do aluno, e por outro
com a competio desigual em relao aos meios tecnolgicos que, no contexto atual, so
responsveis pelas formas como crianas, adolescentes e jovens percebem o mundo e se
expressam.
Embora exista hoje uma nova possibilidade de incluso desta rea de conhecimentos
nos currculos do Ensino Mdio, pois a mesma encontra apoio na Lei 9.394/96, os problemas
persistem porque independem desta determinao poltica educacional oficial. Vrios fatores
esto implcitos nesse processo e reclamam medidas e alternativas para que se possa
operacionalizar o ensino musical de maneira efetiva. Um deles a problemtica dos
paradigmas educacionais viveis ao contexto social atual. A realidade miditica na qual
nossos alunos esto mergulhados reclamam medidas adaptveis, para no corrermos o risco
de sermos rejeitados com nossos modelos ultrapassados da educao tradicional ou
mecanicista.
2
O que se tem notado, quando existe a oportunidade de se trabalhar msica com o aluno
do ensino mdio, uma postura bastante resistente do mesmo em relao a repertrios e
mtodos consagrados e adotados na formao especfica. Tal realidade pressupe, de certa
forma, o reflexo da falta de um estudo musical anterior, bem como da prpria caracterstica
scio/cultural da maioria dos jovens e adolescente, constituda no ambiente da mdia. Embora
reconheamos tal formao alienante, no podemos negar tal realidade e deixar de consider-
la como ponto de partida em nossas aulas de msica.
Uma aula de msica que desconsidera a realidade do aluno, contraria as teorias
educacionais mais recentes, que centram a ateno no educando e nas suas necessidades, para
proceder a um ensino humano e significativo, visando sua formao integral. a que se
encontra apoio para justificar uma proposta de educao musical centrada na realidade
cotidiana do aluno e na capacidade criativa do mesmo, considerando suas caractersticas
psicolgicas, sociais e culturais. Para isso preciso propor a superao do currculo fechado,
que determina previamente os contedos a serem transmitidos, sem averiguar e avaliar
criteriosamente o que realmente importante ensinar a cada aluno, grupo, em cada contexto
ou momento (BRITO, 2001, p.31).
No entanto, importante deixar claro que tal caminho deve ser trilhado com muita
cautela para no correr o risco de cair numa irracionalidade pedaggica. Adotar a
cotidianidade como referencial terico para a prtica em educao musical e se aventurar
numa prtica aberta, sem uma viso prvia dos contedos a serem operacionalizados em sala
de aula, pode trazer danos ao invs de ganhos se no houver uma viso muito bem estruturada
sobre o que seja educao e os objetivos educacionais que devem sustentar uma proposta de
educao musical. Tal procedimento precisa ser adotado com muito cuidado e seriedade pelo
educador, cuja atuao possibilite a busca de caminhos que apontem possibilidades novas,
sempre numa postura autocrtica em relao a sua atuao profissional. SOUZA (2000, p.165)
nos incentiva busca e refora nossa preocupao quando diz: Por considerar o cotidiano
como um ponto de partida, e no como um objetivo, essa concepo de aula revela dimenses
novas ou formas alternativas de enxergar e analisar o ato docente.
2. JUSTIFICATIVA Desenvolver a viso crtica do aluno um ponto bastante enfatizado no discurso
terico dos Parmetros Curriculares Nacionais. Sem querer entrar, aqui, na anlise de tal
discurso, destacamos tal ponto por ser de importncia e validade indiscutveis. Levando em
conta essa necessidade educacional, acredita-se que abordar o cotidiano deste aluno nas aulas
3
de msica poder ser uma alternativa para lev-lo a uma reflexo sobre a realidade que o
cerca, ao mesmo tempo em que torna significativa a sua experincia musical.
Aliando essa realidade uma prtica criativa em sala de aula, ser possvel vislumbrar
um produto musical real, que emergir do mundo real deste mesmo aluno, uma vez que se
estar manipulando elementos que encontram significados em seu prprio contexto. A partir
da ser possvel estabelecer relaes com outros contextos scio-histrico-culturais, tornando
a aprendizagem musical repleta de significados e importncia.
No que diz respeito educao musical o que se tem observado que tem havido uma
nfase nos estudos relacionados criana pequena e uma menor preocupao com a realidade
do jovem, deste os tericos mais consagrados da histria da educao musical at as reflexes
contemporneas. Por isso nossa pesquisa procurar lanar um olhar sobre a realidade do
aluno do Ensino Mdio e seu comportamento em sala de aula. Se sua realidade especfica,
suas possibilidades e tendncias so especficas, ento nada mais justificvel do que proceder
a um estudo que trate essas especificidades, olhando para o jovem com a ateno que lhe
devida.
3. PROBLEMAS DE PESQUISA
Quais so os elementos bsicos a considerar numa proposta de educao musical para
o Ensino Mdio hoje? Provavelmente deve-se levar em conta um ensino que parta
dos aspectos elementares da msica, uma vez que o aluno do Ensino Mdio, hoje,
normalmente no tem nenhum conhecimento musical anterior formal;
Quais so as caractersticas do aluno do Ensino Mdio quanto a seus aspectos scio-
psicolgico-culturais? O jovem que vive na sociedade atual normalmente tem suas
preferncias musicais influenciadas pelo ambiente da mdia e provavelmente as
caractersticas psquicas de seu comportamento em relao msica so reflexos,
tambm, desse ambiente;
Que metodologia e repertrio poder se adequar a esse aluno, levando-o aquisio de
conhecimentos musicais? Acredita-se que uma prtica aberta e criativa, levando em
conta elementos da vivncia cotidiana do aluno, poder despertar mais interesse e,
conseqentemente, um maior rendimento no aprendizado dos contedos musicais
4
4. HIPTESE SUBSTANTIVA
O aluno do Ensino Mdio ter uma maior aceitao do ensino de msica e,
conseqentemente, um maior rendimento no aprendizado, se este levar em conta sua prpria
vivncia cotidiana, numa atividade aberta e criativa.
5. OBJETIVOS
Geral:
Atravs de pesquisa bibliogrfica, anlise documental e experimento, buscar identificar os
elementos mais adequados ao ensino de msica no Ensino Mdio, considerando as
caractersticas especficas dos alunos para, em seguida, proceder a uma anlise dos mesmos a
fim de subsidiar uma proposta de educao musical neste nvel de ensino.
Especficos:
Traar um perfil scio-psicolgico-cultural do aluno do Ensino Mdio;
Identificar e analisar os elementos bsicos a serem considerados numa educao
musical para o Ensino Mdio;
Buscar identificar repertrios e mtodos adequados a este nvel de ensino a partir das
respostas dos alunos, inseridos numa prtica criativa e contextualizada em suas
vivncias.cotidianas.
6. METODOLOGIA
Ser feito, inicialmente, um levantamento bibliogrfico e documental contemplando estudos
sobre o potencial criador, teorias do cotidiano, abordagens contemporneas sobre paradigmas
educacionais atuais em msica, objetivos e funes da msica, reflexes sobre os PCN de arte
e toda literatura que possa contribuir para a fundamentao terica de nosso objeto de estudo
e orientao do programa que ser elaborado para subsidiar nosso experimento.
Experimento:
- Sujeitos
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Sero observadas duas turmas do 1 Ano do Ensino Mdio, perodo matutino, do
Colgio Estadual Waldemar Mundim em Goinia GO:
A-1 turma, Grupo Experimental, desenvolver a atividade proposta pela pesquisa;
B-1 turma, Grupo Controle, permanecer com suas atividades normais, desenvolvidas
pelo seu professor efetivo.
- Instrumentos
. Pr-teste e ps-teste ser aplicado um pr-teste nas duas turmas para verificar o
nvel de criatividade dos alunos. No final do experimento um ps-teste para verificar
se houve um maior desenvolvimento do potencial criador do Grupo Experimental em
relao ao Grupo de Controle.
. Questionrio antes de iniciar as aulas ser aplicado um questionrio ao Grupo
Experimental, a fim de verificar a vivncia musical de cada um, anterior pesquisa.
. Programa Ser aplicado ao Grupo Experimental o Programa de educao musical
proposto pela presente pesquisa.
- Procedimentos
. O Grupo Experimental ser submetido a um programa de educao musical
construdo abertamente, tendo como espinha dorsal a paisagem sonora e os parmetros
sonoros:
. A professora atuar como facilitadora, introduzindo os elementos a serem
explorados e organizados pelos alunos;
. As atividades sero conduzidas de modo a garantir que os elementos trabalhados
tenham uma evoluo coerente, levando o aluno compreenso gradativa da msica
como linguagem estruturada;
- Carga horria
. Por ser uma pesquisa para obter o ttulo de Mestre, o experimento ser realizado no
perodo de um ano apenas, devido ao pouco tempo para concluir a pesquisa. De agosto
de 2002 a junho de 2003 est prevista uma carga horria de 40 horas,
aproximadamente.
