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Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011 1 A SINGULARIDADE DA PRIMEIRA UNIVERSIDADE PORTUGUESA NO CONTEXTO DO NASCIMENTO DAS UNIVERSIDADES MEDIEVAIS NASCIMENTO, Luciana de Araújo (UEM/Bolsista CAPES) COSTA, Célio Juvenal (Orientador/UEM) Fundada no século XIII, por D. Dinis (1279-1325), na cidade de Lisboa, a instituição universitária portuguesa completa no século XXI oitocentos anos de história. De acordo com a historiográfica existente, nos séculos imediatamente posteriores a sua fundação, XIV e XV, a Universidade portuguesa, se comparada às outras instituições da Europa Ocidental, pode ser caracterizada pela sua singularidade 1 no campo social, cultural, científico e religioso no continente europeu. Essa especificidade está relacionada a certo anonimato que o Estudo lusitano se encontrava em relação às outras instituições originadas no mesmo período no restante da Europa Ocidental, isto é, de acordo com a historiografia a Universidade portuguesa, fundada pelo poder real, não desempenhava em seu território as mesmas funções que suas congêneres desenvolvidas no mesmo período. Nesse sentido, este texto tem por objetivo apresentar o nascimento da primeira universidade portuguesa no contexto do século XIII lusitano, bem como relacioná-lo com o desenvolvimento das primeiras universidades medievais originadas na Europa Ocidental. Dessa forma, a fundação da universidade de Portugal será relacionada ao contexto macro, isto é, a conjuntura que favoreceu a origem das universidades do período medieval. Mediante está exposição pretende-se demonstrar a singularidade da 1 Nas palavras de Aldo Janotti (1992), a singularidade da Universidade portuguesa revela-se pela suas constantes transferências de localidade “[...] a Universidade portuguesa mudou o seu local de habitação, mais frequentemente do que qualquer outra Universidade do mundo [...] e precisamente por causa das suas frequentes mudanças de sede” é que ela “ocupa um lugar completamente à parte na história das Universidades da Idade Média”. (p. 213 e 214). Fundada em 1290 em Lisboa no ano de 1308 a instituição lusitana sofreu sua primeira transferência para a cidade de Coimbra. Em 1338 regressou novamente para Lisboa, local em que permaneceu até 1354. Porém, nesse mesmo ano a corporação volta para Coimbra, ai permanecendo até 1377, data em que retrocede para Lisboa. Somente em 1536 a Universidade foi transferida definitivamente para a cidade de Coimbra em razão da reforma empreenda no governo de D. João III (1521-1557).

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Universidade Estadual de Maringá 26 e 27/05/2011

1

A SINGULARIDADE DA PRIMEIRA UNIVERSIDADE

PORTUGUESA NO CONTEXTO DO NASCIMENTO DAS

UNIVERSIDADES MEDIEVAIS

NASCIMENTO, Luciana de Araújo (UEM/Bolsista CAPES)

COSTA, Célio Juvenal (Orientador/UEM)

Fundada no século XIII, por D. Dinis (1279-1325), na cidade de Lisboa, a

instituição universitária portuguesa completa no século XXI oitocentos anos de história.

De acordo com a historiográfica existente, nos séculos imediatamente posteriores a sua

fundação, XIV e XV, a Universidade portuguesa, se comparada às outras instituições da

Europa Ocidental, pode ser caracterizada pela sua singularidade1 no campo social,

cultural, científico e religioso no continente europeu. Essa especificidade está

relacionada a certo anonimato que o Estudo lusitano se encontrava em relação às outras

instituições originadas no mesmo período no restante da Europa Ocidental, isto é, de

acordo com a historiografia a Universidade portuguesa, fundada pelo poder real, não

desempenhava em seu território as mesmas funções que suas congêneres desenvolvidas

no mesmo período.

Nesse sentido, este texto tem por objetivo apresentar o nascimento da primeira

universidade portuguesa no contexto do século XIII lusitano, bem como relacioná-lo

com o desenvolvimento das primeiras universidades medievais originadas na Europa

Ocidental. Dessa forma, a fundação da universidade de Portugal será relacionada ao

contexto macro, isto é, a conjuntura que favoreceu a origem das universidades do

período medieval. Mediante está exposição pretende-se demonstrar a singularidade da 1 Nas palavras de Aldo Janotti (1992), a singularidade da Universidade portuguesa revela-se pela suas constantes transferências de localidade “[...] a Universidade portuguesa mudou o seu local de habitação, mais frequentemente do que qualquer outra Universidade do mundo [...] e precisamente por causa das suas frequentes mudanças de sede” é que ela “ocupa um lugar completamente à parte na história das Universidades da Idade Média”. (p. 213 e 214). Fundada em 1290 em Lisboa no ano de 1308 a instituição lusitana sofreu sua primeira transferência para a cidade de Coimbra. Em 1338 regressou novamente para Lisboa, local em que permaneceu até 1354. Porém, nesse mesmo ano a corporação volta para Coimbra, ai permanecendo até 1377, data em que retrocede para Lisboa. Somente em 1536 a Universidade foi transferida definitivamente para a cidade de Coimbra em razão da reforma empreenda no governo de D. João III (1521-1557).

