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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1 METODOLOGIA PARA PREVISÃO DE VAZÕES NA BACIA DO RIO GRANDE Rogerio Saturnino Braga 1 , Marcio Cataldi 2 & Hadassiana Creton de Oliveira 3 RESUMO - Este trabalho relata a metodologia desenvolvida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS para a realização da previsão de vazões uma semana à frente na bacia do alto/médio rio Grande. Esta metodologia considera a utilização do modelo chuva-deflúvio conceitual SMAP, de forma semiconcentrada (dividido em sub-bacias), com o uso de observações em estações fluviométricas e pluviométricas existentes na bacia e de informações de previsão de precipitação com horizonte de dez dias, obtidas a partir da integração do modelo numérico ETA, em uso no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/INPE. Nestes estudos, foi verificada uma tendência de superestimativa nos valores de precipitação prevista, sendo desenvolvidos métodos para identificação e remoção deste viés. Testes de desempenho desta nova metodologia mostram ganhos significativos nos resultados das previsões das vazões uma semana à frente, quando comparados com os obtidos a partir da metodologia em uso pelo ONS para esta bacia. ABSTRACT- This work relates the Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS methodologies development to one ahead week inflow forecast to upper and middle Grande river basin. This approach consider the use of the conceptual inflow model - SMAP in semi-concentrated form (divided in sub-basins), using fluviometric and pluviometric observations and forecast precipitation in basin area. The forecast rain was obtained from ETA model, which is operational use at Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC since 1994. A tendency of overestimation in the precipitation values was observed. A method was developed to identify and remove this tendency. Some tests with this new approach showed significant increase on the forecast accuracy when compared with the ONS´s actual approach. Palavras-chave: Modelo de previsão de vazões, remoção de viés da previsão de precipitação. 1) Engenheiro Civil, Hidrólogo do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Rua da Quitanda 196/10º, 20091-000 Rio de Janeiro, RJ. E-mail [email protected] 2) Meteorologista do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Rua da Quitanda 196/10º, 20091-000 Rio de Janeiro, RJ. E-mail [email protected] 3) Engenheira Civil, Hidróloga do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Rua da Quitanda 196/10º, 20091-000 Rio de Janeiro, RJ. E-mail [email protected]

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 1

METODOLOGIA PARA PREVISÃO DE VAZÕES NA BACIA DO RIO

GRANDE

Rogerio Saturnino Braga1, Marcio Cataldi

2 & Hadassiana Creton de Oliveira

3

RESUMO - Este trabalho relata a metodologia desenvolvida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS para a realização da previsão de vazões uma semana à frente na bacia do alto/médio rio Grande. Esta metodologia considera a utilização do modelo chuva-deflúvio conceitual SMAP, de forma semiconcentrada (dividido em sub-bacias), com o uso de observações em estações fluviométricas e pluviométricas existentes na bacia e de informações de previsão de precipitação com horizonte de dez dias, obtidas a partir da integração do modelo numérico ETA, em uso no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC/INPE. Nestes estudos, foi verificada uma tendência de superestimativa nos valores de precipitação prevista, sendo desenvolvidos métodos para identificação e remoção deste viés. Testes de desempenho desta nova metodologia mostram ganhos significativos nos resultados das previsões das vazões uma semana à frente, quando comparados com os obtidos a partir da metodologia em uso pelo ONS para esta bacia.

ABSTRACT- This work relates the Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS methodologies development to one ahead week inflow forecast to upper and middle Grande river basin. This approach consider the use of the conceptual inflow model - SMAP in semi-concentrated form (divided in sub-basins), using fluviometric and pluviometric observations and forecast precipitation in basin area. The forecast rain was obtained from ETA model, which is operational use at Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos – CPTEC since 1994. A tendency of overestimation in the precipitation values was observed. A method was developed to identify and remove this tendency. Some tests with this new approach showed significant increase on the forecast accuracy when compared with the ONS´s actual approach.

Palavras-chave: Modelo de previsão de vazões, remoção de viés da previsão de precipitação.

1) Engenheiro Civil, Hidrólogo do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Rua da Quitanda 196/10º, 20091-000 Rio de Janeiro, RJ. E-mail [email protected] 2) Meteorologista do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Rua da Quitanda 196/10º, 20091-000 Rio de Janeiro, RJ. E-mail [email protected] 3) Engenheira Civil, Hidróloga do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Rua da Quitanda 196/10º, 20091-000 Rio de Janeiro, RJ. E-mail [email protected]

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 2

1 INTRODUÇÃO

O Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS tem a responsabilidade de elaborar a

previsão de vazões naturais médias diárias, semanais e mensais para todos os locais de

aproveitamentos hidroelétricos do Sistema Interligado Nacional - SIN, além da geração de cenários

mensais a partir do segundo mês, a serem utilizados nos processos de planejamento e programação

da operação do SIN. Estas previsões são utilizadas como insumos básicos para a cadeia de modelos

de otimização deste Operador, no âmbito do Programa Mensal da Operação – PMO, e suas revisões.

O processo atual de previsão de vazões semanais, para a grande maioria das bacias, utiliza

modelos estocásticos univariados, que se baseiam na série histórica de vazões e nas últimas

afluências naturais verificadas, não considerando observações de estações pluviométricas ou

fluviométricas, nem tampouco informações de previsão de precipitação. Além disso, são obtidas

previsões de vazões totais em locais de aproveitamentos hidroelétricos, sendo as vazões relativas às

bacias incrementais calculadas a partir de diferenças entre os valores obtidos nessas previsões, sem

nenhuma consideração de defasagem temporal devido ao translado da água entre aproveitamentos.

Em 2000, o ONS verificou a necessidade de aprimorar o processo e as modelagens utilizadas

na obtenção das previsões de vazões naturais semanais dos aproveitamentos integrantes do SIN,

bem como as previsões relativas às bacias incrementais. Considerando a predominância

significativa da hidroeletricidade no parque gerador de energia elétrica do Brasil, a qualidade da

previsão da vazão natural dos aproveitamentos hidroelétricos apresenta-se como fator fundamental

no planejamento e programação da operação do SIN, pois, a partir destas informações, se tomam

decisões de operação visando minimizar os custos e otimizar o uso dos recursos disponíveis.