. As aulas sero realizadas uma vez por semana, com durao de 50 minutos cada, de
agosto a dezembro de 2002 e seguir no ano 2003 de fevereiro a junho.
- Registro
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. As atividades sero gravadas e filmadas para apreciao posterior dos prprios
alunos e para registro do experimento, a fim de proceder a anlise final da pesquisa;
- Limitao em Potencial
. Por ser uma pesquisa para obter o ttulo de Mestre, o experimento ser realizado no
perodo de um ano apenas. Dessa forma o Programa ser experimentado parcialmente,
uma vez que um programa completo para o Ensino Mdio deveria ser experimentado
no perodo de trs anos, comeando no 1 e evoluindo at o 3 ano. No entanto,
consideramos vlida tal experincia por termos como objetivo a funcionalidade de tal
programa, com vistas a futuras estruturaes curriculares.
7 -BIBLIOGRAFIA BRITO, Tea A. Koellreutter educador: o humano como objetivo da educao musical. So Paulo: Peirpolis. 2001. CAMPOS, Denise A. Oficina de Msica: Uma caracterizao de sua metodologia. Goinia: Cegraf/UFG, Coleo Teses Universitrias, 1988. DORFLES, Gillo. O Devir das Artes. So Paulo: Martins Fontes, 1992 FREIRE, Vanda B. Msica, Globalizao e Currculos. Anais da ABEM, p.10-15, 1999. FREIRE, Vanda L. B. Currculos de msica e culturas brasileiras. IX Encontro Anual da Associao Brasileira de Educao Musical. ANAIS, p.05-17, 2000. GAINZA, Violeta H. Nuevas Perspectivas de la Educacin Musical. Mansilla-Buenos Aires: Editorial Guadalupe, 1990. OLIVEIRA, Alda. Currculos de Msica no Brasil aps a Nova LDB e os Documentos Elaborados pelo MEC para o Ensino Mdio e Superior. Anais da ABEM, p.17-37, 1999. MEC, Ministrio da Educao/Secretaria de Educao Mdia e Tecnologia. Parmetros Curriculares Nacionais: Ensino Mdio. Braslia: MEC,1999 PENNA, Maura (coord.) esse o ensino de arte que queremos?: Uma anlise das propostas dos Parmetros Curriculares Nacionais. Joo Pessoa: Editora Universitria-CCHLA/PPGE, 2001. SANDRONI, Carlos. Uma roda de choro concentrada: reflexes sobre o ensino de msicas populares nas escolas. IX Encontro Anual da Associao Brasileira de Educao Musical. ANAIS, p.19-26, 2000. SCHAFER, Murray. O Ouvido Pensante. So Paulo: Editora Unesp, 1991.
7
SCHAEFFER, Murray. A afinao do mundo. So Paulo: Editora Unesp, 1997 SELF, George. Nuevos Sonidos En Clase. Buenos Aires: Ricordi, 1967 SOUZA, Jusamara (org.). Msica, Cotidiano e Educao. 1 ed. Programa de Ps-Graduao Mestrado e Doutorado em Msica, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000.
CANTAR E CONVIVER,
UMA EXPERINCIA COM UM GRUPO CORAL DE ADOLESCENTES.
Agnes Schmeling
Resumo. Esta comunicao relata uma experincia que vem sendo realizada com um grupo coral de adolescentes, vinculado ao Movimento Coral-UNISINOS (Universidade do Vale do Rio dos Sinos/RS), propondo, a partir dela, uma reflexo acerca de como as vivncias cotidianas de um grupo coral juvenil subsidiam a construo de uma educao musical atraente e envolvente. A experincia trata da organizao do repertrio coral, de uma forma interdisciplinar, envolvendo coralistas e regente num trabalho conjunto. Introduo
A pr-reitoria de extenso da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS),
h 36 anos vem desenvolvendo a atividade coral na Universidade. Inicialmente dirigida a
adultos, atravs do Coral UNISINOS. Em 1989 ampliou-se a atividade musical a partir da
criao dos corais infantil e juvenil, oferecido para crianas e jovens com idade de oito a
dezoito anos de idade. Hoje a Universidade, pelo seu Movimento Coral (nome dado ao
movimento msico-vocal da Universidade), desenvolve o trabalho vocal da faixa etria
infantil at a terceira idade, contando com aproximadamente trezentos participantes, pelos
seguintes grupos:
Coral Unisinos (adulto misto, de vozes selecionadas)
Coral Juvenil (jovens de 14 a 19 anos de idade)
Coral Infantil (crianas de 7 a 14 anos de idade)
Coral Maior (adulto a partir dos 50 anos de idade)
Coral dos Funcionrios (funcionrios da Universidade)
Coral do Meio Dia (alunos e funcionrios do Campus Universitrio)
Laboratrio da voz, para vozes iguais (crianas iniciantes dos 7 aos 13 anos
de idade )
Laboratrio da voz, para vozes mistas (jovens e adultos iniciantes a partir
dos 14 anos de idade)
Para a conduo desses grupos a UNISINOS conta com a atuao de cinco
profissionais especializados na rea musical-coral. Ressalta-se que a Universidade no tem
2
departamento de msica e que estas atividades so integrantes do programa da Pr-Reitoria
Comunitria e Extenso. Integra tambm este programa, o Projeto Sinos Acorda (projeto de
aprendizagem de instrumentos de corda - violino, viola, violoncelo e contrabaixo, para
crianas, jovens e adultos a partir dos 7 anos de idade).
O Coral Juvenil UNISINOS, sob minha responsabilidade e ao qual irei me reportar
nesta comunicao, composto por 50 jovens, de 13 a 19 anos de idade. O grupo
demonstra um fascnio, uma disposio, um envolvimento marcante dos jovens para com a
atividade, o que me faz refletir sobre a atividade em si, sobre as possibilidades do fazer
msico-vocal em um grupo de adolescentes. Os ensaios so realizados duas vezes por
semana com a durao de duas horas cada.
Uma experincia
Inicia-se mais um ano letivo. As inscries e as classificaes vocais ultrapassaram
o nmero de participantes. Os jovens procuram o Movimento Coral-Unisinos para
participar do Coral Juvenil. So eles participantes do ano anterior, bem como jovens sem
experincia coral, vindos por convite, geralmente, de colegas que j cantam ou por terem
assistido a alguma apresentao do grupo.
Feliz, refao-me a pergunta do porque de tantos jovens, crianas e adultos
procurarem a atividade msico-vocal, na modalidade coral? Muitos retornam e querem
participar novamente ou dar continuidade ao trabalho do ano anterior. Cada vez mais, os
cantores, querem ser agentes do processo. H uma sinergia no trabalho em grupo. Cada
qual, trazendo sua experincia pessoal: gostar de cantar, no saber e querer aprender, por
ser vocalista de banda ou gostar de videok, karaok e procurar orientao e crescimento
vocal.
Na sua chegada so ouvidos para verificao de sua extenso e classificao vocal,
percepo e entoao e encaminhados para seu respectivo naipe (soprano, contralto, tenor
ou bartono) ou grupo (coral ou laboratrio). Preenchidas as vagas, os demais so
encaminhados para o laboratrio de voz.
O coral juvenil desenvolve um trabalho a capella, com at cinqenta vagas, tendo
como objetivo a musicalizao, o desenvolvimento vocal como instrumento para expresso
da obra musical e a performance musical construdas atravs da socializao do grupo em
3
um entorno coral. Preocupa-se com adolescentes em processo de mudana vocal
possibilitando uma prtica de vozes mistas.
O repertrio desenvolvido variado, do folclrico, msicas de razes, msicas do
mundo, msicas populares, principalmente brasileiras, msica erudita. Cada ano discute-
se com o grupo, desejos e anseios do que gostariam de cantar, que tipo e sugestes de
msicas, de como gostariam que transcorresse o trabalho. H expectativas, sonhos por parte
do grupo, bem como disponibilidades por parte dos participantes e etapas de trabalho a
serem percorridas.
Neste ano de 2002 iniciamos com uma cano africana Siyahamba e uma japonesa
Sakura (sugeridas por mim), veja em anexo, as quais musicalmente, na sua escrita vocal e
concepo harmnica so de mais fcil execuo. Relembramos e refizemos Trs cantos
nativos dos ndios Kra, pesquisa de Marlui Miranda e arranjo de Marcos Leite, cano
indgena para a qual, a partir de pesquisa sobre esta tribo, havamos criado uma
interpretao, para cada canto. Cantamos tambm algumas canes populares brasileiras:
Sina de Djavan e Noite de So Joo de Vitor Ramil, as quais marcaram o trabalho do ano
de 2001. Desta maneira, como o grupo em sua maioria renovado anualmente,
possibilitamos uma mais gil unidade de desenvolvimento msico-vocal, bem como uma
cumplicidade no grupo envolvendo a todos no ensino-aprendizado.
