adriana domingos x losango
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FONSECASERVIÇOS JURIDÍCOS
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUÍZ (A) DE DIREITO
DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE CUIABÁ/MT.
Pedido de Liminar
ADRIANA DOMINGOS DA SILVA, brasileira,
solteira, estudante, portador da Carteira de Identidade nº.
2292069-2 SSP/MT e do CPF nº. 048.900.421-05, residente e
domiciliado na Rua Sabiá, QD. 61, nº. 21, Bairro. Dr. Fabio
II, em Cuiabá-MT, por seu advogado que a esta subscreve (doc.
anexo), vem por seu advogado com mandato incluso, com
escritório na Av. Historiador Rubens de Mendonça nº 1731,
Centro Empresarial Paiaguas,14º andar sala 1408, Consil nesta
capital, onde recebe as devidas intimações, vêm à presença de
Vossa Excelência propor o presente:
RECLAMAÇÃO POR INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS E PEDIDO LIMINAR ACAUTELATÓRIA
em desfavor da LOSANGO PROMOÇÕES E VENDAS, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ sob o n. 05.281.313/0001-
89., com sede na Praça Quinze de Novembro, nº 20, Andar 11º,
Sala 1101 e 1102; Andar 12, Sala 1201; Subsolo: 201, Centro,
1 WASAvenida Historiador Rubens de Mendonça, nº. 1731, Centro Empresarial Paiaguás, Sala 1408, 14º andar, Consil,
Cuiabá/MT – CEP 78048-000 – Telefone: +55 65 2129.2795 e +55 65 [email protected]
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Rio de Janeiro/RJ, CEP: 02.010-010, expondo e ao final
requerendo o seguinte:
I – PREAMBULARMENTE – SINTESE DA DEMANDA
Trata-se de ação ajuizada em face da
empresa financeira e que negativou indevidamente o nome da
parte autora após o pedido de cancelamento do contrato.
A presente ação deve ser julgada procedente
conferindo a autora medidas liminares para a retirada do nome
da autora dos Órgãos de Proteção ao Crédito e exibição de
documento (Contrato e Cancelamento), sendo aplicada ainda
indenização por danos morais.
A presente ação discute questões que
mostram conexão com "relação de consumo"; portanto,
inicialmente, para justificar a escolha desse foro para
apreciá-la e dirimir a questão apresentada, a Autora invoca o
dispositivo constante do Código específico dos Direitos do
Consumidor (Lei 8.078/90), onde se estampa a possibilidade de
propositura de ação judicial no domicílio do autor (art. 101,
I).
Ademais, sendo o valor da causa inferior ao
limite disposto no art. 3º, I, da Lei 9.099/95, é facultado a
Autora ajuizar a presente ação perante o Juizado Especial
Cível desta comarca.
Considerando que a Autora não apresenta
condição de arcar com as custa processuais do presente
processo, sem prejuízo próprio, preenchendo assim, os
requisitos exigidos pelo artigo 2º, parágrafo único da Lei
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1.060, concernente à necessidade, para os fins legais, do
benefício da assistência judiciária gratuita.
Pelo exposto, requer-se seja deferido o
presente pedido, nos termos do art. 4º da Lei 1.060/50.
II - DOS FATOS
A Autora, a partir do mês de Setembro de
2014, passou a ser informado por algumas lojas do comércio
local, onde buscava créditos para compras a prazo, que seu
nome estava com restrições cadastrais no SPC/SERASA/BOAVISTA,
consoante declaração e consulta anexa.
Diante disso, por não haver alternativa,
simplesmente a consumidora, já muito envergonhada, solicitou o
cancelamento da compra e de imediato se retirou da loja.
Desnorteada por conta da situação vexatória
pela qual passou e sem entender o que estava acontecendo, ou
seja, sem saber como seu bem mais inestimável (seu nome) foi
parar nos Órgãos de Proteção ao Crédito, efetuou uma pesquisa
minuciosa junto a CDL, SERASA e ACP, quando constatou que
havia pendência referente a débito no valor de R$ 188,67
(cento e oitenta e oito reais, sessenta e sete centavos),
referente ao contrato sem numero, tendo como credor a empresa
Requerida LOSANGO(doc. anexo)
Após a constatação da restrição e do nome
da empresa, a Autora vem tentando solucionar o impasse de
forma amigável, através do SAC da empresa Requerida (número
4004 4252), contudo, todas as suas tentativas restaram
infrutíferas até o presente momento, forçando assim a
propositura da presente demanda.
