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A FUNÇÃO E AÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Análise de uma prática.
Maria Hermínia Cantanhede Coelho
Provas destinadas à obtenção do grau de Mestre em Ciências da
Educação Dezembro de 2016
Versão Definitiva
iii
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS Mestrado em Administração Escolar
A FUNÇÃO E AÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL.
Análise de uma prática.
Autora: Maria Hermínia Cantanhede Coelho
Orientador: Professor Doutor José Hipólito Lopes
Dezembro de 2016
iv
COMISSÃO EXAMINADORA:
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
Lisboa, 31 de dezembro de 2016.
v
DEDICATÓRIA
À minha tia e madrinha Pedrolina Costa Cantanhede, “in memoriam”, pessoa
que me ensinou a arte de viver simplesmente.
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus, Senhor soberano de minha vida por sua infinita misericórdia.
E à todos que tornaram possível a realização deste trabalho:
Ao prof. Dr. José Hipólito Lopes pela sábia, firme e primorosa orientação;
À todos da UEB Primavera por me aceitarem no meio deles e participarem tão
desprendidamente da pesquisa;
Aos meus pais José e Maria, pessoas pelas quais tenho profundo respeito e
admiração;
Ao meu marido César Roberto, pela compreensão, respeito e amor dedicados a
mim;
À minha filha Izabella Hadassa, princesa da minha vida que preenche os meus
dias de amor e ternura;
Às minhas sobrinhas Virgínia e Samire, filhas do coração pela orientação no
uso das tecnologias;
Aos meus irmãos, os quais fazem parte da minha vida.
Ao meu enteado, César Roberto Filho, que emprestou grande ajuda na tradução
do resumo deste trabalho.
vii
“A melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa
que não é possível de ser feita hoje é fazendo hoje aquilo que hoje pode ser
feito. Mas se eu não fizer hoje aquilo que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje
aquilo que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã aquilo que
hoje não pude fazer.”
Paulo Freire
viii
RESUMO
A atuação do Coordenador Pedagógico no cotidiano escolar coloca-o numa
situação de desafio perante as demandas que lhe são solicitadas. A gestão e o
planejamento das ações pedagógicas; a supervisão/acompanhamento das atividades dos
docentes; a orientação da formação continuada e a formação inicial do Coordenador
Pedagógico são as dimensões que se pretendeu analisar.
Em sua vertente investigativa utilizou-se da pesquisa qualitativa, através do
estudo de caso descritivo com a pretensão de conhecer qual função do coordenador
pedagógico definida institucionalmente e como se processa a sua ação de coordenação
em contexto escolar. A pesquisa se desenvolveu em uma escola de Educação Infantil da
Rede pública de São Luís, como 02 CPs, a gestora e 06 professoras.
Os propósitos da investigação partiram das questões iniciais: Como se processa
a função de gestão e planejamento do coordenador pedagógico? Como se desenvolve a
sua ação de supervisão e acompanhamento da atividade dos docentes? Como se
processam as suas atividades de orientação da formação continuada? Como se
desenvolve a sua relação com as estruturas e outros atores no interior da organização
escolar e ao nível externo?
Considerando a problematização inicial e o que foi levantado na pesquisa, dois
papéis se destacam na atuação do Coordenador Pedagógico: Administrador e Pedagogo.
A função do Coordenador enquanto Administrador descrita nos documentos
oficiais revelaram uma evolução de um “poder sobre”, autoritário e fechado para um
“poder através”, o que se confirma na ação em contexto.
Enquanto Pedagogo, a liderança do Coordenador que na função prescrita ainda
traz traços do uso do “poder através de” na atuação em contexto se concretiza no uso do
“poder com”.
Palavras-chave: Coordenador Pedagógico, Atribuições, Atuação.
ix
ABSTRACT
The pedagogical coordinator’s action in the daily school life places him in a
situation of challenge to the demands made to it. The management and planning of the
pedagogical actions; the supervision/monitoring of teacher’s activities; the orientation
of the continuing formation and the initial formation of the pedagogical coordinator are
the dimensions to be analyzed.
In its investigative aspect was used the qualitative research, through the
descriptive case study with the intention of observing, analyzing and describing the
function of the pedagogical coordinator in children’s education in a school context. The
research developed in a public children’s school of São Luis, with 02 pedagogical
coordinators, the manager and 06 teachers.
The purposes of the investigation started from the initial questions: How to
handle the planning and management function of the pedagogical coordinator? How
does its supervision and monitoring of the teachers’ activity take place? How its
continuing formation activities guidance are processed? How does its relationship with
the structures and other actors within the school organization and at the external level
develop?
Considering the initial problematization and what was raised in the research,
two roles stand out in the pedagogical coordinator’s performance: Administrator and
educator.
The role of the Coordinator as Administrator outlined in the official documents
revealed an evolution from a power over, authoritarian and closed to a "power through,"
which is confirmed in action in context.
While Pedagogue, the leadership of the Coordinator who in the prescribed
function still traces the use of "power through" in acting in context is concretized in the
use of "power with."
KEYWORDS: Pedagogical Coordinator, Assignments, Performance.
x
INDICE GERAL
RESUMO ………………………………………………..……………………..…….viii
ABSTRACT …………………………………………………………………….…..…ix
ÍNDICE GERAL …………………………………………………………....................x
LISTA DE SIGLAS......................................................................................................xii
INTRODUÇÃO.............................................................................................................13
I - A PROBLEMÁTICA ..............................................................................................15
1. O coordenador pedagógico, sua gênese e percurso histórico..............................15
2. O que são as escolas de Educação Infantil..........................................................21
a. A Educação Infantil Brasileira.............................................................................21
3. O coordenador pedagógico da educação infantil no contexto escolar..................24
2. 4. O Coordenador Pedagógico e a liderança................................................30
4.1 Liderança: O Que é?.............................................................................................30
II - A METODOLOGIA .............................................................................................39
1. Os critérios utilizados..........................................................................................39
i. Estratégia de investigação...................................................................................39
ii. Técnicas de recolha e produção dos dados..........................................................40
iii. Análise e interpretação dos dados.......................................................................48
III - APRESENTAÇÃO DOS DADOS: O COORDENADOR, A FUNÇÃO E A AÇÃO
EM CONTEXTO............................................................................................................52
1. A Gestão/Planejamento das Ações Pedagógicas................................................58
1.1 A Função prescrita (quanto aos Planejamentos/orientações; Gestão de recursos
materiais e humanos) ......................................................................................................59
1.2 A Ação desenvolvida (quanto aos Planejamentos/orientações; Gestão de
recursos materiais e humanos) ........................................................................................61
1.2.1 Projeto Político pedagógico.................................................................................62
1.2.2 A Gestão de Recursos..........................................................................................67
1.2.3 Síntese Interpretativa ..........................................................................................72
2. A Supervisão/Acompanhamento das Atividades dos Docentes ........................73
2.1 A Função prescrita (desenvolvimento curricular e a relação pedagógica)..........73
2.2 A Ação desenvolvida (quanto ao Desenvolvimento Curricular e a relação
pedagógica)......................................................................................................................74
2.2.1 Desenvolvimento Curricular................................................................................74
xi
2.2.2 Relação Pedagógica..............................................................................................79
2.2.3. Devolutivas.............................................................................................................82
2.2.4. Síntese Interpretativa ............................................................................................84
3. Orientação da Formação Continuada dos Professores.................................................85
3.1 A função prescrita.......................................................................................................85
3.2.1. Concepções/referenciais.........................................................................................87
3.2.2. Processos................................................................................................................91
3.2.3. Conteúdos..............................................................................................................93
3.2.4. Entraves ................................................................................................................94
3.2.5 Síntese Interpretativa .............................................................................................98
4. Ação Organizacional...................................................................................................99
4.1. A Função prescrita...................................................................................................99
4.2. A Ação desenvolvida (Relação com as estruturas e outros membros da
organização; Relação com o exterior)...........................................................................100
4.2.1 Relação com as estruturas e outros membros da organização escolar.................100
4.2.2. Relação com o exterior........................................................................................102
4.2.3. Síntese Interpretativa ..........................................................................................104
5. Formação Inicial........................................................................................................105
5.1. A função prescrita..................................................................................................105
5.2. A ação desenvolvida (quanto ao como se faz; Relação com a prática na escola)..106
5.2.1 Como se faz..........................................................................................................106
5.2.2 Relação com a prática na escola...........................................................................108
5.2.3. Síntese Interpretativa ..........................................................................................111
IV – NOTAS CONCLUSIVAS..................................................................................113
BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................121
APÊNDICES...................................................................................................126
xii
LISTA DE SIGLAS
1. CP – COORDENADOR PEDAGÓGICO
2. CP1 – COORDENADORA PEDAGÓGICADO TURNO VESPERTINO
3. CP2 – COORDENADORA PEDAGÓGICA DO TURNO MATUTINO
4. MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA
5. USAID - UNITED STATES AGENCY FOR INTERNATIONAL
DEVELOPMENT
6. SEMED - SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
7. SAEI – SUPERINTENDÊNCIA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
8. SAEE – SUPERINTENDÊNCIA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
9. PPP- PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
13
INTRODUÇÃO
A experiência no campo da coordenação pedagógica iniciou-se no cargo de
apoio pedagógico1 junto a uma escola de Ensino Médio pertencente à Rede Pública
Estadual de Ensino2. Contudo, foi o ingresso na Rede Pública Municipal que
efetivamente chamou a atenção para as questões concernentes à função do coordenador
pedagógico3, surgindo dessa atuação o interesse por mergulhar a fundo no estudo,
análise e contribuição do trabalho do coordenador pedagógico junto ao fazer
pedagógico dos professores mais especificamente na Educação Infantil.
Em se tratando da Coordenação na Educação Infantil essa experiência iniciou-
se em 2003, enquanto técnico de acompanhamento das escolas junto à Superintendência
de Educação Infantil e, a partir de março de 2005.
O ingresso na Rede Pública Municipal aconteceu por meio de concurso público
para o cargo de especialista realizado em 2001 e permitiu acompanhar, a partir de então
uma mudança gradativa e significativa na citada rede.
Em São Luís, diante do que estabelece a Lei 9394/96 e, na tentativa de elevar
os índices catastróficos, apresentados pelos alunos do Ensino Fundamental nas
avaliações externas, o cenário educacional municipal passou por uma reestruturação
bastante significativa. Como parte das medidas tomadas para alavancar o processo
educacional, foi realizado concurso público para provimento dos cargos de Professores
e Especialistas em educação para a Educação Infantil e Ensino Fundamental. O ingresso
na rede Pública Municipal de Educação coincide com o início dessa reestruturação,
entretanto, ao iniciar o trabalho na escola, ao se deparar com as demandas solicitadas ao
coordenador pedagógico e, diante da formação inicial que, de certa forma, pode se
considerar deficiente quando se trata do fazer pedagógico propriamente dito, surgiu o
interesse pelo estudo da temática que é conhecer qual função do coordenador
pedagógico definida institucionalmente e como se processa a sua ação de coordenação
1 O cargo de apoio pedagógico é assumido por um professor que por alguma razão está fora da sala de aula ou ainda em virtude de a escola não possuir um supervisor admitido em concurso público. 2 No Brasil a LDBEN 9394/96 estabelece que Estados e Municípios são responsáveis pela oferta da Educação Básica, sendo que o Estado é responsável pelo Ensino Médio e os Municípios são responsáveis pela oferta do Ensino Fundamental. A Educação Infantil é de responsabilidade dos Municípios de acordo com o que diz o art. 11, seção v. 3 O uso dos termos supervisor e coordenador pedagógico neste trabalho dar-se em virtude de este profissional ter nomenclaturas diferentes nas duas instituições, na Rede Pública Estadual a terminologia é supervisor escolar e na Rede Pública Municipal a nomenclatura é Especialista em Educação com a função de Coordenação Pedagógica.
14
em contexto escolar face às transformações imprimidas na figura de um profissional
que surge no Brasil em um cenário marcado pelo tecnicismo4.
A importância de estudar essa temática tem sua relevância à medida que,
apesar de muito se discutir sobre a atuação do coordenador pedagógico frente às
demandas na atual conjuntura pedagógica, assenta na reflexão da prática do que já foi
construído por esta pesquisadora enquanto Coordenadora Pedagógica em uma escola de
Educação Infantil da Rede Pública Municipal de São Luís. Este estudo poderá contribuir
posteriormente para encontrar alternativas que viabilizem a melhoria da atuação do
coordenador pedagógico no sentido de contribuir com a melhoria da aprendizagem dos
alunos.
O delineamento da pesquisa deu-se a partir da seguinte indagação: qual função
do coordenador pedagógico definida institucionalmente e como se processa a sua ação
de coordenação em contexto escolar? Na tentativa de responder à questão principal,
outras indagações surgiram, quais sejam: Como se processa a função de gestão e
planejamento do coordenador pedagógico? Como se desenvolve a sua ação de
supervisão e acompanhamento da atividade dos docentes? Como se processam as suas
atividades de orientação da formação continuada? Como se desenvolve a sua relação
com as estruturas e outros atores no interior da organização escolar e ao nível externo?
4 De acordo com Saviani (2003), a função de Supervisor Escolar surge: “(...) quando se quer emprestar à figura do inspetor um papel predominantemente de orientação pedagógica e de estímulo à competência técnica, em lugar da fiscalização para detectar falhas e aplicar punições (...).
15
I - A PROBLEMÁTICA
Neste capítulo abordaremos a problemática considerando num primeiro
momento, o surgimento do coordenador pedagógico e seu percurso histórico,
contextualizando com a realidade brasileira. Em seguida, trataremos das escolas de
Educação Infantil enfatizando a problemática refletida na atuação do coordenador
pedagógico no interior da escola; a organização das escolas de educação infantil de
acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96; bem como
a organização das escolas de educação infantil em São Luís.
Trataremos ainda, sobre a liderança a partir de autores de referência como
Jhonson, Gardner, Weber, Foucault e, principalmente, Friedberg e Crouzier. A liderança
do coordenador pedagógico, a partir do que tratam Blase e Anderson, também será
abordada neste capítulo.
Por último, trataremos das questões advindas da problemática e dos objetivos
da pesquisa.
1. O Coordenador Pedagógico, sua gênese e percurso histórico.
Muito embora se tenha conhecimento do surgimento de um profissional com
características semelhantes à do coordenador pedagógico na Idade Média5, no Brasil, a
origem do profissional conhecido como coordenador pedagógico está atrelada ao
Tecnicismo dentro dos acordos MEC/USAID6. Assim sendo, neste estudo, para melhor
compreensão e localização histórica do surgimento deste profissional toma-se a década
de 70 no Brasil a partir do que orientava a teoria tecnicista e sua influência no contexto
educacional brasileiro. Esta retomada se faz necessária a fim de que se possa melhor
compreender a sua função na atualidade.
5 “Conforme Foucault (1987), na Idade Média, a pessoa encarregada das atribuições correspondentes àquelas próprias dos coordenadores pedagógicos exercia, especificamente, a função de vigilância. A vigilância das instituições de ensino estava a cargo da Igreja, e inicialmente era exercida pelos Bispos e, posteriormente, por pessoas indicadas, pelas autoridades eclesiásticas.” ANDRADE et al, 2007.
6 Os Acordos MEC-USAID foram implementados no Brasil com a lei 5.540/68. Foram negociados secretamente e só se tornaram públicos em Novembro de 1966 após intensa pressão política e popular. Foram estabelecidos entre o Ministério da Educação (MEC) do Brasil e a United States Agency for International Development (USAID) para reformar o ensino brasileiro de acordo com padrões impostos pelos EUA. Apesar da ampla discussão anterior sobre a educação, iniciada ainda em 1961, essas reformas foram implantadas pelos militares que tomaram o poder após o Golpe Militar de 1964. https://pt.wikipedia.org/wiki/Acordos_MEC-USAID.
16
A figura do coordenador pedagógico no Brasil tem seu surgimento na década
de 70, no cargo de supervisor escolar a partir do modelo de supervisão dos Estados
Unidos trazido para o país em plena ditadura militar e tinha como principal marca o
controle das ações educativas com a ideia de racionalização dessas ações com vistas à
eficiência e eficácia dos resultados. A base legal para o surgimento deste profissional foi
a Reforma Universitária determinada pela Lei nº 5692/71 que reformulou o curso de
Pedagogia o qual passou a formar o generalista, ou profissional da educação para os
cargos de supervisão, orientação e administração educacional.
Até os anos 80 havia uma concepção de que os especialistas deveriam trabalhar
isoladamente, cada um na sua especificidade. Tendo suas funções delineadas no
contexto da ditadura militar, o supervisor era o profissional que deveria ter o máximo
controle sobre o planejamento do professor visando à eficácia total das ações
educativas, relegando ao mesmo o papel de executor dessas ações. O que pode se
considerar que “A introdução da Supervisão Educacional traz para o interior da escola
a divisão social do trabalho, ou seja, a divisão entre os que pensam, decidem, mandam
(...), e os que executam” Vasconcelos (2002, p. 86). Assim sendo, no meio do processo
educacional surge a figura do técnico que tem como função o planejamento, a
fiscalização do trabalho do professor expropriando-o da reflexão sobre o seu trabalho.
Contudo, já desde os últimos anos da década de 1970, começam a ser
denunciadas as limitações e insuficiências do tecnicismo, que passou a ser questionado
pelo marxismo7 A partir dos anos 80 a sociedade brasileira inicia seu processo de
redemocratização social e, na escola, muda a concepção acerca da educação que agora
precisa exercer um caráter político, a prática pedagógica assume um compromisso com
as classes populares. O supervisor educacional passa a ter como principal função prestar
assistência didático-pedagógica aos professores no que diz respeito ao trabalho
interativo com os alunos.
Com a redemocratização e as mudanças pelas quais vem passando o país desde a
década de 90 e com as novas demandas educacionais não se concebe mais o fazer
pedagógico planejado distante de quem está responsável pela sua execução. A formação
inicial e continuada do professor ganha espaço nas discussões acadêmicas, nas 7 Conjunto de concepções elaboradas por Karl Marx 1818-1883 e Friedrich Engels 1820-1895 que, baseadas na economia política inglesa do início dos séc. XIX, na filosofia idealista alemã (esp. Hegel) e na tradição do pensamento socialista inglês e francês (esp. o chamado socialismo utópico ), influenciaram profundamente a filosofia e as ciências humanas da Modernidade, além de servir de doutrina ideológica para os países socialistas. https://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo
17
publicações de cunho pedagógico e também na legislação. A Lei 9394/96 em seu Título
VI, Parágrafo único, determina que: “Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.” (Brasil/MEC, 2006)
A formação continuada para professores no local de trabalho traz para o
coordenador pedagógico a necessidade de redimensionamento de suas funções. Neste
contexto, não cabe mais a figura do supervisor que fiscaliza o trabalho do professor a
fim de planejar ações para que os mesmos realizem. De supervisor que planeja e
fiscaliza as atividades do professor, este profissional precisa se transformar em
coordenador pedagógico para poder dar conta de sua principal atribuição dentro do
ambiente escolar que é a condução do processo formativo continuado dos professores a
partir da discussão com eles da tematização do fazer pedagógico.
As funções demandadas a este profissional se ampliam, uma vez que para dar
conta de conduzir o processo de discussão e tematização da prática é necessário que ele
conheça as necessidades educacionais dos alunos e as necessidades formativas dos
professores. Neste sentido concordamos com BASSO et al (2007) de que “este
profissional pode ser pautado em duas dimensões: como investigador da realidade e na
proposição de um projeto de formação junto ao corpo docente”
As necessidades educacionais da atual conjuntura social demandam que o
coordenador pedagógico rompa definitivamente com aquele profissional da década de
70 e que até bem pouco tempo estava presente nas escolas e se transforme no
profissional articulador e organizador de todas as ações pedagógicas na escola. A esse
respeito encontra-se em Andrade e Anjos (2007, p.20) que:
“Há um consenso na literatura de que o papel do coordenador pedagógico é desenvolver e articular ações pedagógicas que viabilizem a qualidade no desempenho do processo ensino-aprendizagem. Portanto, o caráter articulador remete ao diálogo, trocas e interações entre o coordenador pedagógico e os demais atores da escola, sobretudo os professores”
Dentre essas ações podemos trazer para o centro das discussões a de
responsável pela formação continuada dos professores no sentido de que a partir da
tematização do fazer pedagógico o professor conheça melhor as necessidades educativas
de seus alunos e busque alternativas de como garantir suas aprendizagens, o que confere
ao coordenador pedagógico a função de formador.
A função de formador deve ser vista como inerente à atividade do coordenador
pedagógico uma vez que segundo Libâneo (2004, p.31) “o coordenador, como gestor
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pedagógico da escola, deve estimular a participação dos professores não só a
frequentarem as reuniões, mas a participarem ativamente das atividades de formação
continuada.”
É necessário que o coordenador pedagógico tenha o entendimento de que a
formação continuada no interior da escola serve ao único propósito de buscar
alternativas que garantam a aprendizagem dos alunos. Nesse contexto, o processo
formativo deve levar em conta a prática dos professores conforme destaca Candau:
“...essa formação favorece a promoção de várias experiências articuladas com o cotidiano escolar onde os professores participem de espaços de reflexão e de intervenção direta na prática pedagógica concreta em seu espaço. (...) Portanto, o papel do coordenador é tornar o ambiente propício para que este processo aconteça na escola, de forma a que o trabalho pedagógico nela desenvolvido seja de conhecimento coletivo e de respaldo da prática dos professores.” Candau (2003, p. 58)
Entendendo-se a formação continuada como um processo de tematização da
prática a partir da reflexão sobre o fazer pedagógico, ao coordenador cabe a elaboração
de atividades que mostrem ao professor a importância da formação continuada para o
seu trabalho no sentido de que esta lhe possibilitará o conhecimento necessário para a
elaboração e avaliação de sua intervenção pedagógica. Neste sentido, o planejamento, a
organização e a condução do processo formativo devem considerar não apenas as
necessidades educativas dos professores, mas, sobretudo, a significativa contribuição
destes uma vez que são eles que vivenciam as experiências de aprendizagem junto aos
alunos.
O coordenador pedagógico precisa ter claro o entendimento de que a
participação efetiva do professor no processo formativo continuado só se dará mediante
a compreensão deste da sua necessidade de avaliar constantemente a sua prática
buscando alternativas que o auxiliem neste processo. Assim sendo, Candau (2003, p.
59) esclarece que:
“O coordenador pedagógico, no desempenho do papel de gestor da formação continuada docente, tem a responsabilidade de elaborar e desenvolver atividades relevantes que mostrem a importância da formação continuada para o docente, pois, o trabalho do professor não se esgota na sala de aula, ele continua nos debates durante as reuniões de horário complementar, na reflexão dos problemas que ocorrem na escola, no planejamento e na avaliação constante do seu trabalho”.
Pensando o processo formativo, o coordenador pedagógico não pode prescindir
da avaliação constante das suas atividades, uma vez que as discussões e momentos de
estudo dentro deste processo só têm relevância se, de fato, auxiliarem os professores no
planejamento e realização de suas aulas garantindo a aprendizagem dos alunos.
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A formação continuada dos professores é sem sombra de dúvida, se não a
principal, a mais necessária atribuição do coordenador pedagógico face às novas
demandas educacionais, contudo, faz-se mister, destacar as outras funções
demandadas ao coordenador pedagógico o qual deve compreender-se como profissional
articulador entre os demais setores da comunidade escolar. Dentre estas funções
podemos trazer as destacadas por Libâneo (2004, p. 229) que são: “prestar assistência
pedagógico-didática aos professores, (...) supervisionar e dinamizar o projeto
pedagógico como referência de formação continuada, trazer propostas inovadoras
para utilização de novos recursos tecnológicos e midiáticos”.
Em conformidade com a organização, elaboração e condução do processo de
formação continuada no interior da escola Andrade e Anjos (2007, p. 16) esclarecem:
“O coordenador pedagógico supervisiona, acompanha, assessora, apoia e avalia as atividades pedagógico curriculares, mas sua prioridade é prestar assistência didático-pedagógica aos professores no que diz respeito ao trabalho interativo com os alunos.”
Todas essas atribuições bem como acompanhar lanche e recreio das crianças,
dentre outras que acabam sendo realizadas por ele, esbarram, quase sempre no
problema da falta de preparo desse profissional oriunda da sua formação inicial
deficitária ainda fragmentada e distante das reais demandas profissionais a este exigida.
O coordenador pedagógico, por vezes, ao iniciar a sua caminhada profissional
só tem de concreto a experiência obtida através do estágio curricular que é feito, na
maioria dos casos, ou em uma escola sem coordenador pedagógico, ou numa escola
onde esse lugar é ocupado por algum profissional que ocupa o cargo por alguma outra
razão, nem sempre acompanhada da competência para o cargo, ou simplesmente, por
um coordenador pedagógico que atua de forma similar ao supervisor da década de 70.
Face às demandas educacionais atuais e com uma formação inicial carente de
experiências que de fato o preparem para atuar profissionalmente, o coordenador
pedagógico depara-se com a sensação de estar sozinho, de não saber por onde começar,
de quais sejam suas atribuições e, mesmo sabendo, de como executá-las.
Ao coordenador pedagógico restam duas alternativas: ou reproduz o que
vivenciou em sua formação inicial ou assume uma postura diferenciada no sentido de
redimensionar o seu papel enquanto agente articulador das várias situações na escola,
construindo, assim, sua própria trajetória profissional.
Nessa construção, o coordenador pedagógico precisa, inicialmente, conquistar
a confiança dos professores e de toda a comunidade escolar. Neste sentido, a ação do
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coordenador pedagógico na escola carece ser pautada em uma decisão consciente do
que pretende resolver. À ele, cabe ser articulador das ações pedagógicas, orientando
todos os setores da escola na realização de suas funções sem atribuir para si a
responsabilidade de execução, sendo na concepção de Charlot (2005) um “artesão”
reconstruindo permanentemente seus saberes, nas relações travadas entre os demais
membros da comunidade escolar.
Alarcão trás para o cenário a discussão a questão do coordenador pedagógico
enquanto líder. Para ela este profissional é o responsável pelo:
“... desenvolvimento qualitativo da organização escolar e dos que nela realizam seu trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a função educativa por meio de aprendizagens individuais e coletivas”. Alarcão (2004, p. 35)
A atuação do coordenador pedagógico como líder no contexto escolar como
destacada pela mesma autora, é condição para o desenvolvimento de um trabalho com
base nas discussões coletivas, dentro do que se compreende como democrática. Neste
sentido a importância dessa atuação nesses moldes se justifica porque:
“Por trás de escolas inovadoras tem-se revelado a existência de líderes, independentemente do nível do nível em que se situam. Eles estão no topo, nas estruturas intermédias e na base. Em uma escola participativa e democrática como a que se pretende, a iniciativa é acolhida venha ela de onde vier, porque a abertura às ideias do outro, a descentralização do poder e o envolvimento de todos no trabalho em conjunto são reconhecidos como um imperativo e uma riqueza.” Alarcão (2001, p.20)
O intuito deste tópico foi trazer à tona informações sobre a origem do
Coordenador Pedagógico para que obtenha a compreensão do contexto do surgimento,
do que naquele momento histórico, pode se assemelhar a um profissional com essas
características. Neste sentido, a abordagem histórica sobre o surgimento deste
profissional no Brasil no contexto do tecnicismo foi feita no sentido de se conhecer a
história desse profissional e os processos de mudança, pelos quais passou a atuação do
coordenador pedagógico. O que se percebe na literatura, é que a origem do Coordenador
Pedagógico está atrelada ao supervisor, um profissional cuja característica principal é a
fiscalização das ações com foco nos resultados. No entanto, a figura do coordenador
pedagógico nas escolas atualmente, segundo as literaturas, aponta para uma atuação ao
lado do professor e da gestão. Neste sentido, justifica-se a questão principal que conduz
esta investigação que é conhecer a função e a ação do coordenador pedagógico em
contexto escolar na Educação Infantil.
21
2. O que são as escolas de Educação Infantil
O fazer pedagógico do coordenador pedagógico das escolas de educação
infantil é permeado por especificidades diversas às quais o desafiam diariamente.
Mesmo não sendo o objeto desta pesquisa, mas para melhor compreensão da atuação
deste profissional, faz-se necessário uma breve retomada de como se configurou a
educação infantil brasileira desde o seu surgimento até aos dias de hoje para então se ter
um entendimento melhor de como se configura a educação infantil no município de São
Luís.
2.1 A Educação Infantil Brasileira
A Educação Infantil como parte da educação básica brasileira é algo bastante
recente. Até meados dos anos 70, pouca coisa na legislação educacional brasileira foi
feita para garantir a educação das crianças de zero a seis anos de idade, as iniciativas
nesse sentido, estavam, na maioria das vezes, a cargo da assistência social. As primeiras
iniciativas surgiram com um caráter puramente assistencialista com o intuito de auxiliar
as mulheres que trabalhavam fora ou acolher as crianças abandonadas como é o caso da
roda dos excluídos mantida pelas Casas de Misericórdia que perdurou por mais de um
século como instituição de amparo e cuidado a crianças abandonadas no Brasil. Apenas
no final do século XIX, após a abolição da escravatura e com a migração para as
grandes cidades é que foram sendo criadas as primeiras creches ligadas à filantropia e
com o objetivo de guarda e cuidado de crianças.
A criação de instituições de cunho pedagógico só aconteceu na década de 1930
e, configuravam na época, dois modelos de atendimento: um puramente assistencialista,
feito em creches para as crianças das camadas populares, voltado para cuidado e guarda
enquanto as mães trabalhavam e outro com caráter pedagógico, destinado às crianças da
classe média, como destacam Pascoal e Machado (2009, p. 84) citado por Kramer: “Enquanto as instituições públicas atendiam às crianças das camadas mais populares, as propostas das particulares, de cunho pedagógico, funcionavam em meio turno, dando ênfase à socialização e à preparação para o ensino regular. Nota-se que as crianças das diferentes classes sociais eram submetidas a contextos de desenvolvimento diferentes, já que, enquanto as crianças das classes menos favorecidas eram atendidas com propostas de trabalho que partiam de uma idéia (sic) de carência e deficiência, as crianças das classes sociais mais abastadas recebiam uma educação que privilegiava a criatividade e a sociabilidade infantil.”
22
Durante muitos anos, a educação infantil brasileira esteve à margem da
legislação e, consequentemente da sua garantia às nossas crianças. Legalmente, ela só
aparece na Constituição de 1988, entretanto, até a promulgação da atual Lei da
Educação, a LDBEN 9394/96, permanece ligada à assistência social.
A partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, LDBEN
9394/96, a educação infantil passou a fazer parte da Educação brasileira como primeira
etapa da educação básica8. Outra mudança imprimida pela Lei 9394/96 diz respeito à
responsabilidade com cada nível de ensino, a educação infantil e o ensino fundamental
ficam a cargo das secretarias municipais, o ensino médio, a cargo das secretarias
estaduais e o ensino superior fica sob a responsabilidade do governo federal.
Contudo, para melhor contextualizar esta pesquisa, as mudanças que nos
interessam, de fato, são as que se referem à educação infantil. A lei 9394/96 ratifica o
que a Constituição Brasileira de 1988 estabelece sobre a educação das crianças em seu
artigo 208, inciso IV: “[...] O dever do Estado para com a educação será efetivado
mediante a garantia de oferta de creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de
idade” (BRASIL, 1988). Antes da Carta Magna de 1988, este nível de ensino era de
responsabilidade da Assistência Social e com a promulgação da LDBEN, passa a
compor uma das etapas da educação básica, tornando-se responsabilidade das
secretarias de educação.
Este nível se refere ao ensino oferecido para crianças de 0-5 anos, assim
organizado:
I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade.9
A escola, universo desta pesquisa, enquadra-se como creche, uma vez que
atende a crianças na faixa etária de 3 a 6 anos10. Está subordinada à Secretaria
Municipal de Educação como mostra o gráfico abaixo:
8 LDBEN 9394/96, Título V, cap. I, art. 21. 9 Lei 9394/96, art. 30. 10 Esta organização se refere até o final do ano de 2012, a partir de 2013 a escola foi transformada em escola de tempo integral passando a atender também a crianças de dois anos de idade. As crianças de 6 anos aparecem aqui devido, inicialmente, ao fato de que elas foram gradativamente inseridas no ensino fundamental, atendendo a ampliação do ensino fundamental para 9 anos. Atualmente, permanecem na educação infantil as crianças que completam 6 anos após o dia 31 de março do ano corrente.
23
Gráfico 1. Organograma da Educação Infantil Municipal de São Luís
Cada instituição representada no gráfico acima possui um gestor específico
quais sejam: prefeito municipal, secretário municipal de educação, superintendente e
gestor escolar, respectivamente. As formas de ingresso a esses cargos são diferenciadas.
No caso do prefeito, por eleição popular para um mandato de quatro anos podendo
concorrer à reeleição para um mandato de mais quatro anos. O secretário de educação, o
superintendente e o gestor escolar, são designados por indicação política e compõem o
chamado cargo de confiança, podendo ser estes pertencentes ao quadro de funcionários
admitidos por concurso público.
Nas escolas, o organograma se desenha da seguinte forma:
Gráfico 2. Organograma das Escolas de Educação Infantil
PREFEITURA MUNICIPAL
SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
SUPERINTEDÊNCIA DA ÁREA DE EDUCAÇÃO
ESCOLAS
GESTOR ESCOLAR
COORDENADOR PEDAGÓGICO
PROFESSORES
SECRETARIA
DA ESCOLA
SETOR DE SERVIÇOS DIVERSOS
24
Dentre todos os funcionários que compõem o quadro de profissionais da
escola, os únicos admitidos em concurso público, obrigatoriamente, são o coordenador
pedagógico e os professores11 o gestor como dito anteriormente, é indicado pela
SEMED e pode ou não pertencer ao quadro de professores e coordenadores. No caso
dos demais funcionários, os da secretaria são contratados pela SEMED, ou são
professores que por algum motivo de saúde, estão afastados das salas de aula. Os
demais pertencem a empresas terceirizadas que prestam serviços à prefeitura. A escola
lócus desta pesquisa segue o organograma acima, todavia, com a diferença de que
possui duas profissionais exercendo a função de apoio pedagógico devido a afastamento
de suas funções específicas em decorrência de problemas de saúde.12
Neste tópico, fez-se uma contextualização do que são as escolas de Educação
Infantil, iniciando com a história da Educação Infantil brasileira, perpassando pelo
surgimento da Educação Infantil no Brasil e sua fundamentação legal para se chegar a
descrição de como se desenha a Educação Infantil na Rede Pública Municipal a partir
do organograma relativo à Secretaria Municipal de Educação de São Luís (Gráfico 1),
bem como, do cronograma das Escolas de Educação Infantil (Gráfico 2). A organização
da Secretaria Municipal de Educação, bem como das escolas e a realização de concurso
público para provimento dos cargos de professor e coordenador Pedagógico mostram
que, atualmente, existe uma preocupação com a educação das crianças menores de seis
anos.
