a praça em portugal - continente

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As praças portuguesas apresentam um leque muito variado de situações urbanas. Este estudo, de natureza enciclopédica, recolheu e tratou cerca de 125 praças do continente, caracterizadas morfologicamente através de peças desenhadas, fotografias e textos, seguindo um modelo uniforme de modo a permitir uma comparação entre os vários casos e possibilitar a sua utilização como um instrumento para o estudo e a prática do urbanismo.

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Page 1: A Praça em Portugal - Continente
Page 2: A Praça em Portugal - Continente

Equipa Responsável pelo Projecto

José Lamas. Coordenação 2001/2003

Carlos Dias Coelho. Coordenação 2003/2007

Sérgio Fernandes

Sérgio Proença

António Bicheiro, Alexandre Branco, Carla Silva, Daniel MateusAna Roque, João Sobral, João Leite, Rui Silva

Textos

Carlos Dias Coelho [CDC], Maria Calado [MC], Gabriela Carvalho [GC], João Pedro Costa [JPC], Sérgio Fernandes [SF], Sérgio Proença [SP]

Fotografia Aérea

Instituto Geográfico Português I IGP

Colaboração

Alberto Mendes, Alexandre Branco, Alexandre Codina, Alexandre Sousa, Ana Almeida, Ana Barreiros, Ana

Cabrita, Ana Caires, Ana Carradinha, Ana Carvalho, Ana Catarina Silva, Ana Correia, Ana Dias, Ana Escoval,

Ana Ferreira, Ana Ledo, Ana Lourenço, Ana Luz, Ana Martins, Ana Ng, Ana Pedras, Ana Santos, Ana Silva,

Ana Soeiro, Ana Timóteo, André Bento, André Kuzer, André Marques, Andreia Patrício, António Fernandes,

António Figueiredo, António Gaspar, António Martins, António Santos, António Serra, Bruno Figueiredo, Bruno

Fonseca, Bruno Lamas, Bruno Sousa, Bruno Vieira, Carine Coelho, Carla Correia, Carla Silva, Catarina Palma,

Catarina Pires, Catarina Serrão, Cátia Profano, Celso Ameixa, Clara Pisco, Cláudia Batista, Cláudia Silva,

Cristina Cruz, Cristina Reis, Daniel Martins, Daniel Valente, Daniela Barreira, Daniela Lopes, Dário Vieira,

David Rato, Dora Empis, Emildo Brito, Fátima Galvão, Filipa Santos, Filipe Almeida, Filipe Barradas, Filipe

Duarte, Filipe Oliveira, Flávio Silva, Francisco Claro, Francisco Monteiro, Frederico Elisabeth, Frederico Neto,

Frederico Santos, Gonçalo Aguda, Gonçalo Cascais, Gonçalo Pinto, Guilherme Alves, Helena Campos,

Helena Teles, Hugo Domingues, Hugo Palma, Hugo Silva, Hugo Varanda, Inês Encarnação, Inês Pinto, Inês

Vargas, Isabel Marques, Isabel Melo, Joana Freitas, Joana Guerreiro, Joana Monteiro, Joana Ribeiro, Joana

Silvestre, João Alves, João Branco, João Carrasco, João Coutinho, João Gomes, João Gonçalves, João

Guerreiro, João Jorge, João Marrana, João Tavares, Jorge Almirante, Jorge Carvalho, Jorge Costa, José

Brás, José Franco, José Mendes, José Pereira, José Teixeira, Júlia Silva, Júlio Almeida, Lúcia Durão, Luís

Avelar, Luís Carmona, Luís Chastre, Luís Correia, Luís Ó, Luís Ramos, Luís Rodrigues, Maria Barbado, Maria

Gomes, Maria Inês Matias, Maria Jacinto, Maria Parelho, Maria Sepúlveda, Maria Valverde, Mariana Teixeira,

Mário Lopes, Marta Martins, Marta Rodrigues, Michael Aguiar, Miguel Coelho, Miguel Martins, Miguel Sousa,

Mónica Garcia, Mónica Leite, Mónica Paulino, Nelson Simões, Njiila Carvalho, Nuno Catarino, Nuno Miguel

Silva, Nuno Paiva, Nuno Silva, Patrícia Galo, Patrícia Lago, Patrícia Oliveira, Paula Dourado, Paulo Marçal,

Paulo Martins, Pedro Bento, Pedro Dias, Pedro Espiga, Pedro Ferreira, Pedro Gaspar, Pedro Moura, Pedro

Oliveira, Pedro Palma, Philip Conceição, Raquel Amado, Ricardo Boaventura, Rita Carreto, Rita Páscoa,

Rita Soares, Rodrigo Teixeira, Rui Carvalho, Rui Cruz, Rui Ribeiro, Rui Rodrigues, Rute Afonso, Sandra

Vidal, Sara Fernandes, Sara Glória, Sara Machado, Sara Pereira, Sílvia Marinheiro, Sónia Antunes, Susana

Fonseca, Susana Magalhães, Susana Melo, Tânia Baleia, Tânia Teixeira, Valter Rodrigues, Vasco Pereira,

Vasco Torrete, Vera Pereira, Vitalina Sousa, Vítor Correia, Wilkes Figueiredo.

Título

A Praça em Portugal. Inventário de Espaço Público I Continente

Edição

Tiragem

Ana Cardoso, Ana Patrícia Santos, Ana Roque, Carlos Mercês, Catarina Andrade, Cláudia Silva, Diogo Corredoura, Diogo Francisco, Gilberto Carlos, Jacinto Ascensão, Joana Santos, Joel Moniz, Jonatas Lareiro, Jorge Dias, José Virgílio Teixeira, Leonor Duarte, Lucibel Viegas, Marco Moreira, Marina Félix, Marta Sequeira, Miguel Medeiros, Nuno Garcia, Paula Bento, Ricardo Bárrios, Rita Costa, Tiago Mestre, Vanda Silva.

Alunos da FA I UTL com participação no Projecto Pedagógico.

N. Calvet, Lda. Henrique Calvet

João Pedro Costa

Fotografias

© Propriedade da DGOTDU I Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano. Setembro 2007.Reservados todos os direitos de acordo com legislação em vigor

O conteúdo do estudo e a selecção dos exemplos que deram origem a esta publicação são da exclusiva responsabilidade dos seus autores.

A elaboração deste trabalho só foi possível pela disponibilização dos elemen-tos fornecidos por diversas entidades, entre as quais se destacam o Instituto Geográfico Português I IGP e as Câmaras Municipais do Continente.

