a comunicação de massa e a influência da soceidade iporaense

69
0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ CURSO DE GEOGRAFIA A COMUNICAÇÃO DE MASSA E A INFLUÊNCIA DA RÁDIO RIO CLARO AM NA SOCIEDADE IPORAENSE Paulo Sérgio Telesse Orientador: Adjair Maranhão de Sousa Iporá 2009

Upload: geografiauegiporagoias

Post on 03-Oct-2015

14 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Geografia

TRANSCRIPT

  • 0

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    CURSO DE GEOGRAFIA

    A COMUNICAO DE MASSA E A INFLUNCIA DA RDIO RIO CLARO AM NA SOCIEDADE IPORAENSE

    Paulo Srgio Telesse Orientador: Adjair Maranho de Sousa

    Ipor 2009

  • 1

    PAULO SRGIO TELESSE

    A COMUNICAO DE MASSA E A INFLUNCIA DA RDIO RIO CLARO AM NA SOCIEDADE IPORAENSE

    Trabalho apresentado ao Curso de Geografia da Universidade Estadual de Gois UEG, para a obteno do ttulo de licenciado em Geografia.

    Orientador: Adjair Maranho de Sousa

    Ipor 2009

  • 2

    PAULO SRGIO TELESSE

    A COMUNICAO DE MASSA E A INFLUNCIA DA RDIO RIO CLARO AM NA SOCIEDADE IPORAENSE

    BANCA EXAMINADORA

    ___________________________________________________

    Prof. Esp. Adjair Maranho de Sousa

    ___________________________________________________

    Prof. Esp. Divino Jos Lemes de Oliveira

    ___________________________________________________

    Prof. Esp. Jos Marcelo de Oliveira

  • 3

    A Deus... minha famlia...

    Aos colegas pelo companheirismo... Aos professores pela dedicao rdua...

    A todos que contriburam nessa etapa final...

    Dedico.

  • 4

    Agradeo a Deus... Por me acompanhar em todos os momentos de minha vida...

    minha famlia... Pelos momentos de abandono necessrios minha concluso final...

    A todos que colaboraram, incondicionalmente...

    Muito obrigado!

  • 5

    No basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se tornar assim uma mquina utilizvel e no uma personalidade. necessrio que adquira um sentimento, um senso prtico daquilo que vale a pena ser empreendido, daquilo que belo, do que moralmente correto.

    Albert Einstein

  • 6

    RESUMO

    O Rdio como um dos meios de comunicao de massa mais populares passou por diversas experincias e foi gradativamente conquistando seu espao at se chegar aos resultados apresentados hoje. Esse veculo de comunicao foi inaugurado com o intuito de ser educativo, a exigncia capitalista o tornou comercial, os programas e os radialistas tiveram que passar de amadores a profissionais, no comeo essa mudana era apenas para manter a prpria radio. Com um decreto de lei do Governo, as emissoras encerem em sua programao publicidades que assim passam a gerar lucros. Nos anos 1940 a poca de Ouro, o auge do radio, com o surgimento da televiso nos anos 1950 o declnio do mesmo at se reerguer e firmar como um veculo popular que leva educao, cultura e entretenimento aos mais diferentes lugares e pessoas. Mesmo nos tempos atuais de globalizao, o rdio continuam sendo o meio de comunicao mais utilizado pelas pessoas, e pode de forma bem simples transform-los em cidados crticos, pensantes, com capacidade de interferir e modificar a realidade. No presente trabalho ser apresentado um breve histrico da comunicao e do radio, com suas influencias e transformaes em diferentes tempos e lugares e os resultados de uma pesquisa junto a diversos seguimentos da sociedade iporaense com entrevistas e depoimentos de ex e atuais funcionrios e ouvintes da Rdio Rio Claro AM com a finalidade de apurar qual a participao desse grande meio de comunicao de massa como instrumento de ajuda na construo dessa sociedade.

  • 7

    SUMRIO

    INTRODUO .........................................................................................................08

    1. A COMUNICAO ..............................................................................................10 1.1 - A descoberta da escrita como desenvolvimento da cincia humana ............10 1.2 - Meios de comunicao de massa ................................................................13 1.3 - Frankfurt e as teorias acerca da comunicao .............................................16

    2. INTRODUO SOBRE A HISTRIA DO RDIO NO BRASIL .............................19 2.1 - A Histria do rdio em Gois ........................................................................24 2.2 - Primeiras emissoras de rdio em Gois .......................................................26

    3. HISTRIA DA RDIO RIO CLARO AM EM IPOR ..............................................29 3.1 - A Influncia da Rdio Rio Claro AM sobre a populao iporaense e regio .34

    CONSIDERAES FINAIS ......................................................................................38 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..........................................................................40 FONTES ...................................................................................................................42

    ANEXOS ..................................................................................................................43

  • 8

    INTRODUO

    O rdio apareceu no incio do sculo passado com objetivo de educar os ouvintes. Desde ento ocorreram muitas transformaes para que se chegasse ao rdio que conhecido atualmente. No entanto algumas coisas no se modificaram tais como levar informao, cultura e entretenimento as pessoas das mais variadas regies do pas e, agora tambm, do mundo, atravs da Internet. J no existem mais distncias. Toda informao pode ser acessada ou at mesmo ouvida por todos.

    Motivado principalmente por viver esse trabalho no dia a dia e perceber que esse um veculo rpido e de fcil acesso com um grande poder de transformao social a presente pesquisa destaca e enfatiza o trabalho de valorizao do rdio para promover conhecimento. preciso investir mais no rdio, melhorando qualidade de programas com produo, interatividade, participao popular e divulgao do que se passa na programao para o bem de todos e para um melhor aprofundamento atravs desse meio de comunicao. preciso entender a participao do rdio como forma de se fazer cidadania, seu contexto histrico, na formao do povo, na consolidao da formao cultural e no aprendizado das pessoas que ouvem rdio e dele fazem o companheiro de todas as horas. Nesse sentido que trabalha a Rdio Rio Claro AM, junto comunidade Iporaense. Partindo-se do pressuposto de que o rdio um elemento fundamental na comunicao, para atingir relevncia no mercado atual, de grande competitividade, pretende-se, com o presente estudo, entender o papel do rdio como ferramenta no s de marketing mas como formador de opinio que leva: comunicao, entretenimento, posicionamento e relacionamento. E observar ainda a participao da cultura de massa no dia a dia da sociedade.

    Sendo assim, ser mostrado no primeiro capitulo um breve relato sobre a escrita e a necessidade do ser humano de se comunicar, ainda os meios de comunicao de massa e a escola de Frankfurt como pea fundamental para esse tipo de comunicao. No segundo capitulo um breve relato sobre a chegada do radio no Brasil e em Gois seus colaboradores, sem deixar de citar outros meios de comunicao que permearam e que permeiam na sociedade tecnolgica e globalizada. Resaltar ainda as primeiras emissoras de radio que serviram de mola

  • 9

    propulsora para o surgimento de rdios no interior do estado de Gois como o caso da Rdio Rio Claro AM que ser relatado no terceiro capitulo como meio de comunicao formador de opinio na cidade de Ipor, desde sua fundao aos dias atuais onde ela pertence Igreja Catlica e atua exclusivamente com a funo de formar cidados, uma vez que o rdio se tornou um eficiente canal de comunicao com diversas caractersticas que o torna um veculo de massa. O rdio permite o imediatismo da notcia, no necessitando de um monte de parafernlias para transmisso como a televiso. Nos dias atuais a modernidade permite que o prprio ouvinte seja um reprter ou interlocutor, basta estar no local do fato relevante participar ao vivo e informar no exato momento em que ele acontecer, isso a interatividade Radio e Ouvinte em um modelo cada vez mais moderno e dinmico de se trabalhar o rdio, Tambm permite que pessoas com baixo poder aquisitivo possam desfrutar de seus benefcios por ser um aparelho barato. Alm disso, pode ser levado e ouvido em qualquer lugar: no carro, em casa, no quintal no escritrio, na rua e outros.

  • 10

    CAPTULO 1 A COMUNICAO

    1.1 - A descoberta da escrita como desenvolvimento da cincia humana

    Na Pr-Histria o homem buscou se comunicar atravs de desenho1 feitos nas paredes das cavernas. Os primitivos retratavam nos seus abrigos os aspectos de seu cotidiano, como por exemplo, a caa de animais, as armas usadas e tambm a imagem de si mesmo. Vale ressaltar que no se sabe ao certo a inteno deles ao registrarem suas aes (SANTOS & SANTOS, 2006, p.8). Porm, ainda no era um tipo de escrita, pois no havia organizao, nem mesmo padronizao das representaes grficas. A partir da, a mesma sofreu vrias modificaes at chegar aos dias atuais. Hoje, se um homem, por conseqncias do destino no alfabetizado, ainda assim ele consegue se comunicar e viver em sociedade atravs de smbolos e da linguagem que esto impressos no mbito social.

    De acordo com Novelli appud Arruda (2004). O homem j se difere dos animais ao nascer, logo percebe a necessidade do uso da linguagem. nessa linguagem e por essa linguagem que o homem vai se constituir como ser pensante desta forma que a comunicao verbal ir viabilizar a relao das pessoas, vai permitir o retorno sobre si como individualidade distinta possibilitando, ento, a comunicao entre os seres.

    De acordo com Benveniste (1991, p. 68),

    Fazemos da lngua que falamos usos infinitamente variados, cuja s enumerao deveria ser coextensiva a uma lista das atividades nas quais se pode empenhar o esprito humano. Na sua diversidade, esses usos tm, entretanto dois caracteres em comum. Um consiste em que a realidade da lngua permanece, via de regra, inconsciente; excetuado o caso do estudo propriamente lingstico, no temos seno uma conscincia fraca e fugidia das operaes que efetuamos para falar. (BENVENISTE, 1991, p. 68)

    1 pinturas rupestres. (Santos & Santos, 2006, p. 8)

  • 11

    Para Saussure (1991), a comunicao existe de vrias maneiras, ou seja, se usa a linguagem verbal e tambm a no verbal e vale lembrar que as duas se tornaram um veculo, at mesmo de sobrevivncia, de toda a sociedade. Se no fosse pelo o ato da comunicao existir, seria impossvel a existncia das relaes entre as pessoas, e tambm o entendimento entre ambas.

    Ainda segundo Saussure (1991):

    A lngua o produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenes necessrias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exerccio dessa faculdade nos indivduos. Trata-se de um tesouro depositado pela prtica da fala em todos os indivduos pertencentes mesma comunidade, um sistema gramatical que existe virtualmente em cada crebro ou, mais exatamente, nos crebros dum conjunto de indivduos, pois a lngua no est completa em nenhum, e s na massa ela existe. (SAUSSURE, 1991, p. 36)

    No entanto, quando o homem entende a realidade onde, ele domina o mundo e dominado pela linguagem, pela fala, pela escrita, pela forma de encarar as coisas a sua volta, o mesmo passa a criar algo que no existe na sua realidade, pelo pensamento e pelo conhecimento, e d nome a esse algo. O homem comea dar origem a outras formas de se comunicar, passa a evoluir at alcanar os meios de comunicao a longa distncia, denominados de tecnolgicos.

    De acordo com Ferreira (2001), essas posies refletem a opinio dos profissionais da educao e levaram a estudos sobre a aquisio da escrita, seja de maneira explcita ou implcita, no contexto da sala de aula, averiguando a melhor forma de faz-lo.