3. O coordenador pedagógico13 da educação infantil no contexto escolar
Antes de tratarmos da ação do coordenador pedagógico na educação infantil
em si, faz-se necessário tecermos alguns comentários acerca da sua formação
profissional, bem como os campos nos quais atua e o que trata a legislação. 11 Embora, seja admitida, a contratação temporária de professores, via seletivo, para atender a demanda de professores do quadro da Secretaria Municipal de Educação quando o número de admitidos em concurso não é suficiente para atender a necessidade das escolas. 12 É muito comum professores afastados de suas funções em sala de aula em decorrência de problemas de saúde assumirem as funções de apoio pedagógico, funcionando como profissional de apoio ao coordenador e ao gestor na escola, contudo, esta atuação acontece nas atividades de cunho administrativo e/ou burocrático como receber as crianças na entrada, atender algum pai em situações simples do dia-a-a-dia, atender aos profissionais que procuram à escola no caso de o gestor ou o coordenador não estarem presentes. 13 O uso da terminologia Coordenador Pedagógico é justificada pelo documento construído pela Secretaria Municipal de Educação em São Luís intitulado Orientações Pedagógicas para a Organização do Trabalho da Coordenação Pedagógica e pelo próprio uso do termo enquanto função do Especialista em Educação que atua nas escolas.
25
A história da formação inicial do coordenador pedagógico acontece no curso
de pedagogia uma vez que o coordenador é um especialista em educação. Este curso
surgiu no Brasil em 1939 na Faculdade Nacional de Pedagogia, na então Faculdade do
Brasil, no chamado Esquema “3+1”, ou seja, o bacharel formado nos três primeiros
anos e o licenciado formado com mais um ano de estudo Alves (2007, p. 101).
Essa organização gerava conflitos no que concerne ao campo de atuação dos
dois profissionais. Ao bacharel cabia atuar nas funções técnicas, área não existente na
época. A atuação do licenciado não era também muito clara, pois lhe permitia lecionar
as disciplinas Filosofia, História e Matemática, como vem referido em Alves (2007, p.
102).
No decorrer da história, o curso de Pedagogia foi se modificando, atualmente,
o coordenador pedagógico que atua nas escolas continua, em sua maioria, pedagogo ou
é um profissional com formação superior em outra área, mas, com pós- graduação na
área pedagógica. Entretanto, a função deste profissional é bem específica. É sabido que
o curso de Pedagogia se propõe a formar o pedagogo para atuar nas áreas de Docência
na Educação Infantil, anos iniciais do Ensino Fundamental, Ensino Médio na
Modalidade Normal14 e em cursos de Educação Profissional em áreas de serviço e de
apoio escolar além das funções de supervisor15, administrador e orientador educacional.
No que concerne à legislação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDBEN) em vigência a partir de 1997, estabelece em seu artigo 64 o
seguinte:
“A formação de profissionais da educação para administração, planejamento, inspeção e orientação educacional para educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base nacional comum.” (Brasil/MEC, 2006)
Em São Luís do Maranhão, a Secretaria Municipal de Educação segue o que
orienta a LDBEN 9394/96, contudo, deixa bem clara a função do Especialista em
Educação responsável pela orientação das ações pedagógicas na escola que é o
Coordenador Pedagógico. Na construção deste tópico e, considerando que os
profissionais sujeitos da pesquisa em questão são pertencentes à Rede Pública
Municipal de Ensino, o uso de documentos construídos por essa Secretaria para a
14 Hoje o curso de Magistério Nível Médio no Brasil não é mais ofertado nas escolas públicas. Haja vista, não compor nenhuma etapa da educação básica. 15 A LDBEN 939496 traz a nomenclatura supervisor muito embora aponte para este profissional mais sob a ótica do coordenador.
26
orientação das ações desses atores em seu fazer pedagógico será de singular relevância
na construção deste relatório dissertativo.
Em se tratando dos estudos e referenciais que tratam da atuação do
Coordenador Pedagógico de uma forma geral no país e, em especial, o que atua na
educação infantil, ainda são muito escassas as produções teóricas que se ocupam deste
tema,16 que torna complexo discutir essa temática à luz de arcabouço teórico
enriquecido por resultados de pesquisas em quantidade e em significância necessárias à
construção de um trabalho consistente. Diante desta questão discute-se qual seria, de
fato, a função do Coordenador Pedagógico na educação infantil muito mais a partir de
opiniões dos profissionais da comunidade escolar do que propriamente do confronto
dessas opiniões com referencial teórico a respeito. No entanto, se por um lado não
encontramos referências teóricas sobre o coordenador pedagógico, de outro, o acervo
teórico que trata da atuação da supervisão é abundante. Compreende-se então que esta
situação se deva, provavelmente, a duas questões: ao fato de que o coordenador
pedagógico ainda é muito visto sob a nomenclatura de supervisor e também que tanto a
nomenclatura quanto a atuação de coordenador é algo que ainda está em construção, o
que nos impulsiona a utilizar as produções teóricas que tratam do supervisor no sentido
de explicitar as concepções, as questões/problemas levantadas inicialmente, com relação
à função e ação do coordenador pedagógico no âmbito da educação infantil.
Antes de se tratar da atuação deste profissional em qualquer especificidade,
faz-se necessário compreender que o coordenador pedagógico no contexto escolar em
qualquer segmento ou modalidade de ensino tem uma função singular na organização
das atividades pedagógicas. É ele o profissional que, dentre outras funções, deve ser o
responsável pela organização e condução do processo formativo continuado dos
professores. Diante disso, a definição apresentada por Alves (2007, p. 260), nos abre o
olhar para compreender a natureza da atuação deste, apresentando a coordenação
pedagógica como: “uma função de gestão educacional cujo papel é mediar e articular
a ação de projetos e práticas educativas realizadas nas escolas, independentemente da
modalidade de ensino.”
Ainda se tratando da atuação do Coordenador Pedagógico em qualquer
contexto educacional, Andrade e Anjos (2007, p. 20) argumentam que a coordenação
pedagógica deve, dentre suas atribuições:
16 Do ponto de vista da nomenclatura legal não encontramos a terminologia Coordenador Pedagógico, os referenciais legais ainda utilizam o termo Supervisor Escolar.
27
“... transcende os limites da orientação ao professor diante da complexidade do processo de ensino e de aprendizagem. O próprio ambiente escolar é uma mescla de culturas diferentes, de realidades econômicas, sociais, políticas, relações grupais, características individuais, relações interpessoais e de poder, elementos esses que se transformam em variáveis muito presentes no cotidiano da escola”.
Na educação infantil, a importância deste profissional é fundamental para o
desenvolvimento das ações na escola à medida que é ele quem conhece todo o
funcionamento pedagógico desse espaço. É ele quem deve atuar como articulador das
ações pedagógicas na escola, exercendo uma função de liderança, agregando todos os
atores da comunidade escolar na construção de um trabalho fortemente articulado de
forma a garantir o fazer pedagógico com vistas à aprendizagem dos alunos. É ainda o
profissional da escola que tem uma visão global de todo o funcionamento da instituição,
é articulador, orienta o planejamento e acompanha a execução das atividades
planejadas, organiza e conduz a formação continuada dos professores e busca a sua
própria formação.
Esta visão é a mesma defendida pela Secretaria Municipal de Educação em São
Luís-SEMED. O documento orientador da prática do Coordenador Pedagógico
intitulado Caderno do (a) Coordenador (a): Orientações Pedagógicas para a
Organização do Trabalho da Coordenação Pedagógica (2014, p. 05) estabelece que: “Encontra-se organizado em três eixos principais, que sustentam a prática do (a) coordenador (a) pedagógico (a) nas escolas: o planejamento, o acompanhamento das atividades docentes e a formação continuada, com a finalidade de subsidiar o trabalho deste profissional frente aos desafios que encontra no cotidiano escolar”.
O documento acima citado traz orientações bastante contundentes para o
planejamento e ação do Coordenador pedagógico nas escolas no sentido de nortear o
funcionamento das atividades pedagógicas na escola valorizando a importância deste
profissional no contexto escolar.
Dentre as funções do Coordenador pedagógico a condução da formação
continuada em serviço dos professores é bastante destacada nas literaturas a respeito.
Segundo Christov (2009, p. 09) “a atribuição essencial do coordenador pedagógico
está, sem dúvida alguma associada ao processo de formação em serviço dos
professores”.
No caso das escolas de educação infantil, dada principalmente à natureza
específica do trabalho pedagógico, onde o professor precisa dedicar um atendimento
individualizado a cada criança, faz-se mister, que o coordenador pedagógico tenha clara
a consciência de que é necessário também dispensar o mesmo atendimento ao professor,
28
no sentido de que mesmo trabalhando com um grupo de pessoas, ele precisa conhecer a
necessidade pedagógica de cada um deles. No entanto, grande parte dessas necessidades
pode ser trabalhada no coletivo e deve ser, haja vista que geralmente, estas são comuns
a mais de uma pessoa no grupo e, ainda, que as repostas a elas podem ser encontradas a
partir da contribuição do próprio grupo. O que nos faz acreditar que a atuação do
coordenador pedagógico vai além de apenas orientar o processo ensino aprendizagem, o
seu trabalho é de fundamental importância para o funcionamento de toda a escola,
colaborando decisivamente para uma aprendizagem efetiva dos alunos. Neste sentido
concordamos com De Rossi, (2006, p. 68): “...o coordenador pedagógico esforça-se
por unir, desafiar e fabricar, com fios separados e heterogêneos, um tecido escolar,
comunitário e social, coerente e unido, em meios de conflitos, oposições, negociações e
acordos”
A atuação do coordenador pedagógico deve acontecer junto ao coletivo de
todos os atores da escola, em especial, os professores, portanto, este profissional não
pode esquecer, de forma nenhuma, que precisa trabalhar com diálogo e em equipe. O
diálogo deve ser construído dia-a-dia, e, dele depende o sucesso do fazer pedagógico em
equipe. Sem diálogo e sem trabalho em equipe a atuação do coordenador está fadada a
ser significativamente prejudicada ou simplesmente não acontecer, uma vez que o foco
de sua atuação é, principalmente, junto ao grupo de professores através da orientação e
acompanhamento do planejamento, das intervenções junto a eles e, sobretudo, da
organização e condução da formação continuada.
Contudo, o trabalho em equipe não é uma tarefa simples, é, na maioria das
vezes, um grande desafio, haja vista que trabalhar em equipe como diz Hargreaves,
citado Melchior (2004, p. 49): “...é uma parceria entre professor, coordenador, gestor e alunos, em que a troca de conhecimentos e saberes faz com que avançamos o tradicionalismo e o estereótipo, buscando a transformação de todos que fazem parte deste movimento.”
Essa parceria é tão necessária ao coordenador pedagógico sob pena de, na
ausência desta, ousarmos dizer que o seu trabalho pode não acontecer. E se o
coordenador não consegue atuar como tal, ele está sujeito a atuar como supervisor17
preocupado apenas com o cumprimento de metas sem, contudo, fazer uma reflexão das
ações necessárias às especificidades das escolas de Educação Infantil.
17 Neste sentido estamos nos referindo àquele profissional que age como fiscalizador do trabalho dos professores e não como orientador das ações formativas.
29
A atuação do coordenador pedagógico nas escolas de Educação Infantil é
fundamental. Ousamos dizer que ele é uma peça chave neste espaço no sentido de
conclamar ações para dar corpo a duas necessidades básicas para o funcionamento da
instituição: a organização do Projeto Político Pedagógico e a condução da formação
continuada em serviço dos professores.
Entretanto, no cotidiano da sua atuação, o coordenador pedagógico não se
responsabiliza apenas pelas duas funções acima. A ele compete ainda, dar conta de uma
variedade de situações para que o Projeto Político Pedagógico se torne realidade. E,
para isso, não raras vezes, esse profissional acaba por realizar outras funções que não
são de sua atribuição direta.
Entende-se a coordenação pedagógica nas escolas de Educação Infantil da
mesma forma que Alves (2007, pág. 13):
“Partimos da premissa de que a coordenação pedagógica é uma dimensão da gestão, responsável pela articulação coletiva do projeto político-pedagógico e do processo de ensino-aprendizagem, numa perspectiva democrática. Dessa maneira, consideramos que tanto a direção quanto a coordenação das instituições de Educação Infantil têm um papel relevante na constituição de um atendimento de qualidade, que contribua para assegurar às crianças pequenas o recém conquistado direito à educação”.
O trabalho do coordenador pedagógico nas escolas de Educação Infantil não
pode se furtar à responsabilidade de buscar a garantia de uma educação de qualidade
para os pequenos que conquistaram tão recentemente um direito que lhes fora negado
durante muitos anos de história.
Todavia, tudo isso nos leva a uma preocupação, a importância do coordenador
pedagógico no contexto da Educação Infantil é tão salutar dada a sua função de
articulador não apenas das ações, mas de toda a comunidade escolar e sua atuação se faz
necessária em toda a funcionalidade da escola que ele corre um sério risco de perder-se
no emaranhado de tarefas necessárias ao funcionamento da escola que pode levá-lo a
não se concentrar nas ações prioritárias que o cargo exige. Preocupação destacada por
Alves (2007, p. 262): “Nesse movimento, contudo, existe o risco de o coordenador se
perder no labirinto do imediato, configurando um ativismo que o leva a se distanciar do
que é essencial no seu papel (...).”
Diante disto, sendo o coordenador pedagógico o ator singular para o
andamento das ações pedagógicas na escola, há uma necessidade urgente de que ele
rompa com a visão de que tem que dá conta de tudo sob pena de que o mesmo se perca
no ativismo e deixe de refletir sobre a sua responsabilidade profissional de fato.
30
O que foi tratado neste tópico refere-se à literatura a respeito da temática.
Assim sendo, tratou-se de trazer à tona, aspectos relevantes à formação inicial do
Coordenador Pedagógico, bem como sobre as atribuições que de fato concernem a este
profissional, e, em específico, no contexto da Educação Infantil. Tratou-se ainda, de
como se configura o cargo e as atribuições do Coordenador Pedagógico da Educação
Infantil nas escolas da Rede Pública Municipal de São Luís. No que concerne a
realidade do município de São Luís, há uma organização na carreira do Coordenador
Pedagógico tanto no que se refere aos aspectos profissionais quanto aos aspectos
pedagógicos.
4. O Coordenador Pedagógico e a liderança.
O coordenador pedagógico na escola é o profissional que lida com todos os
seguimentos18da comunidade escolar. Envolvido com todos os seguimentos que
constituem o espaço escolar, a capacidade de liderança é um requisito necessário a este
profissional. Contudo, antes de tratarmos da liderança do coordenador pedagógico, far-
se-á uma abordagem sobre o que é liderança e os tipos de liderança apontadas por
estudiosos dessa temática.
4.1 Liderança: O Que é?
A liderança é, a grosso modo, uma das características necessárias ao
Coordenador Pedagógico quando se pensa em sua atuação frente aos diversos
seguimentos da escola. Neste sentido, as concepções de liderança apresentadas por
autores diversos, serve à compreensão de tipo de liderança encontrado na atuação das
duas CPs participantes da pesquisa.
Ao tratar-se da liderança do coordenador pedagógico, faz-se necessário
tecerem-se alguns conceitos acerca de qual concepção de liderança estamos falando.
Neste sentido, há a necessidade de que se faça uma revisão da literatura sobre o poder
associado às formas de autoridade que um líder pode se utilizar. Assim, serão
apresentados alguns conceitos sobre liderança em sentido mais amplo a partir das
contribuições de autores de referência como Jhonson, Gardner, Weber, Foucault e,
principalmente, Friedberg e Crozier. Seguidamente, tratar-se-á da liderança do
18 Neste sentido, seguimentos refere-se aos grupos de profissionais da escola: professores, pessoal administrativo, pessoal de apoio à limpeza, dentre outros.
31
coordenador pedagógico especificamente. Assim sendo, a concepção de liderança
apresentada por Blase e Anderson servirá como suporte essencial na tessitura deste
tópico.
Levando-se em consideração o que se entende por liderança nos tempos atuais,
a liderança é algo que não deveria se confundir com relação de poder. Liderar é
convencer, pelo argumento, alguém ou uma coletividade a seguir suas ideias. Para
Johnson (1972) citado por Anjos (1988, p. 22) liderar é:
“A influência que a pessoa exerce sobre os outros componentes do grupo e que transcende o puro cumprimento do papel que lhe cabe na organização. Liderar significa ajudar o grupo a alcançar seus objetivos através de uma realização de atos. Esses atos são denominados funções grupais e as funções do líder consistem em fixar metas, ajudar o grupo a aceitá-las e prover recursos necessários para alcançá-las.”
É interessante notar que a definição de líder aqui apresentada em nada se
assemelha à questão de uso de poder sobre outrem, demonstra a preocupação em liderar
o grupo para alcançar metas dando-lhe as condições para isso. Entretanto, exclui a
participação do grupo no planejamento de tais metas.
A liderança no dizer de Gardner, (2005, p. 15) assume um caráter quase
inerente à sua função, pois segundo ele: “os líderes, quase por definição, são pessoas
que mudam mentes – sejam eles líderes de uma nação, corporação ou instituição
beneficente” (...). E complementa afirmando:
“Existem líderes diretos e líderes indiretos. Os líderes diretos utilizam-se de sua retórica para dirigir-se diretamente às pessoas e convencê-las acerca de suas ideias, ‘tentam mudar mentes diretamente por meio de encontros face a face’, e os líderes indiretos realizam ‘mudanças mentais importantes’ (...) forjadas pelas obras (...) que cria, não só por suas palavras ou atos diretos.” (Gardner 2005, p. 26)
Percebe-se aqui que a definição de líder em Gardner se amplia
consideravelmente, apresentando a liderança não apenas como uma ação de um ser
presente em sua forma física, mas também pela ação de uma ideia que é capaz de mudar
a mente das pessoas.
Max Weber citado por Baptista & Abrantes, (2015, p.05) entende o poder
como “a possibilidade de encontrar obediência uma ordem determinada, [que] pode
assentar em diferentes motivos de acatamento”, e apresenta “três tipos de poder
legítimo (ou autoridade), associados a tipos distintos de organização social.”
O poder legal considerado por ele como tecnicamente o tipo mais puro de
poder legal no qual a obediência não é dada à pessoa em si, mas ao que ela representa.
Neste sentido, a burocracia, típica da estrutura moderna do Estado, seria uma forma de
32
poder, onde quem o exerce estaria a cumprir a lei que determina a quem e até quando
esse poder deve ser obedecido.
O poder tradicional que como o próprio nome já diz baseia-se em usos e
costumes de uma determinada comunidade ou organização. Neste tipo de poder se
obedece “à pessoa por força de sua dignidade própria santificada pela tradição”
Baptista & Abrantes, (2015, p.05). Neste tipo de poder, o patriarcado é uma
característica marcante.
Por fim, Weber apresenta o poder carismático o qual é constituído a partir da
capacidade do líder de convencer grandes multidões acerca de suas convicções. Neste
tipo de poder encontram-se os heróis de guerra e os profetas os quais detém o poder
“até que sejam abandonados pelo seu deus, ou despojado da sua força heroica e da fé
das massas na sua qualidade de chefia”. Baptista & Abrantes, (2015, p.05). O quadro
abaixo sintetiza o entendimento acerca do que Weber apresenta sobre a liderança.
Quadro 1. Tipos de liderança segundo Max Weber19
LIDERANÇA DO CP DIMENSÕES
Legal Burocracia Tradicional Patriarcalismo Carismática Revolucionarismo
Michel Foucault aborda a questão da liderança sob o viés do poder. Ele afirma
que o poder existe em suas práticas ou relações de poder “... o poder é algo que se
exerce, que se efetua, que funciona... Não é objeto, uma coisa, mas sim uma relação...”
(1979, p.14). Neste sentido, o poder é algo que se concretiza nas relações humanas onde
alguém exerce, por alguma razão, o poder sobre outrem. O poder produz uma eficácia
no controle das ações humanas a que ele chamou de disciplina, ou seja, tornar os
homens dóceis para que suas utilidades sejam maiores aproveitadas. Em Foucault, o
poder assume um caráter econômico e político onde um líder exerce o poder sobre os
liderados apropriando-se de sua força de trabalho.
Contudo, ao se buscar compreender a questão do poder associado à liderança,
as concepções de Friedberg e Crozier trazem substancial contribuição. Segundo
Friedberg: “Em todo o campo de ação, o poder pode definir-se como a troca
19 Moura, 2009.
33
desequilibrada de possibilidades de ação, ou seja, de comportamentos entre um
conjunto de atores individuais ou coletivos” (1997, p.115). Esta forma de poder aponta
para a natureza relacional, da mesma forma destacada por Max Weber. O poder neste
sentido assume um caráter de conquista pelo argumento, onde se busca convencer um
grupo de pessoas acerca das convicções do líder.
Para Friedberg, o poder seria uma troca desequilibrada de ações, onde um se
apropria das habilidades de outros. Contudo, nesta relação, muito embora haja a
dominação de quem se utiliza do poder, há também a dependência deste dos que são por
eles dominados.
Em consonância com a concepção de Friedberg estão as ideias de Crozier, para
quem o poder está atrelado à burocracia. Este autor discute como as regras impessoais, a
centralização do poder de decisão e estratificação dos indivíduos em grupos
homogêneos e fechados, influenciam nas organizações (Vasconcelos e Pinochet 2003,
p.01). Segundo Crozier citado por (Mota 1986, p. 20):
“...toda ação cooperativa coordenada exige que cada participante possa contar com um grau suficiente de regularidade por parte dos outros participantes, ou seja, que toda organização, qualquer que seja sua estrutura, quaisquer que sejam seus objetivos e sua importância, requer de seus membros uma quantidade variável, mas sempre importante, de conformidade”.
Pode-se inferir que a forma de liderança utilizada pelo líder tem a ver com a
relação que este exerce sobre as pessoas que lidera e a forma como age com os seus
liderados é que determina o tipo de liderança que irá exercer.
Friedberg e Crozier, apresentam quatro fontes de poder às quais derivam de
outras fontes de incerteza: a competência; o controle sobre as demandas ambientais ou
contextuais; o poder derivado das fontes de comunicação e dos vários fluxos de
informação existentes na organização e as regras organizacionais.
A competência tem a ver com o “poder de perito” está relacionado à
capacidade de conhecimento sobre determinado assunto que permite ao líder resolver
problemas.
O controle sobre as demandas ambientais ou contextuais seria o poder derivado
do tipo de relação existente entre o líder as “especificidades da relação entre a
organização e o contexto no qual está inserido.” (Mota 1986, p. 21)
O poder derivado das fontes de comunicação está associado ao conhecimento,
por parte do líder, do maior número possível de informações, a posse dessas
informações dá maior poder ao líder.
34
Por último, as regras organizacionais, às quais permitem ao líder exercer
legitimamente o poder sobre os seus subordinados, mas também permite aos
subordinados protegerem-se dos abusos do líder, poderia se dizer que, esta fonte de
poder garante o equilíbrio entre o poder do líder e a subordinação dos liderados.
Outro tipo de liderança que se faz necessário destacar aqui é liderança
revolucionária apresentada por Sanches (2004), uma referência à liderança vivida pelos
professores portugueses após a Revolução dos Cravos em Portugal20. Para Sanches essa
liderança revolucionária e utópica é caracterizada pelas seguintes dimensões:
“(1) ideias orientadoras da práxis revolucionária; (2) activismo revolucionário; (3) mudança da escola e mudança social; (4) posicionamentos de soberania da escola e relação com o Ministério da Educação.” (Sanches, 2004, p.138)
O quadro abaixo, sintetiza a análise feita pela autora das dimensões que
caracterizam esse tipo de liderança:
Quadro 2. Dimensões da Liderança Revolucionária21
LIDERANÇA DO CP
DIMENSÕES
Liderança revolucionária
1. Adesão a um projecto pessoal de transformação da sociedade e luta contra o capitalismo. 2. Activismo pedagógico, social e político. 3. Orientação social expressa na ideia de que mudar a escola pode conduzir à mudança social. 4. Concepção de escola — espaço colectivo para intervenção social e política — espaço de reflexividade crítica para professores — espaço de inovação e experimentação pedagógica — transformação do conceito de ordem escolar — envolvimento dos professores na transformação da escola
5. Acção de contra-poder em relação à Secretaria da Educação. 6. Envolvimento no processo de construção da soberania da escola em termos de poder para legislar as suas próprias leis. 7. Possibilidade de conflito interno na escola que resulta muitas vezes mais da divergência quanto às estratégias do que quanto aos princípios fundamentadores da acção.
20 A Revolução dos Cravos foi o movimento que derrubou o governo de Marcelo Caetano, o sucessor de Salazar. http://www.dw.com/pt-br/1974-revolu%C3%A7%C3%A3o-dos-cravos-em-portugal/a-505506, acesso em: 25.11.16 21 Sanches, 2004.
35
Não se pode escusar de que a escola é um espaço de poder baseado em relações
tanto internas quanto externas. No que concerne à sua organização enquanto instituição
interna, tem-se que as figuras do gestor escolar e do coordenador pedagógico, de uma
forma ou de outra, se utilizam de algum tipo de poder no exercício do seu trabalho.
Quando se pensa no coordenador pedagógico e nas atribuições que lhe são
demandadas, uma das características que acreditamos ser necessária a este profissional
é, sem dúvida, a de liderança. A liderança aqui entendida é a apresentada por Baptista &
Abrantes (2015, p.47 e 48), os quais se utilizam do conceito discutido por Silva (2007,
p. 55) na qual a liderança seria o resultado da transformação do poder em influência.
A fim de se discutir a atuação do coordenador pedagógico e a liderança
necessária na sua atuação, utilizaremos a teoria de Blase e Anderson como forma de
melhor compreensão desta temática.
Em Blase e Anderson temos liderança tripartida expressa nos termos “poder
sobre”, “poder através de” e “poder com” (Moura, 2009: 22). Para uma liderança que se
utiliza do “poder sobre”, a relação é extremamente vertical, o poder é exercido sobre
alguém. Neste sentido, a escola se configura como um espaço de reprodução onde todas
as decisões são centradas na figura do líder:
“Trata-se de uma liderança fechada em que a missão da escola ou, pelo menos, as suas políticas, grandes metas, objectivos, prioridades e estratégias são definidas pelo líder, donde resulta que o próprio projecto educativo corresponde fundamentalmente à sua visão.” (Silva 2004, p.250):
Este tipo de liderança atribui à formação uma característica puramente de
controle, hierarquização das decisões e processos de trabalho (Silva 2004, p: 250). Esta
forma de liderança caracteriza-se por ser “fechada” sem abertura para o diálogo entre os
liderados.
Na forma de liderança na qual o líder se utiliza do “poder através de” “está
associado à motivação dos indivíduos e grupos que, desta forma, sentem mais como
seus, os objectivos da organização” (Moura, 2009: 22). Entretanto, esta forma de
liderança se utiliza também de um modelo “fechado” na qual a participação dos
liderados é inexistente do ponto de vista da construção dos objetivos e ações da
instituição.
Em contraposição à este tipo de liderança, Blase e Anderson apresentam a
liderança que se utiliza do “poder com”, uma liderança de cunho democrático, na qual
os liderados participam ativamente na construção dos objetivos e ações para a
36
instituição, neste tipo de liderança há emponderamento não apenas da figura do líder,
mas também dos liderados.
Trata-se de uma liderança aberta, não apenas individual mas também colectiva, em que o bem comum é definido de uma forma argumentada, contribuindo para a emergência de actores activistas em termos políticos e de mecanismos de voice (protesto). Numa escola com uma liderança deste tipo, os processos de regulação favorecem a autonomia dos profissionais, quer ao nível individual, quer ao nível dos grupos de tarefa (...), com descentralização das decisões e métodos de trabalho, bem como horizontalidade das relações. (Silva, 2004, p. 251)
O quadro abaixo apresenta a liderança explicitada por Blase e Anderson.
Quadro 3. Tipos de liderança segundo Blase e Anderson22
LIDERANÇA DO CP / DIMENSÕES
CATEGORIAS FORMAS DE USO DO PODER
Aberto-fechado Transacional-transformativo
Autoritário – transacional-fechado
Uso do “poder sobre”
Adversarial – transformativo-fechado
Uso do “poder sobre” e do “poder através”
Facilitativo – transacional-aberto
Uso do “poder sobre” e do “poder através”
Democrático – transformativo-aberto
Uso do “poder com”
Quando se pensa na mudança de nomenclatura de supervisor para coordenador
pedagógico e em tudo o que essa mudança encerra, tem-se que a atuação do
coordenador pedagógico se insere no tipo de liderança que se utiliza do “poder com”.
Uma liderança “aberta”, democrática, a qual permite a participação coletiva nos
constructos das metas e ações a serem realizadas pelo próprio grupo. O uso de um tipo
de liderança ou de outro influenciará sobremaneira o conhecimento produzido dentro
das escolas. “A um líder fechado, do tipo autoritário ou antagonista, a escola constituir-se-á tendencialmente como locus de reprodução de formação e o processo de regulação será predominantemente de controlo. A um líder aberto, facilitador ou democrático, a escola terá possibilidade para se constituir, como locus de produção de formação, em que o processo de regulação confere, predominantemente, autonomia aos seus profissionais,...” (Silva, 2004, p. 250)
Em uma liderança do tipo aberta, democrática, tem-se a participação da
coletividade em todas as etapas de uma ação. A escola neste sentido tende a tornar-se
espaço de produção de conhecimento, onde a liderança não está centrada na figura de
uma pessoa, mas na sua capacidade de mobilizar e coordenar o grupo para o alcance dos
22 Moura, 2009.
37
objetivos planejados coletivamente. O quadro abaixo retrata as dimensões encontradas
na atuação do CP considerando os tipos de liderança expressos em Blase e Anderson.
Quadro 4. Dimensões do coordenador pedagógico baseado na tipologia de Blase e Anderson23
Metacategorias Áreas de análise
O Administrador
Áreas de Gestão
- Planejamento
- Gestão dos recursos
- Ação Organizacional
O Pedagogo
Áreas de
Supervisão/
Acompanhamento Pedagógico
- Desenvolvimento curricular
-Relação Pedagógica
- Orientação da formação continuada
Atendo-se para os tipos de liderança apresentadas pelos autores cujo
pensamento foi referendado acima, percebe-se que elas podem ser trazidas para o
contexto escolar tendo o coordenador pedagógico na figura de líder. Em se tratando da
atuação do coordenador pedagógico sob o viés de supervisor, poder-se-ia dizer que o
tipo de liderança exercida por este profissional estaria em consonância com uma
liderança do tipo fechada, na qual o líder (no caso o supervisor) é quem define as metas,
objetivos e prioridades para o grupo. Neste tipo de liderança não existe espaço para o
diálogo, as decisões são centradas na figura do supervisor que estipula as metas a serem
alcançadas pelo grupo sem ouvir o próprio grupo, causando um distanciamento entre o
que é planejado de quem o executa.
Neste tópico tratou-se da liderança do coordenador pedagógico a partir do que
abordam autores de referência sobre o uso do poder. Tem-se que a liderança é, por
vezes, confundida com uso de poder sobre outrem. A liderança está relacionada ao tipo
de poder utilizado pelo líder, contudo, a liderança expressa em Blase e Anderson, em
contraposição aos outros tipos de liderança, que se utiliza do “poder com”, seria o tipo
ideal de liderança, uma vez que se caracteriza por ser democrática, permitindo o
23 Moura, 2009.
38
diálogo, onde a liderança não está centrada na figura de uma pessoa, mas nas decisões
tomadas de forma coletiva.
39
II – METODOLOGIA
Neste ponto do trabalho apresenta-se a metodologia utilizada na realização da
pesquisa justificando-se os critérios adotados considerando-se a especificidade do tema
em discussão e, em seguida, apresentam-se o desenho do projeto em seus
desdobramentos e os procedimentos que conduziram para o alcance dos objetivos
propostos, bem como a forma como a pesquisa foi se desenhando e todas as
adversidades vivenciadas no contexto da pesquisa.
1. Os critérios utilizados
Este trabalho em sua vertente investigativa utilizou-se da pesquisa qualitativa,
através do estudo de caso descritivo com a pretensão de observar, analisar e descrever
sobre a função do coordenador pedagógico na Educação Infantil em contexto escolar. O
processo de pesquisa que durou sete meses, foi permeado por percalços, alguns
contraditórios, referentes às estratégias de observação não participante e entrevista
semiestruturada junto ao seguimento das professoras em virtude de greves da categoria.
No entanto, com o retorno das professoras às suas atividades que ocorreu em agosto, foi
possível dar continuidade à pesquisa. O contratempo gerado pela greve atrasou em 1
mês o calendário de pesquisa na escola mas não chegou a comprometer a mesma.
Durante todo o processo, buscou-se manter o rigor a que a pesquisa qualitativa
requer. Não obstante à grande aceitação da presença da pesquisadora, por parte de todos
os seguimentos da escola, os procedimentos foram aplicados dentro do rigor científico
necessário à pesquisa. Há que se considerar que em alguns momentos a manutenção
desse rigor se constituiu emblemática, exigindo distanciamento da pesquisadora a fim
de não comprometer a validade da pesquisa.
i. A estratégia de investigação
Tendo em atenção o enquadramento teórico, os objetivos do estudo e a sua
questão principal - qual a função do coordenador pedagógico definida
institucionalmente e como se processa a sua ação de coordenação em contexto escolar?
- optou-se por uma investigação qualitativa e por um estudo de caso na escola UEB
Primavera como estratégia de investigação.
40
A pesquisa qualitativa é aquela que se preocupa com o estudo de fenômenos
em sua totalidade em um contexto natural, caracterizando-se pela subjetividade na
interpretação de uma situação, centrando-se nos processos vividos pelos sujeitos sem
que haja manipulação de variáveis, o que se fundamenta na definição apresentada por
Bogdan e Biklen, compreendendo-a como: “ ...um termo genérico que agrupa diversas estratégias de investigação que partilham determinadas características. Os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas. locais e conversas, e de complexo tratamento estatístico. As questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalização de variáveis, sendo, outrossim, formuladas com o objectivo de investigar os fenómenos em toda a sua complexidade e em contexto natural. (Bogdan e Biklen , 1994, p: 15-80)
O estudo de caso é uma estratégia metodológica que o pesquisador lança mão
quando pretende analisar uma situação específica permitindo-lhe aprofundar-se em
relação ao fenômeno estudado como define Yin (2001, p. 32):
“Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.”
O estudo de caso caracteriza-se por analisar uma situação em um contexto
específico e por um tempo delimitado, o que aponta para a definição apresentada por
Bassey, citado por Natécio, para quem:
“O estudo de caso em educação é uma pesquisa empírica conduzida numa situação circunscrita de espaço e de tempo, centrada em facetas interessantes de uma actividade ou programa…com o objectivo de fundamentar juízos e decisões dos práticos…” (Bassey 1999,cit.em AFONSO, pag.70)
ii. Técnicas de recolha/produção dos dados
No âmbito do estudo de caso foram utilizadas as seguintes técnicas de
investigação e recolha de dados: a análise documental, a observação não participante e a
entrevista semiestruturada.
