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Capítulo 5
Período Entreguerras: regimes autoritários e totalitários 2
Capítulo 6
Brasil: República Nova 20
Capítulo 7
Segunda Guerra Mundial 36
Capítulo 8
O mundo após a Segunda Guerra Mundial 54
Volume 2
capí
tulo Período
Entreguerras: regimes autoritários e totalitários
5
A crise do liberalismo
Governos totalitários
Fascismo
Nazismo
Governos autoritários
Salazarismo
Guerra Civil Espanhola
o que vocêvai conhecer?
CELEBRAÇÃO. 1918. 1 fotografia, p&b. Biblioteca da Filadélfia, Filadélfia.
Celebração do Armistício na Filadélfia, em 11 de novembro de 1918
A Primeira Guerra Mundial – conhecida à época como
Grande Guerra – se estendeu muito mais do que os seis me-
ses previstos por seus idealizadores. Foram quatro anos de
horror arrastados por trincheiras enlameadas, uso de gás e
muitas mortes. Em 11 de novembro de 1918, a assinatura do
armistício marcava não somente o término dos combates,
mas supunha-se que seria um ponto-final para todas as guer-
ras. No final do conflito, a Europa estava devastada, e os
Estados Unidos se tornaram uma potência.
Como os Estados Unidos se beneficiaram com a Grande
Guerra?
©PA Collection/Alamy /Fotoarena
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História
Analisar a situação econômica da Europa após o fim da Grande Guerra.
Relacionar as determinações dos acordos assinados ao final da Grande Guerra à situação econômica da Alemanha.
Identificar as consequências da Crise de 1929, ocorrida nos Estados Unidos, no con-texto econômico e político europeu.
Conhecer as principais características dos partidos políticos e dos líderes que surgi-ram na Europa no Período Entreguerras.
Compreender as particularidades dos governos fascistas e dos regimes autori-tários reconhecendo seus objetivos.
Analisar a conjuntura em que ocorreu a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).
objetivos do capítulo
A crise do liberalismo
Belle Époque, que re-
presentava a consolidação de um “modo de vida burguês”, marcado pela tranquilidade, pela
prosperidade e pelo bem-estar vividos pela burguesia europeia. Esse período também se
caracterizou pelo desenvolvimento industrial e tecnológico, associado a mudanças de com-
portamentos e de pensamentos. Como a economia dos países europeus prosperou, houve
maior oferta de empregos, o que contribuiu para melhorar a qualidade de vida da população.
Foi um período de relativa paz e crescimento econômico.
Entretanto, foi justamente esse crescimento conjugado ao progresso técnico-científico
da Segunda Revolução Industrial que promoveu a concorrência entre os povos, estimulou
o imperialismo e estabeleceu um clima de instabilidade entre as principais potências euro-
peias. Por isso, já no final da primeira década do século XX, o período de paz chegou ao fim
ocorrendo a eclosão da Grande Guerra em 1914.
Ao término desse conflito, em 1918, o panorama mundial era desolador, principalmen-
te na Europa: perda de muitas vidas, desestruturação das famílias, grave crise econômica e
grandes áreas completamente devastadas.
Um número considerável da população masculina em
idade economicamente ativa havia morrido nos campos de
batalha. Grande parte da população civil também tinha sido
bastante afetada pelos confrontos bélicos e pelas doenças
epidêmicas que se alastraram. Isso tudo causou falta de mão
de obra e provocou a diminuição do número de consumidores.
Para os países derrotados, a situação era mais proble-
mática, pois, além das consequências acima citadas, ainda
tinham de se reorganizar diante da diminuição territorial e
da imposição do pagamento de pesadas indenizações. Em
alguns países, os governos recém-empossados não conse-
guiram controlar tais efeitos. Prisioneiros alemães caminhando
em frente às casas destruídas no final da Grande Guerra
©Shutterstock/Everett Historical
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As despesas públicas aumentaram com os novos gastos: as-
sistência às famílias desamparadas, indenizações aos inválidos
e reconstrução de diversos edifícios públicos destruídos. Não
havia dinheiro para suprir todas essas necessidades. A situação
obrigou muitos países europeus a emitir uma grande quantida-
de de papel moeda, o que provocou a disparada da inflação e,
consequentemente, o agravamento da crise financeira.
A Europa passou a viver um clima de incertezas que con-
trastava com todo o otimismo predominante no período an-
terior à Grande Guerra. O desemprego, a fome e o medo do
futuro assustavam a todos, contexto que ficou evidente em
cartazes produzidos após o fim do conflito que apresentavam
dizeres como “soldados de ontem, desempregados de hoje”.Cartaz do Partido Trabalhista Britânico, 1923
Governos totalitários
A situação vivenciada pela Europa, especialmente durante a década de 1920, gerou a
descrença no sistema liberal democrático e favoreceu o surgimento de partidos ultranacio-
nalistas. Na Itália e na Alemanha, eles assumiram o poder e instalaram regimes totalitários
que prometiam a recuperação econômica e o restabelecimento da dignidade perdida com os
conflitos e a destruição na Grande Guerra.
Um governo autoritário é todo aquele que se diz antidemocrático. Incluídos nesse conceito
estão os governos totalitários, que têm esse nome por expressar características próprias.
Um regime totalitário consiste numa forma de governo onde o líder político controla
todo o funcionamento do Estado, bem como as leis, as punições, os impostos, etc. As de-
cisões ficam centralizadas no Poder Executivo. A liberdade de expressão e de opinião são
reduzidas, a imprensa é censurada e só é permitida a existência de um partido político. Toda
oposição ao regime é proibida e eliminada com violência e repressão.
Na Europa, o cenário de crise das décadas de 1920 e 1930 suscitou a instauração de go-
vernos totalitários na Itália, na União Soviética e na Alemanha. Nesses três países os gover-
nos se consolidaram com o auxílio da propaganda que mobilizava grandes massas em prol do
nacionalismo e das ideias dos partidos totalitários.
Dá-se o nome de Fascismo, ou Nazifascismo, ao fenômeno histórico específico ocorri-do no mundo europeu entre 1922 e 1945, o chamado período Entreguerras, caracterizado pela ascensão de regimes políticos totalitários que se opuseram, ao mesmo tempo, às de-mocracias liberais e ao regime comunista soviético (também este de caráter totalitário) e cuja repercussão atingiu numerosas nações que adotaram regimes semelhantes. Há certo consenso entre os pesquisadores de que este fenômeno tem muito a ver com a chamada so-ciedade de massas e de que ele deve ser situado espacialmente na Alemanha e na Itália. Essa definição espacial tem a vantagem de evitar que regimes apenas autoritários e ditatoriais situados em outras nações sejam nomeados erroneamente de fascistas.
SILVA, Kalina V.; SILVA, Maciel H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2013. p. 141.
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História
Marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.
a) ( ) Entre as causas da crise que aconteceu na Europa depois do final da Grande Guerra em 1918 estão a desestruturação das famílias e a perda de parte da população devido a doen-ças epidêmicas ou combates.
b) ( ) A situação vivenciada pela Europa, especialmente durante a década de 1920, fortaleceu o liberalismo.
c) ( ) Em um regime totalitário, o poder fica centralizado no Poder Executivo, que controla as leis e as punições.
d) ( ) A liberdade de expressão é cerceada em regimes totalitários, podendo ser reprimida com violência.
organizando a história
Fascismo
A Itália iniciou sua participação na Grande Guerra na Tríplice Aliança, porém, no final
estava do lado oposto, na Tríplice Entente. Embora fizesse parte dos vencedores, saiu en-
fraquecida e sua economia sofreu efeitos desastrosos. Para superar os danos causados pelo
conflito, a pequena burguesia e os ex-combatentes italianos passaram a sugerir a formação
de um governo forte, capaz de defender os interesses nacionais, investir na industrialização
e recuperar a economia.
A inflação, o desemprego, as invasões de terras e o endividamento externo anunciavam
uma grave crise econômica e social. Nesse contexto, o movimento operário ganhou força e,
em consequência, o número de adeptos dos partidos de esquerda aumentou.
A Monarquia italiana, governada pelo rei Vítor Emanuel III, era caracterizada pela fra-
queza de comando e pela instabilidade. O crescimento do Partido Socialista Italiano, das
organizações sindicais e, a partir de 1921, do Partido Comunista da Itália amedrontava os
integrantes da burguesia e da velha aristocracia dirigente. As su-
cessivas greves e as invasões de terras davam a impressão às elites
de que a Itália seguiria o exemplo da Rússia bolchevista.
Para restabelecer a ordem, salvaguardar a propriedade e ga-
rantir antigos privilégios, era necessário um governo forte, segun-
do a visão dos que se sentiam ameaçados. A possível solução para
isso surgiu com o jornalista e político Benito Mussolini. Em março
de 1919, ele fundou o Fasci Italiani di Combattimento (Grupos Ita-
lianos de Combate), grupo político com mais de 200 mil membros
conhecidos como Camisas Negras.
Mussolini buscou a palavra
“fascismo” na Roma Antiga.
Sua máxima era: “Acreditar,
obedecer, combater!” Os desfiles
espalhafatosos e os discursos
violentos de Mussolini, chamado
de duce (termo proveniente
de dux, que significa “chefe”
em latim), caracterizaram
esses tempos sombrios.
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Ilustração do fascio, antigo símbolo de autoridade usado no Império Romano. Era um feixe de varas em torno de um machado. Serviu de inspiração para a denominação “fascismo”, criada por Mussolini.
Os fascistas, como passaram a ser chamados os seguidores
de Mussolini, concorreram às eleições em 1919, mas não conse-
guiram muitos cargos. Contudo, à medida que crescia o apoio
ao socialismo, o número de seguidores do fascismo aumentava,
guiados pela promessa de esse movimento acabar com a crise de
qualquer maneira.
Em 1921, o Fasci Italiani di Combattimento se transformou no
Partido Nacional Fascista, contando com mais de 300 mil filiados.
Ganhou força alternando ações políticas com atos violentos contra
adversários de esquerda. Em 1922, os socialistas promoveram uma
greve geral na Itália. Os fascistas se colocaram contra a manifesta-
ção e organizaram um evento que ficou conhecido como Marcha
sobre Roma, na qual aproximadamente 40 mil pessoas participa-
ram, exigindo o fim das agitações sociais. Pressionado pela grande
dimensão que o movimento assumiu, o rei italiano Vítor Emanuel III
nomeou Benito Mussolini como primeiro-ministro de seu governo.
Dentre as reivindicações dos fascistas estava
a nomeação de seu líder, Benito Mussolini, para o governo de Vítor Emanuel III.
No começo de seu governo, Mussolini percebeu a importância de usar a propaganda a
favor do regime que estava implantando na Itália.
No final de 1924, Mussolini estava no governo havia pouco tempo e já podia aproveitar um instrumento que teria extraordinário impacto: o rádio [...]. A voz do Duce exercia um fascínio inegável, pois pela primeira vez um governante italiano podia falar diretamente ao povo e ter acesso a todos, incluindo os que não sabiam ler nem escrever. Não há dúvida de que essa presença constante e difusa do regime teve mais efeito do que todos os outros meios de propaganda [...].
PALLA, Marco. A Itália fascista. São Paulo: Ática, 1996. p. 68.
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Marcha sobre Roma em 30 de outubro de 1922
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Em 1922, Mussolini implantou o fascismo na Itália, regime político de extrema direita,
autoritário e expansionista. O nacionalismo exaltado e o militarismo também podem ser
considerados características do fascismo, que contou com o apoio da burguesia, pois esta
temia o socialismo.
Mussolini cerceou a liberdade de expressão, acabou com o pluripartidarismo e sobrepôs
os interesses coletivos aos individuais. Nas eleições parlamentares de 1924, os fascistas ob-
tiveram 65% dos votos. As alianças firmadas com as classes dominantes e amplos setores da
Igreja, as fraudes, o terror contra os adversários e o controle da imprensa garantiram esse
percentual elevado.
Em junho de 1924, o socialista Giacomo Matteotti foi assassinado, eliminando a principal lide-
rança de oposição a Mussolini. A sociedade italiana passou a vivenciar o fim dos partidos de opo-
sição, o fechamento de jornais, os espancamentos e as perseguições a políticos e a intelectuais.
Sob o regime fascista, houve uma intensa intervenção do Estado na economia. Por meio da
Carta del Lavoro (Carta do Trabalho), elaborada em 1927, os trabalhadores italianos tiveram
alguns direitos garantidos por lei. Entretanto, o documento também estabeleceu o chamado
corporativismo, que significava a subordinação da mão de obra ao Estado.
A Questão Romana
Desde a unificação da Itália, em 1871, havia uma disputa en-
tre a Igreja Católica e o Estado italiano pelas terras pontifícias
denominadas Patrimônio de São Pedro. Essa disputa ficou co-
nhecida por Questão Romana. Em 1929, Mussolini resolveu esse
problema assinando o Tratado de Latrão com o Papa Pio XI.
Esse tratado estabeleceu a criação do Estado do Vaticano,
tornando o catolicismo a religião oficial do Estado italiano e de-
terminou a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas. A
Igreja Católica recebeu, ainda, uma indenização pelos territórios
que havia perdido.
O Vaticano ocupa uma área
de 0,44 km² e é considerado
o menor Estado reconhecido
do mundo. Está incrustado
na cidade de Roma e abriga a
Basílica de São Pedro, os Museus
do Vaticano e várias outras
construções com finalidades
religiosas e administrativas.
Praça de São Pedro, no Vaticano
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Por meio da propaganda, os fascistas exaltaram as qualidades da nação cultivando nos ita-
lianos uma forte identidade nacionalista. Os meios de comunicação eram utilizados em favor
da propaganda oficial e toda a imprensa passou a ser controlada pelo governo para evitar a
oposição ao regime.
Nas escolas, o maior objetivo era despertar o nacionalismo, desenvolver a disciplina e pro-
mover a militarização da juventude. Desde pequenas, as crianças eram preparadas para a vida
esportiva e militar. O culto ao físico foi um dos valores transmitidos aos jovens pelo regime
fascista. Associar a figura do jovem forte, musculoso, vigoroso e saudável ao também jovem
Estado italiano foi uma estratégia da propaganda fascista para fortalecer a imagem do país.
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Pretensões imperialistas
Mussolini tinha claras pretensões imperialistas. Nesse
sentido, empenhou-se em conquistar territórios para ga-
rantir o equilíbrio econômico do país e sua perpetuação
no poder. O processo de conquista teve início em 1935,
quando invadiu a Etiópia, na África. Depois desse episódio,
forneceu ajuda ao general Francisco Franco na Guerra Civil
Espanhola e, em 1939, anexou a Albânia.
Nesse mesmo ano, Mussolini e Hitler estabeleceram o
Pacto de Aço, um acordo que levou os dois países a lutar
juntos na Segunda Guerra Mundial.
O Pacto de Aço tinha o nome
oficial de Pacto de Amizade entre
Alemanha e Itália. Era uma aliança
que previa ajuda militar mútua
em caso de ameaças feitas por
outras nações e a colaboração
para a produção de armamentos.
Além disso, determinava que nem
o governo italiano nem o alemão
podiam firmar acordos de paz com
nações inimigas sem o conhecimento
e a aprovação do outro.
Adolf Hitler e Benito Mussolini em um ato cerimonial público
Para compreender o contexto da organização do fascismo italiano, é importante identificar alguns acon-tecimentos cujo protagonista foi Benito Mussolini. Para isso, relacione as colunas a seguir.
( 1 ) Marcha sobre Roma
( 2 ) Carta del Lavoro
( 3 ) Questão Romana
( 4 ) Tratado de Latrão
( 5 ) Pacto de Aço
a) ( ) Foi a disputa entre a Igreja Católica e o Estado italiano pelas terras pontifícias denomina-das Patrimônio de São Pedro.
b) ( ) Definiu uma aliança que previa ajuda mútua entre Itália e Alemanha em caso de ameaças
feitas por outras nações, além da colaboração para a produção de armamentos.
c) ( ) Foi realizada por membros do Partido Nacional Fascista para demonstrar força e apoio popular à ideia de Mussolini como primeiro-ministro.
d) ( ) Estabeleceu a criação do Estado do Vaticano, tornou o catolicismo a religião oficial e de-terminou a obrigatoriedade do ensino religioso.
e) ( ) Estabeleceu os direitos dos trabalhadores italianos e a subordinação deles ao Estado.
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História
Nazismo
Após a derrota na Grande Guerra, a Alemanha buscou
reorganizar sua política e sua economia. Em 1919, foi procla-
mada a República Federal Alemã, também conhecida como
República de Weimar. Os primeiros anos desse novo regime
foram marcados por inúmeras dificuldades, principalmente
econômicas, em razão da indenização imposta pelos países
vencedores à Alemanha, que estava arruinada pela guerra.
O processo de democratização instalado pela República de Weimar não garantiu a esta-
bilidade social e econômica no país, pois a crise política crescia em meio à falência financeira.
A hiperinflação ocorrida em 1923 desnorteou a todos. Em janeiro daquele ano, um dólar
valia 22 mil marcos; no fim de abril, 40 mil marcos; em fins de agosto, um milhão; em 1º. de
novembro, um bilhão de marcos.
Concomitantemente à crise eco-
nômica, as condições impostas pelo
Tratado de Versalhes geravam gran-
de insatisfação entre os alemães, fato
que contribuiu para o surgimento de
grupos políticos fortemente nacio-
nalistas que rejeitavam a democracia
liberal. A democracia, defendida pela
Inglaterra e pela França, consideradas
inimigas da Alemanha, bem como o
socialismo, apoiado pelos russos, não
tinham maioria na Alemanha. Assim,
as condições que possibilitaram a as-
censão de Hitler ao poder na Alema-
nha foram semelhantes àquelas que
fizeram de Benito Mussolini o primei-
ro-ministro da Itália.