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Universidade portuguesa no período de fundação dessas instituições e, se possível,

colaborar nos debates acadêmicos acerca da história dessa instituição que está

profundamente relacionada com a história da educação do Brasil.

Como sabemos foi na universidade portuguesa que diversos missionários

jesuítas que, aturam em diversas localidades do Império lusitano inclusive no Brasil, se

formaram. Da mesma forma, era para essa instituição que a maior parte da elite

brasileira, nos período colonial e até mesmo no Império, se deslocavam para cursar as

faculdades superiores. Nesse sentido, entendemos que a história dessa instituição

também faz parte da história da educação brasileira já que durante muitos séculos foi ela

o principal centro de referência na formação superior (científica, cultural e religiosa) do

Brasil.

Nessa perspectiva, a fim de compreender as particularidades da fundação

Universidade portuguesa, esse texto discorrerá, brevemente, sobre o desenvolvimento

das universidades medievais, para posteriormente apresentar as circunstâncias históricas

dos alicerces da instituição lusitana.

Nascimento das universidades medievais

Podemos compreender o nascimento das universidades medievais em

decorrência de diversos fatores históricos, dentre eles, tem-se: o acúmulo e curiosidades

do saber humano, a associação de mestres e estudantes em corporações que visavam

manter seus privilégios, o reconhecimento da Igreja e da sociedade quanto à

importância da instituição universitária, o renascimento urbano do século XII e o

contato medieval com a cultura oriental. Podemos perceber as universidades como

instituições sociais, desenvolvidas em relação a determinados fatores históricos

ocorridos nos séculos XII e XIII.

Para Reinholdo Aloysio Ullmann (2000), temos no renascimento urbano,

provocado pelo desenvolvimento dos feudos, juntamente com a abertura do comércio

marítimo do mediterrâneo, “livre do poder muçulmano por causa das cruzadas”, fator

que favoreceu os mercadores a se estabelecerem em regiões que possuíam maior

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concentração de homens e escolas catedralícias, com maior número de estudantes, fato

que possibilitou maior comunicação entre as pessoas.

Com as cruzadas foi possível ao homem medieval ter contato com a cultura

oriental e incorporá-la, o que acarretou no europeu o desejo de conhecimento em

diversas áreas como, matemática, astronomia, geografia, náutica, filosofia, medicina e

literatura. (ULLMANN, 2000.)

Para o referido autor, com o renascimento urbano e a ação do mundo oriental

sob a cultura medieval, houve a incorporação de diversos conhecimentos em algumas

regiões da Europa Ocidental. Nesse contexto, em virtude da quantidade de saberes que o

homem medieval teve contato, as escolas existentes não conseguiam abranger todos os

saberes acumulados.

Paulatinamente, no decorrer de meados do século XII foram criadas, por meio de

escolas, diversas faculdades, como Direito, Medicina e Teologia, com o propósito de

especificar a formação profissional, para atender tanto as demandas da Igreja como da

sociedade: “Servir a Deus e a Igreja, sendo úteis a sociedade”. A Igreja para continuar a

exercer o seu poder sobre o ensino acreditava ser necessário a institucionalização da

universidade. Para tanto, era outorgado apenas pelo pontificado a licentia ubique

docendi2, documento que oficializava o nascimento de uma universidade. (ULLMANN,

2000, pág. 105).

Terezinha Oliveira (2005a) argumenta que no século XIII houve o apogeu da

concentração escolar, tendo sido a partir desse momento que as diversas escolas

passaram a ter organização jurídica semelhantes às corporações de ofício que se

desenvolveram nesse período. Para Oliveira (2005a), essa seria uma das origens das

universidades medievais.

No que diz respeito ao contexto histórico, temos as contribuições de Charles e

Verger (1996, p. 16), que discorrem sobre os fatores que possibilitaram o nascimento

das universidades no medievo:

Tal mutação não pode ser apresentada como uma simples conseqüência automática do crescimento ou como indefectível vitória de forças emergentes em detrimento de estruturas tradicionais [...]. [...] Inicialmente tratou-se de uma reclassificação.

2 Licentia ubique docendi, constitui uma licença para lecionar em todo mundo cristão.

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Para os autores não se pode creditar apenas nos desenvolvimentos urbano e

econômico como os únicos responsáveis pelo nascimento das universidades medievais,

bem como acreditar que tal causa deriva da vitória dos mercadores contra a força

tradicional da Igreja. Cabe registrar que todo ensino era exercido pelos poderes da

Igreja, no caso específico das universidades, estava limitada aos poderes do Papa. Nesse

sentido, quando os autores falam em reclassificação do ensino, dizem respeito à

superação das universidades sobre as escolas catedralícias, que ensinavam as Sete Artes

Liberais e as Sagradas Escrituras.

