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121
1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO TECNOLÓGICO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS ESTABELECIMENTO DE UM PLANO DE ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE (APPCC) PARA PEIXE-SAPO (Lophius piscatorius ) EVISCERADO E CONGELADO SILMAR BAPTISTA NUNES Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia de Alimentos Orientadora: Prof a Dr a . Gláucia M . F. Aragão Co-Orientadora: Prof a Dr a . Pillar R. Massaguer FLORIANÓPOLIS – SC 2002

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  • 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO TECNOLGICO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUMICA EENGENHARIA DE ALIMENTOS

    ESTABELECIMENTO DE UM PLANO DE ANLISE DEPERIGOS E PONTOS CRTICOS DE CONTROLE (APPCC)

    PARA PEIXE-SAPO (Lophius piscatorius)EVISCERADO E CONGELADO

    SILMAR BAPTISTA NUNES

    Dissertao para obteno do grau de Mestre

    em Engenharia de Alimentos

    Orientadora: Profa Dra. Glucia M . F. AragoCo-Orientadora: Profa Dra. Pillar R. Massaguer

    FLORIANPOLIS SC

    2002

  • 2

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACENTRO TECNOLGICO

    DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUMICA EENGENHARIA DE ALIMENTOS

    DISSERTAO DE MESTRADO

    ESTABELECIMENTO DE UM PLANO DE ANLISE DEPERIGOS E PONTOS CRTICOS DE CONTROLE (APPCC)

    PARA PEIXE-SAPO (Lophius piscatorius)EVISCERADO E CONGELADO

    Dissertao apresentada ao Curso de Ps-Graduao em Engenharia de Alimentos, do CentroTecnolgico da Universidade Federal de SantaCatarina, como requisito parcial obteno do ttulode Mestre em Engenharia de Alimentos

    Orientadora: Profa Dra. Glucia M. F. AragoCo-Orientadora: Profa Dra. Pillar R. Massaguer

    SILMAR BAPTISTA NUNES

    FLORIANPOLIS SC

    2002

  • 3

    A alegria do triunfo jamais

    poderia ser experimentada se no

    existisse a luta, que a que determina

    a oportunidade de vencer.

    (do livro Axiomas y Principios de Logosofia Tomo 2)

    O saber a razo de ser da existncia do

    homem na terra, a primeira e ltima de suas

    tarefas. Faa com que o estmulo de consegu-

    lo vibre em voc permanentemente, porque

    nele est a verdadeira finalidade de sua vida.

    (do livro Bases para Sua Conduta)

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    As professoras Glucia M. F. Arago e Pilar R. Massaguer pela amizade,

    incentivo e orientao durante a realizao do trabalho;

    Ao professor Coordenador do Programa de Ps-graduao em Engenharia de

    Alimentos da UFSC Joo Borges Laurindo, pelo apoio e ateno;

    Ao secretrio da coordenadoria de ps-graduao em engenharia de alimentos

    Daniel, pela amizade e constantes avisos;

    Aos colegas de turma Alessandro, Fbio Montanha, Leandro Finkler,

    Leandro Danielsk, Ktia Japa, pela preciosa colaborao e pelos bons momentos juntos;

    minha me, pelo apoio e confiana em mim depositados;

    Ao meu pai, pelo exemplo e pelos ensinamentos que sempre me acompanham;

    Aos meus irmos Teresinha e Victor, pelo incentivo em todo o instante;

    Fabiana, pelo amor e incentivo durante a realizao do trabalho;

    Cooperativa Central Oeste Catarinense Ltda. Aurora Chapec, pelo apoio

    no incio do trabalho;

    todo os funcionrios da Pesqueira Ocenica Ltda., em especial ao Senhores

    Jos da Silveira Neto, Virglio Silveira e Rosana Rezende, pela oportunidade de realizar o

    trabalho;

    Aos estagirios de Engenharia de Alimentos Dalambert Eiji e der de S, pela

    execuo de testes que foram de grande valia;

    Em especial a Deus, pela vida que me propicia e ao esforo que dediquei para

    vencer mais uma etapa.

  • 5

    SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS 09

    LISTA DE TABELAS 10

    RESUMO 11

    ABSTRACT 12

    I. INTRODUO 13

    II. REVISO BIBLIOGRFICA 15

    II.1 Potencial aqucola 15

    II.2 Tecnologia do pescado 15

    II.3 Contaminao antes da captura 16

    III.4 Contaminao aps a captura 16

    II.5 Decomposio bacteriana 16

    II.6 Constituio morfolgica e bioqumica da carne do pescado 17

    II.7 Carne PSE 18

    II.8 Peixe-sapo 19

    II.9 APPCC 21

    II.9.1 Introduo 21

    II.9.2 Conceitos 22

    II.9.3 Desenvolvimento das etapas para elaborao e implantao do plano de

    APPCC

    24

    II.9.4 Plano APPCC para pescados 26

    II.9.4.1 Conseqncias da implantao do plano APPCC 27

    II.9.5 A importncia do envolvimento e comprometimento das pessoas no

    plano APPCC

    28

    II.10 Perigos biolgicos 28

    III METODOLOGIA 35

    III.1 Estabelecimento do Plano APPCC 35

    III.2 Anlises para determinao dos limites crticos dos pontos de controles

    (PCs) e dos pontos crticos de controle (PCCs)

    35

  • 6

    III.2.1 Determinao do tempo de estocagem na cmara isotrmica de espera

    para o peixe-sapo fresco

    35

    III.2.2 Determinao da relao em peso da quantidade de peixe e gelo 36

    III.2.3 Anlise da variao da temperatura em amostras de caixas de peixe-

    sapo armazenadas na cmara isotrmica de espera

    36

    III.2.4 Determinao do tempo de congelamento utilizando nitrognio lquido

    para o peixe-sapo eviscerado inteiro

    36

    IV RESULTADOS E DISCUSSES 38

    IV.1 Estabelecimento do Plano APPCC para o processamento do peixe-sapo

    eviscerado e congelado Lophius piscatorius

    38

    IV.2 Elaborao do plano APPCC 38

    IV.2.1 Identificao da Empresa 38

    IV.2.1.1 Apresentao 38

    IV.2.1.2 Relao dos produtos elaborados 39

    IV.2.1.3 Destino da produo 39

    IV.2.2 Organograma Operacional da Empresa 40

    IV.2.3 Equipe de APPCC 40

    IV.2.4 Descrio do produto e do uso pretendido 41

    IV.2.4.1 Caractersticas importantes do produto final 41

    IV.2.4.2 Valores nutricionais do peixe-sapo - Lophius piscatorius 42

    IV.2.4.3 Formas de uso do produto pelo consumidor 42

    IV.2.4.4 Caractersticas da embalagem 42

    IV.2.4.5 Prazo de validade do produto 42

    IV.2.4.6 Local de venda do produto 43

    IV.2.4.7 Instrues contidas no rtulo 43

    IV.2.4.8 Controles especiais durante a distribuio e comercializao 43

    IV.2.5 Composio do produto 43

    IV.2.5.1 Matria-prima 43

    IV.2.5.2 Aditivos / aromatizantes 43

    IV.2.5.3 Material de embalagem 43

    IV.2.5.4 Material de higienizao 44

    IV.2.5.5 Material para congelamento 44

  • 7

    IV.2.6 Descrio do processo 44

    IV.2.7 Fluxograma do Processo 49

    IV.2.7.1 Fluxograma geral do Processo 49

    IV.2.7.2 Fluxograma Detalhado do Processo 50

    IV.2.7.3 Fluxograma da Estao de Tratamento de Afluentes 52

    IV.2.8 Identificao dos Perigos 53

    IV.2.8.1 Perigos Biolgicos 53

    IV.2.8.2 Perigos Fsicos 55

    IV.2.8.3 Perigos Qumicos 56

    IV.2.8.4 Quadro de perigos que no so controlados no estabelecimento 57

    IV.2.9 Determinao do PCC (Processo) 58

    IV.2.9.1 Quadro representativo da rvore decisria 58

    IV.2.9.2 Diagrama decisrio na identificao de pontos crticos de

    controle Processo

    61

    IV.2.10 Quadro de monitoramento Plano APPCC 62

    IV.2.11 Plano para as anlises microbiolgicas e fsico-qumicas para o

    peixe-sapo eviscerado e congelado, e para gua tratada

    65

    IV.2.12 Procedimento de verificao do Plano APPCC 67

    IV.2.13 Procedimento de atendimento ao consumidor 67

    IV.2.14 Sistema de arquivo do Plano APPCC 67

    IV.3 Resultados das anlises realizadas para o estabelecimento dos limites

    crticos

    68

    IV.3.1 Determinar o tempo de estocagem na cmara isotrmica de espera para

    o peixe-sapo fresco

    68

    IV.3.2 Determinao da relao em peso da quantidade de peixe e gelo 72

    IV.3.3 Anlise da variao da temperatura em amostras de caixas de peixe-

    sapo armazenadas na cmara isotrmica de espera

    73

    IV.3.4 Determinao do tempo de congelamento utilizando nitrognio lquido

    para o peixe-sapo eviscerado inteiro

    75

    IV.4 Discusso 78

    V Concluso 82

  • 8

    VI Sugestes 83

    VII Referncias Bibliogrficas 85

    VIII ANEXOS 91

    VIII.1 Manual de Boas Prticas de Fabricao 91

    VIII.1.1 Objetivo 91

    VIII.1.2 Campo de aplicao 91

    VIII.1.3 Condies gerais 92

    VIII.2 Manual de Controle de Pragas Insetos e Roedores 106

    VIII.2.1 Objetivo 106

    VIII.2.2 Introduo 106

    VIII.2.3 Pragas ativas - o tratamento inicial 106

    VIII.3 Manual de Higienizao 113

    VIII.3.1 Objetivo 113

    VIII.3.2 Introduo 113

    VIII.3.3 Definio das sees da empresa 113

  • 9

    LISTA DE FIGURAS

    Figura II.1 Foto do peixe-sapo em seu habitat natural 20

    Figura II.2 - Grfico com os valores em toneladas capturadas mensalmente de

    peixe-sapo

    20

    Figura IV.3.1 Evoluo das bases volteis totais (expresso em mg/100mg m/m)

    durante o armazenamento dos peixes na cmara isotrmica de espera

    70

    Figura IV.3.2 Evoluo da contagem de mesfilos (expresso em UFC/g)

    durante o armazenamento dos peixes na cmara isotrmica de espera

    70

    Figura IV.3.3 Evoluo da contagem de psicrfilos (expresso em UFC/g)

    durante o armazenamento dos peixes na cmara isotrmica de espera

    71

    Figura IV.3.4.1 Curva de congelamento para o teste 1 realizado com 45

    minutos de congelamento e 35 minutos de estabilizao

    76

    Figura IV.3.4.2 Curva de congelamento para o teste 2, realizado com 60

    minutos de congelamento e 40 minutos de estabilizao

    77

  • 10

    LISTA DE TABELAS

    Tabela II.6.1 Morfologia do msculo branco e escuro 17

    Tabela II.10.1 Caractersticas dos microrganismos 31

    Tabela II.10.2 Medidas preventivas mais utilizadas para o controle dos perigos

    microbiolgicos

    32

    Tabela II.10.3 Padres microbiolgicos especficos para os pescados 34

    Tabela IV.2.11.1 Anlises microbiolgicas realizadas para o peixe-sapo 66

    Tabela IV.2.11.2 Anlises fsico-qumicas realizadas para o peixe-sapo 66

    Tabela IV.2.11.3 Anlises microbiolgicas realizadas com a gua tratada 66

    Tabela IV.2.11.4 Anlises fsico-qumicas realizadas com a gua tratada 66

    Tabela IV.3.1.1 Tempo e temperatura na coleta das amostras, para

    determinao do tempo de permanncia na cmara isotrmica de espera

    68

    Tabela IV.3.1.2 Resultados das anlises microbiolgicas e fsico-qumicas

    realizadas para determinao do tempo de permanncia do peixe-sapo na cmara

    isotrmica de espera

    69

    Tabela IV.3.1.3 Referncias de valores microbiolgicas para peixe fresco 72

    Tabela IV.3.2.1 Relao da quantidade de peixe e gelo em cada caixa 73

    Tabela IV.3.3.1 Perfil de temperatura na camada de peixe armazenada na

    cmara isotrmica de espera

    74

  • 11

    RESUMO

    O pequeno volume capturado e o baixo preo do atum no mercado externo

    despertaram na indstria catarinense de pesca um redirecionamento para a pesca ocenica. O

    mercado para os peixes de guas profundas ascendente no Brasil e no exterior. Destaca-se

    na pesca em alta profundidade o peixe-sapo, tambm conhecido como rape, tamboril, lotte,

    diabo do mar e monkfish. Devido a importncia crescente deste peixe na indstria

    catarinense e nacional, foi estabelecido um plano de anlise de perigos e pontos crticos de

    controle para a linha de peixe-sapo eviscerado e congelado. A necessidade do estabelecimento

    do plano APPCC est relacionada com:

    q exigncia do Ministrio da Agricultura e Abastecimento para viabilizar a exportao deste

    produto que atualmente 100 % exportado;

    q garantia da segurana alimentar;

    q maior competitividade do produto na comercializao;

    q produtos com padres uniformes de identidade e qualidade;