Weimar é uma cidade do estado de
Turíngia, no centro da Alemanha.
Lá foi proclamada a nova república
alemã e estabelecida a Assembleia
Nacional Constituinte, responsável
por elaborar uma Constituição para
a Alemanha, em 1919. A República
de Weimar durou até 1933.
DESVALORIZAÇÃO do marco alemão.[ca. 1919]. 1 fotografia, p&b. Berlim.
Crianças brincando com notas que perderam o valor por causa da inflação
interpretando documentos
[...] Nas ruas, casais puxando carroças ou transportando baldes cheios de cédulas se cru-zavam a todo o momento: uns iam ao banco para depositar o seu dinheiro, outros acabavam de retirá-lo. Mal os salários tinham sido pagos e já todo mundo se precipitava na direção das lojas para comprar o que comer. Com a massa de cédulas correspondentes a uma semana de mais de cinquenta horas de trabalho e carregadas em imensos cestos de roupa, obtinha-se comida para dois ou três dias!
RICHARD, Lionel. A República de Weimar (1919-1933). São Paulo: Companhia das Letras/Círculo do Livro, 1988. p. 96.
©Albert Harlingue/Roger Viollet/Getty Images
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De acordo com o trecho apresentado e seus estudos, estabeleça a relação entre o Trata-
do de Versalhes e a situação econômica da Alemanha no início da década de 1920.
Ascensão do Partido Nazista
Em meio à crise econômica, o desemprego cresceu
assustadoramente, assim como a miséria e a radicaliza-
ção política. Foi nesse cenário que surgiu um dos perso-
nagens mais controversos do século XX: Adolf Hitler, um
ex-integrante do exército alemão, ferido durante a Grande
Guerra.
Em 1919, Hitler ingressou no Partido dos Trabalhado-
res Alemães. Em 1920, esse partido passou a se chamar
Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Ale-
mães, mais conhecido como Partido Nazista. Em pouco
tempo, graças aos seus dotes oratórios, Hitler chegou à
liderança do partido. Os nazistas tentaram tomar o poder
pela força na cidade de Munique, em 1923, mas fracas-
saram. Dezesseis militantes morreram e os líderes foram
presos; Hitler foi condenado a cinco anos de prisão, mas
anistiado nove meses depois.
No período em que ficou preso, Hitler escreveu o livro
Mein Kampf (Minha luta), no qual expôs suas ideias políti-
cas e suas teorias racistas e belicistas.
No final da década de 1920, os nazistas já demonstra-
vam grande força e expressividade política por toda a Ale-
manha. Algumas situações foram determinantes para isso,
entre as quais estão:
os efeitos da Crise de 1929, ocorrida nos Estados Unidos, sobre a Alemanha (falências,
desemprego e miséria);
o medo das elites diante do socialismo que avançava na União Soviética e servia como
exemplo para os trabalhadores empobrecidos;
o desejo da classe média de pôr fim às agitações, promovendo a estabilidade social;
o apoio de industriais e banqueiros às ideias nazistas;
a utilização de organizações paramilitares (a SA – Tropas de Assalto – e a SS – Tropas de
Proteção) que reprimiam inimigos políticos e cuidavam da segurança dos membros do
Partido Nazista;
o carisma de Hitler e a propaganda bem estruturada de seus ideais.
Adolf Hitler, nascido em abril de 1889, em Braunau, cidade do Império Austro- -Húngaro. Quando adulto, tornou-se
um artista frustrado e enfrentou dificuldades financeiras. No pós-Guerra,
em Viena, entrou em contato com uma literatura nacionalista e racista.
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História
Com habilidade, os
nazistas souberam usar
o rádio e o cinema como
instrumentos de propa-
ganda. Diversos filmes
produzidos por diretores a
serviço do nazismo exalta-
vam a figura do Führer (lí-
der) e da nova Alemanha,
chamada Terceiro Reich (o
Terceiro Império).
Nas eleições de 1932,
Hitler candidatou-se ao
cargo de presidente da
República e obteve 37%
dos votos, perdendo
para o marechal Paul von
Hindenburg. Apesar da derrota na presidência, o Partido Nazista conquistou 230 cadeiras
para o parlamento (em 1928, ocuparam apenas 14). Após essa demonstração de apoio aos
nazistas, o presidente alemão Hindenburg ofereceu a Hitler a chancelaria, cargo seme-
lhante ao de primeiro-ministro. O novo chanceler assumiu o cargo no dia 30 de janeiro de
1933. Um ano depois, Hindenburg morreu e Hitler centralizou o poder.
Na prática, a ascensão de Hitler colocou fim à República de Weimar. O Partido Nazista
difundiu propagandas que atacavam seus opositores e os grupos que desejava eliminar. Ti-
rou proveito do enfraquecimento dos partidos de esquerda e dos temores da classe média
e, paulatinamente, implantou um regime ditatorial que contava com o respaldo das tropas
paramilitares. Para aumentar o apoio à ideologia nazista e difundir o temor ao socialismo,
Hitler atribuiu o incêndio do Reichstag, o Parlamento alemão, em fevereiro de 1933, aos
socialistas.
Várias outras ações e acontecimentos fortaleceram o nazismo na Alemanha no período
entre 1934 e 1939:
Os jovens e as crianças eram
“convidados” a ingressar na
Juventude Hitleriana, pois
Hitler desejava que as novas
gerações estivessem forte-
mente engajadas no projeto
que pretendia fazer com que
o Terceiro Reich durasse mil
anos.
A cidade alemã de Nuremberg tornou-se o centro das manifestações do Partido Nazista.
GRUPO de garotos da Juventude Hitleriana. 1939. 1 fotografia, p&b.
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Pressionado pelo exército, pelos industriais e por
suas próprias preocupações em relação à autonomia
da organização, Hitler utilizou a SS para prender e
executar líderes da SA. O episódio ocorreu na noite
de 30 de junho de 1934 e ficou conhecido como a
Noite dos Longos Punhais.
A Gestapo (polícia secreta alemã) passou a ser sis-
tematicamente utilizada para a eliminação dos ad-
versários do regime nazista.
Em 1935, foi restabelecido o serviço militar
obrigatório e foram impostas as Leis de Nuremberg,
as primeiras que discriminavam os judeus, tornando
claro o antissemitismo nazista.
Em 1936, Hitler remilitarizou a Renânia, violando o
Tratado de Versalhes.
Em 1938, anexou a Áustria à Alemanha, evento que
ficou conhecido como Anschluss.
Ainda em 1938, na noite de 9 para 10 de novembro, sinagogas foram saqueadas, lojas
de judeus foram atacadas e 36 judeus foram assassinados em Berlim. Com a destruição
das vitrines das lojas, os vidros ficaram espalhados pelas calçadas, fato que nomeou o
acontecimento como Noite dos Cristais.
Em 1939, grande parte dos alemães apoiava o regime nazista. A construção de grandes
-
prego no país. Observe o gráfico a seguir, que demonstra a evolução das taxas de desempre-
go, na Alemanha, desde 1928, evidenciando a queda no índice entre os anos de 1934 e 1939.
Fonte: ATLAS historique. Paris: Perrin, 1987.
É importante salientar que parte da melhora na economia foi fruto de confiscos de bens
dos grupos considerados indesejáveis no território alemão (especialmente judeus) e da re-
pressão aos movimentos reivindicatórios por melhores salários.
©Photo 12/Universal Images Group via Getty Images
VIDRAÇAS quebradas.1938. 1 fotografia, p&b. Berlim.
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História
Hitler utilizou os Jogos Olímpicos de 1936, em Munique, para exibir a pujança e a recupe-
ração econômica da Alemanha. Para tanto, construiu estádios e treinou atletas que estariam
aptos a ganhar medalhas de ouro em todas as categorias esportivas. Apesar dos planos de
Hitler, o atleta estadunidense Jesse Owens ganhou quatro medalhas de ouro no atletismo
(100 e 200 metros rasos, revezamento 4×100 metros e salto em distância). Revoltado com as vi-
tórias de um atleta negro sobre seus atletas alemães, Hitler retirou-se do estádio em protesto.
Governos autoritários
No mesmo período em que o fascismo e o nazismo eram organizados e implantados res-
pectivamente na Itália e na Alemanha, governos autoritários de direita eram estabelecidos
em outros países europeus, como Portugal e Espanha.
Os governos de caráter autoritário na Europa receberam foco porque propunham uma
resposta aos problemas do pós-Guerra: crise econômica, desemprego, inflação, entre ou-
tros. Esses governos concentraram o poder, mas não eliminaram por completo a oposição e
não controlaram totalmente os meios de comunicação.
Não houve o culto ao líder, como visto nos casos totalitários. A mobilização social tam-
bém era limitada: no totalitarismo, por exemplo, o sistema estava presente em todas as ins-
tâncias da vida das pessoas, do esporte à religião; isso não ocorreu nos países com sistemas
autoritários.
Outra diferença impactante entre os governos totalitários e autoritários do período é
que, no segundo caso, apesar de defenderem uma ação anticomunista e determinados pre-
conceitos de classe, não tinham um programa ideológico definido, como houve nos países
com sistema totalitário.
Jesse Owens ganhou a medalha de ouro e o atleta alemão, Lutz Long, ficou com a de prata. Os espectadores alemães no estádio, que formavam a maior parte dos presentes, vaiaram o momento em que o hino estadunidense era executado e o atleta negro recebia a medalha.
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Salazarismo
Em Portugal, uma grave crise econômica, social e
política resultou, em 1910, na abolição da Monarquia.
A mudança da forma de governo para uma república
não solucionou os problemas, pois os primeiros anos
foram marcados por governos bastante instáveis e
ineptos para grandes reformas econômicas.
Em 1926, um golpe colocou no poder militares
conservadores, com ideias autoritárias que pregavam
as tradições do passado para recuperar os valores e a
identidade de seu povo. Eles resistiam ao liberalismo
individual e ao socialismo. Instalou-se, então, o chama-
do Estado Novo, cujo líder foi o professor e economis-
ta Antônio de Oliveira Salazar.
O governo de Salazar foi marcado pela implanta-
ção de políticas econômicas que favoreciam a burgue-
sia, pela perseguição aos grupos de esquerda, pela
existência de um único partido político, a União Nacio-
nal, e pela elaboração de uma nova Constituição.
Salazar implantou medidas restritivas à liberdade de expressão e de associação; estabe-
leceu a censura à imprensa e a proibição da realização de greves, além de criar uma polícia
política, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Pide).
Seguindo o modelo da Juventu-
de Hitleriana, o governo de Salazar
criou, em 1938, a Mocidade Portu-
guesa, com o objetivo de promover
uma formação militar e desenvolver
a capacidade física, o caráter, a disci-
plina e o respeito aos valores cívicos
de crianças e jovens portugueses,
tanto meninos quanto meninas.
Portugal se manteve sob o Esta-
do Novo até 1974, embora Salazar
tenha se afastado da presidência em
1968, em virtude de problemas de
saúde. Marcelo Caetano comandou o
país até a eclosão do movimento de-
nominado Revolução dos Cravos, que
marcou o fim do salazarismo.
ANTÔNIO de Oliveira Salazar. 1940. 1 fotografia, p&b.
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Mocidade Portuguesa
14
História
Analise as afirmações a seguir sobre o governo salazarista em Portugal (1926-1974).
I. Foi marcado por características como a implantação de políticas econômicas que favoreciam a burguesia, a perseguição aos grupos de esquerda, a existência de um único partido político e a elaboração de uma nova Constituição.
II. Criou o Estado do Vaticano, tornou o catolicismo a religião oficial do Estado português e deter-minou a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas. A Igreja Católica ainda recebeu uma indenização de Portugal.
III. Implantou medidas restritivas à liberdade de expressão e de associação. Estabeleceu a censura à imprensa e a proibição da realização de greves, além de criar uma polícia política, a Polícia Internacional e de Defesa do Estado (Pide).
Sobre essas afirmações, é possível dizer:
a) Todas estão corretas.
b) Somente a afirmação I está correta.
c) As afirmações I e II estão corretas.
d) Somente a afirmação II está incorreta.
e) Não há afirmações corretas.
organizando a história
Guerra Civil Espanhola
Nas primeiras décadas do século XX, a Espanha era um país agrário, em que predomina-
vam latifúndios improdutivos. O setor industrial caracterizava-se pelo atraso tecnológico. Com
relação à população, havia alta taxa de analfabetismo e fortes vínculos com a Igreja Católica.
Na política, prevaleciam governos que não apresentavam compromisso com as necessida-
des e as aspirações da população, sobretudo com os menos afortunados. Diante desse quadro,
a classe operária, partidária de ideologias revolucionárias, passou a promover ações que tinham
como objetivos a melhoria das condições de vida da população e a modernização da Espanha.
Em 1931, durante uma profunda crise econômica, social e política, o rei Afonso XIII foi
deposto e a República foi proclamada. A mudança não provocou melhorias significativas,
fato que levou diversos grupos políticos a lutar pelo poder.
Nas eleições parlamentares de 1936, os partidos de esquerda formaram a coalizão cha-
mada de Frente Popular e lançaram Manuel Azaña como candidato a primeiro-ministro. Já
os nacionalistas, apoiados por conservadores, latifundiários, amplos setores da burguesia,
da Igreja Católica e boa parte do exército, escolheram o general Francisco Franco como can-
didato. Manuel Azaña foi o vitorioso e anunciou várias medidas, como a reforma agrária e
melhorias nas condições de trabalho e de vida para os trabalhadores rurais e urbanos. Os
nacionalistas, refutando a vitória da Frente Popular nas urnas, deram início a uma guerra civil.
O conflito ficou conhecido como Guerra Civil Espanhola e se arrastou de 1936 a 1939.
A Guerra Civil Espanhola causou a destruição de cidades inteiras e milhares
de mortes. De um lado, os republicanos (partidários da Frente Popular), que ha-
viam democraticamente conquistado o poder; de outro, os que se autodenominaram
15
nacionalistas, apoiados pelos que se opunham às mudanças que estavam sendo efetuadas
pelo governo de Manuel Azaña, tais como a reforma agrária, o ensino laico, o confisco de
bens da Igreja Católica e a implementação de uma legislação social avançada. A liderança dos
exércitos nacionalistas ficou sob responsabilidade do general Francisco Franco.
A participação de outros países no conflito tornou-o ainda mais destrutivo e mortal
para os espanhóis. A Alemanha de Hitler e a Itália de Mussolini forneceram armas, homens
e aviões a Francisco Franco. A Frente Popular contou com o auxílio da União Soviética, da
França e das Brigadas Internacionais, formadas por voluntários de diversos países, inclusive
do Brasil.
O conflito terminou em 1939 com a vitória dos nacionalistas. Francisco Franco assumiu o
poder e realizou um governo marcado pelo anticomunismo, pela repressão à oposição polí-
tica e pela existência de um partido único: a Falange Espanhola.
Simpatizantes da causa socialista embarcam para lutar contra as tropas de Francisco Franco. No vagão, é possível ler a mensagem: “UHP (Union de
Hermanos Proletarios) jura sobre estas letras, irmãos, antes morrer que consentir tirano no poder”
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CAPA, Robert. Soldados republicanos partindo de Barcelona para o front de Aragon. 1936.1 fotografia, p&b. Barcelona.
A Guerra Civil Espanhola deixou aproximadamente 1 milhão de mortos e 2 milhões de fe-
ridos. É importante salientar que Hitler e Mussolini testaram a eficiência de seus armamen-
tos nesse conflito, provavelmente pensando em uma guerra de proporções muito maiores.
Observe a imagem do quadro Guernica, do pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973).
A obra simboliza a destruição da cidade basca de Guernica durante a Guerra Civil Espanhola,
no dia 26 de abril de 1937, pela Força Aérea da Alemanha, que estava a serviço de Franco.
Depois, leia a citação de Pablo Picasso sobre a produção da arte em tempos de conflito
e destruição.
interpretando documentos
16
História
PICASSO, Pablo. Guernica. 1937. 1 óleo sobre tela, color., 349,3 cm × 776,6 cm. Instituto Reina Sophia, Madri.
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O que pensa que é um artista? Um idiota, que só tem olhos quando pintor, só ouvidos quan-do músico, ou apenas uma lira para todos os estados da alma, quando poeta, ou só músculos quando lavrador? Pelo contrário! Ele é simultaneamente um ente político que vive constante-mente com a consciência dos acontecimentos mundiais destruidores, ardentes ou alegres e que se forma completamente segundo a imagem destes. Como seria possível não ter interesse pelos outros homens e afastar-se numa indiferença de marfim de uma vida que se nos apresen-ta tão rica? Não, a pintura não foi inventada para decorar casas. Ela é uma arma de ataque e defesa contra o inimigo.
WALTHER, Ingo F. Pablo Picasso. Colônia: Taschen, 2000. p. 70.
Com base na imagem, na citação de Picasso e em seus estudos, responda às questões.
1 Quais imagens você consegue identificar na obra Guernica? Elas estão sistematicamente organiza-das e claras? Justifique sua resposta.
2 A disposição dos elementos foi intencional, isto é, ela transmite alguma ideia?
17
1 Retome a leitura sobre a Itália após a Grande Guerra e responda às questões a seguir.
a) Qual era a situação social e econômica do país?
b) Quais são as características do fascismo italiano?
2 Sobre a Alemanha após a Grande Guerra, responda às questões a seguir.
a) Qual era a situação social e econômica do país?
b) Como Hitler chegou ao poder?
c) Qual era a ideologia de Hitler? Como ela se caracterizava?
o que já conquistei
3 Quais sentimentos essa obra desperta em você? Por quê?
4 De acordo com o texto de Pablo Picasso, qual é o papel de um artista na sociedade e qual é a função de sua arte?
18
História
d) Como era feita a propaganda nazista?
3 No caça-palavras, encontre seis expressões que se referem ao governo de Salazar em Portugal. De-pois, usando as expressões identificadas, produza um parágrafo sobre as principais características desse governo.
