a influÊncia do estoque nos Índices de liquidez e …re.granbery.edu.br/artigos/ntmy.pdf · a...
TRANSCRIPT
Revista Eletrônica da Faculdade Metodista Granbery
http://re.granbery.edu.br - ISSN 1981 0377
Curso de Administração - N. 17, JUL/DEZ 2014
A INFLUÊNCIA DO ESTOQUE NOS ÍNDICES DE LIQUIDEZ E DE ATIVIDADE
Carlos Henrique da Mota Couto*
Mary Aparecida de Souza** Renata Valle da Mota Couto*** Victor Miranda de Oliveira****
RESUMO
O objetivo deste trabalho é demonstrar a influência dos estoques nos índices de liquidez e de atividade. Para elaboração desse trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica, para melhor compreensão do tema estudado, assim como o cálculo dos índices das empresas MRS Logística, Romi e Companhia Brasileira de Distribuição, para obtenção de dados necessários ao estudo. O setor logístico é dividido em três pilares de sustentação que são estoque, transporte e armazenagem. O estoque é um ativo que na maioria das vezes representa grandes quantias de investimento, o que justifica seu papel de destaque nas áreas logística e financeira das organizações. Os índices financeiros são instrumentos utilizados para o estudo da saúde financeira das organizações. Concluiu-se que os estoques influenciam diretamente os índices de liquidez corrente e geral e giro de estoque.
Palavras-chave: Estoque. Logística. Índices financeiros. ABSTRACT This job's objective is to demonstrate the influence of stocks on the rates of liquides and activities. To the eleboration of this job a bibliographic search was made, to better understanding of the studied theme, as the companie's rates calculation MRS Logistica, Romi and Companhia Brasileira de Distribuição, to aquire the necessary data. The logistics area is divided in three supporting pillars, stocks, transport and storage. The stock is an active that justifies its o leading role on the organization's logistics and financial areas. The financial rates are the instruments used to organization's financial health. It follows that stocks influence directly on the rate's current and general liquidity and inventory turnover. Keywords: Stocks. Logistic .Financial Rates. *Graduado em Administração e Ciências Contábeis, Mestre em Engenharia de Produção pela UFSC e Professor da Faculdade Metodista Granbery. ** Graduada em Administração e Pós-graduada MBA em custos e Finanças Empresariais pela Faculdade Metodista Granbery. ***Graduada em Turismo e Mestranda em Administração pela FNH. **** Graduado em Administração e Pós-graduado MBA em Gestão de Pessoas pela Faculdade Metodista Granbery.
2
1 INTRODUÇÃO
A globalização e a alta competitividade associadas a um grande avanço
tecnológico faz com que as empresas busquem cada vez mais o aperfeiçoamento de produtos
e processos. Um dos setores que requer cautela e atenção é o setor logístico, devido ao seu
grau de importância e de influência no desempenho das cadeias produtivas.
O ambiente competitivo faz com que as organizações tornem-se cada vez mais
ágeis e precisas nas tomadas de decisões e o gerenciamento da logística e de seus custos
poderão influenciar de forma significativa nos resultados finais obtidos pelas empresas.
Dentro do setor logístico o estoque é um aspecto de destaque, devendo ser
administrado de forma criteriosa. A determinação dos níveis ideais de estoques é importante,
podendo interferir tanto no setor logístico como nos demais setores dentro da empresa, pois
quando são elevados geram custos de manutenção que podem reduzir a rentabilidade da
empresa e quando são baixos podem gerar diversos transtornos, como perdas de vendas.
Este estudo foi será dividido em cinco capítulos. O capítulo dois trata sobre a
definição da logística empresarial, identifica suas funções e, ainda, aborda os três pilares em
que a logística se divide: estoque, armazenagem e transporte. Em seguida explana-se sobre
apropriação dos custos logísticos.
O capítulo três descreve os índices financeiros e seus conceitos e relata sobre
índice de liquidez corrente, liquidez seca e liquidez geral. Trata também dos seguintes índices
de atividade: giro de estoque, giro de contas a pagar, giro de contas a receber e giro do ativo
total.
O capítulo quatro aborda a influência que os estoques exercem sobre os índices de
liquidez e de atividade. Isto é demonstrado com a aplicação desses índices sobre os dados dos
Balanços Patrimoniais (BP) e das Demonstrações de Resultados do Exercício (DRE), do ano
de 2013, da MRS Logística S/A, da Romi S/A e do Pão de Açúcar (Companhia Brasileira de
Distribuição). No último capítulo são realizadas as considerações finais.
Este trabalho tem por objetivo geral demonstrar a influência que o estoque exerce
sobre os índices de liquidez e de atividade.
Para elaboração desse trabalho foi necessária uma pesquisa bibliográfica, para
melhor compreensão do tema estudado. Para esta pesquisa foram utilizados como base os
autores: Ballou (1993; 2006), Bowersox e Closs (2001), Gitman (2010), Marion (2010), Pozo
(2004), dentre outros, assim como uma pesquisa nos sites das empresas, para obtenção de
dados necessários a esse estudo.
3
Utilizando os critérios de Vergara (1998, p. 44) uma pesquisa pode ser
classificada de acordo com dois aspectos: “quanto aos fins e quanto aos meios”.
De acordo com a explicação de Vergara (1998) quanto aos fins, a presente
pesquisa é exploratória. Quanto aos meios, a pesquisa é telematizada, documental e
bibliográfica. Telematizada por ser uma pesquisa realizada em sites da internet. Documental
porque o estudo foi baseado em relatórios financeiros das empresas disponibilizados na
internet e bibliográfica por tratar-se de uma pesquisa feita em livros e documentos
eletrônicos.
