a visão clínica na organização - libertas · lowen em seu livro “narcisismo” (1983) faz uma...
TRANSCRIPT
Elizabeth Cavalcanti Bezerra
A VISÃO CLÍNICA NA
ORGANIZAÇÃO
Monografia apresentada a Universidade Católica de Pernambuco/Libertas Clínica Escola pela aluna Elizabeth Cavalcanti Bezerra, como requisito para obtenção do certificado de Pós-Graduação em Análise Bioenergética, sob a orientação da Professora Grace Wanderley de Barros Correia.
Recife, 2004.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a DEUS por ter me dado força, coragem e persistência
para mergulhar na dolorosa aventura da auto-descoberta, numa volta ao passado,
na busca de abrir meu coração para a VIDA e o AMOR.
Agradeço a minha mãe e a meus filhos pela compreensão e paciência nos
momentos de minha ausência na família.
Ao meu amigo Wilson pelo apoio e valiosa contribuição na construção e conclusão
deste trabalho, disponibilizando seu precioso tempo inclusive em finais de semana.
À TELEMAR pela liberação dos dias em que precisei me ausentar e por tornar
financeiramente viável a realização deste projeto.
Por fim agradeço aos mestres e a todos os colegas de curso que tanto contribuíram
com suas experiências, emprestando suas histórias e também, escutando e
compreendendo as minhas histórias, facilitando a compreensão de mim mesma e
ajudando no meu crescimento pessoal e profissional.
Nada podes ensinar a um homem. Podes
somente ajudá-lo a descobrir as coisas
dentro de si mesmo.
Galileu
RESUMO
Este trabalho foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica e evidência de um caso, com a intenção de mostrar como uma visão clínica baseada na teoria da Análise Bioenergética pode contribuir na saúde de uma organização. As organizações se preocupam com o desenvolvimento técnico de seus colaboradores e as vezes esquecem de desenvolver o autoconhecimento dos mesmos. Um dos fatores conflitantes entre colaborador/empresa, são as relações interpessoais por causa das diversidades e diferenças individuais. As pessoas não sabem ou tem medo de expressar suas emoções e sentimentos e isto causa conflitos. A Análise Bioenergética é uma abordagem terapêutica originalmente clinica que pode ser utilizada em outros seguimentos, inclusive na organização. Sua meta é desenvolver a habilidade de auto-expressão através de exercícios específicos que ajudam as pessoas a resolverem problemas emocionais e criar um ambiente mais harmônico na organização.
Palavras chave: emoção, sentimento, comunicação, relacionamento.
SUMÁRIO
RESUMO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................06
OBJETIVOS...............................................................................................................08
1. VISÃO CLÍNICA SEGUNDO A BIOENERGÉTICA ...............................................09
2. COMPREENDENDO O SER HUMANO.................................................................13
3. A ORGANIZAÇÃO .................................................................................................23
4. A CLíNICA NA ORGANIZAÇÃO ...........................................................................25
CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................30
REFERÊNCIAS ........................................................................................................34
ANEXO......................................................................................................................35
INTRODUÇÃO
Toda a organização independente do tamanho que ela tem um elemento principal
que é o ser humano, e munido deste referencial este trabalho pretende mostrar o
quanto este elemento é primordial para o sucesso de qualquer empreendimento.
Nas relações indivíduo-organização é necessário que se estabeleça uma linguagem
adequada na comunicação daquilo que se espera dos colaboradores e das
condições e ferramentas para atingir um desempenho; esta situação pode ser obtida
mediante a busca de um comportamento ético que garanta um ambiente sadio de
trabalho.
A melhor forma de estimular um comportamento ético é incorporar, em todos os
níveis hierárquicos, atitudes de respeito à individualidade e a preocupação pelo
ambiente de trabalho. O comportamento ético é um ganho que as organizações
adquirem quando os colaboradores percebem que a organização preocupa-se com
o seu bem-estar. Em retribuição, eles direcionam suas competências para atingir um
bom desempenho naquilo que a organização espera deles.
Ambiente de trabalho poluído por focos de insatisfação permitem que a frustração,
competitividade e direcionamentos individuais tomem conta do desempenho e da
motivação dos colaboradores. Porém, uma gestão de desenvolvimento de talentos,
que leve em consideração o comportamento humano e organizacional, pode reverter
essa situação.
7
A organização pode ter os mais bem desenhados processos e os mais sofisticados
sistemas, mas se o relacionamento interno não for saudável, nada irá funcionar. Isso
significa que é necessário conhecer bem as pessoas. Estar engajado com cada
membro da equipe, um a um, com contato direto.
Para que haja um bom relacionamento entre as pessoas, é preciso que, em primeiro
lugar, elas se conheçam a si próprias. Quanto mais as pessoas se conhecem,
melhor saberão reagir em diversas situações aumentando assim o autocontrole.
Num relacionamento, é preciso que a pessoa seja verdadeira. O artificialismo não
traz nada de produtivo e só pode causar mais problemas a relação. Quanto mais
aberto um relacionamento, mais confiança deposita-se na pessoa. Quanto mais
acredita-se na pessoa, mais assuntos revela-se a ela. Quanto mais claros formos
com os outros mais claros eles serão conosco.
