absenteismo e presentismo.pdf

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    Absentesmo e presentesmo - indicadores de perdas e danosvtIMAS, EMPrESAS E EMPrEGAdoS dEMorAM A AdotAr MEdIdAS dE PrEvENo, AuMENtANdo oS CuStoS CoM AFAStAMENtoS

    POrsAndrAcunhA | [email protected]

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    Tanto o absentesmo quanto o presentesmo j se tornaram alvos de inmeros estudos por profissionais de sade e segurana do trabalho.

    Mas afinal, como definir de for-ma objetiva e clara o absentesmo e o presentesmo?

    O absentesmo caracteriza-se pelo fato de o trabalhador deixar de com-parecer empresa, conforme a fre-quncia exigida. Independente dos motivos, tais como indisposio para o trabalho, insatisfao com a ativi-dade que exerce ou com o salrio; alm de motivos de ordem particular e familiar. Prejudica de forma signi-ficativa a aceitao do profissional na empresa, podendo culminar em demisso. Mais fcil de ser detectado pela empresa, j que o departamento de recursos humanos tem como saber quantas faltas cada funcionrio apre-senta em determinado perodo.

    O presentesmo caracterizado pela presena parcial do funcion-rio, ou seja, ele est presente na em-presa, mas no desempenha suas tare-fas de forma satisfatria e completa. Na maioria das vezes, quando est nesta situao, o funcionrio apresen-ta forte desmotivao, deixando de produzir o esperado e comprometen-do o bom andamento das atividades normais da empresa. Pode ser conse-quncia de problemas emocionais, fa-miliares, entre outros. Contudo, per-manece no posto de trabalho, mesmo no estando pleno de sade fsica e/ou psicolgica. Esse comportamento pode influenciar outros trabalhado-res, causando mal-estar na empresa. mais difcil de ser detectado, visto que o trabalhador no est ausente do seu posto de trabalho.

    Para Fernando Borges Vieira, ad-vogado snior do escritrio Manhes Moreira Advogados Associados, o

    estudo do absentesmo relevante. Haja vista o fato dos trabalhadores se ausentarem, por motivo justo ou no, provocando sria repercusso em desfavor do empregador, muito alm do mero comprometimento do trabalho que deixa de ser realizado. A mesma anlise pode ser efetuada com relao ao presentesmo. Am-bos fenmenos so causa e consequ-ncia de polticas internas que sem-pre ho de ser repensadas.

    J Oswaldo Merbach, diretor da B2P Business to Person, acredi-ta que o conceito de presentesmo recente. To recente que em boa parte das empresas o desconhece. No raro ouvi absentesmo como in-dicador de ausncia e presentesmo indicador de presena. De qualquer forma, estamos falando da mesma

    essncia: ausncia. Um tratado de ausncia fsica, completa, o absente-smo; e o outro para expressar a au-sncia mental, intelectual, ausncia do pensamento e da concentrao no trabalho.

    Para Alexandre Veloso, mdi-co do trabalho e por nove anos res-ponsvel pela sade ocupacional da FIAT Automveis, tanto o absentes-mo como o presentesmo so doen-as organizacionais. Elas tm como pano de fundo a reduo da capa-cidade para o trabalho, geralmente relacionada a questes de sade (f-sica, mental ou de funcionamento social). Podem, portanto, serem en-tendidas como desvios nos padres comportamentais esperados na sade corporativa, que comprometem o de-sempenho profissionais, a produti-vidade e/ou a qualidade do trabalho executado, com impactos sobre o re-sultado empresarial, com a presena fsica, no caso do presentesmo, ou ausncia, no absentesmo, do traba-lhador do seu ambiente de trabalho.

    Hoje tambm consultor Alexan-dre Veloso afirma que o assunto ain-da tratado pelas corporaes como uma questo meramente trabalhista, a partir do acompanhamento das taxas de absentesmo e gesto individual

    Fernando Borges Vieira, advogado snior

    Oswaldo Merbach, diretor da B2P Business to Person

    Alexandre Veloso, mdico do trabalho

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    de casos que extrapolam as expecta-tivas, portanto ainda muito focado na responsabilizao do indivduo. No caso do presentesmo, esse ainda muito desconhecido e mal avaliado, embora estudos bem conduzidos te-nham demonstrado impactos na pro-dutividade trs vezes superiores, em mdia, ao absentesmo.

    oPreJuZo,emquAlquerumdoscAsos,semPrecerto

    Existem casos em que o presen-tesmo causa muito mais prejuzo financeiro para a empresa do que o absentesmo.

    No caso de um trabalhador ab-sentesta, esse pode ser substitudo por outro profissional que possa de-sempenhar suas funes, enquanto estiver ausente por motivos de sade ou qualquer outro que tenha causado seu afastamento.

    J o trabalhador presentesta per-manece presente fisicamente, porm com ateno totalmente dispersa com relao atividade que deveria estar sendo desempenhada, podendo causar acidentes com vtimas ou da-

    nos materiais por no estar atento ao trabalho. Motoristas, por exemplo, acometidos por esse mal colocam em risco no s suas vidas, mas tam-bm a vida de outras pessoas, como o caso de motoristas de nibus ou pi-lotos de aeronaves.

    O advogado Fernando Borges Vieira enftico ao apontar os pre-juzos para o empregador. O absen-tesmo provoca, sobretudo, e entre outras questes muito prejudiciais, a onerao da empresa no que con-cerne aos custos diretos e indiretos. O trabalhador que passa a se ausen-tar faz com que seja destacado at mesmo contratado outro profissio-nal para substitu-lo e, por sua vez, o empregador v-se obrigado a rea-lizar novo processo seletivo e a ca-pacitar esse profissional, investindo tempo e dinheiro.

    De acordo com ele, para o tra-balhador, o absentesmo afeta de forma direta a sua empregabilidade. Certamente coloca em risco o seu emprego, pois no pode o emprega-

    dor contar com um profissional que no aparece no trabalho. Contudo, vale salientar que, no raras vezes, a ausncia do trabalhador se justifi-ca, a exemplo daquele que se afas-ta por motivo de doena ou mesmo acidente de trabalho. Neste caso, em que pese a justa causa, o empre-gador tambm ter os custos origi-nados pela ausncia do trabalhador. Ao mesmo tempo em que as empre-sas desenvolvem planos voltados aos empregados, sob o escopo de mant-los em seus quadros de pro-fissionais, os empregados muitas vezes permanecem nestas empresas justamente porque h uma poltica clara de benefcios, a exemplo de um plano de carreira bem estrutura-do ou de prmios conferido queles que no se ausentaram durante o ano, explica Viera.