Aldo Janotti é outro autor que atribui às transformações européias no século XII,

nos campos cultural, social, jurídico, religioso e comercial, a responsabilidade pelo

nascimento e desenvolvimento das instituições universitárias. Segundo Janotti (1992),

tais transformações originaram muitos estudos que não poderiam ficar contidos nas

escolas episcopais, sendo necessária uma instituição capaz de abrigar todos os novos

conhecimentos.

Nessa mesma perspectiva, de acordo com Verger (1990), existiram três origens

distintas do nascimento das instituições universitárias no período abordado3. Dessa

forma, as universidades denominadas pelo autor como “espontâneas” foram àquelas

nascidas de escolas pré-existentes, como são os casos da Universidade de Paris, na

França, originada de escolas de Filosofia e Teologia, e da Universidade de Bolonha,

Itália, desenvolvida mediante escolas de Direito. Na segunda forma de origem das

universidades no período medieval encontramos as instituições nascidas por meio da

“migração” de mestres e estudantes como, por exemplo, a Universidade de Cambridge,

instituída após migração de docentes e alunos da Universidade de Oxford, Inglaterra.

Por fim, a terceira forma de origem das universidades medievais remete às “criadas”,

isto é, instituições que foram fundadas pelo Papa ou poder régio de determinadas

localidades.

3 Para Ullmann (2000) o que caracterizava uma universidade no medievo era o ensino de pelo menos uma faculdade, na língua da época, o latim, e que fosse formada por grupos de alunos, como no caso de Bolonha, ou de mestres como Paris.

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Nesse contexto, é importante mencionar dois modelos distintos de instituições e

regiões da Europa nesse momento: na região norte da Europa, o Estudo de Paris e no sul

do continente a Corporação de Bolonha.

De acordo com a historiografia analisada a origem das primeiras universidades

do norte da Europa, como as instituições de Paris e Oxford, está na associação de

mestres. Os cursos mais procurados e com maior destaque eram Artes e Teologia.

Exemplo de instituição dessa região é a universidade de Paris, cuja origem está na

associação de mestres que ensinavam artes.

O Sumo Pontífice estatuiu a Universitas Magistrorum et Escolarium

Parisiensium, oportunizando autonomia e privilégios a instituição perante as

autoridades locais. Pela bula pontifical foi confirmada em 1231 todos os direitos

institucionais da corporação. Charles e Verger (1996) afirmam que a fama do ensino de

Paris percorria toda Europa. Suas faculdades eram: Filosofia (Artes), Teologia e Direito

Canônico.

Já no nascimento das universidades do sul da Europa observa-se o inverso das

instituições do norte, pois o desenvolvimento das instituições está na associação de

alunos. As faculdades eram o Direito em Bolonha e Medicina em Montpellier.

A universidade de Bolonha é considerada por muitos estudiosos como a mãe das

universidades4, teve sua origem nas escolas de Direito e desde 1158 contava com apoio

de proteção do Imperador Frederico I, que promulgou a Constituição Habita, na qual os

estudantes foram contemplados com alguns privilégios. Por volta de 1190 os estudantes

começaram a se organizar em nações, os citramontanos e os ultramontanos, que em

conjunto compunham a universidade de Bolonha.

Embora essas duas universidades de diferentes regiões da Europa comportem

modelos distintos de instituição, é possível perceber um consenso historiográfico sobre

a caracterização e organização das corporações de mestres e estudantes.

Dessa forma, constatamos que nos séculos XII e XIII os artesões que possuíam a

mesma ocupação profissional formavam corporações de oficio, com o objetivo de

defenderem seus direitos. O mesmo ocorreu com os mestres e estudantes do século XIII

que passaram a utilizar a terminologia universitas, no sentido de associação ou

4 Conferir em Ullmann (2000)

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corporação, para defenderem seus privilégios no studium generale. Como explica

Verger (1999, p. 82):

[…] para além da diversidade, tinham em comum serem organismos autônomos de natureza corporativa. Ser autônomo significa ser mestre de seu recrutamento, poder dotar-se de estatuto, poder impor a seus membros o respeito mútuo, ser reconhecido como pessoa moral pelas autoridades exteriores, tanto eclesiásticas quanto laicas, poder enfim, organizar livremente aquilo que era a própria razão de ser da corporação universitária, quer dizer, o ensino, os programas, a duração dos estatutos, as modalidades de exames que sancionavam esses estudos, a colação de graus que coroavam o êxito dos ditos exames […].

