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FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA PARASITOLOGIA I CESTÓDEOS – FAMÍLIA TAENIDAE

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FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA

PARASITOLOGIA I

CESTÓDEOS – FAMÍLIA TAENIDAE

ESPÉCIE HD SÍTIO TAMANHO HI SÍTIO FORMA LARVAL

Taenia saginata Homem ID Até 15 m Bovinos, ovinos, caprinos

e homem (raro) Musculatura

Cysticercus bovis

Taenia solium Homem ID Até 8 m Suínos, cães, gatos,

bovinos, equinos (raro), homem (zoonose)

Musculatura SNC

Cysticercus cellulosae

Multiceps multiceps Canídeos ID 0,4 – 1 m Bovino, ovino, caprino,

suíno, homem (raro) Encéfalo

Coenurus cerebralis

Taenia hydatigena Canídeos ID Até 5 m Ovinos, bovinos e suínos Fígado, peritônio, pleura, pericárdio

(raro)

Cysticercus tenuicollis

Echinococcus granulosus

Canídeos ID Até 6 mm Ovinos, bovinos, caprinos,

suínos, cervídeos, primatas e coelhos

Pulmões, fígado, peritônio

Cisto Hidático ou Hidátide

Taenia ovis Canídeos ID Até 2 m Ovinos Musculatura Cysticercus

ovis

Taenis pisiformis Canídeos ID 0,3 – 1 m Coelhos, lebres, ratos

(raro) Fígado, peritônio

Cysticercus pisiformis

Taenia serialis Canídeos ID Até 0,7 m Coelhos Subcutâneo,

tecido conjuntivo intermuscular

Coenurus serialis

Taenia taeniformis Gato

Cão (raro) ID 0,15 – 0,6 m

Ratos, camundongos, morcegos (raro)

Fígado, peritônio Cysticercus fasciolaris

Taenia solium

Características Gerais

• Hospedeiro definitivo: homem. • Hospedeiro intermediário: suíno, raramente o cão, o gato, os

ruminantes, os eqüinos e o próprio homem

• Localização: • Adultos: Intestino delgado do homem • Larvas (cisticercos): Cysticercus celullosae observado no tecido conjuntivo

interfascicular dos músculos sublinguais, mastigadores, diafragma, músculo cardíaco e no cérebro • Também denominado “Triquina” ou “Pipoca”

• Distribuição: maior prevalência na América Latina, Índia, África e

em determinadas regiões do Oriente Médio

• Na América Latina, estima-se que quase 0,5 milhão de pessoas são acometidas pela cisticercose

Morfologia

• Adultos medem 2 a 3 metros em média, podendo chegar a 8 metros

• Apresentam um escólex globoso, medindo 1 mm de diâmetro, com rostelo e 4 ventosas arredondadas

• O escólex possui um rostelo com duas fileiras concêntricas de ganchos

• O colo é curto e delgado, o estróbilo possui 700 a 1.000 proglotes,

• Ss papilas genitais dispõem-se de forma alternada, o útero do segmento grávido possui 7 a 12 ramos laterais e cada proglote tem cerca de 30.000 a 40.000 ovos

Ciclo Biológico

• Particularidades do ciclo biológico: • O homem pode apresentar a teníase (parasitismo com vermes adultos)

ou a cisticercose (presença de formas larvais formando cisticercos)

• O homem pode desenvolver a cisticercose pela ingestão acidental de ovos

de T. solium ou por retroperistaltismo até o estômago (auto-infecção) de oncosferas liberadas após a digestão da proglote grávida

• Após três meses da infecção: proglotes grávidas eliminadas nas fezes,

geralmente em número de 3 a 6 por vez

• Os ovos podem permanecer viáveis no ambiente por até 12 meses

• O cisticerco demora 3 meses para se formar a partir da infecção do suíno

• Infecção crônica (após 8 meses): o cisticerco pode sofrer calcificação

Sinais Clínicos

• Hospedeiro definitivo: tênias adultas podem causar anorexia ou apetite exagerado, náuseas, vômitos, diarréias alternadas com constipação, dores abdominais, perda de peso, manifestações alérgicas e neurológicas

• Muitas destas perturbações digestivas podem ser decorrentes de irritações nas terminações nervosas do plexo nervoso simpático provocadas pela movimentação do rostro

• Hospedeiro intermediário: • Suínos infectados com cisticerco os sinais clínicos são inaparentes • Cisticercose em humanos: forma larvar - olhos, cérebro e tecido

subcutâneo podendo levar a alterações patológicas como cegueira, nódulos no olho, transtornos neurológicos...