    Para o estabelecimento dos limites crticos, foram realizadas diversos testes e

    anlises microbiolgicas e fsico-qumicas. O plano APPCC estabelecido apresenta 01 ponto

    de controle, que a etapa de congelamento em tnel e estocagem em cmara de congelado, e

    07 pontos crticos de controle, que so as etapas de acondicionamento e gelagem a bordo,

    recepo e classificao na indstria, estao de tratamento de afluentes, gelagem e

    armazenamento na cmara isotrmica de espera, eviscerao e lavagem, congelamento e

    higiene e sanitizao. Este plano difere dos demais planos estabelecidos para pescado

    principalmente por abranger inicialmente o processo global, como exemplo a estao de

    tratamento de afluentes sendo um PCC e detalhadamente, onde estabelece um PCC para a

    higiene e sanitizao da indstria, devido s reformas internas que esto ocorrendo. Uma

    caracterstica importante do estabelecimento do plano APPCC para o peixe-sapo eviscerado e

    congelado devido a sua anatomia, onde encontra-se grande dificuldade na etapa de lavagem

    e eviscerao, o que acarreta possibilidade de contaminao microbiolgica, pelo excesso de

    manuseio dos manipuladores e pela dificuldade na retirada das vsceras.

  • 12

    ABSTRACT

    The low volume of fish captured and the low price of the tuna in the

    international market forced the industry catarinense fishing a new direction for the oceanic

    fishing. The market for the fish of deep waters is ascending in Brazil and around the world. It

    stands out in the fishing in high depth the monkfish, also known as it rape, tamboril, lotte and

    devil of the sea. Due to the growing importance of this fish in the industry catarinense and

    national, was established a plan of hazard analysis critical control points to the line cutted and

    frozen monkfish. The need of the establishment of the HACCP plan is related with:

    q demand of the Ministry of the Agriculture and Provisioning to make possible the export of

    this product that is 100% exported now;

    q guaranteed of the alimentary safety;

    q larger competitiveness of the product in the commercialization;

    q products with uniform patterns of identity and quality;

    For the establishment of the critical limits, several tests and analyses

    microbiological were accomplished and physiochemical. The HACCP plan established

    presents 01 control point, the freezing stage in tunnel and storage of frozen, and 07 critical

    control points, the packaging stages and ice on board, reception and classification in the

    industry, station of treatment of flowing, ice and storage in the camera wait isoterm, cutted

    and wash, freezing and hygiene and sanitation. This plan differs from other plans established

    for fishery mainly because it considers the global process, as example the station of treatment

    of flowing being a CCP and in full detail, where it establishes a CCP for the hygiene and

    sanitation of the industry, due to the internal reforms that are happening. An important

    characteristic for the establishment of the HACCP plan for cutted and frozen monkfish is

    related to its anatomy, that causes difficulty of washing and cutted etep. It may increase the

    possibility of microbiological contamination, due to the excess of manipulators' handling and

    retreat of the visceras.

  • 13

    I INTRODUO

    A Indstria de alimentos nos ltimos anos vem passando por uma fase de

    transio na prtica da qualidade, ocasionada por vrios fatores como por exemplo:

    globalizao de mercado, barreiras alfandegrias, legislao mais rigorosa, consumidor mais

    esclarecido e exigente, competitividade, entre outros.

    A globalizao trouxe para o mercado interno uma srie de produtos que a

    cultura do consumidor brasileiro j pr-conceituava como de melhor qualidade, muitas vezes

    pelo simples fato de ser um produto importado.

    O consumidor, cada vez mais esclarecido e exigente, pensa no alimento como

    fonte de nutrientes e a relao deste com a sua sade, necessitando conhecer a origem do que

    est consumindo, o que contribui muito para os que trabalham seriamente.

    Frente situao mundial, no que diz respeito nutrio, h a necessidade de

    uma busca contnua do aumento na oferta de suprimentos proticos, principalmente quando se

    trata de produo de origem animal como o pescado, cujas possibilidades de uma participao

    mais eficaz no mercado depende, entre outras coisas, do desenvolvimento de novas tcnicas

    de industrializao. Atualmente, somente uma pequena poro da captura do pescado

    consumida diretamente pelo homem.

    No passado, a indstria de alimentos tinha uma concepo diferente da

    produo de alimentos. Hoje, atravessa-se uma fase transitria, porm, j se evoluiu muito.

    Esta evoluo vem principalmente na concepo da qualidade, que at ento era uma

    concepo mais terica do que prtica. Hoje, possu-se ferramentas bem estruturadas para

    gerenciar a qualidade do produto. O programa de Anlise de Perigos e Pontos Crticos de

    Controle tambm chamado de APPCC, ou em ingls HACCP (Hazard Analysis Critical

    Control Points), uma destas ferramentas e foi introduzido na indstria de alimentos para

    auxiliar na garantia da segurana dos alimentos.

    O APPCC um programa que resulta em impactos diretos na qualidade do

    produto, principalmente no que se refere sade do consumidor. Na sua implantao, a

    equipe deve se concentrar ao mximo no fluxo do produto a ser analisado e os perigos

    inerentes a este. Sair desta linha pode comprometer a confiabilidade e os resultados que

    devero ser obtidos pelo programa.

    Para isto, precisamos organizar e estabelecer alguns pr-requisitos, ligados s

    Boas Prticas de Fabricao (BPF), que so de suma importncia para a implantao do

    plano.

  • 14

    O APPCC um mtodo eficaz de maximizar a inocuidade dos produtos,

    direcionando as atenes para as reas crticas com o intuito de reduzir o risco de produzir e

    comercializar produtos perigosos.

    O crescente interesse da indstria catarinense e nacional pelo peixe-sapo

    motivou a realizao deste trabalho para o estabelecimento de um plano de APPCC para o

    processamento do peixe-sapo (Lophius piscatorius) eviscerado e congelado.

    A necessidade de implantar o Sistema APPCC na indstria Pesqueira Ocenica

    Ltda., surgiu da conscientizao de elaborar produtos seguros aos consumidores, atender s

    barreiras alfandegrias de exportao e gerar uma abordagem cientfica de gerenciamento do

    processo industrial. A prioridade principal da implantao gerar um sistema compacto,

    simples e de fcil interpretao.

  • 15

    II REVISO BIBLIOGRFICA

    II.1 Potencial aqucola

    O Brasil o pas que apresenta o maior potencial do mundo para a produo de

    pescado atravs da aquicultura, tendo em vista a vastido de seu territrio, com mais de 2/3

    ocupando a regio tropical, privilegiadas e ricas bacias hidrogrficas, onde se destaca a bacia

    amaznica que responsvel por 20% da gua doce do mundo. Merecem ainda destaque os 5

    milhes de hectares de guas represadas em audes (no Nordeste) e reservatrios construdos

    para a gerao de energia hidroeltrica ou para abastecimento urbano e, tambm, a

    imensidade de seus mais de 8 mil quilmetros de costa que possibilita uma enorme e variada

    atividade de aquicultura de espcies marinhas (http//:www.agridata.br/mg; 2001).

    II.2 Tecnologia do pescado

    Dependendo da espcie e de seu uso final, cerca de 25 a 75% da matria-prima

    remanescente utilizada para alimentao animal ou est sendo desperdiada durante o

    processamento da poro destinada ao consumo humano. Considerando que

    aproximadamente 50% da captura total do pescado constituda de carne comestvel e que o

    homem est consumindo praticamente a metade desses recursos, conclui-se que uma grande

    quantidade de pescado, e consequentemente de protenas, est sendo totalmente perdida.

    A indstria alimentar, por vrias dcadas passou por evolues complexas,

    exceto a indstria pesqueira. O futuro da humanidade dependente das aplicaes dos

    princpios cientficos no processamento de alimentos, quer sejam nvel econmico ou

    ambiental. Isto mais evidente na indstria pesqueira, que necessita de mudanas, atravs de

    melhoria do gerenciamento dos recursos naturais, modernizao e planificao logstica

    (OGAWA e MAIA, 1999).

    As regies Sul e Sudeste do Brasil caracterizam-se por possurem um grande

    nmero de indstrias, que correspondem a um tero do parque industrial e contando com a

    maior produo de pescado industrializado do pas. O parque industrial elabora produtos

    frescos, salgados, congelados, enlatados, semi-conservas, farinha e leo de pescado, bem

    como produtos prontos (http//:www.gazetamercantil.com.br; 2001).

  • 16

    II.3 Contaminao antes da captura

    Msculos, rgos e lquido corporal de peixes vivos saudveis so asspticos,

    enquanto que a pele, guelras, etc., que tm contato direto com gua, apresentam um razovel

    nvel de contaminao, especialmente por bactrias.

    Cerca de 90% do ambiente marinho apresenta temperatura abaixo de 5oC, e

    consequentemente, a maioria das bactrias est includa no grupo das psicrfilas. Muitas

    bactrias desenvolvem-se a 0oC mas de forma muito lenta. No mar tropical e subtropical

    existem bactrias psicrfilas, mas a maior parte de mesfilas (OGAWA e MAIA, 1999).

    Assim, as bactrias mesfilas so o grupo de microrganismos que deve-se ter um controle

    mais rigoroso.

    II.4 Contaminao aps a captura

    Quando o pescado capturado e recolhido para a embarcao, o nmero de

    bactrias do pescado aumenta devido contaminao a bordo, podendo atingir

    05 a 106 UFC/cm2. Aps sua classificao e separao, se for efetuada uma boa lavagem com

    gua do mar, as bactrias so reduzidas de 1/3 a 1/10 da populao contaminante no momento

    da lavagem. Posteriormente, muitas outras fontes de contaminao alteram a microbiota

    original, aumentando o nmero de bactrias antes do pescado chegar mesa do consumidor.

    Tais fontes de contaminao incluem a colocao do pescado em urnas com gelo e o uso de

    equipamentos, superfcies e aparelhos sem a assepsia adequada e a manipulao humana

    (OGAWA e MAIA,1999).

    II.5 Decomposio Bacteriana

    A decomposio bacteriana apresenta-se como um dos principais fatores para a

    deteriorao do pescado. Assim como em outros animais, os pescados possuem milhes de

    bactrias no seu corpo, mesmo quando ainda vivos, principalmente no intestino, guelras e

    limo superficial. Quando da captura, novas fontes de contaminao aumentam a microflora

    presente nos pescados ( gelo, manuseio, equipamentos, pessoal, etc.).