E E R T U B U R G U E S I A R U
S C L I B E R D A D E C M T I O
Q R T U B M K L O P Z E R T A R
U P O L Í C I A P O L Í T I C A
E C V B T U O P L W E R T C V D
R C O N S T I T U I Ç Ã O C V B
D A Z C T G B N J U O P L M N E
A R U S N E C B G T U I C L E R
4 A Guerra Civil Espanhola, embora restrita ao território espanhol, pode ser considerada um conflito de caráter internacional? Justifique sua resposta.
19
capí
tulo Brasil:
República Nova6
Revolução de 1930
Governo Provisório (1930-1934)
Governo Constitucional (1934-1937)
Estado Novo (1937-1945)
o que vocêvai conhecer?
©Acervo Iconographia
Comemoração do Dia do Trabalho no Estádio Vasco da Gama, Rio de Janeiro, em 1942.
No final da década de 1920, o Brasil vivenciava os efei-
tos da Crise de 1929 ocorrida nos Estados Unidos. A Política
do Café com Leite tinha dificuldades para se manter em vir-
tude das disputas de poder entre as oligarquias locais. Foi
nesse cenário que o Brasil passou por uma transformação
político-econômica denominada Revolução de 1930. Por
meio dela, Getúlio Vargas ascendeu ao poder. Você sabe
quem foi esse político? Ao observar a imagem desta página,
você percebe qual era o sentimento da população em rela-
ção a Getúlio Vargas?
TRABALHADORES em desfile no Dia do Trabalho. 1942. 1 fotografia, p&b.
20
História
Analisar a situação política e econômica que levou a República Oligárquica ao declínio.
Identificar os principais partidos políticos do Brasil no final da década de 1920 e suas atuações para a ocorrência da Revo-lução de 1930.
Conhecer os períodos de governo de Getúlio Vargas, destacando as principais características de cada um deles.
Identificar aspectos da cultura brasileira na década de 1930.
Diferenciar as ideologias da Ação Inte-gralista Brasileira e da Aliança Nacional Libertadora.
Reconhecer as diferenças entre as Consti-tuições de 1934 e 1937.
Conhecer como foi a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, durante o governo de Getúlio Vargas.
Identificar as razões que levaram Getúlio Vargas a renunciar ao poder, em 1945.
objetivos do capítulo
Revolução de 1930
Para dar início ao estudo da República Nova, também chamada de Era Vargas, é neces-
sária a retomada da situação política e econômica do Brasil nos últimos anos da década de
1920.
Washington Luís, representante do Partido Republicano Paulista e, portanto, da elite ca-
feeira, chegou ao poder em 1926. Ele governou durante um período de grande insatisfação
de diversos segmentos da população (tenentes, população assalariada urbana, trabalhado-
res rurais) e teve de colher os frutos da Crise de 1929.
Em 1930, ocorreriam novamente eleições para a presidência. De acordo com a Política
do Café com Leite, Washington Luís deveria indicar um representante do Partido Republica-
no Mineiro. Entretanto, a Crise de 1929 afetou de forma direta os paulistas, que ficaram tem-
porariamente sem mercado consumidor para o café e sem a possibilidade de fazer emprésti-
mos no exterior para a manutenção da política de valorização do produto. Temendo que um
mineiro não priorizasse a questão do café, Washington Luís quebrou o pacto entre os dois
estados e indicou como candidato Júlio Prestes, também do Partido Republicano Paulista.
Processo da Revolução
Diante desse impasse na sucessão presidencial no Brasil,
os grupos oposicionistas ligados aos políticos mineiros insatis-
feitos formaram a chamada Aliança Liberal e lançaram Getú-
lio Vargas como candidato à presidência, e o paraibano João
Pessoa como seu vice. O movimento recebeu o apoio das oli-
garquias dissidentes, da classe média urbana e de boa parte de
operários e militares.
WASHINGTON Luís, presidente do Brasil entre
1926 e 1930. 1 fotografia p&b.
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21
Apesar do entusiasmo dos membros da Aliança
Liberal, Júlio Prestes obteve 1 091 709 votos e ven-
ceu Getúlio Vargas, que conseguiu 742 794 votos.
As fraudes que ocorreram em ambos os lados colo-
caram em dúvida o resultado da eleição.
A frustração popular em relação ao resultado
do pleito era enorme, tanto que o então governador
de Minas Gerais, Antônio Carlos, político experiente,
profetizou: “Façamos a revolução antes que o povo a
faça!”, isto é, ou as elites contrárias à Política do Café
com Leite faziam a revolução ou seria difícil prever
as consequências de uma revolução popular.
Nesse contexto, João Pessoa, o candidato a
vice, foi assassinado. Embora sua morte tivesse
sido provocada por questões pessoais, a oposição
culpou o governo pelo ocorrido e a comoção popu-
lar foi enorme.
Em 3 de outubro de 1930, os revolucionários
ocuparam o quartel-general de Porto Alegre. Em
poucos dias, o movimento se alastrou por todo o
Brasil. Uma junta militar depôs Washington Luís e
entregou o poder provisoriamente a Getúlio Vargas.
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CARLOS Antônio lançando a Aliança Liberal. [ca. 1929]. O Malho. Acervo Fundação Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.
O governador mineiro, Antônio Carlos, aparece na caricatura realizando o “casamento” dos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, aparentemente a contragosto de Minas Gerais.
Getúlio Dornelles Vargas nasceu em São Borja, no Rio Grande do Sul, em 1883. Seu pai,
Manuel do Nascimento Vargas, lutou na Guerra do Paraguai (1864-1870) e na Revolução Fe-
deralista (1893-1895), combatendo os maragatos. Getúlio formou-se em Direito e logo ingres-
sou na política; foi eleito deputado estadual em 1909. Em 1922, nomeado deputado federal,
chegou a ser ministro da Fazenda do governo Washington Luís. Em 1928, foi eleito presidente
do estado do Rio Grande do
Sul. Em 1930, derrotado nas
eleições presidenciais, liderou
o movimento revolucionário
que depôs Washington Luís.
Vargas acabou tornando-se
uma figura controvertida,
amado por muitos, odiado
por outros, criticado e despre-
zado por outros tantos; sem
dúvida, ele foi um dos perso-
nagens mais importantes da
nossa história política.
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Getúlio Vargas com familiares e
partidários no Palácio do Catete, após Revolução de 1930
SALÃO do Palácio do Catete, Rio de Janeiro. 1930. 1 fotografia, p&b.
22
História
Após a revolução, Getúlio Vargas governou o país por quinze anos. O período em que
esteve no poder ficou conhecido como República Nova ou Era Vargas, tradicionalmente di-
vidida em três fases:
1930 – 1934
Governo Provisório
1934 – 1937
Governo Constitucional
1937 – 1945
Estado Novo
1 Preencha a cruzadinha abaixo com os primeiros nomes dos políticos envolvidos no processo da Re-volução de 1930.
a) Presidente do Brasil deposto por uma junta militar na Revolução de 1930.
b) Candidato à Presidência da República em 1930.
c) Político mineiro que deveria ter sido indicado à Presidência da República em 1930.
d) Político paraibano assassinado em 1930.
e) Presidente provisório do Brasil após as eleições de 1930.
organizando a história
b)
e)
c)
a)
d)
2 Escolha um desses políticos, faça uma pesquisa sobre a participação dele no período estudado e registre, em seu caderno, as informações que encontrar.
23
Governo Provisório (1930-1934)
Em 1930, Getúlio Vargas assumiu a Presidência da República com o compromisso de or-
ganizar o país e convocar novas eleições. De início, encontrou dificuldades para formar seu
ministério em virtude das diferenças entre as forças políticas que o apoiaram. Porém, conse-
guiu habilmente equilibrar-se entre as diversas tendências políticas, manipulando interesses
de acordo com as necessidades do momento.
Com o objetivo de acabar com a rede de corrupção e favoritismos criada pela Política do
Café com Leite, Getúlio Vargas aprovou uma lei que dissolveu o Congresso, as assembleias
legislativas estaduais e as câmaras municipais. A justificativa para essa medida autoritária
era a de que “A Revolução não reconhecia direitos adquiridos”, ou seja, os políticos eleitos
-
der os governadores estaduais e nomeou políticos de sua confiança como interventores para
os estados.
Conselho Nacional do Café
Na economia, uma das primeiras medidas do governo de Getúlio Vargas foi tentar sanar
a crise brasileira, que vinha desde a Primeira República. Nesse momento, a monocultura ex-
portadora do café era a principal atividade econômica do Brasil.
Durante a Grande Guerra (1914-1918), ocorreu um aumento na industrialização no Bra-
sil. Contudo, ao final do conflito, grandes potências, como Inglaterra e Estados Unidos, pas-
saram a fornecer novamente seus produtos, e a incipiente indústria brasileira não estava
apta a aguentar a concorrência.
Desde 1906, quando ocorreu o Convênio de Taubaté, a su-
perprodução de café se tornou pública. Entretanto, os cafeicul-
tores continuaram a aumentar suas plantações, uma vez que o
governo brasileiro sempre comprava e estocava o café que não
encontrava compradores estrangeiros.
Em 1929, os silos estavam abarrotados de café das safras
anteriores e a colheita bateu recorde, porém não havia com-
pradores para o maior produto de exportação brasileiro. Com
isso, ocorreram falências em todos os setores. Coube ao gover-
no resolver o problema econômico que, no Brasil, recebeu o
nome de Crise de 1930.
Durante o governo de Vargas, foi criado o Conselho Nacio-
nal do Café, que visava diminuir os efeitos da crise e dar novos
rumos à economia brasileira. Suas principais decisões foram: a
queima de milhares de sacas de café; a diminuição das áreas
de cafezais; o incentivo à policultura; e o desenvolvimento da
indústria brasileira.
O Convênio de Taubaté foi uma
reunião ocorrida na cidade de Taubaté,
interior de São Paulo, em fevereiro de
1906. Os cafeicultores, preocupados
com o café excedente em função das
grandes colheitas, desejavam que os
governos de Minas Gerais, São Paulo
e Rio de Janeiro se comprometessem
a comprar e a armazenar o café
excedente por um preço mínimo
determinado por eles. Assim, o
preço alto ficaria garantido para os
produtores e o governo assumiria o
prejuízo. Além disso, queriam que o
governo se comprometesse a fazer
propaganda do café brasileiro no
exterior para estimular a exportação.
Em contrapartida, os cafeicultores
se comprometiam a não aumentar
seus cafezais para que o governo
pudesse, nos anos seguintes, colocar
o café estocado no mercado.
24
História
Revolução Constitucionalista
Logo nos primeiros anos de seu governo, Getúlio Vargas teve de enfrentar os paulistas,
que tinham apoiado Washington Luís nas eleições de 1930. Sentindo-se derrotados diante
da tomada de poder por Vargas, colocaram-se contra seu governo e organizaram um movi-
mento revolucionário no ano de 1932. Esse conflito foi chamado de Revolução Constitucio-
nalista ou Revolução de 1932.
Insatisfeitos diante da não convocação de novas eleições presidenciais, os representan-
tes desse movimento pressionaram o governo Vargas, planejando invadir a capital federal
– o Rio de Janeiro – para tomar o poder e elaborar uma nova Constituição para o país.
A Revolução Constitucionalista contou com o apoio do setor mais tradicional da socie-
dade paulista, a oligarquia cafeeira, que desejava voltar ao poder. Setores da classe média
e aqueles ligados aos industriais paulistas também apoiaram essa revolução, pois temiam o
autoritarismo de Vargas. Para esses setores, o fato de o presidente ter nomeado um inter-
ventor não paulista para o estado de São Paulo demonstrava o modo centralizador como
governava.
São Paulo não tinha condições militares para enfrentar as forças federais. Seus voluntários estavam despreparados, e as armas e munições eram precárias, apesar do grande esforço de guerra. Em resumo, durou apenas três meses sua condição de resistir ao avanço das tropas de Vargas, comandadas por Góis Monteiro. [...] Getúlio foi o grande vitorioso. Abateu seus opositores mais exaltados e seus concorrentes mais perigosos, mas não foi duro com São Paulo. Como estadista, compreendeu que para consolidar sua posição necessitava do apoio do Estado mais rico da federação e não tinha dúvidas que ele, em breve, se recuperaria da derrota sofrida. Num célebre manifesto ao povo de São Paulo, afirmou: “O governo federal não considera o povo paulista culpado. Ele é, apenas, a maior vítima”.
FARIA, Antonio A. da Costa; BARROS, Edgard Luiz de. Getúlio Vargas e sua época. São Paulo: Global, 2001. p. 32
Apesar do grande envolvimento da população paulista, os rebeldes estavam isolados e
Getúlio Vargas conseguiu levá-los à rendição. Seiscentos e trinta e três paulistas estavam
mortos e os prejuízos materiais eram enormes. Foram em vão tantos sacrifícios? Para alguns
historiadores, sim, pois muitos morreram defendendo os interesses da decrépita oligarquia
paulista. Outros estudiosos têm opinião diferente: para eles, o movimento acelerou o pro-
cesso de constitucionalização do país e obrigou Vargas a fazer concessões.
Código Eleitoral de 1932
O governo de Getúlio Vargas prometeu conquistas e direitos aos trabalhadores brasilei-
ros. Tais promessas deveriam contemplar a todos, a população negra, por exemplo, além de
compartilhar as péssimas condições de trabalho e salários baixos com a maioria da população
ainda sofria com a falta de qualificação profissional e a discriminação. Apesar das promessas
do governo varguista, cerca de 10 mil negros ingressaram na luta paulista e compuseram a
Legião Negra. Desses, cerca de 2 mil eram filiados à Frente Negra Brasileira (FNB), importante
instituição do período que lutava por melhores condições para esse segmento da população.
25
Buscando efetivar algumas de suas promessas, em fevereiro de 1932, Getúlio Vargas
estabeleceu o Código Eleitoral brasileiro, que trazia uma série de novidades, como o voto
secreto, o voto feminino, a representação classista e a justiça eleitoral.
No início do século XX, as mulheres passaram a lutar pela participação na política e, em
vários países, surgiram os movimentos sufragistas. Esses movimentos clamavam pelo direito
das mulheres ao sufrágio, ou seja, ao voto.
A respeito das mudanças ocorridas na vida das mulheres e da luta pela participação polí-
tica no Brasil, leia o fragmento a seguir.
No começo do século, praticamente as únicas mulheres que se dedicavam ao trabalho extradoméstico eram as operárias, vindas das camadas mais baixas da população. Mas a in-flação e o aumento do custo de vida, a famosa “carestia dos anos 1910” que motivou greves e manifestações populares, acabaram transformando também a “rainha do lar” em assala-riada. Mulheres da pequena classe média começam a trabalhar nas novas profissões que o acelerado desenvolvimento urbano vai criando: surgem telefonistas, datilógrafas, secretárias, enfermeiras, balconistas.
Com a Guerra Mundial, as mulheres de países como a Inglaterra e os EUA passam a subs-tituir em larga escala os homens (que partiram para as frentes de batalha), exercendo toda uma gama de profissões urbanas. Muitas se alistam e vão servir como enfermeiras ou men-sageiras. Esse fato deu impulso ao feminismo internacional, que se refletiu no Brasil através da imprensa e do cinema. [...] Dentro desse espírito, a Revista Feminina lançava o desafio: “Daqui a pouco se verá se a mulher, em coragem, resistência, moral e disciplina, vai desban-car o homem”.
Em novembro de 1917, Leolinda Daltro lidera uma passeata de 84 mulheres, no Rio, exigindo a extensão do voto às mulheres. Mas os métodos de “desobediên-cia civil” usados em Londres pelas célebres feministas Pankhurst (Emmeline e Christabel, mãe e filha) – con-frontação com a polícia, manifestações de rua e greves de fome – não vingam no Brasil. Mais moderadas, as fe-ministas brasileiras simpatizavam com as táticas legalis-tas da National American Woman’s Suffrage Association, como é o caso da cientista Berta Lutz.
Em dezembro de 1918, Berta endereça à Revista da Semana uma carta em que propõe a formação de uma associação de mulheres, visando a “canalizar todos es-ses esforços isolados para que seu conjunto chegue a ser uma demonstração”. Aos poucos, a mulher brasileira começou a romper o monopólio masculino de algumas profissões. Em meados da década, a advogada Mirtes Campos foi aceita no Instituto da Ordem dos Advogados, quebrando um tabu secular e provocando uma acirrada
PEDERNEIRAS, Raul. Sufragistas. Capa Fon-Fon!, 16 maio 1914.
Na charge, um homem (no canto inferior esquerdo) foge assustado diante do avanço
das sufragistas, em 1914.
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26
História
MEMÓRIA fotográfica do Brasil no século 20. São Paulo: Abril Cultural, 1981. p. 110. Nosso século.
polêmica nos meios jurídicos. E, em 1918, Rui Barbosa e Clóvis Bevilacqua aceitaram o pe-dido de inscrição, num concurso para a carreira diplomática do Ministério do Exterior, de Maria José de Castro Rabelo Mendes. Classificada em primeiro lugar, foi considerada pela Revista Feminina como uma heroína das lutas feministas.
Mesmo que o Código Eleitoral de 1932 tenha esta-
belecido a participação das mulheres na vida política por
meio do voto direto, no Rio Grande do Norte, porém,
esse direito já havia sido obtido em 1927.
Apesar de serem muitas as dificuldades impostas
pela sociedade da época, algumas mulheres assumiram
cargos públicos. Uma delas foi Alzira Solano, a primeira
mulher na América Latina a assumir o cargo de prefeita.
Ela tomou posse na cidade de Lajes, no Rio Grande do
Norte, em 1929. Em 1934, em Santa Catarina, a profes-
sora Antonieta de Barros foi eleita a primeira deputada
negra do Brasil.