    Laura Pedrosa Caldas, psicloga atuante no setor eltrico e que atual-mente desenvolve tese sobre absen-tesmo-doena e intervenes psi-cossociais, afirma que a perda para todos considervel. O empresrio perde em produtividade, tem os cus-tos de sua produo aumentados, o que impacta diretamente na gesto de pessoas e na reorganizao de tarefas; impactando tambm nos tra-balhadores produtivos e presentes. Para os trabalhadores as perdas se do no sentido do comprometimento do desempenho, doenas e dificul-dades muitas vezes de integrao, j que nem sempre recebem apoio da equipe, que tende a acumular ati-vidades. A sociedade tambm perde com o repasse dos custos para os consumidores, visando garantir o lu-cro. Alm do impacto na previdncia social, quando o absentesmo, por motivo de doena ou acidente de tra-balho, excede 15 dias.

    Existem casos em que o

    presentesmo causa muito mais prejuzo

    financeiro para a empresa do que o absentesmo.

    Tanto o trabalhador quanto a empresa amargam prejuzo com o presentesmo e o absentesmo

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    A psicloga esclarece que no existe um clculo preciso, pois v-rios fatores so agregados. Contudo, a literatura aponta que para cada dia perdido, o custo mdio de 4 dias de produtividade. Mas no existe uma regra unssona. Ainda preciso con-siderar perdas de outra ordem, alm da financeira. Por exemplo: a ausn-cia de um trabalhador numa situao crtica, cuja presena imprescind-vel naquele momento imensuravel-mente mais impactante que num dia sem grandes atividades. Alm disso, tem a repercusso social na equipe, na gesto, cujo custo difcil de me-dir, afirma Laura Pedrosa.

    O administrador e especialista em recursos humanos Oswaldo Mer-bach complementa afirmando que a frustrao o grande prejuzo. A ausncia, fsica ou mental, ruim por natureza para todos. Frustra a empresa que contrata algum para

    produzir e no o tem e o trabalhador, que adota uma atitude contrria direo. As pessoas buscam suas re-alizaes profissionais cuja possibi-lidade nica se d por meio do traba-lho. Estando ausentes, so afastadas dessa possibilidade de crescimento.

    a frustrao de um caminho inter-rompido, comenta.

    De acordo com Laura Pedrosa, a Previdncia noticia um nmero cres-cente de afastamentos por doena, em especial as patologias do Grupo M (osteomusculares) e F (transtor-nos mentais, com destaque para a de-presso). Por outro lado, os profis-sionais de sade do trabalho em ge-ral explicam que a Previdncia est cada vez mais rigorosa e no tem cedido este benefcio ao trabalhador, mesmo quando visivelmente adoe-cido, retratando dificuldades com a percia necessria para liberar o be-nefcio ao trabalhador adoecido.

    Em outro quadro, no qual a sade do funcionrio foi relacionada pro-dutividade, os problemas que geram custos tambm foram mensurados. Depresso, obesidade, artrite, dores nas costas e no pescoo e ansiedade so, em ordem decrescente, as cin-co doenas que mais prejudicam a produtividade. Dados esses colhidos do estudo realizado pelo Institute for Health and Productivity Studies, dos Estados Unidos.

    Especialistas examinaram os efei-tos do presentesmo nas corporaes e descobriram que, quando os empre-gados trabalham com estado de sade abaixo do normal, costumam ser mais onerosos que indivduos que faltam ao trabalho.

    Laura Pedrosa Caldas, psi-cloga

    O trabalhador ausente frustrado, pois v interrompido o

    processo de crescimento profissional

    Prejuzos para o trabalhador Prejuzos para o empregador

    Afastamento, mesmo temporrio do emprego Apoio ao trabalhador

    risco de perda do emprego Perda de horas de trabalho

    Imobilizao de um familiar em casa para acompanhar visitas ao mdico e ajudar no tratamento

    Perda material provocada pela substituio, mesmo temporria, do colaborador doente

    Queda no rendimento e na produtividade reduo da produtividade pelo trabalhador substitudo

    Problemas emocionais causados pelo quadro clnico atual Custo de seleo, contratao e treinamento do substituto

    Custo de demisso do substituto, no retorno do trabalhador

    diminuio da produtividade, temporria ou no, do colaborador recuperado

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    Como vimos, o absentesmo e o presentesmo prejudicam a todos os elos da cadeia produtiva, mas ainda no so temas que permeiem a lista das questes prioritrias das empresas.

    o que afirma Oswaldo Mer-bach: A esmagadora maioria das empresas esto preocupadas com o assunto, mas poucas agem com efi-ccia. No h cultura de gesto por indicadores.

    Fernando Borges Vieira concor-da em partes e complementa que h empresas que no se preocupam com o absentesmo e turn over. Algu-mas esto mais preocupadas com o processo do que com o ser humano. No desenvolvem projetos voltados ao bem-estar de seus empregados, mas se ocupam em saber se as me-tas sero ou no atingidas. De outro lado, porm, h um nmero cada vez maior de empresas que desenvolvem aes afirmativas e polticas inter-nas, cujo sentido no outro que no o de tornar o ambiente e as condi-es de trabalho atrativas, de forma a evitar que os empregados estejam abertos a outras empresas. Essas es-to na dianteira das outras, pois um profissional realizado em seu traba-lho certamente produzir mais e com maior qualidade.

    A psicloga enftica ao afir-mar que vrias aes so necess-rias para combater e prevenir esses males. H que se realizar um es-tudo estratificado do absentesmo, entrevistar os trabalhadores rein-cidentes, analisar as reas crticas, realizar intervenes psicossociais nas reas problemticas no modo de gesto e de conflitos na equi-pe, mapear as condies de riscos de adoecimento na empresa, entre outras, e complementa: A pre-veno de incluir exames mdicos

    ocupacionais, acompanhamento dos empregados reincidentes com os profissionais de sade e estabele-cer canais de comunicao, alm de divulgar com os gestores os fatores que podem provocar absentesmo, bem como suas consequncias para todos, esclarece Laura Pedrosa.

