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INTENSIVO MODULAR COMPLETO - AVANÇADO Direito Urbanístico Luis Antonio Data: 24/04/2014 Aula 3 e 4 INTENSIVO MODULAR COMPLETO - AVANÇADO Anotadora: Priscila Ferreira Complexo Educacional Damásio de Jesus SUMÁRIO 1) Ordem urbanística constitucional continuação 2) Meio ambiente e urbanismo 3) Estatuto da Cidade I) Direito a moradia: também é um direito fundamental e é dignidade humana. Os dois últimos fazem parte do “mínimo existencial”. Art. 225, §1º, III da CF ETEP LSNUC 9985/00, chamou esses espaços de unidade de conservação. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; Art. 4º, V, “e” do Estatuto da Cidade: instituir unidade de conservação (instrumento de política urbana). Art. 4 o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos: V institutos jurídicos e políticos: e) instituição de unidades de conservação; Art. 225, §1º, IV da CF EIA o Poder Público tem o dever de fazer o EIA, que também está previsto no Estatuto da Cidade no art. 4º, VI. Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

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Aula de direito urbanístico do cursinho damásio

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Luis Antonio Data: 24/04/2014

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Complexo Educacional Damásio de Jesus

SUMÁRIO

1) Ordem urbanística constitucional –continuação 2) Meio ambiente e urbanismo 3) Estatuto da Cidade

I) Direito a moradia: também é um direito fundamental e é dignidade humana. Os dois últimos fazem parte do “mínimo existencial”.

Art. 225, §1º, III da CF – ETEP – LSNUC 9985/00, chamou esses espaços de unidade de conservação.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

Art. 4º, V, “e” do Estatuto da Cidade: instituir unidade de conservação (instrumento de

política urbana).

Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:

V – institutos jurídicos e políticos:

e) instituição de unidades de conservação;

Art. 225, §1º, IV da CF – EIA – o Poder Público tem o dever de fazer o EIA, que também está previsto no Estatuto da Cidade no art. 4º, VI.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o

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dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

Art. 4o Para os fins desta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:

VI – estudo prévio de impacto ambiental (EIA) e estudo prévio de impacto de vizinhança (EIV).

Art. 225, §1º, VI da CF: educação ambiental – não adiante colocar tudo a disposição do público, se não ensinar as pessoas a cuidar.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

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Art. 225, §3º CF: responsabilidade civil, penal e administrativo.

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Na lei dos crimes ambientais art. 62, consta crimes do meio urbano. Art. 72 a 75 do Decreto 6514/08.

Art. 62. Destruir, inutilizar ou deteriorar: I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Se o crime for culposo, a pena é de seis meses a um ano de detenção, sem prejuízo da multa. Art. 72. Destruir, inutilizar ou deteriorar:

I - bem especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial; ou

II - arquivo, registro, museu, biblioteca, pinacoteca, instalação científica ou similar protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais). Art. 73. Alterar o aspecto ou estrutura de edificação ou local especialmente protegido por lei, ato administrativo ou decisão judicial, em razão de seu valor paisagístico, ecológico, turístico, artístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem

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autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Art. 74. Promover construção em solo não edificável, ou no seu entorno, assim considerado em razão de seu valor paisagístico, ecológico, artístico, turístico, histórico, cultural, religioso, arqueológico, etnográfico ou monumental, sem autorização da autoridade competente ou em desacordo com a concedida:

Multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais). Art.75. Pichar, grafitar ou por outro meio conspurcar edificação alheia ou monumento urbano:

Multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 50.000,00 (cinqüenta mil reais).

Parágrafo único. Se o ato for realizado em monumento ou coisa tombada, a multa é aplicada em dobro.

XI – Comunidade e meio ambiente urbano

1) Participação no processo legislativo: leis de iniciativa popular na área de meio ambiente urbano – art. 43, IV do Estatuto da Cidade.

Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos: IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

2) Todo órgão colegiado na área de urbanístico tem sempre representante da

comunidade – art. 43, I do Estatuto da Cidade.

Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos: I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal;

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Art. 43 do Estatuto da Cidade: participação da coletividade, iniciativa popular de projetos de lei.

Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos:

Decreto 5790/06

3) Políticas públicas: para licenciamento ambiental – art. 43, II do Estatuto da Cidade. 4) Judiciário – associações civis

Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos: I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; II – debates, audiências e consultas públicas;

O STJ no Resp 1013153/RS – Hermann Benjamim: versa sobre legitimidade do MP,

discute-se o direito difuso de pessoas que vivem à margem de estradas, não tem moradia digna. Também tem a questão da segurança não só do grupo que está lá, mais também de quem passa no local.

Processo REsp 1013153 / RS RECURSO ESPECIAL 2007/0291418-1 Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 28/10/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 30/06/2010 REVPRO vol. 187 p. 381 RSTJ vol. 219 p. 192

Ementa PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. DEFICIÊNCIA NA FUNDAMENTAÇÃO DO RECURSO. SÚMULA 284/STF. REASSENTAMENTO DE FAMÍLIAS QUE VIVEM ÀS MARGENS DE RODOVIA FEDERAL PRÓXIMA À ÁREA DO PARQUE ESTADUAL DELTA DO JACUÍ. DIREITO URBANÍSTICO. DIREITO À MORADIA. CIDADANIA URBANÍSTICA. DIREITOS E INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. LEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM DO MINISTÉRIO PÚBLICO RECONHECIDA.

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1. O Ministério Público possui legitimidade ativa para propor Ação Civil Pública em defesa de interesses individuais homogêneos (art. 81, parágrafo único, III, c/c os arts. 82, I, e 117 do CDC). 2. No Direito Urbanístico, sobretudo quanto à garantia do direito à moradia digna, afloraram, simultânea e inseparavelmente, direitos e interesses individuais homogêneos (= dos sem-teto ou moradores de favelas, cortiços e barracos) e outros de índole difusa (= da coletividade, que também é negativamente afetada, nos planos ético e material da qualidade de vida, pela existência de guetos de agressão permanente à cidadania urbanística e ao meio ambiente). 3. Além da proteção dos interesses individuais homogêneos dos habitantes da ocupação irregular, a retirada dos barracos e casas edificados às margens de rodovia federal (ou em qualquer outro local considerado ambientalmente impróprio, insalubre ou inseguro), com o conseqüente assentamento das famílias em área que se preste à moradia, representa benefício de natureza difusa, em prol da sociedade como um todo, tendo em vista os riscos causados pela invasão à segurança e bem-estar das pessoas. 4. Recurso Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido.

Ação Rescisória 756/PR – competência do município deve respeitar as leis estaduais,

não pode autorizar construções além do que a lei estadual autoriza.

Processo AR 756 / PR AÇÃO RESCISÓRIA 1998/0025286-0 Relator(a) Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI Revisor(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador S1 - PRIMEIRA SEÇÃO Data do Julgamento 27/02/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 14/04/2008

Ementa CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO RESCISÓRIA. LEGITIMIDADE DO MUNICÍPIO PARA ATUAR NA DEFESA DE SUA COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL. NORMAS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE. COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR. EDIFICAÇÃO

