a escuta ativa e a exploraçao musical
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Cadernos da Rede 1
PERCURSOS DE APRENDIZAGENS:A ESCUtA AtIvA E A ExPlORAO MUSICAl
FORMAO de pROFessORes
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EDITORIALEste j o quarto fascculo
da srie Cadernos da Rede Formao
de professores. O intuito dessacoleo compartilhar as reexesdos professores participantes dosPercursos de Aprendizagens na Edu-cao Infantil. Nessa edio, daremosdestaque especial Msica.
O trabalho com a msica naeducao infantil compreende muitomais do que ouvir boas msicas ouaprender a cantar cantigas infantis.
Mais do que isso, envolve apreciare produzir msica e, alm disso,tambm aprender a ouvir. Esse um dos contedos mais difceis dese trabalhar e exige do adulto umalto conhecimento dos elementos dalinguagem musical. Esse fascculoenfoca esse aspecto do trabalho coma msica.
Os textos desta edioforam produzidos pelos formadoresespecialistas da rea de msica,Liliana Bertolini e Carlos Silva a partirdas experincias vivenciadas juntoaos professores participantes docurso Percursos de aprendizagensna Educao infantil: A Escuta Ativae a Explorao Musical. O texto deabertura na seo O assunto nos
chama a ateno para a importnciade compreender o papel do some do silncio na composio damsica. A seguir na seo Trabalhopedaggico, apresentamos o textoque traz reexes sobre a qualidadedo som. Os demais textos dessa seo,mostram como podemos usar des-
se conhecimento para desenvolver aescuta ativa das crianas na educao
infantil. Na seo De olho naprtica, voc encontrar questesque o ajudaro a fazer um bomdiagnstico para comear um trabalhocom experincias musicais. Em Parafazer mais, uma cha musical e umadiscograa para ajudar a organizar eampliar seu conhecimento acerca dorepertrio musical. Nossa Palavrafnal composta por uma citao de
Donatello Grieco sobre Villa-Lobos.
Boa Leitura!
Prefeito de So PauloGilberto Kassab
Secretrio Municipal de EducaoAlexandre Alves Schneider
Secretria Adjunta de EducaoClia Regina Guidon Faltico
Diretora de Orientao TcnicaRegina Clia Lico Suzuki
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APRESENTAO
A Secretaria Municipal de Educao tem trabalhado para consolidar umaeducao infantil de qualidade nessa que uma das maiores redes de ensino do pas.
Diariamente nossos prossionais professores, coordenadores pedaggicos, gestores
e equipes de apoio - atendem cerca de 430 mil crianas, distribudas em nossas 13
DRE. Oferecem o melhor em termos de uma rotina estvel, de experincias culturais
relevantes, de convivncia tica e saudvel. Os resultados podem ser observados nas
prticas, nos avanos que ano a ano as unidades educacionais vm apontando.
Toda essa mudana no se faz sem o trabalho coletivo. Por esse motivo,
desde 2005 todos os prossionais dessa rede esto envolvidos em um programa de
formao que visa melhorar a qualidade da educao por meio da atualizao prossionale da discusso de propostas inovadoras. O programa de Orientaes Curriculares
e a publicao do documento com as Orientaes Curriculares e Expectativas de
Aprendizagem para a Educao Infantil em 2007 foi apenas o incio de um processo de
reexes e mudanas nas unidades educacionais.
Agora, chegada a hora de ver o que nossa prpria rede est produzindo a
partir dessas Orientaes Curriculares, nos diferentes espaos de formao prossional,
nos grupos de professores, de coordenadores pedaggicos e de diretores. Em continuidade
produo de publicaes voltadas para a Educao Infantil da Secretaria Municipal de
Educao de So Paulo, tenho o prazer de apresentar mais um fascculo da coleoCadernos da Rede Formao de Professores. Nesse material possvel encontrar
subsdios para alimentar as discusses nas EMEI e nos CEI rumo consolidao de
novos paradigmas para a educao infantil. A tnica dessas publicaes a voz de nossa
prpria Rede. Nas prximas pginas veremos em destaque a experincia de nossos
prprios prossionais que j constroem diariamente alternativas criativas para acolher
as crianas e suas famlias e para enfrentar os desaos que o mundo contemporneo
nos impe.
A exemplo dos demais materiais produzidos pela Secretaria de Educao da
cidade de So Paulo, esperamos, mais uma vez, o seu comprometimento para faz-locircular pela Rede, torn-lo vivo a m de que possam inspirar novas prticas educativas.
Desse modo, trabalhando em rede, vamos mantendo o dilogo aberto e
avanando e muito rumo excelncia na Educao Infantil paulistana.
Alexandre Alves Schneider
Secretario Municipal de Educao
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CARTA AO PROFESSOR
Caros professores,
Assim como as publicaes dos demais fascculos, a elaboraodeste material foi coordenada pela Diretoria de Orientao Tcnica Educao Infantil, envolvendo os formadores, assessores e principalmen-teos professores de educao Infantil da Rede Municipal de So Paulo.O intuitode publicar mais um fascculo dessa coleo compartilhar as reexes dosprofessores participantes dos cursos de formao desenvolvidos ao longode 2010 e 2011 em parceria com as 13 DRE e, ao mesmo tempo subsidiaras prticas e as reexes de todos os envolvidos na educao infantildas Unidades dessa Rede. Os artigos apresentados nessa edio foraminspirados nas reexes sobre as experincias de professores e crianasde nossa Rede, sem as quais no seria possvel produzir esse material.As professoras que participaram do curso desenvolveram as propostasde trabalho pessoal e trouxeram suas experincias para compartilhar emgrupo. Por isso, agradecemos s professoras Ana Paula F. Manocchi Molinarido CEI Parque das Paineiras e Carla Rodrigues vila Garrote da EMEI MariaVitria da Cunha, Vanessa Moreira da Silva do CEI Jardim Herelia, RosanaBruciaferi Urbaninho do CEI Anna Florncia Romo, Ivone Aparecida LimaFreitas, da EMEI Recanto Campo Belo. E, agradecemos especialmente
s crianas dos CEI e EMEI que contriburam com lindos desenhos queilustram essa edio.
Neste fascculo, formadoras e participantes da formaocomentam alguns registros de atividades que abordaram alguns dostemas apresentados. Essas atividades foram planejadas em conjuntodurante os encontros de formao, conduzidas pelos participantes comos seus respectivos grupos de crianas, apresentadas e comentadas pelosformadores e integrantes dos grupos.
Esperamos que esses relatos possam inspirar novas experinciasa todos os professores e com isso possam avanar a cada dia, junto comas crianas, em suas prticas educativas nas Unidades.
