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ABRANGÊNCIAS E USO DA EPIDEMIOLOGIA Prof. Claudia Witzel Prof . Amanda Creste

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ABRANGÊNCIAS E USO DA EPIDEMIOLOGIA

Prof. Claudia Witzel

Prof . Amanda Creste

Conceito

"CONHECIMENTO daquilo que se abate SOBRE o POVO".

É o estudo de EPIDEMIAS (conceito antigo – cólera, peste,

tifo, varíola).

Conceito mais moderno de Epidemiologia - é o ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO E DOS DETERMINANTES DE DOENÇAS OU DE AGRAVOS À SAÚDE, EM POPULAÇÕES HUMANAS.

• À Epidemiologia interessa a FREQÜÊNCIA (ocorrência) de doenças ou agravos à saúde em grupos populacionais e os FATORES que influenciam sua distribuição

Fatores que

influenciam

As doenças e ou agravos de saúde NÃO SÃO ALEATORIAMENTE DISTRIBUÍDOS na população.

Horas, dias, meses, anos

Local, espaço

Sexo, idade

Etnia Condições sócio

econômicas

Estado civil

Religiões

escolaridade

O conhecimento sobre saúde humana e doença é a soma de

contribuições de um grande número de disciplinas: anatomia,

microbiologia, patologia, fisiologia, imunologia, medicina clínica,

radiologia e outras.

O interesse maior da MEDICINA CLÍNICA é a atenção e o cuidado

médico voltado para o INDIVÍDUO.

Na MEDICINA POPULACIONAL a COMUNIDADE toma o lugar do

paciente individual como foco primário de interesse. (estão

grandemente inter-relacionadas)

Ex.: a insuficiência coronariana aguda, difícil de diagnosticar com

base apenas em queixas clínicas, é mais provável num homem fumante

de meia-idade, com atividade ocupacional de caráter competitivo e vida

sedentária.

A INFORMAÇÃO SOBRE A OCORRÊNCIA DE UMA DOENÇA

NA COMUNIDADE TAMBÉM CONTRIBUI PARA O

DIAGNÓSTICO.

Para um paciente afebril, com diarréia aguda e intensa, será

muito útil ao médico saber se na comunidade onde vive esse

paciente está em curso uma epidemia de CÓLERA.

O registro adequado de uma doença pode levar, por exemplo:

• ao bloqueio de uma epidemia por contaminação de água ou de

alimentos,

• ou à intensificação de um programa de vacinação contra

doenças de transmissão respiratória.

Ex.: TUBERCULOSE

Há indícios que as primeiras vítimas foram os animais que antecederam os

homens.

Alguns dinossauros que apresentaram fraturas (causa freqüentemente observada)

tinham osteomielite.

Também foi encontrada em Bisões. O DNA do Mycobacterium tuberculosis isolado

de bisões data de 17 mil anos.

Em 2007, foram constatados 2 bilhões de indivíduos com tuberculose no mundo.

TAXA DE INCIDÊNCIA:

Em regiões em desenvolvimento 241 por 100.000 hab e 51,6 por 100.000 hab (morte)

Em países industrializados 51,6 por 100.000 hab e 1,6 po 100.000 hab (morte)

USOS DA EPIDEMIOLOGIA

1º) EM OBSERVAÇÕES DE SÉRIES HISTÓRICAS, que podem trazer à tona

hipóteses explicativas sobre diferenças notadas na morbidade ou na mortalidade.

Figura 1 - Taxas de mortalidade por todas as causas, em pessoas de 55-64 anos,

Inglaterra e Gales, dos anos 1860 aos anos 1960

Taxa/1000

Morris, 1975

Anos 20. A mortalidade nas mulheres continuou declinando, mas nos

homens ela virtualmente estabilizou-se.

Depois da 1ª Grande Guerra era cerca de 33% mais alta, mas no fim

dos anos 50 era duas vezes maior nesses homens.

Por volta da mudança do século houve melhora do padrão de vida. Os

coeficientes de mortalidade geral começaram a cair, tanto em homens

quanto em mulheres.