Ouvidos atentos no que esto cantando em suas rodas de violo, no que sugerem
que seja cantado, nas discusses do que d para coro ou no, discutindo e orientando-os
nos critrios de escolha de repertrio e das possibilidades vocais-musicais do grupo em
mudana vocal, iniciamos, coralistas e regente, a construo do repertrio deste ano.
Verificamos que h diferentes agrupamentos de tipo de repertrio cujos conceitos
foram dados pelo prprio grupo, como por exemplo: Msicas nossas- Firmamento do
grupo Cidade Negra, A Irm do Dr. Robert do grupo TNT, Noite de So Joo de Vitor
Ramil; Msicas MPB- Sina de Djavan, Menina de Paulinho Nogueira, Maria Solidria,
de Milton Nascimento e Fernando Brandt; Msicas mais eruditas- Pim pam pum do
Oscar Torales, Trenzinho Caipira de Villa Lobos e as Msicas de razes- indgenas e
africanas.
Como podemos alinhavar e criar um espetculo com todo este repertrio?
Respeitando o desenvolvimento de cada um e do grupo, o coro tambm tem como agente
4
motivador, apresentaes em escolas, na Universidade, festivais, intercmbios, visando
compartilhar seu processo, sua construo desta riqueza cultural.
O desafio foi lanado, aos poucos chegavam sugestes entre as quais a declamao
de poesias das prprias msicas (por ex. Noite de So Joo de Fernando Pessoa),
coreografias, diferentes maneiras de se vestir, trajar, recursos visuais, escrita de um roteiro,
novos arranjos feitos por um coralista e buscados na internet. Com tantas sugestes,
envolvendo diferentes maneiras de expresso, lancei ainda a idia de pesquisarmos sobre as
comemoraes em relao aos 80 anos da Semana da Arte Moderna e ou da Campanha da
Fraternidade 2002: Terra sem Males. Para buscar uma contextualizao e uma relao
temtica com que se est cantando. Como escreve Souza (2001) a complexidade dos
fenmenos pedaggico-musicais talvez nos obrigar a pensar em projetos
interdisciplinares, pluridisciplinares, como forma de conectar os problemas da rea aos
mais diversos campos de saberes e possibilitar sua comunicao, inclusive com a criao
de novos campos, no mais disciplinares, mas efetivamente interdisciplinares (p89).
O envolvimento do grupo via pesquisa na internet, trazendo livros de poetas e
gravuras de quadros de artistas plsticos, as discusses entre eles, para construo do
espetculo algo apaixonante, envolvente no qual o fazer arte parte de cada um para a
construo de um todo.
Envolvimento do jovem com a msica coral
O canto conjunto ou canto coral caracteriza-se por atingir vrias pessoas ao mesmo
tempo, formando um grupo, onde cada participante traz sua bagagem. Alm de trabalhar as
habilidades musicais, trabalha sua relao com o grupo, num contexto de grupo para uma
vivncia da sociedade. Pode trazer a possibilidade de flexibilidade de comportar todas as
experincias, diferentes nveis, para que se engajem no processo criativo, trabalhando a
prpria criatividade, a expresso individual, pessoal, afirmando-se como cidado, como
agente do processo e no como mero receptor e repetidor de informaes.
Como comenta Wickel (1998) Msica parece ser o grande elemento de unio
entre os jovens. Ao lado do amor e da amizade retrata um tema pelo qual, muitos se
interessam. Cada um define-se pela sua msica e com isto cria tambm seus limites para
5
com outras maneiras de fazer msica. Por outro lado surge o sentimento de unio, amizade
de identidade de que todos esto fazendo msica, utilizando a mesma linguagem(p41).
O repertrio, nem sempre vivenciado por todos participantes, pertinente a suas
realidades, mas o fato de poder e querer experimentar, expor idias, exercitar lideranas,
aprender a ceder e acrescentar, criticar, construir uma prtica na qual acreditam ser sua
verdade, para um contexto que tem sua histria.
O adolescente traz consigo muitas experincias de vida e tambm experincias
musicais. Lidar com este leque de informaes scio-culturais algo vital para uma
proposta pedaggico-musical que inclui o canto coral como processo alternativo de
educao musical na sociedade.
O profissional que lida com o canto coral pode tambm estar preocupado com estas
questes: os problemas da apropriao e transmisso musical se orientando,
principalmente, pelas questes: quem faz msica, qual msica, como e por que a fazem?
(Souza, 2001, p89). Pois como Souza argumenta: a resposta questo como algum ouve
e faz msica, e como a julga uma premissa bsica para desenvolver e permitir
significativas experincias de aprendizagem em espaos dentro e fora da escola (p89).
Para onde ir?
Durante aproximadamente duas horas formamos um grupo que se transforma em
artistas e educadores. Vivemos a msica de forma integral, valorizando a cada instante as
novas conquistas e os fazeres musicais. . Conforme o educador Hugo Assmann,(1996) O
conhecimento s emerge em sua dimenso vitalizadora quando tem algum tipo de ligao
com o prazer.
A integrao do indivduo desenvolvendo sua criatividade, sua expresso, sua
conscincia de si, suas potencialidades. Esta individualidade precisa ser conhecida e
respeitada, formando com seu ser um grupo, uma unidade que em nenhum momento ser o
mesmo.
O canto coral alm de trabalhar as habilidades musicais, toca nas relaes de grupo,
num contexto de grupo para uma vivncia na sociedade. Tem flexibilidade de comportar
todas as experincias, os diferentes nveis dos participantes, para que todos se engajem no
processo de criao, de aprendizagem, trabalhando a criatividade, a expresso individual,
6
afirmando-se este como cidado, como agente do processo e no como mero receptor e
repetidor de informaes.
Anexo:
7
Referncias Bibliogrficas
ASSMANN, H. Ps-modernidade e agir pedaggico: como reencantar a educao. Texto apresentado no VIII Encontro Nacional de Didtica e Prtica do Ensino. Florianpolis, 9, maio, 1996. Mimeo SOUZA, J. Mltiplos espaos e novas demandas profissionais: reconfigurando o campo da Educao Musical. In: Anais da ABEM, Uberlndia, p. 85-91, 2001. WICKEL, H. H. Musikpdadogik in der sozialen Arbeit. Mnster: Waxmann Verlag
Gmbh, 1998.
BRINCARTE
CONSERVATRIO NO ESPAO DA ESCOLA
Alessandra Borba dos Santos
Resumo. No decorrer do ano de 2001 aconteceu o Projeto Brincarte Conservatrio no espao da Escola, realizado pelo Conservatrio Estadual de Msica Dr. Jos Zccoli de Andrade,em parceria com a Secretaria de Estado da Educao de Minas Gerais e 16 Superintendncia Regional de Ensino de Ituiutaba. Elaboramos um projeto com o objetivo de oportunizar novas formas de brincar, de cantar, de contar, de compor, de construir, de criar, numa experincia nica de arte e brinquedo. O resultado obtido correspondeu proposta do projeto e garantiu a sua continuao no ano de 2002, ampliando seus objetivos em um novo enfoque; trazer para o ptio da escola a memria do brinquedo, vivenciando e trocando novas experincias de brincar.
No decorrer do ano de 2001, o Projeto Brincarte Conservatrio no espao da escola,
foi realizado pelo Conservatrio Estadual de Msica Dr. Jos Zccoli de Andrade e pela 16
Superintendncia Regional de Ensino de Ituiutaba e Secretaria de Estado da Educao de Minas
Gerais, atravs de sua Superintendncia de Desenvolvimento de Recursos Humanos para a
Educao.
O projeto, que contou com a participao de quatro escolas estaduais Escola Estadual
Prof. lvaro Brando; Escola Estadual Dr. Fernando Alexandre; Escola Estadual Cel. Joo
Martins e Escola Estadual Rotary atendeu cerca de 800 crianas, das sries iniciais,
desenvolvendo importantes atividades ldicas, onde os alunos envolveram-se em momentos de
aprender com alegria, que somente a arte pode oferecer.
Sob a orientao de cinco professores - brincantes Alessandra Borba, Andria
Aparecida, Getlio Gis, Renata Freitas, Virgnia Tonini, e alunos do Curso de Professor de
Educao Artstica, as crianas tiveram a oportunidade de vivenciar brincadeiras, canes e
experincias artstico-musicais que culminaram na apresentao BRINCARTE CANTA NA
CIDADE, realizada dia trinta de novembro no Ginsio Poliesportivo Romel Ansio Jorge.
Para entender esse resultado, cabe discorrer brevemente sobre o processo e a abordagem
metodolgica. As aulas, preparadas pelo grupo de professores, se apoiaram em vivncias de
psicomotricidade, memria, percepo, imaginao, criatividade, afetividade e sociabilidade. O
universo encontrado foi diferente daquele que at ento, como educadores tnhamos contato.
