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2º SIMULADO MODELO ENEM - 2017 1ª SÉRIE Ciências Humanas e suas Tecnologias DIA Exame Nacional do Ensino Médio Linguagens, Códigos e suas Tecnologias 90 Questões Duração: 5h Dia: 03/07 – segunda-feira Nome completo: Turma: Unidade:

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2º SIMULADO MODELO ENEM - 20171ª SÉRIE

Ciências Humanas e suas Tecnologias

DIA

Exame Nacional do Ensino Médio

Linguagens, Códigos e suas Tecnologias

90 Questões

Duração: 5h

Dia: 03/07 – segunda-feira

Nome completo:

Turma: Unidade:

CENTRO EDUCACIONAL

ORIENTAÇÕES PARA APLICAÇÃO DO SIMULADO ENEM – 2º TRI

1. A prova terá duração de 5hmin.

2. Só será permitida a saída de alunos a partir de 2 horas de prova. 3. O aluno não poderá sair para beber água ou ir ao banheiro antes de 3 horas de prova. 4. O aluno não poderá levar a prova para casa. Favor colocar o nome na capa da prova. 5. O preenchimento do gabarito deve ser feito com caneta AZUL. NÃO É PERMITIDO O USO DE

CANETAS COM PONTAS POROSAS. 6. O preenchimento incorreto do gabarito implicará na anulação da questão ou de todo o gabarito. 7. Durante a prova, o aluno não poderá manter nada em cima da carteira ou no colo, a não ser lápis,

caneta e borracha. Bolsas, mochilas e outros pertences deverão ficar no tablado, junto ao quadro. Não será permitido empréstimo de material entre alunos.

8. O aluno que portar celular deverá mantê-lo na bolsa e desligado, sob pena de ter a prova recolhida,

caso o mesmo venha a ser usado ou tocar. Caso não tenha bolsa, colocá-lo na base do quadro durante a prova.

9. O fiscal deve conferir o preenchimento do gabarito antes de liberar a saída dos alunos.

10. O gabarito da prova estará disponível no site a partir das 17 horas da quarta-feira, dia 05/07.

11. O prazo máximo para conferir qualquer dúvida sobre o gabarito da prova encerra dia 10/07,

segunda-feira. Isso deve ser feito diretamente com o professor ou com a Pedagoga da Unidade.

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Texto para as próximas 2 questões:

1. Considerada a norma-padrão da língua, a observação correta é que a) no quadrinho, a expressão Por quê? está empregada adequadamente, mas se a frase, com sentido

equivalente, tivesse outra redação − ―Ela se perguntava desesperadamente porque havia feito aquilo‖ − o que está em destaque também estaria empregado com correção.

b) no quadrinho, a expressão Por quê? está empregada adequadamente, como também está na frase ―Não entendo o por quê de tanta discussão‖.

c) a colocação do pronome em Me perdoa...!! é condenada pelas regras gramaticais, sendo considerada aceitável exclusivamente quando se trata de textos humorísticos.

d) o sinal indicativo da crase em Induz à humildade está adequadamente empregado, como o estaria também em ―Induz à esse tipo de virtude encontrado em pessoas despretensiosas‖.

e) a análise da composição do quadrinho evidencia que o verbo ―encher‖ está empregado como transitivo direto e indireto, sendo que o objeto direto é indicado por meio da representação visual.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: [A] na frase indicada, a palavra sublinhada deveria estar separada por se tratar de preposição e pronome relativo

(Ela se perguntava desesperadamente porque havia feito aquilo); [B] na frase ―Não entendo o porquê de tanta discussão‖, o substantivo, cujo significado é equivalente a ―razão‖ ou

―motivo‖, deve ser grafado ―porquê‖; [C] o uso do pronome em início de frase (―Me perdoa‖) é típico na linguagem coloquial, portanto perfeitamente

adequada à fala da personagem; [D] não ocorreria crase no segmento ―a esse tipo‖, pois o substantivo ―tipo‖, por ser do gênero masculino, não

admite artigo definido ―a‖. Assim, é correta apenas [E].

LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS

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2. É correto dizer que o quadrinho acima a) é composto de unidades produzidas pela associação entre imagem e linguagem verbal; o sentido de cada

unidade é determinado pela relação de oposição que o quadro estabelece com aquele que vem imediatamente anterior, contraste que produz o humor.

b) correlaciona os quadrinhos por meio da relação consequente entre as diversas ações das personagens, fato que determina uma única direção possível de leitura, a horizontal, da esquerda para a direita, da primeira para a segunda tira, desta para a terceira.

c) é composto de um bloco e uma sequência, esta construída pela permanência da personagem ―mulher alterada‖, que manifesta, nas diferentes unidades, distintos sentimentos, com exceção da tristeza pelo mal cometido, o que produz o humor.

d) apresenta uma frase exclamativa que introduz imagens, aliadas à linguagem verbal, que aparecem em quadros antecedidos de legendas; estas remetem a um mesmo sujeito, enunciado na frase exclamativa, e esse fator dá unidade ao conjunto.

e) inova o gênero História em Quadrinhos ao delinear os balões de modo a distinguir se seu conteúdo é um pensamento ou uma fala da personagem; ao não se valer de interjeição ou onomatopeia; ao expressar movimento somente pela sequência dos quadros.

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A frase exclamativa ―Ah, que sentimento sublime é o arrependimento!‖ expressa um conceito positivo sobre o arrependimento, o que é desmentido pela reação das figuras femininas apresentadas na sequência de imagens que constituem o quadrinho. Assim, é correta a opção [D], pois, o fato de essas atitudes remeterem ao mesmo conceito inicial confere unidade ao conjunto.

São Paulo gigante, torrão adorado Estou abraçado com meu violão

Feito de pinheiro da mata selvagem Que enfeita a paisagem lá do meu sertão

Tonico e Tinoco, São Paulo Gigante.

3. Nos versos da canção dos paulistas Tonico e Tinoco, o termo ―sertão‖ deve ser compreendido como a) descritivo da paisagem e da vegetação típicas do sertão existente na região Nordeste do país. b) contraposição ao litoral, na concepção dada pelos caiçaras, que identificam o sertão com a presença dos

pinheiros. c) analogia à paisagem predominante no Centro-Oeste brasileiro, tal como foi encontrada pelos bandeirantes no

século XVII. d) metáfora da cidade-metrópole, referindo-se à aridez do concreto e das construções. e) generalização do ambiente rural, independentemente das características de sua vegetação. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O termo ―sertão‖ deve ser compreendido, no contexto, como metáfora do interior do Brasil, em contraponto à cidade-metrópole caracterizada pela aridez do concreto e das construções. Ao mencionar o material de que é feito o violão, o poeta não alude à vegetação típica do sertão, mas sim à simplicidade do povo do interior que usa os recursos de que dispõe para desenvolver uma cultura popular representativa do meio a que pertence (―meu violão / Feito de pinheiro da mata selvagem / Que enfeita a paisagem lá do meu sertão‖). Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional.

SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.

4. Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na

memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da

a) manipulação e incompetência. b) ignorância e solidariedade. c) hesitação e obstinação. d) esperança e valentia. e) bravura e loucura.

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GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto I, excerto da terceira parte da obra ―Os sertões‖, de Euclides da Cunha, descreve a luta dos sertanejos que, destemidamente enfrentam a morte, não se rendem e são exterminados de forma sumária. O texto II, de Henrique Macedo Soares, militar na última expedição contra Canudos, descreve o grupo como um bando de fanáticos liderado pelo peregrino Antônio Conselheiro, acreditando que ele poderia libertá-los da situação de extrema pobreza ou garantir-lhes a salvação eterna na outra vida. Assim, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da bravura e loucura, como se afirma em [E].

5. O cartaz aborda a questão do aquecimento global. A relação entre os recursos verbais e não verbais nessa propaganda revela que

a) o discurso ambientalista propõe formas radicais de resolver os problemas climáticos. b) a preservação da vida na Terra depende de ações de dessalinização da água marinha. c) a acomodação da topografia terrestre desencadeia o natural degelo das calotas polares. d) o descongelamento das calotas polares diminui a quantidade de água doce potável do mundo. e) a agressão ao planeta é dependente da posição assumida pelo homem frente aos problemas ambientais. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A publicidade utilizada coloca-nos como vítimas do aquecimento global, à medida que conjuga o verbo derreter. Ao mesmo tempo, porém, com a pergunta finalizadora, coloca-se o ser humano (leitor do cartaz) em uma posição de responsabilidade pelas agressões ao meio ambiente, sendo possível responder ―sim‖ ou ―não‖, o que demonstra que o desenvolvimento dos problemas ambientais é dependente da posição assumida pelos seres humanos. 6.

Grupo escolar

Sonhei com um general de ombros largos que fedia e que no sonho me apontava a poesia enquanto um pássaro pensava suas penas e já sem resistência resistia. O general acordou e eu que sonhava face a face deslizei à dura via vi seus olhos que tremiam, ombros largos, vi seu queixo modelado a esquadria vi que o tempo galopando evaporava (deu para ver qual a sua dinastia) mas em tempo fixei no firmamento esta imagem que rebenta em ponta fria: poesia, esta química perversa, este arco que desvela e me repõe nestes tempos de alquimia.

BRITO, A. C. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). 26 Poetas Hoje: antologia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998.

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O poema de Antônio Carlos Brito está historicamente inserido no período da ditadura militar no Brasil. A forma encontrada pelo eu lírico para expressar poeticamente esse momento demonstra que a) a ênfase na força dos militares não é afetada por aspectos negativos, como o mau cheiro atribuído ao

general. b) a descrição quase geométrica da aparência física do general expõe a rigidez e a racionalidade do governo. c) a constituição de dinastias ao longo da história parece não fazer diferença no presente em que o tempo

evapora. d) a possibilidade de resistir está dada na renovação e transformação proposta pela poesia, química que

desvela e repõe. e) a resistência não seria possível, uma vez que as vítimas, representadas pelos pássaros, pensavam apenas

nas próprias penas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: ―Desvelar‖ é sinônimo de ―expor‖, ―desvendar‖; uma vez que a oposição à ditadura militar não poderia ser explícita, a poesia é um modo do eu lírico resistir, pois, assim como a química, ou como a alquimia, permite transformar elementos. 7. Um patrimônio cultural é uma referência para um grupo de pessoas.

No Brasil, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão do Ministério da Cultura, é um dos organismos que identificam esses referenciais – que podem ser materiais ou não – e também os divulgam, por meio de ações que possibilitam o reconhecimento e a preservação de tais referenciais. No ano de 2010, o IPHAN registrou como patrimônio imaterial o sistema de agricultura do Alto Rio Negro, na região amazônica, reconhecendo assim os saberes de mais de vinte povos indígenas sobre as formas apropriadas de cultivo e manejo florestal. A difusão desses conhecimentos é fundamental para que a sociedade brasileira possa aprender a desenvolver atividades agrícolas menos danosas ao meio ambiente.

De acordo com o texto, é correto afirmar que a) o sistema agrícola do Alto Rio Negro permitiu a conservação de áreas de mata nativa da caatinga brasileira,

constantemente ameaçadas por inundações. b) o registro desses conhecimentos indígenas como patrimônio e a sua divulgação possibilitam o aprendizado e

a prática de técnicas agrícolas sustentáveis. c) as tecnologias de agricultura sustentável de exportação foram implantadas a partir dos conhecimentos

desses povos indígenas do Centro-Sul do Brasil. d) os conhecimentos agrícolas dos povos indígenas do Maranhão, registrados há décadas pelo IPHAN,

permitiram conter o desmatamento da floresta amazônica. e) o IPHAN reconheceu como danosas à natureza as práticas agrícolas realizadas nas últimas décadas pelos

povos indígenas do Alto Rio Negro, recomendando a adoção de outras. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No penúltimo parágrafo, afirma-se que foi reconhecido o sistema de agricultura dos indígenas como patrimônio imaterial. Assim, o conhecimento dos indígenas passa a fazer parte do patrimônio, sendo divulgado e permitindo que as outras pessoas aprendam suas práticas, que são sustentáveis e menos danosas ao meio ambiente, como se afirma no último parágrafo.

As mudanças climáticas estão ocorrendo no planeta e várias evidências demonstram seus efeitos, tais como: a extinção de várias espécies; a diminuição da disponibilidade de recursos naturais; a falta de água; os aumentos de temperatura; a desertificação em algumas regiões, contrastando com as enchentes em outras. Estudos sugerem que as mudanças climáticas devem ser analisadas levando em conta a globalização e as mudanças ambientais (degradação dos ecossistemas, redução da biodiversidade e acúmulo de substâncias tóxicas no meio ambiente), uma vez que esses fatores interagem de modo complexo. A adaptação às mudanças climáticas globais e seus impactos, assim como a diminuição de seus efeitos, não é tarefa apenas dos governantes. Alguns cientistas acreditam que, para diminuir os impactos causados pelas mudanças climáticas, a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa deveria ser reduzida pela metade até 2050, e totalmente eliminada até o final do século XXI. Uma meta ousada, que deve contar com a colaboração da população. Algumas iniciativas importantes são: reduzir o consumo de energia, aumentando a eficiência energética, com a introdução de várias fontes renováveis de energia limpa (como a solar e a eólica); utilizar o transporte público e bicicletas; separar o lixo para reciclagem; conservar e recuperar os ecossistemas.

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8. A partir das informações do texto, é correto afirmar que a) a diminuição das emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa e conservação e recuperação dos

ecossistemas são medidas importantes para diminuir os impactos causados pelas mudanças climáticas. b) o processo de globalização não contribui para o agravamento das mudanças climáticas, pois é um movimento

exclusivamente político e não altera os ecossistemas. c) as mudanças climáticas não ocorrem em regiões onde há desertificação, pois o clima, apesar de seco,

também é sujeito a várias enchentes ao longo do ano. d) os estudos relacionados com as mudanças climáticas devem ser específicos e de responsabilidade exclusiva

do governo. e) a biodiversidade e a conservação do meio ambiente não são afetadas pelas mudanças climáticas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No último parágrafo, o autor apresenta medidas importantes para que consigamos diminuir os impactos causados pelas mudanças climáticas. Algumas delas são a redução da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa e a conservação e recuperação dos ecossistemas, como afirmado em [A]. Relacionada às duas questões a seguir, segue a crônica ―Anúncio de João Alves‖, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), publicada originalmente em 1954.

1Figura o anúncio em um jornal que o amigo me mandou, e está assim redigido:

À procura de uma besta. – A partir de 6 de outubro do ano cadente, sumiu-me uma besta vermelho-escura com os seguintes característicos: calçada e ferrada de todos os membros locomotores, um pequeno quisto na base da orelha direita e crina dividida em duas seções em consequência de um golpe, cuja extensão pode alcançar de quatro a seis centímetros, produzido por jumento.

Essa besta, muito domiciliada nas cercanias deste comércio, é muito mansa e boa de sela, e tudo me induz ao cálculo de que foi roubada, assim que hão sido falhas todas as indagações.

