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CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO, LINGUAGEM E

EDUCAÇÃO ESPECIAL

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Imagens da capa:

https://pixabay.com/pt/livro-livros-c%C3%ADrculo-crespo-2869/

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Ronaldo de Oliveira (Organizador)

Autores:

Alex Sandro da Silva

Ronaldo de Oliveira

CONHECIMENTO SOCIOLÓGICO, LINGUAGEM E

EDUCAÇÃO ESPECIAL

Primeira Edição E-book

Editora Vivens O conhecimento a serviço da Vida!

Toledo – PR

2017

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Copyright 2017 by Ronaldo de Oliveira

EDITORA: Daniela Valentini

CONSELHO EDITORIAL: Prof. Anderson Freitas Toregeani - UNIPAR

Prof.ª Lorella Congiunti – PUU - Roma Prof.ª Mariane Helena Lopes - UNICESUMAR

REVISÃO: Prof. Ademir Menin

CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN: Editora Vivens Ltda

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

Todos os direitos reservados com exclusividade para o território nacional. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou

transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem

permissão escrita do organizador. Editora Vivens, O conhecimento a serviço da Vida!

Rua Pedro Lodi, nº 566 – Jardim Coopagro Toledo – PR – CEP: 85903-510; Fone: (45) 3056-5596

http://www.vivens.com.br; e-mail: [email protected]

Conhecimento sociológico, linguagem e educação

C749 especial / organizador, Ronaldo de Oliveira;

autores, Alex Sandro da Silva, Ronaldo de

Oliveira. – 1. ed. e-book – Toledo, PR:

Vivens, 2017. 126 p.

Modo de Acesso: World Wide Web:

<http://www.vivens.com.br>

ISBN: 978-85-92670-28-3

1. Inclusão. 2. Educação especial. 3.

Sociologia educacional. 4. Aprendizagem. 5.

Psicopedagogia. I. Título.

CDD 22. ed. 371.9

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO......................................................... I A LINGUAGEM COMO MEIO DE SUPERAR A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DE ORDEM PSICOPEDAGÓGICA Ronaldo de Oliveira.......................................................... II A EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS Alex Sandro da Silva....................................................... III O PROCESSO DE INCLUSÃO: EM BUSCA DA SUPERAÇÃO DOS LIMITES ESCOLARES Alex Sandro da Silva........................................................

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APRESENTAÇÃO

A presente obra reúne alguns trabalhos de pesquisa científica que versam sobre os temas conhecimento sociológico, linguagem e educação especial.

No primeiro capítulo, A linguagem como meio de superar a dificuldade de aprendizagem de ordem psicopedagógica, de autoria do professor Ronaldo de Oliveira, o ser humano é apresentado como um ser complexo e dotado de infinitas possibilidades no pensar e no agir.

O Autor observa que alguns indivíduos apresentam dificuldade de aprendizagem. O psicopedagogo é o profissional indicado para detectar as causas do problema e propor solução em parceria com professores, pais e profissionais de outras áreas. Sendo o problema de ordem psicológica pode os profissionais da educação adequar o conteúdo do currículo escolar ao universo do aluno.

O professor, adquirindo profundos conhecimentos sobre como harmonizar o currículo com as experiências do aluno poderá proporcionar um contato significativo do aluno com os conteúdos estudados pelo discente. O professor e psicopedagogo é semelhante ao prisioneiro que se livra das correntes e sai da caverna, conhece os seres como são e volta libertar os demais cativos que ainda não conseguiram desatar os nós da dificuldade de aprendizagem. Ao retornar se adapta às condições de vida da caverna e usando linguagem adequada ao nível dos subterrâneos, paulatinamente, eleva-os aos montes fora da caverna, apresentando-lhes o “sol” da Verdade.

No segundo capítulo, A evolução da humanidade através dos tempos, o Autor, professor Alex Sandro da Silva, afirma que através dos tempos, o ser humano vem desenvolvendo sua tecnologia para facilitar sua vida.

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Desde os mais remotos tempos, vê-se que a busca dessa comodidade impulsionou a espécie humana para desvendar a natureza, suas leis, desenvolver mecanismos, criar métodos, equipamentos, leis, convenções, tudo voltado a trazer-lhe o conforto.

O Autor ainda observa que o salto tecnológico foi acompanhado, primeiramente do choque causado na população, seguida pela adaptação à nova invenção, descoberta ou aperfeiçoamento, passando pela acomodação ao novo recurso, culminando na substituição dessa inovação por outra mais elaborada e que veio suprir novas necessidades humanas, reiniciando todo esse processo. E com o passar do tempo a humanidade percebeu seu avanço tecnológico, seja através de grandes conquistas que serviram para a evolução, caso típico das tecnologias na área da saúde, seja também através da destruição originada, por exemplo, pelos equipamentos de guerra.

No entanto, apesar de toda a conquista tecnológica que culminou no mundo que vivemos hoje, sentimos que o ser humano continua insatisfeito. A angústia, o medo e a incerteza assolam as esperanças da humanidade em si própria e parece que toda conquista material não é capaz de suprir essa insatisfação. Isso ocorre, porque a humanidade ainda não descobriu o que fazer com todos esses inventos, oriundos de sua capacidade criadora. Claro está que o ser humano continua buscando desenvolver mais a tecnologia, sem, no entanto, atribuir a essa conquista algo efetivo que possa auxiliar todos os seres humanos e trazer-lhe, de maneira global, aquele conforto que poderia ser fornecido pelo avanço da tecnologia.

No capítulo terceiro, O processo de inclusão: em busca da superação dos limites escolares, o Autor, professor Alex Sandro da Silva, afirma que a educação especial é um tema que, de uns tempos para cá, vem sendo mais estudada e discutida, pois, o homem com o

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11 passar dos tempos foi dando espaço para as inovações nas diversas áreas do conhecimento, fazendo com que, esse tipo de problemática se tornasse mais conhecida.

Sendo assim, foi necessário elaborar um estudo mais aprofundado desta realidade, que acabou passando da área médica a educacional como apresenta este trabalho, e para isso buscou fundamentos teóricos metodológicos nas mais diversas áreas do conhecimento. Atualmente, trabalhar com esses indivíduos requer uma sensibilidade muito grande e nós educadores sentimos essa tarefa da maneira mais próxima da realidade, em nossas salas de aulas quando recebemos as crianças ditas como “crianças especiais”.

E a partir daí, iniciamos um caminhar pelas mais diversas áreas do conhecimento, no intuito de buscar subsídios para nossas inquietações, dúvidas, conceitos e pré-conceitos que permeiam essa tarefa. Assim, buscamos trabalhar com esse dilema que conhecemos por “inclusão” e que na maioria das vezes remete ao processo de educação especial que é carregado de diversos mitos, realidades e preconceitos tanto por parte da sociedade, família, amigos, escola entre outros. E sendo o objeto desta pesquisa a inclusão de pessoas com necessidades especiais no âmbito escolar, buscamos fundamentar esta pesquisa nos principais teóricos sendo: Mantoan, Gil, Sassaki.

A partir destes referenciais, a metodologia empregada foi a bibliográfica e os resultados apresentados a seguir mencionam grande dificuldade e o preconceito que os deficientes ainda sofrem. Enfim, em cada um dos nossos quatro capítulos tentamos trabalhar essa temática no sentido de não somente apresentá-la a comunidade escolar, mas também derrubar e superar certos paradigmas ainda existentes sobre os indivíduos portadores de necessidades especiais junto às unidades escolares.

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I

A LINGUAGEM COMO MEIO DE SUPERAR A DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM DE ORDEM

PSICOPEDAGÓGICA

Ronaldo de Oliveira1 1.1 INTRODUÇÃO

A psicopedagogia é um ramo do saber que abrange

conhecimento de outras áreas. Dentre elas podemos destacar a neurociência, a filosofia, a pedagogia, a psicologia, a sociologia, a economia, a arte, entre outras. A psicopedagogia deve construir uma equipe multidisciplinar para assim cumprir a contento sua “missão”.

O que justifica a necessidade dessa gama de informações e conhecimentos é o próprio ser humano, pois é um ser complexo. É preciso abrangentes referenciais teóricos e práticos para compreendê-lo na sua inteireza evitando reduzi-lo a determinada característica que lhe é própria. Dotado de possibilidades infinitas no pensar e no agir. Contudo muitos indivíduos portam dificuldade de aprendizagem que tem como principal consequência o fracasso escolar.

O profissional da psicopedagogia deve ser aquele que tem como tarefa primordial detectar a dificuldade de aprendizagem do aluno e direcionar o trabalho para

1 Licenciado em Filosofia pela PUC-PR (2009) e em Pedagogia pela Faculdade Associada Brasil – FAB – São Paulo (2016), especializado em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro (2013). Desde 2010 é docente de Filosofia na Rede Pública Estadual do Paraná. Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/5523358511896263

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eliminá-la ou diminuí-la. Na impossibilidade de solução dos problemas detectados no estudante avaliado deve encaminhá-lo aos profissionais de outras áreas. Lidar com indivíduos que portam dificuldades de aprendizagem é uma constante na vida profissional do psicopedagogo.

A dificuldade de aprendizagem deve ser tratada com seriedade pelo profissional competente, pelos pais, e comunidade em geral, pois não se pode rotular o aluno como deficiente mental. A razão disso é que os problemas de aprendizagem podem ser compreendidos como falta de habilidade na leitura, escrita ou matemática, levando-o a apresentar resultado inferior ao esperado para a faixa etária ou etapa de estudo (FONSECA, 2008, p. 4).

O ideal que se espera do estudante quanto a aprendizagem é que ele “entre em contato com o conteúdo, preste atenção, assimile e memorize” (FREIRE, apud FARIA, 2007, p.12). Em casos específicos de dificuldade de aprendizagem observa-se que o aluno se relaciona com o assunto, mas não consegue prestar atenção e, consequentemente, não assimila, não aprende. Este estágio é conhecido na psicopedagogia como estágio de subaprendizagem (FREIRE, apud FARIA, 2007, p.12). Há casos em que o estudante trava contato com o conteúdo, presta atenção, contudo não memoriza. Este estágio é chamado de aprendizagem simples (FREIRE, apud FARIA, 2007, p.12).

Destacar-se-á as causas psicológicas, orgânicas e sistêmicas. A análise dessas causas é importante para inserir o aluno no mundo e a partir do mundo dele encontrar a solução para que ele seja bem-sucedido na dimensão acadêmica, pois muitos problemas surgem não por falta de potencial e sim no como se realiza as tarefas cotidianas da escola.

Avaliar-se-á, neste trabalho, uma dificuldade de aprendizagem hipotética que não seria impossível existir na prática. Recorrer-se-á ao mito da caverna de Platão como modelo de ação para o profissional propor solução

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ao problema encontrado no aluno avaliado hipoteticamente.

Este trabalho se justifica pelo fato de existirem inúmeros casos de alunos com dificuldades de aprendizagem nas escolas e os profissionais da educação ficam estagnados sem saber como agir. Diante da análise do caso hipotético que será mencionado ao longo deste trabalho pretende-se servir de motivação para encontrar novos horizontes frente ao trabalho com alunos que apresentarem dificuldades de aprendizagem.

1.2 DESENVOLVIMENTO

Diante da dificuldade de aprendizagem é

importante que se busque as causas para encontrar o caminho eficaz de superação da mesma. Há três grupos básicos de causas dos problemas de aprendizagem: causas psicológicas, causas orgânicas e causas do sistema.

No âmbito das causas psicológicas se encontram os problemas oriundos de problemas familiares e financeiros, traumas por maus tratos físicos ou psicológicos sofridos no grupo social em que a criança participa (pode ser lembrado dos casos de bullying). Por conta da interferência do meio social em que se vive a criança pode criar bloqueios que desencadeia a dificuldade de aprendizagem e, posteriormente, se não trabalhado adequadamente, culmina no fracasso escolar.

Dentro das causas orgânicas pode-se destacar as alterações sofridas no organismo do aluno, por isso, orgânica. Toda alteração no organismo do indivíduo que afeta direto ou parcialmente o cérebro e seu sistema de funcionamento pode desencadear numa dificuldade de aprendizagem ou até mesmo evoluir para distúrbios de aprendizagem. Exemplos de causas orgânicas de dificuldade de aprendizagem podem ser desnutrição,

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anemia ou distúrbio, como dislexia, disgrafia, discalculia, entre outras.

Quando se avalia somente as causas orgânica e psicológica o avaliador (psicopedagogo) pode apressar o juízo e afirmar que a causa da dificuldade de aprendizagem do aluno está exclusivamente no próprio estudante. Contudo numa análise mais global, procurando ver a totalidade da realidade na qual o discente está encerrado, pode-se perceber as “causas do sistema”. Neste conjunto de causas se incluir basicamente a escola e sua estrutura com seu método avesso ao modo do aluno aprender, (STEFANINI; CRUZ. p. 7), carga horária, alimentação escolar, estrutura física da escola, como pintura, arquitetura, ventilação, clima, entre outros fatores.

Ao abordar o problema do aluno de modo integral descobrir-se-á que o aluno tem pré-disposição para a dificuldade de aprendizagem, mas o modo como é ministrado ou trabalhado os conteúdos corrobora a dificuldade latente desencadeando de maneira contundente o fracasso escolar.

Os problemas, cuja origem seja orgânica, devem ser conduzidos ao médico capaz de prescrever o tratamento adequado seja em parceria com o psicopedagogo ou não. Os problemas de origem psicológica podem ser tratados em parceria do psicopedagogo com o psicólogo, professores e pais. Esta parceria é em vista do bem-estar do estudante. Cabe aos profissionais, após a anamnese, escolher o melhor método de solucionar o problema detectado no paciente.

1.3 UMA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM HIPOTÉTICA

Imagine-se que o problema seja de ordem

psicológica e que o estudante tenha mostrado um rendimento escolar inferior ao esperado para a idade e para a etapa que está cursando. Procura-se um

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profissional em busca de solução. Diante disso se pode evocar “o mito da caverna” de Platão para propor uma possível resposta e norte para a solução.

O mito da caverna conta a história de prisioneiros que habitavam a caverna e contemplavam tão somente o que era projetado no fundo dela em virtude da postura que estavam submetidos. O mundo deles era escuro e a pouca claridade que adentrava no ambiente dava-lhes a sensação de que as projeções no fundo da caverna era a verdadeira realidade. Um dia alguém dos prisioneiros é arrancado da condição de cativo e forçado a ver os seres que outrora somente vira a sombra. Após o sofrimento provocado pela luz solar às vistas, paulatinamente acostumou ver os seres como eles de fato são e percebeu que o que antes vira na sua antiga moradia, a caverna, era ilusão e que tomara a inverdade como sendo a verdade. Platão supõe que o homem conhecedor da verdade deva, por um compromisso moral e político, voltar à caverna e livrar os seus colegas da ilusão das sombras. Mas ao retornar à sua antiga moradia sofre o infortúnio do escurecimento da vista por conta de não estar acostumado ao escuro. Diante disso os colegas o tratam com desprezo e afirmam que foi um erro ter saído da caverna. E seriam capazes de agredir quem os tentasse arrancá-lo da caverna2.

1.4 SOLUÇÃO HIPOTÉTICA DA DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM PROPOSTA

O aluno com dificuldade de aprendizagem, cuja

causa é de ordem psicológica, poderia ser representado pelos prisioneiros que apresenta dificuldade de entender, de aprender, que é agressivo, indisciplinado, não colabora com o professor e com os demais colegas em sala de aula.

2 Platão, livro VII da obra República. In: REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Filosofia Pagã Antiga. São Paulo: Paulus, 2003, 179-180.

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O motivo para este comportamento detestado por muitos professores e pais é que estão vivendo a ilusão das “sombras”, isto é, pensa já saber o suficiente e que não é capaz de aprender mais, e ainda, “acha’’ já saber o necessário. Quando é forçado pelas condições físicas e pedagógicas a realizar tarefas em vista de um resultado pedagógico cria mecanismos de defesa fugindo da proposta inicial do professor.

A fuga da tarefa proposta pelo professor cria o perfil do “aluno problema”. É diante deste cenário que um prisioneiro é forçado a sair da caverna e encontrar a luz que ilumina todos os seres, o sol. O prisioneiro liberto pode ser representado como sendo o professor, o psicopedagogo e outros profissionais ligados à educação em geral. Ao sair do comodismo o professor e psicopedagogo enfrentam as dificuldades para se elevarem da caverna, ofuscando a vista em virtude da novidade do aprendizado que buscam, sofrem as angústias de deixar os velhos hábitos para adquirirem novos paradigmas de lidar com a situação ensino-aprendizagem.

Com o novo grau de instrução inovador, o professor e psicopedagogo se sentem no dever moral e político de retornar à caverna, isto é, no ambiente escolar onde está o “aluno problema” que se torna doravante “aluno-desafio” para ajudá-lo a realizar uma experiência vivencial a partir do contato com os conteúdos abordados pelo profissional da educação. Mas o aluno pode manter sua postura de bloqueio e de resistência? Como romper com essas barreiras? Como o profissional da educação deve proceder para proporcionar uma experiência vivencial do aluno com o conteúdo?

Para dar solução à dificuldade de aprendizagem do aluno o professor tem de conhecer profundamente o modelo de ensino-aprendizagem equilátero. Este modelo representa o processo de ensino-aprendizagem em que envolve os três componentes básicos de maneira

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harmônica e que resultará na experiência de aprendizagem significativa por parte do aluno. Os três componentes são o professor, o currículo e o aluno. Quando o professor domina o currículo estruturando-o e administrando-o em vários níveis adaptando às necessidades do discente promove-se assim modificações no processo ensino-aprendizagem do estudante (FONSECA3).

O sucesso do trabalho do professor ao retornar à caverna perpassa necessariamente pela capacidade de transpor o conteúdo a ser assimilado pelo seu educando em uma linguagem que faça parte da experiência do aluno. O sucesso do aluno perpassa pela percepção de que aquilo que ele não compreendera em outros momentos pode ter sido a linguagem utilizada o grande vilão da experiência negativa.

O professor e psicopedagogo para lidarem com a dificuldade de aprendizagem oriunda de causas psicológicas e sistêmicas têm de repensar a própria conduta profissional e refletir sobre qual forma de linguagem mais toca significativamente o seu aluno. Ao descerem até a plataforma de dificuldade do aluno podem ficar com as vistas ofuscadas, mas utilizando-se dos recursos adquiridos com a formação profissional e recorrendo à linguagem adequada ao nível do seu aluno poderão paulatinamente fazer o discente desvencilhar das correntes que o mantêm no submundo da ignorância, da dificuldade de aprendizagem e emergir novos significados de mundo, de vida, de convivência.

1.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Alunos podem ficar desmotivados pelas

pertinentes dificuldades na aprendizagem. Podem criar mecanismos de culpa que gera forte dose de estresse.

3 Vitor da Fonseca.

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Quando forçados a seguirem o curso normal das atividades escolares criam meios de driblar a atual incompetência instalada. Despreza-se o potencial que está alojado no íntimo de cada pessoa. Desencadeia eventos denominados por indisciplina e seus sinônimos.

O professor e profissionais da educação devem estar atentos aos sinais apresentados e interpretá-los de maneira inovadora transformando o “aluno problema” em “aluno desafio”. O docente ficará profundamente elogiado quando o discente construir e atribuir significado a tudo aquilo que ele está em contato. A partir do momento em que o aluno se utilizar de pensamentos significativos vinculando com o conteúdo muito próximo da sua vida cotidiana e prática ali está instaurada a superação da dificuldade de aprendizagem.

O conhecimento das causas das dificuldades é, evidentemente, o requisito mínimo e mais importante para propor o como o processo de ensino-aprendizagem deve ser encaminhado. Quando a causa do problema for de ordem psicológica fica claro que o mais importante é ter versatilidade e flexibilidade por parte do professor para adaptar o conteúdo numa linguagem acessível ao universo do aluno. Supera-se a dificuldade de aprendizagem e evita o fracasso escolar.

Quando professor e aluno se reconhecem como seres iguais os dois mundos (do professor e do aluno) se encontram e ganham significado capaz de mudar o curso da vida, dando a todos a alegria de aprender cada vez mais e melhor. Magui Guimarães e Assis Almeida afirmam que “todas as concepções de mundo são válidas, pois representam o que a pessoa pode perceber” (2007, p. 45). Há um ditado popular que diz: “quem quer ir rápido vá sozinho; quem quer ir longe vá acompanhado”.

Em suma, ter audácia de descer ao mundo do aluno e fazê-lo emergir até o mundo do profissional da educação poderá encaminhar a humanidade para horizonte cada vez mais realizador e profícuo.

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REFERÊNCIAS

FARIA, Fátima Soares. Dificuldades no Processo de Alfabetização. Disponível em: http://sigplanet.sytes.net/nova_plataforma/monografias../606.pdf. (Acessado em: 07 de janeiro 2013. FONSECA, Jane Fidelis de Oliveira. Dificuldade de Aprendizagem. Disponível em: http://sigplanet.sytes.net/nova_plataforma/monografias../5676.pdf. (Acesso em 03 de janeiro de 2013). FONSECA, Vitor da. Dificuldades de aprendizagem: na busca de alguns axiomas. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S0103-84862007000200005&script=sci_arttext. Acessado em: 07 de janeiro de 2013. GUIMARÃES, Magui; Almeida, Assis. 2. ed. A magia das perguntas: o que você não sabe que sabe! Fortaleza: Premius, 2007, pág. 45. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Filosofia Pagã Antiga. São Paulo: Paulus, 2003, 179-180. STEFANINI, Maria Cristina Bergonzoni; CRUZ, Sonia Aparecida Belletti. Dificuldades de Aprendizagem e suas causas: o olhar do Professor de 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/436/332 . Acessado em: 07 de janeiro de 2013.

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II

A EVOLUÇÃO DA HUMANIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS

Alex Sandro da Silva*

2.1 INTRODUÇÃO

Esta pesquisa monográfica teve a pretensão de

fazer um retrospecto histórico, desde os primórdios do até o presente, com a ideia de ter feito uma rápida análise crítica da evolução da humanidade em todos os seus âmbitos, chegando até a Era Tecnológica atual.

Nessa análise histórica, fez-se uma rápida panorâmica das causas, efeitos e consequências de todos os fatos ocorridos, visualizando que as situações sócio-político-econômicas, sempre pesaram na balança das ações humanas e que a evolução da humanidade se deu de forma gradativa até determinada época e que esse desenvolvimento se ateu mais à conscientização do homem no seu papel histórico.

Vários fatos serviram de marco histórico e todas as causas determinaram consequências que, de uma forma ou de outra, marcaram a evolução do progresso da humanidade, seja no âmbito social, cultural, econômico e político.