Abraos
DOT de Educao Infantil
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Cadernos da Rede 5Menino batendo o p
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SUMRIO
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Voz e escuta
construo da expresso musical
caro siva1
Que se pode crescer assim pra ns
Uma or sem limite
somente porque eu trago a vida aqui na voz.
(Minha Voz, Minha Vida Caetano Veloso)
A voz uma das dimenses mais instigantes e fundamentais da
constituio humana. Ela diz respeito a condies estritamente corporais esiolgicas e, ao mesmo tempo, est vinculada a eventos de ordem psquicae emocional. Alm disso, constituiu elemento de ordem fundamental nodesenvolvimento da comunicao e conhecimento humanos, uma vezque, sobretudo a partir dela, formou-se um dos meios mais constantese recorrentes de pensar e comunicar que a espcie humana foi capaz deelaborar: a linguagem verbal.
Hoje, mergulhados nas imposies da sociedade letrada, damospouco valor inuncia dos aspectos sonoros da fala como transmissoresde informao. Quem j no passou pela experincia de perceber umcontraste entre o contedo de uma fala e o modo como ela foi proferida,a ponto de carmos inseguros sobre a coerncia da resposta? Os aspectosenvolvidos nesse tipo de situao so chamados de para-lingusticos e sereferem, no apenas, mas em grande parte, aos quatro parmetros bsicosdo som, to importantes ao tratarmos da linguagem musical: durao,frequncia, volume e timbre.
Esse tema mesmo bastante intrincado e j despertou interessede muitos pensadores e pesquisadores em diversos momentos da histria.A citao de um deles ilustra signicativamente as relaes deste temacom os tpicos propostos no nosso curso de formao: Percursos deAprendizagens na Educao Infantil A Escuta Ativa e Explorao Musical.Jean-Jacques Rousseau, importante lsofo, terico poltico, escritor e
1 O formador produziu o texto a partir da experincia com professores participantes do curso: Percursos de Aprendizagens naeducao infantil - A escuta ativa e a explorao musical na DRE Penha, 2011.
oassunto...
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compositor autodidata, que viveu no sculo XVIII, na poca do Iluminismo,foi um dos enciclopedistas que teve como tarefa escrever sobre o fenmenomusical. No entanto, o resultado dessa investigao culminou num trabalhoa respeito da linguagem, intitulado: Ensaio sobre a Origem das Lnguas.2Instigado sobre como a msica teria surgido no processo de evoluo daespcie humana, Rousseau foi conduzido a uma especulao a respeito daorigem das lnguas, to imbricadas e interdependentes msica e linguagemestavam, e esto. As suas suposies tiveram fontes variadas, umadelas, e muito importante, foram suas observaes do comportamentodos seres humanos nos primeiros anos de vida em relao aquisio edesenvolvimento da linguagem e a necessria utilizao da voz, bem comoprocedimentos vocais.
Os sons simples saem naturalmente da garganta, permanecendoa boca, naturalmente, mais ou menos aberta. Mas as modicaes da lnguae do palato, que fazem a articulao, exigem ateno e exerccios; no asconseguimos sem desejar faz-las. Todas as crianas tm necessidade deaprend-las e inmeras no o conseguem com facilidade. (...) Em todas aslnguas, as exclamaes mais vivas so inarticuladas. Os gritos e gemidosso vozes simples; (...) As articulaes so poucas, os sons so inmerose os acentos, que os distinguem, podem do mesmo modo multiplicar-se.Todas as notas musicais so outros tantos acentos. (Do latim accentus =canto, a modulao da voz humana, que se refora e se enfraquece sobrecertas slabas do vocbulo, dando-lhe maior ou menor sonoridade; do que
resulta a variedade, a harmonia, a beleza musical das palavras, elementoto necessrio como o prprio som). Consultando o Dicionrio de Msica,do prprio Rousseau, encontramos o seguinte:ACCENT, Assim se chama,na acepo mais geral, qualquer modicao da voz falada na durao etom das slabas e palavras de que se compe o discurso, o que demonstrauma relao exata entre os dois usos dos acentos e as duas partes damelodia, a saber, o ritmo e a entonao.3
Com as primeiras vozes formaram-se as primeiras articulaesou os primeiros sons, segundo o gnero das paixes que ditavam estes
ou aquelas. A clera arranca gritos ameaadores, que a lngua e o palatoarticulam, porm a voz da ternura, mais doce, a glote que modica,tornando-a um som. Sucede, apenas, que os acentos so nela maisfrequentes ou mais raros, as inexes mais ou menos agudas, segundo
2 Rousseau, Jean-Jacques: Coleo Os Pensadores, Ed. Nova Cultural,1999.3 Rousseau, Jean-Jacques: Ensaio sobre a Origem das Lnguas, p. 269-270. Coleo Os Pensadores, Ed. Nova Cultural, 1999.
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o sentimento que se acrescenta. Assim, com as slabas nascem a cadnciae os sons: a paixo faz falarem todos os rgos e d voz todo o seu brilho;desse modo, os versos, os cantos e a palavra tm origem comum. voltadas fontes de que falei, os primeiros discursos constituram as primeirascanes; as repeties peridicas e medidas do ritmo e as inexesmelodiosas dos acentos deram nascimento, com a lngua, poesia e msica, ou melhor, tudo isso no passava da prpria lngua naqueles felizesclimas e encantadores tempos em que as nicas necessidades urgentesque exigiam o concurso de outrem eram as que o corao despertava.4
Quem trabalha com educao infantil est diante dessesprocessos diariamente. As crianas desde sempre experimentam, testam,reticam e raticam suas capacidades vocais e a partir disso, criame assumem padres e modelos de vocalizao. A voz assim concebidatorna-se uma das primeiras formas de explorao e elaborao musical,questo enfocada especicamente em uma das pautas dos encontrosdo curso: Percursos de Aprendizagens na Educao Infantil - A EscutaAtiva e Explorao Musical. As discus-ses e comentrios de atividadesplanejadas durante o curso provocou em vrios participantes a constataoe sensibilizao de possibilidades que um trabalho focado na voz oferece:desenvolvimento e aprofundamento do material musical nas crianas,entre outros ganhos. Parte desse trabalho o que vocs, leitores, poderoencontrar nas prximas pginas.
4 Rousseau, Jean-Jacques: Ensaio sobre a Origem das Lnguas, p. 303. Coleo Os Pensadores, Ed. Nova Cultural,1999.
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tra
BalHopedaGGico
Qualidades do som
escuta atiVa e a explorao musical
liiana Bertoini5
Vivemos num mundo extremamente sonoro. grande aquantidade de objetos eletrnicos e mquinas que nos rodeiam. Nossascasas, nosso trabalho, as ruas por onde andamos so repletas de sons.Nosso volume de voz em funo disso, j est mais alto, e as crianas quenascem nesse ambiente convivem com um nvel de som que cresce a cadaano. Mas, em muitas situaes percebemos que h uma anestesia auditiva,como se as pessoas estivessem se acostumado a toda essa sonoridade.