Para a construção do trabalho em sua totalidade, além da pesquisa na escola,
foi realizado também um levantamento bibliográfico. Desta forma o trabalho foi
construído considerando:
O levantamento e estudo bibliográfico no sentido de ampliar a compreensão
acerca da coordenação pedagógica, a partir das literaturas que abordam a temática e,
sobretudo, trazer à tona a discussão sobre a função do coordenador no contexto da
educação infantil;
41
A pesquisa documental a partir de documentos oficiais que tratam sobre o
Coordenador Pedagógico;
A observação não participante de situações in locum, visando acompanhar o
cotidiano das coordenadoras pedagógicas bem como ter uma percepção mais acurada
sobre o resultado do trabalho deste profissional no fazer pedagógico do professor em
sala de aula;
A entrevista semiestruturada sobre o entendimento dos profissionais da escola:
gestora; professoras e das próprias coordenadoras acerca da importância da atuação do
coordenador pedagógico como orientador do trabalho pedagógico, e, no caso das CPs, a
forma como esse trabalho é tecido no cotidiano.
A pesquisa bibliográfica se refere ao estudo das obras que fundamentaram a
construção e sistematização do objeto a ser estudado na pesquisa. Entende-se que a
pesquisa bibliográfica é fundamental em qualquer trabalho de caráter científico por
permitir ao pesquisador levantar obras de referência sobre o tema a ser investigado e,
neste trabalho ela é utilizada no sentido apresentado por Silva (2007, 61) de que a
pesquisa bibliográfica “constitui o procedimento básico para os estudos monográficos,
pelos quais se busca o domínio do estado da arte sobre determinado tema.”
Como análise documental entende-se aquela que se caracteriza por sua
fidelidade em não permitir interferências externas. Aqui se utiliza da definição
apresentada por Afonso (2005, p.88) de que “a pesquisa documental tem a vantagem de
poder ser utilizada como metodologia não interferente”.
A análise documental foi necessária no sentido de embasar teoricamente as
opiniões no que concerne à atuação do coordenador pedagógico com vistas a corroborar
ou contrariar as opiniões e impressões obtidas através da observação não participante e
da entrevista em profundidade, no sentido de responder o objetivo do trabalho que é
conhecer as funções atribuídas institucionalmente ao coordenador pedagógico. Os
documentos aqui analisados são de natureza oficial de proveniência Federal, no caso da
LDBEN 9304/96, e Municipal os quais foram: Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento
dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São
Luís; o Regimento Interno das Escolas; o Estatuto do Magistério Público Municipal e, o
Caderno de Orientações Pedagógicas para a Organização do Trabalho da Coordenação
Pedagógica.
A observação é uma técnica importante em uma pesquisa qualitativa, pois ela
permite o contato do pesquisador com o objeto a ser pesquisado. Dentre os tipos de
42
pesquisa, a observação não participante ou observação simples permite ao pesquisador
observar construir hipóteses acerca do que é pesquisado. Neste sentido, a observação
não participante aqui utilizada está em conformidade com o que apresenta Carlos Gil: “Por observação simples entende-se aquela em que o pesquisador, permanecendo alheio à comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem. Neste procedimento, o pesquisador é muito mais um espectador que um ator.” (Gil, 2008, p. 101)
A observação não participante foi utilizada considerando o objetivo do trabalho
que é conhecer a ação do coordenador pedagógico em diversas situações de
coordenação. Esta técnica se tornou adequada devido ao fato de que, muito embora
todos os sujeitos envolvidos na pesquisa tenham sido informados sobre a pesquisa, sua
natureza e objetivos, a pesquisadora não faz parte do quadro de funcionários da escola e
não participa do funcionamento da mesma. A relação entre a pesquisadora e o grupo
envolvido na pesquisa deu-se de forma superficial.
Para melhor esclarecer como se desenrolou a pesquisa, o quadro 5 se torna
bastante conveniente, uma vez que apresenta o que foi observado, considerando o dia e
o tempo em que durou a observação; a atividade observada; e, os atores envolvidos.
A observação não participante aconteceu, nos dois turnos de funcionamento da
escola, com duração de 4 horas em cada turno, direcionadas por um instrumento
construído para esse fim (apêndice 4). Para cada dia de observação foram preenchidas
fichas (apêndice 1) com o intuito de registrar informações importantes acerca do que
fora observado. A partir das fichas procedeu-se ainda um registro em forma de texto
acerca das observações contidas nessas fichas. Neste sentido, o quadro abaixo foi
construído a partir dos roteiros de observação preenchidos por cada dia de observação
levando-se em conta os dois turnos observados.
43
Quadro 5. Como se procedeu a observação não participante.
ASPECTOS CONSIDERADOS NA OBSERVAÇÃO NÃO PARTICIPANTE
DATA
DURAÇÃO
ESPAÇO/ AÇÃO ATORES
01.04.16 Das 7h30 às 11h30
1h00 Contato inicial e apresentação da pesquisa para a CP1 CP1 PROFESSORAS 3h00 Observação de atividades cotidianas
08.04.16 Das 13h30 às 17h30
4h00 Contato inicial e apresentação da pesquisa para a CP2 CP1
08.04.16 Das 7h30 às 11h30
1h10 Contato inicial com a Gestora CP1 GTR
PROFESSORAS 1h40 Observação de atividades
11.04.16 Das 7h30 às 11h30
1h00 Apresentação da pesquisa para o grupo de professoras CP1 PROFESSORAS 3h00 Observação de Formação Continuada
15.04.16 Das 13h30 às 17h30
4h00 Observação de atividades cotidianas CP2 PROFESSORAS
20.04.16 Das 7h30 às 11h30
3h15 Observação de atividades cotidianas GTR PROFESSORAS
05.05.16 Das 7h30 às 11h30
2h00
Observação de atividades cotidianas
CP1 PROFESSORAS
05.05.2016 Das 13h30 às 17h30
2h00 Observação de acompanhamento de planejamento CP2 PROFESSORAS 2h00 Observação de atividades cotidianas
13.05.16 Das 13h30 às 17h30
2h40 Observação de atividades cotidianas CP2 GTR
PROFESSORAS 05.05.2016
Das 13h30 às 17h30 2h00 Observação de acompanhamento de planejamento CP2
PROFESSORAS
2h00 Observação de atividades cotidianas
44
13.05.16 Das 13h30 às 17h30
4h00 Observação de atividades cotidianas CP2 PROFESSORAS
20.05.16 Das 7h30 às 11h30
4h00 Observação de acompanhamento de planejamento CP1 PROFESSORAS Observação de atividades cotidianas
08.06.16 Das 7h30 às 11h30
4h00 Observação de atividades da Gestora GTR
08.06.16 Das 13h30 às 17h30
4h00 Observação de atividades cotidianas CP2 PROFESSORAS
17.06.16 Das 7h30 às 11h30
45m Observação de atividades na secretaria da escola
CP1
17.06.16 Das 13h30 às 17h30
4h00 Observação de atividades cotidianas CP2 PROFESSORAS
05.08.16 Das 7h30 às 11h30
2h20 Observação de acompanhamento de planejamento CP1 GTR
PROFESSORAS 1h40 Observação de realização de reunião com as professoras
05.08.16 Das 13h30 às 17h30
1h00 Observação de acompanhamento de planejamento CP2 PROFESSORAS 3h00 Observação de realização de reunião com as professoras
11.08.16 Das 13h30 às 17h30
4h00 Observação de acompanhamento de planejamento CP2 PROFESSORAS
19.08.2016 Das 7h30 às 11h30
3h00 Observação de atividades cotidianas
GTR PROFESSORAS
19.08.2016 Das 13h30 às 17h30
3h00 Observação de atividades cotidianas
CP2 GTR
PROFESSORAS 25.08.2016
Das 7h30 às 11h30 3h00 Observação de atividades cotidianas
CP1
PROFESSORAS 25.08.2016
Das 13h30 às 17h30 3h00 Observação de atividades cotidianas
CP2
PROFESSORAS 01.09.16
Das 7h30 às 11h30 3h00 Observação de atividades cotidianas
GTR
PROFESSORAS
45
01.09.16 Das 13h30 às 17h30
3h00 Observação de atividades cotidianas
CP2 GTR
PROFESSORAS 05.09.16
Das 7h30 às 11h30 3h00 Observação de atividades cotidianas
CP1 GTR
PROFESSORAS 05.09.16
Das 13h30 às 17h30 3h00 Observação de atividades cotidianas
CP2
PROFESSORAS 15.09.2016
Das 7h30 às 11h30 3h00 Observação de atividades cotidianas
CP1
PROFESSORAS 15.09.2016
Das 13h30 às 17h30 3h00 Observação de atividades cotidianas
CP2
PROFESSORAS 30.09.16
Das 7h30 às 11h30 4h00 Observação de atividades cotidianas
CP1
PROFESSORAS 30.09.16
Das 13h30 às 17h30 4h00 Observação de atividades cotidianas
CP2
PROFESSORAS
46
As observações foram negociadas previamente com os atores envolvidos,
esclarecendo que os registros feitos seriam apresentados para conhecimento dos
mesmos e, só depois seriam agregados à pesquisa. Nenhuma dificuldade foi salientada
pelo grupo, o que possibilitou à pesquisadora proceder o preenchimento dos referidos
quadros de observações para depois serem feitos os registros das observações em forma
de texto, os quais juntamente com a grelha de registros de observação serão juntados em
anexo.
Faz-se mister destacar que este trabalho não pretende intervenção no meio
pesquisado, tendo, portanto, apenas a vertente investigativa. Compreende-se, entretanto,
a necessidade de que o universo pesquisado tome conhecimento do que for apresentado
como resultado, uma vez que se trata dos constructos feitos por eles no dia a dia da
escola.
A entrevista semiestruturada favorece a descrição dos fenômenos e a
compreensão e explicação de sua totalidade (Manzini, 2009). Na entrevista
semiestruturada o pesquisador está sempre presente e atuante no processo de coleta dos
dados. Este tipo de entrevista se orienta por perguntas básicas que servem para orientar
na obtenção de respostas para o que se pretende, entretanto, possibilita ao entrevistado
responder livremente ao que lhe é inquirido, possibilitando ao pesquisador uma
compreensão mais ampla acerca da situação estudada. Neste sentido, “...a entrevista semi-estruturada tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam frutos a novas hipóteses surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador.” (Triviños (1987, p. 146)
As entrevistas realizadas com as 9 pessoas tiveram como objetivo conhecer a
ação do coordenador pedagógico em diversas situações de coordenação, tendo em vista
a opinião das próprias coordenadoras, da gestora da escola e das professoras. As
entrevistas foram realizadas no período de abril a outubro de 2016 conforme o quadro 6
especifica. No caso das CPs e da Gestora, foram realizadas duas entrevista, no entanto,
algumas delas foram iniciadas em uma data e concluídas depois, por isso, aparece mais
de uma data de entrevista. O quadro 6, apresenta o cronograma de datas das entrevistas
e qual/quais atores foram entrevistados.
47
Quadro 6. Cronograma de Entrevista semiestruturada
CÓDIGO ATORES DATA DURAÇÃO CP1 Coordenadora Pedagógica do Turno Matutino 08.04.16 1’29’’
05.05.16 12’34” 17.06.16 8’35” 25.08.16 1h8’54’’
CP2 Coordenadora Pedagógica do Turno Vespertino 05.05.16 1h8’ 16.05.16 22’1’’ 17.06.16 12’34” 25.08.16 38’28’’ 01.09.16 53’40’’
GTR Gestora/Diretora da Escola 20.04.16 13’17” 05.09.16 6’10” 09.09.16 19’46”
PCM Professora Creche Matutino 01.09.16 50’02” P1I1V Professora 1 Infantil I Vespertino 05.09.16 51’47” PI1M Professora Infantil I Matutino 01.09.16 35’52” P2I1V Professora 2 Infantil I Vespertino 19.08.16 27’27” PI2M Professora Infantil II Matutino 19.08.16 48’4” PI2V Professora Infantil II Vespertino 15.09.16 49’17”
O procedimento de negociação tanto das entrevistas quanto das observações
foi iniciado no momento da apresentação da pesquisa em uma reunião com toda a
equipe da escola. A escolha das pessoas a serem entrevistadas deu-se obedecendo a
alguns critérios: as 02 coordenadoras por terem em sua função o objeto de estudo desta
pesquisa; a gestora por lidar diretamente e também precisar do trabalho do coordenador
para a funcionalidade da escola; e, as professoras por terem o seu trabalho impactado
diretamente pela ação do coordenador pedagógico. Dentre o grupo de professoras
precisou-se criterizar ainda mais, então, optou-se por entrevistar uma professora por
seguimento em cada turno, nesse caso, a negociação com todas as entrevistadas era de
que a identidade permaneceria em sigilo, todas as entrevistas seriam gravadas e
enviadas via whatzap ou email para que elas autorizassem ou não a análise e posterior
uso das mesmas. Não houve nenhuma rejeição ou negativa em conceder a entrevista e,
quando precisou-se substituir uma das entrevistadas24, outras prontamente se
dispuseram a substituí-la.
24 A professora da Creche do Turno Vespertino saiu da escola de licença saúde e a que chegou para substituí-la não teria como contribuir com a pesquisa devido a não conhecer o trabalho da Coordenadora Pedagógica, assim sendo, optou-se por entrevistar mais um a professora do Infantil I haja visto que ela trabalha com algumas crianças que iniciaram o ano com 3 anos de idade. Assim, permaneceria similar ao
48
Todas as entrevistadas foram direcionadas pelas questões contidas nos
guiões de entrevista, os quais estão em apêndice (apêndice 2). Para cada entrevista foi
preenchido um protocolo de entrevista (apêndice 3).
Após o envio das entrevistas para as entrevistadas e preenchidos os
respectivos protocolos, procedeu-se a transcrição literal das mesmas.
iii. A análise e interpretação dos dados
A análise dos dados foi feita considerando as categorias e subcategorias
contidas na matriz de categorização de acordo com o quadro 5. A referida matriz
possibilitou enquadrar as falas das entrevistadas nas categorias e subcategorias, dando
maior organicidade na análise dos resultados da pesquisa e, principalmente, permitiu
que se tivesse a visão de lacunas que precisavam ser preenchidas. Neste sentido, surgiu
a necessidade de que fosse realizada nova entrevista com as CPs e com a gestora da
escola.
que se convencionou como critério a ser considerado que era uma professora por seguimento/faixa etária por turno.
49
Quadro 7. Matriz de Categorização das entrevistas
Dimensões/Categorias (1)
Subcategorias (2) Unidades de sentido (3)
I- Gestão/Planejamento 1.1. Projeto Político pedagógico
1.1.1. Construção e condução do Projeto Político Pedagógico
1.1.2. Planejamentos Elaboração de planejamentos (plano de ação); Projetos Didáticos; Rotinas; Relatórios de atividades da escola
,
1.2. Gestão de recursos
1.2.1. Recursos materiais 1.2.1.1 Solicitação 1.2.1.2 Distribuição 1.2.2. Recursos humanos 1.2.2.1 Distribuição dos professores por seguimento
II- Supervisão/Acompa nhamento das atividades dos docentes 2.1. Desenvolvimento Curricular
2.1.1. Formas de acompanhamento 2.1.2. Gestão de sala de aula 2.1.3. Orientação e análise de atividades a serem trabalhadas com os alunos 2.1.4. Seleção de materiais 2.1.5. Orientação, construção e análise de instrumentos de avaliação
2.2. Relação Pedagógica
2.2.1. Parceria com o professor 2.2.1.1. Aceitação 2.2.2. Com os alunos 2.2.3. Com os pais 2.2.4. Devolutiva
50
III- Orientação da formação continuada 3.1. Concepções/referenciais
3.1.1. O que é 3.1.2. Base legal
3.2. Processos
3.2.1. Entraves/resistência 3.2.2. Alternativas/ Estratégias 3.2.3. Recursos materiais 3.2.4. Discrepâncias 3.2.5. Implementação 3.2.5.1. Aspectos positivos 3.2.5.2 Aspectos negativos 3.2.6. Responsável
3.2. Conteúdos 3.2.1. Tematização da prática 3.3.2. Incidência na aprendizagem
IV- Ação Organizacional 4.1. Relação com as estruturas e outros membros da organização escolar
4.1.1. Relação com a direção da escola 4.1.2. Relação com os demais funcionários
4.2. Relação com o exterior
4.2.1. Relação com as autoridades locais/ SEMED 4.2.2. Devolutivas 4.2.3 Relação com os pais
V- Formação inicial 5.1. Como se faz
5.1.1. Aspectos positivos 5.1.2. Aspectos negativos
5.2. Relação com a prática na escola
5.2.1. Adequados; 5.2.2. Inadequados; 5.2.3. A ser melhorado;
51
VI- O Coordenador Pedagógico 6.1- Atribuições de acordo com a Legislação
6.1. 1. O que é atribuído na legislação da SEMED 6.1.1.1. Concepções/referenciais da função de coordenação
6.2. O que é o Coordenador Pedagógico na Lagislação da SEMED
6.2.1. O que é atribuído no Manual de Orientações sobre o que deve ser o coordenador
6.2.2. O que se pensa sobre o que deve ser a ação do coordenador (o seu modo de coordenar/liderar) 6.2.2.1 Concepções/referenciais da função de coordenação 6.2.3. Coordenação na Ed. Infantil 6.2.4. Modelo
6.3. O que é na pratica o Coordenador Pedagógico
6.3.1. Concepção 6.3.2. Outras atribuições e entraves
52
III. APRESENTAÇÃO DOS DADOS: O COORDENADOR, A FUNÇÃO E A
AÇÃO EM CONTEXTO.
Neste capítulo apresentaremos a análise dos dados obtidos por meio da
observação não participante e das entrevistas semiestruturadas em contraponto ao que
se apresenta em documentos oficiais de proveniência Federal, Estadual e Municipal. A
observação não participante e as entrevistas semiestruturadas permitiram perceber
pontos comuns ou divergentes entre o que preconizam os documentos oficiais e o que
está posto na prática cotidiana do Coordenador Pedagógico.
O CONTEXTO E O PERCURSO PESSOAL E PROFISSIONAL DAS
COORDENADORAS
A escola Unidade de Educação Básica Primavera, lócus desta pesquisa inclui-
se na categoria de creche, haja vista que a mesma atende a crianças de 03 a 06 anos de
idade.25 Foi construída na mesma área da unidade de mesmo nome que atende aos
alunos do Ensino Fundamental. Com 25 anos de existência, a UEB Primavera conta em
seu quadro com uma gestora, a qual responde pela parte administrativa da escola junto à
SEMED e, 02 coordenadoras pedagógicas, sendo uma em cada turno.
A estrutura física conta com 10 salas de aula; refeitório; 03 banheiros (sendo
dois para as crianças e 01 para os adultos que fica na sala da direção); 01 pequeno pátio;
1 brinquedoteca (espaço adaptado) e uma área externa ampla, porém sem uso.
No que se refere ao seu funcionamento, a escola funciona em dois turnos, das
7h30 às 11h30 para o turno Matutino; e das 13h30 às 17h30 para o turno Vespertino.
Pela manhã atende a 10 turmas assim distribuídas: 4 turmas de creche (crianças de 3
anos); 3 turmas de Infantil I (crianças de 4 anos) e 3 turmas de Infantil II (crianças de 5
anos).
À tarde a escola atende a 09 turmas distribuídas da seguinte forma: 3 de
creche; 3 de Infantil I e 3 de Infantil II.
Cada turma conta com uma professora em sala, as quais cumprem uma carga
horária de 24h ou 40 horas semanais (no caso das concursadas) e 30h (no caso das
25 De acordo com a LDB 9394/96 as escolas que atendem a crianças abaixo de 04 anos estão incluídas na categoria de creche, mesmo que seu funcionamento se dê em dois turnos. Art. 30. A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade;
53
seletivadas). Da carga horária total de cada professora, 1/3 é destinado para atividades
de estudo, planejamento e construção de material a ser utilizado com as crianças.
O número de professoras varia de um turno para outro em função da
quantidade de turmas. Pela manhã são 14, e, à tarde são 12. Dentro desse quadro estão
tanto as professoras efetivas (concursadas) quanto as seletivadas (contratadas). As
concursadas são as que prestaram concurso público e fazem parte do quadro efetivo da
SEMED. As seletivadas são aquelas que foram submetidas a um processo seletivo para
contrato de 1 ano podendo ser prorrogado por mais 1 ano.
A média de alunos por turma varia de acordo com a faixa etária das crianças.
Na creche é entre 14 e 15 crianças; no Infantil I é de 21 e 22 e no Infantil II essa média
varia entre 23 e 24 crianças. O total de alunos atendidos na escola é de 363 , sendo 191
no turno matutino e 172 no turno vespertino.
O atendimento semanal garantido por lei às crianças é de 20h semanais26, o que
implica a complementação de 1 dia por outra professora.27 Cada professora de 24h
trabalha 4 dias por semana em atividades diretamente com os alunos e 2 dias em
atividades de planejamento, formação e construção de material a ser utilizado junto aos
alunos nos 4 dias. As de 40h trabalham 7 expedientes de 4h distribuídos nos dois turnos
com os alunos e o restante em outras atividades. As professoras com carga horária de 30
h trabalham 20 horas com os alunos e 10 com outras atividades. O quadro 1 demonstra
de maneira mais clara essa distribuição de carga horária.
26Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) http://www.jusbrasil.com.br/busca?q=Art.+31+da+Lei+de+Diretrizes+e+Bases+-+Lei+9394%2F96; Acesso em 07.06.16. 27 Art. 2o
§ 4o Na composição da jornada de trabalho, observar-se-á o limite máximo de 2/3 (dois terços) da carga horária para o desempenho das atividades de interação com os educandos. Lei nº 11.738, de 16 de Julho de 2008.
54
Quadro 8. Distribuição de carga horária das professoras considerando o
total de horas previstas em sala de aula.
CARGA
HORÁRIA
EXPEDIENTES NA
ESCOLA
COM ALUNOS COM OUTRAS
ATIVIDADES
24h 5 (de 4h) 16h 8h
30h 5 (de 4h) 20h 10h
40 7 (de 4h) 28h 12h
Dos 2 dias dedicados à outras atividades, um está, teoricamente,28
compreendido o sábado. O dia dedicado a outras atividades, compreendido entre a
segunda e a sexta-feira, é distribuído de acordo com o período29 ao qual a professora
atende. A carga horária das coordenadoras é a mesma das professoras, 24 horas
semanais distribuídos de igual maneira que a das professoras. As CPs estão presentes
em 4 dos 5 dias de trabalho, cada uma em seu horário específico. Assim sendo, a
distribuição de dias para outras atividades obedece ao que está descrito no quadro
abaixo:
28 Diz-se, teoricamente, em virtude de não haver expediente no sábado. 29 Em conformidade com a LDBEN 9394/96 a distribuição por faixa etária para efeito de organização das turmas dá-se da seguinte forma: 03 anos creche; 04 anos Infantil I; 05 anos Infantil II.
55
Quadro 9. Calendário de dias da semana para planejamento por
seguimento
TURNO PERÍODO DIAS DA SEMANA
SEG TER QUA QUI SEX
MATUTINO CRECHE X
INFANTIL I X
INFANTIL II X
COORDENADORA30
VESPERTINO CRECHE X
INFANTIL I X
INFANTIL II X
COORDENADORA X
O PERCURSO PESSOAL E PROFISSIONAL DAS COORDENADORAS
O coordenador pedagógico é um profissional concursado pela SEMED
(Secretaria Municipal de Educação) para o cargo de Especialista em Educação. Pertence
ao quadro de servidores da Prefeitura Municipal de Educação. A atuação do especialista
na escola pode ocorrer nos cargos de gestor ou coordenador pedagógico.
Em se tratando do especialista em Educação com o cargo de coordenador
pedagógico, as sua funções, de acordo com que estabelece o documento “Caderno do
(a) Coordenador (a) Pedagógico: Organizações para o trabalho escolar” publicado em
2014 pela Secretaria Municipal de Educação, são as seguintes: “Existe o consenso de que, dentre as diversas atribuições exercidas, alguns aspectos são essenciais para que o trabalho deste (a) profissional alcance seu objetivo precípuo: a melhoria do ensino. Tais aspectos podem ser, sumariamente, assim elencados: Planejamento, Formação Continuada e Acompanhamento do Trabalho Docente.”
A CP na escola, não exerce outro cargo que não seja a de coordenador
pedagógico, pelo menos não de forma regulamentada. Por exemplo, não é uma
30 A CP do turno matutino não possui um dia fixo para outras atividades, esse dia acontece de acordo com a necessidade.
56
professora que assuma as duas funções. Contudo, no que concerne às atribuições, estas
vão muito além do que está especificado no “Caderno do (a) Coordenador (a)
Pedagógico: Orientações para o trabalho escolar”. Todavia, o fazer pedagógico das
CPs é pautado nos três aspectos elencados no “Caderno do (a) Coordenador (a)
Pedagógico: Orientações para o trabalho escolar”, e que foram utilizadas como
categorias para analisar a atuação das CPs.
As CPs da UEB na qual se desenvolveu esta pesquisa, são formadas em
Pedagogia com habilitação em Supervisão, e, têm mais de 10 anos de experiência na
função. Ambas iniciaram sua trajetória profissional como professoras e as duas têm
experiência tanto na Rede Pública como na Rede particular de ensino.
Em se tratando da CP1, destaca-se a vasta experiência em escolas particulares
como professora nos diversos níveis de ensino, mas, principalmente, como professora
de Educação Infantil. Em sua trajetória pessoal, a imposição dos pais na escolha do
curso profissionalizante Magistério Nível Médio foi algo não aceito inicialmente como
ela relata: “A minha carreira se deu inicio no momento em que meus pais decidiram o curso que eu devia fazer, até por acreditar que o filho do pobre deveria ter um ofício, então eles decidiram que eu devia fazer o magistério, mas, a princípio eu queria fazer o científico, né, estudar pra fazer o vestibular, eu não queria ingressar no magistério.” (TACP1, p.01)
Em sua experiência profissional a CP1 destaca os 23 anos de profissão,
inicialmente, como professora e 15 anos como Coordenadora Pedagógica da Rede
Pública Municipal para o qual ela prestou concurso.
A escolha pelo curso de Pedagogia deu-se pela situação de cobrança tanto da
gestora da escola onde ela trabalhava, quanto pelos colegas de trabalho e pessoas com
as quais ela tinha contato em congressos, palestras e seminários. Já a opção pela
habilitação em Supervisão foi motivada por: “E a questão de eu ter optado pela supervisão escolar até pelo fato de estar na equipe diretiva da escola eu preferi escolher a supervisão escolar e, pronto, me formei, fui trabalhar em outras escolas, (...) até quando eu fiz esse concurso do município e comecei a atuar como coordenadora pedagógica de Educação Infantil.” (TACP1, pgs. 01 e 02)
Mesmo relatando que a imposição dos pais para cursar o Magistério e a não
aceitação inicial em ser professora, a CP1 se mostra satisfeita na profissão, inclusive,
acredita que Deus tenha direcionado seus pais naquilo que ela deveria fazer, pois
atualmente ela se considera realizada na profissão. A CP1 resume a sua trajetória
pessoal e profissional da seguinte forma:
57
“Então, essa minha trajetória se deu dessa forma como eu te falei, mas eu sou feliz naquilo que eu faço, se eu tivesse que voltar no tempo eu iria escolher realmente a educação, me identifiquei, apesar de não ser aquilo que eu queria inicialmente, mas eu me identifiquei e tem sido o meu sustento, e eu posso dizer que é prazeroso porque aquilo que eu faço me satisfaz, me traz alegria, me trás vontade.” (TACP1, p. 02)
Do registro sobre a trajetória pessoal e profissional da CP2 destacam-se os 29
anos de experiência como professora e 18 anos como Supervisora/Coordenadora
Pedagógica nas Redes Pública e particular de Ensino. No campo pessoal, a influência
dos irmãos e da mãe, teve grande significado na escolha da profissão como ela destaca
no texto produzido por ela sobre a sua trajetória pessoal e profissional:
“Considero bastante importante ressaltar que quando tive que escolher o curso que iria fazer (Pedagogia com habilitação em Magistério de Séries Iniciais e Supervisão escolar), fui bastante influenciada pelas minhas irmãs, que já eram professoras e pela minha mãe, figura singular que me inspirou sempre, e que também assumiu essa função em determinada época da vida. Minha família é composta de dez irmãos, sendo oito professores, daí tamanha influência.” (TPCP2, P.01)
No campo profissional o início da carreira como professora de Filosofia e
Sociologia a atuação como supervisora antes mesmo de se formar, marcaram a sua
carreira. A CP2 destaca em seu relato as muitas dúvidas na escolha da habilitação no
curso de Pedagogia e as razões que a levaram a se decidir pela habilitação em
Supervisão:
“A escolha pela habilitação de Supervisão Escolar deu-se, após muitas dúvidas e questionamentos acerca das dificuldades que eu poderia encontrar no exercício da profissão, por entender que o trabalho com professores seria mais globalizante, ao invés de me direcionar ao aluno, através da orientação ou à gestão administrativa da escola. Na época eu acreditava que conseguiria, através da formação do professor, atingir as demais esferas da escola. Hoje percebo com mais nitidez que isso não traduz toda a realidade, é só parte muito importante da engrenagem multifacetada da educação.” (TPCP2, P.01)
A CP2 enfatiza a experiência em escolas da Rede privada e das Redes pública
Estadual e Municipal. Em seu relato, atribui importância à experiência obtida na
coordenação pedagógica em escola particular a qual aconteceu concomitante a atuação
como professora da Rede Pública Estadual, como relatado abaixo: “Atuei na coordenação pedagógica de escola particular durante nove anos, na qual aprendi muito e em seguida migrei para a Rede Municipal e Estadual há nove anos, nas quais permaneço até agora. (TPPCP2, P.01)
A experiência na rede estadual não tem esse mesmo destaque pela CP2. No que
se refere às experiências vividas na função ela destaca que hora se sentiu parceira da
direção, ora solitária em sua função, sendo alvo até mesmo de desconfiança por parte da
equipe como um todo. Atribui importância à forma como as relações são construídas,
em sua trajetória profissional passou por situações muito complicadas, “porém, apesar
58
desses percalços, na maioria das vezes tenho conseguido bons frutos na realização dos
meus trabalhos.” (TPPCP2, P.02)
Conclui destacando a necessidade de que o CP precisa muitas vezes se
reinventar, mudar o foco, as estratégias ou até fazer ajustes radicais para realizar o seu
trabalho, como descrito no trecho abaixo: “Na função de coordenador pedagógico de uma instituição muitas vezes temos que nos reinventar, mudar o foco, as estratégias ou até fazer ajustes radicais para realizar um trabalho. Tudo como parte da missão. Precisamos ser adeptos do pensamento do poeta amazonense Thiago de Mello, que afirma que ‘não há novos caminhos, mas novas formas de caminhar”.
A formação inicial do CP é feita, em sua maioria no curso de Pedagogia. As
CPs em questão, são fruto ainda, do currículo que preparava o pedagogo para atuar na
Educação Infantil, nas séries do Ensino Fundamental e nas disciplinas pedagógicas dos
cursos de magistério nível médio, mas também, conferiam a este profissional uma
habilitação que poderia ser em: orientação educacional, administração escolar ou
supervisor educacional. Com a reformulação pela qual passou o curso de Pedagogia,
essa habilitação passa a acontecer apenas em cursos de Pós-Graduação. No que se refere
ao que foi colhido nas entrevistas, é ponto comum entre as 09 pessoas entrevistadas que
a formação inicial é muito importante, mas não garante ao CP dar conta das atribuições
que lhe são demandadas no interior da escola.
1. A Gestão/Planejamento das Ações Pedagógicas
A tessitura da pesquisa realizada na UEB lócus da pesquisa partiu de duas
perspectivas às quais foram: a Função do coordenador pedagógico que aparece prescrita
nos documentos oficiais de natureza Federal, estadual e, principalmente, Municipal; e, a
ação do Coordenador Pedagógico em contexto escolar. Neste sentido, trataremos do que
aparece enquanto função deste profissional sob a ótica de 5 documentos, 1 de natureza
Estadual e 4 de natureza Municipal, estes últimos são os que regem diretamente o
trabalho das CPs participantes da pesquisa que deu suporte a este trabalho.
59
1.1 A Função prescrita (quanto aos Planejamentos/orientações; Gestão de recursos
materiais e humanos)
A função do CP que aparece prescrita nos documentos oficiais e que se referem
a Gestão e Planejamento das ações pedagógicas confere a este a responsabilidade na
organização, condução e acompanhamento desta ação na escola. Os documentos oficiais
que tratam a esse respeito são de natureza estadual e municipal. No caso dos
documentos estaduais é o Estatuto e o Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração dos
integrantes do Subgrupo Magistério da Educação Básica Plano de Cargos e Carreiras
instituídos LEI Nº 9.860, DE 1º DE JULHO DE 2013 no qual estabelece que ao
Supervisor Escolar cabe:
“Planejar, supervisionar e avaliar o processo ensino-aprendizagem, traçando metas, propondo normas, orientando e inspecionando o seu cumprimento e criando ou modificando processos educativos, em articulação com os demais componentes do sistema educacional, visando impulsionar a educação integral dos alunos.” (Estatuto e o Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração dos integrantes do Subgrupo Magistério da Educação Básica Plano de Cargos e Carreiras, p. 14 , 2013)
Os documentos de natureza municipal que fazem alusão ao CP são: Plano de
Cargos, Carreiras e Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino
Público da Prefeitura de São Luís; o Regimento Interno das Escolas; o Estatuto do
Magistério Público Municipal e, mais especificamente à função, Caderno de
Orientações Pedagógicas para a Organização do Trabalho da Coordenação Pedagógica.
Todos estes documentos fazem referência ao Coordenador Pedagógico, mesmo que com
outra nomenclatura. O Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento dos Profissionais do
Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís apresenta o CP
como Suporte Pedagógico; o Regimento Interno das Escolas Municipais de São Luís
apresenta o CP como Coordenador Pedagógico; o Estatuto do Magistério Público
Municipal o define como Pedagogo e, por fim, o Caderno de Orientações Pedagógicas
para a Organização do Trabalho da Coordenação Pedagógica o define como
Coordenador Pedagógico.
No que se refere Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento dos Profissionais do
Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís, o CP se apresenta
como Suporte Pedagógico nas atividades de Supervisão Escolar.
O Regimento Interno das Escolas Municipais de São Luís apresenta como
Coordenador Pedagógico, o qual apresenta em seu título III, Art. 34:
60
“O Serviço de Coordenação Pedagógica é um processo contínuo, sistemático, dinâmico e integrado em todo o currículo, com as funções básicas de assessoramento, planejamento, coordenação e avaliação das ações educativas, visando a formação continuada do professor e ao desenvolvimento integral do aluno.” (Regimento Interno das Escolas Municipais de São Luís)
O Estatuto do Magistério Público Municipal, apresenta em sua Seção II, art.