    Alexandre Veloso afirma que j existem estudos bem elaborados que mensuram com grande preciso o custo do absentesmo. A partir do cmputo de horas produtivas perdi-das, acrescidas dos custos de substi-tuio, recrutamento e treinamento, alm dos desdobramentos previden-cirios, tributrios e trabalhistas de-correntes. Estudos mais recentes tm considerado que o custo do presente-smo representa de 2 a 3 vezes aque-les aferidos para o absentesmo.

    PrinciPAistiPosdeAbsentesmo

    De acordo com Quick e Laper-tosa, que escreveram um importan-te artigo de anlise do absentesmo

    em usina siderrgica na Revista Brasileira de Sade Ocupacional, o absentesmo pode ser dividido em cinco classes: Absentesmo voluntrio a au-

    sncia do trabalhador por razes particulares, no justificadas por doena, em amparo legal.

    Absentesmo por doena inclui todas as ausncias por doena ou procedimento mdico e odonto-lgico.

    Absentesmo por patologia pro-fissional compreende as ausn-cias por acidente de trabalho ou doena profissional.

    Absentesmo legal as faltas ao servio so amparadas na lei.

    Absentesmo compulsrio defi-nido como impedimento ao traba-lho, ainda que o trabalhador no o deseje, por suspenso imposta pelo patro, por priso ou outro impedimento que no lhe permita chegar ao local de trabalho.

    PresentesmoumAPrAGAcorPorAtivA

    Quantificar o nmero de doenas relacionadas ao ambiente profissional no est diretamente ligado ao pre-sentesmo, mas nmeros do Minis-trio da Previdncia Social servem como parmetro para compreender a dimenso do assunto. S em 2008, de janeiro a dezembro, mais de 1,8 milho de benefcios auxlio-doena foram concedidos pelo governo.

    Entre esses motivos, doenas in-fecciosas como a gripe e a sinusite ou desvios psicoemocionais como estresse, depresso, problemas do-msticos, mau relacionamento com chefes e desmotivao so os mais comuns.

    O recrutamento para reposio do profissional s mais um custo do

    presentesmo

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    para o ambiente de trabalho fsico e psicossocial (de forma a neutralizar, reduzir ou minimizar a discrepncia entre as exigncias impostas pelo trabalho e a capacidade de resposta do indivduo; e as voltadas reinte-grao e reabilitao do indivduo no local de trabalho).

    As medidas processuais propem elevar as barreiras do absentesmo e presentesmo, so medidas de mo-nitorizao e controle. As medidas preventivas por sua vez visam redu-zir a divergncia entre volume e ca-pacidade de trabalho, eliminando as causas dos problemas que se relacio-nam com o trabalho no domnio da segurana, sade e bem-estar.

    Oswaldo Merbach acredita que s existe uma maneira de combater e prevenir os males do absentesmo e presentesmo, a adoo de uma pol-tica de preveno. O primeiro passo o entendimento de como a empre-sa quer enfrentar esse problema, se quer adotar uma atitude prevencio-nista ou apenas cumprir a legislao. preciso definir qual a vontade po-ltica da empresa para que essa in-tenso seja comunicada a todos e se torne um valor. O passo seguinte o mapeamento das circunstncias que

    tm gerado ou podero gerar afas-tamentos. Nesse momento estamos falando, novamente, de indicadores e nunca demais lembrar que gesto sem indicadores, como um voo sem instrumentos. H muitas ferramentas que auxiliam o gestor no processo de melhoria continua, como o PDCA.

    O uso dessas ferramentas deve fazer parte do cotidiano da gesto.

    Vieira acredita que a preveno comea pela capacitao do profis-sional. Principalmente em favor do reconhecimento e diagnstico do absentesmo e do turn over. Esse profissional deve investigar, em sua empresa, quais as causas mais inci-dentes de ausncia ou afastamento do trabalhador. Identificando tais causas e classificando-as, desenvol-vendo projetos para minor-las. Por exemplo, casos de afastamento se do por conta de patologias oriundas de problemas ergonmicos, h que se promover um estudo do ambiente de trabalho e sugerir alteraes. Se o trabalhador se ausentar por desni-mo ou fata de compromisso, h que se desenvolverem campanhas de es-tmulo, reforando o vnculo empre-sa-trabalhador, sugere.

    Paulo Henrique da Costa, mdico do trabalho mster e coordenador do PCMSO da Mina do PICO da em-presa Vale, acredita que a poltica de preveno deve ser baseada em um levantamento consistente. Onde as causas de adoecimento fiquem evi-denciadas tanto para as unidades de sade das corporaes quanto para

    Especialistas alertam que muitos profissionais no tm a conscincia de que esto debilitados para o tra-balho. Eles sentem-se desanimados, irritados e cansados, mas no perce-bem que esto doentes. Alm da falta de entendimento sobre as sensaes, observa-se tambm que a competiti-vidade organizacional e o acmulo de funes fazem com que o funcio-nrio esteja de corpo presente, po-rm no seja produtivo.

    Entretanto, a preocupao em prevenir que o presentesmo exista nas corporaes escassa. Muito se fala em qualidade de vida nas orga-nizaes. Contudo, poucas so aque-las que investem nisso. Ainda exis-tem no mercado muitas empresas que procuram coibir faltas por meio do vnculo entre a presena do cola-borador e seu desempenho.

    Assim como o presentesmo, o absentesmo prejudicial s empre-sas, porm quem pratica o presente-smo costuma ser muito mais preju-dicial empresa, pois pode trabalhar um dia inteiro e no produzir nada. Insistir em trabalhar nessas condi-es pode agravar os problemas de sade e at gerar depresso leve.

    Merbach, afirma que os custos di-retos e mais prximos da ausncia so as horas no trabalhadas que podem ser comparadas com as horas previstas para o perodo, gerando um excelente indicador de gesto. ndice que varia dependendo da empresa, do segmento econmico. O presentesmo (difcil de ser mensurado) cerca de trs vezes maior que o absentesmo. Uma em-presa que tenha 1,5%, 2% de absente-smo, possvel que tenha de 4,5% a 6% de presentesmo. O pior da hist-ria: precisam ser somados para que se mensure o total das ausncias, o au-sentismo, enfatiza Oswaldo.

    Para deixar a situao ainda mais complexa, os profissionais presen-testas normalmente no so assim percebidos pelas empresas. E esse um grande erro. Da mesma forma que um absentesta merece ateno da empresa, no sentido de reverter as causas que levam sua ausncia, o presentesta deve ser reconhecido e recompensado, esclarece o advoga-do Fernando Vieira.