    Quando se ingressa na escola, se descobre "como funciona" a vida em sociedade. Os ingressantes so educados a partir da teoria que o homem um animal racional, isto , pensa, sente, julga as coisas, possui uma inteligncia e por isso, tem dois mundos distintos: o mundo do homem e dos animais. Ainda segundo Ferreira nos livros didticos e nas aulas de cincias e histria, aprende-se e acredita-se que de uma forma ou de outra, o homem sempre procurou meios para expressar suas emoes, como o medo, a tristeza, e/ou para apossar-se de algo que considerava ser seu, e registrava de alguma forma, podendo ser atravs de desenhos. Outros tantos estudos, feitos por pesquisadores preocupados em

  • 12

    descobrir o porqu do homem, ter essa necessidade do uso da linguagem, o porqu da fala, mostra que isso , absolutamente, uma faculdade humana. Algo que somente o homem tem como caracterstica e que o difere dos animais.

    Alterar metodologias em sala de aula, junto ao ensino da escrita medida urgente e necessria, pois s assim o professor atender s necessidades do aluno, e bem verdade que todos tm direito ao aprendizado.

    Para Sausurre (1995, p. 21),

    O estudo sincrnico dum estado de lngua, especialmente na sua manifestao oral, atenua, quase dispensando, o trabalho filolgico. Mas, paradoxalmente, a obra do lingista que insistiu na sincronia constitui-se agora um notvel problema filolgico: o estabelecimento do seu texto. (SAUSSURE, 1995, p.21)

    O fato que a escrita foi elaborada e criada pelos sumrios, na antiga Mesopotmia, por volta de 4000 anos a.C. Outros povos tambm desenvolveram a escrita, entre eles: os egpcios antigos, quase na mesma poca que os sumrios. As paredes internas das pirmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida dos faras, rezas e mensagens para espantar possveis saqueadores; os Romanos, com alfabeto somente com letras maisculas sendo modificadas e resistindo at o sculo VIII, que foi utilizado na escritura de Bblias. Com o passar do tempo, estas formas de escrita tambm passaram por modificaes, tornando-se complexa para leitura. Contudo, no sculo XV, alguns eruditos italianos, incomodados com este estilo complexo, criaram um novo estilo de escrita. Moreira (2007, p.9)

    Apesar de tanta evoluo, ainda existem, em diferentes lugares, pessoas que ainda no so alfabetizadas. Geograficamente falando isso se torna um problema que complica ainda mais a situao de parte da sociedade. O ndice de analfabetismo ainda elevado em todo o mundo.

    De acordo com Morin (2000, p. 26),

    No processo de constituio das novas naes africanas, a UNESCO pensa a alfabetizao como um dever civilizacional de extrair cultura da superstio e da ignorncia. Ora, a alfabetizao no significa unicamente, ou principalmente, trazer o alfabeto. Significa tambm a destruio de

  • 13

    culturas orais milenares, cujas existncias no so consideradas. Devemos ter em conta o valor das culturas, a sabedoria, o saber, os modos de fazer, de conhecimentos muitos sutis sobre o mundo vegetal e animal sobre modos de cura. (MORIN, 2000, p. 26).

    1.2 - Meios de comunicao de massa

    No se pode falar de meios de comunicao de massa, sem enfatizar o progresso que o mundo vem sofrendo desde a idade mdia at a atualidade. A modernizao traz grandes benefcios sociedade, desde os grandes centros at o campo, Geograficamente, o progresso tem dois lados, vantagens e desvantagens. O crescimento desorganizado dos grandes centros urbanos acelera o desmatamento das matas fazendo com que os animais migrem de seu habitat natural, sem falar na poluio dos rios devido quantidade de esgotos. Tudo isso a modernizao que chega em favor do homem contemporneo.

    A globalizao, a industrializao, os avanos da cincia, as mudanas tecnolgicas contribuem e facilitam a vida do homem do sc. XXI, isso inclui a evoluo das mquinas que vieram substituir o trabalho braal, ocasionando assim o desemprego, mas que entretanto abrem-se portas2 para que o homem possa evoluir junto e manter-se ativo profissionalmente no mercado de trabalho. Como afirma George (1983, p.26),

    As necessidades intelectuais aumentam ao mesmo tempo em relao elevao do nvel de vida de uma parte da populao e como conseqncia de exigncias tcnicas crescentes da populao e da administrao. O ensino e a cultura tomam um impulso novo dirigindo-se a um nmero de pessoas cada vez maior. (GEORJE, 1983 p. 26)

    2 Ensinos fundamental e mdio, EJA (Educao de Jovens e Adultos), AJA (Alfabetizao de Jovens e a Adultos), Universidades Federais, Universidades Estaduais, Cursos Tcnicos Profissionalizantes, Cursos (Ensino Mdio, Fundamental, Superior e Profissionalizante) Distncia, Tele-Cursos.

  • 14

    O homem moderno necessita estar sempre em processo de mudanas. Para o crescimento cada vez mais acelerado das cidades e a necessidade de locomoo do mesmo, surgem os meios de transportes, cada vez mais sofisticados. Para alimentar-se mais rpido surgem aparelhos domsticos, como o microondas e alimentos instantneos. Com os meios de comunicao no diferente, surge o telefone, para dilogos a longa distncia, sendo ele fixo ou mvel, a televiso, que transmite imagens de outras pessoas e de fatos reais em qualquer lugar do mundo. A revoluo chamada internet, que o mundo dentro de um computador, e o rdio com informaes diversas, em qualquer lugar que esteja o homem. Esses, so os tempos modernos.

    Conforme se observa em: (WIKIPDIA A enciclopdia livre). Os meios de comunicao de massa podem ser usados tanto para fornecer informaes teis e importantes para a populao, como para alienar, determinar um modo de pensar, so formadores de opinio, induzindo certos comportamentos e aquisio de certos produtos. Cabe aos rgos responsveis fiscalizarem que tipo de informao est sendo veiculado por esses meios, como o receptor das informaes selecionar e internalizar as informaes que considerar teis, denunciando os abusos aos rgos competentes, dentre eles destacamos: Televiso, Rdio, Jornal, Revistas, Internet. Todos com a funo de informar, educar e entreter de diferentes formas, com contedos selecionados e desenvolvidos para seus determinados pblicos.

    Para tanto, pode-se afirmar que, a Comunicao de Massa da Indstria Cultural est inteiramente ligada, j que por sua vez elas so dependentes uma da outra, pelo fato de existirem diversos meios de comunicao que so capazes de atingir atravs de uma mensagem um grande nmero de indivduos. Essa indstria conseqncia de uma sociedade industrializada, muitas vezes alienada que aceita idias e mensagens sem um pr-julgamento, entrando diretamente na veia dos indivduos no existindo nenhuma barreira, tornando assim uma sociedade de consumo e global, sem restries. Fonte do artigo Indstria Cultural e Comunicao de Massa. (WIKIPDIA A enciclopdia livre).

    Atualmente existem como entretenimento televisivo e para acesso da comunidade as seguintes emissoras de canais abertos, dentre eles destacamos: A Rede Globo de Televiso, Rede Bandeirantes, Rede TV, Sistema Brasileiro de Televiso SBT, Record, TV Cultura, Rede Vida que um canal da igreja catlica e

  • 15

    outros,alm dos chamados canais fechados3. Outros meios de comunicao impressos so: os jornais, em Gois podem-se citar como referncia O Popular e o Dirio da Manh; as revistas, entre elas: Veja, Isto , Caras, Contigo, Vip, dentre outras. A internet, um meio de comunicao rpido, com todo tipo de informao, mas no acessvel a todos e o rdio que praticamente universal, ao alcance de todos. Para (Melo 1989 p.8), a comunicao de massa uma forte aliada no enfrentamento da crise poltica e econmica. Influenciando no modo de pensar das pessoas.

    Percebe-se com nitidez que a Comunicao representa uma varivel fundamental no enfrentamento da crise poltica e econmica, na medida em que todo processo de relaes sociais e de circulao das mercadorias, bem como a legitimao das decises tomadas pelos detentores do poder do Estado, so filtradas e conotadas pela estrutura de reproduo simblica e efetiva cotidianamente pelos mass media. O comportamento dos cidados afetado pelas informaes e opinies que fluem, sem parar, atravs da imprensa, rdio, televiso, cinema, vdeo, disco, bancos de dados. Esse circuito cultural influencia o modo de pensar, sentir e agir das massas, sendo inconcebvel, no mundo contemporneo, descart-lo no diagnstico da crise e na tomada de decises para o seu monitoramento. (MELO, 1989, p.8)

    Atravs desses meios de comunicao recebem-se diariamente informaes de tudo que se passa no mundo. Pode-se assistir, ouvir e ler notcias, anncios, filmes, programas humorsticos, de moda, sobre as celebridades, e assuntos gerais que no ocupam o tempo das pessoas como tambm as isolam da realidade. Essa comunicao impe um padro de vida e felicidade a ser alcanado, com objetivos e ideais que muitas vezes so impossveis para todos, mas que fica fcil diante da televiso. A realidade do que se v nos telejornais passada como algo distante e fora da realidade, enquanto simples novelas emocionam o pas como se fossem problemas reais que afetam a todos e no obra de fico cientifica, H uma notvel inverso entre realidade e fico. Isso se prova com a reao dos telespectadores que ficam comovidos com a morte de um personagem, enquanto um fato real em algum lugar do mundo passa como se fosse algo simples e corriqueiro do dia a dia,

    3 Canais veiculados para assinantes. (consumidores de uma programao paga e exclusiva)

  • 16

    Assim os indivduos se escravizam abdicando-se de sua liberdade frente aos meios de comunicao.

    Alguns pesquisadores frankfurtianos como Horkheimer, Adorno, Marcuse e outros criaram esse conceito de "Indstria Cultural" para definir a converso da cultura em mercadoria. O conceito no se refere aos veculos (televiso, jornais, rdio), mas ao uso dessas tecnologias por parte da classe dominante. A produo cultural e intelectual passa a ser guiada pela possibilidade de consumo mercadolgico, como ser apresentado no item seguinte (NOVELLI, 2001).

    1.3 - Frankfurt e as teorias acerca da comunicao

    De acordo com (SANTOS & SANTOS, 2006, p. 18). A Escola de Frankfurt4 foi fundada em 1924 por iniciativa de Flix Weil, filho de um grande negociante de gros de trigo na Argentina. O grupo emergiu no Instituto para Pesquisa Social de Frankfurt da Universidade de Frankfurt-am-Main na Alemanha.

    Instituto de Pesquisa Social, Frankfurt, Alemanha

    A Escola de Frankfurt tem sido tradicionalmente tratada como uma escola de pensamento social contempornea que contribuiu de forma decisiva para o desenvolvimento do estudo da comunicao. Os mltiplos interesses dos

    4 Trata-se da mais importante linha de pensamento europeia na rea da comunicao social e um dos

    mais conceituados centros de investigao na rea da sociologia da comunicao.

