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7/25/2019 A Teologia de João Calvino - Alderi Souza de Matos

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http://www.mackenzie.br/15914.html

A TEOLOGIA DE JOÃO CALVINO

 Alderi Souza de Matos

 As concepções teológicas do reormador !o"o #al$ino %15&9'15(4) est"o contidas na s*a $astaobra+ especialmente em se* opus magnum+ a Instituição da Religião Cristã o* Institutas.

1. AS INSTITUTAS

,o pre-cio da 1 diç"o das Institutas %150()+ #al$ino airmo* o seg*inte:

2retendi apenas ornecer alg*m ensino elementar atra$3s do *al *al*er pessoa *e tenhasido tocada por *m interesse na religi"o p*desse ser ed*cada na $erdadeira piedade. *iespecialmente diligente nessa obra por ca*sa do nosso próprio po$o da rança. 6i m*itos delescom ome e sede de #risto+ mas m*ito po*cos imb*7dos com at3 mesmo *m pe*eno

conhecimento dele. 8*e 3 isto *e prop*s+ o próprio li$ro testiica atra$3s de s*a orma de ensinosimples e at3 mesmo r*dimentar.

ssa primeira ediç"o tinha apenas seis cap7t*los+ *e trata$am dos seg*intes temas: %1) A lei:eposiç"o do ;ec-logo< %=) A 3: eposiç"o do #redo dos Apóstolos< %0) A oraç"o: eposiç"o da>raç"o ;ominical< %4) >s sacramentos< %5) >s cinco alsos sacramentos< %() A liberdade crist"+ opoder eclesi-stico e a administraç"o pol7tica.

,a = ediç"o das Institutas %1509)+ o reormador passo* a ter o*tro ob?eti$o em mente:

@inha intenç"o nesta obra oi preparar e treinar de tal modo na leit*ra da 2ala$ra ;i$ina osaspirantes teologia sagrada *e eles possam ter -cil acesso mesma e depois nela prossigamsem tropeçar. 2ois penso *e abrangi de tal maneira a s*ma da religi"o em todas as s*as partes+dispondo'a em ordem+ *e todos os *e a assimilarem corretamente n"o ter"o diic*ldade emdeterminar tanto o *e de$emos b*scar de modo especial nas scrit*ras *anto para *e ob?eti$ode$em direcionar t*do o *e est- contido nas scrit*ras.

2. CATEGORIAS DE ESCRITOS

 As concepções teológicas de #al$ino se encontram em seis categorias de escritos:

1.  AsInstitutas

: #al$ino prod*zi* ao todo oito edições do teto latino %150('1559) e cincotrad*ções para o rancBs. A 1 ediç"o tinha apenas seis cap7t*los< a Cltima totalizo* oitenta.*i$ale em tamanho ao Antigo Destamento mais os $angelhos sinóticos e seg*e o padr"o geraldo #redo dos Apóstolos. 6isa$a ser *m g*ia para o est*do das scrit*ras.

Ei$ro F: > #onhecimento de ;e*s+ o #riador: o d*plo conhecimento de ;e*s+ as scrit*ras+ aDrindade+ a criaç"o e a pro$idBncia.

Ei$ro FF: > #onhecimento de ;e*s+ o Gedentor: a *eda e a corr*pç"o h*mana+ a Eei+ o Antigo e o,o$o Destamento+ #risto o @ediador H s*a pessoa %proeta+ sacerdote+ rei) e s*a obra %epiaç"o).

Ei$ro FFF: A @aneira #omo Gecebemos a Iraça de #risto+ Je*s Kene7cios e eitos: 3 eregeneraç"o+ arrependimento+ $ida crist"+ ?*stiicaç"o+ predestinaç"o+ ress*rreiç"o inal.

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Ei$ro F6: >s @eios ternos 2elos 8*ais ;e*s nos #on$ida 2ara a Jociedade de #risto: a igre?a+os sacramentos+ o go$erno ci$il.