Agradecimentos

Faculdade de Arquitectura I UTL

Design Gráfico

José Brandão. Coordenação

Sílvia Rala

Volume I: Volume II: Volume III: CD-Rom:

Nuno Soares [NS], João Couto C. [JCC], Alexandre Codina [AC]

Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento UrbanoCampo Grande, 50, 1749-014 LisboaHomepage: www.dgotdu.pte-mail: [email protected]

Revisão de Texto

DGOTDU I Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano

Squares in Portugal. A Public Spaces Inventory I Mainland

Pré-Impressão

DPI Cromotipo

TraduçãoRobert Douglas Russell, Graham Jamieson

ISBN

Laboratório Fotográfico Impressão

978-972-8569-39-6

Depósito Legal266852 / 07

3 volumes e 1 CD-Rom

1000 Exemplares1000 Exemplares1000 Exemplares1000 Exemplares

Tipografia Peres

Page 3: A Praça em Portugal - Continente

: Pátio da Universidade

: Praça Humberto Delgado

Índice

AAbrantes01 : Praça Raimundo Soares

058

060

064

072

068

Introdução Carlos Dias Coelho

Apresentação FA - UTL

Apresentação DGOTDU

019

015

013

02

Index

: Praça da República

Aguiar da Beira01 : Largo dos Monumentos Nacionais

Alcácer do Sal01 : Largo Pedro Nunes

Alcobaça01 : Praça 25 de Abril / Rossio

076

080

084

088

Alcochete01 : Largo de São João Baptista

092

096

Alenquer01 : Praça Luís de Camões

100

104

Almeida01 : Praça Dr. Casimiro Matias

108

112

Amarante01 : Praça da República

116

120

Arraiolos01 : Praça Lima e Brito

124

128

Arruda dos Vinhos01 : Largo do Adro

132

136

Aveiro01

140

144

148

: Largo do Convento: Largo Cândido dos Reis

Avis01

152

156

: Praça Serpa PintoAzambuja01

160

164

: Praça dos ImperadoresAzambuja I Manique do Intendente01

168

172

BBarcelos01 : Largo do Apoio

176

178

182

Beja01 : Praça da República

186

190

02 : Largo do Lidador194

Braga01 : Praça da Município

198

202

02 : Largo do Paço206

Bragança01 : Praça da Sé

210

214

CCaldas da Rainha01

: Largo Rainha D. Leonor

218

220

224

228 02

: Praça 25 de Abril

Volume I

Caminha01 : Praça Conselheiro Silva Torres

232

236

Campo Maior01 : Praça da República

240

244

Cascais01 : Largo de Camões

248

252

Castelo Branco01 : Praça de Camões / Praça Velha

256

260

Castelo Branco I São Vicente da Beira01 : Praça 25 de Abril

264

268

Castelo de Vide01 : Praça D. Pedro V

272

276

02 : Largo Dr. Frederico Laranjo282

Chaves01 : Praça de Camões

286

290

Coimbra01 : Praça do Comércio / Praça Velha

294

298

02 : Largo da Sé Velha302

03 : Praça 8 de Maio306

04310

Coruche01 : Praça da Liberdade

314

316

Covilhã01 : Praça do Município

322

326

Crato01 : Praça do Município

330

334

Elvas01 : Praça da República

338

340

344

Estremoz01 : Praça D. Dinis

348

352

Évora01 : Praça do Geraldo

356

360

02 : Largo das Portas de Moura364

03 : Praça do Sertório368

E

Page 4: A Praça em Portugal - Continente

Faro01 : Largo da Sé

388390

394

402

398 Freixo de Espada à Cinta01 : Praça Jorge Álvares

Guarda01 : Praça Luís de Camões

406408

412

Guimarães01 : Praça da Oliveira

416

420

02 : Praça do Município424

Idanha-a-Nova I Idanha-a-Velha01 : Largo da Igreja

428430

434

Lagos01 : Praça Gil Eanes

436438

442

Lamego01 : Largo da Sé

446

450

Leiria01 : Praça Rodrigues Lobo

454

458

Lisboa01 : Largo de São Miguel

462

468

02 : Praça do Comércio / Terreiro do Paço474

03 : Rossio / Praça D. Pedro IV 478

04 : Praça do Areeiro / Praça Francisco de Sá Carneiro

484

05 : Marquês de Pombal492

06 : Cruzamento Avenida dos Estados Unidos da América / Avenida de Roma

500

Loulé01 : Largo Dr. Bernardo Lopes

506

510

Loures I Santo Antão do Tojal01 : Largo da Mitra

514

518

Mafra01 : Terreiro D. João V

522

Marvão01 : Largo do Pelourinho

Mértola01 : Largo Luís de Camões

524

528

532

536

540

544

M

F

G

I

L

Moura01 : Praça Sacadura Cabral

588

592

598 02 : Praça Gago Coutinho

Mourão01 : Praça da República

602

606

Nazaré01 : Praça Sousa Oliveira

610

612

616

Nisa01 : Praça do Município

620

624

Óbidos01 : Praça de Santa Maria

628630

634

Odivelas01 : Largo D. Dinis

638

642

Oeiras01 : Largo 5 de Outubro

646

650

Olhão01 : Praça da Restauração

654

658

Oliveira do Hospital I Bobadela01 : Adro da Igreja

662

666

N

O

PPalmela01 : Praça do Duque de Palmela

670672

676

Ponte da Barca01 : Jardim dos Poetas

680

684

Ponte de Lima01 : Praça Luís de Camões

688

692

Portalegre01 : Praça do Município

696

700

Porto01 : Praça da Ribeira

704

708

02 : Adro da Sé712

03 : Largo do Colégio716

04 : Avenida dos Aliados720

05 : Praça Gonçalves Zarco / Rotunda do Castelo do Queijo

724

Montemor-o-Novo01 : Terreiro de São João de Deus

572

576

Montemor-o-Velho01 : Praça da República

580

584

Miranda do Douro01 : Largo D. João III

548

552

Mirandela01 : Praça do Município

556

560

: Praça da Liberdade: Praça do Município

Monção01 : Praça Deu-la-Deu

564

568

Volume II

Page 5: A Praça em Portugal - Continente

R

01 : Largo D. Nuno Álvares Pereira

746

748

752

SSanta Comba Dão01 : Largo do Município

756

758

762

Santarém01 : Praça Visconde da Serra do Pilar

766

770

02 : Praça Sá da Bandeira774

São Brás de Alportel01 : Largo da Igreja

778

782

São João da Pesqueira01 : Praça da República

786

790

São Pedro do Sul01 : Praça da República

794

798

Serpa01 : Praça da República

802

806

Sesimbra01 : Largo do Município

810

814

Sesimbra I Cabo Espichel01 : Terreiro do Santuário de Nossa

Senhora do Cabo Espichel

818

820

Setúbal01

: Praça Teófilo Braga

824

828

02 : Largo de Santa Maria / Praça do Exército832

03

: Praça de Bocage

836

Silves01 : Praça do Município

840

844

Sines I Porto Côvo01 : Praça Marquês de Pombal

848

852

Sintra01 : Largo do Palácio / Largo Rainha D. Amélia

856

860

Soure01 : Praça Miguel Bombarda

864

868

TTavira01 : Praça da República

872

874

878

Tomar01 : Praça da República

884

888

Torre de Moncorvo01 : Adro da Igreja

892

896

Torres Vedras01 : Largo de São Pedro

900

904

Viana do Castelo01 : Praça da República

934

938

Vidigueira01 : Praça da República

942

946

Vila do Conde01 : Praça da República

950

954

Vila Franca de Xira01 : Praça Afonso de Albuquerque

958

962

Vila Nova da Barquinha01 : Praça da República

966

970

Vila Nova de Foz Côa01 : Praça do Município

974

978

Vila Nova de Gaia01 : Largo Miguel Bombarda

982

986

Vila Real01 : Largo da Capela Nova

994

998

Vila Real de Santo António01 : Praça Marquês de Pombal

1002

1006

Vila Viçosa01 : Terreiro do Paço

1010

1014

Vimioso01 : Largo da Igreja

1018

1022

Viseu01 : Largo da Sé

1026

1030

Vouzela01 : Praça da República

1034

1038

02 : Praça Conselheiro Morais de Carvalho1040

