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1 SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia Abertura do evento dos estudantes Tudo que se escrever sobre direito ambiental é novo e auxilia os pesquisadores. Linhas de pesquisas sugeridas: NICHOLAS ROBINSON – Pace University (Nova Iorque) 1. Ética e filosofia do direito: Carta da Terra (www.cartadelatierra.org ) possui 16 princípios sobre ética reconhecidos pela UNESCO e IUCN; 2. O direito ambiental não é somente do humano, mas também da natureza; 3. Aspectos econômicos e humanos: a população humana já chega a 7 bilhões de pessoas; o modelo econômico atual não resolveu o problema da pobreza e nem dos abusos aos recursos naturais. Livro: Os Mistérios do Capital (Fernando de Soto – Economista Peruano). HERMAN 1. Fontes do Direito Ambiental; 2. Discricionariedade e vinculação; 3. Licenças Ambientais; 4. Mecanismos de acesso à ACP. Só o MP a utiliza até hoje (99%). É uma patologia que precisa de ser estudada inclusive pelo campo legislativo; 5. Análise comparativa e geográfica dos julgados de Direito Ambiental. DANIEL FARBER 1. Direito dos desastres. Análise dos Códigos de Posturas das cidades que não estão preparadas para esses desastres. Quem é a autoridade responsável quando um desastre acontece. Seguros e reparações de danos. Futuro sombrio, pois o aumento das catástrofes é previsto em razão das mudanças climáticas. 2. Adaptação às Mudanças Climáticas: neste momento é impossível impedir as mudanças climáticas. Nas próximas décadas temos que fazer planos para nos adaptarmos às mudanças do clima (planejamento e medidas administrativas, déficit de água, prevenção de inundação e saúde pública). Temos que trabalhar nas medidas mitigadoras, mas também na adaptação. Essa última não vem recebendo atenção devida pelos juristas; 3. Energia e Meio Ambiente: novas energias trazem novos problemas. Ex.: biocombustíveis. Sabemos muito pouco sobre captura de carbono; 4. Redução do uso de energia: isso traz entraves de âmbito administrativo e econômico. 1º dia do evento

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    Abertura do evento dos estudantes

    Tudo que se escrever sobre direito ambiental é novo e auxilia os pesquisadores. Linhas de pesquisas sugeridas:

    NICHOLAS ROBINSON – Pace University (Nova Iorque)

    1. Ética e filosofia do direito: Carta da Terra (www.cartadelatierra.org) possui 16 princípios sobre ética reconhecidos pela UNESCO e IUCN;

    2. O direito ambiental não é somente do humano, mas também da natureza;

    3. Aspectos econômicos e humanos: a população humana já chega a 7 bilhões de pessoas; o modelo econômico atual não resolveu o problema da pobreza e nem dos abusos aos recursos naturais. Livro: Os Mistérios do Capital (Fernando de Soto – Economista Peruano).

    HERMAN

    1. Fontes do Direito Ambiental;

    2. Discricionariedade e vinculação;

    3. Licenças Ambientais;

    4. Mecanismos de acesso à ACP. Só o MP a utiliza até hoje (99%). É uma patologia que precisa de ser estudada inclusive pelo campo legislativo;

    5. Análise comparativa e geográfica dos julgados de Direito Ambiental.

    DANIEL FARBER

    1. Direito dos desastres. Análise dos Códigos de Posturas das cidades que não estão preparadas para esses desastres. Quem é a autoridade responsável quando um desastre acontece. Seguros e reparações de danos. Futuro sombrio, pois o aumento das catástrofes é previsto em razão das mudanças climáticas.

    2. Adaptação às Mudanças Climáticas: neste momento é impossível impedir as mudanças climáticas. Nas próximas décadas temos que fazer planos para nos adaptarmos às mudanças do clima (planejamento e medidas administrativas, déficit de água, prevenção de inundação e saúde pública). Temos que trabalhar nas medidas mitigadoras, mas também na adaptação. Essa última não vem recebendo atenção devida pelos juristas;

    3. Energia e Meio Ambiente: novas energias trazem novos problemas. Ex.: biocombustíveis. Sabemos muito pouco sobre captura de carbono;

    4. Redução do uso de energia: isso traz entraves de âmbito administrativo e econômico.

    1º dia do evento

    http://www.cartadelatierra.org/

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    DANIEL FARBER

    Pluralismo criativo no Direito Ambiental

    Califórnia tem se tornado líder para tratar sobre meio ambiente. Mais avançado do que o governo federal.

    1. Maneiras como o governo estadual pode agir: Mudança climática é realmente uma ameaça genuína? Causas principais: queima de combustível e desmatamento. O IPCC dá uma certeza de mais de 90% sobre suas afirmações, mas isso não é absoluto. É o que chamamos ciência sólida. Califórnia é um líder natural, como um pequeno país. É o terceiro em área nos EUA, com população de 37 milhões. Produz 1,6 trilhão de dólares por ano. Os californianos entendem que a mudança climática é um problema sério, vêem uma oportunidade para o Estado achar novas tecnologias para diminuir os GEE e o governador criou uma obrigatoriedade por decreto de metas para o Estado diminuir a emissão de GEE. Essa liderança não se vê em Washington hoje. A estrutura de governo da Califórnia permite essa liderança da Califórnia. 1770 EUA declarou sua independência, mas os Estados americanos já existiam. Os Estados criam leis antes mesmo do governo federal para proteção de direitos humanos. Porém, tem limitações: 1) Lei estadual não pode entrar em conflito com lei federal; 2) Estados não podem ter sua própria política de assuntos internacionais. No entanto, os Estados continuam a inovar e na área de mudança climática isso tem sido muito importante. Por exemplo, a energia elétrica: exige-se que parte da energia elétrica venha de fontes renováveis. Na Califórnia ficou estipulado (regulação) que um terço da energia elétrica venha de fontes renováveis até 2011. Outra iniciativa da Califórnia é em relação aos automóveis. Existe uma lei federal que proíbe, qualquer restrição emissão de GEE para novos veículos. A exceção é a Califórnia que tem uma demanda judicial, para essa dispensa do Presidente Bush.

    2. Parcerias criativas entre sociedade e Estado: O governo da Califórnia propôs 600 milhões de dólares para pesquisa com uma entidade de ensino. Envolver a comunidade acadêmica para combate às emissões de GEE. Parte dos fundos da pesquisa vem da conta de energia elétrica dos consumidores. A sociedade tem contribuído também. Financiamento de 1 bilhão de dólares nos próximos 10 anos. Parceria organizacional e biodiversidade. Lei de espécies em extinção da Califórnia: o Estado não pode tomar qualquer medida que venha colocar em risco a biodiversidade. A fraqueza dessa lei é a pouca menção de proteção do habitat. Por isso tem surgido os HCP: Projetos de proteção dos habitats (defendidos por Sachs).