O critério utilizado para a escolha das empresas foi por conveniência, dentre as
empresas listadas na BM&FBOVESPA, sendo uma de cada segmento.
2 LOGÍSTICA EMPRESARIAL
O mundo competitivo e globalizado requer das empresas cada vez mais agilidade
na busca de aperfeiçoamento em suas áreas, não sendo diferente com a logística.
De acordo com Bowersox e Closs (2001) o objetivo da logística é fornecer
produtos ou serviços no local e momento esperado pelos clientes de forma eficiente.
Segundo Ballou (2006) as atividades da logística em uma empresa são as
apresentadas na figura 1:
Figura 1: Atividades logísticas na cadeia de suprimentos imediata da empresa.
Fonte: Ballou (2006, p. 31).
É através da integração entre as atividades que a logística atende ao objetivo de
proporcionar aos clientes produtos e serviços que satisfaçam suas necessidades.
4
As atividades da logística podem ser agrupadas em três áreas distintas que
demandam decisões específicas: a área de transporte, a de armazenagem e a de estoque. A
figura 2, abaixo, mostra o triângulo de tomada de decisões das três áreas da logística.
.
Figura 2: O triângulo de tomadas de decisões logísticas
Fonte: Adaptado de Ballou (2006, p. 54).
A seguir serão descritos a abrangência de cada uma das três áreas destacadas no
triângulo de tomada de decisões da logística.
2.1 Estoque
Estoque geralmente existe em função de uma necessidade futura de matéria-
prima, materiais, produtos semiacabados ou acabados que demoram algum intervalo de tempo
para serem utilizados. Ou seja, ele serve para manter suprimentos adequados para satisfazer a
necessidade do cliente.
Bowersox e Closs (2001, p. 223) relatam que “[...] do ponto de vista da logística
as decisões que envolvem estoques são de alto risco e de alto impacto”. Isso mostra que o
estoque pode afetar o desempenho da organização, pois a falta do mesmo poderá atingir
negativamente o setor de vendas e o seu excesso compromete a lucratividade da empresa.
Dias (2006, p.19) relata que “[...] sem estoque é impossível uma empresa
trabalhar, pois ele funciona como amortecedor entre os vários estágios da produção até a
venda final do produto”. No entanto, este ponto de vista é contrário ao princípio defendido
pelo Just in time, que evita a utilização de estoques, no intuito de poupar espaço e recursos
para mantê-lo.
De acordo com Ching (2001, p.38):
5
Just in Time é uma derivação do sistema japonês “Kanban”. Os cartões de processo de produção especificam quanto será feito (a quantidade de reabastecimento) e quando será necessário (o momento da necessidade do reabastecimento). Os cartões Kanban de requisição especificam quanto será retirado do “fornecedor”.
Slack, Chambers e Johnston (2007) definem estoque como o acúmulo de recursos
materiais em um processo de transformação. Ressalta ainda que quase todas as operações
mantêm algum tipo de estoque.
Segundo Ballou (2006) há pontos positivos e negativos em se manter estoque,
uma vez existindo a aplicação em estoques, o tempo de resposta às demandas é menor,
entretanto, implica em mais custo para a organização.
Tomando como base o conhecimento conceitual referente a estoque, faz-se
necessário tratar de armazenagem e transporte.
2.2 Armazenagem, transporte e seus modais
Segundo Fleury, Wanke e Figueiredo (2000) a armazenagem é uma das áreas
mais tradicionais da logística, que sofreu mudanças com o passar dos tempos. Antes o espaço
destinado à armazenagem era um local que se concentrava mais na metragem quadrada com
pouca relevância para a altura. Atualmente existe por parte dos gestores a consciência de que
o mau aproveitamento do espaço ou a escolha errada do mesmo podem resultar em prejuízos
econômicos para empresa.
Segundo Viana (2000) a armazenagem tem como propósito utilizar o espaço em
suas dimensões de maneira eficiente e desejada. Proporciona movimentação rápida e simples
desde o momento da entrada de matéria-prima até a saída do produto acabado. Para garantir a
qualidade dos produtos por meio da armazenagem, é preciso estabelecer padrões corretos de
conservação e movimentação capaz de gerar um bom resultado na entrega dos produtos.
Já a forma de movimentação utilizada pelas empresas para deslocar seus produtos
é o transporte, sendo que o mesmo interfere nos níveis de estoque e na localização das
instalações. A opção por um meio de transporte mais ágil diminui o tempo de entrega e as
quantidades de produtos estocados, porém isso resulta no aumento do custo do transporte
(CHOPRA; MEINDL, 2003).
Segundo Ballou (2006) o transporte é um dos elementos de maior custo no
sistema logístico. Por esse motivo é necessário que o sistema de transporte da empresa seja
6
bem planejado e eficaz. Para fazer a escolha acertada do melhor serviço de movimentação de
cargas é preciso avaliar os seguintes aspectos: preço; tempo médio de viagem; e variabilidade
do tempo à redução dos custos de transporte de trânsito, tanto como perdas e danos.
Para Ballou (2006) a utilização do serviço de transporte tem à sua disposição
basicamente cinco modais, que são: aquaviário, ferroviário, rodoviário, aeroviário e
dutoviário.