• Século XIX os coeficientes de

mortalidade geral (por todas as causas),

segundo o sexo, manteve-se alta.

• A manutenção da mortalidade masculina num nível constante era

surpreendente.

• Os grandes os avanços na ciência médica (sulfonamidas - para tuberculose,

estreptomicina, conhecimento do câncer).

• Em particular, duas afecções, ambas mortais e afetando muito mais homens

(na meia-idade) que mulheres, emergiam para se tornarem extremamente

comuns: doença arterial coronariana e câncer do pulmão (câncer

brônquico). (Podem ser, assim, consideradas "epidemias modernas". )

O QUE ESTAVA OCORRENDO?

Figura 2 - Taxas de mortalidade em pessoas de 55-64 anos, Inglaterra e Gales, 1928-1965

USOS DA EPIDEMIOLOGIA

2º) EM MENSURAÇÃO DE RISCO

Pode quantificar as probabilidades individuais de vir a ocorrer um

desfecho desfavorável (doença ou agravo à saúde) em pessoas que pertençam

a uma dada população.

Figura 3 - Risco de síndrome de Down, de acordo com a idade da mãe

...é também importante lembrar que a

probabilidade de não ocorrer o evento medido

é de 44 em 45 nascimentos, nessa faixa etária

de 45 ou mais anos!.

Você acha que 1 em 45 (2,2%) é uma

probabilidade pequena?

Estabelecer uma relação entre o risco de indivíduos fumantes

apresentarem câncer de pulmão.

3º) NA IDENTIFICAÇÃO DE NOVAS SÍNDROMES OU DOENÇAS.

USOS DA EPIDEMIOLOGIA

Um exemplo atual é dado pela descoberta da AIDS.

Foi publicada em 1981 em trabalhos que denunciavam a gravidade da

AIDS caracterizada pela IMUNOSSUPRESSÃO. (A análise desses casos

evidenciou que os pacientes eram quase todos homens jovens, homossexuais ou

usuários de drogas injetáveis, que tinham também uma alta incidência de um tipo

raro de câncer: o sarcoma de Kaposi) Neoplasia associada a um herpes -vírus

É importante ainda salientar que as ações de vigilância devem desencadear

um componente de ação preventiva (prática) desde cedo.

Mesmo antes que se identificasse o agente etiológico da AIDS, já se sabia

quais eram os grupos de risco para adquirir a doença, e quais as principais

medidas preventivas que poderiam ser adotadas.

Em 1987, Gallo sugere que a origem seja na África Central e

Equatorial.

Há estudos (Halmental, 2000) que sugerem que veio de uma espécie

de macaco, e foi transmitida ao homem através dos “AÇOUGUES DE

MACACOS”

http://www.aids.gov.br http://www.agenciaaids.com.br

• Em 2007 havia 33 milhões de pessoas com o vírus da AIDS.

• Já causou cerca de 25 milhões de mortes.

• A cada dia 6800 pessoas são infectadas pelo HIV

• 35% das infecções pelo HIV estão na África do Sul.

• As mulheres representam metade dos infectados.

• Jovens (15-24 anos) representam 45% de novas infecções.

• Modo de transmissão:

• África e Caribe – transmissão heterossexual.

• Leste Europeu e Ásia – uso de drogas injetáveis.

• América latina – transmissão heterossexual e homossexual.

4º) PARA CONHECER A HISTÓRIA NATURAL DE UMA DOENÇA.

USOS DA EPIDEMIOLOGIA

história ou curso clínico" X "história natural" da doença.

A "história ou curso clínico" (a maior parte dos pacientes que procuram atenção

médica seja representada pela menor parcela de portadores da doença: aqueles

cujo grau de severidade ou gravidade é maior).

A história “natural da doença”, (por exemplo: acidentes de trânsito), começa muito

antes que o homem seja nela envolvido, ou por ela "atacado". Compreende o

conhecimento dos fatores arrolados num período "pré-patogênico".