Quem, pois, apreendê-la em qualquer parte e a fizer entregue aqui ou pelo menos notícia exata ministrar, será razoavelmente remunerado. Itambé do Mato Dentro, 19 de novembro de 1899. (a) João Alves Júnior.

2Cinquenta e cinco anos depois, prezado João Alves Júnior, tua besta vermelho-escura, mesmo que tenha

aparecido, já é pó no pó. E tu mesmo, se não estou enganado, repousas suavemente no pequeno cemitério de Itambé. Mas teu anúncio continua um modelo no gênero, se não para ser imitado, ao menos como objeto de admiração literária.

3Reparo antes de tudo na limpeza de tua linguagem.

4Não escreveste apressada e toscamente, como seria

de esperar de tua condição rural. Pressa, não a tiveste, pois o animal desapareceu a 6 de outubro, e só a 19 de novembro recorreste à Cidade de Itabira. Antes, procedeste a indagações. Falharam.

5Formulaste depois um

raciocínio: houve roubo. Só então pegaste da pena, e traçaste um belo e nítido retrato da besta. 6Não disseste que todos os seus cascos estavam ferrados; preferiste dizê-lo ―de todos os seus membros

locomotores‖. Nem esqueceste esse pequeno quisto na orelha e essa divisão da crina em duas seções, que teu zelo naturalista e histórico atribuiu com segurança a um jumento.

Por ser ―muito domiciliada nas cercanias deste comércio‖, isto é, do povoado e sua feirinha semanal, inferiste que não teria fugido, mas antes foi roubada.

7Contudo, não o afirmas em tom peremptório: ―tudo me induz

a esse cálculo‖. Revelas aí a prudência mineira, que não avança (ou não avançava) aquilo que não seja a evidência mesma. É cálculo, raciocínio, operação mental e desapaixonada como qualquer outra, e não denúncia formal.

Finalmente – deixando de lado outras excelências de tua prosa útil – a declaração final: quem a apreender ou pelo menos ―notícia exata ministrar‖, será ―razoavelmente remunerado‖. Não prometes recompensa tentadora; não fazes praça de generosidade ou largueza; acenas com o razoável, com a justa medida das coisas, que deve prevalecer mesmo no caso de bestas perdidas e entregues.

8Já é muito tarde para sairmos à procura de tua besta, meu caro João Alves do Itambé; entretanto essa

criação volta a existir, porque soubeste descrevê-la com decoro e propriedade, num dia remoto, e o jornal a guardou e alguém hoje a descobre, e muitos outros são informados da ocorrência. Se lesses os anúncios de objetos e animais perdidos, na imprensa de hoje, ficarias triste.

9Já não há essa precisão de termos e essa graça

no dizer, nem essa moderação nem essa atitude crítica. Não há, sobretudo, esse amor à tarefa bem-feita, que se pode manifestar até mesmo num anúncio de besta sumida.

(Fala, amendoeira, 2012.)

9. Com base no último parágrafo, a principal qualidade atribuída pelo cronista a João Alves é a) a prudência. b) o discernimento. c) a concisão. d) o humor. e) a dedicação.

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GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O principal elogio do cronista ao autor do anúncio no último parágrafo é em relação à dedicação com que este empregou a linguagem no texto, com o uso de termos precisos em sua descrição, como é apontado pela alternativa [E]. 10. O humor presente na crônica decorre, entre outros fatores, do fato de o cronista a) debruçar-se sobre um antigo anúncio de besta desaparecida. b) esforçar-se por ocultar a condição rural do autor do anúncio. c) duvidar de que o autor do anúncio seja mesmo João Alves. d) empregar o termo ―besta‖ em sentido também metafórico. e) acreditar na possibilidade de se recuperar a besta de João Alves. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O humor provém dos elogios às qualidades literárias de um texto banal escrito havia mais de cinquenta anos por um homem do meio rural. A comicidade ocorre principalmente por se dar tanta atenção a um assunto aparentemente indigno, isto é, a tentativa de se recuperar uma besta. O cronista, assim, usa um anúncio antigo para tecer críticas à linguagem corrente em sua própria época.

11. Inspiradas na poesia provençal, as cantigas trovadorescas são consideradas as primeiras manifestações

literárias portuguesas. O movimento literário em que elas surgiram ficou conhecido como Trovadorismo. Sobre o Trovadorismo, afirma-se corretamente que

a) as cantigas trovadorescas foram transmitidas apenas em cópias e recolhidas somente em duas importantes antologias, denominadas Cancioneiros, únicos documentos que restam para o conhecimento do Trovadorismo: Cancioneiro da Ajuda e Cancioneiro da Biblioteca Nacional.

b) o Trovadorismo foi um movimento artístico literário que predominou no século XVII, na Europa. Esse estilo surgiu em Roma, na Itália, se expandiu por outros países da Europa, como Portugal, logo após seu surgimento, mas foi na Espanha que ele se tornou vigoroso.

c) em Portugal, as cantigas trovadorescas são classificadas em cantigas líricas (cantigas de amor e cantigas de amigo) e cantigas satíricas (cantigas de escárnio e cantigas de maldizer).

d) no Trovadorismo, o pensamento religioso, espiritualista, predominante na época, numa visão teocentrista (em que Deus, do grego Teos, está no centro das preocupações humanas), dá lugar a uma visão antropocentrista (em que o homem, do grego anthropos, está no centro das realizações do universo humano).

e) as características formais e temáticas das cantigas de amigo eram influência das cantigas provençais, originárias do sul da França; eu lírico masculino que evoca a mulher amada usando a forma de tratamento ―Minha senhora‖ (―Mia senhor‖, ―Mia dona‖); exaltação das virtudes da beleza da amada inatingível; e predomínio do sentimento amoroso.

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Trovadorismo foi um movimento literário da Idade Média, tendo sido o primeiro movimento literário da literatura portuguesa. Em Portugal, ele foi expresso, sobretudo, na criação de cantigas líricas e satíricas. As primeiras eram divididas entre cantiga de amor e de amigo, já as segundas, entre cantigas de escárnio e maldizer. 12. Os autores desse movimento pregavam a simplicidade, quer nos temas de suas composições, quer como

sistema de vida: aplaudindo os que, na Antiguidade e na Renascença, fugiam ao burburinho citadino para se isolar nas vilas, pregavam a ―áurea mediocridade‖, a dourada mediania existencial, transcorrida sem sobressaltos, sem paixões ou desejos. Regressar à Natureza, fundir-se nela, contemplar-lhe a quietude permanente, buscar as verdades que lhe são imanentes – em suma, perseguir a naturalidade como filosofia de vida.

(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.) O comentário do crítico Massaud Moisés refere-se ao seguinte movimento literário: a) Arcadismo. b) Simbolismo. c) Romantismo. d) Barroco. e) Naturalismo. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Derivado de uma referência a uma região da Grécia antiga (Arcádia), presente no imaginário mitológico, o Arcadismo propõe um retorno ao ideal clássico, bem como à simplicidade da vida no campo, em meio à natureza, longe das cidades.

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13. A temática do Arcadismo presente nos versos abaixo é o

―Se o bem desta choupana pode tanto, Que chega a ter mais preço, e mais valia,

Que da Cidade o lisonjeiro encanto‖ a) ―carpe diem‖. b) paganismo. c) ―fugere urbem‖. d) fingimento poético. e) louvor histórico. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Nos versos de Cláudio Manoel da Costa, nota-se a valorização da vida rural, simbolizada pela ―choupana,‖ em detrimento da vida urbana (―Que da Cidade o lisonjeiro encanto‖). Essa era uma temática típica dos poetas árcades: ―fugere urbem‖, que significa abandonar a cidade. 14.

Podemos associar corretamente essa pintura ao a) Trovadorismo, pois os artistas compunham e cantavam para os integrantes da Corte cantigas sobre as

façanhas dos cavaleiros medievais. b) Trovadorismo, pois as cantigas líricas e satíricas, escritas em versos, eram cantadas pelos artistas ao som de

instrumentos de corda. c) Humanismo, visto que as personagens do teatro de Gil Vicente, como os trovadores e os jograis, eram em

sua maioria nobres e constituíam a elite da época. d) Classicismo, pois os temas presentes nas cantigas líricas e satíricas vêm das narrativas da mitologia greco-

latina. e) Classicismo, visto que Camões inspirou-se, para escrever Os Lusíadas, nas cantigas trovadorescas que

narravam as aventuras dos navegantes portugueses. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: [A] Apesar de muitas retratarem as Cruzadas, as cantigas têm temáticas mais variadas e complexas que variam do amor à ironia. [B] Correta. As cantigas eram assim chamadas por serem cantadas e acompanhadas ao som de alaúdes. [C] A pintura mostra um cantador, não um ator do teatro de Gil Vicente. [D] Os temas presentes nas cantigas refletiam os costumes e a forma de amar da Europa medieval e cristã. [E] Camões não se inspirou nas cantigas trovadorescas para escrever os Lusíadas, mas sim nos épicos greco romanos.

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15.

Com’ousará parecer ante mi o meu amigo, ai amiga, por Deus,

e com’ousará catar estes meus olhos se o Deus trouxer per aqui,

pois tam muit’há que nom veo veer mi e meus olhos e meu parecer?

(Com’ousará parecer ante mi, de Dom Dinis. Fonte: http://pt.wikisource.org/wiki/Com%27ousar%C3%A1_parecer_ante_mi. Acesso em: 05.12.2012.)

per = por tam = tão nom = não veer = ver mi = mim, me parecer = semblante

Sobre o fragmento anterior, pode-se afirmar que pertence a uma cantiga de a) amor, pois o eu lírico masculino declara a uma amiga o sentimento de amor que tem por ela. b) amigo, pois o eu lírico feminino expressa a uma amiga a falta de seu amigo por quem sente amor. c) amor, pois o eu lírico é feminino e acha que seu amor não deve voltar para os seus braços. d) amigo, pois o eu lírico masculino entende que só Deus pode trazer de volta sua amiga a quem não vê há

muito tempo. e) amor, pois o eu lírico feminino não consegue enxergar o amor que sente por seu amigo. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: De origem popular, a cantiga de amigo da poesia trovadoresca caracteriza-se pela presença de um eu lírico feminino que expressa o sofrimento por amor (coita). Assim, é correta a opção [B], pois o fragmento transcreve liricamente o lamento de uma moça a uma amiga, queixando-se do ―amigo‖ que tarda em vir ao seu encontro: ―pois tam muit‘há que nom veo veer / mi e meus olhos e meu parecer?‖. Texto para a próxima questão:

Lira XV

Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro, Fui honrado Pastor da tua aldeia; Vestia finas lãs, e tinha sempre A minha choça do preciso cheia. Tiraram-me o casal, e o manso gado, Nem tenho, a que me encoste, um só cajado. Para ter que te dar, é que eu queria De mor rebanho ainda ser o dono; Prezava o teu semblante, os teus cabelos Ainda muito mais que um grande Trono. Agora que te oferte já não vejo Além de um puro amor, de um são desejo. Se o rio levantado me causava, Levando a sementeira, prejuízo, Eu alegre ficava apenas via Na tua breve boca um ar de riso. Tudo agora perdi; nem tenho o gosto De ver-te aos menos compassivo o rosto. Propunha-me dormir no teu regaço As quentes horas da comprida sesta, Escrever teus louvores nos olmeiros, Toucar-te de papoulas na floresta. Julgou o justo Céu, que não convinha Que a tanto grau subisse a glória minha. Ah! minha Bela, se a Fortuna volta, Se o bem, que já perdi, alcanço, e provo; Por essas brancas mãos, por essas faces Te juro renascer um homem novo; Romper a nuvem, que os meus olhos cerra, Amar no Céu a Jove, e a ti na terra.

Fiadas comprarei as ovelhinhas, Que pagarei dos poucos do meu ganho; E dentro em pouco tempo nos veremos Senhores outra vez de um bom rebanho. Para o contágio lhe não dar, sobeja Que as afague Marília, ou só que as veja. Senão tivermos lãs, e peles finas, Podem mui bem cobrir as carnes nossas As peles dos cordeiros mal curtidas, E os panos feitos com as lãs mais grossas. Mas ao menos será o teu vestido Por mãos de amor, por minhas mão cosido. Nós iremos pescar na quente sesta Com canas, e com cestos os peixinhos: Nós iremos caçar nas manhãs frias Com a vara envisgada os passarinhos. Para nos divertir faremos quanto Reputa o varão sábio, honesto e santo. Nas noites de serão nos sentaremos C'os filhos, se os tivermos, à fogueira; Entre as falsas histórias, que contares, Lhes contarás a minha verdadeira. Pasmados te ouvirão; eu entretanto Ainda o rosto banharei de pranto. Quando passarmos juntos pela rua, Nos mostrarão c'o dedo os mais Pastores; Dizendo uns para os outros: "Olha os nosso "Exemplos da desgraça, e sãos amores". Contentes viveremos desta sorte, Até que chegue a um dos dois a morte.

GONZAGA, Tomaz Antonio. Marília de Dirceu. Disponível em <http://www.bibvirt.futuro.usp.br>. Acesso em: 25.out.2012.

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16. A Lira XV apresenta a) influência barroca. b) convenção pastoral. c) linguagem rebuscada. d) versos brancos e livres. e) crítica social. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A obra de Tomás Antônio Gonzaga está inserida no período literário do Arcadismo, cuja estética repudiava os excessos do Barroco para restabelecer a simplicidade e o equilíbrio da poesia clássica. Nas estrofes da Lira XV, constituídas por versos decassílabos com esquema rimático regular (abcbdd), o eu lírico assume a identidade de um pastor que lamenta a perda de seus bens (―Fui honrado Pastor da tua aldeia‖, ―Tiraram-me o casal, e o manso gado, / Nem tenho, a que me encoste, um só cajado‖, ‖eu queria / De mor rebanho ainda ser o dono‖). No entanto, alimenta a esperança de que tudo lhe será devolvido para poder usufruir dos prazeres de uma vida simples ao lado da sua amada (―Fiadas comprarei as ovelhinhas‖ / ‖Nós iremos pescar na quente sesta / Com canas, e com cestos os peixinhos‖). Assim, a Lira XV apresenta convenção pastoral, como se afirma em [B]. Texto para a próxima questão:

Cantiga de Amor Afonso Fernandes

Senhora minha, desde que vos vi, lutei para ocultar esta paixão que me tomou inteiro o coração; mas não o posso mais e decidi que saibam todos o meu grande amor, a tristeza que tenho, a imensa dor que sofro desde o dia em que vos vi. Já que assim é, eu venho-vos rogar que queirais pelo menos consentir que passe a minha vida a vos servir (...)

(www.caestamosnos.org/efemerides/118. Adaptado)

17. Uma característica desse fragmento, também presente em outras cantigas de amor do Trovadorismo, é a) a certeza de concretização da relação amorosa. b) a situação de sofrimento do eu lírico. c) a coita de amor sentida pela senhora amada. d) a situação de felicidade expressa pelo eu lírico. e) o bem-sucedido intercâmbio amoroso entre pessoas de camadas distintas da sociedade. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As cantigas de amor caracterizam-se pela presença do eu lírico masculino que expressa à mulher amada o sofrimento provocado pela inviabilidade da concretização amorosa.