A partir do início de 2004, com o acompanhamento dos Agentes de Geração e da Agência

Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, o ONS passou a estudar novas metodologias que pudessem

ser utilizadas na previsão de vazões, incorporando, além das vazões naturais passadas, observações

de postos pluviométricos e fluviométricos e a previsão de precipitação. Em 2006, o ONS, após

autorização da ANEEL, passou a utilizar no PMO e suas revisões, para a bacia do rio Iguaçu, o

modelo misto de Redes Neurais - Mineração de Dados/PREVIVAZ – MPCV [ONS (2005)], que

incorporava dados observados de vazão e precipitação, além da previsão de precipitação para 10

dias elaborada com a utilização do modelo ETA/CPTEC.

Em 2008, após nova autorização da ANEEL, o ONS passou também a utilizar no processo do

PMO e suas revisões outras modelagens de previsão de vazões, com incorporação de informações

de precipitação, nas seguintes bacias: bacia do rio Iguaçu, com o modelo Fuzzy – Redes Neurais

[ONS/FEC (2005)]; bacia incremental da UHE Itaipu, no rio Paraná, com o modelo misto

conceitual/estocástico SMAP-MEL [Fadiga et al. (2008)]; bacias incrementais das UHEs São

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Simão e Cachoeira Dourada, no rio Paranaíba, com o modelo conceitual distribuído MGB-IPH

[Collischonn et al. (2007)]; e bacia do rio Uruguai, com o modelo misto de Redes Neurais -

Mineração de Dados/PREVIVAZ – MPCV [Borim et al. (2008)].

Considerando o melhor desempenho destas novas modelagens, quando comparado com os

resultados da modelagem até então vigente [Guilhon et al. (2007)], o ONS desenvolveu uma nova

metodologia para a previsão de vazões na bacia do Alto/Médio rio Grande (até a UHE Porto

Colômbia), envolvendo a utilização do modelo conceitual SMAP e o uso de observações de

estações pluviométricas e fluviométricas e de previsões de precipitação na bacia [ONS (2008)].

Como produto, obtém-se a previsão direta das vazões incrementais entre aproveitamentos, com

horizonte de até dez dias. Na próxima seção será apresentada a região onde foi aplicada a

metodologia, seguida da descrição dos dados utilizados, elucidando o procedimento de remoção do

viés da precipitação prevista pelo ETA. Na seção seguinte é apresentada uma breve descrição do

modelo SMAP, seguida dos resultados encontrados no estudo e as conclusões e discussões mais

pertinentes a ele.

2 DESCRIÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

2.1 Considerações gerais

A bacia do rio Grande no trecho em estudo (montante da UHE Porto Colômbia) possui uma

área de drenagem de 77.427 km2 e dez aproveitamentos hidroelétricos em operação integrados ao

SIN (Camargos, Itutinga, Funil, Furnas, Mascarenhas de Moraes, L.C.Barreto, Jaguara, Igarapava,

Volta Grande e Porto Colômbia).

A precipitação média anual na bacia do rio Grande varia em torno de 1.500 mm, exceto em

algumas regiões da Serra da Mantiqueira, onde ultrapassa 3.000 mm. A região tem uma estação

chuvosa no verão, estendendo-se de outubro a março, quando ocorrem cerca de 80% do total

precipitado sobre a bacia. O trimestre mais chuvoso é formado pelos meses de dezembro, janeiro e

fevereiro. A estação seca é definida pelos meses de junho, julho e agosto, no inverno.

Nos meses de verão, os totais mais significativos de precipitação se devem principalmente a

configuração da Zona de Convergência do Atlântico Sul – ZCAS que, quando ocorre, aciona o

transporte de umidade da região Amazônica diretamente para a região da bacia. O deslocamento de

frentes frias, áreas e linhas de instabilidade e o próprio aquecimento diurno, também contribuem

para a ocorrência de precipitação nesta época do ano.

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Durante o inverno, somente o deslocamento de frentes frias ocasiona precipitação na região,

sendo que, neste período do ano, elas atingem esta região com menor freqüência e menor

intensidade, devido principalmente a menor disponibilidade de umidade na atmosfera.

A rede hidrográfica da bacia, estando sob influência das chuvas de verão, registra maiores

vazões nos meses de dezembro e janeiro. A vazão média de longo termo (1931/2007) em Porto

Colômbia é de 1.323 m3/s, o que corresponde a uma vazão específica de 17,1 l/s/km2.

2.2 Configuração das sub-bacias

Para aplicação do modelo, optou-se pela previsão direta das vazões apenas para os

aproveitamentos de Camargos, Funil, Furnas e Porto Colômbia. Os seis aproveitamentos restantes

do trecho deverão ter suas vazões previstas calculadas, posteriormente, com base em regressões

lineares obtidas a partir dos valores previstos para estes quatro locais.

Algumas estações fluviométricas existentes na bacia foram consideradas como pontos de

cálculo do modelo, devido à importância de suas localizações e áreas de controle. Estas estações

foram a do rio Verde em Porto dos Buenos e a do rio Sapucaí em Paraguaçu, situadas na bacia

incremental entre as UHEs Furnas e Funil, bem como a do rio Sapucaí Paulista em Fazenda Capão

Escuro, localizada na bacia incremental entre as UHEs Porto Colômbia e Furnas.

A figura 1 e a tabela 1 mostram, respectivamente, a localização e as principais características

das sete sub-bacias selecionadas para a aplicação do modelo.

-48.8 -48.6 -48.4 -48.2 -48 -47.8 -47.6 -47.4 -47.2 -47 -46.8 -46.6 -46.4 -46.2 -46 -45.8 -45.6 -45.4 -45.2 -45 -44.8 -44.6 -44.4 -44.2 -44 -43.8 -43.6

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1

2

3 4

5

6

7

Porto Colômbia

Fazenda Capão Escuro

Furnas

Funil Camargos

Porto dos Buenos Paraguaçu

Figura 1 - Localização das sub-bacias

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Tabela 1 - Principais características das sub-bacias

Sub-bacia Área Incremental Rio Área

(km2) % do total

1 - Camargos UHE Camargos Grande 6.279 8,1 2 - Funil UHE Funil / UHE Camargos Grande 9.491 12,3 3 - Porto dos Buenos Porto dos Buenos Verde 6.366 8,2 4 - Paraguaçu Paraguaçu Sapucaí 9.501 12,3 5 - Furnas UHE Furnas / UHE Funil; Porto

dos Buenos; Paraguaçu Grande 20.501 26,5

6 - Fazenda Capão Escuro Fazenda Capão Escuro Sapucaí Paulista

5.906 7,6

7 - Porto Colômbia UHE Porto Colômbia / UHE Furnas; Fazenda Capão Escuro

Grande 19.383 25,0

Total 77.427 100,0

3 DADOS BÁSICOS

3.1 Estações e dados fluviométricos

A tabela 2 apresenta as estações fluviométricas utilizadas nos estudos. As principais estações

fluviométricas foram as três citadas anteriormente, ou seja, Paraguaçu, Porto dos Buenos e Fazenda

Capão Escuro. As demais estações foram utilizadas no tratamento das vazões incrementais.