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Em decorrência deste incidente, a Autora
experimentou situação constrangedora, angustiante, tendo sua
moral abalada, face à indevida inscrição de seu nome no
cadastro de inadimplentes com seus reflexos prejudiciais,
sendo suficiente a ensejar danos morais, até porque, ela pagou
a taxa cobrada pela empresa requerida, sendo que infelizmente,
não guardou o recibo, visto que já há anos que ocorrera o
fato, não imaginando que um incidente deste pudesse ocorrer.
O certo é que até o presente momento, o
Autor permanece com seu nome registrado no cadastro de mau
pagadores, por conta de um débito já quitado, e precisa que
seja retirado para continuar sua vida (documento anexo).
A empresa requerida atualmente vem agindo
com manifesta negligência e evidente descaso com o Autor, pois
jamais poderia ter mantido o nome do autor inserido nos Órgãos
de Proteção ao Crédito de forma injusta e indevida.
Sua conduta (restrição indevida), sem
dúvida, causou danos à imagem, à honra e ao bom nome do Autor
que permanece na malfadada lista desabonadora de crédito, de
modo que se encontra com uma imagem de “mau pagador”, como se
caloteiro fosse, de forma absolutamente indevida, eis que o
Autor nada deve.
Desta forma, não tendo providenciado a
retirada do nome do autor dos cadastros dos serviços de
proteção ao crédito, não pode a empresa requerida se eximir da
responsabilidade pela reparação do dano causado, pelo qual
responde.
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O Requerente se encontra em uma situação de
inconformidade e totalmente transtornado com a situação, vez
que tinha e tem certeza que estava em dia com suas obrigações.
Excelência, o REQUERENTE NÃO POSSUI
QUALQUER DÉBITO COM A EMPRESA REQUERIDA que pudesse ocasionar
a inclusão de seu nome nos cadastros restrições ao crédito,
tratando-se, desta forma, de DÍVIDA TOTALMENTE INDEVIDA.
Informa, ainda, que efetuou compras em uma
parceira econômica da Requerida, com tudo ao solicitar o
pagamento pediu ao vendedor que promovesse a venda pela casa,
este por sua vez, confirmou que a venda seria pela casa na
modalidade crediário.
Dito isso, passado 20 dias de uso do
produto, o mesmo apresentou defeito, tendo a Requerente
procurado a empresa (parceira econômica) para resolver o
problema do produto, entretanto, o mesmo já mais fora
solucionado, somente quando o Autor suspendeu os pagamentos
como forma de forçar a Ré a resolver o problema do produto,
contudo, devido a vários problemas técnicos da Requerida, bem
como a inúmeros constrangimentos seguido de aborrecimentos,
cobranças ilegais e arbitrarias o Requerente solicitou o
cancelamento da compra e devolveu o produto, assim, seria
praticamente impossível a existência de qualquer débito a ser
adimplido.
É de grande valia ponderar que o Requerente
nunca recebeu qualquer tipo de cobrança a respeito dos
supostos débitos, nem fora notificado previamente quanto à
inclusão de seus dados nos cadastro restritivo ao crédito,
vindo a ferir o art. 43, § 2° do CDC.
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É notório que a Requerida agiu de forma
irresponsável e negligente quando não tomou o devido cuidado
na identificação do cliente, assim de forma absurda e com o
mero intuito de lucrar, lançou indevidamente os dados do Autor
no cadastro de maus pagadores (SPC), ferindo sua honra perante
a sociedade.
O ato da Requerida em incluir o nome do
Requerente no Serviço de Proteção ao Crédito foi um ato
criminoso e extremamente oneroso para este, que, por sua vez,
antes da restrição, sempre possuiu reputação ilibada perante a
sociedade, o que já não pode ser dito atualmente.