É importante lembrar que, na década de 1930, eram
baixos os números de mulheres alfabetizadas ou que ti-
nham acesso à educação; como o direito a votar era proi-
bido aos analfabetos, a participação feminina nas urnas só
recebeu maior expressão a partir da década de 1970.
A Revolução Constitucionalista apressou a elaboração do Código Eleitoral de 1932, que
estabeleceu novas regras para as eleições no Brasil. Embora reprimida, a Revolução Constitu-
cionalista serviu para alertar o presidente de que o governo federal não poderia menosprezar
o rico e influente estado de São Paulo na política brasileira.
Busque informações sobre Bertha Lutz, apresentada na imagem desta página. Anote qual a relação dessa bióloga e ativista política com as regras trabalhistas para mulheres na atual Cons-tituição brasileira.
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BIÓLOGA Bertha Lutz. 1968. 1 fotografia, p&b.
A bióloga Bertha Lutz defendeu a participação feminina na política e a igualdade de direitos entre homens e mulheres no país.
27
Nas eleições para os representantes políticos que formariam a Assembleia Nacional
Constituinte, muito da velha forma de se fazer política no Brasil permaneceu: os represen-
tantes das velhas oligarquias continuaram sendo majoritários. No entanto, houve uma novi-
dade nessa assembleia: a presença de 40 representantes classistas, entre eles 17 delegados
dos empregadores, 18 dos sindicatos de trabalhadores, 3 dos profissionais liberais e 2 dos
funcionários públicos. Uma única mulher se ele-
geu: a médica Carlota Pereira de Queirós.
A nova Constituição, promulgada em 1934, ga-
rantiu alguns direitos sociais importantes aos traba-
lhadores, como: salário mínimo, jornada de trabalho
de 8 horas, férias anuais remuneradas, indenização
ao trabalhador dispensado sem justa causa, além
de assistência médica e hospitalar. Contudo, as mu-
danças na legislação não alteraram muito a situação
da maioria da população brasileira, que continuava
passando por momentos difíceis, ainda sofrendo os
efeitos da crise iniciada em 1929.
Carlota Pereira de Queirós na Assembleia Nacional Constituinte, em 1934
Reúna-se com um colega e conversem sobre a importância das conquistas dos trabalhadores garan-tidas na Constituição de 1934. Depois, registrem as conclusões a que chegaram.
a) Salário mínimo.
b) Jornada de oito horas.
c) Férias anuais remuneradas.
d) Indenização por demissão sem justa causa.
Governo Constitucional (1934-1937)
A Assembleia Nacional Constituinte determinou que, em 1934, o Presidente da Repúbli-
ca seria escolhido pelo voto indireto para um mandato de quatro anos. Somente a partir de
1938 o presidente voltaria a ser eleito por sufrágio universal.
Como todos sabiam que Getúlio seria eleito pelo voto indireto em 1934, a Constituição
proibia a reeleição presidencial. Dessa forma, ele não poderia lançar-se como candidato no-
vamente e teria de deixar o poder em 1938.
Como era esperado, Getúlio Vargas elegeu-se facilmente, iniciando um novo mandato
como presidente constitucional do Brasil. Diante da diversidade de interesses das classes so-
ciais brasileiras e da influência do fascismo e do nazismo que vinha da Europa, surgiram dois
grupos que desejavam participar da política no Brasil: a Ação Integralista Brasileira (AIB) e
a Aliança Nacional Libertadora (ANL).
organizando a história©Acervo Arquivo Nacional
28
História
Ação Integralista Brasileira (AIB)
No início da década de 1930, surgiram no Brasil diversas agremiações direitistas que pro-
curavam espelhar-se nos movimentos europeus. Assim como os fascistas italianos, os parti-
dários do fascismo no Brasil defendiam um Estado forte, exaltavam a guerra, o nacionalismo
e as tradições, combatiam a democracia e o socialismo. A maioria dessas organizações teve
vida muito breve.
Em 1932, foi criada a Ação Integralista Brasileira (AIB), que teve como líder o jornalista
e escritor Plínio Salgado. Os integralistas, como eram chamados, adotaram como símbolos a
letra grega sigma, presente em braçadeiras que faziam parte de seus uniformes verdes, e a
saudação indígena anauê, que era dita com o braço estendido, aos moldes hitleristas. O lema
era “Deus, Pátria e Família”.
A AIB fazia-se presente em todo o território nacional, especialmente em São Paulo, na
Bahia e nos estados do Sul do país. Tratava-se de uma estrutura hierarquizada e bem organizada.
Sob a liderança de Plínio Salgado, a AIB recrutou jovens
intelectuais, na faixa de 20 a 30 anos, nas grandes cidades.
Eram professores, funcionários públicos graduados, profis-
sionais liberais e oficiais das Forças Armadas. Quanto aos
líderes regionais e de pequenas cidades, destacavam-se al-
guns operários, além de comerciantes e funcionários públi-
cos do baixo escalão.
Em 1930, os integralistas apoiaram o
Golpe de Estado promovido por Getúlio
Vargas; porém, logo ficaram desencanta-
dos com o político gaúcho, passando a lhe
fazer oposição.
Em 1938, os integralistas tentaram
derrubar Vargas por meio de um ato de
força, mas fracassaram. Muitos foram
presos e as principais lideranças partiram
para o exílio. O integralismo foi colocado
na ilegalidade.
Aliança Nacional Libertadora (ANL)
Muitos eram os brasileiros insatisfeitos com o governo Vargas: liberais descontentes com a
manipulação das massas, antigos tenentes preteridos politicamente, líderes sindicais preocupa-
dos com a deterioração do nível de vida dos trabalhadores, socialistas que sonhavam com uma
revolução mundial e velhos anarquistas dispostos a combater as arcaicas instituições burguesas.
Em 1934, foi fundada a Aliança Nacional Libertadora (ANL), que aclamou Luís Carlos
Prestes – herói da Coluna Prestes –, que aderira ao socialismo, como seu presidente de hon-
ra. Como pontos básicos, o programa da ANL estabelecia a reforma agrária, o cancelamento
do pagamento da dívida externa, a plena liberdade de expressão e a nacionalização das em-
presas estrangeiras.
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Propaganda do Movimento Integralista, 1935. 1 cartaz.
Revista Anauê, meio de divulgação das ideias da AIB. Adotada como símbolo, a letra
representava a união.
29
Quando esteve na Rússia, Luís Carlos Prestes conheceu Olga
Benário, jovem judia alemã militante do Comintern. Em meados
da década de 1930, Olga recebeu a tarefa de auxiliar na segu-
rança de Luís Carlos Prestes, acom-
panhando-o em sua viagem de volta
ao Brasil, onde entrou ilegalmente.
Ao lado de Prestes, ela participou do
golpe que tentou acabar com a dita-
dura de Vargas. O plano não deu cer-
to e os dois acabaram presos. Olga,
grávida de Prestes, foi enviada à Ale-
manha nazista, onde morreu em um
campo de concentração. A criança –
uma menina – acabou trazida para o
Brasil graças aos esforços da mãe de Prestes, dona Leocádia, e
do advogado católico, ardoroso defensor dos direitos humanos,
Heráclito Fontana Sobral Pinto.
Os planos da ANL passaram a ser bastante temidos pelas classes média e alta, que não
queriam perder seus bens, e pelos defensores do capitalismo. Diante do crescimento do gru-
po, Vargas mandou fechar sua sede. A reação não tardou. Em novembro de 1935, teve início
a Intentona comunista, que desejava a tomada do poder. Ocorreram rebeliões socialistas em
Natal, em Recife e no Rio de Janeiro. Porém, esse movimento não durou mais que poucas
horas. Seus líderes foram presos e a repressão foi violenta, com torturas, deportações e
desaparecimentos.
Intentona: plano insensato, ataque imprevisto e imprudente. Dessa forma pejorativa, o governo federal denominou o movimento armado liderado por Prestes.
Comintern: organização internacional fundada por Vladimir Lenin, em 1919, com o objetivo de coordenar as iniciativas dos partidos comunistas em diferentes países.
Olga Benário caminha para prestar depoimento. Rio de Janeiro, maio de 1936.
Plano Cohen
De acordo com a Constituição de 1934, em 1938 deveriam ser realizadas eleições presi-
denciais, e candidatos não faltavam. Getúlio Vargas fingia levar a sério as eleições, porém,
nos bastidores, preparava um golpe para continuar no poder. Em novembro de 1937, um
suposto plano socialista foi descoberto.
Getúlio Vargas fez um pronunciamento à população em 10 de novembro de 1937, no
qual afirmava que o país corria o perigo de viver uma revolução socialista. A população ficou
assustada, as Forças Armadas ficaram de prontidão e Vargas ofereceu-se para salvar a pátria,
livrando-a dos “terríveis vermelhos” a serviço de Moscou.
Atualmente, é consenso que tudo não passou de uma farsa. O plano comunista fora
forjado como desculpa para que as eleições de 1938 fossem suspensas e Getúlio Vargas con-
tinuasse na presidência, agora com mais poderes.
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Sobre a Ação Integralista Brasileira (AIB), a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e o Plano Cohen, leia as afirmativas a seguir e marque V para as verdadeiras e F para as falsas.
( ) A ANL, de linha socialista, era aliada de Getúlio Vargas.
organizando a história
30
História
Estado Novo (1937-1945)
O regime implantado por Getúlio Vargas com o golpe de 10 de novembro de 1937 ficou
conhecido por Estado Novo. Esse período, que se estendeu até o ano de 1945, representou
a continuação de Vargas e de seus aliados no poder.
Vargas colocou em prática uma forte intervenção do Estado na economia. Foram criados
a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Vale do Rio Doce e o Conselho Nacional de
Petróleo, o qual tinha como objetivo a exploração de combustível, até então totalmente
importado. Paulatinamente, o país ia sendo dotado de infraestrutura básica, essencial à pro-
dução de bens de consumo.
O governo procurou manter o movimento operário sob a tutela do Estado, pondo fim à
autonomia sindical. Em 1º. de maio de 1943, o presidente outorgou a Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT), que assegurava uma série de conquistas para a classe trabalhadora. Ape-
sar disso, a CLT era autoritária – inspirada na legislação italiana de Mussolini –, pois proibia as
greves e limitava a ação dos sindicatos.
No período do Estado Novo, a fim de alavancar o crescimento econômico,
Getúlio Vargas implementou uma política de integração nacional. Para tan-
to, era preciso incluir todas as etnias e os povos que participaram da forma-
ção da identidade nacional brasileira. A política varguista também almejava
controlar todo o território do país, especialmente as fronteiras.
Em 1940, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) documentou
uma visita realizada pelo presidente Getúlio Vargas aos Karajá da Ilha do
Bananal. Os objetivos da visita eram dois: enaltecer a figura do indígena e
inseri-lo no contexto social trabalhista da época. Nesse sentido, o governo
estabeleceu o programa Marcha para o Oeste, que propunha inserir as po-
pulações sertanejas e indígenas no contexto brasileiro. Também foi criado o
Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI) e, durante o Estado Novo,
as celebrações do Dia do Índio (19 de abril), instituído em 1934, receberam
maior destaque.
Em várias partes do Brasil, foram inaugurados museus e cen-
tros culturais sobre essas populações. Contudo, vale lembrar
que apesar de toda a política de valorização dos indígenas, os
desejos e a cultura desses povos não foram respeitados, uma
vez que foram obrigados a aderir ao projeto de integração es-
tabelecido pelo governo.
Getúlio Vargas foi o primeiro presidente a visitar um aldeamento
indígena. Na imagem, ele recebe o troféu da amizade do cacique de uma tribo Karajá. Ilha do Bananal (no atual
estado do Tocantins).
( ) A AIB tinha um programa político mais voltado aos interesses de Vargas, principalmente no que diz respeito ao anticomunismo.
( ) O plano Cohen alarmou a população e proporcionou a Getúlio Vargas a oportunidade de se colocar como a única esperança para a nação brasileira.
( ) A Intentona Comunista foi um movimento promovido em 1935 pelos integrantes da ANL com o objetivo de depor Vargas.
©luizsantosjr.com.br
31
Constituição de 1937
Para organizar esse novo regime, o jurista Francisco Campos redigiu a Constituição de
1937, que ficou conhecida como “Polaca”, por ter sido baseada na Constituição da Polônia.
Entre suas principais características, estão:
Foi imposta ao povo (Constituição
outorgada).
Extinção de partidos políticos.
A liberdade de imprensa foi
abolida.
Foi determinada a supremacia do Poder Executivo.
A autonomia dos estados foi
limitada.
Observe alguns dos artigos da Constituição de 1937.
Art. 9 .° O Governo Federal intervirá nos estados mediante a nomeação pelo presidente da República de um interventor, que assumirá no Estado as funções que, pela sua Constituição, competirem ao Poder Executivo, ou as que, de acordo com as conveniências e necessidades de cada um, lhe forem atribuídas pela Presidência da República.
BRASIL. Constituição (1937). Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 11 nov. 1937.
Art. 2 .° A bandeira, o hino, o escudo e as armas nacionais são de uso obrigatório em todo o País. Não haverá outras bandei-ras, hinos, escudos e armas. A lei regulará o uso dos símbolos nacionais.
BRASIL. Constituição (1937). Diário Oficial da União, Rio de Janeiro, 11 nov. 1937.
Até os símbolos estaduais foram abolidos, como a bandeira e os hinos. As bandeiras
dos estados brasileiros foram queimadas em cerimônia pública, no Rio de Janeiro, no Dia da
Bandeira. Isso significava que não haveria nem seriam permitidos símbolos que não fossem
os da nação brasileira.
Para Vargas, incutir um senso de identidade nacional afirmativo e comum a todos consti-tuía-se no esforço prioritário de seu governo. [...] O ministro Capanema encomendou livros didáticos de modo a reforçar a identidade nacional e lembrar aos estudantes a indiferença dos regimes passados as questões sociais. [...] Os currículos escolares foram alterados para que pudessem estimular o orgulho nacional, a disciplina, bons hábitos de trabalho, valores relacionados a família, hábitos de economia e a moralidade. [...] Pedia-se que as escolas
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42
Nas escolas, foram distribuídas cartilhas como fontes de leitura e de difusão do nacionalismo.
32
História
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP)
Além das definições para o novo governo, estabelecidas pela nova Constituição no período
de 1937 a 1945, outros elementos caracterizaram a ditadura do Estado Novo: o uso de um forte
aparato de repressão contra qualquer tipo de oposição; a intensa propaganda exaltando o go-
verno; a centralização absoluta do poder pelo Executivo; e a ação intervencionista do Estado nos
setores social e econômico. Para efetivar tais medidas, o Estado criou dois departamentos:
Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) – órgão oficial que fiscalizava e cen-
surava tudo o que fosse escrito e comentado pela imprensa, além de ser responsável
pela divulgação de uma imagem positiva do presidente.
Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp) – órgão que tinha como ob-
jetivo aprofundar a reforma administrativa destinada a organizar e racionalizar o serviço
público no país.
Como o rádio era o principal meio de comunicação de massa no Brasil, o governo de Ge-
túlio Vargas criou o programa Hora do Brasil. Esse programa tinha o objetivo de divulgar as
realizações de seu governo, difundir o nacionalismo e ganhar o apoio popular. O programa
foi ao ar em 1938, em cadeia nacional. Era possível escutar políticos, como Oswaldo Aranha,
e cantores populares divulgando a cultura brasileira. Em 1971, o programa teve seu nome
trocado para Voz do Brasil e existe até os dias atuais.
LEVINE, Robert. Pai dos pobres? O Brasil e a Era Vargas. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 93.
produzissem cidadãos cujas atitudes conduzissem ao desenvolvimento nacional. Os técni-cos experimentavam novas abordagens que visavam a nacionalização da cultura e a difusão emocional de valores nacionais.
Em 1931, teve início o período conhecido como Era do Rádio.
O governo de Vargas se ocupou desse meio de comunicação, que
foi definido como “de interesse nacional” e “de finalidade educati-
va”. Seu funcionamento foi regulamentado e tornou-se essencial
na propagação nacional da música popular, em particular o samba.
Grandes expressões da música brasileira despontaram nas rádios:
Francisco Alves, o Rei da voz; Carmem Miranda, a Pequena notável; o
Trio de Ouro, formado por Dalva de Oliveira, Herivelto Martins e Nilo
Chaves; e o grã-fino Mário Reis. Os programas de rádio, suas músicas
e seus animadores conquistaram o público.
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CANTORA Dalva de Oliveira. [ca 1942]. 1 fotografia p&b.
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CINÉDIA. Francisco Alves (ou Chico Viola) em fotografia promocional para o filme Berlim na Batucada. 1944. 1 fotografia p&b.
33
Brasil na Segunda Guerra Mundial
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Getúlio Vargas adotou uma postura
ambígua. Ele mantinha um governo autoritário como os regimes fascistas e, para muitos pesqui-
sadores, simpatizava com o fascismo. Entretanto, ao entrar no conflito, optou por ficar ao lado
dos Aliados (Estados Unidos, França, Inglaterra e União Soviética).
Em fevereiro de 1942, os alemães iniciaram uma campanha submarina no Atlântico cujo
objetivo era afundar os navios que levavam produtos para os Aliados na Europa. Essa cam-
panha levou ao afundamento de navios comerciais brasileiros e acelerou a adesão do país ao
lado dos Aliados.
Busque informações sobre que tipo de produtos o Brasil exportou para os países que participavam diretamente da Segunda Guerra Mundial e de que maneira a localização brasileira poderia ser importante para os Aliados.
pesquisa
Em função do que houve com os navios brasileiros
e da pressão exercida pelos Estados Unidos, Vargas
rompeu relações diplomáticas com as nações do Eixo
(Alemanha, Itália e Japão). Em 1943, o Brasil declarou
guerra aos países do Eixo, entrando na Segunda Guer-
ra Mundial. Em 1944, a Força Expedicionária Brasileira
(FEB) foi lutar na Itália contra as tropas alemãs.