Tabela 2 - Estações fluviométricas utilizadas nos estudos

Código Estação Rio Área de Drenagem

(km²)

Operadora

61012001 Madre de Deus de Minas Grande 2.097 Cemig 61060001 Fazenda Laranjeiras Aiuruoca 2.102 Cemig 61425000 Paraguaçu Sapucaí 9.501 Furnas 61537000 Porto dos Buenos Verde 6.366 Furnas 61787000 Fazenda Capão Escuro Sapucaí Paulista 5.906 Furnas 61795000 Conceição das Alagoas Uberaba 1.984 Furnas

3.2 Estações e dados pluviométricos

Com vistas à etapa de calibração e validação dos parâmetros do modelo SMAP, trabalhou-se

com uma rede de estações pluviométricas mais densa possível. Desta forma, com base no período

de dados a ser utilizado nos estudos (1995 a 2007), foi realizada uma ampla pesquisa de estações

existentes na bacia e, posteriormente, uma coleta de dados junto à CEMIG, FURNAS e ANA, além

dos dados já disponíveis na Base de Dados Técnica – BDT do ONS. As estações pluviométricas

selecionadas para o estudo estão apresentadas na figura 2.

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As falhas existentes no período de estudos foram preenchidas com dados observados em

estações próximas. Em geral, foram selecionadas apenas estações cujas falhas existentes não fossem

superiores a 25% do período total do estudo (1995 a 2007). A análise de consistência dos dados

pluviométricos foi realizada tanto em nível diário, por meio de Análise de Agrupamento (clusters) e

Componentes Principais (ACP) [Han e Kamber (2000)], quanto em nível médio anual, por meio de

comparação entre estações vizinhas e com base na topografia da área da bacia. Entre as estações

selecionadas para o estudo, não foi identificada qualquer inconsistência significativa. Em poucas

estações, dados inconsistentes em curtos períodos foram também substituídos por dados de estações

próximas.

-48.8 -48.6 -48.4 -48.2 -48 -47.8 -47.6 -47.4 -47.2 -47 -46.8 -46.6 -46.4 -46.2 -46 -45.8 -45.6 -45.4 -45.2 -45 -44.8 -44.6 -44.4 -44.2 -44 -43.8 -43.6

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-20.6

-20.4

-20.2

-20

-19.8

-19.6

-19.4

Aiuruoca

Alagoa

AndrelândiaB.Jardim

Carvalhos

Faz.Laranjeiras

Faz.Paraíba

M. de Deus

Pte Costa

S.Vicente

Santana do Garembeu

SE Itutinga

SE Liberdade

Barroso

Bom Sucesso

Campolide

Carandaí

Carrancas

Cruzília

Ibertioga

Ibituruna

Itumirim

Luminárias

Porto do ElvasPorto Tiradentes

Resende CostaSão Tiago

SE BarbacenaUHE Itutinga Usina Barbacena

Usina São João del Rei

Vila Rio das Mortes

BaependiCaxambu

Conceição Do Rio Verde

Cristina

Fazenda Cachoeira

Fazenda Juca Casimiro

Itanhandu

Palmela Dos Coelhos

Porto Dos Buenos

Pouso Alto

Três Corações

Usina Congonhal

Usina Do Chicão

Virginia

Bairro do Analdino

Bairro Santa Cruz

Brasópolis

Cambuí (Csme)

Careaçu

Conceição dos Ouros

Fazenda da Guarda (Parque)

Maria da Fé

Monsenhor Paulo

Ponte do Rodrigues

Santa Rita do Sapucaí

São João de Itajubá

Sapucaí-Mirim

SE Pouso Alegre

Silvianópolis

UHE São Bernardo

UHE Xicão

Vargem do Cervo

Alfenas

Boa Esperança

Campos Gerais

Candéias

Carmo da Cachoeira

Carmo do Rio Claro

Coqueiral

Fama

Formiga

Guapé

Ilicínea

Juréia

Paraguaçu

Ponte Fernão Dias

Santana do Jacaré

SE Pimenta

Três Pontas

UHE Furnas

UHE Poço Fundo

Usina Couro do Cervo

Usina Nepumoceno

AntinópolisBrodosqui Cobiça

Fazenda Boa Sorte

Fazenda Carvalhais

Fazenda Santa Cecília

Fazenda Santo Antônio II

Franca

Ipuã

Bom Jesus da Penha

Conceição das AlagoasConquista

Delfinópolis

Desemboque

Fazenda Poço Bonito

Fazenda São Domingos

Fazenda Sassafras

GuaranésiaGuaxupé

Itaú de Minas

Ituverava

Lagoa

Ponte Joaquim Justino

SE Jaguara

UHE Luiz Carlos Barreto (Estreito)

UHE Masc. de Moraes

UHE Porto Colômbia

UHE Volta Grande Usina Junqueira

Usina Santana

Veríssimo

Zelândia

Figura 2 - Localização das estações pluviométricas

Vale ressaltar que algumas estações, cujos dados são disponibilizados diariamente, foram

implantadas após 1995 e, por isso, não possuem históricos completos em todo o período utilizado

nos estudos. Nesses casos, na etapa de testes de desempenho do modelo, foram utilizados dados de

uma estação convencional mais próxima.

3.3 Previsões de precipitação

As previsões de precipitação diária utilizadas nos estudos foram realizadas com a utilização

do modelo numérico de previsão de tempo ETA [Black (1994); Cataldi et al. (2007)], atualmente

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 7

em uso no Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos - CPTEC. Os pontos de grade

utilizados do modelo ETA têm resolução espacial 40 x 40 km e a chuva média em cada sub-bacia

foi calculada a partir de média aritmética de todos os pontos localizados dentro da sub-bacia. A

precipitação prevista utilizada foi sempre para o intervalo de 10 dias à frente, no período de 1996 a

2003, com previsões efetuadas sempre com início às quartas-feiras.

