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Ano II Número 162 Data 14 a 16.04.2012

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AnoII

Número162

Data14 a 16.04.2012

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Sérgio Santos Rodrigues - advoga-do, sócio do escritório s. santos rodri-gues advogados e mestre em direito

Estatui o artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) que “a defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente ou a título coletivo”. E seu parágrafo único e incisos: “A defesa coletiva será exer-cida quando se tratar de: I – interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindi-viduais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; II – interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivi-sível, de que seja titular grupo, catego-ria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma rela-ção jurídica base; III – interesses ou di-reitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum”.

O CDC divide a tutela coletiva, portanto, em três grupos distintos, con-forme o seu interesse: difusos, coletivos e individuais homogêneos, que embora pareçam iguais, em primeira análise, têm características que os distinguem.

Os interesses chamados de difusos são, como o próprio CDC define, aque-les metaindividuais, ou supraindividu-ais, cuja natureza do direito só pode ser considerada como um todo, isto é, in-divisível, e cujos titulares não possam ser individualizados e estejam ligados entre si por determinada circunstância de fato, isto é, que não haja relação ju-rídica ligando esses direitos.

Os direitos são difusos, portan-to, exatamente por serem espalhados e difundidos. Exemplo ocorre quando uma propaganda enganosa ou abusiva – proibida pelo CDC, v. artigo 37 e se-

guintes – é transmitida pela televisão. É certo que a mesma atingirá um nú-mero indeterminado de pessoas, que se tornam prejudicadas pelo simples fato – comum – de ter visto a propaganda.

Os direitos difusos diferenciam-se dos coletivos exatamente no quesito da titularidade: enquanto naquele os titu-lares são indeterminados, nestes há a determinação e possível identificação dos sujeitos do direito, que estão liga-dos entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica.

Esse caso é exemplificado por Nel-son Nery por alunos de determinada escola, que têm direito à qualidade do ensino pelo qual estão pagando. Todos são determináveis e formam um grupo comum pelo fato de ter a mesma rela-ção jurídica com a parte contrária, que é a escola. A indivisibilidade do direito decorre do fato de que o bem jurídico, que é a qualidade ensino, não poder ser dividido para cada sujeito.

Já os direitos individuais homo-gêneos têm titulares determinados (ou determináveis) e têm natureza divisível (ao contrário dos outros dois citados). Seria o caso de um grupo de pessoas que compram o mesmo veículo que é objeto de um recall em razão de defeito em peça. Essas pessoas são determiná-veis, pois sabe-se quem é o comprador de cada produto, e o bem jurídico – car-ro – é divisível.

As ações coletivas, que nos ter-mos do artigo 83 do CDC podem ser de qualquer espécie, desde que propi-ciem a efetiva e adequada tutela aos consumidores, têm como entes legíti-mos – de forma concorrente – para seu ajuizamento aqueles listados no artigo 82 do CDC, quais sejam: “I – o Minis-tério Público; II – a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal; III – as entidades e órgãos da Administra-ção Pública, direta ou indireta, ainda

que sem personalidade jurídica, espe-cificamente destinados à defesa dos in-teresses e direitos protegidos por este código; IV – as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucio-nais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear”.

Importante frisar que, com o obje-tivo de promover a defesa do consumi-dor da forma mais ampla, o CDC ainda determina em seu artigo 87 que “nas ações coletivas de que trata este códi-go não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem conde-nação da associação autora, salvo com-provada má-fé, em honorários de advo-gados, custas e despesas processuais”.