2. Comentários: s"o *m complemento das Fnstit*tas. #al$ino escre$e* coment-rios de todos osli$ros do ,o$o Destamento+ eceto = e 0 !o"o e Apocalipse+ e sobre o 2entate*co+ !os*3+ Jalmose Fsa7as.

3. Sermões: #al$ino ep*nha sistematicamente os li$ros da K7blia. le cost*ma$a pregar sobre o,o$o Destamento aos domingos e sobre o 6elho Destamento d*rante a semana. Je*s sermõeseram anotados ta*igraicamente por *m gr*po de leais re*giados ranceses. A s3rie CorpusReformatorum cont3m LM= sermões de #al$ino.

. !o"#etos e tr$t$%os: temas apolog3ticos %contra católicos e anabatistas) e gerais.

&. C$rt$s: escritas a o*tros reormadores+ soberanos+ igre?as perseg*idas e protestantesencarcerados+ pastores+ colportores.

'. Es(ritos "it)r*i(os e ($te+,-ti(os: coniss"o de 3+ catecismo+ salt3rio.

3. A ERSECTIVA TEOL/GICA DE CALVINO

3.1. O (on#e(imento %e De,s A $erdadeira sabedoria consiste de dois elementos: o conhecimento de ;e*s e o conhecimento denós mesmos. ;a7 a importNncia da re$elaç"o. ,"o podemos conhecer a ;e*s em s*a essBncia+mas somente na medida em *e ele se d- a conhecer a nós.iste *m d*plo conhecimento de ;e*s: como criador e como redentor. Dodo ser h*mano 3essencialmente *ma criat*ra religiosa+ tendo em si a semente da religi"o. ;e*s se re$ela n"o sóatra$3s desse senso inato de si mesmo+ mas tamb3m atra$3s das mara$ilhas da criaç"o.

sse conhecimento de ;e*s re$elado na nat*reza eige *ma resposta h*mana+ se?a de piedadeo* idolatria. > im Cltimo da piedade n"o 3 a sal$aç"o indi$id*al+ mas a glória de ;e*s.

3.2. A (on%i0o #,m$n$> pecado torna a re$elaç"o nat*ral totalmente ins*iciente para o correto conhecimento de ;e*s.la tem somente *ma *nç"o negati$a H deiar os seres h*manos inesc*s-$eis por s*a idolatria.> ser h*mano encontra'se perdido como *e em *m labirinto. A imagem de ;e*s aindapermanece nele+ mas oi totalmente distorcida e desig*rada.

3.3. O De,s +,e se ree"$Dodo $erdadeiro conhecimento de ;e*s decorre do ato de *e ;e*s+ em s*a misericórdia+ ho*$epor bem re$elar'se. #al$ino *sa a*i o conceito de acomodaç"o o* adaptaç"o. ;e*s desce aonosso n7$el+ adapta'se nossa capacidade. 6emos isso na encarnaç"o+ nas scrit*ras+ nossacramentos e na pregaç"o.,as scrit*ras+ ;e*s balb*cia a nós+ ala'nos como *ma ama ala a *m bebB. >*tra ig*ra: aK7blia 3 como óc*los di$inos para os *e s"o espirit*almente m7opes. Assim+ a $erdadeira teologia3 *ma re$erente rele"o sobre a re$elaç"o escrita de ;e*s< n"o de$e+ pois+ perder'se em $"sespec*lações+ mas ater'se s scrit*ras.

