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A REFORMA PREVIDENCIARIA O mito e a verdade sobre um sistema que tem tudo para dar certo e não funciona devido a falta de gestão profissional e compromisso com o futuro de todos que iremos envelhecer um dia. CIRINEU JOSE DA COSTA

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O mito e a verdade sobre um sistema que tem tudo para dar certo e não

funciona devido a falta de gestão profissional e compromisso com o futuro

de todos que iremos envelhecer um dia.

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A REFORMA PREVIDENCIÁRIA

1. INTRODUÇÃO

A Reforma Previdenciária ocupou as manchetes das mídias nacionais

desde que Michel Temer tomou posse como interino após o afastamento

de Dilma.

A Reforma Previdenciária é necessária sim, mas não devido a ser

deficitária como alardeiam os políticos, mas sim por causa dos problemas

estruturais e da má gestão dos recursos previdenciários.

Neste artigo vamos trazer à tona um histórico do Sistema Previdenciário

Brasileiro e sua evolução até o sistema falimentar atual em que foi

colocado com a somatória de todas as decisões erradas que foram

tomadas pelos diversos governos.

2. BREVE HISTÓRICO

A Previdência é constituída por duas partes essenciais: a contribuição do

empregado e a contribuição do empregador com um percentual

especificado em Lei para cada uma das partes.

Antigamente a previdência era formada por Institutos de Aposentadoria

separados por categorias profissionais como:

1933 - IAPM - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos;

(Decreto n° 22.872, de 29 de junho de 1933);

1934 - IAPC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários

(Decreto n° 24.272, de 21 de maio de 1934);

1934 - IAPB - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários

(Decreto nº 24.615, de 9 de julho de 1934);

1936 - IAPI - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (Lei

n° 367, de 31 de dezembro de 1936) ;

1938 - IPASE - Instituto de Pensões e Assistência dos Servidores do

Estado (Decreto-Lei n° 288, de 23 de fevereiro de 1938);

1938 - IAPETEC - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados

em Transportes e Cargas (Decreto-Lei n° 651, de 26 de agosto de 1938);

1939 - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Operários Estivadores

(Decreto-Lei n° 1.355, de 19 de junho de 1939);

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1945 - IAPETC - O Decreto-Lei n° 7.720, de 9 de julho de 1945,

incorporou ao Instituto dos Empregados em Transportes e Cargas o da

Estiva e passou a se chamar Instituto de Aposentadoria e Pensões dos

Estivadores e Transportes de Cargas.

1960 - IAPFESP - Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários

e Empregados em Serviços Públicos (Lei nº 3.807, de 26 de agosto de

1960, art. 176).

Com o Movimento Revolucionário de 1964, o Governo Militar criou uma

comissão para reformular o sistema previdenciário, que culminou com a

fusão de todos os institutos existentes no INPS (Instituto Nacional da

Previdência Social), criado por Eloah Bosny em 1966. Em 1990, o INPS

se fundiu ao Instituto de Administração Financeira da Previdência e

Assistência Social (IAPAS) para formar o Instituto Nacional de Seguridade

Social. O INAMPS, que funcionava junto ao INPS, foi extinto e seu serviço

passou a ser coberto pelo SUS.

3. OS ERROS DO NOVO SISTEMA CRIADO EM 1966

A arrecadação passou a ser canalizada para o caixa único do Tesouro

Nacional e os recursos passaram a ser utilizados para cobrir todas as

necessidades do Governo como se fossem uma arrecadação fiscal. Todo

o dinheiro recolhido dos empregados e empregadores deixou de ser

canalizado para investimentos lucrativos para custear as aposentadorias e

passou a ser utilizado como caixa geral do governo.

O sistema passou a pagar benefícios sociais além dos previdenciários

gerando despesas que não possuem lastros de arrecadação como:

aposentadoria rural para pessoas que nunca contribuíram e benefício

social para pessoas idosas com mais de 65 anos sem recursos e que

nunca contribuíram.

