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A MENTE CORPÓREA CIÊNCIA COGNITIVA E EXPERIÊNCIA HUMANA Francisco Varela Evan Thompson Eleanor Rosch Equipe: Andreza, Juliana, Paulo e Soraya UFSC, 2012 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO - UFSC DISCIPLINA: COMPLEXIDADE E CONHECIMENTO NA SOCIEDADE EM REDES SEMINÁRIO V

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Page 1: A MENTE CORPÓREA CIÊNCIA COGNITIVA E EXPERIÊNCIA HUMANA Francisco Varela Evan Thompson Eleanor Rosch Equipe: Andreza, Juliana, Paulo e Soraya UFSC, 2012

A MENTE CORPÓREACIÊNCIA COGNITIVA E EXPERIÊNCIA HUMANA

Francisco VarelaEvan ThompsonEleanor Rosch

Equipe: Andreza, Juliana, Paulo e Soraya

UFSC, 2012

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA E GESTÃO DO CONHECIMENTO - UFSCDISCIPLINA: COMPLEXIDADE E CONHECIMENTO NA SOCIEDADE EM REDESSEMINÁRIO V

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SEMINÁRIO V – A MENTE CORPÓREA

PARTE IV PASSOS PARA UMA VIA INTERMEDIÁRIA

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A ANSIEDADE CARTESIANA: UM SENTIMENTO DE INSATISFAÇÃO

• Por que razão seria ameaçador questionar a ideia de que o mundo tem propriedades preestabelecidas que nós representamos?

• Por que razão ficamos nervosos quando levantamos a questão da ideia de que, de algum modo, o mundo “está lá fora”, independente da nossa cognição e que essa cognição é re-presentação desse mundo independente?

• O senso comum negaria que estas questões são científicas. • Realista diria que estas questões são apenas filosóficas, mas

pode-se reformulá-las para deixá-las como questões das ciências cognitivas.

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A ANSIEDADE CARTESIANA: UM SENTIMENTO DE INSATISFAÇÃO

• Muitos pesquisadores tem expressado sua insatisfação para com as variedades do realismo cognitivo.

• É uma insatisfação para com a própria noção de sistema representacional.

• A parte IV desenvolverá uma alternativa para a ligação entre os dois pólos (da ciência e da experiência humana) desenvolvendo uma alternativa não representacionista a partir do âmago da ciência cognitiva.

• É necessário fazer uma pausa e refletir sobre as raízes científicas e filosóficas da própria ideia de representação.

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UMA REVISÃO DA REPRESENTAÇÃO

• Noção de representação como construção (fraco).

• Noção de representação como construções internas (forte).

• A principal atividade dos cérebros não é representar o mundo exterior, mas sim fazer automodificações contínuas (Minsky).

• Ao invés de representar um mundo independente, o mundo é representado como um domínio de distinções que é inseparável da estrutura corporalizada pelo sistema cognitivo.

• Não podemos confiar no mundo como um ponto de referência fixo e estável.

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A ANSIEDADE CARTESIANA

• Ou temos um fundamento fixo e estável para o conhecimento, um ponto onde o conhecimento começa, se baseia e permanece, ou não podemos escapar a um certo tipo de escuridão, caos e confusão?

• “ O que quer que seja que proponhamos sobre uma coisa exprimirá apenas nossas próprias crenças. No entanto, mesmo este pensamento vago sugere uma descoberta. Mesmo se nossos modelos domundo não podem produzir boas respostas sobre o mundo como todo, e mesmo que se suas outras respostas são frequentemente erradas, eles podem nos dizer algo sobre nós próprios” (Minsky).

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A ANSIEDADE CARTESIANA

• Dizer que aquilo que pensamos é apenas uma questão de representação subjetiva, é cair precisamente na ideia de um fundamento interno, um ego cartesiano solitário que se encontra emparedado pela privacidade de suas representações.

• De acordo com Minsky, acreditamos em um self que sabemos que não pode ser encontrado, mas também acreditamos num mundo ao qual não temos acesso.

• Essa lógica nos leva inevitavelmente a um estado de niilismo.

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A COR COMO OBJETO DE ESTUDO

• A percepção da cor talvez seja o melhor exemplo, abordado com profundidade pelos autores nas páginas 207 a 225.

• Em primeiro lugar, o estudo da cor é um microcosmo da ciência cognitiva, dado que cada uma das disciplinas neurociência, psicologia, inteligência artificial, linguística e filosofia fornecem contributos importantes para a nossa compreensão da cor. Disciplinas como genética e antropologia também contribuíram.

• Em segundo lugar, a cor tem uma significação imediata perceptual e cognitiva no âmbito da experiência humana.

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A COR COMO OBJETO DE ESTUDO

• Os autores discutem sobre a cor ao longo de várias fases.• Como as próprias cores surgem – ou a estrutura do

aparecimento da cor.• A cor como atributo apercebido de coisas no mundo.• A cor como categoria experiencial.