  • 17

    Com a morte do animal, as defesas naturais deixam de atuar e as bactrias logo

    comeam a invadir o corpo do pescado. Terminado o perodo rigor mortis, as bactrias

    atacam com maior velocidade as substncias que constituem a carne do pescado. O nitrognio

    necessrio para o desenvolvimento e reproduo desses microrganismos, sendo as

    substncias nitrogenadas no-proteicas facilmente utilizveis pelas bactrias no incio da

    deteriorao, advindo logo aps, as substncias proticas e outros constituintes da carne dos

    pescados.

    Algumas espcies de microrganismos no sobrevivem depois dos estgios

    iniciais de sua ao sobre a carne do pescado, podendo este perodo levar alguns dias no

    pescado devidamente estocado em gelo. Estas espcies de bactrias passam a morrer aps

    terem consumido as substncias nitrogenadas no-proteicas porque no tm capacidade de

    utilizar o nitrognio das protenas.

    Outras bactrias continuam se desenvolvendo e se reproduzindo, mesmo aps

    este perodo, porque conseguem utilizar as protenas da carne do pescado. O ataque destas

    bactrias s protenas resulta, aps algum tempo, na formao de substncias com odor

    desagradvel. Se o pescado no for consumido, a ao desses microrganismos continua e se

    formam substncias dotadas de odor repugnante, muitas das quais so txicas (OGAWA e

    MAIA, 1999).

    II.6 Constituio morfolgica e bioqumica da carne do pescado

    Morfologicamente, o pescado composto de msculo branco e escuro cujas

    caractersticas principais so descritas na tabela II.6.1

    Tabela II.6.1 Morfologia do msculo branco e escuro

    Morfologia Msculo

    Branco Escuro

    Tamanho da fibra muscular Grande Pequeno

    Forma de um corte histolgico transversal da fibra muscular Multiangular Circular

    Proporo de miofibrila / sarcoplasma Grande Pequena

    Quantidade de membranas externas e internas no msculo Pouca Muita

    Distribuio de vasos sangneos no msculo Dispersa Compacta

    Fonte: Hibiya (1976).

  • 18

    II.7 Carne PSE

    As propriedades sensoriais da carne possuem importante influncia na deciso

    de compra pelos consumidores e na sua aceitao. Um dos maiores desafios para a indstria

    de carnes oferecer produtos macios, suculentos e com cor e sabor agradveis e que estas

    caractersticas de frescor mantenham-se estveis durante toda a sua vida de prateleira

    (JONES, 1992; DIRINCK et al., 1996), com a maior segurana e o menor custo possveis.

    Dentro deste aspecto, um dos maiores problemas enfrentados pela indstria processadora, a

    questo da carne PSE. O termo PSE originrio das iniciais das palavras da lngua inglesa

    Pale, Soft e Exudative que, em traduo literal significam carnes com caractersticas plida,

    flcida e exsudativa (FELCIO, 1986). Estas carnes apresentam as propriedades funcionais

    comprometidas, devido desnaturao das protenas, face a rpida gliclise post mortem

    (WISMER-PEDERSEN, 1959), em animais sensveis (SAYRE e BRISKEY, 1963).

    O PSE internacionalmente reconhecido como um srio problema para a

    indstria de carnes e, devido sua considervel importncia econmica, este fenmeno tem

    sido estudado h mais de 40 anos em sunos. Contudo, a sua ocorrncia em aves,

    particularmente em perus, ganhou relevncia somente nos ltimos anos. Em peixes, hoje sabe-

    se que este problema ocorre trazendo grandes perdas para a indstria e principalmente para a

    qualidade da carne do pescado (OLIVIO, 2001).

    A vitamina E ou -tocoferol, uma molcula lipo-solvel, est sendo

    considerada um dos mais efetivos antioxidantes naturais, protegendo as membranas celulares

    da destruio oxidativa, conferindo melhores caractersticas funcionais e maior estabilidade

    da oximioglobina e dos lpides, resultando respectivamente, em menor descolorao e

    rancificao, em carnes bovina, suna, aves, peixes, ovelha e em outras espcies, quando

    simuladas sob condies de venda ao varejo (BUCKLEY e MORRISSEY, 1992; DIRINCK et

    al., 1996).

    A diminuio da perecibilidade das carnes frescas e a sua conseqente

    extenso do tempo de vida de prateleira, devido suplementao de -tocoferol, colabora

    para a diminuio de prejuzos, que normalmente so gerados pelas devolues de produtos

    pelos clientes s indstrias (SHERBECK, et al., 1995), tornando a implantao desta tcnica

    vivel economicamente (LIU et al., 1995; RETAILER, 1997).

  • 19

    II.8 Peixe-sapo

    A frustrao nas ltimas safras de sardinha, o baixo preo do atum no mercado

    externo e a dificuldade na pesca do camaro despertaram, na indstria pesqueira catarinense,

    o interesse de ir mais a fundo, literalmente, e redirecionar parte das atividades para a pesca

    ocenica. O novo tipo de captura surgiu h aproximadamente dois anos e, atualmente, 10%

    das 110 empresas da regio de Itaja j designam parte de suas frotas para esta pesca

    (www.gazetamercantil.com.br, 2001).

    Desconhecido do brasileiro, o peixe-sapo tambm conhecido como tamboril,

    rape, pirandeira, lotte, diabo do mar, monkfish e buldogue, de nome cientfico Lophius

    gastrophisus, sendo a espcie na Amrica do Sul denominada de Lophius piscatorius e na

    Amrica do Norte de Lophius americanus.

    O peixe-sapo capturado no sudeste e sul do Brasil em pescarias de fundo. A

    lgica diz que deve ocorrer em guas profundas de toda a costa brasileira. Descoberto pelo

    mercado internacional na dcada de 90, experimenta excelente cotaes na Europa, pois

    considera-se que a sua carne semelhante da lagosta (www.pescabrasil.com.br/artigos/,

    2001).

    Possui uma carne firme, doce, clara, suave, com baixo teor de gordura e, por

    estas qualidades, despertou o paladar dos europeus. O peixe-sapo vive no fundo do mar,

    geralmente abaixo de 600 m, pertence famlia Lophiidae, possui a cabea larga e achatada,

    to larga quanto o seu comprimento, boca grande, dentes longos, afiados e uma espinha dorsal

    modificada, que bastante mvel. Alcana maturidade entre 3 e 4 anos, e h registros de

    fmeas que chegaram a 1,10 m e 12 anos de idade, enquanto que machos no passam de 0,98

    m e 9 anos (www.terravista.pt/nazare/, 2002).

    A pesca do peixe-sapo tem crescido rapidamente, porque a abundncia das

    espcies mais tradicionais tem falhado, por exemplo, o setor pesqueiro espera capturar neste

    ano no mximo 40 mil toneladas de sardinha, superando em 10 mil toneladas a captura do ano

    passado, que ficou em 30 mil toneladas. Entretanto, a demanda da indstria enlatadora

    brasileira de 80 mil toneladas de peixe por ano (www.gep.cttmar.univali.br/noticias/, 2002).

  • 20

    A figura II.1 apresenta a ilustrao do peixe-sapo em seu habitat natural.

    Figura II.1 Foto ilustrativa do peixe-sapo em seu habitat natural

    A figura II.2 apresenta o volume, em toneladas, de peixe-sapo capturado

    mensalmente nos anos de 2000 e 2001.

    Figura II.2 Grfico com os valores em toneladas capturadas mensalmente de peixe-sapo

    Fonte: SIESPE Sistema Integrado de Estatstica Pesqueira UNIVALI / CTTMar

  • 21

    II.9 APPCC

    II.9.1 Introduo

    O Sistema Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle (APPCC),

    conhecido internacionalmente por Hazard Analysis and Critical Control Points (HACCP),

    originou-se na Indstria Qumica, particularmente na Gr-Bretanha, h aproximadamente 40

    anos atrs. Nas dcadas de 50, 60 e 70, a Comisso de Energia Atmica utilizou

    extensivamente os princpios de APPCC nos projetos das plantas de energia nuclear de modo

    a torn-los seguros para os 200 anos seguintes (SEBRAE/DN, 1999).

    O sistema APPCC foi desenvolvido pela Pillsbury Company em respostas aos

    requisitos de inocuidade impostos pela NASA, em 1959, para os alimentos espaciais

    produzidos para seus primeiros vos tripulados (ALMEIDA, 1998).

    O APPCC surgiu no incio da dcada de 60 nos Estados Unidos, a partir da

    necessidade da produo de alimentos com defeito zero, para uso dos programas espaciais. Na

    dcada de 70, o mtodo passou a ser recomendado pela Food and Drug Administration

    (FDA). Mais recentemente, vem sendo preconizado por organismos como a Organizao

    Mundial da Sade (OMS) e a International Comission on Microbiological Specifications for

    Foods (ICMSF).

    No Brasil, o Ministrio da Agricultura e Abastecimento atravs da Portaria

    no 46 de 10/02/98, estabeleceu o Manual de Procedimentos para implantao de Sistema

    APPCC nas indstrias de Produtos de Origem Animal. Associada ao interesse pelo

    cumprimento da legislao sanitria, a busca pela qualidade tem motivado vrias empresas a

    normatizar, em manuais de boas prticas, os processos de produo de alimentos dentro de

    critrios tcnicos definidos pelo sistema APPCC.

    Uma definio prtica do APPCC deve destacar que este conceito cobre todo

    tipo de fatores de risco ou perigos potenciais inocuidade dos alimentos biolgicos,

    qumicos e fsicos seja os que ocorrem de forma natural no alimento, no ambiente, ou sejam

    decorrentes de erros no processo de fabricao (ALMEIDA, 1998).

    Qualquer alimento oferecido ao consumo deve estar seguro sob o ponto de

    vista higinico-sanitrio, de forma a garantir a manuteno da sade do consumidor. O

    mtodo de anlise de perigos e pontos crticos de controle APPCC um processo

    cientfico que representa o que h de mais moderno na atualidade e que tem por finalidade

  • 22

    construir a inocuidade nos processos de produo, manipulao, transporte, distribuio e

    consumo dos alimentos.

    O sistema APPCC contribui para uma maior satisfao do consumidor, torna as

    empresas mais competitivas, amplia as possibilidades de conquista de novos mercados, alm

    de propiciar a reduo de perdas de matrias-primas e produto.

    O conceito bsico destacado pelo APPCC a preveno e no a inspeo do

    produto acabado (ALMEIDA, 1998).

    As dificuldades para a implantao do sistema APPCC nas indstrias

    alimentcias, em especial as indstrias de pescados, esto na adaptao de seus processos,

    incluindo estrutura fsica, equipamentos e utenslios que impedem a obteno das condies

    higinico-sanitrias timas, qualidade da matria-prima, mtodos de pesca utilizados e,

    principalmente, conscientizao dos pescadores para as boas prticas de fabricao (BPFs).

    Um dado estatstico da pesca do peixe-sapo nos Estados Unidos mostra que em

    1970 foram pescados aproximadamente 80,2 toneladas, passando a 3,4 milhes de toneladas

    em 1978, cerca de 11 milhes nos anos 80 e aproximadamente 34 milhes de toneladas em

    1997.

    No Brasil, a falta de prospeco, no entanto, tem restringido a captura do

    peixe-sapo a poucas embarcaes em So Paulo e Santa Catarina, sendo tambm capturado

    como fauna acompanhante do arrasto de fundo. Os investimentos na adaptao dos barcos,

    so bastante elevados, muitas vezes chegando ao custo de uma embarcao nova. Alm de

    alteraes na estrutura dos cascos para aumentar a estabilidade em mar aberto, as

    embarcaes necessitam de cmaras de congelamento, maiores reservas de gua e

    mantimentos, alm de uma mudana radical nos sistemas de redes.