* Alex Sandro da Silva é natural de Itaguajé, PR, nascido aos 20/01/1981. Possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia Ciência e Letras de Presidente Venceslau (2007), graduação em Geografia pela Faculdade da Terra de Brasília (2011), graduação em Pedagogia pelo Instituto Superior de Educação Alvorada Plus (2013) e graduação em Sociologia pelo Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson (2013). Atualmente é professor do Colégio Estadual Lourdes Alves Melo (PR) e da Escola Estadual Arthur Ribeiro (SP). Tem experiência nas áreas de ciências humanas. CV: http://lattes.cnpq.br/8760388775061930

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Englobou-se a esse retrospecto a história do Brasil

no contexto mundial, no que se refere ao seu progresso em acompanhar a evolução da tecnologia atual.

2.2 MARCO DA LINHA DO TEMPO

Inicia-se, como marco da História da Humanidade,

a Pré-história, onde a espécie sub-humana evolui até chegar ao Homus Sapiens, melhorando suas condições de sobrevivência, saindo das cavernas até as palafitas, descobrindo o fogo, a roda, até chegar à escrita, onde de fato inicia-se a História, usando o papiro e o pergaminho como materiais de facção das ideias da época. Assim como o nomadismo foi substituído pelo sedentarismo.

Os países da antiguidade foram mestres em arquiteturas, como constata-se pelas Pirâmides, onde as três maiores – a de Quéops tem 320m de altura, a de Quéfren e a de Miquerinos, após milhares de anos, ainda lá estão como prova da capacidade de seus construtores, que embora não possuíssem as maquinas e a tecnologia atual, tinham uma percepção rara do conhecimento. Nunca se ouviu falar de um prédio da Antiguidade que tivesse desmoronado, como hoje em dia acontece com frequência, pondo em risco vidas humanas.

As enchentes periódicas do Rio Nilo tornaram-no uma “Dádiva de vida” para o Egito, graças aos canais de irrigação, nunca o povo sofreu com a seca, lembrando-se que se está falando do Deserto do Saara, onde o solo é arenoso. E hoje com tanta tecnologia na mão dos homens, os povos penam na época da seca, principalmente no Norte e Nordeste brasileiro ou, caso contrário, as enchentes causam prejuízos enormes à população sujeita a elas. Suas casas são inundadas ano após ano e nada se faz para que isso não ocorra. Que paradoxo, tanta evolução, tanto progresso e tão pouco aproveitamento em benefício do Bem Comum.

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A evolução da humanidade... 25

Todos os países da antiguidade nos lesaram

alguns conhecimentos: os Assírios, a hora em sessenta minutos e o minuto em sessenta segundos; os Árabes além da numeração, a Arte dos Arabescos; os Persas eternos comerciantes, sem falar do Oriente onde com sua civilização milenar a China tornou-se o berço da civilização da Humanidade, com seus inventos mais tarde aproveitados como a Xilografia que após ser aperfeiçoada por Gutemberg propiciou a confecção do primeiro livro impresso – Incunábulo – , permitindo uma diferente visão do mundo através da leitura; a pólvora usada pelos chineses como fogos de artifícios, gerou mais tarde armas mortíferas como o “Cogumelo Maldito”, a Bomba Atômica que deixou para a humanidade um rastro de morte, que ainda persiste na atmosfera com sua radioatividade nefasta e propagadora de Câncer no organismo humano, desde o fim da II Grande Guerra Mundial, quando Hiroshima e Nagasaki foram arrasadas pela Bomba Atômica. Como se pode perceber, os legados que os antigos nos deixaram, eram uma forma de paulatinamente aumentar o pregresso da humanidade em algumas áreas, mas em outras áreas está servindo para tecer o temor de morte e extermínio, tudo isso, porquê os chineses um dia inventaram seus fogos de festim com pólvora.

Roma e Grécia nos legaram sua cultura clássica, onde – Roma com seus códigos de Leis e a língua latina, e a Grécia com sua filosofia, sua política democrática, sua ética e estética quanto ao culto ao corpo e da beleza “mente sã, corpo são”.

A filosofia greco-romana, ainda hoje é citada como forma de se refletir com lógica: "Conhece-te a ti mesmo” – segundo Sócrates, como forma de fazer com que se conviva melhor em sociedade e segundo a maiêutica como se adquirir mais conhecimento; segundo Aristóteles, que discípulo de Platão o superou em ideias, atualmente onde estão os filósofos atuais que poderiam fazer o homem moderno, que se diz civilizado, parar para refletir

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melhor sobre o mundo em que vive, e como melhorar sua qualidade de vida, ao invés de torná-lo poluído e inabitável e violento?

Nesta análise percebe-se que a humanidade de fato progrediu com a herança deixada no passado como legado de conhecimento, principalmente no setor público, onde a democracia é uma conquista do povo, embora a sua aplicação é uma “faca de dois gumes”; o povo elege seus governos, mas estes, muitas vezes, não correspondem à expectativa popular, e ainda temos a corrupção que se afasta em vários setores públicos, onde muitas vezes “o lixo” é jogado para baixo do tapete, e quando o povo vai tomar conhecimento o seu dinheiro pago em impostos, está escoando pelo “ralo” da desonestidade, por aqueles que ele mesmo elegeu – isso é o paradoxo da questão – vê-se assim que pouca coisa foi aproveitada no sentido de aprimorar a conduta do homem, pois ao invés de torná-lo mais humano, tornou-se uma máquina gananciosa de querer ter cada vez mais, e cada vez mais, o poder adquirido o corrompeu.

Na decadência do Império Romano, iniciou-se a Idade Média ou “Idade das Trevas”, onde o poder do clero mostrou-se o antônimo do amor fraterno.

Após Constantino, Rei Romano, liberar o credo religioso, o poder clerical, “tudo o que Cristo sofreu na Cruz para salvar a humanidade” foi esquecido, pois a Igreja na Idade Média tornou-se digna de ser chamada “sanguinária”, onde em nome de Deus o clero cometeu toda a sorte de arbitrariedades e crimes, visando o poder econômico e a satisfação possível de seus bispos, arcebispos e papas. Toda a cultura greco-romana foi marginalizada, o povo foi obrigado a ser católico caso contrário seria queimado vivo como herege, tudo em nome da Santa Madre Igreja. Os “católicos” impostos pelo clero eram perseguidos ou mais do que no tempo da Roma Antiga, quando os “pagãos” sacrificavam os “cristãos” na arena dos leões e na cruz.

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Com o fechamento para o caminho às Índias, pelos

turcos otomanos, por questões religiosas e econômicas, iniciou-se a Idade Moderna, e com ela os inventos fluíram com a ascensão de uma nova classe social, a burguesia – comerciantes que ajudaram os reis economicamente, após a queda do Sistema Feudal, nos fins da Idade Média; surgindo uma nova rota para as Índias, através do contorno do Continente Africano, surgiram novas colônias, com o conhecimento de novas terras pelos europeus, novos costumes, novas crenças e com essas descobertas surge o novo Continente, “A América”, e com ela o Brasil, cujo povo foi chamado de “índio”, porque Colombo achou ter chegado às Índias.

Dentro de toda essa complexidade de fatos, o rei torna-se “absoluto”, onde reina ao seu bel prazer, sugando e como sempre se aproveitando da fraqueza dos mais desprotegidos. A corte constituída por aristocratas, conde, barão e visconde, era inúmeras pessoas passando de mil, pois havia os agregados, os escravos, enfim um bando de parasitas, onde o esforço maior era se aprimorar na arte do espadachim; alguns mais jovens, os mais velhos estavam sempre tramando na Corte uma forma de usufruir mais regalias, comparando-se, com a atualidade, podemos estabelecer uma correlação com esses palacianos com os nossos políticos atuais, Senado e Câmara, sejam municipais, estaduais ou federal, sempre existiu e sempre existirá, o “bobo da Corte”, e os parasitas do povo, ou seja, da classe trabalhadora. Surge a Filosofia Iluminista, onde os burgueses são seus mentores.

Mas nessa altura dos acontecimentos, já havia pessoas lúcidas que detinha o conhecimento do que é ser livre, e é dessa forma que através da Revolução Francesa, símbolo do absolutismo dissoluto, cai com a Tomada da Bastilha em 1789; o poder era tão gritante que houve até um rei francês apelidado de Rei Sol, enquanto a plebe passava fome, os nobres comiam brioches e rainha Maria Antonieta cobria-se de diamantes.

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Esse foi o marco do início da Idade Contemporânea

com o lema "Igualdade e Fraternidade”, onde o poder monárquico seria substituído pelo regime parlamentarista, onde o Rei reina, mas não governa; quem administra o governo é o Primeiro Ministro.

O mundo daquela época passou por várias perturbações, a própria França deixou de ter um Rei déspota, para cair na mão de Napoleão Bonaparte, e o povo continuou a sofrer com as ambições de poder do seu dirigente.

Se questionarmos se o mundo de lá para cá melhorou nas questões de regime administrativo de uma nação, podemos dizer que o poder seja de que forma for, é sempre administrado de forma incoerente, pois depende de vários fatores do perfil da pessoa humana que se investe no poder e, geralmente, só se conhece alguém, quando este está no poder e, não generalizando, - o poder corrompe. Quanto menos valores a pessoa tiver, mais vaidoso se tornara ao tomar posse; seja ele, que cargos for. 2.3 DO PONTO DE VISTA CULTURAL – ACONTECIMENTOS DOS PRIMEIROS SÉCULOS DA VIDA MODERNA – ANÁLISE CRITICA

A humanidade mais tarde iria se beneficiar com os

conhecimentos vindos do Oriente, trazidos pelos Muçulmanos, modificando as técnicas do homem europeu – a bússola, o papel, a imprensa e a pólvora que vai propiciar armas de fogo mais eficazes do que as armas utilizadas até então, a espada, o sabre e a força humana do guerreiro, hoje substituída por escopetas, mauser e revólveres de repetição; o homem atual não precisa aprimorar os músculos para ser um lutador, basta ter uma arma moderna e o instinto sanguinário para fazer a “festa”.

Os navegantes da época do início das “Grandes Navegações”, deixam de navegar o Mar Mediterrâneo ao

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norte do Continente Africano e se aventuram pelo Atlântico, na busca do novo caminho para as Índias; empreenderam viagens oceânicas para o sul e para o oeste e, com isso, passaram a conhecer o continente africano, assentando bandeiras de seus países, criando colônias europeias fora da Europa, foi nessas aventuras marítimas que a América foi descoberta.

Várias mudanças vão ocorrer na sociedade europeia, surge o Renascentismo e com ele o homem ganha mais otimismo através do antropocentrismo, “o homem ser valorizado, pelo que é, um simples ser humano”, os burgueses, fazem com que toda a antiguidade clássica, ou seja, greco-romana, volte a se manifestar, surge um novo tipo de artista, diferente dos medievais, lança-se em busca de novas criações. Na parte cientifica, várias descobertas vêm à tona, sem medo de serem novamente “réus” da Santa Inquisição, como Copérnico e outros cientistas, que contrariaram as ideias de Igreja na época.

No campo religioso rompe-se a “Unidade da Igreja Católica” da Europa Ocidental com a Igreja Católica Oriental, que passou a denominar-se Igreja Ortodoxa, formam-se novas igrejas, chamadas Protestantes, sendo a Igreja Anglicana, outro ramo da Igreja Católica, só não obedece ao Vaticano, só aos reis ingleses.

Há um progresso cientifico com o desenvolvimento da observação dos fenômenos da Natureza, das ciências e da biologia expandindo-se abertamente em vários setores da vida humana.

No campo político, a Europa Ocidental, consegue se fortalecer nos Estados Nacionais e, dentro deles, o aumento do poder real se faz presente, enquanto se enfraquece a autoridade dos senhores feudais, ou seja, dos nobres e o do clero, visto que os feudos só eram dados a essas duas classes sociais.

Na Europa Ocidental, os turcos otomanos tomaram Constantinopla e parte do Sul dos Bálcãs. Dessa forma

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termina a longa e acidentada vida do Império Bizantino, surgido na Antiguidade e que havia sobrevivido a toda Idade Média.

Com a decadência do poder dos nobres e com o desenvolvimento comercial, um setor da burguesia vai se tornando cada vez mais rica e mais poderosa.

O crescimento das cidades provocou uma mudança dos costumes, pois a vida se desenvolvera num âmbito mais amplo e mais populoso que as cidades dos séculos anteriores.

No campo da economia, as mudanças são bastante acentuadas. O mais importante é que a Europa passa definitivamente de uma economia fechada para uma economia aberta e baseada no comércio, compra e venda, não mais no sistema de escambo (troca). Essa economia exige maior e melhor produção, com a mudança instrumental e métodos de trabalho.

É cada vez mais necessário o uso de moeda sólida e estável, sustentada por uma autoridade forte que lhe dá segurança e agilidade nos negócios.

2.3.1 O Pioneiro das Grandes Navegações – Portugal Século XI

Vários fatores fizeram de Portugal o país pioneiro

no movimento das Grandes Navegações: - Formação de um grupo mercantil forte em Lisboa,

onde esta cidade desenvolveu-se comercialmente em consequência do desvio da sorte distribuidora das especiarias, provocado pela Guerra dos Cem Anos.

Presença de Monarquia centralizada. A dinastia de Avis foi a primeira dinastia absoluta da Europa.

Situação de paz interna e externa.

Escola Náutica de Sagres.

Situação Geográfica favorável.

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A rota dos portugueses para atingir o continente

asiático, seria de costear a África, correspondendo ao ciclo ocidental das navegações.

As primeiras explorações marítimas portuguesas acreditam-se que tenham sido no fim do Século XIV. Contudo, a primeira conquista significativa foi no Século XV.

2.3.2 Conquistas portuguesas

Em 1415, saiu de Portugal uma esquadra numerosa levando milhares de homens, entre eles o rei D. João I, rumaram para Ceuta, cidade do lado africano do estreito de Gibraltar.

No Oceano Atlântico, os portugueses descobriram as ilhas Porto Santo, Açores e Madeira.

Em 1434, foi a passagem do Cabo Bojador, por Gil Eanes, possibilitando uma série de conquistas: Cabo Verde, Cabo Branco, estabelecendo várias feitorias na região.

Em 1488, Bartolomeu, Dias contornou o Cabo da Boa Esperança, na extremidade meridional do Continente africano. Foi um passo definitivo para o descobrimento do caminho marítimo para as Índias, mostrando a comunicação entre o Atlântico e o Indico.

Em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia.

2.3.3 Precursores de Cabral – e a posse do Brasil pelos portugueses

Vicente Yãnes Pinzon chegou ao Rio Amazonas no

Brasil e deu-lhe o nome de “Mar Dulce”, devido a sua grande largura acharam que fosse um mar.

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Em 1500, o rei D. Manuel organizou uma poderosa armada, com o objetivo de estabelecer o domínio português na Ásia. No comando estava Pedro Álvares Cabral, que antes de atingir Calicute, oficializou a posse das terras do Brasil para Portugal – 22 de abril de 1500, visto que era do conhecimento da corte portuguesa o contrabando o Pau-brasil por piratas europeus.

A primeira viagem de circunavegação deu-se em

1591, por Fernão de Magalhães, português, navegou para o governo espanhol. Conseguiu atingir o sul do continente americano e atravessou o estreito que hoje tem seu nome. Entrou pelo Oceano Pacifico e atingiu as Filipinas, onde foi assassinado pelos nativos; Sebastião Del Cano, assumiu o comando e completou a viagem ao redor do mundo.

2.3.4 Divisão da Terra – Bula Inter Coetera -1493

Em 1942, quando Colombo voltou para a Europa e

comunicou o resultado de sua viagem, Portugal passou a cobiçar essas terras e exigiu da Espanha um tratado que dividisse com ele as terras descobertas ou por descobrir.

O Papa Alexandre VI, em 1493, através da bula Inter Coetera – traçou um meridiano imaginário, a 100 léguas das ilhas de Cabo Verde.

As terras que ficassem a oeste pertenceriam à Espanha e as que ficassem a leste, a Portugal.

Portugal, sentindo-se prejudicado pelo tratado, recusou-se e exigiu outro.

Em 1494, diretamente entre os governos de Espanha e Portugal, novo tratado foi elaborado – Tratado de Tordesilhas. Estabelecia um meridiano imaginário a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras que ficassem a oeste pertenceriam à Espanha e a leste, a Portugal.

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Assim, Portugal ficou com uma parte do Brasil, que

ia de Belém do Pará até Laguna em Santa Catarina.

2.3.5 As transformações do Mundo através das grandes navegações

Aumento das relações comerciais entre o Oriente e Ocidente

Deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo pare o Atlântico.

Entrada do custo de vida.

Ascensão econômica da Burguesia.

Fortalecimento do poder dos reis.

Formação de impérios coloniais.

Revolução Comercial – Renascimento comercial, no final da Idade Média.

2.4 REVOLUÇÃO COMERCIAL

Como consequência da nova rota para as Índias, o

comércio se intensificou pelo Atlântico favorecendo Portugal, Espanha, Inglaterra e França.

As características mais importantes da Revolução Comercial foram o surgimento do:

a – Capitalismo: sistema caracterizado pela propriedade privada dos meios de produção, trabalho assalariado, reaplicação dos lucros e de livre concorrência. Embora surgindo na Revolução Comercial, só atingiu completa maturidade no Século XIX intensificando seu regime econômico desumano até nossos dias atuais.

b – Mercantilismo: com a finalidade de tornar o Estado mais rico e, consequentemente, mais poderoso, os governantes passam a aplicar essa política econômica, que atingiu seu apogeu no século XVII, mas que perdurou até o final do Século XVIII.

- Balança Comercial favorável: excetuando-se Portugal e Espanha, que se aproveitaram dos metais

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preciosos das suas colônias na América, os outros países adotaram a balança comercial favorável, maior exportação e menor importação. Esse procedimento deveria ser seguido à risca pelo Brasil, mas ao invés disso, produtos estrangeiros, como os da China, que chegam aqui a baixo custo (a indústria chinesa, explora mão de obra de presos) prejudicam o comércio no Brasil – calçados – miudezas de todos os tipos, rádios, relógios, tecidos etc. essa visão comercial de usar a balança favorável, caberia ao governo brasileiro, arregimentá-la mais severamente em benefícios dos seus compatriotas.

- Protecionismo: para conseguir uma balança comercial favorável, torna-se necessária à adoção de umas políticas protecionistas, que consistia no lançamento de altas tarifas alfandegárias sobre os produtos importados, na tentativa de reduzir a importação e aumentar a exportação e incentivar a produção nacional é o que não ocorre no Brasil, nossos produtos a serem exportados sofrem com a queda do dólar, fazendo com que a agricultura e a agropecuária, assim como outro produto nacional, caia a produção, o mesmo ocorre com os manufaturados no Brasil, que com as altas taxas de juros aqui aplicados, vão retendo sua produção, deixando com isso uma defasagem econômica muito grande, gerando desemprego em massa, acarretando fome, miséria e, desse desequilíbrio social, a violência, o tráfico de drogas (meio fácil de ganhar dinheiro), aumenta no Brasil, tornando-se um câncer que está minando vários setores da sociedade, onde a falta de valores éticos e morais são fontes para acolher os muitos semianalfabetos e sem um nível profissionalizante da maioria dos brasileiros do Século XXI, onde a tecnologia é a maior competidora do mercado de trabalho e a mão-de-obra especializada se faz necessária e é, no fundo, a causa principal do desemprego. Vê-se, que a falta de uma política econômica que de fato seja protecionista, em sua acepção da palavra, faz-se necessária, sem a qual não há

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“PAC” (Projeto do Atual presidente, quanto o aceleramento do crescimento), resulte em algo de imediato, para contornar a crise que estamos vivendo, onde em toda Mídia, televisionada ou escrita, só se ouve e lê-se, sobre fatos hediondos, crimes com requintes de crueldade, onde se dá a impressão que uma parte da raça humana, brasileira virou canibal, sedenta de sangue e de dor dos seus semelhantes. Isso é o cenário brasileiro, embora de um realismo cruel, mesclando com os faz-de-conta, de discursos, onde a economia está ótima, onde a necessidade primária do ser humano, estão todos supridos – tetos, saúde, educação, pura demagogia: A saúde está desumanamente má cuidada, onde faltam remédios necessários para doenças graves (ai vem a desculpa – a burocracia). A maioria dos pobres vivem em casebres, nas favelas da periferia, ou então invadindo prédios públicos desativados; e na Educação, escolas com prédios deficitários, caindo aos pedaços, professores mal preparados e mal pagos, lidando com crianças oriundas a maior parte de lares desestruturados, ou de mães que trabalham fora, portanto, sem uma assistência em casa, tornando-se crianças indisciplinadas, agressivas e desatentas, requerendo com isso maior apoio da parte da Escola. Para isso, tornam-se necessários professores mais bem preparados para encaminhá-las para um caminho de respeito ao próximo e de conhecimento, que lhe propicia condições de trilhar um caminho próprio como pessoa e como futuro cidadão que tenha habilidade de melhorar seu meio-ambiente.

Essa falha da Educação vem ocorrendo há muitos anos, embora alguns pedagogos e antropólogos tivessem tentado minimizar, como é o caso do “CIEP”, no Rio de Janeiro, projeto de Darci Ribeiro, prevendo o caos futuro, gerado pela violência atual. Várias “ONGs” estão atuando para libertar meninos do tráfico de drogas, atualmente – mais os homens que lá estão atuando, já foram meninos um dia e não houve quem lhes mostrasse ou desce uma

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oportunidade mais sadia de viver e ganhar seu sustento dignamente no passado.

- Desenvolvimento do sistema bancário: Durante a Idade Média os negócios bancários eram malvistos, devido à condenação da usura por parte da Igreja, embora o clero fosse o maior detentor de economia feudal (cobravam pedágio em seus feudos). Essa atividade foi controlada durante muito tempo pelos muçulmanos e judeus.

Com a finalidade de incrementar a produção e o volume comercial, o sistema bancário desenvolveu-se muito e o primeiro banco estatal surgiu na Suécia e o segundo banco estatal na Inglaterra.

Desenvolveram-se na época vários instrumentos de crédito, auxiliares das transações em larga escala: letras de câmbio, cheques, emissões de notas bancárias, substitutivas do ouro e da prata.

- Vários instrumentos auxiliares nas transações bancárias ainda são empregados até hoje.

- Sistema doméstico de produção: que veio substituir o das Corporações de Ofícios, onde o mestre detinha a propriedade da matéria-prima, dos meios de produção e o controle da distribuição, e os aprendizes trabalhavam sem remuneração até tornarem-se aptos e posteriormente “mestres”.