―Eu, Marília, não sou algum vaqueiro, Que viva de guardar alheio gado; De tosco trato, de expressões grosseiro, Dos frios gelo e dos sóis queimado. Tenho próprio casal e nele assisto; Dá-me vinho, legume, fruta, azeite; Das brancas ovelhinhas tiro o leite, E mais as finas lãs de que me visto. Graças, Marília bela, Graças à minha estrela!

(fredb.sites.uol.com.br/lusdecam.htm, adaptado)

18. A análise do trecho permite afirmar que o eu lírico a) valoriza os trajes ricos da cidade. b) despreza a vida humilde. c) manifesta preocupação religiosa. d) valoriza os benefícios de sua vida no campo. e) apresenta a vida na cidade como mais desejável do que a vida no campo.

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GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O eu lírico dirige-se à mulher objeto da sua afeição e enumera-lhe as razões pelas quais se considera uma pessoa de sorte: ter boa aparência e ser dono de uma propriedade rural que lhe dá boas rendas. Assim, depreende-se que o eu lírico valoriza os benefícios da vida no campo, como se afirma em [D]. Poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810):

18 Não vês aquele velho respeitável,

que à muleta encostado, apenas mal se move e mal se arrasta?

Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, o tempo arrebatado,

que o mesmo bronze gasta!

Enrugaram-se as faces e perderam seus olhos a viveza:

voltou-se o seu cabelo em branca neve; já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo,

nem tem uma beleza das belezas que teve.

Assim também serei, minha Marília,

daqui a poucos anos, que o ímpio tempo para todos corre. Os dentes cairão e os meus cabelos.

Ah! sentirei os danos, que evita só quem morre.

Mas sempre passarei uma velhice

muito menos penosa. Não trarei a muleta carregada, descansarei o já vergado corpo

na tua mão piedosa, na tua mão nevada.

As frias tardes, em que negra nuvem os chuveiros não lance,

irei contigo ao prado florescente: aqui me buscarás um sítio ameno,

onde os membros descanse, e ao brando sol me aquente.

Apenas me sentar, então, movendo

os olhos por aquela vistosa parte, que ficar fronteira, apontando direi: — Ali falamos,

ali, ó minha bela, te vi a vez primeira.

Verterão os meus olhos duas fontes,

nascidas de alegria; farão teus olhos ternos outro tanto;

então darei, Marília, frios beijos na mão formosa e pia,

que me limpar o pranto.

Assim irá, Marília, docemente meu corpo suportando

do tempo desumano a dura guerra. Contente morrerei, por ser Marília

quem, sentida, chorando meus baços olhos cerra.

(Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1982.)

19. No conteúdo da quinta estrofe do poema, encontramos uma das características mais marcantes

do Arcadismo: a) paisagem bucólica. b) pessimismo irônico. c) conflito dos elementos naturais. d) filosofia moral. e) desencanto com o amor. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Expressões como ―prado florescente‖, ―sítio ameno‖ e ―brando sol‖ reproduzem o cenário idílico característico da poesia árcade. Inspirados na frase fugere urbem (fugir da cidade), do escritor latino Horácio, os autores árcades voltavam-se para a natureza em busca de uma vida simples, bucólica, pastoril, do locus amoenus (refúgio ameno).

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Lira 83

Que diversas que são, Marília, as horas, que passo na masmorra imunda e feia, dessas horas felizes, já passadas na tua pátria aldeia! Então eu me ajuntava com Glauceste; e à sombra de alto cedro na campina eu versos te compunha, e ele os compunha à sua cara Eulina. Cada qual o seu canto aos astros leva; de exceder um ao outro qualquer trata; o eco agora diz: Marília terna; e logo: Eulina ingrata. Deixam os mesmos sátiros as grutas: um para nós ligeiro move os passos, ouve-nos de mais perto, e faz a flauta cos pés em mil pedaços. — Dirceu — clama um pastor — ah! bem merece da cândida Marília a formosura. E aonde — clama o outro — quer Eulina achar maior ventura?

Nenhum pastor cuidava do rebanho, enquanto em nós durava esta porfia; e ela, ó minha amada, só findava depois de acabar-se o dia. À noite te escrevia na cabana os versos, que de tarde havia feito; mal tos dava e os lia, os guardavas no casto e branco peito. Beijando os dedos dessa mão formosa, banhados com as lágrimas do gosto, jurava não cantar mais outras graças que as graças do teu rosto. Ainda não quebrei o juramento; eu agora, Marília, não as canto; mas inda vale mais que os doces versos a voz do triste pranto.

(GONZAGA, T. A. Marília de Dirceu & Cartas Chilenas. São Paulo: Ática, 1997. p. 126-127.)

20. São as características do Arcadismo brasileiro presentes no poema de Tomás Antônio Gonzaga: a) A presença do ambiente rústico; a transmissão da palavra poética ao autor; a celebração da vida familiar; a

engenhosa elaboração pictórica do poema de maneira a dominarem as figuras de linguagem. b) A presença do ambiente nacional; a supressão da palavra poética; a celebração da vida familiar; a construção

pictórica do poema de maneira a dominarem as figuras de linguagem. c) A presença do ambiente urbano; a transmissão da palavra poética ao autor; a celebração da vida rústica; a

elaboração predominantemente hiperbólica do poema. d) A presença de ambiente bucólico; a delegação da palavra poética a um pastor; a celebração da vida simples;

a clareza, a lógica e a simplicidade na construção do poema. e) A presença do ambiente nacional; a delegação da palavra poética a um pastor; a celebração da vida em

sociedade; a construção racional do poema enfatizando o decoro e a discrição. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Tomás Antônio Gonzaga, autor dos mais significativos poemas do arcadismo luso-brasileiro, expressa suas vivências em uma trajetória que abrange o período vivido em Vila Rica, Minas Gerais, e sua reclusão na ilha das Cobras, Rio de Janeiro. A construção do poema em versos redondilhos menores ou em decassílabos quebrados, a linguagem simples, a referência constante a ambientes bucólicos, em que o eu lírico se mimetiza com a figura de um pastor, são típicas do Arcadismo.

A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de algo que existe desde há muito tempo. Modifica-se ao acaso das situações, das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais, mas

reitera-se continuamente, modificada, mas persistente. Esse é o enigma com o qual se defrontam uns e outros, intolerantes e tolerantes, discriminados e

preconceituosos, segregados e arrogantes, subordinados e dominantes, em todo o mundo. Mais do que tudo isso, a questão racial revela, de forma particularmente evidente, nuançada e estridente, como funciona a fábrica da sociedade, compreendendo identidade e alteridade, diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização, dominação e alienação.

Octavio Ianni. Dialética das relações sociais. Estudos avançados, n. 50, 2004.

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21. As palavras do texto cujos prefixos traduzem, respectivamente, ideia de anterioridade e contiguidade (=companhia) são

a) ―persistente‖ e ―alteridade‖. b) ―discriminados‖ e ―hierarquização‖. c) ―preconceituosos‖ e ―cooperação‖. d) ―subordinados‖ e ―diversidade‖. e) ―identidade‖ e ―segregados‖. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Em ―preconceituosos‖, o prefixo ―pre‖ dá à palavra um sentido primeiro, o qual lhe atribui a noção de julgamento ou sentimento concebido sem qualquer exame crítico, ato imediato. E em ―cooperação‖, o prefixo ―co‖ permite ao termo o valor de união, concomitância. 22.

O gás liquefeito para todos os brasileiros. Presente no dia a dia dos brasileiros, o Gás LP é uma fonte versátil de energia que impulsiona o crescimento e o bem-estar de todo o país. Confira as vantagens que o Gás LP traz para empresas, indústrias, agronegócios, restaurantes, comércios e, principalmente, a sua casa: • Presença em 100% dos municípios brasileiros. • Até 70% mais econômico que o gás natural. • Até 25% mais econômico que o chuveiro elétrico. • Energia limpa. • Energia versátil: soluções sob medida. A estratégia argumentativa usada pelo autor da peça publicitária para persuadir o interlocutor é a) a comparação, enfocando outros produtos concorrentes. b) o raciocínio lógico, relacionando as exigências técnicas. c) a prova concreta, expondo a eficiência do produto. d) a indução, elaborando um discurso apelativo. e) o consenso, destacando a unanimidade na aceitação do produto. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A estratégia se encontra no poder de convencimento por meio dos benefícios relatados, a exemplo da economia, versatilidade e preocupação com o meio-ambiente.

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Os magos janeiram dia 6 Os peixes abrilam dia 1 A Virgem setembra dia 8

Os mortos novembram dia 2. (MENDES, Murilo. Convergência. São Paulo, Duas Cidades, 1970.p.183)

23. É correto afirmar que o poeta a) emprega palavras existentes na língua portuguesa do Brasil. b) inventa novas palavras de acordo com possibilidades da língua. c) forma novos verbos a partir de nomes, tornando o poema incompreensível. d) é criativo, mas não conhece o idioma para estabelecer comunicação clara. e) cria arcaísmos a partir dos nomes dos meses do ano. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O poeta Murilo Mendes cria novas palavras a partir dos termos que nomeiam os meses do ano, dessa forma, o autor faz o uso de neologismos desencadeados pelas novas palavras formadas.

Nenhuma época acumulou sobre o ser humano conhecimentos tão numerosos e tão diversos quanto a nossa. Nenhuma época conseguiu apresentar seu saber do ser humano sob uma forma tão pronta e tão facilmente acessível. Mas também nenhuma época soube menos o que é o ser humano.

(Martin Heidegger)

A palavra compreender vem do latim “compreendere”, que quer dizer: colocar junto todos os elementos de

explicação, ou seja, não ter somente um elemento de explicação, mas diversos. Mas a compreensão humana vai além disso, porque, na realidade, ela comporta uma parte de empatia e identificação. O que faz com que se compreenda alguém que chora, por exemplo, não é analisar as lágrimas no microscópio, mas saber o significado da dor, da emoção. Por isso, é preciso compreender a compaixão, que significa sofrer junto. É isso que permite a verdadeira comunicação humana.

(Edgar Morin)

24. Considerando as citações de M. Heidegger e E. Morin, que analisam a etimologia do verbo compreender,

pode-se deduzir que a) à medida que aumenta o conhecimento, cresce a compreensão entre os seres humanos e aumentam as

possibilidades de inclusão social. b) o fácil acesso ao conhecimento oferecido pela era da informação promove a compreensão entre as pessoas. c) conhecimento e compreensão estarão a serviço do bem-estar, quando o homem desenvolver a compaixão

pelo semelhante. d) conhecimento é sinônimo de compreensão, quer dizer, essas palavras significam percepção intelectual dos

fatos e relações entre eles. e) a compreensão do outro depende do conhecimento. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O conhecimento também deve estar ligado à sensibilidade e à compreensão, logo, apenas se ter inúmeros conhecimentos não é garantia para a percepção entre as relações humanas, já que a nossa época, segundo Heidegger, é a que menos sabe sobre o que é ser humano.

FLAGRA

No escurinho do cinema Chupando drops de aniz Longe de qualquer problema Perto de um final feliz

Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck Não vou bancar o santinho Minha garota é Mae West Eu sou o Sheik Valentino

Mas de repente o filme pifou E a turma toda logo vaiou Acenderam as luzes, cruzes!

Que flagra! (3x) (Rita Lee & Roberto de Carvalho)

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25. No 5º verso do texto, os nomes dos célebres atores do cinema norte-americano apresentam um criativo efeito cômico, que é observado por meio do âmbito

a) fonológico. b) semântico. c) sintático. d) morfológico. e) léxico. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O efeito cômico se dá pela semelhança sonora existente entre os sobrenomes dos artistas e os verbos ―querer‖ e ―pecar‖, portanto, a relação é fonológica.

26. Em 29 de setembro de 2008, foi assinado o decreto sobre o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

As novas regras afetam principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Longe de um consenso, muita polêmica tem-se levantado em Macau e nos oito países de língua portuguesa: Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

Comparando as diferentes opiniões sobre a validade de se estabelecer o acordo para fins de unificação, o argumento que, em grande parte, foge a essa discussão é a) ―A Academia (Brasileira de Letras) encara essa aprovação como um marco histórico. Inscreve-se, finalmente,

a Língua Portuguesa no rol daquelas que conseguiram beneficiar-se há mais tempo da unificação de seu sistema de grafar, numa demonstração de consciência da política do idioma e de maturidade na defesa, difusão e ilustração da língua da Lusofonia.‖

SANDRONI, C. Presidente da ABL. Disponível em: http://academia.org.br. Acesso em: 10 nov. 2008.

b) ―Acordo ortográfico? Não, obrigado. Sou contra. Visceralmente contra. Filosoficamente contra. Linguisticamente contra. Eu gosto do ―c‖ do ―actor‖ e o ―p‖ de ―cepticismo‖. Representam um patrimônio, uma pegada etimológica que faz parte de uma identidade cultural. A pluralidade é um valor que deve ser estudado e respeitado. Aceitar essa aberração significa apenas que a irmandade entre Portugal e o Brasil continua a ser a irmandade do atraso.‖

COUTINHO, J. P. Folha de São Paulo, Ilustrada. 28 set. 2008, E1 (adaptado).

c) ―Há um conjunto de necessidades políticas e econômicas com vista à internacionalização do português como identidade e marca econômica. E possível que o (Fernando) Pessoa, como produto de exportação, valha mais do que a PT (Portugal Telecom). Tem um valor econômico único.‖

RIBEIRO, J. A. P. Ministro da Cultura de Portugal. Disponível em: http://ultimahora.publico.clix.pt. Acesso em: 10 nov. 2008.

d) ―É um acto cívico batermo-nos contra o Acordo Ortográfico.‖ ―O acordo não leva a unidade nenhuma.‖ ―Não se pode aplicar na ordem interna um instrumento que não está aceito internacionalmente‖ e nem assegura ―a defesa da língua como património, como prevê a Constituição nos artigos 9° e 68°.‖. MOURA, V. G. Escritor e eurodeputado. Disponível em: www.mundoportugues.org. Acesso em: 10 nov. 2008. ENEM – NOVEMBRO/2010

e) ―Se é para ter uma lusofonia, o conceito [unificação da língua] deve ser mais abrangente e temos de estar em paridade. Unidade não significa que temos que andar todos ao mesmo passo. Não é necessário que nos tornemos homogéneos. Até porque o que enriquece a língua portuguesa são as diversas literaturas e formas de utilização.‖

RODRIGUES, M. H. Presidente do Instituto Português do Oriente, sediado em Macau. Disponível em: http://taichungpou.blogspot.com. Acesso em: 10. nov. 2008 (adaptado).

GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Dentre as opções de respostas oferecidas, a única que não trata do Acordo Ortográfico é a opção C. Esta apenas se refere à internacionalização da língua portuguesa. As demais alternativas tratam do assunto, seja apoiando-o ou rejeitando-o.