A Análise Bioenergética é uma abordagem psicoterápica que enfatiza o corpo no
tratamento de ajuda, analisando o processo analítico e energético do indivíduo
objetivando sua unidade.
Os exercícios bioenergéticos promovem o autoconhecimento, portanto, facilitam o
relacionamento interpessoal e contribuem de modo significativo com as
organizações na direção da integração das equipes e da canalização da energia
criativa na produtividade e saúde.
OBJETIVO
Evidenciar como a visão da Análise Bioenergética pode contribuir na
compreensão do funcionamento das organizações atuando na gestão de
pessoas e equipes.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Mostrar como a não expressão dos sentimentos, interferem nas relações
interpessoais;
Mostrar como ter consciência e controle das emoções pode influenciar
positivamente na produtividade dos colaboradores de uma organização;
Mostrar como os exercícios da Bioenergética podem facilitar a expressão das
emoções, possibilitar o autoconhecimento e influenciar na saúde das
organizações.
1. VISÃO CLÍNICA SEGUNDO DA ANÁLISE BIOENERGÉTICA
Para o estudo e a compreensão da Análise Bioenergética temos que entender
antes a Psicanálise de Freud, e a Terapia Corporal de Reich.
Freud (1856-1939) foi o começo de tudo. No esforço de compreender melhor seus
pacientes, ele iniciou um difícil processo de auto-análise. Freud trabalhou com
introspecção e interpretação de seus próprios sonhos. Em 1896, utilizou pela
primeira vez o termo Psicanálise.
Freud acreditava que histeria era uma forma de manifestação da neurose, na qual
emoções reprimidas levariam aos sintomas da histeria. Estes sintomas poderiam
desaparecer se o paciente conseguisse expressar as emoções reprimidas que lhe
impediam de lidar com uma vida normal. Com isso, Freud trabalhou no
desenvolvimento de forma que atingissem essas emoções reprimidas.
Freud desenvolveu a livre associação; uma técnica psicanalítica onde o paciente fala
tudo que lhe vem à mente e ao falar surge sentimentos e memórias reprimidas. A
livre associação é considerada uma das formas de se penetrar no inconsciente,
podendo assim trabalhar essas experiências e entender a causa da neurose.
Wilhelm Reich (1897-1957), desenvolveu a Psicologia Corporal, ciência que estuda
o homem em seu aspecto psicodinâmico, onde o corpo e a mente são trabalhados
em seu conjunto e em sua relação funcional.
10
Reich abandonou a técnica da psicanálise quando descobriu que o corpo contém a
história de cada indivíduo e é por meio dele que se deve resgatar as emoções mais
profundas.
Assim, Reich criou sua própria escola de pensamento e técnicas específicas, cuja
prática está voltada tanto ao trabalho do corpo, como da mente, cuja base se dá na
atuação direta sobre o sistema neurovegetativo. A essa técnica, Reich denominou
de Vegetoterapia.
Na continuidade de seus trabalhos, Reich também descobriu que a energia que
circula dentro do corpo humano é a mesma que no cosmos, à qual chamou de
energia orgônio.
Então, sua técnica de trabalho passou a ser denominada Orgonoterapia, porque
passou a integrar em um único trabalho as questões psicológicas, corporais e a
dinâmica energética do paciente. Assim, consolidou-se a ciência que Reich chamou
de Orgonomia.
Tomando por base os trabalhos iniciais de Reich, o médico americano Alexander
Lowen complementou, acrescentou e modificou as técnicas iniciais, até encontrar
seu jeito próprio de trabalhar. Construiu suas próprias teorias e práticas e denominou
sua escola de Análise Bioenergética, criada em 1956.
11
A Análise Bioenergética também se baseia na teoria da Psicanálise no que diz
respeito à história analítica e à dinâmica familiar que, inscritas no corpo, influenciam
a estrutura corporal e o comportamento do indivíduo.
Lowen ao estruturar, desenvolver e aprofundar a descrição do funcionamento dos
tipos caracterológicos descritos por Wilhelm Reich, introduziu a leitura corporal onde
é possível ao psicoterapeuta diagnosticar à dinâmica energética dos bloqueios
ligada à compreensão da história da pessoa.
A Análise Bioenergética é uma abordagem terapêutica que compreende a pessoa e
seus problemas emocionais nos termos da dinâmica energética de seu corpo, pois o
corpo não mente, têm a história do indivíduo gravada, ao contrário da palavra que
muitas vezes vem recheada dos mecanismos de defesa egóicos.
A meta da Análise Bioenergética é desenvolver no individuo a habilidade de
expressar-se plenamente. Esta habilidade depende da autopossessão, ou seja,
poder tomar posse de seus verdadeiros sentimentos.
Para desenvolver um senso de si mais forte, aumentar o sentimento corporal e
promover a identificação com sua natureza sexual, aumentamos a carga energética
do corpo ajudando a pessoa a sentir-se mais conectada com o chão (Grounding),
com seu corpo e com a sua sexualidade.
