a doença dos homens

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1 A Doença dos Homens Christopher Walker Estamos vivendo em tempos difíceis. Para onde quer que você olhe, há crise, falta de esperança, falta de soluções. Na política, corrupção; na vida econômica, desigualdades sociais vergonhosas; na educação, desilusão e falta de modelos; na cultura, imoralidade e relativismo total; na sociedade, criminalidade, insegurança, isolamento e alienação. O pior de tudo – para nós cristãos – é que quando olhamos para a igreja, que deveria ser luzeiro de esperanças no meio das trevas, vemos as mesmas crises e estatísticas que há no restante da sociedade. Não precisamos repetir aqui que a raiz de tudo isso está no desmoronamento da unidade familiar. Mais do que isso: nenhuma mudança verdadeira ou duradoura ocorrerá na sociedade sem mudanças anteriores e radicais no lugar onde tudo começa, na própria célula fundamental da sociedade. Não adianta, por exemplo, pensar em mudar o sistema educacional sem mudar a formação que as crianças recebem no lar; será inútil passar leis de moralidade no Congresso se não redescobrirmos como estabelecer e transmitir verdadeiros padrões morais dentro de casa – e assim sucessivamente. Na igreja, isso deveria ser mais evidente ainda, embora na prática não o seja: podemos implantar modelo após modelo de estrutura, crescimento e multiplicação, podemos até levar a igreja de volta aos lares, o que representa um grande e fundamental retorno à prática original da igreja primitiva – porém se não houver restauração da própria família, nada de essencial mudará. A igreja continuará anunciando salvação e bênçãos pessoais, ao mesmo tempo que vive, em grande parte, os mesmos dilemas e falhas do resto do mundo. A família está doente, desajustada, desestruturada. Por quê? O que aconteceu? Por um lado, podemos dizer que, sem Deus, a família sempre teve e sempre terá problemas. Porém, nas últimas décadas, a situação vem se agravando porque o homem, a peça chave que, de acordo com o plano original na Bíblia, representa a conexão vital entre a família e Deus (veja 1 Co 11.3), está cada vez mais distante do seu devido papel. E quando o homem sai do seu papel correto, todas as demais funções na família ficam desajustadas também. O Papel Perdido do Homem Durante muitos séculos, principalmente nos países que tinham influência cristã, o homem conhecia seu papel na família. Havia modelos errados, havia abusos, havia opressão e tirania, mas também havia muitos modelos certos. Mesmo nas famílias que não eram cristãs, havia uma semelhança ou sombra do padrão bíblico. O homem não só supria a família com sustento material, mas trazia direção, visão e identidade. O padrão original de Deus pode ser visto em diversos exemplos bíblicos: Noé levando sua família toda para a arca (Gn 6.18; 7.1,7), Abraão deixando sua parentela para seguir uma palavra de Deus e ordenando a seus filhos depois dele (Gn 12.1; 17.23; 18.19), Josué definindo o futuro de sua família (Js 24.15), o carcereiro de Filipos trazendo toda sua família ao reino de Deus (At 16.31-34). Na qualificação dos líderes na igreja primitiva (1 Tm 3.4,5,12), um dos principais requisitos era o de que o homem estivesse cumprindo plenamente o seu papel. Com as tendências do mundo secular, cada vez mais distantes dos alicerces cristãos, a pressão tem sido enorme no sentido de negar ao homem esse papel de prover liderança,

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A Doença dos Homens

Christopher Walker

Estamos vivendo em tempos difíceis. Para onde quer que você olhe, há crise, falta de esperança, falta de soluções. Na política, corrupção; na vida econômica, desigualdades sociais vergonhosas; na educação, desilusão e falta de modelos; na cultura, imoralidade e relativismo total; na sociedade, criminalidade, insegurança, isolamento e alienação. O pior de tudo – para nós cristãos – é que quando olhamos para a igreja, que deveria ser luzeiro de esperanças no meio das trevas, vemos as mesmas crises e estatísticas que há no restante da sociedade.

Não precisamos repetir aqui que a raiz de tudo isso está no desmoronamento da unidade familiar. Mais do que isso: nenhuma mudança verdadeira ou duradoura ocorrerá na sociedade sem mudanças anteriores e radicais no lugar onde tudo começa, na própria célula fundamental da sociedade. Não adianta, por exemplo, pensar em mudar o sistema educacional sem mudar a formação que as crianças recebem no lar; será inútil passar leis de moralidade no Congresso se não redescobrirmos como estabelecer e transmitir verdadeiros padrões morais dentro de casa – e assim sucessivamente.

Na igreja, isso deveria ser mais evidente ainda, embora na prática não o seja: podemos implantar modelo após modelo de estrutura, crescimento e multiplicação, podemos até levar a igreja de volta aos lares, o que representa um grande e fundamental retorno à prática original da igreja primitiva – porém se não houver restauração da própria família, nada de essencial mudará. A igreja continuará anunciando salvação e bênçãos pessoais, ao mesmo tempo que vive, em grande parte, os mesmos dilemas e falhas do resto do mundo.

A família está doente, desajustada, desestruturada. Por quê? O que aconteceu? Por um lado, podemos dizer que, sem Deus, a família sempre teve e sempre terá problemas. Porém, nas últimas décadas, a situação vem se agravando porque o homem, a peça chave que, de acordo com o plano original na Bíblia, representa a conexão vital entre a família e Deus (veja 1 Co 11.3), está cada vez mais distante do seu devido papel. E quando o homem sai do seu papel correto, todas as demais funções na família ficam desajustadas também. O Papel Perdido do Homem

Durante muitos séculos, principalmente nos países que tinham influência cristã, o homem conhecia seu papel na família. Havia modelos errados, havia abusos, havia opressão e tirania, mas também havia muitos modelos certos. Mesmo nas famílias que não eram cristãs, havia uma semelhança ou sombra do padrão bíblico. O homem não só supria a família com sustento material, mas trazia direção, visão e identidade.

O padrão original de Deus pode ser visto em diversos exemplos bíblicos: Noé levando sua família toda para a arca (Gn 6.18; 7.1,7), Abraão deixando sua parentela para seguir uma palavra de Deus e ordenando a seus filhos depois dele (Gn 12.1; 17.23; 18.19), Josué definindo o futuro de sua família (Js 24.15), o carcereiro de Filipos trazendo toda sua família ao reino de Deus (At 16.31-34). Na qualificação dos líderes na igreja primitiva (1 Tm 3.4,5,12), um dos principais requisitos era o de que o homem estivesse cumprindo plenamente o seu papel.

Com as tendências do mundo secular, cada vez mais distantes dos alicerces cristãos, a pressão tem sido enorme no sentido de negar ao homem esse papel de prover liderança,

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visão e identidade à família. Embora seja verdade que no passado a mulher tenha sido oprimida e sufocada em muitos sentidos, sua emancipação para uma posição de igualdade no lar e na sociedade deixou o homem perplexo e sem função.

Como geralmente acontece, a situação saiu de um extremo e foi para outro: o homem não só deixou de exercer controle absoluto e tirânico sobre a mulher e os filhos, deixou também de oferecer qualquer tipo de direção. Decisões são tomadas “democraticamente”, o que resulta, muitas vezes, em conflitos, separações, direções independentes em que cada membro da família faz o que bem entende, ou retração e passividade por parte do homem. Como a mulher, agora, geralmente trabalha, nem a função de prover sustento é mais uma função exclusivamente masculina.

O homem está se tornando, progressivamente, uma peça inútil e desnecessária na família. As estatísticas mostram um número cada vez maior de mulheres que são cabeças do lar – o que deixa ao homem uma mera função biológica de procriação.

Até na igreja tornou-se impopular falar a respeito da função de liderança do marido. Ninguém quer correr o risco de fortalecer ou apoiar aquela imagem ultrapassada de homem machista e dominador. Enfatiza-se, pelo contrário, a importância de ajudar a esposa nos afazeres domésticos, de ser mais meigo, mais afável, mais carinhoso (o que não deixa de ser um aspecto importante e verdadeiro!).

O problema é que não há um entendimento ou fortalecimento do verdadeiro papel que Deus deu ao homem. E isso faz parte de uma grande estratégia do inimigo para domesticar e emascular o homem e para privá-lo de sua maior e mais essencial contribuição, deixando-o frustrado e inoperante. Pois, com isso, Satanás consegue desvirtuar a família e afetar radicalmente a igreja e a sociedade.

O resultado é isto que estamos vendo hoje, dentro e fora da igreja: homens sem identidade, frustrados, passivos ou irados (de acordo com o temperamento), sentindo-se inferiores, sem qualificações para encontrar sua verdadeira hombridade e função na família, e tentando se esconder ou refugiar em várias formas enganosas de compensação.

Um dos aspectos mais assustadores de tudo isso é que forma um processo cíclico, que piora a cada geração. Pois os homens que perderam sua identidade naturalmente não conseguem transmitir hombridade e senso de destino para os filhos. E estes, por sua vez, terão uma dificuldade maior ainda para passar algo de valor para a próxima geração. O Nome da Doença

A situação está tão grave que vários autores (como Gordon Dalbey, John Eldredge, em Coração Selvagem, Mike Genung e outros) já estão diagnosticando essa deficiência nos homens como a ferida do pai.

Chama-se ferida do pai porque consiste na quebra do ciclo natural e saudável que Deus instituiu, no qual o pai transmite ao filho a bênção que inclui o nome (identidade), um senso de valor, uma visão (destino) e a segurança de que será capaz de alcançá-la. O pai é o único, na família, que é capaz de dar uma resposta firme e segura à grande pergunta que brota em todo coração masculino: Eu sou capaz? Tenho o que é necessário para ser um homem? (veja texto ao lado, A Grande Pergunta).

Quando essa função não é exercida na vida de um garoto, um abismo é gerado no seu interior, que se manifesta como vergonha, falta de direção, insegurança, necessidade de se afirmar etc. (A função do pai é essencial na formação de filhas também, porém aqui nos limitaremos a falar sobre o que acontece com os filhos, por estarmos tratando do papel perdido do homem na família.)

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Há duas maneiras principais em que a ferida é infligida pelo pai. Na primeira, o pai menospreza e diminui o filho, de forma direta e cruel. Pode ser através de palavras, mas pode também chegar a abuso físico e sexual. Não é preciso dizer que causa danos terríveis e, humanamente falando, irreparáveis no interior de meninos e adolescentes em formação.

A ferida mais comum, entretanto, é bem mais sutil e difícil de ser identificada. É causada pela omissão dos pais, por seu silêncio, por sua ausência nos momentos mais críticos da vida. Muitas famílias (e isso acontece com muita freqüência dentro da igreja) têm a presença física de um pai que, por uma série de razões, não sabe como exercer sua função: não dá sua bênção, não dá opinião, não encoraja, não corrige, não oferece visão ou propósito, não explica, não sabe como situar o filho dentro da vida, como ensiná-lo a tomar decisões, como escolher, como achar o rumo certo. Ele pode até ser considerado um pai bonzinho, pai amigo, pai provedor, mas está ausente nas crises, não oferece segurança, identidade ou direção.

Com um senso de incapacidade e frustração, o homem tende a deixar a criação de filhos para a mãe – ou, como ela também se ausenta cada vez mais em virtude do trabalho secular, o papel de influenciar e direcionar acaba ficando para professores, amigos ou ninguém em particular.

A princípio, o jovem adolescente pode nem achar que algo está faltando. Pode até se sentir mais independente, dono de si. Contudo, isso vai gerando um vácuo de propósito e direção, uma falta de sentido, que o acompanhará por toda sua vida. Como escreve John Eldredge, em Coração Selvagem:

Um menino aprende quem é e o potencial que tem de um outro homem ou por estar em companhia dos homens. Ele não pode aprender isso de nenhum outro lugar, não de outros meninos, muito menos do mundo das mulheres.

Gordon Dalbey também escreve em Healing the Father Wound (Curando a Ferida do Pai):

O pai chama para fora o elemento masculino no seu filho. Sem essa entrada essencial do pai, o filho não consegue se ver mais adiante como homem. Rapidamente, pavorosamente a lacuna entre a sua insuficiência como homem e a imagem do que deseja se tornar é tomada por vergonha. Entra, então, o pai da mentira (Jo 8.44), e promete cobrir essa profunda vergonha nos homens de hoje através de impulsioná-los a uma variedade de comportamentos compulsivos e dependências, que vão desde drogas e pornografia ao excesso de trabalho (conhecido em inglês como workaholism ou vício do trabalho) e legalismo religioso.

Nenhuma dessas coisas, porém, lhe dará o que não recebeu do pai. Modelos Bíblicos

Pais omissos podem ser mais abundantes no nosso mundo moderno, mas não são uma espécie nova. Há vários exemplos bíblicos, notadamente o sacerdote Eli, que acabou reproduzindo sua paternidade omissa no profeta Samuel, que foi criado por ele junto ao tabernáculo (veja 1 Sm 2.12; 8.3). O que se nota nesses casos é a falta de uma característica essencial para que os pais passem aos filhos caráter e integridade: a disciplina.

A firmeza de convicções, a capacidade de dizer não, de exigir disciplina e caráter é uma função que Deus deu ao pai e que é essencial para gerar verdadeira hombridade. A grande falha do sacerdote Eli era de não repreender, com suficiente firmeza, seus filhos

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(veja 1 Sm 3.13 e 2.23). Foi também uma grande falha de Davi, pois, de acordo com 1 Reis 1.6, ele jamais contrariou seu filho Adonias, cobrando dele coisa alguma. Sabemos dos frutos amargos que Davi também colheu dessa omissão com outros filhos.

Por outro lado, Davi oferece um modelo positivo de paternidade ao passar sua visão de edificar a casa de Deus ao filho Salomão (1 Rs 2.2-4). “Sê homem”, ele lhe disse, ou seja: “Pegue a visão, cumpra o seu destino, deixe de lado outras coisas e realize a vontade de Deus”. Davi não só lhe passou o encargo, mas deu instruções, mostrou como fazer, providenciou materiais e encorajou-o para que tivesse confiança no cumprimento da grande missão (veja 1 Cr 22.6-19). Também o comissionou e o reconheceu diante de todo o povo e dos líderes de Israel (1 Cr 28.1-11, 20; 29.22-25).