Portanto, OBSERVAR, QUANTIFICAR e CLASSIFICAR tudo aquilo que

pode predispor à ocorrência da doença ou agravo à saúde faz parte do campo

de interesse da EPIDEMIOLOGIA.

Talvez isso possa ficar mais claro se fizermos uma comparação entre duas

questões possíveis de serem propostas ante um caso clínico de doença:

•1 - que contempla a prática médica -: "qual é o diagnóstico e qual o melhor

tratamento?"

•2 - que contempla a observação epidemiológica -: "por que ESTE paciente

apresenta ESTA doença NESTE momento? POR QUE isso aconteceu? isso

poderia ter sido PREVENIDO?".

5º) PARA IDENTIFICAR CAUSAS DE DOENÇAS.

USOS DA EPIDEMIOLOGIA

É o "filet mignon" da Epidemiologia. Na busca (investigação) da etiologia é

que se aplica com mais propriedade o chamado MÉTODO

EPIDEMIOLÓGICO: observar e descrever fenômenos (epidemiologia

DESCRITIVA), formular e testar hipóteses (epidemiologia ANALÍTICA).

Um fator está CAUSALMENTE associado a uma doença se modificações

nesse fator (sua eliminação ou controle) modificam a ocorrência da

doença.

MULTICAUSALIDADE - (a hipercolesterolemia, a hipertensão arterial, o

diabetes melito e o tabagismo figuram entre as causas da doença

coronariana).

Ex.: SAL e a HIPERTENSÃO.

O INTERSALT (estudo internacional cooperativo sobre a excreção de eletrólitos e pressão arterial)

estabeleceu, em nível individual, a associação entre sódio e pressão arterial, independentemente

de outros cofatores que poderiam estar influenciando essa associação, como idade, sexo, índice

de massa corpórea e uso de álcool.

A EXCELÊNCIA DO DESEMPENHO MÉDICO PROFISSIONAL REQUER

CONHECIMENTO EM EPIDEMIOLOGIA...

• qual a probabilidade de ele sobreviver x anos se fizer este ou aquele tratamento?

• que risco corre este paciente?

• qual será o ganho de informação se eu solicitar este ou aquele teste laboratorial?

• vale a pena intervir?

• houve falhas de prevenção que permitiram que este paciente (e talvez tantos

outros) viesse a apresentar esta doença?

• o que poderá ser feito para evitar esse desfecho futuramente?

INDUSTRIALIZAÇÃO – SAÚDE PÚBLICA

Desnutrição infantil,

Esquistossomose,

Doença de Chagas,

Malária,

Dengue,

Cólera,

Diabetes,

Doenças cardiovasculares.

RACIOCÍNIO EPIDEMIOLÓGICO

I - Suspeita em relação a uma possível influência de um fator na ocorrência de uma doença

(prática clínica, a análise de padrões da doença, observações de pesquisa laboratorial ou

especulação teórica)

II - Formulação de uma hipótese específica

III - Teste da hipótese através de estudos epidemiológicos que incluem grupos adequados

de comparação.

•¨DETERMINAR a existência de uma associação estatística

•¨AVALIAR a validade de qualquer associação estatística (acaso, viés, confundimento)

•¨JULGAR se a associação estatística encontrada representa uma relação de causa

efeito.

MÉTODO EPIDEMIOLÓGICO

A pesquisa epidemiológica envolve a observação sistemática de um fenômeno de

interesse em uma população definida.

Essas observações são organizadas e analisadas usando-se vários MÉTODOS

QUANTITATIVOS.

• Envolve o uso da teoria estatística para interpretar os resultados.

• Envolve comparações entre e dentro de grupos ao longo do tempo para determinar

se existe associação estatística entre uma exposição específica (causa) e uma doença

particular.

Estimação de Parâmetros Populacionais

Matematicamente se obtém um valor sumário dos dados amostrados que

representa um parâmetro populacional.

A estimação é usada primariamente PARA DESCREVER A

FREQÜÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE UMA DOENÇA EM UMA

POPULAÇÃO E PARA EXPRESSAR A MAGNITUDE DAS

ASSOCIAÇÕES ESTATÍSTICAS.