Créditos Fotográficos1045

Índice do CD1047

Viana do Alentejo01 : Praça da República

926

930

02 : Terreiro do Mosteiro da Serra do Pilar990

Reguengos de Monsaraz I Monsaraz

: Largo General Claudino

VValença01 : Praça da República

916

918

922

: Jardim do Coreto

Trancoso01 : Largo do Pelourinho

908

912

Volume III

Bibliografia1053

Page 6: A Praça em Portugal - Continente
Page 7: A Praça em Portugal - Continente

019::

O termo praça tem origem latina – platea – e a sua utilização procura identificar

um espaço público de carácter excepcional que, morfologicamente, se distin-

gue dos espaços canais constituídos pelas ruas. No entanto, a esta aparente

clareza morfológica correspondem espaços muito diversificados, cobertos por

uma variedade de nomenclaturas e que, de forma alguma, constituem uma

invariante cultural.

Se a praça é inexistente em certas culturas, no ocidente é, por natureza,

condição do urbano. Esta importância radica no mito assumido pelo agora

grego e pelo forum romano como suportes espaciais de instituições cívicas

das quais nos consideramos herdeiros.

O facto de, no final da Idade Média e na Idade Moderna, ter servido a múltiplas

funções – comerciais, políticas, sociais e religiosas – marginada pelos edifícios

públicos e privados de maior importância da cidade, reforçou o seu carácter

colectivo e deu-lhe uma importância destacada, em comparação com os

restantes espaços públicos urbanos. Em qualquer tipo de tecido, a sua supe-

rioridade hierárquica evidencia-se, não só pelas funções que suporta, como

pela natureza finita do seu espaço, pela sua dimensão relativa ou qualidade

da arquitectura, independentemente da origem da sua formação.

Hoje, apesar de tudo, a praça tradicional conservou muito do seu papel urbano.

Embora com novos contornos, a sua produção como elemento urbano, após o

fim do Movimento Moderno, conotou-a muito com o que alguns já chamaram

“símbolo nostálgico de uma qualidade urbana perdida”.

Ao empreendermos o trabalho de recolha, restituição gráfica e ilustração dos

principais exemplares de praças portuguesas, pretendemos que o material

obtido possa vir a constituir um conjunto representativo da sua diversidade

tipológica, estado de evolução, dimensões e utilização desta categoria tão

particular de espaço público. A abordagem incidiu, objectivamente, sobre os

espaços públicos de excepção que, de um modo genérico, são classificados

Introdução

INTRODUÇÃO ::

The term praça (square) is Latin in origin – platea – and it is used to identify a

public space of an exceptional character that is morphologically distinct from

the channel-like spaces that streets make. However, very different spaces cor-

respond to this apparently clear morphology, covered by varied nomenclature

and which in some way are not a cultural constant.

Although squares may not exist in certain cultures, in the West they are, by

nature, an urban quality prerequisite. This importance dates back to the myth

of the Greek agora and Roman forum as spatial supports for civic institutions

of which we believe ourselves to be the heirs.

The fact that, in the late Middle-Ages and the Modern Age, the square has

served multiple functions – commercial, political, social and religious – bor-

dered by the public and private buildings of greatest importance in the city,

has consolidated its collective character and has given it extra importance in

comparison with the other urban public spaces. Its hierarchical superiority is

evident in any type of fabric, not only due to the functions it supports, but also

due to the finite nature of its space, its relative size or quality of its architecture,

regardless of the origins behind its shape.

Nowadays, in spite of everything, the traditional square has retained much of

its urban role. Although with new outlines, its production as an urban feature

after the Modern Movement has seen it linked to what many were already

calling “a nostalgic symbol for a lost urban quality”.

By taking on the job of fact-finding, graphic restitution and illustrating the main

examples of squares in Portugal, our intention is for our work to be a repre-

sentative body of the diverse typology, the state of development, dimensions

and usages of this so particular a type of public space. Our approach was one

of taking exceptional public spaces that are generically labelled squares, even

if the varied terminology in Portuguese differentiates between them, such as:

“o largo”, “o terreiro”, “o campo”, “o rossio”, which in English equate to “the

IntroductionCarlos Dias Coelho

Page 8: A Praça em Portugal - Continente

020 :::: INTRODUÇÃO

square” or “ the public square”. We excluded spaces that typologically act as

a channel, like a street. If spaces, originally or at one time or another, had a

clearly identifiable sub-type or affectation, as they developed the clarity of these

distinctions often became foggy.

As urban features, the selected spaces are an integral part of the urban fabric,

possessing a formal, functional hierarchical relationship with the other features

that they comprise. In this way, analysis cannot ignore the context, and the

spaces chosen were always approached as being part of a whole.

Our benchmark reference work was the Encyclopédie de l’Urbanisme, coor-

dinated by Robert Auzelle and Ivan Jankovic, whose preface describes the

work as “an irreplaceable instrument of work and culture”. We believed that

this study could meet these same objectives.

In this way, our aim was twofold in the way we approached the topic, that is,

studying one of the components of the urban layout through classical repre-

sentation methods of the structures, as well as using auxiliary illustrations and

characterisations, carrying out analysis with all the due rigour of our field, yet

remaining legible to the general public. On the other hand, it can serve as an

instrument for practising urbanism, as well as teaching it, insofar as it studies

the selected spaces in a methodical and comparable way as being examples.

Its operational nature rests on the ability to be a reference for designing con-

temporary urban structures.

At the beginning of the 21st century, urbanism practice, the philosophy of

intervention in cities and the idea of the city itself were showing less utopian

signs than in bygone eras, due to several factors. These include the Modern

Movement crisis and its models, and getting back to cities as points of refer-

ence, as well as the perspective of, if not disjunction in cities, then at least

their illegibility in terms of traditional urban morphologic concepts.