Para Verger (1999), a instituição universitária se caracteriza por ser uma

associação de mestres e estudantes, sendo dirigida por estudantes em Bolonha e por

mestres em Paris, eram instituições que possuíam suas próprias regras e leis. Tornaram-

se, depois de muitos conflitos, respeitadas pelas autoridades local, religiosa e civil.

Os privilégios concedidos às universidades poderiam ser de origem laica,

outorgada pelos reis, ou religiosa, permitido pelo Papa. Os membros da instituição eram

isentos de serviço militar, não pagavam taxas de impostos, que eram cobrados pelos

moradores do burgo; ocorria a taxação de aluguéis nas casas utilizadas pelos estudantes

e mestres. Ullmann (2000, p. 160-161) apresenta importante contribuição a respeito dos

privilégios dessas instituições:

[…] Para o chanceler excomungar alguém, tinha que ter prévia licença do Papa. E mais: professores e alunos não estavam sujeitos a jurisdição civil […] Quem procedia ao julgamento era o tribunal da Universidade. Os professores tinham o direito de fazer greve.

Detentora de tantos privilégios está instituição também vivenciou diversos

conflitos ocorridos entre autoridades local, religiosa e civil. Fruto dessas discórdias foi o

movimento que deu origem a outras instituições desenvolvidas pela migração de

universidade mães, como é o caso dos acontecimentos de Bolonha e Oxford, explicados

por Charles e Verger (1996, p. 18):

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Assinalemos, por fim, que, desde esses anos certos conflitos (interno ou com autoridades externas), traduziram-se na partida voluntária de grupos de mestres e estudantes. Assim as novas universidades nasceram por desmembramento, mas somente duas delas se mostraram duráveis: Cambridge, desde 1209, nascida de uma migração oxfordiana; Pádua, fundada em 1222, pelos doutores e estudantes foragidos de Bolonha (p.18)

Já com a migração de mestres e estudantes de Paris, em razão de conflitos com

as autoridades locais, tem-se a origem das universidades de Angers e Orléans, a

primeira em 1306 e a segunda em 1337.

Ullmann (2000) afirma que o método utilizado nas universidades medievais era

o escolástico, semelhante ao método das escolas anteriores, porém mais aprofundado.

Nesse mesmo sentido, Joaquim de Carvalho (2005, p. 430) expõe que o ensino

escolástico era fundamentado em textos estabelecidos, acreditava-se que todo

conhecimento possível estava apresentado nestas obras.

Considerava-se que o saber se achava condensado ou exposto em certos livros reconhecidos como fundamentais, cumprindo ao mestre expor, explicar e explicitar o que neles continha […] para a assimilação e sistematização coerente do saber já constituído.

Como ponto de partida para as aulas, ocorria o lectio, isto é a leitura e

interpretação que os mestres realizavam para determinado conteúdo de sua faculdade. A

seguir tinham-se as quaestiones, teses que os estudantes e mestres utilizavam para

defenderem suas ideias. Após as quaestiones os estudantes e mestres trocavam suas

ideias, ou seja, ocorria o disputatio, espécie de debate, serviam para os mestres

aprofundarem a questão sobre o assunto trabalhado e para os estudantes praticarem a

dialética.

As aulas eram subdivididas em ordinárias e extraordinárias. A primeira

acontecia de manhã e era realizada pelo mestre. Já a segunda ocorria na parte da tarde

pelos bacharéis, serviam como aprofundamento das aulas da manhã.

Nas disputas, ou disputatio, existiam duas distinções: as ordinárias, realizada

toda semana, para reforço do conteúdo, e a extraordinária que acontecia uma ou duas

vezes por ano em ocasião do Natal ou Páscoa. Na ordinária, o mestre escolhia um tema

e encarregava um ou dois bacharéis para apresentar e defender o tema aos membros da

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mesma faculdade. Nessas circunstâncias ocorriam as argumentações contra os bacharéis

e esses contestavam defendendo suas ideias, quando necessário podiam recorrer ao

mestre. No final o lente apresentava sua determinação, expondo os argumentos contra e

a favor e estabelecendo uma solução ao confronto. Já as disputas extraordinárias

poderiam ser a respeito de qualquer tema da faculdade, não versando sobre alguma tese

estudada com antecedência, era o professor que se submetia a responder as perguntas,

assessorado por um bacharel.5

Quanto a forma de aprendizagem dos alunos, em razão do elevado preço dos

livros e sua confecção ser lenta, boa parte dos estudantes se utilizava do aluguel de

manuscritos e livros ou compravam materiais usados (livros de segunda mão). Além

disso, no decorrer das aulas faziam muitas glosas, espécie de anotação sobre o conteúdo.

Cabe lembrar que a técnica mais utilizada para a aprendizagem era a memorização.