É na paternidade de Deus que temos o modelo perfeito, exemplificado na Bíblia inteira, de como se deve agir, com amor, perseverança, aceitação, mas também com firmeza e convicção na disciplina. No Velho Testamento, ao mesmo tempo em que Deus tem amor e compaixão superiores a uma mãe humana (Is 49.15,16), ele jamais deixará de corrigir e disciplinar para o nosso bem (veja Êx 34.6,7 e Dt 8.16). No Novo Testamento, vemos Jesus, o Filho perfeito que agradava ao Pai em tudo, não sendo atendido na sua súplica de ser isentado do cálice amargo (Lc 22.42), porque o Pai tinha um propósito maior (Is 53.10) e não seria demovido, mesmo ao ver o sofrimento do Filho amado. Jesus tinha total confiança e segurança no amor do Pai (Jo 3.35; 10.17; 13.3), mas sabia que sua missão no mundo era mais importante que sua felicidade ou proteção pessoal. Em outro artigo desta edição (A Cura da Doença), serão discutidos passos práticos para a solução deste quadro calamitoso.

A Cura da Doença

Gordon Dalbey e Mike Genung

Que esperança podemos ter para alguma mudança no quadro dramático da situação da família e do homem hoje (descrita no artigo A Doença dos Homens)? Existe “bálsamo em Gileade? ou não há lá médico?” (Jr 8.22).

Temos, sim, uma grande promessa na Palavra de Deus. De fato, exatamente no ponto em que as Escrituras mudaram o foco dos mandamentos e da lei de Moisés para a obra de Jesus, Deus mostrou que pretende curar a grande enfermidade da humanidade:

“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Ml 4.5, 6). Esse texto de Malaquias contém as últimas palavras da Velha Aliança. De modo

significativo, a promessa ali afirmada – e a advertência também – formam uma espécie de portal de entrada para a Nova Aliança, um limiar para a vinda do Messias. A implicação é que a desintegração de relacionamentos entre pais e filhos neste mundo reflete a quebra de contato entre a humanidade e Deus. É por isso que a restauração do relacionamento com o

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Pai constitui, na realidade, o foco principal do poder redentor de Deus neste mundo. Jesus veio para revelar o Pai e para reconciliar com ele a humanidade (Jo 14.8-13). E em nenhum lugar a necessidade por essa reconciliação é mais profundamente sentida do que na falta que o homem sente de um pai.

Nenhuma dor fere o coração do homem mais profundamente do que o abandono emocional e/ou físico do pai. Para os homens, a ferida do pai é uma maldição mortal.

É por essa razão que a visão escatológica de Deus enfoca tão claramente a cura dessa dor – como se vê no texto de Malaquias. E é por isso, também, que o inimigo de Deus usa todos os recursos do inferno para nos fazer negar não só a existência da ferida do pai em si, mas a própria paternidade de Deus.

A advertência da profecia é tão forte quanto a promessa: até que homens sem paternidade recebam a bênção da filiação em Cristo (Rm 8.15,16), continuarão transmitindo uma maldição à Terra. O Primeiro Passo

A palavra “integridade” vem de uma raiz que significa inteiro, como em números inteiros. O homem que se esconde e tenta encobrir sua ferida interior não é um homem de integridade. É apenas metade de um homem. Ele pode conhecer a verdade da Palavra de Deus, mas não a graça do coração do Pai.

O primeiro passo, então, para a cura é reconhecer sua verdadeira condição e a causa correspondente. De nada adiantará fazer parte de movimentos ou cursos para homens se esses tão-somente estabelecerem novas regras ou padrões mais elevados de comportamento. Essa geralmente é só mais uma maneira de esconder nossas feridas por trás de uma fachada religiosa que valoriza desempenho.

Infelizmente, a maior parte do ensinamento cristão para os homens hoje simplesmente nos mostra o que devemos fazer, as terríveis conseqüências se não o fizermos e, talvez, os maravilhosos benefícios se conseguirmos atingir o padrão. São exortações do tipo “dez princípios de hombridade santa” ou os “cinco padrões de masculinidade bíblica”. É mais fácil enfocar a prática do bem do que ser autêntico.

É o tipo de ensinamento básico da Velha Aliança, que ordena obediência e motiva os homens através da vergonha do castigo (1 Jo 4.18). A Nova Aliança, por outro lado, chama para a confiança e motiva os homens através de prometer a filiação (Gl 4.6,7).

O homem que foge de sua ferida mortal e da necessidade do Salvador sempre acabará se tornando escravo da vergonha de não ter alcançado o padrão desejado. Sentindo abandono e frustração, procurará sua identidade no trabalho e, muitas vezes, nas mulheres, seja na mãe, na esposa ou em algum relacionamento superficial. Ficará vulnerável a uma porção de falsificações mundanas e até religiosas, que prometem calar a voz da vergonha e torná-lo, afinal, um “verdadeiro homem”.

Já a hombridade da Nova Aliança requer que enfrentemos os duros fatos de que não somos capazes de fazer o que Deus ordena e exige que clamemos a ele por livramento. Precisamos aprender a levar a nossa vergonha à cruz e não a encobri-la com tentativas de bom desempenho.

O caminho para a recuperação da hombridade perdida, então, é por meio da autenticidade, que tem uma grande relação com arrependimento. O que nos salvará não é a nova determinação de fazer “o que é certo”, mas o anseio de conhecer o verdadeiro Pai (Gl 5.1-6; Rm 7.18). Só autenticidade pode nos levar a ser homens da Nova Aliança – com a

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coragem de enfrentar a vergonha de nossa própria impotência e de entregá-la a Jesus para que ele a assuma totalmente.

Se nenhum pai humano é perfeito e todos nós carregamos as feridas que resultam dessa imperfeição, teremos de buscar a verdadeira filiação em Cristo para conhecermos o único Pai perfeito. Isso não é apenas uma questão de palavras ou de teoria. Precisamos aprender a nos relacionar de fato com o Pai, sentir sua aceitação, sua perseverança, sua disciplina e seus tratamentos até encontrarmos seu reconhecimento de que, de fato, algo novo está sendo gerado no nosso interior. Aprendendo a Perdoar

Enfrentar a ferida inclui dois aspectos: o primeiro, já descrito acima, é reconhecer nossa doença, nossa incapacidade, nossa falta de hombridade. Isso nos leva à cruz, à obra consumada de Cristo, à filiação.

O segundo é entender que, embora a causa tenha sido a humanidade caída de nosso pai natural, ele, por sua vez, também sofreu as conseqüências de ter sido criado por um pai imperfeito, e precisa ser amado e perdoado. É diferente de defender o pai, que, muitas vezes, é uma reação natural do filho, mas pode significar um encobrimento da ferida. Se não enfrentarmos o fato de que realmente houve falhas, não abriremos o caminho para a cura, nem para mudanças em nossas próprias vidas. E o ciclo continuará para a próxima geração.

A promessa de Malaquias é que antes da consumação do dia do Senhor, haverá um ministério que tornará os corações dos pais aos filhos e dos filhos aos pais. Essa restauração pode acontecer em qualquer fase da nossa vida. Nunca é tarde demais para um pai voltar-se para seus filhos, ainda que sejam adultos. Nunca é tarde demais para um filho voltar-se para seu pai, ainda que este seja idoso. E jamais poderemos calcular os efeitos que tal restauração trará – não só para os membros imediatos da família envolvida.

Se virmos, de fato, a causa da doença e a estratégia de Satanás por trás dela, conseguiremos enxergar nosso pai ou nossos filhos não como inimigos, mas como vítimas, e Deus poderá encher nossos corações de verdadeira compaixão e perdão.

Outro aspecto que é importante ressaltar é que, ao enfrentarmos a ferida infligida pelo pai, jamais devemos culpá-lo pelo pecado em que porventura tenhamos caído na tentativa de compensar ou aliviar a dor. Não importa o que nos aconteceu no passado, precisamos assumir 100% da responsabilidade se recorremos à lascívia, se fomos omissos, ou se usamos qualquer outra forma errada de lidar com nossa ferida. Encontrando Relacionamentos Saudáveis

Fomos feridos no nosso relacionamento com um homem, nosso pai; por isso, será em relacionamentos autênticos com ele ou com outros homens que o processo de cura começará a se processar.

Alguns não têm mais um pai vivo; outros precisarão esperar com fé e perseverança para que o relacionamento com o pai seja curado. Porém, amor masculino puro, não sexual, não é encontrado exclusivamente com o pai. Quando nossos irmãos nos aceitam e nos amam, apesar de nossas falhas, inconscientemente estão respondendo à nossa pergunta (a grande pergunta): “Sim, você tem o que é necessário para ser um homem... você é importante, você tem valor, tem dons que me abençoam, sua amizade é prazerosa para mim”. Através do seu apoio e encorajamento, nossos irmãos transmitem-nos a bênção do amor e da força masculinos.

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Davi, que já conhecia o amor e o carinho do relacionamento conjugal, expressou assim a importância de sua amizade com Jônatas: “Excepcional era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres” (2 Sm 1.27).

Amor puro de homem para homem não tem as complicações sexuais ou o atrito emocional que surgem das diferenças entre homens e mulheres. Quando um outro irmão me desafia sobre um determinado assunto na minha vida, desde que não o faça com insultos ou intenções cruéis, eu posso recebê-lo sem dificuldades. Os homens compreendem os temores e inseguranças de outros homens, o que permite que abençoem uns aos outros de formas que seriam impossíveis para as mulheres.

Relacionamentos de homem para homem dentro da grande família de Deus podem ser de irmãos (de igual para igual), ou de pai para filho (veja Professores ou Pais Espirituais nesta edição). Além do nosso novo relacionamento com Deus Pai, podemos experimentar relacionamentos saudáveis dentro da igreja e sermos curados na nossa hombridade doentia. Acima de tudo, podemos ainda ser pais verdadeiros para nossos filhos naturais e ver o ciclo satânico quebrado nas nossas famílias, e a promessa de Deus a Malaquias começar a ser cumprida antes do grande dia do Senhor. Extraído e adaptado de: “The Real Men’s Movement” e “Healing the Father-Wound”, por Gordon Dalbey, que podem ser encontrados no site: www.abbafather.com. Gordon Dalbey é pastor, conferencista e autor de vários livros em inglês sobre o assunto de Hombridade, como “Healing the Masculine Soul” (“Curando a Alma Masculina”) e “Fight Like a Man” (“Lute Como um Homem”). Foi um dos preletores no primeiro evento dos “Promise Keepers” que foi realizado em um estádio do Colorado, EUA, em 1992. “Healing Father Wounds”, por Mike Genung, que pode ser encontrado no site: http://www.blazinggrace.org/fatherwounds.htm. Mike Genung é autor e diretor de um ministério chamado Blazing Grace, no Colorado, EUA.

A Grande Pergunta

John Eldredge e Gordon Dalbey

Existe uma pergunta que nasce no coração de todos os meninos, bem no início de sua vida. Não é uma pergunta simples, nem tampouco se expressa, já no princípio, de uma forma claramente enunciada. Antes, representa um anseio, um desejo profundo, e exige uma resposta. Se pudéssemos colocá-la em palavras, seria mais ou menos assim: “Tenho o que é necessário para ser homem? Sou capaz?”

Até que um homem tenha plena consciência de que é um homem, tentará provar isso constantemente, enquanto, ao mesmo tempo, fugirá de qualquer coisa que possa revelar que ele não o é. A maioria dos homens passa a vida inteira sentindo-se perseguida pela pergunta, ou deformada pela resposta que recebeu nos seus anos de formação.

No caso de pais violentos, a pergunta é respondida de modo devastador. “Eu tenho o que é necessário? Eu sou um homem, papai?” “Não, você é um filhinho da mamãe, um

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tolo, um efeminado, uma gaivota.” Essas são sentenças definidas que moldam a vida de um homem. São feridas de um ataque que entram fundo como um tiro no peito. Podem causar um mal indescritível, especialmente quando envolvem anos de abuso físico, sexual ou verbal.

Porém, há um outro tipo de resposta. É a resposta do silêncio, da falta de bênção. Os pais podem estar presentes fisicamente, contudo comportam-se como ausentes em relação a seus filhos. O silêncio é ensurdecedor e esmagador. Na verdade, é pior do que ter um pai que foi embora ou do que não ter um pai, pois deixa uma mensagem subliminar para o filho. “Eu tenho o que é necessário? Eu sou um homem, papai?” Como resposta, vem o silêncio. “Não sei... duvido... você terá que descobrir por si mesmo... provavelmente não.” Essas feridas, recebidas de forma passiva, podem não ser percebidas de imediato, mas são perniciosas como um câncer. Por serem sutis, freqüentemente nem são reconhecidas como feridas e, por isso, tornam-se muito mais difíceis de serem curadas.

Você pode matar um organismo vivo, como uma planta, de duas maneiras. Você pode destruí-la agressivamente. Cortá-la, esmagá-la, pisoteá-la. Ou pode fazer de outro modo. Pode simplesmente abandoná-la. Não a regue. A vida requer entrada, suprimento. O abandono mata.

Nas almas dos homens, a arma da destruição é a vergonha. Quando o pai não abraça, encoraja, guia e protege, o filho cresce pensando: “Meu pai não me dá muito valor. Não devo mesmo ter valor algum”. Ele não se sente como um verdadeiro homem, confiante da sua identidade, com um destino e a capacitação de cumpri-lo. Sente enorme vergonha e ira por ter sido abandonado na sua maior necessidade.

Este não é um problema exclusivo dos adolescentes ou jovens. A pergunta não desaparece. Não existe uma hora em que o homem supera automaticamente sua crise de identidade. Ainda que tente, durante muitos anos, eliminá-la de sua consciência e apenas “continuar a sua vida”, ele não consegue. É um anseio tão essencial às nossas almas que nos persegue continuamente e brota vez após vez durante a nossa jornada, mesmo depois que achávamos tê-la sufocado terminantemente.