O som tambm tem medida? J parou para pensar, porexemplo, sobre a medida do som no cotidiano de seu trabalho? Para mediro volume do som, utiliza-se um aparelho chamado decibelmetro e a uni-dade de medida o decibel (db). Um sussurro, por exemplo, mede 15 db.J uma conversa, mede 60db. Uma buzina de automvel, 110db e umshow de rock ou motor a jato, 120 db.
Atravs dessa medio tambm conhecemos o nvel depoluio sonora. Qualquer som que ultrapasse a 130 decibis, como porexemplo um avio voando baixo, chega a causar dor. A partir de 85 db, se
a exposio for de 8 horas j haver perda auditiva.Aprender a escutar um importante contedo da
educao musical e falar sobre escuta envolve o despertar para um sentidopouco exercitado e fundamental para o incio da Educao Musical. Seno h percepo de todo esse rudo do mundo contemporneo, comopoderamos esperar uma percepo dos sons apresentados numa sala deaula, ou de uma msica?
Dessa maneira, o despertar da escuta ativa parte da percepodos sons que nos rodeiam, inspirado no trabalho do msico canadense
Murray Schafer, que liderou uma importante pesquisa a respeito doambiente sonoro na Universidade de Vancouver. Esse projeto chamadode The World Soundscape Project propunha a elaborao de um projetoacstico mundial para reduzir a poluio sonora. Quais os sons quequeremos eliminar, conservar ou produzir? Sobre isto, diz Murray Schafer:
5 A formadora produziu o texto a partir da experincia com os professores participantes do curso: Percursos de Aprendizagens naeducao infantil - A escuta ativa e a explorao musical na DRE Santo Amaro, 2010.
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Considero que a maneira de melhorar a paisagem sonoramundial bastante simples. Temos que aprender a escutar.Pareceria que se trata de um hbito esquecido. Devemossensibilizar o ouvido ao mila-groso mundo sonoro que nosrodeia. Quando tivermos desenvolvido alguma agudeza crticapoderemos idealizar projetos de maior envergadura com
implicaes sociais de modo que outras pessoas possam serinuenciadas por nossas prprias experincias. O objetivoprimordial consistiria em comear a tomar decises conscientessobre o prprio desenho do nosso universo sonoro.
Sons, silncio e rudos constituem o que Schafer denominoude Paisagem sonora, que construda ao longo da vida e assumeum signicado subjetivo para o ouvinte. Alm disso, apesar da grandeimportncia do silncio para a nossa sade, j est constatado que eledeixou de ser, por inuncia das tecnologias e urbanizao, a ausnciatotal de sons, mas a ausncia relativa de sons em determinada situao.
Outro aspecto a ser destacado o rudo, que para Schaferso sons que aprendemos a ignorar. Para o autor a poluio sonora combatida na medida em que se diminui o rudo.
Ouvir implica em estar disposto a isso. Ouvir uma atitudedinmica. No se trata apenas de contemplao, mas de pr-disposiosem valores de julgamento, mas de compreenso do contexto daquilo queest sendo escutado. A escuta parte integrante da identidade da pessoa;cada um identica, atravs da escuta os sons do ambiente onde se vive,onde se trabalha, no trajeto que se percorre no cotidiano. Para ilustrar,geralmente identicamos as vozes, os sons das pessoas com as quaisconvivemos, dos objetos e sons que nos pertencem e assim tambm comas msicas que escolhemos. Ao se escutar diferentes sons e msicas muitasvezes, vamos nos apropriando desses sons, percebendo seus detalhes, deforma a identic-los em qualquer situao. Essas experincias de escutacontribuem para a ampliao do nosso universo sonoro e consequentementepara a paisagem sonora que se constri durante o decorrer da vida.Cada pessoa tem um repertrio sonoro acumulado, memorizado, que oacompanha durante toda a vida.
A metodologia de trabalho de Murray Schafer foi aplicada nos na universidade como tambm em escolas, pois inegvel a suacontribuio para o despertar da escuta ativa. Nesse fascculo, vamosconhecer o trabalho de alguns professores da rede que desenvolveramboas propostas para o trabalho com a escuta musical como contedo daeducao infantil.
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Ensinar crianas a ver e olhar, a ouvir e a escutar, no umdos principais objetivos da educao. A educao no consisteem criar no aluno as qualidades que ele no possui, mas na
verdade, ajud-lo a tirar proveito das qualidades que ele jpossui. o educador que tem que conseguir realizar esta tarefadifcil, ou seja, desenvolver em seus alunos a liberdade de ao epensamento. Para chegar a obter esses objetivos, todo educador
deve compreender entre outras coisas a diferena essencialentre instruo e educao: a instruo passiva, um meio de
acumular conhecimento. A educao uma fora ativa, que operasobre a vontade, coordenando as diversas funes vitais.
Emile-Jaques Dalcroze
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Cadernos da Rede146A formadora produziu o texto a partir da experincia com os professores participantes do curso: Percursos de Aprendizagens naEducao Infantil A escuta ativa e a explorao musical na DRE Santo Amaro, 2010.
os cotidifonos
uma proposta para aprender a escutar atiVamente
liiana Bertoini6
As crianas, a partir do nascimento, pesquisam, escutam efazem som. Antes de saber andar, elas se movimentam nos locais ondese encontram (bero, carrinho ou no cho) balbuciam, choram, sorriem ecom o tempo, adquirem mais independncia, comeam a satisfazer suascuriosidades, vo em busca dos objetos e brinquedos sua volta paramexer, cheirar, experimentar, colocar na boca, bater, e fazer todo tipo demovimentao possvel que elas saibam ou descubram nessa maratona.
Assim, desde sempre as crianas comeam a colecionar os sons e construirsua histria sonora.
Para o educador musical francs Delalande, a observao e orespeito pelas formas como os bebs exploram os sons so as maneirasmais adequadas do educador dar oportunidade para as crianas teremacesso experincia musical.