Sabe-se que os danos advindos com a
negativação do nome de cidadãos nos órgãos de proteção ao
crédito, mormente para pessoas de bem, cujo nome limpo é um
dos mais importantes “bens”, são vultosos e alarmantes. Com o
apontamento restritivo o consumidor fica impedido de realizar
atos comerciais que dependam da liberação de créditos.
Diante desse ato ilícito (inclusão indevida
em Cadastro de Inadimplentes), é certo que o Requerente sofreu
incomensuráveis danos de ordem moral, vez que, no momento em
que tentou realizar a compra através de crediário, teve pedido
de crédito negado, vendo-se desmoralizado perante os demais,
sendo indiretamente tratado como se “caloteira” fosse (mau
pagadora).
Se não bastasse a humilhação sofrida
perante o comércio local em face da conduta ilícita acima
noticiada, o Requerente acabou tendo a sua vida financeira
completamente desestruturada, inclusive com cancelamento de
vários créditos junto ao comércio, já que sua vida financeira
encontra-se quase que completamente entravada.
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Por tais razões, propõe-se o presente
demanda com a finalidade de reparar os danos causados ao
consumidor, bem como o estancamento imediato dos
constrangimentos impingidos a ele.
III - DO DIREITO
Nossa Carta Política, TÍTULO II – Dos
Direitos e Garantias Fundamentais, em seu art. 5º, ampara o
Autor em ser devidamente indenizado pelos danos sofridos. In
verbis:
“Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem; (...)“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.” (realçou-se)
Dessa forma, claro é que a empresa
requerida, ao cometer imprudente ato, afrontou confessada e
conscientemente o texto constitucional acima transcrito,
devendo, por isso, ser condenada à respectiva indenização pelo
dano moral sofrido pelo requerente.
Diante do narrado, fica claramente
demonstrado o absurdo descaso e negligência por parte da
requerida, que permaneceu com o nome do requerente até o
presente momento inserido no cadastro de mau pagador, fazendo-
a passar por um constrangimento lastimável.
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O ilustre jurista Rui Stoco, em sua obra
Responsabilidade Civil e sua Interpretação Judicial, 4 ed.
Ver. Atual. E ampl.. Editora RT, p..59, nos traz que:
“a noção de responsabilidade é a necessidade que existe de responsabilizar alguém por seus atos danosos”.
A única conclusão a que se pode chegar é a
de que a reparabilidade do dano moral puro não mais se
questiona no direito brasileiro, porquanto uma série de
dispositivos, constitucionais e infraconstitucionais, garantem
sua tutela legal.
O Código Civil Brasileiro, em seu art. 186
estabelece a responsabilidade civil do causador do dano em
indenizar a vítima/Requerente. Vejamos:
“Art. 186 - Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Para que se caracterize o dano moral, é
imprescindível que haja:
a) ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência; b) ocorrência de um dano, seja ele de ordem patrimonial ou moral; c) nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.
A presença do nexo de causalidade entre os
litigantes está patente, sendo indiscutível o liame jurídico
existente entre eles, pois se não fosse a manutenção do nome
do requerente no rol de protestados a mesma não teria sofrido
os danos morais pleiteados, objeto desta ação.
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Evidente, pois, que devem ser acolhidos os
danos morais suportados, visto que, em razão de tal fato,
decorrente da culpa única e exclusiva da empresa requerida,
esta teve a sua moral afligida, foi exposta ao ridículo e
sofreu constrangimentos de ordem moral, o que inegavelmente
consiste em meio vexatório.
Dano moral, frise-se, é o dano causado
injustamente a outrem, que não atinja ou diminua o seu
patrimônio; é a dor, a mágoa, a tristeza infligida
injustamente a outrem com reflexo perante a sociedade.
Neste sentido, pronunciou-se o E. Tribunal
de Justiça do Paraná:
“O dano simplesmente moral, sem repercussão no patrimônio, não há como ser provado. Ele existe tão-somente pela ofensa, e dela é presumido, sendo bastante para justificar a indenização” (TJPR - Rel. Wilson Reback – RT 681/163).