Lowen desenvolveu os conceitos básicos de “Grounding”, “Respiração” e
“Sexualidade” e estendeu o conceito da análise do caráter para o físico mostrando
12
como os tipos caracterológicos são estruturados no corpo, compreendendo assim a
personalidade da pessoa a partir da experiência vivida no contexto familiar.
Lowen em seu livro “Narcisismo” (1983) faz uma análise da cultura atual enfatizando
o consumismo e os valores narcísicos, onde o ter e o fazer se tornam mais
valorizados do que o ser e o sentir.
A Análise Bioenergética trabalha no sentido de resgatar a auto-regulação do
organismo e a integração dos aspectos físicos, emocionais e espirituais do ser
humano.
É um movimento de mergulhar para o interno, de se apossar do próprio potencial e
então com esta retomada poder estabelecer vínculos de uma forma mais equilibrada
energeticamente, sem tantas defesas e impedimentos.
13
2. COMPREENDENDO O SER HUMANO
Para Damásio (1996), a emoção e o sentimento são na verdade indispensáveis para
a racionalidade. Os sentimentos encaminham-nos na direção correta, levam-nos
para o lugar apropriado do espaço de tomada de decisão, onde podemos tirar
partido dos instrumentos da lógica.
Se não fosse a possibilidade de sentir os estados do corpo, que estão inerentemente
destinados a ser dolorosos ou prazerosos, não haveria sofrimento ou felicidade,
desejo ou misericórdia, tragédia ou glória na condição humana.
A emoção colore ou adultera as idéias, obnubila ou exalta a vontade, fixa ou
dispersa a atenção, faz sonhar – às vezes, ter pesadelos – e interpenetra a
personalidade (ou identidade) e o temperamento.
Dentre os vários autores que sistematizaram o estudo das emoções, Reich trouxe
várias contribuições e estabeleceu muitas idéias que nortearam a quase totalidade
das terapias baseadas na abordagem corporal e inovaram a educação e a política
social.
Segundo Reich (1989) se avalia a capacidade de sentir de um organismo pela sua
resposta aos estímulos. Sabemos que um organismo sentiu uma excitação quando
ele responde por um movimento.
14
A base das funções físicas dos organismos vivos é a expansão e a contração. Reich
supõe que não existe emoção sem expansão e contração. A emoção depende da
existência e do movimento de um ser vivo e apresenta uma função somática. Por
exemplo, a tristeza corresponde a um encolhimento do sistema nervoso autônomo.
Assim, a energia biológica governa tanto o psíquico como o somático, fazendo
prevalecer uma unidade funcional.
O conceito de unidade funcional é fundamental em Reich. Segundo esse conceito, o
indivíduo é sempre considerado como um todo, um complexo que não distingue
mente e corpo, isto é, o que ocorre na mente é o que está ocorrendo no corpo e
vice-versa. Este todo é o conjunto de órgãos, músculos e ossos, bem como o corpo
do desejo que sente e se emociona na interação com outros no ambiente social.
Outro conceito fundamental em Reich é o conceito de energia que, de forma
resumida, pode ser considerada como o conceito físico estabelecido por Einstein. A
energia está presente em todas as coisas vivas, em todos os processos da vida, nos
movimentos, nos sentimentos e pensamentos.
Contração e expansão, pulsação e fluxo, tensão/carga/descarga/relaxamento, são
aspectos que designam o funcionamento do organismo. Então, podemos afirmar que
o ritmo energético fundamental da vida é representado, por exemplo, pela
respiração, com a contração e expansão dos pulmões, pela digestão, com os
movimentos peristálticos do estômago e intestinos. Esse ritmo energético pode ser
encontrado tanto nos organismos unicelulares primitivos, quanto nos seres humanos
em toda sua complexidade.
15
É importante associar as sensações, sentimentos e emoções, a ondas em
movimento interno de um corpo líquido, uma vez que o corpo é formado por água.
Os nervos medeiam tais percepções e coordenam as reações, mas os impulsos e
movimentos subjacentes, são inerentes à carga energética do corpo, ao seu fluxo e
pulsação naturais. Estes movimentos internos representam a mobilidade do corpo,
distinguindo-se dos movimentos voluntários que estão sujeitos a controle consciente.
Um último conceito fundamental de Reich trata-se da tensão muscular/couraça e o
seu relaxamento através do aprofundamento da respiração. A respiração como
processo resolutivo, estabelece as bases por onde se alicerçaram todas as terapias
corporais que visam um efeito psíquico. Para Reich, a tensão muscular deve ser
entendida como contração ou espaticidade muscular crônica, representando a forma
como todos os conflitos emocionais estão presentes no corpo. As frustrações e
emoções contidas e bloqueadas que se acumulam no corpo, distorcem-no e
transformam-no num retrato desses conflitos. Assim, revela-se nele, a maneira como
o indivíduo está situado no mundo e com que intensidade vive.