O fato de o Brasil lutar pela democracia no exte-
rior e, internamente, viver uma ditadura caracterizava
uma profunda contradição. Grupos políticos passaram
a exigir a renúncia de Vargas e o restabelecimento da
democracia.
Renúncia de Vargas
Percebendo a intensificação das críticas à sua forma autoritária de governar, Vargas es-
tabeleceu o prazo de 90 dias para a realização de eleições em todos os níveis. Para agradar
aos políticos de esquerda, ele decretou a anistia, libertando Luís Carlos Prestes, preso desde
o fracasso da Intentona Comunista em 1935.
Os partidários do presidente deram início à campanha que ficou conhecida por Que-
remismo (nome derivado do bordão “Queremos Vargas”), que desejava a permanência de
Getúlio Vargas no poder até as eleições. Esse movimento não encontrou apoio suficiente
entre os políticos e os militares, e Vargas foi obrigado a renunciar em 29 de outubro de 1945.
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Soldados da FEB saudados por moradores de Massarosa, primeira cidade italiana a ser tomada
pelos brasileiros na Segunda Guerra Mundial
34
História
1 Sobre a candidatura de Júlio Prestes à presidência, em 1930, responda: Por que o lançamento da candidatura desse político pelo presidente Washington Luís descontentou os mineiros?
2 Leia atentamente a imagem ao lado. Reflita sobre o contexto final da República Oligár-quica e explique o que estava escrito nesse cartaz: “O governo que virá restabelecer a paz [...] e garantir a opinião do povo com a liberdade das urnas”.
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Cartaz da campanha política de Getúlio Vargas e de João Pessoa nas eleições de 1930
3 Sobre as principais medidas tomadas por Getúlio Vargas para resolver os problemas econômicos do país na década de 1930, assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas.
( ) Criou a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN).
( ) Estimulou a policultura.
( ) Criou o Conselho Nacional do Café.
( ) Queimou milhares de sacas de café.
( ) Criou a Petrobras.
( ) Em sua política integralista não incluiu grupos indígenas, respeitando as tradições desses povos.
( ) Incentivou a industrialização brasileira.
4 Cite duas reivindicações dos paulistas ao promoverem a Revolução Constitucionalista de 1932.
5 Em 1937, Vargas deu um golpe de Estado e implantou o Estado Novo. Sobre esse período, responda:
a) Como Getúlio Vargas conseguiu apoio popular para o Golpe de 1937?
b) Cite duas medidas políticas e duas medidas econômicas adotadas por Vargas durante o Esta-do Novo.
o que já conquistei
35
capí
tulo
No final da Grande Guerra (1914-1918), os países
vencedores do conflito impuseram aos alemães a as-
sinatura do Tratado de Versalhes. De acordo com os
seus estudos, responda:
Como as decisões estabelecidas no Tratado
de Versalhes afetaram a Alemanha nos anos
seguintes?
Expansionismo nazifascista
A deflagração do conflito
Fases do conflito
Rendição alemã
Rendição japonesa
Os campos de extermínio e o Julgamento de Nuremberg
o que vocêvai conhecer
Segunda Guerra Mundial7
ORPEN, Willian. Assinatura da Paz na sala dos espelhos do Palácio de Versalhes, 1919. Museu Imperial da Guerra, Londres.
©Museu Imperial da Guerra, Londres
36
História
Relacionar a conjuntura do Período Entreguerras com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Identificar as principais alianças de países e os objetivos que os uniram na Segunda Guerra Mundial.
Conhecer as diferentes fases do conflito e suas principais características.
Analisar a importância da entrada da União Soviética e dos Estados Unidos no conflito, em 1941.
Analisar a utilização de armas nucleares ao fim do conflito, destacando seu poder de des-truição e a ameaça para as gerações futuras.
Identificar as determinações impostas pelos vencedores aos perdedores nos acordos de paz e o início da bipolarização mundial.
objetivos do capítulo
Expansionismo nazifascista
Para iniciar os estudos sobre a Segunda Guerra Mundial, é necessário entender essa de-
nominação: identificadas as conexões entre a Grande Guerra e o segundo conflito mundial,
passou-se a chamar esses conflitos, respectivamente, de Primeira Guerra Mundial e Segunda
Guerra Mundial. Nessa perspectiva, considera-se a Segunda Guerra Mundial como a conti-
nuação da Grande Guerra.
A Grande Guerra (1914-1918) foi uma experiência traumática para todos os envolvidos,
tanto para os vencedores como para os derrotados. Com um saldo estimado em mais de 10
milhões de mortos e 150 milhões de feridos e mutilados, esse conflito foi suficiente para que
grande parte da população europeia desejasse nunca mais vivenciar um episódio tão dramá-
tico. Depois de firmado o Tratado de Versalhes, em 1919, em meio à devastação produzida
pela Guerra, era impensável que a Europa se envolveria em um novo conflito cerca de duas
décadas depois.
O primeiro conflito dito mundial havia acabado e deixou várias questões sem resposta
entre os países europeus. Os italianos, por exemplo, sentiam-se injustiçados pelo que rece-
beram na divisão dos espólios da Guerra e os alemães estavam ofendidos pelas cláusulas do
Tratado de Versalhes.
A promoção de regimes autoritários na Itália e na Alemanha nas décadas seguintes ao
final da Grande Guerra alimentou um sentimento de ressentimento na população desses
países, ao mesmo tempo que era trabalhado a exaltação do nacionalismo. Uma combinação
que proporcionou condições favoráveis ao desenvolvimento de um novo conflito, uma vez
que os países penalizados buscavam reaver o que perderam com a Primeira Guerra Mundial.
Na prática, as questões que ficaram pendentes acabaram por contribuir para um novo con-
flito mundial em 1939.
Em 1933, Adolf Hitler assumiu o poder na Alemanha com a pretensão de reestruturar o
país e, sobretudo, retomar a extensão territorial do antigo Império Alemão antes da Grande
Guerra e transformá-lo no país mais poderoso da Europa.
37
A política expansionista de Hitler estava alinhada a um dos
princípios nazistas, o denominado espaço vital.
Seguindo seus objetivos, Hitler anexou a região dos Sude-
tos, pertencente à Tchecoslováquia, e, logo em seguida, invadiu
a Boêmia e a Morávia. Em 1938, os alemães invadiram a Áustria,
constituindo uma clara violação ao Tratado de Versalhes. Nesse
momento, França e Inglaterra evitaram o confronto com Hitler,
talvez temendo um novo conflito bélico no continente; isso aca-
bou incentivando os delírios expansionistas do Führer (líder, che-
fe), como Hitler era chamado pelo povo alemão.
No mapa a seguir, observe as demais regiões ocupadas por
Hitler antes do início da Segunda Guerra Mundial.
O espaço vital é um princípio
nazista que afirmava a
necessidade de restauração
das fronteiras de 1914,
alegando que era preciso
reintegrar os povos de origem
germânica separados pelo
Tratado de Versalhes, e de
conquista de territórios da
Europa Oriental, região rica em
recursos minerais importantes
à expansão da indústria alemã.
Expansão territorial nazista
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de. Atlas histórico escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 166-167. Adaptação.
No caderno, elabore um texto explicando o início do processo que gerou a Segunda Guerra Mun-dial. Para tanto, utilize os termos a seguir.
organizando a história
Espaço vital – Grande Guerra – totalitarismo – nazismo
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Expansionismo em outros Estados: Itália, Japão,
URSS e Estados Unidos
A Itália, tendo à frente o líder fascista Benito Mussolini (1883-1945), também tinha inte-
resses expansionistas, por isso, em 1935, os italianos invadiram a Albânia e a Etiópia, sendo
este último um país africano que fazia parte da Liga das Nações. A Itália acabou sendo con-
denada formalmente, porém nada aconteceu. Dessa forma, o Direito Internacional não foi
respeitado.
A Liga das Nações, criada após a Grande Guerra, não contava com a presença dos Estados
Unidos, do Japão e da Alemanha, que havia se retirado em 1933. Era uma instituição sem
poder para conter as disputas imperialistas entre as nações.
Unidos no comércio do Oceano Pacífico. A invasão da Manchúria, território pertencente à China,
em 1932, complicou as relações entre os dois países. Em 1937, o Japão ocupou o leste da China.
Desde 1924, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) era governada por
Joseph Stalin, que havia dado continuidade à política de expansão territorial iniciada por
Vladimir Lenin, quando da formação da URSS. Apesar da mentalidade expansionista sovié-
tica, a URSS dava mostras de que não desejava envolver-se em um novo conflito mundial.
Para confirmar esse posicionamento, em agosto de 1939, assinou com os alemães um pacto
de não agressão. Contudo, como veremos adiante, a URSS não somente entrou na Segunda
Guerra Mundial, como foi um dos países responsáveis pela derrota dos regimes nazifascistas.
Já os Estados Unidos, na década de 1930, estavam vivendo os efeitos da Crise de 1929. O
presidente Franklin Delano Roosevelt, eleito em 1932, administrava o país com as determinações
do New Deal. Apesar de as atenções estarem voltadas para a solução dos problemas internos,
os estadunidenses não descuidaram de suas pretensões imperialistas, sobretudo no Pacífico. No
entanto, até o ano de 1941, eles não se envolveram militarmente na Segunda Guerra Mundial.
A deflagração do conflito
©World History Archive/©Age Fotostock/Easypix Brasil
Tropas japonesas entrando na Manchúria, na China, em 1931Tendo como referência a política expansionista, dois
grupos de países se formaram: os Aliados, constituído
por França e Inglaterra – e, a partir de 1941, pelos Es-
tados Unidos e a União Soviética –, tinha a intenção de
controlar as anexações territoriais que estavam aconte-
cendo na Europa e na Ásia. O outro grupo, o Eixo, inte-
grado por Alemanha, Itália e Japão, tinha o propósito de
continuar seu expansionismo.
39
Em 29 de setembro de 1938, representantes da França, da Inglaterra e dos Estados Uni-
dos se reuniram com Hitler. O objetivo era forçá-lo a cessar suas expansões territoriais; em
troca, ele receberia os territórios já anexados. Ou seja, essa proposta sacrificava os povos
então dominados pela Alemanha em nome da manutenção da paz mundial. A intenção era
evitar um novo conflito em território europeu.
Adolf Hitler aceitou a proposta dos representantes dessas nações, porém nunca teve a
intenção de cumprir a promessa feita, tanto que, em seguida, voltou-se para a Polônia.
Em 1939, a Alemanha firmou um pacto de não agressão com a URSS, chamado Pacto
Ribbentrop-Molotov
da URSS no caso de uma invasão alemã à Polônia e dava aos soviéticos a liberdade de agir
contra os países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia).
No dia 1º. de setembro de 1939, os nazistas invadiram a Polônia, fato que deflagrou a
Segunda Guerra Mundial. Hitler escolheu esse país porque ele era um Estado recriado com
territórios alemães pelo Tratado de Versalhes e contava com uma grande população judaica.
O antissemitismo crescia na Alemanha, alimentado pela ideia de que os judeus eram os res-
ponsáveis pela derrota alemã na Grande Guerra.
Fases do conflito
A Segunda Guerra Mundial teve início em 1939 e terminou somente em 1945. Para faci-
litar o estudo, pode-se dividir esse conflito em três fases:
Fonte: ALBUQUERQUE, Manoel M. de. Atlas histórico
escolar. Rio de Janeiro: FAE, 1988. p. 146-147. Adaptação.
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Aliados e Eixo – 1939 1ª. fase – Vitórias do
Eixo (1939-1941);
2ª. fase – Equilíbrio de
Forças (1942-1943);
3ª. fase – Vitória dos
Aliados (1944-1945).
Observe no mapa
como as forças de coa-
lizão estavam organiza-
das em 1939.
40
História
Invasão da Polônia
Pelo Tratado de Versalhes, o Império Alemão perdeu territórios para a Polônia. No en-
tanto, em alguns desses territórios, a população era majoritariamente germânica e a política
adotada pelos poloneses era repressiva em relação a esses habitantes.
Aproveitando-se dessa situação, Hitler exigiu que os poloneses devolvessem a cidade-
-porto de Danzig, atual Gdansk, localizada em uma área chamada de corredor polonês, as-
sim como toda a extensão desse “corredor”, uma faixa estreita de terra em que se localiza o
Rio Vístula.
Acreditando que seriam protegidos pela França e pela Inglaterra, países com quem ha-
viam firmado um acordo que garantia ajuda militar no caso de invasão, os governantes po-
loneses resistiram. Depois de assegurar a neutralidade da União Soviética, Hitler pôs em
ação o chamado Plano Branco
setembro de 1939.
A blitzkrieg (guerra-relâmpago) passou a ser a principal estratégia de ataque dos ale-
mães. Era uma ofensiva tão rápida que não dava chance para o contra-ataque dos países-alvo.
O ataque alemão foi arrasador. As forças da aeronáutica comandada por Hermann
Göring realizaram gigantescos bombardeios aéreos, debilitando a resistência polonesa. Isso
abriu caminho para que as divisões de tanques, comandadas pelo general Heinz Guderian,
aniquilassem o numeroso, porém mal-armado, exército polonês. Em menos de um mês, a
Polônia estava vencida.
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Em razão da assinatura do pacto de não agressão com a Alemanha, os soviéticos se apro-
veitaram da situação de domínio alemão na Polônia e ocuparam o leste desse país. No curso
de sua política expansionista, em 1940, a URSS também anexou os países bálticos (Estônia,
Letônia e Lituânia).
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HANS, Sönnke. Soldados alemães derrubando a fronteira da Polônia. 1939. 1 fotografia, p&b.
Soldados nazistas derrubando um marco de fronteira entre a Alemanha e a Polônia, em 1939, durante a invasão da Polônia
TROPAS polonesas em marcha. 1939. 1 fotografia, p&b.
Soldados poloneses em marcha para contra-atacar
a invasão da Alemanha em seu país
41
Observe a charge abaixo, publicada no jornal polonês Mucha, em 1939. Em seguida, assinale a alter-nativa correta.
interpretando documentos
A charge apresenta:
a) ( ) uma reverência dos soviéticos à Alemanha nazista, em virtude da assinatura do pacto de não agressão entre essa nação e a Polônia, em 1939, o que levou à pacificação da Segunda Guerra Mundial.
b) ( ) uma crítica dos poloneses ao Pacto Ribbentrop--Molotov ao representar a reverência da Alemanha à URSS, o que possibilitou a invasão da Polônia pe-los nazistas.
c) ( ) uma homenagem feita pelos alemães ao ministro Ribbentrop, que entregou a Polônia para os so-viéticos, em 1939, permitindo que os poloneses ficassem sob o domínio da URSS até o final da Se-gunda Guerra Mundial.
d) ( ) uma sátira ao Pacto Ribbentrop-Molotov, mos-trando a submissão de Stalin à Alemanha nazis-ta, o que levou Hitler a ocupar a URSS durante a Segunda Guerra Mundial.
e) ( ) uma crítica da Alemanha quanto à submissão de Ribbentrop à URSS, durante a assinatura de um pacto de agressão entre as duas nações, que conduziu a Europa à Segunda Guerra Mundial.
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CARICATURA no jornal semanal Mucha, de Varsóvia. O tributo prussiano em Moscou. 1939. 1 charge.
Charge que mostra Stalin recebendo o ministro de Negócios Estrangeiros da Alemanha, Joachim von Ribbentrop. Ao lado de Stalin, o ministro de Negócios Estrangeiros da URSS, Vyacheslav Molotov.
Frente Ocidental
Em abril de 1940, os alemães invadiram a Dinamarca por razões de segurança, pois esse
país faz divisa com a Alemanha. Na sequência ocuparam a Noruega, visando garantir o fluxo
de minério de ferro que os alemães importavam da Suécia, país vizinho aos noruegueses.
No mês de maio de 1940, Bélgica, Holanda e Luxemburgo também passaram ao domínio
nazista. A França foi atacada e a Linha Maginot – uma linha de fortificações que os france-
ses haviam construído ao longo de suas fronteiras com a Alemanha e a Itália – foi atingida.
Soldados franceses e britânicos, aliados da Bélgica, foram empurrados até Dunquerque, na
França, onde mais de 300 mil homens passaram para o outro lado do Canal da Mancha, na
chamada Retirada de Dunquerque. Paris caiu sob o domínio nazista e a França foi dividida
em duas áreas: uma zona ocupada pelos alemães, e outra, com capital em Vichy e um go-
herói francês na Grande Guerra.
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História
Após sucessivas vitórias na primei-
ra fase da Guerra, Hitler estabeleceu o
domínio sobre toda a região central e
ocidental da Europa, exceto Romênia e
Itália, suas aliadas. Algumas nações se
declararam neutras, como Espanha, Por-
tugal, Turquia, Suécia e Suíça.
A Inglaterra mantinha suas defesas
e fornecia exércitos aos aliados na luta
contra a expansão nazista. Os alemães
Mar, cujo objetivo era o desembarque
em território inglês. Tal ação seria pre-
cedida por bombardeios aéreos, o que
passou a ocorrer a partir de 1940.
A força aérea nazista despejou, dia
e noite, bombas sobre as principais ci-
dades da Inglaterra. Apesar do grande
número de mortos e feridos e dos pre-
juízos materiais, os britânicos resistiram
ao massacre e venceram. Em menos de
seis meses, Hitler perdeu em torno de
dois mil aviões nessa batalha. O mito da
invencibilidade alemã começava a ser
quebrado.
HITLER, Speer e Breker em Paris. 1940. 1 fotografia, p&b. Arquivo Nacional do
College Park, Washington, D.C.
CRIANÇAS desabrigadas após ataque aéreo nazista em Londres. 1940. Arquivo Nacional Britânico, Londres.