Quando comparados os valores médios de precipitação prevista e de precipitação observada,

conforme pode ser visto na tabela 3, verifica-se, em todas as sub-bacias, uma tendência de

superestimativa dos valores previstos, principalmente em sub-bacias que possuem desníveis mais

acentuados em suas cabeceiras. A topografia mais elevada e irregular justifica os valores maiores da

relação Previsto/Observado nas sub-bacias de Porto dos Buenos, Paraguaçu, Camargos e Funil e os

valores menores nas sub-bacias de Fazenda Capão Escuro e Porto Colômbia. Contudo, o alto valor

encontrado para esta relação para a sub-bacia de Furnas não pode ser justificado pela topografia e

sua causa deve ser investigada em conjunto com a equipe técnica do CPTEC.

Tabela 3 - Precipitação média anual prevista e observada em cada sub-bacia - Período 1996/2003

Analisando a figura 3, elaborada com os dados de precipitação total média observada e

prevista nos nove primeiros dias de cada previsão para a sub-bacia de Camargos, percebe-se que a

precipitação prevista pelo modelo ETA tem um comportamento semelhante à observada, alterando

apenas a magnitude, o que indica que o modelo foi capaz de reproduzir os fenômenos

meteorológicos que ocorreram na bacia, porém possui uma tendência (viés) a superestimar os totais

previstos. Com vistas à identificação e remoção deste viés, foram realizados estudos para cada uma

das sete sub-bacias, considerando o total de precipitação prevista nos primeiros nove dias de cada

previsão realizada para o período 1996/2003. Considerando as análises das características climáticas

sazonais da região foram agrupados quatro períodos distintos para identificação e remoção do viés:

agosto a novembro; dezembro e janeiro; fevereiro e março; e abril a julho.

Pprev/Pobs

Observada Prevista

1 - Camargos 1.434,6 1.820,3 1,27

2 - Funil 1.400,4 1.774,8 1,27

3 - Porto dos Buenos 1.499,5 2.154,4 1,44

4 - Paraguaçu 1.435,6 1.838,3 1,28

5 - Furnas 1.333,9 2.013,3 1,51

6 - Fazenda Capão Escuro 1.532,1 1.716,6 1,12

7 - Porto Colômbia 1.476,6 1.614,8 1,09

Sub-bacia

Precipitação

Média Anual (mm)

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 8

Figura 3 - Precipitação total média observada e prevista na sub-bacia de Camargos (1996/03)

A metodologia utilizada para a identificação e remoção do viés das previsões de precipitação,

para cada uma das sete sub-bacias em cada um dos quatro períodos, foi a seguinte:

• Obtenção dos totais de precipitação observada e prevista nos primeiros 9 dias de cada previsão.

• Elaboração de curvas de permanência de precipitação observada e prevista, como exemplificado

na figura 4, que é relativa à sub-bacia Camargos no período agosto/novembro.

• Elaboração de gráficos de precipitação prevista versus precipitação observada, plotando-se pontos

de mesma freqüência da curva de permanência, como o exemplo da figura 5.

• Ajuste de uma equação de segundo grau aos pontos do gráfico, passando pela origem e limitado

aos valores de precipitação prevista maiores do que a precipitação observada.

• Cálculo da precipitação diária prevista com remoção de viés para os 10 dias de previsão, por meio

da seguinte expressão:

9dias ETA

9dias(t)ETA(t) Ptot

PtotpreP Ppre ×= (1)

onde: ( ) ( )9dias ETA

2

9dias ETA9dias PtotbPtot a Ptotpre ×+×= (2)

Ppre(t): precipitação diária prevista com remoção de viés, para cada dia de previsão (mm).

PETA(t) : precipitação diária prevista pelo modelo ETA, para cada dia de previsão (mm).

Ptotpre 9dias: precipitação total prevista com remoção de viés, para os 9 primeiros dias (mm).

PtotETA 9dias: precipitação total prevista pelo modelo ETA, para os 9 primeiros dias (mm).

a e b: constantes da equação de segundo grau obtida para remoção de viés.

CAMARGOS

0

20

40

60

80

100

120

140

4/8

11/8

18/8

25/8 1/9

8/9

15/9

22/9

29/9

6/10

13/1

020

/10

27/1

03/

1110

/11

17/1

124

/11

1/12

8/12

15/1

222

/12

29/1

25/

112

/119

/126

/1 2/2

9/2

16/2

23/2 2/3

9/3

16/3

23/3

30/3 6/4

13/4

20/4

27/4 4/5

11/5

18/5

25/5 1/6

8/6

15/6

22/6

29/6 6/7

13/7

20/7

27/7

Pre

cip

itaç

ão

Acu

mu

lad

a 9

dia

s (

mm

)

Observadas

Média Móvel 7

Previstas

Média Móvel 7

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 9

Figura 4 - Curvas de permanência de precipitação - agosto/novembro - Sub-bacia de Camargos

Figura 5 - Precipitação total observada e prevista - agosto/novembro - Sub-bacia de Camargos

A figura 6 apresenta os dados de precipitação total média observada e prevista, sem e com

remoção do viés, nos nove primeiros dias de cada previsão, para a sub-bacia de Camargos. É

possível verificar que, com a remoção do viés da previsão, os dados apresentam uma melhor

distribuição em relação à reta de 45º, bem como a média dos valores de precipitação prevista se

aproxima mais da média dos valores de precipitação observada.