    3. Maneira criativa pela qual os tribunais federais podem contribuir: Califórnia criou uma comissão para se opor à política de Bush em relação à emissão de GEE: Massachussets contra EPA. O Supremo diz que os danos provocados por emissão de GEE são significativos (exemplos: degelos e aumento do nível do mar). Juiz Stevens diz que o aumento do nível do mar já prejudica Massachussets e por isso não se pode recusar a aplicação da lei de ar limpo. Califórnia entrou com processos contra empresas de energia elétrica e empresas de automóveis. Ainda não se obteve sucessos, mas as ações estão nos tribunais federais.

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    O sistema de governança é dividido entre governo de federal e federal. É preciso dividir essa responsabilidade com a sociedade para encontrarmos soluções para os grandes desafios das mudanças climáticas. Envolve muito o local e deságua no global.

    Mudanças climáticas e produção de energia se cruzam com a biodiversidade. Criatividade é uma necessidade quando enfrentamos novos problemas.

    GERMANY

    A promoção e a regulação da Energia Renovável na Alemanha

    Desafios da Energia renovável: 1) conflito entre uso da terra para alimentos e produção do etanol; 2) eficiência; 3) suprimento constante.

    Breve histórico sobre energia renovável na Alemanha

    1987 – Energia eólica.

    1990 Electriciy Feed in Act – sistema de preços fixo. Subsídios.

    2000 – emenda de 2004 Lei da Fonte Renovável de Energia. Texto legal mais avançado na Alemanha sobre energia renovável.

    Condições do Acordo Quadro Europeu. União Européia pode legislar sobre direito ambiental.

    2001 e 2003 – Diretivas. Agora existe uma proposta de uma nova diretiva. Mais de 5% de produção de energia por fontes renováveis nos países europeus.

    Na Alemanha as metas são mais ambiciosas do que na união européia. Existem regulações administrativas de mistura de etanol na gasolina, desde 2006.

    Pontos básicos da lei de energia renovável da Alemanha:

    1. Propósito: suprimento sustentável de energia. Desenvolvimento tecnológico

    2. Subsídio obrigatório.

    3. Obrigação das operadoras de rede. Remuneração de tarifa fixa. Prioridade para energia renovável. Obrigatoriedade de construção de redes para aplicação de energia renovável.

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    4. Sistema de tarifa fixa. O período de subsídio é bastante longo e ele vai diminuindo com o tempo. Subsidiar até que a indústria seja competitiva. Não há segurança de investimentos a longo prazo.

    5. Variação de remuneração. De acordo com o tipo da fonte e o tamanho da indústria.

    6. (Exceção dos Supridores Verdes)

    Caso na corte constitucional na Alemanha em 1997 (Preussen Electra Case - 2000). A decisão que essa regulação (subsídio) não feriria a Constituição Federal. Estaria de acordo com o livre comércio e os subsídios não vem do orçamento do Estado. Essa questão ainda não foi resolvida e por isso levanta dúvidas sobre o sistema.

    14% de energia produzida na Alemanha até 2007 (renovável): 40% eólica; 30% hidroelétrica; 23 % biomassa; 6% energia solar.

    Está sendo tratada uma nova lei de energia de fontes renováveis. Nas áreas livres é proibido construir, inclusive para interesse público, como produção de energia. Monocultura na Alemanha é considerado um problema e o conflito do uso da terra para produção de alimentos deve levar a uma terceira geração de energia.

    Conclusões: Há dificuldades de transporte de energia eólica. O norte da Alemanha não demanda muita energia. O uso da água não é muito bem aceito, para proteção dos mananciais. A biomassa é vista com muito receio. Tem havido um trabalho da Alemanha para com a China para que essa invista mais em sustentabilidade. Houve um abandono da energia nuclear nos próximos 10 anos, por decisão do governo. Isso tudo decorre das opções por energias renováveis.

    NICHOLAS ROBINSON

    Mudanças Climáticas e Biodiversidade

    Produção de energia X biodiversidade.

    Convenção da COP em Bali – dezembro de 2007 (plano de ação). Brasil está no centro da moldagem do novo acordo sobre o Clima. Relatório em dezembro de 2008, na Polônia.

    Pontos que os negociadores devem estar atentos:

    1. Questão factual

    2. Princípios fundamentais do direito ambiental

    3. Elos de ligação entre biodiversidade e produção de energia.

    4. Medidas legais que poderiam ser tomadas.

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    O crescimento econômico de países como Índia e Brasil causam muita pressão sobre os recursos naturais e demandam aumento de produção de energia. Cada dia a área agricultável tem diminuído. Nos EUA passou que passa 2.23 hectares área agricultável. Caiu essa área para 1.9 ha vai cair para1.08 em 2008. A área agricultável irrigada está sendo diminuída também. Na China o lençol freático caiu 30 metros nos últimos 20 anos. Os rios não estão chegando mais no mar. O prazo para novas hidrelétricas é de 20 a 30 anos, inclusive com sistema de transporte de energia. África não tem problema de energia (foto de satélite sobre pontos de energia elétrica). Os países em desenvolvimento vão passar rapidamente os países desenvolvidos em relação à demanda por energia.

    Importantes instrumentos da RIO 92 e não são aplicados:

    1. Agenda 21

    2. Convenção da Biodiversidade

    3. Convenção quadro sobre Mudanças Climáticas

    A decisão da união em misturar etanol na gasolina. Fixação de preços no México no milho, por causa da produção de etanol maior do que a de milho.

    Princípios

    1. Declaração Universal dos Direitos Humanos: direito à alimentação sadia

    2. Documento 37/07. Humanos não podem existir sem a natureza;

    3. Princípio do Poluidor Pagador. Dióxido de Carbono é considerado poluição.

    4. Princípio da Precaução.

    5. Avaliação do Impacto Ambiental.

    6. Princípio da Igualdade inter geracional.

    7. Princípio de responsabilidades comuns e diferenciadas. Para entender esse princípio é preciso ler a Carta da Terra.

    Como utilizar esses princípios a serviço da sustentabilidade?