Epidemiologia e Diagnóstico

• Suínos podem se infectar com água, alimentos contaminados com ovos

• Tipos de infecção no homem: • Teníase – pela ingestão de carne crua ou mal passada contendo

cisticercos • Cisticercose – pela ingestão de ovos presentes em alimentos

contaminados com ovos, ou por re-infecção com a oncosfera por retroperistaltismo

• Diagnóstico: • Exame de fezes: pesquisa de proglotes (hospedeiro definitivo)

pelos métodos de Tamisação (proglotes) ou Sedimentação (ovos) • Verificação de cisticerco na carcaça (hospedeiro intermediário) • Detecção de cisticerco no homem (tomografia, pesquisa de

anticorpos)

Controle

• Profilaxia do Complexo Teníase-Cisticercose, baseia-se nos seguintes procedimentos: • Inspeção das carcaças - localização dos cisticercos • Carcaças parasitadas devem ser tratadas com destino adequado,

levando-se em consideração o grau de infecção: • Tratamento pelo frio • Tratamento pelo calor (carne industrial) • Salga • Destruição da carcaça quando são encontrados mais de 25 cisticercos

• Educação sanitária:

• Orientar a população para o consumo de carne inspecionada, • Diminuir consumo de carne crua ou mal passada • Esclarecer sobre a importância do destino adequado das excretas

Taenia saginata

Características Gerais

• Hospedeiro definitivo: Homem

• Hospedeiro intermediário: Bovino, raramente ovinos e caprinos e excepcionalmente o homem

• Localização: • Adulto: intestino delgado do homem • Larvas (cisticercos): Cysticercus bovis - musculatura esquelética (músculo

masseter) e cardíaca, pulmões e fígado do HI

• Distribuição: mundial

• Importância na Medicina Veterinária: • Cisticerco na musculatura do animal – condenação parcial ou total da carcaça

(prejuízo econômico) • Países em desenvolvimento: 30 a 60% de animais infectados detectados durante

a inspeção das carcaças • Países desenvolvidos: menos de 1%

Características Morfológicas

• Adultos medem entre 5 a 15 m, o escólex é cubóide, SEM rostelo nem ganchos, o colo é longo e delgado

• O estróbilo é composto por 1.200 a 2.000 proglotes: • Primeiro terço: proglotes mais largas que longas • Terço médio: proglotes quadradas • Terço posterior: proglotes mais longas que largas.

• Papilas genitais irregularmente alternadas

• Útero da proglote grávida tem 15 a 30 ramos laterais de cada lado

• Cada proglote grávida contém 80.000 a 250.000 ovos, que podem resistir por vários

meses nas pastagens

• A forma larval, o Cysticercus bovis, é branco-acinzentado de aproximadamente 1 cm de diâmetro, cheio de líquido, no qual pode-se encontrar o escólex

• Geralmente observado no coração, língua e músculos masseter e intercostais. Em infecções maciças pode acometer demais músculos esqueléticos

Ciclo Biológico

• Semelhante aos demais ciclos dos cestóides

• Particularidades: • Proglotes grávidas destacam-se do estróbilo individualmente, possuem

movimentos próprios, podem atingir o ânus e o exterior independentemente do ato da defecação

• O cisticerco somente é infectante ao homem após 12 semanas de seu desenvolvimento, quando atinge aproximadamente 1 cm de diâmetro

• O cisticerco pode continuar infectivo por semanas a anos no hospedeiro intermediário

• Após a infecção, o período de patência no homem inicia-se dentro de 2 a 3 meses

Sinais Clínicos e Diagnóstico

• Sintomas: • Semelhantes ao causados pela T. solium

• Diagnóstico:

• Hospedeiro definitivo: • Exame visual (presença de proglotes nas fezes, cama, roupas

íntimas) • Exame parasitológico de fezes pelos métodos de Tamisação das

fezes (proglotes) ou Sedimentação (ovos)

• Hospedeiro intermediário: não é feito na prática in vivo

• Necroscópico - inspeção rotineira das carcaças

Taenia hydatigena

Características Gerais

• Hospedeiro definitivo: cão e canídeos silvestres

• Hospedeiro intermediário: ruminantes, suínos

• Forma larvar: Cysticercus tenuicollis, vulgarmente conhecido como "bolha d'água"