Estas contrações estão nos grandes músculos externos voluntários e também nos
pequenos músculos internos involuntários da traquéia e dos brônquios, do canal
intestinal e do sistema vascular. Lembremo-nos que não existe tensão nervosa que
não esteja relacionada a contrações e espaticidades muscular crônicas. Muitas
pessoas chamam-na de tensão nervosa porque não estão em contato com o estado
de tensão muscular de seus próprios corpos. Elas não sentem a constrição que pode
desenvolver-se na garganta, o enrijecimento da nuca e cintura escapular, a
espaticidade do diafragma, ou os “nós” nos músculos das pernas. Não tendo essas
16
percepções, não podem liberar a tensão muscular e procuram fazê-lo usando
medicação para reduzir seu estado de ansiedade. É muito melhor, embora não seja
mais fácil, trabalhar diretamente com a tensão muscular para conseguir o estado de
relaxamento e de mudanças profundas em seu comportamento, uma vez que estas
tensões bloqueiam a busca da pessoa em direção ao prazer existente fora de si.
A respiração está diretamente relacionada ao estado de excitação do corpo. Quando
estamos calmos e relaxados, a nossa respiração é lenta e suave. Em estado de
elevada emoção, ela se torna mais rápida e intensa. Quando estamos com medo,
inspiramos rapidamente e seguramos o fôlego. Se estivermos tensos, a respiração
se torna pouco profunda. O inverso também é verdadeiro: respirar fundo ajuda a
relaxar o corpo.
Nesses processos, considera-se a energia que é produzida através da respiração e
do metabolismo, carga e descarga de energia nos movimentos realizados. Estas são
as funções básicas da vida. A quantidade de energia que temos e como a usamos,
determina a forma como estamos na vida.
Os processos energéticos do corpo estão relacionados ao seu estado de vitalidade.
Quanto mais vigorosos, mais energias têm. Rigidez e tensão crônica diminuem a
vitalidade e rebaixam sua energia.
17
Quando busca-se o autoconhecimento através da linguagem expressiva do
organismo, dificilmente traduzível em palavras, caminha-se em direção à
espontaneidade e à descarga energética emocional.
Um conceito fundamental na teoria de Lowen é o conceito de grounding
(enraizamento): significa entrar em contato com o chão. Estar em contato com o
chão é oposto a ter uma obsessão, a estar no ar.
O enraizamento implica em conseguir, “deixar acontecer”, fazendo o centro de
gravidade recair mais embaixo. Implica em sentir-se mais perto da terra. Ele é
composto por quatro funções de contato: com o corpo, com a terra, com o psiquismo
e com a própria sexualidade.
O contato com o corpo requer a liberdade de movimento deste em todas as
modalidades de expressão. Quando se tem os pés no chão, caminha-se
graciosamente e pode-se expressar a agressão e o amor com movimentos
apropriados. O contato com o corpo também requer que haja consciência das
tensões musculares, dos bloqueios que impedem a expressão mais natural, levando
a uma expressão estereotipada.
O contato com a terra significa deixar a energia fluir para a terra. É também receber
a energia da terra. Há uma coerência entre o fato de se receber a energia da terra e
o de deixar fluir a energia para a terra, com o conceito de energia que se move para
cima e para baixo dentro do corpo como uma onda pulsante. Se a pessoa estiver em
contato com a terra então terá os pés no chão, sabe-se onde estar. Se sabe onde
18
estar, sabe-se onde pisa-se e qual sua posição no mundo e na vida. Sabe-se quem
é. Conseqüentemente, durante o movimento, há uma percepção de ter e de
interromper o contato com a terra.
O contato com o psiquismo significa ter contato com o corpo e com a terra, é poder
se conhecer. É essencial adquirir um conhecimento emocional daquilo que o corpo
está expressando, tanto físico quanto psiquicamente, e também compreender o
significado de quem somos e porque nos tornamos dessa maneira.
Alexander Lowen define a Análise Bioenergética como “uma aventura de
autodescoberta que busca entender o ser humano, através da compreensão dos
processos energéticos do corpo e de como esses atuam na mente”. (Lowen, 1982)
E finalmente, o contato com a sexualidade é o último elemento que envolve a
expressão total da personalidade, através da sexualidade e do pleno funcionamento
genital. Quando a função genital não é livre (pélvis bloqueada), não consegue-se
ficar completamente firme no chão.
Além dessas quatro funções de contato, Lowen lembra ainda, que ninguém pode
estar grounded (enraizado) sem estar respirando corretamente, sem contato com os
olhos, sem pleno domínio da voz, etc.
Estar grounded então, representa o nosso contato com as realidades básicas de
nossa existência. É estarmos firmemente plantados na terra, identificados com o
nosso corpo, ciente da nossa sexualidade e orientados para o prazer.
19
A partir desse conceito de grounding, Lowen abordou a questão das emoções. A
palavra emoção descreve movimento para, em direção de... Uma emoção é o
movimento de resposta a um estado de excitação de prazer ou de desprazer.
Existem as emoções simples como raiva e medo, que levam a uma resposta direta.
Duas ou mais emoções produzem respostas mais complicadas. No ressentimento,
por exemplo, há raiva e medo encoberto por hostilidade. Quando as emoções são
misturadas com juízo de valor, o resultado é emoção conceitual ou sentimento.
Culpa, vergonha e vaidade estão nessa categoria de emoção.
