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XX 174 09/09/2012 * Minas Gerais lidera ranking de candidaturas barradas - p.01 * Fuga do foro privilegiado - p.04 * MÁQUINA CARA E NEBULOSA - p.17

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XX 174 09/09/2012

* Minas Gerais lidera ranking de candidaturas barradas - p.01

* Fuga do foro privilegiado - p.04

* MÁQUINA CARA E NEBULOSA - p.17

O TEMPO - MG - P.08 - 09.09.2012

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isTO é - sP - P. 44 a 46 - 12.09.2012

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cOnT.... isTO é - sP - P. 44 a 46 - 12.09.2012

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Adriana Caitano e João ValadaresBrasília – O foro privilegiado, mecanismo que restringe o jul-

gamento de processos contra parlamentares ao Supremo Tribunal Federal (STF), sempre foi considerado pelo imaginário popular e por políticos sinônimo de impunidade. A percepção era reforçada pelo fato de apenas cinco parlamentares terem sido condenados pela corte desde 1988 – e nenhum estar preso. O julgamento do mensalão, em especial a condenação do deputado federal João Pau-lo Cunha (PT-SP), porém, mudou a compreensão sobre o assunto. Com a análise da ação penal em prazo razoável, quem corre o risco de ser julgado no STF agora quer fugir dele. E quem temia ver os casos de corrupção continuarem impunes trabalha para fortalecer o foro especial, que já não parece um privilégio.

A compreensão que circula no Congresso é de que a rigidez com que João Paulo foi julgado pelos ministros – e sete anos após a denúncia – dissolveu possível unanimidade sobre o tema. Ao mes-mo tempo em que a existência do foro restringe as possibilidades de recurso, permite um julgamento mais rápido dos réus e inibe o uso de vias protelatórias nas diversas instâncias da Justiça comum.

O deputado federal e presidente do PPS Roberto Freire (SP) foi relator de uma das propostas que tentam extinguir o benefício e apresentou parecer favorável, mas admite estar dividido. “O mensa-lão está colocando uma interrogação na ideia de acabar ou não com o foro, com argumentos em pé de igualdade”, pondera. “O direito à ampla defesa é necessário, mas não há como manter a tese de privilégio, já que, mesmo um pouco demorado, o julgamento de fato está acontecendo.” O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), também acredita que o debate precisa ser revisto. “O mensa-lão cria uma referência prática de que não existe benefício a favor de ninguém com o foro”, comenta.

Um exemplo frequentemente usado por quem quer manter a regra atual é o do ex-senador Ronaldo Cunha Lima, morto em ju-lho. Em 2009, o político estava prestes a ser julgado pelo STF sob a acusação de tentativa de homicídio. Ciente de que as chances de condenação eram reais, renunciou ao cargo para que seu processo caísse para instâncias inferiores da Justiça comum. “Naquela épo-ca já se começava a perceber que o foro deixou de ser vantajoso desde que o Congresso definiu, em 2002, que o Supremo poderia processar políticos sem consultar antes os parlamentares, mas os efeitos ainda não eram sentidos”, ressalta o diretor do Departamen-to Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), o analista político Antonio Augusto Queiroz.

Luta Diante da discussão, políticos alvo de investigações no STF ouvidos pelo Estado de Minas coincidentemente estão na ala dos que lutam para acabar com o benefício. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), filho de Ronaldo Cunha Lima, é autor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que pretende extinguir a prerrogativa do foro privilegiado para crimes comuns cometidos por políticos e demais autoridades. Ele responde no Supremo a dois in-quéritos por crimes eleitorais e da Lei de Licitações. Lima argumen-ta que o privilégio é contrário ao princípio constitucional da igual-dade de todos perante a lei. “Temos que preservar esse princípio e torná-lo permanente e blindado às alterações emocionais”, sustenta.Alvo de cinco investigações por crimes contra a Lei de Licitações, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB), candidato a prefeito de João Pessoa (PB), assinou a favor da PEC e também é defensor fervo-roso da abolição da regalia. Assim como o senador Jayme Campos (DEM-MT), réu em ação penal por crimes contra a fé pública, para

quem o foro privilegiado está ultrapassado. “A extinção do foro é uma tendência natural da democracia e exige dos mandatários um maior compromisso com a seriedade e a Justiça”, diz.