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LITORÂNEA. CONCESSÃO DE ALVARÁ MUNICIPAL. LEI PARANAENSE N. 7.389/80. VIOLAÇÃO. 1. A atuação do Município, no mandado de segurança no qual se discute a possibilidade de embargo de construção de prédios situados dentro de seus limites territoriais, se dá em defesa de seu próprio direito subjetivo de preservar sua competência para legislar sobre matérias de interesse local (art. 30, I, da CF/88), bem como de garantir a validade dos atos administrativos correspondentes, como a expedição de alvará para construção, ainda que tais benefícios sejam diretamente dirigidos às construtoras que receiam o embargo de suas edificações. Entendida a questão sob esse enfoque, é de se admitir a legitimidade do município impetrante. 2. A teor dos disposto nos arts. 24 e 30 da Constituição Federal, aos Municípios, no âmbito do exercício da competência legislativa, cumpre a observância das normas editadas pela União e pelos Estados, como as referentes à proteção das paisagens naturais notáveis e ao meio ambiente, não podendo contrariá-las, mas tão somente legislar em circunstâncias remanescentes. 3. A Lei n. 7.380/80 do Estado do Paraná, ao prescrever condições para proteção de áreas de interesse especial, estabeleceu medidas destinadas à execução das atribuições conferidas pelas legislações constitucional e federal, daí resultando a impossibilidade do art. 25 da Constituição do Estado do Paraná, destinado a preservar a autonomia municipal, revogá-la. Precedente: RMS 9.629/PR, 1ª T., Min. Demócrito Reinaldo, DJ de 01.02.1999. 4. A Lei Municipal n. 05/89, que instituiu diretrizes para o zoneamento e uso do solo no Município de Guaratuba, possibilitando a expedição de alvará de licença municipal para a construção de edifícios com gabarito acima do permitido para o local, está em desacordo com as limitações urbanísticas impostas pelas legislações estaduais então em vigor e fora dos parâmetros autorizados pelo Conselho do Litoral, o que enseja a imposição de medidas administrativas coercitivas prescritas pelo Decreto Estadual n. 6.274, de 09 de março de 1983. Precedentes: RMS 9.279/PR, Min. Francisco Falcão, DJ de

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9.279/PR, 1ª T., Min. Francisco Falcão, DJ de 28.02.2000; RMS 13.252/PR, 2ª T., Min. Francisco Peçanha Martins, DJ de 03.11.2003. 5. Ação rescisória procedente.

2) Meio ambiente e urbanismo I) Urbanismo

1. Arte de embelezar a cidade; 2. Concepção social

O urbanismo saiu de uma visão mais estética para uma visão social, passou a ser entendido como uma organização do espaço urbano para o bem estar das pessoas que residem nas cidades.

Passou a ter um outro nicho de preocupação. Para tanto, as cidade precisam cumprir as funções sociais elementares: habitação,

trabalho, lazer e circulação. Nos congressos internacionais de arquitetura moderna que tem essa construção, esta

condensado na Carta de Athenas de 1933 (CIAM), tudo isso é exatamente o que as nossas cidades precisam.

Observe que desde essa época já se falava em mobilidade (circulação) urbana. O professor José Afonso da Silva (Direito Urbanístico Brasileiro) diz que o urbanismo

objetiva a organização dos espaços habitáveis para o bem estar coletivo.

II) Atividade urbanística Todos os atos para realizar os fins do urbanismo, o Estado aqui é preponderante, pois

as políticas públicas são essenciais. É o Estado que vai emitir e exigir as normas urbanísticas. Tem que ter compartilhamento por parte da sociedade e da classe empresarial. Paulo Afonso Leme Machado diz que a cidade ambientalmente justa é a que você tem

alegria de morar e trabalhar, de fluir o lazer. Momentos e objetos: a) Planejamento urbanístico (instrumento mais importante é o plano diretor); b) Ordenação do solo; c) Ordenação urbanística de áreas de interesse especial (turismo, cultura da cidade) e

das atividades edilícias (atividade de construir). Instrumentos de intervenção urbanística: a) Art. 182, §4º da CF – terreno urbano sem uso, o poder público pode obrigar a

pessoa a usar, sob pena de IPTU progressivo ou desocupação.

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do

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proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios; II - imposto sobre a propriedade predial e

territorial urbana progressivo no tempo; III - desapropriação com pagamento mediante

títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

III) Ordem urbanística Art. 1º, VI da LACP – é um bem de natureza difusa e pode ser objeto de ação civil pública. É um conjunto de normas que tem como objetivo regrar o espaço urbano criando uma

cidade ambientalmente justa no conceito ambiental.

Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: VI - à ordem urbanística.

É a chamada cidade sustentável que está definida no art. 2º, I do Estatuto da Cidade. Frequentemente sai os índices IDH, isso é importante por que se está com o IDH alto tem

uma qualidade de vida melhor.