A respeito, o doutrinador Yussef Said
Cahali aduz:
“O dano moral é presumido e, desde que verificado ou pressuposto da culpabilidade, impõe-se a reparação em favor do ofendido” (Yussef Said Cahali, in Dano e sua indenização, p. 90).
A luz do Código Civil que Preconiza em seu
Art. 927 quanto à violação de danos, temos o seguinte:
“Art. 927 - Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.”
Não se pode deixar de favorecer
compensações psicológicas ao ofendido moral que, obtendo a
legítima reparação satisfatória, poderá, porventura, ter os
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meios ao seu alcance de encontrar substitutivos, ou alívios,
ainda que incompletos, para o sofrimento. Já que, dentro da
natureza das coisas, não pode o que sofreu lesão moral
recompor o "status quo ante" restaurando o bem jurídico
imaterial da honra, da moral, da auto estima agredidos, por
que o deixar desprotegido, enquanto o agressor se quedaria na
imunidade, na sanção? No sistema capitalista a consecução de
recursos pecuniários sempre é motivo de satisfação pelas
coisas que podem propiciar ao homem.
Harmonizando os dispositivos legais feridos
é de inferir-se que a reparação satisfatória por dano moral é
abrangente a toda e qualquer agressão às emanações
personalíssimas do ser humano, tais como a honra, dignidade,
reputação, liberdade individual, vida privada, recato, abuso
de direito, enfim, o patrimônio moral que resguarda a
personalidade no mais lato sentido.
Indubitavelmente, feriu fundo à honra do
autor ver seu nome protestado por um título já quitado,
espalhando por todo e qualquer lugar que fosse, a falsa
informação de que é inadimplente.
MARIA HELENA DINIZ (Curso de Direito Civil
Brasileiro, 7º vol., 9ª ed., Saraiva), ao tratar do dano
moral, ressalva que a reparação tem sua dupla função, a penal
"constituindo uma sanção imposta ao ofensor, visando à
diminuição de seu patrimônio, pela indenização paga ao
ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa (integridade
física, moral e intelectual) não poderá ser violado
impunemente", e a função satisfatória ou compensatória, pois
"como o dano moral constitui um menoscabo a interesses
jurídicos extrapatrimoniais, provocando sentimentos que não
têm preço, a reparação pecuniária visa a proporcionar ao
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prejudicado uma satisfação que atenue a ofensa causada." Daí,
a necessidade de observar-se as condições de ambas as partes.
Em que pese o grau de subjetivismo que
envolve o tema da fixação da reparação, vez que não existem
critérios determinados e fixos para a quantificação do dano
moral, a reparação do dano há de ser fixada em montante que
desestimule o ofensor a repetir o cometimento do ilícito.
E na aferição do quantum indenizatório,
CLAYTON REIS (Avaliação do Dano Moral, 1998, Forense), em suas
conclusões, assevera que deve ser levado em conta o grau de
compreensão das pessoas sobre os seus direitos e obrigações,
pois "quanto maior, maior será a sua responsabilidade no
cometimento de atos ilícitos e, por dedução lógica, maior será
o grau de apenamento quando ele romper com o equilíbrio
necessário na condução de sua vida social". Continua, dizendo
que "dentro do preceito do 'in dubio pro creditori'
consubstanciada na norma do art. 948 do Código Civil
Brasileiro, o importante é que o lesado, a principal parte do
processo indenizatório seja integralmente satisfeito, de forma
que a compensação corresponda ao seu direito maculado pela
ação lesiva."
Bem se vê, à saciedade, ser indiscutível a
prática de ato ilícito por parte do requerido, configurador da
responsabilidade de reparação dos danos morais suportados pelo
autor.
O festejado CDC, que tanto tem amparado os
direitos dos consumidores, adotando a Teoria da
Responsabilidade Objetiva, é imperativo em aduzir que os
fornecedores de produtos e serviços respondem pelos danos
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causados aos consumidores, independentemente de culpa. In
literis:
“Art. 14 - O fornecedor de serviços responde independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.§1º - O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais:I - o modo de seu fornecimento;II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam.”(destacou-se)
Observa-se que o Estatuto Consumerista é
incisivo quando da necessidade de segurança na colocação de
produtos e serviços oferecidos ao mercado, quando dispõe que o
fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência da culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços,
bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre
sua fruição e riscos.