Tampouco é um problema exclusivo de alguns homens, produto apenas de lares divididos ou pais abusivos. Todo homem carrega a ferida, não importa como sua vida possa parecer boa para quem está de fora, pois ninguém teve pais perfeitos.

Cada ferida, seja causada por ataques diretos ou por ausência passiva, traz consigo uma mensagem. A mensagem parece final e verdadeira, absolutamente verdadeira, porque é entregue com muita força. A nossa reação a ela molda a nossa personalidade de maneiras muito significativas. Em geral, produz um falso ego. A maioria dos homens vive um falso ego, um fingimento, que está diretamente relacionado à sua ferida. Extraído e adaptado do livro “Coração Selvagem”, de John Eldredge, CPAD, e de “Curando a Ferida do Pai”, por Gordon Dalbey.

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A Hombridade do Homo Brasiliensins

Dinart Barradas

Colaboração: Stefan Dyo Nishimura

Na década de oitenta, o Dr Edwin L. Cole – fundador do ministério Hombridade e

aclamado escritor-conferencista sobre o tema – começou a dar mais atenção à crise de valores morais que há alguns anos vinha se aprofundando na sociedade norte-americana. As perguntas começaram a se avolumar em sua mente até que, determinado a auxiliar as famílias de sua comunidade cristã, dedicou-se a estudar as raízes da crise da sociedade. Foi aí que se deu conta de que o aumento da prostituição, da dependência química, da delinqüência juvenil e da sexualidade precoce estava intimamente ligado ao enfraquecimento da instituição da família e essa, por sua vez, desmotivada em sua grande maioria pelo comportamento masculino, cada vez mais longe do que se poderia chamar de responsável ou comprometido.

O alto grau de volatilidade dos relacionamentos conjugais trouxe consigo outra realidade ainda mais destrutiva: o aumento abusivo do número de divórcios. Esse número vem crescendo como uma avalanche nos últimos trinta anos. Na até então cristianizada cultura americana, acabou por solapar não somente a instituição do casamento, mas também a solidez e a ortodoxia dos relacionamentos entre pais e filhos. Pais divorciados retiram aquilo que de mais consistente eles têm a oferecer a seus filhos, levando-os a uma conclusão quase que inevitável: “Se meus pais não conseguiram superar suas próprias diferenças, chegando até ao divórcio, que nível de compromisso e segurança posso esperar deles para comigo?”

Homens divorciados de suas esposas normalmente tendem a divorciar-se de seus filhos também. Para filhos com esse histórico, o que se pode esperar, na maioria dos casos, é um distanciamento ainda maior de seus pais que, sem conseguir explicar o comportamento dos filhos, equivocam-se no tipo de tratamento oferecido para corrigi-los, agravando ainda mais a situação. Quem é o Homo Brasiliensis?

Nossa história está cheia de episódios remotos e recentes daquilo que poderíamos chamar, usando um neologismo meu, de comportamento da espécie homo brasiliensis. Ao fazermos as nossas observações livres, sem nenhum parâmetro científico, percebemos que nossas raízes históricas nos apontam um padrão de hombridade na cultura brasileira que nos leva às mesmas conclusões a que chegou o Dr. Cole sobre a sociedade americana. Nosso primeiro imperador, Dom Pedro I, era homem afeito às mulheres e um de seus affairs acabou se tornando também personagem histórica no Brasil, celebrando assim a naturalidade com que relacionamentos extra-conjugais deveriam ser tratados em todo o império. Não era raro ouvir da boca de esposas resignadas com o édito informal de nosso imperador que homem “é assim mesmo”.

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O êxodo nordestino consagrou essa prática nacional ao trazer para o sul e sudeste do país os pais de família nordestinos, deixando suas esposas e muitos filhos no agreste. Aqueles homens, em busca de melhoria de vida e sob o juramento de voltar e buscar os que ficaram, encontraram muito mais do que vieram buscar: outra mulher, outros filhos e uma amnésia impenitente.

Aos que ficaram no aguardo do cumprimento da promessa restou a miséria, o desalento, a mendicância, e o sub-trabalho para os mais fortes e nobres. Aos demais, a delinqüência e a prostituição. Assim foi sendo perpetuado o estado de desgraça dessas famílias enlutadas por um marido e pai vivo, vivendo em outra família.

Certa vez, ouvi da boca de uma piauiense: “Sem termos onde morar, minha mãe deixava a mim e meus irmãos debaixo de uma cabaninha feita de folhas de bananeira enquanto ela saía para tentar conseguir alguma comida”. Tudo o que essa mãe sabia ensinar às suas duas filhas sobre homens denunciava o que ela acreditava ser o modelo de hombridade do homem brasileiro: “Homem é tudo igual, nenhum deles presta”.

A Revista Época de 30 de Janeiro de 2006 (edição 402) trouxe como matéria de capa a mais nova autora best-seller no Brasil, a garota de programa Bruna Surfistinha. Ao final da matéria, a antropóloga Mirian Goldenberg faz uma afirmação no mínimo curiosa. Ela diz que garotas como Raquel (verdadeiro nome da garota de programa) são resultado de uma família cujo pai é um homem fraco e sem autoridade, e a mãe é uma mulher ciumenta. A conclusão da pesquisadora confirma a conclusão a que o Dr. Cole chegou há vinte anos. A diferença é que, de lá para cá, o fenômeno só se intensificou. Apesar das Falhas, Amigos de Deus

Diagnosticarmos o declínio da hombridade e suas conseqüências sociais é algo relativamente fácil, porém a questão que talvez mais nos incomode hoje é a seguinte: como será a próxima geração de homens? Reformulando a pergunta: que tipo de caráter masculino está sendo forjado nos rapazes de hoje, pelo exemplo e pelo ensino, a fim de que este padrão de iniqüidade e destruição seja amenizado, pelo menos dentro da Igreja do Senhor?

Muito se fala de que esta é a geração que está sendo preparada para o encontro com o Noivo. As notícias não são muito alvissareiras, pelo menos no que diz respeito à questão masculina. Há ainda muita ruga, mácula e defeito nessa parcela do corpo de Cristo que compõe a Noiva. Hoje, o voluntariado da igreja, tanto para o trabalho como, principalmente, para a oração, está concentrado no sexo feminino. O advento da universalização do ministério pastoral feminino acabou por consagrar esse fato. Se quisermos reverter esse quadro ou, como disse anteriormente, pelo menos amenizá-lo, temos que investir nos homens jovens de hoje. Afinal de contas, eles é que serão os esposos das filhas dos líderes e dos homens da igreja de hoje e os pais dos netos desses mesmos líderes e homens. Como estamos trabalhando nessa direção? Qual o esforço e qual é o programa da igreja para a formação e edificação de uma nova geração de homens?

Ao auxiliar na tradução e revisão da versão portuguesa do livro Coragem – segundo módulo do curso Hombridade da Universidade da Família, voltado para jovens solteiros –,

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minha filha Damaris vinha, em lágrimas, mostrar e chamar a minha atenção para valores e princípios relacionados ao caráter masculino que sensibilizavam seu coração feminino e que poderão proporcionar descanso a ela se forem plantados no coração daquele que um dia vier a ser seu marido. As jovens, assim como os jovens, ambos precisam entender a essência da masculinidade e feminilidade para que vivam todo seu potencial.

Alguns exemplos na Palavra de Deus são extremamente reveladores ao registrarem alguns comportamentos que também nos servem de referenciais, tanto nos acertos quanto nos erros cometidos. Quando encaramos o comportamento de Abraão ao se aproximar do Egito com sua mulher Sara, verificamos que o patriarca propõe a ela que minta com o propósito de se livrar de um suposto perigo acerca do qual não havia nenhum indício. Não obstante, mesmo com uma falha no seu comportamento, Abraão era o amigo de Deus. Creio que assim também acontece hoje em dia conosco. Apesar de nossos erros, o Senhor tem amigos, alguns bem chegados e íntimos, nos quais ele deseja investir para levá-los a um nível mais alto em seu caráter e em sua hombridade. Como disse o Dr. Cole, “Hombridade e semelhança a Cristo são sinônimos”. Se quisermos desenvolver a verdadeira hombridade em nossas vidas e nos homens das próximas gerações, precisamos conhecer o caráter de Cristo e tornarmo-nos cada dia mais semelhantes a ele. Em Cristo, não há falhas de caráter ou comportamento. Dinart Barradas, casado há 25 anos, foi pastor no Espírito Santo durante muitos anos, desde 1999 auxilia na implantação dos cursos da Universidade da Família; atualmente é Diretor de Relacionamentos Institucionais, e reside em Pompéia, SP. Sobre o Ministério Hombridade (Chistian Men's Network) O novo ministério Hombridade (CMN), fundado por Edwin Louis Cole, tem como objetivo a restauração do homem, a espinha-dorsal do lar. Os cursos Homem ao Máximo e Coragem enfatizam os princípios da verdadeira masculinidade, ministrando e restaurando o homem em seus princípios e relacionamentos. Mulher Única é o curso para mulheres que buscam semelhante revolução de vida. Sobre a Universidade da Família (UDF) Organização cristã fundada em 1992, a Universidade da Família tem como objetivo promover o fortalecimento familiar através do estudo da Palavra de Deus. A UDF produz cursos e seminários nas áreas de educação de filhos, finanças, cura de traumas emocionais e relacionamentos, ministério para homens e para mulheres, casados ou solteiros. Além dos cursos, a UDF dispõe de livros, DVDs e outros materiais de apoio ministerial, e também organiza eventos focados na edificação familiar, em todo o Brasil. Todos os cursos e seminários da UDF são baseados em grupos pequenos de estudo, sempre sob a autoridade da igreja e da liderança local. Para se envolver com estes cursos, basta contatar a UDF para agendar um treinamento de liderança para preparar sua equipe a abrir grupos de estudo.

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Para conhecer mais sobre esses cursos, materiais e eventos, acesse o site www.udf.org.br ou telefone para (14) 3405-8505.

Conselhos Práticos Para Esposas de Cristãos Bonzinhos

Paul Coughlin e Sandy Coughlin

Cristãos Bonzinhos são, na verdade, homens temerosos e passivos disfarçados. A despeito de tudo que ouviram dos outros e de como se sentem interiormente, não nasceram passivos. Algo lhes aconteceu, geralmente quando eram meninos, que os obrigou a abdicarem de sua espada, de sua própria volição. Alguns homens são voluntariosos demais. Os Sujeitos Bonzinhos não têm volição suficiente. Precisam de ajuda para a recuperarem.

A melhor maneira de ajudá-lo a completar este trabalho de restauração interior é provavelmente parar com tudo que você está fazendo agora: implorando, suplicando, pegando no pé, pressionando-o a mudar. Pare de usar Deus em seus argumentos também. Recuse-se a ser, por um lado, um tapete para os seus pés e, por outro, um cabo de vassoura em cima de sua cabeça.

Usar palavras ou expressões para envergonhá-lo por seu comportamento passivo só servirá para afundá-lo ainda mais em sua caverna de Sujeito Bonzinho.

É bem provável que ele era um Sujeito Bonzinho, cheio de temor e passividade, muito antes de conhecer você. Isso deve lhe trazer alívio de qualquer falso sentimento de vergonha ou culpa e permitirá que você tenha a força necessária para auxiliá-lo neste trabalho de restauração.

Sujeitos Bonzinhos precisam de liberdade para poderem confrontar as questões mais profundas que geraram tanto temor do mundo em geral e de intimidade emocional em particular. É importante que você lhe dê essa liberdade, mesmo quando isso lhe causa certo desconforto. Ele também precisa sentir que você está do lado dele, oferecendo-lhe apoio e não oposição. Ele precisa sentir segurança ao seu lado. Extraído de um livro a ser publicado por Paul Coughlin e sua esposa Sandy Coughlin

Cristão Bonzinho – Nunca Mais!

Camerin Courtney

Paul Coughlin, autor, âncora cristão de um programa de rádio de entrevistas, casado e pai de três filhos, descreve a si mesmo como um “ex-cristão bonzinho”. Criado num lar abusivo, que lhe deu uma imagem deturpada de um Jesus fraco e sem fibra, Paul, 39, fez uma avaliação de sua vida há seis anos e percebeu que era um homem frustrado. “Quando eu trouxe a passividade gerada pelo medo na minha juventude para o meu casamento, junto com o falso ideal do Meigo Jesus, deu curto-circuito”, explica Paul. “Sustentar a minha família era difícil porque eu não era páreo para os companheiros de trabalho e os chefes que sabiam que podiam facilmente me dominar. Meu temor era transmitir esse vazio emocional para os meus filhos.”

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Depois de constatar que esse fator de passividade estava emperrando inúmeras outras famílias, Paul iniciou uma ação que chama de “Revolução do Sr.Bonzinho Nunca Mais”, que é uma guerra contra a vida apática, usando ferramentas no seu website www.ChristianNiceGuy.com e o livro que escreveu No More Christian Nice Guy (Cristão Bonzinho Nunca Mais).

A seguir, uma entrevista com Paul Coughlin:

Então, o que há de errado em ser um sujeito bonzinho?

Se bonzinho significa ser gentil e paciente, então não há nada de errado. Esses atributos são frutos do Espírito. Mas, geralmente, quando alguém é descrito como um “sujeito bonzinho”, ele não é bem o que parece. Homens bonzinhos normalmente são passivos; escondem-se por trás de sua “bondade”. Pensam assim: Se eu me encolher bastante, minhas dificuldades serão menores. São do tipo “Maria-vai-com-as-outras” – não porque sempre concordem, mas porque temem os conflitos.

Mas como seguidores de Cristo devemos ser sinceros uns com os outros. Devemos ser sal e luz para aqueles que não conhecem Jesus (Mt 5.13-16). É difícil ser sal e luz quando achamos que precisamos ser agradáveis o tempo todo. Se ser bonzinho é ruim, qual a alternativa melhor?