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27. A propaganda a seguir foi produzida por uma agência de publicidade para celebrar o dia do deficiente físico.

O que pode o corpo? Ver com as mãos.

Falar com as mãos. Ouvir com as mãos. Andar com as mãos.

Manusear com os pés.

Podemos mais do que pensamos. Somos mais do que limitamos.

11/10 – Dia do deficiente físico

Tudo é possível, porque todos são capazes. Fonte: http://gingarara.com.br (acesso em 4 fev. 2012)

Uma possível interpretação da mensagem veiculada pela propaganda seria dizer que a) por meio da força de vontade e da dedicação contínua, conseguimos superar todas as barreiras criadas

pela natureza. b) a limitação de alguns movimentos corporais é fruto de uma avaliação negativa quanto às capacidades que

desenvolvemos. c) o corpo humano não possui limites, tendo em vista que podemos nos adaptar a várias adversidades impostas

pela vida. d) os limites do desempenho corporal não representam necessariamente um obstáculo para o desenvolvimento

de nossas potencialidades. e) a linguagem corporal pode ser desenvolvida por qualquer indivíduo, desde que tenha vivenciado uma

situação adversa. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto retrata a capacidade de o sujeito compreender a si mesmo e de interagir no meio em que vive. Quando o indivíduo se percebe e se vê como um todo, ele não se abstém diante das suas ―limitações‖, pois desenvolve outras potencialidades de comunicação, interação e de se superar.

Tipo um baião Não sei para que

Outra história de amor a essa hora Porém você

Diz que está tipo a fim De se jogar de cara num romance assim

Tipo para a vida inteira E agora, eu Não sei agora [...]

Porém você tipo me adora mesmo assim Meio mané, por fora

Meu coração Que você sem pensar

Ora brinca de inflar Ora esmaga Igual que nem

Fole de acordeão [...] (Chico Buarque)

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28. No fragmento da letra de música transcrito, o padrão formal da linguagem convive com marcas de coloquialismo no vocabulário. Pertence à variedade padrão formal da linguagem o seguinte trecho:

a) ―Não sei para que / Outra história de amor a essa hora‖ b) ―Porém você / Diz que está tipo a fim‖ c) ―De se jogar de cara num romance assim...‖ d) ―... me adora mesmo assim / Meio mané, por fora‖ e) ―Igual que nem / Fole de acordeão‖ GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa ―a‖ é a única que não apresenta marcas de coloquialismo. Nas demais encontramos termos, a exemplo de ―tipo a fim‖, ―... se jogar de cara‖, ―... meio maná‖ e ―igual que nem‖. Texto I

O professor deve ser um guia seguro, muito senhor de sua língua; se outra for a orientação, vamos cair na ―língua brasileira‖, refúgio nefasto e confissão nojenta de ignorância do idioma pátrio, recurso vergonhoso de homens de cultura falsa e de falso patriotismo. Como havemos de querer que respeitem a nossa nacionalidade se somos os primeiros a descuidar daquilo que exprime e representa o idioma pátrio?

ALMEIDA, N. M. Gramática metódica da língua portuguesa. Prefácio. São Paulo: Saraiva. 1999 (adaptado).

Texto II

Alguns leitores poderão achar que a linguagem desta Gramática se afasta do padrão estrito usual neste tipo de livro. Assim, o autor escreve ―tenho que reformular‖, e não ―tenho de reformular‖, ―pode-se colocar dois constituintes‖, e ―não podem-se colocar dois constituintes‖; e assim por diante. Isso foi feito de caso pensado, com a preocupação de aproximar a linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos e jornalísticos de nossa época.

REIS, N. Nota do editor. PERINI, M. A. Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática, 1996

29. Confrontando-se as opiniões defendidas nos dois textos, conclui-se que a) ambos os textos tratam da questão do uso da língua com o objetivo de criticar a linguagem do brasileiro. b) os dois textos defendem a ideia de que o estudo da gramática deve ter o objetivo de ensinar as regras

prescritivas da língua. c) a questão do português falado no Brasil é abordada nos dois textos, que procuram justificar como é correto e

aceitável o uso coloquial do idioma. d) o primeiro texto enaltece o padrão estrito da língua, ao passo que o segundo defende que a linguagem

jornalística deve criar suas próprias regras gramaticais. e) o primeiro texto prega a rigidez gramatical no uso da língua, enquanto o segundo defende uma adequação da

língua escrita ao padrão atual brasileiro. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Como afirma a opção E, percebe-se que a ideia de rigidez gramatical se encontra clara no Texto I, quando o autor manifesta total repúdio pelo que ele chama de ―língua brasileira, [...] confissão nojenta de ignorância do idioma pátrio‖. Por outro lado, a defesa da adequação da língua escrita ao padrão atual brasileiro é evidente no Texto II, que tem ―a preocupação de aproximar a linguagem da gramática do padrão atual brasileiro presente nos textos técnicos e jornalísticos de nossa época.‖.

Em relação aos estigmas linguísticos, vários estudiosos contemporâneos julgam que a forma como olhamos o ―erro‖ traz implicações para o ensino de língua. A esse respeito leia a seguinte passagem, adaptada da fala de uma alfabetizadora de adultos, da zona rural, publicada no texto “Lé com Lé, Cré com Cré”, da obra O Professor Escreve sua História, de Maria Cristina de Campos.

“Apresentei-lhes a família do ti. Ta, te, ti, to, tu. De posse desses fragmentos, pedi-lhes que formassem palavras, combinando-os de forma a encontrar

nomes de pessoas ou objetos com significação conhecida. Lá vieram Totó, Tito, tatu e, claro, em meio à grande alegria de pela primeira vez escrever algo, uma das mulheres me exibiu triunfante a palavra teto. Emocionei-me e aplaudi sua conquista e convidei-a a ler para todos.

Sem nenhum constrangimento, vitoriosa, anunciou em alto e bom som: “teto é aquela doença ruim que dá quando a gente tem um machucado e não cuida direito”. Considerando o contexto do ensino de língua descrito no texto acima, analise o seguinte enunciado:

O uso de “teto” em lugar de tétano não deve ser considerado desconhecimento da língua (...)

(...) porque esse uso revela a gramática interna da aluna.

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30. O fenômeno sociolinguístico constituído pela passagem da proparoxítona ―tétano‖ para a paroxítona ―teto‖, na variedade apresentada, é observado também no emprego de

a) ―paia‖ em lugar de palha, e ―fio‖ em lugar de filho. b) ―figo‖ em lugar de fígado, e ―arvre‖ em vez de árvore. c) ―mortandela‖ em lugar de mortadela, e ―cunzinha‖ em vez de cozinha. d) ―bandeija‖ em lugar de bandeja, e ―naiscer‖ em lugar de nascer. e) ―vendê‖ em lugar de vender, e ―cantá‖ em vez de cantar. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Fígado e árvore são proparoxítonas e, por essa razão, devem ser acentuadas. Na pronúncia ―figo‖ e ―arvre‖, elas se tornam paroxítonas, pois a sílaba mais forte passa a ser a penúltima e não são acentuadas por terminarem, respectivamente, em ―o‖ e ―e‖.

Os textos abaixo deverão servir de base para a próxima questão:

31. Todo texto apresenta uma intenção, da qual derivam as escolhas linguísticas que o compõem. O texto da campanha publicitária e o da charge apresentam, respectivamente, composição textual pautada por uma estratégia

a) expositiva, porque informa determinado assunto de modo isento; e interativa, porque apresenta intercâmbio verbal entre dois personagens.

b) descritiva, pois descreve ações necessárias ao combate à dengue; e narrativa, pois um dos personagens conta um fato, um acontecimento.

c) injuntiva, uma vez que, por meio do cartaz, diz como se deve combater a dengue; e dialogal, porque estabelece uma interação oral.

d) narrativa, visto que apresenta relato de ações a serem realizadas; e descritiva, pois um dos personagens descreve a ação realizada.

e) persuasiva, com o propósito de convencer o interlocutor a combater a dengue; e dialogal, pois há a interação oral entre os personagens.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto da campanha publicitária, através de linguagem convincente (―Brasil unido‖, ―dengue mata‖), busca sensibilizar o leitor para desenvolver uma ação de combate à doença da dengue. A charge apresenta uma conversa entre dois mosquitos Aedes aegypti, vetores de transmissão do vírus entre os humanos. Assim, os textos apresentam estratégia persuasiva e dialogal, como se afirma em E.

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32. Para criticar a possível aprovação de um novo imposto pelos deputados, o cartunista adotou

como estratégias: a) polissemia das palavras e onomatopeia. b) traços caricaturais e eufemismo. c) paradoxo e repetição de palavras. d) metonímia e círculo vicioso. e) preterição e prosopopeia. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A palavra é usada com sentidos diferentes em momentos que retratam situações distintas. No primeiro, o personagem usa a palavra ―saúde‖ como substantivo para referir-se de maneira genérica aos organismos públicos que cuidam do combate a doenças. No segundo, como uma interjeição para fazer um brinde ou saudação. Na última fala da charge, a interjeição ―tim-tim‖, palavra onomatopaica que reproduz o som de taças, é usada com o mesmo sentido, foneticamente semelhante à expressão ―timtim por tim-tim‖ usada no primeiro enquadramento com o sentido de ―sem omitir nada‖. Assim, o cartunista adotou como estratégias a polissemia das palavras e a onomatopeia, como se afirma em [A].

A incapacidade de ser verdadeiro

Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois dragões da independência cuspindo fogo e lendo fotonovelas.

A mãe botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que caíra no pátio um pedaço de lua, todo cheio de buraquinhos, feito queijo, e ele provou e tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo não só ficou sem a sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante quinze dias.

Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chácara de Siá Elpídia e queriam formar um tapete voador para transportá-lo ao sétimo céu, a mãe decidiu levá-lo ao médico. Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça:

- Não há o que fazer, Dona Coló. Este menino é mesmo um caso de poesia. (ANDRADE, Carlos Drummond de. O sorvete e outras histórias. São Paulo: Ática, 1993)

33. No texto ocorre o discurso direto. Transposto adequadamente para o discurso indireto, teríamos a) Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça e disse a Dona Coló que não havia o que fazer, pois

aquele menino era mesmo um caso de poesia. b) Após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça dizendo que Dona Coló não há o que fazer, sendo o

menino um caso mesmo de poesia. c) Como não haveria o que fazer, após o exame, o Dr. Epaminondas abanou a cabeça olhando para Dona Coló.

Esse menino é mesmo um caso de poesia. d) Disse o Dr. Epaminondas, após o exame, que Dona Coló não há o que fazer e que este menino é mesmo um

caso de poesia. e) Após o exame, o Dr. Epaminondas lamentou que o menino fosse mesmo um caso de poesia. Dona Coló

nada poderia fazer. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No discurso indireto, o narrador utiliza suas próprias palavras para reproduzir a fala do personagem. Normalmente existe verbo de elocução (núcleo do predicado da oração principal), seguido de oração subordinada (fala do personagem). A transposição do discurso direto para o indireto também exige a mudança de tempos verbais: o presente do indicativo (―há‖, ―é‖) deve ser substituído pelo pretérito imperfeito do mesmo modo (havia, era), como acontece na opção [A].

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A próxima questão exigirá a leitura da tirinha abaixo:

34. Passando o texto para a segunda pessoa do singular, sem alteração de sentido, o diálogo correto é:

a) – Que dirá, senhora, se eu tirasse a barba? – Em tua barba reside tua autoridade, tua determinação – em última análise, a essência de vosso poder. – Agradeço, senhora. – Não é um elogio, caso não o hajas percebido.

b) – Que dirias, senhora, se eu tirasse a barba?

– Em tua barba reside tua autoridade, tua determinação – em última análise, a essência de teu poder. – Agradeço, senhora. – Não é um elogio, caso não o hajas percebido.

c) – Que dirão, senhora, se eu tirasse a barba?

– Em sua barba reside vossa autoridade, vossa determinação – em última análise, a essência de vosso poder. – Agradeço, senhora. – Não é um elogio, caso não o hajam percebido.

d) – Que diz, senhora, se eu tirasse a barba?

– Em sua barba reside sua autoridade, sua determinação – em última análise, a essência de seu poder. – Agradeço, senhora. – Não é um elogio, caso não o haja percebido.

e) – Que diríeis, senhora, se eu tirasse a barba?

– Em sua barba reside sua autoridade, sua determinação – em última análise, a essência de seu poder. – Agradeço, senhora. – Não é um elogio, caso não o hajais percebido.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Se fosse usado o pronome de tratamento ―tu‖ ao invés de ―vós‖, os verbos e os pronomes deveriam ser substituídos a fim de respeitar as regras de concordância da gramática normativa. Assim, a forma verbal ―diríeis‖ do futuro do pretérito do indicativo seria substituída por ―dirias‖ e ―hajais‖, presente do subjuntivo, por ―hajas‖. Aos pronomes ―vossa‖ e ―vosso‖ correspondem ―tua‖ e ―teu‖, como se transcreve corretamente na opção [B]. Texto para a próxima questão:

O Estado deve ter o tamanho dos seus compromissos sociais. E não pode extravasar-se para além de sua competência. É claro que, de um lado, ele não pode ter tanto peso que justifique os apelos pela privatização de áreas essencialmente públicas, como as da Saúde e da Educação, por exemplo. De outro, também não pode ser tão mínimo que proporcione serviços mínimos, incapazes de atender aos pedidos de socorro de uma sociedade vergada pela crise e, até por isso mesmo, cheia de esperanças quanto ao atendimento governamental, que, aliás, lhe é devido. 35. De acordo com o texto, a) as esperanças da sociedade ultrapassam as possibilidades do Estado no sentido de satisfazê-las. b) os projetos de privatização vêm retratando uma das principais preocupações do Governo. c) a dimensão do Estado deve ser proporcional aos compromissos sociais por ele assumidos. d) sem o apoio do Estado, a sociedade viverá em permanente situação de crise. e) atitudes exageradas dos governantes podem ser, na atualidade, o motor da crise social.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão aborda a interpretação do texto dado, que consiste na extração de informações. Em uma escola, com o intuito de valorizar a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, os estudantes foram distribuídos em grupos para realizar uma tarefa referente às características atuais das diferentes regiões brasileiras, a partir do seguinte quadro:

36. Considerando a sequência de características apresentadas, os elementos adequados para compor o quadro da Região Sudeste são

a) mate amargo, embolada, elevador Lacerda, peão de estância. b) acarajé, axé, Cristo Redentor, piá c) vatapá, Carnaval, bumba-meu-boi, industrial d) café, samba, Cristo Redentor, operário fabril e) sertanejo, pipoca, folia de Reis, Brasília GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Trata-se de uma questão de análise de gráficos, em que os itens listados na alternativa D caracterizam a cultura da região sudeste do Brasil. Vê-se, abaixo, um poema de Patativa do Assaré:

Iscute o que tô dizendo, Seu dotô, seu coroné:

De fome tão padecendo Meus fio e minha muié.

