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design e ergonomiaaspectos tecnolgicosluis carlos paschoarelli marizilda dos santos menezes (orgs.)

DESIGN E ERGONOMIA

LUIS CARLOS PASCHOARELLI MARIZILDA DOS SANTOS MENEZES (Orgs.)

DESIGN E ERGONOMIAASPECTOS TECNOLGICOS

2009 Editora UNESP Cultura Acadmica Praa da S, 108 01001-900 So Paulo SP Tel.: (0xx11) 3242-7171 Fax: (0xx11) 3242-7172 www.editoraunesp.com.br [email protected]

CIP Brasil. Catalogao na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ D487 Design e ergonomia : aspectos tecnolgicos / Luis Carlos Paschoarelli, Marizilda dos Santos Menezes (org.). - So Paulo : Cultura Acadmica, 2009. il. Inclui bibliograa ISBN 978-85-7983-001-3 1. Ergonomia. 2. Desenho industrial. II. Menezes, Marizilda dos Santos. 09-6043. I. Paschoarelli, Luis Carlos. CDD: 620.82 CDU: 60

Editora aliada:

SUMRIO

Apresentao 7 1 Usabilidade e acessibilidade de equipamentos mdicohospitalares: um estudo de caso com pacientes obesos 11Cristina do Carmo Lucio e Luis Carlos Paschoarelli

2 Design ergonmico de cadeira de rodas para idosos 33Ivan Ricardo Rodrigues Carriel e Luis Carlos Paschoarelli

3 Antropometria esttica de indivduos da terceira idade 55Adelton Napoleo Franco e Jos Carlos Plcido da Silva

4 Avaliao de foras de preenso digital: parmetros para o design ergonmico de produtos 73Bruno Montanari Razza e Luis Carlos Paschoarelli

5 Estudo ergonmico ambiental de escolas das cidades de Bauru e Lenis Paulista 97Mariana Falco Bormio e Jos Carlos Plcido da Silva

6 Condies ambientais em escolas municipais de ensino infantil da cidade de Marlia (So Paulo): estudo de caso 119Eiji Hayashi e Joo Roberto Gomes de Faria

7 Reviso de metodologias de avaliao ergonmica aplicadas carteira escolar: uma abordagem analtica e comparativa 147Sileide Aparecida de Oliveira Paccola e Jos Carlos Plcido da Silva

8 Rtulos de embalagem de agrotxico: uma abordagem ergonmica 169Caroline Zanardo Gomes dos Santos e Joo Eduardo Guarnetti dos Santos

9 Rtulos e bulas de agrotxicos: parmetros de legibilidade tipogrca 197Maria Gabriela Nunes Yamashita e Joo Eduardo Guarnetti dos Santos

10 Anlise ergonmica do colete prova de balas para atividades policiais 223Iracilde Clara Vasconcelos e Luiz Gonzaga Campos Porto

11 Design ergonmico: anlise do conforto e desconforto dos calados com salto alto 241Eunice Lopez Valente e Luis Carlos Paschoarelli

12 Insatisfao e desconforto: o caso da poltrona do motorista de nibus urbano 269Roberto Carlos Barduco e Ablio Garcia dos Santos Filho

APRESENTAO

A evoluo tecnolgica observada nas ltimas dcadas representa a materializao da criatividade humana no desenvolvimento de ambientes, produtos e sistemas, os quais trouxeram muitos benefcios, com destaque para o aumento na economia global, o aumento na expectativa de vida das pessoas, as possibilidades de comrcio, interaes e comunicaes, entre outros. Mas essa mesma evoluo tambm vem resultando em alguns problemas, os quais preocupam tecnlogos, pesquisadores e entidades de proteo aos consumidores sob, pelo menos, dois aspectos bastante pragmticos: o impacto negativo de muitas dessas tecnologias sobre o meio ambiente e os problemas das interfaces tecnolgicas, as quais geram constrangimentos, acidentes e frustrao aos consumidores e usurios. Este segundo aspecto est em discusso desde o nal do sculo passado, quando os termos ergonomia, usabilidade, acessibilidade e design universal tomaram conta das questes cientcas em torno do design de produtos e sistemas. A discusso em torno desses temas, por vezes, parece antiquada para os dias atuais, mas de fato envolve questes ainda no respondidas pela comunidade cientfica. Ao design, ainda resta a questo: como a ergonomia pode contribuir para minimizar os impactos negativos da evoluo tecnolgica de produtos, sistemas e ambientes?

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Nesta coletnea, dividida em doze captulos, so apresentadas diferentes questes, mtodos de abordagem e expressivas demandas para a aplicao da ergonomia no design. O primeiro captulo apresenta os problemas de usabilidade e acessibilidade enfrentados por indivduos obesos quando eles necessitam de auxlio mdico hospitalar, uma vez que mobilirios e equipamentos so oferecidos para o denominado homem mdio, o que exclui as pessoas com sobrepeso ou obesas. Tambm sob as justicativas da acessibilidade, o segundo captulo trata das particularidades da populao de idosos (que est em crescimento no Brasil) e o reexo destes no design de cadeira de rodas. Ainda considerando a populao de idosos, o terceiro captulo aborda um levantamento antropomtrico de indivduos da terceira idade que contribui expressivamente para a denio de parmetros antropomtricos destinados ao correto dimensionamento de produtos e ambientes. O quarto captulo aborda uma avaliao de foras de preenso digital, considerando as diferenas entre os gneros (masculino e feminino) e rearma, com parmetros estatsticos, a inuncia dessas variveis no design de instrumentos manuais que devem considerar a elevada capacidade fsica dos homens, e as limitaes de fora do pblico feminino. Os trs captulos seguintes tratam de aspectos relacionados ao espao e ao equipamento escolar, cuja demanda elevada, especialmente no Brasil, onde a educao ainda no foi bem tratada. O quinto captulo realiza uma comparao das condies ambientais entre escolas pblicas e particulares em duas cidades paulistas. O sexto captulo aborda um tema semelhante, as condies ambientais de escolas de ensino infantil de outra cidade do interior paulista, mas com outros processos metodolgicos, e o stimo captulo discute as metodologias de avaliao ergonmica de equipamentos escolares. Problemas informacionais em rtulos e bulas de embalagens tambm so objeto de estudo da ergonomia. Dois captulos tratam desse assunto, abordando embalagens de agrotxicos e legibilidade tipogrca das informaes.

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Os trs ltimos captulos destacam outros problemas com o uso de produtos: uma anlise do colete de proteo para atividades policiais, uma avaliao perceptiva dos calados com salto alto utilizados pelo pblico feminino e avaliao da poltrona do motorista de nibus urbano. importante destacar que todos os captulos relatam estudos e projetos de pesquisa desenvolvidos no Programa de Ps-graduao em Design da Unesp (Campus de Bauru), particularmente na linha de pesquisa Ergonomia. Estes estudos ressaltam a importncia da aplicao da ergonomia no design de produtos e sistemas, com a nalidade de desenvolver tecnologias para a qualidade de vida humana.

1 USABILIDADE E ACESSIBILIDADE DE EQUIPAMENTOS MDICO-HOSPITALARES:UM ESTUDO DE CASO COM PACIENTES OBESOSCristina do Carmo Lucio1 Luis Carlos Paschoarelli2

IntroduoA obesidade uma doena que j pode ser considerada uma pandemia, pois atinge inmeros pases no mundo, com predominncia em pases desenvolvidos e em desenvolvimento. Com fatores desencadeantes tanto metablicos quanto psicossociais, vem apresentando crescimento alarmante devido, principalmente, adoo recente de hbitos ocidentais, como ingesto de alimentos constitudos de grande quantidade de acares e gorduras e o sedentarismo. Estima-se que haja 1,7 bilho de pessoas acima do peso em todo o mundo (Deitel, 2003) e a ltima pesquisa divulgada pela National Center for Health Statistics nos Estados Unidos mostra que 30% dos adultos norte-americanos acima de vinte anos so obesos (IOTF, 2006). Galvo (2006) relata, a partir de estudo do Centro de Controle e Preveno de Doenas (CDC), que 71% dos homens, 61% das mulheres e 33% das crianas esto acima do peso naquele pas.

1 Mestre em design, Universidade Estadual de Maring. 2 Ps-doutor em ergonomia, Universidade Estadual Paulista.

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Na Europa, o nmero de obesos est aumentando de modo preocupante; um em cada quatro homens obeso e uma em cada trs mulheres tem excesso de peso (Folha Online, 2006). No Brasil a situao no diferente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica (IBGE, 2004), em 2002 havia 40,6% de indivduos com idade superior a vinte anos acima do peso e destes 11% eram obesos (cerca de 10,5 milhes de pessoas). A obesidade pode facilitar o surgimento de graves problemas de sade e psicolgicos e, alm desses problemas, frequentemente o indivduo obeso enfrenta diculdades na acessibilidade e usabilidade de produtos e equipamentos desenvolvidos para a considerada faixa mdia da populao. Menin et al. (2005), em seus estudos sobre antropometria de indivduos obesos, comentam que os problemas de acessibilidade enfrentados por esses indivduos tm levado empresrios a investirem no aperfeioamento de servios e produtos e na gerao de novas tecnologias. Apesar dessas iniciativas, Feeney (2002) alerta que as empresas no tm conhecimento sobre as caractersticas fsicas e cognitivas desse pblico, como suas preferncias, circunstncias em que vivem e dados de seu estilo de vida, e desconhece os mtodos para adquirir tais dados, o que impossibilita a produo de equipamentos adequados. Nesse contexto, os equipamentos mdico-hospitalares merecem ateno especial, pois tm a nalidade de reabilitar o paciente. Cardoso (2001) alerta que a difuso da ergonomia hospitalar ainda pequena e muito restrita atividade do prossional que trabalha em hospitais. A autora ainda expe que ambientes e equipamentos inadequados podem gerar custos humanos, causando desconforto e at acidentes. Desse modo, o presente captulo pretende reunir informaes sobre os problemas da obesidade e sua relao com a acessibilidade e usabilidade de produtos, procurando apresentar e discutir os problemas de interface entre usurios obesos e os produtos mdico-hospitalares.