Por fim, quanto à coisa julgada em relação a essas ações, o artigo 103 do CDC regula esses efeitos, que podem ser assim resumidos: i) na defesa dos direitos difusos, as ações julgadas pro-cedentes têm eficácia erga omnes; as julgadas improcedentes, caso seja por falta de provas, não têm eficácia, e caso seja por outro fundamento, têm eficácia erga omnes; ii) na defesa dos direitos coletivos, caso seja julgada proceden-te a ação a eficácia é erga omnes; caso seja julgada improcedente por falta de provas não há eficácia e, sendo impro-cedente por outro fundamento, a eficá-cia será ultra partes; iii) na defesa dos direitos individuais homogêneos, caso seja julgada procedente a ação haverá eficácia erga omnes e, em caso de im-procedência, não haverá eficácia. Diz-se em certos casos que não haverá efi-cácia, de forma geral, porque qualquer legitimado poderá entrar com outra ação com base no mesmo fundamento.

Em suma, portanto, esses são os dispositivos legais que regulam a tutela coletiva do consumidor no CDC.

O DIREITO PASSADO A LIMPO

Da defesa coletiva dos consumidores

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hOjE EM DIA - EcOnOMIA - P.11 - 15.4.12

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Marinella CastroEm 2011, os planos de saúde médicos

e dontológicos somaram a receita de R$ 83,3 bilhões, crescimento forte de 11%, bem longe da crise financeira. Mesmo as-sim, o mercado firme não garante saúde sem dor de cabeça para seus consumidores. Médicos e dentistas iniciam essa semana mais uma temporada de protestos. O alvo são os planos de saúde, mas o usuário tam-bém é colocado contra a parede. O enfren-tamento que começou no ano passado será reaberto nesta quinta-feira pelos dentistas e na semana que vem pelos médicos.

Os dentistas declararam guerra ao setor privado e para marcar a posição pa-ram na quinta e na sexta-feira, dias em que prometem não atender os usuários dos con-vênios. Na semana que vem, é a vez dos médicos. Na quarta-feira, dia 25, os profis-sionais fazem ato público em todo país e também garantem que não vão atender nos consultórios pacientes ligados aos planos. Médicos querem receber R$ 80 pela con-sulta. A média em Minas é inferior a R$ 50. Os dentistas querem R$ 60, em vez de R$ 12.

Com a suspensão do atendimento, o segurado que tem um convênio corporati-vo ou que chega a pagar mensalidades per-to de R$ 1 mil pelo atendimento particular está no fogo cruzado. Com o crescimento e o gargalo da remuneração, hospitais estão cada vez mais cheios e as consultas mais rápidas. “É cada vez mais difícil garantir a qualidade com os valores praticados pelas operadoras”, denuncia o dentista Eduardo Gomide, presidente da Comissão Estadual de Convênios e Credenciamentos em Mi-nas Gerais, que está à frente do movimen-to. Em Minas, a paralisação tem o apoio do Conselho Regional de Odontologia (CRO-MG), Sindicato dos Odontologistas (Som-ge) e Associação Brasileira de Odontologia (ABO-MG). Segundo Gomide, estudos do mercado apontam que o lucro do setor que opera com a assistência médica é próximo a 7%, mas no caso da odontologia a mar-gem seria superior a 30%, similar à do sis-tema financeiro.

De fato o usuário do plano de saú-de tem sentido que a qualidade está em xeque. O conflito da remuneração, como mostraram reportagens do Estado de Mi-nas ao longo do ano passado, atinge não só médicos e dentistas, mas áreas como fisio-terapia, psicologia e terapia ocupacional. Danilo Santana, presidente da Associação Brasileira de Consumidores (ABC), diz que a crise da saúde tem seus reflexos mais fortes nas urgências e emergências. “Os hospitais estão desmotivados e os planos que não investirem em rede própria terão problemas para atender seus pacientes.” Para Santana, a demanda por atendimento e a resistência dos prestadores devem for-çar um redesenho do lucro. “No Brasil, as empresas trabalham com um lucro muito alto. Para continuar atendendo, terão que redimensionar esses percentuais.”

O fotógrafo João Silva conta que acompanhou sua mãe em uma cirurgia em um hospital privado e ficou surpreendido com o atendimento. “O hospital estava lo-tado e simplesmente não tinha vaga. Minha mãe, que paga o plano apartamento, ficou internada em uma sala, parecida com uma sala de espera ou observação médica. Não gostei e já fiz uma reclamação ao plano”, comentou.

