a visita inesperada (sample)
DESCRIPTION
Amostra com 18 páginas do livro "A visita inesperada: quando uma doença chega à sua casa para tumultuar", de Ana Luiza Novis e Lucia Helena AbdallaTRANSCRIPT
A visita inesperadaquando uma doença chega à sua casa para tumultuar
ANA LUIZA NOVIS & LUCIA HELENA ABDALLA
Ilustrações Bernardo Prata
edição e revisão Paula Cajaty
ilustrações Bernardo Prata
preparação M. F. Machado Lopes
diagramação Ana Cecília Novis
impressão Mundial Gráfica
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃOSINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
N833v Novis, Ana Luiza, 1967- A visita inesperada: quando uma doença chega à sua casa para tumultuar / Ana Luiza Novis, Lucia Helena Assis Abdalla. -1. ed. - Rio de Janeiro : Jaguatirica, 2014. 68 p. : il ; 20 cm ISBN 978-85-66605-39-6
1. Ficção brasileira. I. Abdalla, Lucia Helena Assis II. Título14-14002 CDD: 869,93
CDU 821.134.3(81)-3
12/07/2014 17/07/2014
© 2014 Editora Jaguatirica DigitalTodos os direitos reservados Proibida a reprodução parcial ou total desta obra por qualquer processo sem autorização por escrito da editora.Editora JaguatiricaRua da Quitanda, 86, 2o andarCentro Rio de Janeiro RJCEP 20.091-902Tel. (21) 4141-5145 | 3747-1887www.editorajaguatirica.com.br
AGRADECIMENTOS
De todos os nossos sonhos, a publicação deste livro foi um dos que mais ansiamos realizar.
Neste processo houve diversas pessoas que contribuíram de forma marcante, às quais gostaríamos de
expressar nosso profundo agradecimento.
De nós duas:
A todos os nossos clientes que, através de suas preciosas histórias, têm nos ensinado suas
fórmulas para lidar com as adversidades.
A Michael White e David Epston, que nos apresentaram à Terapia Narrativa como uma nova
forma de entender e conversar sobre a vida, considerando as pessoas como autoras de suas próprias
histórias.
A Cheryl White, por ser um exemplo de como vivenciar de forma sensível e simples as Práticas
Narrativas.
A David Denborough, amigo e referência ímpar como pessoa e profissional, que reconheceu,
inspirou e legitimou nosso trabalho, e continua a se divertir com os seus desdobramentos. Um
agradecimento especial pelos inúmeros e valiosos comentários.
A Marilene Grandesso, querida amiga, pelo incentivo, apoio e preciosas contribuições.
Agradecemos também a Ana Cecilia Novis, pela arte e diagramação, Gabriela Abdalla e Luciano
Abdalla, pelas inúmeras releituras e sugestões no texto, Bernardo Prata, por ter expressado tão bem
as nossas ideias em suas ilustrações e Sandra Quintela e Raul Coachman, pelos comentários que
enriqueceram nossa história.
Aos nossos amigos, pela torcida. Sem vocês este livro não estaria no papel.
De Ana Luiza:
Aos meus pais, Sérgio e Marta, por serem uma referência permanente em minha vida, na
criatividade, na perseverança e no amor ao próximo.
A meu marido Carlos Eduardo e meus filhos Ana Cecília, Luiz Eduardo e Luiz Felipe, por estarem
sempre ao meu lado em todos os meus sonhos, me nutrindo diariamente de amor, incentivo e apoio.
De Lúcia Helena:
Aos meus pais, Cláudio e Zeny, in memoriam, por terem me inspirado a nunca abrir mão de realizar
meus sonhos.
A meu marido Luciano e meus filhos Gabriela e Daniel, presentes em todas as minhas aventuras,
pelo amor incondicional, o incentivo permanente e a maneira divertida e afetuosa de ser, que nos
permitem lidar com as dificuldades da vida como um time.
PREFÁCIO
Posso recordar vividamente do momento em que li este belo livro pela primeira vez. Eu estava
sentado com as autoras no apartamento de Lúcia, no Rio de Janeiro. Havia uma enxurrada de atividades
ao redor. Deliciosos pratos estavam sendo servidos para o jantar. A hospitalidade brasileira estava a
pleno vapor. E eu estava virando página após página deste livro, intrigado com seu esmero e sua
eloquência.
Com base em seus muitos anos de experiência como terapeutas qualificadas, Lucia e Ana Luiza
criaram um belo livro para as famílias nas quais alguém está convivendo com uma doença crônica.
Nestas páginas, elas encontraram formas de juntar as conversas de externalização da terapia narrativa
com a criatividade brasileira e desenhos artísticos. É uma receita fantástica.
Naquela noite no Rio, comemoramos o trabalho que havia sido realizado para a confecção deste
livro. Pensamos em todas as famílias que conhecem a dificuldade dos problemas crônicos de saúde. E
ansiamos pelo dia em que o livro seria finalmente impresso.
Bem, agora esse dia chegou e eu não tenho nenhuma dúvida de que este livro vai dar uma
contribuição significativa para crianças, jovens, adultos e famílias inteiras.