Crianças londrinas em meio às suas casas bombardeadas pelos alemães
A cidade de Paris, na França, foi ocupada pelos nazistas. O comandante chegou à “cidade luz” em junho de 1940. Na fotografia, Adolf Hitler, o arquiteto Albert Speer e o
escultor Arno Breker posam em Paris, tendo a Torre Eiffel ao fundo.
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A determinação dos ingleses em resistir, a liderança de Winston Churchill, a eficiência da
Real Força Aérea, com seus extraordinários aviões (Hurricane e Spitfire) e pilotos, e o fato de
os ingleses terem decifrado os códigos alemães explicam o fracasso dos ataques nazistas.
Para compreender a extensão do expansionismo alemão durante a Segunda Guerra
Mundial, observe o mapa abaixo, que mostra as áreas da Europa e do norte da África sob o
controle nazista, em 1942.
Europa e norte da África – controle nazista – 1942
Fonte: WARD, Geoffrey C.; BURNS, Ken. The war: an intimate history – 1941-1945. New York: Borzoi, 2007. p. 48. Adaptação.
Frente Oriental
Em 1940, diante das sucessivas vitórias da Alemanha, Benito Mussolini, que apoiava os
alemães, mas ainda não tinha efetivamente entrado no conflito, declarou guerra à França e
à Inglaterra. Seu objetivo era conquistar áreas francesas e inglesas na África.
Mesmo com uma Itália despreparada militarmente, Mussolini atacou a Grécia e depois
o norte da África. Porém, após algumas vitórias, os fascistas passaram a ser vencidos pelos
britânicos e somente com o apoio dos alemães continuaram a ocupar alguns pontos impor-
tantes nos Bálcãs e no continente africano.
Em abril de 1941, os alemães atacaram a Iugoslávia e a Grécia. Na Iugoslávia, milhares
de sérvios que apoiavam a URSS foram assassinados. Italianos e alemães defendiam o sur-
impediu a adesão de muitos croatas.
Partisans – guerrilheiros socialistas sér-
vios, croatas, montenegrinos e macedônicos –, que impuseram uma perseverante resistência aos
italianos e aos alemães. O resultado desse conflito na Iugoslávia levou Hitler a perder um grande
contingente de seu exército, que fez falta quando ele invadiu a União Soviética.
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História
O ano de 1941
Assim como o ano de 1917 foi decisivo para a Grande Guerra, o ano de 1941 marcou uma
mudança nos rumos da Segunda Guerra Mundial. Nesse ano, ocorreu a entrada da União So-
viética e dos Estados Unidos no conflito ao lado dos Aliados.
Em 1941, o exército alemão surpreendeu os soviéticos, até então seus aliados, atacando
o território da URSS. Embora Hitler tivesse firmado com Stalin um pacto de não agressão,
ele acreditava que seus sucessos na Frente Ocidental dariam a possibilidade de continuar
ampliando suas anexações, agora em direção ao Oriente e, especialmente, ao território so-
viético. O serviço de espionagem soviético avisou da intenção de Hitler, mas Stalin resolveu
confiar no Führer e pagou caro por isso, pois a ofensiva alemã foi avassaladora.
Em 22 de junho de 1941, os alemães puseram em prática a chamada Operação Bar-
barossa, que consistia em um maciço ataque à União Soviética. Em poucos dias, um amplo
território da URSS estava ocupado e os alemães se aproximavam das importantes cidades de
Moscou e Leningrado.
A partir desse momento, a Alemanha passou a guerrear em dois lados: a oeste de seu país
com a Frente Ocidental , contra os Aliados, e a leste com a Frente Oriental, contra a URSS, que
acabou se unindo aos Aliados.
Os alemães cercaram a cidade de Leningrado por 872 dias, de 8 de setembro de 1941 a 18
de janeiro de 1944. A população resistiu apesar de todas as privações impostas pelo inverno
e pelos soldados nazistas. Durante esse tempo, uma das maiores dificuldades vivenciadas
pelos soviéticos era a falta de alimentos.
Logo após o início do cerco, o governo local decretou o racionamento dos víveres básicos:
inicialmente eram distribuídos 600 gramas de pão para os soldados e os civis adultos e 400
gramas para as crianças e os incapacitados. Entretanto, como as condições só pioravam, as
cotas diárias baixaram para até 175 gramas por habitante. O desespero por alimentos era
tanto que as longas filas para recebimento do pão não se desfaziam nem mesmo sob ata-
que aéreo alemão, o que levou muitas pessoas a morrer de frio e de fome. Além da falta de
alimento, os habitantes de Leningrado também sofreram com a falta de aquecimento e de
energia elétrica. A morte de mais de 1 milhão de civis foi um dos resultados desse conflito.
Em dezembro, com tropas oriundas da Sibéria
(acostumadas ao frio), o general Georghi Zhukov
desencadeou uma gigantesca contraofensiva,
mantendo os alemães a uma boa distância de
Moscou. No entanto, Hitler menosprezava a força
militar soviética e acreditava em uma vitória an-
tes do inverno. Os alemães se prepararam pouco
para a situação que enfrentariam, usando roupas
inadequadas para tão baixas temperaturas. O
resultado foi a morte de soldados alemães por
congelamento e o não funcionamento de veícu-
los e de metralhadoras refrigeradas à água, que
emperravam.
DINSTÜHLER. Homens da Wehrmacht tentando atravessar o difícil terreno russo. 1942.
Soldados alemães enfrentando dificuldades em solo soviético, em 1942
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As relações diplomáticas entre os Estados Unidos e o Japão estavam abaladas desde a
agressão japonesa à China, em 1932. A causa principal das tensões entre os dois países foi a
disputa pelo domínio das fontes de matérias-primas e dos mercados na região do Pacífico.
Desde 1928, Hirohito era o imperador japonês; como apoiava militares nacionalistas, to-
talitários e expansionistas, aliou-se às forças do Eixo, em 1940. Em 1941, quando os estadu-
nidenses interromperam a venda de petróleo para o Japão, o primeiro-ministro
desse país, general Hideki Tojo, convenceu o imperador a atacar Pearl Harbor,
principal base militar dos Estados Unidos no Pacífico. Assim, na manhã de 7 de
dezembro de 1941, ocorreu o ataque.
Os estadunidenses consideraram o ataque japonês
uma traição e, por esse motivo, o presidente Roosevelt
decretou a entrada dos Estados Unidos na Segunda
Guerra. A Alemanha e a Itália, aliadas do Japão, por sua
vez, declararam guerra aos Estados Unidos.
Em poucos meses, os japoneses ocuparam Hong
Kong, Cingapura, Malásia, Filipinas e grande parte do
Extremo Oriente. A resistência obstinada dos povos
asiáticos que haviam sido dominados pelos japoneses
contribuiu para que, em médio prazo, com a participa-
ção dos Estados Unidos, o Japão fosse derrotado. Des-
sa forma, as vitórias estadunidenses nas batalhas do
Mar de Coral, de Midway e de Guadalcanal, em 1942,
puseram fim à ofensiva japonesa.
ATAQUE à Base de Pearl Harbor, Havaí. 7 dez. 1941. 1 fotografia, p&b.
Base estadunidense em Pearl Harbor logo após o ataque japonês
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Leia o texto abaixo e assinale a alternativa correta.
interpretando documentos
No dia 31 de julho de 1940, [Hitler] disse ao general Halder que a esperança de sobrevivência da Grã-Bretanha estava depositada na América e na Rússia. Destruir a Rússia era o mesmo que eliminar ambas, já que daria liberdade de ação ao Japão para enfrentar a América. Hitler pare-cia pensar que Roosevelt estaria pronto a intervir em 1942 e queria a Rússia fora da equação antes que aquilo acontecesse.
JOHNSON, Paul. Tempos modernos: o mundo dos anos 20 aos 80. Tradução de Gilda de Brito Mac-Dowell e Sérgio Maranhão da Matta. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1990. p. 313.
Nesse texto, busca-se:
a) ( ) apresentar os motivos que levaram a Alemanha a invadir a URSS.
b) ( ) caracterizar o pacto firmado entre a Alemanha e a URSS, em 1939.
c) ( ) mostrar como a Alemanha queria aliar-se à Inglaterra.
d) ( ) apresentar os motivos que levaram a URSS a invadir a Alemanha.
e) ( ) mostrar como os Estados Unidos entraram na guerra.
46
História
Rendição alemã
A entrada dos estadunidenses e dos soviéticos no conflito foi determinante para inver-
ter a marcha dos acontecimentos. Rapidamente, a Guerra se tornou favorável aos Aliados. A
partir de 1942, com o fortalecimento das tropas desse grupo, houve diversas derrotas das
forças do Eixo.
Os Aliados estabeleceram um plano que envolvia o avanço por três frentes de ação. Na
Frente Oriental, os soviéticos deveriam expulsar os alemães de seu território. Na Frente Oci-
dental, os Aliados promoveriam a libertação da França a partir da Normandia – com a ope-
ração do Dia D – e a libertação da Península Itálica a partir da Sicília. Com a ação em três
frentes, seria muito difícil para Hitler conseguir manter suas posições.
A derrota alemã começou com ofensiva soviética contra o exército alemão, em junho de
1941. Até a derrota definitiva dos alemães, na cidade de Stalingrado, em fevereiro de 1942,
ocorreram diversas batalhas entre os exércitos soviético e alemão.
A estratégia de guerra adotada pelos soviéticos foi semelhante à utilizada para derro-
tar Napoleão em 1812: contando com o rigoroso inverno como aliado, o exército soviético
recuou para o interior do território de seu país e seus soldados destruíram armazéns de
alimentos, mataram o gado e queimaram os abrigos por onde passaram. Assim, as tropas na-
zistas invasoras não encontraram alimentos nem munições para repor os materiais bélicos.
Essa estratégia, chamada de terra arrasada, foi decisiva para dizimar os soldados alemães,
que não podiam enfrentar o frio sem armas, abrigos ou alimentos. Calcula-se que, dos 300
mil soldados alemães, 90 mil morreram de frio e de fome.
No norte e no nordeste da África, alemães e italianos enfrentaram ingleses e estaduni-
denses. No dia 23 de outubro de 1942, os britânicos e seus aliados, sob o comando do gene-
Afrikakorps -
El Alamein.
Em maio de 1943, os alemães foram expulsos da região africana, deixando aberto o cami-
nho para o desembarque dos Aliados na Itália. Com o desembarque de ingleses e estaduniden-
Em setembro de 1943, o novo governo
um tratado de paz com as forças aliadas,
combatendo nazistas e fascistas. Mussolini
foi libertado por um comando nazista e fun-
dou, no norte do país, a República Social Ita-
liana, conhecida como República de Saló, em
razão da localidade onde funcionava o gover-
no. Porém, tal república teve curta duração.
CAPA, Robert. Troina. 1943. 1 fotografia, p&b. Sicília.
©Robert Capa ©International Center of Photography/Magnum Photos
Robert Capa foi considerado o maior fotógrafo de guerra do século XX. Ele cobriu a Guerra Civil Espanhola, a Segunda
Guerra Mundial e vários outros conflitos. As fotos produzidas por ele no sul da Itália são prova da luta aguerrida para expulsão dos nazistas que ocupavam a península.
47
Mussolini tentou fugir para a Suíça, mas foi preso e fuzila-
do por antifascistas. A libertação da França teve início com o
desembarque das tropas aliadas na Normandia, em junho de
1944, o Dia D. Após o desembarque, a operação conhecida
como Overlord exigiu dois meses de combates para a liberta-
ção da França do domínio alemão.
Em fevereiro de 1945, os líderes políticos dos
principais países que lutaram ao lado dos Aliados
se reuniram em Yalta, cidade localizada no litoral
do Mar Negro. Essa reunião, que ficou conhecida
como Conferência de Yalta, ocorreu em segre-
do e teve como objetivo decidir o fim da Segunda
Guerra Mundial.
Entre as determinações dessa conferência,
estabeleceu-se que a Alemanha deveria ser di-
vidida em áreas de influência, controladas pelos
países vencedores da guerra, e que a União So-
viética exerceria um controle sobre os países da
Europa Oriental. Além disso, seria criada a Orga-
nização das Nações Unidas (ONU).
Com o avanço dos Aliados, as cidades alemãs
passaram a sofrer pesados bombardeios e muitas
casas foram destruídas pelas explosões e pelos
incêndios que se seguiram. A população civil ale-
mã sofreu grandemente. Em 1945, a Alemanha foi invadida pelas tropas aliadas e, em 30 de
abril desse ano, Hitler se suicidou. Em 2 de maio, a bandeira vermelha soviética tremulou no
Reichstag em Berlim e, no dia 8 de maio, o governo alemão se rendeu, dando fim ao Terceiro
Reich. A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim na Europa, embora os conflitos ainda te-
nham continuado no Pacífico até o mês de agosto.
CAPA, Robert. Desembarque na Normandia. 1944. 1 fotografia. p&b. ©Robert F Sargent/Getty Images
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Winston Churchill (Inglaterra), Delano Roosevelt (EUA) e
Joseph Stalin (URSS) durante a Conferência de Yalta.
48
História
Rendição japonesa
No início de 1945, os Aliados já haviam praticamente vencido a guerra, mas o Japão e os
Estados Unidos ainda combatiam no Pacífico.
Os japoneses se negavam a negociar qualquer tipo de ren-
dição e, em defesa de sua nação, adotaram um comportamen-
to de autossacrifício: a população civil, inclusive adolescentes e
crianças, foi mobilizada em nome do esforço de guerra. Nesse
contexto, a ação dos kamikazes, pilotos que se arremessavam
com seus aviões contra os alvos estabelecidos, também fez par-
te da tática de guerra japonesa.
Os Estados Unidos foram severos com os japoneses, fazen-
do constantes ataques com os bombardeiros B-29 nas principais
cidades do Japão. Somente na capital, Tóquio, um único ataque
realizado por 300 aviões estadunidenses causou mais de 80 mil
mortes. Nem assim os japoneses davam sinais de rendição.
Assim, os Estados Unidos, que planejavam invadir o Japão, mudaram de estratégia e, no
dia 6 de agosto de 1945, lançaram uma bomba atômica sobre a cidade de Hiroshima. No dia
9, outra bomba foi lançada sobre a cidade de Nagasaki. O saldo total dos dois ataques ultra-
passou 100 mil mortos. Contabilizou-se um número semelhante para os feridos.
De acordo com um repórter que testemunhou a explosão nuclear:
Os kamikazes eram jovens
pilotos voluntários que
acreditavam ser “melhor a morte
do que a desonra”. Por abrirem
mão de sua vida em benefício
de seus compatriotas, eram
considerados bravos heróis
pelos japoneses. Do segundo
semestre de 1944 até o fim da
guerra, em setembro de 1945,
os japoneses lançaram seus
aviões contra alvos inimigos.
De repente uma luz fulgurante de um branco rosado apareceu no céu acompanhada de um tremor sobrenatural seguido quase imediatamente por uma onda de calor sufocante e um vento que varreu tudo no seu caminho. Em poucos segundos, milhares de pessoas nas ruas e nos jardins do centro da cidade foram queimadas por um calor abrasador.
SAVAGE, Jon. A criação a juventude: como o conceito de teenage revolucionou o século XX. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. p. 495.
Diante do que houve em Hiroshima e
em Nagasaki, o orgulho patriótico dos ja-
poneses foi definitivamente arrasado. Em
menos de uma semana após os dois bom-
bardeios, o Japão se rendeu incondicional-
mente. A lealdade dos japoneses pôde ser
verificada quando o imperador Hirohito
pediu a deposição das armas e a aceitação
da derrota, e o povo acatou.
Após as explosões das bombas atômi-
cas em território japonês, chegava ao fim
a Segunda Guerra Mundial.
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Faça uma pesquisa sobre as bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos em Hiroshima e em Nagasaki, no ano de 1945. Para isso, siga o roteiro abaixo e anote, no caderno, as informações que encontrar.
1. Em que consiste a bomba atômica?
2. Quem inventou a bomba atômica?
3. Quando a bomba atômica foi criada?
4. Quais foram as consequências do lançamento das bombas atômicas nessas cidades japonesas?
pesquisa
Os campos de extermínio e o Julgamento de Nuremberg
A Segunda Guerra Mundial levou à morte cerca de 45 milhões de pessoas, além de ter feito
milhares de feridos. O país que teve maiores perdas foi a URSS, com 20 milhões de vítimas.
Com o avanço das tropas aliadas sobre os territórios ocupados por Hitler, foram revela-
dos os campos de extermínio mantidos pelo regime nazista ao longo da Guerra. Exterminar
os adversários em uma guerra era uma prática comum – vários outros países utilizaram o
mesmo expediente desde que temos notícias de conflitos na história da humanidade.
A convicção dos alemães de que eram superiores se apoiava na crença de que havia po-
vos inferiores a eles. Entre esses povos, encontravam-se os judeus, considerados pelos nazis-
tas os “menos evoluídos” de todos. O líder nazista aproveitou essa estrutura de extermínio
para eliminar outros grupos que considerava perigosos para a sociedade, como os ciganos,
os alemães com deficiências físicas ou mentais (os arianos compunham a denominada raça
pura, logo não poderia haver alemães com deficiências físicas ou mentais), além de seus ini-
migos políticos e de guerra.
No caso dos campos nazistas, chamou a atenção o fato de Hitler ter se aproveitado da
guerra para realizar uma ideia há muito acalentada por ele – a chamada solução final, que
consistia no extermínio de todos os judeus do mundo. Para atingir esse objetivo, os alemães
construíram campos de extermínio, onde os judeus eram obrigados a realizar trabalhos for-
çados para, depois, serem executados.
RENDIÇÃO de judeus no Gueto de Varsóvia. 1943. 1 fotografia, p&b.
©Bridgeman Images/Fotoarena
Durante a Segunda Guerra Mundial, os judeus eram segregados em guetos, regiões urbanas, em geral cercadas, onde os
alemães concentravam a população judaica local, muitas vezes de outras regiões, e a forçava a viver sob condições miseráveis. A imagem mostra a rendição de judeus dentro do Gueto de
Varsóvia depois de uma tentativa de resistência.