2
Algumas crianas mostraram rejeio a simples brincadeiras, onde a nica regra seria pegar nas
mos dos colegas, transformando o momento de possvel alegria em instantes de inquietao. A
persistncia e a diversidade das atividades foram elementos importantes para que essa situao se
modificasse. As crianas, que utilizavam o espao do recreio para correrem desordenadamente,
comearam a brincar e a se organizar com mais harmonia e quietude. Os professores regentes das
quatro escolas estaduais passaram a colaborar com mais afinco, reforando os laos afetivos devido
a aproximao gerada pelos momentos de descontrao, transformando, assim, ao pedaggica em
momentos de aprender com alegria.
A cada aula, canes eram apresentadas e trabalhadas, formando assim, gradativamente, um
pequeno repertrio, o que viria a ser a apresentao de encerramento no final do ano. Os pais
envolveram-se na confeco de coletes para serem usados como figurino na apresentao de
encerramento, construdos de materiais reciclveis.
As crianas puderam, ento, no decorrer do processo, entrar em contato com uma
realidade criativa, rica, dinmica e inovadora, onde se destacam alguns momentos, tais como:
apresentao de instrumentos musicais na sala de aula; mostra do trabalho de canto em encontro de
Diretores e Superintendncias RENAGEST; construo de painel que serviria como cenrio da
apresentao de encerramento; desenhos para os convites da apresentao; e, principalmente, os
mais variados pedidos para que esta ou aquela msica, ou brincadeira, fosse repetida.
A presena dos professores - brincantes, na proposta do BRINCARTE, tornara-se
motivo de alegria para as crianas e para a escola.
Assim, alunos e professores, depois de tomarem um lanche em suas respectivas escolas,
e vestirem a camiseta e o colete confeccionados especialmente para o evento, chegaram de nibus
no ginsio Romo, onde l estava um enorme palco, preparado para msicos do Conservatrio,
ornamentado por dois grandes painis pintados pelas crianas.
Na entrada do ginsio foram expostas as fotos que foram tiradas em diversos momentos
no decorrer do ano letivo, onde os pais e alunos se viam, revivendo os momentos de alegria, atravs
de imagens ali expostas.
Aps a apresentao, impactados com a grandeza, dimenso e valor da atividade de
encerramento, ficou a sensao de que oportunidades como o BRINCARTE so nicas nas vidas de
todos que se dispuseram a contribuir de modo sincero, pleno e profundo realizao do ser humano
enquanto homem, homem-cidado.
3
Volta o Brincarte em 2002. Constatamos que no representvamos mais o novo na
escola, e o que era muito prazeroso e surpreendente poderia se tornar mais uma atividade onde
todos seriam obrigados a participar, ou seja, um ensinaria e os outros aprenderiam.
Passamos vrias semanas pensando o que poderia ser trabalhado, no sentido de colaborar
com esse aluno que continuaria tendo um contato com a arte de uma forma prazerosa. Precisvamos
encontrar outra via de acesso, que estabelecesse o contato sensvel e estimulasse a nossa prtica.
Apoiados pelo resultado positivo de 2001, onde o ldico foi a preocupao primeira, buscamos em
Garcia e Marques a referncia para as nossas convices. Elas nos adiantam que:
As atividades ldicas espontneas das pessoas esto intimamente ligadas a sua
forma de comunicar-se e expressar-se em diferentes faixas etrias.Embora o
brincar seja universal, tal fato adquire caractersticas regionais na ambincia, no
linguajar, nos implementos, no canto, nos procedimentos. A transmisso do
repertorio de brincadeiras para criana feita principalmente pela famlia, por
seus companheiros em momentos informais de lazer, no dia a dia. (Garcia e
Marques ,1989: 9)
Conforme essas discusses, chegamos a uma proposta, cujos objetivos seriam vivenciar
as prticas ldicas existentes e trocar novas experincias de brincar. Partindo da vivncia das
crianas, poderamos ter uma grande referncia dessas prticas, que considervamos em estado
puro, isto , o que era aprendido espontaneamente em casa, com suas famlias, sem a
interferncia da escola. Pensando-se que o brincar parte essencial da vida humana, observa-se
que:
A palavra brincar no se relaciona somente criana, pois se ouve o adulto
dizer: vou brincar no carnaval . Participantes de folguedos populares dizem
que so brincantes ou que vo brincar no folguedo. A brincadeira de prenda
envolve tanto a criana como o jovem, o adulto e o velho. Quando as crianas
brincam, observa-se a satisfao que elas experimentam ao participarem das
atividades.Sinais de alegria, risos, certa excitao so componentes desse prazer
embora a contribuio do brincar vai bem mais alm de impulsos parciais. A
criana consegue conjugar seu mundo de fantasia com a realidade, transitando
livremente de uma situao outra. (Garcia e Marques, 1989: 11 )
4
De acordo com nossas convices, nos reafirmamos em Borges quando diz:
Observa-se que em todas as pocas que se tem algum registro,jogos
brinquedos e brincadeiras faziam parte do cotidiano das coletividades ,
podendo servir como estratgia para estreitar laos e promover a unio.
Crianas e adultos se encontram nas rodas para danar ,cantar ,brincar e jogar ,
sobretudo nas festas de comemorao da fartura ou ritos de passagem. (Borges,
2001: 34 )
Assim, trabalhamos com 1000 crianas distribudas nas quatro escolas estaduais j
citadas.
Para nos aproximarmos mais do nosso objeto de pesquisa, que eram as informaes que
as crianas trariam de casa, elaboramos um questionrio, que inicialmente nos forneceria dados
sobre o brincar, contendo as seguintes perguntas:
1- Em qual lugar voc mais gosta de brincar?
2- Com quem voc mais gosta de brincar?
3- Com quais brinquedos voc mais brinca?
4- Voc j construiu algum brinquedo? Qual? Explique como ele , e como voc o
construiu.
5- Quando voc brinca na rua, quais so as brincadeiras que voc conhece?
6- Conhece alguma brincadeira cantada? Qual?
7- Conhece brincadeiras de mos? Quais? Como elas so?
8- Quando voc brinca no quintal, como so as brincadeiras?
9 - Qual histria voc se lembra de ter ouvido?
Fomos para as escolas no dia 04 de maro deste ano, entregamos os questionrios para
serem respondidos em casa e trazidos na semana seguinte.
Distribumos 800 questionrios, e recolhemos 620, dos quais 175 foram respondidos
totalmente, 250 no abordaram brincadeiras cantadas, e os demais deixaram de responder uma
pergunta ou outra.
Lemos e selecionamos todas as respostas que eram desconhecidas para ns ou as
brincadeiras que apareceram de modo insistente, aproveitando para as aulas iniciais as
brincadeiras coletivas que eram de conhecimento de todos.
5
Dia 23 de maro retornamos para as escolas, onde entrevistamos todas as crianas que
haviam trazido alguma brincadeira at ento desconhecida por ns, como tambm fizemos uma
reunio em cada uma dessas escolas, para que pudssemos entrevistar as famlias dos alunos de
pr-escola. Foi constatado que o nmero de brincadeiras de roda e brincadeiras cantadas era um
nmero pequeno em proporo s crianas, sendo ento necessrio uma busca para alm das
fontes.
Realizamos trs entrevistas a seguir:
1- Entrevistamos a Professora Ms. Marlene Ftima Freitas Borges, de modo a recolher
durante a entrevista, 66 brincadeiras de roda e cantadas, constatando que muitas
delas j no so brincadas e cantadas nos recreios, nos ptios, e nas ruas. Borges
afirma: A escola no mais estimula o tempo de brincar , o que faz com que as
crianas esqueam o brinquedo de fato no bolso , pois o recreio no representa mais
a liberdade de voar depois da tarefa e o brinquedo se afastou de sua rotina
(Borges, 2001: 103)
2- Entrevistamos um grupo de pessoas do bairro Novo Mundo, e recolhemos 8
brincadeiras de rua.
3- Entrevistamos tambm um grupo de Evanglicos da Igreja Assemblia de Deus, de
modo a registrar algumas brincadeiras j retiradas dos chamados Livros de Jogos,
como: O Maestro Mudo.1
Todo material coletado em pesquisa est sendo registrado semanalmente pelos
professores do Brincarte por meio de filmagens em vdeo, fita cassete e transcries. A partir da
que so planejadas as aulas, na inteno de que todas as brincadeiras sejam socializadas em sua
forma original, respeitando se ao mximo a fonte oral.
Num segundo momento, as brincadeiras sero organizadas em cinco grupos: -
Brincadeiras de Roda - Brincadeiras Cantadas - Brincadeiras de Mo -Brincadeiras de Rua -
Brinquedos Construdos.