Conflito A pauta dos médicos em re-lação ao ano passado permanece pratica-mente intacta. Segundo Juraci Gonçalves de Oliveira, diretor-adjunto de defesa pro-fissional da Associação Médica de Minas Gerais, os médicos conseguiram pouco avanço nas negociações com as operado-ras, inclusive no que diz respeito à interfe-rência dos planos no trabalho médico. Ele reforça que a paralisação não vai atingir os hospitais e pronto-socorros. “No ano pas-sado, a adesão dos médicos foi de 90% no estado. Contamos com percentual parecido esse ano.”

Sobre o conflito que se arrasta entre médicos e operadoras, a Federação Nacio-nal de Saúde Suplementar (FenaSaúde), que representa os 15 maiores grupos priva-dos de saúde do país, de um total de 1.396 operadoras em atividade, informou que

suas afiliadas estão entre as que já pagam os maiores honorários aos médicos e têm concedido reajustes acima da inflação nos últimos anos. Já a rede Unna, que congrega nove operadoras de odontologia, entre elas a Odontoprev, que tem maior participação no mercado, ao contrário do que apontam os dentistas, diz que a rede está aberta às negociações que devem ser feitas indivi-dualmente, levando em conta o preparo técnico dos profissionais. Quanto à parali-sação dos profissionais, a Rede Unna infor-mou por meio de sua assessoria que até o momento nenhuma manifestação afetou o atendimento de seus usuários.

A Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS), que regulamenta o setor, informa que os usuários devem ter o aten-dimento garantido pelas operadoras. Caso contrário, as denúncias devem ser feitas por meio do site www.ans.gov.br ou por meio do disque denúncia: 0800- 701-9656.

O povo falaComo você vê o protesto dos profis-

sionais da saúde?Robson Gomes, taxista“O baixo valor da consulta prejudica

a qualidade do atendimento. Não quero generalizar, mas muitos médicos em cinco minutos de consulta dispensam o paciente. Como recebem pouco, ganham na quanti-dade”

Juliana Monteiro, professora univer-sitária

“O convênio é indispensável, prin-cipalmente para internações hospitalares. Médicos e dentistas deveriam pensar que se não fossem os planos não teriam tantos pacientes. O valor cobrado pelas consultas e procedimentos particulares é altíssimo, o consumidor não consegue pagar.”

Maria de Lourdes Duarte, Economiá-ria

“A reivindicação dos médicos e den-tistas é justa, mas a paralisação prejudica o consumidor, a saúde não pode parar. O caminho é a negociação. Tem usuário que chega a pagar mais de R$ 1 mil pelo plano, as empresas poderiam negociar, remune-rando melhor o profissional.”

ESTADO DE MInAS - EcOnOMIA -P.10 - 16.4.12SAúDE

Médicos e dentistas em guerra contra os planos Insatisfeitos com valor pago por consultas e procedimentos, profissionais vão deixar de atender usuários dos

convênios. Paralisação ocorre nesta e na próxima semana

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O número de usuários dos planos dontológicos no Brasil qua-druplicou em menos de dez anos. Em 2003, 4,4 milhões de brasi-leiros tinham um plano privado para ir ao dentista. Hoje, são 16,8 milhões. O crescimento fez a diferença no caixa dos profissionais. Uma vez que apenas 15% da população brasileira vai ao dentista regularmente, grande parte dos pacientes atendidos pelos odonto-logistas passou a ser os usuários dos planos de saúde.