A partir dos princípios reichianos, em que os movimentos estão ligados à quantidade
de carga energética do corpo, seu fluxo e pulsação, Lowen descreveu de uma forma
didática, os aspectos da raiva e do amor e suas polaridades, o medo e o ódio:
A- Raiva
Lowen aponta como suas tonalidades, o aborrecimento, a irritação, a raiva
propriamente dita, a ira e a fúria.
Num quadro de aborrecimento, o estresse e o movimento são brandos. Já na
situação de irritação, a excitação está se construindo no sistema muscular, mas
ainda não existe uma resposta agressiva. Pode-se concluir, portanto, que a irritação
é um acumulo de aborrecimento.
20
A raiva, por sua vez, é uma resposta à dor e não é destrutiva. A excitação no
sistema muscular atinge um ponto de ebulição. A resposta é involuntária, mas tem o
controle do ego.
A ira, já é uma reação a uma dor mais severa e tem uma qualidade destrutiva. O ego
participa na expressão dessa emoção, mas, pouco. Diferente da fúria, que é como
um turbilhão onde não há discriminação nem controle do ego.
Por outro lado, tanto o medo quanto à raiva são emoções de emergência que
mobilizam a musculatura do corpo. Quando se está com raiva, a energia se move
dos pés para o topo da cabeça. Quando há medo a energia vai para baixo. A cabeça
vai para trás e os ombros se encolhem. A relação entre as duas emoções é tal, que
se a direção dos movimentos for invertida uma se torna a outra. Isto é, se uma
pessoa que está com medo ataca, ela vai ficar com raiva e sem medo. Se no ataque
a pessoa se retrai, ela vai sentir medo e desiste do ataque. Ver-se então que
energeticamente essas emoções são polares.
B- Medo
Lowen distinguiu as seguintes nuances: apreensão, ansiedade, medo, pânico e
terror.
A apreensão é uma situação que promete prazer, mas também contém a
possibilidade de dor. Já, na situação de ansiedade, a ameaça de dor é
aproximadamente igual à promessa de prazer.
21
Quanto ao medo, a situação pode se configurar como dor ou ameaça produzindo
desejo de escapar ou recuar. Há controle do ego. No caso de pânico, o medo é o
dominador e há o impulso de fugir. Puxa-se o ar como emergência. O ar fica preso
porque a garganta fecha e o peito fica rígido. Não consegue-se respirar. Quanto ao
terror, mais severo que o pânico, a musculatura se paralisa tornando a fuga
impossível. O terror se desenvolve em situações de dor ou de perigo insuportáveis.
É o que se chama estado de choque. Há uma fuga para o interior do organismo.
Pode-se desmaiar como forma de proteção ao ataque.
Esse foi um exemplo de duas emoções polares e seus aspectos. Pode-se , entender
o conceito de emoção como onda, correntes que fluem no organismo. Sua
intensidade sinaliza o tom da emoção.
C- Amor
O amor é um desejo forte de estar ao lado de alguém e que promete maior prazer
(alto nível de prazer quando o sexo é expressão do amor). Se não conseguimos
sentir prazer, é também limitada a nossa capacidade de amar. Se tivermos medo do
prazer temos também medo de amar. Sem prazer, nos privamos das experiências
que dão sentido à vida. O amor é uma reação expansiva, uma busca pelo outro e
pelo mundo. Pessoas afetivas são extrovertidas, calorosas, relaxadas e doces.
22
D- Ódio
A falta de prazer torna as pessoas amargas, frias, isoladas e tensas. O amor se
torna frio quando não há mais prazer na relação. Experiências dolorosas muito
prematuras desenvolvem sentimentos de hostilidade. Quando a decepção é muito
grande, o ódio se instala. Ele é o oposto do amor. O ódio é o amor que não pode ser
expresso. É o amor congelado. A forma de expressão do ódio é a fúria. Não
expresso, ele se manifesta na rigidez do corpo e no olhar frio, sem expressão.
“Aceitar toda a gama de sentimentos, expressá-los e conquistar o autodomínio são
os sinais ao longo da estrada que se percorre na viagem de autodescoberta”
(Lowen, 1995).
Relacionamentos adultos saudáveis, baseiam-se em liberdade e igualdade. Liberdade denota o direito de expressar livremente os próprios desejos e necessidades. Igualdade significa que estamos nos relacionamentos por nós mesmos, e não para servir o outro. Se não conseguimos falar abertamente, não somos livres. Se tivermos de servir a outro, não é nosso igual. (Lowen 1990).
3. A ORGANIZAÇÃO
Apesar do avanço da tecnologia e da ênfase no processo de globalização, algumas
organizações são por excelência o palco da opressão e da desqualificação da
afetividade, uma vez que há dois séculos são projetadas e administradas sob um
modelo mecanicista e reducionista. Com a regulamentação da psicologia no Brasil
em Agosto de 1962, os estudiosos dessa área deram início a importantes pesquisas
para a construção de uma ciência que vislumbre um modelo de organização mais
humanística. Essa concepção restritiva que ainda predomina na maioria dos
ambientes de trabalho, explica a padronização da emocionalidade, a apatia, a
desmotivação, o descuido e a falta de dignidade encontrados em muitas empresas.