3.. A %o,trin$ %$s Es(rit,r$s A K7blia 3 a 2ala$ra de ;e*s inspirada+ re$elada em ling*agem h*mana e conirmada ao crentepelo testem*nho interno do sp7rito Janto. #al$ino trata$a o teto b7blico tanto re$erentemente*anto criticamente %por eemplo+ At M.14 e In 4(.=M). A capacidade de reconhecer a K7blia como

a 2ala$ra de ;e*s n"o depende de pro$as+ mas 3 *m dom grat*ito do próprio ;e*s.#al$ino airma a *nidade entre a 2ala$ra e o sp7rito contra dois erros opostos. >s católicoss*bestima$am o papel da il*minaç"o ao s*bordinarem as scrit*ras igre?a. #al$ino+ como

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E*tero+ airmo* *e as scrit*ras oram o $entre do *al nasce* a igre?a+ e n"o $ice'$ersa. 2or o*tro lado+ os an-ticos concentra$am'se de tal modo no sp7rito *e s*bestima$am a 2ala$raescrita.Doda a teologia de #al$ino oi elaborada dentro destes parNmetros: a ob?eti$idade da re$elaç"odi$ina nas scrit*ras e o testem*nho il*minador do sp7rito Janto no crente. A $erdadeira teologiade$e manter'se dentro dos limites da re$elaç"o. A *nç"o principal das scrit*ras 3 a nossa ediicaç"o+ capacitando'nos a $er o *e de o*tro modo

seria imposs7$el. Je* propósito 3 re$elar o *e precisamos saber sobre ;e*s e nós mesmos.

. O DEUS UE AGE

.1. O De,s trino#al$ino de* mais atenç"o do*trina da trindade *e E*tero o* O*7nglio. le basicamentes*stento* a do*trina da igre?a antiga de *e ;e*s 3 *ma Cnica essBncia *e s*bsiste em trBspessoas distintas: 2ai+ ilho e sp7rito Janto. le ad$erti* *anto a espec*lações sobre o mist3rioda essBncia di$ina e rec*so*'se a torcer a scrit*ras para s*stentar essa do*trina.#omo no caso de Atan-sio+ no *arto s3c*lo+ a Drindade era *ndamental por ser *m testem*nhoda di$indade de !es*s #risto e+ assim+ da certeza da sal$aç"o realizada por ele. Jomente alg*3m

*e era $erdadeiramente ;e*s poderia redimir os *e esta$am totalmente perdidos. A 3 na trindade 3 conessada na lit*rgia do batismo e na doologia+ n"o para deinir plenamente oser de ;e*s+ mas somente para permanecer em silBncio diante do mist3rio da s*a presença%Agostinho).

.2. Cri$0o A seg*ir+ ainda no Ei$ro F das Institutas+ #al$ino descre$e a ati$idade de ;e*s em relaç"o aom*ndo na criaç"o e na pro$idBncia. > m*ndo criado 3 o desl*mbrante teatro da glória de ;e*s.;epois *e as pessoas s"o il*minadas pelo sp7rito Janto e tBm o a*7lio dos óc*los dasscrit*ras+ a criaç"o pode ornecer *m conhecimento de ;e*s mais lCcido e ediicante %teologiada nat*reza)+ ortalecendo a 3 dos crentes.

;e*s crio* o m*ndo a partir do nada %ex nihilo). > m*ndo oi criado para a glória de ;e*s+ mastamb3m para o bene7cio da h*manidade. >s crentes de$em contemplar a bondade de ;e*s ems*a criaç"o de tal modo *e se*s próprios corações se?am despertados para o lo*$or %!onathandwards).

.3. roi%4n(i$#al$ino relete acerca do car-ter prec-rio e incerto da $ida h*mana sobre a terra. J*a do*trina dapro$idBncia n"o relete *m otimismo piedoso+ mas res*lta de *ma a$aliaç"o realista das$icissit*des da $ida e da ansiedade *e elas prod*zem.le critica d*as concepções errPneas: o atalismo e o de7smo. A do*trina estóica do destinopress*põe *e todos os e$entos s"o go$ernados pela necessidade da nat*reza. #al$ino pondera*e+ na concepç"o crist"+ o regente e go$ernador de todas as coisas n"o 3 *ma orça