    II.9.2 Conceitos

    Segundo SEBRAE/DN, 1999, os principais conceitos empregados em APPCC,

    so:

  • 23

    Ao Corretiva (Medida Corretiva)

    Procedimentos ou aes a serem tomadas quando se constata que um critrio

    encontra-se fora dos limites estabelecidos.

    Diagrama decisrio dos PCCs (rvore decisria)

    Seqncia de perguntas para determinar se uma matria-prima ou etapa do

    processo , na realidade, um ponto crtico de controle.

    Etapa

    Ponto, procedimento, operao ou estgio de um processo produtivo ou de um

    produto, desde a produo primria at o consumo.

    Limite Crtico

    Valores ou atributos mximos e/ou mnimos estabelecidos para cada critrio e

    que, quando no atendidos, significam impossibilidade de garantia da segurana do alimento.

    Monitorizao (Monitorao)

    Seqncia planejada de observaes ou mensuraes devidamente registradas

    que permite avaliar se um PCC e/ou perigo est sob controle.

    Registro

    Documento especfico para dados/ resultados/ leituras especficas.

    Sistema APPCC

    Sistema utilizado para garantir a inocuidade do alimento, composto por um

    conjunto de 7 princpios: Identificao de perigos e medidas preventivas relacionadas;

    Identificao dos Pontos Crticos de Controle (PCCs); Limite crtico para seu controle;

    Monitorizao do limite crtico; Caracterizao das aes corretivas; Registros e Verificaes.

    Verificao

    Uso de mtodos, procedimentos ou testes para validar, auditorar, inspecionar,

    aferir, com a finalidade de assegurar, que o plano APPCC esteja em concordncia com o

    plano APPCC proposto.

  • 24

    Os autores OGAMA e MAIA, em 1999 definiram como:

    Ponto de Controle (PC)

    um operao na qual medidas preventivas e/ou de controle so adotadas,

    visando obedecer as boas prticas de fabricao (BPF), normas e padres, especificao do

    produto, regulamento interno da empresa ou aspectos estticos.

    Perigo

    uma contaminao inaceitvel de natureza biolgica, qumica ou fsica, e/ou

    sobrevivncia ou multiplicao de microrganismos que comprometam a segurana (ou

    deteriorao) do alimento e/ou produo ou persistncia inaceitvel de toxinas ou outros

    produtos indesejveis do metabolismo microbiano em alimentos.

    Severidade

    Significa a gravidade de um perigo que no est adequadamente controlado.

    Ponto Crtico de Controle (PCC)

    Um ponto, fase operacional ou procedimento no qual pode-se aplicar um

    controle para eliminar ou reduzir nveis aceitveis um risco que pode afetar a inocuidade de

    um alimento (www.pescadosdelmar.com , 2001).

    Risco

    a possibilidade de que ocorra um dano para a sade e que pode ser de diversa

    ndole, biolgica, qumica ou fsica (www.pescadosdelmar.com, 2001).

    II.9.3 Desenvolvimento das etapas para elaborao e implantao do plano de APPCC

    O Plano APPCC desenvolvido por meio de uma seqncia lgica de etapas,

    assim distribudas:

    1 etapa - Formao da Equipe

    2 etapa - Identificao da Empresa

    3 etapa - Avaliao dos Pr-requisitos

    4 etapa - Programa de Capacitao Tcnica

  • 25

    5 etapa - Seqncia lgica de Aplicao dos Princpios do APPCC

    1 Passo - Reunir a Equipe APPCC, formada nos moldes apresentados na 1 etapa;

    2 Passo - Descrever o produto;

    3 Passo - Identificar o uso pretendido e consumidor do produto;

    4 Passo - Construir o diagrama operacional;

    5 Passo - Verificar, na prtica, a adequao do diagrama operacional;

    6 Passo - Listar e identificar os perigos, analisar os riscos e considerar as medidas

    preventivas de controle (Princpio 1);

    7 Passo - Identificar os PCCs e aplicar a rvore decisria (Princpio 2);

    8 Passo - Estabelecer os limites crticos para cada PCC (Princpio 3);

    9 Passo - Estabelecer o sistema de monitorizao para cada PCC (Princpio 4);

    10 Passo - Estabelecer as aes corretivas (Princpio 5);

    11 Passo - Estabelecer os procedimentos de verificao (Princpio 6);

    12 Passo - Providenciar a documentao e estabelecer os procedimentos de registro

    (Princpio 7).

    O Codex Alimentarius e o NACMCF (National Advisory Committee on

    Microbiological Criteria for Foods) adotaram sete princpios para caracterizar a sequncia

    lgica de elaborao de planos APPCC.

    Princpio 1- Anlise dos perigos e medidas preventivas: este princpio tem como objetivos

    identificar os perigos significativos e caracterizar as medidas preventivas correspondentes;

    avaliar a necessidade de mudana de um processo ou etapa de processo e servir de base para a

    identificao dos pontos crticos de controle (PCCs).

    Princpio 2- Identificao dos pontos crticos de controle (PCCs): os PCCs so os pontos

    caracterizados como realmente crticos segurana. As aes e esforos de controle dos PCCs

    devem ser concentrados, e seu nmero deve ser restrito ao mnimo e indispensvel.

    Princpio 3 Estabelecimento dos limites crticos: os limites crticos so estabelecidos para

    cada medida preventiva monitorada dos PCCs. Os valores podem ser obtidos de fontes

    diversas como: guias e padres da legislao, literatura, experincia prtica, levantamento

    prvio de dados, experimentos laboratoriais que verifiquem a adequao e outros.

  • 26

    Princpio 4 Estabelecimento dos procedimentos de monitorizao: os procedimentos de

    monitorizao devem ser efetuados rapidamente porque se relacionam com o produto em

    processo e no existe tempo suficiente para a realizao de mtodos analticos complexos e

    demorados. Os mtodos microbiolgicos no podem caracterizar a monitorizao pois no

    permitem a obteno de resultado rpido. Os mtodos fsicos, qumicos, observaes visuais e

    sensoriais so preferidos pois podem ser realizados rapidamente, de forma contnua ou a

    intervalos de tempo adequados para controle do processo.

    Princpio 5 Estabelecimento de aes corretivas: as aes corretivas devero ser adotadas no

    momento ou imediatamente aps a identificao dos desvios.

    Princpio 6 Estabelecimento dos procedimentos de verificao: A verificao consiste na

    utilizao de procedimentos para evidenciar se a etapa monitorizada esta sendo controlada

    adequadamente, ou ainda se o sistema APPCC est funcionando corretamente.

    Princpio 7 Estabelecimento dos procedimentos de registros: Todo mecanismo utilizado

    para avaliar se um PCC e/ou perigo est sob controle, por observaes ou medidas, deve ser

    registrado.

    II.9.4 Plano APPCC para pescados

    Atualmente na literatura existem vrios planos APPCC apresentados para

    pescados, como planos do SEBRAE, PRICE E TOMAZELLI.

    O plano APPCC para produo de peixe fresco inteiro elaborado no Guia para

    Elaborao do Plano APPCC (SEBRAE/DN, 1999), apresenta 04 pontos crticos de controle.

    O gelo (perigo biolgico); a etapa de acondicionamento a bordo / resfriamento (perigo

    biolgico e qumico); a etapa de recepo do peixe na indstria / armazenamento em cmara

    de espera (perigo biolgico e qumico) e a etapa de acondicionamento / estocagem (perigo

    biolgico), onde os limites crticos encontrados so: concentrao de cloro na gua de 0,5 a

    1,0 ppm; de 0o C a -1o C, proporo e distribuio do gelo adequado, ausncia de vazamentos

    e odor; caractersticas sensoriais , temperatura +4,4o C, histamina mximo de 100 ppm, nvel

    de mercrio: limite mximo permitido para o pas a que se destina; temperatura da cmara

    0o C a 1o C, proporo e distribuio de gelo adequado.

  • 27

    O plano APPCC para produo de fil de peixe congelado elaborado no Guia

    para Elaborao do Plano APPCC (SEBRAE/DN, 1999), apresentou 03 pontos crticos de

    controle. A etapa de recepo dos peixes na indstria / lavagem (perigo biolgico e qumico),

    a etapa de congelamento (perigo biolgico) e a etapa de estocagem (perigo biolgico), onde

    os limites crticos encontrados so de histamina mximo de 100 ppm, temperatura de 0o C

    (resfriado) e 18o C (congelado); temperatura no fil de 18o C)/10horas e temperatura de

    estocagem de 20o C.

    Segundo PRICE em 1999, especialista em produtos do mar da Universidade da

    Califrnia apresentou um plano APPCC para fil de peixe fresco e congelado onde no

    identificou perigos significativos nas etapas do processo.

    TOMAZELLI em 2000, elaborou um plano APPCC para peixe eviscerado

    congelado em cultivo, onde apresentou 07 pontos de controle e 02 pontos crticos de controle,

    destacando a etapa de classificao / seleo como perigo biolgico e a etapa congelamento /

    embalagem tambm como perigo biolgico.

    II.9.4 Conseqncias da implantao do plano APPCC

    O aumento do consumo de alimentos congelados nos ltimos anos ocasionou

    maior ateno no estabelecimento de padres microbiolgicos para peixes congelados

    (SILVERMAN et al., 1961). Para a implantao de um plano APPCC eficaz, deve-se antes ter

    um bom programa de Boas Prticas de Fabricao (BPF) (MORTIMORE, 2001) e Boas

    Prticas de Higiene (BPH) (HUSS et al., 1999). Com a implantao do plano APPCC existe a

    garantia da continuao dos programas de pr-requisitos como as Boas prticas de fabricao

    e higiene (WALLACE e WILLIAMS, 2000).

    Indstrias com plano APPCC possuem processos controlados e padronizados,

    essas empresas esto um passo a frente para a implantao de programas com Controle Total

    da Qualidade (TQC) (BARENDSZ, 1998).

    O principal resultado da importncia da implantao do plano APPCC nas

    indstrias de peixes a segurana na qualidade dos alimentos oferecidos (MOHAMED,

    1998).

  • 28

    II.9.5 A importncia do envolvimento e comprometimento das pessoas no plano APPCC

    O plano APPCC pode at ser desenvolvido por especialistas, mas para que este

    tenha sucesso indispensvel ter o envolvimento do pessoal da linha, pois so eles que fazem

    os produtos e, portanto, tambm tm responsabilidade sobre o material produzido (CEZARI,

    1999).

    A qualidade de um produto no feita somente com a adequao do meio

    ambiente, de mquinas, de mtodos e de matrias-primas. A verdade que, sem o elemento

    humano, nada se produz e, portanto, ele quem faz a qualidade de um produto ou de um

    servio. Ele , ento, o elemento central na implantao de sistemas de qualidade em qualquer

    organizao e, desta maneira, todas as pessoas que compem essa organizao precisam ter

    conscincia para a qualidade.

    Deve-se notar que no mundo globalizado e competitivo de hoje, empresas que

    no mudarem seu estilo gerencial, estaro, em breve, sendo engolidas pelas companhias que

    esto agindo com os padres evolutivos. Segundo CEZARI (1999), essa a regra do mercado:

    ser competitivo se quiser permanecer vivo com seus produtos sendo consumidos.

    Desenvolvendo seu pessoal, a empresa ter produtos melhores, incuos sade de seus

    consumidores e, portanto, estar investindo na proteo de sua marca, seu mais valioso bem.