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Reviso bibliogrcaUlijaszek (2007) enuncia que a obesidade emergiu como um importante fenmeno biolgico humano construdo pelas naes industrializadas durante os ltimos sessenta anos e tem sido disseminada pelo mundo com a modernizao e a industrializao. O autor completa que o rpido crescimento da doena indica que a tendncia de tornar-se obeso universal, justamente pela criao de ambientes obesognicos, ou seja, que favorecem o acmulo de tecido adiposo por hbitos de vida pouco salutares. Em seu estudo de reviso sobre uma possvel relao entre obesidade e incapacidade, Ells et al. (2006) expem que indivduos com IMC acima de 40 kg/m2 possuem elevados (e signicativos) ndices de dor na coluna, quando comparados com indivduos com peso normal. Os autores acrescentam que os distrbios mentais relacionados obesidade so a segunda maior causa de incapacidade nesses indivduos. Segundo estudo de Duval et al. (2006), os indivduos obesos ainda aumentam seu risco de morte de 50 a 100%, se comparado com o de indivduos de peso normal. Alm dos graves problemas de sade, os obesos sofrem preconceito, discriminao e muitos problemas relacionados usabilidade de produtos, normalmente inadequados sua condio fsica. Esses indivduos, principalmente os obesos mrbidos, apresentam diculdades na utilizao de mobilirios, vestimentas, passagens e equipamentos mdico-hospitalares, entre outros. Segundo Pastore (2003), a obesidade uma realidade sem previso para ser resolvida e, por esse motivo, os obesos esperam a reviso dos padres e normas atuais para confeco de produtos, de forma a tornarem-se adequados sua condio de vida.

A importncia da multidisciplinaridadeA correta aplicao dos conceitos multidisciplinares de grande importncia para a denio de parmetros projetuais para a pro-

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duo de produtos e equipamentos voltados a pblicos especcos, garantindo-lhes o bem-estar, devido possibilidade de abranger diversos fatores, que seriam facilmente mascarados por apenas uma rea do conhecimento. Verica-se por meio da integrao entre acessibilidade, antropometria, design ergonmico, design universal, ergonomia e usabilidade, que possvel empregar solues mais condizentes com as reais necessidades dos usurios, permitindo contemplar diversas potencialidades, que no seriam adequadamente atendidas pela tica de uma nica rea do conhecimento. Martins et al. (2001) acrescentam que o papel dos prossionais , antes de tudo, ouvir o usurio, visando tornar o ambiente construdo acessvel ao maior nmero de indivduos possvel. No que se refere ao ambiente hospitalar, deve haver uma maior preocupao ao considerar a situao na qual os indivduos se encontram quando internados. Nessa situao, muitas vezes atividades bsicas so transformadas em tarefas de difcil execuo, podendo gerar quadros de depresso, prejudicando a recuperao do paciente ou at mesmo agravando sua situao (Cardoso, 2001). Segundo Paschoarelli et al. (2004), o principal problema de usabilidade e acessibilidade dos obesos est relacionado s questes dimensionais dos equipamentos e produtos disponveis, normalmente produzidos para a faixa mdia da populao, desconsiderando consequentemente grupos especcos. Se considerarmos apenas o nmero de leitos para internao em estabelecimentos de sade no Brasil em 2002 (IBGE, 2003), mais de 470 mil unidades, e a porcentagem da populao obesa no Brasil, 11%, quase 52 mil leitos deveriam ser direcionados a esse pblico, sem considerar, entretanto, que essa doena causa maiores prejuzos sade e, portanto, aumenta as chances de hospitalizao e utilizao dos servios mdicos e ambulatoriais. Esses dados percentuais justicam propostas de projetos nesse campo, por entender-se a necessidade de adequao de uma srie de produtos a uma parcela de mercado substancial, gerando sua confeco em escala industrial.

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importante considerar que os produtos e equipamentos destinados aos obesos no devem apenas ter resistncia ao peso e possuir dimenses maiores, mas devem ser tambm confortveis e ecientes, permitindo alternncia de posies do corpo, de forma a no exercer compresses prejudiciais da circulao sangunea, alm de oferecerem design seguro e compatvel s necessidades dessas pessoas (Bucich & Negrini, 2002). Com relao legislao e normas tcnicas de acessibilidade no Brasil, h algumas leis e decretos vigorando em algumas cidades brasileiras, com o objetivo de melhorar a acessibilidade dos obesos. Muitas envolvem o aperfeioamento na prestao de servio pelas empresas de transporte coletivo urbano ou reserva de assentos em espaos culturais e salas de projeo, ou ainda adaptao de camas de uso hospitalar a esse pblico especco, e outras obrigam todos os hospitais a possurem macas dimensionadas para esses indivduos. Mas, apesar da existncia dessas leis e decretos, no h na Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) uma norma especca com parmetros de diferenciao quanto forma, dimenses e requisitos de resistncia para confeco de produtos e equipamentos destinados aos obesos; ou seja, h leis tangentes aos produtos e equipamentos destinados a esses indivduos, mas no h base tcnica especca de referncia que valide sua usabilidade. Consta na NBR 9050 de 2004 (Acessibilidade a edicaes, mobilirio, espaos e equipamentos urbanos) que espaos em locais de reunio pblica (cinemas, teatros) e locais de esporte, lazer e turismo devem ter assentos destinados a P.O., com especicao de onde devem estar instalados e referncias quanto largura, resistncia e espao livre frontal (item 8.2.1.3.3 largura equivalente de dois assentos, espao livre frontal de no mnimo 0,60 m e devem suportar carga de no mnimo 250 kg). Entretanto, as especicaes quanto ao tamanho e resistncia so adequadas a pessoas com obesidade nvel III (mrbida), acima de IMC 40, enquanto que a grande quantidade de obesos se enquadra entre os nveis I e II, com IMC at 40, ou seja, at cerca de 130 kg (para pessoas com 1,80 m).

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O que se pretende apontar que poderiam ser disponibilizados esses assentos dispostos na norma em quantidades menores e os demais assentos com dimensionamento menor e menos resistentes do que especicado em norma, dispensando grandes espaos e gastos desnecessrios com materiais, possibilitando fornecer, dessa forma, mais assentos, mais conforto e, consequentemente, maior acessibilidade. Essas providncias reduziriam, tambm, o constrangimento de pessoas com obesidade graus I e II de terem que ser deslocadas a um assento duplo por questo de poucos centmetros, segregando-as. Para que todos tenham direitos iguais (de fato), necessrio que todos tenham tambm oportunidades iguais de realizao das mais diversas atividades cotidianas, independentemente de sua situao fsico-motora. Fica evidente a necessidade de uma anlise to ou mais criteriosa para os equipamentos mdico-hospitalares. Esses produtos devem proporcionar o mximo de conforto e segurana aos seus usurios, por serem utilizados em situaes de muito incmodo, dor e estresse, no devendo causar ainda mais transtornos do que o problema de sade do indivduo. Cabe ao designer a valorizao da capacidade funcional do usurio, identicando os problemas de interface e adequando os produtos s necessidades humanas, por meio de metodologias ajustveis ao pblico especco (Baptista & Martins, 2004). Para Girardi (2006), outra questo muito importante que deve ser considerada no projeto refere-se ao aspecto esttico, que na rea mdica envolve a humanizao do ambiente, o respeito ao paciente e a racionalizao do trabalho do prossional de sade. A funo do designer nesse aspecto justamente vencer o desao de propor solues inclusivas, visando extinguir a segregao causada por barreiras fsicas e sociais. A integrao social nas aes cotidianas possibilita ao portador de necessidades especiais uma rotina que pode ser considerada saudvel no que se refere aos aspectos relacionados autoestima e valorizao do indivduo (Emmel et al., 2002). Lebovich (1993) relata que desde a antiguidade as pessoas tm tentado remediar decincias ou habilidades reduzidas, e descreve

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de forma clara que as principais ferramentas para incluso social so a exibilidade, a criatividade e a imaginao. Completa que o bom design em termos de acessibilidade inicia com o acesso igualitrio; no basta adicionar uma entrada acessvel nos fundos de um ambiente, enquanto a entrada da frente permanece inacessvel. Esse acesso igualitrio, segundo o autor, deve contemplar todas as pessoas com a mesma informao e experincia. Vem se tornando senso comum compatibilizar o design para indivduos com necessidades especiais s demais pessoas, e segundo os propsitos do design universal, colocar-se no lugar do outro facilitaria a compreenso de suas necessidades e anseios. de fundamental importncia projetar objetos seguros, inteligveis e agradveis por meio de um design consciente em termos sociais, econmicos e ambientais, visando reduzir o preconceito a que esses indivduos so submetidos por sua condio fsica.

Conceitos de design universal e a usabilidade na avaliao de projetosStory et al. (1998) relatam que encontrar solues universais fcil na teoria, mas muito complicado na prtica. O Centro de Design Universal da Universidade Estadual da Carolina do Norte (Estados Unidos) reuniu um grupo de arquitetos, designers de produto, engenheiros e pesquisadores de design ambiental com o objetivo de desenvolver princpios de design universal que englobem o conhecimento atual. Esses princpios visam avaliar projetos existentes, guiar processos de produo e educar designers e consumidores sobre caractersticas de produtos e ambientes com melhor usabilidade. Foram desenvolvidos sete princpios para determinar usabilidade e acessibilidade de produtos, ambientes e sistemas: Uso equitativo: o projeto deve atender a pessoas com diferentes habilidades. Flexibilidade no uso: o projeto atende a uma gama de indivduos com diferentes preferncias e habilidades.