In the more speculative predictions of the future of the city, the urban space

as a support for human relationships, material and spiritual exchanges and

even traffic has been superseded in favour of immaterial media, without either

establishing the fate of the city’s structures or introducing new morphologic

models as a response to a different society. The 21st century city will naturally

be different to the city of the previous century, I as this was from the industrial

one, and this one from the city of Modern, Medieval or Ancient History. However,

the inevitable end of the city that some predict is not a certainty, and what is

more probable is that there will be developments towards new meanings which

will contain the tensions between the city’s structural legacy and its constant

renovation. This object – the city – has always shown signs of obsolescence,

due to its own nature and dynamics.

The policies of recuperating historical centres, so commonplace from the

mid-20th century on, in a process increasingly apart from the phenomena of

growth that has, in most cases, shaped urban peripheries, has support not only

in theoretical musings, but also in public opinion, shaped as it is by a great

deal of nostalgia and opting for the safe choice of preserving this value. We

should not manacle urbanity to the historic centre, nor to the inevitability that

urban renaissance has to make use of past shapes. However, the structural

examples we inherited, which are part of our city life, will always be a driving

force in new spatial conceptions.

como praças e que, mesmo assim, consideram situações muito diferenciadas

que a própria terminologia denuncia como: “o largo”, “o terreiro”, “o campo”,

“o rossio”, excluindo-se os espaços que tipologicamente são considerados

espaços canal, como as ruas. Se, na sua génese ou afectação, num dado

período temporal, estas diferentes terminologias remeteram para subtipos

claramente identificáveis, a evolução dos espaços atenuou, muitas vezes, a

clareza dessas distinções.

Como elemento urbano, os espaços seleccionados são parte integrante de

tecidos urbanos, com uma relação hierárquica formal e funcional com os outros

elementos que os compõem. Nesta medida, a análise não pôde esquecer o

contexto e os espaços escolhidos foram sempre abordados como parte de

um todo.

Tomando como referência a ‘Encyclopédie de l’Urbanisme’, dirigida por Robert

Auzelle e Ivan Jankovic que, no seu prefácio, caracterizava a obra como um

“instrumento insubstituível de trabalho e de cultura”, entendeu-se que este

estudo poderia atingir esses mesmos objectivos.

Assim, pretende possibilitar a divulgação do tema na forma abordada, isto é,

tratar um dos elementos componentes do tecido urbano através de métodos

clássicos de representação das formas construídas, assim como a utilização

de caracterizações e ilustrações auxiliares, trabalhados com o rigor próprio

da disciplina mas legíveis para um público generalista. Além disto, pode

constituir um instrumento para a prática do urbanismo, assim como para o

seu ensino, na medida em que trata, de forma metódica e comparável, os

espaços seleccionados como exemplares e cuja operacionalidade assenta na

capacidade de constituírem referência para o desenvolvimento de criações

urbanas contemporâneas.

No princípio do século XXI, a prática urbanística, a filosofia de intervenção na

cidade e a própria ideia de cidade apresentam sinais menos utópicos do que

em períodos anteriores, como resultado de vários factores, de entre os quais

se podem destacar: a crise do modernismo e dos seus modelos, o regresso

à cidade como objecto de referência e a perspectiva da desagregação da

cidade ou, pelo menos, da sua ilegibilidade à luz dos conceitos morfológicos

urbanos tradicionais.

Nas antevisões mais especulativas sobre o futuro da cidade, o espaço urbano

como suporte de relações humanas, de trocas materiais e espirituais e mesmo

de circulação, chega a ser suprimido em favor de meios de comunicação

imateriais, sem que se determine o destino da cidade construída nem se for-

mule novos modelos morfológicos como resposta a uma sociedade diferente.

A cidade do século XXI será, naturalmente, diferente da cidade do século que

o precedeu, como esta foi diferente da cidade industrial e esta da cidade

das épocas históricas Moderna, Medieval ou Antiga. No entanto, o inevitável

fim da cidade, que alguns antevêem, não é uma certeza e será mesmo mais

provável a sua evolução para novos significados que conterão a tensão entre

a herança da cidade construída e a sua permanente renovação. Este objecto

– cidade – em momento algum deixou de conter sinais de obsolescência,

pela sua própria natureza e dinâmica.

As políticas de recuperação dos centros históricos, tão presentes a partir de

meados do século XX, num processo cada vez mais distanciado do fenómeno

das expansões que configuram, na maioria dos casos, periferias urbanas, têm

suporte não só nas reflexões teóricas, mas também num sentimento público

que tem muito de nostálgico e representa a escolha de um valor seguro. Não

devemos aprisionar a urbanidade à cidade histórica, nem à inevitabilidade

de que o renascimento urbano recorra obrigatoriamente a formas passadas.

No entanto, os exemplos construídos que herdámos, e que fazem parte da

nossa vida na cidade, constituirão sempre modelos propulsores de novas

concepções espaciais.

Page 9: A Praça em Portugal - Continente

029::INTRODUÇÃO ::

No entanto, analisando a praça no contexto específico português verifica-se

uma enorme riqueza e variedade de situações que, a partir do século XV, foram

levadas para todos os territórios da expansão.

Assim, a primeira questão a ser colocada é a que remete para o próprio

conceito de praça. Sé a Praça do Rossio, em Lisboa, constitui um exemplo

claramente representativo deste elemento urbano pela sua natureza, como

espaço de excepção, definição espacial, conteúdos funcionais, qualidade

dos seus edifícios ou mesmo enquanto símbolo de um espaço urbano sin-

gular, outros há em que estas características se esbatem até um conteúdo

mínimo, situação onde se colocará a dúvida sobre a pertinência da sua

inclusão neste conceito.

O Largo da Capela Nova, em Vila Real, pouco se distinguiria de um entron-

camento de ruas, não fosse o carácter excepcional do edifício e a sua acção

sobre o espaço, do qual se apropria através de uma plataforma escadeada.

A Praça Sacadura Cabral, em Moura, apesar do nome e de ter uma géne-

se semelhante à Praça do Geraldo em Évora ou à Praça do Comércio em

Coimbra, configurou-se num espaço mais alongado e estreito do que estas,

constituindo assim uma situação diversa, dado ter características morfológicas

na relação entre o perfil transversal e longitudinal que mais a aproximariam de

uma rua, não podendo ser inteiramente abarcado de nenhum ponto de vista.

No entanto, o seu carácter de espaço urbano de excepção e a sua vivência

remetem-na mais para o conceito de praça do que para um espaço canal.

Pelas mesmas razões, podemos questionar a natureza da Avenida dos Aliados

no Porto e por mais fortes razões a incluiremos dentro da tipologia espacial

das praças. Embora sendo um espaço muito alongado, apresenta um carácter

unitário e finito, aliado a uma coerência morfológica, além de assumir um papel

verdadeiramente excepcional no contexto urbano em que se insere.

However, analysing squares in the specific context of Portugal, we are pre-

sented with an enormous wealth of situations, which, from the 15th century

on, were taken to all the areas that were colonised.

Thus the first question to be asked concerns the very concept of a square.