    Pilares do Plano de Ação do Protocolo de Kyoto:

    1. Mitigação dos gases GEE. Produzir o financiamento e eliminar grande parte do carbono que aí está. Todos têm que reduzir 10% durante um determinado período de tempo. Ex.: vender o excesso, para quem não conseguiu reduzir. Criação de uma nova commodity (negociação de créditos). Se esse modelo for adotado será um fracasso. O segundo modelo deveria ser da biodiversidade e clima. Ex.: Cidade de Los Angeles: conseguiu reduzir suas emissões de forma bastante eficiente. Cada empresa aberta em Los Angeles tem que comprar 80% das emissões

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    da empresa que fechou. As novas empresas tem que causar menos poluição das que fecharam (o equivalente de CO²). Brasil é a OPEP da fotossíntese. O que o mundo pagaria se tivéssemos que pagar todos os GEE? Por exemplo poderíamos revegetar a mata atlântica com dinheiro dos créditos de carbono? Poderíamos fazer isso para 12% em toda a Terra (é a área dos parques em todo o mundo). Poderíamos estabilizar pelo menos esses 12% em toda a terra. Isso não pode ser feito internacionalmente. Cada país deve ter o seu plano nacional de biodiversidade e suprimento de energia.

    2. Seqüestrar o carbono.

    3. Tecnologia.

    4. Financiamento. Para o tratado de 2009 os Estados têm que ratificar o novo protocolo.

    Construir modelos econômicos de externalidades. Poderíamos reduzir 80% da emissão de GEE em curto espaço de tempo e sem investimentos imediatos. Isso tem que ser conduzido de forma científica pelos países e não com campanhas sobre o verde etc. As dívidas com o Banco Mundial poderá ser paga com um outro tipo de moeda em termos de resolução dos problemas com mudanças climáticas.

    Repensar projetos arquitetônicos. Domesticar as exigências de energia. EUA desperdiça 25% da energia produzida, segundo pesquisas. Poderão ser utilizados instrumentos tributários para isso.

    Mudanças Climáticas é tão sério que todos os instrumentos disponíveis devem ser utilizados.

    Leitura: Primeiro parágrafo da Agenda 21 como conclusão.

    JARBAS e ALEX

    01 Coordenador e 04 sub coordenadores. PJ criada em 2003 (84 comarcas em 246 municípios da bacia). Utilização do art. 131, Código de Trânsito para transporte ilegal de carvão em MG. A multa ambiental tem que ser quitada. Ofício aos DETRANs. PJ por bacia rompe paradigmas. Rio SF 3700 km. Quatro sub bacias com sede em Sete Lagoas. Promotor da Comarca + coordenador da sub bacia. Os promotores da Bacia não atuam em poluição sonora. Prioridade: ações uniformes, combate aos lixões, parcelamento do solo, saneamento, preservar e ampliar as unidades de conservação (discussão do art. 36, do SNUC), áreas de preservação permanente, mineração, siderurgia e carvão.

    Simulação do computador (apresentação do Alex) da reconstituição da APP em caso de mineradora. Convênio da PJ por bacia já está em fase de renovação do convênio. Paulo César está fazendo trabalho de fortalecimento dos Conselhos municipais do meio ambiente.

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    2º DIA

    Médico Ortomolecular Fernando Flacker – 02111 3849 3385 (médico Ana Rubia)

    ANA FLÁVIA B. PLATIAU

    Posição do Brasil nas negociações internacionais

    Prioridades dos países em desenvolvimento

    1. Países em desenvolvimento adotaram a posição de adaptação e os desenvolvidos adotaram a posição de mitigação (clivagem clara desde Nairobi).

    Brasil participa com 3% do PIB Global, 2,5% da população global e 4% das emissões globais de carbone. LULUCF (land use, land use change and forestry). Brasil é um grande emissor, porém com posição de fácil reversão do quadro. 88% da eletricidade é hidroelétrica. Brasil tem posição confortável para negociar.

    Papel do Brasil

    • Ativa atuação diplomática.

    • Não criou governança regional. Não há um grupo na América Latina.

    • Grupo negociador: G77 – China

    • Grande potencial para projetos do MDL

    Princípios que o Brasil defende:

    1. Soberania;

    2. Responsabilidades comuns porém diferenciadas (art. 4, da CQNUCC). Esse princípio resume a posição do Brasil.

    3. Precaução (não adotamos na prática esse princípio).

    Construção de capacidade.

    Transferência de tecnologia. Não há efetivamente. Muito pouca.

    Brasil tem assumido uma posição de liderança no G77-China. O desafio principal é integrar o desenvolvimento sustentável e o uso da terra.

    BIBIANA CARVALHO

    Mercado de Créditos de Carbono

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    O que está por trás de tudo isso é um problema (efeito estufa). Mas o efeito estufa não é maléfico, mas ao contrário ele propicia que a Terra tenha uma temperatura que permite a vida aqui. No entanto, o aumento dos GEE é que é o problema. A diferença entre o remédio e o veneno é a dose.

    Rio 92 (convenção quadro – norma geral – diz qual o problema e quais os objetivos). A convenção tem reuniões anuais (COPs – reunião das partes). Depois o Protocolo de Kyoto, de 1990, com meta de redução de 5%, para países do anexo I (países desenvolvidos – cada um tem sua meta). Essas metas são atingidas através de medidas internas (política pública), por comércio de emissões e implementação conjunto e MDL. Para os países em desenvolvimento não existe meta, mas não significa que não tenham que tomar medidas para resolução do problema.

    Os países não anexo I ajudando os países do anexo I recepcionando os projetos de MDL.

    Mercados: 1) regulado e obrigatório de Kyoto e o 2) voluntário – relacionado ao cumprimento de metas fixadas pelo participantes.

    MDL: Projeto, validação, certificação, registro (nessas três últimas passa-se por avaliações para ver se vai cumprir as metas do Protocolo de Kyoto). Muito controlado esse projeto. Depois vem o monitoramento feito pela própria parte que fez o projeto. Porém, uma entidade operacional designada (certificadora independente). Quando é um grande projeto, essa entidade não pode ser a mesma que validou.

    Mercado voluntário: projeto, certificação, registro, porém fora do Protocolo de Kyoto. Criou-se uma equivalência dos GEE.

    Compradores: países do anexo I, Banco Mundial, empresas privadas etc.

    Brasil ocupa o terceiro lugar em projetos de MDL (179), atrás da China e da Índia. SP (22%), MG, RS. GO tem 5%.

    O mercado de crédito de carbono sozinho não vai resolver o problema do aumento das emissões dos GEE. Porém ele não pode ser ignorado, mas é um instrumento importante para a proteção do ambiente.