Portanto, quanto mais os adultos disponibilizarem materiais ebrinquedos para o manuseio dos meninos e meninas, mais eles realizaro suas
experincias de explorao e conhecimento dos objetos e do mundo onde vivem.Agora, voc sabia que as crianas tambm podem construir
instrumentos musicais e podem aprender muito com isso? Existe umprossional chamado Luthier, que constri instrumentos musicais artesa-nalmente. Muitas vezes o conhecimento do seu fazer passado de pai paralho. Ele precisa conhecer o comportamento dos materiais que ele utilizarna elaborao dos instrumentos, pois isso resultar na qualidade sonora. Omaterial mais utilizado a madeira para instrumentos convencionais comoviolino, violoncelo, violo e at guitarras. Mas, existem construtores de
instrumento que utilizam materiais alternativos como canos de PVC, placasde vidro, bambus e cabaas, como o caso do Grupo UAKTI e Luthier ecompositor Fernando Sardo. Foi a pesquisa do Luthier e artista plsticoWalter Smetak, que inspirou esses msicos.
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Como grandes observadores dos adultos prximos, estespequenos cientistas imitam e criam vrias possibilidades sonoras a partirdos sons da voz dos adultos e do manuseio dos objetos do cotidiano. Ummovimento muito comum das crianas ao iniciar os primeiros passos arrastar coisas. Conforme observou Pires (2006), ao acompanhar ascrianas de um Centro de Educao Infantil (CEI):
Observei as experincias de algumas crianas com uma cadeira.A cadeira da sala transforma-se em brinquedo para elas durantecerto tempo. Uma delas arrastava friccionava no cho, de formaque a cadeira emitia um som que lhe parecia ser bastanteinteressante. (p.60)
A explorao sonora de objetos do cotidiano, na verdade, j
uma prtica das crianas, mas os adultos precisam ver com olhos deeducadores esses movimentos e valoriz-los, permitindo que as crianastenham tempo e espao para as exploraes sonoras. Segundo Delalande,os bebs experimentam batendo, raspando e, aos poucos vo organizandoas pesquisas, repetindo gestos e movimentos que aprendem e vointernalizando. A no interferncia do adulto garante um bom trabalho deexplorao do universo sonoro pela criana.
Muitas tradies musicais so aprendidas oralmente, outrasaprendidas em academias de msica e em toda parte h uma enorme variedade
de instrumentos musicais. As fontes sonoras a serem pesquisadas pelas crianasso inmeras. No entanto, quando esto maiores, preferem construir, manusearmateriais, entender mecanismos, assim, a construo de instrumentos umaoportunidade interessante para que conheam os processos pelos quais passamos diferentes materiais sob o ponto de vista auditivo.
A prtica da construo de um instrumento envolve uma pesquisaauditiva muito rica que est ligada aos Parmetros do som. So eles: altura(agudos, mdios e graves), intensidade ( fortes e fracos), durao (longose curtos) e timbre (qualidade do som que est ligada aos materiais como
madeira, plstico etc). a combinao dessas caractersticas do som quepermite que se construa um instrumento, e o mtodo se faz atravs deexperincias numa ocina cheia de objetos do cotidiano e ferramentas!
A educadora musical argentina Judith Akoschky criou o termocotidifono para designar os instrumentos musicais construdos commaterial do nosso cotidiano. Podemos desmembrar a palavra: cotidiade cotidiano e fono, de sonoro. Ela sugere a construo de uma grande
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variedade de instrumentos com o intuito de proporcionar s crianas apesquisa auditiva de diferentes materiais e suas combinaes.
Na foto a seguir vemos um instrumento de corda feito a partirde uma cadeira com elsticos. A partir da pesquisa sonora com todos
os parmetros da msica aplicados e trabalhados, desenvolve-se umpensamento com relao timbre, durao, altura e intensidade, que seaplica em instrumentos convencionais. O que uma caixa acstica, comoressoam os materiais diversos dentro delas, como o tamanho e o materialinuenciam a sonoridade. Pode-se compreender facilmente, ento, aconstruo de um violo, de um violino ou de qualquer outro instrumento.Outro dia, ouvi o seguinte relato: o menino Carlos de 5 anos entrou nasala da diretora e disse: Posso pegar este elstico azul? A diretora Valriarespondeu: Mas, para qu voc quer este elstico? Ah ! - respondeuCarlos Porque o amarelo tem um som muito ruim!
A pesquisa para a construo de cotidifonos inndvel, evoc pode utiliz-los para sonorizar histrias, reproduzir sons da naturezacomo chuva, trovo, criar sons imaginrios como o som de um drago, oude um castelo mal assombrado.
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Instrumento de corda feito pelas crianas, a partir de uma cadeiracom elsticos
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Atividade 3: Construo de instrumentos
A construo de instrumentos com materiais alternativospermite conhecer o pensamento que est por traz da construode um instrumento convencional, alm de reforar os contedos
j abordados, como os parmetros do som. Esse trabalhocontribui para a produo infantil e dos adultos envolvidos noprocesso, pois revela a possibilidade de um outro olhar sobre osobjetos que nos rodeiam. Este trabalho antecede a utilizao deinstrumentos musicais convencionais, para que a criana sejaestimulada a pesquisar a sonoridade dos objetos do cotidiano.Essa atitude refora a constatao de que os sons existem no
s nos instrumentos musicais convencionais, mas em todosos objetos que nos cercam. Todas as atividades devem serexperimentadas e vividas com as crianas e contextualizadasna roda de conversa. De acordo com a faixa etria o professordecidir se construir os cotidifonos com as crianas ouutilizar aqueles que ele mesmo construiu.
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BarulHo, rudo, som e silncio
a escuta musical como contedo de aprendizaGem
caro siva7
Pensar sobre o que diferencia os eventos que do ttulo a estetexto uma tarefa que pode oferecer boas pistas de como tratar o trabalhode musicalizao na educao infantil. O uso ordinrio e cotidiano destasexpresses acaba por plasmar as nuances de signicados que podem coloriruma reexo e, sobretudo, nossa vivncia com barulho, rudo, som e silncio.Nesse momento, o silncio ser preterido para que possamos centrar um poucomais nossa ateno sobre os outros elementos, muito embora seja quase que
unnime a noo da dependncia entre eles. Alis, o silncio quase sempreconcebido como a ausncia de algo. Seria um exerccio instigante pens-locomo a presena de algo que no o que normalmente se entende como seuoposto, isto , uma manifestao sonora qualquer.
Interessante perceber nos encontros de formao cujo temafoi escuta ativa e explorao musical que, de uma maneira geral, asexpresses barulho e rudo carregam uma conotao de incmodo,muito frequentemente associadas a distrbios quantitativos em relao expressividade ou organizao de linguagem, consequentemente indesejvel
e, tanto quanto possvel, evitvel. Ao passo que a expresso som traz umaimagem positiva ou, no mnimo, de concesso. No entanto, do ponto devista da denio da fsica acstica qualquer fenmeno acstico som, sejao resultante da execuo de uma melodia de Bach ao violino ou o de umabritadeira num canteiro de obras. Por outro lado, um toque de celular com amelodia do Carinhoso de Pixinguinha que irrompe em meio a uma sesso demeditao pode constituir um rudo traumtico e pesaroso.