    II.10 Perigos biolgicos

    Os perigos microbiolgicos devem receber prioridade na implantao do

    sistema APPCC por serem os mais freqentemente envolvidos em casos ou surtos de doenas

    de origem alimentar.

    Os mtodos microbiolgicos no podem caracterizar a monitorizao pois no

    possvel ter um resultado rpido. Os mtodos fsicos, qumicos, observaes visuais e

    sensoriais so preferidos pois podem ser realizados rapidamente, de forma contnua ou a

    intervalos de tempo adequados para controle do processo. H, ento, a necessidade de

    monitoramento (www.agricultura.gov.br/das/dipoa/manual, 2002).

    Os peixes contaminados por histamina (HFP), so geralmente associados com

    altos nveis de histamina (> 50 mg / 100 g), na contaminao bacteriolgica do peixe em

    espcies particulares, a patogenicidade do HFP no tem sido claramente elucidada. Vrias

    hipteses tm sido colocadas para explicar porque a histamina consumida de peixes, em

  • 29

    estado de deteriorao, mais txica do que a histamina pura encontrada na flora microbiana

    natural de peixes vivos (LEHANE e OLLEY, 2000), a temperatura interna do pescado e o

    tempo de processamento devem ser controlados.

    Para o controle do desenvolvimento das bactrias Histidina descarboxilase

    produtoras de histamina a partir da histidina livre em peixes em deteriorao, a etapa de

    gelagem a bordo deve ser realizada o mais rpido possvel aps a captura do peixe e um

    rigoroso sistema de resfriamento do peixe durante o processamento na indstria e estocagem

    (LEHANE e OLLEY, 2000).

    Atualmente, existem numerosos estudos sobre a microbiologia de produtos de

    peixes, onde o foco das pesquisas o controle de mesfilos, coliformes, S. aureus, Salmonella

    e Vibrioses, contudo sobre a Listeria monocytogenes existem poucas informaes publicadas

    da presena e da importncia deste microrganismo em produtos de peixes (DESTRO, 2000).

    Os microrganismos podem provocar enfermidades de conseqncias de

    gravidade varivel para os seres humanos, resultando em diferentes graus de severidade destas

    patologias.

    Os graus de severidade podem ser classificados como:

    Severidade alta: so as resultantes de contaminaes por microrganismos ou

    suas toxinas com quadro clnico muito grave. Exemplos: toxinas de Clostridium botulinum,

    Shigella dysenteriae, Vibrio cholerae 01, Salmonella typhi, Brucella melitensis, Clostridium

    perfringens tipo C, vrus da hepatite, Listeria monocytogenes (em alguns pacientes), Taenia

    solium (em alguns pacientes) e outros.

    Severidade mdia: so as patologias resultantes da contaminao por

    microrganismos de patogenicidade moderada, mas com possibilidade de disseminao

    extensa. Exemplos: Escherichia coli enteropatognica, Salmonella spp, Shigella spp,

    Streptococcus hemoltico, Vibrio parahaemolyticus.

    Severidade baixa: patologias resultantes da contaminao por microrganismos

    de patogenicidade moderada e com disseminao restrita. Exemplos: Bacillus cereus,

    Clostridium perfringens tipo A, toxina do Staphylococcus aureus, maioria dos parasitos,

    histamina e outros.

    Segundo NOTERMANS et al, 1994, o primeiro passo para a identificao da

    potencialidade dos perigos dos microrganismos associar o microrganismo com o alimento

    que ele melhor se desenvolve ou est presente.

    Estudos em 300 casos de gastroenterites ocorridos na Nova Zelndia,

    mostraram que 40 a 50% das enfermidades foram causados por microrganismos como

  • 30

    Campylobacter, Salmonella, Clostridium perfringens, onde o meio de transmisso foi por

    alimento ou gua. Resultados de WHO, 1991, indicaram que, nos pases europeus, o nmero

    de agentes causadores de doenas em alimentos, continua aumentando. Por exemplo, a

    Escherichia coli O157:h7 e a Listeria monocytogenes podem ser classificadas como

    patgenos emergentes (MACDONALD et al, 1988, GELLIN e BROOME, 1989).

    A tabela II.10.1 apresenta informaes referente s caractersticas dos

    principais microrganismos relacionados ao atual estudo.

    A tabela II.10.2 apresenta as medidas preventivas mais usadas para o controle

    dos perigos microbiolgicos.

    A resoluo n 12 da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA,

    2001), estabeleceu a regulamentao dos padres microbiolgicos sanitrios para alimentos,

    como segue:

    Para fins de aplicao do plano de amostragem entende-se:

    n o nmero de unidades a serem colhidas aleatoriamente de um mesmo lote e analisadas

    individualmente.

    c o nmero mximo de unidades de amostras com contagens entre os limites de m e M

    (plano de trs classes). Nos casos em que o padro microbiolgico seja expresso por ausncia,

    c igual a zero e aplica-se o plano de duas classes.

    m o limite que, em um plano de trs classes, separa o lote aceitvel do produto ou lote

    com qualidade intermediria aceitvel.

    M o limite que, em plano de duas classes, separa o produto aceitvel do inaceitvel. Em

    um plano de trs classes, M separa o lote com qualidade intermediria aceitvel do lote

    inaceitvel. Valores acima de M so inaceitveis.

    Tipos de planos:

    Duas classes quando a unidade amostral a ser analisada pode ser classificada como

    aceitvel ou inaceitvel, em funo do limite designado por M, aplicvel para limites

    qualitativos.

    Trs classes quando a unidade amostral a ser analisada pode ser classificada como

    aceitvel, qualidade intermediria aceitvel e inaceitvel, em funo dos limites m e M. Alm

    de um nmero mximo aceitvel de unidades de amostra com contagem entre os limites m e

    M, designado por c. As demais unidades, n menos c, devem apresentar valores menores ou

    iguais a m. Nenhuma das unidades n pode apresentar valores superiores ao M. A tabela II.10.3

    apresenta os padres microbiolgicos especficos para os pescados.

  • 30Tabela II.10.1 Caractersticas dos microrganismos

    Temperatura de multiplicao (oC) pH para multiplicao

    Microrganismo Habitat Importncia Mnimo timo Mximo Mnimo timo MximoSalmonella sp. Trato intestinal de mamferos,

    pssaros, anfbios e rpteis,homens e insetos

    Causa infeces devido falta dehigiene ou elaborao incorreta de

    alimentos, permitindo a multiplicaodesta bactria

    0-2 37 45-46 3,7 6,5-7,5 9,5

    Vibrio cholearae Esturios, baas e guasalgada

    Diarria aquosa e desidratao. Pode serfatal

    desconhecida 35 45 4,5 7,0 11,0

    Listeriamonocytogenes

    Solo, vegetao, gua,sedimentos marinhos

    Pode multiplicar lentamente sobrefrigerao. Taxa de mortalidade de

    30% nos infectados

    0 25-30 45 4,3 7,0-7,5 9,6

    Escherichia colipatognica

    Trato intestinal de homens eanimais

    Indicador de uma higiene deficiente, oude uma deficincia no processo. Vrias

    cepas so toxignicas

    2,5 30-37 49,4 4,0 7,0 9,5

    Vibrioparahaemolyticus

    gua de esturios e ao longode outras reas litorneas.

    Necessita de NaCl (mnimo 1e mximo de 10%)

    Responsvel por 50-70% dasgastroenterites no Japo. inativada sob

    refrigerao ou congelamento

    5,0 37 44 4,5 7,5-8,5 11,0

    Clostridiumbotulinum (toxina

    botulnica)

    Solo, sedimentos de guadoce e salgada, vegetao

    Os esporos podem sobreviver aotratamento trmico, qumico e secagem.

    Toxina termolbil, veneno biolgicopotente

    10(proteoltica)

    3,3(no

    proteoltica)

    30-37 48-50 4,6 6,5-7,0 9,0

    Bacillus cereus Solo (reservatrio natural) Esporos termorresistentes. Podeproduzir dois tipos de toxinas (diarrica

    e emtica)

    10(alguns 4)

    30 50 4,3 6,0-7,5 9,3

    Staphylococcusaureus (toxinaestafiloccica)

    Mucosas nasais e oral, pele ecabelo

    Contamina os alimentos prmanipulaes incorretas. Produz toxina

    termorresistente

    5,6 37 50 4,0 6,0-7,0 9,8

  • 31Continuao

    Temperatura de multiplicao (oC) pH para multiplicao

    Microrganismo Habitat Importncia Mnimo timo Mximo Mnimo timo MximoBactrias

    produtoras dehistidina

    descarboxilaseMorganella

    morganii e outras(histamina)

    Ambiente aqutico (marinhoe fluvial), laticnios

    Contaminante natural dos alimentos,com multiplicao intensa em

    temperaturas ambientais. No crescemsob refrigerao

    - - - - - -

    Paragonimus sp. Intestino do homem. gua epescado da costa martima

    No sobrevivem ao congelamento(-20oC/7 dias ou 35oC/2 dias) e a altas

    temperaturas

    No se multiplicam nos alimentos No se multiplicam nos alimentos

    Fontes: DOYLE (1989 e 1997); JAY (1992); LEITO (1987); LEVINE (1987); MORTIMORE & WALLACE (1994); PRICE (1997); RYAN

    (1994).

    Tabela II.10.2 Medidas preventivas mais utilizadas para o controle dos perigos microbiolgicos

    Perigo Medidas preventivas mais usuaisToxinas pr formadas

    termorresistentes: Staphylococcusaureus, toxina emtica de Bacillus

    cereus.

    1. Na aquisio de matrias-primas: ter especificaes para o patgeno e/ou toxina exigir certificado de anlise, quando aplicvel evidncias de controle durante a produo (no fornecedor) controle do tempo em que a matria-prima permanece na temperatura que permite a multiplicao dos microrganismosanteriormente ao processamento2. No processamento: controle adequado dos parmetros que afetam a multiplicao (temperatura, tempo, pH, acidez, AW) desenho dos equipamentos que minimizem os pontos mortos

    3. Nos manipuladores: controle de portadores higiene pessoal

    4. No ambiente: sistemas adequados de limpeza e sanitizao aps processamento

  • 32Continuao

    Perigo Medidas preventivas mais usuaisClulas vegetativas de patgenos:

    Salmonella sp, Shigela sp,Escherichia coli, Yersinia

    enterocoltica e outras.

    1. Na aquisio de matrias-primas: fornecedor credenciado, com sistema APPCC implementado ter especificaes para o patgeno exigir certificado de anlise, quando aplicvel ter controle de fornecedores atravs de anlises controle da gua de lavagem de vegetais, utilizada pelos fornecedores2. No processamento: controle de fatores que afetam a multiplicao (pH, acidez, AW, conservantes,

    oBrix, concentraes de NaCl3. Nos manipuladores: controle de portadores (Salmonella sp) higiene pessoal

    4. No ambiente: limpeza e sanitizao dos equipamentos e ambiente (evitar recontaminao ps-processo trmico) evitar goteiras no teto e aerossis na limpeza de pisos e canaletas (Listeria monocytogenes)

    Parasitos 1. Na aquisio de matrias-primas: inspeo veterinria para controle de parasitas, como Taenia em carnes de bovino e suno

    2. No processamento: utilizao de congelamento (-20oC/7 dias), aquecimento (>76oC), dessecao e salga para inativao do parasito

    Patgenos formadores de esporos:Clostridium botulinum, Clostridium

    perfringens, Bacillus cereus eoutros

    1. Na aquisio de matrias-primas: evidncias de controle durante a produo (especialmente dos aspectos higinico-sanitrios), exceto C. Botulinum exigir certificado de anlise, quando aplicvel, exceto C. Botulinum especificaes microbiolgicas (controle de esporos de patgenos especficos ou de grupos), exceto C. Botulinum controle dos fornecedores atravs de anlise, exceto C. Botulinum

    2. No processamento: tratamento trmico adequado para eliminao do patgeno nos apertizados de baixa acidez, dar tratamento correspondente a Fo igual a 3 minutos controle da recravao e da gua de resfriamento (concentrao de cloro) nos apertizados produtos com alta concentrao de acar ou de cido, que sero armazenados temperatura ambiente, devem ser processadospor combinao de tratamento trmico com a acidez ou com a concentrao de acar produtos para serem armazenados a temperaturas inferiores a 5oC, processados com tratamento trmico subletal, devem teroutros fatores (pH, acidez, Aw, conservantes) que evitem o crescimento de C. Botulinum controle dos fatores intrnsecos de produtos (pH, acidez, Aw, conservantes, concentrao de sal, acar) controle do tempo e temperatura durante transporte e armazenamento para evitar multiplicao

  • 33Continuao

    Perigo Medidas preventivas mais usuaisHistamina 1. Na aquisio de matria-prima (pescado)

    controle da temperatura anlise dos lotes adquiridos exigir certificado de anlise, quando aplicvel3. No processamento armazenamento sob refrigerao

    evitar manuteno prolongada em temperaturas acima de 10oCFontes: DOYLE (1989 e 1997); JAY (1992); LEITO (1987); LEVINE (1987); MORTIMORE & WALLACE (1994); PRICE (1997); RYAN

    (1994).