Para o Professor YUSSEF SAID CAHALI, dano
moral "é a privação ou diminuição daqueles bens que têm um
valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a
tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a
integridade individual, a integridade física, a honra e os
demais sagrados afetos, classificando-se desse modo, em dano
que afeta a parte social do patrimônio moral(honra, reputação,
etc.) e dano que molesta a parte afetiva do patrimônio moral
(dor, tristeza, saudade, etc.), dano moral que provoca direta
ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante, etc.)
e dano moral puro(dor, tristeza, etc.)" (in Dano Moral,
Editora Revista dos Tribunais, SP, 1998, 2ª edição, p.20).
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Segundo MINOZZI, um dos Doutrinadores
Italianos que mais defende a ressarcibilidade, Dano Moral "é a
dor, o espanto, a emoção, a vergonha, a aflição física ou
moral, em geral uma dolorosa sensação provada pela pessoa,
atribuindo à palavra dor o mais largo significado". (Studio
sul Danno non Patri moniale, Danno Morale, 3ª edição,p. 41).
Atualmente, doutrina e jurisprudência, de
modo seguro, tranqüilo e pacífico, consolidam o entendimento
no sentido de que, em conformidade com o ordenamento jurídico
brasileiro, o dano moral puro deve ser reparado mediante
indenização.
IV – DAS MEDIDAS LIMINARES ACAUTELATÓRIAS
Com efeito, preleciona o enunciado da
Súmula 09 da Turma Recursal Única do Tribunal de Justiça do
Estado de Mato Grosso. Vejamos:
“Não são admissíveis as ações cautelares nos juizados especiais cíveis. Admite-se, pedido de tutela acautelatória no corpo da reclamação ou nos autos respectivos.” (destacamos)
Como se pode perceber, a distinção
fundamental entre a Ação Cautelar propriamente dita e a Tutela
Acautelatória, reside no fato de a primeira poder ser
processada autonomamente, o que lhe sendo vedado em sede de
Juizados Especiais, pela segunda via, deverá ser manejado no
corpo da Petição Inicial.
Assim, invariavelmente, os pressupostos
daquela, são os mesmos para esta.
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A esse respeito, diz o professor Nelson
Nery Júnior, em seu comentário ao artigo 798 do Código de
Processo Civil:
“Para que a parte possa obter a tutela cautelar, no entanto, é preciso que comprove a existência da plausibilidade do direito por ela afirmado (fumus boni iuris) e a irreparabilidade ou difícil reparação desse direito (periculum in mora), caso se tenha de aguardar o trâmite normal do processo. Assim, a cautela visa assegurar a eficácia do processo de conhecimento ou do processo de execução”.
Assim, para a sua obtenção, aqui hão de se
manifestar concomitantemente sobre os argumentos que lhe
fundamentam, ambos os pressupostos para tal estabelecidos,
quais sejam: o “fumus boni iuris” e o “periculum in mora”.
E isto, ainda que em cognição sumária, é
que se afigura da análise dos autos. O primeiro deles se
revela na plausibilidade de discussão do direito invocado,
enquanto que o segundo se manifesta nos prejuízos que a
restrição de crédito pode lhe causar.
O Requerente encontra-se atualmente com seu
crédito abalado, sem condições de efetuar qualquer transação
comercial a prazo, suportando danos difíceis de serem
prontamente reparados, tudo isso em razão da conduta ilícita
da empresa Demandada.
A) MEDIDA LIMINAR PARA RETIRADA DOS DANOS DA PARTE AUTORA DOS
ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO
A medida liminar é medida assaz urgente e
necessária, vez que a manutenção do nome da Autora já causou e
vem lhe causando graves prejuízos de ordem moral e
patrimonial.