• Essas fases não se encontram em separado na experiência, a nossa experiência é moldada pelas três em simultâneo.

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O SURGIMENTO DA COR

• Há duas características importantes da estrutura do surgimento da cor:• Todas as cores que vemos podem ser descritas como um

determinado tipo de combinação de seis cores básicas: vermelho, verde, amarelo, azul, preto e branco.

• O surgimento da cor varia em três dimensões:• Matiz: refere-se ao grau de concentração de vermelho, verde,

amarelo ou azul existente. E existem matizes opostas: o vermelho não pode coexistir com o verde e o amarelo não pode coexistir com o azul. Já o branco e o preto não têm matiz, assim como os tons intermediários de cinzento.

• Saturação: cores saturadas têm um grau maior de matiz, enquanto as cores não saturadas são mais próximas do cinzento.

• Brilho: é a dimensão final da aparência da cor, que vai desde o vivo deslumbrante até o difuso ou dificilmente visível.

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A COR COMO UM ATRIBUTO APERCEBIDO

• Os fenômenos de constância aproximada da cor (dado pela iluminação) e indução cromática (reflexão da luz conforme o ambiente) levam-nos a concluir que não podemos contar com a nossa experiência da cor como um atributo das coisas no mundo, tendo simplesmente em consideração a intensidade e a composição de comprimentos de onda da luz refletida de uma área.

• Em vez disso, precisamos considerar os processos complexos e apenas parcialmente compreendidos de comparação cooperativa entre os conjuntos neuronais no cérebro, que determinam as cores para os objetos de acordo com os estados globais emergentes que alcançam dada imagem retinal.

• Ou seja, a percepção visual mantém um intercâmbio ativo com outras modalidades sensoriais.

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ONDE ESTÁ A COR?

• Os autores apresentam a tese de que as cores que vemos devem estar localizadas não num mundo preestabelecido mas antes num mundo apercebido, produzido a partir de nós.

• A visão da cor está relacionada tanto com propriedades que se alteram, tais como iluminação, condições meteorológicas e hora do dia, como com propriedades que permanecem constantes, tais como a reflexão da superfície. As cores e as superfícies caminham par a par, ambas dependem das nossas capacidades perceptuais corporalizadas.

• Essas relações se tornam processos complexos que o sistema visual deve realizar continuamente.

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A COR COMO UMA CATEGORIA

• A nossa experiência da cor não é apenas perceptual, é também cognitiva.

• Organizamos todas as várias combinações de matiz, saturação e brilho que percebemos e damos nomes a essas categorias.

• Num exame de mais de noventa línguas, os pesquisadores Berlin e Kay determinaram que existem no máximo onze categorias básicas de cores codificadas em qualquer língua: vermelho, verde, azul, amarelo, preto, branco, cinzento, laranja, roxo, castanho e rosa.

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COGNIÇÃO COMO AÇÃO CORPORALIZADA

O que é que surgiu primeiro, o mundo ou a imagem?

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Interior x Exterior Idealismo x Realismo

O ponto de referencia para a compreensão da percepção deixa de ter como base um mundo preestabelecido e

independente do sujeito perceptor, mas sim a estrutura sensoriomotora do sujeito preceptor (o modo como sistema

nervoso estabelece ligações entre superfícies sensórias e motoras).

“É exatamente esta ênfase na especificação mútua que nos permite negociar uma via intermediaria entre o Cila da cognição como recuperação de um mundo exterior preestabelecido (realismo) e o Caríbdis da cognição como a projeção de um mundo interior preestabelecido (idealismo).”

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Ação corporalizada

• Ao usar o termo corporalizada pretendemos destacar dois pontos: primeiro, que a cognição depende dos tipos de experiência que surgem do fato de se ter um corpo como várias capacidades sensoriomotoras e, segundo, que estas capacidades sensoriomotoras individuais se encontram elas próprias mergulhadas num contexto biológico, psicológico e cultural muito mais abrangente. Ao usar o termo ação pretendemos destacar uma vez mais que os processos sensórios e motores , percepção e ação, são fundamentalmente inseparáveis na cognição vivida.

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A retirada para a seleção Natural

• Tanto a nossa percepção como a nossa categorização da cor, por exemplo, são inseparáveis da nossa atividade perceptualmente e que são atuadas pela nossa história de acoplamento estrutural. No entanto, esta história não é o resultado de qualquer padrão de ACOPLAMENTO, e sim, o resultado da revolução biológica e dos seus mecanismos de seleção natural. A nossa percepção e cognição tem um valor de sobrevivência, uma adaptação mais ou menos óptica ao mundo.

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OBRIGADO!

Próxima Apresentação:

ParteIX

ELABORAÇÃO DE TRAGETÓRIAS EVOLUCIONÁRIAS E TENDÊNCIA NATURAL

Pag. 241/276

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