Neste contexto, Rodrigues (2005) afirma que o modal aquaviário abrange os
modais marítimo, que é o transporte pelos mares e oceanos, e hidroviário que é por rios, lagos
ou lagoas. Sendo o marítimo o mais utilizado no mundo quando se pensa no comércio entre
países.
No que tange ao modal ferroviário, Rodrigues (2005) afirma que tem como
vantagens a alta capacidade de transporte de carga, baixo consumo energético e fretes
decrescentes. Porém, conta com algumas desvantagens como o longo tempo de viagem, baixa
flexibilidade e elevada exposição a roubos.
Sobre o transporte rodoviário, Ballou (2006) diz que tem menor capacidade
relativa ao tamanho de carga em proporção ao ferroviário. Esse modal possui como vantagem
o serviço porta-porta, rapidez na entrega, favorecimento de pequenos lotes e sem necessidade
de carga ou descarga entre destino e chegada, ao contrário dos meios aéreos e ferroviários. Já
entre as desvantagens estão menor capacidade de carga, maior custo operacional,
congestionamentos e degradação das rodovias.
No que tange ao transporte aéreo, Rodrigues (2005) apresenta que seu elevado
custo é justificado pelo uso de equipamentos e instalações sofisticadas. Este é utilizado
quando a velocidade de entrega ou a segurança são consideradas primordiais, os bens
normalmente transportados por este modal são: alimentos, bens perecíveis, animais,
equipamentos eletrônicos e bens de alto valor.
O transporte dutoviário, segundo Rodrigues (2005) é feito por gravidade ou por
pressão mecânica através de dutos adequados. É um modal mais viável para petróleo cru e
seus derivados, sendo sua capacidade ainda limitada em relação à variabilidade de produtos.
Mediante as diversidades de modais existentes, Ballou (2006) defende a utilização
de mais de um meio para transportar mercadorias, pois proporciona vantagens como
economia dos custos e o crescimento do transporte internacional.
Devida à importância da logística, seus modais e estratégias, torna-se relevante
tratar sobre a apropriação dos custos logísticos.
7
2.3 Apropriação de custos logísticos
Uns dos grandes desafios enfrentados pelas empresas são os custos logísticos que
devem ser calculados cuidadosamente para que as mesmas permaneçam competitivas,
(LIMA, 2000).
Faria e Costa (2005), classificam os custos em: custos diretos, aqueles que podem
ser diretamente apropriados a cada tipo de objeto, no momento de sua ocorrência, tal como os
custos de transportes de processo de entrega; custos indiretos, os que não podem apropriar
diretamente a cada tipo de objeto no momento de sua ocorrência, tal como os custos com a
tecnologia de informação utilizada em um processo logístico.
Já Martins (2008) classifica os custos em: custos fixos que são aqueles cujo
montante independe do volume, dentro de determinado limite de produção em determinado
período; custos variáveis aqueles cujo montante varia acompanhando o volume de atividade,
dentro de certo período existente.
Com relação ao estoque, embora seja algo necessário para a empresa, ele demanda
custo. Segundo Ballou (2006) custo de estoque basicamente se divide em três categorias:
custo de aquisição, custo de manutenção e custos pela falta de estoque.
Já o custo de armazenagem é decorrente do processo físico de manter o produto
estocado. São considerados custos de armazenagem os que se referem ao acondicionamento
dos bens e a sua movimentação. Ou seja, são aqueles relacionados às estruturas e condições
necessárias para que a empresa possa guardar seus produtos adequadamente (NOVAES,
2004).
Os custos de transportes são os maiores custos logísticos, portanto impactam
diretamente na forma de precificação dos produtos desde as despesas realizadas na origem até
o destino final.
O capítulo a seguir trará as definições dos índices de liquidez e de atividade, como
também as representações das fórmulas utilizadas para serem calculados.
3 ÍNDICES FINANCEIROS
De acordo com Gitman (2010) a análise financeira de empresas pode ser feita por
meio de índices, que permitem avaliar o desempenho dos resultados obtidos com suas
atividades.
8
A realização de análises gera informações para os stakerolders. Os níveis futuros
de retorno e risco da empresa podem afetar diretamente o valor das ações, sendo esta a
principal preocupação dos acionistas.
Dessa forma, Marion (2010) apresenta quatro aspectos essenciais que precisam
estar atrelados aos indicadores financeiros, quais sejam: objetividade, mensurabilidade,
compreensibilidade e comparabilidade.
As informações adquiridas por meio das demonstrações contábeis podem ser
inter-relacionadas para fornecerem uma visão da organização. Os índices financeiros são
instrumentos utilizados para organizar as informações das demonstrações e traduzir a situação
econômica, financeira e patrimonial da empresa.
Destaca-se que os índices financeiros são relações entre contas ou grupos de
contas das demonstrações contábeis que evidenciam situações que não são visualizadas
diretamente nas demonstrações.
Segundo Matarazzo (2003, p. 147), “Índice é a relação entre contas ou grupo de
contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação
econômica ou financeira de uma empresa”.
Gitman (2010) relata que realizar a análise financeira através de índices, requer o
envolvimento de métodos de cálculo e a interpretação dos mesmos, com objetivo de avaliar o
desempenho e a situação financeira.
Os indicadores econômico-financeiros são dados que permitem, além de mensurar e verificar as inter-relações básicas das operações, criar conceitos complementares para identificação das operações da empresa e de sua movimentação financeira (PADOVEZE, 2007, p. 91).
O estudo realizado neste trabalho aborda os índices de liquidez e atividade, porém
com ênfase na correlação entre estoques e os índices de liquidez e de atividade.