Na luta pelo sucesso tão valorizado nos dias de hoje, quando os fins justificam os
meios e a busca da excelência parece ter se tornado uma obsessão; perde-se a
conexão com o corpo. Estas exigências aliadas aos medos de desemprego e perda
de espaço no universo profissional tende a robotizar as pessoas e
conseqüentemente as pessoas adoecem cada vez mais e mais cedo. Em
conseqüência disso ocorre negligencia, boicote, desperdiço de bens, instalações e
materiais nas empresas.
O modelo mecanicista leva à despersonalização das relações interpessoais, a ponto
dos colaboradores serem vistos como recursos e tratados em manuais
administrativos. Há cegueira para os dados intrínsecos do homem e tabu frente aos
comportamentos emocionais nos ambientes de trabalho. Todavia, os problemas
24
vividos hoje nas organizações mostram a urgência e a importância de compreender
as emoções, assunto muitas vezes tradicionalmente proibido e desqualificado.
Pesquisas atuais na psicologia mostram a importância da integração das emoções
para o equilíbrio intra e interpessoal. Essas pesquisas podem contribuir para mudar
práticas gerenciais e relações de poder nas organizações. A energia emocional é
propulsora da vida e como tal, deve ser levada a sério para que as organizações não
se transformem em fábricas de pessoas doentes, infelizes e estressadas. Ver-se
hoje em algumas organizações, o temor de chefes autocratas, tensão resultante de
conflitos, pressões e angustias, ansiedade e insegurança frente às incertezas,
frustrações decorrentes de vivências negativas sucessivas, mau humor e ironia
frente a incoerências, baixa auto-estima etc. Quando ignoramos esses problemas,
eles tendem a aumentar, resultando em perdas de produtividade e em desgastes na
saúde e qualidade de vida dos colaboradores.
O atual modelo administrativo e gerencial reflete uma incompreensão da natureza
humana e do fenômeno organizacional e, portanto, precisa ser modificado. A
dimensão subjetiva não deve ser ignorada, pois é cada vez mais perceptível que ela
dirige, canaliza e influencia a ação das organizações, tanto ou mais do que as
estratégias elaboradas de forma intencional e racional.
A empresa sadia, de sucesso é aquela que promove o desenvolvimento não só da habilitação técnica, mas principalmente, da capacitação interpessoal. Esta característica ou competência precisa ser desenvolvida em todas as pessoas, não somente no líder. Ela é a base do relacionamento humano. (MOSCOVICI, 1997,33)
4. A CLINICA NA ORGANIZAÇÃO
Na relação indivíduo – organização existem elementos conflitantes que produzem
inadequações na organização funcional do trabalho e, conseqüentemente, criam
ambientes desfavoráveis para o desempenho.
Um dos principais fatores conflitantes na relação indivíduo-organização são as
expressões emocionais resultantes do sentimento de frustração. Esse sentimento
pode ter varias origens, mas, no ambiente organizacional, ele se produz no
relacionamento interpessoal e nas dificuldades das pessoas em atingirem os seus
objetivos pessoais e profissionais.
Em uma situação de conflitos interpessoais, a diversidade e as diferenças individuais
fazem com que o ambiente de trabalho torne-se um foco de insatisfação. Nesse
contexto, as relações interpessoais poderiam apresentar manifestações
comportamentais nocivas para a organização, como: inveja, distorções na
comunicação, medo, boicote, e assim por diante.
O papel do psicólogo clínico é conscientizar para desmobilizar ações ou atitudes
desumanas nas organizações e integrar emoções humanas positivas nas relações
interpessoais. Precisa-se substituir o uso do medo pela vivência da alegria, que
tornam as pessoas criativas, eficazes e saudáveis. O sucesso das organizações, em
uma economia globalizada e competitiva, dependerá do aproveitamento máximo dos
26
potenciais energéticos internos, estimulando e caracterizando as emoções positivas
de seus membros em projetos desafiadores e significativos.
A partir deste pressuposto, o psicólogo clínico utiliza-se dos exercícios da
Bioenergética como forma de desbloquear as tensões corporais. Estes exercícios
combinam o trabalho com o corpo e com a mente para ajudar as pessoas a
resolverem seus problemas emocionais e melhor perceberem o seu potencial para o
prazer e para alegria de viver.
Bem como, possibilitar trabalhar no corpo as dificuldades de relações, as lutas pelo
poder, conflitos e, posteriormente, a construção da confiança e de um clima mais
harmônico e afetivo, transformando um ambiente competitivo em cooperativo.
“A empresa que desenvolver melhor emocionalmente os seus empregados terá uma
posição mais avançada” ( Moscovici, 1997,46).
Logo abaixo será citado um caso de resolução de conflitos, na abordagem da
Análise Bioenergética, vivido por um grupo de 10 pessoas de uma empresa.
O RH desta Empresa estava passando por uma fase difícil. Havia muita competição,
luta por poder, intrigas, inveja, auto-estima baixa. As pessoas já não se falavam
mais. A distribuição das mesas e cadeiras refletia o que estava ocorrendo naquele
ambiente, todos sentavam de costas, uns para os outros, inclusive para os clientes
internos que procuravam aquela unidade para resolver algum problema. O clima era
27
insuportável, chegando ao ponto de algumas pessoas adoecerem e outras não
sentirem mais prazer em ir trabalhar.