    Tabela II.10.3 Padres microbiolgicos especficos para os pescados

    Grupo de alimentos Microrganismo Tolerncia para amostraindicativa

    Tolerncia para amostra representativa

    n c m MPescado, ovas de peixes, crustceos e

    moluscos cefalpodes in natura, resfriadosou congelados no consumido cru

    Estafilococos coagulasePositiva /g

    103 5 2 5x102 103

    Salmonella sp/25 g

    Ausncia em 25 g 5 0 Ausncia -

    Pescados. Moluscos e crustceos secos e ousalgados

    Semi conservas de pescados, moluscos ecrustceos mantidos sob refrigerao

    (marinados, anchovados ou temperados)

    Coliformes a45o C/g

    102 5 3 10 102

    Estafilococos coagulasePositiva /g

    5x103 5 2 102 5x102

    Salmonella sp/25 g

    Ausncia em 25 g 5 0 Ausncia -

    Fonte: ANVISA, Padres microbiolgicos Sanitrios para Alimentos, RDC no 12, de 2 de janeiro de 2001

  • 23

    III - METODOLOGIA

    III.1 Estabelecimento do Plano de Anlise de Perigos e Pontos Crticos de Controle

    Para o estabelecimento do Plano APPCC para o processamento do peixe-sapo

    eviscerado e congelado Lophius piscatorius, foram realizadas as 5 etapas estabelecidas pelo

    sistema para sua implantao.

    Estas etapas esto especificadas no item II.9.3.

    III.2 Anlises para determinao dos limites crticos (5a etapa 8o passo) dos pontos de

    controles (PCs) e dos pontos crticos de controle (PCCs)

    III.2.1 Determinao do tempo de estocagem na cmara isotrmica de espera para o

    peixe-sapo fresco

    Na recepo da indstria, aps os processos de lavagem, classificao e

    pesagem, os peixes so geralmente armazenados na cmara de espera at serem enviados para

    produo.

    Neste processo, foi separado uma caixa de peixe-sapo Lophius piscatorius,

    do barco Estrela do Mar IV, para coleta de amostra para a realizao das anlises. A caixa

    retirada para anlise um monobloco padro com 20 kg de peixe-sapo, coberta por uma

    camada de gelo para manter a temperatura do peixe baixa.

    Foram retiradas 6 amostras de peixe-sapo da caixa em horrios pr-fixados, s

    08:30 horas e s 15:30 horas, medida sua temperatura, ensacada e imediatamente inserida no

    tnel de congelamento, para inibir o crescimento microbiano. A caixa de origem da amostra

    era recoberta com gelo, procedimento comum na cmara isotrmica de espera.

    Tendo em vista uma maior autenticidade da anlise, a caixa foi armazenada em

    frente porta da cmara isotrmica de espera, local onde h a maior troca de temperatura da

    cmara com o meio externo devido circulao de entrada e sada de matria-prima.

    Todas as amostras na caixa entraram na cmara a mesma hora, tinham origem

    no mesmo barco, eram da mesma urna de acondicionamento do poro do barco e sofreram o

    mesmo processo de recepo, podendo ser consideradas com as mesmas propriedades.

  • 24

    III.2.2 Determinao da relao em peso da quantidade de peixe e gelo

    Foram analisadas amostras de caixas contendo em torno de 20 kg de peixe-

    sapo, e a relao da massa de peixe e de gelo em cada caixa plstica foi avaliada.

    Aps o acondicionamento dos peixes nas caixas, cada caixa foi coberta com

    gelo at 4,0 cm das bordas superiores da caixa. Essa altura deve ser cumprida para evitar que

    o fundo da caixa que ser empilhada em cima amasse o peixe da caixa abaixo.

    Realizada a etapa de gelagem das caixas em observao, foi analisada a

    quantidade de gelo e peixe em cada caixa.

    III.2.3 Anlise da variao da temperatura em amostras de caixas de peixe-sapo

    armazenadas na cmara isotrmica de espera

    Na cmara isotrmica de espera, as caixas com pescado, aps a colocao do

    gelo, so colocadas em forma de pilhas com 10 unidades, ficando a primeira de baixo em

    contato direto com o piso.

    Foram preparadas duas amostras, cada uma com 20,00 kg de peixe e 8,00 kg de

    gelo, a primeira amostra, considerada como referncia, foi colocada em contato direto com o

    piso, conforme procedimento normal da produo.

    A segunda amostra foi colocada em cima de uma caixa plstica contendo

    apenas gelo.

    Foram realizadas leituras de hora em hora durante 6 horas da temperatura

    interna do peixe que estava em contato direto com o fundo da caixa e no peixe que estava na

    superfcie em contato direto com o gelo.

    A temperatura foi medida com termmetro tipo espeto digital.

    III.2.4 Determinao do tempo de congelamento utilizando nitrognio lquido para o

    peixe-sapo eviscerado inteiro

    Inicialmente, as bandejas em ao inoxidvel dos armrios de congelamento

    foram revestidas com uma folha plstica com o objetivo de no deixar marcas no peixe. Os

    peixes foram acomodados nas bandejas com a parte da barriga para cima, em torno de 2 a 3

  • 25

    peixes por bandeja. Em cada armrio coloca-se um carro com capacidade para 40 bandejas. A

    quantidade aproximada de peixe em cada carro de congelamento de 240 kg.

    Foram colocados dois sensores de temperatura tipo espeto em dois locais do

    carro, um na parte central (teoricamente a pior regio de circulao e congelamento) e outro

    na parte inferior do carro.

    O armrio foi programado para trabalhar no regime de temperatura interna de

    90oC a 95oC, ou seja, ultrapassando 95oC desliga automaticamente a injeo de nitrognio

    lquido e a temperatura passando os 90oC, comea a injetar novamente.

    O armrio possui dois temporizadores, um programado para a injeo de

    nitrognio e outro para a estabilizao, nesta etapa somente os ventiladores trabalham.

    Foram feitas leituras dos termmetros a cada 5 minutos.

  • 26

    IV - RESULTADOS

    IV.1 Estabelecimento do Plano APPCC para o processamento do peixe-sapo eviscerado

    e congelado Lophius piscatorius

    A implantao do Plano APPCC na indstria Pesqueira Ocenica Ltda. deve-se

    ao grande interesse dos pases importadores pelos produtos de peixe, em especial, pelo peixe-

    sapo, e principalmente pela busca da melhoria contnua da qualidade.

    As planilhas utilizados na descrio do Plano APPCC para o peixe-sapo

    eviscerado e congelado so apresentados abaixo nas etapas de elaborao do plano. Os dados

    so apresentados segundo planilhas propostas pelo Guia para Elaborao do Plano APPCC

    SEBRAE/DN extrado e adaptado da Portaria 46 de 10/12/1998 do Ministrio da

    Agricultura e Abastecimento.

    IV.2 Elaborao do plano APPCC

    IV.2.1 Identificao da Empresa

    IV.2.1.1 Apresentao

    Razo social: Pescado Silveira S.A.

    Endereo: rua 14 de julho, s/n

    CEP: 88075-010

    Florianpolis SC

    Fone/Fax: 55-**-48-244-4394

    C.G.C.: 03.039.694/0001.69

    I.E.: 253.946.425

    Responsvel Tcnico: Silmar Baptista Nunes

  • 27

    IV.2.1.2 Relao dos produtos elaborados

    Camaro inteiro congelado;

    Camaro sem cabea congelado;

    Camaro descascado congelado;

    Peixe fresco inteiro;

    Peixe fresco eviscerado;

    Peixe congelado inteiro;

    Peixe congelado eviscerado;

    Peixe congelado em postas;

    Fil de peixe congelado;

    Moela de peixe congelada;

    Molusco congelado inteiro;

    Molusco congelado em pedaos;

    Ova de peixe congelada.

    IV.2.1.3 Destino da produo

    Destinado ao mercado internacional, tendo como principais pases

    importadores a Coria, Taiwan, Estados Unidos, Itlia e Mxico.

  • 28

    IV.2.2 Organograma Operacional da Empresa

    IV.2.3 Equipe de APPCC

    Silmar Baptista Nunes Engenheiro de Alimentos Coordenador

    Rosana Bezerra de Rezende Encarregada de Produo

    Simone Regina de Souza Controle de Estoque

    Andria Eberhard Apontadora de Produo

    Mrcio Rogrio de Souza Controle de Qualidade

    Diretor Presidente

    Diretor FinanceiroAdministrativo

    Controle de Qualidade

    Encarregado de Produo

    Gerncia IndustrialCOORDENADOR APPCC

  • 29

    IV.2.4 Descrio do produto e do uso pretendido

    Nome do produto: Peixe-sapo eviscerado e congelado

    Volume de matria-prima: 145.000,00 kg / ms de peixe-sapo fresco

    Volume de produo: 110.000,00 kg / ms de peixe-sapo eviscerado e congelado

    IV.2.4.1 Caractersticas importantes do produto final

    pH: 6,8 7,0

    pH (no rigor mortis): 6,0 6,4

    aw 0,98

    IV.2.4.2 Valores nutricionais do peixe-sapo - Lophius piscatorius

    Vitaminas

    Vitamina A 80 g / 100g

    Vitamina D 1 g / 100g

    Vitamina E 0,5 mg / 100g

    Aminocidos

    ASP 1,5 g / 100g

    Thr 0,7 g / 100g

    Ser 0,6 g / 100g

    Glu 2,1 g / 100g

    Pro 0,6 g / 100g

    Gly 0,7 g / 100g

    Ala 0,9 g / 100g

    Val 0,8 g / 100g

    Met 0,5 g / 100g

    Ile 0,7 g / 100g

    Leu 1,2 g / 100g

    Tyr 0,6 g / 100g

    Phe 0,6 g / 100g

  • 30

    Aminocidos

    Lys 1,5 g / 100g

    His 0,4 g / 100g

    Arg 1,0 g / 100g

    Trp 0,2 g / 100g

    Minerais

    Sdio 82 mg / 100g

    Potssio 342 mg / 100g

    Clcio 5 mg / 100g

    Ferro 0,03 mg / 100g

    Selenium 0,03 mg / 100g

    Zinco 0,3 mg / 100g

    Fonte: www.seafood.no/Eff/eng/

    IV.2.4.3 Formas de uso do produto pelo consumidor

    Destinado ao consumidor normal sadio. O produto inteiro pode ser consumido

    em forma de postas, cozido, frito ou assado, descongelado pode-se fazer fils de sua cauda e

    de sua cabea podem ser extradas as bochechas sendo consumidas cozidas, fritas ou assadas.