Esse novo sistema enquadra-se dentro da organização capitalista, onde o artesão deixa de controlar a matéria-prima e distribuem aos trabalhadores, em troca de um pagamento estipulado, ou seja, um salário, que aqui no Brasil desde a “Era Vargas”, foi estipulado um mínimo como base de pagamento. Em todo o mundo o salário brasileiro é tido como uma “vergonha” – até entre os países da América latina, considerada “Em desenvolvimento”.

- Companhias Regulamentadas: foram formadas, dada a necessidade de uma organização comercial mais adequada às novas condições, porque as medidas não se

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adaptavam aos negócios que envolvessem riscos e aplicações de grandes capitais.

Essas Companhias Regulamentadas eram associações de comerciantes unidas num empreendimento comum, com o objetivo de manter o Monopólio Comercial, tão comum nos dias atuais – os Cartéis e os Trustes comerciais.

- Sociedade por ações: era o novo tipo de organização mais sólida e mais ampla, eram formadas por associações de capitais, onde os acionistas eram proprietários da empresa, mas não participavam da administração, só se beneficiavam dos rendimentos, de acordo com suas cotas de ações. Essas sociedades Anônimas são comuns atualmente e as ações correm na bolsa de valores. É uma forma especulativa de ganhar dinheiro hoje em dia e também muito arriscada.

- Moeda padrão: o desenvolvimento comercial tornou necessário a existência de sistemas monetários mais estáveis e uniformes, estabelecendo um sistema padrão de dinheiro – cada país adotou seu sistema monetário de acordo com seu lastro de capital. Comercialmente falando, a moeda forte no intercâmbio comercial é o dólar, onde sua alta ou baixa, desestabiliza o mercado mundial. 2.4.1 Consequências socioeconômicas da revolução comercial no cenário mundial da época

Desenvolvimento e ascensão do capitalismo;

Ascensão da burguesia, que além de deter o poder econômico em quase todos os países da Europa Ocidental, onde sua aliança com o poder real, muito a favorecer, no século XIX, a burguesia passa a ter também o poder político.

Restabelecendo da escravidão, vai diferir da escravidão usada na antiguidade, onde era uma questão hereditária, e também por dívidas não

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pagas. Sua finalidade exclusiva passa a ser a de obter mão de obra barata, com o objetivo de maior lucro. Os escravos eram comprados dos negreiros, que iam buscá-los nas tribos africanas, ou então aprisionando índios, ou em leilões, onde homens, mulheres e crianças eram vendidos como “peças”, na época o escravo representava um “capital” para o dono.

No Brasil colônia, os escravos foram usados na

agricultura do café, da cana, na mineração, até 1888, quando no Segundo Reinado, a Princesa Isabel filha de D. Pedro II os libertou pela Lei Áurea, 13 de maio de 1888, embora tivesse havido a preocupação dessa liberdade ser gradativa: Lei Bill Aberding, Lei do Ventre Livre, Lei do Saraiva Cotegipe sexagenário, com a libertação dos escravos, antecipou a Proclamação da República e a Queda da Monarquia no Brasil.

Até os nossos dias, ainda ouve-se falar em trabalhos escravos, ou seja, trabalhadores vivendo em situações desumanas em vários latifúndios, por esse Brasil afora.

Aumento da população – em decorrência da melhoria de vida: acabou-se as intermináveis guerras, após a “Peste Bubônica”, que dizimou metade da população na época, houve mais higiene por parte das pessoas e dos governos na Europa que limparam os esgotos das cidades, antes eram cheios de ratos, portadores da Peste Bubônica ou Peste Negra.

Progresso da agricultura – o aumento da população, o maior consumo e os incentivos burgueses fizeram com que a agricultura da época tivesse grande desenvolvimento, o mesmo ocorre atualmente com os implementos agrícolas tecnologicamente aplicados, onde a colheita está deixando de ser manual para ser mecanizada.

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Revolução industrial – antes as famílias eram artesãos, quanto mais numerosas mais produziam; quando surgiu o tear, desestruturou toda uma classe social, gerando miséria e fome. O progresso tal como hoje, abala a sociedade se, os indivíduos não estão prontos para se adaptar ao desenvolvimento tecnológico.

Na época a classe capitalista, visando lucros e, aproveitando o mercado consumidor e a matéria-prima que chegava das colônias à Europa, desenvolveram as manufaturas, que culminou, no Século XVIII com a Revolução Industrial, onde um simples tear trouxe uma série de consequências sócio-político-econômicas. 2.5 EXPANSÃO COMERCIAL POR PARTE DOS EUROPEUS

A América, antes da chegada dos europeus, era

habitada por povos que os historiadores costumam denominar de Pré-Colombianos, dos quais não se sabe ao certo sua origem, embora se tenham feito várias hipóteses não se chegou a nenhuma prova concreta embora prevaleça a hipótese “asiática” – tenham chegado à América através do estreito de Bering.

Esses povos pré-colombianos estavam espalhados por todo continente americano, tinham sua cultura:

- Na América do Norte: os apaches, os sioux, os iroqueses e os comanches etc.

- No México: os Astecas - Na América Central: os Maias - Na América do Sul: - incas, os tupis, os jês etc. Desses povos os culturalmente mais adiantados

eram os Maias, Incas e Astecas que se destacaram por suas grandes construções (até Pirâmides), e pela sua habilidade em joalheria – trabalhavam com a Prata e o Ouro. Tinham sua organização social com hierarquias. Quando os colonizadores espanhóis chegaram, de 1519 a

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1536, dominaram e destruíram esses povos, pela cobiça do ouro e da prata.

2.5.1 Colonizadores da América espanhola, inglesa e portuguesa

A colonização espanhola diferenciou-se da Inglesa,

pois seu intuito não era fazer progredir a colônia, mais sem explorá-la em seus metais preciosos, onde grandes quantidades de ouro e prata foram levadas do México e do Peru para a Península Ibérica pelos espanhóis. A mão-de-obra usada pelos colonizadores era a escrava, tanto indígena quanto dos africanos que era adquirida pelos “negreiros” – vendedores de escravos portugueses. Pode-se constatar que essa colonização afetou de tal modo as colônias que mesmo depois de séculos, ainda são taxadas de países em desenvolvimento.

A colonização inglesa diferenciou-se da espanhola por aplicarem uma política bem mais liberal na América, inclusive em determinadas colônias os habitantes elegiam o seu próprio governo. Eram chamadas colônias de Carta.

Formaram-se Treze Colônias:

Norte: eram as colônias formadas pelos pequenos proprietários

Centro: a região mais urbanizada e comercial.

Sul: a região de grandes propriedades rurais, com a plantação de tabaco e utilização da mão-de-obra escrava.

2.5.2 A modificação da Política Liberal – Século XVIII

Os ingleses passaram a usar uma política

mercantilista, gerando a reação dos colonos e como consequência proclamaram a sua Independência, incentivadas pelas ideias liberais do Iluminismo, no início do Século XIX.

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As colônias inglesas na América eram prósperas e

organizadas, devido a isso as Treze Colônias unidas tiveram condições de rechaçarem seu colonizador, tornando-se independentes primeiro do que as outras colônias americanas, pois estas, não possuíam uma unidade política.

2.5.3 A Renovação Cultural – Renascimento

Esse movimento burguês ocorrido na Europa, tinha

suas bases na antiga cultura greco-romana e atingiu seu apogeu no Século XV, com a ajuda dos mecenas (grandes comerciantes) e entrou em decadência no Século.

A expressão Renascimento surgiu no Século XVI, época em que se menosprezou a Idade Média e se exaltou a Antiguidade, embora durante o período medieval o estudo dos clássicos não foi totalmente abandonadas, pois nos Mosteiros e Conventos os religiosos constantemente liam os escritores antigos. Só o clero tinha essa oportunidade, as demais pessoas lhes eram proibidos tais conhecimentos – “quanto mais inculto o povo é, mais fácil de ser doutrinado” – essa era a ideia da Igreja na época, em que queriam impor o Catolicismo aos pagãos.

A cultura renascentista foi burguesa, na medida em que essa camada social se opunha à cultura medieval, que era de domínio dos nobres e do clero.

O antropocentrismo, que seria a glorificação do homem e do natural, em oposição ao divino e extraterreno, tão exigido pelo Clero, elevou a autoestima do homem na época, onde seu temor do pecado levava-o a ter apatia nas ações.

O otimismo gerado pela valorização do ser humano levou o homem a adquirir uma visão real do mundo, na medida em que ele se alto valorizava, dando-lhe assim ensejo de querer progredir e vencer na vida sem o peso de estar pecando e indo contra as determinações do Criador, segundo as determinações clericais da época.

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Como pode-se analisar, a Igreja usou e abusou do

seu poder “divino” e ao cometer tantas barbaridades pecou em determinação de impor sua “Religião” – cometendo os mesmos sacrifícios que os pagãos cometeram contra os cristãos – se formos analisar bem, os cristãos com sua “Santa Inquisição”, cometeram mais crimes, tudo isso em nome da “Santa Madre Igreja”.

A “Pilastra Mestra” – da Igreja continua de pé graças ao bom Deus e sua Santíssima Trindade, porque se fosse pela estrutura humana, já havia perecido.

O Papa João Paulo II pediu perdão à humanidade pelos “erros” cometidos pela Igreja no passado, foi um ato de muita coragem e fé.

A Itália foi o berço do Renascimento porque havia o mecenato, onde ricos comerciantes – apadrinhavam os artistas na época, dando-lhes a oportunidade de os mesmos criarem conforme seus talentos: pinturas, esculturas e literaturas, até hoje apreciadas, principalmente os “afrescos” da Capela Cistina no Vaticano.

O racionalismo, que foi uma das características do Renascimento, fez com que essa época tivesse um notável desenvolvimento cientifico, até então livre das perseguições da Igreja, com as suas excomunhões.

Nicolau Copérnico: astrônomo polonês – Teoria heliocêntrica;

Kepler: Astrônomo alemão – “Forma elíptica dos astros em torno do sol”

Galileu Galilei: matemático, físico e astrônomo italiano aperfeiçoou o “Telescópio” e é considerado o fundador da “Física Moderna”;

Newton: matemático, físico e astrônomo inglês – “Leis da Gravitação Universal e da Decomposição da Luz”;

Ambróise Pare: francês – “a Técnica da ligação das artérias, tão usada atualmente em operações cardiovasculares";

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Descartes: matemático francês – “Geometria Analítica”;

André Vesálio: é chamado de “Pai da Anatomia”, medico belga, praticava sistematicamente a dissecação dos corpos, dando para o futuro um legado clínico de conhecimentos, propiciando os transplantes e enxertos de órgãos humanos, através do conhecimento anatômico;

William Harney: médico inglês – descobriu a “Grande Circulação do Sangue”;

Miguel Servet: médico espanhol – “A pequena circulação do Sangue”.

Em uma análise geral, pode-se entender, como toda essa evolução científica pode propiciar a área clínica, onde através do racionalismo renascentista veio à baila, onde atualmente aparelhos sofisticados puderam ser criados através desse conhecimento científico, gerando uma qualidade de vida melhor para toda a humanidade.

Como consequência do Renascimento, surge uma nova visão de mundo, mais crítica, menos passiva aos interesses da Igreja, onde através da religião conseguiram dominar o povo, dando-lhes a “imagem de céu e inferno” – “os humildes e obedientes iriam para o céu, lugar junto ao Criador e os que não se submetiam aos seus mandos iriam para o inferno, lugar do Diabo, onde iriam ferver no caldeirão de fogo” – essa visão distorcida de fé, começou a ser questionada com a leitura da Bíblia até então não lida pelo povo, só após a tradução – (Vulgata primeira bíblia traduzida), puderam sentir nas Sagradas Escrituras – o “Livre Arbítrio”.

Como não havia mais mecenas, para sustentar os artistas e a Capela Cistina precisava ser terminada, a Igreja instituiu o pagamento pelas Indulgências (ou seja, o padre perdoava os pecados através de um pagamento), esse dinheiro iria sustentar os artistas para terminarem a Capela Cistina, indo em desacordo com tudo que a Igreja pregava: amor, perdão, usura; Matinho Lutero, padre na

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época, fervoroso cristão revoltou-se e protestou, criando assim o Protestantismo e a Igreja Luterana foi a primeira na época – criou-se a crise do Cristianismo, com a Quebra da unidade da Igreja Católica – foi de caráter religioso, político e econômico, onde o abuso do clero e o enfraquecimento da autoridade papal, provocado por conflitos entre os papas e os empregadores, causou a Reforma Religiosa ou a Reforma Protestante, onde no decorrer dos séculos propagou-se a Evangelização de uma grande parte da população mundial. 5.4 Ascensão do Regime Absolutista

Com o declínio do sistema feudal e o

desenvolvimento do comércio, como consequência da expansão territorial advinda das Grandes Navegações, a aliança com a burguesia, o poder real tornou-se absoluto, deixando de lado os nobres e o clero que anteriormente só se beneficiaram individualmente em detrimento do poder real.

A Reforma Protestante veio dar um cunho maior de poder aos seus, livrando-os de vários encargos com a Igreja; e o Mercantilismo deu-lhes a sustentação econômica necessária para se manterem no poder de modo absoluto, juntamente com sua parceria palaciana, sugando os camponeses e os burgueses da época. 2.6 REVOLUÇÃO FRANCESA – MARCO DA ERA CONTEMPORÂNEA

A dinastia responsável pelo absolutismo na França

foi a de Bourbon, que assumiu o trono em 1589, através de Henrique IV que era líder huguenote, ou seja, Protestante, tendo sido assassinado em 1610 por um católico fanático, Ravaellae.

O apogeu do absolutismo francês é representado pelo governo de Luís XIV (1643-1715), e é a ele atribuída

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a expressão: “L'état c'est moi” – “O Estado sou eu”. Era chamado também de o “Rei Sol” – tendo subido ao trono ainda menor, sua mãe Ana D’Áustria, era a regente e o cardeal Mazarino o Primeiro-Ministro, fez uma administração de desenvolvimento e progresso, tanto na área econômica, como cultural, construiu o Palácio de Versalhes, embora a situação financeira ficasse abalada, devido ao Rei Sol impor guerras excessivas, mesmo tendo sido vitorioso nessas guerras, deixava um saldo negativo nas finanças do país.

O governo de seu sucessor, Luís XV, teve seu governo prejudicado devido ao fracasso da política econômica e da derrota na Guerra dos Sete Anos contra a Inglaterra, na qual a França saiu derrotada, perdeu a Índia e o Canadá para a Inglaterra.

O governo de seu sucessor Luís XVI, marcou o fim do absolutismo francês, com a Revolução Francesa, dando início à Era Contemporânea, em 1789, onde a burguesia teve sua ascensão, tanto no poder social como político na França, tendo sido um dos acontecimentos mais importantes da Idade Moderna.

2.6.1 Situação econômica francesa

Com a recuperação econômica da França e a

estabilização do poder político, inicia-se a “Era Napoleônica” que pretendia dominar a Europa com o Bloqueio Continental, onde Napoleão Bonaparte invadiu os interesses econômicos dos países que se negavam a aceitá-lo; devido a isso Portugal, ligado aos ingleses por interesses comerciais, ficou na mira de Napoleão Bonaparte.

Dom João, príncipe regente, sentindo-se ameaçado, retirou-se de Portugal, transferindo a sede do Império português para o Brasil, que com essa transferência teve vários benefícios da Corte portuguesa na época.

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Com essa mudança, o Brasil deixou de ser Colônia

de Portugal e passou a ser um “Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves”, por estreitos laços de amizade.

No Brasil colonial, as indústrias eram proibidas, Dom João permitiu a instalação de fábricas no Brasil, destacaram-se as de tecidos de algodão, de ourivesaria e de siderúrgica; foram abertos os portos brasileiros, até então proibidos de tráfico estrangeiro.

Para ajudar o comércio interno foi instalado o primeiro Banco do Brasil, com o tratado de “Aliança e Amizade e Comércio e Navegação”, os produtos ingleses eram vendidos a um preço mais barato favorecendo os comerciantes brasileiros.

2.6.2 Desenvolvimento na área cultural no Brasil

Dom João trouxe, também, duas Escolas de

Medicina: uma em Salvador e a outra no Rio de Janeiro; - A Academia Militar e da Marinha, no Rio de

Janeiro; - Escola de Belas-Artes, no Rio de Janeiro; - Imprensa Régia, que tornou possível a publicação

de livros e do nosso primeiro Jornal: “A Gazeta do Rio de Janeiro”.

Em 1816, chegou ao Brasil a Missão Artística Francesa e com ela veio o famoso pintor Batista Debret, que ficou quinze anos no Brasil, retratando cenas da vida brasileira; costumes indígenas, cenas urbanas, o trabalho escravo etc.

Com o retorno de Dom João VI (com a morte de Dona Maria I, Dom João assumiu o trono português) em 1821 ficou seu filho Dom Pedro governando o Brasil, que mais tarde proclamaria sua Independência em 1822.

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2.6.3 A América livre

O século XIX foi muito importante para a história do

Continente Americano em razão das inúmeras transformações. A América espanhola conseguiu sua libertação, as Treze Colônias libertaram-se da Inglaterra no século anterior e o Brasil, até então, colônia de Portugal na época, conseguiu sua liberdade, pacificamente sem violência.

Nasce e se propaga a industrialização e com ela surge um grande desenvolvimento econômico e social. Quando no século XVIII ocorreu a Revolução Industrial, gerando um grande abalo social, político e econômico; no decorrer dos anos a expansão manufatureira veio trazer novo cenário com a nova classe social os operários e com eles novas doutrinas filosofias – socialismo, com as ideias dos pensadores Marx e Engels.

A aceleração do progresso que estamos passando com a Evolução tecnológica está trazendo as mesmas consequências ou mesmo similares, na época o surgimento da classe operária, na atualidade o surgimento da classe de experts, separação da burguesia na época, com a formação da classe dos empresários, banqueiros e grandes latifundiários, na atualidade só existem quatro classes sociais; os que têm o poder monetário – a classe A – minoria, e a classe provinda de profissionais liberais, que seria a classe média; e a classe dos “retirantes”, oriundos do êxodo rural que “incham” a cidade grande, à procura de uma vida melhor e acabam em favelas e no subemprego e os esquecidos da sorte, mendigos que moram na rua, representavam tanto a “desgraça humana”; paralelamente temos a classe dos marginais – estes pertencem a qualquer classe, são traficantes de droga, estelionatários e corruptos, são elementos que representam o câncer da sociedade, infiltram-se em qualquer meio e o poluem, com sua presença amoral e perniciosa.

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Como se pode constatar no passado e no presente,

as consequências se repetem: desemprego, fome, miséria, prostituição, violência, desumanização enfim, desestabilização da sociedade vigente.

2.6.4 As duas grandes guerras mundiais

O início do Século XX foi marcado por grandes

tensões devido às competições comerciais, entre os países industrializados, cujas origens remontam, ao ano de 1870, com a Unificação da Alemanha e sua expansão industrial, teve como consequência a eclosão da Primeira Guerra Mundial, 1914-1918. Onde as principais causas foram o imperialismo econômico. A Inglaterra foi o primeiro país a se industrializar e, com isso, dominava a maioria dos mercados consumidores mundiais, quando a Alemanha se Unificou, entrou em grande desenvolvimento industrial e passou a disputar os mercados ingleses.

Após uma acirrada disputa, em 1918, a Alemanha, derrotada na Guerra firmou o armistício, na Vazão de Compiègne (11 de novembro de 1918) saindo em prejuízo, a Alemanha teria de pagar uma vultosa indenização de guerra correspondente a 132 milhões de Marcos-ouro. Assim terminou a Primeira Grande Guerra Mundial.

2.6.5 Surge nova potência

Com o término da Primeira Guerra Mundial, os

Estados Unidos surgiram como uma grande potência econômica mundial. Além de terem sido um dos vencedores militares, foram também os grandes vencedores no campo econômico.

Durante os anos de guerra, a França e a Inglaterra ficaram com suas balanças comerciais deficitárias em relação ao país americano.

Outra consequência da guerra foi a crise econômica que surgiu em vários países, entre eles a

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Alemanha e a Itália, o que veio fortalecer, em muito, o surgimento de regimes totalitários, como o fascismo na Itália sob o comando de Mussolini e o nazismo na Alemanha chefiada por Adolf Hitler.

Foi criada a “Liga das Nações”, em 1919, após o término da Primeira Grande Guerra, pelo Presidente norte-americano Wilson, com sede na cidade de Genebra, cuja finalidade era a de manter a paz mundial – fracassou como órgão mantenedor da paz porque:

- Faltava-lhe poder coercitivo contra os países agressores;

- Havia conflito de interesses entre os próprios participantes da Liga das Nações; portanto a intenção de paz onde a competição econômica fala mais alto é humanamente impossível de ser conseguida.

2.6.6 Queda do Czarismo

Na Rússia, devido à grande desigualdade social

existente, até o início do Século XX, tendo sua economia ainda nos padrões feudais, é deposto o Czar Nicolau II que além de ter um governo Absolutista, ainda era influenciado por Rasputin, um personagem místico com atitudes descabidas, que era quem de fato governava a Rússia; surgindo assim a “União das Republicas Socialistas Soviéticas”, foi a primeira revolução socialista que o mundo tomou conhecimento. Mais tarde, a Rússia passa a ser governada pelo Regime ditatorial de Stalin, de 1927 até 1953, com seu falecimento. A Rússia só vai mudar de regime com a Perestroika e a União Soviética vai se desfazer, modificando o Mapa da Europa com o acréscimo de várias nações independentes da União Soviética. 2.6.7 Outra grande guerra – II Guerra Mundial

A primeira Guerra Mundial, não resolveu todos os

problemas pelos quais as nações lutaram. A tentativa de

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conquistar mercados consumidores e regiões para poderem explorar a matéria-prima continuava, e para completar o cenário a Alemanha preparou-se durante vinte anos (1919-1939) para entrar e “vencer” uma Segunda Grande Guerra. Hitler alicerçou os soldados alemães, dizendo-lhes, “que eram uma raça pura (ariana) e que mereciam dominar o mundo, fanatizando-os por completo com seu regime Nazista”.

Na Itália, Mussolini com o regime Fascista, fez o mesmo trabalho, induzindo os soldados italianos a se doarem pela Pátria, como se fossem responsáveis pelo bem do seu país.

O Império Oriental, o Japão, com Hiroito preparou seu povo para “ter a felicidade” de morrer pela Pátria. Fazia-os crer que era uma grande honra para a família, quando seus jovens de 14 a 15 anos entravam num avião suicida e morriam em combate – kamikaze.