impessoal+ mas o #riador pessoal do *ni$erso+ *e em s*a sabedoria decreto* desde aeternidade o *e iria azer e agora em se* poder realiza o *e decreto*.le tamb3m combate a id3ia de *e ;e*s ez o m*ndo no princ7pio+ mas depois o deio*entreg*e a si mesmo. #omo mostram as scrit*ras+ ;e*s est- cont7n*a e eicazmente en$ol$idono go$erno da s*a criaç"o. Assim+ a pro$idBncia 3 *ma esp3cie de contin*aç"o do processocriador+ tanto nos grandes como nos pe*enos e$entos.ssa Bnase na ati$idade imediata e direta de ;e*s no m*ndo le$a #al$ino a re?eitar a teoriatrad*cianista da origem da alma+ a ideia de *e a alma 3 transmitida de geraç"o a geraç"o peloprocesso da procriaç"o h*mana %E*tero). #al$ino cria *e+ toda $ez *e *ma criança 3 gerada+;e*s cria *ma no$a alma ex nihilo. Apesar de s*a interaç"o direta com o m*ndo+ ;e*s tamb3m pode *sar ca*sas sec*nd-rias pararealizar a s*a $ontade. le pode at3 mesmo *sar instr*mentos ma*s %como Jatan-s e s*ashostes)+ transormando o mal em bem.

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Je ;e*s decreta cada e$ento+ onde ica a responsabilidade h*manaQ #al$ino responde *e apro$idBncia de ;e*s n"o at*a de modo a negar o* tornar desnecess-rio o esorço h*mano. Aspróprias ações h*manas s"o *m dos meios pelos *ais ;e*s realiza os se*s propósitos.> go$erno di$ino de todos os e$entos n"o torna ;e*s o a*tor do pecadoQ Assim como E*tero+#al$ino disting*e entre a $ontade re$elada e a $ontade oc*lta de ;e*s. Ao en$iar #risto para acr*z+ a K7blia diz *e Rerodes e 2ilatos esta$am c*mprindo o *e ;e*s ha$ia determinado %Atos4.=M'=L). Ao mesmo tempo+ eles tamb3m esta$am $iolando a $ontade epressa de ;e*s re$elada

em s*a lei.6ez após $ez #al$ino apela ao mist3rio e incompreensibilidade das ações de ;e*s. > problemado mal 3 t"o di7cil precisamente por*e n"o podemos entender como as trag3dias da $idacontrib*em para a maior glória de ;e*s. A 3 $erdadeira percebe *e+ por tr-s dos sorimentos+ *e em si mesmos s"o ma*s+ eiste *m2ai de ?*stiça+ sabedoria e amor *e promete* n*nca abandonar'nos. ,essas *estões+ n"o sepode s*bmeter ;e*s aos padrões h*manos de ?*lgamento.

&. O CRISTO UE SALVA

&.1. A %o,trin$ %o 5e($%o

 A partir do Ei$ro FF das Institutas+ #al$ino trata de ;e*s+ o Gedentor. #al$ino geralmente 3 $istocomo o a*tor de *ma concepç"o totalmente pessimista do ser h*mano. Doda$ia+ o reormador sempre mostro* pro*nda apreciaç"o pelas realizações h*manas na ciBncia+ literat*ra+ arte eo*tras -reas+ atrib*indo'as graça com*m de ;e*s. A imagem de ;e*s no ser h*mano est-terri$elmente deormada+ mas n"o inteiramente apagada.Doda$ia+ as m*itas $irt*des e dons da nat*reza h*mana nada $alem para alcançar a ?*stiicaç"o.2ara entender plenamente a nat*reza h*mana+ 3 preciso olhar para !es*s #risto+ o $erdadeiro ser h*mano.#al$ino deine o pecado original como *ma depra$aç"o e corr*pç"o heredit-ria de nossanat*reza+ di*ndida em todas as partes da alma+ *e primeiramente nos torna s*?eitos ira de;e*s e depois tamb3m prod*z em nós a*elas obras *e a scrit*ra chama de Sobras da carneT%Inst.+ =.1.L).6ale destacar dois aspectos: %a) n"o podemos simplesmente c*lpar Ad"o por nossa condiç"opecaminosa< o pecado de Ad"o 3 tamb3m o nosso pecado< %b) o pecado original n"o se limita a*ma dimens"o da pessoa h*mana+ mas permeia toda a $ida e a personalidade.2ecado n"o 3 somente o ato+ mas a inclinaç"o da própria nat*reza h*mana em s*a condiç"odeca7da. #ometemos pecados por*e somos pecadores. A essBncia do pecado de Ad"o+ *e serepete em dierentes gra*s nos se*s descendentes+ 3 org*lho+ desobediBncia+ incred*lidade eingratid"o. Jomente a consciBncia da nossa total pecaminosidade pode preparar'nos para o*$ir as boas no$as da libertaç"o do pecado atra$3s de !es*s #risto.