CAMARGOS - Período Agosto/Novembro

y = 0,00392x2 + 0,42709xR2 = 0,99056

0

50

100

150

200

250

300

0 50 100 150 200 250 300

Precipitação total Prevista 9 dias - x - (mm)

Pre

cip

itação

to

tal

Ob

serv

ad

a 9

dia

s -

y -

(m

m)

146,2

y = x

CAMARGOS - Período Agosto/Novembro

0

50

100

150

200

250

300

1% 7% 13% 18% 24% 30% 36% 42% 48% 54% 60% 65% 71% 77% 83% 89% 95%

Pre

cip

itação

To

tal

9 d

ias (

mm

)

Prevista

Observada

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 10

0

50

100

150

200

250

300

0 50 100 150 200 250 300

Precipitação Observada 9 dias (mm)

Pre

cipi

taçã

o P

revi

sta

9 di

as (

mm

)Camargos

47,9Média das Precipitações Previstas =

36,9Média das Precipitações Observadas =

P prevista > P observada =

P prevista ≤ P observada =

73%

27%

Sem remoção de viés

0

50

100

150

200

250

300

0 50 100 150 200 250 300

Precipitação Observada 9 dias (mm)

Pre

cipi

taçã

o P

revi

sta

9 di

as (

mm

)

Camargos

38,2Média das Precipitações Previstas =

36,9Média das Precipitações Observadas =

P prevista > P observada =

P prevista ≤ P observada =

56%

44%

Com Remoção de Viés

Figura 6 - Precipitação observada e prevista, sem e com remoção do viés, na sub-bacia de Camargos

A tabela 4 apresenta as constantes a e b e os correspondentes limites de aplicação das

equações de segundo grau obtidas para a remoção do viés da previsão de precipitação, para cada

sub-bacia e período analisado. Observa-se que, para as sub-bacias de Fazenda Capão Escuro e Porto

Colômbia, somente se fez a correção do viés para os meses de agosto a novembro.

Tabela 4 - Parâmetros das equações para remoção do viés da previsão de precipitação

3.4 Séries de vazões naturais e incrementais

As séries de vazões das sub-bacias referentes às estações fluviométricas (Porto dos Buenos,

Paraguaçu e Fazenda Capão Escuro) foram fornecidas por FURNAS.

No período entre 01/janeiro/95 a 31/dezembro/2001, foi utilizada a série de vazões naturais da

sub-bacia de Camargos, definida no projeto de revisão das séries de vazões da bacia do rio Grande,

desenvolvido pelo ONS [Braga et al. (2005); ONS/HICON (2004)]. Para o período posterior, a série

de vazões foi obtida pelo processo de modulação [ONS (2005)], a partir dos dados fluviométricos

observados nas estações do rio Grande em Madre de Deus de Minas e do rio Aiuruoca em Fazenda

Laranjeiras, utilizando tempos de viagem iguais a 14 e 15 horas, respectivamente.

A série de vazões incrementais da sub-bacia de Funil foi obtida pela diferença entre a série de

vazões naturais de Funil e a série de vazões naturais de Camargos, anteriormente mencionada e

1 - Camargos 0,00392 0,42709 146,2 0,00179 0,69219 172,0 0,00127 0,65057 275,1 0,00725 0,59979 55,2

2 - Funil 0,00443 0,44497 125,3 0,00072 0,80994 264,0 0,00225 0,57288 189,8 0,01544 0,26893 47,3

3 - Porto dos Buenos 0,00351 0,35244 184,5 0,00238 0,47241 221,7 0,00155 0,49249 327,4 0,00814 0,39126 74,8

4 - Paraguaçu 0,00341 0,47233 154,7 0,00203 0,63334 180,6 0,00308 0,52903 152,9 0,00795 0,48164 65,2

5 - Furnas 0,00119 0,52182 401,8 0,00204 0,47112 259,3 0,00152 0,51448 319,4 0,00745 0,44803 74,1

6 - Fazenda Capão Escuro 0,00487 0,43763 115,5 - - - - - - - - -

7 - Porto Colômbia 0,00037 0,74494 689,4 - - - - - - - - -

a bLimite (mm)

Limite (mm)

a bLimite (mm)

bLimite (mm)

a b

Sub-bacia

Período

Agosto/Novembro Abril/Julho

Período

Dezembro/Janeiro

Período

Fevereiro/Março

Período

a

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 11

devidamente propagada com tempo de viagem igual a 13 horas. Em alguns dias do período de

estiagem, foi necessária a realização de tratamentos específicos para eliminar valores extremamente

baixos e oscilações diárias injustificáveis.

Para obtenção da série de vazões incrementais da sub-bacia de Furnas, primeiro foi calculada

a vazão incremental bruta Furnas/Funil, obtida pela diferença entre a série de vazões naturais de

Furnas e a série de vazões naturais de Funil, devidamente propagada com tempo de viagem igual a

36 horas. O passo seguinte foi o tratamento da vazão incremental Furnas/Funil, com uso do

processo de modulação, a partir dos dados fluviométricos observados nas estações do rio Verde em

Porto dos Buenos e do rio Sapucaí em Paraguaçu, utilizando tempos de viagem iguais a 12 e 10

horas, respectivamente. Por fim, as vazões incrementais da sub-bacia de Furnas foram obtidas pela

diferença entre as vazões incrementais tratadas Furnas/Funil e as vazões observadas em Porto dos

Buenos e em Paraguaçu, devidamente propagadas.

A série de vazões incrementais da sub-bacia de Porto Colômbia foi calculada com

metodologia semelhante à Furnas, utilizando para modulação as estações do rio Sapucaí Paulista em

Fazenda Capão Escuro e do rio Uberaba em Conceição das Alagoas.

4 O MODELO SMAP

4.1 Concepção do modelo

O modelo SMAP (Soil Moisture Accounting Procedure) é um modelo conceitual de

simulação hidrológica, do tipo transformação chuva-vazão [Lopes et al. (1982)]. O modelo foi

aplicado com sucesso em diversas bacias brasileiras e vem sendo utilizado pelo ONS, desde janeiro

de 2008, em combinação com o modelo estocástico multivariado “MEL”, para a previsão de vazões

uma semana à frente da bacia incremental da UHE Itaipu, no rio Paraná [Fadiga et al. (2008)].

Além do bom desempenho nesta bacia, tanto na fase de testes como na fase de operacionalização, a

escolha desse modelo para aplicação à bacia do alto/médio rio Grande deve-se: à facilidade de

entendimento da metodologia e do funcionamento do modelo e de seus parâmetros, o que permite a

realização de alguns ajustes/aprimoramentos, quando necessário; e à facilidade na obtenção dos

dados de entrada necessários e na aplicação para a grande maioria das bacias do SIN.

O modelo SMAP, em sua versão original, é constituído por três reservatórios lineares

hipotéticos representando: o reservatório do solo (Rsolo); o reservatório da superfície (Rsup),

correspondente ao escoamento superficial da bacia; e o reservatório subterrâneo (Rsub),

correspondente ao escoamento subterrâneo da bacia (escoamento de base). A concepção básica do

modelo, bem como sua formulação, já foi apresentada em diversos trabalhos [Lopes et al. (1982);

ONS (2008)].