Representantes da sociedade, porém, discordam e afirmam que julgamentos mais céleres nas altas cortes revelam um amadureci-mento do país. Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrup-ção Eleitoral (MCCE), afirma que o foro especial foi usado como instrumento de impunidade, mas essa crença tem diminuído. “A so-ciedade cobra cada vez mais uma posição do Judiciário e percebe que o privilegiado não é o político e sim o tratamento conferido a processos sobre crimes de colarinho branco, que não são prioriza-dos e acabam prescrevendo”, revela.PROPOsTas na FiLa

Atualmente, existem oito propostas de emenda à Constituição (PEC) no Congresso que pretendem extinguir de alguma forma o foro especial por prerrogativa de função – sete na Câmara e uma no Senado. O benefício é determinado por diversos artigos da Carta Magna que designam a órgãos colegiados superiores o julgamento de crimes comuns e de responsabilidade cometidos por parlamen-tares, governadores, ministros, integrantes de tribunais e pelo pre-sidente da República. A mais avançada é a PEC 130/2007, que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e por uma comissão especial da Câmara. Em 2009, o parecer do relator e ex-deputado Regis de Oliveira (PSC-SP) foi rejeitado em votação no plenário – ele precisava de 308 votos favoráveis e recebeu apenas 260.O argumento usado pela maioria dos parlamentares na época era o de que aprovar a proposta antes do julgamento do mensalão acabaria beneficiando os 40 réus, que passariam a ter seus casos analisados pela Justiça comum com a perda de foro dos deputados que integram a lista. Com a rejeição, o texto original ainda pode ser votado pelo plenário, desde que volte à pauta. Enquanto isso, as de-mais propostas continuam a tramitar na Casa – todas estão paradas na CCJ. No entanto, caso a PEC 130 caia, algum deputado poderá solicitar a anulação dos outros textos semelhantes por considerá-los prejudicados.

Memória

Aprovação sob críticas e protestosO foro foi criado oficialmente na Constituição de 1988, sob

protestos e críticas de estudiosos e movimentos sociais, que o apon-tavam como um incentivo à corrupção. Levantamento feito em 2007 pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) mostrava que, até aquele momento, das 130 ações penais enviadas ao Supremo Tribunal Federal (STF), apenas seis haviam sido julgadas (sem con-denação), 13 prescreveram e 46 voltaram para instâncias inferiores. Nos últimos dois anos, porém, começaram a ocorrer as primeiras condenações, do deputado Natan Donadon (PMDB-RO) e dos ex-deputados José Tatico (PTB-GO), Zé Gerardo (PMDB-CE), Asd-rúbal Bentes (PMDB-PA) e Cássio Taniguchi (DEM-PR). Nenhum deles chegou a cumprir a pena por motivos diversos, como o fato de o prazo para recursos no próprio STF ainda não ter se encerrado. Esse fato reforçava a campanha pelo fim da regra, mas, segundo o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamen-tar (Diap), o analista político Antonio Augusto Queiroz, a tese está enfraquecida. “A ideia tinha apoio da opinião pública na época em que a Justiça não funcionava, mas as coisas estão mudando e quem defende o fim da regra é que pode ser visto como alguém que quer a impunidade”, comenta.

EsTadO dE Minas - On LinE - 09.09.2012 ELEiÇÕEs

Fuga do foro privilegiado Condenações deixam políticos investigados em dúvida sobre direito de serem julgados no Supremo. Projetos prevendo fim da prerrogativa ganham força no Congresso Nacional

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FOLha dE sP - sP - P. a10 - 09.09.2012

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FOLha dE sP - sP - P. a11 - 09.09.2012

justiça

Quem chegaCom a posse do ministro Fran-

cisco Falcão como corregedor na-cional da Justiça, o CNJ terá pela primeira vez uma desembargadora federal cuidando de suas funções administrativas. Será Margarida Cantarelli. Ela foi uma das pioneiras na Justiça Federal a reconhecer, em 2000, o direito a pensão por morte de companheiro de servidor público da União, num voto considerado “ir-retorquível” pelo ministro Celso de Mello, do STF.

VEícuLO - REVisTa isTO é - cOLunas RicaRdO BOEchaT - 09/09/2012

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Landercy Hemerson

Uma denúncia anô-nima levou agentes do 1º Batalhão da Polícia Militar a prender ontem à tarde um homem acu-sado de comandar um esquema de venda ilegal de ingressos para jogos do Campeonato Brasi-leiro de Futebol. Júlio César dos Santos, de 30 anos, o Nego Gato, foi flagrado com 32 bilhetes para o jogo de hoje en-tre Atlético e Palmeiras, perto das bilheterias da sede do clube, na Aveni-da Olegário Maciel, em Lourdes, Centro-Sul de BH. Ele disse que esta-va no local apenas para comprar entradas, mas foi detido e levado para a Delegacia Adjunta do Juizado Especial Crimi-nal (Deajec).