Esse fanatismo foi a mola propulsora da II Guerra Mundial que se prolongou de 1939 a 1945, podendo ser considerada o maior conflito bélico da História. Isso se deveu ao número de participantes, às frentes de lutas que atingiram todos os mares e continentes; à diversidade ideológica que envolveu e as repercussões políticas, econômicas e sociais modificaram a realidade da humanidade após o término dessa Guerra. 2.6.8 Atuação do Brasil frente a guerra

O governo na época era comandado por Getúlio

Dorneles Vargas, que definiu sua posição como aliado dos Estados Unidos, contra os países do Eixo – Alemanha, Itália e Japão.

Em 1942, o Brasil declarou guerra à Alemanha e a Itália, por causa do afundamento em águas brasileiras, de cinco navios brasileiros por submarinos alemães. Em seguida, os norte-americanos, instalaram uma base aérea

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em Natal e passaram a fiscalizar o litoral junto com a Marinha Brasileira.

Dois anos depois, em 1944, foi organizada a “Força Expedicionária Brasileira” – FEB – formada por 25.000 soldados que partiu para combater no norte da Itália. Participando da vitória dos aliados na tomada de Monte Castelo – Castelnuovo e Collevecchio, morrendo muitos soldados brasileiros em combate. O emblema dos Pracinhas era “A cobra está fumando” e o Lema dos Pracinhas era “Mate a Pua”.

Formação de Alianças da Segunda Guerra Mundial, de um lado – Alemanha, Itália, Japão – formavam através de interesses comuns uma aliança – o Eixo; Inglaterra, França e Rússia constituíam o bloco dos Aliados.

O ano de 1942, caracterizou-se pela ofensiva britânica na África e em 22 de agosto, o Brasil declarou guerra ao Eixo.

Em 1943, os Aliados desembarcaram na Sicília e o Rei Vitor Emmanuel III, rei da Itália, destituiu Benito Mussolini do cargo de Primeiro Ministro.

Aos 6 de julho de 1944, ficou marcado como o “Dia D”, ocorreu o desembarque Aliado na Normandia e a libertação da França do domínio Nazista Inicia-se o fracasso estratégico de guerra da Alemanha.

O último ano da Segunda Guerra, 1945, foi marcado pelos seguintes fatos:

Em abril: Mussolini é fuzilado por um grupo de Partigiani;

Em 8 de maio: rendição incondicional da Alemanha, dias antes Adolf Hitler, já havia se suicidado, junto com Eva Braun, sua esposa;

Em agosto: Lançamento das Bombas Atômicas, primeiro em Hiroshima e depois Nagasaki – no dia o Japão rendeu-se.

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Foi uma Guerra de fanatismo acirrado, tanto pelos

jovens alemães, acreditando que “a raça ariana”, da qual Hitler os fez acreditar, era detentora do poder de dominar o mundo; quanto ao fanatismo japonês, em dar a vida ao seu imperador com os aviões Kamikazes ou suicidas, era uma forma de dar orgulho ao país, de acordo com seus valores, onde os antepassados de cada família eram homenageados eternamente. Quanto ao fanatismo dos italianos, eram doutrinados, desde crianças, pelo fascismo a “honrarem e amarem a Pátria, pois eles eram os responsáveis por ela”.

Essa Guerra mostrou à humanidade, como uma pessoa mentalmente doente como Hitler, pode ser desumana, tendo o poder de vida e morte na mão. Nos campos de concentração, os alemães faziam pesquisas, tendo como cobaias mulheres e crianças.

Exterminaram, no banho de gás, mais de 30.000 judeus, foi um verdadeiro holocausto, que jamais será esquecido pela humanidade.

As Bombas Atômicas, lançadas no Japão, deixaram um rastro de medo no mundo, pois após 62 anos, ainda sua marca radioativa paira no universo. É como se esse “Cogumelo Maldito”, representasse aos olhos do mundo, uma força do mal, mas mesmo assim, necessária a cada país, quanto a sua segurança. Tanto é que todos os países após a Segunda Guerra e o Mundo depois da Segunda Guerra é mais realista e menos sonhador em se tratando de jovens, cujos pais vivenciaram a Guerra de perto.

Como consequência da Segunda Guerra Mundial, trouxe um grande progresso no desenvolvimento da indústria bélica – radar, aviões a jato, armas químicas etc. divisão do mundo em dois blocos: Capitalista e Socialista; divisão da Alemanha e de Berlim através do “Muro”; emancipação das colônias asiáticas e africanas; implantação do Socialismo na Europa Oriental; “Organização das Nações Unidas” – ONU, foi criada em

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1945 pela Conferência de São Francisco, com a finalidade de manter a paz no mundo e fortalecer os laços econômicos, políticos, sociais e culturais entre os povos, está sediada em Nova York.

2.6.9 Órgãos principais da ONU

Assembleia Geral – é o principal órgão deliberativo das Nações Unidas. Formada por todos os representantes dos países – membros, não fazem parte atualmente – A China comunista e Cuba sob o regime ditatorial de Fidel Castro.

Conselho de Segurança – sua finalidade é manter a paz e a segurança internacional, podendo investigar qualquer situação que possa gerar um conflito. É também responsável por planos para regulamentação de armas.

Corte Internacional de Justiça – é o principal órgão Jurídico da ONU. Sua sede é em Haia, na Holanda;

Secretaria Gera – composta de um secretário – geral, que é o funcionário mais importante da ONU. É nomeado em Assembleia Geral. Suas funções são administrativas. Tem atuação em todas as sessões da Assembleia Geral do Conselho de Segurança e do Conselho Econômico e Social.

Conselho Econômico e Social – é um gabinete executivo da Assembleia Geral para assuntos não – políticos. Realiza estudos e faz recomendações sobre problemas econômicos, sociais, culturais, higiênicos e sanitários;

Conselho de Tutela – supervisiona os territórios que não tem governo autônomo.

Órgãos de Cooperação – são organizações intergovernamentais, que, mediante acordos trabalham em colaboração com a ONU.

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura;

OIT – Organização Internacional do Trabalho;

FAO – Organização de Alimentação e Agricultura;

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OMS – Organização Mundial da Saúde;

FMI – Fundo Monetário Internacional;

BIRD – Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento;

AIEA – Agencia Internacional de Energia Atômica. 2.7 O LIMINAR DE UMA NOVA ERA

Pela primeira vez o mundo se defrontou com

Guerras Mundiais, com tendência ao desaparecimento dos impérios coloniais, com a divisão do Mundo em dois blocos e com o choque ideológico em nível global.

Antes, no mundo não havia nenhuma geração neste Século que havia se defrontado com o perigo da ameaça de destruição geral, como está ocorrendo no mundo atual. Até parece previsão apocalíptica.

As grandes potências, atualmente, possuem tal quantidade de armas nucleares que, se usadas, fatalmente irão gerar o desaparecimento da civilização sobre a Terra. A segunda Guerra Mundial durou seis anos, uma “Terceira Grande Guerra Mundial, duraria menos do que vinte e quatro horas” (análise de um cientista da AIEA) – 1980.

A situação da humanidade mudou tão radicalmente como quando se descobriu o uso do fogo ou da vela ou ainda da pólvora, mas não se pode esquecer, entretanto, que enquanto essas descobertas levaram séculos ou mesmo milênios, para se instituir, o mundo atual produz mudanças muito mais rápidas para serem utilizadas em todas as áreas, qualquer descoberta ou invenção, nos dias de hoje, são imediatamente postas em uso.

A velocidade em que se desenvolvem os meios de comunicação, “Via Satélite”, tornou o mundo uma verdadeira “Aldeia Global”, onde os acontecimentos são conhecidos no mesmo instante por todas as populações. Com isso, os problemas ocorridos afetam todo o mundo e não podem ser resolvidos apenas em níveis locais.

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O mundo presente já não é representado pela

Europa que se surpreendia pelas viagens de Cristóvão Colombo e de Fernão de Magalhães com sua Circunavegação; é o mundo todo familiarizado com o nome de “Gazarin” – primeiro navegante do espaço, com o de Amstrong – primeiro homem que pisou no solo lunar e atualmente o brasileiro Marcos Pontes que chegou ao espaço sideral, juntamente com astronautas russos.

A Guerra Fria e suas consequências no cenário mundial: gerada pelo conflito ideológico que precedeu a Segunda Guerra e que havia sido uma de suas características, foi simplificado pelo desaparecimento do Fascismo e do Nazismo; em tais circunstâncias teve novo vigor o conflito entre o Capitalismo e o Socialismo (Comunismo); onde Estados Unidos, virou rival da Rússia, tornando-se um opositor ferrenho.

O capitalismo fez progresso com a derrota do Eixo. Os governos autoritários, que haviam acompanhado ou mantido simpatias em relação aos regimes Fascistas, desapareceram, excetuando-se de forma geral a Espanha e Portugal.

O socialismo também fez progresso: primeiro, na Europa Oriental, com o estabelecimento das “democracias populares” – depois na china, a “Revolução Comunista”, culminou em 1949, mantendo o regime.

Coincidentemente, com a divisão ideológica surgiram duas superpotências: os Estados Unidos e a União Soviética, em torno das quais se organizaram sistemas de alianças, formando-se, assim, dois blocos rivais que chegaram a uma situação de extrema tensão, o que foi conhecido pelo nome de “Guerra Fria”.

As principais características da Guerra Fria foram: a corrida armamentista, conflitos ideológicos e conflitos locais. Consequências geradas pela Guerra Fria, iniciada em 1945, após o lançamento das duas Bombas Atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki:

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Estabelecimento do Socialismo na Iugoslávia – 1945.

Revolução Comunista na Hungria – 1947.

Revolução política, em 1948 na Romênia, Bulgária, Polônia e Tchecoslováquia, onde se estabeleceu o socialismo.

Formação da Alemanha Ocidental, para fazer frente à Alemanha Oriental, em 1948, nesse mesmo ano foi criado o Estado de Israel, que até hoje é contestado pela Arábia Saudita.

Estabelecimento do consumismo na china, com a vitória de Mao Tse Tung, em 1948.

Guerra da Coréia – Coréia do Norte – comunista e a Coréia do Sul liberal – democrática, em 1950 entraram em guerra. A China apoiou a Coréia do Norte e os Estados Unidos apoiou a Coréia do Sul. Em 1953, Malenkov fez a paz com os Estados Unidos, pondo fim à guerra.

Guerra do Vietnã – Vietnã, Laos e Camboja fazem parte da antiga Indochina francesa. De 1940 a 1945, o Vietnã foi ocupado pelos japoneses. Terminada a Segunda Guerra, com a rendição do Japão aos aliados, os vietnamitas, liderados por Ho Chi Minh, presidente do Partido Comunista, tomaram Hanói, instalando a República Democrática do Vietnã, no Norte.

Em 1946, a França interveio no Vietnã para evitar o domínio do comunismo. Sua ocupação durou oito anos, posteriormente realizaram um acordo, onde o Vietnã conservava a sua autonomia – em julho de 1954, pela Conferência de Genebra, ficou decidida a divisão do Vietnã – o Norte governado por Ho Chi Minh e o Sul controlado por Saigon. Ficou aberta a possibilidade de unificação do Norte com o Sul, dois anos após.

Em 1956 iniciou-se a grande luta entre os dois Vietnãs, em virtude do não-cumprimento da cláusula de unificação.

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Em 1962, os Estados Unidos intervieram

diretamente na Guerra. Após a vitória final dos vietnamitas, o Vietnã foi unificado, com a capital em Hanói.

Em 1954, 24 de agosto, suicida-se no Brasil o Presidente Getúlio Dorneles Vargas, após ter sido o responsável pelo Estado Novo, em 1930, onde um dos feitos importantes foi dar à mulher brasileira o direito de votar; e a legislação trabalhista, dando direito ao trabalhador brasileiro. Voltou a governar pelo voto do povo “Pai dos Trabalhadores” – Lei CLT – 1943 – na época era mundialmente famosa.

Com o fim da Guerra, em 1945, houve no Brasil eleições diretas para Presidente da República e o Partido Comunista e operários passaram a defender a volta da democracia com Vargas à frente do Governo. Esse movimento foi chamado de “Queremismo” de 1951 a 1954 com o suicídio de Vargas.

2.7.1 Oriente Médio

Em 1948, a ONU criou o Estado de Israel, sob a

soberania do povo judeu. Os árabes, que dominavam aquela região, se rebelaram contra a decisão e iniciaram um ataque ao novo Estado; desde aquela data, as guerras entre árabes e judeus não cessaram até os dias atuais – Guerra dos Seis Dias – 1967 – o Egito impôs um bloqueio a Israel, no final os israelenses dominaram toda a península do Sinai, parte do Canal de Suez, a faixa de Gaza e as colinas de Golan, na Síria.

- Guerra do Jon Keppur – 1973, a Síria e o Egito, iniciaram uma ação militar com a finalidade de retomar os territórios ocupados por Israel, seis anos antes.

Na época, através da mediação da ONU e dos Estados Unidos, foi assinado um acordo provisório de paz; rompendo atualmente.

Após essas derrotas militares, os países árabes resolveram usar o petróleo como arma política: o preço do

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barril do petróleo foi elevado violentamente, causando transtornos aos países importadores, fato esse que no tempo e no espaço, não muda de cenário.

2.7.2 Mudanças econômicas: inicia-se a era tecnológica

Continuaram existindo grandes mudanças

econômicas. Firmou-se a Segunda Revolução Industrial, baseada na energia elétrica, no motor de combustão interna, na incorporação de novos minerais a indústria metalúrgica (alumínio e magnésio) e no desenvolvimento da indústria química (plástico).

A Revolução Industrial Contemporânea se transformou com a utilização da energia nuclear e com a automatização controlada por cérebros eletrônicos – a Robótica.

Os fenômenos monetários adquiriram uma crescente complexidade e se universalizaram; cada perturbação da produção ou do comercio de um país repercute no conjunto dos demais países; a economia dirigida, que tem sua manifestação extrema nos estados socialistas, é, em diversos graus, adotada pelos governos, que de uma maneira ou de outra incidem que deixem margem para a iniciativa privada. Outro fator que aumenta a internacionalização da economia é o aparecimento das companhias multinacionais e transnacionais.

2.7.3 Associações de Defesa Econômica

Mercado Comum Europeu – MCE – 1958

Conselho para Assistência Econômica Mútua – COMECON – 1949

Outras Organizações internacionais

Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN – 1949

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Tratado de Assistência Mútua da Europa Oriental

– Pacto de Varsóvia – 1955.

2.7.4 Economia, sociedade e cultura no Brasil contemporâneo

A indústria brasileira apresentou um grande

desenvolvimento a partir de 1946; hoje, ela abastece o mercado interno e permite um grande volume de exportação. Em outras áreas, o Brasil também se desenvolve bastante, mesmo sendo taxado de subdesenvolvido.

Na indústria, porém, seu desenvolvimento é bem maior que no setor agrícola. A industrialização do Brasil começou por volta de 1930, com a instalação de numerosas fábricas; um passo importante foi dado com a inauguração da Companhia Siderúrgica Nacional, em 1946, que deu grande impulso a outras indústrias.

O petróleo também contribuiu para o avanço de diversos setores que passaram a produzir combustíveis (como gasolina e óleo diesel), asfalto, borracha sintética, adubos, tintas, ceras, plásticos etc. Dessa forma, nascia a Indústria Petroquímica, importantíssima para o desenvolvimento de um país, pois dela dependem produtos essenciais para muitos setores industriais.

Hoje, o Brasil conta com vários Polos Petroquímicos: São Paulo, em Camaçari – perto de Salvador, Bahia, e em Canoas, no Rio Grande do Sul, além de poços de petróleo como os da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.

Em 1957, no Governo de Juscelino Kubitschek, houve um salto de crescimento no Brasil – Construção da Nova Capital – Brasília; Construção de Usinas Hidroelétricas, e a primeira indústria de automóvel do Brasil.

Além das indústrias automobilística e petroquímicas, outras indústrias cresceram muito, como as

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de eletrodomésticos, alimentos, borracha, material elétrico, papel, cimento, produtos de plásticos e mobiliários, entre outras.

Também se desenvolveram as indústrias têxteis e de calçados; as mais antigas do país; e hoje elas contribuem com grande quantidade de produtos para exportação. O Brasil é um dos grandes exportadores de artigos têxteis e de couro.

Na área da mineração, o Brasil é um dos maiores exportadores de minérios de ferro do mundo; entre outros produtos minerais importantes e que estão sendo explorados, são: alumínio, manganês, níquel, estanho, pedras preciosas e ouro. 2.7.5 Desenvolve-se no Brasil o setor energético

Outro setor de grande desenvolvimento foi a

produção de energia elétrica – importantes Usinas foram instaladas, sendo a de Itaipu, situada no Rio Paraná, na fronteira entre o Brasil e o Paraguai, inaugurada em 1984, é a maior do mundo.

Energia Nuclear – o Brasil e a Alemanha assinaram um acordo de cooperação, em 1975; prevendo a construção de várias Usinas Nucleares no Brasil; mas só foram criadas duas Usinas em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, sendo que devido a uma série de discussão no mundo inteiro devido ser muito perigosas, no caso de acidentes, soltam produtos radioativos que podem se espalhar por grandes áreas, pondo em risco a vida das pessoas, como no caso do vazamento da Usina de Chernobyl, na Rússia, causando câncer em várias pessoas durante muitos anos após seu vazamento, devido a isso cientistas não aprovam o uso dessas Usinas Nucleares.

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2.7.6 Queda do Muro de Berlim

Novembro de 1989 – uniram-se as duas Alemanha

– Oriental e Ocidental, reunificando o país, voltando a existir uma só Alemanha, com Capital em Berlim.

Cai o Regime Comunista no leste europeu, a União Soviética passa a ser só Rússia, realizam-se grandes mudanças no governo de Gorbatchev, como na Reforma Agrária e a passagem para o Socialismo foi aceito por alguns países da Europa; modificou-se o Mapa da Europa, houve guerras étnicas como a de Kosovo.

Descolonização da África, com a independência das colônias portuguesas – 1975 – Portugal, reconheceu a Independência da Guiné-Bissau, de Cabo Verde, de Angola, de Moçambique e de São Tomé e Príncipe.

- Em 1958 formaram a OEA – Organização dos Estados Americanos – serviu de arma para os Estados Unidos aumentarem a pressão contra governos populistas latino-americanos, facilitariam a penetração do comunismo patrocinado pela União Soviética – isso foi descartado, antes que pudesse acontecer.

O modelo populista foi sendo superado, os militares passaram a ser vistos como uma alternativa para o afastamento dos governos nacional-populistas, que eram obstáculos ao capital estrangeiro.

O suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, e a deposição de Perón, em 1955, na Argentina, marcaram um período de turbulência política em nosso continente, que culminou nas ditaduras militares dos anos 60 e 70.

- A Revolução Cubana – e a adoção do Regime Socialista por Fidel Castro, deu um modelo para muitos movimentos da esquerda no continente latino-americano.

- O Peru, liderado pelo general Velazio Alvarado, nacionalizou uma companhia americana de petróleo e estabeleceu o limite marítimo Nacional de 200 milhas, essa medida limite foi adotada também pelo Brasil.

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Em vários casos a esquerda foi surpreendida pela

força dos golpes e da repressão. No Uruguai, Argentina, na Colômbia e no Brasil, a esquerda tradicional não ofereceu, de imediato, alternativa para a situação.

- A cisão na esquerda fez surgir grupos de guerrilhas para combater os militares e o imperialismo.

- O caso mais significativo de intervenção militar violenta na vida política foi no Chile, que teve o governo socialista de Salvador Allende derrubado por um golpe, com o apoio dos serviços secretos norte-americanos.

- Na Nicarágua, a ditadura da família Somoza foi derrubada por uma revolução em 1979, iniciando assim o regime Sandinista, de matizes socialista e aliado de Cuba.

- O México viveu uma longa ditadura com Porfírio Diaz, iniciada em 1876 e prolongou-se até 1911, Francisco Macero e Emiliano Zapata, conseguiu erguer um Regime Republicano.

- No Brasil, após a renúncia de Jânio Quadros (com apenas sete meses de governo), inicia-se em 31 de março de 1964, um movimento militar que derrubou João Goulart (vice-presidente) iniciando uma repressão em todos os meios de comunicação, de cultura, enfim, a censura impedia qualquer oposição, ao Governo Militar, até 1985 com a liberação completa do Regime Militar, através das eleições diretas, liberdade de imprensa, respeito aos sindicatos, além de uma “Nova Constituição” – 1988 – em torno do projeto de “Nova República”.

- Em 26 de agosto de 1992, ampla parcela da população e os “Estudantes, Caras-pintadas”, fato inédito no Brasil, exigem o “impeachment” de Fernando Collor, tomando posse seu vice Itamar Franco.

Com o fim da União Soviética, os princípios do liberalismo ganharam mais força; a defesa da economia de mercado e a condenação de qualquer intervenção do Estado propiciaram a formação de blocos econômicos.

Atualmente, há uma tendência de unificação dos mercados com a retirada do protecionismo alfandegário,

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facilitando a circulação de produtos e capitais – surgiram novos polos industrializados, como o Japão.

Os países da Europa Socialista, submetidos à influência Soviética, desde o fim da Segunda Guerra viviam uma crise estrutural nos campos social, econômico e político, com a abertura de Gorbatchev, impulsionou-os rumos às transformações, propiciando a queda do Comunismo no leste europeu. O mundo inicia um novo Regime econômico com a vitória do Capitalismo.

A Revolução da Tecnologia, após a Segunda Guerra, Graças à Guerra Fria, houve uma disputa entre os Estados Unidos e a União Soviética e uma dessas disputas, deu a Humanidade o privilégio de chegar à “Lua” e que mandasse sondas para todos os cantos do Sistema solar. Com o fim do bloco comunista, os dois países cortaram as verbas para as pesquisas espaciais e só atualmente um astronauta brasileiro juntamente com os russos voltou a passear no espaço sideral – Major Fontes. 2.8 TECNOLOGIA A SERVIÇO DA HUMANIDADE

A humanidade cresceu e se desenvolveu graças à

herança deixada em todos os âmbitos da ciência, devido à capacidade do ser humano, quanto a sua inteligência, buscou formas durante toda a história de vencer os obstáculos impostos pela natureza. Dessa forma, foi desenvolvendo e inventando instrumentos tecnológicos com o objetivo de superar dificuldades, conquistar mais conforto no dia a dia e melhorar sua qualidade de vida.

Pode-se, assim afirmar a necessidade é a mãe das grandes invenções.