Como as universidades medievais eram instituições pertencentes à cristandade,

recebiam alunos de todas as partes da Europa Ocidental. Dessa maneira, uma das

formas que os estudantes encontraram para se unirem e defenderem seus privilégios foi

o desenvolvimento das nações, que eram organizações de auxilio mútuo entre mestres e

estudantes da mesma região. Em cada universidade existiam diversas nações. Na

instituição, de Paris ocorria a divisão dos estudantes em quatro grupos de acordo com a

origem geográfica, conforme nos relata Ullmann (2000, p. 170-171):

a) fidelíssima natio Picardia era composta por estudantes oriundos de Picardia e dos Países Baixos; b) os normandos formavam a venerada natio Nomandiae; c) a honoranda natio Gallicana, agrupava os franceses, os espanhóis, os italianos e os gregos; d) finalmente a constantissima natio Anglicana ou Alemaniae, abrangia os ingleses, os estudantes vindos dos paises germânicos, bem como os do norte e do leste europeus.

Já na universidade de Bolonha, os estudantes se dividiam em duas nações, os

ultramontanos e os citramontanos. Os primeiros eram estudantes estrangeiros, de

diversas regiões como da França, Espanha, Alemanha, Proença, Inglaterra, formando

um total de dezoito nações. Os citramontanos eram alunos de diferentes regiões da Itália

e contavam com dezesseis grupos estudantis.

5 Ocorriam também, as disputas magistralis, na qual dois mestres discutiam sobre um determinado assunto (Ullmann, 2000).

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As faculdades ensinadas nas universidades medievais eram Artes (Filosofia),

Teologia, Direito Canônico e Civil e Medicina. A faculdade de Artes era apenas

preparatória para as faculdades superiores como Teologia, Direito e Medicina, e nela se

ensinava as Sete Artes Liberais: o trivium, composto pela gramática, retórica e dialética,

e o quadrivium, com a geometria, aritmética, música e astronomia, em conjunto com as

Sagradas Escrituras. Charles e Verger (1996, p. 34) afirmam que havia distinções na

caracterização das faculdades quanto aos assuntos e autores trabalhados:

Prisciano (por volta de 500) na Gramática, Aristóteles na Lógica e na Filosofia, a Bíblia na Teologia, os dois Corpus (Júris civilis e Júris cononici) no Direito, um conjunto mais compósito (tratados hoprocraticos, galênicos e árabes) na Medicina, constituíram autoridades essenciais [...].

Se por um lado ocorria diferenciação de autores e assuntos trabalhados em cada

faculdade, por outro, no que se refere aos graus acadêmicos, percebe-se certa

homogeneização dos cursos. Para a obtenção dos graus universitários tem-se o seguinte:

para se tornar bacharel era necessário exame com três ou quatro mestres. O filósofo

tinha que ter seis anos de estudo e o teólogo quatorze; ser bacharel significava ser

assistente de um professor universitário. Após o bacharelado, se o estudante se

interessasse pela vida universitária, poderia, depois de dois anos trabalhando como

professor sobre orientação de um mestre e depois de se sujeitar ao júri de docentes para

avaliação por meio de questões orais, se aprovado, se tornar mestre.

Dessa forma, depois de esboçamos brevemente o desenvolvimento das

universidades medievais, apresentando segundo a perspectiva dos autores citados alguns

fatores observados como importante para o entendimento do nascimento dessas

instituições, bem como sua caracterização enquanto instituição de ensino, o texto segue

expondo as particularidades da primeira universidade portuguesa, o Estudo de Lisboa, a

fim de que possamos relacionar e analisar se foram esses mesmos acontecimentos que

antecederam e perpassaram a instituição lusitana e quais as relações que podemos

estabelecer entre instituições de contextos diverso.

A Universidade em Portugal

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A Universidade de Portugal, nascida em 1290, pode ser classificada no terceiro

grupo de instituições considerado por Verger (1990). De acordo com Janotti (1992),

coube a D. Dinis (1279-1325) a honra de fundação da primeira instituição universitária

em solo lusitano, continuando a política de seu pai D. Afonso III (1248–1279), primeiro

monarca a iniciar a europeização de Portugal, já que muitos fatores históricos de cunho

social e cultural que repercutiam em algumas regiões da Europa ocidental não se

processavam no recém formado estado de Portugal.

Nesse sentido, Janotti (1992) apresenta o renascimento do século XII, ocorrido

em parte do continente europeu, que deu início a urbanização com o desenvolvimento

das cidades e do comércio. Esse mesmo acontecimento histórico só ocorreu em terras

lusitanas no final do século XIII, ou seja, um século depois, nos reinados de D. Afonso

III e de D.Dinis6.

Para o referido autor, Portugal tendo uma economia tipicamente agrária, a não

presença de um comércio forte e ainda pela sua localização geográfica, desconhecia a

cultura do renascimento dos séculos XII e XIII, ocorrida nos grandes centros urbanos da

Europa, que foram os propulsores para o nascimento das universidades medievais.