Segundo o acusado, os bilhetes apreendidos seriam destinados a um grupo de torcedores de Guarapari (ES). “Não fui preso em situação de cri-me. Fui comprar ingres-sos e me prenderam pela fama de cambista. Havia no local várias pessoas vendendo ingressos e que não foram detidas”, reclamou. Apesar da in-sistência de que era ape-nas comprador, alguns bilhetes apreendidos fo-ram confeccionados no dia 31, o que sugere que

foram comprados cinco dias antes do início da venda nas bilheterias.

A soldado Sabri-na Marques, da 5ª Cia. do 1º BPM, conta que com a chegada da po-lícia Nego Gato tentou se desfazer dos bilhetes, jogando-os num dos gui-chês e na avenida. Ela acredita que, se tivesse comprado os ingressos antes da chegada da po-lícia, a data de confecção e horário confirmariam a versão dele. “Houve de-núncia específica apon-tando que Júlio César estava oferecendo in-gressos e até intimidan-do torcedores”, explicou o cabo Eduardo Morais, que comandou a ação.

PERsEGuiÇÃO Júlio admite que já foi preso

outras vezes pela venda ilegal de ingressos. Ele, porém, sugeriu ser alvo de perseguição policial. “Tenho uma empresa que presta serviços para as pessoas. Compro in-gressos para torcedores que contratam meu ser-viço”, justificou. Com ele foi encontrado um cartão da suposta em-presa, denominada Nego Gato Entreterimentos (sic), cujo slogan é “não vendo ingresso, vendo comodidade”. Porém, na página de um site da rede

social o acusado se apre-senta como cambista.

Foram apreendidos 17 ingressos do setor especial da Pitangui, que custam R$ 60 cada; nove cadeiras do bloco Minas, de R$ 20; e seis cadeiras Pitangui, de R$ 30. Em geral, dependen-do do jogo, os cambista cobram entre R$ 10 a R$ 30 de ágio por bilhete. O material apreendido foi levado para a Deajec, onde Júlio e sua funcio-nária Jéssica Damas, de 21, foram ouvidos. Ca-berá à Polícia Civil in-vestigar a procedência dos ingressos, compra-dos com antecedência.

Depois do depoi-mento, Júlio César as-sinou o termo circuns-tanciado de ocorrência (TCO) por câmbio ilegal e desacato aos policiais. Jéssica Damas assinou TCO por associação com Júlio e também por desacato. Como é um crime de menor poten-cial ofensivo, o caso foi para o Juizado Especial Criminal. A juíza Soraya Ferreira vai definir quan-do os acusados serão ou-vidos na Justiça. A pena a que estão sujeitos pode ser convertida em pres-tação de serviços à so-ciedade. Os dois foram liberados no começo da noite.

EsTadO dE Minas - On LinE - 09.09.2012E ainda...GERais

PM prende cambista FUTEBOL - Acusado de venda ilegal de ingressos para o jogo do Galo

é detido com entradas adquiridas antes da abertura de bilheterias

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Autor(es): Chico de GoisGastos crescerão ainda mais com aumento de 10% no núme-

ro de vereadores. Levantamento da Confederação Nacional dos Municípios feito para O Globo revela que 752 prefeituras não informaram ao Tesouro o custo de seu legislativo e 699 relata-ram não ter nenhuma despesa. O Brasil gastou pelo menos R$ 9,5 bilhões em 2011 para manter as Câmaras de Vereadores nos seus 5.565 municípios. Tanta despesa — metade do orçamento anual do Bolsa Família —, não vem, no entanto, acompanhada de transparência e ainda crescerá com a criação de mais 5.426 vagas em relação a 2008, relata Chico de Gois. O GLOBO pesquisou os 26 sites dos legislativos das capitais e constatou que, na maioria dos casos, há apenas nomes e fotos dos vereadores com alguns projetos e o orçamento total das Casas. Não existem informações como salários dos parlamentares e servidores, o número de fun-cionários em gabinetes ou as despesas com diárias.