    PrevenomtuA

    Com base na extensa lista de do-enas e problemas causados pelo pre-sentesmo, a necessidade da preveni-lo torna-se indispensvel. Evitar, con-tudo, uma tarefa que cabe tanto ao funcionrio quanto empresa.

    O colaborador deve estar atento sade fsica e psquica, identifican-do possveis problemas que possam atrapalhar seu desempenho. O fato de perceber o que acontece consigo j de certa forma, uma maneira de resolver o problema.

    Alguns especialistas sugerem uma lista de afazeres para coibir o presentesmo. Entre eles, delegar as atividades e aprender a dizer no

    alternativas que nem todos con-seguem adotar. Porm, fazer pau-sas curtas para descansar, aprender tcnicas de relaxamento psicosso-mtico, como o yoga, e priorizar a qualidade de vida so dicas que podem ser executadas pela maioria das pessoas.

    Com relao s empresas, os ad-ministradores podem optar por servi-os terceirizados, como o Programa de Assistncia ao Empregado (PAE), com vrias reas de abrangncia, como mdica, jurdica e psicolgica. O mais importante que as corpora-es estejam atentas sade de seus colaboradores.

    H tambm que ser adotada uma poltica de preveno do absentes-mo, com uma orientao especfica no sentido de prevenir as causas, atendendo algumas premissas, como processuais, administrativas ou dis-ciplinares; e preventivas orientadas para o indivduo (com exames mdi-cos peridicos, vacinao, educao para a sade, formao e treinamen-to tcnico); preventivas, orientadas

    O presentesmo mais comum do que muitos

    imaginam

    Prticas como a Yoga trazem maior qualidade de vida e, consequentemente,

    combatem o presenteismo

    Trabalhadores desmotivados

    desenvolvem vcios e precisam de

    ateno e estmulo

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    nizacional. Tudo compartilhado com a liderana da rea. Os desligamentos e afastamentos tambm. Cabe ao RH a gigantesca e difcil tarefa de garan-tir a mxima contribuio das pes-soas para a organizao. Isso no se consegue com clima hostil, estresse, acidentes e afastamentos, adverte o diretor especialista no assunto, e acrescenta: preciso haver uma integrao dos profissionais, inclusi-ve com o setor de sade e seguran-a do trabalho. O departamento de segurana e sade normalmente lida de forma responsvel com o absen-tesmo e presentesmo. Porm, noto que trabalham em ilhas. Poucas so as empresas em que as reas mantm uma integrao e trabalham coorde-nadamente, lamenta.

    A psicloga Laura Pedroso defi-ne o RH como sendo muito impor-

    tante com relao ao absentesmo e presentesmo. Ele deve definir pol-ticas para gesto do problema, prin-cipalmente do absentesmo; propon-do aes preventivas e corretivas,

    bem como preparar os profissionais de sade para fazer a gesto do ab-sentesmo e do presentesmo.

    O mdico Paulo Costa concorda e complementa: por meio desses gestores, bem treinados e orienta-dos, a chance de identificar preco-cemente empregados insatisfeitos. Os analistas de desenvolvimento organizacional fazem essa ponte su-gerindo realocaes de empregados por competncia, evitando super ou subdimencionamento das tarefas a serem executadas pelos empregados. muito comum as pessoas mudarem de cargo nas corporaes apenas por indicao ou apadrinhamento, mas isso prejudica toda a equipe, j que h incongruncia entre os cargos e as competncias, e, neste momento, o RH deve atuar como o fiel da ba-lana, explica.

    o INSS e aps o cruzamento destas informaes sejam desenvolvidos planos de ao para a eliminao das causas/riscos de adoecimento. muito menos dispendioso para o sistema atuar na preveno primria da doena, ou seja, antes da instala-o da doena. Isto pode ser alcan-ado por meio de programas espec-ficos como programas de qualidade de vida, estmulo prtica de espor-tes, programas de apoio familiar, de combate ao uso de drogas e uma srie de outros que mirem a satisfa-o pessoal dos empregados, tendo como consequncia natural maior produtividade.

    Para o mdico, que atua na rea de sade ocupacional desde 1996, apesar do absentesmo e o presente-smo serem temas j conhecidos das corporaes, percebe-se que nem todas se preocupam muito em admi-nistrar essa questo. Com o adven-to do NTEP em 2007 houve maior ateno dentro das empresas, porque quanto maior a quantidade de afasta-dos (maior de 15 dias) pior o resul-tado da empresa com relao ao FAP. Com isso, algumas criaram mecanis-mos para a reduo do absentesmo, como atrelar a taxa de absentesmo participao nos resultados. Mas a participao da sade ocupacional

    primordial para dar visibilidade ao processo de adoecimento dos empre-gados, permitindo a atuao mais di-reta dos gestores no processo de me-lhoria das reas. No podemos nos esquecer do papel das assistentes so-ciais, com grande conhecimento no s do processo de adoecimento do empregado quanto do adoecimento da famlia do empregado, o que per-mite maior sucesso nos processos de reabilitao ou retorno dos trabalha-dores s suas atividades originais. preciso estabelecer uma relao de confiana entre empregado, empre-sa, sade ocupacional, INSS e sindi-catos, alerta Paulo Henrique.

    recursoshumAnostmPAPelFundAmentAl

    Os especialistas so unnimes ao afirmar que o departamento de re-cursos das empresas fundamental na preveno e deteco do absente-

    smo e presentesmo em seu quadro de funcionrios.

    Para Fernando Viera, o papel do RH fundamental. Cabe ao departa-mento a gesto de seu pessoal, identi-ficando os aspectos que podem levar ao absentesmo e se antecipando s consequncias. O gestor deve per-manecer atento ao bem-estar dos tra-balhadores, no apenas o bem-estar imediato, no cotidiano, mas a longo prazo. Deve ser capaz de criar um vnculo entre empregado e emprega-dor to slido que o impedir de se ausentar de seu posto de trabalho, ao contrrio, ir trabalhar com satisfao e orgulho, afirma o advogado.

    Oswaldo Merbach concorda com a atuao do gestor de recursos hu-manos na deteco do absentesmo e presentesmo. Ele representa a rea focal de todo esse processo. dele que se espera a liderana. o departa-mento responsvel pelo recrutamento e seleo, bem como no desenvolvi-mento das pessoas e do clima orga-

    Paulo Henrique da Costa, mdico do trabalho

    Papel do departamento de Recursos Humanos fundamental na

    deteco dos problemas e na integrao da

    equipe

    A participao da sade

    ocupacional primordial para dar visibilidade ao processo de

    adoecimento dos empregados..."