Contratou-se uma consultoria com bastante experiência em trabalhos com grupos
dentro da visão da Analise Bioenergética.
Foram 12 horas de trabalho com exercícios e vivencias que permitem a expressão
pelo corpo de sentimentos reprimidos como raiva, inveja, ciúme, baixa auto-estima.
Estes exercícios ajudam na resolução de conflitos interpessoais a partir do momento
que os sentimentos são entendidos e expressos, respeitando os princípios básicos
de não se machucarem e respeitar os limites de cada pessoa.
Estes exercícios e vivencias ajudam as pessoas a refletirem de que forma estão se
colocando na vida, de como estão nos relacionamentos. Muitas vezes coloca-se a
culpa dos erros dos relacionamentos nos outros e não se percebe.
Ao término do segundo dia, todos saíram com a consciência de sua parcela de
responsabilidade na relação com o outro.
Houve uma mudança no comportamento das pessoas, houve também uma maior
consciência de si e aceitação do outro. A equipe passou a se relacionar de forma
mais harmônica. A primeira providência da equipe ao retornar ao trabalho, foi
modificar a posição de suas mesas e cadeiras na sala.
28
É necessário que haja continuidade do trabalho até que a equipe atinja maturidade
suficiente para administrar melhor seus conflitos e faça uso desta prática no seu dia-
a-dia, para que o tempo e o corre-corre das atividades diárias não recaiam sobre os
mesmos erros. Este tipo de trabalho pode e deve ser mantido e desenvolvido
inclusive em equipes que não apresentem este nível de conflito, pois, quanto mais o
ser humano se conhece mais fácil ele se relaciona.
Atividades desenvolvidas na referida integração:
Apresentação – O nome, a origem e quem colocou – relação com a
construção da identidade;
Exercícios Bioenergéticos – grounding, respiração e desbloqueio das energias
nos seguimentos corporais – iniciando pelos pés e terminando na cabeça;
Saia – Não saio – quando há muita competição no grupo;
Esmurrar no ar – ainda competição;
Larga do meu pé – trabalha o sentimento de raiva;
Costa com costa – faz refletir sobre a qualidade das relações na vida;
Cócoras em dupla – exercício de confiança;
Reflexão do EU – refletir que aspectos do comportamento facilitam e
dificultam a convivência e o trabalho em equipe;
Dar e receber feedback – baseado no exercício de reflexão do EU.
Após cada atividade, se abria espaço para as pessoas falarem dos sentimentos que
emergiam.
29
Queremos enfatizar, inicialmente, que estes exercícios não são substitutos da terapia. Eles não resolverão problemas emocionais profundos, os quais, geralmente, requerem uma competente ajuda profissional. Muito freqüentemente, pessoas que não estão em terapia e fazem esses exercícios decidem que precisam de tal ajuda para trabalhar os problemas que alcançaram sua consciência durante o curso dos exercícios. Mas, esteja você ou não em terapia, a execução regular desses exercícios, o ajudará significativamente a aumentar sua vitalidade e sua capacidade para o prazer. Estes exercícios podem ajuda-lo a ganhar mais autoconhecimento com tudo que este termo implica. Eles farão isso através do (1) aumento do estado vibratório do seu corpo, (2) grouding das pernas e do corpo, (3) aprofundamento da respiração, (4) agudização da auto consciência, e (5) ampliação da auto-expressão... (LOWEN, 1977,13 e 14).
30
CONSIDERAÇÔES FINAIS
Uma visão clínica na mediação de situações de conflito pode minimizar as
conseqüências da frustração no ambiente das organizações. A frustração trás
desarmonia que recai sobre os relacionamentos e a comunicação. O ruído na
comunicação entre as pessoas nas organizações é responsável por grande parte
dos conflitos. O desafio esta em saber lidar com as causas que geram insatisfações,
no momento em que se apresentam divergências entre colaboradores ou entre eles
e a organização.
É comum ter-se receio de expressar sentimentos negativos. Quando crianças,
provavelmente reprimidas, recriminadas e rotuladas, hoje tornam-se adultos que não
se sentem com direito de expressão, pois podem ser julgados e abandonados.
Todavia, enquanto os sentimentos negativos não forem descarregados, não
conseguem sentir-se livres e iguais. Contidos, serão levados para os
relacionamentos adultos.
No início, os relacionamentos estão cheios de sentimentos positivos, mas com o
tempo, eles não se sustentam e o ressentimento aparece, pois, sem o sentimento de
sermos livres e iguais, nos sentimos aprisionados e insatisfeitos. Nesse momento, a
raiva reprimida é atuada e a falência da relação é inevitável.
31
Isso acontece tanto nos relacionamentos pessoais quanto nos relacionamentos
profissionais. Na organização, essa raiva vai ser traduzida em boicotes, fofocas,
queda da produtividade, conflitos, agendas escondidas.