3.1 Índices de liquidez
Os indicadores de liquidez são utilizados para medir a capacidade da empresa em
honrar seus compromissos de curto e longo prazo.
De acordo com Marion (2010, p. 73) os índices de liquidez:
9
São utilizados para avaliar a capacidade de pagamento da empresa, isto é, constituem uma apreciação sobre se a empresa tem capacidade para saldar seus compromissos. Essa capacidade de pagamento pode ser avaliada, considerando: longo prazo, curto prazo ou prazo imediato.
De acordo com Padoveze e Benedicto (2010) os índices de liquidez servem para
avaliar se os bens e direitos da empresa são suficientes para quitar suas dívidas.
Os quatro índices de liquidez utilizados são a liquidez corrente, a liquidez seca, a
liquidez imediata e a liquidez geral. Suas características, composição e aplicabilidade serão
descritas nos parágrafos a seguir. Não será utilizado o índice de liquidez imediata neste
trabalho, pois o mesmo não tem o valor de estoques em seu cálculo.
O índice de liquidez corrente (LC) demonstra a capacidade de pagamento que a
empresa possui no curto prazo. Gitman (2010, p. 51) descreve que “O índice de liquidez
corrente, um dos índices financeiros mais comumente citados, mede a capacidade da empresa
para satisfazer suas obrigações de curto prazo”.
Como afirmam Padoveze e Benedicto (2010) liquidez corrente indica os recursos
que a organização possui no ativo circulante para pagamento do passivo circulante. Para
calcular o índice de liquidez corrente é usada a seguinte fórmula, conforme figura 3, a seguir:
Figura 3: Liquidez Corrente Fonte: Gitman (2010, p. 51).
Iudícibus (2010, p. 33) elucida que ativo circulante trata-se de:
O dinheiro (caixa ou bancos), que é o item mais líquido, é agrupado com outros itens que são transformados em dinheiro, consumidos ou vendidos a curto prazo, ou seja, menos de um ano: Contas a Receber, Estoque e Investimentos Temporários.
Ainda de acordo com Iudícibus (2010, p. 36) o passivo circulante:
São as obrigações que normalmente são pagas dentro de um ano: contas a pagar, dívidas com fornecedores de mercadorias ou matérias-primas, impostos a recolher (para o governo), empréstimos bancários com vencimentos nos próximos 360 dias, provisões (despesas incorridas, geradas, ainda não pagas, mas já reconhecidas pela empresa: Imposto de Renda, férias, 13º salário etc.).
Liquidez Corrente = Ativo Circulante Passivo Circulante
10
Padoveze e Benedicto (2010) mostram que este índice é estático e revela se a
empresa está em situação favorável, quando o mesmo apresenta valor acima de 1. Quando o
valor do índice de liquidez for igual a 1 isto quer dizer que para cada R$ 1,00 de passivo
circulante, a empresa dispõe de R$1,00 no ativo circulante. Caso o índice apresente valor
abaixo de 1,00 (um) significa que a organização não tem condições de liquidar todas as suas
dívidas no curto prazo.
O índice de liquidez seca (LS) mostra a capacidade de pagamento no curto prazo
sem considerar os estoques, pois estes podem ser obsoletos e representar incerteza
(IUDÍCIBUS; MARION, 2009).
Gitman (2010, p.52) afirma que:
O índice de liquidez seca assemelha-se ao de liquidez corrente, mas exclui do cálculo o estoque, que costuma ser o menos líquido dos ativos circulantes. A liquidez geralmente baixa do estoque resulta de dois fatores principais: (1) muitos tipos de estoque não podem ser facilmente vendidos porque são itens semi-acabados, itens de propósito especial e assemelhados; e (2) o estoque costuma ser vendido a prazo, o que significa que se torna uma conta a receber antes de se converter em caixa.
Esse índice é calculado conforme mostra a figura 4, a seguir:
Figura 4: Liquidez Seca Fonte: Gitman (2010, p. 52).
A liquidez seca compara os compinentes do circulante, de forma mais
conservadora ao retirar os estoques.
O índice de Liquidez Seca, por fim, é bastante conservador para que possamos apreciar a situação financeira da empresa. O banqueiro gosta muito desse índice, porque se eliminam os estoques. O estoque é o item mais manipulável no balanço. O Estoque pode torna-se obsoleto (antiquado) a qualquer momento. Ele ainda é, às vezes, um item perecível (MARION, 2010, p.79).
O índice de Liquidez Geral (LG) demonstra a capacidade de pagamento da
empresa no curto e no longo prazos, incluindo o realizável e o exigível em longo prazo.
É um indicador que mostra a capacidade de pagamento geral da empresa, tomando como numerador os ativos circulantes e realizáveis a longo prazo, e como denominador os passivos totais (circulante e exigível a longo prazo). Esse indicador serve para detectar a saúde financeira (no que se refere a liquidez) de longo prazo da empresa (PADOVEZE E BENEDICTO, 2010, p. 153).
Liquidez Seca = (Ativo Circulante – Estoque) Passivo Circulante
11
Para calcular o índice de liquidez geral é utilizada a seguinte fórmula, conforme
figura 5, a seguir:
Figura 5: Liquidez geral
Fonte: Marion (2010, p. 78).
Destaca-se que o Ativo Realizável em Longo Prazo (ARLP) é parte do Ativo Não
Circulante (ANC), de acordo com a nova estrutura advinda da mudança de legislação à partir
de 2007.