Os professores do Brincarte esto transcrevendo as brincadeiras coletadas em forma de
registros musicais em partituras, organizando se arranjos sobre essas mesmas brincadeiras, com
a finalidade de serem trabalhadas a partir do ms de Agosto desse ano.
Numa seqncia de atividades propostas, o Conservatrio Estadual de Msica lanar em
agosto, no dia do Folclore, a campanha Doe uma brincadeira ao Conservatrio, com o objetivo
6
de recolher o mximo de brincadeiras guardadas na memria das pessoas, quer estejam nas ruas,
nas casas ou nos bairros. Essa atividade ser realizada pelos professores do Brincarte, e
monitores, que batendo de porta em porta pediro as pessoas que colaborem, doando
brincadeiras.
Na concluso desse projeto est previsto o registro dessas brincadeiras em um livro,
descrevendo-as e formatando-as musicalmente, para que possam fazer parte das prticas
educacionais de todos que, direta ou indiretamente, comunguem a crena de que brinquedo e
arte representam o passaporte para a cidadania . O cuidado com a infncia, como produto do
amanh, s se efetivar de fato na possibilidade do desenvolvimento pleno, garantindo s
crianas o exerccio da livre expresso atravs das prticas ldicas. Veja se:
A responsabilidade de um mundo adulto carente da essncia humana pesar
sobre nossos ombros se no varrermos a casinha,se no cuidarmos da
boneca,se no rompermos o cabo de guerra,se no enxergarmos as
Terezinhas de Jesus, se no enfrentarmos a prxima casa da amarelinha, se
corremos sempre para frente sem nunca parar no pique,se no apararmos a
bola dividindo-a no Maria Viola, se no passarmos o anel, se entrarmos na
ciranda cirandinhae no darmos meia volta sempre que precisar, se no
voltarmos, ainda que por instantes, a ser criana, se no buscarmos no
comeo de cada dia , os restos de manh, para a reconstruo da vida.
(Borges, 2001:173)
Assim, esperamos com essa experincia de brincarte contribuir de forma intensa e
prazerosa com o ideal de transformar os nossos espaos escolares, seno em casas de
saberes tradicionais, mas, sobretudo, de sabores e alegrias.
Referncias bibliogrficas
BORGES, Marlene Ftima Freitas. Restos de manh anlise do brincar nas dcadas de
50 a 70, na regio do Pontal do Tringulo Mineiro. Dissertao de Mestrado apresentada
ao Instituto de Histria da Universidade Federal de Uberlndia, como requisito parcial
obteno do grau de Mestre em Histria e Cultura. Uberlndia, 2001.
7
CHATEAU, Jean. O jogo e a criana. So Paulo, Summus, 1987.
GARCIA, Rose Marie Reis & MARQUES, Llian Argentina. Brincadeiras cantadas. Porto
Alegre, Kuarup, 1989.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida. Jogos infantis: o jogo, a criana e a educao. Rio de
Janeiro, Vozes, 1993.
____________________. Jogo, brinquedo, brincadeira e a educao. So Paulo, Cortez,
1997.
A IMITAO COMO PRTICA PEDAGGICA NA APRENDIZAGEM
INSTRUMENTAL
Ana Consuelo Ramos
Gislene Marino
Resumo. Educadores tm apresentado novas propostas para o ensino do instrumento. A fase inicial da aprendizagem tem sido contemplada pelas experincias e vivncias anteriores leitura e execuo da partitura, atravs de atividades de improvisao e criao, do tocar por audio e por imitao. O presente trabalho pretende destacar a relevncia da imitao como prtica pedaggica no ensino de piano, enfocada no livro Piano1: arranjos e atividades.
Introduo
A Educao Musical atual, fundamentada nos estudos da Psicologia, concebe o aluno como
ponto central da aprendizagem, considerando suas potencialidades e respeitando suas
limitaes. A educao do ouvido torna-se uma base importante para a compreenso da
msica, necessitando da participao ativa do estudante. Novas propostas pedaggicas para
a iniciao musical comeam a surgir atravs de uma melhor adequao do repertrio e da
criao de atividades para que o ensino do instrumento seja prazeroso e esteja em
consonncia com cada etapa do desenvolvimento motor e cognitivo do aluno.
O ensino de piano vem sofrendo inmeras mudanas. GAINZA (1988, p.116-117) tece um
paralelo entre a educao tradicional e a contempornea. Na tradicional, os aspectos da
msica eram inculcados no aluno de fora para dentro e na contempornea, contrariamente,
o processo educativo-musical realiza-se de dentro para fora. Segundo a autora, a educao
tradicional
Concebia os seres humanos como mquinas decodificadoras de uma linguagem escrita e dedicava a maior quantidade de energia ensinando a decifrar as notas para que fosse possvel transferi-las ao instrumento.
Pesquisadores e educadores interessados numa pedagogia atual apresentam novos caminhos
no estudo do instrumento, atravs de um ensino mais criativo e aberto a mudanas. Torna-
se essencial que o professor valorize a fase anterior leitura musical. Durante este perodo,
a aprendizagem de repertrio por imitao e por audio constitui uma prtica pedaggica
adequada, na qual o aluno poder explorar e experimentar os recursos do instrumento,
desenvolver a coordenao motora e expressar-se atravs de improvisaes e criaes
musicais sem interferncia da partitura.
O livro Piano 1: arranjos e atividades da Coleo Inventos e Canes aborda o processo de
aprendizagem de canes por imitao em seu terceiro captulo. Piano 1
o resultado de estudos, pesquisas e o registro de nossas experincias em sala de aula. Tem a finalidade de suprir a carncia de repertrio de piano com arranjos para dois e trs alunos iniciantes e de atividades escritas que auxiliem na assimilao e fixao dos conceitos vivenciados ao piano. (...) Os conceitos so introduzidos gradativamente atravs de repertrio executado por imitao, leitura por grficos, leitura relativa e leitura absoluta em pauta dupla. (MARINO e RAMOS, 2001, p. xiii)
Processo de aprendizagem de canes por imitao
A imitao inerente ao ser humano e integra o percurso de aquisio de habilidades e
conhecimentos. A criana cresce reproduzindo o que v, ouve e observa em seu ambiente.
Os processos imitativos esto presentes na aprendizagem musical formal e informal.
Quando a me canta para o beb, quando as crianas brincam cantando e batendo ritmos,
quando participam de manifestaes culturais populares ou quando esto inseridas num
contexto escolar, a imitao e a repetio tornam-se fundamentais para o seu
desenvolvimento.
O modelo vocal materno est presente desde a tenra infncia e a conscincia do ritmo se d pelo embalo da criana ao som da msica, ou pelo contato com o corpo materno (...) Logo que cresce, a criana torna-se capaz de cantar com a me, imitando o seu modelo (...) O desafio a executar o modelo ouvido, a reproduzir o que foi visto, est presente tambm nas brincadeiras infantis, onde a imitao das estruturas rtmicas e sonoras ouvidas dos adultos representa um jogo eficaz na aprendizagem da linguagem musical. (SANTOS, 1994, p.15-16).
A imitao na musicalizao formal reitera a idia do fazer musical como base para a
construo do conhecimento, favorecendo a prtica da improvisao e, conseqentemente,
da criao.
As capacidades de reproduzir e improvisar (imaginar, criar) requerem estado de alerta (...) e operao sobre contedos armazenados de forma significativa na memria. (...) Cria-se a partir de princpios estruturais assimilados, gerando-se da infinitas formas de combinaes dos elementos expressivos da linguagem. (SANTOS, 1994, p.17-18)
No ensino do instrumento, a imitao baseia-se em procedimentos que deixam o aluno em
contato direto com o mesmo. Ele est livre para criar, ouvir e trabalhar a coordenao
motora, independente da partitura.
CAVALIERI (2000) afirma que O sentido da performance reside na criao de gestos
expressivos e no na manipulao de notas ou dedilhados. A capacidade de criar gestos
expressivos em uma performance pode ser desenvolvida atravs de diversas atividades que
antecedem ou acompanham a leitura e aprendizagem de uma determinada pea. Dentre
elas, apontamos a prtica de msica por imitao, por audio, a improvisao e a
composio. Relacionamos essas abordagens com a experincia prvia, definida por
KAPLAN (1985, p.19) como sendo as informaes e vivncias anteriores execuo de
uma partitura que vo corroborar para o posterior trabalho de leitura, compreenso,
memorizao e interpretao de um texto musical. Acreditamos que essas atividades,
estimuladas e orientadas desde o incio, contribuem para a familiaridade do executante com
o instrumento e enriquecem o conjunto das experincias prvias, permitindo e gerando a
expressividade na performance.