Although Praça do Rossio (literally “large public square”) in Lisbon is a

clearly representative example of this urban feature due to its very nature

as a space of exception, its spatial borders, functional content, the qual-

ity of its buildings or even it being a symbol of a singular urban space,

these characteristics are only present in other squares to a minor extent,

which might cast some doubts as to why they should have been included

in this concept.

Capela Nova Square, in Vila Real, would be little more than a road junction

if it were not for the exceptional character of the building and its effect

on the area,which encompasses a platform with steps. Sacadura Cabral

Square, in Moura, despite its name and similar origins to Geraldo Square

in Évora or Comércio Square in Coimbra, is a longer, narrower space than

these two squares. It is thus a diverse situation, since its morphological

characteristics in the relationship between the cross-sectional and longitu-

dinal profile make it more of a street, as it cannot be entirely enclosed at

any point. However, the fact that it is an exceptional urban space and its

busy nature mean that it leans more towards the concept of a square than

a channel space. For the very same issues, we can hang a question mark

over the nature of Aliados Avenue in Porto and for even better reasons, we

can include it within the spatial typology of squares. Although it is a very

long space, it is a unit and is finite, morphologically coherent and it plays

a truly exceptional role in the urban context where it stands.

Largo da Capela Nova. Vila Real::

Praça Sacadura Cabral. Moura::

Avenida dos Aliados. Porto::

Page 10: A Praça em Portugal - Continente

030 :::: INTRODUÇÃO

One of the factors that most differentiates squares one from another is the

very process behind them, i.e. if they are the result of an evolutionary process

whose shape progressively became sedimented or, on the contrary, if they

were built according to an entirely pre-conceived project.

Areeiro Square, in Lisbon, designed entirely by Cristino da Silva, was designed

three-dimensionally, so the square project as a space cannot be separated

from the project for the buildings themselves. In Mouzinho de Albuquerque

Square, in Porto, more widely known as Rotunda da Boavista (Boavista Round-

about), the buildings were designed independently from the space, yet they

always respect the ensemble’s alignment and heights, or at least they did until

the recent construction of the Casa da Música, which was positioned without

the logic behind the roundabout’s layout.

Yet, in most cases, the project was limited to defining the layout in its charac-

teristic two dimensions, leaving the buildings to be built sporadically over time

and with some of the original buildings even being replaced cyclically.

The vast majority of examples are the result of evolution, longer or shorter as

per the case, where sedimentation caused by human actions over time may

have even kept a space’s typology, albeit while entirely replacing the buildings

and completely changing the urban feature’s morphology.

Bobadela’s Church Square, in Oliveira do Hospital, testifies to its use as a

square for roughly two thousand years. Sitting on the site of the former Roman

city’s forum, it encompasses structures built from the forum and superimposes

buildings, such as the current church, which sits on top of the forum’s main

temple, showing continuity in terms of the collective use of the space as a

square. Nevertheless, the loss and change in the meaning of the functions,

shapes and buildings means that there is no morphological identity today

between the churchyard and the former forum.

Um dos factores que mais distingue as praças entre si é o próprio processo

que as origina, isto é, se foram o resultado de um processo evolutivo que

foi sedimentando progressivamente a sua forma ou, pelo contrário, se foram

construídas a partir de um projecto integralmente pré-concebido.

A Praça do Areeiro, em Lisboa, integralmente projectada por Cristino da Silva,

foi concebida de um modo tridimensional, não sendo possível desligar o

projecto da praça, como espaço, do projecto dos próprios edifícios. Já na

Praça Mouzinho de Albuquerque, no Porto, mais conhecida como Rotunda

da Boavista, os edifícios foram projectados autonomamente do espaço, res-

peitando sempre o alinhamento de conjunto, definição de frentes e cérceas,

isto até à recente construção da Casa da Música, implantada sem a lógica

do desenvolvimento da rotunda.

Mas, a maioria das vezes, o projecto limitou-se à definição do traçado nas duas

dimensões que o caracterizam, deixando que a dimensão do edificado fosse

sendo construída parcelarmente, de um modo diferido no tempo e mesmo

com substituição cíclica de algumas das suas construções originais.

A grande maioria dos exemplares é consequência de uma evolução, mais

ou menos longa, onde as sedimentações resultantes das acções humanas

exercidas ao correr do tempo podem até ter mantido a tipologia do espaço

com a integral substituição dos edifícios e completa alteração morfológica

do elemento urbano.

O Adro da Igreja de Bobadela, em Oliveira do Hospital, testemunha a sua

ocupação como praça desde há cerca de dois mil anos. Implantada sobre

o forum da antiga cidade romana, integra estruturas construídas daquele e

sobrepõe edifícios, como a erecção da actual igreja sobre o antigo templo

principal do forum, revelando uma continuidade da utilização colectiva do

espaço como praça. Apesar deste facto, a perda e alteração de significado de

Praça do Areeiro. Lisboa::

Rotunda da Boavista. Porto::

Adro da Igreja. Bobadela, Oliveira do Hospital.

::Forum Romano.Hipótese de reconstituição (H. Frade). Bobadela, Oliveira do Hospital.

::

Page 11: A Praça em Portugal - Continente

031INTRODUÇÃO ::

funções, formas e edifícios, fazem com que não haja hoje qualquer identidade

morfológica entre o Adro da Igreja e o antigo forum.

No entanto, os processos e tempos de sedimentação raramente se revelam

tão intensos e longos como na referida aldeia beirã, mas não deixam de ser

intrínsecos à natureza própria dos espaços urbanos.

A Praça Marquês de Pombal, em Lisboa, apesar de projectada na segunda

metade do século XIX no contexto de expansão das avenidas novas de Lis-

boa, só se veio a consolidar cerca de 100 anos depois com a conclusão da

substituição do seu primeiro edificado. O Adro da Sé do Porto, por seu lado,

só se definiu nesta última década com a reconstrução da nova Casa dos Vinte

e Quatro, projectada pelo arquitecto Fernando Távora, que se pode considerar

que concluiu a grande remodelação iniciada nos anos 40 pela Direcção-Geral

dos Monumentos Nacionais, ao restaurar a Sé e remodelar profundamente

o seu adro fronteiro. Na mesma cidade podemos encontrar o caso de uma

praça provavelmente ainda não consolidada – a Rotunda do Castelo do Queijo

– que, apesar da remodelação operada no princípio da década de 2000, ainda

poderá ver as frentes interiores substancialmente alteradas, particularmente

com a consolidação do arranque da Avenida da Boavista.

A própria natureza do elemento urbano pode variar e nem sempre se reco-

nhece uma praça como um elemento individual e uno. Pode ocorrer, de modo

singular e bem identificável, como é o caso da Praça da República em Aveiro.

Nesta, o espaço é uno, bem definido e contrasta com as estruturas canais

das ruas que o servem.