    IV.2.4.4 Caractersticas da embalagem

    Comercializado em embalagem individual, embalado em saco plstico de

    polietileno e acondicionado em caixas de papelo de 20 kg, revestidas internamente por um

    saco plstico tambm de polietileno.

    IV.2.4.5 Prazo de validade do produto

    Depende da legislao sanitria do pas importador, por exemplo:

    Coria - validade 36 meses; Estados Unidos - validade 18 meses; Brasil - validade 12 meses.

  • 31

    IV.2.4.6 Local de venda do produto

    O produto comercializado nos grandes centros distribuidores dos pases

    importadores. A venda realizada diretamente em casas do ramo como peixarias e

    restaurantes.

    IV.2.4.7 Instrues contidas no rtulo

    Especificao do produto - peixe-sapo com estmago, data de fabricao e

    validade, gramatura variando de 0 a 500 gramas , 500 gramas a 1 quilo, 1 quilo a 2 quilos, 2

    quilos a 3 quilos e acima de 3 quilos.

    IV.2.4.8 Controles especiais durante a distribuio e comercializao

    O produto deve ser mantido a -18 C durante sua distribuio e envolto pela

    embalagem primria (saco plstico de polietileno).

    IV.2.5 Composio do produto e insumos

    IV.2.5.1 Matria-prima

    Peixe-sapo fresco "in natura" da espcie "Lophius piscatorius".

    IV.2.5.2 Aditivos / aromatizantes

    Isento.

    IV.2.5.3 Material de embalagem

    Saco plstico de polietileno, tamanho 40cm x 12cm x 0,5cm, 60cm x 40cm x

    0,5cm e 70cm x 50cm x 0,5cm, fornecido pela IPIL Embalagens Bigua, SC.

    Caixa de papelo tampa e fundo separados, tamanho 70cm x 50cm, fornecido

    pela Colley Embalagens Joinville, SC e Klabin Embalagens So Leopoldo, RS.

  • 32

    IV.2.5.4 Material de higienizao

    Esponjas, escovas, vassouras, fornecidos pela Goedert produtos de limpeza.

    Detergente para higienizao: Quimistrol SU 727, detergente custico clorado,

    utilizado para limpeza pr espuma de equipamentos e superfcies, concentrao de uso de 3%,

    fornecido pela Diversey Lever.

    Detergente para mquina de lavar caixas: Kase clean, detergente custico,

    usado para limpeza mecnica de caixas plsticas, concentrao de uso 0,3% a 0,5%, fornecido

    pela Diversey Lever.

    Detergente para banheiros, MG material para limpeza.

    Sanitizantes: Divosan Divosept 350, desinfetante base de biguanida, utilizado

    para desinfeco de equipamentos e superfcies, concentrao de uso 0,5% a 1,0%, fornecido

    pela Diversey Lever.

    Sanitizantes: Farmasept Plus, desinfetante bactericida, fungicida e viricida

    base de glurataldedo 42,5% e cloreto de benzalcnio 7,5%, concentrao de uso 0,1% a

    0,2%, fornecido pela JB Consultoria.

    gua para lavagem do peixe: gua tratada com pH de 6,0 7,5, com a

    utilizao de sulfato de alumnio e carbonato de clcio; clorada com 4,0 7,0 ppm., a partir da

    adio de cloro inorgnico, produtos fornecidos pela Alqumica.

    IV.2.5.5 Material para congelamento

    Nitrognio lquido, fornecido pela White Martins.

    IV.2.6 Descrio do processo

    A descrio do processo est relacionada aos fluxogramas apresentados nos

    itens IV.2.7.1 (geral) e IV.2.7.2 (detalhado).

    No barco, a captura realizada por dois tipos de pesca, uma por redes de

    arraste e outra por redes de malha boiantes no fundo mar, onde a grande diferena desses

    mtodos de pescaria a qualidade da matria-prima. A pesca por rede de malha garante um

    peixe com alta qualidade, onde este chega vivo ao convs do barco. Aps a captura,

    realizada a seleo das espcies e o peixe-sapo colocado em um tanque com gua salgada

    (do mar) e gelo, isso ocasiona uma morte lenta, diminuindo o estresse do peixe. A lavagem

  • 33

    realizada com gua do mar (em quantidade suficiente) sob presso controlada, com o objetivo

    de retirar sujidades presentes.

    Na pesca de arrasto, a rede fica arrastando no fundo do mar em torno de 4

    horas. Neste caso, o pescado apresenta qualidade inferior pesca de malha. As causas

    principais so a sua forma anatmica (boca com grande abertura o que facilita a entrada de

    lodo e areia), sua carne ser totalmente branca (favorece o surgimento de hematomas tanto na

    pele quanto na carne) e, principalmente, pelo peixe chegar morto ao convs do barco (o peixe

    morre na rede, o que causar uma desidratao da carne alm do normal, prejudicando sua

    textura e sabor).

    A eviscerao, que tem o objetivo de eliminar as vsceras, importante pois,

    juntamente com as vsceras, sero retiradas bactrias e enzimas do interior do estmago que

    so responsveis pelo processo de autlise dos peixes, aumentando o seu tempo de vida til.

    Na etapa de acondicionamento em caixas plsticas e gelagem, os peixes

    devero ser resfriados o mais rpido possvel, com gelo fabricado com gua clorada, garantido

    uma tima qualidade microbiolgica. A proporo e distribuio de gelo e peixe deve ser

    uniforme, sendo a primeira e a ltima camada apenas com gelo e as demais intercaladas com

    camadas de gelo e de peixes. Todos os peixes so colocados com a barriga voltada para cima,

    facilitando o resfriamento da carne.

    A matria-prima, peixe-sapo fresco, da espcie Lophius piscatorius

    descarregada no prprio cais da indstria ou na rea de recepo. oriunda de sistema

    prprio de captura ou de sistema de captura agregado por barcos de mdio e grande porte ou

    ainda de entrepostos de abastecimento de matria-prima, transportada por frota martima ou

    terrestre, sendo estes em caminhes frigorificados.

    Na rea de recepo, o pescado passado por inspeo onde feita a anlise

    sensorial para peixes atravs da planilha CQ-007 e medida de temperatura, planilha RE-001,

    devendo estar abaixo de 1oC. A descarga e a recepo devero ser feitas o mais rpido

    possvel.

    A classificao realizada em mesa de ao inoxidvel, onde os peixes so

    separados por tamanhos. Aps a classificao, so acondicionados em caixas plsticas

    higienizadas, pesados e anotada a sua procedncia.

    Na gelagem, o peixe envolto com gelo tipo escama, produzido com gua

    clorada a 5 ppm e a relao da quantidade de gelo com peixe de 0,4 kg para 1,0 kg

    respectivamente. Esta etapa realizada o mais rpido possvel para evitar com que a matria-

    prima aumente de temperatura.

  • 34

    Aps a gelagem, o pescado pode ou no, conforme a quantidade recebida, ser

    armazenado, para preservar o frescor, em cmara de espera isotrmica, ou ser conduzido

    diretamente para o processamento. Nessa fase, a temperatura do pescado estocado no

    superior a 1oC.

    No processamento, a lavagem realizada individualmente com gua clorada a

    5ppm, com auxlio de esguicho ligado a uma bomba centrfuga de palhetas de 1 HP,

    produzindo um jato de gua. O principal objetivo desde mtodo de lavagem a retirada do

    lodo presente nas brnquias e tambm dos peixes e crustceos presentes em sua boca. Esta

    lavagem realizada por 4 funcionrios treinados, o mais rpido possvel, para evitar que

    aumente a temperatura do peixe. O tempo necessrio de lavagem para o peixe estar

    completamente limpo, no superior a 2 minutos por peixe.

    A eviscerao feita em mesa com esteiras mveis em policloreto de vinila

    (PVC) dupla face sanitria, com superfcie operacional em ao inoxidvel, sob pontos

    individuais de gua clorada a 5ppm, por operrios treinados e aptos a manipular com facas de

    lmina em ao inx e cabos plsticos. A mesa possui um sistema de calha em toda sua parte

    inferior, que coleta toda gua e resduos. A remoo dos resduos, para fora da seo de

    manipulao, feita at um tanque coletor, situado externamente distncia, atravs de uma

    esteira mvel, com auxilio de jato de gua. Na eviscerao feita a remoo das vsceras

    (corao e rins) e a retirada da pele nas proximidades de pontos onde apresentam areia (lodo).

    Em toda a linha feita a inspeo sanitria e avaliao visual e sensorial pelo olfato. Aps a

    eviscerao, o peixe segue por esteira contnua at o congelamento.

    O congelamento criognio, realizado em armrios de bandeja fabricado pela

    White Martins com a utilizao de nitrognio lquido (-180oC). O tempo de congelamento e a

    temperatura interna do armrio so controlados automaticamente, utiliza-se atualmente 60

    minutos de injeo de nitrognio com temperatura de equilbrio de -95oC e 40 minutos de

    estabilizao, o que garante que a temperatura interna do peixe atinja -20oC e na superfcie em

    torno de 35oC.

    Aps o congelamento, o peixe classificado por gramatura, pesado, embalado

    em saco plstico individualmente.

    O peixe congelado ento colocado em caixa de papelo revestida

    internamente com saco plstico. A tampa de papelo colocada e so aplicados os carimbos

    de marcao - gramatura, peso, data de fabricao e validade. As caixas em seguida so

    paletizadas e conduzidas ao tnel de congelamento esttico. Este trabalha com amnia como

    lquido refrigerante, com regime de temperatura de 45oC a 30oC. Esta temperatura tem

  • 35

    por objetivo refrigerar o interior das caixas de papelo e dar o tempo necessrio para a

    equalizao da temperatura final do peixe, que de 20oC a -18oC. Para esta finalidade, o

    peixe permanece no tnel por um perodo mnimo de 6 horas.

    A estocagem realizada em cmara frigorfica com temperatura controlada de

    25oC a 18oC, onde permanece at o carregamento em container frigorificado, cuja

    temperatura programada para 20oC, apenas no momento que este chegar ao porto para

    embarque.

    A gua utilizada em toda a indstria tratada na estao de tratamento de

    afluentes (ETA), com exceo da gua utilizada nos banheiros e bebedouros, que fornecida

    diretamente da linha da Companhia de Abastecimento e Saneamento (CASAN). Toda gua a

    ser tratada acondicionada em uma cisterna de 5000 litros e, com auxlio de uma bomba a

    gua transferida para estao de tratamentos de afluentes com capacidade para tratar 15.000

    litros por hora. Toda gua da indstria sai com pH e o cloro corrigidos a 6,0-7,5 e 4,0-7,0ppm,

    respectivamente, com exceo da gua para o consumo humano (banheiros, cozinha e

    bebedouros). Aps o tratamento a gua armazenada em uma cisterna de 25.000 litros e, com

    auxlio de uma bomba, segue para o reservatrio central com capacidade de 140.000 litros de

    gua. A sua distribuio realizada por tubos de PVC.

    O esgoto sanitrio recolhido e encaminhado para rede de esgoto da CASAN.

    Toda gua residual isenta de qualquer produto qumico juntamente com a gua proveniente da

    higienizao do pescado, seja da lavagem ou da mesa de eviscerao, conduzida, por

    gravidade atravs de canaletas e aps segue por tubulao subterrnea, para o exterior do

    bloco para beneficiamento na estao de tratamento de efluentes (ETE), sendo ento recolhida

    em tanque de reteno, onde os elementos slidos so retidos e colocados em caixas plsticas

    e retirados ao trmino da produo por empresa fabricante de farinha de peixe. A fase lquida,

    j depurada, direcionada para rede de esgoto da CASAN. A fase slida fornecida para

    indstria fabricante de farinha de peixe.