O Benefício da Prestação Continuada da Lei Orgânica da Assistência

Social (BPC/LOAS) é a garantia de um salário mínimo mensal ao idoso

acima de 65 anos ou ao cidadão com deficiência física, mental, intelectual

ou sensorial de longo prazo, que o impossibilite de participar de forma

plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais

pessoas. Para ter direito, é necessário que a renda por pessoa do grupo

familiar seja menor que 1/4 do salário-mínimo vigente. Por se tratar de um

benefício assistencial, não é necessário ter contribuído ao INSS para ter

direito a ele. No entanto, este benefício não paga 13º salário e não deixa

pensão por morte.

Benefício assistencial ao trabalhador portuário avulso é a garantia de um

salário mínimo mensal ao cidadão com no mínimo 60 anos que, na

condição de trabalhador avulso em área portuária, não tenha

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implementado as condições mínimas necessárias para se aposentar, nem

possua renda suficiente para manter a si mesmo e à sua família. Além de

comprovar a condição de trabalhador avulso em área portuária, para ter

direito ao benefício é necessário que a renda por pessoa do grupo familiar

seja inferior a 1/4 do salário-mínimo. Esta renda será avaliada

considerando o salário do beneficiário, do esposo (a) ou companheiro (a),

dos pais, da madrasta ou do padrasto, dos irmãos solteiros, dos filhos e

enteados solteiros e os menores tutelados, desde que residam na mesma

casa. Por se tratar de um benefício assistencial, não é necessário que

você tenha contribuído para o INSS para ter direito a ele. No entanto,

este benefício não paga 13º salário e não deixa pensão por morte.

A Pensão especial por hanseníase é um benefício devido às pessoas

atingidas pela hanseníase que tenham sido submetidas a isolamento e

internação compulsórias em hospitais-colônias até 31 de dezembro de

1986. Trata-se de uma pensão mensal, vitalícia e intransferível. O INSS

realiza apenas o pagamento deste benefício, mas não determina as

regras de concessão nem analisa os pedidos. O requerimento é enviado

por correio à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

(SDH), estabelecida no Setor Comercial Sul B, Quadra 09, Lote C, Edifício

Parque Cidade Corporate, Torre A, 8º andar, Sala 801, CEP 70.308.200,

Brasília – DF.

Pensão especial da síndrome da Talidomida Publicado é um benefício

específico aos portadores da Síndrome da Talidomida nascidos a partir de

1º de março de 1958, data do início da comercialização da droga

denominada Talidomida no Brasil. Trata-se de uma pensão especial,

mensal, vitalícia e intransferível.

Seguro-desemprego do pescador artesanal também conhecido como

“seguro-defeso”, o seguro-desemprego do pescador artesanal é uma

assistência financeira temporária concedida aos pescadores profissionais

artesanais que, durante o período de “defeso”, são obrigados a paralisar a

sua atividade para preservação da espécie. Para ter direito o pescador

deve comprovar que exerce a pesca de maneira ininterrupta, seja sozinho

ou em regime de economia familiar. Para registrar o pedido o interessado

deve comparecer a uma Agência do INSS, apresentando os documentos

necessários.

Desta forma o caixa da previdência “não fecha”, pois os recursos que

deveriam estar aplicados em investimentos de uma forma geral com

critérios técnicos de rentabilidade e risco foram aplicados para pagar

despesas correntes do governo e não mais existem e os recursos diários

arrecadados não são hoje suficientes para cobrir as despesas com todos

os aposentados pelo regime geral e as despesas com assistência social

que também são lançadas como débitos no caixa previdenciário, quando

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na verdade deveriam estar em uma conta separada em outro órgão

federal que cuidasse exclusivamente da assistência social e com custeio

dos impostos e taxas recolhidos da sociedade.

4. COMO FAZER A REFORMA PREVIDENCIÁRIA

O Governo não tem como repor todo o volume de recursos que ele sugou

dos caixas do sistema previdenciário e utilizou no pagamento de suas

despesas correntes.