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Uso simples e intuitivo: uso fcil e inteligvel, independentemente de experincia, conhecimento, forma de comunicao ou nvel de entendimento dos usurios. Informao perceptvel: o projeto deve transmitir informaes de forma efetiva ao usurio, independentemente das condies ambientais ou das habilidades sensoriais dos usurios. Tolerncia ao erro: o projeto deve minimizar erros e as consequncias adversas de aes acidentais. Baixo esforo fsico: o projeto deve ser utilizado com ecincia, conforto e fadiga mnima. Tamanho e espao adequados para acesso e uso: o projeto deve apresentar tamanho e espaos adequados para acesso, uso e manipulao de objetos, independentemente da antropometria, postura ou mobilidade do indivduo. Outros autores tambm apresentam princpios de design universal e usabilidade para serem aplicados na avaliao de produtos, equipamentos e sistemas. Para Jordan (1998), os princpios para melhorar a usabilidade dos produtos so: Consistncia: operaes semelhantes devem ser realizadas de forma semelhante. Compatibilidade: h compatibilidade quando so atendidas as expectativas do usurio baseadas em suas experincias anteriores. Capacidade: devem ser respeitadas as capacidades individuais do usurio para cada funo. Feedback: os produtos devem dar um feedback aos usurios quanto aos resultados de sua ao. Preveno e correo de erros: os produtos devem impedir procedimentos errados e, caso ocorram, devem permitir correo fcil e rpida. Controle: ampliar o controle que o usurio tem sobre as aes desempenhadas por determinado produto. Evidncia: o produto deve indicar claramente sua funo e modo de operao. Funcionalidade e informao: o produto deve ser acessvel e de uso fcil.

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Transferncia de tecnologia: deve ser feito o uso apropriado de tecnologias desenvolvidas em outros contextos para realar a usabilidade do produto. Clareza: funcionalidade e mtodo de operao devem ser explcitos. J Norman (1998) dene quatro princpios de design para a inteligibilidade e usabilidade de produtos: Prover um bom modelo conceitual: sem um bom modelo, opera-se s cegas. Visibilidade: importante manter informaes visveis ao maior nmero de indivduos possvel, incluindo decientes visuais, sem que se precise recorrer a outras fontes para conhecer determinada informao. Mapeamento: os produtos devem utilizar modelos mentais conhecidos, sejam naturais ou culturais, facilitando a compreenso e uso. Feedback: o retorno ao usurio sobre alguma ao que tenha sido executada.

ObjetivosEste captulo teve como objetivo analisar a interface entre alguns tipos de equipamentos mdico-hospitalares e os indivduos obesos, vericando a ocorrncia de problemas e restries nessa interface e discutindo tais problemas observados entre usurios obesos e esses produtos.

Materiais e mtodosA pesquisa de campo foi desenvolvida pela observao do ambiente de estudo e da abordagem com pacientes obesos, conforme descrito a seguir.

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Aspectos ticosO estudo em questo contemplou os procedimentos descritos pelo Conselho Nacional de Sade, sob resoluo 196-1996 (Brasil, 1996) e pela norma ERG-BR 1002 do Cdigo de Deontologia do Ergonomista Certicado (Abergo, 2002), atendendo s exigncias ticas e cientcas fundamentais. Para tanto, ele foi analisado e aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu (OF.356/2006-CEP). Foi aplicado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), no qual o sujeito tomou cincia da espcie de pesquisa para a qual foi voluntrio (no-remunerado).

CasusticaForam abordados 51 pacientes obesos, dos quais vinte em clnicas e 31 internados em um hospital da cidade de Bauru (SP). Com relao ao gnero, foram 27 homens e 24 mulheres, entre 18 e 60 anos, com mdia de idade de 44 anos (d.p.11,1 anos) e IMC de 40,1 kg/m2 (d.p.9,8 kg/m2).

Procedimentos metodolgicos: observao do ambiente de estudoIniciou-se a pesquisa de campo por observao assistemtica do Hospital de Base de Bauru, visando compreender o ambiente hospitalar para posterior realizao da observao sistemtica direta, cujos resultados possibilitaram a coleta de dados dos equipamentos mdico-hospitalares e entrevistas com os indivduos obesos e prossionais envolvidos no trato dos pacientes. Para a observao assistemtica, foram anotadas a quantidade e as condies de uso e manuteno dos equipamentos mdicohospitalares disponveis e a rotina hospitalar referente a banhos, alimentao dos pacientes, visita de mdicos, medicao, horrio

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regular para realizao de cirurgias, higienizao das dependncias do hospital e horrio de visitas. Aps essa observao, foi possvel desenvolver um mapa simplicado do Hospital de Base de Bauru (gura 1), dividido por setores, visando codicar os dados e facilitar as medies de equipamentos.

Figura 1. Mapa simplicado do Hospital de Base de Bauru trs andares e o trreo. As reas azuis correspondem aos setores de internao e as reas em vermelho correspondem ao centro cirrgico. As demais reas referem-se a setores de anlises clnicas, exames gerais, UTI, farmcia, setores administrativos e outros.

Para a observao sistemtica relatada neste captulo, foram anotadas as condies de uso e manuteno dos equipamentos mdicohospitalares denidas por meio da adaptao de princpios de acessibilidade, usabilidade e design universal de Jordan (1998), Norman (1998) e Story et al. (1998), j apresentados no referencial terico. A partir do estudo de todos esses autores, foram adaptados os princpios que melhor se aplicavam pesquisa e inseridos nos protocolos: Flexibilidade: deve atender ao maior nmero de indivduos e com diferentes habilidades. Evidncia: inteligibilidade da tarefa; uso simples e intuitivo. Visibilidade: informaes devem estar visveis ao usurio, incluindo decientes sensoriais. Capacidade: equipamento deve prever capacidades individuais diversas. Compatibilidade: com aspectos fisiolgicos, culturais e de experincias anteriores; similaridade.

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Tolerncia: preveno de acidentes e correo de erros, por meio de pouca sensibilidade. Esforo: equipamentos devem reduzir o gasto energtico. Espao: deve ser apropriado ao maior nmero de indivduos, incluindo obesos. Feedback: retorno ao usurio de que a operao est sendo realizada da forma correta ou incorreta. Optou-se por realizar a observao sistemtica juntamente com a abordagem aos usurios diretos (pacientes obesos internados) no Hospital de Base de Bauru, visando obter dados dos equipamentos e poder confrontar esses dados com as respostas dos indivduos. Os equipamentos eram previamente observados sistematicamente e, aps o trmino da anlise, realizava-se ento a entrevista com o paciente.

Procedimentos metodolgicos: abordagem com pacientesA abordagem iniciava-se pela apresentao do entrevistador e da pesquisa e, aps a aceitao do sujeito, era realizada a anlise sistemtica dos equipamentos constantes no protocolo. Aps a nalizao dessa anlise, o sujeito assinava o TCLE e seus dados pessoais eram anotados no protocolo de recrutamento. Ele era, ento, interpelado sobre sua percepo de conforto no uso dos equipamentos mdicohospitalares constantes no protocolo.

Anlise dos dadosPara a anlise dos dados, estes foram tabulados e submetidos estatstica descritiva e analtica por meio do teste estatstico de MannWhitney, visando comparar os grupos de dados e descobrir se havia diferenas estatisticamente signicativas entre os mesmos (p 0,05).

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Resultados e discussoResultados da observao sistemticaA tabela 1 apresenta a avaliao sistemtica dos equipamentos mdico-hospitalares. Visando facilitar a compreenso, os princpios de usabilidade e design universal foram codicados e dispostos na tabela da seguinte maneira: exibilidade (A), evidncia (B), visibilidade (C), capacidade (D), compatibilidade (E), tolerncia (F), esforo (G), espao (H), feedback (I). As notas so distribudas como timo (5), bom (4), regular (3), ruim (2) e pssimo (1). Os resultados demonstram algumas inadequaes dos equipamentos analisados. A gura 2 apresenta a mdia das notas atribudas aos equipamentos mdico-hospitalares de acordo com todos os princpios de acessibilidade, usabilidade e design universal.Tabela 1. Resultados da observao sistemtica dos equipamentos. Sistema de descanso e alimentao Equipamento Cama Colcho Escada Suporte para soro Suporte alimentar Campainha Mdia D.P. Mdia D.P. Mdia D.P. Mdia D.P. Mdia D.P. Mdia D.P. A 3,4 0,6 3,2 0,7 2,8 0,8 3,2 0,7 2,7 0,5 3,6 1,2 A Mdia D.P. 2,8 0,5 B 4,1 0,7 4,5 0,5 4,3 0,5 3,9 0,6 4,0 0,5 4,1 0,4 B 4,0 0,8 C 4,1 0,6 4,4 0,5 3,8 0,6 3,1 0,6 3,3 0,5 3,5 0,8 C 3,8 0,5 D 3,3 0,5 3,3 0,5 2,6 0,6 2,8 0,6 2,8 0,4 3,2 0,9 D 2,8 0,5 E 3,9 0,6 4,3 0,8 4,1 0,7 3,4 0,7 3,9 0,6 4,0 0,6 E 3,5 0,6 F 3,8 0,5 3,5 0,7 1,8 0,9 3,4 0,7 2,3 0,5 3,1 0,9 F 2,8 0,5 G 3,3 0,6 2,7 0,6 2,7 0,7 2,6 0,9 2,7 0,9 3,3 1,1 G 2,5 1,0 H 2,2 0,7 1,9 0,7 2,2 0,6 3,0 0,9 2,2 0,7 3,3 1,1 H 1,0 0,0 I 3,9 0,5 4,0 0,3 3,8 0,6 3,9 0,4 4,0 0,0 3,9 0,8 I 3,5 0,6

Sistema de banho Equipamento Cadeira de banho

Continua.

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Tabela 1. Continuao. Sistema de locomoo Equipamento Maca de transporte Cadeira de rodas Andador Muletas Mdia D.P. Mdia D.P. A 3,5 0,7 2,0 0,0 B 3,5 0,7 2,5 0,7 C 4,0 0,0 2,5 0,7 D 3,0 0,0 1,5 0,7 E 3,5 0,7 3,0 0,0 F 2,5 0,7 2,0 1,4 G 3,0 1,4 1,5 0,7 H 2,0 1,4 1,0 0,0 I 4,0 0,0 3,5 0,7

O hospital no possui andadores ou muletas; os pacientes os levam quando necessrio, ou so emprestados pela assistente social.

Figura 2. Classicao dos equipamentos pela mdia dos conceitos de usabilidade e design universal.