    Com o objetivo de melhorar o fluxo e principalmente a qualidade dos produtos

    e ainda atender s normas de Boas Prticas de Fabricao (BPF), a indstria est passando por

    uma reforma, sob superviso do autor, sendo os pontos principais:

    q Mudana no local de entrada e sada dos funcionrios;

    q Construo da nova linha de eviscerao e embalagem, com a construo de paredes

    azulejadas at o teto, forro, piso sanitrio e drenos;

    q Climatizao dos setores de eviscerao, embalagem e expedio;

    q Construo de dois culos de carregamento na expedio;

  • 36

    q Reforma dos banheiros masculino e feminino;

    q Reforma da cmara de espera;

    q Separao, atravs de paredes de material azulejadas at o teto da rea de recepo,

    considerada rea suja, da rea de processamento, considerada rea limpa (ver planta baixa

    em anexo V.4.7);

    q Sistema integrado de higienizao e sanitizao nos setores de eviscerao, embalagem e

    depsito de paletes;

    q Instalao de mesas de eviscerao, embalagem e classificao em ao inoxidvel.

  • 37

    IV.2.7 Fluxograma do Processo

    IV.2.7.1 Fluxograma geral do Processo

    Nome do produto: peixe-sapo eviscerado e congelado.

    *

    (*) Ponto crtico de controle proveniente das reformas que a indstria est implantando.

    GELAGEM EARMAZENAMENTO EM CMARA

    ISOTRMICA DE ESPERA

    HIGIENE E SANITIZAO

    CLASSIFICAO POR PESO / PESAGEM

    EMBALAGEM / PALETIZAO

    CONGELAMENTO EM TNEL E ESTOCAGEMEM CMARA DE CONGELADO

    EXPEDIO

    CAPTURA / SELEO / LAVAGEM A BORDO

    ACONDICIONAMENTO / GELAGEM A BORDO

    EVISCERAO A BORDO

    RECEPO / CLASSIFICAONA INDSTRIA

    ACONDICIONAMENTOEM CAIXA PLSTICA

    LAVAGEM

    EVISCERAO E LAVAGEM

    CONGELAMENTO

    ESTAO DETRATAMENTO DEAFLUENTES - ETA

    FABRICAO DEGELO

    PCC 3(B , Q)

    PCC 1(B , Q)

    PCC 2(B , Q)

    PCC 4(B)

    PCC 5(B)

    PCC 6(B)

    PCC 7(B)

    B perigo potencial biolgico

    F perigo potencial fsico

    Q perigo potencial qumico

    gua tratada para todasas etapas do processo

  • 38

    IV.2.7.2 Fluxograma Detalhado do Processo

    Nome do produto: peixe-sapo eviscerado e congelado.

    GELAGEM EARMAZENAMENTO EM

    CMARA DE ESPERA

    CAPTURA / SELEO / LAVAGEM BORDO

    ACONDICIONAMENTO / GELAGEM BORDO

    EVISCERAO A BORDO

    RECEPO / CLASSIFICAONA INDSTRIA

    ACONDICIONAMENTOEM CAIXA PLSTICA

    LAVAGEM

    EVISCERAOE LAVAGEM

    CONGELAMENTO

    ESTAO DETRATAMENTO DEAFLUENTES - ETA

    FABRICAODE GELO

    gua do mar

    Vsceras, resduos

    gua da CASAN,Cloro lquidoconcentrado

    Sulfato de alumnioCal

    Peixesdesclassificados

    RECEPO VIATRANSPORTERODOVIRIO

    Caixashigienizadas

    Temperatura,anlise sensorial

    Lavagem de caixase monoblocos

    Caixas emonoblocos sujos

    Resduos, areia,gua da lavagem

    Cloro, pH

    PEPS, volumeestocado, tempo,

    fornecedor equantidade

    gua tratada

    GUATRATADA

    gua tratada

    Isento devsceras

    Farinha de peixe

    Peixe descartado,resduos evsceras

    Nitrognio lquido

  • 39

    *

    (*) Ponto crtico de controle proveniente das reformas que a indstria est implantando.

    CLASSIFICAO POR PESOPESAGEM

    EMBALAGEM PALETIZAO

    CONGELAMENTO EM TNEL EESTOCAGEM EM CMARA DE

    CONGELADO

    EXPEDIO

    Monoblocoshigienizados

    Peixe abaixodo peso

    Sacos plsticos ecaixas de papelo

    Detergente esanitizante

    gua dehigienizao

    HIGIENE E SANITIZAO

  • 40IV.2.7.3 Fluxograma da Estao de Tratamento de Afluentes (gua) - ETA

    Nome do produto: gua tratada

    CASANCmaras e tneis

    Tratamento:Adio de Cl,

    Sulfato dealumnio ecarbonatode clcio

    Filtrode

    areia15.000 l/h

    Cisterna20.000 l

    Reservatrio

    140.000 l

    Bomba

    DecantadorFloculador

    Cisterna5.000 l

    ProduoCl 5 ppm

    pH 7,0

    Bebedouros,banheiros erefeitrio

    PCC 3(B , Q)

  • 41

    IV.2.8 Identificao dos Perigos

    IV.2.8.1 Perigos Biolgicos

    Listas dos perigos biolgicos relacionados com as matrias-primas,

    ingredientes e etapas de processo.

    Ingredientes /Etapas de processo

    PerigosBiolgicos

    Justificativa Severidade Risco MedidasPreventivas

    CapturaSeleo

    LavagemA bordo

    Presena de parasitosAumento do nvel de

    contaminao demicrorganismos

    patognicosContaminao

    cruzada

    Patgenos fazem parte damicrobiota natural

    Manipulao inadequada

    Mdia alta Mdio Utilizao de tanque de imersocom gua salgada e gelada

    Treinamento para os manipuladoresBPF

    EvisceraoA bordo

    Contaminaocruzada pr

    microrganismospatognicos presentes

    nas mesas deeviscerao, vsceras,

    utenslios emanipuladores

    Parte da microbiotanatural, deficincias

    higinico-sanitrias naoperao que podem ser

    introduzidas

    Mdia alta Mdio BPF Manipulao e Conservao

    bordoTreinamento especfico para os

    manipuladores

    Acondicionamento eGelagemA bordo

    Aumento daconcentrao de

    bactrias patognicas,

    Proliferao de patgenos Baixa alta Mdio Controle da distribuio da camadade gelo

    Utilizao de gelo produzido comgua clorada

    Treinamento de operadores

    RecepoClassificao na

    Indstria

    Contaminaocruzada pr

    microrganismospatognicos atravsdos manipuladores,

    presena de parasitos

    Deficincias namanipulao e na

    temperatura dearmazenagem podemintroduzir / permitir

    multiplicao demicrorganismos

    Mdia Mdio Controle da temperaturaSeleo de fornecedores

    Inspeo visual de parasitosAferio dos termmetros

    Acondicionamento emcaixa plstica

    Contaminao pormicrorganismos

    patognicos

    Contaminao cruzadaatravs de caixas no

    higienizadas e demanipuladores

    Baixa mdia Mdio BPFUtilizao somente de caixas

    higienizadasAferio da dosadora eletrnica de

    detergente

    Estao de tratamento deafluentes

    ETA

    Contaminao pormicrorganismos

    patgenos

    A gua pode estarcontaminada commicrorganismos

    patgenos

    Alta Mdio Controle dirio da concentrao decloro e pH da gua

    Gelagem earmazenamento em

    cmara isotrmica deespera

    Proliferao depatgenos

    Contaminaocruzada por fungos

    Desenvolvimento depatgenos por irregular

    armazenamento e tempode estocagem

    Contaminao por fungosatravs da condensao

    do teto da cmaraDistribuio inadequada

    dos lotes na cmaraMistura de diversos tiposde espcies ou de partes

    Alto Mdio Produto deve ser geladoimediatamente aps a caixa estar

    com peixePrimeiro que entra o primeiro que

    sai (PEPS)Manter a proporo de 0,4kg gelo

    para 1,0kg de peixeControle do estoque da cmara para

    20 ton/diaHigienizao semanal da cmara

    LavagemContaminao pormicrorganismos

    patognicos

    Manuseio inadequadoLavagem inadequada

    Mdia baixa Baixa BPF aos manipuladoresAgilidade no processo

    Inspeo visual

    Continuao

  • 42

    IngredientesEtapas de processo

    PerigosBiolgicos

    Justificativa Severidade Risco MedidasPreventivas

    Eviscerao e LavagemContaminao e

    desenvolvimento depatgenos

    Contaminaocruzada por

    microrganismos pelasvsceras,

    manipuladores eutenslios

    Contaminao do produtopelo contedo das

    vsceras na eviscerao,Acmulo de produto para

    ser eviscerado

    Alto Alto Treinamento aos manipuladores daeviscerao

    gua clorada corrente em cadaposto

    de trabalhoAgilidade no processamento

    BPFHigienizao adequada da mesa e

    dos utenslios

    CongelamentoDesenvolvimento de

    patgenos pelainsuficincia nocongelamento

    Acmulo de produto a sercongelado

    Baixa mdia Baixa Equipe de congelamentoproporcional ao volume de peixe

    congeladoProduo em excedente colocada

    em tanque apropriado com gua egelo, at o momento de

    congelamento

    Classificao por pesoPesagem

    Contaminaocruzada atravs demos e utenslios

    Manuseio manual para oprocesso de classificao

    e pesagem

    Baixa Baixa BPFTreinamento aos manipuladores

    Utilizao de utenslios higienizados

    EmbalagemPaletizao

    Contaminaocruzada atravs demos e utenslios

    Manuseio manual para oprocesso de embalagem

    Baixa Baixa BPFTreinamento aos manipuladores

    Utilizao de utenslioshigienizados, laudo das empresas

    fornecedoras de embalagensplsticas e de papelo

    Congelamento em tnele estocagem em cmara

    de congelado

    Desenvolvimento demicrorganismos

    psicrfilos

    Desenvolvimento demicrorganismos devido

    estocagem inadequada

    Baixa Baixa Controle da temperatura da cmarade estocagem

    PEPS

    ExpedioNo h

    Higienizao eSanitizao da indstria

    Desenvolvimento econtaminao cruzadopor microrganismos

    patgenos

    Devido equipe nocumprir o programa de

    higienizao esanitizao,

    Materiais estranhos noambiente de trabalho

    Mdia Alta Alta Treinamento para equipe dehigienizao

    BPFOrientao para equipe de

    manuteno e reforma

  • 43

    IV.2.8.2 Perigos Fsicos

    Lista dos perigos fsicos relacionados com as matrias-primas, ingredientes e

    etapas de processo.

    IngredientesEtapas de processo

    PerigosFsicos

    Justificativa Severidade Risco MedidasPreventivas

    CapturaSeleo

    LavagemA bordo

    Pedaos de rede,areia, lodo e

    pequenoscrustceos

    Pedaos de rede agregadosao produto , areia e lodo no

    interior do pescado

    Baixa Baixo Inspeo visualRemoo na lavagem

    EvisceraoA bordo

    No h

    AcondicionamentoGelagemA bordo

    No h

    RecepoClassificao na

    Indstria

    No h

    Acondicionamentoem caixa plstica

    Materiais estranhos A caixa pode conter em seuinterior materiais estranhoscomo pedaos de plstico

    Baixa Baixo Inspeo visual das caixas

    Estao de tratamento deafluentes

    ETA

    Resduos slidospresentes na gua

    tratada

    Saturao do filtro de areia Mdia Baixo Manuteno preventiva no filtro

    Gelagem earmazenamento em

    cmara isotrmica deespera

    Pedaos de metaisaderi