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

IV) Conflitos e composição Existe um conflito entre o interesse coletivo e o interesse particular. A uma intervenção no domínio privado, ele limita o uso. O direito urbanístico vem para solucionar e regular essas situações. É a supremacia do interesse público, indisponibilidade do interesse público. Sempre há de

prevalecer o interesse público, o da coletividade.

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V) Conceito de direito urbanístico É um ramo do direito público que consiste no conjunto de normas que tem por objetivo

organizar e regrar os espaços habitáveis de modo a propiciar melhores condições de vida às pessoas na comunidade, implantando uma cidade sustentável, socialmente e ambientalmente justa, para o bem estar de seus habitantes atuais e das futuras gerações.

VI) Princípios informadores do direito urbanístico 1) Natureza pública da proteção urbanística; 2) Obrigatoriedade: art. 1º, parágrafo único do Estatuto da Cidade – é norma cogente, de

aplicação obrigatória;

Art. 1o Na execução da política urbana, de que tratam os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, será aplicado o previsto nesta Lei. Parágrafo único. Para todos os efeitos, esta Lei, denominada Estatuto da Cidade, estabelece normas de ordem pública e interesse social que regulam o uso da propriedade urbana em prol do bem coletivo, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental.

3) Coesão das normas urbanísticas: fazer uma junção das normas que são instituídas ao longo do tempo. Não pode aplicar como se fosse ilhas isoladas; Quem tem a competência de evitar os loteamentos irregulares/clandestino é o município, por isso o município responde de forma solidaria e não subsidiaria.

4) Conformação da propriedade urbana: art. 182, §2º da CF – cumpre a função social quando atende as políticas urbanas;

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. § 2º - A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor.

5) Justa distribuição de benefícios e ônus, decorrente do respeito ao urbanismo: art. 2º, IX do Estatuto da Cidade;

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da

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cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: IX – justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do processo de urbanização;

6) Participação popular: art. 2º, II e art. 43 do Estatuto da Cidade - toda cidade tem que

ser discutida pelos seus habitantes (gestão democrática);

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano; Art. 43. Para garantir a gestão democrática da cidade, deverão ser utilizados, entre outros, os seguintes instrumentos: I – órgãos colegiados de política urbana, nos níveis nacional, estadual e municipal; II – debates, audiências e consultas públicas; III – conferências sobre assuntos de interesse urbano, nos níveis nacional, estadual e municipal; IV – iniciativa popular de projeto de lei e de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

Art. 2, XIII do Estatuto da Cidade – tem que ouvir a sociedade mesmo que não precise de licenciamento no caso.

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: XIII – audiência do Poder Público municipal e da população interessada nos processos de implantação de empreendimentos ou atividades com efeitos potencialmente negativos sobre o meio ambiente natural ou construído, o conforto ou a segurança da população;

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Julgamento do TJSP ADI 184.449-0/2-00 de Maio de 2010: discutiram com a cidade um projeto de lei, mas na calada da noite levaram para aprovação na Câmara um projeto diferente, ou seja, foi votado um projeto diferente da que foi discutida com a sociedade. Foi dado procedência, declarando a inconstitucionalidade da lei.

7) Cooperação/participação/compartilhamento; 8) Publicidade – art. 40, §4º, II e III do Estatuto da Cidade é um dos exemplos de

publicidade;

Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana. § 4o No processo de elaboração do plano diretor e na fiscalização de sua implementação, os Poderes Legislativo e Executivo municipais garantirão: II – a publicidade quanto aos documentos e informações produzidos; III – o acesso de qualquer interessado aos documentos e informações produzidos.

9) Função socioambiental da propriedade urbana; 10) Qualidade do meio ambiente urbano; 11) Dignidade urbana urbanística

Ex: infraestrutura urbana, moradia, etc.

VII) Legislação: Estatuto da Cidade e a Lei 6766/1979 3) Estatuto da Cidade

I) Art. 182 da CF/88 – instaurar diretrizes de desenvolvimento urbano.