    " preciso haver uma integrao dos profissionais, inclusive com o setor de sade e segurana do

    trabalho."

    QUANDO O ASSUNTO SEGURANA, QUALIDADE

    ITEM OBRIGATRIO.

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    Alexandre Veloso acredita que o principal papel do RH reside inicial-mente na compreenso dos novos enfoques da sade organizacional. Esses enfoques so o previdenci-rio, em que novos parmetros, con-ceitos e metodologias (NTEP) rege-ro os desdobramentos previdenci-rios; o enfoque organizacional, que estabelece o vnculo entre sade e produtividade; e finalmente o par-metro tributrio, que a partir do FAP permitir reduzir o nus da contri-buio do RAT (antigo SAT) para as empresas, completa.

    deolhonAoriGemdoProblemA

    O absentesmo originado por di-versos fatores, entre eles, problemas de sade, pessoais, envolvendo a fa-mlia, vcios com lcool, drogas, des-motivao com o trabalho exercido, atrasos em razo do transporte (prin-cipalmente nos grandes centros co-merciais), falta de dinheiro e tambm

    superviso falha da chefia.

    Fernando Vieira alerta que a de-teco do problema pode ser efetu-ada com pesquisa direta junto aos trabalhadores acometidos. Muitas vezes essa pesquisa pode ser se-torizada, contatando o RH com as informaes prestadas pelos respec-tivos gestores.

    Oswaldo Merbach concorda. A deteco se d pela anlise dos ca-sos, pelo histrico dos acontecimen-tos. A tabulao dessas informaes mapeia as circunstncias em que ocorrem as ausncias e d a possi-bilidade de dividi-las, de agrup-las em classes. Esses grupamentos so formados para espelhar a realidade da empresa e a partir da preponde-rncia daquele tipo de ausncia que se faz o gerenciamento para a elimi-nao da causa.

    As consequncias do absentes-mo e do presentesmo esto fazendo com que as empresas procurem, cada vez mais, ter no ambiente de trabalho todas os requisitos que propiciem uma jornada de trabalho satisfatria, produtiva, a to falada Q.V.T (Quali-dade de Vida no Trabalho), que faa este capital humano render frutos positivos organizao e a ele mes-mo, crescendo profissionalmente e visualizando um prspero futuro.

    Entre as vrias causas que podem gerar riscos sade, podem ser ci-tadas: administradores autoritrios e autocrticos; um ou vrios chefes; ausncia de lderes; aumento da com-petitividade; falta de um ambiente saudvel (superlotao, m ventila-o e m iluminao etc.); prazos ir-reais e demandas excessivas; sobre-carga de trabalho (produo mxima em tempo mnimo); assdio moral; assdio sexual; violncia psicolgica (amedrontamento, ofensas e intimi-daes por parte de colegas e chefes,

    intrigas e fofocas); medo de ficar de-sempregado; medo de no cumprir a tarefa; falta de motivao (sndrome

    do burnout no fazer o que gosta).

    Paulo Costa esclarece que so diversos os fatores que desenca-deiam o absentesmo nas empresas e eles so especficos de cada ramo de atuao. As empresas, por meio de seus gestores, devem escutar mais seus empregados, j que esto na linha de frente do operacional e ningum melhor do que eles para dar soluo s dificuldades dirias. Deve tambm ficar atenta aos seus controles internos de sade que di-recionam indiscutivelmente onde esto os desvios que devem ser cor-rigidos. Quanto aos fatores, temos as alteraes musculoesquelticas, psiquitricas e outras sazonais. Con-

    tudo, depende do setor em que a em-presa atua, podendo haver variaes. Uma causa de absentesmo para uma empresa pode no ser to importante para outra. At mesmo uma simples mudana de chefia pode desencadear insatisfao da equipe, gerando ab-sentesmo naquele setor.

    O mdico alerta para o absen-tesmo decorrente de alteraes musculoesquelticas. Invariavel-mente essas alteraes esto rela-cionadas s condies ergonmicas, falta de treinamento adequado e cobrana excessiva, indicando um problema de gesto, uma vez que o gestor tambm no est preparado para identificar estes processos evo-lutivos indesejveis, afirma Costa.

    Ele esclarece que o absentesmo e o presentesmo podem ser direta-mente relacionados com os acidentes de trabalho. O absentesmo reflete os motivos de adoecimento da po-pulao da empresa, podendo ser o trabalho, uma das causas do absen-tesmo que reduz a capacidade de trabalho gerando acidentes tpicos ou doenas profissionais. O presen-tesmo tambm tem sua participao

    nos acidentes de trabalho ao passo que pode haver baixa de ateno e alteraes cognitivas gerando este evento indesejvel, alerta o mdico do trabalho.

    Alexandre Veloso afirma que o absentesmo, como todo fenmeno complexo do contexto organizacio-nal, multifatorial. E est princi-palmente relacionado aos fatores inerentes ao trabalho (sobrecarga f-sica, presso psicolgica, condies ambientais de trabalho e jornadas; alm de riscos fsicos, qumicos, biolgicos, ergonmicos; passando pelas relaes interpessoais e hierr-quicas e os acidentes de trabalho). H ainda os fatores de natureza so-cial, cultural, da personalidade indi-vidual ou doenas no relacionadas ao trabalho que compem o espectro de possibilidades, que interagem em propores variadas no desencadea-mento do fenmeno.

    Oswaldo Merbach complementa esclarecendo que, de forma simpli-ficada, as ausncias comeam com o presentesmo que no resolvido transforma-se em absentesmo (au-sncias at 15 dias), podendo ser

    agravado para mais de 15 dias (afas-tamento pelo INSS). Esses afasta-mentos, relacionados ao trabalho, podem incidir diretamente no FAP. Para a empresa isso representa dois problemas: a ausncia do trabalha-dor (custos) e aumento do FAP (cus-tos). No inteligente menosprezar esse importante indicador de gesto. Mesmo porque o afastamento pro-longado (ndice de gravidade que tem grande peso na formao do FAP). Isso no significa dizer que melhor ter um grande nmero de afastados de curto prazo do que um de longo prazo. Uma empresa com grande nmero de afastados (mes-mo de curta durao) pssimo para a organizao. O ideal cuidar de todos os afastados e se forem mui-tos, dividir o problema em partes at descobrir a origem do problema e atac-la para reduzir as ausncias.