50
História
Muitas experiências foram desenvolvidas pelos nazistas para encontrar formas mais efi-
cientes de executar os judeus. Com o objetivo de deixar os soldados nazistas o mais longe
possível do processo de execução, foram criadas as câmaras de gás. Nesses lugares peque-
nos e fechados, havia chuveiros que, em vez de água, liberavam gás venenoso para matar
muitas pessoas de uma só vez por intoxicação. Na sequência, os mortos eram levados aos
fornos crematórios, onde “despareciam”, não dei-
xando rastros de sua existência. Esse extermínio
em massa pelos nazistas ficou conhecido como Ho-
locausto. Estima-se que cerca de seis milhões de
judeus tenham sido vítimas dos nazistas.
Mesmo antes do término do conflito, os líderes
das potências aliadas já estavam decidindo a Nova
Ordem Mundial.
Berlim, foi realizada uma nova conferência, da qual
-
-
do nas eleições parlamentares). Nesse encontro, as
seguintes decisões em relação à Alemanha foram
tomadas:
Os principais líderes do regime nazista
seriam julgados por um tribunal que se reuniria
em Nuremberg.
A Alemanha deveria pagar 20 bilhões de dólares aos vencedores.
A Alemanha seria dividida em quatro zonas de ocupação, dominadas por soviéticos, ingleses,
estadunidenses e franceses.
A indústria de guerra alemã
seria suprimida.
Tal como previsto na Conferência de Potsdam, ainda no ano de 1945 teve início o Jul-
gamento de Nuremberg, realizado em Nuremberg, na Alemanha. Esse julgamento foi pro-
movido pelos Aliados para que um tribunal internacional avaliasse os crimes de guerra de
lideranças nazistas. Entre 1946 e 1949, mais de 100 outros julgamentos também foram or-
ganizados nessa cidade.
Após a guerra, a União Soviética e os Estados Unidos romperam a antiga aliança. Come-
çava o período que ficaria conhecido como Guerra Fria: uma série de conflitos militares in-
diretos em um contexto marcado por questões ideológicas, espionagem, disputas por áreas
de influência e toda sorte de competições entre a grande potência capitalista e a URSS, que
representava, para muitos, o sonho socialista.
a corrida armamentista teve progressos consideráveis.
WALTER, Bernhard ou HOFMANN, Ernst. Judeus na rampa de seleção em Auschwitz, em maio de 1944. 1 fotografia, p&b.
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1 Relacione os episódios que antecederam a Segunda Guerra Mundial às respectivas consequências.
T – Tratado de Versalhes
R – Revolução Russa
C – Crise de 1929
E – Guerra Civil Espanhola
a) ( ) O triunfo dos bolcheviques levou as democracias liberais a fazer vistas grossas às violên-cias dos fascistas.
b) ( ) Levou as principais potências capitalistas a uma situação desesperadora, contribuindo para o apoio aos regimes fascistas.
c) ( ) Gerou enormes ressentimentos aos alemães, que encontraram apoio nas ideias totalitárias.
d) ( ) Hitler e Mussolini fizeram do conflito um laboratório para seus testes militares.
2 Sobre os principais acontecimentos ocorridos nas primeiras décadas do século XX, analise as afir-mativas e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.
a) ( ) O Tratado de Versalhes, ao impor aos alemães severas cláusulas, contribuiu para o sucesso dos discursos nacionalistas de Adolf Hitler.
b) ( ) A Guerra Civil Espanhola (1936-1939) ocorreu sem que os países ocidentais tomassem co-nhecimento dela ou procurassem evitá-la.
c) ( ) A Segunda Guerra Mundial pode ser relacionada à Grande Guerra, visto que as consequên-cias geradas pelo primeiro conflito mundial acabaram por causar a ascensão de Hitler e a invasão da Polônia.
d) ( ) A Guerra do Pacífico foi travada entre estadunidenses e japoneses e vencida pelo Império Japonês, que ocupou o território estadunidense.
3 Nas linhas a seguir, reescreva as afirmativas identificadas como falsas na atividade anterior, de modo a torná-las verdadeiras.
4 (ENEM) Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o primeiro-ministro inglês à época, Neville Chamberlain, sustentou sua posição política: “Não necessito defender minhas visitas à Alemanha no outono passado, que alternativa existia? Nada do que pudéssemos ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou mesmo a Rússia, teria salvado a Tchecoslováquia da destruição. Mas eu tam-
bém tinha outro propósito ao ir até Munique. Era o de prosseguir com a política por vezes chamada de ‘apaziguamento europeu’, e Hitler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os Sudetos, região de população alemã na Tchecoslováquia, eram a sua última ambição territorial na Europa, e que não queria incluir na Alemanha outros povos que não os alemães”.
Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler em 1938, mencionado no texto acima, foi rom-pido pelo líder alemão em 1939, infere-se que:
a) Hitler ambicionava o controle de mais territórios na Europa além da região dos Sudetos.
b) a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter salvado a Tchecoslováquia.
c) o rompimento desse compromisso inspirou a política de “apaziguamento europeu”.
o que já conquistei
52
História
d) a política de Chamberlain de apaziguar o líder alemão era contrária à posição assumida pelas potências aliadas.
e) a forma que Chamberlain escolheu para lidar com o problema dos Sudetos deu origem à des-truição da Tchecoslováquia.
5 Qual episódio ficou conhecido como o marco inicial da Segunda Guerra Mundial?
6 Explique o que foi a Operação Barbarossa.
7 Sobre a Segunda Guerra Mundial, faça o que se pede.
a) O conflito dividiu o mundo em dois blocos: o do Eixo e o dos Aliados. Indique os países inte-grantes de cada um deles.
Eixo:
Aliados:
b) Preencha o quadro a seguir com as informações correspondentes.
FASES DA GUERRA
PERÍODO PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E ACONTECIMENTOS
1ª. fase
2ª. fase
3ª. fase
8 Sobre a rendição alemã, assinale com V as afirmativas verdadeiras e com F as falsas.
a) ( ) A Alemanha foi vencida pela URSS, no ano de 1942, na Batalha de Stalingrado.
b) ( ) A Alemanha perdeu para os Aliados nas regiões norte e nordeste da África em 1942.
c) ( ) Em 1943, os Aliados entraram na Itália, na região da Sicília, e, em pouco tempo, destituí-ram Mussolini do governo e o prenderam.
d) ( ) O Dia D, em 1944, marcou a derrota da Alemanha para os Aliados e libertou a França do domínio nazista.
9 O que levou os Estados Unidos a entrar no conflito?
10 Qual contexto da Guerra no Pacífico provocou a rendição japonesa em 1945?
53
capí
tulo
O desfecho da Segunda
Guerra se deu no Pacífico,
em agosto de 1945, quando
os Estados Unidos da Amé-
rica lançaram duas bombas
atômicas, uma em Hiroshima
e outra em Nagasaki. Após o
fim da Guerra, houve uma bi-
polarização do mundo: de um
lado, a União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS),
e do outro, os Estados Uni-
versus capi-
talismo. Cada governo defen-
dia um modelo econômico
distinto, procurando influen-
ciar os demais países. A dispu-
ta econômica e de modelo de
poder gerou outras disputas.
Guerra Fria
A ONU e a questão dos
direitos humanos
O Estado de Bem-
-Estar Social
o que vocêvai conhecer
O mundo após a Segunda Guerra Mundial
8
Testes nucleares dos Estados Unidos em novembro de 1951
©Shutterstock/Everett Historical
54
História
Compreender a situação de liderança dos Estados Unidos e da União Soviética após a Segunda Guerra Mundial.
Conhecer e analisar as principais caracte-rísticas da Guerra Fria, bem como os moti-vos que levaram o conflito a ser assim denominado.
Identificar os principais instrumentos, estratégias e alianças criados pelos Esta-dos Unidos e pela União Soviética
Identificar a divisão da Alemanha e a cons-trução do Muro de Berlim como símbolos da Guerra Fria.
Compreender a importância da criação da ONU e sua luta pelos direitos humanos.
Compreender a conjuntura em que foi criado o Estado de Israel.
Identificar as características do Estado de Bem-Estar Social e do american way of life.
objetivos do capítulo
Observe a imagem de abertura e responda:
Qual relação ela pode ter com a luta travada entre URSS e EUA nos anos subsequentes à
Segunda Guerra Mundial?
O poder político e econômico de um país pode ser medido pelo seu poder bélico?
Guerra Fria
Os Estados Unidos e a União Soviética foram aliados durante a Segunda Guerra Mundial.
Apesar de apresentarem sistemas econômicos diferentes (o primeiro era capitalista; o se-
que essa aliança não fosse durar muito tempo, afinal, as duas potências tinham interesses
antagônicos e concepções econômicas, políticas e sociais totalmente diferentes.
Depois de 1945, as duas nações entraram em disputa pela hegemonia global. Ambas
queriam garantir influência política e econômica sobre o maior número possível de países,
além de mostrar que seus valores (culturais e sociais) eram superiores. Mesmo ostentando
evidente rivalidade, nunca se enfrentaram diretamente em um conflito bélico. Por essa ra-
competição, mas ela acontecia sem confrontos diretos entre as duas potências.
De acordo com o historiador Marc Ferro,
A Guerra Fria é um conflito que veio a reboque da Segunda Guerra Mundial, mas cujos pro-tagonistas, os Estados Unidos e a União Soviética, souberam contornar, antes que se tornasse uma terceira guerra mundial; daí o nome de “Guerra Fria”, pois o conflito foi “congelado”.
FERRO, Marc. O século XX explicado aos meus filhos. Rio de Janeiro: Agir, 2008. p. 63.
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Nesse período, os Estados Unidos e a URSS
envolveram-se em diferentes conflitos em vários
locais, nos quais cada um apoiava um dos lados
combatentes, sem gerar confronto direto entre as
duas potências. O fornecimento de empréstimos
a países com dificuldades econômicas foi outra
estratégia para estabelecer a dependência destes
com seus credores.
Plano Marshall e Comecon
Enquanto a União Soviética ampliava sua área de influência no Leste Europeu, os Esta-
dos Unidos buscavam uma estratégia política capaz de deter o avanço soviético. Em março
a conter o expansionismo soviético na Europa. O conjunto de medidas foi denominado
Doutrina Truman. Uma das estratégias encontradas pelo governo foi a elaboração do Pro-
-
minação é uma homenagem a George Marshall, criador do programa e então secretário de
Estado do governo. O plano consistia em um programa de ajuda econômica à Europa para
financiar a reconstrução dos países atingidos pela
Segunda Guerra Mundial.
Além desse objetivo, havia outros propósitos:
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PROPAGANDA do Plano Marshall. 1 cartaz colorido.
Cartaz de propaganda do Plano Marshall, de 1950, no qual
a Europa é representada por um navio no mar, com velas que identificam os países que aderiram ao plano. Nele está escrito: “Europa: todas as nossas cores ao mastro”.
ampliar a área de influência dos Estados
Unidos;
evitar que países europeus em dificuldades fi-
nanceiras se aliassem à União Soviética;
manter afastada do Oriente qualquer influên-
cia soviética, combatendo a possibilidade de
algum país aderir ao regime socialista.
Com base nesse último objetivo, os estadunidenses formaram duas alianças militares:
a
Ásia do Sudeste).
A União Soviética também se mobilizou para organizar um projeto capaz de auxiliar eco-
nomicamente os países sob sua influência, como a Polônia e a Hungria. A preocupação dos
soviéticos era evitar que esses países fossem atraídos pelo bloco capitalista, seduzidos pelo
apoio financeiro oferecido pelos Estados Unidos.
56
História
Para tanto, em 1949, a União Soviética liderou a organização do Conselho de Assis-
tência Econômica Mútua (Comecon) para auxiliar no desenvolvimento dos países do bloco
socialista.
Otan e Pacto de Varsóvia
-
-
dos Unidos, seu principal objetivo, à época de sua criação,
era garantir apoio militar mútuo caso algum dos países-
-membros sofresse qualquer ameaça por parte do bloco
comunista. Faziam parte da Otan: Alemanha Ocidental,
Bélgica, Canadá, Dinamarca, Estados Unidos, Finlândia,
França, Grécia, Holanda, Itália, Luxemburgo, Noruega,
Portugal, Reino Unido e Turquia.
existiu até 1991. Essa denominação deve-se ao fato de ter sido firmado na cidade de Varsó-
via, na Polônia, ainda que sua liderança ficasse em Moscou, na URSS.
O Pacto de Varsóvia foi um acordo militar entre a
União Soviética e seus aliados do Leste Europeu: Albânia,
República Democrática Alemã, Bulgária, Hungria, Polônia,
Romênia e Tchecoslováquia. Tinha o mesmo objetivo da
Otan, ou seja, garantir apoio militar mútuo caso algum dos
países-membros sofresse ameaças, porém, nesse caso, do
bloco capitalista.
Tanto a Otan quanto o Pacto de Varsóvia contavam
com exércitos equipados com diversos armamentos, como
tanques, aviões e submarinos. Assim, estavam prontos
para entrar em ação a qualquer momento, diante de uma
eventual ameaça. Contudo, durante os anos da Guerra Fria,
nunca se enfrentaram diretamente em um conflito.
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Bandeira da Otan, azul com a rosa dos ventos ao centro, aprovada em outubro de 1953
Emblema do Pacto de Varsóvia. No centro, a
inscrição: “União da paz e do socialismo”
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1 Sobre a Doutrina Truman, assinale a alternativa correta.
a) ( ) Defendia o direito de os países latino-americanos pedirem ajuda ao bloco soviético.
b) ( ) Defendia o direito de resistir ao imperialismo estadunidense.
c) ( ) Conferia à URSS o direito de invadir o território americano.
d) ( ) Conferia aos Estados Unidos o direito de fornecer ajuda militar e econômica a qualquer país ameaçado pelo socialismo.
e) ( ) Defendia a invasão de Cuba pela URSS, como forma de autodefesa.
organizando a história
57
2 Um dos programas da Doutrina Truman era o Plano Marshall. Em que ele consistia?
3 Sobre o Comecon, é correto afirmar que
a) ( ) era um projeto capaz de auxiliar economicamente os países sob a influência da URSS.
b) ( ) seu objetivo era evitar que países em dificuldades financeiras se aliassem à URSS.
c) ( ) foi um projeto criado em 1949 e contava com a URSS e países aliados do Leste Europeu.
d) ( ) tinha a preocupação de evitar que os países fossem atraídos pelo bloco capitalista.
e) ( ) era um projeto capaz de ampliar a área de influência dos Estados Unidos na Europa.
4 Analise as afirmações a seguir sobre a Otan e o Pacto de Varsóvia.
I. Tanto a Otan quanto o Pacto de Varsóvia tinham o objetivo de oferecer ajuda mútua aos seus membros contra possíveis ataques do bloco inimigo.
II. Tanto a Otan quanto o Pacto de Varsóvia contavam com exércitos equipados com diversos arma-mentos, como tanques, aviões e submarinos.
III. Tanto a Otan quanto o Pacto de Varsóvia estavam abertos a negociações de paz com o bloco inimigo.
Quais dessas afirmações estão corretas?
Corrida armamentista
A produção de armamentos ganhou uma nova dimensão ao final da Segunda Guerra
Mundial e ficou conhecida como corrida armamentista.
No contexto da Guerra Fria, tanto os Estados Unidos quanto a URSS se preocuparam em
divulgar aos demais países que dispunham de armamentos construídos com as tecnologias
mais avançadas, buscando mostrar superioridade sobre o outro. Dois casos exemplificam
como essa corrida armamentista acontecia:
A URSS estava preocupada com o fato de os Estados Unidos terem desenvolvido a bomba
atômica, então, em 1949, os soviéticos explodiram sua primeira bomba dessa espécie, em
um teste.
Em 1952, os estadunidenses fizeram um teste bem-sucedido com uma bomba de hidrogê-
nio (bomba H). Os soviéticos construíram o mesmo tipo de bomba no ano seguinte.
Esse clima da corrida armamentista, que impunha uma cultura de disputa entre as duas
potências, acabou gerando excessos e uma certa histeria nos EUA. A passagem de vários
países do Leste Europeu e da Ásia para o socialismo e, sobretudo, o fato de os soviéticos
terem começado a produzir bombas atômicas e de hidrogênio deixaram amplos setores da
sociedade estadunidense atônitos.
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História
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Corrida espacial
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JULIUS e Ethel Rosenberg. 1 fotografia p&b.
©Nasa
ARMSTRONG, Neil. Astronauta Aldrin em pé, próximo à bandeira dos Estados Unidos. 1969. 1 fotografia, color.
©Nasa
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Divisão da Alemanha
Após a rendição alemã na Segunda Guerra Mundial, em 8 de maio de 1945, os líderes
-
tinos da Alemanha e de sua população. Na , ficou definida a divisão
do território alemão em quatro zonas de ocupação aliada. A capital, Berlim, também foi divi-
dida em quatro zonas, e em cada uma seriam estabelecidos os comandos centrais das forças
de ocupação: Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e União Soviética.
Vamos investigar as pesquisas feitas pelos Estados Unidos e pela União Soviética durante o período da Guerra Fria. Você e seus colegas vão formar grupos e pesquisar informações sobre as conquistas científicas soviéticas e estadunidenses.
A equipe deverá apresentar à turma as informações coletadas. A seguir, anotem, no caderno, as informações encontradas e formulem argumentos a serem discutidos com os demais grupos.
pesquisa
Fonte: SHIRER, William L. Ascensão e queda do Terceiro Reich. Rio de Janeiro: Agir, 2008. v. 2: O começo do fim – 1939-1945. Adaptação.