Desenvolver e alimentar essa discusso com as professoras nosencontros foi muito controverso, porm, produtivo. A produo sonora das
crianas na educao infantil est comumente vinculada a barulho e rudo, esom, via de regra, relacionado a algo exterior produo delas. Nos relatosdas professoras bastante constante a meno ao som da msica do CD,dos passarinhos, dentre outros. Por em foco que na contemporaneidade aproduo musical contextual foi revelador, principalmente quando pensamos
7O formador produziu o texto a partir da experincia do curso: Percursos de Aprendizagens na Educao Infantil - Escuta ativa e aexplorao musical na DRE Penha, 2011.
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na importncia de assumir a expresso sonora da criana como sendopotencialmente musical, desde que seja realizado um trabalho consistentede observao que fundamente propostas planejadas de intervenes quelevem ao desenvolvimento da sensibilizao musical.
Os trabalhos pessoais sobre o desenvolvimento dos temaspropostos nos encontros de formao revelaram evidncias do tema acimaexposto. As prprias participantes reconheceram que, subliminarmente,tratam a questo dessa maneira. A professora Ana Paula F. Manocchi Molinarido CEI Parque das Paineiras conclui uma reexo sobre a proposta detrabalho de explorao sonoro-musical da seguinte maneira: O CEI tem umalimitao no tempo, consequncia da rotina. O que no pode permanecer o pensamento a respeito da baguna, do barulho8 e, muitas vezes, que ascrianas no vo conseguir realizar as atividades plenamente. No entanto,ao relatar o desenvolvimento da mesma atividade em outra parte do TrabalhoPessoal, ela se refere da mesma forma ao que as crianas estavam fazendo:Feita a roda de conversa iniciamos a distribuio de materiais, que naverdade gostaramos que tivessem sido escolhidos pelas crianas, (...). Eleszeram bastante barulho! Quando comentamos esse aspecto no encontro,ela mesma percebeu que esta passagem difcil de ser conscientizada eassumida de maneira consequente. Nem mesmo a dimenso positiva fcilde ser consciente. Ela mostrou a gravao da proposta e, no desenrolar dosacontecimentos, deixa de se referir execuo das crianas como barulho epassa a usar expresses como som e msica. No entanto, a professora no
havia reparado nesse fato, bastante notrio para quem assiste gravaocom foco em como so percebidos e interpretados os eventos som, barulhoe rudo na perspectiva que estamos apontando aqui.
Outro exemplo o da professora Carla Rodrigues vila Garroteda EMEI Maria Vitria da Cunha. Na proposta desenvolvida por ela comseu grupo, a partir do tema explorao sonora de objetos presentes nocotidiano, relata: Nesse primeiro momento exploraram o espao da sala,movimentando-se livremente e utilizando os materiais que quisessem paraproduzir sons. Rapidamente encontraram o que queriam e comearam a fazer
aquele barulho. J no relato e avaliao da proposta seguinte, referente construo sonora a partir de cotidifonos e instrumentos construdos,usa apenas expresses como: som, resultado sonoro conseguido, sonspesquisados, apresentao para o grupo com o respectivo som, dividiram-seem grupos com materiais de sons parecidos, e por a vai.
8Os grifos do texto foram acrescentados pelo formador Carlos Silva.
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Foi muito perceptvel a transformao de perspectiva com relaoao signicado desses termos e as possveis consequncias que podem advirdo aprofundamento da conscincia e da mudana de paradigmas do queseja msica, produo e construo musicais, no que diz respeito ao que reconhecido social e culturalmente, mas principalmente no que se refere insero pedaggica dessas mudanas na abordagem da ampliao damusicalidade das crianas.
Paisagem Sonora
liiana Bertoini9
A professora Ivone Aparecida Lima Freitas, da EMEI RecantoCampo Belo da DRE Capela do Socorro realizou o passeiosonoro, uma proposta para ouvir a sonoridade do ambiente.Ela nos conta sua experincia no relato a seguir:
A primeira proposta consistia em parar para ouvir a sonoridadedo ambiente. Aps a sensibilizao para a escuta dos sonsque so ouvidos, na sala de aula de olhos fechados e relataros sons ouvidos, as crianas foram convidadas a passearpela escola e parar em diversos ambientes como o pteo, acozinha, a secretaria, para ouvir e relatar os sons ouvidos.Em seguida, as crianas desenharam os sons da escola.Por m, propus que conversssemos sobre isso na roda deconversa: Quais os sons que vocs mais gostaram? Quais ossons que foram desagradveis? E qual foi o som mais fortee o mais fraco que pudemos perceber durante esse passeio?A ao reexiva construda juntamente com as crianas
trouxe uma certa conscincia da qualidade sonora doambiente e uma possvel transformao na direo de uma
melhora da paisagem sonora da unidade escolar. Alm
9A formadora produziu o texto a partir da experincia com os professores parti cipantes do curso: Percursos de Aprendizagens naeducao infantil - A escuta ativa e a explorao musical na DRE Santo Amaro, 2010.
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disso, envolvem aprendizagens como o desenvolvimento
da memria auditiva, da distino de diferentes timbres
(qualidades) e intensidades de som, que fazem parte decontedos especcos do Ensino Musical.
Para essa proposta foram necessrios alguns passospara prepar-la, como pensar qual o local adequado e em quemomento do dia ela seria realizada. Para isso, preciso que oprofessor conhea sua turma e experimente fazer essa atividademais de uma vez, em momentos e locais diferentes. No relatodos professores de CEI e EMEI que aplicaram essa proposta comas crianas notamos a surpresa com o envolvimento que elasdemonstram e a alegria ao participar da escuta e comunicar
os sons ouvidos por elas. Com o tempo, elas demonstramincorporar essa atitude da escuta e a manifestam em situaesde brincadeira, roda de histrias, no refeitrio, entre outras.Outro aspecto importante para o professor lembrar que a falae a audio caminham juntas, e neste momento ele poderobservar se as crianas esto ouvindo bem.
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o Que se pode fazer com a Voz
propostas para traBalHar com a Voz na
educao infantil
carlo silva10
Nas prximas pginas, quero apresentar o exemplo de umaatividade signicativa que foi planejada e desenvolvida pela professoraVanessa Moreira da Silva com o mini grupo I do CEI Jardim Herelia daDRE Penha. Mas, antes de expor a atividade pensada pela professora, necessrio que se explicite que quando tratamos do tema voz nos nossos
encontros trabalhamos a noo de aparelho fonador como um todo. Assim,sua proposta envolveu o trabalho musical e sonoro por meio deste.