Ser um sujeito autêntico. Um sujeito autêntico é alguém disposto a enfrentar conflito a fim de ser uma força redentora para o bem. Ele tem força de vontade. Às vezes, arrisca. Ele protege aqueles que estão sob seu cuidado. Ele toma posição clara a fim de confrontar a injustiça. Enquanto o sujeito bonzinho é desprovido de emoção, o sujeito autêntico é um apaixonado pela vida. O seu modo de vida se parece muito mais com a “vida abundante” de que Jesus fala em João 10.10. De onde veio esse fenômeno do Cristão Bonzinho?

Em grande parte da imagem distorcida que temos de Jesus. Ao contrário da ficção comum que muitas igrejas promovem do “Jesus gentil, manso e suave”, nosso Senhor tinha qualidades impressionantes tanto de compaixão como de determinação. Para pegar alguns exemplos só do evangelho de Marcos, podemos ver Jesus confrontando pessoas, curando pessoas, gritando e falando duro com elas. Temos a noção de que Jesus era infinitamente paciente, contudo ele se voltou para os seus discípulos, claramente exasperado, e disse: “Ó geração incrédula e perversa... até quando vos sofrerei?” (Mt 17.17).

Ver como Jesus se comportava – perceber que era mais apaixonado, mais determinado, com mais força de vontade do que aqueles que estavam ao seu redor – deve encorajar os seus seguidores a se despertarem de sua passividade. Quando você percebeu que era por demais passivo?

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Não foi uma experiência única e, sim, uma série de acontecimentos que me deram a pista. Um foi quando estudava o Evangelho de Marcos e percebi que a par dos seus maravilhosos atos de amor, Jesus também tomava umas atitudes realmente confrontadoras. Compreendi que se eu queria ser como Jesus, precisava me conformar ao verdadeiro Jesus.

Também observei os meus amigos homens que pareciam ser mais honestos com as suas emoções. Eram capazes de chorar, enquanto eu simplesmente não conseguia. Não demonstrei emoção nem quando nasceram os meus filhos. Um dos versículos mais curtos da Bíblia é também um dos mais profundos: “Jesus chorou” (Jo 11.35). Como seguidores de Cristo, deveríamos ser as pessoas mais vivas (sensíveis e vibrantes) do mundo. Mas eu não era, e sabia muito bem disso. Pior ainda, receava estar instilando nas minhas crianças essa mesma falta de emoção.

Procurei uma conselheira para me ajudar a lidar com o abuso físico e emocional que sofri da minha mãe, e que me afetou profundamente no meu desejo de viver encolhido, sem ser notado. É comum para o Sujeito Bonzinho ter algum tipo de disfunção que vem da criação e que estimula a passividade. Minha conselheira me ajudou a ver o que o medo e a passividade estavam fazendo com a minha vida emocional, e a enfrentar a minha ansiedade. De que forma a sua passividade afetou o seu casamento?

Minha esposa, Sandy, expressava profunda afeição por mim, e eu pensava: Ó, isso é ótimo; ao mesmo tempo, as emoções profundas me assustavam. Às vezes, eu tentava mostrar timidamente meu afeto ou meus desejos, mas o fato de ela não perceber as minhas deixas me deixava zangado ou amuado. Eu não sentia segurança para ser honesto com os meus desejos e desapontamentos. Como resultado, minha esposa vivia pisando em ovos.

Deliberadamente, eu evitava contato social porque um contexto de grupo me dava desconforto. Com o tempo, isso frustrava a minha esposa. Sujeitos bonzinhos geralmente se casam com mulheres comunicativas, vivazes. Minha esposa, Sandy, tinha plenas condições de dar um curso em afirmação e determinação. Embora inicialmente ela tivesse gostado do meu jeito engraçado e tranqüilo, depois de três meses de casamento, as nossas qualidades opostas criaram grandes problemas. Isso acontece muito com os Sujeitos Bonzinhos. De que maneira a sua passividade afetou a sua vida espiritual?

Eu pensava que Deus estava sempre prestes a me castigar. Como muitos Cristãos Bonzinhos, eu pensava que podia conquistá-lo com “bom” comportamento. Eu sabia a respeito do amor e da graça de Deus, mas o temor não me permitia experimentá-los plenamente.

A passividade também me levou a alguns pecados específicos, tais como meias-verdades, manipulação, ressentimento e amargura. Cristãos Bonzinhos enfrentam mais problemas com amargura e ressentimento porque costumam deixar que os outros pisem neles. Como deve agir uma mulher que é casada com um Sujeito Bonzinho?

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Deve dizer para ele como se sente quando a passividade dele a afeta. Por exemplo,

quando um profissional cobra um preço excessivo para fazer um serviço em sua casa e o seu marido não quer pegar o telefone e confrontá-lo, você provavelmente não se sente protegida e segura. Seja honesta a respeito disso. Mas durante o processo, evite envergonhar o seu marido ou diminuí-lo. Isso o afundará mais ainda.

Tente ajudá-lo a ver o que o medo está fazendo na vida dele, e encoraje-o a buscar ajuda de um conselheiro, se necessário. Uma vez que o medo esteja fora do controle de sua vida, o seu marido se tornará uma nova pessoa. A sua personalidade verdadeira finalmente virá à tona.

Quem sabe, pode sugerir que estudem juntos o Evangelho de Marcos ou a vida de Jesus, tomando o cuidado especial de observar todos os atributos de Jesus. Isto vai ajudar vocês dois a se tornarem mais semelhantes a ele. O que mudou na sua vida agora que se tornou um Sujeito Autêntico?

Eu sou mais proativo, tenho mais iniciativa própria. Não estou mais tão propenso a ser engolido pela agenda de outras pessoas como antes. Agora eu sigo a direção de Deus para a minha vida ao invés de me preocupar em agradar aos outros.

Sou mais protetor, também. Recentemente um garoto ficou amolando minha filha enquanto voltava da escola para casa. Então fui ao encontro deles no dia seguinte, pus o meu braço nos ombros dele, e disse-lhe: “Oi, sou o pai da Abby. Prazer em conhecê-lo. Agora preste atenção. Minha filha diz que você andou perturbando-a. Quando você perturba a Abby, está perturbando a mim. Por isso eu quero que você pare com isso. A partir de agora”. Ele deixou minha filha em paz depois daquele dia. Eu jamais teria sonhado em fazer uma coisa dessas anteriormente. Agora meus filhos estão mais seguros.

Minha esposa sabe que agora está convivendo com um líder imperfeito, mas que não precisa mais me tratar com luvas de pelica todo o tempo. Ela sabe que não vou mais ser tão frágil como antes. Ela está mais feliz e à vontade.

Jesus demonstrou amor quando convidou as crianças para estarem com ele – mas também quando expulsou os cambistas do templo. Já que Jesus deu o modelo para os dois tipos de amor – terno e duro – isso me dá, como homem e como seguidor de Cristo, a liberdade de fazer o mesmo. Como podem os pais evitar que seus filhos se tornem Sujeitos Bonzinhos?

Meninos passivos temem tomar suas próprias posições ou discordar dos seus pares. Por isso, uma das melhores coisas que um pai ou uma mãe pode fazer é permitir que o seu filho tenha opinião – mesmo que seja errada a princípio. Não estou dizendo para deixar sem correção as idéias más ou pecaminosas. Mas faça isso de tal maneira que o seu filho saiba que ter uma opinião não é mau. Se não lhe for permitido expressar as suas opiniões quando é jovem, suas chances de afirmá-las quando for mais velho serão menores ainda.

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Sem envergonhar ou diminuir o seu filho, mostre-lhe como as suas atitudes e seus

comportamentos passivos estão afetando a vida dele. Ajude-o a se entender com os seus temores, o motivador que causa a passividade. Trate com um medo específico e, então, duas semanas mais tarde, fale sobre o fato de que esse medo não chegou a se concretizar. Mostre também que se aquilo que temia viesse a acontecer, não seria o fim do mundo. Fale a respeito de como pode lidar com a situação. Existe uma mulher cristã passiva?

Sim. Infelizmente o medo e a passividade são agentes destruidores que operam de modo igual em ambos os sexos. É um pouco mais evidente nos homens já que se espera que sejam mais competitivos e durões. Mas esse comportamento pode ser igualmente frustrante para os maridos de mulheres cristãs passivas. O lado bom é que as mulheres, tipicamente, são mais inclinadas a procurar ajuda e mais capazes de falar a respeito das suas emoções e problemas.

Independente de gênero, é impressionante o que acontece quando colocamos esse medo enganoso e debilitante na luz: ele perde o seu poder sobre nós. E, com a ajuda de Deus, passamos a ser capacitados para uma vida melhor, mais livre, mais abundante nele. Publicado na revista “Today’s Christian Woman” – Março/Abril 2006 (do grupo “Christianity Today”, www.christianitytoday.com).

Homens de Verdade: Jóia Rara!

Valdir Ávila S. Junior

“Farei que os homens sejam mais escassos do que o ouro, mais raros do que o ouro de Ofir” (Is 13.12).

O texto acima chamou muito a minha atenção. Embora o contexto se refira ao juízo de Deus contra a Babilônia, resultando na morte de quase todos os seus homens de guerra, podemos aplicá-lo simbolicamente à cultura babilônica do mundo atual, que tem afetado muito a igreja. O problema não é falta de homens (sexo masculino): o que é raro é encontrar homens de verdade, homens que tenham hombridade.

Não quero fazer apologia ao machismo ou defender o sexo masculino; o que quero é mostrar que esta profecia (além de outras, como Isaías 4.1) fala de uma diminuição, quase erradicação dos homens. Isso está acontecendo literalmente no sentido de homens que tenham a marca da imagem de Deus, e nos alerta com um dos anúncios da proximidade do grande e temível Dia do Senhor.

O que temos hoje, dentro e fora da igreja, são homens sem identidade, homens que não são homens, homens sendo caçados como presas, quer na área profissional, quer na área sexual, homens sem uma palavra firme, sem voz de direção ou convicção, homens que são meros bonecos – é isso que está acontecendo com os homens em nossos dias.

Hombridade fala de uma postura, um relacionamento correto entre o homem e Deus; fala de caráter, do modelo que Jesus nos deu. Nunca, em toda a história, vimos uma

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desvalorização tão grande do papel do homem, nunca vimos tamanha banalização da figura do marido, do sacerdote do lar, do pai de família. Se você ainda não observou esse fenômeno, preste atenção nas novelas, nos filmes e nos seriados e veja o quanto se diminui e ridiculariza o papel do homem na família.

A educação e a criação de filhos têm sido terceirizadas porque existem poucos pais cuidadosos que se preocupem com o crescimento sadio de seus filhos. O governo dos lares e até de países está indo para as mãos das mulheres, que já estão se destacando mais (veja Is 3.12).

Isso está acontecendo dentro de casa e também dentro das igrejas, pois não cuidamos da criação, não educamos, não conseguimos despertar em ninguém o desejo de ser igual a Jesus; o problema é que nós, os pais espirituais, não nos parecemos com Jesus.

O cerne da questão é que no plano físico estamos perdendo a característica de “homens de valor”. A palavra do homem não vale mais nada, pois quem fala é pouco confiável, volúvel, fechado dentro de suas ambições pessoais, de sua realização e sucesso próprios. Não importa muito se estamos examinando a situação dentro ou fora das igrejas. Os homens que Deus permitiu trabalhar na terra, os líderes que deveriam ser referencial para o povo, estão iguais aos do restante da sociedade. Não possuem diferença nenhuma do padrão individualista do mundo. Deus está cansado do egoísmo dos homens.

Costumo me lembrar de meu pai falando comigo quando ainda era menino: “Seja homem”. O que Deus fala ao seu povo hoje é exatamente isso. Sejamos homens! Não podemos deixar a hombridade ser perdida. O papel do homem é estar sob o comando de Deus. Podemos viver numa sociedade e num mundo perdidos, podemos a todo momento ver o evangelho ser mercadejado, mas não devemos aceitar isso; precisamos de coragem e convicção para tomar nosso lugar e lutar contra o que está acontecendo.

A postura que Deus procura nos homens é pessoal e inegociável. Por isso, a única verdadeira hombridade é encontrada naqueles que estão sob o governo dele. Quanta coisa mudará na nossa vida terrena e espiritual quando descobrirmos que é possível “ser homem” rendendo-nos a Jesus, pois a palavra final sempre será dele e ele não mente, não erra jamais! Dessa forma, nós também passaremos a ser constantes e confiáveis.

Isaías 13 é uma profecia contra Babilônia. O texto é específico sobre o julgamento de Deus e nos avisa que o Dia do Senhor está perto. Lemos o texto e conseguimos ver que o que ele descreveu está acontecendo nos dias atuais, quer seja no mundo, quer seja dentro das igrejas. É um alerta para que busquemos o mover de Deus entre aqueles que o temem a fim de que sejamos, por sua misericórdia, restaurados em nossa humanidade, segundo a imagem de seu Filho, e poupados do grande juízo vindouro. Valdir Ávila Jr. faz parte do Conselho Editorial da revista Impacto, é pastor da Igreja Bíblica em Piracicaba, e é casado com Cristina e pai de Daniella. E-mail: [email protected]

Onde Estava Adão Quando Tudo Começou?

Larry Crabb

Onde estava Adão quando a serpente tentou Eva? A Bíblia diz que após Eva ter sido

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enganada por Satanás, tomou do fruto proibido “... e comeu, e deu também ao marido, e ele comeu" (Gn 3.6).

Será que Adão estava ali o tempo todo? Em pé, bem ao lado da esposa, enquanto a serpente a enganava com sua astúcia? Estava ali, ouvindo cada palavra? Se estava – e há boa razão para pensar assim – então uma importante pergunta precisa ser feita: POR QUE ELE NÃO DISSE NADA?

Antes de Deus criar Eva, ele já ordenara a Adão que nunca comesse de certa árvore. Era esperado que Adão transmitisse a proibição à esposa quando esta apareceu em cena. Presumimos que ele o fez. Mas quando a serpente encetou uma conversa com Eva com o intuito de confundir suas idéias a respeito da bondade de Deus, Adão não disse nada. Contudo, estava ouvindo cada palavra! Ele ouviu Eva citar incorretamente a ordem de Deus que ele, Adão, lhe transmitira cuidadosamente. Estava observando quando ela começou a olhar a árvore proibida. Viu quando ela deu um passo na direção da árvore e estendeu a mão para apanhar seu fruto. E não fez coisa alguma nem falou palavra alguma para detê-la. Adão permaneceu em silêncio! Por quê?