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 12

Para a aplicação do modelo SMAP à bacia do alto/médio rio Grande, nas sub-bacias de Porto

dos Buenos e de Paraguaçu, constatou-se a necessidade de inclusão de um quarto reservatório, com

vistas à simulação de importantes extravasamentos pelas margens e de amortecimentos nos picos

das cheias, em eventos de fortes chuvas. Este quarto reservatório linear representaria o

armazenamento e o escoamento de água nas planícies de inundação existentes nas duas sub-bacias.

A figura 7 apresenta o esquema do modelo SMAP aplicado à bacia do rio Grande.

Figura 7 - Esquema do modelo SMAP aplicado à bacia do rio Grande (4 reservatórios)

Outra alteração em relação à configuração original do modelo SMAP, diz respeito a

coeficientes de representação temporal que foram introduzidos para o cálculo da precipitação média

na bacia a ser considerada pelo modelo - P(t), conforme a seguinte expressão:

P(t) = Pb(t - 3) . kt(-3) + Pb(t - 2) . kt(-2) + Pb(t - 1) . kt(-1) + Pb(t) . kt(0) + Pb(t + 1) . kt(+1) (3)

Onde: Pb(t): precipitação média observada na bacia (mm) no dia t, obtida a partir das observações

das estações pluviométricas da bacia e de seus respectivos pesos ke.

kt(-3) ; kt(-2) ; .. ; kt(+1): coeficientes de representação temporal.

4.2 Etapa de calibração/validação do modelo

Para o modelo SMAP aplicado à bacia do alto/médio rio Grande, os parâmetros calibrados,

para cada sub-bacia estudada, foram os seguintes:

Str: capacidade de saturação do solo (mm).

Capc: capacidade de campo (%).

Crec: parâmetro de recarga subterrânea (%).

Rsub

Kkt

Rsolo

Str

Crec

Cap

c

Rec

Rsup2

Ed2K3t

Ed

RsupK1t

K2tH

Eb

Er P - Es

Es

PEp

Marg

RsubRsub

Kkt

Rsolo

Str

Crec

Cap

c

Rec

Rsup2

Ed2

Rsup2

Ed2K3t

Ed

RsupK1t

K2tH

Eb

ErEr P - EsP - Es

Es

PPEpEp

Marg

Qcalc

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 13

K2t: constante de recessão do escoamento superficial (dia).

Kkt: constante de recessão do escoamento básico (dia).

H: altura representativa para início de escoamento em planícies (mm).

K1t: constante de recessão do escoamento para planícies (dia).

K3t: constante de recessão do escoamento da superfície/planícies (dia).

ke1 ; ke2 ; .. ; ken: coeficientes de representação espacial de cada posto pluviométrico.

kt(-3) ; kt(-2) ; .. ; kt(+1) : coeficientes de representação temporal.

kep: coeficiente de ajuste da evapotranspiração potencial média da sub-bacia.

Vale ressaltar que os cinco primeiros parâmetros (Str ; Capc ; Crec ; K2t e Kkt) são os

mesmos a calibrar quando se utiliza a versão original do modelo SMAP com três reservatórios. Os

três parâmetros seguintes (H ; K1t e K3t) são decorrentes da incorporação do quarto reservatório,

que representa o eventual extravasamento pelas margens e escoamento pelas planícies de

inundação. Os coeficientes ke; kt e kep devem ser calibrados com vistas a uma melhor

representatividade dos dados de precipitação média da sub-bacia - P(t) e de evapotranspiração

potencial média da sub-bacia - Ep(t), a serem utilizados pelo modelo. Neste estudo, optou-se por

fixar o valor da abstração inicial – Ai em 2,0mm.

Para as fases de calibração e validação do modelo, foram utilizados dois conjuntos distintos

de 4 anos de dados. Na seleção destes anos, buscou-se, sempre que possível, situações hidrológicas

diversificadas na bacia, ou seja, períodos com cheias anuais baixa, média e alta. A figura 8

apresenta, como exemplo, um dos anos utilizados para a calibração dos parâmetros da sub-bacia de

Camargos. Além dos hidrogramas observado e calculado pelo modelo SMAP, é apresentado o

hidrograma do escoamento básico, proveniente do reservatório subterrâneo.

Vazões (m3/s)

0

100

200

300

400

500

600

1/8/2003 1/9/2003 1/10/2003 1/11/2003 1/12/2003 1/1/2004 1/2/2004 1/3/2004 1/4/2004 1/5/2004 1/6/2004 1/7/2004

Q basica calc Q calc Q obs

Figura 8 - Calibração dos parâmetros do modelo - Período 2003/2004 - Sub-bacia de Camargos

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 14

A tabela 5 apresenta os parâmetros finais e os resultados obtidos na calibração do modelo para

cada uma das sete sub-bacias consideradas nos estudos.

Tabela 5 - Parâmetros e resultados obtidos na calibração do modelo

4.3 Etapa de testes de desempenho do modelo

A etapa de testes de desempenho do modelo é realizada com períodos distintos dos utilizados

na etapa anterior. O objetivo é a verificação do desempenho do modelo em situações semelhantes às

que ocorrerão na fase de operacionalização do mesmo (operação em tempo real), com uma rede de

estações pluviométricas de menor densidade (só as que disponibilizam dados diariamente) do que a

utilizada na calibração/validação, e com a incorporação das previsões de precipitação para dez dias

à frente (de forma diferente da etapa anterior, onde foram utilizados apenas valores observados de

precipitação).

O modelo SMAP opera de forma discreta no tempo. A cada intervalo de tempo, há

incorporação de precipitação média na bacia, contabilização de perdas por evaporação, liberação de

escoamentos e atualização do nível d’água em cada um dos quatro reservatórios. Após algum tempo

de uso, é normal a ocorrência de desvios entre o hidrograma de vazões observadas e o hidrograma

de vazões calculadas pelo modelo. Em relação às vazões calculadas, esses desvios, em geral, são

devidos aos seguintes fatores: erro ou falha nos dados observados de precipitação; não

representatividade ou baixa densidade da rede de estações pluviométricas considerada na etapa de

testes; não representatividade dos dados de evapotranspiração potencial; deficiência dos parâmetros

do modelo obtidos nas etapas de calibração/validação; e deficiência nas formulações básicas do

modelo.