• Localização: • Adulto: intestino delgado do cão

• Forma larval: nas serosas, fígado, cavidade peritoneal e mais raramente

na pleura e no pericárdio do hospedeiro intermediário

• Importância na Medicina Veterinária: perdas econômicas pelo

descarte das vísceras contendo cistos em abatedouros

Morfologia

•Adultos com até 5 m de comprimento

•Escólex com duas fileiras de acúleos de 1 mm de diâmetro, colo com a largura do escólex

Ciclo Biológico

• Típico de cestóides, com as seguintes particularidades: • Oncosferas migram pelo fígado por aproximadamente 4 semanas

antes de emergirem e se fixarem no peritônio

• Após a fixação, cada oncosfera se desenvolve em um cisticerco

• Migração das oncosferas pode causar “hepatite cisticercosa”, que

pode ser fatal

• A resposta imune do hospedeiro é capaz de destruir os cisticercos em desenvolvimento com a formação de nódulos esverdeados de aproximadamente 1 cm de diâmetro na superfície do órgão

Diagnóstico e Controle

• Clínico • Sintomatologia, presença de proglotes nas fezes, às vezes se

observa um emaranhado de tênias pendentes no ânus

• Laboratorial: pesquisa de ovos nas fezes pelo Método de

Sedimentação

• ELISA e Imunofluorescência Indireta podem ser usados

• Controle

• Não alimentar cães com vísceras cruas

• Vermifugação periódica dos cães

Taenia multiceps ou Multiceps multiceps

Características Gerais

• Hospedeiro definitivo: Cães e canídeos silvestres

• Hospedeiro intermediário: Bovinos, ovinos, suínos, caprinos e, ocasionalmente, coelhos e homem (zoonose)

• Forma larval: Coenurus cerebralis

• Localização: • Adulto: intestino delgado do cão

• Forma larval: encéfalo

Morfologia

• Medem cerca de 0,40 – 1 m de comprimento, por 5 mm de largura

• Escólex piriforme com 800 µm de diâmetro

• Rostro provido de coroa dupla de 22 – 32 acúleos grandes e pequenos

• Colo longo e mais estreito que o escólex

• As proglotes do terço anterior são retas e as do terço médio e posterior possuem ângulos salientes, com papilas genitais irregularmente distribuídas

Ciclo Biológico

• Típico de cestóides, com as seguintes particularidades: • Os HI, ao ingerirem os ovos, colocam em liberdade o embrião hexacanto a nível

de intestino

• O embrião perfura a parede intestinal, ganha a corrente sangüínea e é levado ao cérebro ou medula espinhal

• No SNC, os embrião se transformam em Coenurus cerebralis, o qual estará plenamente desenvolvido em 7 – 8 meses, medindo cerca de 6 cm de comprimento por 4 cm de largura

• Os Coenurus cerebralis possuem parede delgada e translúcida, com um líquido límpido e incolor em seu interior. A vesícula apresenta, em seu interior, pequenos pontos esbranquiçados que são os escólex invaginados, com um número que pode alcançar até 500 por vesícula

• Os HD se infectam quando ingerem encéfalos de HI contendo as vesículas

Sinais Clínicos

• Nos cães, os sinais causados pelo cestódeo são semelhantes aos das outras teníases

• Nos ovinos e caprinos, a cenurose, também chamada torneio ou vertigem, ocorre em conseqüência da localização das vesículas no encéfalo • Os sinais estão na dependência da quantidade e localização das vesículas no encéfalo

• Com cerca de 1 – 5 vesículas, os animais apresentam alterações oculares como estrabismo

convergente ou divergente, vertigem e queda

• A marcha em círculos determinou o nome popular da doença. Os animais também podem correr em linha reta

• A morte ocorre em 30 - 40 dias em ataques epileptiformes ou paralisia cerebral

• Animais com muitas vesículas no encéfalo (8 – 10), podem apresentar-se sonolentos, apáticos e tristes. Pode ocorrer emagrecimento exagerado, perda da visão, cambaleio, quedas e decúbito. Pode nem ocorrer torneio. Morte por encefalite em cerca de 30 dias

Diagnóstico e Controle

• Clínico • Nos cães pelos sinais da teníase e presença de proglotes nas fezes • Nos HI pelos sinais nervosos característicos

• Laboratorial • Exame parasitológico pelo Método de Sedimentação, para pesquisa dos ovos

• Necrópsia • Muito útil a campo, quando se desconfia dessa parasitose • Se abate ou espera morrer um animal com os sinais característicos e procura-se pelas vesículas no

encéfalo

• Controle • Vermifugação dos cães • Destruição e eliminação das fezes dos cães (proglótides viáveis) com substâncias cáusticas ou

incineração • Evitar que cães ingiram cérebros crus de HI

Echinococcus granulosus

Características Gerais

• Echinococcus (gr. echinos: espinho; lat. coccus: grãos)