Tratar-se-á, também, de índices de atividade. Sobre os mesmos devemos
considerar:
Para fins de análise, quanto maior for a velocidade de recebimento de vendas e de renovação de estoque, melhor. Por outro lado, quanto mais lento for o pagamento das compras, desde que não corresponda a atrasos, melhor. Nem sempre trazer esse índice em situação favorável (inferior a 1) é tarefa fácil. No entanto não resta dúvida de que melhorar esse índice deve ser uma meta que a empresa estará sempre perseguindo (MARION, 2010, p. 110).
Portanto, usam-se índices para medir as atividades das principais contas do
circulante, inclusive estoques, contas a receber, contas a pagar e giro do ativo total. Ao
buscarmos a literatura da área encontramos diversas características diferentes para cálculo dos
índices de atividade. Aqui trataremos com foco no livro de Roos, Westerfield e Jordan, edição de
2008.
Dentre os índices de atividade pode-se medir o giro de estoque. Segundo Marion
(2010) o giro de estoque tem a função de demonstrar o tempo que é gasto para converter o
estoque em venda.
A fórmula para calcular o índice de giro do estoque está apresentada conforme
figura 6:
Figura 6: Giro de estoque Fonte: Roos, Westerfield e Jordan (2008, p. 84).
Para calcular o número de dias médio de estoque basta dividir 365 pelo giro.
Liquidez Geral = (Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo) (Passivo Circulante + Passivo Não Circulante)
Giro de estoque = Custos das Mercadorias Vendidas Estoque
12
Outro índice de atividade é referente ao recebimento das vendas. De acordo com
Marion (2010) o prazo médio de recebimento é o instrumento que tem por função indicar
quantos dias a empresa aguarda para obter o recebimento das vendas.
Gitman (2010, p.53) explica que “o prazo médio de recebimento (grifo do
autor), ou a idade média das contas a receber, é útil para avaliar as políticas de crédito e
cobrança.”
Para Iudícibus e Marion:
O fato de uma empresa demorar mais ou menos para receber suas vendas a prazo pode derivar de vários fatores, tais como usos e costume do ramo de negócios, políticas de maior e menor abertura para crédito, eficiência relativa dos serviços de cobranças, situação financeira de liquidez dos clientes (do mercado) etc (IUDÍCIBUS; MARION, 2009, p. 141).
Para cálculo do giro de contas a receber é usada a fórmula conforme a figura 7, a
seguir:
Figura 7: Prazo médio de recebimento
Fonte: Roos, Westerfield e Jordan (2008, p. 84).
Para calcularmos prazo médio de recebimento, ou seja, o número de dias médio
de contas a receber, basta dividir 365 pelo giro.
Pode-se identificar o prazo de pagamento aos fornecedores. Também chamado de
idade média das contas a pagar a fornecedores. Quanto maior o valor apresentado por este
índice melhor será para a empresa.
O cálculo do giro de contas a pagar está apresentado conforme figura 8, a seguir:
Figura 8: Prazo médio de pagamento
Fonte: Roos, Westerfield e Jordan (2008, p. 85).
Para calcular o prazo médio de pagamento, ou seja, o número de dias médio de
contas a pagar, basta dividir 365 pelo giro.
Outro índice que será utilizado é o giro do ativo. O giro do ativo indica a
eficiência da empresa em usar os ativos para gerar vendas. Este índice mostra o quanto a
empresa vendeu para cada R$1,00 do investimento total (MATARAZZO, 2003).
Giro de contas a receber = ________Vendas ______ Contas a receber (Clientes)
Giro de contas a pagar = Custo das Mercadorias Vendidas Contas apagar (Fornecedores)
13
De modo geral, quando mais alto o giro do ativo total de um negócio, maior a eficiência na utilização de seus ativos. Essa medida tende a ser de grande interesse para administração porque indica se suas operações foram financeiramente eficientes (GITMAN, 2010, p. 55).
Iudícibus e Marion (2009) explicam que quanto maior a rotatividade do ativo,
pelas vendas, maior será as chances de obter uma boa margem de lucro. Por esse motivo é
preciso diminuir o investimento em recebíveis, estoques e outros ativos, para aumentar o
máximo possível o giro do ativo. Para o cálculo desse índice utiliza-se a fórmula contida na
figura 9, a seguir:
Figura 9: Giro do ativo total Fonte: Gitman (2010, p. 54).
Existe uma grande quantidade de índices, porém os acima tratados foram escolhidos para
focar na influência do estoque. A seguir tratar-se-á da influência com base em autores e com a
aplicação em casos reais.
4 A INFLUÊNCIA DO ESTOQUE NOS ÍNDICES FINANCEIROS
O planejamento logístico e os processos dentro das empresas são alvo de
constantes avaliações, pois os custos influenciam diretamente nos resultados financeiros
obtidos. Para aprimorar o controle da logística da organização é necessário adotar medidas
apropriadas a cada um dos pilares logísticos. A política de gerenciamento de estoques tem
sido um dos instrumentos utilizado pelos gestores, na busca de melhores resultados.
Segundo Venanzi e Silva (2013, p. 88) em geral as políticas de estoque são as
seguintes: a) Metas da empresa quanto ao tempo de entrega dos produtos ao cliente; b) Definição do número de depósitos/almoxarifados e da lista de materiais a serem estocados; c) Definição do nível até o qual deverão flutuar os estoques para atender uma alta ou baixa das vendas ou uma alteração de consumo; d) Definição de até que ponto será permitida a especulação com estoques, fazendo compra antecipada com preços mais baixos ou comprando uma quantidade maior para obter desconto; e) Definição da rotatividade dos estoques.