Sem briga, questão nem guerra, Meça desta grande terra

Umas tarefa pra eu! Tenha pena do agregado Não me dêxe deserdado

Daquilo que Deus me deu.

PATATIVA DO ASSARÉ. A terra é naturá. In: Cordéis e outros poemas. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2008 (fragmento).

37. A partir da análise da linguagem utilizada no poema, infere-se que o eu lírico revela-se como falante de uma

variedade linguística específica. Esse falante, em seu grupo social, é identificado como um falante a) escolarizado proveniente de uma metrópole. b) sertanejo morador de uma área rural. c) idoso que habita uma comunidade urbana. d) escolarizado que habita uma comunidade do interior do país. e) estrangeiro que imigrou para uma comunidade do sul do país. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O vocabulário e as demais construções utilizadas pelo eu lírico revelam que se trata de uma pessoa que conhece a língua que emprega apenas ―de ouvido‖, pois não domina as regras internas que a compõem. Além disso, a variedade linguística exemplificada é a regional.

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38. O anúncio acima refere-se a) a um incentivo para anúncios mais iluminados. b) a uma empresa de eletricidade chamada Wisely. c) a um incentivo ao uso de lâmpadas fluorescentes. d) ao uso mais consciente de energia elétrica. e) à falta de iluminação suficiente em locais públicos. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A tradução do anúncio: ―Use a eletricidade sabiamente‖. 39. The road not taken (by Robert Frost)

Two roads diverged in a wood, and I –

I took the one less traveled by, And that has made all the difference.

(Disponível em: <www.poetryfoundation.org Acesso em: 29 Nov. 2011. Fragmento).

Estes são os versos finais do famoso poema "The Road Not Taken", do poeta americano Robert Frost. Levando-se em consideração que a vida é comumente metaforizada como uma viagem, esses versos indicam que o autor

a) festeja o fato de ter sido ousado na escolha que fez em sua vida. b) lamenta por ter sido um viajante que encontrou muitas bifurcações. c) viaja muito pouco e que essa escolha fez toda a diferença em sua vida. d) reconhece que as dificuldades em sua vida foram todas superadas. e) percorre várias estradas durante as diferentes fases de sua vida. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A frase "that has made all the difference" expressa o orgulho por ter ido em uma direção diferente ao esperado dele. 40. Anúncios publicitários buscam chamar a atenção do consumidor por meio de

recursos diversos. Nesse pôster, os números indicados correspondem ao(à): a) comprimento do cigarro b) tempo de queima do cigarro c) idade de quem começa a fumar d) expectativa de vida de um fumante e) quantidade de cigarros consumidos GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Lê-se no pôster ―How long can you live‖ (Quanto tempo você pode viver?), sendo que os números ao lado indicam a expectativa de vida de um fumante.

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41.

Picasso, P. Les Demoiselles d‘Avignon. Nova York, 1907.

ARGAN, G. C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

O quadro Les Demoiselles d‘Avignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento com a estética clássica e a revolução da arte no início do século XX. Essa nova tendência se caracteriza pela a) pintura de modelos em planos irregulares. b) mulher como temática central da obra. c) cena representada por vários modelos. d) oposição entre tons claros e escuros. e) nudez explorada como objeto de arte. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Observando o quadro de Pablo Picasso, percebemos a pintura de uma mesma figura em planos irregulares, característicos do Cubismo. Essa inovação permitiu a ruptura com o modelo clássico, revolucionando a arte no início do século XX. 42.

PICASSO, P. Guernica. Óleo sobre tela. 349 x 777 cm. Museu Reina Sofia, Espanha, 1937. Disponível em: http://www.fddreis.files.wordpress.com. Acesso em: 26 jul. 2010.

O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas em 1981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo a) painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento, renunciando à realidade,

colocando-se em plano frontal ao espectador. b) horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse

exemplo brutal de crueldade do ser humano. c) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado com o volume, a

perspectiva e a sensação escultórica. d) esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor humana a serviço da

objetividade, observada pelo uso do claro-escuro. e) uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente, de forma fotográfica

livre de sentimentalismo. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Na obra, Picasso apresenta todo o horror da guerra, de forma frontal, com diversos ângulos mostrados simultaneamente. Não há ‗forma fotográfica‘, minimização da dor nem ausência de expressão, como sugerem as demais alternativas.

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MAGRITTE, R. A reprodução proibida. Óleo sobre tela, 81,3 x 65 cm. Museum Boijmans Van Buningen, Holanda,1937.

43. O surrealismo configurou-se como uma das vanguardas artísticas europeias do início do século XX. René Magritte, pintor belga, apresenta elementos dessa vanguarda em suas produções. Um traço do Surrealismo presente nessa pintura é o(a)

a) justaposição de elementos díspares, observada na imagem do homem no espelho. b) crítica ao passadismo, exposta na dupla imagem do homem olhando sempre para frente. c) construção de perspectiva, apresentada na sobreposição de planos visuais. d) processo de automatismo, indicado na repetição da imagem do homem. e) procedimento de colagem, identificado no reflexo no espelho. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A imagem sugerida pelo espelho parece desafiar a lógica, o que vem a ser uma marca característica dessa vanguarda. 44. Sérgio Dutra Santos, também conhecido como Escadinha, é um jogador de vôlei brasileiro, atuando

como líbero. É tido como o melhor líbero da história do vôlei, com suas defesas difíceis e passes precisos, fazendo diferença em suas atuações. Em 2009, foi eleito o MVP da Liga Mundial daquele ano, tornando-se o único líbero da história a ter conquistado essa posição. É o único jogador da história a disputar quatro finais olímpicas consecutivas entre 2004 e 2016. Bicampeão nos Jogos Olímpicos de Atenas (2004) e Rio de Janeiro (2016), onde foi eleito o MVP (Jogador Mais Valioso) do torneio masculino. No voleibol, o líbero é um atleta especializado nos fundamentos que são realizados com mais frequência no fundo da quadra, isto é, recepção e defesa.

Esta função foi introduzida pela FIVB em 1998, com o propósito de permitir disputas mais longas de pontos e tornar o jogo deste modo mais atraente para o público. Um conjunto específico de regras se aplica exclusivamente de forma correta a este jogador: a) O líbero deve utilizar uniforme diferente dos demais, não pode ser capitão do time, nem atacar, bloquear

ou sacar. b) Não pode realizar levantamentos de toque do fundo da quadra. c) Só pode realizar levantamentos de toque na zona de ataque. d) Sua substituição é limitada para cada set jogado. e) Só pode atacar na zona de defesa, atuando nas posições 1,6 e 5.

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GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Líbero é um jogador diferenciado dos demais em quadra, pois é considerado um jogador estritamente de defesa, obedecendo aos seguintes critérios em jogo:

Não pode atacar;

Não pode sacar;

Não pode levantar de toque na zona de ataque;

Seu uniforme é diferente dos seus companheiros de quadra;

Seu rodízio e substituição são diferenciados dos demais;

É vedado a ele assumir a função de capitão. 45. O Futsal no Brasil é um esporte muito popular. Ele é organizado pela por duas entidades: a Confederação

Brasileira de Futebol de Salão - Futsal (CBFS), que é a entidade oficial, filiada à Fifa desde 1989; e a, Confederação Nacional de Futebol de Salão (CNFS) que organiza os jogos de acordo com as regras da Fifusa/AMF. A entidade responsável pela difusão do futebol de salão tradicional no Brasil é a Confederação Nacional de Futebol de Salão (CNFS).

Que faz a gestão do esporte desde 1991. Com relação aos jogadores, não existem ligas profissionais no país, por isso, em sua maior parte é representada por jogadores amadores, que disputam nos campeonatos nacionais. Alessandro Rosa Vieira, mais conhecido como Falcão é um jogador de futsal brasileiro que atua como ala. Por 4 vezes (2004, 2008, 2011 e 2012), Falcão foi eleito pela FIFA como o melhor jogador de futsal do mundo. Em 2008, ele foi o escolhido para inaugurar a Calçada da Fama do Maracanãzinho e se tornou o maior artilheiro mundial de todas as seleções de esportes ligados ao futebol.

De acordo com as regras oficiais, é correto afirmar que a) na hora do pênalti o goleiro deverá ficar à frente da linha do gol, não podendo movimentar-se exclusivamente

sobre ela. b) se o goleiro demora mais que 4 segundos para executar o arremesso de meta, um tiro livre indireto (dois

lances), será concedido em favor da equipe adversária, colocando-se a bola sobre a linha da área de meta e no ponto mais próximo onde ocorreu à infração.

c) as substituições no futsal são limitadas em 5 por cada tempo jogado. d) a bola estará fora de jogo quando a mesma sair parcialmente pelo solo ou pelo alto das linhas laterais

ou de fundo. e) no arremesso lateral é suficiente que a bola esteja apoiada no solo, colocada dentro da quadra ou fora dela,

podendo mover-se levemente. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: No tiro de meta, o goleiro deverá repor a bola em jogo apenas com as mãos e terá 4 segundos para efetuar a mesma, sendo efetuada do lado mais próximo ação envolvida.

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46. Para uns, a Idade Média foi uma época de trevas, pestes, fome, guerras sanguinárias, superstições,

crueldade. Para outros, uma época de bons cavaleiros, damas corteses, fadas, guerras honradas, torneios, grandes ideais. Ou seja, uma Idade Média ―má‖ e uma Idade Média ―boa‖.

Tal disparidade de apreciações com relação a esse período da História se deve a) ao Renascimento, que começou a valorizar a comprovação documental do passado, formando acervos

documentais que mostram tanto a realidade ―boa‖ quanto a ―má‖. b) à tradição iluminista, que usou a Idade Média como contraponto a seus valores racionalistas, e ao

Romantismo, que pretendia ressaltar as ―boas‖ origens das nações. c) à indústria de vídeo jogos e cinema, que encontrou uma fonte de inspiração nessa mistura de fantasia e

realidade, construindo uma visão falseada do real. d) ao Positivismo, que realçou os aspectos positivos da Idade Média, e ao marxismo, que denunciou o lado

negativo do modo de produção feudal. e) à religião, que com sua visão dualista e maniqueísta do mundo alimentou tais interpretações sobre a

Idade Média. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As críticas feitas ao medievo surgem desde a renascença e são ampliadas no Iluminismo, entretanto, na contemporaneidade, sabemos que o medievo teve seu perfil como período históricos. 47. Nos séculos VI-VII, o cristianismo oferece ao ocidente uma nova proclamação do tempo, graças a essa

invenção, o sino, que revoluciona a arquitetura religiosa e produz um tempo novo, o tempo da Igreja, tempo dos clérigos, principalmente dos monges para as preces e ofícios, mas também para o trabalho agrícola. O movimento urbano não se acomoda a esse tempo. Este não se adapta à faina da cidade. A nova regularidade do trabalho urbano não é dos camponeses conciliados com a natureza e as estações, mas a de artesãos e operários assalariados cujo trabalho medido em dinheiro deve sê-lo também em tempo, um tempo não mais natural, porém tecnológico. (...). Esse conflito de três séculos, entre o tempo da Igreja e da cidade, teve como solução, no século XIV, a invenção do relógio mecânico.

(Jacques Le Goff. O apogeu da cidade medieval. São Paulo, Martins Fontes, 1992. P.195-5.)

Embora o relógio mecânico exista desde o século XIV, ainda ouvimos o sino em certos momentos, existindo lugar para os dois instrumentos, que a) atualmente cumprem funções diferentes. Mesmo quando a batida do sino informa as horas, sua finalidade,

com raras exceções, é conclamar os católicos para a missa ou para outras atividades religiosas. b) atualmente, têm as mesmas funções. A batida dos sinos ainda rege o horário do trabalho das grandes e

pequenas cidades, pois o relógio nada mais é que um instrumento da nova classe que surgia, a burguesia, sendo então questão de luxo.

c) atualmente cumprem as mesmas funções, mas o sino é simbólico para os católicos. d) atualmente, os sinos não tem mais funções e os relógios tiveram o uso banalizados pelo comércio. e) atualmente, como na transição feudo-capitalista, o sino nunca teve grandes funções, mas, sim, o relógio, que

existia desde a república romana, como o famoso relógio de Sol, que marcava o horário no chão de acordo com a posição do Sol.

GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O aluno deve perceber, através da relação sino e relógio, a transição feudo-capitalista que ocorre na baixa Idade Média, representando o mundo feudal e o mundo burguês que nascia, que estão presentes, cada qual, com seu legado para o mundo Contemporâneo.

CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS

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48.

Texto I - "Os homens que combatem e morrem pela Itália [romana] nada recebem além do ar e da luz... Eles combatem e morrem para manter outros homens na prosperidade e no luxo [...] chamados senhores do mundo, não possuem um pedaço sequer de terra que lhes pertença por tradição familiar."

(Tibério Graco, séc. II a.C., segundo Plutarco)

Texto II - "...o ativo e viscoso grupo de oportunistas crônicos da história brasileira que agem em benefício próprio desde a aprovação da Lei de Terras, em 1850. São os que vivem de se apropriar do que é público e alheio, ocupando, demarcando e documentando terras que não lhes pertencem..."

(José de Souza Martins, em 15/04/2003)

Os textos I e II a) lamentam o desaparecimento da pequena propriedade. b) defendem a introdução da propriedade coletiva da terra. c) condenam o emprego do trabalho compulsório no campo. d) denunciam a propriedade obtida por meios não legítimos. e) criticam a reforma como solução para o problema do latifúndio. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A obtenção de terras por meios da elite política, usando o Estado como intermediário, já era comum em Roma e não diferente no Brasil imperial. 49. Na Antiguidade, antes mesmo de Roma conquistar a Grécia, no fim do período republicano, a cultura grega já

havia começado a dominar Roma. Durante o período imperial, esse processo foi a) abandonado, pois Roma adotou uma política de importação cultural seletiva, para servir aos fins imperiais. b) perdido, porque Roma começou a ser influenciada pela cultura do Egito, da Mesopotâmia e da Pérsia. c) rejeitado, pois o imperialismo romano visava à homogeneidade cultural. d) interrompido, pois os gregos, sentindo-se expropriados, recusaram-se a servir de modelo para Roma. e) intensificado, a ponto de, em certos ramos da arte, Roma adotar a cultura grega como modelo. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Mesmo Roma dominando a Grécia, a cultura grega já havia se espalhado pelo oriente e ocidente. Portanto, a inspiração na cultura grega completava a grandiosidade romana. 50. ―O que se tornou conhecido por Império Bizantino era na origem o Império Romano do Oriente (Grécia, Egito,

Síria-Palestina, Mesopotâmia, Ásia Menor). E realmente, como Roma, Bizâncio uniu, através de língua e uma determinada maneira de sentir e de pensar, povos que nada tinham de comum entre si. Como os antigos gregos e romanos, os bizantinos consideravam-se os únicos habitantes do mundo civilizado, rotulando de bárbaros todos os que não partilhavam de sua cultura. Contudo, ao longo de sua extensa história, de 330 a 1453, aquele Estado foi aos poucos mesclando suas raízes latinas com elementos Greco- orientais há muito enraizados naqueles territórios, surgindo assim uma civilização nova , original, com personalidade própria.‖

(FRANCO JR ., Hilário, FILHO, Ruy de Oliveira Andrade. O Império Bizantino. São Paulo: Brasiliense,1985)

A História do Império Bizantino abrangeu um período equivalente ao da Idade Média, apesar da instabilidade social, política e religiosa, que marcou o período, e a modernidade, percebemos a) o cesaropapismo, inaugurado por Justiniano, representou nenhum desafio à autoridade do papa de Roma, já

que o imperador passou a comandar também a Igreja, já que Roma e Constantinopla mantiveram boas relações até os dias atuais.

b) que a principal e mais lucrativa atividade econômica desenvolvida no Império Bizantino foi a agricultura, que era controlada diretamente pelo Estado e atualmente pelo governo turco.

c) conflitos religiosos, que culminaram em 1054 no ―Cisma do Oriente‖, que dividiu a cristandade em duas igrejas: a Ortodoxa e a Católica Apostólica Romana, presentes até hoje.

d) movimentos como o iconoclasta e o monofisismo não trouxeram transformações, nem deixaram legados. e) inviabilização da conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade Média. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O Império Bizantino, que durou toda a Idade Média, legou, para o período e para a atualidade, uma cultura marcante em todo o leste europeu, como o Mosaico na arte, o Código júris Civilis no Direito e a Igreja Ortodoxa, religião dos russos, gregos e de muitos povos da região.