  • 17

    pensadores de Frankfurt e o fato de no constiturem uma escola no sentido tradicional do termo, mas uma postura de anlise crtica e uma perspectiva aberta para todos os problemas da cultura do sculo XX, tornando difcil a sistematizao de seu pensamento. (SANTOS & SANTOS, 2006, p. 19). Afirma ainda que pode-se, no entanto, salientar alguns de seus temas, chegando-se a compor um quadro de suas principais idias. De Walter Benjamin, devem-se destacar reflexes sobre as tcnicas fsicas de reproduo da obra de arte, particularmente do cinema, e as conseqncias sociais e polticas resultantes; de Adorno, o conceito de indstria cultural e a funo da obra de arte; de Horkheimer, os fundamentos epistemolgicos da posio filosfica de todo o grupo de Frankfurt, tal como se encontram formulados em sua teoria crtica; de Marcuse, a esperana em novas formas de libertao da Razo e emancipao do ser humano atravs da arte e do prazer; finalmente, de Habermas, as idias sobre a cincia e a tcnica como ideologia. Os adeptos a Frankfurt partiam da idia de que a conscincia j no era mais livre na sociedade industrial uma vez que a realidade tecnolgica envolveu a todos.

    sabido que no interior de uma sociedade como um todo no existe uma parte autnoma que resisti s relaes de dominao. Ao se aliar dialtica marxista, tem-se com o pensamento da Escola, uma anlise que identifica realidade e iluso uma vez que a iluso se generaliza e se transforma na prpria realidade. Isto significa que a contradio foi eliminada, mas no superada.

    Para os frankfurtianos os meios de comunicao servem a determinada classe social, e esta que determina o que todos devero pensar, de que maneira e de que forma criando-se a partir desse fenmeno, o conceito indstria cultural (SANTOS & SANTOS, 2006, p. 9).

    Horkheimer, Marcuse, Adorno e outros pesquisadores trabalharam basicamente com o conceito de indstria da cultura, que compreende os meios de comunicao, mas em nenhuma hiptese pretende esclarecer o problema da comunicao na sociedade contempornea. O conceito est ligado ao paradigma da produo, designa o processo de criao das manifestaes estticas surgido com o desenvolvimento do capitalismo, categoriza o processo de transformao da cultura em mercadoria, no contexto do qual os meios de comunicao representam simplesmente o momento da circulao.

    Para eles, a pretenso de tratar as tecnologias de comunicao como meios de comunicao constitua mistificao do seu verdadeiro papel e uma forma de

  • 18

    engodo dos restos de solidariedade existentes, na medida em que sua presena a prova patente de que em nosso mundo "a comunicao cuida da assimilao dos homens isolando-os" (Adorno & Horkheimer, 1985, p. 207).

    A comunicao representa, portanto, em sua maneira de ver, uma categoria ideolgica, cujo questionamento deveria ser necessariamente crtico, ou seja, vinculado sua prpria desconstruo. A categoria dialtica da mediao no apenas prefervel, mas representa um recurso metodolgico muito mais comprometido com sua teoria crtica da sociedade.

  • 19

    CAPTULO 2 INTRODUO SOBRE A HISTRIA DO RDIO NO BRASIL

    importante destacar que as pessoas vivem em uma sociedade de informao e que atravs de vrias mdias novas tecnologias da comunicao tornam-se presentes, seja ela eletrnica ou seja impressa, so capazes de transmitir os acontecimentos, quase sempre em tempo real, aproximando os receptores e as mensagens. Esse o resultado do movimento instantanio das informaes que nada mais que uma grande conquista do setor de comunicaes, transpondo as barreiras, diminuindo o espao e o tempo e principalmente cumprindo o seu papel que informar todos sobre os fatos que acontecem prximos ou distantes geograficamente falando.

    Desde 1923, quando foi inaugurada oficialmente a primeira emissora de rdio do Brasil, a Rdio Sociedade do Rio de Janeiro, que o empreendimento de Roquette Pinto vem crescendo no pas. A cadeia de emissoras que foi-se constituindo a partir de ento, chega ao sculo XXI exibindo seu apogeu e demonstrando que, no obstante o aparecimento da televiso por volta de 1950, continua um veculo de massa dinmico e atuante. (ORTRIWANO, 1985, p. 15)

    O Rdio informao, entretenimento e lazer. Traz como principal caracterstica o fato de ser um veculo cuja recepo da mensagem, atravs de ondas hertzianas, ocorre atravs de um aparelho porttil, de fcil aquisio, e que pode estar ao alcance de todos e em qualquer lugar. A depender da natureza da freqncia, quais sejam AM (Amplitude Modulada) ou FM (Frequncia Modulada), possui uma programao diversificada que inclui desde msica, notcia, plantes jornalsticos, participao do ouvinte, entre outros. Nas emissoras AM, ainda observamos a variedade de programas, tanto musicais quanto jornalsticos, em oposio ao que se observa nas FMs, em cujas programaes a msica merece maior destaque.

  • 20

    A linguagem Rdiofnica obedece a critrios que vo desde a conciso, exatido, objetividade, simplicidade. Deve ser ntida e agradvel aos ouvidos. Tais critrios exigem o uso correto da lngua para que se alcancem os objetivos pretendidos de comunicar aos ouvintes. GOMES Projeto Mdia e Memria.www.comidia.ufrn.br/toquederadio/.../projeto.

    O rdio o meio de comunicao baseado na difuso de informao sonora por meio de ondas eletromagnticas (hertzianas) em diversas freqncias, que podem ser quilohertz, megahertz e gigahertz. Alm da Rdiodifuso, as ondas eletromagnticas tambm so usadas nas transmisses de telefone, de televiso, de radar, nos sistemas de navegao e nas telecomunicaes.

    O site www.locutor.info/classicosdaRdio.htm, trs o seguinte: Conhecido como pai do rdio, inventor da telegrafia sem fio, o engenheiro e inventor italiano Guglielmo Marconi, realizou com xito atravs do canal de Bristol (14,5km) e registrou a primeira patente do telegrafo sem fio. Precursor do rdio procurou aprofundar-se na rdio-comunicao sem fio e fez sua primeira experincia telegrfica de sucesso em 1895, efetuando uma transmisso distncia de algumas centenas de metros, valendo-se de um oscilador de hertz, uma antena de Popov e um coesor de Branly. Comea uma era de comunicao a distncia que devido aos avanos da tecnologia permanece nos dias atuais.

    Guglielmo Marconi Fonte: www.locutor.info/classicosdaRdio.htm

  • 21

    O Rdio foi inaugurado oficialmente no Brasil, no dia 07 de setembro de 1922, em funo das comemoraes do centenrio da Independncia sendo o primeiro programa a ser exibido o discurso do Presidente Epitcio Pessoa.

    De acordo com (MAUAD 2008, p.1) As primeiras atuaes do rdio no Brasil se deram por meio de experincias, para que de fato, ele fosse inaugurado. Eram feitas por alto-falantes, ou pequenas veiculaes. De forma tmida, o rdio foi ganhando seu espao cada vez mais. Antes de carter educativo, se tornou comercial. Seus programas antes amadores se tornaram profissionais. No incio, para manter os trabalhos do rdio, associados, depois de um decreto de lei do Governo, as emissoras passam a veicular publicidade, objetivando lucros. Na poca de Ouro5 seu auge.

    A poca de Ouro do rdio termina, coincidentemente, com o surgimento no Brasil de um novo meio: a televiso. Quando surge, ela vai buscar no rdio seus primeiros profissionais, imita seus quadros e carrega com ela a precisava procurar uma nova linguagem, mais econmica. (ORTRIWANO, 1985, p. 21).

    Calabre (2004) Destaca na histria do radio no Brasil a sua origem e integrao no dia a dia da vida das pessoas, onde quem diria que o radio teria uma histria? Podemos ter acesso a informaes valiosas como da primeira demonstrao radiofnica no Brasil em 1922, o que deixou a populao perplexa com tamanha tecnologia, levando-se em considerao que o radio teve problemas desde o seu comeo mais sempre procurava se firmar como veculo de comunicao privado e subordinado s regras impostas pelo mercado econmico sem desrespeitar as leis do cdigo de comunicao vigente. Calabre afirma ainda que nessa dcada novssimos aparelhos de radiola chegaram ao mercado brasileiro junto com a profissionalizao das emissoras esses, aparelhos deixavam de ser da elite para atender um pblico mais popular e conseqentemente maior.

    5 Com a preocupao de obter lucros as emissoras quiseram se aperfeioar. Assim, o rdio teve o

    seu desenvolvimento tcnico. Foi a poca de Ouro, nos anos 40. A programao abandonou o seu perfil educativo e elitista para se firmar como um meio popular. Houve mudanas na linguagem, que se tornou mais simples, direta e de fcil entendimento. A audincia aumentava a cada dia, pois, a programao se tornou mais bem organizada e diversificada (ORTRIWANO, 1985: 21).

  • 22

    A grande crise no regime de acumulao capitalista que assolou o mundo em 1929, trs como conseqncia para o Brasil, profundas mudanas em sua estrutura social. Iniciando a dcada de 1930, medidas protetivas foram tomadas pelo Estado brasileiro no sentido de organizar poltica e economicamente o cenrio nacional para favorecer e fortalecer a expanso capitalista. Como afirma Fausto, tratava-se de criar as condies para a rpida expanso do capitalismo no Brasil (FAUSTO, 1970, p. 18), superando assim, o atraso e transformar o Brasil num pas desenvolvido do ponto de vista econmico (CAPELATO, 2003, p. 119). Logo no incio da dcada de 1930, o Estado, tendo frente a figura de Vargas, inicia ento uma constante interveno no campo social em busca de uma reordenao das relaes sociais, propondo essencialmente a regularizao formal da explorao do trabalho. E faz isso.

    A partir da criao do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio (novembro de 1930) e a proteger a fora de trabalho, promover sua limitada organizao econmica, incentivar o aproveitamento do operrio nacional. O anacrnico padro de relaes, sintetizado na frase tantas vezes citada, a questo social uma questo de polcia, comeou a ser substitudo por outro que implicava o reconhecimento da existncia da classe e visava a control-la com os instrumentos da representao profissional, dos sindicatos oficiais (FAUSTO, 1970, p. 108).

    Mesmo com as medidas tomadas pelo Estado brasileiro para criar as condies para a expanso capitalista no ps 1930, o capital no Brasil enfrentava fortes crises causando constantes insurreies operrias. Para manter a ordem, no entanto, o Estado intensifica o controle social instaurando um regime de forte represso que se inicia em 1937 se estendendo at 1945, perodo este marcado pela ditadura atravs da instituio do que convencionalmente passou a se chamar Estado Novo.

    As duas grandes organizaes do Estado Novo foram, sem a menor dvida, o DIP e a DOPS. A histria das mazelas policiais de tal regime ainda no foi contada, mas foram numerosas as publicaes que, desde 1945, as denunciaram, em aspectos parciais. O depoimento de Everardo Dias pode servir de exemplo, simples exemplo, pois, dessa forma ou de outra, milhares de pessoas foram presas, torturadas, assassinadas, vigiadas: O autor passou meses ou anos, durante um bem acidentado perodo (de 1917

  • 23

    a 1937) conversando nos presdios e respondendo a vrios processos. (SODR, 1966, p. 439-440).

    As diversas questes que envolvem o rdio no Brasil so diretamente ligadas aos demais acontecimentos no mundo. Na dcada de 1930, o capitalismo estava com dificuldades para se expandir. No final da dcada de 1930 os principais representantes do capitalismo estavam em guerra e dessa forma o capitalismo no Brasil foi caminhando devagar. Esse processo durou at a metade da dcada de 1940, com o fim da Segunda Guerra Mundial.

    Sendo assim, esse perodo que precedeu o fim da Segunda Guerra Mundial, como tentativa de assegurar a reproduo e expanso do capitalismo no Brasil, o Estado instituiu uma legislao que era baseada em uma forte represso social. Extinguiram-se os partidos polticos e os integrantes de partidos que tentavam qualquer forma de organizao que fosse contrria idia estatal vigente era fortemente torturado, isso foi o que aconteceu tambm com os movimentos operrios e camponeses que existiam nas vrias partes do Brasil. Porem os meios de comunicao recebe um tratamento totalmente diferenciado. Porque eram encarados como fortes aliados na efetivao dos seus interesses atravs da ampla divulgao de suas idias, que era facilitado com a utilizao de meios tecnolgicos. E assim que o Estado intensifica a atuao de rgos estatais em todos os meios de comunicao e principalmente sobre o meio tecnolgico de comunicao que dominava na poca, o Rdio.