De todos os equipamentos, os que se mostram em situao mais preocupante so as cadeiras de rodas e as cadeiras de banho, pois possuem notas de regular a pssimo em grande parte dos princpios de usabilidade e design universal. De forma geral, pode-se dizer que esses dois equipamentos: No atendem satisfatoriamente a grande parte dos usurios; no so inteligveis e as informaes no se mostram visveis a indivduos com diferentes habilidades; no aproveitam capacidades individuais;

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possibilitam a ocorrncia de acidentes devido ao seu estado de conservao; no possuem espao adequado para indivduos acima do considerado padro, com nota pssima nesse quesito. Apresentando problemas isolados com nota de ruim a pssimo encontram-se a escada, com grande risco de acidentes devido falta de borrachas nos degraus e ps, e o colcho e a maca de transporte, com espao inadequado a indivduos de tamanho acima do considerado padro (gura 3).

Figura 3. Escada, esquerda. Colcho, ao centro. Maca de transporte, direita.

A partir dessa primeira anlise, ca evidente que o design, associado aos conhecimentos da pesquisa em ergonomia, tem papel importante na identificao desses problemas e apresentao de recomendaes de melhoria ou do prprio desenvolvimento de projetos mais adequados aos seus usurios.

Resultados da abordagem com os pacientes obesosNo protocolo dos usurios diretos, havia apenas questes para atribuir nota (de timo a pssimo). Desse modo, ser apresentada na gura 4 a classicao dos equipamentos sob a percepo dos pacientes obesos entrevistados.

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Figura 4. Classicao dos equipamentos por notas de timo (5) a pssimo (1).

De forma a comparar dados de pblicos distintos, optou-se por dividir a amostra em duas partes: pacientes obesos internados no Hospital de Base de Bauru (31 sujeitos) e pacientes aguardando consulta em duas clnicas de problemas da obesidade (vinte sujeitos). importante salientar que a maioria dos pacientes abordados nas clnicas respondeu ter sido internada em hospitais particulares, ao passo que o Hospital de Base de Bauru mantido pelo SUS, portanto, com caractersticas de hospital pblico. A gura 5 apresenta os conceitos atribudos aos equipamentos pelos pacientes do hospital e das clnicas. Observando a gura 5, verica-se que no h grande variao nas respostas; apenas o item cadeira de banho apresentou diferena mais expressiva, entretanto no signicativa (p = 0,2228). A teoria estatstica explica que tal diferena se deve, entre outros fatores, quantidade reduzida de respostas obtidas nessa varivel. O suporte para soro apresentou diferena estatisticamente signicativa (p = 0,0321). Os pacientes internados em hospitais particulares atriburam notas inferiores a esse equipamento, ainda que se saiba que geralmente h suportes para soro com rodas e de material mais leve e fcil de transportar. Desse modo, no foram encontrados motivos concretos para justicar tal diferena nas respostas.

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Figura 5. Comparao entre as respostas dos pacientes internados no Hospital de Base de Bauru (A) e entrevistados em clnicas (B), onde indica que houve diferenas estatisticamente signicativas (p 0,05) e indica que no houve diferenas signicativas (p > 0,05), segundo teste de Mann-Whitney.

De modo geral, observa-se que houve pequena diferena nas opinies, demonstrando consistncia nos resultados.

Anlise sistemtica x abordagem com os pacientes obesosComparando os dados obtidos nas abordagens (gura 5) com os dados obtidos na anlise sistemtica (gura 3), observa-se uma consistncia nos resultados que evidencia que as condies de instalao e acomodao de obesos em diferentes hospitais necessitam de uma interveno urgente do design, oferecendo melhores condies de acesso e uso por esses pacientes.

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Consideraes naisEste captulo encontrou algumas diculdades em sua formulao e desenvolvimento. A primeira diculdade encontrada esteve relacionada ao pequeno e limitado nmero de referncias antropomtricas da populao de obesos, alm da falta de normas ou parmetros tcnicos brasileiros que regulamentem o dimensionamento de equipamentos mdico-hospitalares. Esse fator acaba evidenciando a ausncia de critrios para a produo desses produtos e a total despreocupao com sua adequao ergonmica. Do ponto de vista metodolgico, houve algumas limitaes quanto aos resultados das abordagens junto ao pblico direto, pois as abordagens tratam de opinies subjetivas, que podem ser inuenciadas por fatores sobre os quais no h possibilidade de um controle rigoroso. A partir dos procedimentos metodolgicos adotados e dos resultados apresentados e discutidos aqui, podemos considerar que a anlise sistemtica dos critrios de usabilidade, design universal e design ergonmico, associada s abordagens com usurios, possibilita identicar de forma mais objetiva os problemas mais crticos enfrentados por pacientes obesos. Quanto aos mtodos de abordagem, pode-se considerar que seria importante realizar uma ampla reviso metodolgica de meios de abordagem por entrevista e questionrios mais ecientes que possam no eliminar, mas conduzir a subjetividade de modo a apontar com maior clareza as opinies e reclamaes dos sujeitos, visando aproveitar com mais segurana a resposta dos entrevistados. Apesar de os resultados obtidos com o estudo serem considerados preliminares, conguram-se como importantes parmetros para o projeto de equipamentos mais seguros, ecientes e confortveis para esses indivduos, ressaltando que atualmente no h quaisquer padres referentes a essa temtica. Pela observao e reexo sobre esses problemas, e empregando-se os conhecimentos de design e ergonomia, possvel apresentar alguns parmetros projetuais. importante que o espao ocupado por um obeso permita ou facilite o desenvolvimento de

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suas habilidades e capacidades individuais, no acentuando suas limitaes. Tambm so de fundamental importncia vencer o preconceito e a segregao atuais e comear a desenvolver produtos com um design que inclua esses indivduos, considerando que ningum est livre de desenvolver esse problema ou ter um membro de sua famlia acometido pelo mesmo, e que ningum se encontra nessa condio porque quer ou porque no se importa. O desenvolvimento de produtos plenamente acessveis a obesos tambm no deve ser encarado como um estmulo doena, mas uma garantia de melhor qualidade de vida e conforto psquico para que esse cidado desenvolva plenamente suas atividades pessoais e de reabilitao. De modo geral, o estudo apresentado neste captulo contribui para destacar a importncia da multidisciplinaridade no projeto e tambm a importncia de se pensar nos percentis extremos da populao que, embora isoladamente no sejam a maioria, se considerados em grupo tornam-se uma fatia considervel na economia e devem ser pensados em qualquer projeto que seja desenvolvido, pois so usurios e tm direitos e deveres como todo e qualquer cidado, merecendo, portanto, dignidade no uso de bens e servios e qualidade de vida.

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2 DESIGN ERGONMICO DE CADEIRADE RODAS PARA IDOSOSIvan Ricardo Rodrigues Carriel1 Luis Carlos Paschoarelli 2

IntroduoNo ltimo censo realizado pelo IBGE (2002), 8,6% da populao brasileira eram pessoas acima de sessenta anos, e este ndice cresce a cada ano a um nvel sem precedentes. Segundo relatrio da ONU (2007), uma previso para 2050 que um quarto da populao mundial ser de idosos, ou seja, teremos cerca de 2 bilhes de pessoas com idade acima de sessenta anos. Diante deste quadro demogrco crtico, pesquisas vm questionando quais seriam os requisitos de qualidade que o idoso almeja para viver melhor o perodo senil. Resgatando os resultados apresentados por Villas Boas (2005), o idoso deseja ter alegria, famlia, condies de vida, sade, bem-estar e independncia. Considerando os trs ltimos itens e a parcela de idosos que necessitam de tecnologias assistivas para locomoo, especialmente as cadeiras de rodas, deniu-se a questo da pesquisa e o problema a

1 Mestre em design, Universidade Federal de So Carlos. 2 Ps-doutor em ergonomia, Universidade Estadual Paulista.

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ser solucionado perguntando-se se as cadeiras de rodas atualmente comercializadas atendem s necessidades psicofisiolgicas dos idosos.

As bases cientcas: ergonomia e designDe carter interdisciplinar, a ergonomia agrega-se a vrias disciplinas que sustentam a sua base cientca e tecnolgica. O design, por exemplo, uma dessas disciplinas que trazem de forma correlata um elo para que os objetivos da ergonomia sejam amplamente alcanados e estabelecidos. Dul & Weerdmeester denem esse elo da seguinte forma: A ergonomia a cincia aplicada ao projeto de mquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a segurana, sade, conforto e a ecincia no trabalho (2004). Considerando as propostas de Brdek (2006), o design tem um papel importante nesse elo, pois o design deve atender a problemas especcos, como, por exemplo, visualizar progressos tecnolgicos, priorizar a utilizao e o fcil manejo de problemas (no importa se hardware ou software), tornar transparente o contexto da produo, do consumo e da reutilizao do produto e promover servios e a comunicao, mas tambm, quando necessrio, exercer com energia a tarefa de evitar produtos sem sentido. Portanto, diante das premissas da ergonomia e das metas para solucionar os problemas de design, a pesquisa aqui relatada objetiva encurtar os passos da tarefa de projetar, sugerindo recomendao para o projeto do produto cadeira de rodas para idosos.

FundamentaoPor meio da observao da Interface Tecnolgica (IT) caracterizada pelo idoso e a cadeira de rodas e tambm pelo enfermeiro e

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cuidador, conforme apresentado pela gura 6, percebeu-se que as cadeiras de rodas apresentavam problemas de interface, caracterizados principalmente pelas queixas de desconforto dos idosos usurios dessas cadeiras.

Figura 6. Fluxograma da fundamentao da pesquisa.

Diante desses problemas observados, buscou-se por meio dos conceitos tericos e prticos da ergonomia e do design descobrir quais seriam as recomendaes para o projeto de cadeira de rodas para idosos.

ObjetivosO objetivo geral da pesquisa foi sugerir recomendaes para o projeto de cadeiras de rodas para idosos e que essas recomendaes estivessem baseadas nos princpios do design ergonmico. J os objetivos especcos foram conhecer a realidade das cadeiras de rodas e descobrir suas verdades; vericar a viabilidade de um mtodo especco para a coleta e anlise dos dados, e provocar um pensamento reexivo da importncia da aplicao do design ergonmico.