    FABIO FELDMAN

    MDL – Contrato e medidas compensatórias

    As imagens de satélite na década de 80 é que mostraram a extensão do dano na camada de ozônio. Daí surgiu o IPCC. Se houve muita criatividade em 80 para criatividade, com a criação do IPCC (1988), faltou em relação à proteção da biodiversidade. A cada 5 anos o IPCC lança um relatório que de certa forma vincula os países, após sua aceitação. Em 1990, o IPCC lança o primeiro relatório, que foi a base para a construção da convenção quadro de Mudanças Climáticas. As decisões da ONU são feitas com base no consenso e não no voto. Isso cria uma enorme dificuldade (ambigüidade deliberada). A redação é sempre feita para todos concordarem. No primeiro relatório do IPCC estava escrito que a redução deveria ser de 60%. Tudo hoje se resume a: “...afetando perigosamente...”. Brasil assinou a

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    convenção do clima, mas não a de biodiversidade. Bush retirou os EUA do Protocolo de Kyoto. Esse Protocolo é o primeiro tratado que fixou metas. Daí a dificuldade de se saber qual a sanção para os países que não cumpriram a meta (boicota-se comprador e não vendedor).

    2007 – Mudança radical de percepção sobre mudanças climáticas. Não há mais o que se falar sobre o assunto. A situação fática já está maior do que a comunidade científica está falando. Outra contribuição do último relatório do IPCC foi dizer da grande contribuição do desmatamento para o efeito estufa. O Brasil pode vir a sujar a matriz em razão das grandes jazidas de petróleo encontradas recentemente. Fábio Feldman defende o MDL porque: 1) cria instrumento de mercado. Na área de meio ambiente os instrumentos econômicos são importantíssimos. Capacidade de fazer parcerias estratégicas; 2) a certificação. Ex.: APP e RL. Poder público participa em pé de igualdade com as entidades privadas. Qual a natureza jurídica da certificação?

    ZENILDO BODNAR – Juiz Federal

    Risco e equidade intergeracional

    Os problemas são locais, mas as ações são locais. Distribuição equitativa das externalidades negativas. O desenvolvimento sustentável é um imperativo tridimensional (atual, futura e toda a comunidade de vida). Vivemos em uma grande teia. Não só os humanos são os destinatários da proteção ambiental. Equidade do ponto de vista intergeracional. Temos que deixar para as gerações futuras a mesma quantidade de bens ambientais. Além de deixar o que recebemos, devemos deixar algo melhor, porque a tecnologia está avançando muito. Não deixar só os riscos e as externalidades. Essa também é uma reflexão ética, para o nosso direito.

    O Judiciário não precisa substituir o Executivo, porém com uma atuação mais enfática.

    Lógica de ponderação. Teoricamente não temos uma tirania de bens e valores, porém a avaliação do ambiente tem que ser diferenciada. Ordem Jurídica justa. Todos estão convidados para essa luta. Ações pequenas, mas conseguiremos fazer a diferença. Uma nova ética, que tenha preocupação com o futuro da humanidade.

    JÚLIO COSTA DA SILVEIRA

    Gerações presentes e futuras, desafios em face das mudanças climáticas

    Existe um fio condutor muito semelhante com relação à discussão filosófica de proteção ambiental. Filosofia tem como característica básica o levantamento de problemas e no máximo ela apresenta sugestões para pensar esses problemas, promovendo a reflexão. Não traz soluções, nem respostas.

    O que são interesses ou direitos difusos? Nos paradigmas modernos eles têm uma característica básica a impossibilidade de apropriação. Pertencem a todos e não pertencem a ninguém. Transcender o próprio conflito em si. A nova interpretação tem que ser ampliativa e contextualizada. A estrutura da sociedade contemporânea é muito complexa e cria um universo que não conseguimos visualizar o todo. Essa sociedade é marcada pela tecnologia (Techno e logos). Começamos então a

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    deshumanizar por causa da complexidade e tecnologia da sociedade contemporânea (racionalismo científico – procura separar todas as questões, compartimentar). Daí o que chamamos a sociedade de risco. Diferenciação substancial entre perigo (não há interferência do humano) e risco (há a interferência do humano). Segurança Jurídica: a previsibilidade funciona como desejo. Baseada numa pretensão de construção em valores inflexíveis. Isso não existe mais. Ilya Prigone (homem) – Livro: A era da incerteza. Daí a falência dos marcos regulatórios. Direito moderno incompatível com a visão sistêmica da sociedade. Daí cria-se uma ambigüidade reflexiva. Não conseguimos lidar com as realidades econômicas, sociais... Variabilidade de paradigmas possíveis. Idéia de possibilidades. Não resolvemos todos os nossos problemas por matrizes com respostas únicas. Produzimos então essa multiplicidade de crises. A modernidade se constrói pelo paradigma racional. Portanto, não crê em pós modernidade porque ainda o paradigma teológico é ainda bastante forte. Na constituição, antes dos direitos fundamentais, vem as garantias constitucionais dos direitos fundamentais, como por exemplo o direito das gerações futuras. Assim, nosso maior embaraço é o tempo, que se subdividiria em 1) o tempo no direito é um tempo diferente, que corta, cinde e compartimentaliza. Ex.: prescrição. 2) tempo físico astronômico é uma abstração matemática. Tenta adaptar o exterior e o interior, a partir dos paradigmas estáticos da física e matemática. Mesmo que temos a física quântica, porque ele delimita um mundo muito grande ou muito pequeno. 3) história pessoal e da comunidade. Ambigüidade entre o indivíduo e o indivíduo.

    Sugestão de Solução: Construção de uma idéia de uma dignidade humana dentro de um critério de atemporalidade.

    Daí devemos discutir então a existência humana. Não conseguimos viver isolados. Reação ao paradigmas de que só conseguimos construir o EU. Compulsão individual. Idéia de realidade única não existe. Buscar a construção de uma ética da diferença, que passa pelo acolhimento atemporal ao outro. Intersubjetividade que afastasse o papel do anonimato. Ninguém é responsável por nada. Não fui eu etc. Então, supressão do paradigma do anonimato. Assim, busca-se as identificações (quem fez o dano ambiental). Essas fugas de responsabilidade de autoria teriam que ser suprimidas na nossa reflexão. Reação às pretensões neutralizantes. Idéia de alteridade como dado real, não mais só como indicativo de um sintoma, mas reescrever a idéia de subjetividade. Reconstrução de uma ética da existência indiferenciada. A falência dos marcos regulatórios geram crises, que só a ética da indiferença, atemporal, isso permite a formulação de uma nova matriz regulatórias, apta a proteger as gerações futuras.

    A tolerância à diferença.

    ROGÉRIO PORTANOVA - SC

    Justiça e proteção ambiental

    Musica de Mercedes Sossa (tudo cambia...)