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

O município tem que desenvolver uma cidade que atenda a função social ambiental,

ou seja, que cumpra a função social e ambiental.

Art. 21, XX da CF – diretrizes para o desenvolvimento urbano.

Art. 21. Compete à União: XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento básico e transportes urbanos;

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II) Diretrizes gerais – art. 2º 1) Art. 2º, I – direito a cidade sustentável. O rol é exemplificativo, por isso também

pode incluir segurança, mobilidade urbana. Essas duas são conjugadas, por que quanto menos você anda nas cidades, menos

segurança você tem. Ex: o Brasil é o país que mais tem linchamento.

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

A Lei da política nacional de mobilidade urbana 12.587/12 deu o prazo de 3 anos para efetividade. Proteção contra desastres naturais: áreas que não podem construir, não pode ter ninguém, não pode deixar nem ocupar. Por isso foi criada a Lei 12.608/12 que tem o objetivo de proteger as pessoas de catástrofes ambientais. O acórdão Resp. 1.135.807/RS de 2010 – foi aplicado o art. 2º, I da Lei 12.608/12 constando o que são essenciais para uma cidade sustentável. No STJ não pode discutir direito local.

REsp 1135807 / RS RECURSO ESPECIAL 2009/0071647-2 Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 15/04/2010 Data da Publicação/Fonte DJe 08/03/2012 Ementa PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. PRAÇAS, JARDINS E PARQUES PÚBLICOS. DIREITO À CIDADE SUSTENTÁVEL. ART. 2º, INCISOS I E IV, DA LEI 10.257/01 (ESTATUTO DA CIDADE). DOAÇÃO DE BEM IMÓVEL MUNICIPAL DE USO COMUM À UNIÃO PARA CONSTRUÇÃO DE AGÊNCIA DO INSS.

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DESAFETAÇÃO. COMPETÊNCIA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 150/STJ. EXEGESE DE NORMAS LOCAIS (LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE ESTEIO/RS). 1. O Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul ajuizou Ação Civil Pública contra o Município de Esteio, em vista da desafetação de área de uso comum do povo (praça) para a categoria de bem dominical, nos termos da Lei municipal 4.222/2006. Esta alteração de status jurídico viabilizou a doação do imóvel ao Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, com o propósito de instalação de nova agência do órgão federal na cidade. 2. Praças, jardins, parques e bulevares públicos urbanos constituem uma das mais expressivas manifestações do processo civilizatório, porquanto encarnam o ideal de qualidade de vida da cidade, realidade físico-cultural refinada no decorrer de longo processo histórico em que a urbe se viu transformada, de amontoado caótico de pessoas e construções toscas adensadas, em ambiente de convivência que se pretende banhado pelo saudável, belo e aprazível. 3. Tais espaços públicos são, modernamente, objeto de disciplina pelo planejamento urbano, nos termos do art. 2º, IV, da Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade), e concorrem, entre seus vários benefícios supraindividuais e intangíveis, para dissolver ou amenizar diferenças que separam os seres humanos, na esteira da generosa acessibilidade que lhes é própria. Por isso mesmo, fortalecem o sentimento de comunidade, mitigam o egoísmo e o exclusivismo do domínio privado e viabilizam nobres aspirações democráticas, de paridade e igualdade, já que neles convivem os multifacetários matizes da população: abertos a todos e compartilhados por todos, mesmo os "indesejáveis", sem discriminação de classe, raça, gênero, credo ou moda. 4. Em vez de resíduo, mancha ou zona morta - bolsões vazios e inúteis, verdadeiras pedras no caminho da plena e absoluta explorabilidade imobiliária, a estorvarem aquilo que seria o destino inevitável do adensamento -, os espaços públicos urbanos cumprem, muito ao contrário, relevantes funções de caráter social (recreação cultural e esportiva), político (palco de manifestações e protestos populares), estético (embelezamento da paisagem artificial e natural), sanitário (ilhas de tranquilidade, de simples contemplação ou de escape da algazarra de multidões