    De acordo com Silva, (2009) Na Histria da comunicao a Televiso vai surgir a partir da dcada de 1950, esse jeito diferente de se comunicar aparece em virtude do capitalismo que j se fazia presente no Rdio no comeo da dcada de 1930. importante destacar que a partir da esses veculos passam a atuar como propriedades privadas com fins lucrativos, e o governo era o responsvel pela liberao das concesses de funcionamento, alm de tambm poder atuar no setor. Dessa possibilidade, e tendo em vista a anlise do papel estratgico destes veculos para a organizao social, o governo, em diferentes momentos e com diferentes objetivos, passa a utiliz-los para veicular propaganda institucional, chegando mesmo a inaugurar emissoras prprias. Esta utilizao se intensifica a partir da instaurao da ditadura militar, em 1964. Os militares que controlaram a poltica

  • 24

    nacional durante mais de vinte anos investiram maciamente no desenvolvimento estrutural das emissoras de rdio e televiso, alm de utiliz-las como mecanismo de sustentao, legitimao e propagao de sua ideologia autoritria afirma ainda Silva, (2009).

    Segundo (Mauad, p.8) mesmo com todo sucesso o rdio passa por momentos de dificuldade, quando a TV chega ao Brasil. O apogeu do rdio chegou ao seu fim quando a televiso se tornava cada vez mais popular. As emissoras Rdiofnicas, ento, foram obrigadas a redefinir seus objetivos. O veculo, ento, passou por um processo de reestruturao e tende a ter uma misso diferente, ou seja, o rdio d incio produo de programas mais baratos e ao mesmo tempo, atraentes para o pblico em geral.

    2.1 - A Histria do rdio em Gois

    Algumas emissoras, por determinao estatutria, nem mesmo podiam aceitar anncios ou patrocnios comerciais. O prprio pai do rdio brasileiro, como Roquette Pinto considerado, era radicalmente contra a propaganda e nunca permitiu que uma mensagem comercial fosse transmitida na Rdio Sociedade at sua transferncia (sem nenhum nus, contanto que mantivesse suas caractersticas no-comerciais) ao Ministrio da Educao e Cultura, em 1936.

    Como referncia a uma discusso sistematizada no livro Indstria Cultural e Cultura Mercantil (2007) realizada por Nildo Viana, no texto Para Alm da Crtica dos Meios de Comunicao (p. 11 44). O autor destaca que as teorias existentes sobre os meios de comunicao de massa so problemticas, ideolgicas, uma vez que colocam num mesmo plano, de forma homognea, todos os meios de comunicao, assim como toda sociedade e no conseguem perceber que longe de ser homognea a sociedade moderna determinada pela luta de classe, ou seja, pela no homogeneizao.

    Portanto, para transpor as concepes que se baseiam no termo meios de comunicao de massa Nildo Viana prope o termo meios tecnolgicos de comunicao para se referir queles meios por onde a comunicao mediada fundamentalmente pela tecnologia, como a TV, o rdio, a Internet, entre outros. No

  • 25

    mesmo livro, para justificar o uso deste conceito o autor faz uma discusso sobre a comunicao, que segundo ele a comunicao uma relao social (VIANA, 2007a, p. 13) e ocorre basicamente de duas formas: a comunicao entre iguais, sendo igualitria, horizontal e a comunicao entre desiguais, sendo autoritria, vertical.

    No entanto, as relaes de produo capitalistas na dcada de 1940 em Gois, apresentavam ainda certas dificuldades para se desenvolver, porm, j demonstrava suas profundas contradies nos centros urbanos que se formavam. E para favorecer o seu desenvolvimento o Estado cria algumas estratgias para que isso viesse se efetivar. Uma das primeiras realizaes foi transferncia da capital de Gois para Goinia. Como colocou Bernardes, a construo da nova Capital satisfazia aos anseios de expanso do sistema capitalista (BERNARDES, 1989, p. 30). Alm disso, criou incentivos para industriais instalarem suas fbricas neste Estado.

    Para Pedro Ludovico, progresso sinnimo de desenvolvimento. E assim como a cidade de Gois sinnimo de atraso, Goinia torna-se um smbolo do progresso, expresso de um Estado que rompe com seu passado. O progresso um objetivo buscado atravs da colonizao, da construo de estradas e da mudana da capital (CAMPOS, 2004, p. 22).

    De acordo com Marques (2004 p.7 - 8), em diversas partes do estado de Gois foram surgindo os centros urbanos e industriais. Em 1942, ano em que fundada a primeira emissora de rdio em Gois, j era possvel encontrar alguns plos industriais, bem como, centros urbanos bem organizados, o caso de Anpolis, Ipameri, Goinia, Catalo entre outros. Mesmo havendo uma economia determinada pela produo no campo (agricultura e agropecuria), as indstrias comeavam a se destacar, na dcada seguinte isso veio a se efetivar com a reorganizao do espao promovida pelo Estado atravs da construo de Braslia, criao de rodovias que ligavam o Estado s principais capitais do pas, e ainda a construo de usinas hidreltricas, que traria facilidades no abastecimento de energia para todo o Estado, e, fundamentalmente, foi esse processo que possibilitou a instalao de indstrias e comrcios.

  • 26

  • 27

    Ao transferir a Capital do acidentado terreno onde estava encravada a antiga Vila Boa para a plancie situada prxima ao municpio de Campinas, o governador Pedro Ludovico Teixeira criou uma lei para incentivar as pessoas com maior poder aquisitivo a construir indstrias de produtos diversos. Vasculhando sua memria, Venerando de Freitas Borges lembra que esta lei isentava de impostos durante um perodo de 10 anos qualquer cidado que se aventurava em edificar a sua fbrica (GOIANIDADE, 1992, p. 56-57).

    Por volta de 1945, no Brasil ocorrem mudanas no plano social, poltico e econmico, cria-se uma nova Constituio e o fim do Estado Novo, assim se tem a volta dos partidos polticos para disputar o poder no Estado.

    O rdio, assim como outros meio de comunicao foram de suma importncia para contribuir na formatao de um ambiente propcio efetivao dos interesses do Estado agindo como forte formador da sua opinio. No contexto goiano buscou-se enfatizar a importncia de compreender como se dava a relao das emissoras de rdio com o Estado e com o Capitalismo.

    2.2 - Primeiras emissoras de rdio de Gois

    Uma pergunta que se impe, inicialmente, sobre a importncia de se pesquisar o rdio tradicional quando j h uma migrao de ouvintes para o rdio na internet. Para responder, interessante consultar os nmeros: no Brasil, atualmente, conforme dados do IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica, h cerca de 4300 emissoras de rdio (1685 em AM e 2620 em FM). Tambm preciso levar em conta que o nmero de usurios das emissoras na internet ainda no relevante. Percebe-se, portanto, a importncia do veculo de comunicao no pas e, no caso especfico da Rdio Rio Claro AM em Ipor Gois pode-se falar da relevncia dos programas noticiosos6 e jornalsticos que tm um pblico ouvinte fiel.

    6 Sntese noticiosos, segundo Ferraretto (2001, p.237), um informativo em que os fatos so hierarquizados em ordem crescente de importncia, em que cada acontecimento corresponde a uma nota, redigida em lauda nica. A durao de cada sntese originalmente de trs a cinco minutos, sendo veiculado a cada 30 minutos ou uma hora. Mas, algumas emissoras fazem de 10 minutos, no incio, meio ou final de cada dia.

  • 28

    Na dcada de 1930 foram implantadas no Brasil trs grandes rdios: a Rdio Record, de So Paulo, criada em 1931, a Rdio Nacional, do Rio de Janeiro, de 1936, e a Rdio Tupi, em So Paulo, em 1937. Nessa poca, o Brasil j contava com 29 emissoras de rdio, transmitindo contedo para as elites. (KNEIPP, 2000, p. 02)

    As primeiras emissoras de rdio edificadas em Gois, ocorreram na dcada de 1940, mais precisamente entre os anos que compreende o perodo de 1942 a 1950.

    Porm importante afirmar que os sistemas de alto-falantes foram as primeiras experincias de veiculao medida por meios tecnolgicos em GO. Nesse perodo havia a dificuldade de comunicao entre as cidades do interior e os grandes centros. Contudo, os acontecimentos mundiais j eram ouvidos em Gois atravs de aparelhos receptores. E essas mesmas informaes eram re-transmitidas, tanto pelos sistemas de alto-falantes, como por jornais locais.

    De acordo com Piernes,

    A inveno dos transmissores foi o milagre tecnolgico com o qual se montou no rdio como se fosse um tapete mgico, j que permitiu deixar de lado o cabo e passar era do aparelho porttil, que se escuta no banheiro, na praia, na montanha, no automvel, sobre o andaime de uma obra em construo. O rdio no tem nenhum tipo de barreiras. Chega a qualquer parte, algo assim como uma entrega a domiclio por mais difcil que seja encontrar o lugar. (PIERNES, 1990 p. 68)

    No entanto, em 1942 surge a Rdio Clube ou ZYG-3, sendo uma inovao, visto que, o Estado estava em grande desenvolvimento. A mesma foi fundada por Venerando de Freitas Borges, sendo o primeiro Prefeito de Goinia e Francisco Pimenta Neto, pioneiro na capital. Atualmente a Rdio chama-se Rdio K do Brasil.

    Em 1950, comea surgir concorrncia pela audincia em Gois, com a instalao da Rdio Brasil Central, de Pimenta Neto. A mesma foi pioneira de Rdiodifuso de ondas curtas e tropicais e de suma importncia no processo de transferncia da Capital do pas, ou seja, a construo e a fundao de Braslia.

  • 29

    Por volta de 1960, o rdio atingiu o fundo do poo, conforme se observa no site www.locutor.info/.../radio_no_brasil, Dos anos 20 aos 80.

    Alguns de seus dirigentes mais sagazes descobriram que o rdio, centro das atenes de todos, estava quase liquidado, pois a televiso em maior escala e os demais meios de comunicao haviam assumido muitos das funes at ento pertencentes quase que exclusivamente ao rdio.

    medida que os anos 1960 correram, essa nova estrutura de rdio brasileiro foi se desenvolvendo e um enorme impulso nessa reestruturao e na volta de sua expanso dado por um invento americano que os japoneses massificaram: o transistor. O rdio rompe as alas que o prendiam sala de estar, cabeceira das camas e a outros lugares fixos e comea a andar nos carros, zanzar pelas casas, acompanhar as pessoas ao trabalho, correr aos jogos, ser parte integrante do dia-a-dia das pessoas. Entretanto em meio a esse perodo foram inauguradas outras emissoras de rdio como: A Rdio Anhanguera (1954) pelo empresrio Manoel Antnio Martins; a Rdio Riviera (1959), pelos publicitrios, William Guimares, Iber Monteiro e Willmar Guimares Jnior; Rdio Difusora de Goinia inaugurada em 1957 logo aps vendida Fundao Padre Pelgio passando a pertencer a rede Catlica de rdio, diferenciando-se com a crena da evangelizao alm dos outros aspectos; Rdio Universitria(1962); Rdio Terra FM (1987); 99,5 FM (1996); entre outras que esto veiculadas a Organizao Jaime Cmara OJC, que possui em torno de oito emissoras, sendo trs em Goinia: CBN Anhanguera, Araguaia FM e Rdio Executiva FM.