    Todos ganharo, completa. O que no deve ser esquecido

    que existem profisses que apresen-tam maiores riscos de estresse do que outras, assim como existem pes-soas mais predisponentes ao estresse do que outras. Entre as profisses

    Atividade que elevem a qualidade de vida no trabalho faz a grande diferena no combate ao presentesmo e

    absentesmo

    A depresso e a falta de motivao so

    agentes causadores do absentesmo

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    mais estressantes podem ser citadas: policiais, controladores de voo, mo-toristas de nibus urbanos, profissio-nais de sade, executivos, bancrios, mergulhadores de poos de petrleo e indivduos que trabalham em rea diferente daquela para a qual se for-maram.

    De acordo com Borges Vieira, tendo em vista as ausncias por mo-tivos de sade, os limites para con-siderar o empregado normal, pr-ab-sento ou absento contumaz so:

    nmerosdAPrevidnciAeimPActosnoFAP/nteP

    Em 2009 foram registrados 723.452 acidentes e doenas do trabalho, entre os trabalhadores as-segurados da Previdncia Social. Observem que este nmero, que j alarmante, no inclui os trabalhado-res autnomos (contribuintes indivi-duais) e as empregadas domsticas. Estes eventos provocam enorme

    impacto social, econmico e sobre a sade pblica no Brasil. Entre es-ses registros contabilizou-se 17.693 doenas relacionadas ao trabalho, e parte destes acidentes e doenas tiveram como consequncia o afas-tamento das atividades de 623.026 trabalhadores devido incapacidade temporria (302.648 at 15 dias e 320.378 com tempo de afastamento superior a 15 dias), 13.047 trabalha-dores por incapacidade permanente, e o bito de 2.496 cidados.

    Oswaldo Merbach faz outra an-lise das estatsticas. A Previdncia mostra um declnio no nmero de acidentes de trabalho em seu Anu-rio Estatstico, fruto do excepcio-nal trabalho das reas de segurana e sade no trabalho das empresas. Porm , quando esse nmero de-composto, encontramos o aumento de acidentes de trajeto (88.742 em 2008; 90.180 em 2009 e 94.789 em 2010). Difcil tarefa para os profis-sionais de segurana.

    Para Fernando Vieira, o elevado nmero de afastamentos por doenas no trabalho sobrecarrega um sistema

    previdencirio muito aqum de con-seguir responder, de forma adequa-da, pelos benefcios a que o trabalha-dor tem direito. Mais importante do que oferecer tais benefcios e rever-ter prpria causa de tantos afasta-mentos, seja por meio de campanhas ou de aes fiscalizadoras. O im-portante no sobrecarregar ainda mais um sistema, de certo modo ul-trapassado, j que possvel estudar as causas para no tratar as conse-

    quncias, equipara o advogado.

    Laura Pedrosa fala da relao do absentesmo e do presentesmo nos afastamentos prolongados, bem como os impactos causados no cus-to previdencirio (FAP/ NTEP). O pagamento de salrio (no remune-rao) do trabalhador que apresente absentesmo-doena que excede 15 dias, assumido pelo INSS, o que repercute num custo social. Por ou-tro lado, a prpria Previdncia reco-nhece o nexo causal entre o adoeci-mento do trabalhador e seu contexto de trabalho, em algumas situaes. Neste caso, justo que este custo so-cial seja repassado para os empres-

    Normal

    Entre 18 a 45 anos de idade. At quatro visitas mdicas ou odontolgicas anuais para homens e cinco visitas para mulheres.Abaixo de 18 anos e acima de 45 anos de idade. At seis visitas mdicas ou odontolgicas anuais para ambos os sexos.

    Pr-absento

    Entre 18 a 45 anos de idade. Acima de quatro visitas mdicas ou odon-tolgicas anuais para homens e acima de cinco visitas para mulheres. At o limite de sete visitas mdicas ou odontolgicas.Abaixo de 18 anos e acima de 45 anos de idade. Acima de seis e abaixo de oito visitas mdicas ou odontolgicas anuais para ambos os sexos

    Absento-contumaz

    Entre 18 e 45 anos de idade. Acima de sete visitas mdicas ou odontolgicas anuais para ambos os sexos.Abaixo de 18 anos e acima de 45 anos de idade. Acima de oito visitas mdicas ou odontolgicas anuais para ambos os sexos.

    O trabalhador que adoece no trabalho tem o nexo causal reconhecido pela

    Previdncia

    A profisso de mergulhador de

    poos de petrleo considerada uma das mais estressantes

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    rios. Alm disso, o FAP/NTEP uma tentativa de responsabilizar e tam-bm conscientizar os empresrios na promoo de contexto de trabalho saudvel e seguro para seus traba-lhadores. Embora recente, a prpria literatura aponta esforos da medici-na do trabalho em mostrar que a pre-carizao das condies de trabalho risco para o trabalhador e, em con-trapartida, a prpria organizao no sai ilesa, j que tambm assume os custos do absentesmo. J o presen-tesmo, no tem impacto direto nos custos da previdncia.

    O mdico do trabalho Paulo Hen-rique da Costa corrobora a informa-o, esclarecendo que os benefcios concedidos pelo INSS tanto aciden-trios quanto previdencirios vm apresentando um aumento conside-rvel. Com destaque para os be-nefcios decorrentes de transtornos mentais e comportamentais causados pela competitividade, problemas so-ciais, sobrecarga, cobranas, crises de mercado, presso por produo, por metas e por qualidade. Em termos proporcionais, a taxa de aumento por transtornos mentais e comportamen-tais supera qualquer outra causa de afastamento individualmente. Este aumento de benefcios acidentrios concedidos pelo INSS decorre, em grande parte, da nova sistemtica adotada aps a instituio do NTEP, onde o nexo independe da conduo da empresa, sendo que o somatrio dos acidentes registrados passaram a ser acidentes informados por meio de CATs emitidas pela empresa jun-to com os acidentes presumidos pelo NTEP em algum caso especfico, ela deve fazer a constatao, bem funda-mentada, junto ao INSS, objetivando a reverso do benefcio acidentrio (B91) para benefcio (B31).