&.2. A 5esso$ %e Cristo A teologia de #al$ino 3 pro*ndamente cristocBntrica e o tema *e domina a s*a cristologia n"o 3

o conhecimento de #risto em s*a essBncia+ mas em se* papel sal$7ico como @ediador. Are$elaç"o de ;e*s em #risto 3 o s*premo eemplo da s*a acomodaç"o capacidade h*mana.2recisamos de *m @ediador tanto por sermos pecadores *anto por sermos criat*ras.#risto como @ediador 3 $erdadeiro ;e*s e $erdadeiro homem %1 Dm 0.1(). le 3 o 6erbo eternode ;e*s gerado do 2ai antes de todas as eras+ *e+ em s*a encarnaç"o+ oc*lto* a s*a di$indadesob o $3* da s*a carne.Uma orm*laç"o pec*liar da cristologia de #al$ino 3 o chamado extra Calvinisticum: a noç"o de*e o ilho de ;e*s tinha *ma eistBncia tamb3m ora da carne. 6er Institutas=.10.4.

&.3. A o6r$ %e Cristo@ais importante *e conhecer a essBncia de #risto 3 conhecer com *e propósito ele oi en$iadopelo 2ai. #al$ino eplico* a obra de #risto em cone"o com o se* tr7plice o7cio de 2roeta+ Gei eJacerdote+ todos os *ais eram *ngidos no Antigo Destamento+ preig*rando o @essias.#omo 2roeta+ ele oi *ngido pelo sp7rito para ser ara*to e testem*nha da graça de ;e*s+azendo'o atra$3s do se* minist3rio de ensino e pregaç"o. ,a *alidade de Gei+ #risto at*a como

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o $ice'regente do 2ai no go$erno do m*ndo< *m dia s*a $itória e senhorio se maniestar"oplenamente. m se* o7cio sacerdotal+ ele oi *m @ediador p*ro e imac*lado *e aplaco* a ira de;e*s e ez pereita satisaç"o pelos pecados h*manos.#al$ino obser$a *e ;e*s poderia resgatar os seres h*manos de o*tra maneira+ mas *is azB'loatra$3s do se* ilho. le d- Bnase n"o tanto ?*stiça de ;e*s+ mas s*a ira e amor+ ambasil*stradas na obra de #risto. ,"o somente a morte de #risto tem eeito redentor+ mas toda a s*a$ida+ ensinos+ milagres e s*a cont7n*a intercess"o nos c3*s+ destra do 2ai. A obra epiatória de

#risto tem tamb3m *m aspecto s*b?eti$o+ pelo *al somos chamados a *ma $ida de obediBncia.