    Com o tempo, nas cidades do interior de Gois, surgiram tambm outras emissoras de Rdio. Dentre elas destaca-se, no terceiro captulo, a rdio Rio Claro AM fundada na cidade de Ipor no incio da dcada de 80 (BARROS, agosto/2007).

  • 30

    CAPTULO 3 HISTRIA DA RDIO RIO CLARO AM EM IPOR-GO

    A Rdio Rio Claro foi inaugurada no dia 19 de Dezembro de 1981, com grande perspectiva de desenvolvimento e marcando uma nova era na histria da comunicao do Municpio de Ipor. A emissora tinha como proprietrios, Adjair de Lima e Silva e Sebastio Alves Cruvinel, um poltico e um empresrio. O primeiro diretor da emissora foi Olvio Lemos Pereira Filho, na poca locutor de rdio na cidade de Mineiros. Alm de diretor exercia tambm a funo de locutor, narrador esportivo e reprter. Olvio Lemos auxiliou na implantao da rdio, devido sua experincia, estruturou, capacitou e contratou funcionrios para o melhor funcionamento da emissora. A inaugurao da Rdio Rio Claro foi extremamente importante para a comunidade iporaense como revela Olvio Lemos.

    Na poca, os iporaenses sintonizavam as rdios de Goinia, principalmente Rdios Brasil Central e Anhanguera, e as emissoras do eixo Rio So Paulo. Com a inaugurao da Rdio Rio Claro, a populao passou a contar com informaes no s do estado, pas e mundo, mas tambm com as notcias da sua cidade. Alm disso, contava com um veculo de prestao de servios, como por exemplo, classificados diversos, notas informativas sobre aniversrios, falecimentos e outros, de suma importncia para os moradores, notadamente para quem residia na zona rural, onde a emissora sempre teve uma boa penetrao e excelente audincia. Assim sendo, a chegada da Rdio Rio Claro foi para o povo de Ipor, algo especial e que teve um papel importante na vida de toda a comunidade. (LEMOS, 2009)

    A chegada da Rdio Rio Claro teve um papel importante na transformao cultural das pessoas, influenciando positivamente as opinies e colocando a populao a par dos acontecimentos sociais, dos direitos e deveres de cada cidado, conforme afirma Wilton Pereira.

    (...) era uma efervecncia cultural e poltica, e acredito que nos conseguimos mudar muitas opinies que foram positivas, cobrar dos rgos pblicos, colocar o povo para correr atrs de seus direitos de cidados, e

  • 31

    tudo isso com a arma que a gente tinha que era o microfone, e que arma poderosa era! Tudo isso e muito mais fizemos atravs da Rdio rio claro. Hoje eu posso afirmar com convico, que a histria cultural de ipor comeara ali naqueles 10 anos da dcada de 80 do sculo XX, o papel importante que a Rdio rio claro exerceu no s sobre a minha vida mais na vida de muitas pessoas. (PEREIRA, 2009)

    A inaugurao da Rdio Rio Claro causou tambm uma transformao na rotina da populao, trazendo algo novo e um universo a ser descoberto, foi um crescimento onde ambos puderam compartilhar conhecimento e aprendizado, e aos poucos a Rdio Rio Claro passou a fazer parte do dia a dia das pessoas, cada um com sua particularidade e forma de se apegar a esse veculo de comunicao, segundo Silva (SILVA, 2009)

    (...) A Rdio chegou e mudou a rotina do cidado iporaense e cresceu junto com Ipor, ela faz parte do nosso dia a dia e hoje quando a Rdio Rio Claro por um motivo ou outro sai do ar, parece que esta faltando alguma coisa. Eu por exemplo, ligo o rdio na Rio Claro cinco horas da manh. Estou fazendo meu caf e ligado na rdio, no sei se por costume ou por influncia da programao mais posso dizer que ela faz parte da minha vida, pelo menos de um bom pedao da minha vida. (SILVA, 2009)

    Prximo ao final da dcada de 1980, a rdio passa por dificuldades financeiras, devido a inflao que atinge todo o comrcio iporaense, levando a retirada de anncios e patrocnios. Devido a crise, surgem demisses e a venda da emissora. Primeiro Adjair de Lima vende sua parte para Sebastio Cruvinel que, logo aps coloca a emissora a venda.

    Em 1992 foi adquirida pela Igreja Catlica atravs de uma parceria da Diocese de So Lus de Montes belos e os Missionrios Redentoristas de Gois. A direo da rdio foi assumida por Joo Is de Sousa que esteve nessa funo por pouco tempo e logo aps assumiu o Dicono Manoel Messias, que permaneceu por 16 anos na funo. Em entrevista, Dom Washington Cruz, Arcebispo de Goinia afirma:

  • 32

    (...) foi um sonho do meu antecessor. No se pode dizer que fui eu quem o realizou. Na verdade, foi uma realizao de todo o clero, das religiosas e de toda a diocese. Houve entusiasmo e empenho por parte de todos. O bispo apenas sacramentou. (CRUZ, 2009)

    A partir de ento ela passou a ter uma misso mais ampla, deixando de ser meramente comercial e passando a ter um papel social mais abrangente, no esquecendo sua funo: comunicar com as comunidades, e fazer isso promovendo comunho.

    Joo Is de Sousa Ano: 1993. Fonte: Arquivo Rdio Claro AM.

    A igreja equilibrou as finanas da emissora, que passou a manter-se por recursos prprios. Surgiram outras mudanas como: aumento do quadro de funcionrios e a transferncia dos estdios para um novo prdio na Avenida Par no Centro de Ipor, no prprio terreno da Igreja Catlica - Matriz. Com a programao rica em informao, cultura e entretenimento, a emissora passou a ser campe de audincia em Ipor e regio, mesmo sendo ainda inspirada nas rdios dos grandes centros e tendo herdada a programao dos antigos donos, as pessoas poderiam ouvir uma rdio genuinamente regional com uma funo diferente, alm da transmisso comercial. Os programas apresentados por outras igrejas tambm sofreram mudanas como afirma Pedro Cludio Rosa, Reprter e locutor da Rdio Rio Claro a 22 anos.

  • 33

    A primeira e significativa mudana foi sada dos programas apresentados por outras igrejas. No havia a proibio, mais condies para que eles fossem levados ao ar. Eles podiam manter os programas que tiveram seus valores elevados e tambm no podiam atacar outras religies com colocaes ofensivas a outros cultos. Ficou somente o programa do Centro Esprita, que com o passar do tempo tambm desistiu. No houve a insero maior de programas religiosos, pelo contrrio, com a sada das outras religies diminuiu esses programas. (ROSA, 2009)

    Os ouvintes que muito tempo queria ter o Rdio como um agente de contribuio social, consideraram uma melhora expressiva e viram na compra da Rdio Rio Claro pela Igreja Catlica uma forma de se produzir informao aliada a evangelizao, uma maneira simples e objetiva de levar uma palavra de conforto a quem dela necessitar. Conforme afirmou Silva.

    Melhorou e muito, eu sou catlico e acho que a Rdio passou a dedicar mais tempo da programao para a evangelizao, isso no mundo em que vivemos cheio de violncia de despreparo do ser humano importante demais, porque toda vez que se leva uma palavra de paz a algum que precisa voc ajuda na construo de um mundo melhor. (SILVA, 2009)

    Com campanhas, promoes, e principalmente a participao da comunidade e os rgos internos da Igreja Catlica a Rdio Rio Claro busca constantemente trazer inovaes como novidades na programao, e investimento em equipamentos que melhoram o sinal e o alcance das transmisses, acompanhando a tecnologia sem perder a identidade cultural que traz desde sua inaugurao.

  • 34

    Funcionrios da Rdio Rio Claro Ano: 2005. Fonte: Arquivo Rdio Rio Claro AM.

    Um fato importante na Histria da Rdio rio Claro foi o incndio ocorrido em Agosto de 2000, onde a Rdio teve destrudo mais de 70% de seus equipamentos e acervo Histrico, foram gastos mais de 100 mil reais na reconstruo e mais uma vez a participao popular foi muito importante, as comunidades se mobilizaram, os comerciantes se juntaram em busca de recursos de todas as naturezas e em pouco tempo a Rdio estava em pleno funcionamento, isso s aconteceu por que a populao considera a Rdio um patrimnio da cidade. De certa forma esse acidente serviu para unir mais a Rdio com a comunidade e os prprios funcionrios, e ser considerada importante exige da Rdio Rio Claro mais responsabilidade, ajudando na forma de se fazer cidadania, assim concorda Vicente.

    (...) Ela muito importante, hoje eu posso dizer que a Rdio rio claro um patrimnio iporaense, pois praticamente a nica que divulga todos os acontecimentos, bons ou ruins, divulga coisas interessantes da poltica, informa a necessidade do povo, esclarece bem os eleitores, divulga o comrcio tambm, provoca concorrncia, e quem ganha com isso o povo. (FERREIRA, 2009)

  • 35

    Inaugurao da Rdio Rio Claro aps o incndio, maro de 2001. Fonte: Arquivo Rdio Rio Claro AM.

    Contudo, a emissora contribuiu muito para o desenvolvimento do municpio de Ipor e regio, trazendo benefcios como o contato entre a cidade e a zona rural, a luta contra as injustias ganhou novo reforo, e com as inovaes, a rdio deixou de ser meramente comercial.

    3.1 - A Influncia da Rdio Rio Claro AM sobre a populao iporaense e regio

    A trajetria da programao da Rdio Rio Claro uma construo histrica permanente, que tem passado por transformaes, influncias, cruzamentos e mediaes com outros aspectos, segmentos e reas sociais, econmicas, polticas e culturais. Destaca-se pelas suas programaes que tm como misso levar educao e cultura sociedade, sempre guiadas pelo interesse pblico, sendo que, as principais categorias de anlise so: programao educativa, programao cultural, evangelizao e interesse pblico na comunicao.

    Segundo Silva (1991),

  • 36

    A conscincia humana, que a apreenso da determinao e sua compreenso, a expresso do social na construo do espao humanizado atravs do trabalho, como espao natural apropriado. O lugar social e no a natureza , ento, o ponto de partida. (SILVA, 1991, P. 29)

    Atual estdio de entrevistas e jornalismo da Rdio Rio Claro. Fonte: Arquivo: Rdio Rio Claro AM.

    Num sentido amplo, observa-se a programao como arte do encontro entre os programas e seus pblicos. E para o caso especfico desta emissora, compreende-se que a programao do rdio, mais ainda deve levar em conta necessidade de sua audincia. Por isso, precisa mesmo ser educativa, disseminar a cultura e atender aos interesses, em termos de comunicao, da sociedade. Tambm devem ser programaes que contenham universalidade, diversidade, regionalizao, independncia e diferenciao.

    Nesse sentido, a Rdio rio Claro AM, tem conquistado seu pblico buscando atender seus interesses. Suas programaes abrangem desde a dona de casa, aos profissionais que esto no mercado de trabalho, at ao agricultor na zona rural, como explica Olvio Lemos.