Lembre-se de que Eva foi enganada pela serpente, mas Adão não (1 Tm 2.14). Ele sabia o que estava acontecendo. Talvez devesse ter dito: "Ora, espere aqui um minuto só! Querida, essa serpente está aprontando encrenca. Estou vendo certinho sua lábia diabólica. Ela está enganando você para fazê-la pensar que tem mais a ganhar se desobedecer a Deus do que se permanecer fiel a ele. É uma mentira! Deixe-me contar-lhe exatamente o que Deus me disse antes de ter feito você. E olhe à nossa volta. Isto é o Paraíso. Deus o fez e deu todinho para nós. Não temos nenhuma razão para duvidar da sua bondade.” E depois, afastando-se de Eva: “Serpente, esta conversa acabou. SUMA!”

Mas Adão não disse nada. Ele ficou ali, ouviu e viu tudo e não disse uma palavra sequer. Ele falhou para com sua mulher. Falhou, em sua primeira luta espiritual, em representar Deus. Falhou como homem!

O silêncio de Adão é o começo da falha de cada homem, da rebeldia de Caim à impaciência de Moisés, da fraqueza de Pedro até a minha falha ontem em amar bem a minha esposa. E é um retrato – um retrato inquietante mas revelador – da natureza de nosso fracasso.

Desde Adão, todo homem tem tido uma inclinação natural para permanecer em silêncio quando deveria falar. O homem sente-se mais confortável em situações nas quais sabe exatamente o que fazer. Quando as coisas ficam confusas ou apavorantes, suas entranhas se contraem e ele se afasta. Quando a vida o frustra com sua enlouquecedora imprevisibilidade, ele sente a raiva crescer dentro de si. E então, cheio de terror e fúria, ele se esquece da verdade de Deus e trata de defender-se.

Desse ponto em diante, tudo dá errado. Voltado apenas para si mesmo, ele se vira para fazer sua vida funcionar. O resultado é o que vemos todos os dias: paixões sexuais descontroladas, maridos e pais sem envolvimento, homens zangados que amam estar no controle de tudo. E tudo isso começou quando Adão se recusou a falar.

Os homens têm um chamado singular para se lembrarem do que Deus disse e falarem de acordo, a adentrarem a perigosa incerteza com confiança e sabedoria que vem de ouvir a Deus. Em vez disso, como Adão, esquecemo-nos de Deus e permanecemos em silêncio. E Satanás continua obtendo um número excessivo de vitórias: em nossa sociedade, em nossas igrejas e nas vidas de nossas esposas, filhos e amigos. Está na hora de os homens recobrarem a voz, de ouvirem a Deus – e de falarem.

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Nota da Redação: É importante observar que não há nenhuma base sólida para se afirmar que Adão ouviu a conversa entre a serpente e Eva. No entanto, as considerações do autor a respeito da omissão de Adão, mesmo quando Eva lhe deu o fruto proibido, continuam muito válidas. Extraído de: “O Silêncio de Adão”, de Larry Crabb com Don Hudson e Al Andrews, Editora Sepal.

Varonilidade

Larry Crabb

Quando a energia masculina não é liberada, quando é suprimida ou distorcida, os homens:

1. Sentem-se impotentes; por isso compensam, dedicando-se a controlar alguma coisa. Tornam-se HOMENS AGRESSIVOS.

2. Experimentam fúria e se convencem de que a vingança lhes é devida. Tornam-se HOMENS ABUSIVOS.

3. Vivem com um terror para o qual não há solução ou escape, apenas alívio. Eles atenuam o terror com prazer físico e tornam-se HOMENS VICIADOS.

O homem autêntico é muito diferente. Quando a energia que Deus colocou dentro do homem é liberada:

1. O homem sabe que é forte, não impotente. Homens fortes tomam a iniciativa, mesmo quando não estão certos do que fazer. Sua vocação de refletir a Deus, em sua maneira de se relacionar, os compele mais do que a esperança de poder ou o medo da impotência. O homem viril não é um homem agressivo; é um HOMEM ATIVO, mais dedicado a desenvolver a força que outros possam desfrutar do que concretizar, para si mesmo, um senso de poder e controle.

2. O homem experimenta uma forma de viver menos zangado, menos facilmente ameaçado. Ele tem a coragem de enfrentar sua experiência honestamente. Sente dor e tristeza, mas essas coisas geram uma ira santa, do tipo que desperta compaixão pelas pessoas, mesmo sentindo ofendido pelo pecado. O homem liberado não é abusivo; é um HOMEM MANSO, não fraco, um homem cujo poder é controlado para propósitos bons.

3. O homem trata o corpo com severidade, para evitar o perigo de submeter-se a um poder alheio. Ele luta pesado contra seu desejo implacável de prazer. Ele se move de acordo com um plano. É um HOMEM FOCADO que deseja mais que tudo contribuir para o propósito pelo qual está vivendo.

Sugiro que o homem está no máximo da varonilidade quando admite: “Não sei o que

fazer nesta situação, mas sei que é importante eu me envolver e fazer algo. Tentarei visualizar, portanto, o que Deus talvez queira ver acontecer na vida desta pessoa ou nesta

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circunstância, e seguirei na direção dessa visão com toda a sabedoria e poder que Deus me fornecer”. Há sempre algo para SER, mesmo quando não houver nada para FAZER.

A Ferida do Pai

Gordon Dalbey

“Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e temível dia do Senhor. Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do contrário, eu virei e castigarei a terra com maldição” (Ml 4.5,6, NVI).

Em 1990, numa reportagem especial do canal PBS da TV norte-americana, o poeta secular Robert Bly impugnou décadas de confusão entre os gêneros (masculino e feminino) com uma declaração inquietante. O homem médio hoje, segundo ele, aprendeu bem de sua mãe como abraçar seu lado “mais meigo e feminino”, tornando-se afável e receptivo. Entretanto, não aprendeu a abraçar seu lado mais “decidido e masculino”, porque seu pai fora ausente emocional e, muitas vezes, fisicamente também.

Sem um pai para ancorá-lo em sua identidade masculina, declarou Bly, o homem se abdica do seu destino e procura na mãe ou na esposa a definição de sua natureza e propósito. No fim, acaba adotando uma falsa feminilidade e torna-se passivo.

O texto de Malaquias, citado acima, contém as últimas palavras da Velha Aliança. De modo significativo, a promessa ali afirmada – e a advertência também – formam uma espécie de portal de entrada para a Nova Aliança, um limiar para a vinda do Messias. A implicação é que a desintegração de relacionamentos entre pais e filhos neste mundo reflete a quebra de contato entre a humanidade e Deus. É por isso que a restauração do relacionamento com o Pai constitui, na realidade, o foco principal do poder redentor de Deus neste mundo e da missão de Jesus na Terra (Jo 14.8-13).

O Que é a Ferida do Pai?

A ferida do pai retratada no texto de Malaquias é a diferença entre o que seu pai natural lhe deu e o que Deus Pai quer lhe dar. Portanto, todo homem sente o ardor dessa ferida.

Nenhuma dor fere o coração do homem mais profundamente do que o abandono emocional e/ou físico do pai. Para os homens, a ferida do pai é uma maldição mortal. Conseqüentemente, nenhuma dor invoca mais diretamente o poder redentor de Deus Pai.

É por essa razão que a visão escatológica de Deus enfoca tão claramente a cura dessa dor – como se vê no texto de Malaquias. E é por isso que o inimigo de Deus usa todos os recursos do inferno para nos fazer negar não só a ferida do pai em si, mas a própria paternidade de Deus.

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Como homem, talvez eu não possa avaliar corretamente o que a ferida do pai e a maldição resultante significam na vida de uma filha. Contudo, posso afirmar que para os homens não se trata de um mero conceito abstrato da Teologia ou da Psicologia. É uma realidade paralisante que – só para começar – torna o homem inapto junto com a mulher, desconfiado de outros homens, míope em sua visão de Deus e, conseqüentemente, desconectado do seu destino.

O pai chama para fora o elemento masculino no seu filho. Sem essa entrada essencial do pai, o filho não consegue se ver mais adiante como homem. Rapidamente, pavorosamente a lacuna entre a sua insuficiência como homem e a imagem do que deseja se tornar é tomada por vergonha. Seu espírito clama para que o pai venha salvá-lo. Sem outros homens para apresentá-lo ao “Pai de quem toma o nome toda paternidade, tanto no céu como na terra...” (Ef 3.14,15; “paternidade”, sentido original da palavra “família”), seu clamor ecoa no vazio.

Entra, então, o pai da mentira (Jo 8.44), e promete cobrir essa profunda vergonha nos homens de hoje através de impulsioná-los a uma variedade de comportamentos compulsivos e dependências, que vão desde drogas e pornografia ao excesso de trabalho (conhecido em inglês como workaholism ou vício do trabalho) e legalismo religioso.

A ferida do pai é uma ferida de ausência. Por esse motivo, é mais difícil ser reconhecida do que outras feridas e é, em última análise, mais destrutiva.

“Ainda estou esperando que meu pai converse comigo sobre sexo e sucesso, dinheiro e casamento, religião e criação de filhos”, um editor de revista confessou após a morte de seu pai. “A vergonha é que não conheço um homem de minha idade que não se sinta como se estivesse navegando na vida sem mapa.”

Há alguns anos, pouco antes do nascimento do meu filho, falei com 350 pais numa conferência de homens organizada por uma igreja grande e bem conhecida na Califórnia. Confessando meus temores e sentimentos de insuficiência como pai, fiz-lhes a seguinte pergunta: “Quando seu primeiro filho nasceu, quantos receberam manifestações de apoio, encorajamento ou conselho construtivo do pai?”

Somente cinco levantaram as mãos.

Abismado, resolvi testar esta estatística nas minhas palestras em outras conferências cristãs para homens. Em todos os lugares, a proporção permaneceu mais ou menos igual: um ou dois em cada cem.

Num outro retiro de 150 homens, perguntei: “Quando eram adolescentes, seu pai alguma vez conversou particularmente com vocês para ajudá-los em sua sexualidade?”

Duas mãos levantadas.

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Depois de dez anos fazendo conferências com homens em todo o país, as proporções não mudaram muito.

Pense novamente sobre a profecia de Malaquias. É alguma surpresa constatar que como pais e na nossa sexualidade nós homens estamos freqüentemente ajudando a cumprir a maldição profética de destruição?

Você pode matar um organismo vivo, como uma planta, de duas maneiras. Você pode ativamente destruí-la. Cortá-la, esmagá-la, pisoteá-la.

Mas, existe uma outra forma: Simplesmente abandone-a. Não a regue.

De qualquer uma das duas formas, morrerá.

O abandono mata.

Nós homens estamos transmitindo o impacto mortal da ausência do pai ao mundo à nossa volta, causando desde abortos e doenças sexualmente transmitidas a violência e músicas de ódio às mulheres.

De Onde Vem a Solução?

Na medida em que os homens cristãos fogem de enfrentar a ferida do pai, nós abdicamos ao mundo o nosso chamamento sagrado de proclamar o verdadeiro Pai de todos. E toma o nosso lugar o movimento de homens secular.

Separados de Deus Pai, os homens seculares só podem responder dentro de sua própria visão humana, centrada em si mesmos. São homens que não querem causar mal à Terra ou começar guerras ou ser donos de grandes empresas... mas ainda há algo de errado. Muitos desses homens são infelizes, não há energia neles. São preservadores da vida, mas não fontes de vida.

“Nós queríamos que os homens ficassem mais sensíveis”, uma amiga minha, profissional de carreiro, lamentou para mim. “Mas não queríamos que se tornassem passivos.”

Esse terrível vácuo no coração dos homens que não tiveram o verdadeiro acompanhamento de um pai precisa ser preenchido com algo autêntico, pois do contrário acabaremos destruindo a nós mesmos e as mulheres também. Como nenhum de nós tem esse “algo” necessário, precisa vir de algum outro lugar.

“O que adianta se ajuntar a outros homens?”, perguntou um homem que fora convencido por um amigo a participar de uma de minhas conferências. “Quero dizer, se todos nós estamos tão destruídos e vazios assim, como podemos receber algo juntos que nenhum de nós tem individualmente?”

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Aquele homem estava próximo ao Reino de Deus. Estava fazendo as perguntas certas.

Quebrados, nós homens não podemos curar a nós mesmos (Rm 7.18). Ao mesmo tempo, se quisermos encontrar hombridade autêntica, esse “algo” que está faltando não poderá vir das mulheres. Já tentamos e não deu certo.

É exatamente este impasse que prepara o momento que Deus tem planejado para se revelar como Pai e dar aos homens seu real destino como filhos.

Aqui, finalmente, diante do quadro total e aterrorizante da nossa insuficiência, surge o clamor que gerará o verdadeiro movimento de hombridade: “Quem me livrará do corpo desta morte?” (ou “do corpo que está me levando à morte” - Rm 7.24).

De fato, precisamos de intervenção sobrenatural. Claramente, o mover que trará cura aos corações dos homens requer poder espiritual. A ferida da ausência do pai pode ser identificada por simples honestidade humana e aliviada por sincera lamentação. Entretanto, só poderá ser curada, ao ponto de se recuperar o verdadeiro destino, através da presença do pai – o que nenhum poder humano pode suprir. Só Jesus, então, pode curar a ferida do pai, porque só ele pode vencer nossa natureza pecaminosa e restaurar relacionamento com o verdadeiro e sempre presente Pai de todos nós (Jo 14.6-14).

Somente a dignidade da filiação pode superar a vergonha do abandono (Rm 8.14-16; Sl 27.10).

Tentando Encobrir a Ferida

Nossa tarefa como homens cristãos é clara: nem exaltar hombridade, como fazem os religiosamente corretos, nem denegri-la, como fazem os politicamente corretos, mas resgatá-la – ou seja, restaurar a hombridade à sua verdadeira e original vitalidade, como somente aqueles que conhecem o Criador podem fazer.