Europa – Divisão da Alemanha (1945)
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Com a divisão da Alemanha colocada em prática, a parte que passou a ser administrada
pelos capitalistas ficou conhecida como República Federal da Alemanha (RFA), ou Alemanha
Ocidental; sua capital era a cidade de Bonn. Já a parte administrada pelos socialistas passou
a se chamar República Democrática Alemã (RDA), ou Alemanha Oriental; sua capital era Ber-
lim Oriental.
60
HistóriaHiHiHiHiHiHiHiHiHiHHiHiHiiststststststststss órróróróóróróróróróróóó iaiaiiaiaiaiaiaaiai
Em 1948, os países capitalistas que ocupavam o território alemão passaram a cogitar a
possibilidade de reunificar a Alemanha e estabelecer um governo observador. Esse governo
seria formado por representantes dos quatro antigos aliados: Grã-Bretanha, França, Estados
Unidos e União Soviética.
O líder soviético Stalin, temendo que a União Soviética perdesse influência na Alemanha,
decretou bloqueio terrestre às partes da cidade de Berlim que não estavam sob seu domínio,
a fim de cortar o abastecimento local e forçar os estadunidenses e seus aliados a deixar a re-
gião. Dessa forma, três quartos da população de Berlim passaram a sentir falta de todo tipo
de produto, inclusive de alimentos essenciais para a sobrevivência.
Os Estados Unidos, por meio do presidente John F. Kennedy, organizaram uma ponte aé-
rea para o abastecimento de Berlim Ocidental. O bloqueio da URSS durou quase um ano (de
24 de junho de 1948 a 11 de maio de 1949). Essa operação de abastecimento, apesar de ter
custado grandes somas de dinheiro aos Estados Unidos, serviu para mostrar aos soviéticos
que o Ocidente não estava disposto a ceder às imposições de Joseph Stalin.
Com a fuga de muitos alemães para as áreas capitalistas, atraídos pela propaganda de
produtos e facilidades financeiras, a União Soviética decidiu isolar a parte socialista de Ber-
lim. Na madrugada do dia 13 de agosto de 1961, teve início a construção do Muro de Berlim,
que separou o povo da cidade por 29 anos e se transformou em um dos maiores símbolos da
Guerra Fria.
A foto mostra a construção do Muro de Berlim, que dividiu a cidade até 1989, quando teve início o processo de reunificação da Alemanha.
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Leia a seguir um trecho do discurso de Winston Churchill, então primeiro-ministro britâ-
nico, realizado em 5 de março de 1946, na cidade de Fulton (Missouri), nos Estados Unidos.
interpretando documentos
De Stettin, no Báltico, até Triestre, no Adriático, uma “cortina de ferro” foi baixada através do Continente Europeu. Atrás dela estão as capitais dos antigos Estados da Europa Central e Oriental. Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sofia, todas essas famosas cidades, e as populações à volta delas, estão na esfera soviética e sujeitas, de uma forma ou de outra, não apenas à influência soviética, mas a um controle intenso e cada vez mais forte de Moscou.
Discurso de Winston Churchill em Fulton, Estados Unidos, em 1946, apud MORRAY, J. P. Origens da Guerra Fria. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1961. p. 64-65. In: MARQUES, Adhemar M.; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo M. História do tempo presente. São Paulo: Contexto, 2003. p. 12-14.
A réplica a esse discurso veio logo em seguida. No dia 13 de março de 1946, Stalin re-
bateu esse pronunciamento em uma entrevista concedida ao jornal soviético . Leia a
resposta de Stalin ao repórter que havia perguntado se era possível considerar o discurso de
Churchill como prejudicial às causas da paz e da segurança mundial.
[…] o Sr. Churchill toma agora a posição dos provocadores de guerra, e nisso não está só. […] Na verdade, Churchill e seus amigos na Inglaterra e nos Estados Unidos apresentam às nações que não falam inglês um ultimato: aceitem voluntariamente nosso domínio e tudo estará bem; de outro modo, a guerra é inevitável.
[…] Não pode haver dúvida de que a posição do Sr. Churchill é uma posição de guerra, um grito de guerra contra a URSS. É também claro que é uma posição incompatível com o Trata-do de Aliança existente entre a Grã-Bretanha e a URSS.
[…] Não sei se o Sr. Churchill e seus amigos conseguirão organizar uma nova campanha armada contra a Europa Oriental, depois da II Guerra Mundial. Se conseguirem […], pode-mos dizer com certeza que, tal como antes, há 26 anos, serão esmagados.
Entrevista de Joseph Stalin ao Pravda, apud MORRAY, J. P. Origens da Guerra Fria. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1961. p. 68-73. In: MARQUES, Adhemar M.; BERUTTI, Flávio; FARIA, Ricardo M. História do tempo presente. São Paulo: Contexto, 2003. p. 15.
Com base nos textos lidos, responda às questões a seguir.
1 Winston Churchill se refere, em seu discurso, à existência de uma “cortina de ferro”. Qual é o signi-
ficado dessa designação no contexto histórico da Guerra Fria?
2 Apesar de Stalin considerar que as palavras de Churchill representaram um ultimato à guerra, ele se manteve relativamente distante de uma posição agressiva, porém deixou clara sua intenção de resistir. Explique, com base na entrevista, como ele demonstrou esse posicionamento ambíguo.
62
História
A ONU e a questão dos direitos humanos
A Segunda Guerra Mundial deixou
no mundo um panorama de destruição:
milhares de mortos, áreas devastadas e
1945, logo após o fim do conflito, repre-
sentantes de diversos países se reuniram
para criar um órgão com a missão de se
dedicar à construção da paz mundial. As-
sim, foi fundada a Organização das Na-
ções Unidas (ONU), em uma reunião na ci-
dade de São Francisco, nos EUA. Naquele
momento, a ONU contava com 50 países-
-membros; atualmente, há 193.
A ONU foi criada com o propósito de estabelecer relações amistosas entre os países. Um
órgão semelhante já havia sido criado ao final da Grande Guerra, com o mesmo propósito: a
alcançado seu objetivo.
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Os países-membros da ONU decidiram que a luta pela garantia dos principais direitos
em dezembro de 1948, foi assinada a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH),
um documento elaborado por representantes de todas as regiões do mundo.
De acordo com a DUDH, os direitos humanos são:
Bandeira da ONU
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[...] direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacio-nalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre muitos outros. Todos merecem estes direitos, sem discriminação.
ONU – Organização das Nações Unidas. O que são direitos humanos? Disponível em: <https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/>. Acesso em: 21 jun. 2019.
A Declaração também definiu algumas das características mais importantes dos direitos
humanos:
São fundados
sobre o respeito pela dignidade e
pelo valor de cada pessoa.
São universais,
ou seja, devem ser aplicados de
forma igual e sem
discriminação a todas as pessoas.
São inalienáveis, e
ninguém pode ser privado de seus
direitos humanos.
São indivisíveis,
inter-relacionados e interdependentes, já que
é insuficiente respeitar
alguns direitos humanos e outros não.
63
A Questão Palestina e o Estado de Israel
O processo histórico que culminou na fundação do Estado de Israel teve início na década de
1880, quando imigrantes judeus foram politicamente motivados a se deslocar para a região da
sionismo.
O movimento sionista defendia a formação de um Estado Na-
-
sim, entre os anos de 1880 e 1938, imigraram para a região mais
de 270 mil judeus de diversas partes da Europa, principalmente da
Rússia. Durante a Segunda Guerra, em decorrência da perseguição
nazista, novas levas de judeus buscaram refúgio na região.
Com a divulgação do Holocausto judaico durante a Segunda Guerra, a Organização das
-
do de Israel passou a existir oficialmente em 14 de maio de 1948. Os árabes que viviam na
perda do controle de parte de seu território.
Em 1948, o Exército de Libertação Ára-
be, formado por palestinos, com apoio do
Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque, não
aceitou a decisão da ONU e atacou o Esta-
do de Israel.
O conflito se encerrou em 1949, com a
vitória de Israel, que ampliou seu território
além das determinações oficiais da ONU.
Desde esse episódio, a região tornou-se uma
área de constantes conflitos, na qual os inte-
resses divergentes entre palestinos e israe-
lenses geraram a Questão Palestina, que se
mantém até os dias atuais.
Sionismo é um termo
derivado da palavra Sion, um
monte localizado na cidade
de Jerusalém, considerada a
Fonte: SMITH, Dan. O atlas do Oriente Médio: conflitos e soluções. São Paulo: Publifolha, 2008. p. 37. Adaptação.
ficou assim estabelecida: Estado árabe com 42,9% do território e
Israel com 56,5%. Jerusalém foi declarada cidade internacional.
Divisão da Palestina: Plano da ONU (1947)
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Os conflitos na região palestina propi-
ciaram a formação de grupos que lutam
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lestina. Um deles é a Organização para a
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dada em 1959 e liderada por
muitos anos por Yasser Arafat
(1929-2004).
Inicialmente, o grupo liderado por Yasser Arafat atuou de forma
armada contra a criação do Estado de Israel. A partir da
década de 1990, o grupo passou a defender a ideia
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64
História
O Estado de Bem-Estar Social
Depois da Segunda Guerra Mundial, em virtude das destruições por ela causadas e da
de Bem-Estar Social (welfare state). Ela tinha como premissa a intensa atuação do Estado em
benefício da sociedade. Assim, foi criada uma série de direitos a que toda população teria
acesso, como direito à educação básica das crianças; direito à saúde; direitos dos trabalhado-
res a auxílio no caso de desemprego ou impossibilidade de trabalhar em virtude de doenças.
Nesses países, o Estado também assumiu o papel de promover medidas de aquecimento
da economia, buscando reduzir o desemprego entre a população e evitar que os mecanismos
-
nutenção do Estado do Bem-Estar Social eram vistos como investimentos. A alegação é que isso
evitaria que a ocorrência de uma crise financeira estagnasse por completo a economia do país.
A sociedade do pós-Guerra
A ampla oferta de emprego e o Estado de Bem-Estar Social garantiram relativa segu-
rança econômica a partir da década de 1940. Nesse contexto, as pessoas que haviam vivido
intensamente as guerras acreditaram que um “novo mundo” estava sendo construído.
Talvez a mais importante transformação tenha se processado na sociedade estadunidense.
Considerados “afortunados” por não terem sido palco da Segunda Guerra e “vencedores do con-
flito”, sua cultura e economia de consumo passou a se popularizar entre os países do Ocidente.
Entre 1946 e 1964, o
difundido nos EUA após a Grande Guerra, o american way of life na década de 1920, tornou-
-se estável apenas vários anos depois.
O estilo de vida caracterizado pelo materializou o sonho americano.
Nesse cenário altamente otimista, as famílias passaram a consumir cada vez mais, principal-
mente os produtos que se destinavam às massas: eletrodomésticos em geral, com destaque
para a televisão; casas nos subúrbios com grandes jardins; e o automóvel, marca do século XX,
fortemente presente naquela época.
Além da casa no subúrbio, o sonho de quase toda família estadunidense era poder exibir
um grande automóvel como símbolo de seu sucesso particular. O historiador John Lukacs con-
sidera que o automóvel foi o elemento primordial da “norte-americanização” do mundo, “pois
o século dos Estados Unidos é o século do automóvel, que é o símbolo, o sintoma, a causa e o
efeito de seu desenvolvimento”.
Ter um carro: o sonho de quase toda família
estadunidense na década de 1950.
©Bettman/Getty Images
Nos filmes produzidos por Hollywood
e exportados para o mundo na década de
1950, o era apresentado
como exemplo de sucesso. O cinema passou
a ser visto como um dos meios ideais para se
propagar ideias e comportamentos de uma
sociedade em ascensão, uma estratégia de
dominação mais branda do que a militar.
65
O modelo estadunidense foi alicerçado em bases consideradas sólidas: emprego, bons
-
pregos estáveis, com bons salários, eram majoritariamente dos homens brancos. Logo, qua-
se todas as mulheres e parte significativa da população afrodescendente e latino-americana
não fazia parte desse grupo. Às mulheres foi destinado um papel específico: mãe e dona de
casa.
Essas são algumas das contradições que ocorreram, evidenciando que parte significativa
da população estadunidense não usufruiu dos benefícios durante os Anos Dourados, como
ficou conhecida a década de 1950, ou seja, nem todo mundo compartilhou da prosperidade.
Nesse contexto, a desigualdade e a impossibilidade de consumir artigos que as propa-
gandas exibiam acabaram por gerar uma rebeldia na juventude, que caracterizou o período
e produziu uma cultura específica.
A contestação de alguns jovens era ex-
plícita e revoltava os mais idosos, que con-
sideravam de gosto duvidoso o vestuário
utilizado pelos rapazes, pois lembrava o
dos operários das fábricas. Já as roupas fe-
mininas eram extravagantes e, para alguns
pais, inadequadas para “moças de famí-
lia”. Os penteados, ousados para a época,
chamavam a atenção dos conservadores.
Enfim, os jovens estadunidenses dos Anos
Dourados estavam adotando hábitos de
rebeldia.
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Em grupos, pesquisem como o blues influenciou o rock and roll e, depois, toda uma geração de jovens ao redor do mundo. Incrementem o trabalho com informações a respeito dos primeiros músicos de rock, bem como sobre o sentido das letras de músicas desse estilo. Lembrem-se de que, além de escutarem o rock and roll, os jovens se vestiam a caráter e dançavam de maneira totalmente inusitada para a época. O trabalho deve ser produzido com texto e imagens.
pesquisa
JOVENS de São Francisco, 1954. 1 fotografia, p&b.
O rock and roll representou a rebeldia da década de 1950. Esse estilo musical recebeu
influência de vários outros, como o e o , e introduziu na música um instrumento
novo: a guitarra. O extrapolou a condição de influência musical da juventude, pois os
artistas passaram a ser, também, uma referência para o comportamento. Isso levou à altera-
ção do modo como as pessoas se vestiam, agiam e falavam; havia um estilo mais despojado
e moderno de viver que se transformou em sucesso.
66
História
1 Explique as diferenças essenciais entre o socialismo soviético e o capitalismo estadunidense.
2 Qual é o sentido da expressão "Guerra Fria"? Quando o período assim designado ocorreu?
3
a)
b) ( ) da polarização do mundo em dois blocos político-militares após a Segunda Guerra Mundial.
c) ( ) da polarização do mundo em dois blocos político-militares entre as duas guerras mundiais.
d) ( ) das disputas por mercados consumidores entre países industrializados durante a Segunda Guerra.
e) ( ) da inclusão das áreas do Ártico e da Antártica nas zonas de segurança militar, após a Se-gunda Guerra Mundial.
4 -ríodo da Guerra Fria foi chamado de corrida armamentista?
5
1950, visava
a) ( ) conceder igualdade de oportunidades às minorias negras estadunidenses.
b) ( ) afastar de cargos públicos e de posições importantes na economia e na sociedade grupos e pessoas simpatizantes do regime soviético.
c)
d)
e) ( ) impedir o expansionismo soviético nas zonas de influência dos EUA.
6
7 (ENEM)
o que já conquistei
Após a Declaração Universal dos Direitos Humanos pela ONU, em 1948, a Unesco publicou estudos de cientistas de todo o mundo que desqualificaram as doutrinas racistas e demonstra-ram a unidade do gênero humano. Desde então, a maioria dos próprios cientistas europeus pas-sou a reconhecer o caráter discriminatório da pretensa superioridade racial do homem branco e a condenar as aberrações cometidas em seu nome.
SILVEIRA, Renato da. Os selvagens e a massa: papel do racismo científico na montagem da hegemonia ocidental. Afro-Ásia, n. 23, 1999. Adaptado.
A posição assumida pela Unesco, a partir de 1948, foi motivada por acontecimentos então recentes, dentre os quais se destacava
a)
b) ( ) o desencadeamento da Guerra Fria e de novas rivalidades entre nações.
c) ( ) a morte de milhões de soldados nos combates da Segunda Guerra Mundial.
d) ( ) a execução de judeus e eslavos presos em guetos e campos de concentração nazistas.
e) ( ) o lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki pelas forças estadunidenses.
67
8 O Estado de Israel foi criado oficialmente no ano de 1948, após uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU). Considere as afirmativas a seguir e assinale V se for verdadeira e F se for falsa.
( ) Entre os antecedentes da criação do Estado de Israel encontra-se o movimento sionista, que
( ) A descoberta dos campos de extermínio e da dimensão do Holocausto do povo judeu pelos nazistas motivou as discussões diplomáticas que resultaram na criação do Estado de Israel.
( ) O Estado de Israel foi criado para acolher tanto as populações judaicas como as árabes.
(
territorial de cada um desses Estados, o que gerou os conflitos na região.
( ) As populações árabes que habitavam a região revoltaram-se contra a criação do Estado de
9 Leia o texto a seguir.
A revelação apocalíptica da Bomba Atômica precipitou um novo tipo de conscientização global e um novo tipo de psicologia. Diante da perspectiva de pulverização instantânea, muitas pessoas começaram a se concentrar totalmente no presente, senão no momento. Isto não quer dizer que as estruturas de vida se alterassem da noite para o dia, as pessoas queriam mais do que isso: que a vida começasse a mudar.
SAVAGE, Jon. A criação da juventude: como o conceito de teenage revolucionou o século XX. Rio de Janeiro: Rocco, 2009. p. 497.
Após as explosões atômicas no Japão, e no período da Guerra Fria, formou-se uma prática nas so-ciedades ocidentais que foi bastante influenciada pelos estadunidenses, por
a) buscar a paz sob qualquer pretexto.
b) lutar contra a produção de armas de destruição em massa.
c) usufruir das indenizações de guerra, promovidas pelo Estado do Bem-Estar Social.
d) priorizar uma vida com base na satisfação imediata e no consumo.
e) ter como base a igualdade de oportunidades para homens e mulheres.
10 Quais foram os principais motivos que possibilitaram as mudanças socioculturais nos EUA, caracte-
11 -tadunidenses? Justifique sua resposta.
68