    A rdio influenciou positivamente na vida de muitos iporaenses. Na formao de muitos e ajudou no processo de esclarecimento daqueles que eram seus ouvintes. A sua programao sempre foi muito regional, valorizando o lugar, sua arte, o feito de seus filhos, o esporte, e outros setores da sociedade, num todo. Incentivou campeonatos de futebol, festivais de msica, realizou debates polticos e abriu oportunidade para a toda a sociedade dela participar e discutir seus problemas. (LEMOS, 2009)

  • 37

    Geniuso Batista e Olvio Lemos 1982 Fonte: Arquivo Lemos

    Pode-se afirmar que, em pleno sculo XXI, na sociedade globalizada e tecnolgica em que vivemos, com tantos meios de comunicao adentrando nossa casa como a televiso, a internet, o celular, as revistas dentre outros, o rdio ainda o mais utilizado pela populao. A globalizao , de certa forma, o pice do processo de internacionalizao do mundo capitalista (SANTOS, 2000, p. 23) Na correria do dia-a-dia da comunidade, o rdio se tornou o meio de comunicao em que todos podem ter acesso, mesmo estando ocupados em outras atividades. Segundo Manoel Messias da Silva, Ex-diretor da Rdio Rio Claro.

    O rdio est inserido entre os meios de comunicao mais rpidos, at pouco tempo a uns dez anos atrs, quando surgiu a internet, falavam que o rdio estava morto, a nica alternativa e o grande trunfo que o rdio teve pra sobreviver foi exatamente esse aspecto que voc me pergunta, o rdio continua sendo de dez ano pra c um veculo rpido, em tempos de internet e outros meios muito mais velozes que caminham a velocidade muito maior,o rdio continua sendo o meio mas eficiente. (SILVA, 2009)

  • 38

    A relao que se estabelece entre meios de comunicao e cultura prope mltiplas reflexes, tendo em vista que esta uma afinidade em constante movimento, em meio a cenrios e proposies que se destacam no cotidiano, impossveis de serem separadas. Refletindo diante desta relao, permite-se chegar a alguns aspectos que se referem ao contexto cultural e a lgica da produo do objeto emprico, por meio de suas especificidades, contexto e papis especficos.

    No que se refere ao contexto cultural, pensa-se na identidade e em seu processo transformador como um conjunto de elementos que se somam e se tornam culturas hbridas, no apenas genunas e portadoras de um aspecto como sendo este significante e significativo.

    A Rdio Rio Claro, em seu carter educativo evangelizador cultural enquanto proposta deve tambm se ater a questes ligadas comunidade, que, conforme j citados, deve elevar o nvel de conscincia da populao para submet-la a um agente ativo da transformao no meio que vive. E nesta perspectiva, a programao tendo como premissa ratificar a cultura da populao iporaense na rdio, por meio de seu carter nativista, regional faz com que a emissora fortalea sua identidade atravs do mesmo.

    A lgica da produo e o contexto cultural a que se prope analisar fazem refletir diante de questes como a relao entre a cultura e a comunicao em um campo, muitas vezes tensionador. justamente pela cultura, e esta por meio da emissora, que deveriam ser salientadas as diferenas, a hibridizao cultural, pensando na Rdio como produto de consumo, primeiramente regional e ento dadas suas diferenas - e posteriormente como um produto a ser pensado por meio de temticas e ento ser relacionado a estas como diferentes e variadas formas de manifestao cultural.

    O rdio, como elemento de comunicao frente destas significaes, contribui para que diferentes comunidades, populaes venham tona e se identifiquem com alguma parte, dentro de um todo o que se insere, formar cidados e construir uma sociedade mais igualitria um trabalho constante e que deve ser repensado de tempos em tempos de acordo com as evolues de cada comunidade. A Rdio Rio Claro busca constantemente promover essas mudanas com a certeza que elas viro.

  • 39

    CONSIDERAES FINAIS

    Com a evoluo do presente estudo, constatou-se que cativar o ouvinte o caminho ideal a ser seguido pelo profissional da comunicao, pois nada substitui uma personalidade construda com solidez, inovao e criatividade. Nesse sentido, que o rdio ganha cada vez mais importncia como instrumento de comunicao, estimulando a imaginao, criando o envolvimento da comunidade, surpreendendo, gerando interesse e sentimentos, de uma forma envolvente que somente atravs dessa audio passado, por ser um veculo mgico, que pode despertar todos os sentidos conduzindo a todos pelo caminho do som.

    O estudo deixou transparente a participao da Rdio Rio Claro AM como agente de grande influncia na sociedade Iporaense, com todos os seus atrativos e as suas particularidades, e acima de tudo, mostrou que os responsveis pelo meio devem se preocupar com a formao dos cidados enquanto rgo pertencente a Igreja Catlica. O rdio , impreterivelmente, um veculo de formao cultural e como tal, deve se responsabilizar e ser responsabilizado pelo que faz e pelo que poder fazer, isso reflete em diferentes opinies que cada pessoa transmite particularmente, levando em considerao que ao receber a mensagem cada qual a transcodifica de forma mais vivel. Com poucas mudanas durante todos esses anos, o rdio espera a definio do padro digital. A prpria direo da Rdio Rio Claro aguarda ansiosa essa chegada que com certeza poder mudar os rumos das transmisses radiofnicas no Brasil e conseqentemente em Ipor. Com o surgimento dessa nova tecnologia qual ser o futuro do Rdio AM? Qual ser o Futuro da Rdio Rio Claro? Perguntas que s o tempo poder responder, sabemos apenas que teremos outras formas de propagao da informao. Ser implantado um novo conceito de rdio com maior qualidade nas transmisses que sero em alta definio.

    Os meios de comunicao de massa esto cada vez mais modernos para facilitar a vida dos indivduos que precisam estar atualizados, mais que no dispe de tempo para tal funo, no caso especifico da cidade de Ipor ficou explcito na pesquisa que a Rdio Rio Claro AM teve e tem importante participao, colaborando para a construo e formao pessoal das pessoas ao longo de quase trs dcadas, considerando que quando se ensina tambm se aprende, essa uma Misso da

  • 40

    Igreja Catlica, considerada satisfatria pelos seus dirigentes e pelos ouvintes, sempre entendendo que muito ainda pode ser melhorado.

    Sendo assim, foi enfatizado nesta pesquisa o papel do rdio como mediador de informaes, atravs das emissoras.

  • 41

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ADORNO & HORKHEIMER: Dialtica do esclarecimento. Rio de Janeiro, Zahar, 1985, p. 207.

    AZEVEDO, Lia Calabre. A participao do rdio no cotidiano da sociedade brasileira (1923-1960). Curitiba, Cincia & Opinio, V. 1, n.2/4, jul. 2003/dez. 2004.

    BENVENISTE. Problemas de lingstica geral I. 3 ed. So Paulo: Pontes, 1991.

    BERNARDES, Genilda Darc. Construtores de Goinia: o cotidiano no mundo do trabalho. Dissertao (Mestrado em Sociologia) Departamento de Cincias Sociais/PUC, So Paulo, 1989.

    BROWN, Ethon. Gesto de Informao como Recurso. 3 edio. So Paulo: tica, 1996.

    CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizao e Lingstica. So Paulo: Scipione, 1999.

    CALABRE, Lia. A Era do Rdio. 2 ed. Rio de Janeiro: Jorge Sahar, 2004.

    CAMPOS, F. Itami. A Poltica Tradicional em Gois: 1930 a 1960. In: SOUZA, Dalva Borges (org). Gois: sociedade e estado. Goinia: Cnone, 2004.

    CAPELATO, Maria Helena. O Estado Novo: o que trouxe de novo? In: FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucilia de Almedia Neves (Orgs). O Brasil Republicano: o tempo do nacional-estatismo do incio da dcada de 1930 ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2003.

    CARONE, Edgard. O Estado Novo (1937-1945). Rio de Janeiro-So Paulo: DIFEL, 1977.

    FERREIRA, Herbert Luiz Braga. Gramtica e aquisio: a relao entre o foco na forma e a aquisio de lngua em situao institucional. So Paulo: UNICAMP, 2001.

    GEORGE, Pierre. Geografia urbana. So Paulo: Difel, 1983.

    GUEDES, Olga Maria Ribeiro. 'O conceito marxista de ideologia nos estudos de mdia britnicos'. 1996.

    KNEIPP, Natlia Sena. Caminho Alternativo para a comunicao So Paulo: (2000)

    LAURINDO, Fernando Jos Barbin. Tecnologia da informao Eficcia nas organizaes. 2 edio. So Paulo: Futura, 2002.

    MAUAD. Smia, A Histria do radio no Brasil e em Minas Gerais. 2008

  • 42

    MELO, Jos Marques de (org.), Comunicao na Amrica Latina: desenvolvimento e crise. Campinas-SP: Paprirus, 1989

    MORIN, Edgar. Saberes Globais e saberes locais o olhar transdiciplinar. 3 ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.

    ORTIZ, Renato. A moderna tradio brasileira - Cultura Brasileira e Indstria Cultural. So Paulo: Brasiliense, 1988.

    ORTRIWANO, Gisela Swetlana. A informao no rdio: os grupos de poder e adeterminao dos contedos. So Paulo: Summus, 1985.

    PIERNES, Guillermo. Comunicao e desintegrao na Amrica Latina. Braslia: Ed. Universidade de Braslia, 1990

    SANTOS, Milton. Por uma globalizao do pensamento nico conscincia universal. So Paulo Rio de Janeiro: Record, 2000

    SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingstica geral. 4 ed. So Paulo: Cultrix, 1991.

    SILVA, Armando Corra da. Geografia e lugar Social. So Paulo: Contexto, 1991

    SILVA, Maurcio Ferreira da, Texto: A Radiodifuso no Brasil e a ditadura Militar: O Governo Mdici. 2009

    SODR, Nelson Werneck. Histria da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1966.

    _______. Histria da Burguesia Brasileira. 3 ed. Rio de Janeiro, Civilizao Brasileira, 1976.

    UNESCO. Rdiotelevisin de servicio pblico: um manual de mejores prcticas. San Jose, Costa Rica: Oficina de la UNESCO para Amrica Central, 2006.

    VIANA, Nildo (org.). Indstria Cultura e Cultura Mercantil. Rio de Janeiro: Corifeu, 2007.

  • 43

    FONTES

    AGI Associao Goiana de Imprensa. Nas ondas do rdio. Jornal da AGI. Goinia, ano VI, n 38, outubro de 2004.

    ARRUDA. Luciana, Art. Linguagem at que ponto existimos a partir do momento em que falamos (2004) www.kplus.com.br

    ARTIGO: Industria cultural e comunicao de massa. Disponvel em: Wikipdia a enciclopdia livre.

    BARROS, Juvenal de. Um dos primeiros locutores da rdio Caraj de Anpolis. Entrevista realizada no dia 02 de agosto de 2007.

    INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA. Disponvel em: http://www.sidra.ibge.br

    GOMES. Adriano, Projeto Mdia e Memria.www.comidia.ufrn.br/toquederadio/.../projeto.

    LIMA, Edimar Cardoso de; SILVA, Suely Moreira da. Histria da comunicao de Rdiodifuso em Ipor: influncia e impactos na sociedade local 1980 a2002. (Monografia Graduao Universidade Estadual de Gois - UEG). Ipor: 2008.

    MARQUES. Edmilson, A Histria do Rdio em Gois (1942-1950)

    MOREIRA, Maria Helena. Radiodifuso: Histria da Rdio Rio Claro, Influncia scio-cultural na Sociedade Iporaense (1981-1992). (Monografia Graduao Universidade Estadual de Gois - UEG). Ipor: 2007.

    NOVELLI, Ana Lcia C R. "A questo Humana: Reflexes sobre a fala e o trabalho". 2001. Extrado do site: http://www.intercom.org.br/gtco/novelli.htm.