    Ele enfatiza que antes de qual-quer anlise preciso entender os fundamentos do FAP/NTEP. Em suma: quanto maior o nmero de afastamentos superiores a 15 dias, maior ser a alquota de contribuio da empresas para o RAT. A inteno o desenvolvimento de aes pre-ventivas em sade e segurana para evitar o adoecimento dos trabalhado-res e consequentemente uma melhor qualidade de vida no trabalho, bem como a reduo dos afastamentos como um todo. Os Nexos Tcnicos Previdencirios, conforme artigo 3 da IN do INSS/PRES, n 31, de 10 de setembro de 2008, pode ser estabele-cido por trs possibilidades: 1) Nexo Tcnico Profissional ou do Trabalho; 2) Nexo Tcnico por Doena Equi-parada a Acidentes de Trabalho ou Nexo Individual, e 3) Nexo Tcni-co Epidemiolgico Previdencirio (NTEP), afirma Costa.

    Alexandre Veloso tambm co-mentou acerca do impacto dos afas-tamentos nos nmeros da Previdn-cia. Em relao ais afastamentos e doenas do trabalho as estatsticas da Previdncia Social tiveram um marco divisrio notvel, que foi em abril de 2007, exatamente no incio da vigncia do NTEP. Quando ob-servamos o ano anterior a esse mar-co, a mdia de concesso dos bene-fcios da espcie acidentria (B91) no Brasil era 11.420 benefcios por ms, que saltou subitamente para cerca de 30 mil benefcios por ms a partir dessa data, e depois se man-teve na mdia de 28.800 benefcios por ms nos dois anos seguintes. Sem dvida um enorme impacto para as empresas, quando conside-ramos todos os desdobramentos que o benefcio acidentrio representa para as organizaes.

    Ele completa citando o Anurio Estatstico da Previdncia Social/ 2010. Verificamos mdias mensais variando de 27.492 a 29.694 nos l-timos trs nos, ou seja, h uma es-tabilidade nos nmeros em patamar elevado, o que pode ter pelo menos duas interpretaes: ou as empresas absorveram essa nova realidade nos custos ou ainda no perceberam a exata dimenso do tema, afirma.

    estudomostrAoquerePresentAoPresentesmo

    emtermosdePerdAs

    Em junho do ano passado, Sean Sullivan, presidente e CEO do IHPM (Institute for Health and Productivi-ty Management), mostrou em pales-tras proferidas no Brasil estudo da Companhia Dow Qumica, realizado nos Estados Unidos e que conside-rado um clssico em relao ao pre-sentesmo.

    Na exposio fica claro que o capital humano se torna ativo-chave para o negcio. Assim, componentes crticos do valor do ativo do capi-tal humano so:

    Conhecimentos/habilidades = capital intelectual

    Sean Sullivan, presidente do IHPM

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    Ferramentas = capital fsico Motivao = capital psicolgico Sade = maximizador da produ-

    tividade dos outros trs compo-nentes

    A gesto dos ativos de capital humano se torna a chave da per-formance do negcio, com o im-plemento de:

    Treinamento/educao Fbrica e equipamento Incentivos financeiros e cultura

    corporativa Gesto integrada da Sade e

    Produtividade (HPM)Entre os fatores que mais afe-

    tam o desempenho dos emprega-dos, esto a cultura e a sade orga-nizacional (com valores, crenas, polticas e prticas da companhia), a sade do empregado, o nvel de tecnologia, o treinamento do em-pregado e o relacionamento do su-pervisor.

    Ainda tratando da importncia do capital humano, o estudo mos-trou que empregadores de vanguar-da adotam uma nova viso da sade do empregado. Esse novo cenrio contempla a sade e capacidade funcional como componentes fun-damentais; assim como conheci-mentos e habilidades. Os dlares gastos para melhorar a sade e funcionalidade dos empregados so investimentos em capital humano. Tal qual o custo da educao e treinamento.

    ocustorealdasadeO estudo mostra ainda que cus-

    to da sade tem sido visto nos EUA como dlares gastos em cuidados mdicos, como uma despesa do ne-gcio. Essa uma viso dentro da caixa da sade como meramente a ausncia de doenas.

    Sean Sullivan afirma que preci-so ver fora da caixa. Essa a viso mdica da sade, para assim ver o custo real. A questo no o que custa para manter as pessoas sau-dveis, cuja resposta antecipada : muito! A questo quanto realmen-te custam pessoas doentes, quando a resposta : muito mais!.

    Para ele, a sade do empregado deve ser redefinida como um ativo e no como um "passivo". O custo real ter trabalhadores enfermos que no produzem. Melhorar a sade re-duz este enorme custo da performan-ce perdida (que 2 a 3 vezes o custo dos cuidados da sade). Dinheiro gasto na melhoria da sade um investimento na performance indi-vidual e organizacional que reduz este custo real. O retorno sobre este investimento medido pela reduo nos custos totais relacionados sa-de, incluindo a performance perdida. Investir em sade dessa forma me-

    lhora o valor dos ativos de capital humano da companhia.

    O capital humano, tal qual mqui-nas, precisa de manuteno preventi-va. As companhias sabem que evitar que mquinas quebrem custa muito menos do que consertar quando que-bram. Este custo maior inclui tempo parado e, consequentemente, perda de produo ou custo de reposio.

    Andrew Liveris, CEO da Dow Qu-mica, diz que se lubrificarmos nossas pessoas da mesma forma que fazemos com nossas mquinas, elas quebrariam menos frequentemente e custariam menos em cuidados mdicos, inca-pacitao e produo perdida.

    Mas qual o papel do absentesmo e do presentesmo na relao do cus-to total da restrio funcional para o trabalho? O estudo indica que o absentesmo ainda importante na velha economia de linha de produ-o e sua reduo tem um grande retorno. Contudo, o presentesmo de duas a trs vezes maiores que as despesas mdicas.

    Concluso: os custos do presen-tesmo para cada condio excedeu as estimativas de custo do absente-smo e mdico, em pelo menos trs vezes, exceto nos casos de diabetes.