Para tanto, conforme o depoimento registrado no TP (TrabalhoPessoal) da professora Vanessa, a atividade foi introduzida com apreparao de um ambiente relaxante com colchonetes, tapetes e almofa-das para, ento, sugerir que as crianas imaginassem sons possveisde serem produzidos com a voz, com a boca ou em combinao. Emseguida uma criana de cada vez deveria apresentar seu som e depoisto-das simultaneamente, criando uma roda musical, a professora indicaria
com movimentos corporais a durao dos sons. Deniu como objetivo aexplorao do aparelho fonador como instrumento musical e, como contedo,os sons descobertos e estabelecidos com aquele, e os parmetros sonorosde durao e timbre. A inteno era que a atividade deveria ser realizadaem aproximadamente trinta minutos, entre os exerccios de relaxamento erespirao, criao do som individual, apresentao em grande grupo, rodade msica e hora de conversa para analisar a atividade realizada.
Por m, de acordo com o planejado haveria, ainda, a hora daconversa, questionando a respeito da diferena dos sons criados pelas
crianas, realizando comparaes entre os opostos, vocais e bucais, soli-citando que mostrassem novamente para observao dos demais.
Segundo seu registro reexivo, os comentrios foram bastantepertinentes, com manifestao de percepes como: a Juliany t usando
10 O formador produziu o texto a partir da experincia do curso: Percursos de Aprendizagens na Educao Infantil - Escuta ativa e aexplorao musical na DRE Penha, 2011.
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a lngua para fazer o som dela; ou o Hiago t usando a garganta. Comreferncia s pregas vocais.
Ao que tudo indica, a abordagem foi bastante produtiva. Elarelata que a atividade superou as expectativas, pois se estendeu por
quarenta minutos, repletos de demonstraes de satisfao na exploraodas possibilidades de emisso sonora do aparelho fonador.
Observei que as crianas esto mais atentas s orientaese curiosas durante a realizao das atividades musicais, pois participamativamente, permanecendo um tempo maior em silncio, escutando oscomandos e buscando verbalizar suas descobertas utilizando um tom devoz mais baixo, conquistas provenientes das propostas do curso.
O que ela nos conta no seu TP, (Trabalho Pessoal), no entanto,vai alm daquilo que foi proposto ser trabalhado, incorporando outros
aspectos e temas que j haviam sido abordados no curso. De acordo coma professora, as crianas foram convidadas a fazer uma roda de conversa,na qual expliquei a proposta de atividade do dia. E logo comearam asurgir os comentrios:
- Eu ouvi um carro! - Disse Eduardo.
- Eu to ouvindo um passarinho fazendo piu-piu! - comentouGabriela, imitando seu canto.
Os demais, ao mesmo tempo, quiseram compartilhar suas
escutas. Diante disso, notei um grande interesse pela explorao dapaisagem sonora.
O tema paisagem sonora foi tratado em nossa primeira pautae, como podemos constatar nesse caso, passou a ser uma atividadepermanente ou pelo menos recorrente, j que reapareceu em outra ocasio.Acredito ser uma perspectiva animadora, j que a separao dos fenmenosreserva uma funo didtica, mas eles acontecem simultaneamente. possvel identicar na passagem narrada que as crianas depem a favordesta concepo. Elas sintetizaram um acontecimento muito constante e
complexo no trabalho musical em qualquer instncia: na elaborao deexpresso musical, no se pode parar de ouvir!
H, entretanto, que se incluir na atividade da audio, porvezes, a prtica necessria da escuta do silncio. Foi o que aconteceuno encaminhamento da atividade proposta: solicitei que se deitassem ezessem silncio para escutar os sons ao nosso redor. Depois que foram seacalmando, parando de mexer as pernas e os ps, realizei alguns comandos
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para auxiliar nos exerccios de respirao, fazendo de conta que estavamenchendo e esvaziando uma bexiga, inspirando pelo nariz e expirandopela boca. Em seguida, pedi que se sentassem e realizamos um brevealongamento com os ombros, cabea e pescoo em variadas direes, commovimentos lentos.
Temos aqui outro fator muito relevante que um trabalhocuidadoso com voz apresenta. Como j foi mencionado, o funcionamento davoz tambm subordinado a estruturas siolgicas e consequentemente,depende da percepo e conscincia de mecanismos corporais comorespirao, tonicidade muscular adequada para diferentes emisses,postura para propiciar variedade de colocao vocal, reverberao, entreoutras. Independente de qualquer outro desdobramento ou raciocnio maisdetalhado, esta maneira de conduzir a atividade coloca de uma maneirasensria, adequada elaborao das crianas, vnculos intrnsecos entrevoz e biomecnica corporal.
Vamos continuar observando o depoimento da professoraVanessa: Quando terminamos o aquecimento do corpo, conversamossobre as diversas possibilidades de produzir sons com a nossa voz, com aboca e com ambos. Rapidamente, a Gabriela disse:
- Eu consigo fazer o som do cavalo. assim - e imitou o som de trote.
Essa fala instigou as demais crianas que queriam socializar suasdescobertas. Neste momento, orientei que cada uma deveria pensar sobre
seu som para expressar, uma de cada vez, e assim ocorreu. A maioria criousons bucais, movimentando com intensidade a lngua, enquanto poucosproduziram sons vocais.
O momento mais divertido foi a roda musical em que combinamosalgumas regras para criao de um coral, buscando alternar o som e osilncio na emisso de sons longos e curtos.
O incio foi tumultuado porque o grupo mantinha o som,tendo diculdade de parar, gerando um barulho. Mas gradativamente,
as crianas foram se apropriando dos comandos e conseguimos realizaralguns perodos longos e curtos, nos quais imitavam os movimentos quefazia com as mos e braos, para ilustrar a proposta, como se fossem osmaestros de uma pequena orquestra de cantores.
O desenrolar da atividade inclui aspectos relevantes e que sopertinentes a um espectro que abrange mais do que apenas o universomusical. Do ponto de vista dos elementos que constituem a linguagemmusical, temos como foco do contedo, por meio do trabalho com voz
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o timbre, a relao som e silncio, durao destes, simultaneidade esucessividade de sons e a correspondncia entre gestos corporais e gestossonoros ou, no nosso presente caso, vocais.