Quando os Institutos antigos foram extintos toda a massa patrimonial e os

investimentos foram revertidos para o Governo Federal e o novo sistema

deixou de aplicar os recursos em atividades rentáveis para poder custear

as despesas com os aposentados. Os Institutos possuíam conjuntos

habitacionais financiados para os trabalhadores filiados a cada sindicato

de classe (Industriários, Comerciários, Transportes, etc.), galerias

comerciais (não existiam os shoppings centers atuais) com lojas locadas e

rendendo alugueis mensais. Tudo isso virou pó.

Uma saída seria criar um novo sistema previdenciário para aqueles que

estão ingressando no mercado de trabalho onde cada contribuinte do

sistema teria a sua conta (pelo CPF, por exemplo) e este valor seria

aplicado integralmente em fundos de investimento com regras de

rentabilidade e risco, fiscalizado por conselho fiscal próprio e pelos órgãos

governamentais e de classe (sindicatos de empregados e patronais).

A herança, que seria os já aposentados e os que viessem a se aposentar

pelo sistema antigo, continuariam a ser custeados pelos seus

recolhimentos e por impostos (os já existentes ou por outro criado

exclusivamente para este fim). Os benefícios de assistência social e

transferência de renda passariam para um órgão próprio a ser criado e

também custeado por impostos e taxas utilizando recursos como loterias,

transferências patrimoniais (heranças e compra e venda de imóveis),

CIDE sobre combustíveis, cigarros e bebidas alcoólicas, IR social sobre

grandes fortunas e grandes salários, etc.

5. A PREVIDÊNCIA É VIAVEL

A viabilidade do sistema previdenciário pode ser provada pela existência,

no mercado financeiro, de diversos planos de previdência privada onde o

participante pode optar inclusive por receber uma “bolada” total no final do

prazo contratado.

O que se exige é uma gestão profissional dos recursos arrecadados,

colocando-os para trabalhar em favor dos contribuintes do sistema e não

para enriquecer os gestores.

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O mais comum, inclusive nos Fundos de Pensão de grandes empresas

privadas e estatais, é o desvio de finalidade, a gestão fraudulenta, a

corrupção e o enriquecimento ilícito. Abaixo vamos mostrar uma tabela

considerando uma pessoa com 22 anos de idade e com um salário de

R$2.000,00 e que tenha começado a trabalhar no ano de 2012 e que teve

a contribuição previdenciária investida no mercado a uma taxa média de

0,8% mensal:

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Notamos no final de 30 anos de contribuição, considerando uma correção

média de 5% no salário anual, que o montante arrecadado pelo

empregado em pauta somou R$7.696.863,77. Se este valor for aplicado a

uma taxa de 0,5% a.m. rende mensalmente R$ 38.484,32 bem acima do

salário que ele recebia no 30º ano que era de R$8.232,27.

Caso o novo sistema previdenciário exija que ele trabalhe até os 65 anos

de idade ele teria no final em sua conta o total de R$ 8.900.544,31, que

renderia R$44.502,72 bem acima do seu último salário de 16.299,33.

Vemos assim que se o bolo de contribuições for bem aplicado ele pode

gerar um volume financeiro capaz de cobrir com folga a aposentadoria do

contribuinte e ainda fomentar os investimentos básicos na economia do

nosso país.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Sistema como existe hoje não conseguirá sobreviver sem o amparo do

Governo repassando recursos dos impostos. Os beneficiários da

Previdência não precisam se sentir culpados. Eles não têm culpa do

processo nefasto de reformulação da previdência que foi engendrado em

épocas passadas.

É preciso estancar o sistema com o passivo existente e custeá-lo até que

ele seja todo resolvido. Talvez isso leve até uns 20 anos.

É urgente a criação de um sistema previdenciário para novos

participantes, dando a opção para os já contribuintes do sistema atual

para conversão ao novo sistema desde que tenham a possibilidade de

contribuir pelo menos por 30 anos para poder se aposentar.

A mudança é necessária, mas não é correto afirmar que o sistema atual é

deficitário. O déficit no sistema atual apareceu devido ao de ter sido criado

para arrecadar fundos para o caixa único do tesouro e ter coberto

pagamentos de benefícios de assistência social que não tem nada a ver

com aposentadoria previdenciária adquirida por força de contribuições

regulares e proporcionais ao benefício a ser adquirido.