No entanto, a praça pode ser constituída por um conjunto de subespaços,

com maior ou menor identidade, formando um conjunto indivisível. A Praça

de Camões em Chaves é composta pela relação entre diversos espaços arti-

However, sedimentation processes and times rarely prove to be as intensive

and long as in the aforementioned beirã village, yet they remain intrinsic to

the very nature of urban spaces.

Although Marquis of Pombal Square in Lisbon was designed in the second

half of the 19th century in the scope of the growth of Lisbon’s Avenidas Novas1,

it only became consolidated roughly 100 years later, after its initial buildings

were replaced. Porto’s Sé (Cathedral) Square, in turn, was only defined in

the last decade with the reconstruction of the new Casa dos Vinte e Quatro2,

designed by the architect Fernando Távora, which can be considered to have

concluded the major remodelling work began in the 1940s by the Directorate

General for National Monuments, restoring the Cathedral and considerably

remodelling the churchyard lying in front of it. In the same city we can find

the case of a square which has probably not yet been consolidated - Castelo

do Queijo Roundabout – where, despite being remodelled at the turn of this

millennium, it might still see its inner sides substantially altered, particularly

the area where Boavista Avenues starts.

The very nature of an urban feature may vary and it is not always possible to

recognise a square as a single, individual feature. There are particular and

easily identifiable examples, as is the case with República Square in Aveiro.

Here there is one, well-defined space that contrasts with the channel-like

structures of the streets serving it.

Conversely, the square can consist of a series of sub-spaces, each with its own

identity to a greater or lesser extent, which make an undividable whole. Camões

Square in Chaves is formed by the relationships between different spaces linked

to the Mother Church’s rotation, which makes a coherent whole, where each

unit is connected to a specific representational or functional situation, yet they

cannot be singled out due to the spatial dynamics of the space they relate to.

Praça Marquês de Pombal. Lisboa::

Adro da Sé. 2000. Porto::Adro da Sé.1940. Porto::

Praça de Camões. Chaves::

Rotunda do Castelo do Queijo. Porto::

1 House where the crasftmen representing

the 24 different trades of the city of Porto

would assemble, hence being considered

the first ever seat of municipal power.

1 The city of Lisbon’s nineteenth century area

of growth

Page 12: A Praça em Portugal - Continente

056 INTRODUÇÃO::

Madre de Deus

Anjos

Bairro das Colónias

Arco Cego

Alvalade

Bairro Alto

Baixa

Campo de Ourique

Avenidas Novas

Page 13: A Praça em Portugal - Continente

057::AMOSTRAS DO TRAÇADO URBANO DE LISBOA

Alfama

Colina de Santana

Chiado

Parque das Nações

Restelo

Aterro da Boavista

Olivais

Chelas

Telheiras

Page 14: A Praça em Portugal - Continente

Caldas da Rainha

Caminha

Campo Maior

Cascais

Castelo Branco

Castelo de Vide

Chaves

Coimbra Covilhã

Coruche

Crato

Page 15: A Praça em Portugal - Continente

cCaldas da Rainha

Caminha

Campo Maior

Cascais

Castelo Branco

Castelo de Vide

Chaves

Coimbra

Coruche

Covilhã

Crato

Page 16: A Praça em Portugal - Continente
Page 17: A Praça em Portugal - Continente

295::

Coimbra

01 : Praça do Comércio / Praça Velha

COIMBRA

02 : Largo da Sé Velha

03 : Praça 8 de Maio

04 : Pátio da Universidade

04

03

0201

Localizada no centro do país, numa encruzilhada de caminhos e constituindo

ponto de passagem entre o norte e o sul, Coimbra tem o seu território marcado

por vales, montes e encostas férteis. Construída à beira do Mondego, a cidade

é dominada pelo edifício da Universidade no alto da colina. Tem uma população

de cerca de 145 000 habitantes, com actividades repartidas pela agricultura, explo-

ração florestal, indústrias de transformação, hotelaria, comércio e turismo.

Aeminium foi o nome que os romanos deram a esta cidade cuja fundação remon-

ta seguramente à Pré-História. É com a decadência de Conimbriga que a cidade

toma o novo nome de Coimbra, passando a ser diocese. Durante a primeira

invasão moura a região é conquistada, tornando-se um importante entreposto

comercial entre o reino cristão do norte e o reino mouro do sul, com uma forte

comunidade moçárabe no interior das muralhas. Apesar de se tornar Condado

em 871, só em 1064 é definitivamente conquistada por Fernando Magno.

Cidade berço de D. Afonso Henriques, será capital do reino até 1255; apre-

sentando então uma estrutura urbana dividida entre cidade alta, residência da

aristocracia e do clero, e cidade baixa, centro de comércio, e dos bairros ribei-

rinhos de habitação. No século XVI, com a mudança definitiva da Universidade

para Coimbra, a história da urbe gira em torno daquela, da cultura e da vida

estudantil. O século XVIII vem dar novo incremento à cidade e começam a surgir

bairros de habitação fora do perímetro muralhado, aumentando a demografia

e a economia da região.

No início do século XIX Coimbra conhece tempos difíceis com as Invasões

Francesas e a extinção das ordens religiosas. A segunda metade do século

constitui, no entanto, uma época de recuperação, com a inauguração da linha

férrea em 1864 e a construção da ponte sobre o Mondego, que liga as duas

margens.

Standing at a crossroads in the centre of the country and a passageway between

the North and the South, the area around Coimbra is littered with valleys, moun-

tains and fertile slopes. Built alongside the River Mondego, the city is dominated

by the University campus, which sits on top of the hill. It has roughly 145,000

inhabitants who work in agriculture, logging, processing industries, the hotel

sector, commerce and tourism.

The Romans dubbed this city Aeminium and it was most definitely founded in

pre-historic times. As Conimbriga lay fallow, the city adopted the new name of

Coimbra, and became a diocese. The region was conquered during the first

Moorish invasion and became an important trading post between the Christian

kingdom in the North and the Moorish one in the South. It had a sizeable Arab

population living within its walls. Despite becoming a County in 871, it was only

in 1064 that it was finally conquered by Fernando Magno.

The city of King Afonso Henriques’ birth, it would serve as the kingdom’s capital

until 1255. By then it was already showing an urban structure divided between

the upper city, where the aristocracy and clergy resided, and the lower city, the

commercial centre, and the residential riverside neighbourhoods. When the

university came to Coimbra and settled for good in the 16th century, the town’s

history started to revolve around it, culture and student life. The city grew in the

18th century and new residential neighbourhoods began to shoot up outside the

walled perimeter, increasing the region’s demography and economy.

Coimbra underwent some trying times at the turn of the 19th century with the

French Invasions and the extinction of the religious orders. The second half of

the century was a time of recovery with the inauguration of the railway line in

1864 and the construction of the bridge over the Mondego, which linked the

two banks.

CoimbraVista Aérea I Aerial View1:5000.