A aprendizagem de canes por imitao favorece o contato do aluno com o instrumento e o conhecimento do teclado do piano sem a interferncia da partitura. O processo possibilita o desenvolvimento da capacidade de concentrao e da coordenao motora, facilitando a interpretao musical. (MARINO e RAMOS, 2001, p.xv)
O captulo trs de Piano 1 apresenta quatro canes tradicionais estrangeiras, uma do
folclore brasileiro e uma de autoria de Ana Consuelo Ramos que so estruturadas sobre os
grupos de duas e trs teclas pretas e trabalhadas pelo processo imitativo. O professor o
modelo: ele toca e canta a melodia de maneira expressiva, realizando as frases musicais em
andamento adequado compreenso e s habilidades tcnicas do aluno. Para o aprendizado
das referidas canes indicada a postura da mo em forma de pina o segundo dedo toca
apoiado pelo polegar e os outros ficam relaxados. Esse procedimento, alm de preparar a
posio bsica da mo, contribui para uma maior liberdade da criana para imitar,
improvisar e criar. Atravs da aprendizagem de canes por imitao apresentadas em
Piano 1, pode-se atingir objetivos tais como: reconhecer visualmente os grupos de duas,
trs e cinco teclas pretas e automatizar sua identificao; vivenciar as mudanas de carter,
aggica (rallentando) e intensidade (decrescendo, forte e piano); coordenar mo esquerda e
direita e possibilitar a improvisao e criao musical.
Com a prtica da imitao, o aluno consegue realizar, na fase inicial do estudo do
instrumento, um repertrio que apresenta materiais rtmicos e meldicos mais elaborados
do que aqueles que conseguiria tocar se dependesse da leitura, desenvolvendo a
concentrao, a memria auditiva e visual. Cria-se uma maior intimidade com o
instrumento, resultando numa expressividade que pode ser alcanada de forma mais
consciente e rpida. GAINZA (1986, p.04) considera que:
O menino escuta realmente como soa o que ele faz sem estar preocupado ou perturbado por condicionamentos de leitura ou tcnica musical. O trabalho livre sobre o teclado constitui, na minha opinio, uma condio essencial no estabelecimento e consolidao de uma relao sadia e natural com o instrumento e a msica no qual o afeto, corpo e intelecto formam um todo integrado.
O papel do professor deve ser o de conduzir o aluno a perceber no apenas notas e ritmo da
melodia que vai imitar, mas todos os elementos musicais como forma, intensidade e
aggica. Para tal, o educador precisa ter conscincia da importncia do processo imitativo
como possibilidade de ampliar a percepo e otimizar a compreenso e interpretao
musical.
De acordo com GONALVES (1989, p.05) para valer-se do recurso do ensino por
imitao, o professor deve ter ntidos os objetivos e dominar procedimentos especficos
dessa estratgia de ensino.
Apresentamos duas canes do livro Piano 1 para exemplificar a aprendizagem pelo
processo imitativo. A pgina dedicada ao professor contm os objetivos, as orientaes e a
partitura com a melodia, letra e acompanhamento. A pgina do aluno traz a letra da cano
e o desenho do teclado como material de referncia para a localizao das teclas utilizadas.
Em Piano 1, a prtica pedaggica da imitao apresentada no incio do livro, mas
acreditamos que esse procedimento deva ser utilizado tambm aps o domnio da leitura
musical. O professor pode utilizar-se de temas folclricos e populares para enriquecer o
repertrio do aluno e possibilitar o desenvolvimento de sua musicalidade. De acordo com
FRANA SILVA (1998, p.241):
preciso que dentro do repertrio do aluno haja espao para que ele toque peas mais acessveis, que ele possa realizar mais confortavelmente, com expresso, toques imaginativos e com um senso de estilo, para que possa sentir quo satisfatria a experincia musical pode ser.
A citao acima se refere ao repertrio estudado atravs da leitura de partituras, contudo,
consideramos que esta idia pode estender-se ao processo de aprendizagem por imitao.
Pretendemos enfatizar que a imitao um recurso valioso no incio do ensino instrumental
e igualmente nas etapas subseqentes, pois, permite o desenvolvimento da expressividade e
das habilidades tcnicas de forma prazerosa, gerando um maior envolvimento do aluno com
o fazer musical.
Referncias Bibliogrficas
FRANA, Ceclia Cavalieri. Possibilidade de aplicao do modelo espiral de
desenvolvimento musical como critrio de avaliao no vestibular da Escola de
Msica da UFMG. Opus [eletrnica]. ANPPOM. 2000, v.7. ISSN 1517-7017.
________. Performance instrumental e educao musical: a relao entre a
compreenso musical e a tcnica, Per Musi, v.1, p.52-62. Belo Horizonte, 2000.
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O ESTGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE MUSICALIZAO INFANTIL:
UMA PROPOSTA DE INTEGRAO NA ESCOLA DE MSICA DA UEMG
Ana Consuelo Ramos
Gislene Marino
Thais Marques
Resumo. Este artigo versa sobre a integrao entre os Cursos de Graduao e Extenso da Escola de Msica da Universidade Estadual de Minas Gerais, atravs do Estgio Supervisionado no Curso de Musicalizao Infantil. Apresenta as estratgias adotadas e relata a importncia dessa iniciativa para a formao profissional dos alunos.
Introduo
A Escola de Msica da antiga FUMA Fundao Mineira de Arte Aleijadinho, foi incorporada
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) em 1995. Atualmente, sob direo do professor
Domingos Svio Lins Brando e vice-direo do professor Nelson Salom, oferece cursos de
Graduao (Bacharelado em Msica com habilitao em Instrumento ou Canto, Licenciatura em
Educao Artstica com habilitao em Msica e Licenciatura em Msica), Especializao em
Msica Brasileira Prticas Interpretativas e Cursos de Extenso permanentes Bsico e
Musicalizao Infantil. A escola tem buscado a integrao entre seus cursos e maior participao
na comunidade.
Os cursos de graduao
O Curso de Bacharelado em Msica, em vigor desde 1964, tem o objetivo de preparar o
profissional para atuar como instrumentista ou cantor. So oferecidas as habilitaes em canto
lrico e instrumentos: piano, violino, viola, violoncelo, contrabaixo, violo, flauta doce, flauta
transversal, clarineta, obo, fagote, trompa, saxofone e trompete. O bacharel est capacitado para
atuar como instrumentista solista, em conjunto de cmara e orquestras. Existe a demanda crescente
de aprimoramento na rea de ensino, que suprida, atualmente, com a oferta da disciplina optativa
Didtica da Msica e com a abertura de estgio no Curso de Musicalizao Infantil. No projeto de
reformulao do currculo, pretende-se ampliar o campo de conhecimento pedaggico, perfazendo
um mnimo de 90 horas obrigatrias.
O curso de Licenciatura em Educao Artstica da UEMG existe desde 1983 e o nico em Belo
Horizonte que desenvolve a habilitao para a msica. A prova de admisso consiste em avaliar as
aptides musicais do candidato. Durante o curso, o aluno tem acesso a informaes e vivncias nas
reas de Psicologia, Didtica, Artes Plsticas, Artes Cnicas, Artes Visuais e Msica, desde a
musicalizao at noes de Harmonia, Anlise, Regncia Coral, Teclado, Flauta Doce e Violo.
Os conhecimentos adquiridos so elaborados e assimilados atravs de processos de criao,
experimentao, apreciao e performance. Apesar da no exigncia de experincia musical
anterior, a excelncia do curso demonstrada pelo nmero cada vez maior de msicos amadores
que se candidatam s vagas do vestibular. Outro indicativo de qualidade a faixa etria de nossos
alunos, cada vez mais baixa, significando sua primeira opo assim que finalizam o ensino mdio.
Esse diferencial s possvel devido qualidade de nosso corpo docente e da constante abertura
dos rgos colegiados s necessidades discentes. Uma das principais demandas, prontamente
atendida, foi o direcionamento de nossos alunos para a realizao de estgio na prpria Escola de
Msica da UEMG, no curso de Musicalizao Infantil, uma vez que as atividades desenvolvidas
nas turmas dos primeiros nveis (iniciao musical, nveis I e II) podem ser adaptadas e aplicadas
na escola regular para a sensibilizao musical. A bagagem de artes que o estudante leva consigo
ao terminar o curso faz dele um profissional disputado no mercado de trabalho, pois se mostra apto
a conduzir uma aula com criatividade, estimulando o desenvolvimento das potencialidades
artsticas da turma.
A Licenciatura em Msica foi criada em 2001 e tem como objetivo principal formar profissionais
para exercerem atividades no ensino fundamental e mdio e em escolas de msica. O enfoque do
curso essencialmente didtico: as aulas de instrumento so coletivas e os alunos, alm de tocar,
tambm discutem e apresentam possibilidades pedaggicas para a compreenso e interpretao das
obras. Alm da docncia, o licenciado poder atuar de maneira integrada com outras reas
artsticas.