'. A VIDA NO ES7RITODoda a obra de #al$ino pode ser interpretada como *m esorço de orm*lar *ma espirit*alidadea*tBntica+ isto 3+ *ma $ida no sp7rito+ baseada na 2ala$ra de ;e*s re$elada+ $i$ida no contetoda igre?a e direcionada para o lo*$or e a glória de ;e*s. > Ei$ro 0 das Institutas 3 *m belo tratadosobre a $ida crist" no *al #al$ino elabora *ma grande *antidade de tópicos como a obra dosp7rito Janto+ 3 e regeneraç"o+ arrependimento+ negaç"o de si mesmo+ ?*stiicaç"o+santiicaç"o+ oraç"o+ eleiç"o e ress*rreiç"o. DrBs deles merecem desta*e especial:

'.1. !-

#al$ino começa por re?eitar certas noções e*i$ocadas: 3 histórica %mero assentimentointelect*al)+ 3 impl7cita %s*bmiss"o ao ?*7zo coleti$o da igre?a)+ 3 inorme %est-gio preliminar da3). > *e 3 ent"o a 3Q Um conhecimento irme e certo da bene$olBncia de ;e*s para conosco+*ndada na $erdade da promessa dada grat*itamente em #risto+ re$elada a nossas mentes eselada em nossos corações pelo sp7rito Janto %Institutas0.=.M). Antes de ser *ma capacidade inata do ser h*mano+ 3 *m dom sobrenat*ral do sp7rito Janto. Vtamb3m *ma resposta h*mana gen*7na pela *al os eleitos ingressam na s*a no$a $ida em#risto. ntre os eeitos da 3 est"o a regeneraç"o+ o arrependimento e o perd"o dos pecados.> arrependimento 3 a $erdadeira con$ers"o de nossa $ida a ;e*s+ procedente de *m sincero ereal temor de ;e*s+ *e consiste da mortiicaç"o de nossa carne e do $elho homem e da$i$iicaç"o do esp7rito %Inst . 0.0.5). V *m processo cont7n*o *e de$e estender'se por toda a $ida.mbora possa ser assaltada por dC$idas+ a 3 $erdadeira por im tri*nar- sobre todas asdiic*ldades. >s descrentes podem+ *ando m*ito+ ter *ma 3 tempor-ria. !- os crentes$erdadeiros+ ainda *e cometam pecados+ mesmo pecados gra$es+ s"o s*stentados pelo sp7ritoe inalmente n"o ir"o perder'se.

'.2. Or$0o> mais longo cap7t*lo das Institutas  3 dedicado oraç"o+ *e #al$ino chamo* o principaleerc7cio da 3 e o meio pelo *al recebemos diariamente os bene7cios de ;e*s. 2or3m+ se todaa $ida crist"+ desde o primeiro passo at3 a perse$erança inal+ 3 *m dom de ;e*s+ por *e orarQ Aresposta 3 *e os i3is n"o oram para inormar o* con$encer ;e*s de alg*ma coisa+ mas paraepressarem s*a 3+ coniança e dependBncia dele.#al$ino propPs *atro regras para a oraç"o: %a) re$erBncia: e$itar toda ostentaç"o o* arrogNncia<

%b) contriç"o: de$e proceder de *m coraç"o arrependido< %c) h*mildade: ter em mente a glória de;e*s< %d) coniança: irme esperança de *e a oraç"o ser- respondida. Fsso se aplica tanto oraç"o indi$id*al *anto s orações coleti$as da igre?a. A oraç"o 3 a parte principal do c*lto a;e*s %Fs 5(.M< @t =1.10).

'.3. re%estin$0o#al$ino *so* a pala$ra predestinaç"o pela primeira $ez na ediç"o de 1509 das Institutas. A s*ado*trina nessa -rea n"o tem nada de original: nos pontos essenciais ele n"o diere de E*tero+O*7nglio o* K*cer+ os *ais recorreram todos a Agostinho. A ino$aç"o de #al$ino consisti* nol*gar em *e coloco* a do*trina em se* sistema teológico+ n"o em cone"o com a do*trina dapro$idBncia %Ei$ro F)+ mas no inal do Ei$ro FFF+ *e trata da aplicaç"o da obra da redenç"o.#al$ino n"o começo* com a predestinaç"o e depois oi para a epiaç"o+ regeneraç"o+ ?*stiicaç"oe o*tras do*trinas. le a introd*zi* como *m problema res*ltante da pregaç"o do e$angelho. 2or *e+ *ando o e$angelho 3 proclamado+ alg*ns respondem e o*tros n"oQ ,essa di$ersidade+ ele