[...] Vinculada a condições sociais anacrônicas, a cultura portuguesa se apresentava igualmente anacrônica em todos os diferentes setores de sua manifestação [...], podemos perceber três anacronismos distintos, no quadro da cultura medieval portuguesa: o artístico, o literário e o pedagógico. (JANOTTI, 1992, p. 154-155).

Nesse contexto, o referido autor passa a apresentar três fatores do contexto

histórico cultural de Portugal, no século XIII, para demonstrar as diferenças entre o que

se processava no território lusitano e em parte do continente europeu ocidental.

Quanto as distinções culturais, do solo lusitano, em relação à cultura européia, o

autor se refere ao estilo gótico que predominava em partes da Europa ocidental no

século XIII, que superou o estilo romântico do século anterior. Em Portugal, por sua

6 Conferir em Janotti (1992, p. 116-117): “Esse esforço pela ‘europeização’ inicia-se com D. Afonso III [...] Mas foi durante o reinado de D. Diniz [...] que a europeização de Portugal alcançou sua maior significação. Durante aquele reinado, uma serie de fatos, já incorporados à estrutura européia, repercutiam intensamente em Portugal”.

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vez, a arte gótica só seria adotada no final do século XIII e início do XIV, no reinado de

D. Dinis. Até esse período predominava em Portugal o estilo romântico.

Já no campo literário, no século XIII a literatura da poesia lírica provincial e o

romance da cavalaria estavam em desuso em algumas regiões da Europa ocidental,

sendo substituída pela “literatura burguesa”. Em Portugal a poesia lírica provincial foi

introduzida por D. Afonso III, em meados do século XIII e apenas no século XIV entrou

em decadência. Quanto aos romances da cavalaria, foram também iniciados por D.

Afonso III e D. Dinis no século XIII, enquanto em outras regiões do continente data do

século XII.

No que se refere ao campo pedagógico, o autor faz novamente a comparação

entre Portugal e o restante continente europeu. Afirma que em determinadas regiões da

Europa, antes do nascimento das universidades no início do século XIII, o ensino

ocorria nos mosteiros, em regiões agrárias afastadas dos burgos, entre os séculos IX e

XI. A partir do século XII as escolas monásticas foram superadas pelas escolas

episcopais que se localizavam em zonas urbanas. Posteriormente, no início do século

XIII ocorreu o nascimento das universidades medievais.

Para o autor em Portugal, a história do ensino não seguiu os mesmos traços

como em algumas regiões da Europa, pois as escolas monacais nunca foram superadas

pelas escolas episcopais, os mosteiros conseguiram se manter em Portugal até os

séculos XII, XIII e XIV.

Embora, de acordo com a abordagem apresentada por Janotti (1992), seja

perceptível no Portugal do século XIII a falta de acontecimentos históricos relacionados

ao renascimento comercial do século XII, o autor não leva em consideração as

particularidades do território lusitano naquele momento histórico, pelo contrário, usa da

comparação para verificar o que faltava a Portugal em relação a Europa ocidental.

Dessa forma, para Almeida e Brandão (1937), durante muito tempo não foi

possível instituir em Portugal uma universidade, nos moldes estrangeiros, devido à falta

de condições, em território lusitano, que originaram as grandes universidades na Europa

Ocidental. Talvez essa falta de condições seja originada da busca incessante dos

monarcas lusitanos para a reconquista, povoamento e formação do Estado português, já

que esse foi o primeiro a ser constituído na Europa. Quando analisamos a historiografia

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da constituição do reino português, percebemos nesse período, diversos conflitos em

que a Coroa estava envolvida no sentido de povoar, reconquistar e delimitar suas

fronteiras e poderes tanto perante o clero, nobreza e seus vizinhos espanhóis.

Deste modo, foi em 1288, por parte dos prelados de Alcobaça que se tem a

origem da Universidade de Portugal, sob o nome de Estudo Geral de Lisboa, por estar

localizado naquela cidade. Alguns eclesiásticos do reino português se dirigiram ao Papa

Nicolau IV, com o pedido de ligar parte de suas rendas à instituição do Estudo Geral, a

fim de pagar os salários dos mestres. Embora o pedido dos eclesiásticos fosse

endereçado à autoridade máxima da Igreja, coube ao monarca D. Dinis a tarefa de

fundar uma universidade singular na história da Europa.