Os currculos vigentes dos cursos de graduao passam por reformulaes, na expectativa de se
adequarem s novas tendncias do mercado, ao crescente aprimoramento dos futuros profissionais
e s exigncias da atual Lei de Diretrizes e Bases do Ensino Nacional, que amplia a carga horria
obrigatria de estgio de 300 para 800 horas, nas licenciaturas. De acordo com as Diretrizes
Curriculares para os Cursos de Msica apresentados pela Comisso de Especialistas de Ensino de
Msica (CEE/Msica), iminente a necessidade de mudana nos currculos desses cursos.
Estes devem atender especificidades regionais, vocaes especficas de curso e mercado de trabalho diversificados (...) Espera-se que os cursos superiores na rea de msica contemplem o desenvolvimento humano nas dimenses artsticas, culturais, sociais, cientficas e tecnolgicas. (BRASIL, 1999.p. 3)
O estudo dos novos currculos baseou-se nessas diretrizes e procurou inserir na proposta os sete
campos de conhecimento: Instrumental (Instrumento/Voz e Regncia), Composicional, de
Fundamentos Tericos, de Formao Humanstica, Pedaggico, de Integrao (estgios, prticas de
ensino) e de Pesquisa.
Os cursos de extenso
O Curso de Musicalizao Infantil fundamenta-se em princpios metodolgicos que possibilitam,
alm da aprendizagem musical, uma contribuio para a expanso da percepo e o
desenvolvimento das potencialidades dos alunos. O corpo docente formado, quase na totalidade,
por especialistas e mestres, que atuam tambm como professores e coordenadores nos cursos de
graduao. O curso anual, recebe crianas de cinco a dez anos e a admisso se faz por meio de
uma entrevista e de procedimentos para avaliar a aptido, com a nica finalidade de organizar as
turmas. Tem como objetivos apresentar o universo da msica atravs de atividades ldicas e
improvisaes e introduzir a prtica instrumental, desenvolvendo a sensibilidade e criatividade
desses alunos. As crianas que ingressam com cinco anos de idade fazem dois anos de Iniciao
Musical; a partir dos sete anos, so matriculadas no primeiro ano de Musicalizao, podendo
permanecer at o quinto ano. Durante o perodo em que freqentam as aulas de Iniciao, so
estimuladas musicalmente com brincadeiras que visam sensibiliz-las para elementos musicais
bsicos timbre, durao, altura e intensidade e desenvolver aspectos psicolgicos, como
entrosamento, sociabilizao, afetividade e psicomotricidade. Os cinco anos de Musicalizao so
distribudos da seguinte maneira: nos nveis I e II, a criana entra em contato com a linguagem
musical, integrando os contedos abordados nas aulas de Musicalizao, Coral, Flauta Doce e
Piano em Grupo; a partir do nvel III, o aluno tem a oportunidade de escolher seu instrumento,
deixando a carga horria de Piano em Grupo. So oferecidas as seguintes opes: piano, violo,
violino, violoncelo, clarineta, fagote, flauta doce, flauta transversal, obo, saxofone, trompa e
trompete. As aulas enfocam repertrio especfico do instrumento, visando a possvel continuidade
deste aprendizado no Curso Bsico da ESMU/UEMG. Portanto, o Curso de Musicalizao Infantil
objetiva, tambm, realizar esta transio.
O Curso Bsico recebe alunos a partir de onze anos, egressos da Musicalizao Infantil e da
comunidade. Com a durao de quatro a cinco anos, oferece aulas de Percepo Musical e
Instrumento, capacitando os alunos para apresentaes em pblico, concursos e exames
vestibulares.
Manuela Ribeiro Barbosa, aluna de fagote do curso de Bacharelado em Msica na ESMU e ex-
aluna dos cursos de Musicalizao Infantil e Bsico, declara:
A Musicalizao Infantil significou uma srie de vivncias nicas: trabalhar a msica em grupo, experimentar seu carter ldico, atuar em pblico, lidar com a crtica de maneira construtiva. O grande diferencial da musicalizao na infncia que ela proporciona tudo isso num momento em que no se racionaliza o aprendizado: a criana aprende mais. Ainda que a msica no seja uma opo para a carreira, esse aprendizado permanece.
O Curso de Musicalizao Infantil tem proporcionado aos professores significativa oportunidade
de pesquisa, para que desenvolvam metodologias que atendam s necessidades e expectativas de
nossos alunos. O livro Piano 1: arranjos e atividades, de Ana Consuelo Ramos e Gislene Marino,
foi escrito a partir de um trabalho das autoras como professoras de piano no Centro de
Musicalizao Infantil (CMI) da Escola de Msica da Universidade Federal de Minas Gerais que
consolidou-se na Escola de Msica da UEMG e
o resultado de estudos, pesquisas e o registro de nossas experincias em sala de aula. Tem a finalidade de suprir a carncia de repertrio de piano com arranjos para dois e trs alunos iniciantes e de atividades escritas que auxiliem na assimilao e fixao dos conceitos vivenciados ao piano. (MARINO e RAMOS, 2001, p. xiii)
O Curso tem sido utilizado como laboratrio e referncia para produo acadmica de professores.
Podemos citar a monografia da professora Snia Assis Construo e aplicao de instrumentos
alternativos no processo de musicalizao que mostra o resgate da cultura brasileira atravs da
construo de instrumentos de origem africana e indgena e sua experimentao nas turmas de
Musicalizao Infantil.
De acordo com a professora Flvia Botelho, mestra em piano pela UFRJ, as aulas de piano em
grupo tm contribudo com sua experincia docente, no que tange busca de novas estratgias para
o ensino instrumental.
O Estgio Supervisionado no Curso de Musicalizao Infantil
O Estgio Supervisionado no Curso de Musicalizao Infantil da ESMU tem sido de relevante
importncia na formao profissional dos alunos dos cursos de graduao. Oferece duas disciplinas
obrigatrias Musicalizao e Flauta Doce ou Piano em Grupo e at duas disciplinas optativas,
dentre outras aulas de Instrumento ou Coral. Os estagirios so selecionados atravs de entrevista e
anlise de currculo. A prioridade atender os candidatos que apresentam pouca ou nenhuma
experincia didtica e aqueles que j atuam como professores e necessitam de outras referncias
pedaggicas. Eles tm participao direta nas aulas, desde que orientados pelo professor, que pode
solicitar a colaborao nos trabalhos em classe ou mesmo a conduo de uma aula, com prvia
preparao do roteiro de atividades. Os estagirios esto numa posio privilegiada por terem
dupla atuao: participam como aprendizes de novas metodologias e como mais um aluno do
grupo, assimilando os contedos de maneira ldica. Ao presenciarem o processo de aprendizagem,
eles detectam, tambm, as nuances da relao professor-aluno, as estratgias para o envolvimento
das crianas e as diferentes respostas obtidas. As turmas so acompanhadas durante todo o ano
letivo, para que os estagirios possam assimilar as etapas do processo de musicalizao. O estgio
no remunerado; contudo, a Escola de Msica fornece o certificado com o nmero de horas/aula
assistidas.
Acreditamos que professores e educadores no percurso de sua formao acadmica devem ter
espao para a experimentao e o exerccio dos conhecimentos adquiridos atravs da prtica
orientada.
A prtica como eixo do currculo da formao do professor deve permitir e provocar o desenvolvimento das capacidades e competncias implcitas no conhecimento-na-ao, prprio desta atividade profissional; (...) Todas essas capacidades, conhecimentos e atitudes no dependem da assimilao do conhecimento acadmico, mas sim da mobilizao de um outro tipo de conhecimento produzido em dilogo com a situao real. (SANTOS, 2001)
As contribuies do Estgio Supervisionado podem ser comprovadas nas declaraes dos prprios
estagirios em questionrios de avaliao. Os alunos reconhecem o valor dessa oportunidade e
afirmam ter real aproveitamento na aplicabilidade dos procedimentos pedaggicos vivenciados.
A Escola de Msica da UEMG tem pleno interesse na continuidade e ampliao dessa iniciativa
para que se torne fonte de pesquisa cientfica e integrao de seus alunos na comunidade,
fortalecendo o perfil que a instituio tem construdo no meio acadmico.
Referncias bibliogrficas
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processo de musicalizao. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2000. 42 p.