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airmo*+ torna'se maniesta a mara$ilhosa pro*ndidade do ?*7zo de ;e*s. Drata'se+ pois+ de *mapreoc*paç"o pastoral. A do*trina de #al$ino sobre a predestinaç"o pode ser res*mida em trBs termos: %a) absol*ta: n"o3 condicionada por *ais*er circ*nstNncias initas+ mas repo*sa ecl*si$amente na $ontadeim*t-$el de ;e*s< %b) partic*lar: aplica'se a indi$7d*os e n"o a gr*pos de pessoas< #risto n"omorre* por todos indiscriminadamente+ mas somente pelos eleitos< %c) d*pla: ;e*s em s*amisericórdia ordeno* alg*ns indi$7d*os para a $ida eterna e em s*a ?*stiça ordeno* o*tros para a

condenaç"o eterna.#al$ino cria *e essa do*trina era claramente encontrada nas scrit*ras e n"o *eria dizer nadasobre a predestinaç"o *e n"o p*desse ser tomado da K7blia. le tamb3m n"o permiti* *e ado*trina osse *sada como desc*lpa para n"o proclamar o e$angelho a todos. ;e ato+ na históriada igre?a+ alg*ns dos maiores e$angelistas e mission-rios oram irmes deensores dessa do*trina%Ieorge Whiteield+ !onathan dwards).

8. OS 9EIOS E:TERNOS DE GRA;A,o Ei$ro F6 das Institutas+ #al$ino trata dos seg*intes temas: a igre?a $erdadeira e se*s oiciais+ odes$ios do romanismo+ os sacramentos+ o go$erno ci$il. #al$ino tamb3m aborda essas *estõesnos se*s coment-rios das p7stolas 2astorais.

8.1. ress,5ostos#al$ino+ mais *e os o*tros reormadores+ preoc*po*'se com a relaç"o entre a igre?a in$is7$el e aigre?a como *ma instit*iç"o *e pode ser reconhecida como $erdadeira atra$3s de certas marcasdistinti$as. As marcas *e constit*em a igre?a $is7$el s"o+ acima de t*do+ a correta pregaç"o da2ala$ra e a iel ministraç"o dos sacramentos. mbora n"o tenha incl*7do a disciplina eclesi-sticaentre as marcas da igre?a+ ele certamente a $aloriza$a. A preoc*paç"o de #al$ino com a ordem e a orma da congregaç"o res*lto* de s*a Bnase nasantiicaç"o como o processo e o al$o da $ida crist". m contraste com a Bnase l*terana*nilateral na ?*stiicaç"o+ #al$ino de* precedBncia santiicaç"o. > conteto da santiicaç"o 3 aigre?a $is7$el+ na *al os eleitos participam dos bene7cios de #risto n"o como indi$7d*os isolados+mas como membros de *m corpo. Assim+ a igre?a $is7$el torna'se *ma com*nidade santa. A eclesiologia de #al$ino tem dois pólos em cont7n*a tens"o: a eleiç"o di$ina %igre?a in$is7$el) e acongregaç"o local %igre?a $is7$el). 2or isso+ a igre?a ao mesmo tempo enrenta perigos mortais e 3preser$ada por ;e*s. A igre?a $is7$el 3 *m corpo misto composto de trigo e ?oio< ?- a igre?a in$is7$elcompõe'se de todos os eleitos %incl*si$e an?os+ i3is do 6elho Destamento e eleitos *e seencontram ora da igre?a $erdadeira).