11, o CP como Pedagogo profissional integrante do Quadro dos Profissionais do
Magistério da Educação Básica. Estabelece o seguinte o Art. 11:
“Pedagogo é o profissional integrante do Quadro dos Profissionais do Magistério da Educação Básica que, no desempenho de suas funções, tem sob sua responsabilidade proporcionar às escolas e aos docentes, orientação e coordenação na execução das políticas e programas estabelecidos pelo Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís.” (Estatuto do Magistério Público Municipal de São Luís, p.66)
Já o Caderno de Orientações Pedagógicas para a Organização do Trabalho da
Coordenação Pedagógica o define como Coordenador Pedagógico e principal
responsável pelo sucesso das ações educativas (2014, P. 05). Nesse documento, o
planejamento das ações pedagógicas aparece como um dos três eixos que orientam a
prática do CP. Sobre o planejamento o documento esclarece:
“É ponto pacífico que, qualquer atividade que vislumbre alcançar êxito em suas ações, deve ser precedido da tarefa de planejar criteriosamente os passos que se julga necessário tomar, com a finalidade de obter os resultados esperados. Não é diferente com o (a) Coordenador (a) Pedagógico (a), que deve ter muito claro quais ações realizar, para que seu trabalho alcance os objetivos almejados.” (Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização do Trabalho Escolar, p. 07, 2014)
O mesmo documento faz referência ao plano de ação, às rotinas e aos relatórios
a serem construídos considerando as ações desenvolvidas no contexto escolar. Sobre o
plano de ação encontra-se que: “A estrutura de um Plano de Ação, varia de acordo com a complexidade dos objetivos que procura alcança, de forma que a quantidade de elemento que irão compô-lo não tem um padrão predefinido.” (Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização do Trabalho Escolar, p. 08, 2014)
As rotinas também são destacadas como instrumento de nortear a organização
das práticas pedagógicas. A rotina é compreendida então, como: “... uma ferramenta capaz de materializar as intenções educativas e as experiências do cotidiano escolar, portanto, cabe ao (à) Coordenador (a) Pedagógico (a), a partir das demandas específicas de sua realidade, elaborar sua rotina, orientar a do (a) professor (a) e acompanhar a execução das ações planejadas.” (Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização do Trabalho Escolar, p. 09, 2014)
Os relatórios são apresentados vislumbrando a perspectiva de orientar o
planejamento de atividades que busquem atender as necessidades educativas de cada
criança, bem como orientar o trabalho do professor no ano subsequente, no caso do
61
relatório de Aprendizagem Individual da Criança; e, registrar as principais atividades
realizadas na escola de uma forma geral no caso do Relatório de Atividades da Escola.
O outro documento da SEMED que trata sobre o CP e suas funções é o Plano
de Cargos, Carreiras e Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de
Ensino Público da Prefeitura de São Luís na descrição sumária do que trata como
suporte pedagógico estabelece que o CP é aquele profissional que:
“Planeja, coordena, avalia e reformula o processo ensino/aprendizagem, e propõe estratégias metodológicas compatível com os programas a serem operacionalizados” (Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís, p. 03)
O Estatuto do Magistério Público Municipal de São Luís apresenta o CP como
Pedagogo, atribuindo a ele a responsabilidade de:
“Planejar, orientar, acompanhar, documentar e avaliar o processo ensino aprendizagem, visando a sua melhoria qualitativa junto aos órgãos e instâncias da SEMED”. (Estatuto do Magistério Público Municipal de São Luís, Art. 12, inciso II)
O regimento Interno das Escolas também é um dos documentos de natureza
municipal que abordam sobre o CP e suas funções. Dentre as atribuições concernentes a
este profissional, o planejamento das ações pedagógicas aparece no Art. 37, alínea “g”,
na qual compete ao CP “acompanhar o planejamento, a execução e avaliação das
atividades pedagógicas e didáticas”.
Todos os documentos citados convergem no mesmo sentido de que o CP é o
responsável pelo planejamento das ações na escola, e, no caso dos documentos de
natureza municipal observa-se que além de serem em maior número, existe um que se
destina especificamente à orientação do trabalho deste profissional no contexto escolar
que é o Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização do Trabalho
Escolar. Enquanto os demais documentos tratam da função do CP de uma forma geral, o
referido caderno esmiúça essa atuação nos desdobramentos que requer a ação do CP no
contexto escolar.
1.2 A Ação desenvolvida (quanto aos Planejamentos/orientações; Gestão de recursos
materiais e humanos)
No que se refere à gestão e planejamento das ações pedagógicas, a atuação dos
CPs se alicerça na construção e orientação do Projeto Político Pedagógico (PPP) e na
62
gestão dos recursos materiais e humanos dentro da escola. Da construção do PPP
surgem todas as ações a serem desenvolvidas na escola de uma forma geral os quais
são: o plano de ação; os projetos didáticos; as rotinas e os relatórios. Este último
constitui-se em dois tipos: o Relatório de Aprendizagem da Criança e o Relatório das
ações desenvolvidas na escola durante todo o ano.
A gestão dos recursos diz respeito aos recursos materiais utilizados de forma a
garantir a realização das ações previstas no PPP da escola e aos recursos humanos no
que se refere ao dimensionamento do quadro de professores a atender cada faixa etária.
1.2.1 Projeto Político pedagógico
O PPP da escola é o documento que deve ser construído considerando a
participação de toda a comunidade escolar como: pais; professores; gestor; coordenador
e demais funcionários. Constitui-se, como “um autorretrato da escola”. No caso da
escola em questão, essa construção se deu, segundo a gestora de forma coletiva, que em
sua opinião, a escola tem um papel fundamental no desenvolvimento das ações que
demandam do PPP. Ela relata que a UEB lócus desta pesquisa possui o PPP e que ele
fora construído coletivamente, a partir de levantamento de dados junto aos pais e aos
alunos e, com a participação de alguns professores. Segundo a gestora, o PPP é
revisitado anualmente para que sejam trazidas algumas ações que fazem parte desse
documento e que possam ser trabalhadas no dia a dia da escola. Entretanto, a gestora
admite que não é hábito a equipe pedagógica planejar o ano todo a partir das ações
desse PPP, como ela relata na citação abaixo:
“Olha, eu vou te falar esse processo desse projeto, geralmente, a gente faz na época da Jornada Pedagógica, a gente senta faz alguns levantamentos desse projeto, algumas.... algumas... como é que se diz?... Ações que estão inseridas que podem ser trazidas para o dia a dia da sala de aula, mas assim, dizer que todos os dias, todos os planejamentos a gente está com ele em mãos, não, entendeu, a gente não faz isso.” (E2G PGS. 10 e 11)
As professoras divergem acerca do PPP da escola, pois algumas afirmam que
ele fora construído coletivamente, outras relatam não saberem de sua existência. A PCM
declara que quando chegou na escola já existia o PPP, que ele conhecido por todos por
ter sido construído coletivamente. A PCM relata que: “Quando eu cheguei ele já tinha sido construído, quando eu cheguei aqui na escola ele já existia, mas tímido, a valorização dele, não era dada a devida valorização sei lá porque, mas eu percebo que a cada ano ele vai sendo valorizado mais e mais e não foi construído por ninguém de fora ele foi construído pelo corpo de funcionários da escola, não só professores, mas todos têm uma parcela de participação.” (EPCM P. 19)
63
Dentre as professoras que relataram que o PPP fora construído coletivamente a
P1I1V é uma que destaca a participação da CP nesse processo, ela afirma que “... não
estava ainda na escola, o que eu sei é que ele foi construído coletivamente com os
professores, a gestão, a coordenação, creio eu que com pais também.” (EPI1M, P. 17).
A P2I1V também enfatiza a ação da CP na construção do PPP, em suas
palavras declara que chegou à escola e já encontrou o documento pronto, mesmo não
sabendo como se deu a construção desse documento, acredita que tenha sido com toda a
comunidade escolar como se refere: “Olha, eu cheguei há pouco tempo, há pouco tempo não, mas o projeto já existia, eu creio que foi construído em comum, em comunidade, diretor, coordenador, professores, eu acho que foi feito dessa forma, eu cheguei já estava pronto, eu sei que existe porque a gente já conversou sobre isso, e eu também tô em outra escola do município e sei que ela tá refazendo este documento, estão conversando, é feito em conjunto, então, quando eu cheguei já existia, eu sou uma das últimas aqui da escola.” (EP2I1V. PGS. 21 e 22)
É entendimento geral, no meio educacional que a gestão e o planejamento das
ações pedagógicas na escola perpassam pela construção do Projeto Político Pedagógico
(PPP) no qual o CP tem a responsabilidade pela sua construção. No entanto, a
professora PI1M demonstra não ter conhecimento sobre o PPP da escola. Assim como
ela, as professora a PI2V diz em sua entrevista que “não tem, que eu saiba não tem,
nunca me foi apresentado.” (EPI2V, P. 22).
As entrevistas feitas com as duas CPs da escola também apresentam
divergências quanto a construção do PPP. Para a CP1: “Essa construção ela foi coletiva, tá, envolvendo o que? Alguns membros da comunidade, parte de pais, professores, alunos não porque nossas crianças elas são bem pequenininhas, então os dados que foram coletados na época foi baseado no gosto da criança naquilo que ela faz na escola, essa sondagem do que elas gostariam que tivesse na escola...” (E3CP1, P.09)
Neste ponto há uma contradição no que cada CP entende sobre a construção do
PPP., pois a CP2 esclarece que o processo de construção do PPP não aconteceu como
orientam as literaturas à respeito e como a prática pedagógica requer. Em sua opinião
percebe-se que o processo de construção do PPP se deu de forma quase unilateral, no
qual somente a CP anterior a ela, se responsabilizou pela construção desse documento,
com pouca participação da comunidade e dos professores. A esse respeito, ela diz:
“Foi de uma forma assim muito... não foi muito participativa, a comunidade não participou da forma que deveria participar, primeiro porque não houve uma participação efetiva dos pais, foi mais do coordenador e uma ideia ou outra ideia do professor, mas o coordenador escreveu sozinho, entendeu, então não podemos dizer que é um projeto que de fato atue na realidade da escola.” (E3CP2, P. 11)
64
As consequências dessa participação meramente tímida dos segmentos que
compõem a escola é que o PPP, não é tomado como parâmetro para as ações na escola
durante o ano, nada estranho considerando que este documento, por não ter sido
construído com os atores que fazem a escola, não representa as necessidades
pedagógicas reais da escola.
No que concerne aos planos de ação, os projetos didáticos; as rotinas e os
relatórios devem ser construídos tendo por base o PPP da escola o qual deverá orientar
todas as ações de uma forma geral. O plano de ação caracteriza-se pela organização das
ações a serem realizadas por cada segmento dentro de um tempo previsto, que,
geralmente, é para o ano todo e, de acordo com a CP1:
“...todo início de ano na jornada pedagógica a gente senta com os professores, gestão pra gente fazer esse plano de ação e delegar as responsabilidades, quem vai ficar responsável por determinada ação, porque no momento que a gente constrói esse calendário escolar dalí a gente já começa a se planejar a se organizar pra desenvolver essas ações na escola no decorrer do ano, aí a gente vai colocando quem é da parte da secretaria, quem é da parte da direção, quem é da parte pedagógica.” (E3CP1, P.10)
Os projetos didáticos têm sua origem também no PPP, mas podem surgir de
uma necessidade específica no decorrer do ano. Contudo, de uma forma geral, os
projetos são pensados como ações dentro do PPP, mas com o foco centrado na
construção de aprendizagens por parte das crianças. Para a CP1, “...o projeto didático
ele tem que nascer da necessidade das nossas crianças, a gente parte desse
princípio...” (E3CP1, P.10)
A CP2 relata que a participação das professoras na construção destes
instrumentos é total, na verdade, estas são ações construídas pelas professoras onde a
CP faz o que é de sua atribuição que é condução e a orientação do seguimento professor
nesta ação. Desta feita a CP2 esclarece que:
“No início do ano a gente faz um trabalho de revisitar o plano de ação do ano anterior, e aí a gente repensa as ações e essas ações são trabalhadas durante o ano letivo, esse ano por exemplo, em relação ao plano de ação o que a gente fez foi, durante o período de planejamento anual, a semana pedagógica, nós sentamos pra pensar nos eventos que nós gostaríamos de fazer na escola, nas ações, onde é que a gente acha que deveria atuar mesmo é do ponto de vista metodológico, então a gente fez uma espécie de lista de coisas que nós gostaríamos de fazer, e aí, no planejamento elas utilizam isso, as professoras utilizam isso, e eu sento com elas e digo, “vocês lembram que nós planejamos fazer isso agora nesse período, vocês lembram que a gente se queixou que no início do ano a gente não tava indo bem do ponto de vista da leitura com as crianças, do letramento? Então, vamos caprichar agora no planejamento”. Essas ações que a gente planejou no início do ano, a gente tá trabalhando agora no planejamento.” (E3CP2, PGS. 12 e 13)
65
As professoras destacam a orientação para a construção desses instrumentos
por parte das CPs. A PCM destaca a valorização dada pela CP a essa construção do
planejamento pelas professoras mesmo que ela esteja ausente “...nos momentos dos
planejamentos algumas vezes elas não estão presentes, às vezes tem uma reunião na
SEMED, algumas coisas que elas estão resolvendo...” (EPCM P. 21)
Para a PI1M, nesse processo “tem a questão do próprio planejamento e tem a
questão de acompanhar a rotina nas salas de aula, de dar sugestões de atividades que
precisam ser desenvolvidas...” (EPI1M P. 20). Mais especificamente sobre os projetos
didáticos a PI1M compreende que a orientação da CP se dá “nas formações a gente
decide em relação ao projeto didático, depois a gente senta pra tá vendo como
desenvolver esse projeto, e o CP nos ajuda a sintetizar as ações pra que esse projeto
seja montado.” (EPI1M P. 22)
Em se tratando dos demais instrumentos, tem-se as rotinas de trabalho que
consolidam-se nas ações detalhadas de cada segmento, principalmente, das professoras
e da CP. A rotina é assim, a materialização das ações do planejamento a serem
trabalhadas diretamente ou em prol da aprendizagem da criança, como aparece
destacado na fala da CP1 quando a mesma afirma que “tem as rotinas de trabalho sim,
tanto a do diretor, do coordenador, dos professores, do que vai acontecer no primeiro
momento, no segundo momento, ou seja, a rotina.” (E3CP1, P.12)
O Relatório de Aprendizagem da Criança refere-se à descrição do
desenvolvimento da criança na construção de suas aprendizagens e destina-se aos pais
em primeira instância, e, ao professor da série subsequente como destaca a CP1:
“Olha, o relatório, a gente aqui na escola, a gente trabalha com o relatório de aprendizagem que esse é elaborado com a partir dos professores, na observação dessa questão do conhecimento da criança na sala de aula, e ele produz a primeira versão e traz pra coordenação, a gente faz a leitura, vê o que precisa ser ajustado, mas a gente se preocupa mais com essa questão dos termos pra não rotular a criança, com os verbos que são, a gente nunca dizer a criança é, mas sim que está, então a gente tem essa preocupação e também ver como é que está estruturado o texto né, pra sair um texto de fácil leitura para os pais, pra eles poderem compreender o que a gente, se a gente tá usando uns termos muito rebuscados, termos que são mais próximos para o pai compreender como é que tá o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos dele...” (E3CP1, P.11)
No que se refere ao Relatório de Atividades da Escola, a CP1 leva em
consideração as ações pensadas para o ano, às quais se encontram descritas no plano de
ação. Esse relatório tem como característica a avaliação do que foi planejado para a
escola durante um ano letivo de trabalho, pois relata detalhadamente quais ações
66
aconteceram, como elas aconteceram, as que não aconteceram, porque elas não
aconteceram. Assim sendo, o Relatório de Atividades da Escola esclarece: “O que foi possível, porque não foi possível, quais foram os entraves que a gente teve pra executar, porque às vezes a gente planeja, mas na hora que vai executar a gente vê que houve dificuldades para a implementação daquela ação, né, então a gente coloca que não foi possível, quais foram as dificuldades dentro do que nos resta que isso é de nossa responsabilidade, o que é do nosso órgão mantenedor que é a SEMED...” (E3CP1, PGS.12 e 13)
A escola trabalha com três tipos de relatório, um relatório que discorre sobre a
aprendizagem da criança individualmente, um relatório global do desempenho da turma
e, um relatório das ações da escola a ser enviado para a SEMED semestralmente. Sobre
o relatório semestral a ser enviado para a SEMED, a CP2 relata não ser muito a sua
prática, a não ser que seja solicitada, pela Secretaria de Educação. No caso do Relatório
de Aprendizagem Individual da Criança, é uma prática na escola e funciona como
instrumento de avaliação, este relatório é construído a partir das Avaliações
Diagnósticas feitas individualmente com as crianças. A ação da CP neste contexto é de
realizar a formação continuada com as professoras no sentido de orientar a construção
desse relatório por se destinar a dois seguimentos: o pai que precisa saber sobre a
aprendizagem do filho e a professora do ano subsequente para que possa planejar
atividades a partir das necessidades de aprendizagem de cada aluno. Neste sentido, a
CP2 destaca: “... o Relatório de Aprendizagem ele é feito, semestralmente, já houve uma época em que a gente fazia bimestralmente, mas eu percebia que as professoras ficavam muito cansadas de fazer aquele relatório e elas diziam assim: “Ah! Sei lá, tem tão pouco tempo que eu fiz o relatório e eu já vou fazer outro e tal, então, a gente começou a fazer semestralmente. Esses relatórios são feitos, a gente já teve reuniões, formações pra elas compreenderem o que não pode faltar num relatório desses, o que deve ser contemplado, qual é a linguagem que se deve utilizar, porque o nosso maior interesse é que o pai saiba o que tá acontecendo na escola, então eu posso usar uma linguagem técnica e tal? Então vamos utilizar uma linguagem que se aproxime da família e tal. Por outro lado esse relatório também serve para o professor do próximo ano da criança, então vamos utilizar uma linguagem também, aproveitar pra utilizar pra que sirva também para o professor embasar o trabalho dele. Então, a orientação é mais ou menos essa e esses relatórios, eles são construídos pelo professor e eles são vistos um a um por mim, porque eu penso que vai ser um documento que vai sair da escola, eu penso que é um documento que o pai tem que compreender, eu penso que é um documento que a família tem que usar pra intervir e que o professor do ano seguinte pode precisar, talvez ele não precise, mas se precisar tem lá o documento, e, no caso do Infantil II que é o caso da criança que vai sair da escola a gente dá uma cópia para a escola que tá pedindo e a gente deixa uma cópia na escola pra que qualquer problema que tenha que resolver com essas informações depois.” (E3CP2, PGS. 15 e 16)
A gestora também destaca o importante papel do CP na construção dos
instrumentos tratados aqui, pois como ela destaca, a construção dos planejamentos e dos
projetos didáticos se dá junto ao professor com as CPs orientando esse trabalho, o
acompanhamento se dá, tanto na construção como na observação da execução das
rotinas junto às crianças. As CPs acompanham e orientam diretamente essas atividades,
67
o plano de ação, por exemplo, é feito na Jornada Pedagógica, e se constitui como “...as
ações que nós vamos tá trabalhando durante o ano letivo e que essas ações elas trazem
pro planejamento.” (E2G P.11).
A observação não participante feita durante os meses em que se desenvolveu a
pesquisa constatou que o PPP não foi utilizado em nenhum dos momentos de
planejamento realizados nesse período. Também não se percebeu a utilização do plano
de ação da escola, o que dá indícios de que a construção desse documento tenha sido,
como relatado na maioria das entrevistas, de que ele fora construído de forma unilateral,
sem a participação dos segmentos da comunidade escolar. Entretanto, no que se refere
às rotinas, constatou-se que todas as professoras utilizam a mesma como forma de
registro do que deve ser trabalhado diariamente com as crianças. No entanto, durante a
observação não participante realizada nos momentos de planejamento, percebeu-se a
utilização de rotinas de anos anteriores, livros e projetos pensados no inicio do ano
letivo no momento da Jornada pedagógica como suporte à construção das rotinas de
trabalho das professoras, algo que dá indícios de que essas atividades foram, de fato,
planejadas em um momento anterior.
1.2.2 A Gestão de Recursos
A gestão de recursos, no que se refere aos recursos materiais é compreendida
por todas como um grande entrave devido à insuficiência, inadequação e baixa
qualidade. As professoras são unânimes em relatar sobre a carência, insuficiência e má
qualidade dos recursos materiais. Elas relatam ainda que costumam arcar com alguns
desses materiais para que possam realizar as atividades juntos às crianças, pois o
material enviado pela SEMED não é adequado: “Nem em quantidade, nem em qualidade, nem em prazo vigente, é péssimo, realmente compromete o nosso trabalho nos ofende, né, porque a gente acaba desresponsabilizando o órgão público né, e assumindo o que não é nosso, e isso pra nós é uma ofensa, né, porque a gente fez um, inclusive, um compromisso de não tirarmos mais um centavo do bolso, mas você acaba fazendo, porque a gente tem o desejo de receber bem as nossas crianças, a gente sabe o quanto o ambiente ele influencia nisso, então, a carência desse material, em tempo hábil, em quantidade em qualidade hábil, realmente tem dificultado o nosso trabalho, a gente aqui não tem internet, a gente não tem computadores, a gente não tem nem pra nós nem pra nossas crianças, nem mesmo uma sala específica pra planejar, nós não temos né, fora os outros ambientes, fora os outros recursos, né, que estariam assim, contribuindo muito na nossa prática diária.” (EPI2M PGS. 28 e 29)
A P2I1V relata que a escola lança mão de várias alternativas para suprir a
carência de material, além da contribuição da equipe da escola e dos pais, são feitos
rifas, bingos e festas nas quais os pais trazem a comida para ser comercializada entre
68
eles mesmos para que sejam arrecadados recursos para custear ações junto às crianças
ou mesmo a compra de equipamentos como aparelho de DVD e aluguel de Datashow,
por exemplo.
A solicitação, segundo a P2I1V é feita para a SEMED, uma vez que a
Educação Infantil não recebe recursos como o Ensino Fundamental, então, a SEMED
pede que a escola vá buscar o que já tem lá e que, em sua maioria, não serve ao trabalho
na Educação Infantil e, o que serve, chega em quantidade ínfima para a tender a
demanda da escola. A entrevistada relata que até mesmo o material de limpeza houve
época em que cada professora trazia de casa. A ação da CP quanto à gestão desses
recursos se dá, conforme aparece em algumas entrevistas, desde a solicitação feita para
a SEMED, e, principalmente, na distribuição desse material, uma vez que quando
chega na escola essa distribuição é feita pela gestora e pela CP, de acordo com a P2I1V: “A gestora junto com a coordenadora, elas vão somar a quantidade de professores, a quantidade de material que tem pra dividir certinho manhã e tarde, se não tiver suficiente, não dá, assim, se não for pra todo mundo não dá, ai se tiver sobrando vai ver se dá pra dois ou se fica lá na secretaria e gente quando precisar pede, mas ela dá certinho, se chega tantas colas ela vai distribuir certinho, elas duas fazem a contabilidade pra ver se vai dar pra todo mundo e distribui, mas é muito pouco.” (EP2I1V. P. 33)
Este é um ponto em que as entrevistas convergem no mesmo sentido. Para as
CPs as dificuldades para a concretização das ações se referem, principalmente, à falta de
autonomia financeira da escola, uma vez que as escolas de educação infantil não
dispõem de nenhum financiamento direto para custeio e manutenção das suas
necessidades. As escolas dependem do envio dos materiais tanto didático como de
expediente que é feito pela Secretaria Municipal de Educação- SEMED, através da
Superintendência da Área de Educação Infantil- SAEI, que dispõe de um kit pronto,
montado sem a participação das escolas, o que gera descontentamento por parte dos CPs
e dos professores no que se refere ao tipo, utilidade, qualidade e quantidade do material
recebido. A CP1 deixa bem claro que o material que compõe esse kit é de péssima
qualidade, às vezes chega à escola com o prazo de validade vencido, além de ser
composto, em sua maioria por itens que não correspondem às necessidades das crianças
na faixa etária da educação infantil. Na transcrição abaixo, a CP1 desabafa:
“O material quando ele chega, ele não é dá pra atender os dois turnos, aí a gente vai mesclando, um tanto pra um, um tanto pra outro, bom se vem 12 caixas de lápis de cor, um exemplo, nós temos 10 salas de manhã, 10 salas à tarde, aí quem recebe o material num mês, no outro mês não recebe, a gente vai fazendo essa mesclagem...” (E3CP1, P.18)
69
Como alternativa para solucionar essa problemática, a escola acaba por adotar
uma medida que é proibida pela Secretaria Municipal de Educação- SEMED, que é
pedir material aos pais. Esta medida além de ser vedada pela SEMED, não é bem vista
pela totalidade dos pais, o que ocasiona a situação de que nem todos os pais atendem a
solicitação da escola. Outra medida adotada e que vem sendo alvo de discussão pelo
próprio sindicato da categoria, é a equipe da escola assumir o custeio de grande parte
dos eventos como culminância de projetos, festas de pais, mães, crianças e
encerramento de final de ano letivo as quais são custeadas em sua totalidade pela equipe
da escola. O sindicato dos professores da educação municipal vem se manifestando
contrário a essa prática enraizada nas escolas municipais, sobretudo as de educação
infantil.
Para a CP2 a questão dos recursos materiais incide tanto para o fazer
pedagógico das professoras em sala de aula quanto para o funcionamento da escola de
uma forma geral incidindo também na formação continuada realizada na escola. Para o
fazer pedagógico das professoras, a insuficiência ou a má qualidade desses materiais
interfere diretamente no planejamento e realização das atividades a serem trabalhadas
com as crianças, restando à escola três alternativas: pedir aos pais - que não é permitido
pela SEMED- tirar do próprio bolso ou realizar brechós, bingos, rifas, etc... como se
refere a CP2:
“Mas, não é só isso, na rede nós temos problemas de recursos, porque a gente, “ah, nós gostaríamos de fazer um trabalho, sobre isso, nós não temos autonomia na educação infantil pra fazer isso, porque nós não temos autonomia financeira para propor projetos que utilizem recursos que não sejam, o que nós temos na escola. Nós temos recursos sim recursos na escola, mas não temos o que nós precisamos, isso acaba atrapalhando o trabalho. Por exemplo, nós estamos com uma copiadora quebrada, né, que o conserto dela vai custar R$400,00, vai sair de onde? Do nosso bolso, porque o professor sabe que com copiadora e sem copiadora são realidades bem diferentes (...) Nós fazemos, nós fazemos, às vezes até o perto do impossível, porque em relação aos recursos materiais, nós fazemos cota, vaquinha, é... brechó, rifa, o que for preciso pra gente conseguir os recursos na escola ...” (ECP2, P. 21)
No que concerne à gestão dos recursos humanos, no caso as professoras, a ação
das CPs, segundo relatado pelas professoras entrevistadas, se refere a avaliação do perfil
de cada professora. Essa ação é feita juntamente com a gestora. Assim sendo, para as
professoras que já são do quadro da escola, “a preferência das próprias professoras”
aliada a uma análise da gestora juntamente com a CP acerca das características de cada
uma delas são os principais critérios adotados. Esses critérios aparecem na transcrição
da entrevista da gestora da escola onde ela relata:
70
“Quem já é da escola... bom, a gente faz assim, a gente deixa quem tá dando certo, trabalhando, atendendo bem aquelas crianças, quando há um pedido ou uma necessidade de mudar a gente conversa com a professora.” (E2G P. 13)
Algumas professoras destacam ainda que há uma conversa por parte da gestora
e da CP com as professoras, na qual as preferências delas também são atendidas. A
PI2M relata que é feita uma conversa no início do ano e as professoras vão dizendo as
suas preferências, mas que a gestora e as CPs fazem uma análise das características de
cada uma no sentido de garantir que em cada faixa etária fique as professoras com as
qualidades necessárias ao trabalho com aquele seguimento, para isso as CPs fazem: “Uma avaliação do ano anterior, né, o trabalho do ano anterior, uma conversa mesmo direta com a professora, né, se sentir se realmente tem necessidade de mudança, porque na verdade durante o ano inteiro elas vão orientando o trabalho. Então, elas têm condições de, no final do ano, avaliar se foi bom, se aquela professora conseguiu realmente entrar naquele ritmo, né, se ela entendeu qual era a necessidade daquelas crianças, daquela faixa etária, aí, a partir daí, há a mudança ou permanece” (EPI2M P. 32)
Para as que estão chegando na escola, o critério é definido pela Secretaria
Municipal de Educação- SEMED, através da Superintendência da Área de Educação
Infantil- SAEI que lota a professora de acordo com a carência da escola como destaca a
CP1: “Pela gestora...o certo seria isso... não tem uma coisa, é de acordo com a necessidade, a carência que tem na escola, aí, vamos supor, nós estamos com uma carência no inf. II, aí a pessoa que vai ser lotada na secretaria de educação, ela vai ser lotada no inf. II, ela já vem nominada para o infantil II...” (E3CP1, P.20)
A CP2 também enfatiza que os recursos humanos, no caso, as professoras, são
admitidas via concurso público ou seletivo, são enviadas pela SEMED de acordo com a
carência da escola para as salas que não têm professor. No caso das professoras que já
estão na escola, a distribuição por sala é feita após uma análise feita por ela juntamente
com a gestora e se dá obedecendo a alguns critérios: “Bom, a gente usa, primeiro a gente utiliza a experiência da gente e o que a gente conhece do professor tem o professor que tem o determinado perfil pra determinada série, tem uma professora que tem o perfil pra creche que a gente percebe que ela tem o perfil pra creche, a gente vai e dar preferência pra que manter essa professora lá pra equilibrar o grupo da creche, né, aí tem aquela professora que tem um perfil, um perfil que lida com as crianças com necessidades especiais com muito mais tranquilidade a gente já vai pensando nisso, né, geralmente essa organização é feita pela direção da escola, mas ela não faz isso sozinha, ela consulta a gente, “o que que você acha da gente colocar o professor tal?” E a gente usa mesmo a tradição, não tem jeito, tipo assim, PI2V, é uma professora que está nesse seguimento há muito tempo e ela faz muito bem o trabalho, então, não tem porque tirá-la de lá, né, ela funciona como uma espécie de equilíbrio no grupo, então, nós não vamos tirar essa professora do grupo, às vezes até a gente cria uma certa insatisfação com o professor por conta disso, porque ele tá há um tempo ali, a gente sabe que ele faz bem aquele trabalho, aí ele diz “ah, no próximo ano eu queria ir pra outra sala porque não sei o que”, porque acha que dá menos trabalho, aí não sei o que, e aí, a gente diz “olha, mas presta atenção, né, olha como é o trabalho que a gente tem feito, né, olha onde é que
71
você tem a experiência e tal, nem sempre o professor fica satisfeito, mas é muito raro acontecer, já aconteceu.” (E3CP2, PGS. 18 e 19)
Em situações em que uma professora manifeste o desejo de ficar com um
determinado seguimento e a CP observa que essa mudança causaria prejuízo há algum
seguimento, baseado nessa avaliação ela tem um conversa com a professora e a
convence de permanecer no grupo de forma a equilibrá-lo.
A PI1M também explica que a gestora e CP conversam com elas no sentido de
dimensiona-las de acordo com as características pessoais de cada uma, mas que em
muitos casos “...as pessoas agora puderam ir para aquelas séries onde elas imaginam
que têm mais afinidade pra trabalhar..” (EPI1M P. 25)
Em se tratando dos Recursos Humanos ela relata que a CP tem um perfil de
cada professor que é obtido durante o trabalho do ano todo. Contudo, isso é bastante
conversado entre a CP e as professoras, nos casos em que uma professora manifeste o
desejo de ficar com uma determinada faixa etária que a CP entenda que é mais
produtivo que ela fique com outra faixa etária, há sempre uma conversa ressaltando esse
ponto. No entanto, em geral, a distribuição das professoras, de acordo com a P2I1V, se
dá considerando: “...então assim a coordenadora ela já tem assim o perfil do profissional, com o passar dos anos você já sabe, por exemplo, quem é aquele professor que sabe trabalhar melhor com a questão mais pra alfabetizar, mais pra trabalhar a função do texto, então, esse ela já bota no Infantil II, assim cada professor ele tem o direito de pedir...” (EP2I1V. P. 34)
Imperioso de faz destacar que a ação de coordenação em contexto não se
restringe apenas ao que aparece prescrito em documentos oficiais quer de natureza
Federal, Estadual e Municipal. Fato este confirmado pelas entrevistadas em sua
totalidade e, pela observação não participante realizada no dia a dia da escola. Todas as
entrevistadas declararam que as CPs realizam atribuições que, não seriam de função. A
fala de uma das professoras deixa claro que: “Ele faz outras tarefas, eu acho que o profissional quando ele é bom, ele acaba tomando pra si outras responsabilidades, talvez nem devesse, mas muitas vezes a gente veste a camisa da escola e faz o que não é nem de nossa alçada fazer e, isso acontece não é só com o coordenador não, mas isso acontece com quem não é coordenador...” (EP2I1V. P. 13)
As CPs realizam o seu trabalho de acordo com o que aparece prescrito nos
documentos oficiais, contudo, tanto as entrevistas quanto a observação realizada na
escola corroboram no mesmo sentido, a ação das CPs em contexto vão muito além do
que está definido nesses documentos.
72
1.2.3 Síntese Interpretativa
Esta parte do capítulo aborda a questão da gestão e planejamento das ações
pedagógicas sob o ponto de vista do que aparece descrito na legislação considerando os
documentos de natureza federal, estadual e municipal, contrapondo-se com o que
aparece nas entrevistas e o que se percebeu por meio da observação não participante. O
PPP aparece como uma das principais ações do CP e elemento basilar para a construção
dos demais instrumentos como: planejamentos, planos de ação, projetos didáticos e
relatórios da escola.
O coordenador pedagógico (CP) que atua na escola, não pode, de modo algum,
furtar-se da gestão e planejamento das ações pedagógicas. Dentro deste aspecto, a
construção do Projeto Político Pedagógico e o acompanhamento dos professores na
construção dos planejamentos, planos de ação, rotinas e projetos didáticos, são
compreendidas como função desse profissional.
No que concerne ao PPP, entende-se que ele deve ser construído por todos os
seguimentos sob a orientação do CP e constituir-se em um retrato da escola. Contudo,
são divergentes as opiniões acerca da sua construção por parte da equipe da escola, para
algumas ele fora construído coletivamente, outras dizem não ter participado dessa
construção ou desconhecer tal documento.
Em se tratando das demais ações, ressalta-se a importância demonstrada pelas
professoras na figura do CP como orientador na construção dessas ações. Os
planejamentos, planos de ação, projetos didáticos e relatórios são orientados pelas CPs
que por raras vezes não estão presentes nos momentos de planejamento, mas que
sempre dão orientações para a sua construção.
Outro aspecto abordado neste tópico é a gestão dos recursos materiais e
humanos. No que concerne aos recursos materiais é ponto pacífico entre as professoras
e CPs que esta é uma questão que incide de forma extremamente negativa e prejudicial
às ações na escola. A insuficiência, inadequação e má qualidade dos materiais foram
bastante citados pelas professoras.
Em se tratando da gestão de recursos humanos, ou seja, das professoras, elas
relatam que isso é feito pela SEMED no caso das que não são do quadro da escola e
para quem já é da escola, há um diálogo entre a gestora, as coordenadoras sobre a
questão.