Eduardo Gomide, presidente da Comissão Estadual de Con-vênio e Credenciamento em Minas Gerais, aponta que um dos grandes propulsores do crescimento são os convênios de baixo custo. “Grandes empresas chegam a negociar o produto odontoló-gico corporativo por R$ 2 ao mês.” Segundo ele, no estado, assim como no país, os dentistas têm trabalhado com a tabela defasada em aproximadamente 80%. A consulta por R$ 12 abre uma ex-tensa lista de procedimentos. “Estamos estudando junto com os profissionais de todo o país um possível descredenciamento cole-tivo.” De acordo com Gomide, uma das alternativas seria atender consumidores a partir de preços intermediários entre a tabela do convênio e o atendimento particular.

No pico da polêmica está a rede Unna, recém-formada e que congrega nove operadoras e tem participação próxima a 40% do

mercado. Contra o grupo, os dentistas apresentaram representação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Es-tamos denunciando formação de cartel. Juntas, as empresas estão reduzindo os preços já baixos dos procedimentos.”

Defesa Em nota oficial, a Rede Unna, que conta com 3,5 mil dentistas credenciados em Minas Gerais, ressaltou que a adesão dos dentistas ao grupo é voluntária. O profissional tem a opção de não fazer a migração e ficar sob o regime do contrato até então vigente (incluindo a mesma tabela de preços). Por exemplo, pode manter o contrato com operadoras do grupo individualmente. Ain-da segundo a rede, a nova tabela de honorários proposta elevou a remuneração da maioria dos procedimentos, em alguns casos com aumento superior a 50%. A empresa, no entanto, não enumerou procedimentos que sofreram o impacto positivo.

De acordo com as entidades representadas pela Comissão Es-tadual de Convênios e Credenciamentos de Minas Gerais, o Sindi-cato dos Odontologistas, Conselho Regional de Odontologia e As-sociação Brasileira de Odontologia, o que ocorreu foi o contrário. Alguns procedimentos como a resina, tiveram seu valor reduzido em 40%. Com isso, a remuneração por esse tipo de tratamento caiu de R$ 24 para R$ 14. (MC)

cOnTInuAçãO - ESTADO DE MInAS - EcOnOMIA -P.10 - 16.4.12

Custos geram polêmica

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Marinella CastroQuando buscar atendimento nos hos-

pitais de todo o país, usuários dos planos de saúde vão ter de apresentar mais uma iden-tificação junto com a carteirinha do convê-nio, o Cartão Nacional de Saúde (CNS). O número gravado no documento é a senha para o governo federal monitorar os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com os usuários dos planos, cobrando das operado-ras o reembolso pelo serviço prestado nas redes públicas ou particulares conveniadas. Entre 2001 e 2008, mais de R$ 1,4 bilhão por ano deixaram de entrar na conta do Fundo Nacional de Saúde, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU). Desde a regulamentação do setor, em 1998, foram devolvidos aos cofres públicos per-to de R$ 216 milhões, valores bem aquém dos R$ 10 bilhões apontados pelo TCU. O CNS, que já está sendo distribuído no sis-tema público, começa a valer para os usuá-rios dos planos a partir de junho.

As internações hospitalares e procedi-mentos de alta complexidade são cobrados dos planos. Atendimento básico, como con-sultas médicas, não entra na contabilidade. O ressarcimento ao SUS é uma batalha tra-vada entre operadoras e o governo federal e ainda não há consenso definitivo na Justiça. A questão aguarda julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) desde 2003. O sis-tema suplementar de saúde cresce no Brasil a passos largos e atinge 25% da população. Em capitais como Belo Horizonte, mais da metade da população (54%) já é coberta pelo sistema suplementar. Apesar dos nú-meros favoráveis ao setor, a contratação de um plano de saúde não é garantia de que o serviço público não será utilizado pelos planos. Quando tem cobertura negada ou dificultada pelo convênio, serviço inefi-ciente e às vezes por opção, o usuário da saúde privada recorre ao sistema público. O SUS acaba assumindo as despesas que a princípio seriam da operadora.