8.2. A i*re<$ (omo me e es(o"$ A igre?a 3 a m"e de todos os crentes por*e os le$a ao no$o nascimento atra$3s da 2ala$ra de;e*s+ bem como os ed*ca e alimenta d*rante toda a s*a $ida. sse car-ter maternal da igre?a 3$isto de modo especial na s*a ministraç"o dos sacramentos.> batismo 3 o ingresso do crente na igre?a e o s7mbolo de s*a *ni"o com #risto. le $isa

conirmar a 3 dos eleitos+ mas de$e ser aplicado a todos os *e est"o na igre?a $is7$el. 8*anto Janta #eia+ #al$ino adoto* *ma posiç"o intermedi-ria entre E*tero e O*7nglio. mbora #ristoeste?a nos c3*s destra do 2ai+ a ceia n"o 3 mero s7mbolo+ mas *m meio de $erdadeiraparticipaç"o em #risto %Inst . 4.1M.1&'11). A igre?a 3 tamb3m *ma escola *e instr*i se*s al*nos no caminho da santidade. ssa instr*ç"operd*ra por toda a $ida e tamb3m se dirige aos al*nos rebeldes+ na esperança de *e *m diase?am transormados.

8.3. Or%em e o=>(io#al$ino encontro* nas scrit*ras o *-dr*plo o7cio de pastor+ mestre+ presb7tero e di-cono+ *e 3a base da orma de go$erno incorporada nasOrdenanças clesi!sticas.le cria *e os o7cios de proeta+ apóstolo e e$angelista eram tempor-rios e cessaram no inal daera apostólica. ;entre os o7cios *e permaneceram+ o de pastor 3 o mais honroso e o maisnecess-rio para a ordem e o bem'estar da igre?a. ;epois da aceitaç"o de do*trinas p*ras+ anomeaç"o de pastores 3 a coisa mais importante para a ediicaç"o espirit*al da igre?a.

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7/25/2019 A Teologia de João Calvino - Alderi Souza de Matos

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2ara ser escolhido+ o aspirante de$e preparar'se e depois ser comissionado p*blicamenteseg*ndo a ordem prescrita pela igre?a. m Ienebra+ esse processo incl*7a a companhia depastores+ o conselho m*nicipal e a igre?a. A ordenaç"o 3 *m rito solene de instalaç"o no o7ciopastoral. As *nções dos pastores s"o ensino+ pregaç"o+ go$erno e disciplina. >s pastores de$em ter *mpro*ndo conhecimento das scrit*ras para *e possam instr*ir corretamente as s*as igre?as. J*apregaç"o de$e re$elar conhecimento e habilidade para ensinar. A pregaç"o $isa a ediicaç"o da

igre?a e de$e ser pr-tica e perspicaz. A *nç"o disciplinar do pastor re*er *e a s*a própriacond*ta este?a acima de *al*er s*speita.

8.. A i*re<$ e o m,n%o#al$ino re?eito* o conceito anabatista de *e a igre?a de$ia isolar'se da sociedade e c*lt*racirc*ndantes. A relaç"o entre a igre?a e o m*ndo incl*i tanto tens"o *anto interaç"o. > se*entendimento do go$erno de ;e*s e da soberania de #risto sobre toda a criaç"o+ e n"o somentesobre a igre?a+ le$o*'o a deender a participaç"o na sociedade.> go$erno de #risto de$e maniestar'se idealmente atra$3s de go$ernantes piedosos. >smagistrados de$iam manter a ordem c7$ica e a *niormidade religiosa. Doda$ia+ igre?a e estadotBm eseras separadas e a*tPnomas de at*aç"o.>s crist"os de$em obedecer at3 mesmos os

go$ernantes *e oprimem a igre?a+ orando por se* bem'estar+ por*e oram instit*7dos por ;e*s.

!onte?Ieorge+ DimothX."eologia dos reformadores. J"o 2a*lo: dições 6ida ,o$a+ 1994.