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51. ―Antes, numa etapa inicial do Islã, havia uma ciência grega, uma ciência persa, uma ciência indiana, uma ciência chinesa etc.(...) Noutras palavras, antes do Islã, não existia, como atualmente, uma ciência universal que perseguisse seu desígnio, acima das contingências da todas as naturezas e além de todas as fronteiras. Fora alguns fenômenos de expansão localizados, nenhuma civilização preocupou-se, até então, em provocar um movimento de internacionalização da ciência, menos ainda de inscrevê-la num movimento de pesquisa unificado. (...) Foi necessário esperar a ação dos sábios arábico-muçulmanos para demonstrar ao mundo que a ciência pertence a todos os povos e que é acessível a todos os indivíduos. (...)‖

Georges Ifrah. História universal dos algarismos. Trad. Alberto Muñoz e outros. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997. V. 2. P. 337.

Segundo o texto acima, a civilização muçulmana a) com o passar do tempo, difundiu seus conhecimentos nas regiões que dominavam, contribuindo para o

desenvolvimento de muitas ciências modernas, como a biologia, medicina, física, astronomia, geografia, sociologia e psicologia.

b) com o passar do tempo, apesar de ter difundido as ciências, ficou atrasada em relação às outras civilizações. c) com o passar do tempo, o mundo árabe também avançou nos conhecimentos da biologia, medicina, física,

astronomia, geografia, sociologia e psicologia. d) separou a religião da ciência, como ocorreu no ocidente, após o movimento Iluminista. e) separou a religião da ciência, sendo a razão dos conflitos entre suas principais correntes, o sunismo

e o xiismo. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A civilização muçulmana durante a Idade Média foi a grande intermediária entre o ocidente e o extremo oriente, recebendo influência e influenciado as demais, daí seu grande desenvolvimento científico. Atualmente, mesmo com seu perfil fortemente religioso, as ciências e a busca por tecnologia no mundo árabe ainda existem. 52. Ao longo da Idade Média, a Europa ocidental conviveu com duas civilizações, às quais muito deve nos mais

variados campos. Essas duas civilizações, representadas nas imagens abaixo, contribuíram significantemente para o desenvolvimento do Ocidente, no século XI, e para o advento da Modernidade, no século XV. Notamos, a partir das imagens, a expressão artística de cada uma delas, transparecendo suas características,

a) sendo a imagem 1 a civilização viking, e a imagem 2, a civilização persa. b) sendo a imagem 1 a civilização bizantina, e a imagem 2, a civilização persa. c) sendo a imagem 1 a civilização viking, e a imagem 2, a civilização islâmica. d) sendo a imagem 1 a civilização bizantina, e a imagem 2, a civilização islâmica. e) sendo a imagem 1 a civilização grega, e a imagem 2, a civilização islâmica. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As civilizações representadas nas imagens seriam a bizantina e a islâmica, respectivamente. Nota-se pelo mosaico, arte desenvolvida, no Império Bizantino, devido ao movimento Iconoclasta, que pregava a destruição das imagens, e a outra representa a civilização muçulmana com poucas figuras ou desenhos, já que a reprodução de seres vivos na arte é proibida por Alá. Nota-se, então, o profeta Maomé em frente a Caaba, mas sem a imagem do seu rosto.

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53. Toda a Gália está dividida em três partes, uma habitada pelos belgas, outra pelos aquitanos, a terceira por aqueles que nós chamamos de gauleses (em sua língua, celtas). Essas nações diferem entre si pela língua, pelos costumes e pelas leis.

(Júlio César, Guerra das Gálias.)

Esse trecho de Júlio César se refere às conquistas da Roma Antiga e à maneira como os romanos viam os povos que conquistavam. Sobre as conquistas romanas, é correto afirmar que a) o exército romano era composto somente por escravos. b) os povos conquistados eram considerados incultos e menosprezados pelos romanos. c) as estruturas administrativas construídas pelos romanos foram pouco duráveis, o que limitou a sua

capacidade de expansão. d) os romanos não tinham uma política de destruição, nem de integração cultural dos povos conquistados,

preservando a posição das elites que se aliassem a eles. e) durante as guerras de conquista, houve uma diminuição do número de escravos capturados pelos romanos. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Roma mantinha o líder político e religioso no poder dos povos conquistados, mas os obrigava a seguir as leis e a economia romana. 54. No ano de 786, Carlos Magno afirmou: ―A nossa função é, segundo o auxílio da divina piedade, (...) defender

com as armas e em todas as partes a Santa Igreja de Cristo dos ataques dos pagãos e da devastação dos infiéis‖.

Pinsky "O modo de produção feudal". p. 101

O fragmento acima expressa a orientação política do Império Carolíngio no governo de Carlos Magno. O objetivo dessa política pode ser definido como um(a) a) esforço para estabelecer uma aliança entre os carolíngios e a Igreja bizantina para fazer frente ao crescente

poderio papal. b) intenção de anexar a Península Ibérica aos domínios do papado, com a finalidade de impedir o avanço árabe. c) desejo de subordinar os domínios bizantinos à dinastia carolíngia, no intuito de implantar uma teocracia

centralizada no Imperador. d) tentativa de restaurar o Império Romano, com vistas a promover a união da cristandade da Europa Ocidental. e) dominar os vikings na região da Escandinávia. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Carlos Magno, ao conhecer a cultura greco-romana cristianizada, teve a intenção de levar a cristandade para toda a Europa. 55. ―O sacerdote, tendo-se posto em contato com Clóvis, levou-o pouco a pouco e secretamente a acreditar no

verdadeiro Deus, criador do Céu e da Terra, e a renunciar aos ídolos, que não lhe podiam ser de qualquer ajuda, nem a ele nem a ninguém [...] O rei, tendo pois confessado um Deus todo-poderoso na Trindade, foi batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ungido do santo Crisma com o sinal-da-cruz. Mais de três mil homens do seu exército foram igualmente batizados[...].‖

(São Gregório de Tours. A conversão de Clóvis).

A respeito dos episódios descritos no texto, é correto afirmar que a) a conversão de Clóvis ao arianismo permitiu aos francos uma aproximação com os lombardos e a expansão

do seu reino em direção ao Norte da Itália. b) a conversão de Clóvis, segundo o rito da Igreja Ortodoxa de Constantinopla, significou um reforço político-

militar para o Império Romano do Oriente. c) com a conversão de Clóvis, de acordo com a orientação da Igreja de Roma, o reino franco tornou-se o

primeiro Estado germânico sob influência papal. d) a conversão de Clóvis ao cristianismo levou o reino franco a um prolongado conflito religioso, uma vez que a

maioria dos seus integrantes manteve-se fiel ao paganismo. e) a conversão de Clóvis ao cristianismo permitiu à dinastia franca merovíngia a anexação da Itália a seus

domínios e a submissão do poder pontifício à autoridade monárquica. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A conversão de Clóvis teve uma relação também político-militar.

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56. Na Idade Média, Bizâncio era um importante centro comercial e político. Merecem destaques seus feitos culturais, mostrando senso estético apurado e uso das riquezas existentes no Império. Na sua arquitetura, a igreja de Santa Sofia destacou-se pela

a) sua afinação com o estilo gótico, com exploração dos vitrais e o uso de metais na construção dos altares. b) simplicidade das suas linhas geométricas, negando a grandiosidade como nas outras obras existentes

em Bizâncio. c) grande riqueza da sua construção, com uso de mosaicos coloridos e colunas de mármores suntuosas. d) imitação que fazia dos templos gregos, com altares dedicados aos mitos mais conhecidos,

revelando paganismo. e) consagração dos valores católicos medievais, em que a riqueza interior era importante em toda

cultura existente. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O mosaico no império bizantino substituiu as esculturas depois do movimento iconoclasta. 57. Foi um dos resultados do entrecruzamento de culturas no Império Bizantino: a) As artes visuais diversificaram-se a ponto de serem eliminadas as características estéticas de inspiração

greco-cristã. b) A adoração popular a ícones religiosos gerou crises na Igreja de Bizâncio. c) Elementos clássicos, como a retórica e a língua grega, foram superados em função da interação cultural

cosmopolita. d) A arquitetura passou a primar pela simplicidade, a fim de se adequar à doutrina religiosa ortodoxa. e) A estrutura jurídica do Império Bizantino não sofreu a influência do direito romano. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O movimento iconoclasta, que pregava a quebra das imagens, levou também ao cisma do oriente. 58. A imagem abaixo está em um mosaico da igreja de San Vitale, na cidade de Ravena, na Itália. A figura é de

influência cultural bizantina e representa o imperador Justiniano cercado de cortesãos.

Grandes Impérios e Civilizações. Grande Atlas da História Universal.

Tradução da edição espanhola das Edições del Prado. Edição 10, Fascículo 3, p. 40.

O Império Romano do Oriente tinha como capital Constantinopla. Originou-se da divisão do Império Romano em 395 d.C e, no período medieval, passou a ser mais conhecido como Império Bizantino, perdurando cerca de mil anos, até 1453 d.C, quando foi dominado pelos turcos. A sua longa duração produziu uma civilização que deixou uma herança cultural com repercussões significativas até os dias atuais. Faz parte da herança cultural bizantina: a) o Corpus Juris Civilis, uma compilação da legislação e jurisprudência romanas e, também, bizantinas, base

do direito civil moderno em muitos países. b) a atitude iconoclasta, contra a adoração de imagens nas igrejas, contribuição de considerável influência sobre

o catolicismo ocidental. c) a religião cristã ortodoxa, decorrente do chamado Cisma do Oriente, devido a disputas político-religiosas

com a Gália. d) a organização de uma cultura artística laica, desvinculada da religião, especialmente na pintura dos ícones e

na arquitetura. e) a separação entre Igreja e Estado, ardorosamente defendida pelos adeptos do Estado laico, concepção

política decisiva na formação do Estado ocidental moderno.

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GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O código juris civilis feito por justiniano foi importante por arquivar a base do direito romano. 59. Maomé, nascido em Meca, na Arábia, insatisfeito com o paganismo geralmente praticado na região, declarou

ter visto o anjo Gabriel que lhe apresentara um texto com a ordem de recitá-lo. Considerando-se então o último e maior de todos os profetas, Maomé promoveu a conversão das tribos da Arábia. A era muçulmana caracterizou-se pela

a) divisão das esferas de poder político e de poder religioso, constituindo um Estado laico, onde porém a Igreja assumia um lugar privilegiado.

b) expansão territorial do Islã, que se fez inclusive às custas do Império Persa e do Império Bizantino, enfraquecidos por graves crises internas.

c) conversão forçada dos povos conquistados à nova religião do Islã, com a proibição dos cultos judeus e cristãos e o confisco de terras.

d) rejeição total à assimilação da cultura dos povos conquistados e das culturas antigas, em nome da verdadeira compreensão da palavra de Deus.

e) proibição das concentrações urbanas, do comércio e do desenvolvimento de novas técnicas de trabalho, considerados contrários aos preceitos do Corão.

GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A jihad, ou guerra santa do islã, encabeçou a expansão do norte da África até a Ásia. 60. O islamismo, religião fundada por Maomé e de grande importância na Unidade árabe, tem como fundamento a) o monoteísmo, influência do cristianismo e do judaísmo, observado por Maomé entre povos que seguiam

essas religiões. b) o culto dos santos e profetas através de imagens e ídolos. c) o politeísmo, isto é, a crença em muitos deuses, dos quais o principal é Alá. d) o princípio da aceitação dos desígnios de Alá em vida e a negação de uma vida pós-morte. e) a concepção do islamismo vinculado exclusivamente aos árabes, não podendo ser professado pelos

povos inferiores. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O islamismo é uma continuidade do judaísmo e cristianismo, sendo os profetas diferentes, mas o mesmo deus.

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61. De acordo com as figuras, a intensidade de intemperismo de grau muito fraco é característica do tipo climático

a) Tropical. b) Litorâneo. c) Equatorial. d) Semiárido. e) Subtropical. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O gráfico 1 indica que, quanto menor for a temperatura e a precipitação, menor será a intensidade do intemperismo, visto que tal processo é decorrente da variação de temperatura e ação da acidez da água da chuva. Como no Semiárido as temperaturas são sempre elevadas, e a taxa de precipitação é muito baixa, o intemperismo é muito fraco.

62. Os movimentos de massa constituem-se no deslocamento de material (solo e rocha) vertente abaixo pela

influência da gravidade. As condições que favorecem os movimentos de massa dependem principalmente da estrutura geológica, da declividade da vertente, do regime de chuvas, da perda de vegetação e da atividade antrópica.

BIGARELLA, J. J. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. Florianópolis: UFSC, 2003 (adaptado).

Em relação ao processo descrito, sua ocorrência é minimizada em locais onde há a) exposição do solo. b) drenagem eficiente. c) rocha matriz resistente. d) agricultura mecanizada. e) média pluviométrica elevada. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O movimento de massa está ligado, entre outros fatores, a um intenso fluxo hídrico. O enunciado pede uma medida para minimizar tais movimentos, o que está explícito na alternativa B – drenagem eficiente. 63. Os dois principais rios que alimentavam o Mar de Aral, Amurdarya e Sydarya, mantiveram o nível e o volume

do mar por muitos séculos. Entretanto, o projeto de estabelecer e expandir a produção de algodão irrigado aumentou a dependência de várias repúblicas da Ásia Central da irrigação e monocultura. O aumento da demanda resultou no desvio crescente de água para a irrigação, acarretando redução drástica do volume de tributários do Mar de Aral. Foi criado na Ásia Central um novo deserto, com mais de 5 milhões de hectares, como resultado da redução em volume.

TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: Rima, 2003.

A intensa interferência humana na região descrita provocou o surgimento de uma área desértica em decorrência da a) erosão. b) salinização. c) laterização. d) compactação. e) sedimentação. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Com a excessiva retirada da água do Mar de Aral para a irrigação foi provocada uma elevada concentração de sal no solo. Tal processo, denominado de salinização, inviabiliza o solo, tornando-o desértico. 64. Antes de o sol começar a esquentar as terras da faixa ao sul do Saara, conhecida como Sahel, duas dezenas

de mulheres da aldeia de Widou, no norte do Senegal, regam a horta cujas frutas e verduras alimentam a população local. É um pequeno terreno que, visto do céu, forma uma mancha verde — um dos primeiros pedaços da ―Grande Muralha Verde‖, barreira vegetal que se estenderá por 7 000 km do Senegal ao Djibuti, e é parte de um plano conjunto de vinte países africanos.

GIORGI, J. Muralha verde. Folha de S. Paulo, 20 maio 2013 (adaptado).

O projeto ambiental descrito proporciona a consequência regional imediata de a) facilitar as trocas comerciais. b) solucionar problemas fundiários c) restringir a diversidade biológica. d) fomentar a atividade de pastoreio. e) evitar a expansão da desertificação. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O projeto que pretende criar uma ―Grande Muralha Verde‖ combate a expansão do deserto do Saara (desertificação), que é potencializado com o desmatamento das estepes.

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65. Os Yanomami constituem uma sociedade indígena do norte da Amazônia e formam um amplo conjunto linguístico e cultural. Para os Yanomami, urihi, a ―terrafloresta‖, não é um mero cenário inerte, objeto de exploração econômica, e sim uma entidade viva, animada por uma dinâmica de trocas entre os diversos seres que a povoam. A floresta possui um sopro vital, wixia, que é muito longo. Se não a desmatarmos, ela não morrerá. Ela não se decompõe, isto é, não se desfaz. É graças ao seu sopro úmido que as plantas crescem. A floresta não está morta, pois, se fosse assim, as florestas não teriam folhas. Tampouco se veria água. Segundo os Yanomami, se os brancos os fizerem desaparecer para desmatá-la e morar no seu lugar, ficarão pobres e acabarão tendo fome e sede.

ALBERT, B. Yanomami, o espírito da floresta. Almanaque Brasil Socioambiental. São Paulo: ISA, 2007 (adaptado).

De acordo com o texto, os Yanomami acreditam que a) a floresta não possui organismos decompositores. b) o potencial econômico da floresta deve ser explorado. c) o homem branco convive harmonicamente com urihi. d) as folhas e a água são menos importantes para a floresta que seu sopro vital. e) Wixia é a capacidade que tem a floresta de se sustentar por meio de processos vitais. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A floresta nasce e cresce por meio de um sopro vital, a este sopro os yanomani atribuem o nome de Wixia. 66. Então, a travessia das veredas sertanejas é mais exaustiva que a de uma estepe nua. Nesta, ao menos, o

viajante tem o desafogo de um horizonte largo e a perspectiva das planuras francas. Ao passo que a outra o afoga; abrevia-lhe o olhar; agride-o e estonteia-o; enlaça-o na trama espinescente e não o atrai; repulsa-o com as folhas urticantes, com o espinho, com os gravetos estalados em lanças, e desdobra-se-lhe na frente léguas e léguas, imutável no aspecto desolado; árvore sem folhas, de galhos estorcidos e secos, revoltos, entrecruzados, apontando rijamente no espaço ou estirando-se flexuosos pelo solo, lembrando um bracejar imenso, de tortura, da flora agonizante…

CUNHA, E. Os sertões. Disponível em: http://pt.scribd.com. Acesso em: 2 jun. 2012.

Os elementos da paisagem descritos no texto correspondem a aspectos biogeográficos presentes na a) composição de vegetação xerófila. b) formação de florestas latifoliadas. c) transição para mata de grande porte. d) adaptação à elevada salinidade. e) homogeneização da cobertura perenifólia. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O trecho de Os Sertões – de Euclides da Cunha – traz uma narrativa na região do sertão nordestino, marcado pelo sistema biogeográfico da Caatinga, onde se tem formação de xerófilas, marcantes pela vegetação cactácea, adaptada ao clima seco e quente do semiárido brasileiro. 67. A Floresta Amazônica, com toda a sua imensidão, não vai estar aí para sempre. Foi preciso alcançar toda

essa taxa de desmatamento de quase 20 mil quilômetros quadrados ao ano, na última década do século XX, para que uma pequena parcela de brasileiros se desse conta de que o maior patrimônio natural do país está sendo torrado.

AB’SABER, A. Amazônia: do discurso à práxis. São Paulo: EdUSP, 1996.

Um processo econômico que tem contribuído na atualidade para acelerar o problema ambiental descrito é a a) expansão do Projeto Grande Carajás, com incentivos à chegada de novas empresas mineradoras. b) difusão do cultivo da soja com a implantação de monoculturas mecanizadas. c) construção da rodovia Transamazônica, com o objetivo de interligar a região Norte ao restante do país. d) criação de áreas extrativistas do látex das seringueiras para os chamados povos da floresta. e) ampliação do polo industrial da Zona Franca de Manaus, visando atrair empresas nacionais e estrangeiras. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O estudante precisa lembrar que tanto a mineração como a infiltração de artérias rodoviárias causam problemas ambientais. Entretanto, analisando-se em termos de aspectos econômicos, é a expansão da fronteira agrícola na Amazônia o principal vetor dos impactos ambientais. A floresta vem sendo devastada para dar lugar à pecuária extensiva e à agricultura moderna de grãos (especialmente soja).

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68. A maior parte dos veículos de transporte atualmente é movida por motores a combustão que utilizam derivados de petróleo. Por causa disso, esse setor é o maior consumidor de petróleo do mundo, com altas taxas de crescimento ao longo do tempo. Enquanto outros setores têm obtido bons resultados na redução do consumo, os transportes tendem a concentrar ainda mais o uso de derivados do óleo.

MURTA, A. Energia: o vício da civilização. Rio de Janeiro: Garamond, 2011 (adaptado).

Um impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo setor de transportes e uma medida para promover a redução do seu uso, estão indicados, respectivamente, em: a) Aumento da poluição sonora – construção de barreiras acústicas. b) Incidência da chuva ácida – estatização da indústria automobilística. c) Derretimento das calotas polares – incentivo aos transportes de massa. d) Propagação de doenças respiratórias – distribuição de medicamentos gratuitos. e) Elevação das temperaturas médias – criminalização da emissão de gás carbônico. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Segundo a concepção ambientalista, a ação do homem (queima de combustíveis fósseis, pecuária e desmatamento) promove o aquecimento global. Tal problema gera o derretimento das calotas polares. Uma alternativa à queima de combustíveis fósseis é o uso de transporte público em detrimento do transporte individual, este gera um consumo per capita muito elevado. 69.

O gráfico relaciona diversas variáveis ao processo de formação do solo. A interpretação dos dados mostra que a água é um dos importantes fatores de pedogênese, pois nas áreas a) de clima temperado ocorrem alta pluviosidade e grande profundidade de solos. b) tropicais ocorre menor pluviosidade, o que se relaciona com a menor profundidade das rochas inalteradas. c) de latitudes em torno de 30° ocorrem as maiores profundidades de solo, visto que há maior umidade. d) tropicais a profundidade do solo é menor, o que evidencia menor intemperismo químico da água sobre

as rochas e) de menor latitude ocorrem as maiores precipitações, assim como a maior profundidade dos solos. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Nas áreas de menor latitude (equatorial e tropical) as taxas pluviométricas são maiores, proporcionando uma maior lixiviação dos solos, por isso os solos dessas áreas são mais profundos. 70. Umidade relativa do ar é o termo usado para

descrever a quantidade de vapor de água contido na atmosfera. Ela é definida pela razão entre o conteúdo real de umidade de uma parcela de ar e a quantidade de umidade que a mesma parcela de ar pode armazenar na mesma temperatura e pressão quando está saturada de vapor, isto é, com 100% de umidade relativa. O gráfico representa a relação entre a umidade relativa do ar e sua temperatura ao longo de um período de 24 horas em um determinado local.

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Considerando-se as informações do texto e do gráfico, conclui-se que a) a insolação é um fator que provoca variação da umidade relativa do ar. b) o ar vai adquirindo maior quantidade de vapor de água à medida que se aquece. c) a presença de umidade relativa do ar é diretamente proporcional à temperatura do ar. d) a umidade relativa do ar indica, em termos absolutos, a quantidade de vapor de água existente na atmosfera. e) a variação da umidade do ar se verifica no verão, e não no inverno, quando as temperaturas

permanecem baixas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Com base no gráfico, podemos observar que a umidade relativa do ar entre as 9h e 16h tem uma alta redução, e esse mesmo intervalo de tempo é correspondente ao período de maior insolação. Entre o intervalo das 16h e 18h, podemos observar um aumento da umidade relativa do ar, e nesse mesmo período observa-se o período de menor insolação. Com isso, podemos alegar que a insolação é um fator que provoca a variação da umidade relativa do ar.

71. Muitos processos erosivos se concentram nas encostas, principalmente aqueles motivados pela água e pelo vento. No entanto, os reflexos também são sentidos nas áreas de baixada, onde geralmente há ocupação urbana.

Um exemplo desses reflexos na vida cotidiana de muitas cidades brasileiras é a) a maior ocorrência de enchentes, já que os rios assoreados comportam menos água em seus leitos. b) a contaminação da população pelos sedimentos trazidos pelo rio e carregados de matéria orgânica. c) o desgaste do solo nas áreas urbanas, causado pela redução do escoamento superficial pluvial na encosta. d) a maior facilidade de captação de água potável para o abastecimento público, já que é maior o efeito do

escoamento sobre a infiltração. e) o aumento da incidência de doenças como a amebíase na população urbana, em decorrência do escoamento

de água poluída do topo das encostas. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Nas planícies fluviais, principalmente urbanas, observa-se a maior ocorrência de enchentes, visto que a vegetação ciliar foi retirada, e, no seu lugar, foram implementados concreto e asfalto. Estes impedem a infiltração da água no solo e favorecem o escoamento superficial da água. 72. À medida que a demanda por água aumenta, as reservas desse recurso vão se tornando imprevisíveis.

Modelos matemáticos que analisam os efeitos das mudanças climáticas sobre a disponibilidade de água no futuro indicam que haverá escassez em muitas regiões do planeta. São esperadas mudanças nos padrões de precipitação, pois

a) o maior aquecimento implica menor formação de nuvens e, consequentemente, a eliminação de áreas úmidas e subúmidas do globo.

b) as chuvas frontais ficarão restritas ao tempo de permanência da frente em uma determinada localidade, o que limitará a produtividade das atividades agrícolas.

c) as modificações decorrentes do aumento da temperatura do ar diminuirão a umidade e, portanto, aumentarão a aridez em todo o planeta.

d) a elevação do nível dos mares pelo derretimento das geleiras acarretará redução na ocorrência de chuvas nos continentes, o que implicará a escassez de água para abastecimento.

e) a origem da chuva está diretamente relacionada com a temperatura do ar, sendo que atividades antropogênicas são capazes de provocar interferências em escala local e global.

GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:

A nicas

são capazes de provocar interferências em escala local e global.

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73. O processo ambiental ao qual a charge faz referência tende a se agravar em função da(o)

a) expansão gradual das áreas de desertificação. b) aumento acelerado do nível médio dos oceanos. c) controle eficaz da emissão antrópica de gases poluentes. d) crescimento paulatino do uso de fontes energéticas. e) dissenso político entre países componentes de acordos climáticos internacionais. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A charge faz menção às diferenças políticas entre as nações que discutem os aspectos políticos, econômicos e ambientais na mundo, havendo, assim, dissenso. 74. O clima é um dos elementos fundamentais não só na caracterização das paisagens naturais, mas também no

histórico de ocupação do espaço geográfico.

Tendo em vista determinada restrição climática, a figura que representa o uso de tecnologia voltada para a

produçã a)

b)

c)

d)

e)

GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A Arábia Saudita apresenta característica climática de aridez, por isso, faz-se necessária a utilização de esquemas de irrigação.

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75.

imagem (Foto: Disponível em: http://conexaoambiental.zip.net/images/ charge.jpg. Acesso em: 9 jul. 2009.)

Reunindo-se as informações contidas nas duas charges, infere-se que a) os regimes climáticos da Terra são desprovidos de padrões que os caracterizem. b) as intervenções humanas nas regiões polares são mais intensas que em outras partes do globo. c) o d) , como

os polos. e) os parâmetros climáticos modificados pelo homem afetam todo o planeta, mas os processos naturais têm

alcance regional. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A alternativa que relaciona as duas charges é a D, visto que uma ocorre em consequência da outra, isto é, devido ao desmatamento de florestas tropicais, as temperaturas em áreas de latitudes diferentes sofrem variação (aumento da temperatura). 76.

razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.

eus, 2012 (adaptado).

(427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?

a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.

b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.

c) -

d)

e) Rejeitando

GABARITO: D

COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO:

De acordo com Platão, a realidade e o conhecimento são formulados em mundos distintos: o inteligível e o

sensível. As ideias nascem em um mundo inteligível, real e imutável, dominadas pela razão e pelos conceitos

sendo, portanto, perfeitos. Já o mundo das sensações seria uma mera cópia do mundo inteligível, o que as

tornariam imperfeitas. Dessa maneira, para Platão, as sensações podem nos confundir e induzir ao erro, sendo

somente a razão a responsável pela formação do conhecimento.

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77. O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.

VERNANT, J.P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado).

Na configuração política da democracia grega, em especial a ateniense, a ágora tinha por função a) agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade. b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados. c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da comunidade. d) reunir os exércitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra. e) congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Para os gregos, a ágora era a praça central da pólis, na qual se reuniam os cidadãos. Atenas passava por um período democrático e na Eclésia (assembleia dos cidadãos) os cidadãos se reuniam para decidir sobre os assuntos de interesse público, que configurava a prática de uma democracia direta. 78. (…) O SERVIDOR – Diziam ser filho do rei… ÉDIPO – Foi ela quem te entregou a criança? O SERVIDOR –

Foi ela, Senhor. ÉDIPO – Com que intenção? O SERVIDOR – Para que eu a matasse. ÉDIPO – Uma mãe! Mulher desgraçada! O SERVIDOR – Ela tinha medo de um oráculo dos deuses. ÉDIPO – O que ele anunciava? O SERVIDOR – Que essa criança um dia mataria seu pai. ÉDIPO – Mas por que tu a entregaste a este homem? O SERVIDOR – Tive piedade dela, mestre. Acreditei que ele a levaria ao país de onde vinha. Ele te salvou a vida, mas para os piores males! Se és realmente aquele de quem ele fala, saibas que nasceste marcado pela infelicidade. ÉDIPO – Oh! Ai de mim! Então no final tudo seria verdade! Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela última vez, já que hoje me revelo o filho de quem não devia nascer, o esposo de quem não devia ser, o assassino de quem não deveria matar! S

SÓFOCLES. Édipo Rei. Porto Alegre: L &PM, 2011.