Os primeiros inventos tecnológicos. - Em 1291 – na Itália surgem os primeiros espelhos - Em 1454 – O alemão Johan Gutenberg,

aperfeiçoa a Imprensa; a arte de imprimir já era conhecida na china, a Xilografia – usada para gravar em ouro os quimonos reais.

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Com o aperfeiçoamento da imprensa, o primeiro

livro foi impresso – Incunábulo; a Bíblia foi impressa em vários idiomas; Vulgata – (Primeira Bíblia impressa); esse invento causou uma revolução na cultura da época.

- Em 1590 – o holandês Zacharias Janssen, fabrica o Microscópio, utilizando técnicas usadas na fabricação de lentes para óculos, atualmente, são fabricadas lentes de contato coloridas.

- Em 1643 – o cientista italiano Evangelista Torricelli – inventa o Barômetro, para medir a pressão atmosférica.

- Em 1707 – o físico inglês John Floyer, inventa o relógio de pulso.

- Em 1712, o engenheiro inglês Thomas Newcomen, inventou a máquina a vapor.

- Em 1800, o físico italiano Alessandro Volta, cria a Bateria elétrica.

- Em 1839, o artista e pesquisador francês Louis Jacques Mande Daguerre, tira a primeira fotografia, com sua máquina chamada Daguerreótipo.

- Em 1860, o inventor Belga Jean Joseph Étienne Lenoir, desenvolve o primeiro Motor a Explosão.

- Em 1876, americano Alexander Graham Bell inventa o telefone, possibilitando a comunicação entre as pessoas a longa distância.

- Em 1879, o americano Thomas Alva Edison, inventa a lâmpada elétrica,

- Em 1901, é criado o rádio pelo italiano Guglielmo Marconi.

- Em 1903, os irmãos Wright pilotam o primeiro avião.

- Em 1904, criadas pelo engenheiro inglês John Ambrose Fleming, as válvulas eletrônicas.

- Em 1906, o brasileiro Alberto Santos Dumont voa em Paris no 14-bis e passa também a ser considerado um dos país da aviação, junto com os irmãos Wright.

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- Em 1914, em plena Segunda Guerra Mundial, o

engenheiro inglês Frank Whittle desenvolve o avião a jato. - Em 1943, também no período da Segunda Guerra

Mundial a empresa japonesa Motorola lança no mercado o Walkie-Talkie.

- Em 1945, os Estados Unidos detonam no deserto do Novo México a primeira Bomba Atômica, logo após o experimento, foi usada para terminar a Segunda Guerra no Japão em Hiroshima e Nagasaki.

- Em 1946, o engenheiro americano Vannevar Bush desenvolve um Computador usando válvulas de rádio.

- Em 1947, a Televisão começa a chegar aos lares das pessoas de todo o mundo.

- Em 1948, começam a ser utilizados os Chips de Silêncio e as Válvulas eletrônicas.

- Em 1956, o pazer é lançado nos Estados Unidos. - Em 1961, É lançada a Vostok, a primeira Nave

Espacial tripulada por ser humano a sair da atmosfera terrestre.

- Em 1965, São lançados os primeiros Satélites de Comunicação e, com eles são inauguradas uma nova Era na Transmissão de dados eletrônicos.

- Em 1972, Surgem os Discos laser, revolucionando a indústria fonográfica.

- Em 1977, Lançado nos Estados Unidos, o primeiro Telefone Celular. No mesmo ano – O primeiro Computador Completo – Apple II.

- Em 1981, Primeira Viagem do Ônibus Espacial e o Primeiro Computador Pessoal da IBM.

- Em 1995, Dave Winelande Chris Monroe, desenvolveram o primeiro Transistor do tamanho de uma Átomo.

- Em 1998, lançados no Brasil os primeiros DVDs. - Em 1999, A Internet, cresce no mundo todo em a

velocidade impressionante. Os arquivos de MP3 começam a ser usados e transmitidos pelas Ondas da Internet.

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2.8.1 Máquinas de Calcular

A Segunda Guerra trouxe a necessidade urgente

de cálculos rápidos e precisos para a confecção, por exemplo, de tabelas balísticas. Esta necessidade leva à fabricação de diversas calculadoras que podem ser divididas em três tipos básicos:

1) Calculadoras numéricas eletrônicas, por exemplo, Model1de George Stibitz, Hardward Mark 1 de Howard Aiken e as máquinas Z do Alemão Konrad Zuse;

2) Calculadoras numéricas eletrônicas, por exemplo, ABC de John Atanasoffe ENIAC de Presper Eckerte Jonh Mauchly:

3) Calculadoras analógicas, por exemplo, Analisador Diferencial de Vannevar Bush.

Essas máquinas seguem os mesmos princípios das calculadoras mecânicas do Século anterior, apenas o ENIAC, pela Tecnologia eletrônica, pode ser considerado um verdadeiro precursor dos computadores.

2.8.2 Computadores

De 1945 a 1950 – durante esse período, foram

fabricados os primeiros computadores, enquanto que, simultaneamente, eram construídas as últimas das grandes calculadoras. Cinco máquinas construídas nesse período podem reivindicar o título de Primeiros Computadores:

I - EDVAC, concebido por Von Neumann, Eckerte Mauchy, foi desenvolvido na Moore Shool. Foi colocado em funcionamento em 1951.

II – IAS – construído no “Institute of Advanced Study”, da Universidade de Princeton por Von Neumann e concluído em 1952.

III – BINAC, construído por Eckert e mauchy, ficou pronto em 1949.

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De 1951 a 1958 – a partir do início da década de

50, o Computador passa a ser comercializado em grande escala. Essa década é marcada pelo surgimento dos primeiros computadores civis e pelo desenvolvimento de grandes Computadores Militares, maquinas como o UNIVAC 1 e o Wirlwind caracterizam este período.

De 1959 a 1962 – este, período se caracteriza pelo aparecimento dos Computadores baseados nos transistores, inventado no Bell Laboratories. As primeiras máquinas transistorizadas foram os:

- 1950: I SEAC, construído pelo Departamento do Comercio dos Estados Unidos.

- II TRANSAC 5100, construído pela Philco sob contrato do governo americano.

- III ATLAS GVIDANCE Computer Model1, utilizado para Experiências Espaciais e terminado em 1956;

- IV CDC 1604 da CONTROL DATA que ficou pronto em 1959.

A primeira máquina IBM transistorizada foi a 7090. O sistema SAGE e as pesquisas militares em geral,

no contexto da Guerra Fria, foram os grandes impulsionadores do desenvolvimento dos Computadores e origem da maioridade das inovações introduzidas na área.

A partir da década de setenta, a indústria da informática começa a não mais depender das verbais, militares para seu desenvolvimento. Foi a época das series 360 e 370 da IBM e do surgimento dos primeiros Supercomputadores, por exemplo, ILLIAC IV, construído pela Universidade de Ilhinóis, e pela Burroughs com verbas militares; Cyber 205 da CONTROL DATA e CRAY 1.

As tecnologias utilizadas ao longo do tempo para a Construção dos Computadores podem ser utilizadas para separá-las quatro gerações:

- Primeiras Válvulas - Segunda, transitares - Terceiros circuitos

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- Quartos circuitos integrados de larga escala

(VLSI). 2.8.3 Cibernética

Novos caminhos para o progresso da Humanidade. Cibernética – do grego – “Kybernetike” – utilizada

por Platão, filosofo grego, para qualificar a “a ação da Alma”.

Em 1948 foi cunhada por Norbert Weener (1894 – 1964) – com o nome de uma nova ciência que visava à compreensão dos fenômenos naturais e artificiais através do estudo dos processos de comunicação e controle nos seres vivos, nas maquinas e nos processos sociais.

As ideias que deram origem à Cibernética foram concebidas na década de quarenta, uma época extremamente fértil em novas ideias, durante a qual diversos resultados fundamentais e avanços tecnológicos foram atingidos.

Até a Cibernética, os fenômenos naturais eram explicados principalmente a partir da noção de energia, central na física newtoniana. A Cibernética representou uma torça de tipo de explicação, adotando a noção de informação como base para a descrição dos fenômenos naturais.

2.8.4 A teoria da informação

Proposta por Shannon, é construída sobre

conceitos como Codificação, de um sistema de sinais utilizados para representar letras e números em uma mensagem; Armazém, capacidade de manter a informação contida nos sinais por um determinado tempo; e ruído, perturbação capaz de alterar a qualidade de um sinal e, por conseguinte de uma mensagem. A teoria da informação permite um tratamento mais adequado dos sistemas abertos que, diferentemente dos sistemas

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conservativos da mecânica newtoniana, são acoplados a um meio ambiente do qual recebem impressões e sobe a qual podem agir.

As ideias iniciais da Cibernética tiveram origem em trabalhos desenvolvidos por Wierner e seu colega Julian Bigelow, durante a Segunda Guerra Mundial. Esses trabalhos visavam ao aperfeiçoamento de canhões antiaéreos e resultaram na formalização da noção de realimentação negativa. Esta noção foi então utilizada como base para modelos de controle de sistemas artificiais e até do sistema nervoso central.

A abrangência pretendida pela Cibernética tornou-a um fórum adequado para a discussão sobre temas emergentes na época a comunicação de massas e a tomada de decisão nos níveis político, econômico social.

No entanto, essa mesma abrangência acabou por esvaziar os temas propriamente científicos da Cibernética, que hoje incluíram boa parte na Neurofisiologia e da ecologia, além da informática e das disciplinas de automática e controle.

2.8.5 Tecnologia de Comunicação no Brasil

Até fins da década de 90, o Brasil apresentava

consideráveis problemas, tanto em relação à disponibilidade quanto à qualidade das linhas telefônicas. Este cenário modificou-se nos últimos anos em decorrência dos investimentos na modernização da infraestrutura de telecomunicação nacional, resultando na disponibilizarão das linhas digitais e de banda larga, por meio das tecnologias RDSI e ADSL simultaneamente, as TVs a cabo tornaram-se também uma alternativa para acesso rápido à Internet.

A tecnologia ADSL, permite velocidade de transferência de dados até 140 vezes superiores à oferecida pelos Modems analógicos, usando linha telefônica normal. Dentro desta modalidade, a conexão

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com a Internet pode ser permanente de impulsos telefônicos. Esta particularidade facilita o uso no dia-a-dia, pois a Internet está sempre disponível, sem necessidade de fazer uma nova conexão toda vez que se deseja usá-la. Além disso, linha de voz continua livre para uso normal, mesmo durante a navegação na Web, graças à divisão da linha telefônica em duas faixas de frequências. Reserva-se a faixa abaixo de 4khzpara a voz e, acima desta frequência para o trafego de dados.

Toda essa melodia de infraestrutura de telecomunicação, a evolução da informática e a redução significativa dos custos de transmissão a distância no Brasil têm difundido o uso da teleconferência em empresas e vários segmentos da sociedade.

Entre os sistemas que facilitaram a teleconferência, temos os – RDSI; FRAME RELAY: Internet z, através de redes por fibra óptica e transmissão sobre IP de alta velocidade as REMAV. Associada a estes sistemas, diminuição de custos da transmissão por Satélite também, tornou possível a realização de teleconferências a locais isoladas antes difíceis de serem atingidas, como a Região Amazônica, entrando num contexto geral de, através da tecnologia o Brasil do Norte ao Sul, de Leste a Oeste, está conectado em todos os setores da vida moderna dentro da Era da Tecnologia que atualmente é vivenciada pelo povo brasileiro, pena que o poder aquisitivo está muito aquém da posse dos mesmos, em poder usufruir em sua maioria dos privilégios do progresso tecnológico atual. 2.9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após efetuarmos a pesquisa e análise dos fatos

históricos, teve-se visão mais lúcida de que a humanidade gradativamente vem evoluindo e desenvolvendo um progresso, de certa forma acelerado, visto que em tecnologia todos os dias surge um novo mecanismo mais avançado em todos os setores da vida moderna.

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Nos fatos sociais, ainda sente-se o desnível de

classes, embora com mais oportunidades, ainda o acesso aos bens de consumo tecnologicamente avançados, poucos os têm, isso não se referindo só ao povo brasileiro, mas os pertencentes à “Aldeia Global”.

Em setores políticos, veem-se as mesmas rivalidades e competições, não visando benefícios próprios; os mesmos fanáticos do Oriente Médio, onde por Alá, são cometidas as maiores atrocidades; os mesmos costumes tradicionais nos países do Oriente, China e Japão, embora tenham se modernizado; enfim em pleno Século XXI, com toda tecnologia à nossa frente, ainda no Continente Africano, há fome, miséria, indigência e situação tribal, e vem a pergunta, houve de fato progresso e evolução na humanidade?

O que está adiantando tanta tecnologia em vários setores da vida humana, se a tendência de menosprezar o ser humano, trocando-o pela máquina, e forçando-o a se aprimorar cada vez mais, para vencer no “mundo cão”, onde está vivendo, deixa-o mais venerável como pessoa e mais robotizado como profissional?

Ao concluir, nota-se que o Planeta Terra, por ser uma esfera, roda, roda, e tudo se repete, embora de uma forma mais sofisticada, mas sem deixar de ser desumana e insensível. REFERÊNCIAS

BURNS, M. Edward. História da Civilização Ocidental – Ed. Globo – Porto Alegre – 1970 – pg. 21 a 62. MARTINS, História. PNLD – 99 FNDE – MEC – Edição Reformulada – 2000 – pgs. 50 a 120. MONTEIRO, Domingos. História da Civilização – vol. 3-4-7. O livro de todos os Tempos – Ed. Lidador Ltda. Rio de Janeiro – 1963.

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PEDRO, Antônio – História da Civilização Ocidental – Geral e do Brasil – Ed. FTD. São Paulo – 1942 – pg. 107 – 120. REVISTAS – Super Interessante – Edição: 200 a 215 – ano – 2005. SANTOS, V. Januária Maria – História do Brasil – Ed. Ática – S. Paulo – 1991 – Cap. 2-3 – pg. 30 a 60. REVISTA DA EDUCAÇÃO – Ano 10 n117. Formação Generalista. Pg. 18 – 21 Revista – Veja – Educação Especial – Ed. Abril – nº 84 – Dezembro 2006. º - ATMOSFERA TERRESTRE – 1993. - ATMOSFERA TERRESTRE – Via Satélite – 22/03/1998. - REMANESCENTES FLOREESTAIS DA MATA ATLÂNTICA –

Em nove Estados Brasileiros – 1998. - Evolução da Área desmatada na Amazônia (INEP – 2003) - ATMOSFERA – Brasil Norte – Nordeste – 2005.

- Distribuição dos habitantes da Terra por grupos de IDADES – 2007 – Brasil.

- Crescimento da População Mundial – 2007.

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III

O PROCESSO DE INCLUSÃO: EM BUSCA DA

SUPERAÇÃO DOS LIMITES ESCOLARES

Alex Sandro da Silva*

Nós não devemos deixar que as incapacidades das pessoas nos impossibilitem de reconhecer as suas

habilidades. As características mais importantes das crianças e jovens com deficiência são as suas

habilidades. (HALLAHAN e KAUFFMAN, 1994)

3.1 INTRODUÇÃO

Aqui apresentamos a problemática da inclusão

escolar para as pessoas com necessidades especiais, com ênfase para as crianças que passam algumas vezes por essas experiências que quando não bem conduzidas acabam acarretando diversos traumas.

Dessa forma, o despertar para essa situação nasceu da necessidade de verificar, apreender e estudar a prática deste processo de ensino e aprendizagem no Brasil. A Educação brasileira, nos últimos tempos passou e tem passado por diversas transformações, desde sua

* Alex Sandro da Silva é natural de Itaguajé, PR, nascido aos 20/01/1981. Possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia Ciência e Letras de Presidente Venceslau (2007), graduação em Geografia pela Faculdade da Terra de Brasília (2011), graduação em Pedagogia pelo Instituto Superior de Educação Alvorada Plus (2013) e graduação em Sociologia pelo Centro Universitário de Araras Dr. Edmundo Ulson (2013). Atualmente é professor do Colégio Estadual Lourdes Alves Melo (PR) e da Escola Estadual Arthur Ribeiro (SP). Tem experiência nas áreas de ciências humanas. CV: http://lattes.cnpq.br/8760388775061930

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epistemologia até sua inserção no ambiente escolar. E dentro desta temática o indivíduo responsável por colocar em prática essas transformações é o professor.

O professor aqui é entendido como o responsável pela continuação e desenvolvimento da educação do indivíduo, fazendo o mesmo progredir e tornar-se um cidadão consciente e pleno de suas funções.

No entanto, quando nos deparamos com indivíduos que possuem dificuldades de adaptação e desenvolvimento de suas aptidões para a sua formação plena, necessitamos de uma maior participação de todos os envolvidos nesse processo.

E a partir daí, trazemos para a discussão a família, sendo esta a principal figura na vida destes indivíduos que necessitam passar por este difícil caminho o da inclusão. A família então começa a caminhar junto com o desenvolvimento do mesmo, e para isso o professor se torna uma figura importante nesse cenário.

Com isso, objetivamos neste trabalho apresentar algumas sugestões, elucidações e respostas para a família, professores e estudiosos da temática. Para tanto adotamos os seguintes procedimentos:

Estudar o processo de inclusão social; Entender a participação da escola no processo de

inclusão social; Descrever os tipos de deficiências; Analisar o papel da escola no processo de

inclusão social; Verificar a viabilidade de determinadas práticas

pedagógicas para inclusão escolar; Investigar o papel do docente em todo este

processo. Os procedimentos citados acima poderão subsidiar

as respostas para os questionamentos vinculados à inclusão, com base nos princípios teóricos que norteiam este trabalho como: Maria Mantoan, Marta Gil, Romeu Sassaki, entre outros. Para isso, foi utilizado como fonte

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O processo de inclusão... 75

de dados metodológica somente dados primários, leitura de livros, textos, pesquisas na internet.

É importante destacar que este trabalho primou somente pelo levantamento de dados bibliográficos que buscassem responder à pergunta central: O que é inclusão social? No sentido de trazer à tona velhas e novas discussões a respeito do assunto, de formas a instruir a nós profissionais ligados à área de educação.

Enfim, o mesmo busca responder a esses questionamentos e ao mesmo tempo trazer outros à tona, no sentido de não deixar essa problemática sem respostas que auxiliem no seu desenvolvimento. 3.2 O TERMO DEFICIÊNCIA

A educação é o processo pelo qual o indivíduo desenvolve a condição humana, com todos os seus poderes funcionando com harmonia e completa, em relação à natureza e à sociedade. Além do mais, era o mesmo processo pelo qual a humanidade, como um todo, se elevando do plano animal e continuaria a se desenvolver até sua condição atual. Implica tanto a evolução individual quanto a universal. (Friedrich Froebel) Apresentaremos o conceito de inclusão de acordo

com alguns autores que trabalham com a temática. Segundo Mantoan (1997),

A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e um movimento muito polemizado pelos mais diferentes segmentos educacionais e sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de todos à educação - e assim diz a Constituição! Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandes inovações estão, muitas vezes na

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concretização do óbvio, do simples, do que é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que possa ser compreendido por todos e aceito sem outras resistências, senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades. (MANTOAN, 1997, p. 45)

Verificamos que, para a pesquisadora, este

processo tem sido muito discutido e que acaba interagindo com outros segmentos da sociedade. No entanto, a inclusão pode passar não somente pela ótica educacional; ela também passa a assumir um papel de direito público garantido pela Constituição.

A inclusão passa a assumir um caráter transformador a partir do momento em que o indivíduo sente necessidade de se interagir e não lhe vê assegurados seus direitos, esse indivíduo percebe que é diferente dos demais, tanto em características físicas, sociais, políticas, econômicas, sociais, sexuais entre outras. E que necessita de “condições especiais” para lhe garantir os seus direitos, isto independentemente do tipo de deficiência adquirida pelo mesmo.

Dessa forma,

Em termos gerais, podemos definir que "pessoa portadora de deficiência" é a que apresenta, em comparação com a maioria das pessoas, significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais, decorrentes de fatores inatos e/ou adquiridos, de caráter permanente e que acarretam dificuldades em sua interação com o meio físico e social. (GIL, 2002, p. 01)

Gil (2002) apresenta que o indivíduo com

necessidades especiais possui diferenças em relação aos demais e por isso necessita de cuidados. Os tipos de deficiência encontrados podem variar de acordo com suas habilidades físicas e intelectuais.

O indivíduo portador de necessidades físicas especiais é aquele que tem: deficiência auditiva,

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deficiência física, deficiência visual, deficiência mental e deficiência múltipla. Por sua vez o portador de necessidades intelectuais são aqueles considerados superdotados.

Segundo Gil (2002) a deficiência física é a alteração completa ou parcial das funções do corpo, gerando o comprometimento da função física; e se apresenta de várias formas como, por exemplo, paraplegia, paraparesia, monoplegia, tetraplegia entre outras.

A deficiência visual acontece quando a acuidade visual é igual ou menor que 20/200 no melhor olho, ou no campo visual inferior que 20 de acordo com a tabela de Snellen.

Deficiência auditiva ocorre com a perda total ou parcial das capacidades auditivas sonoras variando em graus ou níveis. Para o autor a deficiência mental é a capacidade mental abaixo da média.

Deficiência múltipla ocorre quando o indivíduo tem de duas ou mais deficiências primárias (mental, visual, auditiva) que acarreta consequências no seu desenvolvimento global.

A pessoa com necessidades educativas especiais é definido da seguinte maneira por Gil (2002):

Habilidades intelectuais estão às pessoas que são consideradas superdotadas ou com altas habilidades, que se caracterizam por um notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: alta capacidade intelectual geral, aptidão acadêmica específica, pensamento criativo ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes, capacidade psicomotora. (GIL, 2002, p. 1)

Esses indivíduos portadores de necessidades

educativas especiais, durante idade escolar são os vulgarmente conhecidos como “cdfs” ou “sabe tudo”

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crianças com esse tipo de deficiência podem sentir-se deslocados em sala de aula e o professor deve ter uma atenção especial para com os mesmos.

Todavia, é importante destacar que essas deficiências em sua maioria não “abandonam” o indivíduo no decorrer de sua vida, algumas continuam a se desenvolver mesmo depois de adulto acarretando outros problemas.