73
A ação das CPs segundo o que foi observado na observação não participante e,
principalmente no que relatam as professoras entrevistadas vai bem mais além do que
determinam os documentos oficiais. Também se verifica que a ação das CPs é bastante
salutar no que se refere à orientação e construção dos planejamentos da escola e,
acontece em parceria com o gestor, contudo, o diálogo com o grupo de professoras é
uma característica marcante na ação das duas CPs.
2. A Supervisão/Acompanhamento das Atividades dos Docentes
Outra atribuição do CP, o acompanhamento das atividades dos docentes, é uma
necessidade da escola no sentido de que haja uma unidade no trabalho e,
principalmente, que o fazer pedagógico do professor gere aprendizagens junto às
crianças. É uma ação que acontece muito próxima das professoras e se estende aos
alunos e pais em menor escala e está relacionada ao acompanhamento do que foi
planejado para ser realizado na escola durante o ano no que se refere à atividades dos
professores.
2.1 A Função prescrita (desenvolvimento curricular e a relação pedagógica)
Sobre a supervisão/Acompanhamento das Atividades dos Docentes, os
documentos oficiais que fazem referência a esta ação são os de natureza estadual e
municipal. Em se tratando dos documentos de natureza estadual tem-se o Estatuto e o
Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração dos integrantes do Subgrupo Magistério da
Educação Básica Plano de Cargos e Carreiras, o qual confere ao CP a atribuição de:
“Supervisionar a aplicação de currículos, planos e programas, promovendo a inspeção de unidades escolares, acompanhando e controlando o desempenho dos seus componentes e zelando pelo cumprimento de normas e diretrizes, para assegurar a regularidade e eficácia do processo educativo” (Estatuto e o Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração dos integrantes do Subgrupo Magistério da Educação Básica Plano de Cargos e Carreiras, p. 14, 2013)
Os documentos de natureza municipal especificam melhor as atribuições do
CP no que se refere a supervisão/acompanhamento das atividades pedagógicas. O
Estatuto do Magistério define em seu Art. 73, inciso II, alínea “b” que o CP deve:
“Planejar, orientar, acompanhar, documentar e avaliar o processo ensino
74
aprendizagem, visando a sua melhoria qualitativa junto aos órgãos e instâncias da
SEMED”. (Estatuto do Magistério, p. 85, 2007)
O Regimento Interno das Escolas se refere ao acompanhamento das ações
pedagógicas como uma das atribuições do CP. Em seu Art. 37 alínea “g” determina que
o CP deve “acompanhar o planejamento, a execução e avaliação das atividades
pedagógicas e didáticas”.
No Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização do Trabalho
Escolar, documento elaborado especificamente para orientação da ação pedagógica nas
escolas aparece: “Acompanhar as atividades docentes é atribuição precípua do (a) Coordenador (a) Pedagógico (a), que envolve a observação da gestão de sala de aula, a análise dos planos didáticos, rotinas e dados referentes aos indicadores das avaliações externas e internas, seguidas de devolutivas orais e/ou escritas aos (às)professores (as). (Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização do Trabalho Escolar, p.10, 2014)
2.2. A Ação desenvolvida (quanto ao Desenvolvimento Curricular e a relação pedagógica)
No que tange a ação desenvolvida acerca da supervisão/acompanhamento das
atividades dos docentes, a observação não participante realizada na escola possibilitou
perceber que na prática a ação das CPs vai muito além do está descritos nos documentos
oficiais, percepção ratificada nas entrevistas realizadas tanto com as professoras, com a
gestora, quanto com as CPs.
2.2.1 Desenvolvimento Curricular
A supervisão/acompanhamento das atividades das professoras por parte das
CPs, inicia-se no momento do planejamento. As atividades a serem trabalhadas em sala
de aula são pensadas pelo conjunto das professoras que atuam com aquela faixa etária,
sob a orientação da CP, e, de acordo com as professoras e a gestora, esse
acompanhamento acontece diariamente junto ao trabalho das professoras.
Este acompanhamento se dá em três situações específicas que emanam do
planejamento da escola que são: a orientação e análise das atividades que serão
trabalhadas junto aos alunos; a seleção de materiais de forma a garantir a realização
dessas atividades; e, a análise e construção dos instrumentos de avaliação.
75
A supervisão/acompanhamento das atividades pelas CPs, na visão da gestora,
se dá “...sempre que a professora tem necessidade o coordenador tá lá junto
orientando, dando algum suporte pra elas.” (E1G P. 15.
As professoras relatam que o acompanhamento das atividades pelas CPs, se dá
de forma sistemática e até natural, com sugestões de melhoria do fazer pedagógico e
também na valorização do que é pensado e realizado pelas professoras conforme relata a
PI2M: “Elas estão conosco no momento do planejamento, no momento da seleção das atividades, no momento da aplicação das atividades, eu, pelo menos eu tô te falando é uma experiência muito própria, eu tô sempre compartilhando, principalmente com a supervisora da tarde, né, algumas atividades que eu tenho feito no sentido de tá despertando a leitura, a escrita, reconheço quando falta atividade de movimento, então elas são muito presentes e a (...) ela tá sempre assim trazendo muitas sugestões pra gente, ‘óh, tem que ser desenvolvido este mês o tema...” (EPI2M P. 22)
O desenvolvimento curricular no que se refere às formas de acompanhamento,
a P1I1V diz que o mesmo é feito pela CP durante o ´planejamento, e no dia a dia da
escola, pois a CP “...sempre tá acompanhando, perguntando, questionando sobre o que
a gente tá fazendo, ela dá sugestões de atividades...” (EP1I1V, P. 18) da mesma forma
na gestão de sala “ela sempre tá com a gente, orientando sempre na sala.” (EP1I1V, P.
18).
O acompanhamento das atividades das professoras feito pela CP é destacado
pela P2I1V com muita ênfase, em sua entrevista a mencionada professora faz um relato
muito detalhado desse desenvolvimento curricular, segundo ela, esse acompanhamento
acontece em todos os momentos, desde o planejamento no qual ela sugere, questiona,
ela acompanha o andamento geral da escola e, durante a realização dessas atividades
esse acompanhamento: “Existe, ela é aquela que olha atividade por atividade, ela olha o caderno de planejamento, ela está junto no planejamento, ela senta com gente, ela dá opinião, ela às vezes se ela acha que a gente pode melhorar aquilo então ela é muito atuante nisso.” (EP2I1V. P. 22)
A entrevista da P2I1V demonstra que a CP tem uma atuação efetiva na escola
de uma forma geral e, que, devido a essa atuação, é referência de profissional que
realiza as suas atribuições de forma muito competente. No que se refere a orientação e
análise das atividades a serem trabalhadas junto aos alunos a referida professora afirma
que a CP “faz, ela faz, como eu disse, ela faz observações, ela conversa, ela... tem esse
feedback, entendeu.” (EP2I1V. P. 27
76
O que é relatado pelas professoras é confirmado pelas CPs em suas entrevistas
e também pela observação não participante. O acompanhamento junto às professoras, a
CP2 deixa claro em sua entrevista que ele se dá da seguinte forma:
“Nosso trabalho aqui é muito, nós fazemos isso de forma muito próxima do professor, é... eu... eu lembro de outras experiências que eu tive do Ensino Fundamental, o medo que a gente tinha de melindrar o professor, por que você entrava na sala de aula pra ver, pra acompanhar. Isso não é uma realidade da educação infantil, aqui a gente tem trânsito livre na sala de aula, entra, sai, ajuda o professor, verifica, organiza, sugere, é ... toma conta quando é preciso, porque assim, essa... a realidade da educação infantil é diferente, o professor não pode ficar nunca só na sala de aula, se a criança vai ao banheiro, alguém tem que ficar lá, né? Então, a gente na educação infantil, a gente não tem esse medo de melindrar o professor por que você não tá entrando na sala pra ver o que ele tá fazendo, né, graças a Deus.” (ECP2, P. 17)
Na observação não participante foi constatado o que as professoras relatam em
suas entrevistas, pois, a atuação das CPs no que trata da supervisão/acompanhamento
das ações das professoras é algo que acontece de forma muito tranquila e em todos os
momentos. Existe uma naturalidade presente nesta atuação que, em nenhum momento,
se percebeu qualquer situação de desconforto entre as professoras e as CPs, ao
contrário, as professoras estão sempre solicitando a presença das CPs e suas sugestões
ou orientações acerca das atividades realizadas.
Essa atuação das CPs se estende a todas as ações realizadas pelas professoras
como é o caso da seleção e construção das atividades a serem trabalhadas junto aos
alunos, da seleção de materiais para a realização das atividades e construção dos
instrumentos de avaliação.
A orientação e análise das atividades a serem trabalhadas com os alunos é uma
ação constante das CPs e acontece nos momentos de planejamento, de acordo com a
PCM. No momento da realização das atividades, caso alguma professora cometa algum
equívoco, a CP chama para uma conversa de uma forma muito jeitosa, sem causar
nenhum melindre para a professora em questão. Segundo ela essa análise: “Às vezes, essa parte aí às vezes no planejamento, ela olha as atividades que a gente tá organizando, algumas vezes e, principalmente, quando ela vê alguma atividade que ela discorda ai ela chama em particular e ela chama em particular e diz porque, e ai, o professor, claro, que tá achando que aquela atividade é boa, ele tem aquela conversa e aí um convence o outro, às vezes o professor consegue convencer ele, às vezes ele consegue convencer o professor a mudar de ideia.” (EPCM P. 20)
Quanto à orientação das atividades a serem trabalhadas com os alunos, a CP
orienta “durante o planejamento através das sugestões do que precisa ser melhorado é
uma forma de elas estarem falando de como a gente pode tá gerindo essas atividades
em sala...” (EPI1M P. 21) e, a seleção de materiais necessários à realização dessas
77
atividades é emblemática devido à não garantia de recursos suficientes pela SEMED,
“...o que acontece tem muito a ver com a vontade do professor de fazer acontecer, se a
gente for ver a questão dos recursos materiais, daquilo que a escola precisa oferecer
nós temos muito a evoluir, a caminhar.” (EPI1M P. 25)
Os instrumentos de avaliação consolidam-se na forma de relatório. O Relatório
de Aprendizagem Individual da Criança, é feito sob a orientação das CPs que os leem
fazendo observações quando necessário. A construção desse documento é, inclusive,
tema assunto tratado na formação continuada das professoras conduzida pela CP2, o
qual é feito: “É, o relatório é feito, primeiro que a gente já fez estudo sobre de que forma a gente pode produzir melhor para o pai compreender porque o objetivo do relatório, por exemplo, é que o pai compreenda o cotidiano, pra isso, (...) e, assim o relatório ele não sai da escola sem que eu tenha lido e assinado. Eu leio e assino todos, sem exceção, porque eu sei que aquilo ali é o resultado do nosso trabalho, tem que corresponder a essa ideia. De repente, o professor faz um relatório lindo, que não é a prática, ou de repente o professor tem uma prática e ele esqueceu de contemplar no relatório.” (ECP2, P. 18)
Em se tratando da orientação e análise dos instrumentos de avaliação, a P1I1
relata que na escola qualquer ação é feita em equipe, “... o próprio relatório que a gente
faz no diário, que é de aprendizagem também, mas é outro tipo de relatório, também é
feito dessa forma...” (EP2I1V. P. 26). Essa orientação é feita de forma muito dialogada
com as professoras no qual existe um feedback do que é construído por elas e as
observações feitas pela CP. A construção desses relatórios é pauta também das
formações, que como a própria CP enfatiza, as pautas das formações demandam da
necessidade da escola, e, sendo a construção dos relatórios uma necessidade da escola
ela relata que a CP: “Ela já fez até formação sobre isso, porque ela viu... é o que eu tô te dizendo, a nossa formação ela é muito baseada nas nossas necessidades, então, ela fez uma formação só pra isso, porque ela sentiu que tinha professor que não tava conseguindo fazer o relatório da forma como deveria ser feito, então, ela fez uma formação só pra isso, pra dizer o que tinha que ser colocado naquele relatório, como é que a gente faz o processo, aquele processo de descrever a criança pedagogicamente, emocionalmente, tinha professor que tinha muita dificuldade, então, ela fez, ela mostrou exemplos modelos, ela sugeriu livros, então ela fez essa formação. Então, hoje a gente já teve aquele norte, a gente já sabe como fazer, às vezes a gente ainda precisa de ajuda, “olha (...) essa frase aqui talvez o pai não compreenda, talvez se você colocar dessa forma”, ou então, “essa palavra tá pesada” vai falar que a criança tá indisciplinada, mas que termos você precisa usar, então acontece dessa forma, ela lê todos os relatórios que a gente termina antes de imprimir, ela lê e ela coloca as observações, ela mesma altera quando ela acha que tem alguma coisa que precisa, uma palavra que seja que ela muda, ela mostra pra gente pra ver se a gente concorda e aí ela assina, ela imprime e assim, eu acho que jamais ela ia assinar algo que ela não concordasse ou que ela achasse que aquilo ali é pertinente.” (EP2I1V. P. 26)
A importância da atuação do CP na escola foi bastante destaca pelas
entrevistadas. Nesse contexto, a aceitação do trabalho do CP por parte dos professores é
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uma questão crucial no sentido de que sua atuação possa se concretizar em uma
orientação que conduza o fazer pedagógico em sala de aula numa mesma linha
objetivando a aprendizagem das crianças.
Para a PCM a atuação do CP na escola é muito importante no sentido de que
esse profissional é muito atuante, dando sugestões ao trabalho dos professores. A
referida professora considera que o CP busca:
“... a melhoria cada vez mais, capacitação, buscam novidades, trazem novidades e o trabalho assim se torna mais eficaz, fica mais produtivo, então elas são bem atuantes, com raríssimas exceções, porque não tem como um universo ser todo coeso, existe um aqui um ali que faz diferente, mas na grande maioria é isso que eu percebo na rede municipal.” (EPC P. 12)
A presença do profissional CP na escola é considerada pela PI1M como de
suma importância, ela ressalta, inclusive, que considera que as escolas que não têm esse
profissional sejam bastante prejudicadas, considerando que é esse profissional o
responsável por articular todos os setores da escola.
A PI2V destaca ainda a importância do profissional CP na escola, em sua
opinião a função desse profissional é tão importante que não deveria ter só um por
escola, ela defende a ideia de que deveria ter um CP para cada faixa etária que a escola
atende, porque a atuação deste profissional contribui bastante para o andamento das
atividades na escola. A referida professora destaca ainda a aceitação que do trabalho da
CP pelas professoras que acontece devido à forma como essa profissional atua:
“... aqui na escola tratando da nossa CP ela deixa a gente muito à vontade, ela deixa a gente muito à vontade pra realizar o planejamento, a melhor forma de trabalhar, ela intervém quando ela percebe que as coisas não estão caminhando como deveriam, em relação, por exemplo, a uma atividade tradicional, uma atividade de leitura que não é pra se fazer, um texto que não tem nada a ver com a realidade ou com o momento, a situação da escola, aí ela intervém nesse processo, mas ela é muito tranquila em chamar a atenção quando é necessário, ela tem uma forma, mesmo séria, mesmo quando a gente tá errada ela tem uma forma séria, mas, essa forma séria dela falar é uma forma tranquila e que nos faz “colocar a mãozinha na cabeça” e ver o que tá errado e o que tá certo ...” (EPI2V, PGS. 11 e 12)
Para a PI1V a importância desse profissional na escola se concretiza no dia a
dia “porque eu acho que se não tiver esse profissional, eu acho que a gente, os
professores acabaria se dispersando um pouco do foco, das atividades enfim.”
(EP1I1V, P. 19).
Quando se refere à sua atuação no cotidiano da escola, a CP1 descreve a sua
prática para muito além do que aparece nos documentos oficiais, apresentando,
inclusive, característica necessárias a esse profissional para que este realize um
trabalho consistente. Assim sendo, a CP1 afirma:
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“Eu vejo assim que o CP ele também tem que ser prático, ele não pode, pra mim, o CP ele tem que ter conhecimento de docência da sala de aula, porque antes de ser coordenador ele tem que também ser professor, pra ele também entender como é que o professor procede determinadas coisas, porque é muito fácil a gente chegar e delegar tem que fazer isso, isso, e pra fazer isso, isso nós precisamos de outras coisas que vão possibilitar eu fazer isso. Então, se eu não tenho conhecimento como é que vou pedir pra esse meu professor e dizer pra ele que ele é possível fazer quando ele dizer “não dá pra fazer”, se eu tenho conhecimento eu vou dizer “é possível se você fizer assim, assim”, por conhecimento de causa, você ajuda mais o professor e o professor ele te considera que é uma coisa, ele vai saber que você não tá ali como um fiscal, a pessoa pra tá fiscalizando ele, mandando nele, ele vai te ver como uma pessoa que tá ali com ele somando com ele, a minha maior preocupação no exercício da minha profissão é somar com os meus professores, estar com eles, não para eles, eu vejo assim que eu tenho que coordenar com eles não para eles, porque se eu for caminhar nesse exercício de coordenação para o professor eu vou ser muito autoritária e eu não vou trazer o professor pra perto de mim, muito pelo contrário, eu vou criar resistência para o meu trabalho dentro da escola.” (E3CP1, P. 39)
Na atuação do CP em contexto escolar, sobretudo no âmbito da educação
infantil, a CP1 destaca a diferença existente na forma de agir, as funções podem ser as
mesmas, mas a forma de realiza-las é muito diferente, muito embora o objetivo seja o
mesmo, a aprendizagem dos alunos, as “comandas” são bem diferentes.
2.2. 2. Relação Pedagógica
Dentro da supervisão/acompanhamento das atividades a relação pedagógica
tecida pelas CPs na escola se consolida na parceria com o grupo de professoras, na
parceria com a gestão da escola, no bom relacionamento com os alunos e pais; e, no
acompanhamento da gestão de sala junto às professoras.
A relação pedagógica entre o profissional CP e os professores é entendido pela
gestora como uma relação bem mais próxima, como uma relação de parceria que se
estende ao relacionamento com o gestor, com os alunos e com os pais, e, também com
os demais funcionários da escola. Quando se refere ao relacionamento das CPs da
escola com as crianças, ela denota que essa relação extrapola a questão puramente
didática a agrega situações de cuidado com as crianças como colocar no colo quando a
criança chora e cuidados de higiene quando necessário. No que concerne aos pais, a
gestora relata: “Também, a gente tem esse relacionamento próximo com a comunidade e se dá muito assim nas reuniões, né, e numa atividade que a gente desenvolve com as crianças na escola a gente tá sempre chamando a comunidade, os pais pra participar de eventos.” (E2G P. 15)
As professoras também concordam que a relação de parceria mantida pelas
CPs extrapola a questão profissional. Em uma das entrevistas, quando se refere à
relação de parceria que a CP mantém com as professoras, o lado humano da CP é
destacado de maneira substancial, como aparece descrito no trecho abaixo:
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“Elas são muito humanas, digamos assim, elas são... além de tudo são profissionais, mas somos amigas, amigas no sentido de compreender, às vezes problemas que não dizem respeito à escola, mas que precisa sendo bom pra atuação do professor, porque o professor ele tem uma vida profissional, mas ele tem uma vida pessoal e, às vezes o problema que está lá fora não diz respeito à escola, mas vem pra dentro da escola, porque o professor ele não pode se desligar, como é que se diz, “eu tô com problema lá fora, eu não trago pra dentro da escola”, por mais que eu não traga, mas só a minha tristeza já diz aqui que eu não tô bem e essas coordenadoras aqui elas são assim amigas e, tipo assim, elas são sensíveis, com isso eu não tô querendo dizer que elas passam a mão na cabeça de professor e que os professores fazem gato e sapato delas, mas elas são parceiras nesse sentido de entender determinadas coisas, buscar soluções e tentar solucionar, um exemplo muito prático quando ha ausência de um professor, dizer que ninguém leva falta, o professor leva falta, mas tudo tem uma maneira de conduzir tanto a coordenadora quanto a gestora também, eu sei que a nossa conversa não tem a ver com a gestão, mas ela também é assim, e ai que entra a amizade que busca dá uma sugestão...” (EPCM PGS. 24 e 25)
A parceria entre as professoras e a CP é compreendida como necessária para
que as professoras trabalhem de maneira efetiva e competente, dessa parceria depende
a execução das atividades planejadas de forma eficaz, na verdade, a P2I1 entende essa
parceria como um das funções desse profissional na escola como ela relata no trecho
da entrevista abaixo: “O CP é o profissional responsável por trabalhar junto ao professor pra que a ação pedagógica do professor funcione de maneira efetiva e competente, então eu acho que o trabalho do coordenador é com o professor, é se preocupar com o professor, com o trabalho dele, com suas atividades, com a rotina, entendeu, com essa questão mesmo pedagógica, eu acho que isso é o coordenador, essa é a função dele, esse é o papel dele.” (EP2I1V. P. 28)
A relação pedagógica com as professoras é expressa no entendimento que a
CP1 possui acerca qual deve ser a atuação do CP em uma escola, sobretudo, em uma
escola de Educação Infantil. Para a CP1 atuação do CP nas escolas hoje deve ser
pautada no companheirismo, na parceria com os professores, dando suporte às ações
destes, orientando-os em seu fazer pedagógico. Desta forma, a CP1 considera que:
“O coordenador pedagógico tem que atuar na escola como esse parceiro, como uma pessoa que vem a somar na prática pedagógica dos professores, tá ali sempre dando aquele suporte, tá acompanhando, apoiando eles nas ações do dia a dia.” (E1CP1, P. 12)
Essa parceria é vista como de grande relevância para a CP1 e depende
também da aceitação dos professores, que, segundo a CP1 só tem a contribuir para a
melhoria do fazer pedagógico dos professores, o que, na situação específica, parece-
nos que essa aceitação é algo internalizado na equipe de professoras de uma forma
geral.
A opinião da CP2 é de que a Coordenação em uma escola de Educação Infantil
é diferente de coordenar outros seguimentos da educação básica. Na Educação Infantil,
o CP precisa estar mais próximo do professor e, principalmente, mais próximo da
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criança. O CP que atua na Educação Infantil, deve trabalhar com as crianças no sentido
afetivo, o que a CP2 enfatiza que “o coordenador da Educação Infantil, ele tem sim essa
necessidade de ter um trabalho mais próximo, mais aproximado do professor e do aluno,
eu acredito nisso.” (ECP2, P. 22)
As entrevistadas demonstram que consideram importante a atuação do CP no
contexto escolar. Nesse sentido, destacam características que julgam serem importantes
para que este profissional seja capaz de atuar no dia a dia da escola. A liderança foi uma
característica bastante ressaltada dentre outras. Uma das professoras diz a esse respeito:
“Eu acho, tem, (...) tem a característica de liderança, porque quando se fala em líder, as pessoas pensam que líder é aquela pessoa que tá ali na frente que tem que tomar as decisões, e fazer tudo, então, o líder é aquela pessoa que te escuta, que te ajuda, que tenta organizar e resolver problemas e (...) é assim, é uma pessoa muito sensata, (...) ela acredita muito, ela não só... não só fala, ela age, ela é muito positiva, ela é incapaz de falar alguma coisa ‘por trás’, ela te chama pra conversar, como eu tô te dizendo ela chama a gente pra conversar quando a pessoa tá errada e ela acaba... ela acaba nos convencendo, ela tem esse poder de persuadir, essa capacidade de envolver...” (EPI2V, PGS. 28 e 29)
A P1I1V destaca a aceitação da CP pelo grupo de professoras, que, segundo
ela, está na capacidade de liderança da referida profissional “porque eu vejo ela uma
pessoa que conhece muito, é uma pessoa que lê muito, que é bem capacitada, então, eu
percebo muito, assim, essa capacidade dela, então, isso pra mim é bastante
proveitoso.” (EP1I1V, P. 20)
No que se refere ao que se pensa ser a atuação do CP no que compete à
liderança, a P1I1 relata que a CP tem essa capacidade, uma vez que “Bom, ela sempre
tá à frente de qualquer problema na escola, hoje mesmo, a gestora não está, ela sempre
responde, qualquer problema que tenha na escola, ela sempre tá pronta a resolver, a
procurar um caminho, uma solução.” (EP1I1V P. 21) e, pelo que se infere em sua fala,
ela considera que a capacidade de liderança presente na CP tenha importância na forma
como as atividades acontecem na escola, “porque é justamente o que faz, de repente, a
escola caminhar bem, uma pessoa que lidere, uma pessoa que seja amável, que seja
capacitado, que oriente.” (EP1I1V P. 21)
Em se tratando do que se pensa em como deve ser atuação do CP,
principalmente no que respeita à questão da liderança, a gestora expressa que esse
profissional tá sempre atuando junto ao professor, mas que também, atua junto à gestão.
Ela assim relata: “Do meu ponto de vista o que eu acho, o que eu penso é que, como eu já disse o coordenador ele tá na escola, ele tá fazendo a sua parte, ele tá fazendo o trabalho deles com os professores e sempre que a gente, que eu tenho necessidade de ter essa figura, vamos dizer, do coordenador ele tá presente, ele tá sempre presente.” (E2G P. 21)
82
A PCM, compreende que esse profissional precisa ter característica de
liderança no sentido de que ele está à frente de um grupo no qual ele precisa ter uma
sugestão para cada situação que ocorra no contexto da escola. Sobre a necessidade do
CP ter a característica de liderança a PCM relata: “Sim porque se ele não souber estar à frente de todas as situações da escola e ai passa pela liderança, de saber é, digamos assim, eu não sei se o termo certo seria esse, de comandar, ou digamos assim, sugerir cada situação para cada um, para cada momento, se ele não tiver, não souber liderar, se não tiver com ele essa capacidade ele pode até conseguir com alguns, mas não com todos, então ele tem que saber que sim, e liderar não é mandar, ordenar, é algo que tem que ser... por isso é que tem que liderança porque é algo que além de tudo tem que respeitar cada um , se ele não tiver liderança, se ele não souber ele vai se tornar um ditador só pra mandar e não vai saber que quem tá numa posição dessa tem que ser parceiro, ser amigo, mas também saber cobrar na hora certa o que é certo, dizer sim quando está certo e não quando está errado, então, tem que ter esse entendimento sim.” (EPC P. 24)
A liderança no entendimento da PCM não se confunde com mandar, até
porque se o CP se utilizar dessa forma de liderança ela vai se tornar um ditador, e, sendo
ditador ele não vai ser parceiro do professor.
Ainda sobre as características necessárias ao CP, a PI1M acredita que, no que
se refere à liderança, esse profissional demonstra ter essa característica: “Eu acho que ele desenvolve essa característica de liderança quando ele participa dessas atividades na escola, porque se ele observa ele sabe como é que funciona ele tem como liderar, agora se ele não é uma pessoa articulada, se ele não tem acesso a toda as pessoas que fazem a escola, não acompanha as atividades da escola fica muito difícil ele liderar porque é capaz dele ficar o tempo inteiro falando de determinadas coisas e a gente sabendo que as coisas acontecem de maneira completamente diferente, então pra liderar é preciso conhecer como é que funciona..” (EPI1 P. 24)
Em se tratando da relação pedagógica entre as CPs e os segmentos da escola, a
observação não participante permitiu confirmar que essa relação, de fato, se traduz em
uma parceria expressa nas atitudes do dia a dia que conferem ao ambiente escolar um
espaço onde todos trabalham de forma coletiva, indo além das suas atribuições.
2.2.3. Devolutivas
As devolutivas se constituem em registros orais e/ou escritos feitos pelas CPs
em resposta à uma situação específica e deve ter como destinatários os professores e os
pais. No entanto, as entrevistas demonstram que essa devolutiva acontece, em sua
maioria, de forma oral. As CPs só fazem devolutivas por escrito em situações muito
específicas como aparece descrito na citação abaixo:
“Sim, elas, sempre que elas fazem essa devolutiva oral ou escrita, ou no próprio planejamento também, quando elas planejam que elas olham o planejamento, elas fazem as observações lá já dando essa devolutiva para o professor.” (E1G P. 16)
83
Uma das professoras entrevistadas relata que essas devolutivas são feitas,
contudo, em sua maioria de forma oral, “pelo menos pra mim geralmente é oral, é
aquele momento, é aquela observação que ela faz, nada por escrito.” (EPCM P. 22)
As Cps declaram que fazem essas devolutivas em sua maioria de forma oral
concordando com o que declaram as demais entrevistadas a esse respeito. A CP1
esclarece que:
“Mais oralmente... às vezes no diário eu ponho alguma observação a lápis do que eu quero que a professora reveja, mas no diário assim mesmo direto eu digo pra elas como é que tem que ser feito, se bem que aqui na nossa escola a gente, as nossas professoras, elas são bem... como é que se diz?... Já tem essa propriedade de... como lançar, de como organizar esses conteúdos, às vezes é questão de alguns detalhes que é justamente o campo de ... de lançar falta, de quem foi transferido,... mas a questão do registro delas, de conteúdo, ou de desempenho do professor elas fazem com tranquilidade.” (E1CP1, P. 14 e 15)
Também a CP2 afirma não ser hábito em sua prática fazer devolutivas por
escrito, a não ser em situações muito específicas ou, no caso das professoras, quando se
trata da orientação para a construção do Relatório de Aprendizagem da Criança. As
devolutivas orais são uma constante, principalmente para as professoras e, acontecem,
em sua maioria, no momento de planejamento como destaca:
“Oralmente a gente sempre faz, aí houve uma época em que a gente fazia por escrito, porque a rede pedia, a própria formação pedia essa devolutiva, né, mas assim, não era, não é muito da minha prática, a não ser que seja assim uma coisa gritante. Do tipo: eu vi uma atividade na sala de aula que a professora resistiu e ela não abriu mão de forma nenhuma daquela forma de trabalhar, aí, eu disse ‘não, eu tenho que dizer pra essa professora e fundamentar, só a minha fala não vai ser suficiente ‘, né, já aconteceu aqui isso, já aconteceram algumas vezes, poucas vezes, mais aconteceu, especialmente quando é uma coisa que o professor não está acostumado a lidar com aquilo ali, ele tá acostumado a lidar de outro jeito, ele resiste, aí eu disse ‘não, ah, então, nesse caso eu tenho que registrar, eu preciso registrar, eu preciso fazer o registro do trabalho pensado pra eu poder mostrar pra professora, convencer a professora de que existe outra forma’, então pra isso, eu preciso que seja feito um registro, uma coisa mais formal e que tenha mais tempo de organizar os argumentos, aí eu vou pra prática do registro escrito, da devolutiva, entendeu, mas, se não, geralmente acontece é na hora do planejamento, na conversa e tal, e aí a gente, no planejamento seguinte, a gente “ah, não aquela atividade não deu certo por causa disso e isso”, a exemplo disso nós temos a apostila que nós utilizamos na escola, ela todos os anos ela é refeita de alguma forma porque a gente percebe, ‘a essa atividade não foi bacana, não surtiu o efeito que a gente gostaria, vamos substituir por essa?” (ECP2, P. 19 e 20)
A observação não participante possibilitou a constatação de que as devolutivas
acontecem apenas de forma oral. São mínimas as situações em que elas são feitas em
forma de registro escrito e, quando se observou alguma devolutiva em forma de registro
escrito, estas se constituíam de pequenas observações, sem a estrutura adequada que a
situação exigia. Neste sentido, acredita-se que, considerando a natureza da ação
pedagógica e da função do CP como orientador do fazer docente na escola, há uma
necessidade de que as devolutivas sejam feitas em forma de registro escrito, haja vista
84
que o oral acaba por se perder no emaranhado de informações e demandas a que estão
submetidas as professoras. A devolutiva feita em forma de registro escrito permite ao
CP sistematizar a sua ação de acompanhamento a partir de uma construção processual e
pode servir de instrumento de reflexão para o professor sobre a sua prática.
No caso dos pais, a ausência dessa devolutiva por escrito impede que haja uma
sistematização no acompanhamento da criança.
Mesmo a prática das CPs estando em conformidade com o que aparece
prescrito em documentos oficiais, a falta das devolutivas por escrito acerca das
situações que mereceram destaque, compromete a sistematização das informações por
parte das CPs e não permite a leitura futura para que a professora ou mesmo as CPs
possam refletir sobre o escrito, melhorando-o, ou mesmo modificando sua prática a
partir do escrito.
2.2.4. Síntese Interpretativa
Esta parte do capítulo foi dedicada ao tratamento dos dados recolhidos nas
entrevistas das entrevistadas no que diz respeito à supervisão/acompanhamento das
atividades dos docentes e se constitui no desenvolvimento curricular e na gestão
pedagógica. Neste tópico os assuntos tratados foram: as formas de acompanhamento; a
gestão de sala; a orientação e análise de atividades a serem trabalhadas com os alunos; a
seleção de materiais; e, a orientação, construção e análise de instrumentos de avaliação
são ações do CP no acompanhamento das atividades docentes e a relação pedagógica
existente entre as CPs e os demais seguimentos da escola.
O desenvolvimento curricular constitui-se do acompanhamento das CPs em
todas as ações pedagógicas da escola desde o planejamento das atividades a serem
trabalhadas com os alunos, perpassando pelo acompanhamento da gestão de sala até a
construção dos instrumentos de avaliação da escola.
A partir das atividades trabalhadas com os alunos em sala de aula, existe a
preocupação de verificar se elas, de fato, provocaram as aprendizagens previstas para
cada faixa etária, assim sendo, a observação direta das professoras junto às crianças,
bem como algumas anotações específicas servem de instrumento de avaliação que vão
mostrar quais aprendizagens foram construídas a partir daquelas atividades, se a
metodologia utilizada pela professora foi adequada, ou se a atividade precisa ser
adaptada de alguma forma ou substituída.
85
A relação pedagógica entre as CPs com as professoras é apresentada como uma
relação de parceria, na qual o CP está muito mais próximo dos professores e também do
gestor.
No que concerne à devolutiva feita pelas CPs acerca da ação
supervisão/acompanhamento das ações pedagógicas, percebeu-se que essa devolutiva é
feita, em sua maioria, de forma oral. Este é um dos pontos em que se acredita que a
ação das CPs necessita ser melhor sistematizada no sentido de que esta ação seja mais
eficaz para o fazer docente. A devolutiva em forma de registro escrito permite que tanto
as CPs quanto as professoras possam lançar mão, sempre que necessário, desse
instrumento para nortear as suas práticas.
A observação não participante e as entrevistas semiestruturadas confirmam que
as CPs seguem a orientação contida nos documentos oficiais, sobretudo, os de natureza
municipal, haja visto, que são estes os orientadores do fazer pedagógico na escola
pesquisada.
3. Orientação da Formação Continuada dos Professores
A orientação da formação continuada dos professores aparece como uma das
principais atribuições do CP nos documentos oficiais, principalmente, os de natureza
municipal. Tendo como base legal a LDBEN 9394/96, a qual fundamenta os
documentos da Secretaria Municipal de Educação-SEMED, a formação continuada
dos professores na escola é o momento em que a equipe pedagógica se reúne para
discutir questões específicas sobre o fazer pedagógico em sala de aula com vistas à
melhoria da aprendizagem das crianças.