A expressão de sentimentos negativos de uma maneira adequada vai depender da
percepção consciente deles e do autoconhecimento. Para expressar raiva
verdadeiramente o som deve ser apropriado à situação. Berrar e gritar, geralmente
expressa ira e frustração, em vez de raiva. A raiva não é usada legitimamente para
controlar os outros, mas para salvaguardar a própria integridade e bem estar.
Adultos, geralmente não precisam gritar, berrar ou socar alguém para expressar a
raiva. Dependendo da auto-estima e do quanto se sente forte, podem fazer isso com
tranqüilidade. Em geral, tem-se muita dificuldade de colocar limites e de dizer não.
De escolher o que realmente se quer... Colocar limites pode significar ficar só ou não
ser amado.
Nas organizações, pode-se ser ferido emocionalmente de diversas maneiras: por
rejeição, humilhação, negação, ataques verbais ou físicos.
A dor emocional nas organizações, leva à queda da produtividade, porque
enfraquece a auto-estima e a capacidade de atuar e se relacionar favorecendo a
passividade e a submissão. A omissão frente a essa realidade, através da
desvalorização da dor, é prática comum na vida organizacional.
A vivência plena das emoções e a sabedoria de lidar com elas leva bem estar aos
indivíduos e onde eles estão presentes. Nas organizações, o que é importante não
32
está somente nos relatórios e resultados observáveis, mas deve também ser inferido
através de outros pressupostos que estruturam e direcionam o pensar e o agir
organizacional. O mesmo pensar e agir que tenta rejeitar todos os aspectos não
racionais do trabalho.
É a aceitação das emoções como um componente importante do comportamento
humano e organizacional que torna as ações e decisões nas empresas mais
racionais e equilibradas. É sua negação que provoca conflitos e transtornos
imensos, criando ambientes em que impera a incerteza, a impulsividade, a
agressividade e a opressão.
Dar importância às emoções, também pode ser um meio de prevenção a muitos
problemas e conflitos como demissões injustas, por exemplo. Cuidar das pessoas e
das relações na organização abre espaço para a expressão dos conteúdos
emocionais que servirão para decisões mais justas, estabelecimento de prioridades
legítimas, ganho de tempo, relações de trabalho mais produtivas, ambientes mais
alegres e saudáveis.
Daí a importância do papel do profissional em psicologia clinica nas organizações,
para possibilitar a compreensão e expressão dos sentimentos e emoções humanas,
fazendo com que as tensões sejam desbloqueadas nas áreas corporais e grupais.
A dimensão afetiva do ser humano é fonte de manifestação e interferência no
contexto organizacional, e como tal, pode contribuir para a transformação das
organizações em busca de mais direitos sociais, ética, justiça, poder democrático e
33
dignidade humana. Para assim também buscarmos uma sociedade como um lugar
que mereça realmente ser vivido.
O caminho para a saúde das organizações está em levar em conta o indivíduo total,
integral, o homem como ele é, levando em conta a capacidade intelectual, física,
mental, afetiva, controle emocional, competência interpessoal e os processos
subjetivos do ser humano. Observar e conhecer a sua totalidade, para que ocorra a
tão sonhada integração. Integrar é abrir canais afetivos que comunicam o que se
sente. No entanto, costuma-se bloquear este tesouro das relações humanas.
Afinal, as pessoas são o coração da empresa. E como tal o combustível pulsante da mesma. Portanto uma visão clinica das organizações pode trazer a naturalidade de um organismo vivo, que contrai e expande, como o próprio ritmo da natureza. O cuidado deve residir na possibilidade da organização não ficar tempos prolongados no movimento da contração. Porque sabemos daí advém a doença. (PANERAI, Jornal do Comércio, 2004).
34
REFERÊNCIAS
ALVES, J. P. & CORREIA, G. W. de B. O Corpo nos Grupos. Recife: Libertas, 2004.
DAMASIO, A. R. O Erro de Descartes: Emoções, Razão e o Cérebro Humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
LOWEN, A. Amor, Sexo e seu Coração. São Paulo: Editora Summus, 1990.
___________. Bioenergética. São Paulo: Editora Summus,1982
___________ & LOWEN, L . Exercícios de Bioenergética: O Caminho para uma Saúde Vibrante. São Paulo: Editora Agora, 1985. MOSCOVICI, F. Razão & Emoção: A Inteligência Emocional em Questão. Salvador: Casa da Qualidade, 1997 REICH, W. Análise do Caráter, São Paulo: Martins Fontes, 1989. FADMAN, J. & FRAGER, R. Teorias da Personalidade, São Paulo: Harper & Row do Brasil, 1979
Balerine, C. Relacionamentos dificeis no trabalho, www.catho.com.br, 2003
Francisco, A. L. A Ética e a Sociedade do Espetáculo, www.libertas.com.br, 2004
Gaudêncio, P. O Divã vai as Empresas, www.rh.com.br, 2003
Canizares, J. C. L. Desenvolvendo talentos humanos: O individuo e a
organizacao, www.rh.com.br, 2003
35
ANEXOS
Exercícios de Bioenergética
36
EXERCÍCIOS DE BIOENERGÉTICA
37
38
39
40
41
42
43
44