Os homens que não levaram sua vergonha a Jesus não terão coragem de reconhecer esta importantíssima batalha em favor da verdade, porque não receberam o poder da ressurreição que vem do Pai para vencê-la. Ao invés disso, esconderão suas feridas, geralmente por trás de uma fachada religiosa que valoriza desempenho. Exortarão os homens a guardar os “dez princípios de hombridade santa” e os “cinco padrões de masculinidade bíblica”. Enfocarão a prática do bem porque têm medo de serem autênticos.

Qualquer movimento de hombridade que não começa se esvaziando e se entregando diante da cruz só poderá crescer em torno de si mesmo e, no final, acabar se transformando em falsa espiritualidade – caindo, dessa forma, nas velhas armadilhas de idolatria masculina, desde a misoginia até o militarismo.

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O homem comum hoje anseia sentir-se seguro em sua hombridade. Entretanto, tem medo de enfrentar sua natureza pecaminosa que ameaça essa segurança porque já está quase afogando na vergonha do abandono que sofreu do pai.

Quando o Verdadeiro se abdica, o Falso assola.

Traído por relacionamentos, o homem se refugia em técnicas e tenta ansiosamente obter o controle. Desesperado por possuir hombridade, irado por não ter recebido do pai o que precisava para obtê-la, torna-se vulnerável a uma abundância de substitutos mundanos – e até religiosos – que prometem abafar a voz da vergonha, restaurar-lhe o controle e torná-lo, enfim, um verdadeiro homem.

Vendo o Pai Como Deus o Vê

Se, por outro lado, o homem clamar a Jesus e prosseguir apesar da dor até alcançar a verdade, ele pode confessar: “Eu preciso de um pai. Mas estou cansado de tentar achar vida no meu pai natural. Senhor, mostra-me meu pai como tu o vês”. Um homem que conheço orou assim e viu uma visão de um garotinho de muletas.

O homem que for autêntico descobrirá que seu pai também foi abandonado quando garoto e que, por essa razão, foi incapaz de gerar hombridade nele. Verá que seu pai não é o inimigo, mas uma vítima assim como ele.

Um garoto chora por causa das feridas do pai; o pai o machuca e ele chora. O homem chora em favor das feridas do pai, como intercessor. Isso o leva a sentir compaixão pelo pai e, pela graça, perdão. E, no final, leva-o à libertação do ciclo de destruição de uma geração a outra, a fim de poder andar no seu próprio e verdadeiro destino.

Usando o Método da Velha Aliança ou da Nova?

O homem que não confiar em Jesus para carregar sua vergonha, porém, tenta encobri-la através da religião – isto é, compensar a falta de relacionamento tanto com seu pai natural como com Deus Pai através de “fazer a coisa certa”. Ele exalta a pergunta artificial e civil da hombridade: “Como posso fazer?”. É apavorante demais deixar o garoto abandonado fazer a pergunta verdadeira do guerreiro do Reino: “Quem me resgatará deste corpo que está me levando à morte?” (Rm 7.24).

O nosso problema como homens não é que somos ignorantes.

Estamos morrendo.

Entretanto, a maior parte do ensinamento cristão para os homens hoje simplesmente nos mostra o que devemos fazer, as terríveis conseqüências se não o fizermos e, talvez, os maravilhosos benefícios se conseguirmos fazer.

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É o tipo de ensinamento básico da Velha Aliança – um lembrete apropriado e necessário dos padrões de Deus para uma sociedade pagã e sem princípios. Como tal, é algo totalmente correto e necessário – porém, como Moisés sem Jesus, eternamente deficiente (Jo 1.17).

Cristianismo não é, como os conservadores insistem, um código moral. Tampouco é, como os liberais insistem, uma ideologia.

Cristianismo é um relacionamento com o Deus Pai vivo.

Os grupos cada vez maiores de homens em estádios ou outros lugares públicos, confessando seus pecados diante de Deus, podem representar um novo movimento de hombridade. Dou graças a Deus por isso. Contudo, ao mesmo tempo que temos prometido padrões mais elevados de comportamento, precisamos prosseguir e apropriar a plenitude do que Jesus morreu para dar aos homens, ou seja, a filiação. Aqui está o verdadeiro alvo do movimento de hombridade, definido por esta verdade central da Nova Aliança: Jesus não veio nos dizer o que devemos fazer, mas, antes, mostrar-nos quem faz (Rm 7.21-25; veja também Ez 36.24-28; Fp 2.13; Rm 12.1,2; Ef 3.21).

Esse autêntico mover de Deus entre os homens não é motivado pela vergonha que nos faz lutar para fazer o que é certo, mas pela graça que nos permite ser autênticos. É sustentado não por tentar atingir o padrão, mas somente pela confissão de que não somos capazes. Procede não de uma determinação de fazer “o que é certo”, mas do anseio de conhecer o verdadeiro Pai (Gl 5.1-6; Rm 7.18).

Um verdadeiro homem é um homem que é autêntico. Só homens autênticos podem nos levar a essa hombridade da Nova Aliança – homens que tiveram a coragem de enfrentar a vergonha de sua própria impotência e que a entregaram a Jesus para que ele a assumisse sozinho.

Nós homens precisamos hoje de líderes que não tenham medo que suas mentiras serão descobertas. Não aqueles que nos exortam a obedecer, mas que nos convidam a confiar. Não aqueles que nos ordenam a fazer o que é certo, mas que nos libertam por sua própria vulnerabilidade em ser autênticos. Não aqueles que nos advertem a ser fortes, mas que prometem a força do Pai.

A verdadeira hombridade não é alcançada pelo esforço temeroso de atingir padrões de masculinidade ou princípios de hombridade – não importa o quanto sejam bíblicos, santos ou semelhantes a Cristo. É gerada em nós pelo Pai (Jo 1.12,13; 17.25,26).

Este verdadeiro mover de hombridade está se despertando, até mesmo borbulhando, nos corações dos homens. Mas falta ainda irromper dentro das igrejas, em grande parte porque ainda não ousamos descobrir que a autodisciplina é fruto do Espírito – não um produto natural do nosso próprio esforço, mas uma conseqüência sobrenatural de entrega ao Pai (Gl 5.22).

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Como Paulo proclamou: “Porque não recebestes o espírito de escravidão para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai” (Rm 8.15).

Que sejamos tão autênticos assim.

Este artigo foi publicado originalmente em “Fuller Theological Seminary Magazine” em março de 1998. Encontra-se atualmente no site do autor: www.abbafather.com.

Gordon Dalbey é pastor, conferencista e autor de vários livros sobre o assunto de Hombridade em inglês, como “Healing the Masculine Soul” (“Curando a Alma Masculina”) e “Fight Like a Man” (“Lute Como um Homem”). Foi um dos preletores no primeiro evento dos “Promise Keepers” em estádio do Colorado, EUA, em 1992.

Onde Estão os Pais?

Reuven Doron

“Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor; ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha e fira a terra com maldição” (Malaquias 4.5, 6).

As questões essenciais que todos nós enfrentamos durante a jornada da vida são as mesmas: Qual é nosso valor, nossa identidade, nosso propósito e nosso destino? Quem somos nós? De quem ou do que adquirimos nosso senso de valor e singularidade? Qual é a base da nossa confiança? Em quem ou no quê depositamos nossa esperança?

As respostas, em sua quase totalidade, estão com os pais!

O derradeiro versículo no Velho Testamento promete a cura de uma das mais profundas feridas na família humana: a deficiência de vinculação, discipulado, bênção e transmissão entre o pai e seus filhos. E, embora alguns tentem espiritualizar essa promessa, aplicando-a exclusivamente à paternidade espiritual e eclesiástica, a verdade é que o texto deve ser entendido literalmente, pois a dimensão espiritual jamais será realizada sem o cumprimento natural.

Tempos difíceis despontam no horizonte, tanto de Israel como da Igreja verdadeira, e as relações entre cristãos e judeus serão severamente testadas durante a iminente polarização política entre trevas e luz. Ouve-se já o funesto rufar dos tambores de guerra nos horizontes enegrecidos do Oriente Médio e, a menos que haja uma intervenção especial da graça divina, a região em breve poderá se mergulhar em profundo conflito.

Como em todos os grandes apuros, muitos começarão a procurar desesperadamente pela segurança e proteção que só pais autênticos podem oferecer. Quer seja em famílias,

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quer seja em comunidades, congregações ou nações, a pergunta desta hora é: Onde estão os pais?

O Que é um Pai?

O livro de Provérbios (29.18) ensina que “Onde não há revelação divina, o povo se desvia...”. Na equação da família, é o pai que provê aos filhos visão, confiança e ímpeto para lutar. Se esses elementos estiverem faltando, ou a criança carregará sérias limitações durante toda sua vida, ou procurará propósito e valor em outro lugar.

O apóstolo Paulo disse: “Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais...” (1 Co 4.15). Muitos homens hoje têm uma idéia incompleta do que seja um pai ou de como podem ser pais espirituais aos seus rebanhos. Poucos entre nós tivemos pais que desempenharam corretamente seus papéis, e até os melhores pais são falhos na delicada arte de proporcionar amor incondicional, aceitação e visão, e, ao mesmo tempo, oferecer os princípios essenciais de disciplina, limites e conseqüências.

As estatísticas mostram que estamos perdendo mais da metade dos jovens nos lares cristãos para o abismo da sedução do mundo. Pouquíssimas famílias cristãs podem afirmar que todos seus filhos estão andando firmemente com Cristo. O fato mais perturbador é que muitos adolescentes e jovens, até de famílias bem fundamentadas, estão buscando realização e satisfação no mundo, sem um senso definido de propósito, visão ou destino para guiá-los.

Por que isso está acontecendo? Cristo não lhes basta? Não os levamos a todas as classes bíblicas, reuniões de jovens e acampamentos cristãos possíveis? A Palavra de Deus não teve poder suficiente para fixar suas almas à âncora da fé? Essas perguntas assombram muitos pais hoje, no entanto as respostas os iludem.

A verdade é que os filhos, muitas vezes, perdem o rumo, não por causa de uma falha na provisão celestial, mas por causa de falhas na função paternal. Inúmeras vidas jovens estão sofrendo hoje de ausência crônica do pai e passam anos, conseqüentemente, tentando preencher esse vazio. É por isso que devemos fixar nossos olhos de fé na promessa do Senhor, em Malaquias, da restauração desse relacionamento quebrado.

Pecados dos Pais

Ao estudar crimes violentos, os pesquisadores descobriram que, depois da característica de serem do sexo masculino, poucos fatores eram mais universais entre os praticantes desses crimes do que o fato de terem sido criados sem o pai. Para dar alguns exemplos, 60% dos estupradores, 75% dos homicidas adolescentes e 70% dos menores em instituições de correção juvenil (dados dos EUA) se encaixam nessa condição trágica de ausência de pai. Onde estão os pais?

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Pesquisas recentes em Psicologia Infantil confirmam o que a Bíblia sempre ensinou: Se deixarmos de amar, educar e disciplinar nossos filhos, não só estamos condenando-os a um futuro desolado, mas também estamos destruindo os próprios alicerces e estruturas da nossa sociedade. A infância, como agora sabemos, é o intervalo limitado da vida em que os fundamentos de confiança, compaixão, respeito, consciência e capacidade de aprender são lançados e “instalados” no cérebro em formação. No entanto, negligência, abuso e abandono durante esse mesmo período sensível criam uma disposição para insegurança, ira, desorientação e violência.

Embora todos tiveram um pai, um número cada vez maior de crianças e adolescentes tem pais que só vêm para “visitas” ou nunca aparecem. Na verdade, mais de 25 % de todas as crianças nos EUA hoje são criadas em lares dirigidos por mulheres, e somente um pouco mais que a metade ainda vive com ambos os pais biológicos. A tendência é semelhante em boa parte do mundo ocidental. Logo a maioria das crianças nascidas nesta década viverá uma porção significativa de suas vidas sem o pai biológico. Onde estão os pais?

Na nossa cultura, temos nos convencido de que criar filhos pertence à área das mulheres. Porém, a pesquisa mostra que o pai, tanto ausente como presente, exerce uma influência muito grande no futuro de seus filhos. O senso de pertencer e de ser aceito são necessidades primárias e essenciais em qualquer vida jovem. Se o pai, que é a principal fonte de identidade e segurança, não está trazendo esses elementos, o filho tentará achá-los em outro lugar. Os garotos irão para as gangues e as garotas procurarão nos garotos. Onde estão os pais?

Mesmo entre aqueles que foram mais afortunados e foram criados com a presença do pai biológico, muitos têm um pai que é chamado por pesquisadores de pai sombra (emocionalmente frustrado), pai quebra-limites (abusivo), pai ausente ou pai crítico (aquele que nunca elogia o filho, só sabe destruí-lo). Onde estão os pais?

Estatísticas atuais mostram que entre 50 e 60% de todos os primeiros casamentos nos EUA terminam em divórcio, sendo que o segundo casamento tem uma taxa de quase 75% de divórcio. Os números na igreja são tão negativos quanto no mundo e, se formos olhar somente os círculos evangélicos e pentecostais, são até piores (dados dos EUA). A maioria dos homens divorciados segue em frente com a vida, deixando os filhos para serem criados pelas mães. Onde estão os pais?

Todas essas estatísticas estão constantemente aumentando (para o pior). Com mais uma geração seguindo a mesma tendência, sem algo para interrompê-la, nossa sociedade ocidental será irreversivelmente dominada por multidões feridas com pouca capacidade de compreender ou aplicar as forças morais de bênçãos entre gerações, habilidades de vida saudável ou as virtudes éticas e sociais geradas por uma vida familiar temente a Deus. Essas condições trágicas na esfera natural apontam para o déficit catastrófico que a Igreja tem na esfera espiritual. Onde estão os pais?