    Imagem do cientista americano do IPCC, nesta semana – o continente ártico está em degelo e pode desaparecer nesse verão. Têm muitos que tem expectativa de ganhar muito com o aquecimento

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    global. Ex.: investimentos em bolsa de futuro de alimentos, a Sibéria vai ficar mais aquecida. Como se pensar em justiça ambiental dentro de um quadro desses.

    Concepção de Estado do Canotilho.

    O Neoliberalismo não criou o Estado mínimo, mas um Estado de mal-estar da civilização. Ganhamos mais do que nossos pais, mas vivemos pior e temos mais angústias do que nossos pais. Descartes escreveu sobre o mal estar da civilização. Isso se estendeu para uma lógica industrial, o que for. Agora a Justiça está dentro dessa lógica. Assim, a Justiça não vai resolver, a não ser que se mude a lógica.

    QUAL A PAUTA DO JUDICIÁRIO?

    (A fuligem são as borboletas do progresso – posicionamento de ministros e desembargadores).

    IDEIA DA CONSTITUIÇÃO DO JUDICIÁRIO ENQUANTO PODER

    Todo poder emana do povo. Um dos elementos constitutivos da soberania.

    A idéia de soberania é uma representação geográfica – interesse econômico concreto. A isso se chama direito internacional. As trocas se dão a partir do interesse egoístico. A Justiça ambiental tem que se dar nesse âmbito. Ou se muda a configuração geográfica da construção da soberania ou não há que se falar em Justiça ambiental ou qualquer Justiça. Os bascos estão mais integrados na união européia, do que na Espanha.

    O que interessa para a soberania: Território (Terra) o povo global (as culturas e as línguas sempre existirão). Todo mundo é cidadão. Enfrentamos juridicamente isso, ou não teremos justiça ambiental. Aí seremos Filhos da Terra. Salto quântico. Tudo vai existir como está, mas teremos uma outra percepção da realidade global. Uma soberania que venha do povo e possa decidir. Humanidade e a mãe terra. Terra pátria do Edgar Morin é o que os juristas precisam fazer.

    Letra do Caetano Veloso. Amor à Terra. ...não sou nem quero ser o seu dono, mas as vezes um carinho vai bem...

    CARLOS ALBERTO MOLINARO

    Ambiente: Lugar de encontro das condições bióticas e bióticas se reúnem para possibilitar a existência, a vida.

    Instrumento de regulação pela regulação. Quantas gerações futuras deverão pagar o preço para que essa geração tenha os recursos naturais a sua disposição.

    CONSUELO YATSHUDA

    Alternativas energéticas: avaliação de impactos, teses desenvolvimentistas e o papel do Judiciário

    LUIZ FERNANDO VILLARES E SILVA

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    Combate ao desmatamento e responsabilização ambiental

    Princípios de atuação:

    1. Desenvolvimento sustentável

    2. Transversalidade – Política integrada de governo

    3. Participação e controle social

    4. Fortalecimento do SISNAMA (gestão ambiental cabe a todas as esferas de governo)

    MMA

    1. Forte agenda internacional

    2. Plano Nacional de Mudanças Climáticas. Será apresentado ao Congresso Nacional.

    3. Combate ao desmatamento

    4. Biocombustíveis. ZEE e controle da cadeia produtiva.

    5. Eficiência energética. O principal órgão é o MME (PROINFA)

    Importância do combate ao desmatamento no contexto de mudanças climáticas

    Brasil é o 5º maior emissor de CO² e mudança no uso das terras (que englobam enre outros fatores a supressão da vegetação e as queimadas) responsáveis por 77% das emissões de CO² brasileiras.

    Política do MMA

    1. Concessão de florestas públicas – terras indígenas ficaram fora da legislação. Modelo alternativo à privatização da terra. Controle da floresta pelo Estado. Populações tradicionais e empresas. Uso múltiplo (extrativismo e recurso madeireiro).

    2. Fiscalização. Empoderamento dos Estados para fiscalização. Obrigatoriedade do embargo (decreto n. 6.321/07); Redução do tempo de procedimento de apuração de infrações ambientais, que hoje tramita em dois anos. Necessidade de novos instrumentos – apreensão e destinação dos instrumentos e produtos.

    3. ZEE;

    4. Acompanhamento remoto (satélite). Hoje o satélite só pega desmatamentos maiores do que 50 hectares;

    5. Política de crédito. Bancos oficiais e privados incentivam o desmatamento sem o cuidado ambiental. Decreto 6321/07. Resolução 3.545/08, do Conselho Monetério Nacional (abrange todas as propriedades do Bioma Amazônico). Necessidade de recadastramento e georreferenciamento IN 44/08 do INCRA. Só com o CCIR e regularização ambiental os

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    proprietários poderão requerer crédito público e privado. Site do IBAMA – cadastro de imóveis embargados.

    6. Responsabilização da cadeia produtiva. Não é só o fazendeiro o responsável, mas o comprador e por fim o consumidor. Esse consumidor. Decreto 3179 (infrações ambientais).

    WERNER GRAU

    Natureza Jurídica dos certificados de redução de emissão

    Integridade – Protocolo de Kyoto tem finalidade ambiental e não criar instrumentos econômicos e mudar a natureza dele. Mudar o conceito talvez: emissão setorial.

    Grande desafio é transformar APP e RL de custo a receita (trabalha-se serviços ambientais).

    O art. 14, da 6938 trabalha com o dano ocorrido e agora no caso da Amazônia trabalha-se com a prevenção.

    Crédito complementar: instrumento de natureza econômica, de caráter complementar.

    Certificado: natureza intangível

    Conceitos: voluntariedade, adicionalidade e sustentabilidade.

    O que é sustentabilidade dentro do conceito de crédito de carbono?

    Natureza Jurídica:

    1. Commodity ambiental – prende-se à noção de fungibilidade.

    2. Título Mobiliário – cartularidade dispensável, representa direitos e obrigações marcados pela mobilidade do título – regulamentação.

    3. Prestação de Serviço – circular 3291/06 BACEN (câmbio). Assim o BACEN a entende.

    4. Valor Mobiliário – tendência pelo PL 493/07 (com anexo o 494/07 e 1657/07). Aqui tem que regulamentar. Hoje não a tem.

    5. Bem incorpóreo – intangível, representativo de direitos – MELHOR SOLUÇÃO. Há um PL no Senado que classifica os certificados como bem incorpóreo e intangível.

    A tributação internacional – taxação aos projetos, para despesas administrativas e financiamento da adaptação às Partes mais vulneráveis.

    A natureza do sistema e a incongruência da tributação no âmbito interno.