SUB-BACIACamargos Funil P.dos Buenos Paraguaçu Furnas Faz.C.Escuro P.Colômbia

Str 100 125 110 115 85 240 115

Capc 42 46 42 50 44 46 42

Crec 100 100 100 100 100 100 100

K2t 5,5 3,9 4,0 5,5 6,5 5,0 8,0

Kkt 150 135 150 140 140 80 100

H - - 50 55 - - -

K1t - - 28 45 - - -

K3t - - 10 0,2 - - -

kt(-3) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

kt(-2) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

kt(-1) 0,00 0,05 0,36 0,36 0,25 0,15 0,05

kt(0) 0,33 0,50 0,34 0,44 0,25 0,25 0,11

kt(+1) 0,67 0,45 0,30 0,20 0,50 0,60 0,84

kep 1,01 1,10 0,95 0,97 1,07 0,92 1,10Erro médio % 11 12 11 11 16 11 12

Erro médio m3/s 14 17 15 19 38 9 34

PARÂMETRO

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 15

Caso esses desvios não sejam corrigidos, ou seja, caso não haja um ajuste razoável entre o

hidrograma de vazões observadas e o hidrograma de vazões calculadas pelo modelo em um período

significativo de dias anteriores ao dia da previsão, a qualidade das vazões previstas poderá ser

comprometida. Este ajuste pode ser obtido a partir da reinicialização do modelo com a aplicação de

dois métodos: o ajuste das variáveis de estado iniciais do modelo; e o ajuste dos valores da

precipitação observada a serem considerados pelo modelo.

O primeiro método baseia-se no emprego de um algoritmo de otimização para o cálculo das

variáveis de estado - Rsub, Rsup e Rsup2, no início do período de 31 dias anteriores ao dia da

previsão, com vistas à minimização dos desvios entre os hidrogramas observado e calculado neste

período. O segundo método, utilizado com sucesso nas bacias incrementais da UHE Lajeado [De

Jesus (2001)] e da UHE Itaipu [Fadiga et al. (2008)], consiste no uso do modelo de forma reversa,

calculando-se, por meio de um algoritmo de otimização, os valores da precipitação observada -

P*(t) a serem considerados pelo modelo, também com vistas à minimização dos desvios entre os

hidrogramas observado e calculado no período de 31 dias anteriores ao dia da previsão. Nos dois

métodos, é conveniente impor limites, tanto no ajuste das variáveis de estado iniciais, como no

ajuste dos valores de precipitação a serem considerados no modelo, fixando-se percentuais mínimos

e máximos a serem aplicados, respectivamente, nas variáveis de estado, calculadas na simulação da

semana anterior ao dia da previsão, e nas chuvas médias na bacia, calculadas com base nas estações

consideradas na etapa de testes. Neste estudo, optou-se pela utilização concomitante dos dois

métodos, já que o desempenho de ajuste das variáveis de estado é melhor no período de chuvas

fracas ou nulas e o desempenho do método de ajuste das chuvas médias nas sub-bacias é melhor no

período de chuvas de intensidade moderada e forte.

5 RESULTADOS

Os testes de desempenho do modelo SMAP, aplicado à bacia do alto/médio Grande,

envolveram um total de 208 simulações (4 anos x 52 semanas) para cada uma das sete sub-bacias

consideradas nos estudos, utilizando a metodologia descrita anteriormente. Os testes foram

realizados considerando sempre a quarta-feira como o dia da elaboração da previsão, com um

horizonte de dez dias à frente. Nos processos do ONS, considera-se sempre a semana operativa de

sábado a sexta-feira. Dessa forma, as vazões médias previstas para a próxima semana operativa

foram calculadas com base nas médias das vazões diárias previstas para o período entre o quarto e o

décimo dia da previsão.

A metodologia atual utilizada para obtenção da previsão de vazões da próxima semana

operativa (uma semana à frente), na bacia do alto/médio rio Grande, é realizada a partir do uso do

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 16

modelo estocástico univariado PREVIVAZ [CEPEL (2004)], que não considera informações de

previsão de precipitação e nem informações de chuva e vazões observadas em estações existentes

na bacia. As previsões de vazões das bacias incrementais, necessárias para alimentação dos modelos

utilizados pelo ONS nos processos de programação e planejamento da operação do SIN, são

calculadas pela diferença entre as previsões de vazões totais obtidas em locais de aproveitamentos.

As comparações entre os desempenhos da metodologia atual e da nova metodologia

(metodologia proposta com correção do viés da previsão de precipitação) foram feitas em relação às

vazões previstas na sub-bacia de Camargos e nas bacias incrementais Funil/Camargos, Furnas/Funil

e Porto Colômbia/Furnas. Além dessas quatro bacias, foram comparadas as vazões previstas para a

bacia total de Furnas, apenas para auxílio à análise dos resultados das duas metodologias, já que os

modelos de programação e planejamento da operação, utilizados pelo ONS, trabalham com séries

de vazões incrementais, sendo as mesmas obtidas, atualmente, por diferença entre as previsões de

vazões totais.

As figuras 9 a 12 apresentam as previsões de vazões da próxima semana operativa (4º ao 10º

dia) para a bacia total de Furnas, em cada um dos quatro anos utilizados na etapa de testes de

desempenho. Na figura 13 observa-se a comparação dos resultados obtidos nas previsões com as

duas metodologias. A figura 14 apresenta os erros médios absolutos referentes às previsões com as

duas metodologias. A tabela 6 apresenta os principais resultados obtidos nas simulações das

previsões de vazões da próxima semana operativa, com a aplicação da metodologia atual e da nova

metodologia.