Existe ainda outro tipo de deficiência conhecida como conduta típica:

Estas podem ser definidas como manifestações de comportamento típicas de portadores de síndromes e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos, que ocasionam atrasos no desenvolvimento e prejuízos no relacionamento social, em grau que requeira atendimento educacional especializado. (GIL, 2002, p. 02)

Alguns, profissionais da área de educação

costumam confundir a conduta típica com autismo, pois ambos envolvem deficiências na área de sociabilidade do indivíduo, porém, cada uma dela apresenta características diferenciadas, sendo:

O autismo, uma síndrome definida por alterações presentes, em geral, por volta do 3º ano de vida e que se caracteriza pela presença de desvios nas relações interpessoais, linguagem/comunicação, jogos e comportamentos. Dentre os sinais mais característicos do autismo, podemos citar: tendência ao isolamento, movimentos repetitivos, aparentemente sem função e sem objetivo (estereotipia), dificuldade no relacionamento com outras pessoas (não mantém diálogo, mantém o olhar distante, rejeita contatos físicos), faz uso de seu nome quando se refere a si próprio, repete palavras ou frases constantemente (ecolalia), ausência de noção de perigo, permanência em situação de fantasia desvinculada da realidade,

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hiperatividade intensa e permanente e necessidade de manter rotinas obsessivas de comportamento, apresentando reação de pânico quando há alguma interferência. (GIL, 2002, p. 2)

Até o momento, constatamos que os tipos de

deficiência podem variar de acordo com a necessidade empregada para sua superação, limitações, tratamentos e o grau em que a mesma se encontra. Todavia, a Organização Mundial da Saúde (OMS,1980) define estes graus usando as seguintes classificações:

Desvantagem (handicap): No domínio da saúde, a desvantagem representa um impedimento sofrido por um dado indivíduo, resultante de uma deficiência ou de uma incapacidade, que lhe limita ou lhe impede o desempenho de uma atividade considerada normal para ele, levando em conta a idade, o sexo e os fatores sócio-culturais. (OMS, 1980, p. 37).

A OMS menciona que a desvantagem é algo que

impede o indivíduo de se desenvolver plenamente, pois, ele não terá as mesmas condições para acompanhar o grupo social em que ele está inserido, acaba por se tornar um indivíduo incapaz. Esta incapacidade pode acompanhá-lo por toda a vida, caso não haja uma tentativa de superação desta desvantagem e/ou uma tentativa de integração do mesmo na sociedade. 3.2.1 O termo deficiência: o preconceito, a escola e a criança com necessidades educativas especiais.

O termo deficiência, como temos visto no decorrer

deste capítulo, busca explicar o “diferente”, o que não é aceito pela sociedade apresentando indivíduos que possuam limitações físicas, sensoriais ou mentais. E a partir destas, encontram-se discriminadas pela sociedade; a esse respeito Gil (2002) descreve:

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Em termos educativos, o conceito de Deficiência tem evoluído ao longo dos tempos, acompanhando as concepções de desenvolvimento e de aprendizagem. Durante a primeira metade do séc. XX, os conceitos de "deficiência" / "diminuição" / handicap /inadaptação incluíam as características de inatismo e de determinismo, implicando a concepção de que "uma vez deficiente, deficiente para sempre”. Esta compreensão impulsionou muitos estudos, que tinham por objetivo organizar em diferentes categorias todos os possíveis distúrbios que pudessem ser detectados. E esta fase de categorização e etiquetagem, que via a "deficiência" ou o "distúrbio" como uma característica inerente à criança, trouxe consigo duas conseqüências fundamentais: a necessidade de uma "detecção precisa" da deficiência, com o conseqüente desenvolvimento dos Testes de Inteligência e outras técnicas de diagnóstico quantitativo e a generalização da idéia de que, sendo as "deficiências" irrecuperáveis, as crianças por elas afetadas deveriam ser "colocadas" num sistema educacional à parte (escolas especiais). (GIL, 2002, p. 2)

A partir daí, a compreensão de deficiência e todas

as suas consequências eram atribuídas ao próprio indivíduo e as dificuldades encontradas por ele na escola eram entendidas como deficiência mental. Assim, surgiu a necessidade de elaborar um plano educacional para essas crianças totalmente separado do ensino regular, sendo que crianças com características diferentes dos demais alunos também estariam se encaixando neste novo plano educacional.

Segundo Gil (2002),

Nos anos 40 e 50 surgem profundas e importantes alterações com o fortalecimento das correntes "ambientalistas" e "comportamentalistas". Questionando amplamente a "constitucionalidade" e a "incurabilidade" dos distúrbios, os partidários destas teorias afirmavam que a "deficiência" podia ser "provocada" pela "ausência

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de estimulação adequada ou por processos de aprendizagem incorretos". Entretanto, a partir dos anos 60 e principalmente da década de 70, em decorrência da contribuição de muitas disciplinas e ramos da ciência, uma grande "revolução" se deu no conceito de "deficiência" aplicado às crianças e jovens em idade escolar. Tal alteração tem por base uma mudança de perspectiva, colocando no centro do problema não a deficiência do indivíduo, mas as suas necessidades particulares, para procurar o meio ambiente no qual se poderá desenvolver melhor. Assim, durante a década de 70, por todo o mundo ocidental, um amplo movimento de alargamento da escolaridade obrigatória a todas as crianças faz com que os diferentes países prestassem uma atenção particular à organização dos seus serviços de educação especial, chamando a si a responsabilidade de garantirem também às crianças com deficiências um processo educativo adaptado às suas necessidades individuais. (GIL, 2002, p. 3)

De acordo com este conceito, as crianças e jovens

com dificuldades especiais ou com necessidades especiais são aquelas que requerem educação especial e serviços específicos de apoio do seu desenvolvimento humano.

Conforme Gil (2002)

Segundo alguns estudiosos, entre os quais Hallahn e Kauffman, esta definição de crianças e jovens com necessidades especiais mostra algo muito importante, onde estas pessoas apresentam uma extraordinária diversidade de características, o que impede a generalização de medidas para tratá-los como se fossem um grupo homogêneo. A partir de meados da década de 70 e claramente assumida nos anos 80, surge uma filosofia de "integração" educativa como opção principal da grande maioria dos países, defendendo-se que o ensino das crianças e jovens com dificuldades especiais deve ser

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feito, pelo menos tanto quanto possível, no âmbito da escola regular. (GIL, 2002, p. 2)

Todavia, a partir da década de 70 houve um grupo

que se destacou pelo posicionamento contrário a corrente que buscava o desenvolvimento o deficiente separado do convívio com os demais. Para eles o deficiente deve ser integrado à sociedade, a escola regular é o local ideal para isso.

Quando estamos trabalhando com esta temática, devemos fazer uma diferenciação importante entre as verdades e os mitos que as cercam.

Segundo Gil (2002),

Verdades: deficiência não é doença, algumas crianças portadoras de deficiências podem necessitar de escolas especiais, as adaptações são recursos necessários para facilitar a integração dos educandos com necessidades especiais nas escolas, síndromes de origem genética não são contagiosas e deficiente mental não é louco. Mitos: todo surdo é mudo, todo cego tem tendência à música, deficiência é sempre fruto de herança familiar, existem remédios milagrosos que curam as deficiências, as pessoas com necessidades especiais são eternas crianças e todo deficiente mental é dependente. (GIL, 2002, p. 2)

Dessa forma, constatamos que esta temática é

cercada de mitos o que acaba dificultando a sua socialização e por consequência gerando o preconceito.

O preconceito faz parte da natureza humana, desde o início dos tempos, o homem desconfia e tem medo de tudo o que é diferente dele mesmo criando com isso certo individualismo e egocentrismo.

No entanto, a partir do momento em que o homem não conseguiu mais se esconder como no tempo das cavernas e foi obrigado a se socializar mesmo entre lutas e guerras que buscavam sua sobrevivência o paradigma até então existente passou por mudanças.

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Ao se relacionar com o outro, o ser humano passou

a fazer comparações que o levou a classificar de acordo com sua escala de valores:

A rotina das relações sociais nos leva, mais ou menos conscientemente, a "classificar" as pessoas de acordo com uma escala de valores a priori, como resultante da nossa educação e das nossas referências culturais (do lugar que ocupamos na "escala social"). Os critérios dessa "classificação" são variados: a qualidade da expressão, o modo de olhar, a maneira de comer, a forma de andar, a forma de vestir, o senso de humor etc. Muitas vezes, a segregação começa a partir da colocação de "rótulos" ou de "etiquetas" nas pessoas com deficiência, do tipo "não vai aprender a ler", "não pode fazer tal movimento" e outros. Estas "etiquetas" têm conseqüências sobre a forma como estas pessoas são aceitas pela sociedade e não permitem que a própria pessoa se exprima e mostre do que é capaz. (GIL, 2002, p. 3)

Todavia, para trabalhar com essa temática o

reconhecimento, aceitação de nossos preconceitos e desconfianças, é colocado à prova, pois, a todo o momento nos questionamos se estamos aptos a mudar nosso comportamento e a aceitar as diferenças.

Os diferentes ritmos, comportamentos, experiências, trajetórias pessoais, contextos familiares, valores e níveis de conhecimento que cada indivíduo carrega interferem diretamente em todo o seu convívio principalmente escolar, que deve se adaptar a essa realidade; essa adaptação e ou integração pode trazer consequências traumáticas quando não são bem direcionadas.

A integração de crianças com necessidades especiais ainda é um desafio a ser superado por muitos profissionais da educação. Alguns entendem esse processo como uma perca de tempo, desperdício de dinheiro e até desrespeito com sua profissão.

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Todavia, para a criança com necessidades

especiais os benefícios trazidos pela sua inclusão no ambiente escolar podem ser considerados um divisor de águas no seu processo de ensino-aprendizagem e de sociabilização.

Alguns autores também apresentam esta mesma opinião, dentre eles, Gil (2002) afirma:

Os benefícios da inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na escola regular são evidentes (apesar das dificuldades). Vários estudos comparativos realizados principalmente nos EUA e nos países escandinavos, onde este movimento existe há mais tempo, revelam a seguinte situação: Os benefícios para os alunos com deficiências são: eles encontram modelos positivos nos colegas, contam com assistência por parte dos colegas e a criança cresce e aprende a viver em ambientes integrados. Os benefícios para os alunos que não são deficientes: a melhor forma de aprenderem a lidar com as diferenças individuais, oportunidade para praticar e partilhar as aprendizagens, diminuição da ansiedade face aos fracassos ou insucessos. Os benefícios para todos os alunos: compreensão e aceitação dos outros, reconhecimento das necessidades e competências dos colegas, respeito por todas as pessoas, construção de uma sociedade solidária, desenvolvimento de apoio e assistência mútua desenvolvimento de projetos de amizade e preparação para uma comunidade de suporte e apoio. (GIL, 2002, p. 4)

Dessa forma, constamos que Gil (2002) é um

desses autores que concordam que a inclusão de crianças com necessidades especiais é um diferencial positivo, não somente para elas, mas, também para professores, alunos, família entre outros.

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3.2.2 Tipos de deficiência e a inclusão social 3.2.2.1 Deficiência visual

A visão é considerada o aspecto mais importante

de relacionamento do indivíduo com o mundo exterior, tanto para os seres humanos quanto para os animais ela é responsável por transmitir tudo o que está à sua volta. No entanto, devemos estar atentos ao grau de visão que possuímos porque pode variar de acordo com nossas capacidades. Segundo Gil (2002),

Os graus de visão abrangem uma ampla escala de situações, que vão desde a cegueira total até a visão perfeita, também total. A expressão "deficiência visual" se refere à escala que vai da cegueira (ausência total de visão) até a visão subnormal. A visão subnormal é a alteração da capacidade funcional decorrente de fatores como rebaixamento significativo da acuidade visual, redução importante do campo visual e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades visuais. (GIL, 2002, p. 1)

Assim, avaliamos que a visão está atrelada à

capacidade de o ser humano captar o que está à sua volta, pois, ao nascermos ainda não sabemos enxergar; somente após algum tempo que adquirimos nossas funções visuais, ou seja, possuímos ao nascer uma deficiência visual.

Todavia, quando mencionamos deficiência visual, não podemos esquecer que este processo, na maioria das vezes, é bastante traumático para o indivíduo, independente se este processo foi desenvolvido ao longo dos anos ou já nasceu com o mesmo. Neste sentido, Gil (2002) nos aponta que:

O desenvolvimento individual e psicológico varia muito, de pessoa para pessoa. Depende da idade em que ocorre do grau da deficiência, da dinâmica geral da

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família, das intervenções que foram tentadas, da personalidade da pessoa - enfim, de muitos fatores. Quando a pessoa perde a visão mais tarde na vida, guarda memórias visuais: ela se lembra de cores, rostos, paisagens, objetos e isso é útil para sua readaptação. Além da perda do sentido da visão, a cegueira adquirida também traz outras perdas: emocionais, das habilidades básicas (mobilidade, execução das atividades diárias), da atividade profissional, da comunicação e da personalidade como um todo. É uma experiência traumática, que deve ser acompanhada por terapeutas, que tratem da pessoa e da família. Quando a deficiência visual acontece na infância, pode trazer prejuízos ao desenvolvimento neuropsicomotor, com repercussões educacionais, emocionais e sociais, que podem continuar ao longo da vida, se não houver um tratamento adequado, o mais cedo possível. (GIL, 2002 p. 1)

A deficiência visual, em qualquer grau,

compromete a capacidade do indivíduo de se orientar e de se movimentar com segurança e independência. Todavia, quando trabalhamos com crianças esse fator é mais relevante, visto a sua dificuldade de socializar-se.

Gil (2002) define que:

Na idade pré-escolar, quando a criança está desenvolvendo sua capacidade de socialização, isso prejudica (ou até mesmo impede) o conhecimento do mundo ao seu redor e seu relacionamento com outras pessoas. É uma fase em que ela gosta de ter amigos, brincar e compartilhar os brinquedos. Se não puder desempenhar estes papéis, ficará insatisfeita e isolada, e isso trará prejuízos à sua aprendizagem. Nos programas de estimulação precoce há técnicas especializadas para desenvolver o sentido de orientação usando o tato, a audição e o olfato, para que a criança possa se relacionar com os objetos significativos que estão ao seu redor. O treinamento da orientação e da mobilidade permite que a pessoa se movimente e se

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oriente com segurança na escola, em casa, no trânsito, de acordo com sua idade. (GIL, 2002, p. 2).

É importante destacar que, mesmo a criança sendo

amparada pela escola e por programas de estimulação, a família tem um papel fundamental no seu desempenho, visto que a família acaba se tornando responsável pelo seu crescimento e desenvolvimento de seu potencial frente às dificuldades encontradas.

A primeira atitude consiste em acreditar na potencialidade da criança, considerando-a capaz de estudar, de ser independente, de trabalhar, praticar esportes e tantas outras coisas que seus amigos fazem.

Dentro deste contexto, o local onde a criança com deficiência busca a sua superação e consequentemente seu desenvolvimento é no ambiente escolar e o professor deve estar bem atento à sua sociabilização com as demais crianças. O professor deve considerar:

[...] a idade em que a deficiência aconteceu, associação (ou não) com outras deficiências, aspectos hereditários, aspectos ambientais e tratamento recebido. É errado achar que uma criança com deficiência visual também tenha deficiência mental, por sua eventual dificuldade ou atraso em realizar algumas tarefas. Ao abrir suas portas para receber os que enxergam e os que não enxergam, a escola se torna um espaço de inclusão, promovendo trocas enriquecedoras entre toda a equipe escolar, os alunos e suas famílias. (GIL, 2002 p. 2)

Assim, o professor deve criar uma via de

comunicação com o deficiente e sua família para verificar e avaliar como o mesmo entende o mundo à sua volta. Pois ele revelará quais são suas dificuldades, o que mais lhe agrada e seu grau de sociabilização com o mundo facilitando, assim, o seu processo de ensino-aprendizagem. Já para Masini (1993):

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Aprender é aqui entendido como a capacidade humana de receber, colaborar, organizar novas informações e, a partir desse conhecimento transformado, agir de forma diferente do que se fazia antes. Aprende-se numa relação com o outro ser humano e/ou com as coisas a seu redor. (MASINI, 1993, p. 24)

No trabalho de aprendizagem com o deficiente, a

escola pode adotar diversas medidas para capacitar professores e toda a equipe de gestão escolar. Segundo Gil (2002) a equipe escolar deve:

Promover reuniões para discutir as dificuldades encontradas; Convidar especialistas para fazer palestras a professores e alunos; Ter material bibliográfico de apoio; Exibir vídeos sobre o assunto. Convidar pais de crianças com deficiência ou professores que já tiveram esta experiência para dar depoimentos. (GIL, 2002, p. 3)

Dessa forma, percebemos que este processo é

interativo entre a escola, família e o deficiente onde todos devem estar atentos para esse desenvolvimento buscando sempre sua integração com o mundo e o mundo com ele.

Conforme Gil (2002), durante o processo de educação pré-escolar o deficiente visual passa pelos seguintes estágios:

Nesta etapa da vida - 4 a 6 anos - a aprendizagem se dá pelas vivências corporais no espaço e no tempo; daí a importância de brincadeiras e jogos que estimulem a imaginação, de atividades lúdicas e recreativas. A criança desta faixa etária gosta de ouvir histórias e de ter amiguinhos; as atividades em grupo são muito importantes. Estas atividades, jogos e brincadeiras ajudam a conhecer a potencialidade de cada um, a desenvolver o raciocínio, a usar os gestos para exprimir idéias,

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pensamentos e emoções, elas permitem que a criança entre em contato com o seu próprio corpo e com suas possibilidades de movimentação, desenvolvendo assim sua consciência corporal e seu autoconhecimento. A adequação e a adaptação das atividades para incluir a criança com deficiência visual serão feitas de acordo com a organização do cotidiano da escola. Para isso, é indispensável que o professor de apoio e o professor da classe comum trabalhem em conjunto. Nesta faixa etária (4 a 6 anos), é natural que a criança com deficiência visual severa, ou com cegueira, apresente defasagens no seu processo de desenvolvimento, em relação às crianças que enxergam. Em geral, ela começa a compensar as discrepâncias a partir dos 6 ou 7 anos, com o estabelecimento da linguagem conceptual. (GIL, 2002, p. 3)

Sendo assim, percebemos que o desenvolvimento

da criança deficiente na idade pré-escolar se dá pelo processo de interação e percepção de seu corpo com o mundo à sua volta, sendo que o professor se torna o responsável por despertar esses sentidos.

Conforme Gil (2002), o desempenho da criança deficiente visual no ensino fundamental ocorre da seguinte maneira:

Entre 7 e 11 anos, a principal atividade da criança, com ou sem deficiência, é estudar a aprendizagem das técnicas de leitura e escrita depende do desenvolvimento simbólico e conceitual do aluno, de sua maturidade mental, psicomotora e emocional. Esse processo não acontece de forma espontânea: é resultado da orientação e do estímulo oferecidos pelo professor, que escolhe um método e um processo de alfabetização. O aluno com deficiência visual apresenta uma desvantagem básica: a perda (ou a redução) da visão. Sendo assim, de modo genérico, podemos destacar

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algumas características de seu processo de desenvolvimento, nesta faixa etária: - precisa de mais tempo para assimilar alguns conceitos, especialmente os abstratos; precisa ter estimulação contínua; - tem dificuldade de interação, de apreensão, de exploração e domínio do meio físico; - desenvolve mais lentamente a consciência corporal. A experiência e o aprendizado da criança portadora de deficiência visual dependem muito de seus outros órgãos dos sentidos. A falta de estímulos e de experiências que mobilizam os outros sentidos pode prejudicar a compreensão das relações espaciais e temporais e a aquisição de conceitos necessários ao processo de alfabetização. A criança com baixa visão deve utilizar auxílios ópticos adequados e materiais pedagógicos adaptados, como textos com letras ampliadas e para as crianças cegas utilizar o material braile. (GIL, 2002, p. 4)

Assim como podemos constatar, a criança

deficiente visual deve ter seus sentidos despertados desde o ensino pré-escolar continuando para o ensino fundamental. Pois o professor não deve buscar somente a sua interação com o mundo; ele deve fazer com que a criança assimile o que está sendo ensinado com a sua realidade.

3.2.2.2 Deficiência mental A deficiência mental como os demais tipos de

deficiência é tratada de forma preconceituosa, pois muitas pessoas ainda confundem o doente mental com o indivíduo louco. Segundo Gil (2002),

Ao longo dos séculos, a pessoa com deficiência mental era, muitas vezes, discriminada e segregada, pois era considerada como "detentora de poderes sobrenaturais", "fruto de tragédia familiar", "sangue

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ruim", "depositária do mal" e outros rótulos, todos muito negativos. Até o século XVIII, a própria ciência confundia deficiência mental com doença e, portanto, procurava tratamentos que trouxessem uma "cura" para esta condição. A partir do século XIX surgiu a abordagem educacional, que leva em conta as possibilidades e potencialidades da pessoa portadora de deficiência mental. (GIL, 2002, p. 5)

Após a abordagem educacional é que os doentes

mentais conseguiram ter suas potencialidades despertadas, na tentativa de incluí-los na sociedade tratando-os como seres humanos e desmentindo os mitos que os cerca. Gil (2002) define estes mitos com as seguintes expressões, sendo:

Toda pessoa com deficiência mental é doente; Pessoas com deficiência mental morrem cedo, devido a "graves" e "incontornáveis" problemas de saúde; Pessoas com deficiência mental precisam usar remédios controlados; Pessoas com deficiência mental são agressivas e perigosas, ou dóceis e cordatas; Pessoas com deficiência mental são, em geral, incompetentes; O meio ambiente pouco pode fazer pelas pessoas com deficiência; A escola é apenas um lugar para exercer alguma ocupação fora de casa. (GIL, 2002, p. 5)

A deficiência mental pode ser identificada

precocemente, às vezes, ainda durante a gestação; porém, é bastante comum que a suspeita surja na escola, quando se espera mais da criança e de sua capacidade de aprendizagem.

O diagnóstico de deficiência mental deve ser feito por uma equipe de profissionais especializados (médico e psicólogo) e confirmado por um pedagogo. Além dos

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testes específicos, estes profissionais devem levar em conta o momento de vida que a criança atravessa e verificar o ambiente em que ela vive.

Porém, ao observar que a criança apresenta um comportamento diferente ao de outras crianças - como dificuldades em estabelecer relações de aprendizagem no seu cotidiano, na sala de aula e em outros espaços, como no pátio, na aula de Educação Física, nos passeios, tal fato deve ser relatado ao especialista e o professor e a família devem buscar orientação junto aos serviços especializados de sua comunidade.

No entanto, se a criança com deficiência mental for corretamente estimulada, pela escola e família ela poderá ser desenvolver plenamente.

As crianças com deficiência mental, em sua maior parte, necessitam de uma educação especial o que, por sua vez, está assegurada pela Constituição Federal (BRASIL,1998), no capítulo III, 2005, define que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada, com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1998, p.)