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Ademais, inexiste perigo de
irreversibilidade do provimento antecipado, uma vez que o
provimento pode, a qualquer momento, ser revogado e a inclusão
refeita. Neste sentido:
“já a possibilidade de inscrição do nome do autor nos órgãos de proteção ao crédito, por si só, configura o periculumin mora, face à restrição que a parte sofrerá na sua vida financeira, além do dano de natureza moral. Ressalta-se, por fim, que os réus em nada serão prejudicados com o deferimento da liminar, face à reversibilidade das medidas.” (TJDF – Processo 2004.03.1.008862-7 – Rel. Juíza DELMA SANTOS RIBEIRO) (negritamos)
No que se refere ao receio de ineficácia do
provimento final, cita-se o festejado Professor RIZZATTO
NUNES, da PUC/SP, no mais conceituado livro sobre Direito do
Consumidor do país, o intitulado CURSO DE DIREITO DO
CONSUMIDOR:
“A norma não está querendo dizer ineficácia total da ação decisória, porque, claro, se depois de três anos o juiz determinar que seja retirado o nome do autor-consumidor do cadastro do Serviço de Proteção ao Crédito, a decisão terá eficácia, só que tão tardia que o dano já se terá produzido. Daí que o sentido de ‘receio de ineficácia do provimento final’ tem mesmo o sentido amplo de retardamento da eficácia, permissão de alongamento do tempo do dano e assim por diante.” (NUNES, Rizzatto. Curso de Direito do Consumidor. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 728)
Destarte, com amparo no art. 804 da Lei
Processual Civil, combinado com o art. 84, § 3 do CDC e diante
da manifesta prova inequívoca aportada aos autos (fumus boni
iuris), que conduz a verossimilhança das alegações, e o
patente periculum in mora, faz-se necessária à tutela liminar
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para imediata retirada do nome do Requerente dos Órgãos de
Proteção ao Crédito, visando, assim, estancar de imediato os
danos da conduta ilícita e arbitrária. É medida que se impõe,
não só pela ilegitimidade do débito, mas, especialmente, pelo
fato da existência da presente discussão judicial a respeito
do mesmo, fato este, de per si, autoriza a concessão da
presente liminar.
B – DA MEDIDA LIMINAR PARA EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO – EXIBIÇÃO DE
CONTRATO, CANCELAMENTO E EXTRATO DEMONSTRATIVO DE CONSUMO.
Douto julgador, as partes ora litigantes,
celebraram contrato de consumo, sendo o autor cobrado
indevidamente o valor R$ 188,67 (cento e oitenta e oito reais,
sessenta e sete centavos).
Todavia, embora solicitado anteriormente
pelo Autor, o réu não forneceu cópia dos aludidos instrumentos
(CONTRATO, CANCELAMENTO E EXTRATO DE CONSUMO), o que vem
criando obstáculos para o tramite normal das relações
jurídicas-materiais.
Como é notório, o original dos contratos de
adesão sempre está sob a posse da empresa, até porque em tese
é o mesmo o guardião do referido instrumento.
Neste sentido, a empresa lesadora fica
responsável pelos registros de todos os consumos efetuados
pelo Autor, vez que é justamente com base neste registro que o
Réu promove as cobranças de fatura de consumo, sendo portando
o Réu guardião e mantenedor destes registros.
Com efeito, o Réu possui sistema para
registrar os pedidos de cancelamentos dos contratos, e este
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fica arquivado em seus registros, sendo, portanto o Réu capaz
de comprovar a liquidez de sua exigência.
Registre-se que mesmo ciente da detenção
dos referidos instrumentos na guarda do requerido se faz
necessário cópia dos aludidos utensílios para o requerente.
Destarte, prevê o artigo 844, II do Código
de Processo Civil, in verbis:
"Art. 844. Tem lugar, como procedimento preparatório, a exibição judicial:(...)II - de documento próprio ou comum, em poder de co-interessado, sócio, condômino, credor ou devedor (grifo nosso)
Assim, caracterizada a relação entre as
partes, insurge a possibilidade do Autor em exigir a exibição
dos documentos firmados entre eles, pois, somente assim,
poderá exercer, direito, inclusive o de ação (indenizatória),
pertinente in casu.