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Reviso da literaturaTecnologia assistivaPara criar um uxo de entendimento para a pesquisa, comeouse denindo a tecnologia assistiva, termo criado em 1988, segundo Bersch (2005), para dar suporte jurdico legislao norte-americana. Mais tarde esse termo foi normalizado pela Internacional Organizacional for Standardization (ISO): (...) qualquer produto, instrumento, equipamento ou sistema tcnico usado por uma pessoa deciente, especialmente produzido ou disponvel que previne, compensa, atenua ou neutraliza a incapacidade. A norma regulamentada pela ISO 9999 apresenta denies e classicaes do que seriam as tecnologias assistivas. Para exemplicar as tecnologias assistivas so necessrios os seguintes artefatos:auxiliares de treinamento e treino; prteses e rteses; auxlios para cuidados pessoais e higiene; auxlios para mobilidade; auxlios para cuidados domsticos; mobilirios e adaptaes para habitaes e outros locais; auxlios para comunicao, informao e sinalizao; auxlios para manuseio de produtos e mercadorias; auxlios para melhorar o ambiente, ferramentas e mquinas e auxlios para recreao.

No Brasil, o termo tecnologia assistiva ainda pouco utilizado, porm o sinnimo ajudas tcnicas utilizado. Por se tratar de um termo regulamentado por Lei vlido ressaltar o que diz o Artigo 61 do Decreto 5296, que aponta uma denio para o termo Ajudas Tcnicas: so produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologias adaptados ou projetadas para melhorar a funcionalidade da pessoa com decincia ou com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida. Este captulo no tem a pretenso de esgotar o assunto, mas sim de contribuir para o desenvolvimento de novos produtos, especialmente considerando as caractersticas psicolgicas e siolgicas dos idosos, buscando uma melhoria para a qualidade de vida dessas pessoas, proporcionando, a partir do conceito do design ergonmico, conforto, se-

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gurana e ecincia na realizao das atividades da vida diria (AVDs), principalmente daqueles indivduos que fazem uso de cadeira de rodas.

As cadeiras de rodasFalando especicamente das cadeiras de rodas, esse objeto foi o primeiro a ser patenteado no Brasil. Segundo Rodrigues (1973), em 1830, D. Pedro I sancionou a Lei de Propriedade Industrial vigente at os dias de hoje e por meio dessa lei o ento inventor Joaquim Marques de Oliveira e Souza recebeu exclusividade por um perodo de dez anos pelo seu invento que denominava cadeira de rodas para aleijados. Diante desse fato marcante da Histria do Brasil, acreditou-se que seria fundamental fazer um levantamento do histrico da cadeira de rodas, pois, conforme sugeriu Ono (2006), fazer a relao da cultura e do design essencial para entender a identidade dos indivduos e de grupos sociais, j que Norman e Draper armaram que um produto ao mesmo tempo um reexo da histria cultural, poltica e econmica, o qual ajuda a moldar a sociedade e afeta a qualidade de vida das pessoas (1986). Portanto, buscou-se entender um pouco mais sobre as questes do design por meio do histrico iconogrco das cadeiras de rodas, ou seja, do estilo, do conceito, da forma do objeto e de suas diversas aplicaes. Por meio da iconograa histrica dos mais de quarenta modelos de cadeiras de rodas catalogados, percebeu-se que h um descompasso no design das cadeiras de rodas se o compararmos com outros setores mais dinmicos da indstria, como, por exemplo, o automobilstico. Em menos de cem anos a forma e o conceito do carro mudou completamente. Comparando o Ford T (1908) com o prottipo desenvolvido pela Toyota para o carro do futuro (2005), percebemos que em trezentos anos o design das cadeiras de rodas nada mudou no conceito e na sua forma. Porm, o prottipo para o carro do futuro desenvolvido pela Toyota deixa uma incgnita que descobriremos somente no seu tempo: ser que a congurao do IUnit representa o futuro dos carros ou ser que representa o futuro das cadeiras de rodas?

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IdosoVoltando linha de uxo das denies, para compreendermos o que ser idoso, temos que entender o fator envelhecimento. O envelhecimento no Brasil tem um respaldo legal cumprido por leis e estatutos. Segundo Sanchez (2000), a classicao do envelhecimento pode ser feita em dois nveis, a saber, o envelhecimento normal que est relacionado com os fatores biolgicos, cronolgicos e sociais, e o envelhecimento patolgico que corresponde s incapacidades psquica, fenomenolgica e funcional do indivduo que caracterizam as enfermidades. Portanto, a compreenso dessas enfermidades sugere e direciona algumas demandas para o design de cadeira de rodas.

Enfermidades da senescnciaPara Caldas (2004), o conceito de fragilidade um importante parmetro na rea do envelhecimento, pois estabelece critrios para determinar quando e em que situaes um idoso necessita de apoio. A fragilidade denida por Hazzard et al. (2003) como a vulnerabilidade que o indivduo apresenta aos desaos do prprio ambiente. Essa condio observada em pessoas com mais de oitenta anos, ou naqueles mais jovens, que apresentam uma combinao de doenas ou limitaes funcionais que reduzem sua capacidade de se adaptarem ao estresse causado por doenas agudas, hospitalizaes ou outras situaes de risco. As principais caractersticas de fragilidade do ser humano so a idade avanada, a perda de autonomia e a presena de doenas crnicas ou sndromes geritricas. So consideradas sndromes geritricas: a instabilidade e quedas, imobilidade, deteriorao cognitiva, dcit sensorial, incontinncia e iatrogia. Com o intuito de minimizar risco acidentrio, em consequncia da fragilidade do idoso cadeirante, busca-se, a partir do estudo das enfermidades, uma relao com as necessidades de usabilidade das cadeiras de rodas e objetiva-se apresentar contribuies que possam ser adequadas s tecnologias

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assistivas, visando estabelecer um produto com caractersticas preventivas s complicaes dessas doenas, alm da manuteno ou reabilitao plena do estado de sade do idoso. Embora as intervenes do design ergonmico ainda sejam arbitrrias na rea da sade, percebeu-se que as enfermidades mais frequentes na senescncia, como a diabetes mellitus, distrbios msculo-esquelticos e infeces urinrias, entre outras, exigem tanto o desenho especco quanto o desenvolvimento de acessrios. Paschoarelli et al. (2005) sugerem propostas e conceitos metodolgicos bsicos para o design ergonmico, especialmente para a concepo de produtos que visam preveno e ou reabilitao. Os autores armam que esses conceitos metodolgicos mostram-se essenciais e signicativos, tanto para o desenvolvimento de produtos seguros, confortveis e ecientes, quanto para disponibilizar recursos para que a reintegrao de incapacitados sociedade ocorra de forma digna e humana. Portanto, a especicidade patolgica demanda recomendaes projetuais prprias para a cadeira de rodas poder oferecer maior segurana, conforto e ecincia e para o objetivo ser melhor alcanado deve-se associar a essas recomendaes uma metodologia de desenvolvimento especca para o design de tecnologias assistivas. Se essas recomendaes no forem bem resolvidas pelo design do produto, os fatores preveno, manuteno e reabilitao do estado de sade do idoso podem car comprometidos.

Antropometria e biomecnicaOutra recomendao projetual considerar a antropometria, que se trata do estudo da forma e do tamanho do corpo. Rodriguez-Aez (2000) concluiu, baseando-se na denio de Roebuck (1975):[A antropometria a] cincia da mensurao e a arte da aplicao que estabelece a geometria fsica, as propriedades da massa e a capacidade fsica do corpo humano. O nome deriva de anthropos, que signica homem, e metrikos, que signica ou se relaciona com a mensurao.

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Para este captulo foi revisada a antropometria esttica de cinco grupos de idosos, dos quais se considerou para a referncia dimensional os percentis 5 e 95. Vinte e uma variveis antropomtricas expressivas para o design de cadeira de rodas foram corrigidas em consequncia das roupas para que a antropometria pudesse ser aplicada de forma prtica no design ergonmico de cadeira de rodas (CR) e atendesse norma NBR 9050 da ABNT (gura 7).

Figura 7. Variveis antropomtricas.

Outro critrio projetual importante a biomecnica: para diminuir a sobrecarga biomecnica do sentado deve-se trabalhar a postura, oferecendo ao produto ajustes dentro dos limites aceitveis e seguros, pois a correta congurao das partes do corpo vai permitir o aperfeioamento da tarefa. As formas do assento e os materiais empregados podem proporcionar uma postura do sentado mais adequada, e a maneira de propulsionar a cadeira de rodas tambm inuencia na sobrecarga biomecnica. Conhecer e aplicar as amplitudes seguras e as tcnicas de propulso pode favorecer a ecincia da interface tecnolgica e principalmente o estado de sade do usurio. Das formas de propulso, segundo Bonninger et al. (2002), por exemplo, a semicircular a mais adequada por provocar menos leses nos ombros e braos. J a propulso em forma de arco a mais inadequada (gura 8).

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Figura 8. Grau de adequao das tcnicas de propulso da cadeira de rodas.

UsabilidadePartindo do princpio de que a interface tecnolgica deva ser exvel mesmo se existirem barreiras para essa exibilidade (gura 9) e de que a usabilidade no um critrio ps-projeto, criou-se um modelo para o entendimento da usabilidade da cadeira de rodas. Ento, por meio de um teste de usabilidade, vericou-se como a especicidade patolgica, as caractersticas fsicas, de propulso e morfolgicas das cadeiras de rodas interferem nessa exibilidade e quais seriam as recomendaes para serem aplicadas nas etapas iniciais do desenvolvimento do produto.

Figura 9. Fluxograma da exibilidade.

Jordan (1998), Moraes (2001) e Iida (2005) alertam que a usabilidade deve ser considerada no desenvolvimento do design de produtos, e, especialmente quando os indivduos so idosos, o design deve levar em considerao as caractersticas particulares desses indivduos.