    3º dia

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    FRANCISCO GRAZIANO NETO

    Zoneamento e limites da expansão agrária

    LUIZ CLÁUDIO MEIRELLES

    Segurança alimentar e agronegócio

    RODRIGO AGOSTINHO

    O impacto ambiental dos biocombustíveis

    A questão das mudanças climáticas demonstra uma preocupação muito grande com o homem (antropocêntrica). Muito degelo está ocorrendo principalmente em montanhas. Óxido nitroso também é produzido na queima da cana. Tornado em Indaiatuba-SP em 2005. Há um cenário claro de mudanças climáticas. Estamos causando uma extinção de espécies sem precedentes. Mapa do IBGE sobre destruição de habitats. Brasil não tem uma política de trabalhar com áreas abandonadas. Mapa do ISPN (ONG), sobre a distribuição das usinas de álcool.

    Principais impactos:

    1. Desmatamentos e o corte de árvores isoladas;

    2. Emissões atmosféricas decorrentes da queima da palha;

    3. Riscos de contaminação da água com a vinhaça (a cada litro de álcool são gerados 14 litros de vinhaça). O Protocolo de SP reduz para 2017 o fim da queima. Enquanto tivermos a queima, não podemos dizer que o etanol é um combustível limpo. Há uma pressão muito grande nas pequenas propriedades. Há que tem uma compensação para quem mantém reserva legal. Em 2007, foi aplicado quase 8 milhões de multa pela CETESB. Produção de álcool em SP é de 10 bilhões de litros. Então de vinhaça temos 140 bilhões de litros. Isso tem sido infiltrado no solo e não sabemos o impacto disso para o aqüífero Guarani. A perda do solo nas lavouras de cana tem se preocupado com a perda da fertilidade do solo. 58% do biodiesel vêm da soja.

    Conseqüências:

    1. Perda irreparável de biodiversidade 137 espécies estão ameaçadas de extinção.

    2. Emissões de carbono

    3. Perda de solo e de água. Assoreamento das principais bacias hidrográficas brasileiras. Nos plantios de soja a perda média é de 25 toneladas há por ano.

    A principal causa de desmatamento na Amazônia é o gado e a carne é exportada (consumo interno também). A tradição de consumo na Amazônia é o peixe.

    [email protected].

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    ROMULO SAMPAIO

    Biocombustíveis e mercado internacional de créditos de carbono

    Hoje já temos uma herança negativa dos nossos avós. Não podemos usufruir das águas do Meia Ponte e córregos urbanos. Não só o legado que deixaremos para os netos, mas também o que nós já sofremos.

    Hoje já temos vários de mercados de carbono e não só o de Kyoto. Ex.: clean air act acid rain tradin program (1990) e nitrogen oxide budget trading program

    Mecanismos podem ser globais (Kyoto), regionais, nacionais (EUA), Estaduais (mais nos EUA).

    Justificação:

    1. auxiliar a estabilização dos níveis de cão na atmosfera;

    2. Instrumento econômico de incentivo à redução de emissões de poluentes

    3. Atribuição de preço na poluição (atmosfera agora tem um preço). Internalizar uma externalidade. Desde 1992, a atmosfera se tornou bem comum.

    Tipos de Mercado

    1. Mercado fechado (cap and trade). Distribui-se cotas para determinado grupo de emissores e teriam metas. Ex.: cotas para o setor sucroalcooleiro. Não há necessidade de muitas regras para esse sistema. Ele mesmo se auto regula.

    2. Mercado aberto (credit program). Aqui eu permito que aqueles que não consigam cumprir suas metas em mercados fechados, busquem esses créditos em outros lugares (reinvestir no mercado fechados). Ex.: MDL. Aqui as regras são bastante restritas e organizações que regulem esse mercado.

    Mercado voluntário X regulado

    Voluntário quanto à adesão ou participação

    Regulado:

    Instituições:

    1. Publicas internacionais;

    2. Públicas nacionais;

    3. Privadas (por delegação ou não).

    Oportunidades para projetos de biocombustíveis

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    1. Mecanismos fechados: otimista

    2. Mecanismos abertos: otimista com reservas

    Brasil é muito forte politicamente no MDL e por isso pode barrar projetos de outros países

    Conclusão: esses mecanismos de mercado são auxiliares. As políticas públicas nos países têm que ser cumpridos. Não é só pagar pela poluição. Só usar esses mecanismos pode ser muito perigoso.

    Texto de Maquiavel: conhecer a natureza dos inconvenientes.

    UBIRACY

    Infrações administrativas

    Lei de crimes ambientais estabeleceu quem autua, as 10 penalidades que podem ocorrer, majorou o valor da multa, fixou prazos para processos administrativos. Daí vem o Decreto 3179/99 nos mesmos parâmetros da lei.

    Algumas providências do decreto não ficou tão igual ao da lei, como por exemplo, o art. 76, que trata da gestão concorrente, limitando os poderes da União. Nicolau Dino em seu livro questiona a constitucionalidade desse artigo. O infrator pagando as multas estaduais e municipais ele se livra da multa da União. Decreto fala sobre a destinação dos recursos e apenas 10% será destinado para o fundo, o que a lei dizia sobre 100% (isso também é incongruente com a lei).

    Na infração administrativa, a multa pode ser reduzida em até 90% se ele cumprir a sanção cível.

    Reincidência específica (mesmo tipo de infração, pode ser majorada em até 3 vezes) e genérica (outro tipo de infração, há uma duplicação do valor).

    Sugestões:

    1. Excluir a expressão por negligência ou dolo do artigo 72§ 3º, da lei de crimes ambientais, pois fere a previsão de responsabilidade civil objetiva e o princípio da vedação de retrocesso (efeito cliquet – os direitos fundamentais uma vez reconhecidos, devem ser ampliados e nunca reduzidos).

    2. Autonomia dos fiscais para aplicação de multa simples ou diária independentemente do infrator ter sido advertido.

    NELSON ROBERTO BUGALHO

    Crimes contra a flora

    Ambiente natural não pode ser dado o mesmo tratamento ao ambiente artificial, porque são realidades diferentes.

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    Ordem constitucional de criminalização. São crimes os comportamentos anti ecológicos. Caráter subsidiário do direito penal (a via extrapenal deve ser preferida).

    Ambiente = bem macrossocial. Bem jurídico categorial (objeto jurídico genérico de proteção). Flora = bem jurídico específico. Verticalização do bem jurídico. A acentuada especificação do objeto de proteção pode comprometer uma eficiente proteção do bem jurídico. Ex.: ilícitos penais que cuidam da flora aludem a determinadas formações vegetais e outras são ignoradas (art. 38 39, 44, 50).