Orando de Acordo com Sua Promessa

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Louvamos a Deus pelos muitos corações corajosos, pelas mães solteiras (e pelos pais também) que têm doado suas vidas de forma sacrificial para criar seus filhos para servir o Senhor. Louvamos a Deus pelos casais que superaram os estragos de divórcio ou separação e encontraram a graça para reconstruir suas vidas, arrepender-se de erros cometidos e fazer o conserto e a limpeza necessários para criar uma descendência temente a Deus. À medida que esses heróis desconhecidos buscam em Deus a solução para os quebra-cabeças de suas vidas, seus filhos um dia se levantarão e os chamarão bem-aventurados. Contudo, muitos nesta geração não terão essa oportunidade.

Num mundo que está enlouquecendo, o pai será uma peça cada vez mais rara. Tanto na família, como na igreja, na cidade ou na nação, somente verdadeiros pais serão capazes de dar segurança aos seus rebanhos. Logo as massas, cada vez mais desesperadas por esperança e segurança à medida que o mundo ao seu redor vai desmoronando, serão atraídas às famílias, igrejas e comunidades que experimentam a verdadeira paternidade. Como os ímãs atraídos à massa metálica da Capa do Pólo Norte, as multidões buscarão o que só os pais tementes a Deus poderão dar: segurança, visão e esperança.

Que nós, como homens, possamos buscar em Deus a capacitação para que sejamos pais semelhantes a ele. E que as mulheres de Deus em nossas vidas possam interceder em nosso favor, a fim de que essa transformação seja completa, para glória do seu nome!

(Reuven Doron é um judeu messiânico

que reside atualmente em Minnesota, nos EUA)

Textos extraídos da Revista Impacto (www.revistaimpacto.com.br) Apostila elaborada por Ester Santana em 25/05/06 – (Dia do Soldado)

Masculinidade: O que é ser Homem?!

Por Gordon MacDonald

"Você pode até servir o Exército, mas não é isso que faz de você um homem!"

Esse foi um trecho da carta que recebi quando tinha uns vinte anos de idade. O autor

da carta se ofendeu por algo que eu disse e estava tentando, da melhor forma que podia, argumentar.

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Por que me lembrar dessa carta agora? Porque como todos os homens que conheço, há poucos assuntos que me afetem mais do que a autenticidade de minha masculinidade. Sou marido, pai e avô. Sustento minha família; pratico esportes com relativo sucesso, e me dou bem com a maioria dos homens com os quais me relaciono. Será que isso é suficiente? É necessário que também apresente uma certidão de reservista? É necessário que use impostação em minha voz para exercer controle nas situações e assim... sempre tomar as decisões? Em nossa cultura ocidental o assunto masculinidade tem ocupado mais espaço, a cada ano. As pessoas têm perguntado cada vez mais sobre o que significa ser homem e o que distingue um homem de uma mulher. As respostas não são fáceis de serem dadas e mesmo classificando-as em algumas categorias principais, não foram suficientes para concluir o assunto de forma satisfatória. O que é masculinidade? Qual a natureza da masculinidade? Se sua vida é organizada em volta da Bíblia, as perguntas ficam ainda mais interessantes. Qual a natureza da masculinidade na Bíblia? Primeiramente, vamos abordar alguns papéis tradicionais da masculinidade e falar sobre o porquê de hoje, haver tanta confusão a esse respeito. Depois, passaremos a um modelo extraído da Bíblia. Como foi nosso percurso dos tempos bíblicos até hoje? Como a definição dos papéis do homem e da mulher ficaram um pouco confusos em nossa sociedade, precisamos observar as definições tradicionais para vermos que partes delas são culturais (e, portanto, mutáveis) e aquelas que - para aqueles que chamam-se a si mesmos de "seguidores de Cristo" - são bíblicas (fechadas para qualquer negociação). Até pouco tempo atrás, na História, a identidade e o papel dos homens era considerado óbvio. Os homens eram guerreiros (protetores), os líderes (cabeças das famílias, dos negócios e do governo), bem como aquele que tomava todas as decisões. Qualquer pessoa com mais de cinqüenta anos deve lembrar dos vestígios dessa época. O homem era considerado o sexo forte, e a mulher, o fraco. Os homens não podiam chorar, as mulheres sim. Os homens eram os provedores financeiros; as mulheres criavam os filhos. Os homens eram líderes; as mulheres suas seguidoras. Os homens tomavam a iniciativa, as mulheres correspondiam. Nos círculos cristãos de tradição evangélica poucas pessoas colocavam em dúvida o fato de

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os homens estarem com a autoridade, serem responsáveis pela liderança espiritual, e de serem mais aptos para ensinarem e pregarem. As mulheres foram ensinadas a serem submissas, a darem apoio e ensinarem as crianças. No entanto, pensamentos novos vieram à tona ao longo do caminho. As mulheres começaram a ouvir novos sinais, parcialmente provenientes do período do trabalho fabril durante as guerras que se sucederam, das oportunidades de se obter mais educação, do setor de entretenimento, e da nova realidade econômica. As mulheres começaram a receber uma implacável mensagem cultural: "o valor de uma pessoa é determinado principalmente pelo que ela faz e produz". Essa produção não é mais medida em termos de manter uma casa, educar filhos ou preparar alimentos, mas em termos de dinheiro, carreira e sucesso. (Não estou defendendo essa mentalidade mas sim reportando-a). A sociedade abriu as portas para essas mudanças e, os chamados movimentos femininos, os reforçaram. E o resultado? Cada vez mais mulheres adentraram a um mundo tradicionalmente reservado aos homens e isso causou um enorme rebuliço. Em grande parte, a forma de como hoje as mulheres encaram a feminilidade - correta ou incorretamente, bem ou mal, biblicamente ou não - têm forçado os homens a repensarem a natureza de sua masculinidade e que tópicos, se é que os há, a identificam. De forma grandemente simplificada, creio que foram essas razões que nos trouxeram à nova época que hoje atravessamos. Quem são os homens, excetuando-se, é claro, sua identidade biológica? O que faz com que um homem seja "homem", em termos espirituais, emocionais e mentais? Chego a me preocupar quando ouço alguns sermões e palestras ministradas em conferências masculinas. Junto com aquela tentativa de fazer de um homem "um homem", surge sempre aquele som agudo no ar: as chamadas entusiásticas de que os homens devem ser grandes líderes espirituais, grandes maridos, grandes pais, grandes líderes, grandes... grandes em tudo! Com efeito, são conclamados a serem super-homens evangélicos. Imagino o número de homens que saem dessas conferências emocionalmente motivados pela paixão do momento, mas internamente deprimidos, sentindo-se culpados pela conscientização interna de que as expectativas muito provavelmente são altas demais e que jamais conseguirão correspondê-las. Um simples resumo de uma masculinidade bíblica seria alívio para qualquer homem.

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"O HOMEM DE VERDADE" DA BÍBLIA Infelizmente, a Bíblia não apresenta de forma simples, um perfil de masculinidade. Em parte, isso deve-se ao fato de que ela reflete o tempo em que o homem estava no controle, era dono de tudo e executava grandes obras. Não estou inferindo aqui que esse era o perfil aprovado por Deus, mas temos que ler as Escrituras com o conhecimento de que elas foram escritas numa época em que o papel do homem era dominante e sem ameaças. Assumimos que Jesus representa a perfeição do modelo masculino. Porém, esse modelo é limitado em termos de masculinidade. Ele não foi marido, pai ou atleta. E mesmo em seu tempo de trabalhar para Se sustentar, sabemos muito pouco sobre Sua vida financeira. Porém, há algo que sabemos: o Senhor demonstrou bravura em meio a conflitos; tenacidade em meio à injustiça; segurança em situações críticas, como em meio à tempestade; gentileza com as crianças; respeito (inédito na época) às mulheres; e coragem na morte. Apesar desses traços deverem ser imitados por todos os seguidores de Jesus, devem ser incluídos em qualquer lista de masculinidade bíblica. Conquanto as Escrituras não nos forneçam nenhuma lista definitiva das qualidades masculinas, ela encerra histórias de características masculinas que são comuns entre si, apresentando as mesmas convicções e desafios. Através dessas histórias temos a vantagem de poder estudar as vidas de vários homens. Podemos perceber porque alguns deles obtiveram sucesso e, por outro lado, a razão do fracasso de outros. O que Deus pensava a respeito deles, se de situações difíceis ou de loucuras praticadas em suas vidas conseguiram reerguer-se, ou se começaram certo e acabaram "no buraco". Os homens da Bíblia reúnem todo tipo de imagens da masculinidade - guerreiros, reis, homens de negócio, desonestos, assassinos, fanáticos, fazendeiros, etc. A lista pode ser lida como uma lista das Páginas Amarelas, com as mais variadas profissões e serviços - homens emergentes, tomadores de decisão, vencedores de batalhas, conquistadores ou perdedores de grandes fortunas, homens que se comunicavam com Deus, homens atirados. Ocasionalmente, esses homens pareciam ser bons, mas nem sempre o foram. Mesmo o melhor entre eles, causou desapontamentos e outros, provavelmente, seriam afastados da liderança da igreja de hoje. Porém, houve também situações em que a pior espécie de homens descritos na Bíblia,

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chegaram a ser gigantes na fé e apresentaram uma vida espiritual de qualidade. É necessário que tenhamos uma visão geral desses homens e, então, perguntemos: o que destaca alguns como modelos de masculinidade bíblica? Será que é um comprometimento de fidelidade em servir a Deus, como Davi, que "serviu" sua geração de acordo com os propósitos de Deus? Ou será que é aquele tipo de intimidade refletida no misterioso comentário sobre Enoque: ele "andava com Deus"? Ou quem sabe seja a submissão à autoridade apresentada por José (marido de Maria) que aceitou o papel que lhe foi confiado e protegeu a Jesus enquanto criança? Há muitos e muitos exemplos na Bíblia de homens sinceros, íntegros e desenvoltos. A NATUREZA DO HOMEM DA BÍBLIA Ao considerar a vida de Jesus, e a de outros homens comprometidos com Deus apresentados na Bíblia, fiz uma lista de possíveis características masculinas. Apesar de estar longe de esgotar o assunto, gostaria de destacar alguns itens. Para considerar as características masculinas estarei, primeiramente, baseando-me na natureza de Deus, que é "cheio de compaixão, tardio para irar-se, e abundante em amor." Dificilmente comparada à imagem que, digamos, Clint Eastwood apresenta no cinema! Como um ser masculino. Deus era, e é, poderosamente criativo, capaz de uma ira santa, está no controle das circunstâncias, é um Pai gentil ao tomar conta de nós, seus filhos. Ele é confiável e honesto, fica bravo quando o desobedecem ou é desprezado e é, indubitavelmente, bom e restaurador quando buscado em arrependimento. Essas características deveriam ser a base da alma masculina. Nenhum homem que lesse a Bíblia deveria deixar de perceber esses traços e, todos os que tivessem seus corações voltados para Deus deveriam persegui-las e tentar desenvolvê-las em seu caráter e personalidade. A seguir, para uma maior visão, podemos estudar o caráter de homens da Bíblia que obtiveram a aprovação de Deus. Vejamos: a obediência de Abel; a natureza resoluta de Noé; o confiável Abraão: a competência de José; o perseverante Moisés; e a liderança de Josué. Também temos Daniel, firme sob circunstâncias estressantes e contrárias; o longânimo sofredor Oséias, que abriu mão de algumas prerrogativas normalmente masculinas, tais como aceitar de volta sua esposa infiel, para cumprir ao chamado profético de Deus.

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Há também os homens do Novo Testamento: Pedro e os doze rústicos habitantes do interior da Galiléia, homens ensináveis; Timóteo, do tipo pastoral sensível; e Lucas, o "profissional", que se colocava sempre cm segundo lugar, sendo o fiel escritor do trabalho e da vida de Paulo. Depois, vem o próprio Paulo, o líder de missões, infatigável organizador de igrejas, cuja mente podia lidar com verdades contundentes com relativa facilidade. Cada um desses homens era diferente entre si, porém todos possuíam um propósito definido em suas mentes. Eles sabiam para onde iam, conheciam seus limites e o que poderia ocorrer quando permitiam que sua fé os guiasse. Podemos ver esses homens começarem, fracassarem, crescerem, e então fazerem uma ou duas coisas bem significativas que acabava colocando-os na história bíblica. No entanto, a maior parte de suas vidas foi vivida na rotina do cotidiano, situações muito triviais para serem mencionadas nos registros bíblicos. A maioria deles formou famílias, cultivou relacionamentos, passou por enfermidades, conflitos e fracassos; acalentou sonhos, fantasias e expectativas. A maioria deles, certamente, chorou, perdeu o controle e se divertiu com uma boa piada. Porém, ouvimos muito pouco dessas especulações. É preciso ler nas entrelinhas. E porque não fazemos isso acabamos, muitas vezes, ficando com uma imagem irreal dos homens da Bíblia - figuras religiosas com os quais dificilmente podemos nos identificar. Essa é parte da razão, do motivo dos homens cristãos tomarem seus modelos de masculinidade da cultura e não da Bíblia. No entanto, as Escrituras não somente nos falam sobre os assuntos com os quais os homens bíblicos tiveram problemas, como também, nos dá instruções para seguir, que são tão aplicáveis hoje cm dia, como quando foram dadas. Através dessas instruções podemos aprender o que significa agir como um homem de verdade. AS AÇÕES DE UM HOMEM DE VERDADE Podemos começar a ver o significado da amizade masculina, do cuidar e do proteger, através de algumas instruções que são dirigidas unicamente aos homens: "Maridos, amai a vossas esposas com também Cristo amou a igreja". Isso é mais do que uma sugestão de que os homens cristãos não sabem amar. Por isso, eles precisam de um modelo. Podemos perceber outra dica sobre a masculinidade bíblica, com base no versículo: "Pais,

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não provoqueis vossos filhos à ira". Isso nos mostra que não são muitos os homens que sabem como ser pais e, por isso, precisam mudar a forma de encarar seus filhos, vendo-os como algo além do que um simples item a mais na lista de despesas da casa. Partindo dessa ordem podemos aferir que ira, poder, violência e linguagem provocativa não ajudam as famílias a se tomarem mais amadurecidas em Cristo. "Atentai para a instrução de teu pai"; "Sê prudente em teu andar"; "Buscai um coração puro"; "Coma o 'mel' da sabedoria "; "Afasta o teu caminho da mulher adúltera". A Bíblia parece ser muito consistente em sua visão do lado escuro do homem sua tendência à violência, à impureza sexual, à busca de riquezas, e ao orgulho. É por isso que a Bíblia faz lúcidas chamadas à responsabilidade do domínio próprio, à justiça e generosidade. Talvez a maior crise para se compreender a masculinidade esteja na compreensão da liderança como fonte de poder e não de humildade. A masculinidade proveniente de nossa cultura pinta o quadro da masculinidade, como um homem segurando uma metralhadora, um troféu de futebol, ou segurando um celular com seu ouvido. Todas as coisas estão sob seu controle! A masculinidade bíblica "pinta" o quadro de um homem com o ouvido voltado para o céu. Depois, descreve o homem cujas energias são dirigidas a proteger, inspirar, motivar e libertar outros. Esse homem dá, e não tira; ele vive por sua observância ao modelo e não por inércia. Ele sabe quando ir atrás de ação. como se manter em pé na dificuldade, e como ajoelhar no momento de quietude. Aprecio conviver com homens que possuam essas características. São difíceis de ser encontrados. Mas, louvado seja o Deus de toda graça que, pacientemente, espera que os homens persigam esses ideais e dá a possibilidade de uma "segunda chance e restauração" àqueles que continuam tentando. Não sei se o Exército se beneficiará muito com o assunto da verdadeira masculinidade, mas estou muito satisfeito com o modelo apresentado pelas Escrituras.