::

Page 18: A Praça em Portugal - Continente

296 ::

: Pátio da Universidade04

03 : Praça 8 de Maio

02 : Largo da Sé Velha

01 : Praça do Comércio / Praça Velha

CONCELHO DE COIMBRA

Coimbra Vista I View

::

A construção nos anos sessenta dos edifícios novos da Universidade aumen-

tou a população estudantil que, apesar de manter as tradições ancestrais na

vivência do dia-a-dia, exigiu novas formas de vida e o recrudescimento do

comércio e dos serviços.

O conjunto de objectos do património histórico e artístico construído ao longo

dos séculos transformaram Coimbra num alvo preferencial do turismo cultural,

promovendo a construção de hotéis e o aumento das actividades de bens e

serviços.

Com uma estrutura urbana interessante dividida entre a encosta e uma zona

plana e baixa, Coimbra é hoje objecto de revitalização, e prepara-se para os

tempos modernos, tentando ser uma cidade competitiva. [GC]

New University buildings were built in the 60s, which caused student numbers to

swell. Although they observed the traditions in their daily lives, they demanded

new life styles and better shopping and services.

The ensemble of historical and artistic heritage objects that have been built over

the centuries in Coimbra have made it a favoured site for cultural tourism, provid-

ing the impetus for hotels to be built and improved services and commerce.

With an interesting urban structure split between the slope and a flat, low-lying

area, today Coimbra is being regenerated, gearing it up for modern times and

trying to make it a competitive city.

Page 19: A Praça em Portugal - Continente

297::

03

04

COIMBRA

0201

Traçado Urbano I Urban Layout 1:5000

::

Page 20: A Praça em Portugal - Continente

306 :: CONCELHO DE COIMBRA

Page 21: A Praça em Portugal - Continente

307::

Coimbra

03 : Praça 8 de Maio

COIMBRA / PRAÇA 8 DE MAIO

A Praça 8 de Maio, localizada na parte baixa da cidade, tem uma estrutura

geométrica regular e é a confluência de ruas comerciais da zona ribeirinha

que articula com a encosta da cidade velha.

É dominada na face leste pela Igreja de Santa Cruz, fundada no século XII e

construída sobre os antigos banhos reais. Exemplar do segundo período do

Românico coimbrão, este convento foi dos mais importantes da cidade; o

edifício teve a protecção de vários monarcas, nele se conservando os túmu-

los dos primeiros reis de Portugal. As sucessivas intervenções artísticas dos

séculs XVI e XVIII alteraram-lhe a fachada, acrescentando-lhe decoração e um

pórtico que constitui um corpo único e singular sobre o largo. As primeiras

devem-se ao cinzel de João de Ruão e de Nicolau de Chanterenne e o pórtico

ao artista barroco José do Couto.

Voltado à praça, ao lado da igreja instalou-se um dos cafés mais interessantes

da cidade. Ocupa o local de uma antiga dependência do Templo de Santa

Cruz, assumindo-se como um dos locais mais emblemáticos e de encontro

da urbe.

No canto norte, o edifício da Câmara Municipal de Coimbra, construído já na

segunda metade do século XX sob uma arcada, confronta a sumptuosidade

moderna e utilitária com a vetusta Igreja dos Cónegos Regrantes de Santo

Agostinho.

Embora as ruas irradiem do largo quer para a baixa de Coimbra quer para

a parte alta, este é atravessado pela Rua Ferreira Borges, que se prolonga

para norte como Rua da Sofia, onde a tradição diz que se situavam as

casas de todos os lentes da Universidade, sendo hoje um importante eixo

do comércio local.

Os trabalhos de recuperação a que foi sujeita nos últimos anos volveram-na

pedonal e local de charneira entre os mais antigos monumentos Românicos

e o poder político local. [GC]

Situated in the city’s downtown area, 8 de Maio Square has a regular geometric

structure. It is also where the river area’s shopping streets converge, joining

up with the slope where the old city lies.

The Santa Cruz Church dominates its eastern side. The church was founded

in the 12th century and was built over the former royal baths. An example of

the second Coimbra Roman period, this was one of the city’s most important

convents. The building enjoyed protection from several monarchs, as it is here

that the tombs of the first kings of Portugal are found. Successive artistic work

in the 16th and 18th centuries altered the façade, adding decorative work and a

portico, which looms over the square as a single and unique body. João de

Ruão and Nicolau de Chanterenne were responsible for the former and the

portico is the work of the Baroque artist José do Couto.

One of the city’s most interesting cafés can be found looking onto the square,

adjacent to the church. It stands on the site of what was once an outbuilding

of the Santa Cruz church and is one of the city’s most emblematic places

and meeting spots.

The Coimbra Municipal Council building sits in the northern corner. It was built

in the second half of the 20th century under an arcade, its modern and utilitar-

ian sumptuousness contrasting with the ancient Cónegos Regrantes de Santo

Agostinho (Canon Regulars Order of Saint Augustine) church.

Although the streets irradiate out from the square towards both Coimbra´s

downtown area and the higher areas, Ferreira Borges Street bisects the square

and extends northwards as Sofia Street. Local legend has it that this is where

all the university teachers had their houses. It is now an important local shop-

ping artery.

Regeneration work over recent years has turned the square back into a pedes-

trian area and a virtual hinge between the oldest Roman monuments and local

political power.

Page 22: A Praça em Portugal - Continente

308 ::

Corte Transversal Cross Section1:500

::

Corte Longitudinal Cross Section1:500.

::

CONCELHO DE COIMBRA

Page 23: A Praça em Portugal - Continente

309::COIMBRA / PRAÇA 8 DE MAIO

Praça 8 de MaioPlanta I Plan

1:1000

::TT

L

L

Page 24: A Praça em Portugal - Continente

Tomar

Torre de Moncorvo

Torres Vedras

Trancoso

Tavira

Page 25: A Praça em Portugal - Continente

tTavira

Tomar

Torre de Moncorvo

Torres Vedras

Trancoso

Page 26: A Praça em Portugal - Continente
Page 27: A Praça em Portugal - Continente

885::

Tomar

01 : Praça da República

01

TOMAR

A cidade de Tomar é sede de um município integrado no distrito de Santarém.

Localiza-se numa zona de transição entre a lezíria ribatejana, a sul, e a zona

de montanha, a norte.

Povoada desde os tempos do Paleolítico, a origem da cidade poderá estar

num dos castros pré-célticos que aí se instalaram.

No período romano floresceu uma urbe próxima do rio como resultado de uma

economia ligada à agricultura e à exploração mineira. No entanto, a importância

particular do povoado adveio da instalação da Ordem dos Templários, depois

da Reconquista, e o inicio da construção do castelo, em 1160.

Em 1162 foi concedido o primeiro foral à vila de Tomar, que se desenvolveu

entre o castelo e o Rio Nabão, num destino muito ligado à Ordem do Templo

até à sua extinção no reinado de D. Dinis, quando aquela foi transformada

em Ordem de Cristo.