Sem fiscalizar ou prestar contas de gastos e atos, Câmaras custam R$ 9,5 bilhões por ano

BRASÍLIA As câmaras municipais, apesar de próximas fisi-camente dos moradores, são o Poder menos transparente, o mais vulnerável à corrupção, o que menos presta contas aos eleitores e um dos mais caros aos cofres públicos. O custo dos legislativos nos 5.565 municípios brasileiros ficou em quase R$ 10 bilhões (R$ 9,5 bilhões) em 2011, considerando apenas as despesas de-claradas. É o equivalente a cinco orçamentos anuais do Minis-tério da Cultura. E este custo anual poderá ultrapassar os R$ 15 bilhões em 2013, quando um contingente maior de vereadores entrará em cena, e com salários maiores que os atuais - dinheiro suficiente para pagar por quase um ano os 13 milhões de bene-fícios do Bolsa Família (R$ 19 bilhões). Na eleição de outubro, 432.867 candidatos disputam as 57.434 vagas de vereadores. O número de vagas cresceu mais de 10% em relação a 2008 (52.008 vereadores) por força da aprovação de uma emenda constitucio-nal, cuja validade se aplica agora.

Miniaturas do Congresso, os legislativos municipais, além de custar caro aos bolsos dos contribuintes e de ter pouca trans-parência, na maioria das vezes serve apenas para dizer amém aos planos traçados pelos prefeitos. Fiscalizar os atos do Executivo, que seria a principal tarefa de uma câmara municipal, está apenas na carta de boas intenções. Na maioria das cidades, os vereadores são cooptados pelo poder local e fazem vista grossa aos atos e omissões do chefe da prefeitura.

Cláudio Weber Abramo, diretor-executivo da ONG Trans-parência Brasil, avalia que a função das câmaras de vereadores foi esvaziada nas últimas décadas. Justamente por causa da “for-ça” exercida pelo Executivo:

- Os vereadores não cumprem seu papel, não fiscalizam. Quem legisla, de fato, é o Executivo. Os prefeitos compram suas bases por meio da distribuição de cargos - afirma Abramo.

Rio Largo (AL): sete de dez vereadores presosA pouca transparência e a falta de fiscalização favorecem as

práticas de desvios e corrupção, com casos de desmandos gene-ralizados no poder público. Foi o que aconteceu em Rio Largo este ano, na região metropolitana de Maceió, onde o prefeito e sete dos dez vereadores foram presos em maio, por corrupção. Em menor escala, esses casos se repetem país afora.

O efeito principal da falta de transparência é a dificuldade -

em alguns casos, impossibilidade - de se saber exatamente quan-to do dinheiro do contribuinte é dispendido com os vereadores brasileiros. O custo de cerca de R$ 10 bilhões com o Legislati-vo municipal, levantamento exclusivo feito para o GLOBO pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), foi estimado com base nas informações fornecidas pela maioria dos municí-pios ao Tesouro Nacional.A CNM identificou no Tesouro dados de 4.813 prefeituras relativos a essas despesas, o que significa que mais de 700 nada informaram ao cofre central. Mesmo no universo de 4.813, há um grupo de 669 que computaram como zero o gasto do Legislativo, o que é improvável. A contabilidade do dinheiro público gasto pelos parlamentares é o exemplo mais forte de falta de transparência.

Mas os vereadores também sonegam outras informações de interesse comunitário: desde o parentesco de servidores de con-fiança até viagens ou dados simples de suas atividades. O GLO-BO pesquisou os 26 sites dos legislativos das capitais do Brasil e constatou que a maioria não traz informações de fácil acesso. Há casos, inclusive, em que nem site há. Em São Luís, no Mara-nhão, por exemplo, ao tentar pesquisar dados sobre a Câmara o internauta se depara com um aviso de que, se continuar, a página poderá danificar o computador.- As câmaras municipais são as menos transparentes de todos os poderes. Tudo que acontece na esfera nacional, acontece na esfera estadual e é muito pior nos municípios - afirma Cláudio Abramo. - A regra geral é a obscu-ridade.O raciocínio de Abramo de que o exemplo vem de cima é compartilhado pelo presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, um ex-prefeito do interior do Rio Grande do Sul que há alguns anos se dedica a defender os interesses das prefeituras em Brasília. Todos os vícios, inclusive as práticas de corrupção, diz ele, são copiados das esferas superiores: - Tudo que se vê no interior, em Brasília é igual. A Câmara dos Deputados, o Senado e as assembleias esta-duais teriam que dar o exemplo, mas fazem o contrário.