Viana (2000, p. 118) define política de gerenciamento de estoques:
Giro do ativo total = _Vendas_ Ativo Total
14
Entende-se por política de estoques o conjunto de atos diretivos que estabelecem, de forma global e específica, princípios, diretrizes e normas relacionadas ao gerenciamento. Em qualquer empresa, a preocupação da gestão de estoques está em manter o equilíbrio entre as diversas variáveis componentes do sistema, tais como: custos de aquisição, de estocagem e de distribuição; nível de atendimento das necessidades dos usuários consumidores e etc.
Segundo Sanvicente (1997) há dois tipos de custos relacionados aos estoques. Os
custos que variam diretamente com o investimento realizado ou volume dos estoques e os
custos que variam inversamente ao volume dos estoques.
De acordo com Hoji (2000) o gestor independente de sua área de atuação, deve ter
consciência que o capital de giro investido em estoques tem custo financeiro e afetará o
resultado econômico financeiro da empresa. Portanto todos os responsáveis pela
administração dos estoques devem contribuir para manter o nível de estoque o mais baixo
possível, sem prejudicar as atividades normais da organização.
Administrar os pilares que compõem a logística, ou seja, estoque, transporte e
armazenagem tem sido grande desafio encontrado pelos gestores.
Hoji (2000, p. 123) explica sobre administração do estoque:
Normalmente, o investimento em estoques tem um peso significativo em empresas comerciais e industriais e, até, em empresas de prestação de serviços. Em empresas comerciais, os estoques são representados, basicamente, pelas mercadorias para revenda. Em empresas industriais, os estoques, de acordo com as fases de acabamento podem ser classificados em: matérias- primas, produtos em elaboração, materiais de consumo, materiais de embalagem e produtos acabados. Em empresas de prestação de serviços, estoques representados, basicamente, pelos materiais de consumo de almoxarifado. A responsabilidade direta pela administração dos estoques não é do administrador financeiro, mas ele pode influenciar os resultados globais da empresa, interagindo junto a áreas operacionais responsáveis pelo controle do giro e níveis adequados de estoques.
Para Chér (1990) é de fundamental importância que seja realizada a análise dos
índices financeiros da empresa, pois serve como instrumento de verificação do funcionamento
da organização. A análise dos índices financeiros permite ao gestor tomar decisões e medidas
corretivas para sanar problemas detectados. Para os credores é uma forma de acompanhar a
capacidade da organização em honrar obrigações nas datas de vencimento. Portanto, todos
que investem na empresa sempre estarão interessados na situação financeira da organização.
Os custos com estoque é um dos principais fatores que influenciam no desempenho financeiro
15
organizacional, por isso devem ser controlados eficientemente para a obtenção de resultados
positivos.
Controlar adequadamente o nível de estoques permite à organização reduzir
custos, aumentar o nível dos serviços, melhorar a utilização dos ativos e aumentar o volume
de vendas.
Para melhor entendimento sobre o assunto, a seguir será apresentada a aplicação
dos índices de liquidez e de atividade sobre as contas que compõem o Balanço Patrimonial e a
Demonstração do Resultado do Exercício, no ano de 2014, da MRS Logística S/A, do Pão de
Açúcar (Companhia Brasileira de Distribuição) e da Romi S/A.
Os dados dos Balanços Patrimoniais e das Demonstrações de Resultado das
empresas abaixo, referentes ao ano de 2014, estão disponíveis nos endereços existentes nas
referências.
Escolheu-se empresas com perfis de atuação diferente, principalmente com
relação a estoques: prestação de serviços – MRS, indústria – Romi e Comércio – Companhia
Brasileira de Distribuição (Pão de Açúcar).
Quadro 1 – Índices de liquidez e de atividade do ano de 2014
MRS Romi Pão de Açúcar
Liquidez Corrente 0,70 2,04 1,01
Liquidez Seca 0,60 1,31 0,65
Liquidez Geral 0,27 1,46 0,93
Giro de estoque 19,95 1,8 6,57
Giro de contas a receber 14,07 2,01 22,88
Giro de contas a pagar 11,37 12,93 4,44
Giro do ativo 0,43 0,5 1,44
Fonte: Os autores
O estoque é um elemento de grande importância na composição do ativo
circulante. Por este motivo a liquidez da empresa está ligada diretamente a adequada
administração dos estoques.
Pode-se observar, com base no quadro 1, que os valores dos índices de Liquidez
Seca (LS) são bem menores do que os valores dos índices de Liquidez Corrente (LC) nas três
empresas pesquisadas. Tal fato ocorre pela retirada dos valores de estoque quando se realiza o
cálculo do índice. Nota-se, também, que a expressividade da queda deve-se à
16
representatividade do valor investido em estoque pelas empresas. Para a Empresa MRS
Logística, empresa de serviços operadora no ramo ferroviário o valor passa de 0,70 para 0,60.
Já para a empresa Romi, indústria de maquinário o valor passa de 2,04 para 1,31. A terceira
empresa, O Grupo pão de Açúcar, Companhia Brasileira de Distribuição, que atua no varejo,
o valor passa de 1,01 para 0,65.