    REVISTA GOIANIDADE. Documentrio 115. Nas Ondas do Rdio. Goinia, AGI, 1992.

    SANTOS, Eva Rodrigues Matos; SANTOS, Valteir Dias. O papel do rdio no processo de construo da cidadania em Ipor-GO (Monografia Graduao Universidade Estadual de Gois - UEG). Ipor: 2006.

    www.locutor.info/classicosdaradio.htm

    WIKIPDIA A enciclopdia livre

  • 44

    ANEXOS

  • 45

    ENTREVISTAS

    DIVINO GONALVES DA SILVA (OUVINTE DA RDIO RIO CLARO)

    TELESSE: Divino, voc que nasceu aqui na cidade de Ipor, o que tem para dizer em relao a Rdio Rio Claro, voc se lembra do antes e depois da Rdio? Mudou alguma coisa em sua opinio?

    SILVA: Olha, mudou muito porque a Rdio Rio Claro era um sonho que ningum acreditava, nossa cidade praticamente no tinha noticias, pouca informao, quase no se tinha promoes. A Rdio chegou e mudou a rotina do cidado iporaense e cresceu junto com Ipor, ela faz parte do nosso dia a dia e hoje quando a Rdio Rio Claro por um motivo ou outro sai do ar, parece que esta faltando alguma coisa. Eu por exemplo, ligo o rdio na Rio Claro cinco horas da manh. Estou fazendo meu caf e ligado na rdio, no sei se por costume ou por influncia da programao mais posso dizer que ela faz parte da minha vida, pelo menos de um bom pedao da minha vida.

    TELESSE: Voc acha que ela contribuiu para mudar culturalmente a cidade?

    SILVA: Ah sim! Contribuiu e vem contribuindo muito, porque atravs da rdio que o ouvinte pode cobrar, reivindicar, anunciar, participar de muitos movimentos, a Rdio Rio Claro traz na minha viso muita cultura e desenvolvimento.

  • 46

    WILTON PEREIRA (EX-FUNCIONRIO E OUVINTE DA RDIO RIO CLARO)

    TELESSE: Wilton Pereira tambm fez parte da histria da Rdio Rio Claro, um dos primeiros funcionrios. Wilton Pereira qual a sua opinio sobre a rdio, como voc v a cidade de Ipor antes e depois da Rdio Rio Claro?

    PEREIRA: Olha, falar da Rdio Rio Claro pra mim como falar da minha vida, como falar de um marco divisor, e, eu, quase no falo s vezes por falta de oportunidade, minha vida profissional se divide em antes e depois de ter trabalhado da rdio, na verdade, antigamente eu acho que muito mais do que hoje trabalhar na rdio era um sonho, e viver na rdio era um vcio, eu fiz o teste para ser locutor da Rdio Rio Claro em 1980, eu e mais alguns companheiros que continuam locutores. Fui reprovado, precisava-se de alguns locutores e eu realmente no fui aprovado, e eu conto essa histria e at s vezes fico feliz por relembrar, porque j so quase 30 anos, realmente uma vida, e percebo que o mais importante no desistir nunca, hoje j considerado um bom locutor, um locutor mdio e que foi reprovado na Rdio Rio Claro lembro-me que eu viajei, eu estava desempregado na poca, havia acabado de sair do Banco do Brasil onde eu exercia a funo de menor estagirio. Ai com 18 anos de idade eu sa pelo mundo, fui vender livros. E voltei para Ipor exatamente no dia da inaugurao da rdio, foi no dia 19 de dezembro de 1981, e meu aniversario dia 20 de dezembro, eu cheguei em Ipor na rodoviria mais ou menos s 23 horas, e subindo para minha casa eu parei ali na Rdio rio claro e essa lembrana at emocionante, eu via o Roberto Lopes como locutor l no fundo, na primeira sala na tcnica de som a Eva Maria Ferreira, aquilo para mim foi uma coisa extraordinria, eu tenho essa imagem registrada na minha memria, e o Olvio Lemos que se tornou meu grande irmo de verdade, amigo de f, irmo camarada, foi ele que me deu todas as oportunidades dentro do meio de comunicao. Ele me viu, me chamou, perguntou o que eu estava fazendo, eu disse para ele que eu estava vindo de viajem que eu estava vendendo livros, e ele me perguntou se eu queria trabalhar na rdio como tcnico de som, operador de udio, eu disse para ele que eu aceitaria, de pronto, e de maneira que eu comecei na Rdio no dia 20 de dezembro de 1981 no dia no meu aniversrio, talvez tenha sido um dos melhores, ou o melhor presente que eu ganhei na minha vida porque era meu verdadeiro

  • 47

    sonho, e a partir da comeou tudo, eu passei a viver a rdio diuturnamente, eu dormia na rdio, eu fazia o programa a noite at as 10 horas, aos poucos me tornei locutor. Olvio me ensinou muito eu fazia o programa da noite serto em festa das 8:30 s 10:00, fazia os noticirios que iam ser lidos as 5:30, 6:30, 7:30 da manh , j dormia na prpria rdio porque eu fazia o programa alvorada sertaneja as 5:00 da manh, e ali eu ficava praticamente o tempo todo, eu comia na casa do Olvio que morava no fundo da Rdio, e ia convivendo cada dia mais com o Olivio e com a Dora sua esposa, depois veio a Amanda eu me tornei at o padrinho dela. Eu praticamente fiquei na direo do programa dcima segunda horaque foi o jornal de maior credibilidade da Rdio, que o Jornal Rio Claro de hoje comandado pela competncia do Pedro Cludio, fazamos eu Valdeci Borges ou eu e Donizete Pontes, depois chegou Valteir Santos e foram chagando outros locutores, ento posso dizer que a Rdio Rio Claro ajudou a me construir como pessoa e ajuda muita gente a ter uma viso mais ampla das coisas do mundo ao nosso redor, a Rio Claro hoje em Ipor o maior veculo de comunicao formador de opinio na minha viso.

    TELESSE: Wilton voc acredita que o trabalho que vocs realizaram naquela poca influenciou na mudana cultural, na cidade de Ipor?

    PEREIRA: Sim Paulo, naquela poca tinha uma gerao sonhadora, e no puxando a sardinha para sua brasa, mais exatamente isso porque tinha uma gerao assim como eu, o Pio Vargas, o Rui Junior, Valteir Santos, Valdeci Borges, essas pessoas que pensavam a sociedade de uma forma mais global, de uma forma mais holstica, porque a gente no fazia rdio simplesmente por prazer de trabalhar no rdio, a gente fazia rdio sabendo que ns tambm ramos participantes da transformao da sociedade, a gente protagonizava isso, nos ramos artistas mesmo nesse papel de buscar transformao da sociedade naquele momento em que existiam ainda as represses do final do governo militar, era um momento de transio do Brasil veio eleies diretas, eleies pra governador, nessa nossa turma tinha o Noildo Miguel, Joo Batista Peres, Alan Pimentel outros companheiros que vieram depois, Claudio Pontes, Edival Loureno, e vrios partidos polticos que lutavam pelos mesmos objetivos, sentvamos nos bares no final da tarde nos finais de semana e discutamos, a nossa vida era muito mais gostosa, eu tenho o prazer

  • 48

    de dizer para os meus filhos que eu vivi 10 anos da minha vida nesse meio de comunicao. s vezes falvamos o que no podia se falar dentro da Rdio, porque o regime vigiava, o Dentel fiscalizava tudo. Mais era uma efervescncia cultural e poltica, e acredito que nos conseguimos mudar muitas opinies que foram positivas, cobrar dos rgos pblicos, colocar o povo para correr atrs de seus direitos de cidados, e tudo isso com a arma que a gente tinha que era o microfone, e que arma poderosa era! Tudo isso e muito mais fizemos atravs da Rdio Rio Claro. Hoje eu posso afirmar com convico, que a histria cultural de Ipor comeara ali naqueles 10 anos da dcada de 80 do sculo XX, o papel importante que a Rdio Rio Claro exerceu no s sobre a minha vida mais na vida de muitas pessoas, porque ela foi uma verdadeira escola, e o Olivio Lemos, um grande professor, extremamente criticado por muitos, mais amado por muitos tambm. A Rdio Rio Claro foi e uma verdadeira escola e exerce um papel extraordinrio como agente de transformao da sociedade de Ipor.

  • 49

    MANOEL MESSIAS DA SILVA (EX-DIRETOR DA RDIO RIO CLARO AM)

    TELESSE: Messias voc acredita que a Rdio Rio Claro uma das formas mais rpidas de se enviar uma mensagem positiva e formadora de opinio a populao iporaense?

    SILVA: O rdio est inserido entre os meios de comunicao mais rpidos, at pouco tempo a uns dez anos atrs, quando surgiu a internet, falavam que o rdio estava morto, a nica alternativa e o grande trunfo que o rdio teve pra sobreviver foi exatamente esse aspecto que voc me pergunta, o rdio continua sendo de dez anos pra c um veculo rpido, em tempos de internet e outros meios muito mais velozes que caminham a velocidade muito maior, o rdio continua sendo o meio mas eficiente, porque praticamente todo mundo tem um rdio, 95% da populao tem condies de ter um rdio, e quem tem internet hoje? Apesar das lan house, de internet nos colgios, nos rgos pblicos e tudo mais, que parcela da populao j tem acesso a internet? Com certeza um nmero muito menor, ento at hoje no ano de 2009 eu continuo afirmando que o rdio ainda o meio mais eficaz de levar essa mensagem de maneira mais rpida e atingir um pblico muito maior.

    TELESSE: Nos dezesseis anos que esteve a frente da direo da Rdio Rio Claro voc acredita que a rdio teve um papel importante ajudando na construo da sociedade iporaense?

    SILVA: acredito. Assisti isso e assisto at hoje, a rdio rio claro por uma caracterstica que s ela tem e que eu conheo porque foi a primeira rdio que veio para Ipor e eu acho que isso tem muito haver, tivemos muitas coisas positiva que aconteceram, mais o fato de ser a primeira, foi rdio que povo aprendeu amar e respeitar, depois foi surgindo outras rdios, foi surgindo outros meios de se comunicar, mais nesses 16 anos, voc tambm que esta a um perodo j bem grande na rdio, conhece. Quando surgia um assunto no Rdio as pessoas perguntavam, na qual rdio voc ouviu? Se dissesse que foi na rdio rio claro era verdade as pessoas tinham confiana, isso era algo muito positivo, isso cresce a prpria responsabilidade da rdio, com essa credibilidade que o povo deu a rdio, a

  • 50

    rdio teve que sustentar isso, teve que aperfeioar isso, e teve que caminhar e caminha at hoje nesse rumo por esse caminho. Ento, a Rdio Rio Claro eu digo sem medo de errar, ajudou e ajuda e muito na formao tanto no aspecto social, religioso, moral e cvico.

    TELESSE: A igreja catlica adquiriu a Rdio para fazer um trabalho de formar cidados e no ter uma empresa com fins lucrativos. Voc como dicono da igreja catlica acha que esse papel est sendo cumprido, voc acha que ele est no caminho ou ainda falta alguma coisa?