3.1 A função prescrita
A formação continuada dos professores aparece na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (Lei 9394/96) em seu Art. 62, parágrafo único31, o qual define: “Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos e de pós-graduação.” (LDBEN 9394/96)
A LDBEN 9394/96 é um documento de natureza federal que trata da educação
de uma forma geral. É o documento que norteia os demais documentos que são os de 31 Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013.
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natureza estadual, municipal ou local. Entretanto, esta Lei não faz referência específica
a qual profissional seria o responsável pela condução desse processo formativo.
O documento de natureza estadual que trata é o Estatuto e o Plano de Carreiras,
Cargos e Remuneração dos integrantes do Subgrupo Magistério da Educação Básica.
Contudo, o referido documento não aborda sobre a formação continuada de nenhum dos
seus integrantes.
No que se refere à base legal da SEMED, cumpre destacar que a Rede possui
um programa de formação continuada para os servidores da educação. Em se tratando
dos documentos que tratam acerca da orientação da formação continuada dos
professores como uma atribuição do CP são: o Plano de Cargos, Carreiras e
Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura
de São Luís; o Estatuto do Magistério Público Municipal de São Luís; o Regimento
Interno das Escolas; e, o Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização
do Trabalho Escolar.
O Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento dos Profissionais do Magistério
do Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís define que o Suporte
Pedagógico é o profissional que “Planeja, executa e avalia atividades de capacitação e
aperfeiçoamento de pessoal da área de educação” (Plano de Cargos, Carreiras e
Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura
de São Luís, p. 57, 2014).
No Regimento Interno das Escolas, a definição do CP como o responsável
pela formação continuada aparece no Art. 37 alínea “b” como atribuição específica
deste profissional onde cabe a este “estimular e articular a formação continuada da
equipe escolar”.
No entanto, o documento de natureza municipal voltado especificamente para a
orientação da ação pedagógica do CP na escola é o Caderno do Coordenador (a)
Orientações para a Organização do Trabalho Escolar. Nele a formação continuada
aparece com uma das principais atribuições do CP, definindo que: “formar o (a) Coordenador (a) Pedagógico (a) para ser o elemento mediador do processo formativo nas escolas é prioridade desta Secretaria de Ensino, acreditando que esta constitui-se uma de suas principais atribuições”. (Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização do Trabalho Escolar, p. 16, 2014)
3.2. A Ação desenvolvida (quanto às Concepções/referenciais; Processos; Conteúdos;
Entraves)
87
No que se refere à ação desenvolvida pelo CP no que tange à formação
continuada, a observação não participante e as entrevistas semiestruturadas
conseguiram demonstrar que dentre as três atribuições principais das CPs é a que
encontra mais dificuldade em sua realização. Entretanto, praticamente todas as
entrevistadas, inclusive as próprias CPs, compreendem que esta é uma das principais
atribuições do coordenador na escola. Neste aspecto, percebeu-se contradição entre as
entrevistadas, pois algumas declaram que a formação está acontecendo na escola e
outras dizem que não.
3.2.1. Concepções/referenciais
A condução da formação continuada das professoras na escola é considerada
como uma das suas atribuições do coordenador não apenas pelas CPs da escola, mas
pela gestora e pela imensa maioria das professoras, dentre as 06 professoras
entrevistadas, apenas 01 respondeu que este momento poderia ser conduzido por um
professor.
Para a gestora, a formação continuada é uma ação de grande relevância no
trabalho junto aos professores na escola. Assim, a formação é vista por ela da seguinte
forma: “Olha a formação continuada pra mim ela é de grande importância pra gente poder até entender o significado de como se trabalhar com a Educação Infantil, então, pra gente é fundamental todos conteúdos que são trabalhados na Educação Infantil pra mim ele é fundamental...” (E2G P. 16)
A formação continuada em serviço é entendida pela professora como uma
complementação ao que foi estudado na graduação e em especializações, é uma ação
que deve ser feita durante toda a vida profissional do professor. A esse respeito a
professora da Creche do turno Matutino (PCM), acredita que: “A formação continuada é algo que se dá paralelo ao meu trabalho, ela é uma continuação do que nós já tivemos na graduação, nós já tivemos na especialização e nós precisamos aprimorar cada dia mais na escola, então por isso a formação continuada é uma continuação, porque a gente nunca tem que parar...” (EPCM P. 15)
A PI1M compreende a formação como a ação de por a teoria a serviço da
prática, no sentido de melhorar o trabalho do professor em sala de aula intervindo
positivamente para a aprendizagem do aluno como ela relata abaixo: “Formação pra mim é buscar fazer com que a teoria esteja a serviço da prática, é buscar com que a teoria nos auxilie a desenvolver melhor nossas atividades em sala de aula a entender porque algumas escolas as coisas funcionam e outras não, é uma forma de intervir, usar o conhecimento
88
científico pra intervir na nossa realidade, pra mim a formação vem contribuir nesse sentido.” (EPI1M P. 16)
Quando se trata do entendimento pessoal acerca do que seja a orientação da
formação continuada a PI2M considera como de responsabilidade do CP e como um
momento indispensável, no qual são discutidas as questões da escola, a esse respeito
ela se refere:
“Pra mim a formação é um momento indispensável, eu sinto falta quando a gente passa assim dois meses sem formação, então, ela é um momento onde o professor vai tá mesmo fazendo aquilo que é indispensável à profissão que é a reflexão sobre a prática. Então, a formação pra mim é isso bem aí, eu preciso melhorar? Em que eu estou acertando? O que eu poderia fazer? Então é um momento pra mim indispensável mesmo, eu sou muito animada com as formações, não gosto de perder, e até porque aqui elas surgem de uma forma muito interessante, é dentro da nossa necessidade o tema, né, ele é escolhido a partir da nossa necessidade ou a partir de sugestões nossas, ou então quando as gesto...as CPs, aliás, percebem que tá precisando fazer isso, né, então elas já trazem um conteúdo voltado pra aquilo que elas estão observando no nosso trabalho..” (EPI2M P. 16)
A orientação da formação continuada na escola é entendida pela PI2V como
uma função do CP, entretanto, ela compreende esta ação como “...um problema assim
porque alguns professores rejeitam essa formação continuada na escola...” (EPI2V P.
17), segundo ela, esse momento formativo é melhor aceito quando é realizado por um
profissional de fora. No entanto, esse momento é visto como necessário não apenas
para as professoras, mas, para os demais funcionários da escola, como ela se refere: “...a formação continuada na escola é necessária, é de necessidade de todo o corpo da escola e eu penso que essa formação não deveria ser, principalmente, na Educação Infantil, não deveria ser só pra professor, não deveria ser, porque logo, eu não sei na Educação Fundamental maior, mas na Educação Infantil, eu acredito que deveria ser de todo o corpo da escola, porque a gente está tratando de criança pequena e criança pequena eu tenho que tratar de uma forma, não que eu tenha que tratar de outra forma, não que eu tenha ser ríspida ou então tratar com grosseria as crianças de Ensino Fundamental maior, mas a criança de Educação Infantil, ela precisa de cuidados mais especiais do que qualquer outra criança...” (EPI2V PGS. 17 e 18)
A responsabilidade pela condução do processo de formação continuada por
parte das CPs é o entendimento demonstrado por praticamente todas as entrevistadas
como uma das suas principais atribuições como relatado abaixo:
“...hoje o supervisor pedagógico, além dessa função de acompanhar o trabalho do professor, o trabalho no que diz respeito à atividade dele em sala de aula, o supervisor tem uma função que é muito importante dentro da escola que é a questão da formação dos professores que hoje o conhecimento que nós conseguimos ter no ensino superior ele não é mais suficiente pra que a gente trabalhe o resto da vida só com aquele conhecimento, ai o supervisor, no caso o CP ele vem com esse novo formato de nos ajudar a repensar a nossa prática através do conhecimento teórico, através do conhecimento científico que vem também se reformulando ao longo do tempo. Então, dentre as funções do CP estão, uma das que eu considero mais importante que essa questão dessa formação no chão da escola.” (EPI1M, PGS. 11 e 12)
89
Para as duas CPs há mesmo o entendimento de que a formação continuada é
atribuição do coordenador, “é a verdadeira atribuição do coordenador pedagógico”
(CP2) e, de acordo com a CP2, há em toda a Rede Pública Municipal de Educação esse
entendimento, segundo a CP “é um princípio da rede, a rede já convencionou que o
coordenador pedagógico é o formador dos professores”.
A CP2 entende que a formação continuada é o que mantém a escola viva, onde
são discutidos os problemas da comunidade e os problemas encontrados pelo professor
em sala de aula, é ainda uma alternativa para suprir a lacuna deixada pela formação
inicial. A formação continuada se encerra então como destaca a CP2: “Vou falar do ponto de vista do plano ideal, depois eu digo do real que é muito triste por sinal, né, do ponto de vista ideal a formação é o que vai manter a escola viva, é o que vai manter a escola atuante, porque lá nós vamos discutir os problemas da escola, os problemas da comunidade, os problemas do professor em relação ao trabalho que ele faz. A formação é para suprir essa necessidade que o professor não tem, que o professor não tem, por exemplo, na universidade, na formação inicial, né, a formação inicial o professor cai na escola assim de paraquedas, então ele vai ter os problemas da escola aqueles que nunca foram citados lá na universidade, né, então eles vão ser resolvidos na formação continuada, do ponto de vista ideal é pra ser resolvido na formação continuada, e, assim, eu vou falar agora do plano do real o que que tem acontecido na escola, né, a rede, ela já foi muito boa nesse item né, a formação continuada, né, porque isso é uma política de formação da rede, e eu percebo que nos últimos anos, precisamente nos últimos seis anos, a formação não é uma... não é um objeto da política, um objeto que a política trate... é a política pública trate na rede municipal de São Luís, é só mais... é só mais um cumprimento de tabela que tem acontecido, como tinha a tradição de uma formação forte, organizada, então ficou a semente e essa semente tá indo assim muito mal regada, a minha preocupação é que ela morra, né, muito mal regada apesar de hoje a gente ter muito mais tempo para a formação, a formação tá muito mais fraca nesta escola, por exemplo, eu digo, eu não posso dizer que houve uma formação continuada nos últimos três anos, aqui alí, a gente faz uma reunião de formação, as professoras nem sabem qual é essa regularidade porque a formação aqui acontecia a cada mês, a cada mês tinha uma reunião de formação e essa formação era à noite porque era a hora que eu conseguia juntar mais o pessoal e eu usava o meu dia de folga à noite pra fazer isso e hoje, a gente não tem conseguido isso, o que a gente consegue com o professor é um estudo na hora do planejamento na dificuldade que ele tem a gente faz, isso não é o ponto de vista ideal, garanto.” (E3CP2, PGS. 25 e 26)
A CP1 se refere à formação continuada na escola como:
“...um momento que a gente pode tá discutindo algumas práticas de sala de aula, que a gente precisa melhorar e buscar conhecimentos que nos dê respaldo, respaldo para esse ajuste, porque a gente sabe que às vezes a nossa prática, é a gente de tanto fazer aquela ação, a gente acaba achando que tá tudo perfeito, e, muita das vezes não tá, a gente precisa aperfeiçoar em alguns pontos ou alargar alguns horizontes dessas práticas.” (E3CP2 P. 25)
No que se refere à base legal que sustenta a formação, as entrevistadas
admitiram, em sua maioria, não ter conhecimento sobre documentos voltados para esse
fim, e as que fizeram menção à existências destes, dizem nunca os ter lido. A P1I1V,
por exemplo, diz saber que existe um documento que trata da função do CP na escola,
muito embora não lembre o nome, a esse respeito ela diz “sim, eu creio que sim, tem, se
eu não me engano tem (...)Não, eu não lembro o nome.” (EP1I1V, P. 15), esse
90
documento a que ela se refere é o Caderno do Coordenador Pedagógico: Orientações
para a Organização do Trabalho escolar, no qual determina “...o (a) Coordenador (a)
Pedagógico (a) para ser o elemento mediador do processo formativo nas escolas”
(CADERNO DO(A) COORDENADOR(A) Orientações para a Organização do
Trabalho Escolar, P. 15)
A P2I1V diz nunca ter visto nenhum documento que trate dessa questão, mas
acredita que essa formação deve ter uma base legal pelo fato de que as professoras
recebem um certificado de participação que serve como documento para progressão no
que se refere a salário. A esse respeito ela declara: “Tem, eu ainda não vi, eu sei que a gente assina, entendeu, então deve ter algum legal que fala de carga horária, de tema, de tudo isso, da forma como ela deve ser trabalhada, porque a gente assim, todas as vezes a gente recebe o documento que a gente participou da formação, então isso é uma coisa legalmente organizada na escola.” (EP2I1V. P. 18)
A CP1 quando se refere à essa base legal é considerando a formação
continuada para os CPs a qual acontece fora da escola, pois para ela:
“A rede ela não dá esse suporte pra gente, o suporte que eu vejo que é assim um grande suporte pra essa ação é a formação de CP dentro da rede, então, mensalmente, a gente tem dois dias de formação de coordenadores com as formadoras da SEMED, a intenção deles é que a gente trabalhe na mesma linha, a mesma linguagem claro, mas considerando as necessidades especiais de cada escola, isso é muito bacana, porque de lá saem algumas ideias, elas dão sugestões de vídeos, coisas assim que elas estão ali pesquisando, tão mais atualizadas, elas repassam isso pra gente, isso é muito legal, a gente vem com essas ideias...” (E3CP1 P. 30)
Todavia, a referida CP não menciona nenhum documento em específico. Neste
sentido, poder-se-ia dizer que falta uma divulgação maior dessa base legal no sentido de
que os coordenadores, objeto desses documentos, possam se apropriar do seu teor.
A CP2 cita como base legal os documentos produzidos pela SEMED, muito
embora não faça referências sobre quais sejam esses documentos. Contudo, ela declara
que esses documentos são fundamentados nos documentos nacionais como a
Constituição, e, principalmente, os que norteiam a Educação Infantil como é o caso dos
Referenciais e, mais recentemente, as Diretrizes Curriculares Nacionais. O único
documento produzido pela SEMED mencionado pela CP2 é o CADERNO DO(A)
COORDENADOR(A) Orientações para a Organização do Trabalho Escolar do qual a
CP2 demonstrou não ter total propriedade. A respeito desse documento a CP2 relata: “Eu não lembro exatamente o que contém no Caderno, mas, ele é um caderno que trata globalmente desse trabalho, então, ele fala sobre a função do coordenador, ele fala sobre um pouco do cotidiano da escola, mas, eu não lembro se ele fala exatamente sobre isso, mas se a função do coordenador é essa da formação naturalmente, é inerente a isso, a essa orientação lá dentro do caderno, esse caderno ele, inclusive, não é nem assim muito divulgado na rede.” (E3CP2, P. 28)
91
3.2.2. Processos
A formação continuada na escola é uma ação que encontra alguns entraves
para a sua realização, entraves que vão desde a carência de recursos didáticos, estrutura
física adequada como também divergências no que se refere ao entendimento de como
deve ser utilizado o tempo de 1/3 para outras atividades entre as professoras e a
SEMED.
De acordo com a Lei Federal 11.738/08, 1/3 da carga horária dos professores
devem ser cumpridas fora das atividades com os alunos em atividades como: construção
de planejamentos, elaboração de atividades e construção de materiais a serem
trabalhadas junto aos alunos, bem como à participação em momentos de formação
continuada. Contudo, atualmente, essa tem sido uma ação bastante complicada, uma vez
que o tempo das professoras é organizado de modo que todas as professoras que
atendem o mesmo seguimento/ faixa etária estejam em seu momento de 1/3 ao mesmo
tempo. Há, então, um esfacelamento da formação, uma vez que não há como juntar a
equipe como um todo, “...e nós temos um grande dificultador agora que é essa questão
desse tempo depois do 1/3, o que que vai acontecer?” (E3CP1 P. 28)
No que se refere aos processos, as entrevistas não coadunam em sua totalidade,
pois algumas consideram que a formação está acontecendo enquanto momento de
estudo, porém, a maioria admite que o que está acontecendo na verdade é só o
planejamento da rotina a ser trabalhada durante a semana.
Na entrevista a própria gestora relata que, nesse momento, a formação
continuada não está acontecendo em decorrência da questão do 1/3 de hora da carga
horária dos professores destinadas a atividades que não sejam junto com aluno, que,
para ela não se caracteriza como entrave “eu não digo que é um entrave para a
formação, eu digo assim, é porque essa questão de 1/3 ele diminuiu o dia do professor
na sala de aula...” (E1G P. 13). Muito embora em outra entrevista a gestora admita que
essa questão se constitua sim como entrave quando fala “É, essa questão bem aí é um
entrave, porque depois que veio essa questão do 1/3, da diminuição da carga horária
da formação ele acha que a formação tá dentro do dia de planejamento dele.” (E2G P.
17). Para resolver essa problemática a gestora esclarece que aguarda um posicionamento
da SEMED que possa respaldar a realização dos encontros formativos aos sábados,
como assim define a gestora “...a gente tá esperando um documento que vem da
92
SEMED, porque a formação tem que acontecer aos sábados né, então a gente tá
esperando o documento que nos respalda... (E1G P. 13)
Algumas professoras também relatam em suas entrevistas que a formação
continuada não acontece na escola há algum tempo, ou acontece de forma irregular
como cita a PCM: “...acontece uma, duas vezes, depois não tem mais, então, a formação por ser continuada, precisa ser continuada, mas, pelo menos aqui na escola não acontece, tem um, dois encontros depois para, depois retoma e assim não tem uma continuação até porque um calendário, não dá pra ter porque o grupo não aceita.” (EPCM PGS. 16 e 17)
Outra entrevistada relata que a formação não tem acontecido na escola como
quando ela iniciou na rede, conforme aparece transcrito abaixo: “...quando eu iniciei no município nós tínhamos formação continuada, não eram todos os sábados, de 15 em 15 dias, né tínhamos, mas sabe o que aconteceu? Foi se perdendo isso, eu acho que se nós tivéssemos criado a cultura, porque essa formação, se tivéssemos criado a cultura da formação mesmo, talvez não tivesse chegado onde chegou.” (EPI2V P. 20)
No entanto, algumas entrevistas dizem o contrário, algumas professoras
afirmam que a formação continuada na escola está acontecendo. Neste sentido, a P1I1V
relata que a formação continuada “ela acontece, se eu não me engano, creio que a cada
2 meses, eu não tô bem certa.” (EP1I1V, p. 16).
As coordenadoras, no entanto, admitem que a realização da formação
continuada na escola não tem sido feita como deveria, esse momento, segundo elas, tem
acontecido dentro do planejamento e com um segmento da escola por vez. As falas a
seguir expressam o que declararam as CPs a respeito da realização da formação
continuada: “Eu vou bipacionar32 essa formação, vou fazer de acordo com o dia de planejamento de cada professor, então tem três hoje que tá de planejamento, então eu vou sentar com essas três hoje, no outro é mais três, então eu vou sentar com as três, se tiver quatro, eu vou sentar com as quatro.” (E3CP1 P. 28)
A CP2 declara que “...o nosso trabalho de formação, agora é dentro do
planejamento...” (ECP2, P. 17), em virtude de não ter um tempo coletivo no qual todas
as professoras estejam fora da sala de aula.
32 O termo utilizado pela CP foi no sentido de que a formação acontece em pequenos grupos de forma esfacelada.
93
3.2.3. Conteúdos
Quando se trata dos conteúdos estudados nas formações, as entrevistadas
fazem referência a conteúdos considerados necessários à melhoria da prática junto aos
alunos. Para a gestora a formação continuada é baseada na “tematização da prática na
sala de aula” (E2G P. 17), na qual já foram estudados conteúdos como: letramento,
como realizar a avaliação diagnóstica, bem como documentos nacionais que norteiam a
Educação Infantil.
A PCM destaca que os conteúdos estudados nos encontros formativos são
voltados para a busca de resolução dos problemas da escola, o que se pode compreender
como tematização da prática, assim os conteúdos seriam: “Nós já estudamos muito o RCNEI que alfabetização, a própria... os caminhos da alfabetização, até tipo de letras que se podem usar é conteúdo que já se estudou, já se estudou assim alguns documentos que a própria SEMED envia pra ser discutidos e a gente faz um modo de formação e discute e elabora coisas, elabora documentos, e estuda-se outros conteúdos que a gente julga necessário no momento.” (EPCM P. 17)
Para a PI1M os conteúdos estudados na formação são relevantes porque partem
da realidade da escola, dentre esses conteúdos estão: “Olha, os conteúdos assim de forma específica trabalhados na formação, nós já trabalhamos a questão da importância do brincar, a relação que nós devemos ter com a família, com os nossos alunos, nós já estudamos também como receber esses alunos nos primeiros dias quando eles retornam das férias, nós já estudamos sobre o cuidar que é uma das funções da Educação Infantil.” (EPI1M P. 18)
A P2I1V esclarece que os conteúdos tratados nesses encontros formativos
podem ser definidos pela SEMED, mas em sua maioria, partem da necessidade da
própria escola os quais são sugeridos pela CP ou pelas professoras, o que aponta para a
tematização da prática pedagógica. Para ela esses conteúdos se consolidam na
tematização da prática e na incidência na aprendizagem das crianças. Em relação à
tematização da prática a PI2V destaca conteúdos abordados nas formações os quais se
relacionam com o fazer pedagógico, com o entendimento de como a criança aprende e
de como perceber quando a criança aprende e o que ela aprende, como se pode inferir
nos conteúdos destacados pela referida professora:
“Avaliação, isso aí sempre tinha, avaliação muito,... a última que nós tivemos aqui, foi sobre gênero, acho que não foi a última não, (...), tinha umas coisas aqui na escola, aí a gente pediu pra ela... eu lembro de avaliação, gênero, sobre crianças com dificuldades especiais, veio até gente, pessoas da SEMED, fazer com a gente, mais ou menos isso, leitura e escrita na Educação Infantil são os assuntos que a gente já discutiu bastante.” (EPI2V P. 20)
94
A atuação das CPs como condutoras dessa formação é destacada pelo grupo no
sentido de trazer para as discussões conteúdos que incidem na aprendizagem dos alunos
como aparece na citação a seguir: “É porque às vezes a gente fica meio que ... em sala de aula todo dia, né, a gente acaba meio que se dispersando um pouco do objetivo real, do sentido da educação em si, então, eu acho que o profissional da coordenação... é interessante esse trabalho delas por isso, né, porque eles trazem temas que de repente a gente se atentando, né, dentro de sala de aula, e eu acho interessante, muito bom.” (EP1I1V P. 17)
A PCM destaca a atuação da CP na seleção dos conteúdos a serem estudados
na formação, sendo que sua implementação se dá: “É, como a gente sempre seleciona, as coordenadoras selecionam os conteúdos com a necessidade da escola, eles são implementados justamente no que a gente tá precisando porque, porque às vezes as próprias coordenadoras procuram o que os professores teriam de sugestão, então, se é uma coisa que às vezes a gente sugere porque a gente tá precisando, então, vai direto e implementa na sala de aula aquilo que o aluno tá precisando.” (EPCM P.18)
No que se refere aos conteúdos abordados nas formações as CPs destacam a
implementação destes no fazer pedagógico das professoras no sentido de melhorar a sua
atuação em sala de aula, o que por sua vez incide positivamente na aprendizagem das
crianças. Para a CP1, a aprendizagem das crianças também é afetada positivamente haja
vista que “com certeza, o foco é chegar isso na aluno, o professor se aprimorando aqui
ele vai fazer melhor lá na sala de aula, o aluno vai ter mais possibilidades.” (E3CP1, P.
32)
Já a CP2, acredita que, partindo da prática das professoras junto aos alunos, a
formação continuada suscita aprendizagem tanto nas professoras quanto na
aprendizagem das crianças pois em sua opinião: “Se muda a cabeça do professor essa mudança ela imediatamente se transforma em prática no trabalho com as crianças, as crianças, eu acho que as crianças da Rede Municipal de São Luís hoje são crianças mais leitoras, mais próximas de um processo de letramento, são crianças mais cuidadas, mais assistidas, assistidas em todos os aspectos por conta dessa formação, isso é o que eu consigo ver, não tá perfeito e tá muito longe de ser perfeito, mas eu digo é que avaliando esse processo ao longo dos anos eu acho que houve um amadurecimento.” (E3CP2, PGS. 30 e 31)
3.2.4. Entraves
Tanto as entrevistas quanto a observação não participante apresentam duas
situações principais que se colocam como entraves à realização da formação continuada
na escola: primeiro na falta de estrutura da escola; e, segundo na questão da falta de
horário coletivo das professoras para esta ação. A falta de estrutura se refere à questão
dos recursos necessários como material de suporte: Datashow, xerox, dentre outros.
95
Segundo relatado nas entrevistas, a destinação de 1/3 de hora atividade para
outras atividades do tempo das professoras acaba por provocar uma situação
contraditória, ao mesmo tempo em que garante horário para planejamento, elaboração
de atividades didáticas e outras dentro da jornada de trabalho dos professores, impede a
existência de um horário em que todas as professoras estejam fora da sala de aula para
esse fim.
Em se tratando da falta de recursos a fala da gestora esclarece que: “Olha, o recurso pra se trabalhar essa formação, eu vejo assim que aqui a gente tira muito do bolso, entendeu, as CPs quando elas querem trabalhar um texto, então, nós temos quantas professoras? Dez? Elas tiram do bolso pra tá disponibilizando esses textos pra professoras, porque todo recurso que o CP precisa pra tá fazendo a formação, somos nós que temos que correr atrás, a gente mesmo que custeia.” (E2G P. 17)
A opinião da gestora é confirmada pelo que diz a CP2 quando destaca que a
escola não dispõe de recursos como Datashow ou mesmo material impresso como
destacado na citação abaixo:
“Não. Nós não temos, por exemplo, um data show, nós já tivemos um Datashow, só que tem que ter instrumento, né, pra essa formação, nós temos que ter é...material impresso, não existe formação sem ter material impresso por mais que o smartfone ou o computador sejam instrumentos, mas a gente precisa de material impresso e a gente tem que providenciar, nós não temos cota, antigamente nós tínhamos uma cota na SEMED pra gente reproduzir os textos, não existe mais essa cota...” (E3CP2, P. 29)
Além das duas situações principais destacadas as professoras acrescentam
outras. A PI1M destaca a realização desse momento fora em horário oposto ao turno de
trabalho “eu acho que a nossa vinda pra escola num horário que não seja o horário
que a gente já tem que trabalhar, vir num outro horário pra fazer formação, porque
como é dividido por segmento....” (EPI1M P. 18)
A PI2M concorda que o entrave para a realização da formação continuada
perpassa, segundo ela, pela questão do tempo, de um tempo coletivo no qual todas as
professoras pudessem estar juntas, essa fragmentação compromete a realização dessa
ação conforme ela destaca: “Pra mim, o principal entrave é a questão do tempo, até por isso que foi fragmentado, por conta do sábado vamos dizer assim, né, tem até uma supervisora que ela bate dizendo, ‘mas gente é obrigado sábado’? não, a gente não é obrigado a trabalhar, a lei não diz que a gente tem que trabalhar no sábado, a lei diz que a gente tem que cumprir, né, esse 1/3 com planejamento, com formação, com outras atividades que vão, que são do planejamento, mas é como eu estava falando, essa questão do tempo que não tem com todo o corpo docente, eu acho que é o principal, por isso que foi fragmentou, né, a gente vai inverter a ordem, fragmentou porque não tem um tempo que contemple a todas, né.” (EPI2M P. 19)
A PCM também cita a não aceitação do grupo das professoras como um dos
entraves para a realização da formação continuada, segundo ela essa dificuldade está
96
relacionada a questão do 1/3 que separa as professoras nos dias de planejamento o que
dificulta encontrar um tempo coletivo para juntar todo o grupo. As alternativas buscadas
para resolver essa problemática foram várias “inclusive já foi feito vários estudos, mas
assim, nós aqui a formação já se deu em vários horários no final da tarde entrando
pela noite, no final da manhã entrando pelo meio dia, mas assim, a gente percebe que
não tem...” (EPCM PGS. 16 e 17).
As entrevistas mostram que diante dos problemas citados os quais
comprometem a realização da formação como deveria, as CPs buscam alternativas para
que, de alguma forma, esse processo continue acontecendo na escola. Assim, a gestora
destaca que como alternativa de solução à essa problemática, que a escola se planeja
para realizar as formações, pois segundo ela:
“...a gente sabe que sabe que é uma necessidade de tá trabalhando a formação mas, a gente tá nessa questão de como ver a questão do 1/3 né, com a diminuição dessa carga horária do professor então, o professor ele tem o entendimento de que essa formação tá dentro do PL, dentro do planejamento e a gente vê que a gente tem essa necessidade de trazer pelo menos uma vez por mês aos sábados o professor pra tá fazendo essa formação que é o que a gente ainda não tá conseguindo fazer, a gente ainda não consegue trazer o professor sábado pra fazer essa formação, eu tô conversando com as CPs pra gente ver a possibilidade de trazer pra formar o grupo pra tá fazendo essa formação.” (E2G P. 16)
A PI2M destaca que para resolver essa problemática, a alternativa na qual a
escola lançou mão, não deixa de ser também um problema, pois acaba sendo
excludente, uma vez que a escola resolveu por um tempo “fazer essa formação durante
a semana, no caso depois que encerrava as atividades com os alunos à tarde.” (EPI2M
PGS. 19 e 20). Essa alternativa se torna excludente, porque, segundo a PI2M exclui as
professoras que trabalham em outras instituições em outro turno.
As professoras destacam pontos positivos e negativos acerca da formação
continuada na escola. Os aspectos positivos da formação continuada na opinião da PCM
estão no fato de que o professor precisa estar estudando continuamente, é um processo
que não dá para parar, é através dessa formação que vão ser buscadas alternativas de
resposta aos problemas da escola, como ela declara: “...a gente não pode parar, então, é continuando estudar que a gente vai tentar resolver todos os problemas, tentar e é isso que é a grande busca, na verdade a formação continuada ela deve acontecer em cima dos problemas que a gente enfrenta, dos nossos anseios, do que a gente precisa discutir e no momento da formação continuada busca-se solucionar e melhorar o dia a dia na escola.” (EPCM P. 15)
Entretanto, existem os pontos negativos que estão no fato de não haver uma
participação de todas as professoras “...assim, muita gente não vem, outros vem e saem
97
logo, não ficam até o final, não tem uma participação assim concreta, assim de fato, e
isso, eu acredito que é negativo, é negativo...” (EPCM PGS. 16 e 17).
A P1I1V se atém mais nas características da CP na realização dos encontros
formativos quando se refere aos aspectos positivos da Formação Continuada, segundo
ela, como ponto positivo ela destaca a competência da CP na realização dessa ação, em
suas palavras “a capacidade que ela tem, uma pessoa que tem formação... eu vejo como
uma pessoa muito competente.” (EP1I1V P. 16), que em sua concepção é responsável,
de fato, pela formação continuada na escola “porque ele é o profissional capaz de
atuando nesse sentido na escola.” (EP1I1V, P. 16). A P1I1V destaca ainda a forma
como as CPs organizam esse momento dizendo que “elas sempre passam assim,
alguns dia antes elas sempre passam a pauta pra gente, passa a xerox dos documentos
que vão ser trabalhados.” (EP1I1V P. 16)
A P2I1V também destaca a atuação da CP na condução da formação
continuada, principalmente, nos momentos em que alguma professora apresenta alguma
dificuldade, e, ainda, a competência da CP na realização desta formação, para a qual ela
se refere: “Eu acho que, como eu falei antes, ela sabe muito, ela lê muito, ela busca, ela estuda muito, nisso então, eu acho que por isso ela tem tanto embasamento e tanta competência pra fazer, porque assim, a gente vê que ela não fala o que ela ouviu falar, ela estuda, ela procura saber, então assim, eu confio muito no que ela tem pra me dizer e quando ela faz formação eu sinto que ela estuda, então eu acho que é dela mesma, essa busca pessoal e profissional, ela gosta do que faz e eu acho que isso faz com que ela tenha essa segurança e tenha conteúdo pra passar pra gente.” (EP2I1V. P. 19)
A observação não participante permitiu que se tivesse uma visão sobre o
papel das CPs na condução da formação continuada e de como esse processo é
conduzido na escola. Durante o período em que se esteve na escola procedendo a
pesquisa, percebeu-se dois momentos de estudo especificamente, ambos no turno da
manhã. Um desses encontros foi realizado por um grupo de fora acerca de um projeto
que estava acontecendo na escola; e, outro, conduzido pela CP1, coordenadora do
turno matutino, realizado em um sábado, onde, de fato, nem todas as professoras se
fizeram presentes. Todavia, percebeu-se nas observações de situações cotidianas que
existe um encaminhamento, uma orientação acerca do trabalho nos dois turnos da
escola, o que pode-se dizer que seria o resultado de um processo de organização da
formação continuada existente no passado ou mesmo das discussões realizadas nos
momentos de planejamento com grupos em separado.
98
3.2.5 Síntese Interpretativa
Neste tópico tratou-se da Orientação da Formação Continuada na Escola pelas
CPs. Considerada uma das atribuições do CP e compreendida como muito importante
para a melhoria da prática docente e para unificar o trabalho em toda a rede, a formação
na escola tem sido muito prejudicada também pela carência na estrutura física da escola
que não dispõe de uma sala com mobiliário adulto para esses momentos e ainda pela
falta dos recursos de suporte para realização dessa ação. A situação causada pela
implementação da Lei 11.738/2008 que garante 1/3 da carga horária dos professores
para a realização de atividades de estudo, planejamento e construção de atividades a
serem trabalhadas junto aos alunos também aparece como um dos principais entraves à
realização desta ação.
Associado a estes problemas aparece a rejeição das professoras de que esses
encontros se realizem aos sábados.
A situação ocasionada pela implantação da Lei 11.738/2008 poderia parecer,
no mínimo contraditória, haja vista que a garantia de 1/3 da carga horária das
professoras é destinada à outras atividades e, dentre elas, a formação continuada é uma
dessas atividades. Contudo, o que é destacado é que não existe mais dentro do período
compreendido como tempo escolar, um momento em que todas as professoras estejam
fora da sala para essas atividades. O dia destinado para esse fim acontece por segmento
no qual as professoras atuam conforme mostra o quadro 7 (Quadro de distribuição de
carga horária para outras atividades) apresentado anteriormente neste trabalho.
Entretanto, são destacados pontos positivos como os conteúdos estudados, a
mudança na concepção das professoras que por sua vez melhora a sua atuação junto aos
alunos e o desenvolvimento de uma cultura de formação por parte dos professores.
A implementação dos conteúdos estudados se dá atuação dos professores na
sala de aula e provoca melhoria na aprendizagem das crianças, uma vez que a formação
influencia positivamente o fazer pedagógico do professor.
Acontecendo de forma fragmentada, dentro do próprio planejamento, o que se
percebe é que, existe uma valorização desse momento formativo e a necessidade de que
ele aconteça, uma vez que os conteúdos estudados voltam-se para a tematização da
prática vislumbrando melhorar a aprendizagem dos alunos.