Em primeiro de março de 1290, o então rei de Portugal fundava a primeira

corporação de mestres e estudantes, fato esse que dava fim aos conflitos estabelecidos

entre o clero e a coroa, datados no começo do século, referente aos poderes exercidos

por ambas as autoridades7. No entanto, foi somente em nove de agosto do mesmo ano

que a instituição recebeu a autorização do Papa Nicolau V:

[...] autoriza o Estudo Geral, alude às Faculdades existentes - das Artes, de Direito e de Medicina -, e expressa o privilégio do reconhecimento do jus ubique docendi (ubique sine alia examinatione regendi liberam habeat postestatem). A fundação do estudo Geral em Lisboa goza, assim, dum estatuto que o diferencia da maioria das universidades espanholas, quase sempre de fundação estritamente real. (PACHECO, 1997, p. 169)

Diferentemente das instituições espanholas, a universidade portuguesa desde sua

fundação contava com a autorização do Papa como instituição de saber e ensino, com

graus válidos em toda cristandade. Almeida e Brandão (1937) afirmam que a iniciativa

de fundação da universidade deve ser conferida aos eclesiásticos que elaboraram uma

carta com o pedido ao Papa. Seria o clero de Portugal que mais lucraria com a

7 De acordo com Jose Mattoso (1997, p. 305-306), “A Universidade abriu a suas portas, [...], quando estava a terminar o conflito entre D. Dinis e os bispos, ou seja, pouco antes da assinatura da concordata aprovada pelo papa em Março de 1289 e do levantamento, em 31 de Junho de 1290, do interdito que desde 1267pesava sobre o reino. A carta dos prelados pedindo ao papa a confirmação da Universidade, de 12 de Novembro de 1288, e a garantia de protecção régia, de 1 de Março de 1290, eram já sinais de uma pacificação das relações entre o rei e o clero, [...] É significativo que a bula papal de aprovação da Universidade seja datada de nove dias depois do levantamento do interdito sobre o reino”.

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institucionalização da universidade, pois deixaria de enviar bolseiros para completar o

estudo nas universidades de Paris e Bolonha.

Semelhante a outras instituições de seu período, a universidade lusitana contava

com quatro cursos: Direito Civil, Direito Canônico, Medicina e Artes, com exceção da

Teologia, que estava reservada apenas a Universidade de Paris e, em Portugal, aos

mosteiros das ordens dos Dominicanos e Franciscanos. Segundo registros, a dito curso

só foi lecionado na instituição portuguesa no final do século XIV e início do XV. (JOSÉ

MARQUES, 1997, p. 102.).

Quanto aos privilégios, foram tanto de ordem real como pontifícia, entre os

quais Almeida e Brandão (1937) destacam: o privilégio máximo de uma instituição de

ensino, ou seja, a autorização ubiqui docendi, além da jurisdição especial para seus

membros e a taxação de alugueis para casas que seriam utilizadas por integrantes do

Estudo Geral. É possível percebermos que a instituição de Lisboa, assim como as

principais universidades originadas nesse mesmo período contava com determinados

privilégios que auxiliaram a sua existência como instituição laica e religiosa naquele

momento histórico.

O primeiro local de funcionamento da universidade portuguesa data de vinte e

dois de julho de 1290 localizados em duas casas doadas por D. Dinis junto ao Campo da

Pedreira. Porém, em 1299, segundo documentos, o Estudo estaria sendo realizado em

outro local da cidade de Lisboa. (DIAS, 1997, p. 33)

Quanto às finanças, de acordo com Maria Helena da Cruz Coelho (1997), as

arrecadações da universidade vinham tanto de fontes externas: benfeitorias dos

eclesiásticos, doações, salários pagos pelo rei e nobres do Estado, quanto internas:

pagamento de matrícula, pagamento para a concessão de graus e as coletas realizadas

entre os próprios estudantes.

Nesse sentido, depois de apresentar os principais fatos relacionados fundação da

primeira Universidade portuguesa, bem como, algumas de suas características passemos

a analisar sua origem relacionando-a como as demais instituições universitárias da

Europa Ocidental, a fim de podemos compreender, ao menos em parte, as possíveis

razões para esta instituição ser considerada singular no contexto das universidades

medievais.

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Universidade portuguesa e as universidades européias

Para Janotti (1992), as circunstâncias que deram origem às universidades

medievais, no início do século XIII, estavam relacionadas aos aspectos sociais e

culturais. Nessa perspectiva, enquanto alguns territórios da Europa estavam no apogeu

de seu renascimento, século XII, saindo paulatinamente do meio rural e dando início a

sua urbanização com o desenvolvimento das cidades e do comércio, depois de um

século, ou melhor, no final do século XIII, Portugal, Estado tipicamente agrário,

fundava sua primeira universidade por empreendimento do poder real.

Enquanto em parte da Europa Ocidental, o renascimento urbano foi um dos

propulsores para o desenvolvimento das universidades européias, o mesmo não ocorreu

em Portugal, visto que este era um país com características agrárias.