Todavia, vemos nos últimos anos um debate sobre

inclusão de indivíduos com deficiência no ambiente escolar. Os professores, em especial, têm-se deparado com esta questão que fica mais aguda no caso de alunos com deficiência mental.

As pessoas com deficiência mental foram perseguidas, maltratadas e discriminadas durante muito tempo. Somente a partir do século XIX, esta situação começa a mudar; médicos e educadores interessam-se por estas pessoas e percebem que elas têm capacidade de aprendizagem e passam a ser integradas a sociedade:

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O movimento pela integração social surgiu por volta do final da década de 60 e procurava inserir as pessoas com deficiência no trabalho, na escola, no lazer. A década de 80 impulsionou este movimento; a ONU - Organização das Nações Unidas - decretou 1981 como o Ano Internacional das Pessoas Deficientes; a luta pelos direitos ganhou força. Em conseqüência das conquistas e da experiência acumuladas neste processo, estudiosos e organizações compostas por pessoas com deficiência começaram a perceber que a prática da integração social era insuficiente para acabar com a discriminação e para garantir a verdadeira participação, com oportunidades iguais. Isto porque a integração social representa o esforço de inserir o portador de deficiência na sociedade, “se” ele estiver capacitado a superar as barreiras existentes. Assim, o esforço era feito apenas por parte do deficiente, sua família e profissionais especializados - a sociedade permanece do mesmo jeito, alterando pouco (ou nada) suas atitudes, espaços físicos e práticas sociais. É a partir destas constatações que surgem outros conceitos e movimentos, que falam de autonomia, independência, empowerment e equiparação de oportunidades, que foram objeto de normas e resoluções internacionais, como as Normas sobre o Programa Mundial de Ação Relativo às Pessoas com Deficiência (ONU, 1982), a Equiparação de Oportunidades para Pessoas com Deficiência (ONU, 1993), entre outros. (GIL, 2002, p. 6)

Sendo assim, podemos dizer que o movimento de

integração considera que a sociedade deve ser modificada para atender às necessidades de todos os indivíduos e o desenvolvimento das pessoas com deficiência deve ocorrer no processo de inclusão.

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3.2.2.3 Deficiência física Segundo Gil (2002), deficiência física pode ser

definida da seguinte forma:

A deficiência física pode ser definida como uma desvantagem, resultante de um comprometimento ou de uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho motor de uma determinada pessoa, ocasionando alterações ortopédicas e/ou neurológicas. Assim, são considerados portadores de deficiência física os indivíduos que apresentam comprometimento da capacidade motora, nos padrões considerados normais para a espécie humana. (GIL, 2002, p. 6)

É importante destacar que a deficiência física não

tem nada a ver com deficiência mental; a deficiência física afeta as funções motoras e não a parte cognitiva da pessoa. Na maioria dos casos, a inteligência fica preservada.

Os indivíduos portadores de deficiência física trazem consigo algumas características que podem ser observadas; são elas:

Movimentação sem coordenação ou atitudes desajeitadas de todo o corpo ou parte dele; Anda de forma não coordenada, pisa na ponta dos pés ou manca; Pés tortos ou qualquer deformidade corporal; Pernas em tesoura (uma estendida sobre a outra); Dificuldade em controlar os movimentos, desequilíbrios e quedas constantes; Dor óssea, articular ou muscular; Segura o lápis com muita ou pouca força; Dificuldade para realizar encaixe e atividades que exijam coordenação motora fina. (GIL, 2002, p. 7)

A deficiência física pode ter várias causas e várias

formas de manifestação e podemos agrupá-las em:

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Causas pré-natais: problemas durante a gestação (remédios tomados pela mãe, tentativas de aborto malsucedidas, perdas de sangue durante a gestação, crises maternas de hipertensão, problemas genéticos e outras); Causas perinatais: problema respiratório na hora do nascimento, prematuridade, bebê que entra em sofrimento na hora do nascimento por ter passado da hora, cordão umbilical enrolado no pescoço e outras; Causas pós-natais: parada cardíaca, infecção hospitalar, meningite ou outra doença infecto-contagiosa ou quando o sangue do bebê não combina com o da mãe (se esta for Rh negativo), traumatismo craniano ocasionado por uma queda muito forte e outras. (GIL, 2002, p. 7)

Quando é diagnosticada a deficiência física na

criança seja por parte da família ou educador, a mesma deve ser encaminhada para tratamento o mais rápido possível, esse tratamento consiste em estimular essa deficiência e quanto mais cedo essa criança for encaminhada para tratamento mais rápido será o seu desenvolvimento.

O ser humano obedece a um padrão de desenvolvimento motor, de acordo com sua idade. Este padrão não é igual para todos; há crianças que têm um desenvolvimento mais rápido, enquanto outras são mais “preguiçosas”. A criança com algum tipo de deficiência física tem mais dificuldade de seguir estas etapas.

Há diversos tipos de aparelhos e adaptações para o deficiente físico. Alguns são muito caros; neste caso, os portadores de deficiência física ou profissionais habilidosos veem-se levados a usar a criatividade e fazer improvisações, utilizando materiais disponíveis. Glat (1996), afirma que:

A influência da família no processo de integração social do deficiente é uma questão que deve ser analisada levando-se em consideração dois ângulos: a facilitação

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ou impedimento que a família traz para a integração da pessoa portadora de deficiência na comunidade e a integração da pessoa com deficiência na própria família. (GLAT, 1996, p. 111)

Estes aspectos mencionados por Glat (1996) são

importantes, pois, remetem à importância da família no desenvolvimento do deficiente, sendo que a família não deve tratá-lo como um “coitado” ou um “incapaz”. A família de um deficiente deve tratá-lo de maneira natural, fazendo com que ele se sinta integrado à sociedade, garantindo seus direitos e deveres, pois, assim as demais pessoas também passarão a tratá-lo de maneira igual e não como um desvalido.

É muito importante que a criança com deficiência física frequente a escola, onde ela pode desenvolver seu potencial físico, intelectual e interagir com outras crianças. A família desempenha um papel fundamental no processo de adaptação da criança à escola: ela deve conversar com a professora e com a equipe escolar, orientando sobre como tratar a criança, seus limites e potencialidades. Já Maciel afirma:

É muito importante para uma criança portadora de deficiência física aprender, desde pequena, a não se autolimitar. Ela precisa ter em mente que não é doente e que, apesar destas limitações, pode ter uma boa convivência na sociedade. (MACIEL, 1998, p. 86-87)

Sendo assim, percebemos que a criança com

deficiência física requer atenção e cuidados, que em momento algum deve ser confundidos com piedade. A escola, por sua vez, é um dos agentes responsáveis por fazer a integração da criança com o mundo para que ela não sinta vergonha ou se julgue fracassada neste despertar para a sua inclusão social.

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3.2.2.4 Deficiência auditiva A deficiência auditiva é algo que limita o indivíduo

ao mundo das imagens, sensações e percepções afetando o seu desenvolvimento psicológico, físico e mental. Carvalho (1997) define o indivíduo portador de deficiência auditiva da seguinte forma:

Surdo é o indivíduo que tem a perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala através do ouvido. De acordo com o grau de perda auditiva, avaliada em decibéis (dB), a surdez manifesta-se como leve (perda entre 20 e 40 dB), moderada (entre 40 e 70 dB), severa (entre 70 e 90 dB) e profunda (acima de 90 dB de perda) - impede o indivíduo de ouvir a voz humana e de adquirir, espontaneamente, o código da modalidade oral da língua, mesmo com o uso de prótese auditiva. (CARVALHO, 1997, p. 23)

É importante destacar que a escala da audição tem

diferentes graus. Portanto, há pessoas que escutam muito pouco, sendo incapazes de ouvir um avião passando; outras conseguem ouvir a voz humana, mas não conseguem discriminá-la.

Pelo menos uma em cada mil crianças nasce profundamente surda e muitas pessoas desenvolvem problemas auditivos ao longo da vida, por causa de acidentes ou doenças.

Há alguns sinais que podem ser observados logo nas primeiras semanas após o nascimento:

O bebê não acorda ou não se assusta com um barulho forte e súbito; O bebê não para de chorar, quando a mãe usa apenas a voz para acalmá-lo; O bebê não procura a origem do barulho, virando a cabeça na direção da fonte sonora, isso já numa fase posterior do desenvolvimento; O bebê é exageradamente quieto.

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Alguns sinais podem ser observados, quando a criança tem mais de 1 ano de idade: As primeiras palavras aparecem tarde (3 a 4 anos); Não responde ao ser chamada em voz normal Quando de costas, não se volta para a pessoa que lhe dirige a palavra; Excesso de comunicação gestual e pouca emissão de palavras; Fala extremamente alta ou baixa; Cabeça virada para ouvir melhor; Olhar dirigido para os lábios de quem fala e não para os olhos; Troca e omissão de fonemas na fala e na escrita. (GIL, 2002, p. 8)

Sendo assim, quanto mais rápido for diagnosticado

a surdez e iniciado seu tratamento a criança tem mais chances de adaptação, pois, este tipo de trabalho é realizado em conjunto com a família que será de fundamental importância para o seu desempenho.

Quando pensamos sobre a surdez e as limitações que lhe são associadas, é natural que procuremos conhecer as causas que a provocam e os meios de evitá-las. Durante muito tempo e ainda mesmo em nossos dias, a deficiência auditiva tem sido confundida com a deficiência mental; seus portadores são chamados erroneamente de “mudos” ou “surdos-mudos”.

Conforme Gil (2002),

A surdez não afeta o desenvolvimento cognitivo das pessoas e que estas pessoas não são mudas, isto é, elas emitem sons; muitas vezes não falam, por medo que caçoem delas, por não ouvirem, por não terem recebido treinamento para falar ou outro motivo. Saber em que momento se instalou a surdez é fundamental para planejar as necessidades de estimulação da criança, seja qual for à idade. (GIL, 2002, p. 8)

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Assim, o grau e o tipo da perda de audição, assim

como a idade em que esta ocorreu, vão determinar importantes diferenças em relação ao tipo de atendimento que o aluno irá receber. Quanto maior for à perda auditiva, maiores serão os problemas linguísticos e maior será o tempo em que o aluno precisará receber atendimento especializado.

O desenvolvimento da comunicação em crianças que perderam a audição e as que nasceram com a deficiência:

Existe uma diferença significativa no desenvolvimento da linguagem e da comunicação de crianças que sofrem perda auditiva antes dos dois anos de idade, em comparação com as que ficam surdas após terem adquirido a linguagem (por exemplo, no caso de surdez causada por meningite, depois dos quatro anos de idade). As maiores já tiveram a oportunidade de estruturar a memória auditiva e um sistema lingüístico próprio. A educação da criança surda em fase de socialização, nos seus primeiros anos de vida, precisa se adequar a suas características pessoais. A observação de suas respostas aos primeiros atendimentos escolares e clínicos (estimulação auditiva, sociabilização etc.), servirá para indicar o caminho a seguir: optar pelo ensino especializado (escola e classe especial), ou pelo ensino comum. (GIL, 2002, p. 10)

Neste sentido, Gil (2002), também menciona que

existem diferenças entre as crianças no desenvolvimento da linguagem oral, escrita e o bilinguismo sendo

Algumas crianças surdas têm possibilidade de adquirir e desenvolver a linguagem oral, utilizando a fala para se comunicar. Outras, por características pessoais e também em decorrência do ambiente familiar em que cresceram, apresentam linguagem oral mínima, que deve ser complementada com outras formas de comunicação (escrita e por sinais).

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A construção da linguagem oral no indivíduo com surdez profunda é uma tarefa longa e bastante complexa, envolvendo aquisições como: tomar conhecimento do mundo sonoro, aprendendo a utilizar todas as vias perceptivas que podem complementar a audição, perceber e conservar a necessidade de comunicação e de expressão, compreender a linguagem e aprender a expressar-se. Na abordagem oralista, ainda hoje adotada por algumas instituições, a comunicação se baseia na fala; não se aceita a utilização dos gestos ou sinais para representar ou indicar coisas, objetos etc. No oralismo, os resíduos de audição servem como parâmetros para a aquisição da fala e da linguagem, sendo associados à leitura da expressão facial. O bilingüismo é a abordagem mais recente e defende a idéia de que ambas as línguas - de sinais (LSB - Língua de Sinais Brasileira) e a oral (português) sejam ensinadas e usadas sem que uma interfira/prejudique a outra, em situações diferentes. (GIL, 2002, p. 10)

Assim, independente da forma de comunicação

empregada pelo deficiente o que eles buscam é a sua socialização é o direito de se expressar e ser compreendido e ao mesmo tempo compreender:

Até a década de 60, como na maioria dos países, o Brasil seguia a orientação dominante, considerando como melhor alternativa, para o ensino de crianças surdas, o atendimento em separado, já que seus problemas lingüísticos as diferenciavam das crianças ouvintes. Assim, apareceram muitas escolas especiais para surdos, onde os portadores de deficiência auditiva eram educados, predominantemente, sob o aspecto da reabilitação oral. A partir dos anos 80, seguindo a tendência mundial de integração, adotou-se nova orientação no campo da educação dos surdos: a meta que as escolas passaram a se colocar ultrapassava o campo clínico/terapêutico, englobando o campo pedagógico e lingüístico.

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Assim, a integração do aluno surdo ao sistema regular de ensino, entendida como um processo resultante da evolução histórica da Educação Especial, calcada nos direitos humanos, constitui uma tendência que vem se acentuando nestes últimos anos, no Brasil e em outros países. Considerando que a meta atual da educação dos portadores de deficiência auditiva passou a enfocar também o aspecto acadêmico e lingüístico, as diretrizes que têm sido traçadas conduzem às seguintes conclusões: A educação dos surdos deve desenvolver-se, preferencialmente, na rede regular de ensino. O conteúdo programático a ser desenvolvido é o mesmo do ensino regular;(...). (GIL, 2002, p. 11-12)

Dessa forma, um dos principais fatores da

educação dos surdos é a educação infantil voltada a favorecer o desenvolvimento físico, motor, emocional, cognitivo e social de todas as crianças. A escola promove experiências e conhecimentos, por meio de jogos e brincadeiras, bem como do convívio com outras crianças e outros adultos, fora do ambiente doméstico.

A este convívio com outras crianças no ambiente escolar chamamos de socialização do deficiente auditivo. Conforme Gil (2002),

A socialização, que se inicia antes dos 3 anos, vai se consolidando entre os 4 e os 6 anos de idade. Para que possa expressar seus desejos e suas necessidades, utilizando gestos e/ou sons, a criança surda deve ser exposta a uma linguagem compreensível para ela, contribuindo assim para sua socialização. A escola, comum ou especializada, deve preparar a criança surda para a vida em sociedade, oferecendo-lhe condições de aprender um código de comunicação que permita seu ingresso na realidade sociocultural, com efetiva participação na sociedade. Os principais recursos utilizados nesse trabalho são atividades de imitação, jogos, desenho, dramatizações, brincadeiras de faz-de-conta, histórias infantis etc. Tais

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atividades possibilitam, ao mesmo tempo, a aquisição de linguagem e a aprendizagem de conceitos e regras de um código de comunicação, aspectos importantíssimos para o processo de integração escolar. (GIL, 2002, p. 12)

Na visão inclusiva, a criança com perda auditiva

deve ser acolhida a partir de uma proposta globalizante, que valorize a escolaridade, os hábitos e as atitudes preparatórios para a vida adulta e que possibilite a ela se tornar responsável pelo próprio processo escolar e consciente de seus direitos, que são os mesmos dos ouvintes.

3.2.3 A integração das pessoas com necessidades especiais

No passado, a sociedade frequentemente colocou

obstáculos à integração das pessoas deficientes utilizando de receios, medos, superstições, frustrações e exclusões, que estão presentes desde os tempos da antiga Grécia, onde essas pessoas eram jogadas do alto de montanhas, ou em Atenas, onde elas eram abandonadas nas florestas.

Na idade média, aconteciam apedrejamentos e morte nas fogueiras, pois a sociedade não aceitava as pessoas com deficiência, porque eram consideradas possuídas pelo demônio.

No século XIX e início do século XX, a esterilização foi usada como forma de evitar o nascimento de pessoas deficientes, consideradas como seres imperfeitos. Só após a 2ª Guerra Mundial, os direitos humanos começaram a serem valorizados, surgindo o conceito de igualdade de oportunidade, direito à diferença, justiça social, bem como novas concepções jurídico-políticas, filosóficas e sociais. Dessa forma, percebemos que desde as épocas mais remotas os deficientes eram discriminados.

Neste resgate histórico, constatamos que o indivíduo que não estivesse dentro dos padrões ditos

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como “normais” para a época era discriminado, e como não havia estudos que elucidassem esse “problema” a solução encontrada na época era a morte destes. Somente após, um longo tempo foi iniciado um estudo a respeito dos indivíduos com necessidades especiais. No entanto, este estudo somente tentou encontrar a causa para o problema não se preocupando com o desenvolvimento deste ser humano.

Segundo a Unesco (1977), pode-se dividir a história da humanidade em cinco fases, de acordo com o modo como os deficientes foram tratados e considerados:

1. Fase filantrópica - em que as pessoas com deficiência são consideradas doentes e portadoras de incapacidades permanentes inerentes à sua natureza. Portanto, precisavam ficar isoladas para tratamento e cuidados de saúde; 2. Fase da "assistência pública" - em que o mesmo estatuto de "doentes" e "inválidos" implica a institucionalização da ajuda e da assistência social; 3. Fase dos direitos fundamentais, iguais para todas as pessoas, quaisquer que sejam as suas limitações ou incapacidades. É a época dos direitos e liberdades individuais e universais de que ninguém pode ser privado, como é o caso do direito à educação; 4. Fase da igualdade de oportunidades - época em que o desenvolvimento econômico e cultural acarreta a massificação da escola e, ao mesmo tempo, faz surgir o grande contingente de crianças e jovens que, não tendo um rendimento escolar adequado aos objetivos da instituição escolar, passam a engrossar o grupo das crianças e jovens deficientes mentais ou com dificuldades de aprendizagem; 5. Fase do direito à integração - se na fase anterior se "promovia" o aumento das "deficiências", uma vez que a ignorância das diferenças, o não respeito pelas diferenças individuais mascarado como defesa dos direitos de "igualdade" agravava essas diferenças, agora é o conceito de "norma" ou de "normalidade" que passa a ser posto em questão. (UNESCO, 1977, p. 5-6)

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Sendo assim, estas fases representam o doloroso

processo de integração do deficiente à sociedade, que atualmente ainda sofre com a discriminação e com o preconceito.

3.2.4 A inclusão escolar na retrospectiva histórica do Brasil

Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda. (Paulo Freire) A escola como espaço educacional de todos vem a

cada dia sendo mais questionada pelas suas práticas cotidianas, a discussão sobre a inclusão de todos neste ambiente tem, recentemente, exigido propostas político pedagógicas inovadoras que estimulem as diferenças individuais e assegurem oportunidades iguais aos alunos.

Sendo assim, a retrospectiva histórica da educação especial em nosso país mostra que, ao longo dos séculos, a trajetória dos alunos portadores de deficiência acompanha a evolução dos direitos humanos conquistados:

A atual posição das Políticas Nacionais de Educação Especial provoca uma discussão sobre a introdução da educação especial não mais enquanto modalidade agregada à educação geral, mas como agente includente do processo, numa concepção contraposta aos ideais segregacionistas, assistencialistas e caritativos. (JANNUZI, 1985, p. 85)

Segundo Tulimoshi (2004), no Brasil o processo de

inclusão ocorreu da seguinte maneira:

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Tabela I: Processo de inclusão no Brasil

Ano Fatos Históricos

1824 Constituição determinava e prometia instrução primária e gratuita; 2% da população era escolarizada, refletindo interesse nas camadas elitizadas. Criação Imperial do Instituto dos Meninos Cegos ( Benjamin Constant)

1856 Criação do Instituto dos Surdos-Mudos

1874 Criação da primeira instituição particular junto ao hospital Juliano Moreira (Salvador, BA)

1887 Criação da Instituição particular vinculada ao estado do Rio de Janeiro

1889 Com a Proclamação da República, pouco atendimento era dada à deficiência mental, mas cegos e surdos recebiam atendimentos privilegiados, até por volta de 1920.

Fonte: TULIMOSHI, 2004, p. 54. Após este período o número de instituições para

deficientes mentais e para cegos tornou-se semelhante e os médicos começaram a se preocupar com deficiências menos aparentes. A classe médica passou a se preocupar com os indivíduos deficientes e a esta preocupação somaram-se diversas campanhas a favor da saúde pública, sendo que ela estava preocupada com a higienização da população, o sanitarismo e a limpeza das cidades e com o diagnóstico da deficiência mental relacionado com a concepção de doença, contaminação e tendências criminosas.