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MetodologiaEstrutura metodolgica da pesquisaA estrutura metodolgica da pesquisa para este captulo foi retratada numa pirmide (figura 10), na qual os mdulos da base contemplam a abordagem terica e a pesquisa de opinio.

Figura 10. Pirmide metodolgica.

O mdulo referente s questes ticas responsvel pela conexo entre os mdulos, inclusive com a terceira abordagem, cujos testes e as entrevistas foram realizados com os idosos usurios e no-usurios de cadeira de rodas.

Questes ticasDos 11 critrios de eticidade adotados aqui vale ressaltar: Encaminhamento do projeto ao Comit de tica em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Botucatu, que recebeu aprovao e liberao.

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Utilizao de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), regulamentado pelo Ministrio da Sade e pela Associao Brasileira de Ergonomia (Abergo). Utilizao de uma cha de anamnese que antecede os testes de usabilidade.

Primeira abordagem: terica sistemticaNa primeira abordagem a cadeia temtica do estudo terico estava conectada com os termos idoso, ergonomia, cadeira de rodas e design, conforme apresentado pelo quadro da gura 11.

Figura 11. Cadeia temtica da abordagem terica.

Segunda abordagem: pesquisa de opinioNa segunda abordagem, buscou-se entender a problemtica da pesquisa ouvindo a opinio dos cuidadores, acompanhantes de idosos, enfermeiros e os prossionais das reas clnicas, os quais esto diretamente ligados interface tecnolgica.

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MateriaisOs materiais utilizados na pesquisa de opinio foram: 315 cartas de apresentao; 315 protocolos de pesquisa (entende-se por protocolos a cha de identicao do sujeito, o TCLE e o questionrio propriamente dito). Desses, 183 foram envelopados e enviados via Correios.

Terceira abordagem: teste de usabilidade e entrevistasPara a terceira abordagem foi desenvolvido e montado um teste com base na NBR 9050 (gura 12), ou seja, desenvolveu-se uma pista de teste com dimensionais de acessibilidade normalizados e regulamentados.

Figura 12. Desenho esquemtico da pista de teste (esquerda) e pista de teste montada (direita).

Antes de o sujeito iniciar o teste, ele era orientado sobre como fazer o percurso. O enfermeiro realizava os procedimentos clnicos de pesagem, medio de altura e massa corprea, e, se estivesse tudo em ordem, o sujeito estava apto a realizar os testes. Vale ressaltar que no tivemos nenhum sujeito inapto para realizar os testes.

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Materiais e equipamentosOs materiais utilizados para os testes e entrevistas com idosos foram o protocolo de pesquisa, o diagrama de Corllet & Manenica (1980) construdo em madeira e jogos de cartes, o que deixou o procedimento mais dinmico e interessante para o participante (gura 13).

Figura 13. esquerda, diagrama de Corllet & Manenica (1980). direita, jogos de cartes plasticados.

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Os equipamentos utilizados foram balana digital, com capacidade de 180 kg; cone de trfego; esgmomanmetro e estetoscpio; cmera/lmadora digital com trip; e uma cadeira de rodas de propulso manual, conforme apresentado pela gura 14.

Figura 14. Equipamentos utilizados no teste de usabilidade.

A cadeira de rodas foi utilizada nica e exclusivamente como referencial tecnolgico, pois o objetivo dessa abordagem foi conhecer o desempenho do idoso na realizao da tarefa. A cadeira de rodas modelo AVD Plus da Ortobrs tambm foi escolhida por apresentar uma proximidade tcnica e esttica com as cadeiras de rodas mais comumente utilizadas pelos idosos, por no existir um modelo de cadeira de rodas especco para idoso e por haver colaborao da Ortobrs, que doou a cadeira de rodas para a pesquisa. Vale ressaltar que seis empresas de cadeiras de rodas foram contatadas.

ResultadosResultados da pesquisa de opinioEnfermeiros e cuidadores

Os resultados obtidos na pesquisa de opinio com os enfermeiros retratam um quadro panormico entre as queixas de desconforto

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corporal e morfologia da cadeira de rodas, crtico e sistmico: 13% dos sujeitos apontaram que idosos, quando usurios de cadeiras de rodas, se queixam muito de dores no pescoo e costas-mdias; 7,35% apontaram as costas-inferiores; j para a regio das costas-inferiores e bacia esse ndice sobe para cerca de 30%, e 20% para a regio das coxas e pernas. Fazendo a associao com a morfologia da cadeira de rodas, temos o assento e os apoiadores de braos, sendo os itens mais crticos, por manterem uma relao direta com as regies corporais das quais os idosos mais se queixam de desconforto.Prossionais das reas clnicas

Quando se perguntou aos prossionais das reas clnicas qual era a regio corporal em que o idoso usurio de cadeira de rodas apresentava maiores dificuldades de reabilitao, novamente, costas-inferiores e bacia aparecem no topo com quase 30% das opinies. Perguntou-se qual era a diculdade que os prossionais encontravam para o sucesso da reabilitao do indivduo e as respostas foram que assento/encosto, a falta de acessrios, a diculdade de propulso e o custo elevado da CR dicultavam a prescrio, comprometendo, portanto, todo o processo de reabilitao e muitas vezes levando o idoso a quadros clnicos mais crticos e irreversveis.

Resultados do teste de usabilidade e entrevistasOs resultados obtidos pelo teste de usabilidade e nas entrevistas, os quais podem ser observados pelo grco da gura 15, apontaram graus de diculdade para diversas tarefas realizadas com cadeira de rodas.

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Figura 15. Resultados do teste de usabilidade.

Fazendo a anlise do grco da gura 15, tm-se as seguintes concluses: cerca de 60% dos idosos no-usurios de cadeira de rodas (INUCR) apontaram diculdades para remover os suportes laterais. Vale ressaltar que o pino trava da cadeira utilizada no teste desgastou, tornando essa tarefa mais difcil. Mais de 15% disse ser muito difcil fechar a cadeira de rodas. Comparando os resultados, a manobra da cadeira de rodas para 36% dos INUCR uma tarefa que demanda certa habilidade, o que se pode comprovar pelo ndice dos idosos usurios de cadeira de rodas (IUCR) que cai para cerca de 15%. J para a tarefa de autopropulso os ndices invertem, ou seja, para os IUCR mais difcil propulsionar a CR do que para os INUCR. Outras tarefas apontadas pelos IUCR foram a diculdade de desviar de obstculos e a falta de conforto do objeto.

Resultados gerais da relao de desconforto entre homem e tecnologiaFazendo uma compararo genrica das abordagens realizadas, o grau de desconforto apontado pelos sujeitos no diagrama de Corllet & Manenica (1980) est diretamente relacionado com a inecincia

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ou inadequaes da morfologia da cadeira de rodas. Para citar alguns dos exemplos apresentados pela gura 16, temos a queixa de desconforto no pescoo por consequncia da falta de apoio para a cabea, e o desconforto nas costas-inferiores e bacia pela inadequao ou inecincia do assento que interfere na manuteno da postura correta.

Figura 16. Relao do desconforto com a morfologia da cadeira de rodas.

Consideraes naisEmbora as recomendaes projetuais estejam detalhadas ao longo do captulo, algumas reexes para a prtica projetual de cadeira de rodas para idosos podem ser apontadas. No podemos esquecer que fatores como os aspectos sociais e econmicos, as enfermidades da senescncia, os aspectos antropomtricos e biomecnicos, e ainda a usabilidade e a postura do sentado devem ser considerados. Tambm de grande importncia atrelar o padro esttico desejado pelo idoso ao design do produto, mudar o paradigma da forma e provocar mudanas para um novo conceito de rodas em cadeiras, desenvolver produtos de fcil higienizao e manuteno e que possuam formatos anatmicos e ajustveis. Pois, se considerarmos esses fatores, estaremos valorizando a vida do idoso cadeirante e

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consequentemente assumindo a responsabilidade de preveno, manuteno e reabilitao do estado de sade. As cadeiras de rodas tambm devem oferecer facilidade no seu transporte, e um manual ilustrado ou cartilha que seja de fcil entendimento. Tambm importante criar uma famlia de cadeiras de rodas e acessrios com base na especicidade patolgica e que cada objeto dessa famlia tenha um custo reduzido para atender a grande parte da populao brasileira. Por m, este captulo buscou apontar um equilbrio entre o desenvolvimento cientco e o desenvolvimento tecnolgico, criando um elo de responsabilidade entre os desenvolvedores de cadeira de rodas, pois descobriu-se com a pesquisa, a partir da metodologia aplicada, que as cadeiras de rodas para idosos so especcas e se diferem dos parmetros atuais utilizados, principalmente se a base projetual for o design ergonmico.

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3 ANTROPOMETRIA ESTTICA DE INDIVDUOSDA TERCEIRA IDADEAdelton Napoleo Franco1 Jos Carlos Plcido da Silva2

IntroduoPara muitos, os trabalhos envolvendo pessoas idosas no trazem benefcios prticos, so de difcil conduo e necessitam maior dedicao. H vrias razes para trabalhar com idosos: dentre elas, o que nos motiva oferecer condies de igualdade para as atividades da vida, aumentar as possibilidades para a utilizao de produtos e servios, contribuindo e melhorando a qualidade de vida dos idosos, incorporando a ergonomia, a antropometria e o envelhecimento humano como objeto de estudo. O presente estudo foi estruturado e desenvolvido tendo como base trabalhos relacionados antropometria (Silva,1995; Paschoarelli, 1997; Queiroz, 2000; Villa, 2001) que tiveram como amostra indivduos de faixas etrias bem inferiores aos voluntrios da presente pesquisa. Sabendo-se da importncia da continuidade sistemtica nas pesquisas, deniram-se as 27 variveis antropomtricas, mais o ndice de Massa Corprea (IMC), a faixa etria e os locais de recrutamento dos participantes voluntrios.1 Mestre em design, Universidade do Sagrado Corao. 2 Professor titular, Universidade Estadual Paulista.