    Trabalhadores doentes no produzem e,

    consequentemente, oneram os custos das empresas Andrew Liveris, CEO da

    Dow Qumica

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    56cipa caderno informativo de preveno de acidenteswww.cipanet.com.br

    Entre as razes para o absentes-mo foram apontadas:

    Condies musculoesquelticas Condies de sade mental Gravidez As razes para o presentesmo fo-

    ram: Sade mental Musculoesqueltico Respiratrio Gastrointestinal ExnxaquecaSean Sullivan esclarece que o

    IHPM tem mostrado o caminho na promoo e aceitao de medies autorreportadas de perda de produti-vidade no trabalho por razes rela-cionadas sade. O conceito cha-ve o presentesmo, custo do qual agora estabelecido em pesquisas publicadas como sendo vrias vezes maiores que a ausncia ou custo m-

    dico direto. O especialista mostrou que

    preciso adotar um novo modelo de valor, com gesto de sade e produ-tividade. Nele a sade do empregado vista como o resultado de um siste-ma integrado de:

    Gesto da sade da populao (mantendo a populao bem saudvel a maior parte do tem-po para evitar todos os custos diretos e indiretos da doena);

    Gesto focada de doenas (ge-renciar as crescentes condies crnicas prevalentes na fora de trabalho para otimizar a sade e funcionalidade);

    Preveno/gesto da incapa-citao (mantendo pessoas na fora de trabalho);

    Gesto da demanda (engajar empregados para gerenciar sua prpria sade).

    HPM (Health and Productivity Management), ou gesto de sade

    e produtividade, requer conexo de atividades chaves, como perfis de avaliao de risco sade, programas de bem-estar e promoo de sade para reduzir riscos, servios pre-ventivos para deteco cedo e trata-mento, gesto de condies crnicas prevalentes e em ascenso na fora de trabalho que envelhece, gesto/preveno da incapacitao (incluin-do segurana) e medio das econo-mias de custo (corte de custo mdico e reduo de encargo por doena no local de trabalho).

    Na cadeia de valor HPM, os bene-fcios so apenas um elo. Juntamente com os programas de sade deveriam ajudar a induzir comportamentos nos empregados que melhorem a sade. A reduo de risco e melhoria da sade o resultado intermedirio procura-do, que, por sua vez, impactam os custos mdicos e incapacidade. Mas o resultado desejado final a melho-ria da sade funcional para aumentar a produtividade.

    custototaldascondiescrnicasdesadenadowqumica

    Custo total das 10 principais con-dies crnicas era 10,7% do custo total do trabalho:

    6,8% (quase 2/3) atribuveis ao presentesmo.

    Presentesmo mais que 3 vezes o custo combinado das ausn-cias e dos cuidados mdicos para 9 das 10 doenas.

    Custo mdio dolarizado de $9.660 por empregado anual-mente ($ 6.721 no presentemo).

    mudananoriscosadeemudananopresentesmo

    Estudo usando WLQ (Work Limi-tations Questionnaire) mostrou 1,9% mudana, a maior na produtividade para cada fator de risco alterado. Va-lor equivalente em dlar de $ 950 por ano para cada risco alterado.

    Cada fator de risco alterado le-vou a mudana de 5,8% na porcen-tagem de pessoas reportando alguma perda de produtividade.

    oproblemadadornasade&produtividadedoempregado

    A prevalncia da dor e seu alto impacto na capacidade funcional no trabalho a torna rea de oportunida-de para empregadores.

    Trabalhadores com dores severas sofrem um aumento de cinco vezes na restrio ao trabalho induzido

    pela sade. Sofredores de dor perdem qua-

    se quatro dias de produtividade em um ms.

    Controle da dor pior para aque-les com dores severas.

    O presentesmo tem um custo maior que a

    ausncia do trabalhador ou o custo mdico direto

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    58cipa caderno informativo de preveno de acidenteswww.cipanet.com.br

    Dor musculoesqueltica o me-lhor ponto inicial para intervenes.

    efeitosdotabagismonaperdadaprodutividade

    Fumantes atuais incorrem em maior perda de produtividade que ex-fumantes ou no fumantes. O custo mdio da perda de produtivi-dade para as trs populaes:

    Fumantes atuais = $ 4.430Ex-fumantes = $ 3.246No fumantes = $ 2.623

    oimpactodaobesidadenalimitaoaotrabalhoefatoresderiscodesaderelacionados

    Trabalhadores obesos tm maior limitao ao trabalho e maior taxa de risco cardiovascular e metablico:

    Hipertenso = 4XDislipidemias = 1,65XDiabetes = 3,7XSndrome metablica = 9,4XLimitao trabalho = 2,3X

    A obesidade pode ser comparada com um envelhecimento de 20 anos no impacto na limitao ao trabalho e risco de sade.

    opesodasalergiaseacapacidadedamedicao

    parareduzi-lo Alergias impem uma pesada

    carga financeira medida pela reduo da produtividade au-torreportada;

    Impacto aumentado com a se-veridade da alergia;

    Anti-histamnicos no sedati-vos mostram vantagens signifi-cativas sobre medicaes seda-tivas na reduo da restrio ao trabalho.

    medicamentoseperdadeprodutividadedotrabalhador

    umarevisocrticaSignificativa evidncia que a

    perda de produtividade do trabalho causada por doena pode ser reduzi-da por uma dzia de classes de re-mdios:

    Fortssima evidncia para a va-cina contra gripe, triptanos para enxaqueca e anti-histaminas no sedativas para alergias;

    Boa evidncia para medica-es para asma, diabetes e de-presso.

    Perdadeprodutividadeentrepacientesempregados

    comdepressoPerda de produtividade asso-

    ciada com requerimentos ocupacio-nais para trabalhadores depressivos:

    Perdas maiores para trabalhos que requerem tomadas de deci-so, comunicao, ou contatos frequentes com clientes;

    WLQ, por identificar emprega-dos com maior perda de produ-tividade, pode ajudar a definir prioridade de melhor aproveitar oportunidades de melhoria na produtividade

    Tanto o absentesmo quanto o presentesmo no interessam a nin-gum. Todos perdem e devem estar atentos para combater esse mal si-lencioso, contagioso e que pode to-mar propores catastrficas. Cada um deve fazer a sua parte. O traba-lhador tem que estar atento sua sade fsica e psquica, identifican-do problemas que possam atrapalhar seu desempenho e desmotiv-lo a desenvolver suas atividades. Quan-to ao empregador cabe o reconheci-mento do que acontece ao seu redor e adotar aes preventivas, como o implemento de programas de incen-tivo e de preservao da integridade fsica e moral do seu bem mais pre-cioso: o capital humano.

    O tabaco tem um impacto direto na produtividade

    A dor tem forte impacto na capacidade funcional

    A depresso tambm causa

    perda de produtividade.

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