A atuação do CP enquanto condutor do processo de formação continuada é
salutar como se percebeu tanto nas entrevistas como na observação não participante,
99
mesmo que esse momento não venha acontecendo da forma ideal. As entrevistadas
demonstram o entendimento de o CP é o responsável por esse processo, o que está em
conformidade com o que aparece definido nos documentos oficiais.
4. Ação Organizacional
No que concerne à ação organizacional, as relações com o seguimento da
escola bem como com as instâncias externas à escola, ao que parece, é um processo
natural e, portanto, muito tranquilo, principalmente no que se refere aos seguimentos
professor, gestão da escola, demais funcionários e pais. No que se refere à SEMED,
essa ação se concretiza no acompanhamento realizado pelo setor da SEMED que
responde diretamente pela Educação Infantil que é Superintendência da Área de
Educação Infantil- SAEI, por meio de um técnico que presta acompanhamento a um
grupo de escolas denominado núcleo.
4.1. A Função prescrita
O que aparece descrito sobre o CP em documentos oficiais acerca da ação
organizacional em relação a atuação deste profissional se consolida nos documentos
elaboradas pelas instâncias Federal, Estadual e Municipal, haja visto que eles são
pensados tendo em conta a orientação de sua conduta profissional. Entretanto, esses
documentos não fazem menção específica à questão da Ação Organizacional. Contudo,
encontra-se em seus artigos, várias atribuições do coordenador pedagógico às quais se
referem a ações específicas deste profissional junto a outros órgãos, alunos e
comunidade escolar.
O Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração dos integrantes do Subgrupo
Magistério da Educação Básica define que ao Supervisor Escolar compete:
“Planejar, supervisionar e avaliar o processo ensino-aprendizagem, traçando metas, propondo normas, orientando e inspecionando o seu cumprimento e criando ou modificando processos educativos, em articulação com os demais componentes do sistema educacional, visando impulsionar a educação integral dos alunos. Coordenar em parceria com o Gestor Escolar as ações de elaboração do Projeto Político Pedagógico - PPP bem como o Regimento Interno da Escola, em articulação com o Colegiado Escolar.” (Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração dos integrantes do Subgrupo Magistério da Educação Básica, p. 14, 2013)
100
No que se refere aos documentos de natureza municipal o Plano de Cargos,
Carreiras e Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público
da Prefeitura de São Luís atribui como atribuição do CP:
“Articula-se com órgãos gestores de educação e outros; Incentiva os alunos a participarem de concursos, feiras de cultura, grêmios estudantis e outros; Coordena as atividades de integração da escola com a família e a comunidade;” (Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís, p.56, 2014)
Em se tratando do Caderno do Coordenador (a) Orientações para a Organização
do Trabalho Escolar, entende-se que o próprio documento em si já se constitui como
instrumento de garantia da ação organizacional do CP, pois ele condensa e detalha as
ações deste no contexto escolar quando se auto define como “...instrumento balizador
do fazer pedagógico, reconhecendo a importância da função do (a) coordenador (a)
para o sucesso das ações educativas escolares.” (2014, p. 05)
4.2 A Ação desenvolvida (Relação com as estruturas e outros membros da
organização; Relação com o exterior)
No que se refere a ação desenvolvida pelas CPs tratando-se da relação com as
estruturas e outros membros da organização as entrevistadas demonstram que essa
relação se concretiza nas ações das CPs cotidianamente, situação essa confirmada pela
observação não participante realizada na escola durante todo o período em que se
desenrolou a pesquisa.
4.2.1 Relação com as estruturas e outros membros da organização escolar
No que concerne à ação organizacional, as relações das CPs com as demais
estruturas ou outros membros da organização escolar, percebe-se tanto nas entrevistas
quanto na observação que este é um processo tranquilo e incorporado naturalmente à
prática das CPs na escola. A esse respeito a Gestora confirma que é algo muito
tranquilo, pois a relação das CPs tanto com os funcionários da escola, como com ela
mesma e com a comunidade é muito boa “Olha, pelo que a gente percebe o
relacionamento aqui na é bom, a gente graças a Deus não vive em pé de guerra, graças
a Deus a gente vive tranquilo.” (E2G P. 15)
101
As professoras também mencionam a boa relação das respectivas CPs com as
estruturas e membros da organização escolar, mesmo não tendo falas específicas
tratando desta questão. Elas citam a boa relação entre as CPs com elas, com a gestão e
com os demais funcionários da escola. Para a PI2V a CP é uma espécie de mediadora
entre as professoras e a gestora como a ela declara:
“...ela intervém até entre a gestão da escola e o professor, né, ela tenta apaziguar e ela faz com que o grupo esteja sempre unido, ela faz com que o grupo traga responsabilidade, ela mostra realmente a função do professor, quais são as responsabilidades dele, o que que o professor precisa fazer pra que a escola caminhe bem...” (EPI2V, P. 27)
A importância do CP nesse processo é destacada com ênfase pela PI2M e, ao
que parece, resume o entendimento das demais sobre a ação organizacional desse
profissional na escola. Ela defende a ideia de que o CP é o profissional que faz o elo
entre o gestor e os e os professores para que seja construída a coordenação da escola, é o
profissional que atua junto aos pais, junto a todos os seguimentos da escola sendo
indispensável no âmbito da escola. A esse respeito, ela declara: “Ele é realmente o que o próprio nome já traz em sí, aquele que coordena, aquele que coordena as atividades pedagógicas nesse espaço escolar, na verdade, até levanto essa questão porque existe o supervisor em si, né, mas o coordenador não, existe apenas a coordenação, então, eu acho que o supervisor, ele faz esse elo aí entre a direção e corpo docente pra juntos tarem formando essa coordenação, vamos dizer, né, então é um profissional realmente indispensável no ambiente escolar, pra tá trabalhando de uma forma direta com os professores, com a direção, com o pessoal da secretaria de educação, com a família, né, ele ajuda a coordenar toda a comunidade escolar, né, quando ele é consciente dessa função, ele se coloca é, quando aliás ele é consciente, tem essa visão, ele se coloca no sentido de fortalecer essa comunidade..” (EPI2M P. 26)
Para as CPs essa relação é consolidada na parceria com a gestão da escola,
estendendo-se ao grupo de professoras e comunidade escolar confirmando o que se
percebeu nas entrevistas e, principalmente nas observações. A CP1 declara que essa
relação está presente em sua atuação junto a gestão, “...dando suporte também pra
direção pra a escola, porque a gente tem que fazer um trabalho compartilhado, não
adianta eu querer chegar fazer uma coisa e a diretora querer fazer outra, que tenha
esse consenso...” (E1CP1, P. 14) o que coloca a CP1 numa condição de elo entre as
professoras e a gestão, perpassando também entre os demais funcionários, sem,
contudo, intervir diretamente em ações que são de responsabilidade da gestão. Neste
sentido, a CP1 esclarece que:
“É, na questão administrativa eu não costumo interferir, eu converso com (...), com a nossa gestora, às vezes a gente observa determinadas coisas que a gente acha que não é conveniente, aí eu chamo, mas eu prefiro... se for uma coisa emergencial eu interfiro no momento se ela não tiver, mas se ela tiver eu deixo que ela mesma faça a intervenção.” (E3CP1 P. 24)
102
Sobre a ação organizacional considerando os membros da comunidade escolar,
a CP2 relata que existe uma boa relação com todas as pessoas que fazem parte da escola
interna ou externamente: “Na escola nós temos uma boa relação com todos desde o porteiro até a pessoa que a gente considera que é uma pessoa muito importante que é a merendeira, né, nós somos parceiros, né, onde nós estamos nós estamos todos misturados, se a gente faz um evento, por exemplo, na escola, vai todo mundo não fica ninguém, então, eu acho que isso foi construído, né, com o tempo, essa relação foi construída com o tempo, nós não somos, não temos, estamos muito longe de sermos perfeitos, mas eu acho que nessa questão da interação, da participação, da cooperação a escola lida muito bem com isso.” (E3CP2, P. 25)
4.2.2. Relação com o exterior
No que concerne ao relacionamento com o exterior essa relação se restringe à
Secretaria Municipal de Educação-SEMED, órgão do qual a escola pesquisada faz
parte. Neste aspecto essa relação se materializa na designação de um Técnico de
Acompanhamento ligado à SAEI que faz o acompanhamento do trabalho na escola, bem
como de um técnico da SAEE que faz esse acompanhamento mais voltado para o
trabalho de inclusão de portadores de deficiência ao ensino regular.
A relação com a SEMED, todavia, acontece mais na linha das CPs e a própria
gestora irem à SEMED do que o inverso. Para a gestora, essa relação existe, “...não que
a escola venha até a escola, qualquer necessidade que a gente precisa na escola é a
gente que vai até a SEMED.” (E2G P. 19. Quando se trata do acompanhamento feito
pelos técnicos de acompanhamento ele feito da seguinte forma: “Olha, a gente tem um técnico que acompanha, né, tem um técnico de acompanhamento que ela de mês em mês ou de dois em dois em dois meses ela tá frequente ela vem na escola pra ela tá acompanhando, vendo como tá esse processo da aprendizagem na sala de aula e quando ela chega ela senta com a CP, ela senta comigo, vai nas salas pra observar...” (E2G P. 18)
Contudo, esse acompanhamento não se estende aos cargos de comando da
SEMED como a Superintendente, por exemplo, esta só vai até a escola quando
solicitada e, pra resolver algum problema que estiver fora do alcance da escola, nesse
caso:
“Assim, eu vejo assim, quando a escola solicita eles vêm, mas assim de ter assim de dizer “hoje nós vamos receber a superintendente da Educação Infantil, vamos dizer de dois em dois meses, de cinco em cinco meses de tá aqui, não, só quando se solicita é que eles vêm.” (E2G P. 19)
No que se refere à relação da CP com os membros exteriores à escola, a PCM
destaca o contato que a CP tem com a SEMED, no qual essa profissional: “...busca uma maneira de conduzir pela SEMED, como é que se resolve, e assim, o que reflete do lado de fora da escola é também problema da escola, e sendo assim a gente tenta resolver, se uma
103
palavra amiga, às vezes não precisa ninguém fazer nada, sei lá, só compreender que o apoio se tem já é suficiente pra dizer que assim as coisas têm acontecido e eu considero que dá certo. (EPC P.25)
Essa ação organizacional quando se refere à SEMED aparece de forma tímida,
caracterizada mais pela ausência da instituição do que pela sua presença de forma ativa
junto à escola. Já no concerne aos pais e as crianças, as professoras consideram que o
CP na escola precisa conviver com os pais e com as crianças. De acordo com a opinião
da PI1M “...pra ser um bom coordenador é importante que você tenha essa vivência de
sala de aula.” (EPI1M, P. 15)
A PI2M entende que essa relação se dá na participação em reuniões ...com o
pessoal que vem da secretaria de educação pra tá fazendo essa ligação, né, das
atividades que são propostas pela SEMED, que devem ser desenvolvidas nas UEBs,..”
(EPI2M P. 13).
No que se refere a relação com os pais, a P2I1Vesclarece que essa relação
aparece no contato diário nos momentos de entrada e saída das crianças, ficando bem
clara na participação da comunidade nos eventos e atividades da escola, como ela
declara: “...eu acho essa escola trabalhar muito ligada à comunidade, tanto que eles sempre participam muito, tem uma atividade como vai ter amanhã, do folclore, os pais, a vizinhança, isso tudo é muito ativo, então isso tá dentro do nosso PPP, de trabalhar junto, muito próximo à comunidade, então, isso a gente já inclui em tudo o que vai fazer, por exemplo, a comunidade porque a gente sabe que a nossa escola é voltada para o trabalho coletivo.” (EP2I1V. P. 24)
As CPs destacam a relação mantida entre a SEMED e elas, a que acontece por
meio da SAEI a qual presta apoio à escola na presença de um técnico responsável por
um quantitativo de escolas. Esse acompanhamento é feito de maneira regular, como
declara a CP1: “Nós temos o acompanhamento da nossa supervisora de núcleo, nós fazemos parte do núcleo Anil e nós temos uma supervisora volante desse núcleo que faz o acompanhamento aqui, então regularmente ela vem à escola, vem acompanhar esse trabalho do CP, do professor como é que tá esse envolvimento aqui, a gente tem e, também os momentos que eles possibilitam de nós estarmos junto com eles por meio das reuniões, ou formações também que elas se fazem presentes na formação.” (E3CP1, PGS. 32 e 33)
Outro setor da Secretaria Municipal de Educação-SEMED com o qual a CP
mantém contato é a Superintendência da Área de Educação Especial-SAEE, entretanto,
esse acompanhamento dar-se de forma esporádica, sem muita eficácia, atendendo mais
a uma questão burocrática do que fazendo um trabalho sistemático de acompanhamento
do aluno portador de necessidade especial como declara a CP1:
104
“Tem e não tem, tem a Educação Especial que é uma outra Superintendência que elas fazem esse acompanhamento nas escolas, mas é um acompanhamento esporádico, vem no início do ano pra pontuar se tem algum aluno que é portador de alguma deficiência, pontuou-se, vai passa não sei quanto tempo pra poder vir fazer esse levantamento das necessidades dessa criança, fazer o acompanhamento com a família, aí, vai leva, pra dar a resposta é outro tempo, é uma coisa que não acontece a contento, a gente não dá... a gente vê que eles trabalham mais assim na questão burocrática de dizer que tem, que eles fazem, mas pra dar esse suporte para o professor e pra essa família com eficácia não dá.” (E3CP1, P. 34)
Da mesma forma, a CP2 relata sobre a ação organizacional com a SEMED por
meio da SAEI:
“A Superintendência ela divide o trabalho em núcleos e esses núcleos têm um coordenador de núcleo e esse coordenador que entra em contato conosco, deve ser a Superintendente, ela deve reunir o grupo dela constantemente e esse técnico que acompanha conosco, mas agente também tem contato com ela, contato no grupo, contato por telefone, às vezes ela mesma liga, mas o mais corriqueiro é o técnico do núcleo entrar em contato conosco, vir na escola ou então sugerir algo ou pedir uma explicação, geralmente é feita através do técnico.” (E3CP2, PGS. 31 e 32)
Além da SAEI, a CP2 destaca também outro setor da SEMED que acompanha
as ações na escola que é a Superintendência da Área de Educação Especial- SAEI, a
qual presta apoio à escola quando esta tem algum aluno portador de deficiência.
4.2.3. Síntese Interpretativa
Neste sub tópico, abordou-se à ação organizacional referente ao trabalho do
CP. Nas entrevistas realizadas percebe-se que as CPs atuam em situações tanto com os
membros da comunidade escolar como com os setores da Secretaria Municipal de
Educação-SEMED, sobretudo a Superintendência da Área de Educação Infantil- SAEI
e, em menor medida, com a Superintendência da Área de Educação Especial-SAEE.
No que respeita ao relacionamento das CPs com as demais estruturas da
SEMED, essa relação se materializa no acompanhamento dispensado às escolas por
meio de um técnico de ligado à SAEI o qual é responsável por fazer o monitoramento
do trabalho na escola. Além da SAEI tem também o acompanhamento de um técnico
ligado a SAEE, no caso de a escola ter alunos portadores de deficiência matriculados.
Este profissional é responsável pelo encaminhamento das crianças que portam alguma
deficiência para frequentar as salas de recurso e para o acompanhamento com uma
equipe multiprofissional da SEMED.
A relação das CPs com a comunidade escolar, em especial com os pais também
foi tratada neste sub tópico como uma extensão das funções do CP na escola, o qual ao
que parece acontece de forma natural sem conflitos e de maneira muito respeitosa como
ficou confirmado nas observações feitas durante a pesquisa.
105
Os documentos oficiais não fazem referência específica sobre ação
organizacional em si, entretanto, quando se debruça na análise desses documentos,
contrapondo-se as atribuições do CP descritas neles com a prática na escola, constata-se
que a ação organizacional está presente em praticamente toda a inteireza desses
documentos.
5. Formação Inicial
A formação inicial do CP é feita, em sua maioria no curso de Pedagogia. As
CPs em questão, são fruto ainda do currículo que preparava o pedagogo para atuar na
Educação Infantil, nas séries do Ensino Fundamental e nas disciplinas pedagógicas dos
cursos de magistério nível médio, mas também, conferiam a este profissional uma
habilitação que poderia ser em: orientação educacional, administração escolar ou
supervisor educacional. Com a reformulação pela qual passou o curso de Pedagogia,
essa habilitação passa a acontecer apenas em cursos de Pós-Graduação. No que se refere
ao que foi colhido nas entrevistas, é ponto comum entre as 09 pessoas entrevistadas que
a formação inicial é muito importante, mas não garante ao CP dar conta das atribuições
que lhe são demandadas no interior da escola.
5.1. A função prescrita
No que concerne aos documentos oficiais que tratam sobre a formação inicial
do profissional coordenador pedagógico, temos, em nível de documento federal a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDBEN 9394/96, a qual estabelece que: Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (Brasil, MEC, 2013)
O Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração dos integrantes do Subgrupo Magistério
da Educação Básica, admite como formação necessária ao supervisor escolar a Graduação em
Licenciatura Plena em Pedagogia.
Dentre os documentos de natureza municipal, o Plano de Cargos, Carreiras e
Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura
de São Luís especifica em seu Art. 3º o que orienta a LDBEN 9394/96, definindo que:
Art. 3º. As formações exigidas para os Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís, para o exercício das funções de docência e de suporte pedagógico, são as previstas na Lei de Diretrizes e Base da Educação. (Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento
106
dos Profissionais do Magistério do Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís, p.01, 2014)
5.2. A ação desenvolvida (quanto ao como se faz; Relação com a prática na escola)
A formação inicial exigida ao CP é a obtida em curso de Licenciatura plena em
Pedagogia, ou em nível de pós-graduação. No entanto, a relação dessa formação inicial
com a prática na escola se apresenta por vezes, insuficiente, uma vez que essa formação
por si só não garante ao CP uma boa atuação no contexto escolar.
5.2.1 Como se faz
As professoras demonstram em suas entrevistas, uma certa insatisfação com a
forma como acontece a formação inicial do CP atualmente em se tratando das
modificações sofridas pelo curso de Pedagogia quando retira as habilitações deixando
isso para os cursos de pós-graduação. Em se tratando da formação inicial do CP, a PCM
destaca que essa formação inicial, quando acontece no curso de Pedagogia, tinha de
positivo o fato de que este profissional já saia com uma habilitação, “o que a gente
percebe, assim, há anos atrás mesmo no curso de Pedagogia, você já tinha essas, você
já saia supervisor, orientador ou administrador escolar...” (EPCM P. 14)
A PI2M destaca que na formação inicial a postura do estudante é muito
importante, pois os conteúdos, o currículo pode ser o mesmo, mas que o estudante é o
sujeito da sua própria aprendizagem, essa formação inicial vai ser diferenciada
dependendo do seu leque de leituras, isso tem incidência na prática pedagógica, no
entanto, é na prática da escola que essa preparação se consolida como ela declara: “É só mesmo na prática que essa preparação acontece de fato, a gente sabe que tem todo um valor teórico, não se dissocia teoria e prática, mas eu acredito assim que realmente a pessoa sabe o porque de ter estudado aquilo quando chega mesmo no ambiente escolar...” (EPI2 M P. 14)
A PCM também enfatiza a retirada das habilitações do curso de Pedagogia
como um dos possíveis fatores que ocasionam essa fragilidade na formação inicial do
CP, pois ela considera que o referido curso, muito embora dê um embasamento
profundo no que se refere às teorias, não trata nada específico para o CP. Assim sendo,
ela destaca o momento atual do próprio curso de Pedagogia que não garante mais a
habilitação em nenhuma área, o que não aprofunda os conhecimentos relativos à
supervisão, como ela declara: “...o Curso de pedagogia ele dá assim um embasamento profundo de educação, mas não, especificamente, da supervisão, a supervisão é algo assim mais específico e que quando você
107
parte para uma especialização, digamos assim, você busca conhecer lidar com tudo o que tem a ver com a supervisão que no curso de Pedagogia devido abarcar muitos conteúdos, muitas disciplinas, a supervisão ela é só uma, quando você faz uma especialização específica de supervisão você conhece mais aprofundado tudo o que diz respeito a essa função.” (EPCM P. 14)
Para a PI1M o estudo das disciplinas “...que tratam a respeito do processo de
desenvolvimento do ser humano quando ele se inicia desde a barriga da mãe e vai até a
idade adulta.” (EPI1M, P. 14) é algo bastante positivo na formação inicial do CP.
No entanto, a formação inicial é destacada pela P1I1 como contraditória, pois
em sua entrevista, percebe-se que a mesma descreve pontos positivos e negativos na
formação inicial adquirida no curso de Pedagogia. O ponto positivo ela acredita estar no
fato de “... que todo o conhecimento em si, eu acho que é mais uma conscientização do
que de fato aquela teoria vai te levar a praticar, a pensar a sua prática na escola.”
(EPI1M, P. 14) O ponto negativo estaria na superficialidade de alguns conhecimentos
necessários à pratica pedagógica, como ela se refere: “É um pouco complicado, porque no curso de Pedagogia tem conhecimentos que a gente vê que se aprende ali que são mais, como eu posso dizer, mais superficiais no caso, no caso da Educação Especial, você tem que fazer um curso, uma especialização pra se aprofundar mais no assunto e, outros requisitos assim que poderia, né.....” (EP1I1V, P. 14)
As CPs também destacam em suas entrevistas as suas opiniões sobre a
formação inicial do coordenador considerando o currículo da época em que passaram
pelo curso de Pedagogia e sobre o momento atual. Em sua entrevista a CP1 demonstra
que há uma superação no que se refere a atuação do profissional supervisor surgido no
Brasil na década de 70, em pleno contexto tecnicista. Contudo, quando se refere à sua
formação inicial a CP1 não sabe dizer com exatidão como está essa formação segundo o
currículo do curso de Pedagogia atualmente, mas, ela considera discrepante a formação
inicial recebida por ela com a realidade da escola. Essa opinião é expressa pela CP1 da
seguinte forma:
“....mas a gente sabe que a academia, não sei hoje, os coordenadores que estão saindo hoje... o pedagogo sai com especialização em supervisão se tá nessa perspectiva que nós estamos, né? Mas a nossa época, ela não preparava essa mão de obra pra chegar na escola e fazer esse trabalho a contento não, às vezes até a gente vê que tem colegas que ficaram... assim... frustradas que viam uma coisa e a realidade era outra... que existe essa dissociação muito discrepante entre o que se vê lá e o que tá acontecendo no chão da escola.” (E1CP1, P. 16)
A CP2 destaca que a formação inicial do coordenador da forma como acontece
atualmente, está distante da escola, levando o aluno a ter contato tardiamente com a
escola. Em sua opinião:
108
“Eu acho que primeiro, a universidade tem que trazer o aluno bem cedo pra escola, pra ele... entrar em contato com essa realidade, eu acho que o currículo da universidade também tem que chegar bem próximo da escola pra entender como é que as coisas funcionam dentro da escola, né, eu acho até que a universidade já tá fazendo isso, ainda não conseguiu dar conta completamente dessa tarefa, mas já tá bem mais próximo do que, por exemplo na época que eu... é ...fiz o curso de Pedagogia, que a gente tinha já o estágio já quase no final do curso, né, e aí a gente, “ai, meu Deus”, a gente percebia que as coisas não estavam... é muito... muito próximas do que a gente tinha aprendido.” (ECP2, P. 16)
5.2.2 Relação com a prática na escola
A relação da formação inicial do coordenador com a prática na escola foi um
dos aspectos mais destacadas pelas entrevistadas. Tanto as professoras quanto as CPs
afirmam que essa formação inicial não é garantia de que este profissional saia preparado
para atuar frente às demandas na realidade da escola, neste processo elas destacam
pontos positivos, mas sobretudo, enfatizam pontos negativos, o que às vezes, soa como
contraditório. Na fala da gestora, a formação inicial do coordenador pedagógico aparece
como contraditória, pois ela diz que essa formação é suficiente para que os CP deem
conta das atribuições que lhe são demandadas na escola, mas em sua própria fala ela
enfatiza a busca de outros mecanismos como ela relata: “...Olha... eu acredito, eu acho que sim, porque, além da formação que elas têm, elas buscam outros mecanismos, entendeu? Eu acho que elas não ficam só, aí além do curso de Pedagogia, elas buscam outros mecanismos que facilitam o trabalho delas. ...” (E1G P. 12)
Em outra entrevista a gestora esclarece o que seriam os mecanismos buscados
pelas CPs como alternativa para suprir a lacuna deixada pela formação inicial que
seriam: “Esses mecanismos que eu me referi é questão de pesquisa, estudos, que elas
podem tá trazendo pra melhorar a prática delas na escola junto com o professor,
pesquisa, projetos.” (E2G P. 20)
Entre as professoras, é ponto pacífico que a formação inicial por si só não
garante ao CP dar conta do que lhe é demandado na escola, pois, “...se é um processo
dinâmico não é um tipo de conhecimento ou só uma parte do conhecimento que você
tem durante uma parte da sua vida não pode ser suficiente pra vida toda...” (EPI1M, P.
15).
Para algumas professoras essa formação tem como aspecto inadequado à
prática pedagógica a superficialidade para o trabalho, como a P1I1V afirma: “...eu tô falando da prática mesmo, quando tem um aluno com uma necessidade especial, eu vejo assim que a gente tem muita dificuldade, porque não tem alguém assim, especifico pra Educação Especial” (EP1I1V, P. 13)
109
A P2I1V compreende como formação inicial do CP a obtida no curso de
Pedagogia, na qual ela destaca como aspectos positivos o conhecimento das
metodologias e o estágio que colocam o aluno em contato com a escola. No entanto, ela
também salienta que o curso de Pedagogia por si só não garante a esse profissional um
preparo adequado para atuar na escola, daí a necessidade da busca de cursos para
complementar essa formação inicial, como está descrito abaixo: “Não, eu acho que ele tem que se aperfeiçoar, ele tem que fazer cursos que são destinados à função dele, porque nenhum profissional, eu acho que nenhum profissional em nenhuma área sai preparado da faculdade pra atuar na realidade, porque a nossa realidade é muito diferente, não é so a coordenação não, todos nós temos que nos reciclar, fazer cursos que vão nos ajudar, então, eu acho que só a formação inicial não seria suficiente, assim, ele precisa buscar, aprimorar, fazer outros cursos, fazer o que aparecer de cursos pra que isso ajude porque isso é de suma importância, a gente sai assim, preparado, no papel a gente sai, agora na prática é mais complicado.” (EP2I1V. P. 15)
A PI2V declara que essa formação inicial tem pontos positivos muito embora
ela não tenha feito alusão a nenhum ponto especificamente. No tocante aos pontos
negativos ela cita a superficialidade do curso de Pedagogia, por exemplo, exigindo que
esse profissional busque uma especialização, destaca ainda o pouco tempo em que o
aluno passa na escola no momento do estágio o que, segundo ela, seria necessário um
tempo maior a fim de possibilitar a esse aluno um conhecimento maior sobre a realidade
da escola, como ela afirma: “Não, eu não acredito porque, logo na academia é muito superficial, logo, ele não está na realidade da escola, tá só na academia e quando ele chega à escola é uma realidade totalmente diferente, pelo professor mesmo a gente pode tirar isso, é uma realidade totalmente diferente, então, ele precisa se especializar, ele precisa fazer uma especialização porque essa formação inicial ela deixa muito a desejar, tanto para o professor ou pra qualquer profissional, qualquer profissional ele precisa se especializar pra que ele faça um bom trabalho, então, eu penso que não, que ainda falta muita coisa na academia..” (EPIV, P. 15)
Como se pode perceber nos trechos das entrevistas, a formação inicial aparece
como insuficiente para o preparo do CP para atuar frente às demandas que surgem no
dia a dia da escola, contudo, o relato da P2I1V contempla e reafirma o pensamento das
demais professoras a respeito desse assunto: “Não, eu acho que ele tem que se aperfeiçoar, ele tem que fazer cursos que são destinados à função dele, porque nenhum profissional, eu acho que nenhum profissional em nenhuma área sai preparado da faculdade pra atuar na realidade, porque a nossa realidade é muito diferente, não é so a coordenação não, todos nós temos que nos reciclar, fazer cursos que vão nos ajudar, então, eu acho que só a formação inicial não seria suficiente, assim, ele precisa buscar, aprimorar, fazer outros cursos, fazer o que aparecer de cursos pra que isso ajude porque isso é de suma importância, a gente sai assim, preparado, no papel a gente sai, agora na prática é mais complicado.” (EP2I1V. P. 15)
As CPs, assim como as professoras, também afirmam a fragilidade da
formação inicial considerando a relação com a prática. Para a CP2, o estudo das teorias
110
e o conteúdo teórico-metodológico são considerados como adequados, entretanto, eles
não dão conta da dinâmica da escola, de situações específicas, como saber tratar em
casos de pais que não sabem lidar com os filhos. Para a CP2, a habilitação em
supervisão não prepara o CP de forma que ele dê conta de situações como atuar de
forma correta com o aluno que seja portador de deficiência. A esse respeito a CP2
relata: “Eu acho que as teorias que a gente discute, o conteúdo, o conteúdo teórico-metodológico, todos eles ajudam muito e, com certeza, legitimam o nosso trabalho na sala de aula, mas eles não dão conta da dinâmica da escola não, não dão conta dos problemas que nós vamos ter com os pais que não sabem lidar muito bem com os filhos, então, se eu sou supervisora, naturalmente, pela minha função não entrou muito a questão do trato psicológico dessa situação, ou então, do diagnóstico de uma criança que tenha necessidades especiais, então, isso aí é uma coisa que a nossa formação não dá conta, eu nem sei se deveria dar, eu sei que não dá, e aí a gente precisa recorrer a ajuda, né, que aí falha, muitas vezes falha essa questão porque nós temos uma formação muito mais voltada para o professor e muito menos voltada pro trabalho do trato psicológico com o aluno.” (E3CP2, P. 33)
A CP1 destaca como negativa a distância entre o que é trabalhado na faculdade
e a maior parte das questões que formam a dinâmica da escola, sendo necessário que
essa apropriação acaba acontecendo mesmo na prática cotidiana, na participação em
momentos formativos tanto os que são oferecidos pela rede quanto os de busca pessoal.
Destaca que o estágio vivenciado no curso de Pedagogia precisa ser melhorado,
“...porque o estágio em si só não vai garantir o sucesso dele na sua ação de trabalho
não porque ele é, ele é muito pouco... “(E3CP1, P.37)
A CP2 destaca ainda que, “o currículo da universidade também tem que
chegar bem próximo da escola pra entender como é que as coisas funcionam dentro da
escola” (ECP2, P. 16), o aluno precisa ter contato mais cedo com a escola, pra que esse
contato com a escola aconteça mais cedo, muito embora, o que a CP2 pensa a respeito
da formação inicial é que este é um processo que será sempre incompleto: “Eu acho que ela não é deficiente, ela é incompleta, ela sempre vai ser incompleta, ela vai ser sempre incompleta, nunca, nunca que aquele conteúdo, que aquelas estratégias, é... vão dar conta da realidade da escola, quando chega lá é que você tem que ver, estudar e encontrar alternativas.” (ECP2, P. 15)
Faz-se necessário destacar que mesmo considerando que a formação inicial do
coordenador não é garantia de que este profissional saia preparado para atuar na
dinâmica da escola, elas destacam pontos positivos importantes nessa formação inicial.
A PCM, por exemplo, relata que a relação da formação inicial com a prática cotidiana
do CP na escola é adequada no que se refere ao fato de que é nesse momento que o
profissional se decide pela carreira:
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“Eu acredito que o curso de Pedagogia contribui muito pra isso, né, pra que ele saiba, pra que ele se identifique com o que ele possa atuar e é lá que ele se identifica, é lá que ele vai ver se realmente é supervisão que ele quer.” (EPCM P. 15)
Na relação com a prática pedagógica, a PI1M considera que o estudo das
disciplinas “...que tratam a respeito do processo de desenvolvimento do ser humano
quando ele se inicia desde a barriga da mãe e vai até a idade adulta.” (EPI1M, P. 14) é
bastante positiva.
Para a P2I1V a formação inicial é adequada à pratica pedagógica quando
“...então, assim, além de todas as disciplinas que a gente tem, as metodologias, aqui a
gente tem essa aproximação com a sala de aula assim, esse momento bom de
experiência na época de faculdade... ”(EP2I1V. P. 17).
Para as CPs existem aspectos importantes a serem considerados na formação
inicial do coordenador. A CP1 destaca que a fundamentação teórica foi algo de muito
positivo, como ela destaca: “O que foi bom, né? O que foi bom foi essa associação da
teoria com a prática, aquilo que eu fazia que eu sabia que existiam teóricos que já
defendiam essa prática que eu trabalhava na sala de aula.” (E3CP1, P. 36)
Da mesma forma que a CP1, a CP2 enfatiza o estudo das teorias como aspecto
importante na formação inicial obtida pelo coordenador no curso de Pedagogia. A esse
respeito ela declara: “Eu acho que as teorias que a gente discute, o conteúdo, o
conteúdo teórico-metodológico, todos eles ajudam muito e, com certeza, legitimam o
nosso trabalho na sala de aula...” (E3CP2, P. 33)
Pelo que se constatou na observação não participante, as duas CPs se formaram
na mesma época, inclusive foram colegas de turma, o que certamente seja a causa de
atuações profissionais tão similares. Essa similaridade no trabalho das CPs é observado
no que se refere à forma como organizam o seu trabalho no dia a dia; na maneira de
organização dos planejamentos; no atendimento aos pais, enfim, nas atividades da
escola de uma forma geral. As CPs em questão atuam de forma muito parecida nas
questões cotidianas da escola e gozam praticamente do mesmo respeito e admiração
pelos seus grupos de professoras.
5.2.3. Síntese Interpretativa
Este tópico tratou sobre a formação inicial do CP do ponto de vista das duas
CPs entrevistadas, da gestora e das seis professoras. Verificou-se, a partir das
entrevistas que a visão predominante que perpassa o entendimento das pessoas na escola
112
é de que a formação inicial dispensada ao CP não é garantia de que o mesmo possa dar
conta da sua atribuição de forma eficiente. Essa lacuna, segundo as entrevistadas, dá-se
devido a superficialidade do que é visto no curso de Pedagogia, e, pela retirada das
habilitações que preparavam o especialista para atuar nas funções de Supervisor
Escolar/Coordenador Pedagógico, Administrador Escolar e Orientador Educacional.
Há, contudo, que considerar que as entrevistadas destacam aspectos positivos
dentro dessa formação inicial como o estágio e o estudo das teorias. Estes mesmos
aspectos podem ter seu viés negativo, pois algumas relatam que o estágio acontece
tardiamente e tem pouca duração, já para outras, o estudo das teorias é superficial,
principalmente, no que se refere à questão específica do CP.
A relação com a prática pedagógica é se apresenta contraditória, pois para
algumas entrevistadas o momento de estágio permite o contato com a realidade da
escola, sendo destacado, inclusive como o momento em que o estudante se decide pela
carreira. Entretanto, para outras entrevistadas esse tempo dedicado ao estágio é muito
pouco, e, para outras a superficialidade no curso de Pedagogia, ou como outras
destacam a retirada das habilitações do referido curso tornam inadequada a relação
formação inicial com a prática pedagógica do CP.