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O envelhecimento , em grande parte, um desao do mundo contemporneo, afetando tanto os pases ricos quanto os pases pobres, ainda que de forma diferente e especca em cada sociedade, cultura e contexto socioeconmico. As estimativas sobre populaes no mundo preveem para daqui a vinte anos um aumento de at 88% de idosos com mais de 65 anos de idade, o que representa quase um milho de pessoas por ms. Para a Organizao Mundial da Sade (OMS), em 2025, a expectativa de vida para mais de oitenta anos de idade ser a idade mdia em pelo menos 26 pases. Quatro deles Itlia, Japo, Islndia e Sucia j cumprem essa expectativa (IBGE, 2000). O contingente de idosos no Brasil enfrenta um crescimento grandioso, como no resto do mundo. A estimativa da populao geral no pas de 177.620.328 pessoas segundo o censo demogrco de 2000 do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica (IBGE). Um panorama geral sobre os idosos no Brasil estima que 14.536.029 pessoas so idosos. No estado de So Paulo, so 3.316.957. Na cidade de Bauru, a populao geral de 316.064 pessoas, enquanto a de 60 anos ou mais chega a 32.841. Estatsticas mostram que a populao idosa no Brasil em meados de 2020 chegar casa dos 20% da populao geral. Eles estaro em todas as partes das cidades, desenvolvendo o comrcio, o turismo, o lazer e at disputando vagas no mercado de trabalho. Seguindo essa premissa, Charness e Bosman (1992) destacam que uma simples extenso tradicional de acesso dos fatores humanos, de acordo com a idade, traria benefcios gerais sociedade. Os primeiros fatores do centro de ateno para indivduos na faixa de 40 a 64 anos so a ecincia e a segurana de produtos. J o grupo da idade de 65 a 74 anos est mais relacionado com a segurana, conforto e tranquilidade de uso. Para o grupo de 75 anos ou mais, alm desses, incluem-se os instrumentos e dispositivos de auxlio para AVDs, levando-se em conta as caractersticas do processo de envelhecimento. O processo de envelhecimento humano assunto atual nos meios de comunicao; a televiso dedica parte de seus preciosos minutos

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a apresentar em programas de entretenimento, e principalmente em telejornais, sries que tentam de alguma forma mostrar ao pblico que car velho no signica adoecer, mas, sim, entregar-se a esse estgio da vida com sade, vivacidade, independncia e apresentar-se funcional. Exemplos dessa natureza so mostrados na revista Veja de 15 de novembro de 2004, sob o ttulo de capa: A cincia da vida longa e saudvel. As jornalistas Thereza Venturoli, Isabela Boscov e Lucila Soares dedicam 11 pginas ao assunto, destacando que a promessa de uma velhice saudvel e prazerosa. Para Erbolato (apud Neri & Freire, 2000), algumas teorias foram baseadas em aspectos biolgicos do ser humano citadas em estudos realizados por cientistas europeus no sculo passado, quando observaram uma srie de alteraes nos rgos e no corpo humano, incluindo a diminuio de seu tamanho e decincias em seu funcionamento. Durante o envelhecimento, todas as pessoas sofrem mudanas fsicas. Estudos de Ribas & Ely (2002) demonstraram que os problemas encontrados frente s necessidades fsicas, informativas e sociais da pessoa da terceira idade podem ser resolvidos desde que se tome conhecimento e conscincia de suas limitaes e potencialidades com a chegada da velhice. Alm disso, h que se considerar que o espao deve acompanhar as mudanas ocorridas no corpo humano frente ao envelhecimento, propiciando aos idosos, sobretudo aos de menor renda, mecanismos que lhes garantam igualdade de cidadania e mais independncia para uma vida normal na utilizao de edicaes, espaos, mobilirios e equipamentos urbanos, apesar das limitaes impostas pela velhice. Compartilham desse pensamento antropomtrico Cavalcanti & Ely (2002). Frente a esse contexto, Bomm et al. (2003) e Barros (2000) discorrem: quando o ambiente no oferece condies de conforto, segurana e acessibilidade, ele no garante a seus usurios autonomia e independncia. A antropometria tem sua funo multivariada na ergonomia, desde a concepo de produtos, racionalizao de ambientes e espaos, elaborao e interveno em postos de trabalho, aos estudos que

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tentam decifrar as variaes e diferenas fsicas, tanto individuais quanto em grupos e populaes distintas. No Brasil, a discusso sobre as variveis antropomtricas comea a ganhar corpo. No entanto, h tendncia para pesquisar a populao infantil, juvenil e adulta, enquanto para os idosos os estudos nessa rea so insucientes. Pases como Canad, China, Frana, Itlia, Japo, Inglaterra e Estados Unidos acompanham substancialmente os parmetros antropomtricos de suas populaes (Smith et al. 2000). Um documento exemplo dessa natureza (Older Adultdata da Inglaterra) uma coleo de informaes antropomtricas de adultos de mais de cinquenta anos de idade de diversos pases e inclui 155 medidas. A antropometria trata de medidas fsicas do corpo humano. Para Iida (1997), medir as pessoas seria uma tarefa fcil, bastando para isso ter uma rgua, trena e balana, mas isso no assim to simples quando se deseja obter medidas conveis de uma populao que contm indivduos dos mais variados tipos. As condies em que essas medidas so realizadas (com ou sem roupas, com ou sem calados, ereto ou na postura relaxada) inuem nos resultados. importante denir quem usa e quem usar, realmente, o produto para a escolha do melhor levantamento antropomtrico a ser adotado no projeto (Quaresma & Moraes, 2000). O levantamento do IBGE de 1977 constituiu em avaliar o peso e a altura de indivduos a partir de 18 anos e rotulou-se como representativo de toda populao. O estudo procurou mostrar, por meio de comparaes de dados, o quanto os valores da norma tcnica PB 472 de 1979 esto diferentes dos reais. Na poca, sugeriu a reviso da PB 472, incluindo em seu texto a necessidade de um levantamento antropomtrico de outras variveis, bem como de populaes com idades distintas, para assim representar bem a populao. Com toda essa motivao, e diante de componentes considerados importantes por diversos pesquisadores e aqui explicitados, a proposta do presente captulo foi vericar as caractersticas antropomtricas e o IMC em indivduos com 50 anos ou mais de idade, frequentadores de grupos da terceira idade da cidade de Bauru, reunindo 29 variveis.

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Materiais e mtodosA amostra constitui-se de 190 pessoas de ambos os gneros (masculino e feminino), com idade igual ou superior a cinquenta anos, frequentadoras das atividades fsicas de grupos da terceira idade da cidade de Bauru (SP), nos anos de 2004 e 2005. Para ser participante voluntrio, o presente levantamento atevese aos idosos que no fossem dependentes de auxlio ou dispositivos de ajuda, como andadores, muletas, prteses de membros superiores ou inferiores, ou ainda acometidos por patologias determinantes que inuenciem a postura em p ou sentada, de forma a gerar diferenas signicativas na padronizao das medidas e nos parmetros morfolgicos identicados pelo pesquisador. Trata-se de uma pesquisa transversal descritiva, desenvolvida por meio do raciocnio dedutivo, em que os sujeitos foram recrutados por convenincia, ou seja, o pesquisador solicitava a participao voluntria de acordo com a presena dos idosos nas atividades desenvolvidas. Houve nas atividades fsicas um total de 384 participantes, 304 mulheres e oitenta homens, e determinou-se o tamanho amostral com nvel de 95% de conana e 10% de erro de estimativa, estabelecendose, aproximadamente, 190 sujeitos voluntrios, com proporcionalidade ao gnero (Cochran, 1977), constituindo a amostra de 50 homens e 140 mulheres (tabela 2). Foram utilizadas tabelas preestabelecidas para o IMC (ndice de Quetelet) que variam de acordo com a fonte consultada. As referncias exemplicadas para a pesquisa foram da OMS (1995), Hirsh (2003), e da Iaso (2005) (tabela 3). As tcnicas estatsticas aplicadas para a apresentao e interpretao dos dados foram baseadas em tabelas de levantamentos antropomtricos do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e recomendadas em Padovani (1995): medidas de posio ou tendncia central: mdia simples, percentis (1; 2,5; 5; 10; 25; 50; 75; 95 e 99), valores mximo e mnimo, e medidas de disperso ou variabilidade (desvio-padro, coeciente de variao e coeciente de correlao).

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Materiais e equipamentos mtricosForam empregados o parecer do Comit de tica em Pesquisa, protocolo 073/2005; termo de consentimento e protocolo de anotaes, intitulado levantamento de dados antropomtricos de indivduos da terceira idade; uma balana de preciso com barra antropomtrica, da marca Welmy, patrimnio nmero 04293, do Departamento de Desenho Industrial da Faac, Unesp de Bauru; uma cadeira antropomtrica, com trs escalas (100 cm, 55 cm e 50 cm), todas da marca Filling, construo prpria; um paqumetro ou antropmetro, com escala de 100 cm da marca Filling, construo prpria; e uma ta mtrica (trena) exvel de 10 m da marca Western.

ResultadosOs resultados esto inseridos como dados quantitativos em quatro tabelas distintas: duas para amostra masculina (tabelas 2 e 3) e duas para amostra feminina (tabelas 4 e 5), com valores numricos e suas unidades.Tabela 2. Dados quantitativos da amostragem masculina. Variveis Antropomtricas Idade Peso Corpreo Estatura Olhos-cho Acrmio-cho Cotovelo-cho Cotovelo-mo aberta Cotovelo-punho Axila-cho Acrmio-mo aberta Valores Amostra Masculina Estatstica de N=50 Mdia 66,28 anos 75,32 kg 166,87 cm 156,46 cm 139,83 cm 102,96 cm 46,38 cm 27,84 cm 130,48 cm 74,05 cm Desvio Coef. padro Variao 9,06 11,53 6,43 6,21 6,64 4,44 2,43 1,36 6,42 3,56 13,67% 11,53% 3,85% 3,97% 4,75% 4,31% 5,25% 4,90% 4,92% 4,81% Valor mnimo 50 anos 48 kg Valor mximo 88 anos 101 kg

157,00 cm 183,00 cm 147,00 cm 172,00 cm 130,00 cm 159,00 cm 95,00 cm 115,00 cm 41,00 cm 25,00 cm 67,00 cm 53,00 cm 33,00 cm 85,00 cm Continua.