    Missão da tutela penal da flora deveria ser preventiva (delitos de perigo, em especial perigo abstrato). So os artigos 42 e 52 são de perigo.

    Não se mostra adequada a proteção penal nos artigos 38 e 39: Conseqüências jurídicas – incompreensível disparidade entre as penas abstratamente cominadas. Quem destrói uma árvore tem a mesma conseqüência de quem destrói uma floresta inteira.

    Espaços territorialmente protegidos tem matiz constitucional. Sugestões do palestrante em relação aos crimes cometidos em unidades de conservação:

    1. Maior rigor na penalidade quando se tratar de dano à unidade de conservação do que no seu entorno. Maior gravidade do injusto. Realidades diferentes, mas tratamento igual;

    2. Dano direto e indireto. Alguns dizem que é incostitucional o artigo 40 nessa peculiaridade. É só suprimir o direto e indireto e a lei terá a mesma eficácia.

    3. Inaplicabilidade do § 3º do artigo 40-A.

    4. Art. 52, menor abrangência. Só deveria constar as unidades de proteção integral. Assim abrange muitos comportamentos típicos. Deveria ter considerado os apetrechos da pesca;

    5. Art. 50 – do objeto material

    6. Art. 41 – incêndio florestal. Não deveria ter sido apenas as expressões matas ou florestas. Só se compreenderia que as demais formações vegetais estariam de fora da proteção.

    7. Art. 45 – Exploração irregular de madeira de lei. Não existe ato dizendo o que é madeira de lei. Existe uma antiga portaria do IBDF.

    8. Art. 53 – circunstâncias catalogadas no inciso I são praticamente inaplicáveis. As aferições estão condicionadas há muito tempo. A prescrição chegaria antes de se conseguir comprová-las.

    NICOLAU DINO CASTRO

    Responsabilidade Penal da pessoa jurídica e do dirigente

    Precisa de melhoramento da lei, vez que não há tanta efetividade.

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    Concurso necessário dos agentes? Citação de jurisprudências. Teoria da realidade objetiva deve ser conjugada à dupla imputação. STJ julgou um recurso especial n. 564960, de 2006 ratificando a lei quanto à ratificação da possibilidade de imputação da pessoa jurídica. No entanto, a partir de uma afirmação feita nesse acórdão, outros julgados passaram a entender que só se pode haver o processamento da pessoa jurídica se houver a imputação dos dirigentes de forma simultânea.

    Nessa esteira já veio o HC 93.867 – TJGO e mais outros julgados. Esse ponto nos parece distorcido do sistema da dupla imputação. Duas vias: culpa direta da pessoa jurídica e da culpa indireta, onde a responsabilização dos dirigentes depende da culpa da pessoa jurídica.

    Em momento algum se pode extrair a idéia do concurso necessário. Essa parece a posição mais adequada. Permite-se a dupla imputação, porém não como concurso necessário.

    Poderia haver a modificação do § 1º, do art. 3º, da lei de crimes ambientais (colocar uma vírgula antes de “...desde que possível a identificação...”).

    É preciso fazer ajustes, mas não com o pragmatismo da common Law. Dotar a Lei 9.605 da efetividade.

    Proposta de modificação legislação, se não for possível a via da interpretação, do sistema da dupla imputação.

    JOSÉ EDUARDO RAMOS RODRIGUES

    Crimes contra o patrimônio cultural e urbano

    Art. 63 – seria importante a imputação por culpa, principalmente com relação ao patrimônio paleontológico.

    Art. 65 – pichações de propaganda eleitoral deve ser considerada como crime (isso é só interesse particular ou corporativo). Deveria se tratar também da área rural e não só urbana. Punição de pessoa jurídica quando se tratar de propaganda dessas.

    Art. 58, I, do Estatuto do Índio – único delito contra o patrimônio imaterial.

    Patrimônio Palentológico – art. 63 e 64. A conduta da comercialização desse bem está impune. Pode-se utilizar o art. 2º da lei 8.176 (os fósseis podem se enquadrar nesse tipo).

    Evasão de bens culturais para o exterior – os bens móveis 334 CP (contrabando) estão fora da proteção. Decreto 25/37 Lei 3921 (condiciona uma autorização do IPHAN). Leis protetivas: 4.845/65 e 5.471. Portaria 24 do Ministério da Defesa (art. 53).

    Art. 48 da lei de contravenções é a única penalização do comércio clandestino de obras de arte. Veio a regulamentação por meio da IN n. 01/07 do IPHAN.

    UBIRATAN CAZZETA

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    Crimes contra a fauna

    Antes de modificar a lei é preciso implementá-la. Ainda não temos estruturas de investigação e fiscalização adequadas.

    Invisibilidade das soluções adotadas no âmbito dos Juizados. Eles não formam jurisprudências. Talvez por falta de divulgação do que acontece nos Juizados. O que chega no STJ são tipos penais fora dos 20 tipos de competência dos juizados.

    Ausência total de critérios objetivos para a transação ou suspensão penal.

    MANCUSO

    A judicialização das Políticas Públicas

    Código de Processo Coletivo no Senado.

    Função judicial do Estado contemporâneo: não pode estar ligado à tópicos como universalidade, monopólio da função judicial do Estado etc. como nos termos antigos. Lidamos com o aumento da conflituosidade , sociedade massificada. São elementos que não existiam quando se formou o Estado de Direito e o Judiciário. A lide era o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. A coisa julgada nesse tipo de ação para resolver os conflitos atuais deve ter uma carga expandida. Legitimidade: os juízes não tem mandato popular que os credencie a escolher em nome da comunidade determinados valores. Ex.: o que é melhor um aterro sanitário ou uma usina de incineração, a manutenção da cachoeira ou um lago para hidrelétrica.

    Outro exemplo é a política de águas do governo com a transposição do Rio São Francisco. O Judiciário não tem como pronunciar o non liquet. Ele precisa de fazer um pronunciamento de mérito.

    Pronunciamento do STF sobre células tronco. Cabe ao Judiciário dizer sobre quando se inicia a vida humana?

    No caso da reserva indígena raposa em RR. Cabe ao Judiciário dizer sobre a demarcação da reserva que implica inclusive em diminuição da área do Estado?

    Então é o momento de refletirmos sobre novas concepção de ação, processo e jurisdição.

    Ação civil deixa de ser um instrumento exclusivo de resolução de conflitos intersubjetivos, para ser instrumento de política social.

    O processo deixa de ser o fim, mas permite ao juiz participar em temas importantes para a coletividade.