A partir daí, Jannuzzi afirma: Deu-se início na vertente psicopedagógica as preocupações fundadas na Psicologia onde a escola passava a apontar os "anormais", isentando-os de matrícula. Sendo assim, se um aluno fosse incapaz de receber instrução por qualquer "defeito ou dificuldade", era rejeitado da escola regular, sendo encaminhado para receber tratamento diferenciado. Este

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encaminhamento para salas separadas tinha a função não só de oferecer adaptações aos diferentes, mas também a função de proteger os normais, já que se acreditava que o contato entre eles poderia ser prejudicial. (JANNUZI, 1992, p. 36)

Sendo assim, os médicos foram os responsáveis

pela escolarização dos deficientes mentais, conforme: [...] com este impulso dado pela situação, foram os médicos os primeiros responsáveis pela escolarização dos deficientes mentais e passaram a discutir a necessidade de não limitar o auxílio apenas na área da saúde. Nomes como os de Norberto Souza Pinto e Clemente Quaglio (em São Paulo) e Ulisses Pernambucano (Pernambuco) e foram importantes na busca dos conceitos educacionais. É nesta realidade e em um contexto de estagnação econômica provocada pela Primeira Guerra Mundial que, impulsionado pelo movimento da Escola-Nova o Brasil vivenciou a popularização da escola primária e suas conseqüências. Paralelamente, o mundo assistia à revolução causada pelo movimento da psicometria: a facilidade da medição da inteligência e a sua catalogação passaram a justificar o fracasso escolar e funcionaram como instrumentos de segregação e rotulação em massa. Os mais inteligentes puderam confirmar sua soberania e os menos inteligentes tiveram seus defeitos pedagógicos justificados. A seleção ficou mais fácil e com critérios padronizados; o papel do médico e dos serviços de saúde passou a ser considerado complementar e ao mesmo tempo em que as dificuldades escolares foram reconhecidas mais facilmente, houve maior preocupação com a escolarização daquela clientela. (TULIMOSHI, 2004, p. 56)

Após a Segunda Guerra Mundial, inicia-se a

Segunda República e a educação especial (EE) no Brasil caracterizou-se pela ampliação e proliferação de entidades privadas concomitantes à expansão da escola pública

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regular, vê-se que o ensino especial caminhou ao lado do ensino regular como duas condições diferenciadas, dois ensinos que dividiram a população entre “normais” e “deficientes”:

É neste momento que as discussões sobre a educação no país passaram a delinear a futura Lei de Diretrizes e Bases da Educação, sendo que os ideais da professora Antipoff foram determinantes para a criação da primeira APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) do país, em 1954, localizada na cidade do Rio de Janeiro, bem como da AACD (1950) em São Paulo, e da Escola Luiz Braille (1952) no Rio Grande do Sul. (BUENO, 1994, p. 84)

Todavia, Tulimoshi aborda que:

A maior parte das propostas consideradas pedagógicas nas APAEs, nas décadas de 60 e 70 tinham como objetivos a estimulação psicomotora, recreação, assistência social e atendimentos individualizados fora das salas de aula realizados pelos profissionais da entidade. A partir da década de 60, o Ministério da Educação começa a prestar assistência técnica-financeira a estas associações e dirigir estratégias e parâmetros, como pode ser visto na lei 4024/61 e 5692/71, nos Planos Setoriais (década de 70), criação do CENESP (Centro Nacional de Educação Especial), primeiro órgão oficial responsável por esta área que foi redirecionado em 1990 com a criação da Secretaria da Educação Especial. Em 1986 é criada a CORDE - Coordenadoria Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência- e em 1992, o MEC, em sua nova reforma, recolocou o órgão da Educação Especial na condição de Secretaria. Apesar do número crescente de escolas e instituições especializadas a partir da década de 70, este crescimento parece ter sido inversamente proporcional aos incentivos governamentais o que fez com que a quase totalidade destas unidades escolares precisasse

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de ajuda da comunidade para garantir a sua sobrevivência, o que contribuiu para que houvesse precariedade e falta de recursos, uma vez que a verba, quando destinada, fazia-se insuficiente para fins aos quais se propunha. (TULIMOSHI, 2004, p. 63) Desta forma, como as instituições não tinham

condições de se sustentarem começaram a realizar promoções, campanhas, bingos e outras formas de arrecadar dinheiro. Todavia conforme Tulimoshi mesmo com essa tentativa de subsistência das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs) elas enfrentaram outros problemas sendo:

O número de APAEs foi crescendo e proporcionalmente, as divergências. A situação sócio-política de cada Estado e município bem como a atuação administrativa interferiu diretamente na rede de problemas destas instituições de forma que as dificuldades e desequilíbrios orçamentários entre as unidades fizeram com que de norte a sul do país houvesse vários perfis de APAEs. Onde tínhamos aquelas consideradas ricas, com sede e condução própria, quadro completo de profissionais, regime de trabalho de 40 horas semanais, projetos atualizados e salários compatíveis com cargos e funções; aquelas consideradas pobres com poucos profissionais, baixa qualificação, instalações inadequadas e precárias, baixos salários, acúmulo de funções, falta de equipamentos, carga horária insuficiente; e aquelas consideradas APAEs de nível médio, que se situavam na intermediação entre as ricas e as pobres, e que estavam sempre sob o risco de subir ou descer a depender de cada administração. Dados informais comprovam que, dentro da política interna de algumas APAEs, mesmo com o discurso de garantir o direito do deficiente, existem requisitos de ingresso, manutenção e exclusão de alunos. Por exemplo, existem APAEs que só atendem portadores de deficiências múltiplas. Outras que se dedicam somente

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ao atendimento de pessoas adultas, outras ainda que exijam com que o aluno tenha controle de esfíncter como critério de matrícula. E ainda outras que só atendem portadores de deficiência mental, definindo a patologia como critério de admissão, o que nos parece inconcebível no século XXI. Somente na década de 80 é que a cidade de São Paulo viu nascer a Associação de Amigos do Autista (AMA), uma das primeiras organizações privadas preocupadas com a causa. Verifica-se, portanto, que as décadas de 80 e 90 foram determinantes na organização de novas entidades destinadas aos alunos com problemas de comportamento, cuja proliferação deu-se devido à necessidade de atendimento e ausência de oferta pública. (TULIMOSHI, 2004, p. 66)

Assim, verificamos que nas décadas de 80 e 90 a

organização de entidades que atendessem os deficientes passou por grandes dificuldades, tanto em termos qualitativos quanto quantitativos.

3.3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Vivemos em uma sociedade onde os padrões

morais, éticos, políticos, econômicos, sociais, religiosos e sexuais estão por toda parte ditando regras de comportamento, fazendo com que nos sentíssemos prisioneiros. E a partir daí me veio o seguinte questionamento: “E os indivíduos que não se enquadram nesses padrões?”

Diante de tal fato, foi feito uma pesquisa sobre a inclusão de pessoas com necessidades especiais no âmbito escolar, buscamos fundamentar nos principais teóricos sendo: Mantoan, Gil, Sassaki. A partir destes referenciais, a metodologia empregada foi a bibliográfica e os resultados apresentados a seguir mencionam grande dificuldade e o preconceito que os deficientes ainda sofrem.

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Assim, a resposta para esse e outros

questionamentos sobre o processo de inclusão está nesse trabalho, entendido aqui não como uma finalização dessa discussão, mas um elemento importante para despertar essa realidade na Educação brasileira.

3.4 INTEGRAÇÃO E INCLUSÃO: QUE ESCOLA QUEREMOS?

Pensar numa escola que atenda a realidade do

aluno é voltá-la ao procedimento de suas necessidades como ser humano, que merece ser construído pelo processo educativo que lhe é oferecido. Através de um conjunto de saberes que somatizados é favorável ao seu desenvolvimento das inúmeras dimensões atendidas pelo processo educativo, integrando e incluindo o deficiente, exercendo o direito da sua cidadania.

3.4.1 Integração e/ou inclusão?

A deficiência é uma dentre todas as possibilidades do ser humano e daí dever ser considerada, mesmo se as suas causas e conseqüências se modificam, como um fato natural que nós mostramos e de que falamos, do mesmo modo que o fazemos em relação a todas as outras potencialidades humanas. (UNESCO, 1977)

Ao discutirmos integração ou inclusão devemos,

primeiramente, explicá-las e posicioná-las corretamente dentro de seu contexto:

A discussão em torno da integração e da inclusão cria ainda inúmeras e infindáveis polêmicas, provocando as corporações de professores e de profissionais da área de saúde que atuam no atendimento às pessoas com deficiência - os para-médicos e outros, que tratam clinicamente de crianças e jovens com problemas escolares e de adaptação social.

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Há também um movimento contrário de pais de alunos sem deficiências, que não admitem a inclusão, por acharem que as escolas vão baixar e/ou piorar ainda mais a qualidade de ensino se tiverem de receber esses novos alunos. Os dois vocábulos - integração e inclusão mesmo tendo significados semelhantes, são empregadas para expressar situações de inserção diferentes e se fundamentam em posicionamentos teórico-metodológicos divergentes. (MANTOAN, 2006, p. 26)

Dessa forma, percebemos que o processo de

integração escolar é palco de diversas controvérsias, pois, nem todos conseguem compreender o seu real significado ficando à mercê de interpretações dúbias tanto na área educacional quanto médica.

Todavia, conforme Mantoan (2006), os movimentos a favor da integração de crianças com deficiência surgiu nos países nórdicos em 1969, baseados no princípio de normalização onde todos são tratados como “iguais” independente ou não de sua capacidade.

Pela integração escolar, o aluno tem acesso às escolas por meio de um leque de possibilidades educacionais, que vai da inserção às salas de aula do ensino regular ao ensino em escolas especiais. O processo de integração ocorre dentro de uma estrutura educacional, que oferece ao aluno a oportunidade de transitar no sistema escolar, da classe regular ao ensino especial, em todos os seus tipos de atendimento: escolas especiais, classes especiais em escolas comuns, ensino itinerante, salas de recursos, classes hospitalares, ensino domiciliar e outros. Nas situações de integração escolar, nem todos os alunos com deficiência cabem nas turmas de ensino regular, pois há uma seleção prévia dos que estão aptos à inserção. Para esses casos, são indicados: a individualização dos programas escolares, currículos adaptados, avaliações especiais, redução dos objetivos

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educacionais para compensar as dificuldades de aprender. A escola não muda como um todo, mas os alunos têm de mudar para se adaptarem às suas exigências. A integração escolar pode ser entendida como o especial na educação, ou seja, a justaposição do ensino especial ao regular, ocasionando um inchaço desta modalidade, pelo deslocamento de profissionais, recursos, métodos, técnicas da educação especial às escolas regulares. (MANTOAN, 2006, p. 29)

Assim, a inclusão e o processo de integração são

dois aspectos necessários para o trabalho educacional com deficientes, por sua vez, elaborar uma distinção entre eles é fundamental para que possamos acolher a todos os alunos e respeitar suas individualidades físicas, psíquicas e cognitivas.

3.4.2 A caminho da inclusão social

A integração é um processo que busca realizar

uma integração entre os indivíduos portadores de necessidades especiais e aqueles chamados de não-deficientes, a partir daí quando colocados estes indivíduos no mesmo ambiente estaremos realizando a integração. Steinemann (1994), acrescenta que:

Integração significa o (re)-estabelecer de formas comuns de vida, de aprendizagem e de trabalho entre pessoas deficientes e não-deficientes. Integração significa ser participante, ser considerado, "fazer parte de", ser levado a sério e ser encorajado. A integração requer a promoção das qualidades próprias de um indivíduo, sem estigmatização e sem segregação. Realizar pedagogicamente a integração significa, seja no jardim de infância, na escola ou no trabalho, que todas as crianças e adultos (deficientes ou não) brinquem/aprendam/trabalhem de acordo com o seu

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nível próprio de desenvolvimento em cooperação com os outros. (STEINEMANN, 1994, p. 32)

A integração social, afinal de contas, tem consistido no esforço de inserir na sociedade pessoas com deficiência que alcançaram um nível de competência compatível com os padrões sociais vigentes. A integração tinha e tem o mérito de inserir o portador de deficiência na sociedade, sim, mas desde que ele esteja de alguma forma capacitado a superar as barreiras físicas, programáticas e atitudinais nela existentes. Sob a ótica dos dias de hoje, a integração constitui um esforço unilateral tão somente da pessoa com deficiência e seus aliados (a família, a instituição especializada e algumas pessoas da comunidade que abracem a causa da inserção social), sendo que estes tentam torná-la mais aceitável no seio da sociedade. (SASSAKI, 1997, p. 34)

Todavia, Sassaki (1997) ainda complementa esta

explicação destacando que desde a década de 80, a integração social ocorre de três maneiras:

Pela inserção pura e simples daquelas pessoas com deficiência que conseguiram ou conseguem, por méritos pessoais e profissionais próprios, utilizar os espaços físicos e sociais, bem como seus programas e serviços, sem nenhuma modificação por parte da sociedade, ou seja, da escola comum, da empresa comum, do clube comum, etc. Pela inserção daqueles portadores de deficiência que necessitavam ou necessitam de alguma adaptação específica no espaço físico comum ou no procedimento da atividade comum, a fim de poderem, só então, estudar, trabalhar, ter lazer, enfim, conviver com pessoas não-deficientes. Pela inserção de pessoas com deficiência em ambientes separados dentro dos sistemas gerais. Por exemplo: escola especial junto à comunidade; classe especial numa escola comum; setor separado dentro de uma empresa comum; horário exclusivo para pessoas deficientes num clube comum, etc. Esta forma de

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integração, mesmo com todos os méritos, não deixa de ser segregativa. (SASSAKI, 1997, p. 34-35)

A igualdade de oportunidades na educação é

essencial dada sua importância na transmissão de atitudes, conhecimentos e competências que a sociedade como um todo encara como importantes.

É fundamental equipararmos as oportunidades para que todas as pessoas, incluindo portadoras de deficiência, possam ter acesso a todos os serviços, bens, ambientes construídos e ambientes naturais, em busca da realização de seus sonhos e objetivos. (SASSAKI, 1997 p. 42)

Enfim, devemos ter claro que indivíduo portador de

necessidades especiais (PNE) não pode ser visto e tratado como alguém impossibilitado de se desenvolver fisicamente, intelectualmente, socialmente e sexualmente.

3.4.3 Integração e inclusão na escola: análise das possibilidades de efetivação

De acordo com Sanchez (2004), os termos inclusão

e integração estão sendo adotados no cenário internacional para fazer frente ao modelo de implantação integradora sendo:

O termo inclusão está sendo adotado no contexto internacional (Estados Unidos, Canadá, Reino Unido) com a intenção de se dar um passo à frente ao que se supôs fosse à implantação integradora até hoje. As razões que justificam esta mudança seriam: O conceito de inclusão comunica mais claramente e com maior exatidão que todas as crianças necessitam estar incluídas na vida educacional e social das escolas da vizinhança, e na sociedade em geral, não unicamente dentro da escola comum. O termo integração está sendo abandonado, já que implica que a meta é integrar na vida escolar e

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comunitária alguém ou algum grupo que esteja sendo certamente excluído. O objetivo básico da inclusão é não deixar ninguém fora da escola comum, tanto educativa, física como socialmente. A atenção nas escolas inclusivas centraliza-se em como construir um sistema que inclua ou esteja estruturado para fazer frente às necessidades de cada um dos alunos. Não se aceita que as escolas e classes tradicionais, que estão estruturadas para satisfazer as necessidades dos chamados "normais" ou a maioria, sejam apropriadas, e que qualquer estudante deva encaixar-se no que foi elaborado para a maioria. De forma contrária, a integração destes alunos carrega implícita que realmente estejam incluídos e participem da vida da escola. Daí surge à responsabilidade da equipe docente da escola, já que é preciso acomodar a escola às necessidades de todos e de cada um dos alunos. Desse modo existe uma mudança no que se refere à decisão de ajudar todo aluno com deficiências. O interesse centraliza-se, atualmente, no apoio às necessidades de cada membro da escola. (SANCHEZ, 2004, p. 48)

Para Sanchez (2004) há uma diferença marcante

nestes dois termos; sendo que o conceito de inclusão busca trabalhar com o deficiente dentro de todos os aspectos de sua socialização (escola, família, sociedade entre outros). Em contrapartida, o termo integração busca trabalhar com algum indivíduo ou grupo que esteja excluído do âmbito escolar ou social.

Dessa forma, a escola se torna o palco deste dilema, pois, devemos incluir os alunos portadores de necessidades especiais e desenvolver sua sociabilização mesmo que ela não esteja prepara para isso:

As escolas inclusivas enfatizam dessa forma o sentido da comunidade, para que nas aulas e na escola todos tenham a sensação de pertencer a ela, sintam-se aceitos, apóiem e sejam apoiados por seus iguais e

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outros membros da comunidade escolar, ao mesmo tempo em que suas necessidades educacionais são satisfeitas. Nas comunidades inclusivas, os talentos de cada um, incluindo aqueles que têm deficiências profundas, superdotação, ou apresentam comportamentos inadequados, são reconhecidos, estimulados e utilizados ao máximo. Cada pessoa é um membro importante e valioso com responsabilidades e com um papel a desempenhar de apoio aos demais, o que ajuda a fomentar a auto-estima, o orgulho nos sucessos, o respeito mútuo e um sentimento de pertencimento e de valor entre os membros da comunidade. Isto não poderia ocorrer se alguns estudantes sempre receberam, mas nunca deram apoio. (SANCHEZ, 2004, p. 52)

Todavia, a educação inclusiva considera que é na

escola que os laços de sociabilização são confirmados, através da participação dos alunos, pais, comunidades e educadores cria-se uma relação de pertencimento com a escola e consequentemente diminui os riscos de abandono, depredação e outros. Isso é o que Sanchez (2004) denomina de “sentido de comunidade:

Para que seja restabelecido um sentido de comunidade, os educadores e os líderes comunitários, em algumas escolas grandes e impessoais nos Estados Unidos e em outros países, nos quais os problemas indicados são encontrados com freqüência, começaram a dividir suas escolas em unidades menores, com o seu próprio diretor, seu professorado, seus alunos e sua própria identidade. A idéia é organizar escolas menores, nas quais os professores e alunos tenham mais possibilidades de interagir. Também existe o interesse de que estas escolas cheguem a se tornar centros das atividades comunitárias, de que participem pais e membros da comunidade. A fim de formar laços e amizades, e criar instituições mais personalizadas e sensíveis, as

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pessoas precisam destas oportunidades de se comunicar entre si a nível pessoal. Outra peculiaridade das escolas inclusivas é que os alunos, classificados tradicionalmente com deficiências graves e profundas, são incluídos nas aulas comuns através da utilização de "círculos de amigos" e outros enfoques centrados em "conectar" estudantes e professores através de amizades e relacionamentos. Estes esforços têm como finalidade que toda a escola desenvolva um melhor sentido de comunidade. (SANCHEZ, 2004, p. 63)

Assim, constatamos que as escolas inclusivas não

incluem somente o deficiente, buscam trazer para si a família e a comunidade elementos básicos para a sociabilização do deficiente. Diante disso, Sanchez (2004) menciona as vantagens do movimento das escolas pró inclusivas:

O movimento pró escolas inclusivas pode ter várias vantagens sobre os enfoques tradicionais que procuram ajudar os alunos com deficiências ou em desvantagem para que "se encaixem na escola comum". Uma vantagem é que todos se beneficiam em que as escolas inclusivas se centralizem em desenvolver escolas comunitárias de apoio e cuidados para todos os estudantes, mais do que em selecionar categorias de estudantes. Alguns pais e educadores têm achado difícil motivar o pessoal escolar e os membros da comunidade para reestruturarem as escolas de forma que beneficiem a um estudante ou uma categoria escolhida de estudantes. Centralizar-se no desenvolvimento de escolas comunitárias inclusivas evita este problema, quando se dá a cada um uma razão para participar. Todas as crianças se beneficiam quando em sua própria escola, e nas escolas da vizinhança, se desenvolve um sentido de comunidade, em outras palavras, quando a educação é sensível e responde às diferenças individuais de cada membro da escola.

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Uma segunda vantagem é que todos os recursos e esforços do pessoal escolar podem ser usados para assessorar necessidades instrutivas, adaptar a instrução e proporcionar apoio aos alunos. No modelo de integração as crianças com deficiências passavam muito tempo fora da aula recebendo apoio. Nas escolas inclusivas nenhum aluno sai da aula para receber apoio, em vez disso o apoio é recebido na sala de aula, o que exige que os recursos estejam nela e os professores-apoio realizem uma tarefa importante de coordenação com o professor tutor. (SANCHEZ, 2004, p. 65)

Enfim, demonstrou Sanchez (2004), a escola

inclusiva apresenta benefícios para toda comunidade proporcionando a interdependência, respeito mútuo, responsabilidade, sociabilização entre outros. 3.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho procurei apresentar para pais,

professores, comunidade e deficientes o que está sendo produzido a respeito desta temática, com vistas a despertar uma consciência crítica e autônoma. Ao discutirmos essa temática, nos aprofundamos em um mundo totalmente novo e desconhecido onde o sistema de ensino é colocado a prova todo momento. Pois, a educação inclusiva ainda necessita de bases sólidas para se desenvolver.

Dentro dessa perspectiva toda proposta de Educação Inclusiva (EI) pode ser encarada, antes de tudo, como uma proposta transformadora e necessária a uma educação voltada para todos, de forma que qualquer educando, independentemente de ser ou não portador de necessidades especiais, tenha condição de se sociabilizar, num ambiente livre de preconceitos que estimule suas potencialidades e a formação de uma consciência crítica.

Assim, uma escola só pode ser considerada inclusiva, quando não apenas deixa de promover a

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exclusão, mas incentiva a reestruturação das bases ideológicas e práticas que sustentam o atual sistema de ensino em favor da inclusão. A escola inclusiva não faz distinção entre seres humanos, não seleciona ou diferencia em termos de valores perfeitos e não perfeitos, normais e anormais; mas ao contrário busca repensar o que seja perfeição e normalidade, processo de inclusão e integração e normalização.

Neste contexto, as pessoas com necessidades especiais devem iniciar suas atividades escolares desde cedo, uma vez que, em alguns casos, os professores são os responsáveis por detectar as deficiências nos alunos. Quanto mais rápido a criança for incluída, mais rápido será o seu desenvolvimento e sua sociabilização.

A ideia é que, se crianças normais conviverem com as deficientes desde cedo, aprenderão a respeitar as suas peculiaridades e descobrirão que elas não só têm talentos como qualquer outra pessoa, mas até habilidades muito especiais que compensam sua deficiência. Isso ocorreria numa fase em que os preconceitos, se existirem, ainda não estão enraizados e, assim, podem ser trabalhados pela escola e pelas famílias dos alunos.

Contudo, não se trata apenas de matricular estas crianças numa escola comum e forçar sua adaptação, é necessário um conjunto de valores que vão desde a sua inserção no ambiente escolar à colaboração da família que tem um papel fundamental para o seu processo de desenvolvimento.

Enfim, no decorrer deste trabalho avaliamos que o mais importante quando se trabalha com educação especial e inclusão é aceitar esta criança como normal. O preconceito é a chave para o fracasso que qualquer processo de integração desta no ambiente social, sendo que a família e escola são os instrumentos mais importantes para que este processo possa ser atingindo com sucesso e perpetuado para futuras gerações.

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O ORGANIZADOR:

Ronaldo de Oliveira, 34 anos, licenciado em Filosofia pela PUC-PR (2009) e em Pedagogia pela Faculdade Associada Brasil – FAB – São Paulo (2016), especializado em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro (2013). Desde 2010 é docente de Filosofia na Rede Pública Estadual do Paraná.

Casado, reside em Jardim Olinda, Estado do Paraná. Tem interesse por vários temas, em especial pela Ética Filosófica e felicidade humana. Acredita que a formação ética e moral do indivíduo é fundamental para a construção de uma sociedade justa, equilibrada, criativa, sadia, feliz, pois, como afirma Heráclito (567-450 a. C.) – filósofo pré-socrático, “o caráter de um homem é o seu destino”. É autor das obras “Felicidade: O Sentido Último da Vida Humana em Epicuro (341-270 a.C.)” e “A Bondade: Provocações para o crescimento moral e espiritual”, ambas publicadas pela Editora Vivens no ano de 2009 e 2014 respectivamente. Link para o Lattes: http://lattes.cnpq.br/5523358511896263

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Conhecimento e linguagem... 125

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