117,00 cm 145,00 cm

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Tabela 2. Continnuao. Variveis Antropomtricas Circunferncia craniana Circunferncia torcica Circunferncia abdominal Largura quadril Largura acrmios Largura ombros Assento-cabea Assento-olhos Assento-acrmio Assento-cotovelo Altura das coxas Sacro-popltea Sacro-joelho Altura popltea Largura do p Comprimento do p Altura calcnea IMC em cm Valores Amostra Masculina Estatstica de N=50 Mdia 57,16 cm 97,24 cm 98,26 cm 34,57 cm 29,09 cm 45,60 cm 85,03 cm 74,77 cm 58,22 cm 21,60 cm 13,79 cm 48,77 cm 59,66 cm 44,37 cm 9,12 cm 24,62 cm 7,66 cm 26,52 cm Desvio Coef. padro Variao 1,40 8,01 10,62 2,27 2,19 3,20 4,29 4,28 3,63 2,87 1,62 2,41 2,39 2,74 0,60 1,27 0,88 3,76 2,45% 8,24% 10,81% 6,55% 7,33% 7,02% 5,04% 5,72% 6,23% 13,29% 11,77% 4,93% 4,01% 6,18% 6,61% 5,15% 11,45% 14,20% Valor mnimo 54,00 cm Valor mximo 61,00 cm

82,00 cm 117,00 cm 68,00 cm 120,00 cm 30,00 cm 25,00 cm 38,00 cm 78,00 cm 68,00 cm 52,00 cm 15,00 cm 8,00 cm 43,00 cm 55,00 cm 40,00 cm 8,00 cm 21,00 cm 6,00 cm 40,00 cm 36,00 cm 53,00 cm 97,00 cm 86,00 cm 65,00 cm 27,00 cm 17,00 cm 55,00 cm 66,00 cm 52,00 cm 11,00 cm 27,00 cm 10,00 cm

18,00 cm 35,00 cm

Tabela 3. Dados quantitativos da amostragem masculina. Variveis Antropomtricas P01 Idade Peso Corpreo Estatura cm Olhos-cho Acrmio-cho Cotovelo-cho Cotovelo-mo aberta Percentis Amostra Masculina de N= 50 P2,5 P05 P10 P25 P50 P75 P95 P99

50,98 52,00 52,90 54,00 60,00 65,50 72,75 80,65 86,04 49,72 53,41 60,45 61,09 67,25 76,25 82,00 95,00 98,55 157,49 158,23 159,00 159,00 161,00 166,00 169,00 179,01 182,51 147,49 148,00 148,00 149,00 151,00 156,00 159,75 168,01 171,02 130,00 130,00 130,45 132,09 135,00 139,00 142,88 152,00 157,53 95,49 96,00 96,00 97,09 100,00 102,00 105,75 110,55 113,53 41,00 41,23 42,00 43,00 45,00 47,00 48,00 49,55 52,51 Continua.

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LUIS CARLOS PASCHOARELLI MARIZILDA DOS SANTOS MENEZES

Tabela 3. Continuao. Variveis Antropomtricas P01 Axila-cho Acrmio-mo aberta Envergadura Circunferncia craniana Circunferncia torcica Circunferncia abdominal Largura quadril Largura acrmios Largura ombros Assento-cabea Assento-olhos Assento-acrmio Assento-cotovelo Altura das coxas Sacro-popltea Sacro-joelho Altura popltea Largura do p Altura calcnea IMC em cm Percentis Amostra Masculina de N= 50 P2,5 P05 P10 P25 P50 P75 P95 P99

117,98 119,23 120,09 123,09 126,00 130,00 135,00 143,65 145,00 67,00 67,23 68,45 69,09 72,00 74,00 76,00 79,55 83,04 161,49 162,23 163,45 164,00 167,25 173,05 176,00 186,65 190,02 54,49 55,00 55,00 55,09 56,00 57,00 58,00 59,00 60,51 82,49 83,23 84,45 87,00 91,25 97,05 102,00 108,55 114,06 69,96 74,48 83,09 85,09 90,25 99,05 105,00 114,55 117,55 30,49 31,00 31,45 32,00 33,00 34,00 36,00 38,55 39,51 25,98 27,00 27,00 27,00 28,00 30,00 31,00 33,55 35,02 38,49 39,23 40,45 41,09 44,00 45,50 47,75 51,00 52,51 78,49 79,00 79,45 80,00 82,00 84,00 88,00 92,10 96,02 68,49 69,00 69,00 69,09 72,00 74,00 77,00 81,55 85,02 52,00 52,23 53,45 54,00 55,25 57,50 61,00 64,55 65,00 15,98 17,00 17,45 18,00 19,00 21,00 24,00 26,55 27,00 9,47 11,00 11,45 12,00 13,00 14,00 15,00 16,00 17,00 43,25 43,61 44,45 46,00 48,00 49,00 50,00 53,00 54,02 55,00 55,45 57,00 57,00 58,00 59,25 61,00 64,00 65,02 40,00 40,00 40,23 41,00 43,00 44,00 45,88 49,55 51,76 8,00 6,00 8,00 6,00 8,00 6,23 8,50 6,50 9,00 7,00 9,00 7,50 9,50 10,00 10,76 8,00 9,00 9,80

Comprimento do p 21,49 22,11 22,33 23,00 24,00 24,50 25,50 26,38 27,00 18,00 18,45 20,00 22,00 24,00 27,00 29,00 32,00 34,02

Tabela 4. Dados quantitativos da amostragem feminina. Variveis Antropomtricas Idade Peso Corpreo Estatura Olhos-cho Valores Amostra Feminina Estatstica de N= 140 Mdia Desvio padro 10,84 kg 5,87 cm 5,82 cm Coef. Variao 11,60% 16,85% Valor mnimo 50 anos Valor mximo 88 anos

66,01 anos 7,66 anos 64,30 kg 154,27 cm 144,05 cm

40,00 kg 105,05 kg

3,81% 136,00 cm 169,00 cm 4,04% 126,00 cm 160,00 cm Continua.

DESIGN E ERGONOMIA

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Tabela 4. Continuao. Valores Amostra Feminina Estatstica de N= 140 Desvio Coef. Valor Valor Mdia padro Variao mnimo mximo Cotovelo-cho 94,19 cm 4,15 cm 4,41% 80,00 cm 104,00 cm Cotovelo-mo aberta 42,75 cm 2,12 cm 4,96% 36,05 cm 49,00 cm Cotovelo-punho 26,11 cm 1,70 cm 6,51% 22,00 cm 32,00 cm Axila-cho 119,65 cm 5,27 cm 4,40% 105,00 cm 134,00 cm Acrmio-mo aberta 67,90 cm 3,20 cm 4,72% 59,00 cm 75,00 cm Envergadura 158,50 cm 7,11 cm 4,48% 137,00 cm 177,00 cm Circunferncia 55,28 cm 1,50 cm 2,72% 51,00 cm 60,00 cm craniana Circunferncia 92,18 cm 7,65 cm 8,30% 72,00 cm 113,00 cm torcica Circunferncia 94,14 cm 9,46 cm 10,05% 68,00 cm 122,00 cm abdominal Largura quadril 35,29 cm 3,11 cm 8,82% 26,05 cm 50,00 cm Largura acrmios 26,64 cm 2,01 cm 7,55% 22,00 cm 32,00 cm Largura ombros 42,20 cm 3,61 cm 8,56% 35,00 cm 57,00 cm Assento-cabea 79,87 cm 3,53 cm 4,42% 69,00 cm 87,00 cm Assento-olhos 69,92 cm 3,47 cm 4,98% 59,00 cm 76,00 cm Assento-acrmio 54,47 cm 2,79 cm 5,13% 47,00 cm 62,00 cm Assento-cotovelo 20,44 cm 2,48 cm 12,14% 14,00 cm 26,00 cm Altura das coxas 13,70 cm 1,85 cm 13,47% 10,00 cm 20,00 cm Sacro-popltea 46,45 cm 2,79 cm 6,01% 37,05 cm 55,00 cm Sacro-joelho 56,24 cm 3,72 cm 6,61% 45,00 cm 79,00 cm Altura popltea 40,39 cm 2,88 cm 7,14% 33,00 cm 52,00 cm Largura do p 8,58 cm 0,63 cm 7,30% 7,00 cm 10,50 cm Comprimento do p 22,31 cm 1,16 cm 5,20% 19,00 cm 25,00 cm Altura calcnea 7,35 cm 0,74 cm 10,10% 5,50 cm 9,50 cm IMC em cm 27,01 cm 5,05 cm 18,69% 19,00 cm 49,00 cm Variveis Antropomtricas Tabela 5. Dados quantitativos da amostragem feminina. Variveis Antropomtricas Idade Peso corpreo Estatura P01 50,39 43,70 139,95 Percentis Amostra Feminina de N= 140 P2,5 52,48 46,74 143,00 P05 54,00 49,45 144,00 P10 57,00 52,90 146,00 P25 60,00 58,00 151,00 P50 66,00 62,00 154,00 P75 71,00 69,13 158,00 P95 P99 78,00 84,22 83,01 98,03 162,53 167,4 Continua.

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LUIS CARLOS PASCHOARELLI MARIZILDA DOS SANTOS MENEZES

Tabela 5. Continuao. Variveis Antropomtricas Olhos-cho Acrmio-cho Cotovelo-cho Cotovelo-mo aberta Cotovelo-punho Axila-cho Acrmio-mo aberta Envergadura Circunferncia craniana Circunferncia torcica Circunferncia abdominal Largura quadril Largura acrmios Largura ombros Assento-cabea Assento-olhos Assento-acrmio Assento-cotovelo Altura das coxas Sacro-popltea Sacro-joelho Altura popltea Largura do p Comprimento do p Altura calcnea IMC em cm Percentis Amostra Feminina de N= 140 129,56 115,17 85,39 38,00 22,39 107,39 60,00 140,78 133,00 117,48 87,00 38,00 23,00 109,48