Fonte: Revista Lar Cristao - ano 12 - numero 41

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HOMENS: CUIDADO COM A TENTAÇÃO!

por Patrick Morley

Homens e mulheres respondem à tentação de maneiras diferentes. As mulheres tendem a fugir da tentação enquanto os homens têm a tendência de 'nadar contra a correnteza' e esperar a tentação passar.

Nenhum homem deseja cair na tentação propositadamente. Todos os dias nós ouvimos de homens, homens cristãos, que caem. A menos que um homem permaneça eternamente vigilante, os seus próprios maus desejos o levarão a cair em tentação e pecado. Seis tentações que os homens enfrentam:

· Negligência emocional. Os homens são tentados a não dar às suas esposas as coisas que elas mais desejam: envolvimento emocional e intimidade; compartilhar a si mesma em um nível profundo, e esperam o mesmo do seu esposo. Deus ordenou: 'Maridos, amem as suas esposas, assim como Cristo amou a igreja' (Ef 5:25). A Bíblia não dá instruções similares às mulheres porque as esposas naturalmente desejam um relacionamento amoroso mais íntimo. Para os homens, isto deve ser aprendido.

· Desejo. Os homens se tornam sexualmente estimulados visualmente. Quando, ocasionalmente, um homem olha e deseja, não significa que ele está deixando de amar a sua esposa. Ele está sendo tentado - física e espiritualmente. Nós vivemos em uma cultura super-estimulada sexualmente em que muitos homens têm drenadas, pela constante exposição, as suas energias espirituais e morais necessárias para resistir á tentação. A melhor maneira de resistir à tentação é fugir dela.

· Falsos deuses. Você deve ter apenas um deus. Muitos homens tentam adorar um ídolo e Deus. Isto também é impossível. Idolatria é o erro de dar adoração e honra a qualquer poder ou objeto que não seja o próprio Deus. Devemos ir a Jesus Cristo e a ninguém mais. E qualquer coisa que não seja Ele nunca nos satisfará (i.e. realizações, dinheiro, prazer, possessões, poder, prestígio ou posição).

· Dinheiro e dívidas. Os homens acham o dinheiro intoxicante. Jesus colocou o dinheiro como o seu competidor-chefe: 'Vocês não podem servir a Deus e as riquezas' (Mt 6:24). O homem não é apenas tentado a ganhar mais dinheiro, mas também a gastar mais dinheiro do que ele pode repor. A tentação não é amar a Deus ou ao dinheiro. A tentação é amar a ambos. Viver livre de dívidas dentro das suas possibilidades tendo Jesus Cristo como o Deus de sua vida é o objetivo.

· Lamúrias e ressentimentos. A Bíblia fala das pessoas que se queixam da suficiência do cuidado de Deus. Quando os homens vêem outros avançando mais rapidamente, freqüentemente ressentimentos, ciúmes, inveja e amargura crescem dentro dele. Em geral, endurecem os seus egos. O meio de vencer esta tentação é aceitar que muitas vezes na vida vamos perder e olhar estas coisas de um ponto de vista positivo. Paulo disse: "Eu aprendi a viver contente em todas as circunstâncias" (Fp 4:11).

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· Orgulho. Orgulho teimoso freqüentemente faz com que um homem evite humilhar a si mesmo e admitir que está errado. A tentação do orgulho vem de muitas maneiras. A forma mais comum é a de um homem olhar os outros com desdém, como se eles fossem menos que ele. Este é o pecado da comparação, no qual um homem compara as suas (aparentes) forças com as fraquezas de outro. Igualmente insidiosa é a tentação para o homem olhar com desgosto para outros que têm se saído melhor que ele. O orgulho pode fazer com que alguns homens achem que estão acima dos chamados "toques emocionais" e então negligenciar emocionalmente as suas esposas.

Patrick Morley é um líder organizacional, palestrante, e autor de sete livros best-seller, incluindo O Homem de Hoje, Walking with Christ in the Details of Life, The Rest of Your Life, Devotions for Couples, e Desafios da Vida de Um Homem. Ele vive com sua família em Orlando, Flórida.

Retirado de What Husbands Wish Their Wives Knew About Men, por Patrick M. Morley. Copyright (c) 1998 by Patrick M. Morley. Usado com permissão de Zondervan Publishing House, Grand Rapids, Michigan, 49530, 1-800-727-3480.

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Homens que Oram Podem Fazer Uma Diferença Dave Butts

Em geral, são as mulheres que predominam no ministério de oração nas

igrejas. Existe uma razão para isto. Na maioria das situações, as mulheres oram

mais que os homens. Peter Wagner observou que das pessoas que identificam

seu chamado principal como sendo a intercessão, 80% são mulheres.

Considere as razões para este fato, lembrando-se de que estamos falando

sempre em termos gerais. As mulheres, via de regra, são mais compassivas do

que os homens, o que as leva naturalmente a orar mais em favor dos outros.

Além disso, também em termos gerais, as mulheres são mais

espiritualmente sensíveis que os homens. Esta consciência daquilo que está

acontecendo espiritualmente é conducente à oração. Sem dúvida, em muitas

igrejas, senão na maioria delas, o modelo que os membros têm para seguir é de

mulheres que oram. As mulheres vão à reunião de oração, enquanto os homens

trabalham na construção do templo. Um estereótipo? Possivelmente – mas, em

geral, um quadro bastante próximo da realidade.

O que Deus talvez permitiu no passado não será mais tolerado por ele hoje.

Deus está chamando os homens para se apresentarem a fim de desempenharem

sua parte na oração. O Senhor está chamando TODA a igreja à oração – tanto

homens como mulheres, assim jovens como velhos.

Pense, por um instante, no aspecto de guerra espiritual que existe na

oração. John Piper escreve: “Enquanto não descobrirmos que a vida é uma

guerra, não saberemos para que serve a oração”. A oração envolve batalha contra

as forças espirituais nos lugares celestiais. Como se sentem, homens, enviando

sua mãe ou esposa para a guerra, enquanto permanecem tranqüilamente

sentados em casa? Não é isto que estamos fazendo, quando consideramos a

oração como trabalho de mulheres? É tempo de tomarmos o lugar de guerreiro, ao

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lado das mulheres, para batalharmos juntos na força e vitória do Senhor, como

povo de oração.

Considere também a questão de liderança espiritual no lar. Está muito claro

nas Escrituras que o Senhor espera que os homens cristãos sejam líderes

espirituais nos seus lares. Aqui está uma verdade, entretanto, que nem sempre é

compreendida: líderes espirituais oram! Se um homem não ora, como poderá ser

líder espiritual? Homens que não oram estão abdicando seu lugar de autoridade

espiritual e deixando suas famílias abertas a ataques. Como pode ver, esta não é

uma discussão abstrata, mas uma questão muito prática para você e sua família.

Creio que o lugar onde os homens casados precisam começar é na

formação do hábito de orar junto com suas esposas. A maioria dos homens

cristãos não tem esta prática. Há vários anos, um periódico de liderança cristã fez

uma pesquisa entre pastores e descobriu que a maioria deles também não orava

com suas esposas. Há sempre motivos para isto, mas permanecem apenas como

desculpas. Casais que oram juntos estão forjando poderosos vínculos entre si que

não serão facilmente quebrados.

Numa outra pesquisa, foi notado que entre mil casais que oravam juntos,

somente um viu seu casamento desmoronar. Compare isto com a estatística de

quase 50% de separações nos outros casais, inclusive em se tratando de casais

cristãos.

Logo depois do nosso casamento, minha esposa, Kim, e eu fizemos um

compromisso de orar juntos. Porém, parecia que nunca encontrávamos a hora

certa no dia para fazer isto. Finalmente, decidimos que o único jeito que daria

certo para nós seria levantando meia hora mais cedo de manhã. Nosso tempo de

oração é muito precioso para nós. Percebo as coisas que são importantes para

Kim, simplesmente prestando atenção às suas orações. Ela me ouve orando pelo

seu dia e pedindo a Deus para abençoá-la, assim como eu ouço as orações dela

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por mim. É um tempo maravilhoso de compartilhar juntos diante do Senhor e de

fortalecer um ao outro.

Há dias quando não oramos juntos. Talvez, por estarmos fora da nossa

rotina costumeira, ou viajando, ou especialmente cansados. Não há problema.

Não é uma exigência legalista que não admite que falhemos um dia de oração em

conjunto. Não se coloque sob um jugo de condenação. Orar juntos é um

maravilhoso presente que podemos dar um ao outro. Quer seja de manhã ou à

noite, durante cinco minutos ou uma hora, é essencial que casais cristãos

aprendam a orar juntos.

Creio que Deus está chamando os homens a tomar seu lugar de liderança

na oração, como parte da sua estratégia de retomar o planeta Terra. À medida

que os homens começam a corresponder em oração, Deus começa a agir de

formas surpreendentes. Dr. J. Edwin Orr o expressou assim: “Quando Deus está

se preparando para fazer algo novo com seu povo, ele sempre os leva a orar”.

Deus está fazendo uma nova coisa hoje. Se quiser estar “por dentro” do

que Deus está fazendo, você precisa começar a orar com mais paixão e

intensidade. Se quiser encontrar propósito e sentido e uma vida que realmente

conte para Deus – se quiser fazer uma diferença neste mundo – então ORE!

Oração é o que Deus está chamando seu povo a fazer hoje como parte do seu

plano para este mundo.

Deus está conduzindo todas as coisas em direção à consumação final. Não

tenho a presunção de saber quando isto acontecerá. Mas conheço a chave. É

evangelismo. E a chave para evangelismo é oração. Deixe-me mostrar isto

através das Escrituras.

Jesus disse: “E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo,

para testemunho a todas as nações. Então virá o fim” (Mt 24.14). O evangelho

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será pregado a todas as nações. Foi Jesus quem o afirmou. Você quer fazer parte

do cumprimento destas palavras?

Jesus ligou oração e evangelismo em Mateus 9.37,38: “A seara na verdade

é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que

mande trabalhadores para a sua seara”. Depois em 1 Timóteo 2, Paulo insiste em

que orações sejam feitas porque Deus deseja que todos sejam salvos. Outra vez,

oração e evangelismo estão relacionados.

Há duas passagens no Apocalipse que você pode não ter notado antes,

que são tremendas na sua apresentação de oração e evangelismo: “... tendo cada

deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos

santos” (Ap 5.8). “Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário

de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os

santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono; e da mão do anjo subiu

à presença de Deus o fumo do incenso, com as orações dos santos” (Ap 8.3,4).

Depois de cada um desses incidentes, em que as orações colhidas do povo

de Deus são derramadas diante de Deus, anjos são liberados sobre a Terra para

causar acontecimentos destinados a trazer pessoas a arrependimento e salvação.

Deus usa as orações do seu povo para trazer o estabelecimento do Reino de

Cristo.

A segunda passagem no Apocalipse acontece num período de meia hora

de silêncio. O autor, Walter Wink explica bem a ligação: “O próprio céu se cala. As

hostes celestiais suspendem seus incessantes louvores, a fim de que se possa

ouvir as orações dos santos na Terra. Os sete anjos do destino não podem tocar o

prenúncio daquilo que está prestes a acontecer, enquanto um oitavo anjo não

recolhe estas orações... e as mistura com incenso sobre o altar. Em silêncio,

sobem às narinas de Deus.

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“Seres humanos interagiram na liturgia celestial. O fluxo ininterrupto de

conseqüências é represado por um instante. Novas alternativas tornam-se viáveis.

O inesperado, de repente, torna-se possível, porque o povo de Deus na Terra

invocou o céu, a fonte de todas as possibilidades, e foi ouvido. O que acontece em

seguida, acontece porque pessoas oraram. A mensagem é clara: a história

pertence aos intercessores.”

Dick Eastman o expressou da seguinte forma: “O propósito final de Deus

para a humanidade, que é completar a Noiva de Cristo e estabelecer seu eterno

Reino na Terra, só se cumprirá quando forem liberadas as orações dos santos de

Deus”.

Graham Kendrick e Chris Robinson escreveram o hino: All Heaven Waits

(Todo o Céu Aguarda). Veja se estas palavras ressoam no seu coração e

despertam dentro de você a paixão de ser uma pessoa de oração:

Todo o Céu aguarda com coração ansioso a oração dos santos na Terra;

Anjos majestosos estão em posição, prontos com suas espadas de lâmina

flamejante;

Poder incalculável aguarda apenas a palavra de liberação do trono resplandecente de Deus;

Mas Deus aguarda nossa oração de fé que clama: “Seja feita tua vontade!