Os tpicos dos quais tratamos foram discutidos em nossos
encontros a partir da cooperao das participantes que experimentaramas propostas elaboradas nos grupos e apresentaram contribuies querevelaram certo paralelismo, mas tambm particularidades, como pode-se conferir no relato da professora Rosana Bruciaferi Urbaninho do CEIAnna Florncia Romo da DRE Penha: Mais uma vez as crianas mesurpreenderam. Enquanto estvamos fazendo o exerccio usando odiafragma, eu perguntei a eles se perceberam o que acontecia com o ar querespiramos, e prontamente o Marco respondeu que, quando a barriga cavagrande o ar saia, e quando a barriga cava magra o ar entrava. Percebique enquanto eu dava o comando barriga grande, barriga pequena, muitosdeles colocavam a mo na barriga para sentir o movimento, e algumascrianas faziam biquinho com a boca, todos perceberam que havia algumarelao com a respirao. Esta uma parte da atividade que abrangeoutras dimenses e que no diz respeito apenas musical, mas que notrabalho com voz fundamental, como j salientamos.
Naquilo que se refere mais especicamente msica, a professorarelata que na produo do som, conforme ia solicitando que produzissem oseu som, o Jlio foi identicando se o som era igual ou diferente. Encontreidiculdade na regncia, as crianas no atendiam o comando de parar, elesse empolgam produzindo som e fecham os olhos, ou olham para o amigo,balanam a cabea e se esquecem de observar o comando. Pensei numaoutra oportunidade ter como comando apagar a luz da sala, acho que umexcelente exerccio para a concentrao, posso ir aumentando o grau dediculdade aos poucos. Dois pontos chamam ateno, um a empolgaodas crianas, o que refora o envolvimento com a atividade, outro quea soluo de apagar a luz pode ser uma alternativa de estratgia parachegarmos ao trabalho mais interessante que o da correspondncia entregesto ou movimento corporal e produo sonora.
Qualquer que seja o recurso interessante que no paremos depensar, imaginar e criar solues alternativas que resolvam os entraves quese apresentam em nossa rotina. Nesse sentido, parece bastante animadorque tenhamos oportunidades de troca de informaes e experincias. Aprofessora Rosana, entre outras participantes da formao, depe nessadireo: O meu conceito do que msica modicou bastante, pois antesdo curso, msica era apenas um recurso ou um preenchimento do tempo
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ocioso, agora percebo que podemos olhar para dentro do nosso corpo,observar melhor os espaos internos e externos, modicar os objetos quenos cercam e o meio em que vivemos, alm de trabalhar a ateno econcentrao. A minha curiosidade foi aguada para trabalhar msica comas crianas, tive oportunidade de pensar como construir um plano anualpara trabalhar com as crianas.
Esperamos que a experincia dessas professoras possampromover novas prticas tambm na sua unidade escolar. Bom trabalho!
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d
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prtica
diaGnosticando o traBalHo com amsica na unidade
1. O ambiente da escola ou do CEI agradvel do ponto de vista daqualidade do som? Os espaos so equipados para absorver os rudos maisagressivos aos ouvidos das crianas e dos professores?
2. Existe espao na minha prtica de educadora para as crianas fazerempesquisa sonora?
3. As crianas tem oportunidade de compartilhar com os colegas as msicasque gostam de ouvir?
4. Alm de compartilhar o que j conhecem, as crianas tambm podem
conhecer novas msicas, pouco familiares para ela?5. O repertrio que oferecido s crianas diversicado do ponto de vistada origem e da musicalidade? Por exemplo, h msicas de diferentes povose culturas? E, ainda, h diferentes tipos de gneros musicais?
6. O momento de ouvir msica com as crianas planejado tendo em vistao que se espera que as crianas aprendam? H inteno, por exemplo,de ajud-las a reconhecer algumas qualidades do som, tal como timbre,altura, densidade etc?
7. Existem critrios claros para a seleo de msicas para bebs? Elasso oferecidas sistematicamente como parte das atividades da turma ouaparecem apenas como msica de fundo nos momentos de espera?
8. Alm de canes e msicas infantis, as crianas tambm tem a chance deouvir outras msicas mais instrumentais com o propsito de conhecer aspectosda qualidade dos sons e dos diferentes instrumentos musicais?
9. Est previsto no planejamento da Unidade oportunidades para que ascrianas possam construir e explorar instrumentos musicais com o propsitode aprender a escutar?
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Pesquisa de sons
Faa uma pesquisa de sons com as crianas de sua turma.Algumas propostas podem ser bastante instigantes para ogrupo. Anote as sugestes:
1. Procure descobrir a paisagem sonora do mesmo espao emhorrios diferentes do dia. Quais os sons que voc ouve nocaminho para a escola?
2. E os sons das histrias infantis, como so imaginados? Comoser a sonoridade do castelo da bruxa, do palcio da Bela
Adormecida, do Stio do Pica-pau amarelo?
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parafaze
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repertrio musicalliiana Bertoini11
No incio de cada encontro de formao, os formadorespropuseram aos professores que ouvissem uma msica e aprofundassema escuta de outros repertrios. Era o momento do exerccio da escutaativa, com a conscientizao do referencial do gnero musical, compositor,intrprete, instrumentos e apreciao da pea musical para um trabalhomais completo com as professoras e as crianas. Nessa hora tambm foielaborada uma cha de msica contendo os seguintes dados:
Os professores foram orientados sobre como importante listaros CD trazidos com encarte. No curso: Percursos de Aprendizagens naEducao Infantil: A Escuta Ativa e Explorao Musical, uma discograa eradisponibilizada ao nal da primeira pauta. Os CD estavam organizados emestilos: infantil, tnicos, eruditos, MPB e experimentais. Esta prtica podeser desenvolvida para se levantar o acervo da Unidade e tambm para queo professor e as crianas descubram que, muitas vezes, o intrprete da
msica no necessariamente o compositor. Alm de conhecer o processoque leva os CD para a mdia e as prateleiras das lojas.
Ficha Musical
Nome da msica: ___________________________________Compositor: _______________________________________Intrprete: ________________________________________Instrumentos que acompanham: _______________________Arranjador: ________________________________________Outras informaes que se considere importante: __________
_________________________________________________
11 Texto produzido pela formadora para o primeiro encontro de formao do curso: Percursos de Aprendizagens na Educao Infantil- A Escuta ativa e explorao musical organizado pela Diretoria de Orientao Tcnica Educao infantil Secretaria Municipal deEducao - So Paulo, 2010.
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Na educao infantil, h vrias possibilidades:
1. as crianas menores, que esto iniciando a vida escolar,podem observar os professores preenchendo a cha com as informaesditadas por elas. Essa uma oportunidade para que as crianas observem
situaes de produo escrita do professor e construam sentido para ospossveis usos que se pode fazer desse material.
2. outras podem escrever de prprio punho em duplas, quandoprecisam confrontar suas hipteses com as dos colegas, ou mesmoindividualmente, recorrendo lista de nomes da sala ou outros suportes detexto de onde podem trazer informaes necessrias sua prpria escrita.