A formação inicial das CPs da escola pesquisada está de acordo com o que
estabelecem os documentos oficiais, principalmente, no caso da legislação municipal a
qual elas estão submetidas, ambas são formadas em Pedagogia como exige a própria Lei
de Diretrizes e Bases da Educação-LDBEN 9394/96.
113
IV – NOTAS CONCLUSIVAS
Após a apresentação do resultado dos dados obtidos na pesquisa feita
anteriormente, cumpre proceder uma interpretação geral desses dados tendo por base o
enquadramento teórico o qual direcionou o estudo.
O objeto da pesquisa foi conhecer qual função do coordenador pedagógico
definida institucionalmente e como se processa a sua ação de coordenação em contexto
escolar. As indagações iniciais que motivaram a pesquisa foram: Qual a função e a ação
do coordenador pedagógico em contexto escolar? Na tentativa de responder à questão
principal, outras indagações surgiram, quais sejam: Como se processa a função de
gestão e planejamento do coordenador pedagógico? Como se desenvolve a sua ação de
supervisão e acompanhamento da atividade dos docentes? Como se processam as suas
atividades de orientação da formação continuada? Como se desenvolve a sua relação
com as estruturas e outros atores no interior da organização escolar e ao nível externo?
Os propósitos da pesquisa encontram-se expressos nos objetivos específicos, os
quais foram:
1. Perceber a atuação das CPs no que se refere a condução da construção do PPP;
2. Conhecer a atuação da CP no que se refere à gestão dos recursos materiais e
humanos;
3. Perceber a atuação da CP no que se refere ao acompanhamento das atividades
pedagógicas;
4. Perceber a forma como a CP se relaciona com os diversos segmentos da escola e com
instituições externas;
5. Perceber o entendimento da CP acerca da formação continuada do ponto de vista
legal e da forma como se dá esse processo na escola;
6. Perceber a visão da CP acerca da formação inicial e sua relação com a prática.
Ao final do trabalho acredita-se que os objetivos motivadores da pesquisa
foram alcançados, o que obriga que se responda às questões iniciais presentes no
enquadramento teórico.
114
O PROFISSIONAL COORDENADOR PEDAGÓGICO: a
função prescrita e a ação em contexto
O Coordenador Pedagógico no contexto escolar se constitui como o
profissional que atua entre a gestão da escola e os professores, caracterizando-se por
assumir um papel estratégico na dinâmica da escola, uma vez que a ele cabe lidar
diretamente com dois segmentos importantes da escola e ainda com os órgãos externos
que compõem a SEMED.
A Rede Pública Municipal de São Luís possui uma série de documentos
oficiais que norteiam a prática dos Coordenadores Pedagógicos na Escola. Quatro
documentos de natureza municipal sustentam legalmente a prática do CP na escola: O
Plano de Cargos, Carreiras e Vencimento dos Profissionais do Magistério do Sistema de
Ensino Público da Prefeitura de São Luís; o Regimento Interno das Escolas Municipais
de São Luís; o Estatuto do Magistério Público Municipal; e, o Caderno de Orientações
Pedagógicas para a Organização do Trabalho da Coordenação Pedagógica. Dentre eles,
este último trata mais especificamente da atuação do Coordenador Pedagógico no
contexto escolar.
As entrevistadas demonstram desconhecer os documentos oficiais,
principalmente os de natureza municipal que tratam sobre a atuação do CP no contexto
escolar, mesmo assim, as CPs da escola pesquisada atuam em conformidade com o que
orientam esses documentos. As entrevistadas demonstram ainda, saber quais são as
atribuições que são de responsabilidade do CP na escola.
Praticamente todas as entrevistadas declaram que as CPs realizam funções que
não são de sua atribuição.
A formação inicial do Coordenador Pedagógico é obtida no curso de Pedagogia
e, no caso das CPs que participaram da pesquisa, a habilitação em Supervisão Escolar se
deu também no mesmo curso. Essa formação inicial caracteriza-se por ser sólida,
contudo, as demandas na escola vão além do preparo recebido nessa formação inicial. A
formação continuada em serviço recebida pelo coordenador pedagógico se apresenta
como alternativa para que esse profissional dê conta das suas atribuições no contexto
escolar.
115
As dimensões exercidas pelo Coordenador Pedagógico e a
Liderança
Na identidade do Coordenador Pedagógico encontramos duas dimensões
basilares: o de Administrador e de Pedagogo. A dimensão de Administrador se define
quando realiza as atribuições de orientador na construção dos planejamentos, na gestão
dos recursos, e, na ação organizacional. A dimensão de Pedagogo se define, por sua vez,
quando realiza as atribuições de acompanhar o desenvolvimento curricular; na relação
pedagógica mantida, e, na orientação da formação continuada.
A atuação do Coordenador Pedagógico no contexto escolar constitui-se
controversa, pois o mesmo vive o dilema de atuar baseado nas orientações ditadas pelos
documentos oficiais e responder às demandas surgidas da necessidade da escola diante
da carência e/ou inexistência de recursos às quais vivem as escolas da rede. Em seguida,
apresenta-se estas duas dimensões do coordenador, administrador e pedagogo, quanto à
questão da liderança, tendo como base a tipologia de Blase e Anderson.
O Coordenador enquanto “Administrador”
Quando se trata do Coordenador enquanto Administrador, destacam-se as áreas
de atuação deste profissional no que se refere ao planejamento; a gestão de recursos
materiais e humanos e, à ação organizacional. A compreensão aqui apresentada diz
respeito à função do CP no que concerne ao que apresentam os documentos legais e, à
ação em contexto.
A- Função prescrita
Em relação ao que está prescrito quanto à tarefa de planejamento do
coordenador, os documentos revelaram uma evolução de um “poder sobre”, autoritário
e fechado, assente numa abordagem técnica como outrora, para um “poder através”,
quando se refere a articulação com os demais componentes do sistema educacional
como aparece neste excerto:
“Planejar, supervisionar e avaliar o processo ensino-aprendizagem, traçando metas, (…) em articulação com os demais componentes do sistema educacional, visando impulsionar a educação integral dos alunos.” (negrito nosso)
O planejar como indicador de um “poder com” não tem lugar na função de
planejamento prescrita nos documentos oficiais, muito embora estes tragam em seu bojo
116
que o Coordenador Pedagógico é o responsável pela condução da construção do
planejamento na escola. No entanto, percebe-se o entendimento do CP como principal
articulador das ações na escola o que lhe confere naturalmente, a exigência da
característica de liderança.
B- Ação em contexto
Quanto à tarefa de planejamento, designadamente a elaboração do projeto
político pedagógico (PPP) há uma continuidade no tipo de liderança presente na função
prescrita, ou seja, um “poder através” como se pode observar por esta descrição de uma
coordenadora.
“Foi de uma forma assim muito... não foi muito participativa, a comunidade não participou da forma que deveria participar, primeiro porque não houve uma participação efetiva dos pais, foi mais do coordenador e uma ideia ou outra ideia do professor, mas o coordenador escreveu sozinho, entendeu (…)”(E3CP2, P. 11- negrito nosso)
Contudo na elaboração dos planos de ação, a coordenação já faz o uso de um
“poder através” aberto, aproximando-se de um “poder com” como revela esta descrição
feita por uma das CPs da escola lócus da pesquisa:
“(…) durante o período de planejamento anual, a semana pedagógica, nós sentamos pra pensar nos eventos que nós gostaríamos de fazer na escola, nas ações, onde é que a gente acha que deveria atuar mesmo é do ponto de vista metodológico, então a gente fez uma espécie de lista de coisas que nós gostaríamos de fazer, e aí, no planejamento elas utilizam isso, as professoras utilizam isso, e eu sento com elas (…) (E3CP2, PGS. 12 e 13- negrito nosso)
Quanto à gestão dos recursos materiais há a manifestação de um “poder através”
aberto como se refere neste excerto:
“A gestora junto com a coordenadora, elas vão somar a quantidade de professores, a quantidade de material que tem pra dividir certinho manhã e tarde, (…) elas duas fazem a contabilidade pra ver se vai dar pra todo mundo e distribui, mas é muito pouco.” (EP2I1V. P. 33)
No entanto, devido às muitas dificuldades por vezes há a solicitação da
colaboração da comunidade escolar apontando para uma situação próxima do “poder
com”,
“Nós fazemos, às vezes até o perto do impossível, porque em relação aos recursos materiais, nós fazemos cota, vaquinha, é... brechó, rifa, o que for preciso pra gente conseguir os recursos na escola ...” (ECP2, P. 21)
No que diz respeito à gestão dos recursos humanos, ou seja, a distribuição do
serviço letivo foi revelada uma coordenação que faz uso do “poder através” aberto
como transparece nesta passagem:
117
“...então assim a coordenadora ela já tem assim o perfil do profissional, com o passar dos anos você já sabe, por exemplo, quem é aquele professor que sabe trabalhar melhor com a questão mais pra alfabetizar, mais pra trabalhar a função do texto, então, esse ela já bota no Infantil II, assim cada professor ele tem o direito de pedir...” (EP2I1V. P. 34- negrito nosso)
Em se tratando da relação das CPs com os membros exteriores à escola, no que
se refere à comunidade escolar, o tipo de liderança aqui exercido se assemelha à uso do
“poder através” no sentido em que as ações que trazem são planejadas pela escola para
esse público, muito embora, essa relação seja muito tranquila, como se percebe na
transcrição abaixo:
“Eu tenho uma relação boa com os pais, né, aliás, a escola toda tem uma boa relação com os pais, dificilmente a gente se estranha ou a gente discorda, né, porque no início do ano nós fazemos logo uma reunião, pra falar como é o trabalho da escola, o que a gente deseja da família, o que a gente não deseja da família, qual é a interferência que a gente não precisa da família e qual é a que a gente precisa, ...” (E3CP2, PGS. 24 e 25- negrito nosso)
O entendimento da atuação das CPs enquanto liderança que se utiliza do
“poder com” é demonstrado pelas professoras entrevistadas, onde é feita referência à
forma de atuação outrora exercido por este profissional, no qual se observa o uso do
“poder sobre” como definido por Blase e Anderson. Essa compreensão apresentada por
elas é traduzida na transcrição abaixo:
“A coordenadora é uma profissional que, como lá no início, já foi o tempo de ser um fiscal, hoje ela tá sempre perguntando o que a gente precisa, ela está sendo, e, quando ela nota algo, um deslize de professor ou em sala de aula, ela chama, tem todo um jeitinho especial de chamar sem melindrar ninguém, sem colocar em xeque a capacidade das pessoas até porque nós somos humanos e aqui ali a gente pode dar um deslize qualquer, então, ela tem um jeito especial de chamar sem melindrar, sem deixar o professor de saia justa e quando nós precisamos ela sempre tem uma palavra, ela sempre traz uma sugestão, tá buscando alguma coisa, ela é uma parceira no nosso trabalho.” (EPCM P. 19- negrito nosso)
No que se refere à ação em contexto, em relação às atribuições do CP, as duas
coordenadoras da escola pesquisada alternam no uso do “poder através” e “poder com”
em suas atividades. Neste sentido, a forma de liderança exercida pelas CPs se configura
como democrática, onde as decisões não se assentam na figura do coordenador, mas na
equipe como um todo.
O Coordenador enquanto “Pedagogo”
Quando se faz referência ao Coordenador na dimensão de Pedagogo, abordam-
se as áreas de atuação do CP referente ao acompanhamento pedagógico,
118
desenvolvimento curricular e orientação da formação continuada. É analisada a
liderança exercida por este profissional desde o que é definido nos documentos oficiais
e, principalmente, no que se refere à atuação do CP em contexto.
A- Função prescrita
No que se refere aos documentos oficiais, sobretudo, os de natureza municipal,
encontra-se prescrito que o Coordenador Pedagógico enquanto Pedagogo é o
profissional que tem sobre si a responsabilidade pela condução das políticas da
SEMED, pois nesse documento: “Pedagogo é o profissional integrante do Quadro dos Profissionais do Magistério da Educação Básica que, no desempenho de suas funções, tem sob sua responsabilidade proporcionar às escolas e aos docentes, orientação e coordenação na execução das políticas e programas estabelecidos pelo Sistema de Ensino Público da Prefeitura de São Luís.” (Estatuto do Magistério Público Municipal de São Luís, p.66)
B- Ação em contexto
Na atuação das CPs no contexto da escola, percebe-se que a liderança
demonstrada por elas está de acordo com o que apresentam outros autores de
referência, uma vez que se percebe na atuação de uma das CPs a liderança do tipo
carismática apresentada por Weber no sentido de que as professoras demonstram grande
admiração pela pessoa e pelo trabalho da CP como declara uma professora entrevistada:
“(...) é assim, é uma pessoa muito sensata, (...) ela acredita muito, ela não só... não só fala, ela age, ela é muito positiva, ela é incapaz de falar alguma coisa ‘por trás’, ela te chama pra conversar, como eu tô te dizendo ela chama a gente pra conversar quando a pessoa tá errada e ela acaba... ela acaba nos convencendo, ela tem esse poder de persuadir, essa capacidade de envolver...” (EPI2V, PGS. 28 e 29)
No entanto, o tipo de poder utilizado pelas CPs, considerando o tipo de
liderança exercida, é o que define Blase e Anderson como “uso do poder com” no
intuito de envolver as professoras em todas as ações da escola, desde o planejamento até
a execução das atividades como se percebe na transcrição abaixo:
“Elas estão conosco no momento do planejamento, no momento da seleção das atividades, no momento da aplicação das atividades, eu, pelo menos eu tô te falando é uma experiência muito própria, eu tô sempre compartilhando, principalmente com a supervisora da tarde, né, algumas atividades que eu tenho feito no sentido de tá despertando a leitura, a escrita, reconheço quando falta atividade de movimento, então elas são muito presentes e a (...) ela tá sempre assim trazendo muitas sugestões pra gente, “óh, tem que ser desenvolvido este mês o tema...” (EPI2M P. 22)
119
O uso do “poder com” é percebido na atuação do CP na dimensão de
Pedagogo no que se refere a área de supervisão/acompanhamento das atividades dos
docentes dentro do desenvolvimento curricular. A relação pedagógica do CP enquanto
profissional que é responsável pelo acompanhamento pedagógico e desenvolvimento
curricular são exemplos do uso desse tipo de poder, uma vez que, na maioria das
entrevistas, se percebe que as professoras veem na atuação das CPs o uso de liderança
que se pode inferir o uso do “poder com”. A transcrição abaixo demonstra isso:
“... quando não tá certo ela diz mesmo que não tá certo, que tá feio, que tá errado, que não é pra trabalhar assim, ela diz, quando é uma atividade... teve atividade assim que ela pegou pesado com a gente ‘não, esse tipo de atividade não pode acontecer, como é que pode uma atividade dessas pra criança de Educação Infantil’, então, ela sabe chamar a atenção e ela é dura quando tem quer ser dura em relação à essas atividades e ela nos orienta muito bem em relação às atividades, ou então, quando nós temos alguma dúvida com relação a alguma atividade ‘(...) essa atividade, o que tu achou? Tá boa?’ ‘mas (...) em que vai dar essa atividade, vai dar em alguma coisa, vai servir pra alguma coisa? Vai mudar em alguma coisa?’, ‘não, não sei’, ‘então (...), não tem porque fazer’, ela nos orienta muito bem em relação à isso.” (EPI2V, PGS. 24 e 25)
Em se tratando da formação continuada, percebe-se que mais uma vez o “uso
poder com” está presente, e tanto as professoras quanto a gestora têm muito claro o
entendimento de que estas são, de fato, atribuições do CP. Acerca disso tem-se o
seguinte depoimento:
“...hoje o supervisor pedagógico, além dessa função de acompanhar o trabalho do professor, o trabalho no que diz respeito à atividade dele em sala de aula, o supervisor tem uma função que é muito importante dentro da escola que é a questão da formação dos professores que hoje o conhecimento que nós conseguimos ter no ensino superior ele não é mais suficiente pra que a gente trabalhe o resto da vida só com aquele conhecimento, ai o supervisor, no caso o CP ele vem com esse novo formato de nos ajudar a repensar a nossa prática através do conhecimento teórico, através do conhecimento científico que vem também se reformulando ao longo do tempo. Então, dentre as funções do CP estão, uma das que eu considero mais importante que essa questão dessa formação no chão da escola.” (EPI1M, PGS. 11 e 12- negritos nossos)
Existe uma relação extremamente respeitosa por parte das CPs com todos os
profissionais da escola, sobretudo com o segmento representado pelas professoras, o
que se pode inferir que seja o resultado do tipo de liderança assumido pelas CPs, que se
enquadra no exercício de poder do tipo Democrático-transformativo-aberto apresentado
por Blase e Anderson como é apresentada na citação abaixo:
“É reforçando isso que eu coloquei no início, né, é um trabalho que realmente tende pra gestão democrática, porque ele é muito bem coordenado com a direção, com os professores, com o pessoal de apoio, da limpeza e em tudo eu observo que elas estão mesmo assim observando estão atentas, colaboram nas atividades que vamos mesmo desenvolver com os alunos pra que as coisas aconteçam em dias, né, sempre estão dando sugestões, fazendo elogios, então eu observo....” (EPI2M P.12)
120
A atuação das CPs deixa evidente que aquele profissional supervisor surgido
na década de 70 no Brasil, o qual tinha a função de planejar, controlar, supervisionar o
trabalho do professor com vistas à eficácia das ações, que se utilizava, principalmente,
do “poder sobre”, cedeu lugar ao profissional Coordenador que trabalha ao lado do
professor. A relação exercida é mais de “parceria” do que “fiscal” das ações do
professor. As CPs, no exercício das suas atribuições, tanto no papel de Administrador
quanto de Pedagogo, se utilizam de uma liderança que se caracteriza pelo “uso do poder
com”, dentro de uma liderança do tipo Democrático-transformativo- aberto que se
encontra na tipologia apresentada por Blase e Anderson, na qual a liderança não se
centra da figura das coordenadoras, mas se constitui baseada no diálogo, configurando-
se como democrática, onde as decisões não são tomadas pelas coordenadoras, mas pela
coletividade.
Na função prescrita, quer enquanto “Administrador” quer como “Pedagogo”, a
coordenação deixa de ser definida enquanto uma liderança assente no “poder sobre”,
como era no tempo do “supervisor”. A coordenação é apresentada como uma liderança
assentada no “poder através ” ora aberto, ora fechado. Essa mudança vai além de uma
simples questão de terminologia que se configura na substituição do termo Supervisor
para Coordenador Pedagógico, mas também nas atribuições que são definidas para este
profissional.
É na ação em contexto do Coordenador que se pode observar um outro tipo de
liderança mais próximo daquele que a literatura especializada defende. Assim, na
atuação do Coordenador enquanto “administrador” está mais presente um “poder
através” aberto, por vezes aproximando-se do “poder com”, no entanto, é enquanto
“Pedagogo” que encontramos o predomínio de um poder com” no acompanhamento das
atividades pedagógicas e na orientação da formação continuada. A ação em contexto do
Coordenador na dimensão “Pedagogo” se caracteriza pela atuação mais próxima dos
professores, orientando-os e não determinando o que eles devem fazer, construindo
junto e não planejando para que eles executem.
É interessante destacar que ambas as CPs, no que se refere à ação em contexto,
demonstram se utilizar da mesma forma de liderança, o que se acredita poder estar
relacionado com a formação continuada que também as CPs recebem na Rede, a qual,
certamente, acaba por orientar um trabalho na mesma dentro de uma mesma
concepção.
121
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128
ROTEIRO DE PESQUISA
OBSERVAÇÃO ESTRUTURADA DE UM DIA DE PESQUISA ATIVIDADE HORARIO ESPAÇO SUJEITOS AÇÃO INFERÊNCIAS
130
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS- ISEC
MESTRADO EM EDUCAÇÃO- ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
MARIA HERMÍNIA CANTANHEDE COELHO
A Função e Ação do Coordenador Pedagógico na Educação Infantil: análise de uma prática
OBJETIVO GERAL: Conhecer a função e a ação do coordenador pedagógico como
orientador do fazer pedagógico em contexto escolar.
BLOCO 1. SOBRE A FUNÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
OE1 Saber qual é o entendimento (o que pensam) sobre a coordenação pedagógica,
enquanto função.
Questões Gerais Questões específicas Funções destacadas
na entrevista
Como vê a função da coordenação pedagógica na escola na atualidade. Se percebe alguma mudança na atuação do coordenador pedagógico em comparação com a atuação do supervisor.
Função do coordenador pedagógico; Semelhança ou diferença com a atuação do coordenador pedagógico; Possíveis causas que provocaram as mudanças.
Atuação do CP; Documentos que norteiam a prática pedagógica; Atribuições realizadas pelo CP.
Atividades realizadas pelo CP que não fazem parte de suas atribuições; Atribuições de responsabilidade do CP; Atribuições realizadas pelo CP que não são de sua responsabilidade;
Coordenador responsável pela formação dos professores na escola; Entraves
Formação continuada na escola atribuição da CP; Realização da formação continuada; Possíveis entraves nesse processo.
131
BLOCO 2. SOBRE A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO HOJE:
OE2. Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no quotidiano,
na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização escolar.
Questões Gerais Questões específicas Funções destacadas na
entrevista
Funções do coordenador
pedagógico;
Orientação legal;
Realização de tarefas.
Funções do coordenador
pedagógico nas escolas de
educação infantil;
Documento que orienta o
trabalho da coordenação
pedagógica nas escolas de
educação infantil;
No fazer pedagógico as CPs
só realizam as tarefas
concernentes às suas
funções.
BLOCO 3. FORMAÇÃO INICIAL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
OE3- Conhecer qual o entendimento sobre a formação inicial do coordenador
pedagógico em relação com a ação de coordenação em contexto escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Formação inicial Preparo para atuar como CP
Garantia de preparo para a atuação da CP; Formação inicial e preparação para atuar na escola
BLOCO 4. EM RELAÇÃO À ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
ENQUANTO FORMADOR DOS PROFESSORES NA ESCOLA:
OE4- Conhecer como se processa a formação continuada em contexto escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Atribuição do CP As CPs entendem a formação
como atribuição de sua
responsabilidade;
132
Acontece na escola;
De que forma.
BLOCO 5. SOBRE A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO JUNTO ÀS PROFESSORAS
OE5- Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no
quotidiano, na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização
escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Como se dá esse acompanhamento;
A orientação e o acompanhamento é uma atribuição da CP; Contribui para a melhoria da atividade docente; Necessidade da atuação da CP no ambiente escolar.
Como se dá o acompanhamento.
A orientação da CP contribui com a melhoria da prática docente; Há melhoria na aprendizagem das crianças.
BLOCO 6. QUANTO AO ACOMPANHAMENTO E ATENDIMENTO JUNTO AOS ALUNOS E AOS PAIS
OE6- Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no
quotidiano, na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização
escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Levantar se há alguma forma de atendimento e acompanhamento juntos aos alunos e pais
Existe o acompanhamento; De que forma é feito; É feita alguma devolutiva;
BLOCO 7. SOBRE SER COORDENADORA EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
OE7. Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica em uma escola de Educação Infantil.
133
Questões Gerais Questões específicas OBS
Coordenação em escola de
Educação Infantil;
Entraves.
O que é coordenar uma escola
de Educação Infantil;
Quais são os entraves;
Coordenação Educação
Infantil é diferente
BLOCO 8. SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
OE8- Saber qual o entendimento sobre como deve ser um coordenador pedagógico e a
sua ação de liderança.
Objetivos específicos Questões Gerais Questões
específicas
OBS
Perceber quais
características a CP
considera necessárias
à sua atuação.
Características
necessárias
Liderança do CP
134
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS- ISEC
MESTRADO EM EDUCAÇÃO- ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
MARIA HERMÍNIA CANTANHEDE COELHO
A Função e Ação do Coordenador Pedagógico na Educação Infantil: análise de uma prática
OBJETIVO GERAL: Conhecer a função e a ação do coordenador pedagógico como
orientador do fazer pedagógico em contexto escolar.
BLOCO 1. SOBRE A ORIGEM DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
OE1 Saber qual é o entendimento da gestora sobre o surgimento do Coordenador
Pedagógico e sua função no contexto escolar.
Questões Gerais Questões específicas Funções destacadas
na entrevista
Como vê a função da coordenação pedagógica na escola na atualidade. Se percebe alguma mudança na atuação do coordenador pedagógico em comparação com a atuação do supervisor.
Função do coordenador pedagógico; Semelhança ou diferença com a atuação do coordenador pedagógico; Possíveis causas que provocaram as mudanças.
Atuação do CP; Documentos que norteiam a prática pedagógica; Atribuições realizadas pelo CP.
Atividades realizadas pelo CP que não fazem parte de suas atribuições; Atribuições de responsabilidade do CP; Atribuições realizadas pelo CP que não são de sua responsabilidade;
Coordenador responsável pela formação dos professores na escola; Entraves
Formação continuada na escola atribuição da CP; Realização da formação continuada; Possíveis entraves nesse processo.
BLOCO 2. SOBRE A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO HOJE:
OE2. Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no quotidiano,
na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização escolar.
Questões Gerais Questões específicas Funções destacadas na
135
entrevista
Funções do coordenador
pedagógico;
Orientação legal;
Realização de tarefas.
Funções do coordenador
pedagógico nas escolas de
educação infantil;
Documento que orienta o
trabalho da coordenação
pedagógica nas escolas de
educação infantil;
No fazer pedagógico as CPs
só realizam as tarefas
concernentes às suas
funções.
BLOCO 3. SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DO COORDENADOR
PEDAGÓGICO
OE3- Conhecer qual o entendimento sobre a formação inicial do coordenador
pedagógico em relação com a ação de coordenação em contexto escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Formação inicial Preparo para atuar como CP
Garantia de preparo para a atuação da CP; Formação inicial e preparação para atuar na escola
BLOCO 4. EM RELAÇÃO À ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
ENQUANTO FORMADOR DOS PROFESSORES NA ESCOLA:
OE4- Conhecer como se processa a formação continuada em contexto escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Atribuição do CP As CPs entendem a formação
como atribuição de sua
responsabilidade;
Acontece na escola;
De que forma.
136
BLOCO 5. SOBRE A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO JUNTO ÀS PROFESSORAS
OE5- Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no
quotidiano, na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização
escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Como se dá esse acompanhamento;
A orientação e o acompanhamento é uma atribuição da CP; Contribui para a melhoria da atividade docente; Necessidade da atuação da CP no ambiente escolar.
Como se dá o acompanhamento.
A orientação da CP contribui com a melhoria da prática docente; Há melhoria na aprendizagem das crianças.
BLOCO 6. QUANTO AO ACOMPANHAMENTO E ATENDIMENTO JUNTO AOS ALUNOS E AOS PAIS
OE6- Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no
quotidiano, na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização
escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Levantar se há alguma forma de atendimento e acompanhamento juntos aos alunos e pais
Existe o acompanhamento; De que forma é feito; É feita alguma devolutiva;
BLOCO 7. SOBRE AS CARACTERÍSTICAS DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
OE8- Saber qual o entendimento sobre como deve ser um coordenador pedagógico e a
sua ação de liderança.
Objetivos específicos Questões Gerais Questões
específicas
OBS
Perceber quais Características Liderança do CP
138
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS- ISEC
MESTRADO EM EDUCAÇÃO- ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
MARIA HERMÍNIA CANTANHEDE COELHO
A FUNÇÃO E AÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO EM CONTEXTO
ESCOLAR: para além da supervisão
OBJETIVO GERAL: Conhecer a função e a ação do coordenador pedagógico como
orientador do fazer pedagógico em contexto escolar.
BLOCO 1. SOBRE A FUNÇÃO DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
OE1 Saber qual é o entendimento (o que pensam) sobre a coordenação pedagógica,
enquanto função.
Questões Gerais Questões específicas Funções destacadas
na entrevista
Como vê a função da coordenação pedagógica na escola na atualidade. Se percebe alguma mudança na atuação do coordenador pedagógico em comparação com a atuação do supervisor.
Função do coordenador pedagógico; Semelhança ou diferença com a atuação do coordenador pedagógico; Possíveis causas que provocaram as mudanças.
Atuação do CP; Documentos que norteiam a prática pedagógica; Atribuições realizadas pelo CP.
Atividades realizadas pelo CP que não fazem parte de suas atribuições; Atribuições de responsabilidade do CP; Atribuições realizadas pelo CP que não são de sua responsabilidade;
Coordenador responsável pela formação dos professores na escola; Entraves
Formação continuada na escola atribuição da CP; Realização da formação continuada; Possíveis entraves nesse processo.
BLOCO 2. SOBRE A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO HOJE:
OE2. Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no quotidiano,
na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização escolar.
139
Questões Gerais Questões específicas Funções destacadas na
entrevista
Funções do coordenador
pedagógico;
Orientação legal;
Realização de tarefas.
Funções do coordenador
pedagógico nas escolas de
educação infantil;
Documento que orienta o
trabalho da coordenação
pedagógica nas escolas de
educação infantil;
No fazer pedagógico as CPs
só realizam as tarefas
concernentes às suas
funções.
BLOCO 3. FORMAÇÃO INICIAL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
OE3- Conhecer qual o entendimento sobre a formação inicial do coordenador
pedagógico em relação com a ação de coordenação em contexto escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Formação inicial Preparo para atuar como CP
Garantia de preparo para a atuação da CP; Formação inicial e preparação para atuar na escola
BLOCO 4. EM RELAÇÃO À ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
ENQUANTO FORMADOR DOS PROFESSORES NA ESCOLA:
OE4- Conhecer como se processa a formação continuada em contexto escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Atribuição do CP As CPs entendem a formação
como atribuição de sua
responsabilidade;
Acontece na escola;
De que forma.
140
BLOCO 5. SOBRE A ATUAÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO JUNTO ÀS PROFESSORAS
OE5- Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no
quotidiano, na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização
escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Como se dá esse acompanhamento;
A orientação e o acompanhamento é uma atribuição da CP; Contribui para a melhoria da atividade docente; Necessidade da atuação da CP no ambiente escolar.
Como se dá o acompanhamento.
A orientação da CP contribui com a melhoria da prática docente; Há melhoria na aprendizagem das crianças.
BLOCO 6. QUANTO AO ACOMPANHAMENTO E ATENDIMENTO JUNTO AOS ALUNOS E AOS PAIS
OE6- Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no
quotidiano, na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização
escolar.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Levantar se há alguma forma de atendimento e acompanhamento juntos aos alunos e pais
Existe o acompanhamento; De que forma é feito; É feita alguma devolutiva;
BLOCO 7. SOBRE SER COORDENADORA EM UMA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL
OE7. Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica em uma escola de Educação Infantil.
Questões Gerais Questões específicas OBS
Coordenação em escola de
Educação Infantil;
Entraves.
O que é coordenar uma escola de
Educação Infantil;
Quais são os entraves;
143
PROTOCOLO PARA ESTUDO DE CASO
1. DADOS SOBRE O ENTREVISTADO
1.1 Nome
1.2 E-mail
1.3 Telefone
1.4 Formação
1.5 Dados profissionais atuais
1.6 Data
1.7 Horário da entrevista
1.8 Local
1.9 Tipo da entrevista (face a face)
1.10 Forma de registro dos dados (gravação em áudio)
1.11 Grupo ( professor)
1.12 Identidade em sigilo (sim) ou (não)
2. DADOS SOBRE A PESQUISA
2.1 Dados sobre o pesquisador
NOME:
E-MAIL:
FONE:
2.2 Dados sobre o orientador:
NOME:
E-MAIL:
2.3 Instituição responsável pela pesquisa
NOME: Instituto Universitário Atlântico
E-MAIL:
WEB:
2.4 Tipo de pesquisa (Mestrado)
2.5 Linha de Pesquisa (Ciência e Educação)
2.1 Objetivos da pesquisa
2.6.1Geral
2.6.1.1 Conhecer a função e a ação do coordenador pedagógico como orientador do
fazer pedagógico em contexto escolar.
2.6.2 Específicos
144
2.6.2.1 Saber qual é o entendimento (o que pensam) sobre a coordenação pedagógica,
enquanto função;
2.6.2.2 Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica no
quotidiano, na relação com os professores, os alunos e outros membros da organização
escolar.
2.6.2.3 Conhecer qual o entendimento sobre a formação inicial do coordenador
pedagógico em relação com a ação de coordenação em contexto escolar;
2.6.2.4 Conhecer como se processa a formação continuada em contexto escolar;
2.6.2.5 Conhecer como se desenrola/faz a ação de coordenação pedagógica em uma
escola de Educação Infantil;
2.6.2.6 Saber qual o entendimento sobre como deve ser um coordenador pedagógico e a
sua ação de liderança.
2.7 Contribuições da pesquisa:
A importância de estudar essa temática tem sua relevância à medida que,
apesar de muito se discutir sobre a atuação do coordenador pedagógico face às
demandas na atual conjuntura pedagógica, permite a reflexão sobre a prática deste
profissional a partir do que foi construído por ele mesmo e, sobretudo, pode se
constituir como material a ser utilizado na formação e atuação de futuros profissionais.
2.7 Etapa atual:
3. ORIENTAÇÕES GERAIS AO PESQUISADOR
3.1 Antes da entrevista
3.2 Durante a entrevista
3.3 Depois da entrevista
4. OBSERVAÇÕES GERAIS AO ENTREVISTADO SOBRE A ENTREVISTA
4.1 Informações ao entrevistado
4.1.1 Entrevista com questões abertas permitindo a livre expressão do entrevistado
4.1.2 As respostas serão gravadas e apresentadas ao entrevistador
4.1.3 definição de termos utilizados nos questionários
5. QUESTÕES A SEREM APLICADAS NA ENTREVISTA JUNTO AOS
PARTICIPANTES DA PESQUISA
6. FINALIZAÇÃO DA ENTREVISTA
6.1 Serão muito bem vindas complementações às respostas dadas pelo entrevistado;
6.2 Solicito permissão para enviar via e-mail ou whatszapp outras questões que poderão
enriquecer a pesquisa;
145
6.3 Também serão muito bem vindas as críticas sobre como foi realizada a entrevista,
sobre questões apresentadas ou sobre questões surgidas durante a entrevista;
6.4 Solicitar ao entrevistado onde checar dados fornecidos por ele durante a entrevista.
147
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS- ISEC
MESTRADO EM EDUCAÇÃO- ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
MARIA HERMÍNIA CANTANHEDE COELHO
A FUNÇÃO E AÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO EM CONTEXTO
ESCOLAR: para além da supervisão
INSTRUMENTAL PARA OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE JUNTO À
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA DA UEB PRIMAVERA
Coordenadora:
Turno:
OBJETIVO
Acompanhar as ações das coordenadoras percebendo os papéis exercidos
considerando as categorias de liderança apresentada por Blase e Anderson.
CATEGORIAS DE LIDERANÇA SEGUNDO BLASE E ANDERSON
01. LIDERANÇA BASEADA NO USO DO PODER:
a) Poder sobre?
b) Poder através de?
c) Poder com?
02. PAPÉIS:
a) Segundo a função prescrita
b) Segundo a atuação/prática