1996/97

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

5.000

07/0

8/96

21/0

8/96

04/0

9/96

18/0

9/96

02/1

0/96

16/1

0/96

30/1

0/96

13/1

1/96

27/1

1/96

11/1

2/96

25/1

2/96

08/0

1/97

22/0

1/97

05/0

2/97

19/0

2/97

05/0

3/97

19/0

3/97

02/0

4/97

16/0

4/97

30/0

4/97

14/0

5/97

28/0

5/97

11/0

6/97

25/0

6/97

09/0

7/97

23/0

7/97

Vazã

o (

m3/s

)

Observado

Metodologia Atual

Metodologia Proposta

FURNAS TOTAL

Figura 9 - Previsão de vazões da próxima semana operativa - Bacia total de Furnas - 1996/97

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 17

1997/98

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

06/0

8/97

20/0

8/97

03/0

9/97

17/0

9/97

01/1

0/97

15/1

0/97

29/1

0/97

12/1

1/97

26/1

1/97

10/1

2/97

24/1

2/97

07/0

1/98

21/0

1/98

04/0

2/98

18/0

2/98

04/0

3/98

18/0

3/98

01/0

4/98

15/0

4/98

29/0

4/98

13/0

5/98

27/0

5/98

10/0

6/98

24/0

6/98

08/0

7/98

22/0

7/98

Vazã

o (

m3/s

)

Observado

Metodologia Atual

Metodologia Proposta

FURNAS TOTAL

Figura 10 - Previsão de vazões da próxima semana operativa - Bacia total de Furnas - 1997/98

2001/02

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

01/0

8/01

15/0

8/01

29/0

8/01

12/0

9/01

26/0

9/01

10/1

0/01

24/1

0/01

07/1

1/01

21/1

1/01

05/1

2/01

19/1

2/01

02/0

1/02

16/0

1/02

30/0

1/02

13/0

2/02

27/0

2/02

13/0

3/02

27/0

3/02

10/0

4/02

24/0

4/02

08/0

5/02

22/0

5/02

05/0

6/02

19/0

6/02

03/0

7/02

17/0

7/02

Vazã

o (

m3/s

)

Observado

Metodologia Atual

Metodologia Proposta

FURNAS TOTAL

Figura 11 - Previsão de vazões da próxima semana operativa - Bacia total de Furnas - 2001/02

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 18

2002/03

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

07/0

8/02

21/0

8/02

04/0

9/02

18/0

9/02

02/1

0/02

16/1

0/02

30/1

0/02

13/1

1/02

27/1

1/02

11/1

2/02

25/1

2/02

08/0

1/03

22/0

1/03

05/0

2/03

19/0

2/03

05/0

3/03

19/0

3/03

02/0

4/03

16/0

4/03

30/0

4/03

14/0

5/03

28/0

5/03

11/0

6/03

25/0

6/03

09/0

7/03

23/0

7/03

Vazã

o (

m3/s

)

Observado

Metodologia Atual

Metodologia Proposta

FURNAS TOTAL

Figura 12 - Previsão de vazões da próxima semana operativa - Bacia total de Furnas - 2002/03

Figura 13 - Resultados obtidos com as duas metodologias - Bacia total de Furnas

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

1/8

15/8

29/8

12/9

26/9

10/1

0

24/1

0

7/11

21/1

1

5/12

19/1

2

2/1

16/1

30/1

13/2

27/2

13/3

27/3

10/4

24/4 8/5

22/5 5/6

19/6 3/7

17/7

dia

do

s E

rro

s A

bs

olu

tos

Metodologia Atual

Met. Atual Média Móvel 7

Metodologia Proposta

Met. Proposta Média Móvel 7

FURNAS TOTAL

Médias dos Erros AbsolutosMet. Atual Met. Proposta GANHO

Agosto / Novembro 24,2% 18,8% 5,4%Dezembro / Janeiro 25,6% 14,1% 11,4%Fevereiro / Março 20,2% 11,2% 9,0%

Abril / Julho 12,8% 7,4% 5,3%Ano 19,9% 13,0% 7,0%

Período

Figura 14 - Média dos erros absolutos na previsão de vazões - Bacia total de Furnas

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500

Vazão Observada Semana Operativa (m3/s)

Vaz

ão P

revi

sta

Sem

ana

Ope

rativ

a (m

3 /s)

FURNAS TOTAL Metodologia Atual

R2 = 0,766

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500

Vazão Observada Semana Operativa (m3/s)

Vaz

ão P

revi

sta

Sem

ana

Ope

rativ

a (m

3 /s)

FURNAS TOTAL Metodologia Proposta

R2 = 0,879

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 19

Erros Médios Coef. de determin. Erros maiores

r 2 que 40%

Metodologia Metodologia Metodologia Diminuição Melhoras Piorasdos erros maiores maioresmédios que 30% que 30%

(%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%)

Camargos 18,6 16,0 0,753 0,768 12 8 2,6 59 10 3

Incremental Funil/Camargos 25,8 15,6 0,471 0,632 19 10 10,2 63 15 3

Incremental Furnas/Funil 22,6 14,8 0,766 0,882 15 7 7,8 61 13 3

Incremental Porto Colômbia/Furnas 41,9 14,8 0,605 0,858 37 6 27,1 79 33 1

Furnas Total 19,9 13,0 0,766 0,879 14 5 7,0 63 12 2

PropostaFreq.

MAPEGanhos c/ uso da metodologia proposta

Atual Proposta

Bacia

Atual Proposta Atual

Tabela 6 - Principais resultados obtidos nas simulações das previsões de vazões da próxima semana

6 CONCLUSÕES

A metodologia proposta para a previsão de vazões da próxima semana operativa envolve: a

utilização do modelo determinístico SMAP, de forma semiconcentrada (dividido em sub-bacias),

com o uso de observações de estações fluviométricas e pluviométricas existentes na bacia; o uso de

informações de previsão de precipitação (com remoção de viés); a reinicialização do modelo para

proporcionar um ajuste adequado entre os hidrogramas de vazões observadas e calculadas pelo

modelo no período anterior ao dia da previsão; a utilização de séries de vazões incrementais e, em

conseqüência, a previsão direta das vazões incrementais.

Após as simulações da aplicação desta metodologia proposta, pode-se concluir que:

• De forma geral, o uso de previsões de precipitação traz ganho significativo nos resultados das

previsões de vazões. Contudo, foi verificado um viés positivo nas previsões fornecidas pelo modelo

ETA (tendência de superestimar os valores da precipitação prevista), sendo desenvolvida, nestes

estudos, uma metodologia para identificação e eventual remoção deste viés, que poderá ser utilizada

em qualquer bacia do SIN.

• A comparação entre os desempenhos da metodologia proposta e da metodologia atual mostrou, de

forma geral, um ganho significativo nos resultados das previsões das vazões da próxima semana

operativa com o uso da metodologia proposta, a saber: redução significativa dos erros médios da

previsão de vazões em todas as bacias e em todos os períodos do ano; e redução significativa da

ocorrência de grandes erros da previsão.

7 BIBLIOGRAFIA

BLACK, T.L. (1994). “NMC Notes: The new NMC mesoscale Eta model: Description and forecast

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XVIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos 20

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