O trecho da obra de Sófocles, que expressa o núcleo da tragédia grega, revela a(o) a) condenação eterna dos homens pela prática injustificada do incesto. b) legalismo estatal ao punir com a prisão perpétua o crime de parricídio. c) busca pela explicação racional sobre os fatos até então desconhecidos. d) caráter antropomórfico dos deuses na medida em que imitavam os homens. e) impossibilidade de o homem fugir do destino predeterminado pelos deuses. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Essa narrativa possui um fundo moral, o alerta para os desígnios dos deuses, que não devem ser contrariados, e o percurso de Édipo, de toda sua saga, de ter vencido a Esfinge e decifrado seu enigma, seu destino não o poupou. Contudo, um novo pensamento se formava, e a vida na pólis cada vez mais é direcionada pela política, e aos poucos a moral estabelecida pelas narrativas míticas foram sendo substituídas pela ética e pelos valores da cidadania grega. O cidadão grego cada vez mais participativo não considerava a ideia de não controlar a própria vida. Na vida da pólis, os homens livres manifestavam suas posições escolhendo entre iguais o direcionamento das decisões e das ações da cidade-estado.

79. Os andróginos tentaram escalar o céu para combater os deuses. No entanto, os deuses em um primeiro

momento pensam em matá-los de forma sumária. Depois decidem puni-los da forma mais cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as metades separadas buscam reunir-se. Cada um com saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, desejando formar um único ser.

PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio de uma alegoria, o a) bem supremo como fim do homem. b) prazer perene como fundamento da felicidade. c) ideal inteligível como transcendência desejada. d) amor como falta constituinte do ser humano. e) autoconhecimento como caminho da verdade. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O filósofo grego Platão, em sua obra Banquete, narra a gênese de Eros de forma completamente distinta. Ele o descreve como fruto da disponibilidade de Poros, entidade que simboliza o Expediente, e da carência constante de Pínia, a Pobreza. Na festa celebrada pelos deuses para comemorar o nascimento de Afrodite, ambos teriam se envolvido e então gerado Eros, protegido depois por Afrodite, por ter sido concebido no mesmo dia em que ela veio à vida. Mas, a se acreditar em Platão, Eros seria pobre, sujo e eternamente carente, em suma, um mendigo, herdeiro da personalidade materna e do estilo paterno de estar sempre à espera de corpos e almas lindos e perfeitos, executando constantemente ardis sutis e astuciosas intrigas; seria o símbolo do amor necessitado, que não se concretiza, pois o objeto do desejo sempre escapa de suas mãos.

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80. Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.

RACHELS, J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradva, 2009.

O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana. b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A questão trabalha assuntos relacionados à política grega, às ideias dos sofistas, à ética, etc. O sofista Trasímaco entendia que a justiça não era mais do que a conveniência do mais forte, ou seja, de acordo com os seus interesses. De fato, Sócrates fazia oposição aos sofistas justamente por causa desse relativismo. 81. Centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o

conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a

SANZIO, R. Detalhe do afresco A Escola de Atenas. Disponível em: http://fil.chf.ufsc.br. Acesso em: 20 mar. 2013.

a) suspensão do juízo como reveladora da verdade. b) realidade inteligível por meio do método dialético. c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus. d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino. e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade. GABARITO: B COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A hierarquia do método da dialética platônica tem como objetivo demonstrar a fragilidade, a falta de fundamentação e os preconceitos que formam o senso comum. É, ainda, objetivo, que o indivíduo tenha a consciência do funcionamento do método.A dialética admite as contradições somente como meio para superá-las, exige atitude crítica, necessidade de reflexão, questionamento da opinião, da origem e de suas fundamentações. É a superação do mundo sensível para o mundo inteligível. 82.

TEXTO I Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.

HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).

TEXTO II Fragmento B8: são mitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem será pois é agora todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?

PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).

Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das investigações do a) pensamento sistemático. b) preocupações do período mitológico. c) discussões de base ontológica.

d) habilidades da retórica sofística. e) verdades do mundo sensível.

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GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Heráclito e Parmênides são os maiores pensadores pré-socráticos, e com eles surgiu o primeiro debate filosófico. Parmênides é o filósofo do devir, enquanto Parmênides, o filósofo da unidade. Situam-se na passagem do pensamento mítico para o logos, racional. O pensamento pré-socrático já possuía critérios de pensamento sistemáticos que eram racionalizados. Por outro lado, tudo que diz respeito a uma discussão sobre a essência do pensamento e comportamento humano é ontológico. 83.

Para além de objetos específicos, muitos movimentos sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, essas mobilizações contribuíram com a(o) a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabilidade econômica do país. b) instalação de empresas multinacionais no Brasil. c) legalização dos sindicatos no Brasil. d) surgimento das políticas governamentais assistencialistas. e) processo de redemocratização do Brasil. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Em meados dos anos 70, a economia brasileira passou a ter uma desaceleração, decorrente do aumento dos custos em razão do 1º choque do petróleo. A inflação desenfreada, o desemprego e a piora dos indicadores sociais levaram ao aumento das mobilizações contra o regime ditatorial mantido pelos militares. As greves nos centros industriais desde 1979 passaram a estabelecer a conexão entre o combate contra o regime e a luta pelo emprego, por melhores condições de vida e por direitos. Nesse contexto, surgiram novos partidos, centrais sindicais e sindicatos comprometidos com essa luta pelos direitos das classes trabalhadoras, pela democracia e liberdade.

84. A demanda da comunidade afro-brasileira por reconhecimento, valorização e afirmação de direitos, no que

diz respeito à educação, passou a ser particularmente apoiada com a promulgação da Lei 10.639/2003, que alterou a Lei 9.394/1996, estabelecendo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileiras e africanas.

Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Etnicorraciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília: Ministério da Educação, 2005.

A alteração legal no Brasil contemporâneo descrita no texto é resultado do processo de a) aumento da renda nacional. b) mobilização do movimento negro. c) melhoria da infraestrutura escolar. d) ampliação das disciplinas obrigatórias. e) politização das universidades públicas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A inclusão desses assuntos na base curricular do ensino nacional é resultado do grande trabalho do Movimento Negro brasileiro, o qual se coloca em defesa de uma nação mais multicultural, mais ecumênica e tolerante. Resgatando os traços culturais que deram origem ao povo brasileiro.

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85. Os impactos e efeitos dessa universalização, conforme descritos no texto, podem ser analisados do ponto de

vista moral, o que leva à defesa da criação de normas universais que estejam de acordo com a) os valores culturais praticados pelos diferentes povos em suas tradições e costumes locais. b) os pactos assinados pelos grandes líderes políticos, os quais dispõem de condições para tomar decisões. c) os sentimentos de respeito e fé no cumprimento de valores religiosos relativos à justiça divina. d) os sistemas políticos e seus processos consensuais e democráticos de formação de normas gerais. e) os imperativos técnico-científicos, que determinam com exatidão o grau de justiça das normas. GABARITO: D COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A tendência à universalização, apontada no trecho citado, diz respeito ao processo de globalização, que, como afirma o autor, tem como uma de suas características o encurtamento das distâncias e o aumento de fluxo entre pessoas e mercadorias. Nessa nova ordem mundial, uma situação do ponto de vista moral se impõe, visto que o conjunto de normas consideradas válidas se altera, e outras devem ser criadas de forma que estejam de acordo com um contexto marcado pelo enfraquecimento dos Estados Nacionais. Um desafio político surgiria à tona, visto que as sociedades tinham como base justamente essas fronteiras nacionais, e agora se veem diante de outra realidade devido ao fenômeno da globalização, que conecta todos os indivíduos do globo independente dos seus países de origem. A opção correta, portanto, é a letra ―d‖, porque aponta para uma nova constituição da democracia em um contexto global, baseada no consenso, e não em normas impositivas e nem em realidades locais. 86. Um volume imenso de pesquisas tem sido produzido para tentar avaliar os efeitos dos programas de

televisão. A maioria desses estudos diz respeito às crianças — o que é bastante compreensível pela quantidade de tempo que elas passam em frente ao aparelho e pelas possíveis implicações desse comportamento para a socialização. Dois dos tópicos mais pesquisados são o impacto da televisão no âmbito do crime e da violência e a natureza das notícias exibidas na televisão.

GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Artmed, 2005.

O texto indica que existe uma significativa produção científica sobre os impactos socioculturais da televisão na vida do ser humano. E as crianças, em particular, são as mais vulneráveis a essas influências, porque a) codificam informações transmitidas nos programas infantis por meio da observação. b) adquirem conhecimentos variados que incentivam o processo de interação social. c) interiorizam padrões de comportamento e papéis sociais com menor visão crítica. d) observam formas de convivência social baseadas na tolerância e no respeito. e) apreendem modelos de sociedade pautados na observância das leis. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As transformações dos meios de comunicação, desde o surgimento da escrita, ou senão antes, sempre foram objetos de temor. Parece que o novo assusta aos costumes pré-estabelecidos. Além de destaque de que tradição é um fator de fixação de um determinado tipo de cultura, temos também que corretamente observar, como cabe ao filósofo da cultura, que efeitos pode realmente causar tais inovações, sobretudo nas crianças. Ora, as crianças são ainda os adultos não formados e assim são a esperança de imortalidade de cada grupo social. Vemos isso também na ―República‖ de Platão, na qual o filósofo coloca como um dos pontos centrais da discussão o tipo de educação a ser recebida pelas crianças e, assim por diante, a toda população. O texto acima ajuda a corroborar essa hipótese e ainda assinala um elemento novo na análise dessa nova conjuntura: a mudança de comportamento social das crianças, sobretudo daquelas que passam longo tempo assistindo televisão. Ora, se as crianças ficam mais em casa sentadas ou deitadas assistindo calmamente por horas programas televisivos, isso significa que ela deixar de estar horas de contato com outras crianças e adultos, contato que constitui elemento fundamental de socialização do ser humano. Sendo assim, podemos dizer que a alternativa (c) está correta porque o contato social faz ter ligações com diversas opiniões, enquanto que, ao assistir televisão, pode-se correr o risco de se ter uma única opinião devido à carência de contato social.

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87. Existe uma regra religiosa, aceita pelos praticantes do judaísmo e do islamismo, que proíbe o consumo de carne de porco. Estabelecida na Antiguidade, quando os judeus viviam em regiões áridas, foi adotada, séculos depois, por árabes islamizados, que também eram povos do deserto.

Essa regra pode ser entendida como a) uma demonstração de que o islamismo é um ramo do judaísmo tradicional. b) um indício de que a carne de porco era rejeitada em toda a Ásia. c) uma certeza de que do judaísmo surgiu o islamismo. d) uma prova de que a carne do porco era largamente consumida fora das regiões áridas. e) uma crença antiga de que o porco é um animal impuro. GABARITO: E COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: Partindo do embasamento religioso, o porco foi considerado um animal impuro. A forma como essa crença se deu pode ter partido dos costumes desses povos. Cabe interpretação histórica de que os costumes do não consumo da carne podem também estar relacionados a questões de profilaxia, já que o porco é transmissor de muitas doenças, e o consumo de sua carne exige cuidados e técnica específica de conservação. Judaísmo e Islamismo estão ligados, mas, no caso da questão, não é esse o enunciado que melhor atende à pergunta. 88. Na década de 1990, os movimentos sociais camponeses e as ONGs tiveram destaque, ao lado de outros

sujeitos coletivos. Na sociedade brasileira, a ação dos movimentos sociais vem construindo lentamente um conjunto de práticas democráticas no interior das escolas, das comunidades, dos grupos organizados e na interface da sociedade civil com o Estado. O diálogo, o confronto e o conflito têm sido os motores no processo de construção democrática.

SOUZA, M. A. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibilidades das práticas democráticas. Disponível em: http://www.ces.uc.pt. Acesso em: 30 abr. 2010 (adaptado).

Segundo o texto, os movimentos sociais contribuem para o processo de construção democrática, por que a) determinam o papel do Estado nas transformações socioeconômicas. b) aumentam o clima de tensão social na sociedade civil. c) pressionam o Estado para o atendimento das demandas da sociedade. d) privilegiam determinadas parcelas da sociedade em detrimento das demais. e) propiciam a adoção de valores éticos pelos órgãos do Estado. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: As Organizações Não Governamentais, ONGS, são órgãos que independem de representação governamental. Elas ocupam um lugar destinado ao que conhecemos como Terceiro Setor, os agentes sociais que fazem parte delas independem das instituições do governo. 89. A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia,

autonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajantes e por missionários portugueses que visitaram a costa a partir do século XV, consta também na ampla documentação sobre a região. A literatura é rica em referência às grandes mulheres como as vendedoras ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a autonomia e mobilidade é tão típico da região.

HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: A agência feminina e representações em mudanças na Guiné (Séculos XIX e XX) in: PANTOJA, S. (Org.). Identidades, memórias e histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006.

A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se observa pela a) restrição à realização do comércio ambulante por africanos escravizados e seus descendentes. b) convivência entre homens e mulheres livres no pequeno comércio. c) presença de mulheres negras no comércio de rua de diversos produtos e alimentos. d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de origem dos escravizados. e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas ao pequeno comércio urbano. GABARITO: C COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: A escravidão teve formas diversas e complexas, entre elas a escravidão urbana em municípios como Vila Rica (atual Ouro Preto) e Rio de Janeiro. Havia os escravos de Ganho e as ―pretas de tabuleiro‖. Cativos que trabalhavam no pequeno comércio ambulante urbano, que com seu trabalho ao longo dos anos compravam sua alforria. A mulheres tinham um papel especial, pois, principalmente, eram vendidos quitutes cozidos pelas mulheres que também os vendiam vestidas em roupas típicas. O próprio acarajé, comida típica de nosso Nordeste, é um exemplo. As pretas de tabuleiro vendiam seus bolinhos na rua, aos gritos na língua iorubá: acará jé (bolinho aqui).

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90. A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz.

ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981. A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média.

Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respectivamente, em: a) Justificar a dominação estamental/ revoltas camponesas. b) Subverter a hierarquia social/ centralização burguesas. c) Impedir a igualdade jurídica/ revoluções burguesas. d) Controlar a exploração econômica/ unificação monetária. e) Questionar a ordem divina/ Reforma Católica. GABARITO: A COMENTÁRIO/RESOLUÇÃO: O texto de Aldalberon de Laon aborda a divisão da sociedade feudal, estratificada em clero, nobreza e trabalhadores, sobretudo os servos. Essa divisão demonstra uma rígida hierarquia social, que justificava a dominação do clero e da nobreza sobre os servos. Essa relação de exploração foi contestada, sobretudo na Baixa Idade Média, pelas revoltas camponesas, como as Jacqueries.