Ademais, observa Humberto Theodoro Júnior (Processo Cautelar, 11ª ed., SP: EUD, 1989, p. 288) a exibição não visa privar o demandado da posse do bem exigido, mas apenas a propiciar ao promovente o contato físico, direto, visual sobre a coisa.
Conforme já exposto anteriormente, a Autora
nada deve ao Réu, porém, da análise dos extratos emitidos pelo
Órgão de Proteção ao Crédito, é necessário que seja
apresentado o contrato, referente ao débito no valor de R$
188,67 (cento e oitenta e oito reais, sessenta e sete
centavos).
V – DA OBRIGAÇÃO DE FAZER – DA APLICAÇÃO DE MULTA PENAL
Em sendo deferido os pedidos do Autor, como
assim aguarda confiante, no que se refere às providências e
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obtenção do resultado prático, que devem ser tomadas pelos
Réus, no sentido de sustar os efeitos da negativação do nome
do Autor junto aos órgãos de proteção ao crédito, requer-se
seja assinalado prazo à mesma para cumprimento da ordem
judicial.
Ainda, na mesma decisão, ainda que
provisória ou definitiva, requer o Autor, seja fixado o valor
de multa penal por dia de atraso ao cumprimento da ordem, com
base no art. 644, cc. art. 461, ambos do CPC, com as
introduções havidas pela Lei nº 10.444, de 07.05.2002.
VI – DOS PEDIDOS
Diante de tudo que fora exposto, requer a
Vossa Excelência, digne-se:
01- Initio litis, considerando a relevância
dos fundamentos e o receio de ineficácia do provimento final,
seja liminarmente concedida a MEDIDA LIMINAR, visando
assegurar a viabilidade da realização do direito, determinando
à Requerida que efetue imediatamente a exclusão do nome do
Requerente dos órgãos restritivos (SPC/SERASA/SCPC/BOA
VISTA/CONGENERE E CADASTROS INTERNOS “LISTA NEGRA”). Faz-se
necessário o arbitramento de multa diária de R$ 2.000,00 (dois
mil reais) para o caso de descumprimento da ordem judicial;
01.1- Seja o Requerido obrigado/intimado a
apresentar em juízo o contrato de adesão assinado pelo Autor,
o pedido de cancelamento do contrato e o extrato de consumo do
requerente pelo período supostamente cobrado. Faz-se
necessário o arbitramento de multa diária de R$ 2.000,00 (dois
mil reais) para o caso de descumprimento da ordem judicial;
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02 – A citação da empresa Requerida no
endereço acima declinado, com os benefícios do art. 172, § 2º,
do CPC, para acompanhar a presente ação até o final, e,
querendo, apresentar contestação no prazo legal, sob pena da
revelia e confissão;
03 – Seja invertido o ônus da prova, com
fundamento no art. 6º, inc. VIII, do CDC, tendo em vista a
verossimilhança das alegações apresentadas e a
hipossuficiência do Requerente na produção de demais provas,
ambos os requisitos manifestos nos autos;
04 – Seja a presente ação julgada
procedente, declarando a inexistência de débito/relação
jurídica entre as partes demandantes, confirmando, por
conseguinte, os efeitos da tutela liminar, bem como a
condenação da empresa Ré ao pagamento de R$ 28.960,00 (vinte
oito mil, novecentos e sessenta reais) a título de danos morais em
benefício da vítima, no caso a parte Autora.
Protesta pela produção de todos os meios de
prova em Direito admitidas, especialmente pelo depoimento
pessoal do representante da Requerida, oitiva de testemunhas,
prova pericial, juntada de novos documentos e outras que se
fizerem necessárias à comprovação das alegações aqui contidas,
o que se diz com arrimo no art. 332 do CPC.
Dar-se-á a presente causa, com fulcro no
art. 259 do CPC, o valor de R$ 28.960,00 (vinte oito mil,
novecentos e sessenta reais) para efeito de alçada e fiscal.
Nestes termos,
Pede deferimento.
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Cuiabá 26 de Setembro de 2014.
WILLIAN NASCIMENTO FONSECAOAB/MT 17827
Rol de documentos:01- Procuração “ad judicia”;02- Docs. pessoais; 03- Comprovante de Consulta - SERASA.
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