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de gente e veículos) e ecológico (refúgio para a biodiversidade local). Daí o dever não discricionário do administrador de instituí-los e conservá-los adequadamente, como elementos indispensáveis ao direito à cidade sustentável, que envolve, simultaneamente, os interesses das gerações presentes e futuras, consoante o art. 2º, I, da Le 10.257/01 (Estatuto da Cidade). 5. Na hipótese dos autos, entretanto, o Recurso Especial esbarra em óbice instransponível: a Súmula 280/STF impede, in casu, a análise da questão relativa à possibilidade de desafetação de bem público de uso comum por meio de lei ordinária, e não de emenda à lei orgânica municipal, visto que urge exegese de Direito local. Precedentes do STJ. 6. Ademais, inaplicável na espécie o disposto na Súmula 150/STJ, pois todos os precedentes que serviram de inspiração ao verbete tratam de questão diversa, não sendo caso em que o suposto interesse federal surge após a decisão de primeira instância e não é resolvido sem o pertinente incidente de Conflito de Competência ou o ingresso da União no feito. Insustentável o entendimento de que a competência por matéria, quando alterada por lei, deve determinar a remessa imediata dos processos sem sentença de mérito ao novo órgão destinatário da demanda. A regra do art. 87 do CPC consagra o princípio da perpetuatio jurisdictionis, ou seja, delimita a competência no momento da propositura da ação, sendo irrelevante ulterior modificação no estado de fato ou de direito. 7. De toda sorte, registre-se, em obiter dictum, que, embora seja de inequívoco interesse coletivo viabilizar a prestação de serviços a pessoas de baixa renda, não se justifica, nos dias atuais, que praças, jardins, parques e bulevares públicos, ou qualquer área verde municipal de uso comum do povo, sofram desafetação para a edificação de prédios e construções, governamentais ou não, tanto mais ao se considerar, nas cidades brasileiras, a insuficiência ou absoluta carência desses lugares de convivência social. Quando realizada sem critérios objetivos e tecnicamente sólidos, maldotada na consideração de possíveis alternativas, ou à míngua de respeito pelos valores e funções nele condensados, a desafetação de bem público transforma-se em vandalismo estatal, mais repreensível que a profanação privada, pois a dominialidade pública encontra, ou deveria encontrar,

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no Estado, o seu primeiro, maior e mais combativo protetor. Por outro lado, é ilegítimo, para não dizer imoral ouímprobo, à Administração, sob o argumento do "estado de abandono" das áreas públicas, pretender motivar o seu aniquilamento absoluto, por meio de desafetação. Entender de maneira diversa corresponderia a atribuir à recriminável omissão estatal a prerrogativa de inspirar e apressar a privatização ou a transformação do bem de uso comum do povo em categoria distinta. Finalmente, tampouco há de servir de justificativa a simples alegação de não uso ou pouco uso do espaço pela população, pois a finalidade desses locais públicos não se resume, nem se esgota, na imediata e efetiva utilização, bastando a simples disponibilização, hoje e sobretudo para o futuro – um investimento ou poupança na espera de tempos de melhor compreensão da centralidade e de estima pela utilidade do patrimônio coletivo. Assim, em tese, poderá o Ministério Público, se entender conveniente, ingressar com Ação Civil Pública contra o Município recorrido, visando obter compensação pelo espaço verde urbano suprimido, de igual ou maior área, no mesmo bairro em que s localizava a praça desafetada. 8. Recurso Especial não provido.

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infra-estrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as presentes e futuras gerações;

As áreas verdades do município são da coletividade, bem de natureza difusa, não é do

Estado. 2) Gestão democrática da cidade – art. 2º, II

Art. 2o A política urbana tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da

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cidade e da propriedade urbana, mediante as seguintes diretrizes gerais: II – gestão democrática por meio da participação da população e de associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano;

Art. 180 da Constituição de SP – prevê a participação popular.

Art. 180. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico.

Art. 183, §3º da Lei orgânica de SP – assegura a participação popular em

obediência a constituição do Estado.

Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.

§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.