No rio, cada vereador custa R$ 7,8 milhõesConsiderando apenas os vereadores de capitais, um levan-

tamento da Transparência Brasil aponta que na Câmara do Rio cada um dos seus 51 representantes custa R$ 7,8 milhões anual-mente, tomando como base o orçamento da Câmara Municipal deste ano. É a segunda mais cara do país, levando-se em conta a relação do número de vereadores pelo valor do orçamento. A primeira é São Paulo: R$ 8,5 milhões por cada um de seus 55 parlamentares.Porém, se o cálculo levar em conta a população da cidade, a Câmara de Florianópolis passa a ser a mais cara per ca-pita entre as capitais. Lá, cada morador paga R$ 99,49 por repre-sentado. No Rio, esse custo é de R$ 62,73, per capita. Dinheiro que o cidadão não sabe como é gasto.

A aprovação da Lei de Acesso à Informação, que entrou em vigor em maio, está longe de chegar às câmaras. Na maioria das vezes, os sites se limitam a exibir os nomes e as fotos dos vere-adores, alguns projetos e o orçamento. Não há, por exemplo, in-formações básicas, como quanto ganham os vereadores, quantos funcionários dispõem em seus gabinetes, quanto recebem de diá-rias, quantos funcionários há no total. Também é difícil encontrar Legislativo que informe e-mails dos vereadores ou os telefones dos gabinetes. Todo esse jogo de esconder reforça a visão de que os vereadores não querem dar satisfação de seus atos ou de seus gastos.

O GLOBO - 09/09/2012 - On LinE CÂMARAS CUSTAM R$ 9,5 BI E NÃO SÃO TRANSPARENTES

MÁQUINA CARA E NEBULOSA

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Julgar com independênciaAutor(es): Flávio de A. Willeman A imprensa noticiou nos últimos meses a grande discus-

são jurídica que envolveu a possibilidade de o CNJ contro-lar diretamente atos de “indisciplina” de magistrados, antes mesmo da atuação das corregedorias locais dos tribunais. A palavra final do STF no julgamento da ADI 4638 pôs fim à controvérsia. Não pairam mais dúvidas sobre as importantes atribuições do CNJ, que não pode controlar o conteúdo das decisões judiciais. O CNJ não é instância recursal para rea-preciar a correção e o mérito de sentenças. O CNJ não é um órgão jurisdicional!

O Judiciário nunca esteve imune ao controle de suas atividades administrativas e judicantes. O Judiciário, em sua função administrativa, é controlado pelos Tribunais de Con-tas e pelo Legislativo; também pode sê-lo pelos cidadãos, por meio de dois importantes institutos constitucionais: a ação popular, que permite a qualquer cidadão questionar atos administrativos de gestão do Judiciário que causem da-nos ao erário, e o direito de petição, que possibilita a qual-quer cidadão noticiar à presidência de qualquer tribunal e ao MP irregularidade da qual tenha conhecimento. No plano das decisões judiciais propriamente ditas, há inúmeras ins-tâncias recursais.

A imprensa tem divulgado o desejo do CNJ de contro-lar as estatísticas das decisões proferidas pelos tribunais do país, com ênfase no julgamento das ações civis públicas e ações de improbidade que, de um modo geral, buscam pu-nir administradores públicos que causam danos ao erário ou violam princípios da administração pública. Esta atuação do CNJ revela-se de extrema importância, sobretudo para que o Judiciário tenha uma “radiografia” de como estas ações são “processadas” do sul ao norte do Brasil.

Causa estranheza e preocupação a pressão que os ma-gistrados estão sofrendo para justificar os motivos pelos quais não têm condenado agentes públicos, réus em ações civis públicas ou de improbidade administrativa. O juiz, desde que fundamente o seu convencimento à luz dos fatos e do direito, não tem o dever de prestar contas das razões que o levaram a deixar de condenar. Há recurso para os incon-formados. Esse constrangimento imposto aos magistrados viola a independência do Poder Judiciário e põe em xeque o estado democrático de direito.

Se comprovado o desvio de conduta, após o devido pro-cesso legal, no exercício da função administrativa ou judi-cante, que sejam os juízes punidos exemplarmente. O que não se pode permitir é obrigá-los a julgar predeterminados a condenar, com medo de serem expostos à mídia ou mesmo a um processo administrativo disciplinar no CNJ. Isto não é justiça; é injustiça inconstitucional!

O GLOBO - 09/09/2012 - On LinE

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