Esse é o caso de Sulamita Madalena Gomes. Ela trabalha como encarregada em

um estacionamento e há quatro anos con-tratou um plano de saúde para proteção da família, especialmente da filha Samira, com quase 2 anos. Apesar do convênio, ela frequentemente recorre ao SUS. Sula-mita conta que recentemente a menina foi atendida em um hospital particular recebeu instruções de voltar para casa. “Ela piorou, e levei-a então ao Odilon Beherens (hos-pital público). O diagnóstico foi de pneu-monia.” Sulamita também fez uma cirurgia de apêndice pelo SUS, embora seja usuária do plano particular, que poderia ter arca-do com os custos do procedimento. “No hospital do convênio me disseram que era uma dor comum, mas a dor piorou e preferi procurar o hospital público. Fui operada.” Como ela, Adriano Antônio também tem plano particular, mas há três meses, quando feriu o dedo em um acidente de trabalho, foi socorrido em hospital público.

Além de internações, a ANS passou a cobrar o reembolso de atendimentos am-bulatoriais de alta complexidade, como a quimioterapia (tratamento do câncer) e o acompanhamento em saúde mental. De acordo com o artigo 32 da Lei 9.656/98, devem ser ressarcidos pelas operadoras não só esses procedimentos, mas todos os serviços de atendimento previstos nos contratos de planos privados de assistên-cia à saúde, que tenham sido prestados aos consumidores ou dependentes, em institui-ções públicas ou privadas, conveniadas ou contratadas, integrantes do SUS. Adriana Rodrigues é cuidadora de idosos. Ela con-ta que quando tinha plano, só recorria aos hospitais públicos quando conseguia con-sultas em tempo menor que no plano. Mas despesas ambulatoriais como a de Adriana não são cobradas dos planos pela agência reguladora.

SEM VANTAGENS Bruno Sobral, diretor de desenvolvimento setorial da ANS, aponta que o ressarcimento ao SUS tem três objetivos principais: “evitar o en-riquecimento sem causa das operadoras em detrimento da coletividade; promover pre-

ventivamente a tutela dos beneficiários, de-sestimulando o descumprimento, por parte das operadoras, dos contratos celebrados; e impedir o subsídio não programado, ainda que indireto, de atividades lucrativas com recursos públicos.”

As operadoras de saúde questionam o reembolso. Defendem que seus usuários também são, por lei, beneficiários do SUS sistema universal. Por isso, o reembolso não deveria ocorrer e foi em cima dessa ar-gumentação que moveram Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin). O advogado da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas (OAB-MG), Marlus Riani, explica que em 2003 o STF autorizou, liminarmente, a co-brança por parte do governo. “O ministro relator Maurício Correia já se aposentou e até hoje a decisão é provisória.” Em 2011, até outubro, R$ 95 milhões foram ressarci-dos ao SUS.

Procurada pela reportagem a Asso-ciação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) informou que a questão aguar-da decisão judicial. A Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde), que representa 15 grupos de operadoras priva-das de assistência à saúde, argumentou que suas associadas vêm se posicionando con-forme as previsões legais.

O que diz o Código>> Art. 4º – A Política Nacional das

Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consu-midores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e har-monia das relações de consumo,

Atendidos os seguintes princípios:1 – Reconhecimento da vulnerabili-

dade do consumidor no mercado de con-sumo;

2 – Ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor.

Fonte: Código de Defesa do Consu-midor

ESTADO DE MInAS - EcOnOMIA - P.12 - 16.4.12cOnSuMIDOR

Uma só saúde, dois cartõesUsuários de planos privados que recorrerem a hospitais públicos ou particulares conveniados ou contratados

do SUS terão de apresentar também o CNS. Medida valerá a partir de junho

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cOnTInuAçãO - ESTADO DE MInAS - EcOnOMIA - P.12 - 16.4.12

Além do encontro de contas, outro benefício do Cartão Nacional de Saúde (CNS) é otimizar a gestão do sistema. Com a criação de um cadastro eletrônico único, informações relevantes sobre a saúde dos pacientes podem ser acessadas em redes de saúde de todo o país, evitando duplicidades, como o pedido de um mesmo exame por mais de um pro-fissional.