    Jurisdição deixa de ser um poder do Estado, para ser uma resposta capaz de resolver de forma isonômica os mega conflitos.

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    Somente na sua dimensão dinâmica pode ser avaliada a efetividade do Judiciário. Hoje, ele mesmo, enquanto Instituição não é tão importante. Porém, ele enquanto função, é que precisa ser reavaliado, porque é isso que é importante.

    O Judiciário enquanto função começa a não dar conta do recado, porque são 62 milhões de processo em todo o país (informação da Ministra Ellen Gracie).

    A jurisdição coletiva responde isso de forma adequada, pois dá resposta unitária a vários conflitos. Isso contribui com a diminuição da sobrecarga do Judiciário.

    Judicialização da Política ou politização do Judiciário? Isso não se sabe, mas se ficarmos no sistema clássico, perderemos o bonde da história, pela ineficiência.

    Outros meios como a arbitragem também auxilia.

    Singulares, efetivamente complexos e que não podem ser resolvidos de outro modo = Nova Jurisdição coletiva.

    Cultura da sentença ou cultura da pacificação? Vá procurar os seus direitos !!!

    FIORILLO

    Bens ambientais, energia e segurança nacional: a ação civil pública como instrumento de defesa da soberania brasileira

    É contra o código de processo coletivo em tramitação no congresso.

    1. Falar sobre o bens ambientais e sua transformação em energia é falar sobre bem de uso comum do povo;

    2. Todo empreendedor visa o lucro e faz uso dos bens ambientais. A Lei nº 6.938, é uma lei da ditadura militar que trata sobre soberania e controle dos bens ambientais. Os bens são de uso comum do povo. Poder público gosta da obra, porque daí é que gera o fato gerador do tributo.

    O importante no Poder Judiciário está na Constituição, que aponta um controle judiciário e não nas leis ordinárias. A função dos Juízes deve ser judicializada depois da Carta de 1988. Dizer o direito a uma sociedade que precisa de uma repartição de renda.

    Ponto nevrálgico do direito processual = juiz com cultura do século XXI. Não pode se esconder em princípios processuais etc. judiciário tem que observar a constituição.

    Evangélico constitucional confesso.

    GEISA DE ASSIS RODRIGUES

    Implicações processuais da celebração do compromisso de ajustamento de conduta

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    1. Eficácia natural do TAC – fato relevante que vai ser levado em todas as ações, nos espaços e em outros momentos. Cultura da negociação em direitos transindividuais. Se chegar ao fim, sem fazer concessões indevidas. Há casos que se pode levar o TAC para o bem e para o mal: 1) aterro sanitário em Curitiba; 2) registro de RL e INCRA; 3) municípios começam a receber liberação de valores a serem aplicados na educação.

    2. Hugo Nigro é uma garantia mínima: mesmo após ter sido celebrado, pode-se propor ACP. Eduardo Carvalho entende há uma vinculação apenas para o legitimado que celebrou o TAC. Se o MP assinou o TAC não pode propor a ACP. Édis Milaré entende que só pode propor a ACP em casos de outras obrigações não previstas no TAC. Geisa entende que pode haver a complementação (outra causa de pedir), mas quando for o mesmo objeto do TAC a ACP não poderia ser proposta. O TAC pode ser impugnado judicialmente através de ação popular ou ação civil pública. Havendo um TAC a ACP deve ter como pedido a invalidação do TAC. Geisa pensa que pode compatibilizar a garantia do TAC.

    3. Meios de impugnação do TAC – ACP, mandado de segurança, ação popular. A invalidação do TAC não pode se dar exclusivamente pela ilegitimidade, mas deve-se ter um critério objetivo de que esse não atingiu a proteção ambiental. Já há um julgado do STJ (caso da BA) que considerou o TAC adequado, mesmo que feito por MPE, sendo que a atribuição era do MPF, porque o ambiente ali foi devidamente protegido. O STF também já se pronunciou assim em um caso do MP do Trabalho. O resultado para a sociedade é o que vale.

    HUGO NIGRO MAZILLI

    As vedações do TAC

    1. Não é uma verdadeira transação, porque o TAC não versa sobre direitos disponíveis, mas sim indisponíveis. Não tem disponibilidade.

    2. A lei fez concessões: CDC criou um título executivo extrajudicial.

    3. Mas não tem natureza contratual – não há poder de disposição. É declaração de vontade do Poder Público coincidente com a do particular. Ato administrativo negocial (negócio jurídico de Direito Público).

    Consequencias

    1. Não pode ser tomado por associações, sindicatos, empresas públicas;

    2. Não pode importar renúnica adireitos (art. 841, CC)

    3. NÃO PODE IMPORTAR LIMITAÇÃO MÁXIMA DE DIREITOS DE TERCERIOS;

    4. Não admite cláusulas compensatórias se estas importarem renúncia a direitos do grupo). Não se pode perdoar o passivo ambiental.

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    SP, 1 a 5 de junho de 2008 Mudanças Climáticas, Biodiversidade e o Uso Sustentável da Energia

    5. Não pode importar vedação de acesso à jurisdição (garantia mínima). Se já foi celebrado no TAC a matéria não pode ser rediscutida em juízo, por falta de interesse processual. Para terceiros o TAC não pode ser garantia máxima.

    6. Não pode importar dispensa de obrigações X Fazenda – art. 17, parágrafo único da Lei n. 8.429/92.

    Em suma:

    1. Não há poder de dispor

    2. Não pode importar renúncia ou verdadeira transação

    3. Garantia mínima para terceiros – é ineficaz no que dispuser em contrário

    4. Não pode vedar acesso à jurisdição (individual ou coletivo).

    Questões decorrentes

    E se houver discordância dos co-legitimados?

    E se o CSMP não homologar? Em SP, o TAC só tem validade depois que for aceito o arquivamento pelo CSMP. Isso nada tem a haver com a Lei Complementar do MP. Essa resolução do MPSP extrapola a organização da própria instituição. Se o CSMP não homologar, nada impede que seja proposta a ACP.

    E se a obrigação assumida visar a pagar uma indenização integral pelo dano?

    E se a multa (astreinte) for ineficaz ou ao contrário, excessiva? Juiz pode reduzi-la se houver uma execução.

    E se a obrigação nele assumida não for certa (na existência) e determinada (no objeto)? A rigor, esses TACs não são títulos executivos.

    Reparação integral do dano – não é esse o objeto do TAC, mas isso pode ser feito desde que não se prejudique direitos de terceiros.

    Instrumentalização do cumprimento – feito o TAC pode haver o arquivamento do IC desde que esse seja satisfatório. Deve haver um controle do cumprimento, documentando-o.