Desse modo, o território lusitano, sendo carente do renascimento do comércio

que deu continuidade ao desenvolvimento urbano que posteriormente foram as bases

para as modificações culturais, pode-se analisar que a universidade portuguesa não

conheceu as mesmas condições iniciais que deram origem às instituições do Ocidente

europeu.

Pelo fato de a universidade portuguesa não ter conhecido tanto os fatos sociais

como culturais que preexistiram antes do nascimento das primeiras universidades

medievais, a instituição lusitana pode não ter exercido em seu território o mesmo papel

que as outras universidades desenvolveram8. Janotti afirma que a universidade

portuguesa, em seu início, não teve nenhuma influência nos campos político,

econômico, jurídico e religioso, como as universidades européias nascidas no seio das

transformações sociais e culturais dos séculos XII e XIII tiveram. Para o referido autor a

instituição portuguesa não exerceu nenhum papel relevante em sua localidade.

Porém, como salienta Oliveira (2005b, p. 8), a institucionalização de

universidades via poder papal ou régio, tinha por objetivo tornar o conhecimento um

instrumento de cunho político favorável ao governo naquelas circunstâncias históricas;

8 Nas palavras de Janotti (1992), “No campo político não chegamos a pressentir a sua influência. [...] mencionar uma vez sequer a participação da universidade coimbrã, na vida política portuguesa da Idade Media, afigura-se uma verdadeira temeridade [...].” (1992, p. 212).

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“[...] O Papa, um imperador, um rei, ao criarem uma Universidade estariam, em última

instância, criando as bases teóricas de sustentação de seu poder. [...]”. Percebemos,

assim, que embora a Universidade lusitana não tenha se desenvolvido no seio das

grandes transformações culturais dos séculos XII e XIII, a sua fundação está vinculada a

um determinado momento histórico em que o poder real da Coroa portuguesa procurava

se alicerçar em instituições de seu território.

Dessa forma, a corporação lusitana, como instituição fundada no período

medieval, em sua forma de organização, era semelhante às instituições já existentes na

Europa como, por exemplo, a universidade de Bolonha. Tal causa pode estar

relacionada à formação dos grandes legistas portugueses nos reinados de D. Afonso II

(1211–1223) e D. Afonso III, na instituição bolonhesa. Os mestres no Direito da

Universidade de Lisboa tinham formação acadêmica em Bolonha e contribuíram para a

formação do Estado português e na estruturação da Igreja no reino lusitano.

É, também, possível constatarmos que, em seu modelo de organização, a

Universidade de Portugal era semelhante às demais universidade do sul da Europa, que

davam maior preferência ao estudo do Direito, ao invés de Teologia, bem como,

atribuíam à faculdade de Artes o caráter preparatório para os demais cursos como,

Medicina, Direito e Teologia.

A universidade lusitana, como as instituições do século XIII, especificamente

como Bolonha, se caracterizava por ser uma corporação de alunos; não possuía prédios

próprios para as aulas; eram os estudantes que escolhiam o reitor que deveria ser um

aluno do Estudo Geral. Os discentes contribuíam para a manutenção da instituição, isto

é, pagavam uma parte do ensino, por meio do sistema de colleta. Na faculdade de Artes

as matérias mais importantes eram Gramáticas e Dialéticas.

De acordo com a exposição realizada, é possível perceber que nascimento da

Universidade de Portugal está relacionado à iniciativa da Coroa lusitana e não a

transformações sociais de culturais que se processavam no reino. Como instituição

medieval, o Estudo português, em sua forma de organização, se assemelhava com a

Universidade de Bolonha. Porém, diferentemente da instituição italiana, o Estudo

lusitano não possuía autonomia política local e estava submetido aos poderes

monárquicos e religiosos.

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Portanto, foi objetivo desse texto apresentar um breve esboço historiográfico

acerca do nascimento e singularidade da Universidade portuguesa no contexto de

desenvolvimento das universidades medievais, a fim de contribuir nas produções

acadêmicas acerca desse tema e colaborar, ao menos minimamente, com os estudos

realizados acerca da historiografia dessa instituição que está profundamente relacionado

com a história da educação brasileira.

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OLIVEIRA, Terezinha (2005b) A universidade medieval: uma memória. Mirabilia 6: Revista Eletrônica de História Antiga e Medieval. Disponível em: http://www.revistamirabilia.com/Numeros/Num6/indice6.htm. Acesso em: 09 set. 2008 PACHECO, Maria Cândida Monteiro. Trivium e Quadrivium. IN: História da Universidade em Portugal (1290-1536). Coimbra; Universidade de Coimbra, 1997. V.I. ULLMANN, Reinholdo Aloysio. A universidade medieval. 2° ed. Porto Alegre: Edipicurus, 2000. VERGER, Jacques. A universidade na Idade Média. São Paulo: Ed. da Unesp, 1990. _______________. Homens e saber na Idade Média. Bauru: Edusc, 1999.