A identificação dos brasileiros, seja do sistema público ou privado, por um número passa a ser obrigatória a partir de junho para o sistema privado. E deve ser enviada aos usu-ários pelos próprios planos. A Fenasaúde explicou que o sis-tema ainda não está operando. “Devido à complexidade de obtenção desses números, as operadoras aguardam o siste-ma prometido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que vai gerar automaticamente o número do SUS, de forma a facilitar esse processo”.

Segundo a ANS, nenhum beneficiário de plano de saúde poderá ter seu atendimento negado por prestadores de servi-ços caso não apresente o CNS. Da mesma forma, nenhum beneficiário poderá ter seu plano de saúde cancelado devido à ausência do número. Em caso de comparecer a uma unida-de da rede pública, os usuários dos planos automaticamente receberão o número referente ao CNS. Caso contrário, de-vem aguardar pela indicação de sua operadora.

Segundo o secretário adjunto de Saúde de Belo Ho-

rizonte, Fabiano Pimenta, em Belo Horizonte, 1,9 milhão de cartões já foram entregues na rede pública. No entanto, como é grande o atendimento de pacientes vindos de outros municípios, não é possível medir o percentual exato de mo-radores da capital que já foram cadastrados.

A expectativa do governo federal é de que em 2014 o sistema esteja funcionando em todo o país. O Ministério da Saúde não soube precisar qual valor será investido pelo governo na iniciativa. Outra medida anunciada para os pró-ximos dois anos na a área de saúde é o investimento na aber-tura de leitos hospitalares. (MC)Para tratar carências

A presidente Dilma Rousseff disse que o governo vai investir R$ 20 bilhões em serviço hospitalar até 2014. Se-gundo a presidente, em 2011 foram abertos 1.296 leitos de UTI, o maior número dos últimos oito anos. As informações foram divulgadas na coluna Conversa com a presidenta. Se-gundo Dilma, no ano passado o governo aumentou em R$ 2,3 bilhões o total repassado anualmente a estados e mu-nicípios para assistência hospitalar. Também foram destina-dos R$ 720 milhões adicionais para hospitais filantrópicos e universitários. A ampliação de recursos é uma tentativa de amenizar as carências do SUS que também é realidade nos planos de saúde. Na Região Metropolitana de Belo Horizon-te há uma carência estimada em 1,5 mil leitos.

Controle total dos pacientes

O TEMPO - EDIçãO ELETRônIcA - EcOnOMIA - 16.4.12

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QUEILA ARIADNEUm ano e 97% menos sacolinhas

plásticas depois, a lei que proíbe lojas e supermercados da capital mineira de fornecerem as embalagens ainda divi-de opiniões. Os consumidores apro-vam a retirada do plástico convencio-nal de circulação, só que nem todos gostam de pagar R$ 0,19 pela saco-la compostável, a única autorizada. Dois projetos de lei que tramitam na Câmara Municipal de Belo Horizon-te podem tornar a aprovação popular uma unanimidade, pois sugerem que os estabelecimentos forneçam a saco-la ecologicamente correta de graça.

Um deles é o PL 1369/10, do ve-reador Daniel Nepomuceno (PSB). A proposta é garantir alguma subvenção econômica, tributária ou não, para o supermercado ou loja que não cobrar pela sacola compostável. “Logo que veio a lei, eu entrei com um projeto, pois sabia que o consumidor seria prejudicado, já que ficaria com o ônus da sacola. A prefeitura poderia dar al-gum incentivo, como, por exemplo, um IPTU progressivo para o estabele-cimento que não cobrar”, explica.

Outro projeto que propõe a gra-tuidade da sacola compostável é o PL 1713/11, de Divino Pereira (PMN). O texto propõe uma alteração na lei ori-ginal e sugere que os estabelecimen-tos comerciais substituam as sacolas plásticas por similares ecológicos sem preferência de marca ou modelo e as ofereçam sem custo ao consumidor. Na opinião do vereador, “não é jus-to jogar tal obrigação às expensas do consumidor”, transferindo os custos e aumentando os lucros das empresas.