    SILVA: Eu acho que fica simples de te dar um exemplo, voc ta fazendo Geografia, e eu sei que a UEG cuida muito bem dos cursos que ela oferece que na linha de formar professores e mestres, por a n? Eu nunca fui professor, mais j fui aluno, e acho que o professor quando ensina ele tambm aprende, se voc por, exemplo vai ser professor de geografia e voc tem que dar uma aula vai ter que prepar-la e enquanto voc est preparando esta aprendendo tambm a matria aperfeioando, descobrindo coisas novas, a pergunta que voc me fez se eu acho que a igreja est cumprindo a misso primeira para qual a Rdio foi adquirida. Eu diria que sim dentro desse processo, onde a rdio foi compra por um ideal que Dom Estanislau tinha, o nosso primeiro bispo queria uma rede de rdios, mais ai j doente deu essa misso para Dom Washington que junto com os redentoristas comprou a Rdio com objetivo muito claro, para evangelizar e continuar fazendo aquela segunda pergunta, formando cidados. Agora, ao longo do tempo voc tambm conviveu com isso e vive isso e eu vivi 16 anos, o que eu pude perceber o seguinte: enquanto a gente tentava evangelizar ns tambm estvamos sendo evangelizados ento, esse processo continua. Por qu? Eu sa, voc chegou, amanh sai algum, outro chega ento, o processo dinmico mais isso normal, eu assisti isso, colaborei com isso, aprendi com isso, a Rdio Rio Claro cumpri esse papel at hoje, padre: Wiro que o nosso grande mestre, o grande incentivador nosso que morreu faz pouco tempo, acreditava nisso, no abria mo disso, outro nome que eu posso citar: Dom Washington o nosso bispo, Padre Jesus Flores, Padre Rafael, Padre Everson, Padre Fbio o provincial redentorista e muitos outros padres dentro da diocese, um em Caiapnia, outro l por So Luis, aqui, e assim por diante, pessoas que ainda esto convictos de que essa compra, esse adquirir rdios para fazer esse trabalho, para

  • 51

    educar o povo, para tentar colocar o povo em um caminho santo, em um caminho cvico, est sendo cumprido.

    TELESSE: Messias, fale um pouco de uma das pessoas que sonhou com esse sistema de rdio formando cidados que foi o padre Wiro, hoje ele no est mais aqui, e voc que era muito prximo dele, falasse se ele partiu satisfeito com o que ele conseguiu fazer durante o tempo que esteve junto com a Rdio Rio Claro?

    SILVA: Partiu satisfeito Paulo, eu estava procurando uns CDs antigos encontrei um escrito assim: padre Wiro, eu coloquei no computador e comecei ouvir, voc j estava na Rdio quando ele fez 50 anos de sacerdcio, lembra que ele foi para o estdio e l no estdio o Pedro fez uma entrevista com ele e comigo, ele falou dos 50 anos de sacerdcio ele tocou na questo da Rdio Rio Claro, do sonho dele, e da alegria dele de ver a Rdio Rio Claro desempenhando o papel que precisava desempenhar, nesse momento ele tocou no meu nome e disse que eu era um incentivador dele e que eu fui at um diretor espiritual dele, ele falava isso e eu como leigo antes de ser dicono eu era um amigo, eu gostaria ainda de completar a resposta lembrando um fato: antes da igreja comprar a Rdio o padre Wiro tinha um programa de 15 minutos na Rdio, ali prximo das 11:00 horas e o Olivio Lemos que foi o primeiro diretor da rdio e muito amigo meu tambm, gostava muito do Padre Wiro, naquela poca tinha inflao alta, toda vez de subir o valor do contrato, o padre Wiro ficava mais careca porque o Olivio chegava e aumentava o preo e ele saia pela rua lamentando, falava: irmo agora eu num do conta de pagar! Mais nos fazamos rifas, o Brito do Banco do Brasil fazia carnes e distribua na cidade e desde o dia que a Rdio Rio Claro abriu as portas o padre Wiro no abria mo do espao dele porque ele j acreditava nesse meio de comunicao, e quando a igreja comprou a rdio era naquele prdio antigo na rua Catalo, ele com dinheiro da parquia, com dinheiro de parentes dele, com dinheiro dos rgos que ajudam l na Alemanha e na Holanda, fez esse prdio da Rdio Rio Claro especificamente pra ser da Rdio Rio Claro e o que hoje tem duas rdios em pleno funcionamento, o padre Wiro se preocupava com cada detalhe at o letreiro da Rdio tinha que funcionar perfeitamente o santo que tinha no corredor, de vez em quando eu pegava ele virando ele e concertando, ele sentia que cada coisa da Rdio Rio Claro era um

  • 52

    pedao dele, e ele custou aceitar a minha sada da Rdio, mais eu o convenci antes de morrer de que eu deveria sair, que eu queria fazer outras coisas. Entre os sonhos e tudo que o padre Wiro realizou dentro de Ipor, construindo igrejas, mais de 15 capelas, criando adoes de crianas, mais de 25 crianas pobres e a Rdio Rio Claro uma das filhas dele e eu repito: Ele morreu feliz por ter realizado essa obra.

  • 53

    NADIVO RIBEIRO DA SILVA (OUVINTE DA RDIO RIO CLARO)

    TELESSE: Nadivo, na sua viso a Rdio Rio Claro contribuiu para a melhoria da sociedade Iporaense?

    SILVA: o seguinte, a Rdio Rio Claro de suma importncia, porque ns todos necessitamos dela para ouvir as noticias, para um anuncio comercial e muito importante lembrar que a Rdio Rio Claro traz uma boa educao religiosa e de certa forma uma companheira de todas as horas, ento eu acho que ela contribuiu e contribui muito.

    TELESSE: Voc chegou aqui na cidade de Ipor praticamente na mesma poca que a Rdio Rio Claro estava sendo inaugurada, voc notou alguma mudana na cidade, no seu trabalho no seu dia-dia?

    SILVA: Muito mesmo, porque eu me lembro que naquela poca 1981 era uma coisa muito esperada por todos, era uma novidade que iria trazer diverso, informao e cultura, mesmo a potncia dela sendo pequena, mais a cidade e toda regio ficavam ligados o tempo todo e a Rdio como todo veculo de comunicao tinha o poder de influenciar no comportamento das pessoas, hoje melhorou muito e com maior alcance a Rdio pode chegar a um maior nmero de pessoas.

    TELESSE: Em sua opinio a compra da rdio por parte da igreja catlica melhorou ou piorou?

    SILVA: Melhorou e muito, eu sou catlico e acho que a Rdio passou a dedicar mais tempo da programao para a evangelizao, isso no mundo em que vivemos cheio de violncia de despreparo do ser humano importante demais, porque toda vez que se leva uma palavra de paz a algum que precisa voc ajuda na construo de um mundo melhor.

  • 54

    TELESSE: E voc continua ouvindo a Rdio Rio Claro?

    SILVA: com certeza, e hoje ainda est muito melhor inclusive os nossos programas religiosos porque ns temos a palavra do padre da nossa cidade, ns temos a palavra do Bispo de nossa diocese, ns temos o programa do padre Reginaldo Manzotti, ns temos o Bblia Deus com a gente a quase 20 anos no ar a orao de nossa senhora da Aparecida s quinze horas, a orao as seis horas da tarde alm de outros que eu e minha famlia gostamos demais.

  • 55

    VICENTE GERALDO FERREIRA (OUVINTE DA RDIO RIO CLARO)

    TELESSE: o senhor Vicente nasceu aqui na cidade de Ipor, ele tcnico em eletrnica, o senhor lembra, da abertura da Rdio? Como foi a reao do povo, quando a Rdio Rio Claro colocou sua programao no ar?

    FERREIRA: Olha foi uma grande emoo a inaugurao dessa emissora, foi um sucesso total, todo mundo queria ouvir, na poca rdios que estavam encostados com defeitos eram trazidos aos montes para gente consertar. Foi de um modo geral uma coisa muito bem feita, e colocada aqui na cidade, para divulgar a nossa cidade e regio nosso comrcio trazer informao para nossa gente.

    TELESSE: O senhor acredita que a Rdio a partir da contribuiu para alguma coisa na cidade, por exemplo: comportamento poltico?

    FERREIRA: Mudou muito, o comportamento das pessoas, o comportamento social, trouxe mais entusiasmo para o povo, ns passamos a ter mais esclarecimentos ficamos mais a par do que estava acontecendo ao nosso redor, O Olvio Lemos veio com muitas inovaes coisa que para ns do interior era novidade, e a participao da Rdio nos debates polticos nas coberturas de eleies passaram a deixar o povo mais esperto mais ciente do que estava fazendo na hora de escolher os governantes.

    TELESSE: E nos dias de hoje seu Vicente o que o senhor acha comparando com aquela poca, cresceu ou retrocedeu?

    FERREIRA: Ah melhorou demais, n? claro que vai melhorar muito mais, porque vai aperfeioando com o tempo j so quase 30 anos, novas tcnicas, novos radialistas, novas tecnologias, a gente percebe que melhorou bastante, os dirigentes procurando aprimorar os conhecimentos, no que quando comeou era ruim, mais porque tudo na vida melhora quando se vai ficando mais experiente, e isso o que eu como admirador da Rdio Rio Claro espero.

  • 56

    TELESSE: Agora seu Vicente, ouve uma mudana no incio dos anos 90 e a Rdio que era de um grupo particular, um grupo de empresrios, foi vendida para a igreja catlica. O senhor notou alguma diferena e gostaria de opinar sobre isso?

    FERREIRA: Na poca que ela era mantida pelos empresrios ela era uma Rdio boa, agora depois que a igreja catlica adquiriu pude perceber que o que mudou muito foi questo da maneira de se transmitir os programas, o cuidado com a forma de se expressar, no meu ponto de vista melhorou muito e no podia ser diferente porque ela passa a ter esse compromisso de levar at cada ouvinte uma forma de se ter um mundo com mais igualdade que o que prega a igreja.

    TELESSE: J existiam programas religiosos naquela poca?

    FERREIRA: J tinha no me lembro bem os nomes porque a gente no grava tudo n? Mais j existiam programas de vrias igrejas, a mensagem era passada, a Rdio antes de tudo tambm preocupava em levar esse tipo de programao para o ouvinte, esse era um jeito mais rpido e prtico de lavar essa informao que a palavra de Deus.

    TELESSE: A Rdio Rio Claro est prxima de completar 30 anos. Fale sobre a importncia desse veculo de comunicao para a sociedade iporaense?

    FERREIRA: Ela muito importante, hoje eu posso dizer que a Rdio Rio Claro um patrimnio iporaense, pois praticamente a nica que divulga todos os acontecimentos, bons ou ruins, divulga coisas interessantes da poltica, informa a necessidade do povo, esclarece bem os eleitores, divulga o comrcio tambm, provoca concorrncia, e quem ganha com isso o povo.

  • 57

    TELESSE: O senhor concertou muitos rdios, algum fato engraado aconteceu nesses anos todos?

    FERREIRA: Olha, numa poca, bem no inicio da Rdio, tnhamos uma prateleira com vrios rdios consertados e quando o dono de um Rdio chegou para busc-lo, ns ligamos o Rdio e ele no funcionou, s um rudo baixinho, ficamos preocupados porque o Rdio estava funcionando bem antes do cliente chegar, de imediato ligamos um outro Rdio, ele tambm no funcionou, a Rdio Rio Claro estava com a programao normal, depois os rdios voltaram a funcionar, e a concluso que eu cheguei porque ningum explicou at hoje, que o tempo teve influncia nesse caso, o sol muito quente, talvez, porque isso acontece at nos dias de hoje. Ser que os raios solares cortam a comunicao?

    TELESSE: Mais logo tudo foi esclarecido?

    FERREIRA: Isso! Logo foi esclarecido porque ligamos vrios rdios e nenhum funcionou, chegamos a concluso que deveria ser o tempo, passando alguns instantes todos voltaram a funcionar novamente e o dono que estava bravo saiu satisfeito e foi o f