• Cepas ou subespécies: • Echinococcus granulosus granulosus • Echinococcus granulosus equinus

• Hospedeiro definitivo:

• E. g. granulosus: cão e canídeos silvestres (menos a raposa vermelha) • E. g. equinus: cão e raposa vermelha

• Hospedeiro intermediário:

• E. g. granulosus: ruminantes domésticos e silvestres, homem, primatas, suínos, coelhos • E. g. equinus: eqüinos e asininos

• Localização: • Adultos: intestino delgado do cão • Larvas (cistos hidáticos): fígado e pulmões (principalmente) do HI

• Distribuição:

• E. g. granulosus: mundial

• E. g. equinus: Europa, principalmente

Características Morfológicas

•Adulto: tem cerca de 6 mm de comprimento, sendo uma das menores espécies de tenídeos conhecidas, quase invisível a olho nu •Escólex típico de tenídeo, com 0,3 mm de largura, rostro e dupla coroa de acúleos, colo curto •Estróbilo constituído por 3 ou 4 segmentos, sendo que o último é grávido e ocupa cerca de metade do seu comprimento, cada segmento possui uma única abertura genital

Morfologia do Cisto Hidático • Cisto hidático ou hidátide: tem

até 20 cm de diâmetro, presentes no fígado e pulmões ou cavidade abdominal

• Formado por membrana externa e epitélio germinativo interno, do qual se originam vesículas-filhas

• Vesículas-filhas ou cistos secundários podem se formar por brotamento externo, podendo atingir outras partes do organismo do hospedeiro

Ciclo Biológico

• O homem pode adquirir a infecção pela ingestão de oncosferas da pelagem dos cães ou de alimentos contaminados com fezes de cães

• Os cistos hidáticos tem crescimento lento e só são percebidos alguns anos após a infecção. Há citações de cistos de até 50 litros de líquido em humanos. A ruptura pode causar choque anafilático e morte

• Ciclo silvestre entre canídeos e ruminantes selvagens, se baseia na predação ou ingestão de cadáveres

• Importância econômica: condenação nos abatedouros

• O HD se infecta ao ingerir vísceras do HI com cisto hidático – larvas – adultos no tubo digestivo do cão – as proglotes grávidas se destacam e vão ao meio ambiente com as fezes

• Os ovos se disseminam HI se infecta ingerindo ovos nas pastagens ou em alimentos contaminados - larvas hexacanto - sistema porta - fígado ou pela circulação vão ao pulmão e cérebro

• Oncosferas (embrião hexacanto) são resistentes e podem sobreviver no ambiente por cerca de 2 anos

• Cisto hidático ou hidátide atinge a maturidade em seis a doze meses

• Em ovinos: maior parte das hidátides se formam nos pulmões, também se formam no fígado

• Eqüinos e bovinos: maioria se forma no fígado

Patogenia

• Hospedeiro definitivo: geralmente é assintomático. Em infecções maciças pode ocorrer episódios de diarréia catarral hemorrágica

• Hospedeiro intermediário: sintomas relacionados ao local e ao tamanho da hidátide, podendo ocorrer compressões de outros órgãos • Hidatidose hepática – perda de apetite, ruminação alterada, diarréia,

emagrecimento progressivo e hepatomegalia

• Hidatidose pulmonar – tosse sibilante, podendo ocorrer taquipnéia e

dispnéia

• Pode ocorrer degeneração da hidátide com calcificação

• Se um cisto hidático se romper pode ocorrer choque anafilático e

desenvolvimento de cistos secundários em outras regiões do corpo

Diagnóstico

• Clínico: pouco elucidativo, sintomatologia pouco evidente

• Laboratorial: pesquisa de proglotes nas fezes dos cães (difícil, proglotes pequenas e escassas)

• ELISA – coproantígenos em fezes de canídeos

• Outros testes sorológicos – reatividade cruzada com outras tênias

• Necropsia: encontro dos pequenos cestódeos no intestino delgado (HD), presença do cisto hidático (HI)

• Humanos - diagnóstico por imagem (cisto hidático), ELISA

Controle

•Canídeos silvestres – controle pouco viável

•Cães

• Tratamento preventivo periódico (3 – 3 meses)

• Impedir acesso às vísceras (abatedouro cercado)

• Destruição das vísceras parasitadas

•Humanos - educação sanitária e medidas de higiene