A mudança na MRS e no Pão de Açúcar levam a valores que indicam que em
31/12/14 elas não teriam capacidade de pagamento de todas as suas obrigações de curto prazo
sem considerar o valor dos estoques. Para cada R$1,00 de obrigações de curto prazo elas
possuíam R$ 0,60 e R$ 0,65 de bens e direitos, respectivamente a NRS e o Pão de Açúcar. Já
a Romi para cada R$ 1,00 de obrigações de circulantes existiam R$ 1,31 de bens e direitos,
indicando que mesmo com a influência do valor dos estoques no índice de liquidez seca, a
empresa conseguiria cobrir as obrigações e ainda sobraria R$ 0,35.
Destaca-se que para Sanvicente (1997) os estoques constituem uma modalidade
de investimento de recursos pelas empresas que podem representar elevada proporção dos
ativos totais.
Tal representação pode influenciar fortemente os índices de liquidez e provocar
elevados custos.
Segundo Ballou (2006) o custo de manutenção de estoque pode representar de 20
% a 40% de seu valor por ano. Portanto, é preciso administrar cuidadosamente o nível de
estoque na busca de equilíbrio econômico.
Para Gurgel (2000, p. 290) é preciso haver cautela em relação a estoque:
Entretanto, a manutenção de estoques elevados de produtos acabados, sem a correção diária dos preços de venda e com recursos financiados com altas taxas de juros, sempre preocupará a área financeira.
Viana (2000, p. 108) explica como os estoques interferem no ativo:
Assim em qualquer empresa, os estoques representam componente significativo, seja sob aspecto econômico-financeiro ou operacionais críticos. Nas empresas industriais ou comerciais, os materiais concorrem, quase sempre com mais de 50% do custo do produto vendido, o que faz com que os recursos financeiros alocados em estoques devam ser empregados sob a forma mais racional possível.
Os cálculos apresentados corroboram o entendimento acima citado, pois na empresa
prestadora de serviços a redução dos valores comparativos entre os índices de liquidez corrente e de
liquidez seca foram marcadamente maiores na indústria Romi e no Varejista Pão de Açúcar, caindo os
17
valores de 2,04 para 1,31 e de 1,01 para 0,65 sendo que na empresa prestadora de serviços passou de
0,70 para 0,60.
Para o índice de Liquidez Geral o peso do valor dos estoques reduziu frente ao volume de
recursos de curto e longo prazo considerados. Com isso os índices apresentados pelas três empresas
melhoraram. Tal consideração pode ser aprofundada, pois para cada uma existe um perfil na estrutura
de bens e direitos e também de obrigações.
Segundo Gurgel (2000), o índice giro do estoque trata-se do número de vezes que
o estoque é transformado em vendas durante o período. Para elevar esse índice é necessário
um planejamento adequado da área de logística, como também um controle eficaz. A elevação
do giro do estoque resulta em diversos benefícios conforme está descrito a seguir:
rentabilidade elevada; vendas mais elevadas; controle de despesas de estoque; redução de
perdas.
A influência do estoque sobre o prazo médio de pagamento Hoji (2000, p. 124)
diz o seguinte:
A decisão de comprar a vista ou a prazo é relativamente fácil de ser tomada. Sob o aspecto financeiro, a empresa deve comparar os preços a vista e a prazo antes de decidir pela forma de financiamento de estoque.
Segundo Sanvicente e Santos (2000) criar política específica sobre estoque é um
instrumento essencial para a empresa, caso contrário não possuirá condições de alcançar a
maximização dos seus resultados globais. Pois o nível de estoque interfere nas diversas áreas
funcionais da organização: compras, produção, vendas e finanças.
De acordo com Ching (2001) além dos custos de aquisição de mercadorias
existem três categorias de custos associados aos estoques que são: a) O custo de pedir que
incluam custos fixos administrativos associados ao processo de aquisição das quantidades
requeridas para reposição de estoque. No entanto os custos de pedir são definidos em termos
monetários por pedido; b) O custo de manter estoque refere-se a todos os custos necessários
para manter certa quantidade de mercadoria por um período. Incluem custos de armazenagem,
custo de seguro, custo de deterioração e obsolescência e custo de oportunidade de empregar
dinheiro em estoque (que poderia ser empregado em outros investimentos de igual risco fora
da empresa); e c) Custo total que é a soma dos custos de pedir e de manter estoque.
Os valores apresentados nos indicadores de giro foram com base no livro
Princípios de administração Financeira de ROSS, WERTERFIELD e JORDAN, de 2008.
O giro do ativo apresentou valores abaixo de 1 na MRS Logística (0,43) e de 0,5
na Romi. Na empresa varejista o indicador foi de 1,44. Os valores evidenciam que o volume
18
de vendas superou o valor do ativo somente em uma empresa, a que possuía atividade de
comércio varejista.
Os indicadores de giro de estoque, de contas a pagar e de contas a receber foram
calculados com base nos valores do circulante, respectivamente com as contas: estoques,
fornecedores e a receber de clientes.
Destacou-se o giro do estoque de apenas 1,8 vezes ao ano da Romi, indicando um
baixo giro. Como a representatividade do estoque é, via de regra, menor nas empresas
prestadoras de serviços, tal característica reflete no giro, ficando a MRS logística com o valor
do giro de estoque em 19,95 vezes. Já o varejista ficou com giro de estoque em 6,57 vezes.
Para facilitar o entendimento podemos dividir 365, número de dias do ano, pelo valor do giro,
pois assim teremos o número de dias médio que ocorre o giro do estoque. Assim teremos o
valor de 203 dias para girar o estoque da Romi, 19 dias para a MRS logística e 56 dias para o
Pão de Açúcar. Tais valores refletem a movimentação de estoque das empresas.