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EDUCAO MUSICAL NA EDUCAO INFANTIL: EDUCAO A DISTNCIA
E FORMAO CONTINUADA PARA PROFESSORES
Ana Valria de Figueiredo
Stella Maria Peixoto de Azevedo Pedrosa
Resumo. Partindo das necessidades da Educao Musical na Educao Infantil, as autoras propem o desenvolvimento de um curso para a formao continuada de professores em no ambiente da Educao a distncia. O curso em projeto destina-se, prioritariamente, a professores que atuem na rea da Educao Musical e/ou Educao Infantil. Esta opo deve-se importncia de uma estruturao que privilegie o trabalho em equipe e a fundamentao interdisciplinar que norteiam o projeto. Iniciam apresentando resumidamente a importncia da Educao Musical. Em seguida discorrem sobre a formao do professor. Partindo de suas observaes iniciais, as autoras indicam algumas das necessidades na formao desses professores. Finalizam discorrendo sobre as etapas mnimas necessrias para a estruturao do curso e sobre a importncia de que a proposta contemple a relao teoria - prtica, prtica - teoria.
A Educao Musical hoje, mais do que nunca, considerada um importante caminho
para o desenvolvimento integral da personalidade humana. H na natureza humana, aptides
que esto espera de desenvolvimento. Musicalizar , dentro dessa perspectiva do
desenvolvimento humano, despertar a expresso espontnea e as potencialidades latentes para
que sejam plenamente vivenciadas conscientemente.
As pessoas precisam de msica. E gostam. O som, o ritmo, a melodia fazem parte de
sua vida. Envolvem-nas como o ar. a vida.
Ouvir muito e cantar msica de todos os tipos, gneros, formas e estilos; tornar-se
familiar msica uma das primeiras recomendaes para se gostar e entender de msica.
Praticando msica atravs do estudo do som, h oportunidades para conhecer, comparar,
dialogar, participar da linguagem musical em suas mais variadas formas de expresso, no
tempo e no espao.
Os aspectos acima apontados tornam-se bastante relevantes quando pensados na
perspectiva da formao esttica e musical das crianas na pr-escola.
Imersas nos produtos da Indstria Cultural1, as crianas esto expostas toda sorte
de frmulas musicais padronizadas e mercantilizadas. As louras e seus auditrios, veiculados
principalmente pela televiso, se encarregam de promover e vender a uniformizao como
1 Segundo Rocha (1995:33), Indstria Cultural, no seu sentido amplo, designam as produes simblicas que circulam na Sociedade Industrial e so veiculadas pelos Meios de Comunicao de Massa.
produto de qualidade duvidosa, a nosso ver , mas que simbolicamente trabalhado para
atender aos desejos infantis.
Nesse trabalho em classes de Educao Infantil, percebemos que ao sugerir
brincadeiras e canes ligadas ao folclore brasileiro, muitas crianas no conhecem como se
brinca e no sabem cant-las. Observamos tambm que quando os movimentos da dana
incluem um rebolar - tradicionalmente um inocente movimento de quadris - as crianas
imitam imediatamente os movimentos coleantes das danarinas de alguns grupos de msica
baiana mostrados exausto nos programas dominicais da tev.
A Formao do Professor
Acreditamos que um trabalho de qualidade na educao musical infantil s pode ser
realizado por profissionais terica e metodologicamente preparados para que possam
reconhecer em diferentes situaes as necessidades do desenvolvimento infantil. Um
professor na complexidade e na diversidade desse desenvolvimento, saiba, no seu cotidiano,
contribuir na promoo e ampliao das experincias das crianas, favorecendo um espao de
construo interativa do conhecimento.
Desse modo, iniciamos um trabalho de investigao da ao docente como elemento
desconstrutor e, conseqentemente, construtor de um novo paradigma esttico-musical a
partir das classes iniciais. Para isso necessrio que o professor desenvolva competncias, ou
seja, que mobilize os recursos necessrios para uma determinada ao (Perrenoud, 2001).
Como exemplo: a partir de um trabalho de canto em conjunto e de audio de boas
gravaes de canes no s folclricas, como tambm clssicas e populares, desmobilizar
pr-conceitos musicais que as crianas demonstram, passando a construir um novo repertrio
juntamente com aquele trazido pela criana.
Neste sentido foi positivo o trabalho realizado por uma das autoras. Partindo de uma
pesquisa de repertrio com as crianas em suas famlias e cruzando as informaes trazidas
pelas crianas com o repertrio antecipadamente preparado por ela, construram juntas um
novo repertrio. A importncia de se ter um repertrio preparado a de se pensar numa
organizao prvia para ser trabalhada em paralelo com as canes recolhidas.
A necessidade de instrumentalizar o professor com repertrio adequado ao trabalho na
Educao Infantil vem ao encontro da necessidade de uma maior reflexo sobre os produtos
veiculados pelos meios de comunicao.
Cabe ao professor optar por novas oportunidades de aperfeioamento, de acordo com
seus interesses e demandas (Kenski, 1998). A formao continuada de professores como
investimento na direo da melhoria do ensino indicada, entre outros, por Schn (1992) e
Nvoa (1992).
Nossa proposta
Ao verificarmos a carncia de oportunidades de formao continuada para professores
na Educao Musical, em particular dos que atuam na Educao Infantil, decidimo-nos por
desenvolver uma pesquisa com o objetivo de estruturar um curso voltado s necessidades
mais prementes na rea.
Considerando a fundamental e permanente necessidade de formao do professor, a
viabilizao de um curso a distncia apresenta a possibilidade de atingirmos os mais distantes
pontos do pas alm de flexibilizarmos o horrio dedicado ao estudo. Alm disso, possvel o
confronto das novas informaes com a prtica educativa, bem como favorecer a
oportunidade dos professores perceberem que eles prprios so possuidores de conhecimentos
que podem contribuir para a compreenso e aperfeioamento do processo educativo (Pedrosa,
2001)
Tambm partimos da necessidade de que a prtica de formao e a prtica que se
pretende implantar em sala de aula sejam coerentes (Kramer, 1989). Da considerarmos de
grande importncia uma investigao junto ao professor para detectar como ele se sente
fazendo o que faz, quais os modos como se relaciona com a criana etc.
Com esse objetivo estamos estruturando um curso a distncia para professores que
atuam com Educao Musical e/ou Educao Infantil que lhes permita aprimorar o
desempenho de suas atividades.
O curso em projeto destina-se, prioritariamente, a professores que atuem na rea da
Educao Musical e/ou Educao Infantil. Esta opo deve-se importncia de uma
estruturao que privilegie o trabalho em equipe e a fundamentao interdisciplinar que
norteiam nosso projeto.
Nossas primeiras observaes indicam a necessidade de:
Oportunizar ao professor a elaborao de um repertrio prvio para a gradao das
dificuldades musicais e que tenha funo de parmetro pesquisa realizada com as
crianas;
Propor ao professor da Educao Infantil das classes de pr-escolar reflexes sobre as
produes musicais atuais, principalmente aquelas que se dirigem s crianas;
Fundamentar tcnicas de pesquisa para que o prprio professor pesquise junto s crianas;
Repertoriar canes folclricas e populares para serem trabalhadas e pensadas junto com
as crianas;
Subsidiar na escolha dos suportes musicais que favoream a integrao das atividades
musicais a necessidades especficas. Por exemplo: entonao meldica - fala. Marcao
rtmica - psicomotricidade. Canto - percepo do prprio corpo;
Discutir atitudes do professor que favorecem ou inibem a criao de um clima afetivo.
As etapas na estruturao do curso
A partir de nossas observaes e tendo em vista nosso objetivo de fundamentao e
atualizao terica para o professor consideramos bsica a realizao de uma pesquisa
bibliogrfica para o levantamento das obras fundamentais e das mais recentes na rea da
Educao Musical e/ou Educao Infantil.
Tambm consideramos o envio de questionrios a professores dos diversos estados do
Brasil, pois permitem identificar as necessidades e os anseios dos professores. Nos
questionrios, em desenvolvimento, constaro tanto perguntas fechadas como abertas.
Nosso propsito principal , desde o instante de concepo do curso, romper com o
monlogo, valorizar a reflexo, a partilha de experincias, estabelecer um vnculo com o
coletivo. Ouvir experincias, falar sobre elas e interpret-las fundamental no apenas para a
estruturao do curso, mas em todo o seu desenvolvimento. Nossa proposta manter um
espao de dilogo - atravs de uma lista de discusso - antes, durante e posteriormente ao
curso, visando o aprimoramento constante do professor e do prprio curso.
Tambm est sendo estruturado um questionrio a ser enviado a coordenadores
atuantes na rea da Educao Infantil. O objetivo desse questionrio acompanhar uma
avaliao externa das necessidades de formao desses professores.
A partir da anlise dos dados recolhidos, caso julguemos necessrio, organizaremos
grupos focais com professores que atuem na Educao Musical e/ou Educao Infantil com o
objetivo de aprofundarmos os estudos referentes estruturao terico-prtica do curso.
O material coletado ser o eixo norteador dos temas a serem desenvolvidos e
debatidos no curso, da estruturao do material didtico e, tambm, da definio dos recursos
a serem utilizados.
Observaes finais
A possibilidade da educao a distncia permitir que um sem-nmero de professores
possam sintonizar-se com as orientaes mais contemporneas da Educa