Este um exerccio importante para professores e crianas.Estas desde bem pequenininhas, podem e devem ouvir as peas musicaise aprender a levantar as caractersticas, formas, instrumentos, andamento
de cada pea. Ouvir tambm a mesma pea tocada por outros msicos, comarranjo diferente, enm, outra maneira de abordar a msica importante,pois mostra para professoras e crianas a riqueza da msica.
Que tal ampliar a escuta musical das crianas com quem voc trabalha?
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indicaes para leitura e pesQuisa
ALALEONA, Domingos. Histria da msica. So Paulo: Ricordi, 1972.ANDRADE, Mrio de. Msica, doce msica. Belo Horizonte: Editora
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rmais
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Catlogo
MUSEU DE ARTE MODERNA DE SO PAULO (So Paulo, SP). SmetakImprevisto: catlogo. [So Pau-lo] Museu de Arte Moderna de So Paulo,outubro/dezembro 2008.
discoGrafia
INFANTIS:
Selo Palavra Cantada Canes de ninar, Canes de brincar, Cantigasde roda, Canes curiosas, P com p, Canes do Brasil, Rumo.
Os Saltimbancos, Arca de No 1 e 2
Amigos do peito Formato
Dois a Dois Grupo Rodapio MG
Tindolel Ldia Hortlio
Outras Terras Maria Berenice de Almeida e Magda Pucci
Histrias da MPB para Crianas Simone Cit Catibiribo MG
Canes
TNICOS: Marlui Miranda IHU
Grupo Mawaca
CLSSICOS: As quatro estaes Vivaldi
Concertos de Brandenburgo Bach
Sonatas , Concertos para piano e Sinfonias Mozart
O carnaval dos animais- Saint Saens
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Pedro e o lobo Prokoev
Sinfonias n.1 a 9 Beethoven
Sinfonia dos brinquedos - Haydn
Sute Quebra Nozes Tchaikowsky
Msica Aqutica e M. para os reais fogos de artifcio Haendl
EXPERIMENTAIS:Grupo UAKTI
Grupo GEM
Barbatuques
Msica Aqutica e M. para os reais fogos de artifcio Haendl
Pixinguinha, Chiquinha Gonzaga, Waldir Azevedo,Luiz Gonzaga,Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque de Holanda, JooBosco, Paulinho da Viola, Tom Jobim, Toquinho, Vinicius deMoraes, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal entre outros.
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Crianas construindo os intrumentos
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cHorinHo, a alma Brasileira damsica popular
O Choros a msica popular. No Brasil, Choros, como se podedizer samba ou outra coisa, so sempre msicos que tocam, msicos bonsou maus, que tocam como bem lhes apraz, frequentemente noite, quefazem improvisaes em que o msico mostra sua vocao, sua tcnica.E isso sempre muito sentimental, eis a questo! ...Todos tocam comseu corao, sem regras, sem nada, a liberdade do ar! muito bonito!...Comecei (os Choros) com o violo, z algo tpico. Depois z um gnerode msica de cmara muito pretensioso... A improvisao, a fonte da almapura, etc... na forma de msica de cmara. Ento z a sntese dos efeitos,a sntese da tcnica... Em suma, uma nova forma de composio musical,em que so sintetizados diferentes tipos do folclore musical brasileiro endio, tendo como seus principais elementos rtmicos melodias de carterpopular... peas construdas segundo uma forma tcnica especial, baseadanas manifestaes sonoras dos hbitos e costumes dos nativos brasileiros,assim como nas impresses psicolgicas que trazem certos tipos brasileiros,extremamente marcantes e musicais
Villa-Lobos, citado por Donatello Grieco, Roteiro Villa-Lobos. FundaoAlexandre de Gusmo. Brasilia, 2009.
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DIRETORA
Regina Clia Lico Suzuki
DIRETORA DOT EDUCAO INFANTILYara Maria Mattioli
EQUIPE TCNICO PEDAGGICA
Fernanda Silva Noronha
Gislaine dos Santos Koenig
Maria Heloisa Sayago Frana
Marilda Aparecida Bellintani Jamelli
Matilde Conceio Lescano Scandola
Patrcia Maria Takada
Raquel de Campos Felizolla
EQUIPE TCNICO ADMINISTRATIVA
Edna Ribeiro da Silva
Sylvete Medeiros Correa
Vitor Hlio Breviglieri
Gilcenalba Vrginio dos Santos (Estagiria)
DIRETORES REGIONAIS DE EDUCAO
Eliane Seraphim Abrantes
Elizabeth Oliveira Dias
Hatsue Ito
Isaias Pereira de Souza
Jos Waldir Gregio
Leila Barbosa Oliva
Leila Portella Ferreira
Maria Angela Gianetti
Maria Antonieta Carneiro
Marcello Rinaldi
Silvana Ribeiro de Faria
Sueli Chaves EguchiWaldecir Navarrete Pelissoni
ASSESSORES
Zilma de Moraes Ramos de Oliveira
Ieda Abbud
Maria Paula Vignola Zurawski
Silvana de Oliveira Augusto
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
So Paulo (SP). Secretaria Municipal de Educao. Diretoria de Orientao Tcnica.
Percursos de aprendizagens : A escuta ativa e a explorao musical - A Rede em rede : a formao
continuada na Educao Infantil / Secretaria Municipal de Educao So Paulo : SME / DOT, 2011.
38p. : il.
Bibliograa
1.Educao Infantil I.Cadernos da Rede - Formao de Professores
CDD 372.21
Cdigo da Memria Tcnica: SME34/2011
FORMADORES DE PROFESSORES
Alessandra Ancona de Faria
Andrea Fraga da SilvaCarlos Alberto Silva
Cinthia Soares Manzano
Fernando Brando Correia Filho
Francisco Igliori Gonsales
Isabel Maria Meireles de Azevedo Marques
Joseane Aparecida Bonfm de Barros
Liliana Maria Bertolini
Marcos Marcelo Soler
Rosangela Aparecida Ribeiro Carreira
Sheila Christina Ortega
Stela Maris Fazio Battaglia
Sueli Vital e Silva
Virginia Aras Peixoto
COORDENAO GERAL
Yara Maria Mattioli
Zilma de Moraes Ramos de Oliveira
ORGANIZADORA DA PUBLICAO
Silvana de Oliveira Augusto
GRFICA
Coordenao do Centro de Multimeios :
Magaly Ivanov
Projeto Grfco e capa:
Joseane Ferreira
Diagramao:
Jennifer Abadia Oliveira Barbosa
DIRETORIA DE ORIENTAO TCNICA
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7/29/2019 a escuta ativa e a exploraao musical
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