O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis),

Adilson Rodrigues, explica que a margem de lucro do setor é pequena para garantir tal gratuidade. Entretan-to, ele afirma que qualquer redução nos custos das lojas é repassada ao consumidor.

Desde que entrou em vigor, em 18 de abril e 2011, a lei das sacoli-nhas reduziu a circulação diária des-sas embalagens de 460 mil para de 12 mil a 15 mil. Considerando que as antigas custavam R$ 0,03 e as novas custam R$ 0,19, o setor supermerca-dista eliminou o custo de cerca de R$ 5 milhões por ano com sacolinhas. A venda da embalagem ao consumidor soma entre R$ 800 mil e R$ 1 mi-lhão.

“Esse dinheiro economizado não significa aumento dos lucros, ele é re-passado para os clientes. Prova disso é a redução de 7% no custo da cesta básica em Belo Horizonte, que caiu de R$ 263 para R$ 260,32. A redução dos gastos com sacolas, certamente, pesou nessa queda de preços”, diz Rodrigues.

Segundo ele, ainda no primei-ro semestre, os supermercados terão sacolas retornáveis a um preço mais acessível. “Fizemos um acordo com dez artistas mineiros e importamos 1 milhão de unidades da China”, diz.

Consciência. O advogado André Marques Teixeira conta que só se deu conta do tamanho do desperdício com as sacolas após a implantação da lei que passou a cobrar pelas sacolinhas. “Antes era comum pegarmos várias sacolas. Depois que a lei entrou em vigor, eu comecei a refletir sobre o uso consciente”, afirma.

Teixeira não se incomoda de pagar e acabou comprando vários

modelos de sacolas retornáveis. “Eu sempre deixo alguma no carro. Lixo é um problema muito sério. Não pode-mos achar que o problema não é mais nosso quando ele sai de casa para fora”, ressalta.

LixoSaco sai mais em conta do que

compostávelPreocupações com o meio am-

biente à parte, se o objetivo é eco-nomizar, comprar sacos plásticos sai mais em conta do que pagar em média R$ 0,19 pela sacolinha, que por tanto tempo foi a primeira opção para jo-gar o lixo. Levantamento do Mercado Mineiro mostra que um pacote com 30 unidades de 50 l custa em média R$ 29,90. Ou seja, cada unidade custa R$ 0,99. Considerando que a sacoli-nha comporta cerca de 6 l, seriam ne-cessários oito delas para comportar o mesmo peso deste saco, o que equiva-leria a um gasto de aproximadamente R$ 1,60.

Apesar da quantidade de sacoli-nhas plásticas retiradas de circulação com a lei que só permite a compostá-vel, a eficiência ainda é questionável. No ano passado, a empresa paulista EcoSigma fez um teste simples com as sacolas oxibiodegradável (que tem deterioração prevista para até dois anos e era permitida anteriormente) e a compostável (que tem a deteriora-ção prevista para seis meses).

Na ocasião, o pesquisador Fer-nando Figueiredo pendurou em um varal os dois tipos de sacolinhas. Elas ficaram expostas ao tempo e, cinco meses depois, a oxibiodegradável ti-nha virado pó, enquanto a compostá-vel continuava inteira, apenas rasgada pelo vento. (QA)

Proibido

Projetos propõem sacolinha ecológica grátis para o clienteNem todos gostam de pagar R$ 0,19 pela sacola compostável nos supermercados

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JULIANA GONTIJOSe você vai levar um produto para

o conserto, prepare-se para esperar. Seja pela demanda aquecida ou pelo número reduzido de assistências técni-cas autorizadas, o prazo estipulado ini-cialmente entre o prestador do serviço e o cliente pode se estender muito além do combinado.