Os giros de contas a receber e contas a pagar evidenciam o volume de recursos da
receita líquida de vendas das empresas em relação à média de contas a receber e o valor do
custo em relação à média da conta fornecedores.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se, neste estudo, que o estoque é um dos pilares do setor logístico, que
requer uma gestão adequada, caso contrário pode resultar em custos elevados ou prejuízos
financeiros.
O objetivo do trabalho foi demonstrar a influência que o estoque exerce sobre os
índices de liquidez e de atividade o qual foi alcançado por meio da base teórica e da utilização
dos cálculos dos índices. Para ilustrar essa influência utilizou-se dados das empresas MRS
Logística, Romi e Pão de Açucar.
Na liquidez ocorreram mudanças significativas entre os índices de liquidez
corrente e liquidez seca. Destaca-se a influência do valor dos estoques na liquidez de curto
prazo quando calculado com e sem os valores dos estoques. Tal fato evidencia claramente o
peso que os estoques possuem na composição do ativo circulante. Na MRS Logística e no Pão
de Açúcar, a liquidez seca ficou abaixo de 1, evidenciando que as mesmas não teriam
capacidade para cobrir as obrigações circulantes.
No giro destacou o de estoque que na indústria foi muito baixo e com maiores
valores na prestadora de serviços e na empresa varejista. A transformação em dias facilita a
19
compreensão do indicador e permite perceber a sua influência na composição e valor do
capital de giro.
Haverá uma variação da influência do estoque sobre os índices de liquidez e
atividade de acordo com o ramo de atividade da empresa, pois a composição do estoque de
uma indústria é diferente da composição de um comércio que são totalmente diferentes de
uma empresa de serviço.
Novos estudos podem ser desenvolvidos com outros índices passíveis de sofrer
influência do volume de recursos em estoques. Pode-se, também, segmentar por setor de
atividade, destacando características setoriais relevantes.
REFERÊNCIAS
BALLOU, R. H. Logística Empresarial: Transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.
______.Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos/Logística Empresarial. 5. ed., Porto Alegre: Bookman, 2006.
BM&FBOVESPA. Disponível em:<http: //www.bmfbovespa.com.br >. Acesso em: 15 de Out de 2014.
BOWERSOX, D. J; CLOSS, D. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001.
CHING, H.Y. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada: Supply Chain. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
CHÉR, R. A gerência das pequenas e médias empresas: o que saber para administrá-las. São Paulo: Maltese, 1990.
CHOPRA, S.; MEINDL, P. Compreendendo a cadeia de suprimentos. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. São Paulo: Prentice Hall, 2003. COMPANHIA BASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO. Demonstrações financeiras. Disponível em < http://www.gpari.com.br/conteudo_pt.asp?idioma=0&conta=28&tipo=31131>. Acessado em 15 de Abr de 2015.
DIAS, M. A. P. Administração de Materiais: Princípios, conceitos e gestão. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006.
FARIA, A. C. de; COSTA, M. de F. G. da. Gestão de custos logísticos. São Paulo: Atlas, 2005. FLEURY, P. F; WANKE, P; FIGUEIREDO, K. F. Logística Empresarial: a perspectiva brasileira. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2000.
20
GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira. 12. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.
GURGEL, F. A. Logística Industrial. São Paulo: Atlas, 2000. HOJI, M.Administração Financeira: Uma abordagem prática: matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, análise; planejamento e controle financeiro. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C. Contabilidade Comercial. 8. ed.São Paulo: Atlas, 2009.
IUDÍCIBUS, S. Teoria da Contabilidade. 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LIMA, M. P.Custos logísticos: uma visão gerencial.In: FLEURY P. F.et. Al, Logística empresarial: A perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.
MARTINS, E. Contabilidade de custos. 9. ed.São Paulo: Atlas, 2008. MATARAZZO, D. C. Análise Financeira de Balanços. 6. ed. São Paulo: Atlas,2003. MARION, J. C. Análise das demonstrações Contábeis: Contabilidade empresarial. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2010. MRS LOGÍSTICA S.A. Disponível em: <http://www.mrs.com.br>. Acesso em: 15 de Abr de 2015. NOVAES, A. G. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição: estratégia, operação e avaliação. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
PADOVEZE. C. L. Análise das demonstrações financeiras. 2. ed. São Paulo, 2007. PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. Análise das Demonstrações Financeiras. 3. ed. São Paulo, 2010.
POZO, H. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2004.
RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos sistemas de transporte no Brasil e à Logística internacional. 3. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2005. ROMI. Demonstrações Financeiras. Disponível em <http://www.romi.com.br/fileadmin/Editores/Empresa/Investidores/Documentos/Relatorios/Balancos_Publicados_2014.pdf>,. Acesso em 15 de Abr de 2015.
ROSS, S. A.; WERTERFIELD, R. W; e JORDAN, B.D. Princípios de administração financeira. São Paulo: Atlas, 2008.
SANVICENTE, A. Z. Administração Financeira. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997.
SANVICENTE, A. Z; SANTOS, C. C.Orçamento na administração de empresas: Planejamento e controle. São Paulo: Atlas, 2000.
21
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da Produção. 2. ed.São Paulo: Atlas, 2007.
VENANZI, D.; SILVA, O. R. Gerenciamento da produção e operações. 1. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
VERGARA, S. C.Projetos e relatórios de pesquisa em administração.São Paulo: Atlas, 1998.
VIANA, J. J. Administração de Materiais: Um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2000.