A vila destacou-se quando o Infante D. Henrique assumiu o governo da Ordem

e passou a residir em Tomar, a partir de onde dirigiu a grande empresa dos

Descobrimentos. No período Manuelino foi um burgo cosmopolita, com uma

importante comunidade judaica onde, à sombra do Convento da Ordem de

Cristo, se instalaram várias outras instituições religiosas e se desenvolveram

actividades económicas, particularmente ligadas aos açudes e moengas da

Ribeira da Vila.

No século XVIII iniciou-se uma primeira industrialização que, aliada a um papel

administrativo regional, justificou a elevação de Tomar a cidade em meados

do século seguinte.

Tomar caracteriza-se por possuir um núcleo mais antigo limitado a poente pelo

Convento de Cristo e a nascente pelo Rio Nabão, para além do qual a cidade

se estendeu já no século XX. Morfologicamente, em Tomar distinguem-se as

Part of the Santarém district, the city of Tomar is the municipal seat. It is situ-

ated in an area where the landscape changes from the fertile plains of the

Ribatejo to the south and the mountains to the north.

The site has been inhabited since Palaeolithic times and the city’s origins may

be linked to one of the pre-Celtic Castros1 that were established here.

A town flourished by the river during the Roman period, resulting from an

economy linked to agriculture and mining. However, the settlement’s particular

importance came after the re-conquest when the Order of the Knights Templar

set up their base here and when work was begun on the castle in 1160.

The town of Tomar was awarded its first charter in 1162. The town developed

between the castle and the River Nabão, its fate closely linked to the Order

of the Knights Templar until it was extinguished during the reign of King Dinis

and converted into the Order of Christ.

The town came under the spotlight when Prince Henrique (Henry the Naviga-

tor) became head of the Order and started living in Tomar. It was from here

that he masterminded the major undertaking of the Portuguese Discoveries. It

was a cosmopolitan town with a sizeable Jewish community in the Manueline

period. Several other religious institutions were established in the shadow of

the Convent of the Order of Christ and economic activities linked especially

to the weirs and mills on the town’s stream evolved.

An initial phase of industrialisation took place in the 18th century, which, com-

bined with its regional administrative role, justified Tomar being raised to city

status in the mid-19th century.

Tomar has an older nucleus, bordered to the west by the Convent of Christ and

to the east by the River Nabão, from whose confines the city broke free in the

20th century. Morphologically-speaking, it is possible to distinguish between the

TomarVista Aérea I Aerial View1:10 000.

::

1 A term for a certain kind of Iron-Age

fortified village in the Portuguese and

Galician languages.

Page 28: A Praça em Portugal - Continente

886 ::

01 : Praça da República

CONCELHO DE TOMAR

Tomar Vista I View

::

novas e extensas áreas de expansão de um tecido mais antigo, construído

sobre um traçado ortogonal, com quarteirões rectangulares de direcção nas-

cente-poente e centrado na actual Praça da República. O traçado revela uma

regularidade apreciável embora não geométrica, que denota ter origem num

desenho preconcebido. [CDC]

large, new areas of growth in Tomar and an older fabric built on an orthogonal

layout with rectangular east to west blocks centred on the current República

Square . There is noteworthy regularity in the layout, although it is not geometric,

suggesting it originates from a preconceived design.

Page 29: A Praça em Portugal - Continente

887::

01

TOMAR

Traçado Urbano I Urban Layout 1:5000

::

Page 30: A Praça em Portugal - Continente

888 :: CONCELHO DE TOMAR

Page 31: A Praça em Portugal - Continente

889::

Tomar

01 : Praça da República

TOMAR / PRAÇA DA REPÚBLICA

A Praça da República é um espaço rectangular, regular, constituindo uma

supressão de um quarteirão no traçado do núcleo mais antigo de Tomar.

Delimitada a norte e a sul por frentes de edifícios de habitação de dois ou três

pisos, datados maioritariamente dos séculos XVIII e XIX, a praça é marcada

nas frentes de menor dimensão pelas construções da Igreja de São João

Baptista e da Câmara Municipal. A regularidade das cérceas só é quebrada

pelo edifício religioso, que na fachada faz transparecer três naves, agregando

uma torre sineira marcada pela agulha de um coruchéu ortogonal.

Pavimentada a calçada em branco e negro, a estrutura simples do desenho

em losangos destaca no centro o monumento a D. Gualdim Pais.

Apesar de a constituição deste espaço ser supostamente coeva da abertura do

traçado urbano de Tomar, a sua configuração foi sendo sedimentada ao longo

do tempo. O templo religioso remonta à época do Infante D. Henrique, mas foi

reconstruído no período Manuelino, cujo estilo marcou particularmente a traça

da fachada da praça. Da mesma época é o actual edifício da câmara, onde

D. Manuel viveu antes de se tornar rei de Portugal. Os edifícios das outras duas

frentes foram sendo progressivamente construídos e substituídos, concluindo-

-se a feição do espaço com a edificação do monumento ao primeiro mestre

dos cavaleiros do Templo na década de quarenta do século XX.

Se a Praça da República deixou de funcionar como mercado, mantém ainda

o papel de centro administrativo e religioso da cidade, sendo palco das prin-

cipais manifestações e festividades. [CDC]

República Square is a regular, rectangular space creating a block-sized inden-

tation in the layout of Tomar’s oldest nucleus.

It is bordered to the north and south by two or three-storey residential build-

ings, dating for the most part back to the 18th and 19th centuries, the smaller

façades being dominated by the S.João Baptista (St. John the Baptist) Church

and the Municipal Council building. The regularity in height is only disrupted

by the church building, which displays in its façade its three naves, in addition

to a bell tower dominated by the orthogonal roof’s spire.

Paved with black and white paving stones, the lozenge design’s simplicity draws

the eye towards the monument to Gualdim Pais at its centre.

Although this space probably evolved at the same time as Tomar’s urban layout

opened up, its configuration has become sedimented over the years. The church

dates back to the period of Prince Henrique (Henry the Navigator). However,

it was rebuilt during the Manueline period and it is this style that has been

particularly influential on the lines of the square’s façades. The Council building

is from the same period and was where Duke Manuel lived before becoming

King of Portugal. The buildings on the other two sides have been progressively

built and replaced, the space’s layout being completed with the construction

of the monument to the first Master of the Knights Templar in the 1940s.

Although Praça da República is no longer used as a market, it still retains its

role as the city’s administrative and religious centre and is where the main

events and festivities are held.

Page 32: A Praça em Portugal - Continente

890 :: CONCELHO DE TAVIRA

Corte Transversal (1) Cross Section1:500

::

Corte Longitudinal Cross Section1:500.

::

Corte Transversal (2) Cross Section1:500

::

Page 33: A Praça em Portugal - Continente

891::TOMAR / PRAÇA DA REPÚBLICA

Praça da RepúblicaPlanta I Plan

1:1000

::

T2

T2

L

L

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T1