Para o chaveiro Albert Conrado da Silva Ventura, o conserto do DVD vi-rou um verdadeiro exercício de paciên-cia. Ele conta que foram quase 50 dias de espera para poder utilizar o apare-lho. “Quando levei o produto para con-sertar, o rapaz da empresa disse que le-varia uns três dias, no muito, seis dias, o que não aconteceu”, diz.

Proprietário de um chaveiro no bairro Floramar, em Belo Horizonte, ele conta que o problema aconteceu em etapas. “Levei o mesmo produto para consertar duas vezes seguidas. Só que acabei tendo mais o problema com o controle remoto. O tempo foi passando e acabei comprando outro controle”, diz.

De acordo com Ventura, foi cobra-do R$ 60 pelo conserto e ele ainda teve que gastar mais R$ 15 na aquisição de um novo controle. “Dependendo do modelo, da marca, o que gastei quase dá para comprar um DVD novo, com garantia”, reclama.

Em alguns sites são encontrados aparelhos DVDs com preços abaixo de R$ 100, como o da marca Tectoy (DVT-C100) por R$ 94,05, que pode

ser adquirido em até nove vezes sem juros. “Me arrependi. Deveria ter com-prado outro. Não compensa levar para o conserto”, ressalta. Ventura frisa que ele não é o único que passou por essa situação. “O meu irmão levou um note-book para consertar e a minha mãe uma televisão, só que o serviço de ambos demorou. As empresas não cumpriram o prazo”, diz.

A advogada do Procon Municipal, Daniela de Abreu Arruda, explica que no caso da garantia, há prazos defini-dos pelo Código de Defesa do Consu-midor (CDC). “Se há vício, defeito, ele deve ser sanado no prazo máximo de 30 dias, é o que diz o artigo 18”, res-salta ela.

Em caso de produtos que já não es-tejam contemplados pela garantia, ela aconselha ao consumidor que busque informações e referências sobre a em-presa antes de solicitar o serviço.

Enquanto os consumidores recla-mam da demora, as empresas explicam que os atrasos acontecem em razão da dificuldade de conseguir peças para re-posição.

O técnico da Rickcell Celulares, Ricardo Silva, conta que já houve ca-sos de espera de três a quatro meses por uma peça de reposição. “Quando temos a peça, alguns serviços não demoram mais do que uma hora”, frisa. O proble-ma também é vivenciado pelo técnico Manoel Macedo, que destaca que mui-ta gente está deixando os consertos de lado. “Em muitos casos, eles preferem

comprar outros produtos”, relataMotivosDemanda alta e poucas assistências técnicas

A demora nos serviços de conserto é fruto de vários fatores, entre eles, do número reduzido de assistências técni-cas na praça aliado ao aumento da de-manda, graças às facilidades de crédito, que torna mais fácil trocar do que con-sertar, conforme disse a assessora jurí-dica do Movimento das Donas e Casa de Minas Gerais (MDC), Gabriella Vieira. “A Nokia, por exemplo, vende muito e só conta com uma assistência em Belo Horizonte”, observa.

Para o advogado Frederico Dama-to, sócio da Amaral & Damato Advoga-dos, o descaso com relação aos prazos mostra a falta de preparo das empresas com o pós-venda. Ele lembra que o não cumprimento do prazo pode prejudicar financeiramente o consumidor. “Um bom exemplo é o do taxista, que per-de diárias se o carro estraga e não pode rodar. Descumprido o prazo, ele pode pedir indenização por lucros cessantes. Afinal, ele vai perder a cada dia sem trabalhar e ainda pode deixar de pagar as contas ou depois ter que pagá-las com juros”, explica.

Ele aconselha o consumidor a do-cumentar tudo sempre que possível para ter provas, caso elas sejam necessárias futuramente. “Peça sempre o recibo e quando for reclamar, cobre também via e-mail. Tudo isso tem como objetivo resguardar os direitos”, diz.

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Conserto exige paciência dos consumidores da capitalPara usar o DVD, comerciante teve que esperar quase dois meses

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Portabilidade do crédito

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