Enquanto escrevo estas palavras, estou longe do Brasil... Mas me encontro do outro lado dos
oceanos aplaudindo e celebrando este livro.
Com carinho e respeito,
David Denborough, PhD Codiretor do Dulwich Centre
Diretor do Dulwich Centre Foundation
COMO SE RELACIONAR COM UMA VISITA QUE SE TRANSFORMA EM HÓSPEDE PERMANENTE?
Imagine que você receba um visitante inconveniente e inesperado, com o qual você não tem
qualquer intimidade. Um completo desconhecido que chega causando uma grande confusão em sua
vida.
Em nossa atividade profissional muitas vezes somos confrontados com nossos clientes e suas
famílias vivendo uma situação como essa. O conflito gerado por essas visitas inesperadas em suas vidas,
tais como o acometimento de uma doença de diagnóstico difícil, situações de estresse persistente e/ou
geradas por algum golpe do destino, frequentemente, promovem a sensação de uma situação limite
que invade a vida dessas pessoas causando uma grande desorganização. Faz-se necessário, então,
buscar um novo olhar, uma nova perspectiva que crie um novo caminho, transformando adversidade
em possibilidades.
A escolha sobre a metáfora da “visita inesperada” nos parece muito rica por se tratar de uma
experiência muito comum, vivida por qualquer pessoa, independente da cultura ou sistema familiar,
além de viabilizar o entendimento de que você convive como uma doença, e não de que você é um
doente, favorecendo o início de uma nova conversa.
Observamos que aquelas “visitas” que se transformam em hóspedes por longo tempo ou até
mesmo pela vida toda, se configuram num desafio clínico maior. Em geral, se enquadra nesse aspecto
a pessoa que recebe um diagnóstico de uma doença crônica. Ela e sua família são levadas a se dar
conta de uma nova realidade que promove muita insegurança, medo e raiva, criando dificuldade ou
incapacidade de praticar a autonomia nesse contexto.
Muitas vezes nos sentimos tolhidos e completamente reféns do diagnóstico. É muito comum
ficarmos presos à história da doença ou das doenças, presos às narrativas que rotulam a vida de uma
pessoa, e que geram entendimentos restritos, pouco amplos, reducionistas, que confundem o indivíduo
com sua doença.
Para trabalharmos esses entendimentos, temos de estar curiosos para conhecer territórios
desconhecidos e conquistar coragem para experimentar situações que jamais imaginamos. Precisamos
buscar recursos que nos auxiliem a reformular o tempero e ritmo que se quer dar à vida, para nos
aproximarmos dos desejos, dos sonhos e do prazer de viver.
Inspiradas por essas reflexões, nasceu a ideia de criar uma história sobre uma pessoa, como nós,
que num determinado dia se deparou com essa situação em sua vida.
Nosso personagem apresenta todos os sentimentos, sensações e reações, que foram
compartilhados no dia a dia de nosso consultório, onde tivemos a oportunidade de explorar a capacidade
de nossos clientes em driblar e dar conta de situações difíceis, resgatando sua autoridade na vida.
Esperamos que esse livro possa inspirá-los também!
12
Você já recebeu uma visita inesperada?
Em minha vida eu já tinha recebido
muitas visitas inesperadas:
agradáveis, desagradáveis, engraçadas,
inusitadas, e até revolucionárias.
13
Na minha casa, toda vez que isso
acontecia era a despensa que
nos salvava. Lembro–me
do dia em que a prima
do meu pai chegou sem
avisar e mamãe fez um
verdadeiro milagre:
conseguiu improvisar
deliciosos bolinhos
de chuva com café.
Bendita despensa!
14
Mas num determinado dia, recebi uma visita inesperada muito esquisita. Chegou
à minha casa sem ser convidada e eu não a conhecia. Não falava o meu idioma,
sua aparência era de dar medo e sua atitude era muito invasiva. Para todo lugar
que eu ia estava ao meu lado.
15
Comecei a pensar em como me livrar dela. Elaborei alguns planos de ação:
Plano A: Vou ignorá-la.
Quem sabe assim ela vai
embora?
Não funcionou.
Plano B: Segui a orientação
de uma tia: dei um chá
“espanta tudo“ para a visita.
Não adiantou.
16
Comecei a ficar desesperado. Cada pessoa a quem eu contava a história me dava um
conselho diferente. Até uma simpatia para afugentar visitas indesejáveis eu fiz:
bastava virar a vassoura atrás da porta e fincar um garfo na piaçava, para que a visita
fosse embora para sempre, assim se dizia. Mais uma vez, não deu certo.
17
Resolvi, então, procurar o Especialista em Visitas Inesperadas e Inconvenientes. Ele me
disse que era necessário saber com que tipo de visita estávamos lidando, porque existem
diferentes tipos de visitas Inesperadas e Indesejadas. Realizamos uma intensa
investigação. Eu me senti num filme de suspense. Percebi que algumas informações
eram muito importantes para sabermos com quem estávamos lidando.
Impresso pela gráfica Mundialno inverno de 2014